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MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO CIVIL Curso Superior de Tecnologia em Construção de Edifícios Prof. Leandro Candido de Lemos Pinheiro [email protected] Madeiras

Curso Superior de Tecnologia em Construção de Edifícios ... · Classificação quanto a morfologia e anatomia ... durante a vida vegetal, ... Apostila. (Curso Superior de

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MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO CIVIL Curso Superior de Tecnologia em Construção de Edifícios

Prof. Leandro Candido de Lemos Pinheiro [email protected]

Madeiras

MADEIRAS

medula

cerne

alburne

câmbio

casca

São obtidas através do corte e processamento do fuste de vegetais

superiores (árvores e arbustos lenhosos).

Origem

O cerne é a parte menos porosa,

onde a seiva se solidifica.

O alburne é a parte mais fibrosa,

com maior porosidade.

MADEIRAS

Cortiça

É um tecido morto das árvores, que protege

os tecidos novos do ambiente externo.

Tem ótimas propriedades para isolamento

termoacústico, podendo ser aplicada em

revestimentos e recheios de paredes, forros

e entrepisos.

Em espécies como o Sobral, Angico Rajado e Corticeira,

é possível retirar lâminas espessas de cortiça, podendo

ser aproveitadas para a construção civil.

Fonte: Google Images

MADEIRAS

Os vegetais superiores pertencem ao ramo dos fanerógamas (ou

espermatófitos), que são vegetais completos com raízes, caule, copa,

folhas, flores e sementes.

Classificação dos vegetais superiores

Classificação quanto a sua germinação e crescimento:

• Endógenas: germinação interna; desenvolvimento transversal do caule com a parte externa sendo mais antiga e endurecida.

ex.: palmeiras, bambus. • Exógenas: germinação externa;

desenvolvimento transversal do caule de dentro para fora, com adição de novas camadas concêntricas de células (anéis de crescimento).

MADEIRAS

As árvores exógenas podem ser separadas em 2 grupos, segundo

suas características morfológicas e anatômicas.

Classificação quanto a morfologia e anatomia (exógenas):

• Gimnospermas: coníferas ou resinosas. Não produzem frutos e tem suas sementes (pinhas) descobertas. Folhagem perene. Lenho de madeira branda, conhecidas como softwood, madeira mole. 35% das espécies conhecidas e 400 industrialmente úteis.

ex.: araucária, pinho, pinus, cipreste, pau-brasil, ginco, junípero. • Angiospermas: frondosas e folhosas. 65% das espécies conhecidas, com

1500 úteis. Chamadas de hardwood ou “madeira de lei”, madeira dura. ex.: cedro, angelim, sucupira, mogno, ipê, peroba, louro-pardo, eucalipto, corticeira, madeira balsa.

MADEIRAS

No desdobro da madeira são obtidos, normalmente, pranchões. Pode

ser feito de 2 maneiras: normal e radial.

Desdobro da madeira

• Normal: pranchas “paralelas” aos anéis

de crescimento.

• Radial: perpendiculares aos anéis. Produz

pranchas de melhor qualidade, com maior

homogeneidade e resistência uniforme ao

longo da peça. Todavia, gera alto custo,

devido a maior quantidade de perdas.

MADEIRAS

O aparelhamento é a operação de serragem das pranchas, realizada

para obtenção das peças nas bitolas comerciais.

Aparelhamento da madeira

MADEIRAS

Visa obter um grau de umidade das peças compatível com o ambiente e o mais reduzido possível. Vantagens da secagem: 1. Diminui o peso do material 2. Aumenta a estabilidade (na pior das hipóteses, apresenta mínimo de retração)

3. Aumenta a resistência mecânica progressivamente, conforme se elimina a água impregnada no tecido lenhoso

4. Aumenta a resistência aos agentes de deterioração (principalmente fungos)

5. Para impregnação de processos protetores de maneira satisfatória, é necessário que a madeira esteja livre de água

6. A madeira precisa estar seca para receber pintura ou envernizamento

Secagem da madeira

MADEIRAS

Fatores que alteram as propriedades físicas e mecânicas

• Espécie botânica: a estrutura anatômica e a constituição do tecido

lenhoso variam de espécie para espécie.

Gimnospermas: coníferas ou resinosas. Angiospermas: frondosas e folhosas.

MADEIRAS

Fatores que alteram as propriedades físicas e mecânicas

• Peso específico: também depende da espécie.

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MADEIRAS

Fatores que alteram as propriedades físicas e mecânicas

• Localização da peça no lenho: os resultados de ensaios serão

diferentes se os corpos-de-prova forem retirados do cerne, do

alburne, próximos das raízes ou próximos da copa.

• Presença de defeitos: dependem da distribuição e dimensões dos

defeitos (nós, fendas, fibras torcidas, etc.), bem como da

localização deles na peça.

• Umidade: a resistência mecânica de uma madeira será máxima

quando completamente seca e mínima quando saturada.

MADEIRAS

Fatores que alteram as propriedades físicas e mecânicas

• Feixes de fibras: são os principais elementos a conferir resistência

mecânica às madeiras.

Quando os vazios das fibras são grandes, as madeiras são moles e pouco resistentes. Quando as fibras são longas, os tecidos são mais ligados e é maior a resistência à flexão. Grande concentração de fibras confere compacidade e rigidez.

MADEIRAS

Principais defeitos

• Defeitos de crescimento: são alterações no crescimento e estrutura fibrosa.

1. Nós;

2. Desvio de veios, fibras torcidas;

3. Ventos (são deslocamentos de continuidade entre fibras e anéis de crescimento, provocados

durante a vida vegetal, por paralisações de crescimento, golpes de ventos ou ações

dinâmicas).

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nós

MADEIRAS

Principais defeitos

• Defeitos de secagem: provocados por efeitos de retratilidade do

material, quando perde sua umidade nos processos de secagem.

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rachaduras

1. Rachaduras (aberturas radiais de grande

extensão no topo das peças);

2. Fendas (pequenas aberturas radiais do topo

da peça);

3. Fendilhado (pequenas aberturas ao longo da

peça);

4. Abaulamento (empenamento no sentido da

largura);

5. Curvatura (encurvamento longitudinal);

6. Curvatura lateral.

MADEIRAS

Principais defeitos

• Defeitos de produção: são defeitos causados no abate e derrubada das árvores ou no desdobro e secagem das peças.

1. Fraturas;

2. Rachaduras;

3. Fendas;

4. Machucaduras;

5. Camadas de cortiça;

6. Fibras cortadas.

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rachadura

MADEIRAS

Principais defeitos

• Defeitos de alteração: relativos ao ataque de predadores, fungos

e insetos, causando redução considerável na seção resistente de

peças estruturais.

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Podem ainda reforçar e agravar

defeitos preexistentes.

MADEIRAS

Preservação das madeiras

A durabilidade da madeira é a resistência que apresenta aos agentes

de alteração e destruição de seu tecido lenhoso.

Depende não somente dos fatores relativos à natureza da madeira,

mas também de fatores externos, relacionados às condições do

ambiente: umidade, temperatura, arejamento.

MADEIRAS

Preservação das madeiras

Fungos e bactérias necessitam de restritas condições ambientais favoráveis para sobreviver e proliferar:

oxigênio atmosférico;

temperatura em torno de 20°C;

teor de umidade acima de 20%.

Eliminando uma das condicionantes vitais, as madeiras terão durabilidade assegurada. Madeira submersa ou completamente enterrada em solo impermeável (estacas de fundações) tendem a durar séculos.

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musgo fungo

MADEIRAS

Preservação das madeiras

Insetos (cupins e besouros (carunchos)) atacam a madeira que apresente as seguintes condições favoráveis:

madeira verde, seivada e úmida;

contato com o solo;

condições estáveis de temperatura média.

Moluscos e crustáceos também podem atacar madeiras (alguns encontrados em Rio Grande).

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cupim

molusco

MADEIRAS

Processos de preservação

Os principais produtos imunizantes usados para preservação de madeiras são: Fungicidas; Inseticidas; Anti-moluscos.

São sempre tóxicos. Podem ser adicionadas propriedades impemeabilizantes, retardantes de fogo ou inibidoras de retralidade.

Seja qual for o processo adotado, é importante (para eficiência e economia) que as madeiras passem por um tratamento prévio. Esse tratamento consiste em: Secagem; Remoção de cascas e cortiças; Desseivagem; Efetuar todos os trabalhos de reserragem, furação, entalhes e desbastes

antes de realizar as proteções.

MADEIRAS

Processos de preservação

Classificação quanto a profundidade da impregnação alcançada:

• impregnação superficial: são pinturas ou imersão em soluções

preservativas; são mais econômicos, mas indicados para peças de

ambientes cobertos (telhados, entrepisos, forros).

• impregnação sob pressão reduzida: o imunizante pode ser aplicado por

banhos quente e frio, por substituição da seiva (por pressão capilar,

fazendo o imunizante subir, penetrando e expulsando a seiva), por

osmose (troca por diferença de concentração); indicados para madeiras

verdes, em postes, moirões, pontaletes.

MADEIRAS

Processos de preservação

Classificação quanto a profundidade da impregnação alcançada:

• impregnação sob pressão elevada (autoclave): o preservativo é

impregnado alternando vácuo e alta pressão; indicado para peças que

ficarão imersas; normalmente aplicado para postes de energia elétrica.

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MADEIRAS

MADEIRAS TRANSFORMADAS

A estrutura do tecido lenhoso (fibras resistentes e

unidirecionalmente orientadas) é o principal elemento que torna a

madeira um excelente material de construção. Mas é também essa

estrutura que confere os prejuízos de heterogeneidade e anisotropia

das tensões internas.

São denominados de transformação aqueles processos extremos de

beneficiamento das madeiras que buscam a reestruturação do

material a partir do rearranjo de suas fibras resistentes. Contribuem

para a sustentabilidade, devido o reaproveitamento de madeiras.

laminada/colada

compensada aglomerada reconstituída

MADEIRAS

Madeira laminada colada (MLC)

Objetivam aumentar a espessura de tábuas com defeitos controlados.

É usada para fins estruturais.

Fonte: Google Images

MADEIRAS

(ou HPP)

E o piso laminado?

Não é uma madeira laminada, mas sim

uma madeira reconstituída aglomerada

(de alta densidade) com revestimento de

lâminas protetoras e decorativas.

Fonte: Google Images

MADEIRAS

Madeira compensada laminada (ou contraplacada)

É formada pela colagem de lâminas, em número ímpar e

com alternação do sentido de orientação das fibras.

Objetiva melhorar as propriedades mecânicas, conferindo

isotropia e homogeneidade.

Usada para formas, forros, lambris, tapumes, portas

internas etc.

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MADEIRAS

Madeira aglomerada

São chapas e artefatos obtidos pela aglomeração (com colas e

resinas) de pequenos fragmentos de madeiras. Objetivam peças de

baixo custo, com uso de madeira de reflorestamento ou reciclada.

Tem boas propriedades para

isolamento termoacústico.

É usada internamente, para móveis,

forros e outros revestimentos de baixa

responsabilidade mecânica.

São pouco resistentes à umidade, ao

sol direto e às cargas mecânicas.

Também pouco resistem à furação por

pregos, parafusos e outros elementos

de montagem. Necessitam de

estratégias como uso de calhas ou

colagem.

Fórmicas, por exemplo, podem ser usadas

para revestimento/proteção externa.

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MADEIRAS

Madeira reconstituída

São chapas e artefatos obtidos pela aglomeração (com colas e

resinas) de fibras dispersas, extraídas do lenho.

Entenda-se como fibras as próprias fibras, partículas, lascas, tiras,

cavacos.

O MDF (Medium Density Fiberboard)

consiste na mistura de fibras de madeira

prensadas, somadas de resina para dar

liga.

É um material leve, sensível e de fácil

manuseio e transporte.

É importante manter esse material livre de umidade e fora do alcance

de luz solar direta. É também importante, devido à sensibilidade,

tomar cuidado ao arrastar ou colocar muito peso em cima de objetos

feitos desse material.

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MADEIRAS

O MDP (Medium Density Pannel) é produzido através de partículas da

madeira e, diferente do MDF, é mais resistente e suporta um acúmulo

de peso maior.

Madeira reconstituída

A principal diferença entre o MDP e o MDF é que no painel de MDP

são utilizadas partículas de madeira em camadas, ficando as mais

finas nas superfícies e as mais grossas no miolo. Já no MDF

aglutinam-se fibras de madeira.

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MADEIRAS

O OSB (Oriented Strand Board) é

uma chapa de feixes orientados,

com multicamadas feitas de aparas

de madeira, com forma e espessura

predeterminadas e unidas com

adesivo/resina.

Madeira reconstituída

Tem propriedades mecânicas

semelhantes ao MDF e MDP, mas

maior resistência às intempéries,

podendo ser aplicado externamente.

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MADEIRAS

Chamados de WPC (Wood Plastic Composites, ou madeira plástica),

são compostos de madeira com plásticos, obtidos pela reciclagem de

resíduos de plásticos e fibras vegetais.

Madeira composta

Tem boas propriedades de

isolamento térmico e elétrico,

resistência ao desgaste e

impermeabilidade.

Fonte: Google Images

MADEIRAS

BIBLIOGRAFIA

BAUER, L. A. F. Materiais de construção. Volume 1. 5 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2011. BAUER, L. A. F. Materiais de construção. Volume 2. 5 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2011. FREIRE, W. J.; BERALDO, A. L. (coord.) Tecnologias e materiais alternativos de construção. Campinas: Ed. UNICAMP, 2003. MAGALHÃES, F. Concreto e cimento Portland: especificações e ensaios. Versão 1.0. Apostila. (Curso Superior de Tecnologia em Construção de Edifícios) – Instituto Federal do Rio Grande do Sul. Rio Grande: IFRS, [s.d.]a Disponível em: <http://academico.riogrande.ifrs.edu.br/~fabio.magalhaes>. Acesso em: 2 ago. 2012. MAGALHÃES, F. Materiais componentes do concreto: especificações e ensaios. Versão 1.0. Apostila. (Curso Superior de Tecnologia em Construção de Edifícios) – Instituto Federal do Rio Grande do Sul. Rio Grande: IFRS, [s.d.]b. Disponível em: <http://academico.riogrande.ifrs.edu.br/~fabio.magalhaes>. Acesso em: 2 ago. 2012. MAGALHÃES, F. Rochas, madeiras e materiais cerâmicos : especificações e ensaios. Versão 1.0. Apostila. (Curso Superior de Tecnologia em Construção de Edifícios) – Instituto Federal do Rio Grande do Sul. Rio Grande: IFRS, [s.d.]c. Disponível em: <http://academico.riogrande.ifrs.edu.br/~fabio.magalhaes>. Acesso em: 2 ago. 2012. RIBEIRO, C. C.; PINTO, J. D. S.; STARLING, T. Materiais de construção civil. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2000. ROCHA, J. C.; XAVIER, L. L. Materiais de construção civil. Apostila. Disciplina ECV 5330. (Graduação em Engenharia Civil) – Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis: Departamento de Engenharia Civil; UFSC, 2000. SILVER, P.; MCLEAN, W. Introducción a la tecnologia arquitectónica. Barcelona: Parramón, 2008. Material baseado nas notas de aula do professor Christiano Piccioni Toralles.