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CURSO – Delegado de Polícia Civil Nº18
DATA – 24/08/2016
DISCIPLINA – Direito Penal – Legislação Penal Especial
PROFESSOR – Francisco Menezes
BIBLIOGRAFIA:
Leis Penais Especiais Comentadas – Guilherme de Souza Nucci – Ed. Gem – Vol.01/02.
Leis Penais Especiais – Gabriel Habib – ed. Juspodium – vol. Único
Fernando Capez – Curso de Direito Penal – Vol.4
Renato Brasileiro – Leis Penais Especiais – ed. Juspodium
Contatos:
Email: [email protected]
MONITORA – Cleide Tibúrcio
AULA 01/06
Ementa
LEIS DOS CRIMES HEDIONDOS – LEI 8072/90
1. LEIS DOS CRIMES HEDIONDOS – Lei 8072/90
Essa lei foi criada em 1990 e possui como base Constitucional o artigo 5º, inciso XLIII da CF uma
norma Constitucional de eficácia limitada emitiu um Mandado de Incriminação
1.1. BASE CONSTITUCIONAL – ARTIGO 5º INCISO XLIII DA CR/88
Art.5º (...)
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da
tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como
crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo
evitá-los, se omitirem;
Esse artigo emitiu um mandado constitucional de incriminação, uma norma Constitucional de
Eficácia Limitada, porque determinaram que o Legislador Infraconstitucional criasse uma Lei que
irá definir os Crimes Hediondos que irá atribuir a esses crimes já algumas características, a
impossibilidade de Anistia, Graça ou Fiança. E esse mesmo dispositivo equiparou três crimes aos
Hediondos que, portanto são equiparados à consequência da Hediondez:
Tráfico
Terrorismo
Tortura
1.2 CONCEITO / CRITÉRIO DE DEFINIÇÃO DA HEDIONDEZ
1.2.1. Critério Legal/Enumerativo: a Lei traz um rol taxativo de crimes Hediondos que não pode
ser ampliado ou suprimido pelo juiz. É diametralmente oposto ao Critério Judicial, afirma
que Hediondo é aquele identificado pela lei como tal, sem que haja qualquer
discricionariedade para considerar ou desconsiderar as suas consequências.
1.2.2. Critério Judicial: O juiz deve identificar o crime Hediondo em cada caso concreto de forma
que a Lei estabelece apenas as características da Hediondez. É o juiz que deve identificar
a Hediondez.
1.2.3. Critério Misto / Legislativo Definidor: A Lei traz um rol que pode ser ampliado através da
interpretação analógica. Esse critério tenta privilegiar os pontos positivos e ponderar quanto
aos negativos estabelecidos nos outros dois critérios. O juiz possui certa discricionariedade.
No Brasil adota-se o Critério Legal, ou seja, o crime tem que está inserido no rol de Crimes
Hediondos, não sendo aquele que foi praticado de forma vil, mas sim, o que a Lei considerar.
1.3. CRIMES HEDIONDOS – ARTIGO 1ª DA LEI 8072/90
Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados: (Redação dada pela Lei nº 8.930, de 1994) (Vide Lei nº 7.210, de 1984) I – homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, incisos I, II, III, IV, V, VI e VII);(Redação dada pela Lei nº 13.142, de 2015) I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2o) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3o), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge,
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição; (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015) II - latrocínio (art. 157, § 3o, in fine); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994) III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994) IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ lo, 2o e 3o); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994) V - estupro (art. 213 e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994) V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o); (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) VI - atentado violento ao pudor (art. 214 e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994) VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e 4o); (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o). (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994) VII-A – (VETADO) (Inciso incluído pela Lei nº 9.695, de 1998) VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B, com a redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998). (Inciso incluído pela Lei nº 9.695, de 1998) VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º). (Incluído pela Lei nº 12.978, de 2014) Parágrafo único. Considera-se também hediondo o crime de genocídio previsto nos arts. 1o, 2o e 3o da Lei no 2.889, de 1o de outubro de 1956, tentado ou consumado. (Parágrafo incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)
Será crime Hediondo independentemente da consumação, quando no crime couber a Tentativa.
Inciso I – Homicídio – Atividade Típica de Grupo de extermínio que possui duas correntes:
o Grupo de Extermínio é aquele que faz justiça com as próprias mãos caçando
criminosos ou pessoas taxadas como perigosas. Por exemplo, os justiceiros.
(Bittencourt).
o É aquele que mata de forma generalizada pessoas pertencentes a determinados
grupos políticos, étnicos ou sociais. Para essa corrente não se trata do Justiceiro,
mas sim, aquele que mata generalizada que caça pelo rótulo.
Não existe uma unanimidade na Doutrina embora o primeiro conceito seja o mais constante.
A Lei definiu como Grupo de extermínio ainda que cometido por um só agente: Quanto ao
número de pessoas há divergências doutrinárias.
O artigo 121 §6º: Não se trata de uma Qualificadora, mas sim de uma Majorante.
Art. 121
(...)
§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por
milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de
extermínio. (Incluído pela Lei nº 12.720, de 2012)
A Hediondez abrange somente uma das Majorantes inscritas no artigo, quando praticado em
atividade típica de grupo de extermínio.
O Homicídio inscrito no artigo 121 §2º, independemente do inciso será um Homicídio
qualificado.
Art. 121 (...) Homicídio qualificado § 2° Se o homicídio é cometido: I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; II - por motivo futil; III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: Pena - reclusão, de doze a trinta anos. Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
As Leis 13.104/15 e 13.142/2015 alteraram tanto o Código Penal quando a Lei de Crimes
Hediondos, incluindo o Feminicídio e o Homicídio Funcional.
Essas Leis são prejudiciais ao réu, portanto, são irretroativas.
Pelo artigo 5º inciso XXXIX da CF não há crime sem lei anterior que o define. Para o artigo 5º XL
da CF a Lei não retroagirá salvo para beneficiar o réu.
Contudo, matar mulher – em razão do gênero já era matar por motivo torpe, a pena não aumentou
a pena.
O Homicídio Privilegiado supostamente não será Hediondo.
Mas no caso concreto é possível que haja um crime de homicídio privilegiado (art. 121 §1º do CP)
e qualificado (art. 121 §2º do CP)?
Considerando que todas as causas de substituição de pena são subjetivas, não é cabível. Mas
existem algumas qualificadoras que não tratam do motivo, mas sim do meio – condutas objetivas,
que podem ser combinadas com as causas inscritas no artigo 121 §1º do CP.
Prevalece que o Homicídio Privilegiado e qualificado não é Hediondo tendo em vista que o artigo
121 §1º não foi previsto na Lei 8072/90, havendo violação ao Critério Legal em tal consideração.
Além disso, as causas de redução de pena do artigo 121 §1º do CP dizem respeito à motivação
privilegiada do agente incompatível com a Hediondez.
Prevalece na jurisprudência e doutrina que o Homicídio qualificado e privilegiado não são
Hediondos, primeiro porque o nosso critério é legal e não há previsão do artigo 121 §1º do CP, as
minorantes incluídas nesse parágrafo retiram do agente a capacidade de autocontrole, portanto,
esse comportamento subjetivo retira a característica da Hediondez.
Inciso IA da Lei 8072/90:
I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2o) e lesão corporal seguida
de morte (art. 129, § 3o), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts.
142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de
Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge,
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição;
(Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
A Lei 13.142/2015 modificou o Código Penal trazendo o crime funcional, mas também modificou a
Lei de Crimes Hediondos. A intenção dessa Lei foi proteger os profissionais da segurança pública.
Portanto, o inciso IA da Lei prevê que também são hediondos outros dois crimes que são
qualificados pelo Artigo 121 §2º do CP e artigo 142 / 144 da CR/88.
o Lesão corporal de natureza gravíssima (artigo 129§2º do CP) É aquela que tem
pena de 02 a 08 anos, cujo resultado qualificador será a incapacidade aparente
para o trabalho (qualquer trabalho); enfermidade incurável (aquela que não possui
uma cura possível e ou provável); perda, função ou inutilização de membro;
deformidades permanentes são as esteticamente desagradáveis, visível no dia a
dia; aborto que só desrespeita a lesões corporais a gestantes.
o Lesão seguida de morte (artigo 129 §3º do CP) crime preterdoloso (dolo na
conduta, culpa no resultado)
Prevalece na doutrina que os Guardas Municipais estão incluídos na lista definido pelo §8º artigo
144 da CR/88. É necessário está no exercício ou em razão da função.
Também será Hediondo o crime praticado contra Cônjuge, companheiro e parentes naturais
consaguíneo até 3º grau. No que tange ao companheiro enquadra-se as relações homoafetivas.
Parente consanguíneo até o terceiro grau = Parente consanguíneo é o parentesco natural em
linha reta ou colateral. Não inclui os parentes civis e por afinidade. Não inclui o filho adotivo.
Inciso II - Crime de latrocínio (artigo 157§3º do CP) c/c Sumula 610 do STF:
Art.157(...)
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze
anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da
multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
Será crime Hediondo na sua versão consumada ou tentada. Pode ser dar na forma culposa ou
dolosa, desde que a intenção seja a subtração de coisa alheia móvel.
A Súmula 610 afirma que a morte da vítima determina a consumação do latrocínio.
Súmula 610 Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a subtração de bens da vítima.
Ou seja, a subtração pode ou não ocorrer, mas ainda assim será Hediondo.
Se a vontade do agente não tiver ligada à subtração não haverá Latrocínio, mas sim, Homicídio.
Esse crime de Latrocínio não pode ser confundido com o crime de Extorsão com resultado morte
que também é crime Hediondo.
Inciso III – Extorsão qualificada pela morte (artigo 158§2º do CP)
Art.158 (...)
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo
anterior. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90.
ROUBO EXTORSÃO
Subtrair Constranger
Vantagem imediata Vantagem mediata
Colaboração da vítima é desnecessária Colaboração da vítima é essencial
Se a extorsão for qualificada pela lesão grave ou gravíssima não será considerado crime
Hediondo.
Em 2009 o Código Penal sofreu alteração no artigo 158§3º do CP que introduziu uma figura nova
referente à privação da liberdade da vítima - Crime de Sequestro Relâmpago foi introduzido no
Código Penal.
Art. 158 (...)
§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é
necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12
(doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas
previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. (Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009).
Esse crime não está previsto na Lei de Crime Hediondo.
Há divergências doutrinárias. Para doutrina majoritária prevalece que a qualificadora do sequestro
relâmpago não será hedionda mesmo com o resultado morte, pois, haveria analogia em “malam
partem” e violação do critério legal.
Para uma corrente minoritária (Rogério Sanches) deve-se aplicar interpretação extensiva
entendendo-se como Hediondas todas as formas de execução da extorsão que resultem na morte
da vítima, pois o artigo 158§3º do CP não é um Crime Autônomo.
Inciso IV – Extorsão mediante sequestro (artigo 159 do CP)
Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer
vantagem, como condição ou preço do resgate: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 (Vide Lei nº
10.446, de 2002).
Neste último crime a vítima é sequestrada para terceiro entregar a vantagem. Será considerado
Crime Hediondo em qualquer hipótese.
Inciso V (artigos 213§§1ºe2º) e Inciso VI (artigos 217-A §§1º a 4º)
Art.213 (...)
§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18
(dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 2o Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
E
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze)
anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que,
por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática
do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. (Incluído pela Lei
nº 12.015, de 2009)
2o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave: (Incluído pela Lei nº 12.015,
de 2009)
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 4o Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) §
4o Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Todo crime de estupro previsto no Código Penal é Hediondo.
A Lei 12.015/2009 modificou o Título VI do Código Penal transformando os chamados Crimes
Contra Os Costumes em Crimes Contra A Dignidade Pessoal.
O artigo 214 do CP não houve “abolutio criminis” aplica-se o artigo 213 do CP.
O artigo 217-A com essa Lei foi inserido.
Antes da inovação da Lei 12015/2009 no artigo 224 do CP havia a previsão da chamada
Presunção de Violência no crime de Estupro e no antigo crime de Atentado Violento ao Pudor
quando a vítima era menor de 14 anos.
Há duas correntes:
A corrente minoritária defende que o estupro praticado com presunção de violência antes da Lei
12015/09 nos moldes do artigo 213 combinado com o artigo 244 do CP é Hediondo, pois, a Lei
8072/90 já atribuía a Hediondez ao estupro. Nada mudando após a citada lei quanto à Hediondez.
A doutrina majoritária defende que esse crime praticado antes da Lei 12015/90 não seria
Hediondo, pois, a Lei 8072/90 não prevê de forma explícita o artigo 224 do Código Penal.
Inciso VII – Epidemia com resultado morte (artigo 267§1º do CP): Será considerado
Hediondo. É o crime de quem espalha germes patogênicos.
Art. 267 - Causar epidemia, mediante a propagação de germes patogênicos:
Pena - reclusão, de dez a quinze anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
§ 1º - Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em dobro.
Inciso VII-B – artigo 273§1º; §1º-A E B do CP: Essa alteração é do ano de 1998 na época
em que medicação anticoncepcional estava sendo alterada e a Lei de crimes Hediondos
foi alterada para que esses delitos pudessem constar como Hediondez. Mas atualmente
prevê a alteração até em produto terapêutico. Não importa a modalidade.
Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais: (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expõe à venda, tem em depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o produto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
§ 1º-A - Incluem-se entre os produtos a que se refere este artigo os medicamentos, as matérias-primas, os insumos farmacêuticos, os cosméticos, os saneantes e os de uso em diagnóstico. (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
§ 1º-B - Está sujeito às penas deste artigo quem pratica as ações previstas no § 1º em relação a produtos em qualquer das seguintes condições: (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
Observe-se que a pena é maior que a pena de Estupro de Vulnerável. A modalidade de crime
culposo do §2º não e enquadra em crimes hediondos.
Inciso VIII – artigo 218-B caput e §§1º e 2º:
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 1o Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 2o Incorre nas mesmas penas: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
O crime de quem facilita ou atrai a prostituição ou que dificulte que a pessoa abandone o contexto
da prostituição.
Na modalidade impedir ou dificultar que abandone é um crime permanente cuja consumação se
prolonga no tempo, recebendo o rótulo da hediondez.
O cliente da prostituta menor, o indivíduo que pratica exploração de adolescente – maior de 14 e
menor de 18 anos também pratica crime Hediondo. O menor de 14 anos está inscrito no “Estupro
de Vulnerável”.
Essas modificações são irretroativas. Portanto antes de 21 de maio de 2014 o indivíduo não
praticava Crime Hediondo.
Parágrafo único: Aplica-se a esse artigo o Crime de Genocídio – Lei 2889/56 art.1º/3º
1.4. CRIMES EQUIPARADOS A HEDIONDO
Sofrerão as mesmas consequências da Hediondez. A Constituição no artigo 5º XLIII da CF
equiparou a Hediondo:
1.4.1 Tráfico (Lei 11.343/06): Há divergências para Tráfico De Drogas com esse fim. O
informativo 831 do STF que noticia o HC 118533 decidiu que é crime Hediondo equiparado
o artigo 33 caput e §1º sendo essa o entendimento majoritário.
Tráfico privilegiado e crime hediondo - 4
O crime de tráfico privilegiado de drogas não tem natureza hedionda. Por conseguinte, não são exigíveis requisitos mais severos para o livramento condicional (Lei 11.343/2006, art. 44, parágrafo único) e tampouco incide a vedação à progressão de regime (Lei 8.072/1990, art. 2º, § 2º) para os casos em que aplicada a causa de diminuição prevista no art. 33, §4°, Lei 11.343/2006. Com base nessa orientação, o Plenário, por maioria, concedeu a ordem de “habeas corpus” para afastar a natureza hedionda de tal delito. No caso, os pacientes foram condenados pela prática de tráfico privilegiado, e a sentença de 1º grau afastara a natureza hedionda do delito. Posteriormente, o STJ entendera caracterizada a hediondez, o que impediria a concessão dos referidos benefícios — v. Informativos 791 e 828. O Tribunal superou a jurisprudência que se firmara no sentido da hediondez do tráfico privilegiado. Sublinhou que a previsão legal seria indispensável para qualificar um crime como hediondo ou equiparado. Assim, a partir da leitura dos preceitos legais pertinentes, apenas as modalidades de tráfico de entorpecentes definidas no art. 33, “caput” e § 1º, da Lei 11.343/2006 seriam equiparadas a crimes hediondos. Entendeu que, para alguns delitos e seus autores, ainda que se tratasse de tipos mais gravemente apenados, deveriam ser reservadas algumas alternativas aos critérios gerais de punição. A legislação alusiva ao tráfico de drogas, por exemplo, prevê a possibilidade de redução da pena, desde que o agente seja primário e de bons antecedentes, não se dedique a atividades criminosas e nem integre organização criminosa. Essa previsão legal permitiria maior flexibilidade na gestão da política de drogas, pois autorizaria o juiz a avançar sobre a realidade pessoal de cada autor. Além disso, teria inegável importância do ponto de vista das decisões de política criminal. HC 118533/MS, rel. Min. Cármen Lúcia, 23.6.2016. (HC-118533) Tráfico privilegiado e crime hediondo - 5
A Corte observou que, no caso do tráfico privilegiado, a decisão do legislador fora no sentido de que o agente deveria receber tratamento distinto daqueles sobre os quais recairia o alto juízo de censura e de punição pelo tráfico de drogas. As circunstâncias legais do privilégio demonstrariam o menor juízo de reprovação e, em consequência, de punição dessas pessoas. Não se poderia, portanto, chancelar-se a hediondez a essas condutas, por exemplo. Assim, a imposição de pena não deveria estar sempre tão atrelada ao grau de censura constante da cominação abstrata dos tipos penais. O juiz deveria ter a possibilidade de exame quanto à adequação da sanção imposta e o respectivo regime de cumprimento, a partir do exame das características específicas na execução de determinados fatos, cujo contexto em que praticados apresentasse variantes socialmente relevantes em relação ao juízo abstrato de censura cominada na regra geral. De outro lado, o art. 33, § 4º, da Lei 11.343/2006 mereceria crítica na medida em que proíbe a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direito. Assentou, ainda, que a etiologia do crime privilegiado seria incompatível com a natureza hedionda. Além disso, os Decretos 6.706/2008 e 7.049/2009 beneficiaram com indulto os condenados pelo tráfico de entorpecentes privilegiado, a demonstrar inclinação no sentido de que esse delito não seria hediondo. Demais disso, cumpre assinalar que o crime de associação para o tráfico, que reclama liame subjetivo estável e habitual direcionado à consecução da traficância, não seria equiparado a hediondo. Dessa forma, afirmar que o tráfico minorado fosse considerado hediondo significaria que a lei ordinária conferiria ao traficante ocasional tratamento penal mais severo que o dispensado ao agente que se associa de forma estável
para exercer a traficância de modo habitual, a escancarar que tal inferência consubstanciaria violação aos limites que regem a edição legislativa penal. Vencidos os Ministros Luiz Fux, Dias Toffoli e Marco Aurélio, que denegavam o “writ”. Reajustaram os votos os Ministros Edson Fachin, Teori Zavascki e Rosa Weber. HC 118533/MS, rel. Min. Cármen Lúcia, 23.6.2016. (HC-118533)
O tráfico privilegiado não é considerado crime Hediondo. Indo de encontro à Sumula do STJ que
afirma o contrário.
1.4.2. Tortura (Lei 9455/95 artigo 1º e §§): todos os crimes de Tortura são equiparados a
Hediondo.
1.4.3. Terrorismo (Lei 7170/83 artigo 20): a Lei não tipifica o Terrorismo em si, mas sim, os atos
de Terrorismo.
1.5. CONSEQUÊNCIAS DA HEDIONDEZ (artigo 2º da Lei 8072/90)
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
afins e o terrorismo são insuscetíveis de: (Vide Súmula Vinculante)
I - anistia, graça e indulto;
II - fiança e liberdade provisória.
§ 1º A pena por crime previsto neste artigo será cumprida integralmente em regime fechado.
§ 2º Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente se o réu
poderá apelar em liberdade.
§ 3º A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei nº 7.960, de 21 de dezembro de 1989,
nos crimes previstos neste artigo, terá o prazo de trinta dias, prorrogável por igual período
em caso de extrema e comprovada necessidade.
II - fiança. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007)
Impossibilidade de Anistia, graça e indulto: São causas de extinção da punibilidade, nas
quais o Estado abre mão do direito de punir por motivos de política criminal. Previsto no
artigo 107 inciso II do CP.
o A Anistia é de competência do Congresso Nacional através de Lei apagando os
efeitos penais de fato normalmente servindo para crimes políticos – Lei Penal
Anômala. A finalidade da Anistia é apagar EFEITOS PENAIS de fatos criminosos.
O termo vem da mesma fonte semântica da – Amnésia. Independentemente de
sentença penal transitada em julgado.
o Graça e indulto são de competência do Presidente da República através de
Decreto, serve para extinguir a pena fixada em sentença servindo para crimes
comuns. O indulto é coletivo, enquanto que a Graça é individual.
Nenhum desses institutos está previsto para Crimes Hediondos. Entretanto se analisarmos o
artigo 5º, XLIII mencionou quanto a Graça e Anistia não falando do Indulto, mas a esse se
aplica a mesma regra.
Prevalece o entendimento de que a vedação do Indulto não é inconstitucional, pois o
Legislador tinha tal prerrogativa e a Constituição já proibi a Graça que é instituto com natureza
jurídica idêntica. Os Tribunais Superiores também vedam o indulto.
Inciso II - Fiança: Também por previsão constitucional os crimes hediondos e equiparados
são insuscetíveis de fiança, previsto no artigo 5º XLIII da CF.
Fiança é uma contra cautela que consiste no pagamento de um valor pré - fixado pela
autoridade policial ou pela autoridade judiciária e que condiciona a Liberdade Provisória
em determinadas situações. Ex: Prisão em flagrante.
Em caso de condenação a fiança servirá para custear o processo, indenizar a vítima, se
sobrar qualquer quantia, essa será devolvida ao agente com correção. Se for comprovada
a inocência o valor será devolvido – artigo 310 e seguintes do CPP.
A Fiança é impossível nos crimes Hediondos ou equiparados. Porém, o fato de o
crime ser inafiançável não está ligado à impossibilidade de liberdade provisória, sendo
essa possível sem Fiança. Qualquer prisão pré - processual dependerá de razões de
cautela.
Portanto, Vedação da Fiança não é vedação da Liberdade Provisória. A Fiança não
está prevista nos Crimes Hediondos e equiparados, no entanto, a Liberdade
Provisória aplica-se em todos os Crimes Hediondos, SEM EXCESSÃO.
Parágrafo 1º do artigo 2º da Lei 8072/90
Art.2º (...)
§ 1o A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime fechado.
(Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007)
Progressão de Regime:
2/5 se for réu primário
3/5 se for réu reincidente
A reincidência é genérica e não específica.
Antes de 2007 o Regime Integralmente Fechado era proibido.
A inconstitucionalidade do Regime integral fechado foi declarada por meio do HC 82959,
julgado pelo STF, primeiramente porque feria o artigo 5º, inciso XLVI da CR/88 – Princípio da
Individualização da Pena, a pena deve-se individualizar ao crime e o criminoso, e as fases de
individualização devem ser preservadas pela lei e se dividem tanto na fase de cominação,
quanto na aplicação e execução. Destaca-se também o Princípio da Humanidade das Penas
(art.5º, XLVII da CF). Por fim, o artigo 1º inciso III da CF.
PENA - REGIME DE CUMPRIMENTO - PROGRESSÃO - RAZÃO DE SER. A progressão no regime de cumprimento da pena, nas espécies fechado, semi-aberto e aberto, tem como razão maior a ressocialização do preso que, mais dia ou menos dia, voltará ao convívio social. PENA - CRIMES HEDIONDOS - REGIME DE CUMPRIMENTO - PROGRESSÃO - ÓBICE - ARTIGO 2º, § 1º, DA LEI Nº 8.072/90 - INCONSTITUCIONALIDADE - EVOLUÇÃO JURISPRUDENCIAL. Conflita com a garantia da individualização da pena - artigo 5º, inciso XLVI, da Constituição Federal - a imposição, mediante norma, do cumprimento da pena em regime integralmente fechado. Nova inteligência do princípio da individualização da pena, em evolução jurisprudencial, assentada a inconstitucionalidade do artigo 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
(STF - HC: 82959 SP, Relator: MARCO AURÉLIO, Data de Julgamento: 23/02/2006, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJ 01-09-2006<span id="jusCitacao"> PP-00018 </span>EMENT VOL-02245-03<span id="jusCitacao"> PP-00510</span>)
Devem-se considerar os demais princípios inscritos na Constituição.
Nesse caso, aplica-se o artigo 112 da LEP.
Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma
progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, a ser
determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos um sexto
da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário,
comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que
vedam a progressão. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003)
No entanto, o Congresso Nacional imediatamente modificou a Lei de Crimes Hediondos com a Lei
11.464/07 que entrou em vigor no dia 28 de março de 2007 permite a progressão de regime nos
Crimes Hediondos e equiparados, sendo 2/5 para o crime primário; 3/5 para o reincidente e
inicialmente em regime fechado.
Art.2º (...)
§ 2o A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste artigo,
dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de
3/5 (três quintos), se reincidente. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007).
Portanto, a progressão de regime é possível, porém, com frações mais severas e o regime deve
ser inicialmente fechado.
Quem pratica Crime Hediondo Ou Equiparado antes da Lei 11.464/07: A Lei anterior é
inconstitucional segundo o Supremo, porém, é prejudicial em relação à Lei nova. No entanto, a lei
anterior foi considerada inconstitucional considerando o controle difuso e não o abstrato, portanto,
têm efeito inter partes não erga omnes. Portanto, deverá retroagir, progredindo de 1/6 da
pena, conforme artigo 112 da Lei de Execuções Penais, porque, o contexto jurisprudencial deve
ser levado em conta na verificação do caráter benéfico ou prejudicial de uma lei.
Na súmula vinculante nº26 do STF o Supremo deu efeito erga omnes. Obrigando aos juízes
observar a previsão da Lei antiga.
Súmula Vinculante 26
Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou
equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei nº
8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não,
os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo
fundamentado, a realização de exame criminológico.
Aplicam-se também nesse contexto súmula 471 do STJ:
Súmula: 471 - STJ
Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei
n. 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei n. 7.210/1984 (Lei de Execução
Penal) para a progressão de regime prisional.
O STF considerou, no HC 82959, o Regime integralmente fechado como inconstitucional o que
permitiu a progressão com 1/6 de cumprimento da pena conforme artigo 112 da LEP.
A Lei 11464 de 28 de março de 2007 modificou a Lei 8072/90 estabelecendo um Regime
Inicialmente Fechado permitindo a Progressão com 2/5 para o Primário e 3/5 para o Reincidente.
Tal mudança é irretroativa conforme Súmula Vinculante nº26 do STF e Súmula 471 do STJ.
A exigência de regime inicialmente fechado é inconstitucional? Sim, pelas mesmas razões do
artigo 5º inciso XLVI. Quando a Lei exige o regime inicialmente fechado, a Lei está basicamente
impossibilitando a individualização da pena.
Portanto, o STF no HC 111840 decidiu pela Inconstitucionalidade do Regime Inicial fechado
obrigatório devendo juiz observar os critérios objetivos e subjetivos da fixação de regime inicial.
EMENTA Habeas corpus. Penal. Tráfico de entorpecentes. Crime praticado durante a
vigência da Lei nº 11.464/07. Pena inferior a 8 anos de reclusão. Obrigatoriedade de
imposição do regime inicial fechado. Declaração incidental de inconstitucionalidade do § 1º
do art. 2º da Lei nº 8.072/90. Ofensa à garantia constitucional da individualização da pena
(inciso XLVI do art. 5º da CF/88). Fundamentação necessária (CP, art. 33, § 3º, c/c o art.
59). Possibilidade de fixação, no caso em exame, do regime semiaberto para o início de
cumprimento da pena privativa de liberdade. Ordem concedida. 1. Verifica-se que o delito
foi praticado em 10/10/09, já na vigência da Lei nº 11.464/07, a qual instituiu a
obrigatoriedade da imposição do regime inicialmente fechado aos crimes hediondos e
assemelhados. 2. Se a Constituição Federal menciona que a lei regulará a individualização
da pena, é natural que ela exista. Do mesmo modo, os critérios para a fixação do regime
prisional inicial devem-se harmonizar com as garantias constitucionais, sendo necessário
exigir-se sempre a fundamentação do regime imposto, ainda que se trate de crime
hediondo ou equiparado. 3. Na situação em análise, em que o paciente, condenado a
cumprir pena de seis (6) anos de reclusão, ostenta circunstâncias subjetivas favoráveis, o
regime prisional, à luz do art. 33, § 2º, alínea b, deve ser o semiaberto. 4. Tais
circunstâncias não elidem a possibilidade de o magistrado, em eventual apreciação das
condições subjetivas desfavoráveis, vir a estabelecer regime prisional mais severo, desde
que o faça em razão de elementos concretos e individualizados, aptos a demonstrar a
necessidade de maior rigor da medida privativa de liberdade do indivíduo, nos termos do §
3º do art. 33, c/c o art. 59, do Código Penal. 5. Ordem concedida tão somente para remover
o óbice constante do § 1º do art. 2º da Lei nº 8.072/90, com a redação dada pela Lei nº
11.464/07, o qual determina que “[a] pena por crime previsto neste artigo será cumprida
inicialmente em regime fechado“. Declaração incidental de inconstitucionalidade, com efeito
ex nunc, da obrigatoriedade de fixação do regime fechado para início do cumprimento de
pena decorrente da condenação por crime hediondo ou equiparado.
(STF - HC: 111840 ES, Relator: Min. DIAS TOFFOLI, Data de Julgamento: 27/06/2012,
Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe-249 DIVULG 16-12-2013 PUBLIC 17-12-2013)
§3º do artigo 2º da Lei 8072/90:
Art.2º (...)
§ 3o Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente se o réu
poderá apelar em liberdade. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007)
§4º do artigo 2º da Lei 8072/90:
Art.2º (...)
§ 4o A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no 7.960, de 21 de dezembro de 1989,
nos crimes previstos neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual
período em caso de extrema e comprovada necessidade. (Incluído pela Lei nº 11.464, de
2007)
A prisão temporária é uma prisão decretada pelo juiz na fase do inquérito, e possui determinados
requisitos inscritos na Lei.
Quanto ao prazo de duração da Lei de Crimes Hediondos também inovou, geralmente é de 05
dias prorrogável por mais 05 dias, porém, se for Crime Hediondo será de 30 dias prorrogado por
mais 30 dias.
LIVRAMENTO CONDICIONAL:
o +1/3 da pena se o indivíduo for primário e de bons antecedentes;
o +1/2 se o indivíduo for reincidente em crime doloso
o 2/3 Hediondo / Equiparado
o Vedado o benefício ao Reincidente específico
REINCIDENTE ESPECÍFICO EM CRIMES HEDIONDOS / EQUIPARADOS
Artigo 63 do CP
Crime após transito em julgado
É aquele que pratica um crime hediondo e equiparado e após o trânsito em julgado pratica
outro crime hediondo ou equiparado, não é necessário que seja o mesmo crime.
Uma primeira interpretação conceitua reincidente específico em crimes dessa natureza aquele
que pratica o mesmo crime hediondo duas vezes. Em uma segunda interpretação seria aquele
que pratica dois crimes hediondos que protegem o mesmo bem jurídico.
Reincidência específica diz respeito ao cometimento de Crime Hediondo/equiparado após o
transito em julgado de sentença condenatória de qualquer crime hediondo equiparado.