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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE ENERGIA NUCLEAR PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIAS ENERGÉTICAS E NUCLEARES (PROTEN) CURVA DE CALIBRAÇÃO PARA DOSIMETRIA BIOLÓGICA DE CAMPO MISTO NÊUTRON-GAMA PELO MÉTODO CITOGENÉTICO CONVENCIONAL JOSÉ ODINILSON DE CALDAS BRANDÃO RECIFE – PERNAMBUCO – BRASIL SETEMBRO – 2009

CURVA DE CALIBRAÇÃO PARA DOSIMETRIA BIOLÓGICA DE … · 2019. 10. 25. · 1,652 Gy e a frequência de cromossomos dicêntricos foi determinada em 1000 metáfases após coloração

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE ENERGIA NUCLEAR

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIAS ENERGÉTICAS E

NUCLEARES (PROTEN)

CURVA DE CALIBRAÇÃO PARA DOSIMETRIA BIOLÓGICA DE

CAMPO MISTO NÊUTRON-GAMA PELO MÉTODO

CITOGENÉTICO CONVENCIONAL

JOSÉ ODINILSON DE CALDAS BRANDÃO

RECIFE – PERNAMBUCO – BRASIL

SETEMBRO – 2009

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CURVA DE CALIBRAÇÃO PARA DOSIMETRIA BIOLÓGICA DE

CAMPO MISTO NÊUTRON-GAMA PELO MÉTODO CITOGENÉTICO

CONVENCIONAL

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JOSÉ ODINILSON DE CALDAS BRANDÃO

CURVA DE CALIBRAÇÃO PARA DOSIMETRIA BIOLÓGICA DE

CAMPO MISTO NÊUTRON-GAMA PELO MÉTODO

CITOGENÉTICO CONVENCIONAL

ORIENTADOR: DR. EUDICE CORREIA VILELA CO-ORIENTADORA: DRª FABIANA FARIAS DE LIMA GUIMARÃES

RECIFE – PERNAMBUCO – BRASIL

SETEMBRO – 2009

Dissertação submetida ao Programa de Pós-

Graduação em Tecnologias Energéticas e

Nucleares, do Departamento de Energia

Nuclear, da Universidade Federal de

Pernambuco, para obtenção do título de

Mestre em Ciências. Área de Concentração:

Dosimetria e Instrumentação Nuclear.

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B817c Brandão, José Odinilson de Caldas

Curva de calibração para dosimetria biológica de campo misto nêutron-gama pelo método citogenético convencional / José Odinilson de Caldas Brandão. – Recife: O Autor, 2009.

vii, 51 f.; il., gráfs., figs., tabs. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco.

CTG. Programa de Pós-Graduação em Tecnologias energéticas e nucleares, 2009.

Inclui Referências Bibliográficas e Anexos. 1. Energia nuclear. 2. Biodosimetria. 3. Nêutron-gama. 4.

Método citogenético. I. Título. 621.4837 CDD (22.ed.) UFPE BCTG/2010-004

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Aos meus pais, Odimar Brandão e

Joana D’Arc, e ao meu irmão Odimar Filho,

dedico.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais, Joana D’Arc e José Odimar, por todo apoio não só durante

minha vida acadêmica, mas, principalmente, em minha formação enquanto cidadão. Não há

palavras para descrever o quão importante é e sempre será seu apoio moral e intelectual.

Graças a eles pude dar mais um passo deveras importante em minha vida pessoal e

profissional.

Ao Prof. Dr. Êudice Correia Vilela por acreditar na possibilidade de realização deste

trabalho e em minha capacidade de execução, além de sua importante orientação no

desenrolar de cada estágio.

A Drª Fabiana Farias de Lima Guimarães pela cessão das instalações necessárias ao

desenvolvimento da etapa experimental, pela solidariedade e participação ativa durante a

implantação das técnicas e desenvolvimento dos trabalhos.

A Profª Drª Neide Santos, pois graças a sua disponibilidade e ensinamentos pude

aprender os pormenores do método citogenético. Ainda, sua colaboração é de grande

importância para nortear futuros trabalhos relativos a dosimetria citogenética.

Ao CNPq, pelo apoio financeiro.

Aos monstros da sala dos alunos RP-22, Joelan (Marrom Brasileiro), Renato

(Atravessada), Davi (Biquinho), Wellington (Pele e Osso), Priscilla (Assustada), Merilane

(Caolha), Carlos (Patrick) por todo apoio acadêmico. Além disso, a convivência com todos

tornou o dia-a-dia altamente saudável e cativante.

Ao corpo técnico do Centro Regional de Ciências Nucleares do Nordeste

(CNEN/CRCN-NE), em especial George Paiva, Marcelo Santana e Renata Sales, sempre

prestativos e aptos a solucionar os problemas diários intrínsecos ao desenrolar das atividades

científicas.

A Caroline Medeiros, sempre pronta a colaborar comigo em todas as minhas

atividades, inclusive nesta obra.

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ii

SUMÁRIO

Página

LISTA DE FIGURAS E TABELAS ............................................................................iv

RESUMO........................................................................................................................v

ABSTRACT...................................................................................................................vi

1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................................1

2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................3

2.1 RADIOBIOLOGIA CELULAR .............................................................................3

2.2 FÍSICA E BIOFÍSICA DE NÊUTRONS ..............................................................5

2.2.1 NÊUTRONS..........................................................................................................5

2.2.1.1 Interação dos nêutrons com a matéria.............................................................7

2.2.1.1.1 Espalhamento elástico....................................................................................7

2.2.1.1.2 Espalhamento inelástico.................................................................................7

2.2.1.1.3 Captura de nêutrons térmicos.......................................................................7

2.2.1.1.4 Reações nucleares...........................................................................................7

2.2.2 FONTES DE NÊUTRONS..................................................................................8

2.2.3 EFEITOS BIOLÓGICOS DOS NÊUTRONS...................................................8

2.3 DOSIMETRIA BIOLÓGICA ................................................................................11

2.3.1 BIOINDICADORES ...........................................................................................11

2.3.1.1 Seleção e validação de bioindicadores.............................................................12

2.3.1.2 Bioindicadores para radiação ionizante..........................................................12

2.3.2 LINFÓCITOS HUMANOS .................................................................................13

2.3.3 ANÁLISE CROMOSSÔMICA ..........................................................................15

2.3.4 CURVA DE CALIBRAÇÃO .............................................................................17

3 MATERIAL E MÉTODOS .....................................................................................21

3.1 Local da pesquisa....................................................................................................21

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3.2 Seleção de doadores...............................................................................................21

3.3 Coleta de sangue e irradiação das amostras........................................................21

3.4 Cálculo da dose.......................................................................................................22

3.5 Cultivo de células....................................................................................................23

3.6 Preparação das lâminas.........................................................................................24

3.7 Análise microscópica..............................................................................................24

3.8 Análise dos dados...................................................................................................24

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................26

5 CONCLUSÃO...........................................................................................................33

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................34

ANEXO I – Protocolo de aprovação pelo Comitê de Ética..........................................43

ANEXO II – Termo de consentimento livre e esclarecido...........................................44

ANEXO III – Questionário..........................................................................................46

ANEXO IV – Tabela de registro de dados...................................................................51

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LISTA DE FIGURAS E TABELAS

Página Figura 1 – Mecanismo direto e indireto de ação da radiação sobre o DNA.......................4

Figura 2 – Principais tipos de aberrações cromossômicas instáveis radioinduzidas..........5

Figura 3 – Curvas típicas da resposta biológica em função da dose...................................9

Figura 4 – Cariótipo humano masculino com bandeamento G..........................................16

Figura 5 – Célula em metáfase (46, XY)............................................................................17

Figura 6 – Número médio de células observadas, acompanhados dos respectivos intervalos

de confiança (95%) superior e inferior.................................................................................20

Figura 7 – Arranjo experimental montado no Laboratório de Irradiação com

Nêutrons...............................................................................................................................22

Figura 8 – Metáfase completa.............................................................................................29

Figura 9 – Metáfase incompleta..........................................................................................29

Figura 10 – Curva gerada pelo CABAS, contendo o ponto relativo a dose de 0,640

Gy.........................................................................................................................................30

Figura 11 – Freqüências de dicêntricos em amostras sanguíneas irradiadas.......................32

Tabela 1 – Classificação dos nêutrons quanto à energia.......................................................6

Tabela 2 - Valores da dose absorvida calculados por simulação computacional.................26

Tabela 3 - Frequência de alterações cromossômicas nas amostras não irradiadas...............27

Tabela 4 - Números de células e alterações cromossômicas contabilizadas em cada ponto de

dose. ......................................................................................................................................28

Tabela 5 - Coeficientes de ajuste da curva de calibração......................................................31

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CURVA DE CALIBRAÇÃO PARA DOSIMETRIA BIOLÓGICA DE CAMPO MISTO NÊUTRON-GAMA PELO MÉTODO

CITOGENÉTICO CONVENCIONAL Autor: José Odinilson de Caldas Brandão

Orientador: Prof. Dr. Êudice Correia Vilela

Co-orientador: Drª Fabiana Farias de Lima Guimarães

RESUMO

A contagem de alterações cromossômicas em linfócitos do sangue periférico tem sido utilizada para determinar a dose de radiação gama absorvida em indivíduos expostos acidental ou ocupacionalmente. No entanto, não há muitos estudos acerca dos efeitos dos campos mistos nêutron-gama. A radiobiologia de nêutrons tem grande importância porque em usinas nucleares difundidas mundialmente há várias centenas de milhares de indivíduos monitorados por potencialmente receber doses de nêutrons. Além disso, existe uma crescente preocupação com tripulantes de companhias aéreas (cerca de um milhão em todo o mundo) expostos a doses mensuráveis de nêutrons. Historicamente, ensaios de biodosimetria citogenética têm sido baseados na quantificação das alterações cromossômicas instáveis (dicêntricos, fragmentos acêntricos, anéis e fragmentos) em linfócitos T, após exposição às radiações. Uma vez que acidentes radiológicos não são comuns, nem todas as nações sentem que é economicamente justificável manter competência em biodosimetria. No entanto, o acesso confiável a dosimetria biológica é completamente crítico em caso de acidente. Neste trabalho foi estabelecida uma curva de calibração para a indução de alterações cromossômicas em linfócitos do sangue periférico após exposição crônica in vitro a um campo misto nêutron-gama. O sangue foi obtido a partir de um doador saudável e exposto a duas fontes de campo misto nêutron-gama 241AmBe (20 Ci) no Laboratório de Calibração com Nêutrons (LCN - CRCN / NE - PE - Brasil). As doses absorvidas avaliadas foram 0,206; 0,413; 0,640; 0,964 e 1,652 Gy e a frequência de cromossomos dicêntricos foi determinada em 1000 metáfases após coloração com Giemsa 5%. Os resultados mostraram uma dependência linear-quadratica entre a dose absorvida de radiação e as freqüências de cromossomos dicêntricos expressas pela equação Y = 0,0009 + 0.172D + 0.0496D2. A curva dose-resposta descrita no presente trabalho contribuirá para o Laboratório de Dosimetria Biológica (LBD), em implantação, e deve ser utilizada quando necessário.

Palavras-chave: Biodosimetria, nêutron, gama, citogenética

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CALIBRATION CURVE FOR MIXED FIELD NEUTRON-GAMMA BIOLOGICAL DOSIMETRY BY CONVENTIONAL CYTOGENETIC

METHOD Author: José Odinilson de Caldas Brandão

Adviser: Prof. Dr. Êudice Correia Vilela

Co-adviser: Drª Fabiana Farias de Lima Guimarães

ABSTRACT

Monitoring chromosome alterations in peripheral blood lymphocytes have been used to access the radiation absorbed dose in individuals exposed accidental or occupationally to gamma radiation. However there are not many studies based on the effects of neutron-gamma mixed field. The radiobiology of neutrons has great importance because in nuclear factories worldwide there are several hundred thousand individuals monitored as potentially receiving doses of neutron, besides there is increasing concern about airline crew members (about one million worldwide) exposed to measurable neutrons doses. Historically, cytogenetic biodosimetry assays have been based on quantifying unstable chromosome alterations (dicentrics, centric rings and acentric fragments) in T-lymphocytes in their first mitosis after radiation exposure. Since radiological accidents are not common, not all nations feel that it is economically justified to maintain biodosimetry competence. However, dependable access to biological dosimetry capabilities is completely critical in event of an accident. In this paper a calibration curve was measured for the induction of chromosomal alterations in peripheral blood lymphocytes after chronic exposure in vitro to neutron-gamma mixes field. Blood was obtained from one healthy donor and exposed to two neutron-gamma mixed field from two 241AmBe (20 Ci) sources at the Neutron Calibration Laboratory (NCL – CRCN/NE – PE – Brazil). The evaluated absorbed doses were 0.206; 0.413; 0.640; 0.964 and 1.652 Gy and the dicentric chromosomes frequency was performed in 1000 metaphases after painted by Giemsa 5%. Results showed a linear-quadric dependence between radiations absorbed dose and dicentric chromosomes frequencies expressed by Y = 0.0009 + 0.172D + 0.0496D2. Dose-response curve described in this paper will contribute to the Laboratory of Biological Dosimetry (LBD) deployment and must be used when necessary.

Keywords: Biodosimetry, neutron, gamma, cytogenetic

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1 INTRODUÇÃO

A radiação, ionizante ou não, é um componente natural do ambiente terrestre e tem

decisivamente moldado a evolução da vida através da história. Em resposta a tal componente,

os sistemas biológicos desenvolveram uma série de mecanismos de defesa, como a ativação

do sistema imunológico e mecanismos de reparo do material genético (HORNECK, 1998).

Atualmente, um grande número de pessoas tem sido ocupacionalmente exposto a

baixas doses de nêutrons, desde trabalhadores de centros de pesquisa que lidam com nêutrons,

de maneira geral, até a tripulação de aeronaves. Essas exposições, entretanto, podem induzir

alterações nas células somáticas e nas células germinativas. Como consequência, há

possibilidade de desenvolvimento de leucemia ou outros tipos de câncer, além de mutações

hereditárias (GOODHEAD, 1993; RODRIGUES et al., 2005).

Ao incidirem sobre células vivas, as radiações X, γ e os nêutrons geram efeitos

semelhantes. No entanto, por não possuírem carga elétrica, os nêutrons interagem com a

matéria, basicamente por colisão, principalmente com átomos de hidrogênio para os quais sua

energia é transferida parcial ou totalmente. Dessa forma, há a produção de prótons de recuo

altamente ionizantes, responsáveis diretos pelo dano biológico gerado (YAMAGUCHI &

WAKER, 2007).

Por muitos anos, as alterações cromossômicas (cromossomos dicêntricos, anéis

cromossômicos e fragmentos acêntricos) têm sido usadas como dosímetros biológicos na

avaliação de indivíduos expostos à radiação, sendo tais alterações mais extensivamente

estudadas em linfócitos provenientes de sangue periférico humano. Essas células possuem

vida média em torno de três anos, tornando factível a análise citogenética decorrido certo

período de tempo após exposição à radiação (EDWARDS et al., 2005). Nesse sentido, Voisin

et al. (2004) comentam que a pesquisa citogenética por cromossomos dicêntricos é

amplamente utilizada, mesmo em acidentes com doses de nêutrons de fissão tão baixas quanto

0,01 Gy.

Com o intuito de interpretar as aberrações cromossômicas quantificadas, faz-se

necessária a elaboração de uma curva de calibração da resposta biológica obtida em função da

dose absorvida. Todavia, diferenças inerentes aos protocolos, particularidades regionais como

a presença de elementos naturais que tornem o ambiente mais hostil aos indivíduos e

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background genético da população analisada, podem gerar incertezas estatísticas que tornam

uma curva de calibração inapropriada para utilização em microrregião diferente da qual ela foi

obtida. Portanto, a Agência Internacional de Energia Atômica, em seu Relatório Técnico nº

405 (2001) recomenda que cada laboratório de dosimetria biológica gere sua própria curva de

calibração (IAEA, 2001).

É importante, ainda, segundo Roy et al. (2004) observar que, em exercício de

intercomparação de dosimetria (realizado pela Agência de Energia Nuclear - NEA e o

Instituto de Radioproteção e Segurança Nuclear - IRSN, na França em junho de 2002) no qual

as dosimetrias física e biológica estavam envolvidas, foram enviadas amostras irradiadas com

uma dose específica conhecida para que cada laboratório a estimasse por meio da contagem

de dicêntricos e posterior correlação em suas respectivas curvas de calibração. O cálculo foi

feito por todos os laboratórios para amostras expostas a raios γ, mas não para nêutrons. Na

verdade, apenas quatro laboratórios possuíam curvas de calibração para nêutrons, mostrando a

escassez de dados disponíveis no campo da dosimetria biológica para esse tipo de radiação.

Tendo em vista a carência de informações a respeito da dosimetria biológica de

campos mistos nêutron-gama, aliada ao crescente uso desse tipo de radiação nos diversos

ramos da ciência, o presente trabalho se propõe a estabelecer uma curva de calibração para o

Laboratório de Dosimetria Biológica (LDB) do Centro Regional de Ciências Nucleares

(CRCN/NE) a ser utilizada como base para ensaios futuros nas investigações relativas à

interação de campos mistos nêutron-gama com sistemas biológicos e à dosimetria biológica.

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3

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 RADIOBIOLOGIA CELULAR

A etapa física da interação da radiação com os tecidos biológicos é seguida por

fenômenos físico-químicos e químicos. Os efeitos biológicos se devem em grande parte à

ação indireta das radiações, ou seja, devido à interação da radiação sobre a molécula de água.

Isto ocorre, por um lado, devido à presença da água no corpo humano (70 – 80%) e, por outro,

à ação que a água exerce como solvente universal e onde ocorrem diversas reações químicas.

Mesmo sendo a ação da radiação sobre a molécula de água (radiólise da água) um evento

complexo, é possível sintetizá-lo em dois pontos principais: a formação de radicais livres e a

decomposição molecular da água (GAYARRE et al., 1994).

Quando a radiação ionizante interage com a água pode levar as moléculas dessa

substância a um estado excitado (H2O*) ou propiciar a formação de radicais do tipo H3O+,

H2O- e H2O

+, os quais, por serem instáveis, acabam levando à produção de radicais livres do

tipo H* e *OH. Estes radicais se caracterizam por serem muito reativos e não possuírem carga

elétrica. Em virtude de sua grande reatividade, eles podem interferir no metabolismo das

proteínas, lipídios e carboidratos. Além disso, a liberação de prótons de hidrogênio reduz o

pH do meio, alterando a cinética das reações bioquímicas e, em grau mais avançado, levando

à desnaturação de proteínas e à morte celular. Também, durante a interação da radiação

ionizante com os tecidos biológicos, podem ser formados peróxidos (H2O2), hidroperóxidos

(HO2), radicais peróxidos livres (RO2), e radicais orgânicos (GARCIA, 1998).

Ao interagir com um sistema biológico, particularmente com o material genético, a

radiação pode agir sobre a molécula de DNA, de maneira direta e ou indireta, através da ação

de subprodutos da radiólise da água, levando a quebras simples ou duplas da fita do DNA

como mostra a Figura 1 na página seguinte (VINCKIER, 2009).

Foi demonstrado que cerca de 2000 quebras simples são induzidas por célula para

cada 1 Gy de dose absorvida, no entanto, as quebras simples são reparadas aparentemente de

maneira rápida e eficiente. A quebra dupla na fita de DNA é um dano complexo composto de,

no mínimo, duas quebras simples opostas (SUTHERLAND et al., 2001).

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Ainda, as quebras duplas podem ser induzidas no genoma de células eucarióticas por

processos endógenos associados ao metabolismo oxidativo, erros durante a replicação do

DNA e várias formas de recombinação sítio-específicas. Essas lesões no material genético,

caso não reparadas, tendem a induzir instabilidade genômica, câncer, mutações e morte

celular (ILIAKIS et al., 2004).

Em doses relativamente baixas, as radiações direta ou indiretamente ionizantes não

induzem morte celular, mas contribuem significativamente para a formação das alterações

cromossômicas (SACHS; BRENNER; CHEN, 1997). É consenso que a quebra dupla na fita

de DNA é o evento radioinduzido crítico para a formação de alterações cromossômicas como

dicêntricos, translocações recíprocas e anéis cromossômicos (Figura 2, página 5). Todavia, os

cromossomos dicêntricos têm sido extensivamente validados como os mais sensíveis

bioindicadores para exposições recentes à radiação (RODRIGUES et al., 2005).

A avaliação das alterações cromossômicas instáveis vem sendo recomendada como

método alternativo ou complementar à dosimetria física, principalmente em acidentes

radiológicos, nos quais os indivíduos geralmente não portam dosímetros (IAEA, 2001).

Figura 1 - Mecanismo direto e indireto de ação da radiação sobre o DNA (VINCKIER, 2009).

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5

2.2 FÍSICA E BIOFÍSICA DOS NÊUTRONS

2.2.1 NÊUTRONS

No ano 400 a.C. os filósofos gregos Demócrito e Leucipo já discutiam a respeito da

constituição da matéria. Eles defendiam a idéia de que a matéria seria descontínua e haveria

um momento em que seria impossível sua divisão, chegando a uma partícula indivisível que

foi denominada átomo (FERREIRA; NETO; MORENO, 1983).

A base para a evolução do estudo da matéria encontra-se na experiência de Rutherford.

Ele conseguiu provar a descontinuidade da matéria e, juntamente com os trabalhos de Böhr,

possibilitou o conhecimento de que o átomo é constituído de um núcleo central, portador de

carga positiva, em torno do qual gravitam, em movimento vibratório, os elétrons. Mais tarde,

em 1932, Chadwick, descobriu a existência dos nêutrons, portadores de massa, sem carga

elétrica convivendo com os prótons, de carga positiva, no interior do núcleo atômico

(FREITAS; ROSA; SOUZA, 1994).

As propriedades básicas do nêutron são: massa de 1,008665 u.m.a., semelhante a do

Figura 2 - Principais tipos de aberrações cromossômicas instáveis radioinduzidas. 1- Cromossomos dicêntricos; 2- Anel cromossômico; 3-Fragmentos cromossômicos (IAEA, 2001).

1 1

2

3

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6

núcleo de hidrogênio e carga elétrica desprezível. O nêutron interage quase exclusivamente

com o núcleo do átomo, pois penetra mais facilmente na matéria que partículas eletricamente

carregadas ou radiações eletromagnéticas (STASIULEVICIUS, 1995).

Kaplan (1961) comenta que, devido à ausência de carga dos nêutrons, a ionização

produzida ao atravessarem a matéria é desprezível, inviabilizando sua detecção direta. Para

que o nêutron seja detectado são aproveitados os efeitos secundários resultantes da sua

interação com o núcleo, tais como a emissão de partículas carregadas, fissão do núcleo

composto e formação de um núcleo radioativo.

Lamarsh (1983) relata a importância desse estado eletricamente neutro, pois esta

propriedade permite que os nêutrons não sejam afetados ao passarem pela nuvem eletrônica

do átomo ou pela carga positiva nuclear podendo colidir com o núcleo atômico.

Nos últimos, anos verificou-se um crescimento considerável de técnicas utilizando

nêutrons ou radiações que os gerem indiretamente, por exemplo:

• Técnicas industriais, como radiografia com nêutrons, para controle de qualidade

envolvendo materiais hidrogenados, prospecção de petróleo e outros (VILELA, 1996;

CASALI, 1995).

• Aplicações em medicina, no tratamento de tumores, utilizando a técnica BNCT (Boron

Neutron Capture Therapy), aceleradores de partículas carregadas de alta energia que

geram resíduos fótons de energia suficiente para produzir fotonêutrons (CAMPOS,

2000; COELHO, 2003).

Os nêutrons podem ser classificados de acordo com sua energia cinética. A

classificação seguida por Santos (2003) para a dosimetria neutrônica é mostrada na Tabela 1,

a seguir.

Classe dos nêutrons Energia média

Térmicos < 0,4 eV

Intermediários 0,4 eV – 200 keV

Rápidos 200 keV – 10 MeV

Relativísticos > 10 MeV

Tabela 1 - Classificação dos nêutrons quanto à energia.

Santos (2003)

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7

2.2.1.1 Interação dos nêutrons com a matéria

A interação dos nêutrons com a matéria é diferente daquela observada para partículas

carregadas ou radiação gama. Dependendo da energia, vários processos podem estar

envolvidos. Conforme a IAEA (1985), esses processos incluem:

2.2.1.1.1 Espalhamento elástico

O nêutron compartilha sua energia cinética inicial com o núcleo alvo, o qual sofre

apenas um recuo, não sendo deixado em estado excitado. A energia cinética do núcleo de

recuo somada à energia do nêutron após a interação é igual à energia cinética do nêutron

incidente (BYRNE, 1994).

2.2.1.1.2 Espalhamento inelástico

Só é possível para nêutrons rápidos. O nêutron espalhado e o núcleo de recuo têm

menos energia que o nêutron incidente; o núcleo é levado a um estado excitado. Nos

processos (n, nγ), a energia de excitação é liberada pelo núcleo através da emissão de raios γ,

enquanto que nos processos (n, n') o núcleo permanece em estado metaestável, decaindo

posteriormente por transmutações nucleares (BYRNE, 1994).

2.2.1.1.3 Captura de nêutrons térmicos

Esse tipo de interação é possível em quase todos os átomos. Neste processo o núcleo

alvo captura o nêutron incidente e forma um núcleo composto, em estado excitado, com

número mássico (A + 1), com energia entre cinco e 10 MeV, o que provoca consequente

emissão de raios gama (BYRNE, 1994).

2.2.1.1.4 Reações nucleares

Nesse processo, o nêutron incidente é capturado pelo núcleo alvo e partículas como

prótons, dêuterons, partículas alfa, trítons, dentre outras, podem ser emitidas. A reação (n, 2n)

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pode ocorrer em energias incidentes acima de 10 MeV (BYRNE, 1994).

2.2.2 FONTES DE NÊUTRONS

Os nêutrons têm sido detectados na superfície da terra, provenientes de fontes

terrestres ou não. A presença de um pequeno número de nêutrons na radiação cósmica foi

inicialmente confirmada pela observação de prótons de recuo em emulsões fotográficas

aplicadas em balões a altas altitudes. A principal fonte neutrônica terrestre deriva da fissão

espontânea de elementos pesados, cujo principal representante é o U-238. Como fontes

artificiais, podem ser citadas: 1- radioisotópicas; 2- fotoneutrônicas; 3- aceleradores de

partículas; 4- reatores nucleares; 5- fontes spallation (BYRNE, 1994).

O Laboratório de Nêutrons do CRCN/NE conta com duas fontes radioisotópicas de 241AmBe. As fontes radioisotópicas são obtidas a partir da mistura de um nuclídeo emissor

alfa, como o amerício (241Am), com elementos de número atômico menor, geralmente o

berílio (9Be). Essas fontes produzem nêutrons cuja faixa de energia vai de 0 a 12 MeV, com

energia média em torno de 4 MeV. Tais fontes apresentam a desvantagem da alta produção

simultânea de raios γ (BYRNE, 1994).

As fontes de 241AmBe possuem uma meia-vida de 433 anos. Devido ao seu baixo

custo e à possibilidade de obtenção de altas taxas de emissão de nêutrons, são as fontes mais

utilizadas pelos centros de pesquisa e serviços de calibração de instrumentos dosimétricos

(KNOLL, 2000).

A exposição às fontes neutrônicas pode induzir conseqüências biológicas cuja

mensuração é necessária para um prognóstico adequado. Logo, a investigação de tais efeitos é

de grande valia em centros de pesquisa que utilizam e ou produzem esse tipo de radiação, seja

por meio de fontes ou, ainda, por aceleradores de partículas (Santos et al., 2003).

2.2.3 EFEITOS BIOLÓGICOS DOS NÊUTRONS

Estudos relativos aos efeitos biológicos dos nêutrons começaram logo após sua

descoberta, em 1932. Whiting foi o primeiro a relatar mutagênese gerada por nêutrons. Ele

irradiou fêmeas de Hebrobacon (inseto) com nêutrons rápidos e observou pronunciada

mortalidade na progenie (BENDER, 1970).

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Os efeitos biológicos advindos da exposição a nêutrons têm sido de grande

importância desde que a primeira bomba atômica foi detonada sobre Hiroshima em 1945.

Soma-se a isso, o fato da radiação cósmica criar radiações secundárias de alta energia,

constituídas principalmente de nêutrons, prótons e raios gama, logo, o risco potencial

associado à tripulação e passageiros de vôos em altas altitudes tem sido investigado por

diversas comissões de proteção radiológica, sugerindo a necessidade de pesquisas no campo

da radiobiologia de nêutrons (GAJENDIRAN et al., 2001).

A irradiação de células vivas por nêutrons leva aos mesmos resultados (morte celular,

alterações cromossômicas, mutações e câncer) que os raios γ e X. A relação do efeito

biológico em função da dose absorvida por irradiação com nêutrons tende a ser linear, o que

não se observa com as radiações de baixa Transferência Linear de Energia (LET) (figura 3). O

LET é utilizado para caracterizar a interação das radiações ionizantes com a matéria, e é

definido como "a quantidade de energia dissipada por unidade de comprimento de trajetória"

e pode ser expressa em keV/µm (KNOLL, 2000).

Conhecimentos mecanísticos acerca do DNA e do dano celular gerado por radiações

de alto LET, como íons pesados, partículas alfa e nêutrons, são menos extensivos quando

comparados àqueles relativos às radiações de baixo LET. Vale ressaltar que os danos gerados

Figura 3 - Curvas típicas da resposta biológica em função da dose. (1) mostra a tendência de linearidade para radiações de alto LET; (2) exibe a curva linear-quadrática, característica das radiações de baixo (LET) (IAEA, 2001).

(1) (2)

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por radiações de alto LET são caracterizados por indução de quebras duplas do DNA, o que

torna o reparo difícil e os rearranjos cromossômicos complexos induzidos por este tipo de

radiação aumentam a taxa de morte celular. Tais aspectos mostram que radiações de alto LET

têm alto poder de ação sobre as células (RODRIGUES et al., 2005).

A influência da qualidade da radiação nos sistemas biológicos pode ser quantificada

através da Eficiência Biológica Relativa (RBE). Para determinado tipo de radiação e,

supondo constantes todas as variáveis físicas e biológicas, a RBE é adimensional (CEMBER,

1996).

RBE = Dose referência/Dose teste (1)

Onde, Dose referência é aquela na qual se observa um nível específico de resposta e Dose

teste é a dose necessária para produzir o mesmo efeito (CEMBER, 1996).

A RBE pode ser considerada como sendo função da qualidade da radiação, expressa

em termos de LET. Em muitos sistemas, a RBE aumenta com o LET até cerca de 100

keV/µm, depois diminui. A rigor, a RBE para uma determinada radiação não é somente

dependente do LET, mas também da dose, da taxa de dose, do fracionamento da dose e de

fatores intrínsecos do indivíduo exposto (CEMBER, 1996).

Para radiações de baixo LET, a ionização, em qualquer dose em particular, será

randomicamente distribuída entre as células. As lesões de DNA serão também randômicas

entre as células, o que leva a assumir que há a mesma probabilidade de geração de alteração

cromossômica para cada célula, concluindo-se que tais alterações são, então, distribuídas

aleatoriamente entre as células. Tal fato foi demonstrado em irradiações X e γ, para as quais

as alterações genéticas seguem distribuição de Poisson. Quanto às radiações de alto LET, a

energia será depositada nas células como “pacotes discretos”. Assim, as alterações

cromossômicas induzidas por estas radiações serão observadas de maneira não-aleatória entre

as células. Na verdade, haverá uma freqüência maior de células com múltiplas ou nenhuma

aberração (IAEA, 2001).

Os nêutrons têm sido estudados no contexto da expressão de oncogenes em tumores

radioinduzidos, embora em nenhum momento tenha sido identificado um oncogene específico

como responsável pelo desenvolvimento do tumor in vivo (HALL & BRENNER, 1992).

É sabido que materiais biológicos absorvem a energia de nêutrons rápidos através de

partículas secundárias carregadas, geralmente prótons e, em proporção bem inferior, por

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núcleos de recuo (remoção parcial de núcleos de C, N e O) e dissipam sua energia nos tecidos

por meio de diferentes interações com os diversos constituintes do material, logo, a energia de

deposição é caracterizada por um complexo espectro de transferência linear de energia

(YAMAGUCHI & WAKER, 2007).

2.3 DOSIMETRIA BIOLÓGICA

De acordo com Jin et al. (1998), a dosimetria biológica é um tema de grande

importância no campo da proteção radiológica cujo objetivo principal é estimar a dose de

radiação recebida por um indivíduo, por meio de mudanças em seus parâmetros biológicos,

tornando factível a previsão de prováveis danos à saúde oriundos dessa exposição. Em geral,

baseia-se na avaliação do dano cromossomal em linfócitos do sangue humano periférico após

exposição acidental à radiação, e foi primeiramente desenvolvido em 1962, em Hanford –

EEUU, sendo hoje aceito como o meio mais adequado para dosimetria biológica das

radiações (KANDA, 2000).

Dois métodos são comumente utilizados na dosimetria biológica: contagem de

alterações cromossômicas instáveis (cromossomos dicêntricos, anéis e fragmentos

cromossômicos) e o uso de sondas fluorescentes para visualização e contagem de alterações

cromossômicas estáveis (translocações) por meio da técnica de FISH (Fluorescence in situ

Hybridization) (AMARAL, 2002). Além da dosimetria biológica, testes fisiológicos também

podem ser aplicados para a identificação de acometimento de regiões específicas do

organismo, como a relação direta entre a concentração da amilase salivar e o dano na glândula

parótida (BERTHO et al., 2008).

2.3.1 BIOINDICADORES

Vários parâmetros biológicos podem estar alterados em decorrência da interação de

agentes químicos e ou físicos com o organismo humano. Entretanto, a determinação

quantitativa desses parâmetros usados como indicadores biológicos ou bioindicadores só é

possível se existir correlação entre a intensidade da exposição e ou o efeito biológico

resultante da ação desses agentes químicos e ou físicos. Desta forma, o bioindicador é, por

definição, toda substância ou seu produto de biotransformação, assim como qualquer

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alteração bioquímica precoce, cuja determinação nos fluidos biológicos, tecidos ou ar

exalado, avalie a intensidade da exposição e o risco à saúde (AMORIM, 2003).

2.3.1.1 Seleção e validação de bioindicadores

O processo de seleção e validação dos indicadores biológicos requer cuidados em

relação à especificidade e sensibilidade, assim como à medida da exposição e à manifestação

dos efeitos observados. A validação é um processo utilizado para estabelecer a relação

quantitativa e qualitativa do bioindicador com a exposição, em função do agente agressor e do

objetivo selecionado (AMORIM, 2003).

Para que uma substância química, seu metabólito ou uma alteração biológica seja

validado e ou proposta como bioindicador, é desejável que apresente as seguintes

características (WHO, 1993):

� A quantificação do indicador deve refletir a interação (qualitativa ou quantitativa) do

sistema biológico com a substância química, ter conhecida e apropriada sensibilidade

e especificidade para a interação, além de ser reprodutível qualitativamente e

quantitativamente.

� Estar contido em um meio biológico de análise acessível, considerando a necessidade

de manutenção da integridade da amostra entre a coleta e o procedimento analítico, e

de preferência, não ser invasivo.

� A medição analítica tem que apresentar exatidão e precisão adequadas.

� Conhecer os valores normais do indicador em populações não expostas ao agente

agressor de interesse, assim como as variáveis intra e interindividuais.

2.3.1.2 Bioindicadores para a radiação ionizante De forma geral, para que um parâmetro biológico seja considerado bioindicador para a

radiação ionizante, é necessário que contemple os seguintes critérios (VOISIN; ROY;

BENDERITTER, 2004):

� Ser específico para a radiação ionizante, de forma que agentes químicos ou

genotóxicos não produzam aberrações similares;

� Ser de mensuração relativamente fácil, possibilitando uma rápida avaliação após um

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acidente radioativo;

� Refletir a dose recebida de acordo com as circunstâncias de exposição. Isto significa

que relações dose-efeito devem ser estabelecidas e podem ser calibradas por diversos

fatores como radiações de diferentes naturezas e taxas de dose.

A complexidade do biomonitoramento é diminuída através dos diversos métodos de

avaliação associados aos métodos de monitoração física e ambiental. Efeitos moleculares

precoces, gerados pela interação da radiação ionizante com o organismo humano são

considerados bioindicadores, incluindo alterações cromossômicas, estudadas principalmente

em linfócitos humanos (RODRIGUES et al., 2005).

2.3.2 LINFÓCITOS HUMANOS

Os linfócitos são responsáveis pelo reconhecimento e resposta, de maneira específica,

aos diversos antígenos estranhos e, por isso, são os mediadores da resposta imune humoral e

celular. Essas células iniciam seu ciclo de vida na forma de pequenos linfócitos, tendo de 8 a

10 µm de diâmetro e um núcleo grande com heterocromatina densa, ocupando cerca de 90 %

da área celular. Exibem ainda uma fina margem de citoplasma que contém algumas

mitocôndrias, ribossomos e lisossomos, porém nenhuma organela especializada, e citoplasma

basófilo. Os pequenos linfócitos, antes da estimulação antigênica, ficam em estado de

repouso, ou no estágio G0 do ciclo celular, estado denominado quiescente e no qual

geralmente os linfócitos são encontrados. Em resposta à estimulação, entram no estágio G1 do

ciclo celular. Neste estágio, ficam maiores (10 a 12 µm de diâmetro), têm mais citoplasma e

organelas, aumentam a quantidade de ácido ribonucléico (RNA) citoplasmático e passam a

ser chamados de grandes linfócitos ou linfoblastos (AMARAL, 2002).

Existem distintas subpopulações de linfócitos que diferem no modo pelo qual

reconhecem os antígenos e em suas funções efetoras. Os linfócitos B são as únicas células

capazes de produzir anticorpos, reconhecendo tanto os antígenos extracelulares como os da

superfície celular, mediando a imunidade humoral. Os linfócitos T, mediadores da imunidade

celular, são ainda subdivididos em populações distintas: os linfócitos TCD4+ (auxiliares) e os

linfócitos TCD8+ (citotóxicos). Uma terceira classe de linfócitos, as células matadoras

naturais (NK – Natural Killer), estão envolvidas na imunidade inata contra vírus e outros

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microorganismos intracelulares (ABBAS et al, 2003).

Os precursores dos linfócitos derivam da medula óssea, das mesmas células

primordiais pluripotentes que dão origem às outras células sanguíneas. Algumas células-

tronco da medula óssea, no início do seu amadurecimento, estão geneticamente programadas

para dar origem a determinada linhagem linfocitária, e esses progenitores linfóides

comprometidos dão origem aos linfócitos T e B e às células NK. Os precursores dos linfócitos

T deixam a medula e circulam para o timo, onde completam seu amadurecimento, enquanto

que os linfócitos B e as células NK completam seu processo de maturação na medula óssea

(ABBAS et al., 2003).

A população linfocitária do adulto é estimada em torno de 500 x 109 células, das quais,

apenas aproximadamente 2% estão presentes na circulação sanguínea. Os linfócitos levam

cerca de 30 minutos para completar o trajeto circulatório, sendo continuamente permutados

com outros linfócitos no pulmão, baço, fígado, medula óssea e linfonodos (LÉONARND et

al., 2005).

Os linfócitos têm um tempo médio de vida em torno de três anos. No entanto, seu

tráfego e substituição podem ser afetados por apoptose difusa das células linfáticas após

exposição à radiação. Caso essas células carreguem mutações incompatíveis com a divisão

celular, como as alterações cromossômicas instáveis, serão seletivamente eliminadas durante

a renovação celular, sendo esse o principal motivo da não utilização da contagem das

aberrações cromossômicas instáveis na dosimetria biológica retrospectiva (LÉONARND et

al., 2005).

Os linfócitos encontrados no sangue periférico, normalmente na fase G0 do ciclo

celular, apresentam algumas características que os tornam úteis para a determinação de

aberrações cromossômicas (MAGNATA, 2002), tais como:

• Facilidade de obtenção através de coleta sanguínea;

• Manutenção das aberrações cromossômicas instáveis enquanto não há divisão celular;

• Vida média relativamente longa, permitindo que as alterações instáveis radioinduzidas

possam ser avaliadas até três meses após exposição à radiação ionizante.

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2.3.3 ANÁLISE CROMOSSÔMICA

A citogenética é responsável por estudar os constituintes celulares portadores da

informação genética, compreendendo quaisquer pesquisas relativas ao cromossomo, em suas

diferentes formas, tanto no que diz respeito à morfologia, organização, função e replicação

quanto no tocante à sua variação e evolução (SUMNER, 2003).

Somente no final da década de 50 foi possível estudar, de modo eficiente, os

cromossomos humanos. Até 1956 havia enorme dúvida sobre o número de cromossomos da

nossa espécie (seria 48 ou 46?). Para se estabelecer o número de cromossomos presentes em

uma célula é necessário que, durante a preparação da amostra, a célula seja rompida e os

cromossomos se espalhem pela lâmina. Isso era praticamente impossível antes de 1956, pois

todas as preparações resultavam em cromossomos sobrepostos. Um procedimento

extremamente simples, o tratamento das células com uma solução hipotônica (choque

hipotônico), permitiu a observação inequívoca dos cromossomos humanos. A partir dessa

mudança nos métodos de preparação, a citogenética humana iniciou seu desenvolvimento e

tornou-se uma das áreas de pesquisa predominantes durante a década de 70 (GARTLER et al.,

2006).

A técnica de bandeamento cromossômico, em especial o bandeamento G, expandiu os

horizontes da citogenética. A primeira aplicação desse bandeamento deu-se no pareamento

cromossômico, permitindo identificar, de modo preciso, cada um dos cromossomos do

complemento (Figura 4, página 16). O bandeamento G tem possibilitado compreender melhor

as diversas alterações cromossômicas na espécie humana, uma vez que as bandas claras e

escuras geradas por esta técnica são cromossômo-específicas servindo para detectar quais são

os indivíduos portadores de anormalidades cromossômicas (TRASK, 2002).

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O bandeamento C tem sido usado na detecção da heterocromatina constitutiva, que em

humanos está localizada na região centromérica de todos os cromossomos e no braço longo

do cromossomo Y (Figura 5, página 17). Vários métodos de bandeamento são empregados

rotineiramente nos laboratórios de citogenética para a identificação dos cromossomos e

análise da estrutura cromossômica, sendo os bandeamentos C e G os mais comumente

aplicados em dosimetria biológica (TASSO, 2007).

Fernandes et al. (2004) mostra que a técnica de bandeamento C é de grande

importância para a análise de casos em que a análise convencional (coloração com Giemsa a

5%) não é suficientemente elucidativa.

Figura 4 - Cariótipo humano masculino com bandeamento G (UFMG, 2009).

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2.3.4 CURVA DE CALIBRAÇÃO

A IAEA publicou, em 2001, um relatório sobre dosimetria citogenética com

informações sobre a análise de cromossomos dicêntricos para realização de dosimetria

biológica. No acidente de Chernobyl em 1986, por exemplo, esse método teria sido útil em

alertar os médicos quanto ao real risco à saúde das vítimas, evitando a morte de muitas delas

(LLOYD, 1998).

Apesar das melhores técnicas de avaliação e da adoção, por diferentes grupos de

pesquisa, de programas estatísticos para análise de dados mais comparáveis, ainda persistem

diferenças significantes entre os diversos laboratórios de dosimetria biológica. A interpretação

da dose através de curvas de calibração produzidas em diferentes regiões pode apresentar

incertezas substanciais, geralmente geradas por variações no background genético e

genotóxico da população estudada. Logo, é recomendado que cada laboratório de dosimetria

biológica estabeleça uma curva de calibração a partir de dados próprios (IAEA, 2001).

Segundo Voisin et al. (2004), curvas de efeito biológico em função da dose absorvida

são estabelecidas através da irradiação de amostras de sangue “in vitro” com diferentes doses

Figura 5. Metáfase humana com bandeamento C (46, XY) exibindo nos cromossomos a heterocromatina constitutiva na região centromérica como regiões hipercrômicas (SUMNER, 2003).

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e taxas de dose. Suas formas e inclinações variam de acordo com o tipo de radiação.

Alternativamente, as curvas de calibração para nêutrons podem ser produzidas em função da

taxa de fluência, que, posteriormente, pode ser convertida em dose absorvida (IAEA, 2001).

Schlegel (2004), por meio do código computacional Monte Carlo N-Particle version

4C (MCNP4C), apresentou um método para determinação da dose absorvida nas

proximidades de uma fonte de nêutrons a partir da fluência dessa fonte. Os resultados

demonstraram que esse método é uma excelente ferramenta para a previsão de resultados

confiáveis.

O uso desse código computacional é amplamente difundido nas situações em que

medições físicas são inconvenientes ou impossíveis. É aplicado a sistemas de partículas como

nêutrons e elétrons, assim como fótons e campos mistos. Devido às dificuldades que

envolvem o uso dos nêutrons, o código Monte Carlo é de extrema importância na busca por

resultados preliminares e montagem de arranjos experimentais (SANTOS et al., 2003).

A preparação de uma curva de calibração deve ser apoiada por dosímetros físicos de

alta sensibilidade. As amostras a serem irradiadas devem ser posicionadas em pontos nos

quais a dose possa ser facilmente determinada e devem estar a tal distância da fonte que sejam

irradiadas de maneira uniforme. Deve haver, em torno da amostra a ser irradiada, material que

produza equilíbrio das partículas carregadas. De maneira geral, para nêutrons 1 mm de

espessura é suficiente (IAEA, 2001).

O ajuste estatístico adequado da curva requer um número suficiente de graus de

liberdade; então, de maneira ideal, cerca de 10 diferentes valores de dose devem ser usados

variando de 0,25 – 5 Gy. Para radiações de baixo LET, não é necessária a obtenção de dados

acima de 5 Gy uma vez que acima desta dose há evidência de saturação na produção de

aberrações cromossômicas. Para radiações de alto LET, uma dose máxima de 2 Gy seria

razoável. Como a maioria dos acidentes radioativos envolvem doses inferiores a 1 Gy, a

região de baixas doses da curva de calibração é extremamente importante e, entre 0,25 e 1 Gy

devem existir no mínimo 4 pontos intermediários (IAEA, 2001).

Para radiações de baixo LET, as curvas de calibração são melhor ajustadas através do

modelo linear quadrático;

Y = A + aD + bD2, (2)

onde Y é a quantidade de dicêntricos por célula, A é o background de dicêntricos obtidos em

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amostras sanguíneas de indivíduos saudáveis não expostos à radiação, D é a dose absorvida, a

é o coeficiente linear e b é o coeficiente quadrático (IAEA, 2001).

Este modelo é proveniente de uma combinação entre quebras de dupla-fita causadas

por apenas uma partícula (a) ou duas diferentes partículas (b). Por outro lado, para radiações

de alto LET, como os nêutrons, as curvas de calibração são mais bem ajustadas de maneira

linear (AMARAL, 2002; VOISIN et al., 2004).

A contagem das aberrações cromossômicas em linfócitos do sangue periférico é o

método que tem sido mais aplicado na construção de curvas de calibração para biodosimetria.

É importante observar que a qualidade das metáfases decai com o aumento da dose recebida

pelas células e com o tipo de radiação. Células irradiadas com nêutrons são mais dificilmente

visualizáveis que as irradiadas por γ (ROY et al., 2004; LEONARD et al., 2005).

No sentido de minimizar ao máximo as incertezas estatísticas, um grande número de

células precisa ser contado. Para altas doses, por exemplo, diversos Gy, haverá uma grande

redução no número de metáfases nas lâminas devido à depleção dos linfócitos. Todavia, o

número de aberrações por célula será maior, permitindo uma estimativa razoável de dose

absorvida a partir da contagem de algumas dezenas de células. Já para baixas doses, nas quais

o número de células avaliáveis disponíveis não é um fator limitante, a estimação de dose pode

ser feita com cerca de 200 células. No entanto, é aconselhável aumentar este número para 500

células ou 100 dicêntricos, o que levaria cerca de 3 dias para ser avaliado por meio do método

citogenético convencional (IAEA, 2001).

A figura 6, página 20, mostra o intervalo de confiança dependendo do número de

células que são contadas para encontrar um total de 3 dicêntricos. Quanto maior o número de

células contadas, maior será a precisão do método, no entanto, percebe-se que a curva

decresce paulatinamente até atingir um plateau – cerca de 1000 células analisadas – logo,

para obtenção do menor erro aceitável é necessário a contagem de, no mínimo, 1000 células

(VOISIN et al., 2004).

Os dados originalmente utilizados para construção das curvas de calibração foram

provenientes de estudos epidemiológicos de populações humanas expostas a altas doses de

radiação de baixo LET, particularmente os sobreviventes as bombas atômicas do Japão. Mas,

para radiações de alto LET, há pouco ou nenhum dado epidemiológico (GOODHEAD, 1993).

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Em julho de 2002, a Agência de Energia Nuclear (NEA) e o Instituto de

Radioproteção e Segurança Nuclear (IRSN) – entidades sediadas na França – realizaram uma

intercomparação dosimétrica envolvendo dosimetria biológica e física. Neste exercício foram

enviadas amostras irradiadas com dose conhecida para que cada laboratório estimasse esta

dose através da contagem de dicêntricos e posterior correlação em suas respectivas curvas de

calibração. Tal cálculo foi feito por todos os laboratórios para amostras expostas a raios γ mas

não para nêutrons. Na verdade apenas quatro laboratórios possuíam curvas de calibração para

nêutrons (ROY et al., 2004), mostrando a carência de dados relativos a dosimetria biológica

de nêutrons e a conseqüente necessidade de pesquisas envolvendo tal tipo de radiação.

Número de Células Observadas

Figura 6 - Número médio de células observadas (linha contínua)acompanhados dos respectivos intervalos de confiança (95%) superior (linha tracejada) e inferior (linha pontilhada). (VOISIN et al., 2004).

Dos

e A

bsor

vida

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3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Local da pesquisa A pesquisa foi realizada no Centro Regional de Ciências Nucleares – CRCN/NE, em

colaboração com o Departamento de Genética - UFPE. Este projeto foi aprovado pelo Comitê

de Ética em Pesquisa envolvendo seres humanos da Universidade Federal de Pernambuco sob

o número de protocolo 094/08 (Anexo I).

3.2 Seleções de doadores

Um voluntário saudável e não-fumante foi selecionado, após assinatura do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo II). Foi realizada anamnese por meio de

questionário (Anexo III) para verificar se nos últimos seis meses antes da coleta e durante

todo o desenrolar das atividades experimentais o voluntário teria sido exposto à radiação

terapêutica, raios-X diagnóstico, vacinação viral, ou consumido drogas ilícitas, segundo

critério utilizado por Gajendiran et al. (2001).

3.3 Coleta de sangue e irradiação das amostras

Para cada dose a ser avaliada foram coletadas amostras de sangue periférico (10 mℓ),

por punção venosa, em seringas estéreis descartáveis contendo heparina sódica na

concentração de 5000 U/mℓ.

As irradiações do material biológico coletado foram procedidas utilizando um arranjo

experimental especialmente montado para este fim no Laboratório de Irradiação com

Nêutrons do CRCN (Figura 7). O arranjo consiste de duas fontes de 241AmBe com atividade

de 7,4 x 1011 Bq (20 Ci) (certificado de calibração fornecido pelo fabricante em 22/02/1982) e

fluência na posição de irradiação da ordem de 104 nêutrons/cm2 cada, após correções pelo

decaimento da fonte. A amostra de sangue coletada foi dividida em dois tubos com o mesmo

volume (5 mℓ), sendo que um dos tubos foi irradiado e o outro mantido em ambiente com

características semelhantes às da sala de irradiação. O material irradiado foi posicionado a

4cm do centro geométrico de cada fonte, por um intervalo de tempo não superior a 36h,

tempo esse considerado máximo para a conservação das informações nas amostras colhidas.

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Mantendo-se a mesma distância geométrica, foi variado o tempo de exposição para

que se obtivessem as doses absorvidas de 0,206; 0,413; 0,640; 0,964 e 1,652 Gy. Além disso,

as condições ambientais da sala de irradiação foram mantidas a temperatura de 22 ±2°C,

umidade relativa do ar de 40-44% e pressão de 1 atm.

3.4 Cálculo da dose

Para avaliar a dose na posição de irradiação da amostra, o arranjo experimental foi

modelado utilizando o código Monte Carlo, MCNP5 (SWEEZI et al., 2005). Este código

computacional tem caráter multifuncional e possibilita a investigação de geometrias

generalizadas com fótons, nêutrons e elétrons, bem como por sistemas mistos envolvendo

fótons e elétrons ou nêutrons e fótons. Ainda, permite a modelação de geometrias complexas

com a utilização de superfícies pré-definidas.

No presente trabalho foram consideradas as dimensões reais e os diferentes materiais

envolvidos no arranjo como tecido mole, ar, polietileno e polivinilcarbonato. O espectro

Figura 7 - Arranjo experimental montado no Laboratório de Irradiação com Nêutrons do CRCN. A e B – fontes de 241AmBe; C – amostra a ser irradiada.

2 cm 2 cm

C

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neutrônico e a respectiva fluência na região de interesse foram determinados considerando-se

as taxas de emissões das fontes assim como os fatores de conversão fornecidos pela ICRU 46

(1992) para fluência-dose absorvida no sangue. O equilíbrio eletrônico foi garantido por meio

do uso de polivinilcarbonato (2 mm) em torno do tubo utilizado para a irradiação do material

biológico.

O arranjo computacional foi projetado considerando que o volume de sangue era de

5 cm3, armazenado em um cilindro de polietileno, sendo este posicionado em um campo

neutrônico cuja distribuição energética estende-se desde 25 meV até 15 MeV.

Projetou-se, para tanto, duas fontes cilíndricas de 241AmBe. As fontes simuladas

obedecem (com razoável aproximação) às dimensões das fontes físicas disponíveis no

Laboratório de Irradiação com Nêutrons do Centro Regional de Ciências Nucleares do

Nordeste (LIN/CRCN-NE) apresentadas na figura 7, página 22.

Considerou-se que o centro geométrico das fontes estava alinhado com o centro do

volume sensível onde foi determinada a dose absorvida.

3.5 Cultivo de células

As preparações citológicas para as análises cromossômicas foram obtidas a partir de

cultura de linfócitos, onde foram adicionadas alíquotas de 0,5 mℓ de sangue total aos frascos

de cultura contendo 4 mℓ de meio RPMI 1640 suplementado com 1 mℓ de soro bovino fetal

(Biological Industries) e 0,2 mℓ de fitohemaglutinina (Biological Industries), responsável por

induzir o processo mitótico. Em seguida, os cinco frascos para cada grupo foram mantidos em

estufa a 37 ± 0,5 °C, por 48 horas. Após 46 horas foi adicionado 0,1 mℓ de colcemid 1 µg/mℓ

(Biological Industries), que atua intrrompendo a divisão celular na metáfase. Ao completar 48

horas de cultivo, o material foi centrifugado por 6 minutos a 1800 rpm, teve seu sobrenadante

desprezado e recebeu 8 mℓ de KCl (previamente aquecido a 37 ± 1°C), para a realização do

choque hipotônico. Após a hipotonia, os tubos foram colocados em banho-maria a 37°C por

15 minutos. Em seguida, os tubos foram novamente centrifugados por 5 minutos a 1800 rpm.

O sobrenadante foi retirado e foi adicionado o fixador metanol:ácido acético (3:1) até

completar 8 ml. Para a preparação de lâminas teste, foram realizadas tantas centrifugações e

trocas de fixador quanto o necessário para que o conteúdo da cultura se tornasse transparente.

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3.6 Preparação das lâminas Após os processos de cultivo e fixação, as lâminas foram confeccionadas a partir do

precipitado de células ressuspenso em 1 mℓ de solução fixadora. Essa suspensão foi gotejada

em dois pontos na lâmina e esta fixada sob a temperatura ambiente (20 ± 2°C) por 24 horas. A

quantidade de lâminas avaliadas variou de acordo com a frequência de metáfases, sendo

observadas tantas lâminas quantas necessárias para que se atingisse um total de 1000

metáfases analisadas.

3.7 Análise Microscópica

As lâminas preparadas foram levadas ao microscópio óptico (Quimis Q708SK-5) e a

freqüência de cromossomos dicêntricos foi determinada. As lâminas foram analisadas em sua

totalidade e as metáfases viáveis foram demarcadas. Entende-se por metáfases viáveis as que

não apresentam cromossomos sobrepostos, com 46 centrômeros. Ao menos 1000 metáfases

foram contadas para cada dose absorvida estabelecida.

3.8 Registro dos dados

As boas práticas de laboratório recomendam um código identificador único, ou

sistema de marcação, que segregue as amostras, lâminas e relatórios associados (IAEA,

2001).

A tabela exposta no anexo IV representa o modelo adotado para o registro das

alterações observadas nas lâminas.

3.9 Análise dos dados

A curva foi construída com os pontos de 0,206; 0,413; 0,640; 0,964e 1,652 Gy

seguindo recomendações a Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA, 2001).

Enquanto há relativa facilidade na derivação da dose, a partir da contagem de

dicêntricos, não há uma ferramenta estatística consensual para o cálculo da incerteza. O

objetivo nesta etapa do trabalho foi estimar a incerteza em termos de intervalo de confiança

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de 95%. Vários trabalhos foram publicados objetivando prover uma ferramenta estatística

adequada ao cálculo da incerteza, geralmente baseados na implementação de algoritmos

(IAEA, 2001; SAVAGE et al., 2000; MERKLE, 1983; PAPWORTH, 1975). Todavia, nem

todos os grupos de pesquisa teriam acesso a tais ferramentas, gerando mais uma fonte de

incerteza em estudos de intercomparação.

Neste trabalho, portanto, com o intuito de possibilitar intercomparações mais seguras,

foi utilizado o CABAS (DEPERAS et al., 2007), um software específico para a construção de

curvas de calibração para dosimetria biológica, disponível, gratuitamente, para download em

http://www.pu.kielce.pl/ibiol/cabas e que vem sendo usado por grupos de pesquisa em

dosimetria biológica, no sentido de uniformizar a análise dos dados.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para a determinação da dose absorvida no volume de sangue irradiado neste trabalho,

foram gerados 108 nêutrons, sendo levados em consideração, para efeito de cálculo, aqueles

que interagiram com o sangue. Ao fim do processamento computacional, o MCNP5 gerou um

arquivo de saída no qual era exibido o valor da dose absorvida. Este valor foi tratado de

acordo com os fatores de conversão específicos para a fonte de 241AmBe, disponível na ISO

8529-1 (2001). A tabela 2 mostra os valores obtidos por simulação computacional.

Tabela 2 - Valores da dose absorvida calculados por simulação computacional

Fonte Atividade de cada

fonte

Dose absorvida no volume sensível (nêutron

+ gama)

241AmB 20 Ci 68,86 ± 0,07 mGy/h

Curvas de calibração são construídas com base em alterações cromossômicas

radioinduzidas por diferentes doses. O estabelecimento de tais curvas é fundamental para a

determinação da dose de radiação absorvida em qualquer laboratório de dosimetria biológica

(SENTHAMIZNHCHELVAN et al., 2007).

Koksal et al. (1995) demonstraram que os ensaios in vitro geram efeitos semelhantes

àqueles observados pela exposição a radiação in vivo. Várias curvas de calibração já foram

construídas por meio do uso de dicêntricos (LLOYD; EDWARDS; PROSSER, 1986;

BENDER et al., 1988), sendo tal modelo universalmente aceito.

O indivíduo cuja amostra de sangue foi utilizada para as irradiações com diferentes

doses não relatou, por meio dos questionários em anexo, a existência de nenhum critério que

o tornasse inapto a participar da pesquisa. O indivíduo é um adulto jovem, não-fumante, que

afirma não consumir drogas ilícitas. Além disso, o voluntário não se submeteu a nenhum

procedimento de radioterapia ou radiodiagnóstico até seis meses antes e durante todo o

decorrer das atividades experimentais. Isso sugere que não foi detectado nenhum fator no

questionário que pudesse alterar de maneira substancial, os resultados obtidos

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(GAJENDIRAN et al. 2001).

A frequência de alterações cromossômicas na amostra controle permaneceu

constante nas diferentes fases em que foram coletadas amostras para irradiação (tabela 3).

Controle N° de metáfases N° de dicêntricos Frequência de dicêntricos

1 1000 1 0,001

2 1027 1 0,0009

3 710 0 0

4 1022 1 0,0009

5 1013 1 0,0009

As freqüências de cromossomos dicêntricos verificadas nas amostras controle

mostradas na tabela 3 são compatíveis com os valores encontrados por Bauchinger (1995) na

França. É importante citar que tais valores variam dentre as diversas macrorregiões do

mundo; tendo sido publicado por Sevan’kaev et al. (1974) a freqüência de 0,09 na Rússia e

Ganguly et al. (1993) chegaram a 2,99 na Índia. De maneira geral, são verificados de 0,5 a 10

dicêntricos a cada 1000 células, a depender do background radioativo e genotóxico da região.

Logo, cada laboratório deve estimar os níveis de dicêntricos na macrorregião a qual pertence

(IAEA, 2001).

O Laboratório de Dosimetria Biológica (LBD/CRCN-NE) vem desenvolvendo um

projeto voltado à determinação do background genético da população da Região

Metropolitana do Recife, cujos dados serão de grande importância para que se tenha uma

maior segurança quanto à frequência de dicêntricos que naturalmente existe na população

estudada.

A tabela 4 mostra o número de metáfases viáveis contabilizadas em cada ponto de

dose absorvida, além do número de cromossomos dicêntricos associados a fragmentos

acêntricos nas amostras irradiadas e controle.

Tabela 3 - Frequência de alterações cromossômicas nas amostras não irradiadas (Controle).

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* Protocolo de cultura alterado (colcemid Sigma ao invés de colcemid Biological Industries).

Kanda (2000) demonstrou que a frequência de cromossomos dicêntricos

radioinduzidos é influenciada pela concentração de colcemid, com a concentração ótima se

estabelecendo em torno de 0,5 µg/mℓ.

No processamento da amostra de sangue submetida à dose de 0,640 Gy (em destaque

na tabela 4) foi utilizado colcemid (SIGMA) em lugar do colcemid (Biological Industries),

respeitando-se todas as demais fases protocolares. O colcemid (SIGMA) utilizado foi

previamente testado na concentração citada anteriormente e, como resultado, não foram

verificadas metáfases viáveis. Posteriormente, foi testada a concentração de 5 µg/mℓ e os

resultados foram utilizados na construção da curva. Como pode ser observado na Tabela 4, foi

contabilizado um menor número de metáfases viáveis, podendo tal valor ser atribuído à

diferença de concentração e ou a diferenças inerentes aos protocolos de produção,

armazenagem e transporte de cada fabricante.

Ainda, é importante observar que o ponto relativo a dose absorvida de 0,640 Gy,

apesar de não contemplar o critério adotado neste trabalho (no mínimo 1000 metáfases

Tabela 4 - Números de células e alterações cromossômicas contabilizadas em cada ponto de dose.

IRRADIADO CONTROLE

Contagem

líquida Dose

(Gy)

N° de

metáfases

Nº de

Cromossomos

dicêntricos

N° de

metáfases

Nº de

Cromossomos

dicêntricos

0,206 1000 27 1000 1 26

0,413 1027 33 1027 1 32

0,640* 800 34 710 0 34

0,964 1022 95 1022 1 94

1,652 1013 181 1013 1 180

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analisadas), satisfaz o critério sugerido pelo manual da IAEA (2001), qual seja a contagem

mínima de 500 metáfases, logo, o ponto foi considerado na construção da curva de calibração.

De qualquer forma, o ponto em análise deverá ser repetido posteriormente, com as mesmas

condições experimentais dos demais pontos, uma vez que é necessário o estabelecimento

seguro de técnicas padronizadas entre os diversos laboratórios, a fim de evitar possíveis

diferenças nas intercomparações requeridas pela IAEA (2001) como etapa importante para o

processo de validação de um laboratório de dosimetria biológica.

Foi verificado um aumento na contagem de cromossomos dicêntricos proporcional ao

aumento da dose absorvida em todos os pontos avaliados. No entanto, para construção da

curva foram considerados os valorem da contagem líquida (Tabela 4) uma vez que expressam

apenas as alterações cromossômicas induzidas pelo campo misto neutron-gama.

A figura 8 mostra uma metáfase considerada viável encontrada neste estudo, exibindo

46 figuras cromossômicas após coloração convencional com Giemsa. Enquanto na figura 9,

também encontrada neste estudo, se visualiza um cromossomo dicêntrico com fragmento

acêntrico associado, há apenas 44 figuras cromossômicas, o que a torna descartável para fins

de dosimetria biológica.

No presente estudo, não foi necessária a utilização da técnica de bandeamento C para

confirmação de dicêntricos, uma vez que as metáfases coradas por Giemsa 5% mostraram-se

suficientemente elucidativas quanto à presença ou não de cromossomos dicêntricos. No

entanto, Fernandes et al. (2004) ressaltaram a importância desta técnica no controle de

Figura 8. Metáfase com coloração convencional: 46 cromossomos.

Figura 9. Metáfase incompleta. a = cromossomo dicêntrico; b = fragmento acêntrico.

a b

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qualidade dos ensaios envolvendo dosimetria biológica por meio do método citogenético

convencional. Logo, a técnica de bandeamento C, apesar de não utilizada, será a técnica de

escolha caso surjam dúvidas relativas à existência ou não de cromossomos dicêntricos em

amostras que futuramente devem ser analisadas.

Para a construção da curva de calibração foram utilizados os valores de contagem

líquida observados na Tabela 4. Tais dados foram utilizados no programa computacional

CABAS (DEPERAS et al., 2007). Esse software foi desenvolvido especificamente para a

dosimetria biológica e objetiva a determinação de parâmetros de ajuste para o estabelecimento

de curvas de calibração baseadas em alterações cromossômicas instáveis e ou micronúcleos,

além das alterações cromossômicas estáveis visualizáveis por FISH.

De acordo com a literatura, para radiações de baixo LET, as curvas de calibração são

mais bem ajustadas por meio do modelo linear quadrático; sendo assim o programa CABAS

apresenta sua curva de ajuste seguindo modelo polinomial de ordem 2, como mostra a

equação 2, página 18 (DEPERAS et al., 2007).

Os dados experimentais obtidos deram origem à curva apresentada na figura 10.

A relação de ajuste da curva é expressa pela equação (3).

Y = 0,0009 + 0,172 D + 0,0496 D2 (3)

Figura 10 - Curva gerada pelo CABAS, contendo o ponto relativo a dose de 0,640 Gy.

Dose (Gy)

Fre

quên

cia

de d

icên

tric

os

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sendo Y a frequência de alterações cromossômicas e D a dose em Gray (Gy).

A frequência relativa ao background genético (0,0009) está em concordância com

aquela encontrada por Lloyd et al. (1986) que foi de 0,001. Os valores normalmente variam

de 0,0005 a 0,001 (IAEA, 2001), todavia freqüências maiores de alterações cromossômicas já

foram observadas em outras regiões do mundo. Esse é um dos principais motivos pelos quais

a IAEA sugere que cada laboratório de dosimetria biológica gere sua própria curva de

calibração.

Ainda em relação à curva de calibração, são apresentados os coeficientes a e b gerados

pelo programa CABAS (Tabela 5).

Coeficiente Valor obtido por meio do CABAS

a 0, 0172

b 0, 0496

Estes coeficientes são comparáveis aos encontrados por Lloyd; Purrot; Edwards

(1976), que estabeleceram uma curva de calibração a partir da irradiação de amostras

sanguíneas por nêutrons provenientes de um acelerador de partículas cíclotron. Tais nêutrons

apresentavam energias de 7,6 MeV e os coeficientes obtidos foram a = 0,064 e b = 0,0482. A

diferença observada no coeficiente linear a é atribuída à diferença na composição do campo

de irradiação, uma vez que a fonte de 241AmBe apresenta uma componente gama, regra geral

1:1 em relação a taxa de produção de nêutrons (ISO, 2001), levando a uma maior produção de

alterações cromossômicas induzidas pela radiação de baixo LET. Além disso, a energia média

do componente neutrônico das fontes utilizadas nesse trabalho é correspondente a 4,4 MeV, o

que também pode ser responsável pelas diferenças observadas.

O escopo da curva de calibração pode variar de acordo como a taxa de dose e a

qualidade da radiação. Lloyd; Purrot; Edwards (1976) publicaram as primeiras curvas de

calibração baseadas na contagem de alterações cromossômicas instáveis (especificamente

cromossomos dicêntricos) após exposição de amostras de sangue a feixes de nêutrons em

Tabela 5 - Coeficientes de ajuste da curva de calibração.

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faixas de energia diversas, variando de 0,7 a 14,7 MeV, como mostra a figura 11, página 32.

As curvas (1) – (4) apresentadas na Figura 12 revelam maior linearidade em relação a

construída pelo CABAS (Figura 11) por refletirem uma menor proporção de raios gama nos

campos de irradiação das fontes utilizadas (apenas 10% do feixe).

Os dados obtidos neste trabalho estão em concordância com outros publicados

(LLOYD et al., 1976; IAEA, 2001; DEPERAS et al., 2007) e em utilização em alguns

laboratórios de dosimetria biológica, o que mostra a possibilidade de utilização desta curva de

calibração em caso de urgência. Todavia, ainda se faz necessária a repetição do ponto relativo

a dose de 0,640 Gy.

Pretende-se, posteriormente, validar a curva de calibração por meio de

intercomparações com outros laboratórios de dosimetria biológica. Além disso, há a

perspectiva de certificação dos procedimentos e estrutura laboratorial, habilitando o CRCN-

NE a oferecer o serviço de dosimetria biológica para campo misto nêutron-gama.

Figura 11 - Frequências de dicêntricos em amostras sanguíneas irradiadas, descritas pela equação Y = A + aD + bD2: (1) 0,7 MeV; (2) 0,9 MeV; (3) 7,6 MeV; (4) 14,7 MeV; (5) 60Co (LLOYD et al., 1976).

Dose (rad)

Fre

quên

cia

de d

icên

tric

os

(1) (2) (3)

(4)

(5)

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5 CONCLUSÃO

1. Uma curva de calibração para a dosimetria biológica em linfócitos do sangue

periférico humano para campo misto neutron-gama foi estabelecida.

2. O ponto relativo à dose de 0,640 Gy deve ser repetido com o intuito de se obter uma

menor incerteza quando do calculo da dose.

3. Permitiu-se a implantação do LBD no CRCN-NE, o primeiro do seu gênero no Brasil

a ter como foco a dosimetria biológica de nêutrons, apesar de estar apto a desenvolver

trabalhos relacionados a outros tipos de radiação.

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ANEXO I

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44

ANEXO II

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Convido o Sr(a). ____________________________________________ a participar da

pesquisa sob o título Determinação da curva de calibração para dosimetria biológica de nêutrons

através do método citogenético para o CRCN-NE.

Durante a leitura deste documento fui informado que posso interromper para fazer quaisquer

perguntas.

Este estudo tem por objetivo principal avaliar as alterações no DNA nas células de

adultos sadios cujas amostras sanguíneas serão irradiadas por fontes radioativas. A partir de

variações na dose, será elaborada uma curva de resposta biológica em relação a dose de

radiação absorvida.

Tal pesquisa é necessária pois diariamente, seja por motivos médicos ou ocupacionais,

a população é cada vez mais exposta as radiações, sendo necessário ter uma idéia do real

dano causado nos indivíduos.

Serão coletadas amostras de sangue (10 ml), por punção venosa, em seringas estéreis

descartáveis contendo heparina sódica na concentração de 5000 U/mL, de voluntários

saudáveis e não-fumantes, após assinatura deste termo. Será ainda realizada anamnese para

verificar, além do estado geral de saúde, se nos últimos seis meses antes da coleta os

voluntários foram expostos à radiação terapêutica, raio X diagnóstico, vacinação viral ou

consumiram drogas ilícitas.

Ao participar desta pesquisa, o indivíduo se expõe ao risco de desenvolver hematoma

(mancha roxa) no local da retirada de sangue e não será, em momento algum, exposto a

quaisquer fontes radioativas.

Tenho consciência de que não receberei qualquer espécie de remuneração por minha

participação neste projeto de pesquisa.

Ciente do projeto acima exposto, foi ainda explicado que tenho o direito de me recusar

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45

a participar, ou, se já houver concordado, posso desistir sem necessidade de explicação. As

informações desta pesquisa são confidenciais e minha identidade será preservada, sem que

apareça meu nome em nenhum documento de divulgação de resultados ou qualquer dado que

possa me identificar.

Nome do voluntário______________________________________

Assinatura________________________________ Data ___/___/___

Testemunha______________________________ Data ___/___/___

Testemunha______________________________ Data ___/___/___

A rogo de _____________________________________________________, assino o presente

termo________________________________________________________.

________________________________________________________

José Odinilson de Caldas Brandão – Pesquisador Responsável

Centro Regional de Ciências Nucleares

Divisão de Radioproteção e Dosimetria

Fone: (81)37978028

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46

ANEXO III

QUESTIONÁRIO

I - DADOS PESSOAIS

1.2 N° do Voluntário:_____________

1.3 Sexo: M [ 0 ] F [ 1 ] 1.4 Data de Nascimento___/___/___ 1.5 Data de hoje____/____/___

1.6 Estado civil:

Solteiro[ 0 ]; Casado[ 1 ]; Viúvo[ 2 ]; Divorciado[ 3 ]; Separado[ 4 ]; Outros [ 5 ]

1.7 Cargo: _____________________ Função: _____________________

1.8 Grau de Instrução (escolaridade):

[ 1 ] não estudou / Primário Incompleto

[ 2 ] primário Completo / Ginasial Incompleto

[ 3 ] ginásio Completo / Colegial Incompleto

[ 4 ] colegial Completo / Superior Incompleto

[ 5 ] superior Completo / Pós-Graduação Incompleta

[ 6 ] pós-Graduação Completa

1.9 Indique nos espaços abaixo a QUANTIDADE de itens que existem em sua residência:

Quantos Quantos Quantos

[ ] automóvel [ ] rádio [ ] máquina de lavar roupa

[ ] banheiro [ ] videocassete [ ] empregada mensalista

[ ] aspirador de pó [ ] geladeira [ ] TV em cores

Total de Pessoas na Família: [ ]

II - INDICADORES GERAIS DE SAÚDE

2.1 Com relação ao fumo, marque a resposta apropriada para o seu caso:

[ 1 ] nunca fumei [ 5 ] fumo de dez a vinte cigarros por dia

[ 2 ] parei de fumar há mais de dois anos [ 6 ] fumo mais que vinte cigarros por dia

[ 3 ] parei de fumar a menos de dois anos [ 7 ] só fumo charuto ou cachimbo

[ 4 ] fumo menos de dez cigarros por dia

2.2 Quantos "drinques" você toma POR SEMANA: (um drinque = 1/2 garrafa de cerveja, um copo de vinho ou uma dose de destilado)

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[ 1 ] nenhum [ 2 ] menos que três [ 3 ] cinco a dez [ 4 ] mais que dez

2.3 Com que freqüência você consegue dormir "bem" (7 - 8 horas por noite):

[ 1 ] sempre [ 3 ] tenho dificuldade para dormir "bem"

[ 2 ] maioria das vezes [ 4 ] raramente consigo dormir "bem"

2.4 Você acorda descansado?

[ 1 ] sim [ 2 ] não

2.5 No final da jornada de trabalho você se sente (física e mentalmente)?

[ 1 ] bem [ 2 ] cansado [ 3 ] pouco cansado

2.6 Você está satisfeito com o seu peso?

[ 1 ] sim [ 2 ] não (gostaria de aumentar) [ 3 ] não (gostaria de diminuir)

III - ATIVIDADE FÍSICA HABITUAL

Para cada questão, responda somente UMA alternativa.

ATIVIDADES OCUPACIONAIS DIÁRIAS

3.1 Eu geralmente vou e volto do trabalho caminhando ou de bicicleta (pelo menos 800 metros cada percurso):

[ 1 ] sim [ 2 ] não

3.2 Eu geralmente vou e volto do trabalho de carro: [ 1 ] sim [ 2 ] não

3.3 Eu geralmente uso escadas ao invés do elevador: [ 1 ] sim [ 2 ] não

3.4 Minhas atividades físicas diárias podem ser descritas como:

[ 1 ] Passo a maior parte do tempo sentado(a) e, quando muito, caminho de um lugar próximo para o outro.

[ 2 ] Na maior parte do dia realizo atividades físicas moderadas, como caminhar rápido, executar tarefas que requerem movimentação.

[ 3 ] Diariamente executo atividades físicas intensas por várias horas (trabalho pesado, como jardinagem, construção, limpeza, transporte de cargas, esportes, etc...)

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IV - QUESTIONÁRIO DE SAÚDE FÍSICA

4.1 Como você classificaria seu estado de saúde atual?

Ruim 1 Regular

2 Bom

3 Excelente

4

4.2 Queixa Principal:________________________________________________[ ]

Antecedentes Pessoais:

nunca Já

sofreu antes

sofre atual-mente

Desde há

ANOS / MESES

Sob Tratamento

SIM NÃO

4.6 Gastrite/Ulcera 0 1 2 ____a___ m 3 4

4.7 Bronquite/Asma 0 1 2 ____a___ m 3 4

4.9 Dor no peito aos esforços 0 1 2 ____a___ m 3 4

4.10 Infarto/Revascularização/Angioplastia

0 1 2 ____a___ m 3 4

4.11 Hipertensão 0 1 2 ____a___ m 3 4

4.12 AVC (derrame) 0 1 2 ____a___ m 3 4

4.13 DST - Dça. sexualmente transmissível

0 1 2 ____a___ m 3 4

4.14 Infecções urinárias de repetição 0 1 2 ____a___ m 3 4

4.16 Incontinência urinária 0 1 2 ____a___ m 3 4

4.20 Dores ou rigidez articulares 0 1 2 ____a___ m 3 4

4.21 Diabetes mellitus 0 1 2 ____a___ m 3 4

4.22 Alergias 0 1 2 ____a___ m 3 4

4.23 Convulsões 0 1 2 ____a___ m 3 4

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4.24 Depressão 0 1 2 ____a___ m 3 4

425 Câncer 0 1 2 ____a___ m 3 4

7.27 Cáries a tratar ? Sim [ 1 ] Não [ 2 ]

7.28 História Familiar:

Possui na família PAI, MÃE ou IRMÃOS que apresentam ou apresentaram:

[ 1 ] Angina, Infarto ou morte súbita antes dos 50 anos [ ]

[ 2 ] Angina, Infarto ou morte súbita após os 50 anos [ ] [ 3 ] Diabetes [ ]

[ 4 ] Pressão alta ou AVC [ ] [ 5 ] Não sabe [6] Nenhum

[7]Outros:_________________________________________________________________

O Sr°(a) foi submetido a qualquer procedimento envolvendo o uso de radiação nos últimos seis meses? Sim [1] Não [2]

O Sr°(a) recebeu qualquer tipo de vacinação nos últimos seis meses? Sim [1] Não [2]

Qual?__________________________________________________

V - QUESTIONÁRIO DE ESTRESSE FISIOLÓGICO

Os sintomas físicos do estresse são excelentes indicadores numa avaliação. O seguinte questionário nos ajudará a ter uma idéia da severidade do estresse que você está experimentando na sua vida diária, gerando alteraçãoes no funcionamento normal de seu organismo. Responda cada número entre 0 e 5, usando a escala abaixo:

0 = nunca 1 = uma a 2 vezes ao ano

2 = quase todos os meses 3 = quase todas as semanas

4 = uma ou mais vezes por semana 5 = diariamente

SINTOMAS CARDIOVASCULAR SINTOMAS DA PELE ____ taquicardia ____ acne ____ batidas vigorosas e descompassadas do coração

____ caspa

____ mãos suadas e frias ____ transpiração ____ dores ou pontadas na cabeça ____ ressecamento excessivo da pele ou cabelo

SINTOMAS RESPIRATÓRIOS SINTOMAS IMUNOLÓGICOS ____ respiração rápida ou irregular, ou curta ____ coceira/ardência ____ falta de ar ____ resfriado ____ ataque de asma ____ gripes fortes

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____ dificuldade de falar, por pouco controle da respiração

____ rachaduras na pele

SINTOMAS GASTROINTESTINAIS SINTOMAS METABÓLICOS ____ indisposição estomacal, náuseas e vômitos ____ aumento do apetite ____ constipação ____ aumento da ansiedade por fumo e doces

____ diarréia ____ preocupação generalizada e dificuldade para dormir

____ dor abdominal aguda

SINTOMAS MUSCULARES ____ dor de cabeça (dor contínua) ____ tremores musculares e das mãos ____ artrites

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ANEXO IV

CONTAGEM DE ALTERAÇÕES CROMOSSÔMICAS INSTÁVEIS EM SANGUE PERIFÉRICO HUMANO

Grupo:_________________ Data:__/___/___ Examinador:__________ Microscópio:____________ Código do Indivíduo:____________

Lâmina Metáfases Dicêntricos associados

Fragmentos acêntricos associados

Dicêntricos isolados

Framentos acêntricos Isolados

Anéis cromossô

micos

TOTAL: I_______________I______________I______________I___________I____________I__________