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CUSTOMIZAÇÃO EM MASSA DE
SERVIÇOS DE TI: UM ESTUDO DE
CASO EXPLORATÓRIO
Alba Couto Falcao Scheible (UNINOVE)
RONY QELSON PINTO SILVA (UNINOVE)
Este trabalho tem como objetivo geral contribuir para o conhecimento
sobre a aplicabilidade da customização em massa em projetos e
serviços de infraestrutura de TI, através da identificação de uma
taxonomia dos elementos que compõem estes serviços e de fatores que
influenciam a eficiência neste tipo de ambiente. Para tal foi proposto
um modelo com elementos de infraestrutura ao qual foi aplicado
estudo do tempo com a utilização do método de cronometragem. Além
disso, foram analisados os processos organizacionais e propostas
melhorias no padrão de cronogramas e no controle do esforço
relacionado aos elementos de infraestrutura. Após a cronometragem
de cerca de 80 horas de trabalho, foi possível ratificar a complexidade
da customização em vista à variação encontrada nas mesmas tarefas,
bem como na diversidade de tarefas a realizar.
Palavras-chave: Customização, Cronometragem, Serviços,
Infraestrutura
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
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Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
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1. Introdução
O mercado brasileiro de serviços de tecnologia tem sido impactado pelas mesmas forças que
levaram à reestruturação das indústrias de serviços em todo mundo, entre elas: concorrência
acirrada em um cenário globalizado, novas tecnologias emergentes causando rupturas, e
incertezas econômicas (FAORO et al., 2013). Um dos movimentos em resposta a este
contexto surge através da implementação da customização em massa na área de serviços,
inclusive nos relativos à Tecnologia da Informação (TI). Segundo Davis (1987) apud Vidor et
al. (2014, p.911), ―customização em massa refere-se a uma estratégia de negócio para
proporcionar aos clientes o que eles querem, no tempo e na forma desejados―.
Vidor et al. (2014) afirmam que o conceito de customização em massa tem mais dificuldade
de ser operacionalizado na área de serviços devido às suas características, distintas da
manufatura, como: variabilidade, inseparabilidade, intangibilidade, pericibilidade citadas em
Ordanini et al. (2011). Os autores propuseram características críticas para tornar possível esta
implementação. Neste cenário, também se torna mais difícil uma correta precificação dos
serviços, comprometendo a competitividade das empresas, que podem hora cobrar mais caro
ou mais barato do que deveriam pelos serviços prestados. Este trabalho tem como objetivo
geral contribuir para o conhecimento sobre a aplicabilidade da customização em massa em
projetos e serviços de infraestrutura de TI, através da identificação de uma taxonomia dos
elementos que compõem estes serviços e de fatores que influenciam a eficiência neste tipo de
ambiente. Desta forma, é possível aos gerentes tomar ações proativas para melhorar os
resultados de seus serviços e projetos, bem como é facilitada a precificação adequada dos
serviços oferecidos.
2. Referencial teórico
Para Cobra (1986, p.3), um serviço é ―um produto intangível que não se pega, não se cheira,
não se apalpa, geralmente não se experimenta antes da compra, mas permite satisfações que
compensam o dinheiro gasto na realização de desejos e necessidades do cliente―. De acordo
com Silva et al. (2009), quando uma empresa decide não utilizar seus recursos internos para
operar ou implementar serviços que necessita, ela pode contratar uma organização externa
para fornecê-lo. Esse processo é conhecido como terceirização ou outsourcing. No caso de TI,
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tal processo pode envolver a gerência da infraestrutura de TI — o centro de computação e as
redes de telecomunicações. Estes serviços são complexos, existindo alto grau de contato com
o cliente, que fornece informação para que ele ocorra de maneira apropriada.
Segundo Maister (1998), ―os serviços profissionais envolvem geralmente um alto grau de
interação com o cliente, juntamente com um alto grau de personalização―. White (2013)
acrescenta que esta proximidade produz pressões sobre a gestão dos recursos que passa a ser
um desafio, pois injeta variação nas demandas. A complexidade também dificulta a produção
do serviço, e sua customização em massa.
De acordo com Vidor et al. (2014), a customização em massa para serviços implica no
desenvolvimento de modelos consoantes com as estratégias da organização. Os autores
elencam diversos trabalhos relevantes que têm sido apresentados neste sentido. Entre eles, o
estudo de métodos para customização dos serviços (CAO et al., 2006) e a proposta de
modelagem de uma estrutura para associar customização da produção dos serviços com a
customização na sua venda de Grenci e Watts (2007) possuem relacionamento estreito com o
presente trabalho. O ponto de ligação utilizado entre venda e produção customizada está
representado pelo Catálogo de Serviços, que é um documento ou base onde estão descritos
todos os serviços de TI que serão produzidos (FREITAS, 2013).
O Catálogo de Serviços é um subconjunto do Portfólio de Serviços da Organização,
que consiste de todos os serviços ativos e aprovados que podem ser oferecidos aos atuais e
futuros clientes da organização. Representa também uma projeção da capacidade e intenção
do provedor de serviços de TI de entregar valor para seus clientes (Office of Government
Commerce, 2007). No caso dos serviços de infraestrutura de TI, exemplos comuns são:
instalação e manutenção de redes, incluindo a administração de usuários e aplicações;
instalação e manutenção de hardware incluindo servidores; instalação e manutenção de
aplicativos básicos; serviços de monitoramento de recursos, gestão de acessos e segurança.
Alguns dos serviços contratatos demandam a configuração de novos ambientes e/ou o
entendimento do funcionamento de ambientes computacionais já existentes. Assim, para que
se inicie o serviço é necessário um projeto de infraestrutura para implantar e/ou receber este
ambiente.
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3. Método
A pesquisa-ação é um tipo de pesquisa com base empírica, realizada em estreita relação com
uma ação ou resolução de um problema, onde pesquisador e representantes estão envolvidos
de modo cooperativo (GIL, 2002). A pesquisa-ação é, além de participativa, objetiva
previamente e, de forma estruturada, a transformação do ambiente no qual é realizada.
Segundo Linda Dickens & Karen Watkins (1999) apud Holanda e Riccio (2001), a pesquisa-
ação tem que contribuir para o conhecimento da mesma maneira como outras formas de
pesquisa em ciência social. Para tal deve terminar, idealmente, com a resolução de um
problema. Os autores sugerem que a própria compreensão melhor do problema e o
aprendizado podem ser considerados como produtos da pesquisa-ação. Este trabalho insere-
se na caracterização de uma pesquisa-ação. O roteiro aplicado, seguindo as recomendações de
Hair et al. (1998), foi o seguinte: Determinação do Problema; Identificação das Variáveis
Independentes; Levantamento dos Dados; Análises e Validação do Resultado.
Esta pesquisa-ação foi desenvolvida em uma organização de prestação de serviços de
tecnologia de informação, localizada em Mogi das Cruzes, São Paulo. O faturamento em 2014
foi 100 milhões de reais. Fundada no Brasil em 1999, tem 600 colaboradores. O principal
foco foi a prestação de serviços de infraestrutura, que serviu de base para a pesquisa-ação.
Além dos dados coletados durante os estudos, outras fontes de evidências foram utilizadas:
entrevistas pessoais, levantamentos documentais, registros arquivados, observação
participante e artefatos físicos, aplicação de ferramentas como FMEA e 5W1H, buscando
conhecer o ambiente da organização, que serviu de base para a pesquisa, e melhor identificar
e definir uma taxonomia dos elementos que compõem estes serviços, assim como os tempos
neles envolvidos. Esta taxonomia contribui para a customização em massa destes serviços,
através da possibilidade de execução flexível dos serviços definidos no Catálogo de Serviços,
com precificação adequada.
4. Resultados e discussão
4.1 Diagnóstico da Área em foco
A área foco principal deste trabalho é denominada de Gestão de Infraestrutura (ou
Infrastructure Management - IM). No entanto, para conseguir endereçar o objtivo deste
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trabalho, foi necessário envolver duas outras áreas da organização: a Àrea de Vendas, que
oferece e negocia os serviços em estudados; e a Área de Projetos, que executa os projetos de
infraestrutura. Na Área de Vendas, foram conduzidas entrevistas semi estruturadas onde foi
aplicada a ferramenta ´Cinco Porques´, buscando entender as dificuldades em torno da
implantação da customização em massa dos serviços de infraestrutura. Foi também aplicada
FMEA(Failure & Mode Effect Analysis) em relação ao processo de Vendas para determinar
se alterações seriam necessárias neste processo. A principal conclusão é que não há base
histórica do realizado confiável. Portanto, o Catálogo de Serviços atual não está pronto para
customização em massa, o que dificulta a venda. Ou seja, qualquer melhoria deve acontecer
na arena da gestão dos serviços e projetos.
Em relação aos projetos de infraestrutura, após entrevistas abertas com dois gerentes de
projeto e com o Gerente da Área, foi elaborada FMEA, que tornou possível identificar os
seguintes pontos a serem melhorados: 1) Cronogramas são feitos um a um, sem padronização
de tarefas ou quebra de tarefas, ou ainda delineamento padrão do serviço de infraestrutura em
que se aplicam; 2) Existem cronogramas sem controle do esforço, o que impede de gerar base
histórica e melhorar as estimativas; 3) Existem marcos lançadas como tarefas; 4) Existem
controles desnecessários sendo lançados nos cronogramas. No tocante aos serviços de
infraestrutura, foram realizadas entrevistas abertas com três coordenadores e elaborada
FMEA, que apontou os seguintes pontos a serem melhorados: 1)Não existe controle do tempo
real gasto nas atividades. Portanto, não existe base histórica; 2)Não existe padrão de tempo de
fadiga ou para necessidades pessoais; 3) Os controles são feitos visando o cumprimento dos
Acordos de Níveis de Serviço contratados e não há padrão entre eles; 4) Os controles não são
voltados para melhoria contínua de maneira padronizada; 5) Não existem instruções de
trabalho documentadas para padronizar o trabalho.
Com os resultados do diagnóstico, concluiu-se que para a análise seria fundamental a criação
de um modelo que estabelecesse as características dos serviços estudados apresentado na
Figura 1. O modelo consistiu da criação de uma matriz de análise em formato de mapa
conceitual com a lista dos serviços a serem avaliados, agrupados e detalhados. Os serviços
foram divididos por tipo até o elemento gerenciável de mais baixo nível, denominado
elemento de infraestrutura.
Figura 1 – Modelo para Customização dos Serviços (após entrevistas)
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Elementos de Infra Estrutura foram definidos como representantes do menor nível de
granularidade gerenciável dentro de um projeto de tecnologia. Em outras palavras, são todos
os componentes principais de um projeto que precisam ser considerados no momento da sua
estimativa de esforço/ tempo. Em consequência, representam também os serviços executados
ad-hoc. Exemplos são: ambientes operacionais, software, hardware, serviço.
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Este modelo foi obtido após a revisão de 10 cronogramas de projetos, buscando os elementos
comuns. Ele indicou quais os serviços a avaliar. Após entrevistas iniciais de levantamento
com pessoas chave no ambiente estudado, foram realizados ajustes no modelo de serviços
candidatos a customização em massa. Com a definição do modelo, os estudos de tempo e
métodos já indicados foram iniciados de 20 de março até 17 de abril de 2015.
4.2. Estudo de tempos
Para o Estudo dos Tempos, a organização disponibilizou um recurso de suporte para
cronometrar as atividades. Esta pessoa trabalha na Área de Qualidade da organização sendo,
portanto, qualificada para realizar este trabalho. Esta estratégia emana de duas razões
principais: 1) Trazer o menor nível de perturbação possível sobre o ambiente estudado; 2)
Requisitos de segurança do ambiente. Foram estabelecidos pontos de checagem semanais para
verificação do andamento do trabalho.
O método escolhido foi a Cronometragem. A maior dificuldade na coleta, estabelecida desde
a primeira semana, residiu na diversidade dos serviços na sua execução, pois é necessária
abstração para poder enxergá-los como grupos. Ou seja, em estabelecer a ligação das tarefas
em uma granularidade muito baixa com o modelo proposto. Ajustes foram efetuados no
modelo dos elementos de infraestrutura para facilitar esta ligação. Foram cronometrados os
tempos de 19 tipos de elementos de infraestrutura, o que resultou em um total de 289
operações medidas, que foram executadas por 25 operadores distintos, representando 45,4%
da força de trabalho das subáreas estudadas. Em média os elementos de infraestrutura
apresentam 15,2 operações. O perfil dos operadores delineado encontra-se na Figura 2.
Figura 2 – Perfil dos Operadores
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Foi identificada a ausência de tempo estabelecido para tolerâncias de fadiga, necessidades
pessoais ou esperas. Segundo Ricci (2015) e o IFSMG (2011), para o trabalho leve onde o
operador trabalha 8 h por dia sem descansos pré-estabelecidos, a média é de 2% a 5% para
tolerância pessoal. Desta forma, foi adotado 5%. Em relação à fadiga, de acordo com o
IFSMG (2015, p.23), ‖até hoje não existe uma forma satisfatória de se medir a fadiga, que é
proveniente não só da natureza do trabalho, mas também das condições ambientais do local de
trabalho‖.
Utilizando as tolerâncias propostas por Benjamin Niebel, em seu livro Motion and Study,
apud IFSMG (2015), foi assumido um total de 5%, referentes a: Estresse mental - processo
razoavelmente complexo (1%), Atenção Cuidadosa - trabalho fino ou de precisão (2%), e
tolerância à postura – muito tempo sentado (2%). O trabalho de cronometragem capturou 79,7
horas e os resultados obtidos estão apresentados na Tabela 1 abaixo, acompanhados do tempo
normal e tempo padrão. A variação entre o tempo padrão dos elementos é grande. O
elemento com menor tempo foi a Clonagem de Servidores (6,1 minutos) e o maior foi
encontrado na Implementação de Rede Wireless Guest (6,5 horas). A média de tempo foi 3,1
horas e o desvio padrão 4,3 horas.
Tabela 1 – Cronometragem dos Elementos de Infraestrutura
Elemento de Infraestrutura N Tempo Médio
Cronometrado
Velocidade
Operador(es) Tempo
Médio
Tempo
Médio
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Normal Padrão
Redes Telecom- Manutenção - Links 2 5690 80% 4661 5127
Backup - Configurar - Políticas 1 20024 100% 20024 22026
Backup - Instalação - Ferramenta 1 3283 110% 3611 3972
Backup - Manutenção - Inserir - Fita –
Scratch 1 7699 90% 6929 7622
Backup - Remanejar - Discos 3 1255 107% 1339 1473
Redes - Configuração - Instalação -
Switch 1 23564 90% 21208 23328
Redes - Criação - Localidades 1 15073 90% 13566 14922
Redes - Implementação - VOIP -
Wireless -Wireless Guest 1 68511 90% 61660 67826
Servidores - Físico - Padronização 1 11273 100% 11273 12400
Servidores - Linux - Instalação - Sistema
Operacional 1 8158 100% 8158 8974
Servidores - Manutenção - Ambiente -
Windows - Relatório de antivírus 1 3901 100% 3901 4291
Servidores - Virtual - Padronização 4 18353 95% 17360 19096
Servidores - Windows - Clonar - Maq
virtual 1 332 100% 332 365
Servidores - Windows - Criar - Máquina
4 2549 95% 2415 2657
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Virtual
Servidores - Windows - Físico - Pré
Configuração 1 7455 100% 7455 8201
Servidores - Windows - Instalação -
Sistema Operacional - Maq Virtual 2 1924 95% 1848 2032,8
Servidores - Windows - Phase-out 2 3679 90% 3311 3642
Tools - Configurar - Monitoração 2 4832 100% 2259 2485
Tools - Instalação - Ferramenta - Horus 1 2896 110% 3186 3504
5.2 Estudo de métodos
A primeira etapa do Estudo dos Métodos foi voltada para o entendimento dos processos da
organização mostrados na Figura 1, disponíveis no Sistema da Qualidade. Em seguida, com
base no diagnóstico, foram identificadas, utilizando a ferramenta 5W1H, as melhorias a serem
implementadas nos processos para viabilizar a customização em massa dos serviços de
infraestrutura elencadas no Quadro 1 abaixo e discutidas a seguir.
Quadro 1 – Melhorias a serem implantadas nos processos da organização
O que? Como? Quem? Quando Onde? Porque?
1. Criar e manter uma base
histórica de serviços e projetos
de infraestrutura.
Em serviços a partir de
incidentes, requisição de
serviços e SS´s. Em projetos a
partir dos cronogramas
Gerentes
de Projeto
e Gerentes
de Entrega
de
Serviços
Mensal Na
workspace
do projeto
ou serviço
Não há base histórica
confiável do realizado.
É preciso fomentar o
conhecimento dos
tempos e esforços dos
serviços para ser
possível massificar os
serviços
2. Disciplinar o registro do
controle de esforço nos
Auditores Mensal Sistema de
Qualidade
Existem cronogramas
sem controle de esforço.
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projetos
Incluir o controle de esforço
como mandatório no checklist
de auditorias de projeto.
É preciso fomentar o
conhecimento dos
tempos e esforços dos
serviços para ser
possível massificar os
projetos
3. Assegurar a gestão do
catálogo de serviços.
O Catálogo será mantido com os
dados de base histórica.
Gerentes
de
Contrato/
Gerentes
de Venda
Trimestral Sistema de
Qualidade
Catálogo de Serviços
atual não está pronto
para a customização em
massa
4. Usar template padrão para
os projetos de infraestrutura.
O template inclui as tarefas mais
comuns e as fases de acordo
com o processo gestão de
projetos
Gerentes
de Projeto
Semanal Em todos
os projetos.
Cronogramas são feitos
sem padronização de
tarefas
5. Controlar
quantitativamente a execução
dos serviços
O esforço deve ser controlado e
registrado conforme
procedimento documentado
Gerentes
de Entrega
de
Serviços
Diária Em todos
os serviços
Não há base histórica
confiável do realizado.
É preciso fomentar o
conhecimento dos
tempos e esforços dos
serviços para ser
possível massificar os
serviços
Segundo o SEI, organização que publica o CMMI (Capability Maturity Model Integration)
para Projetos (2010a) e Serviços (2010b), para uma gestão efetiva da entrega dos serviços e
projetos é preciso o acompanhamento e controle de sua situação em todas as fases deste
processo, identificando em tempo gasto, os desvios que acontecem durante a sua execução,
para que sejam efetuadas a sua correção e registro deste histórico. Nestes modelos de boas
práticas, existe área de processo específica para coletar, analisar, e documentar métricas, além
de prática genérica para garantir a disseminação das lições aprendidas durante a execução de
projetos e serviços. A importância deste histórico também encontra se destacada no ITIL,
consistindo em uma importante entrada para melhoria contínua e contribuindo para melhorar
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a confiabilidade das estimativas de custo e prazo, o que potencializa a customização em massa
dos serviços (FREITAS, 2013).
Existem diversas atividades a serem controladas, portanto, é necessário posicionar a coleta
grupos específicos de dados, contemplado apenas as medidas necessárias para prover o
conhecimento que permita a customização em massa, tornando o processo de coleta menos
custoso e trabalhoso. Neste sentido, destaca-se a importância da padronização das tarefas estar
documentada, como no modelo proposto na Figura 1, a fim de prover alinhamento com os
objetivos que se pretende atingir com a coleta através de medidas objetivas, produzindo
interpretações consistentes. De acordo com o SEI (2010a, 2010b), a coleta das métricas
necessita um processo deve ser bem definido, garantindo a confiabilidade dos dados
coletados. As equipes envolvidas precisam conhecer as medidas a serem coletadas e sua
importância, pois irão participar diretamente da coleta. Desta forma, os procedimentos e
planos para coleta precisam estar documentados e compreendidos.
A coleta do esforço em serviços, no nível do elemento de infraestrutura, será realizada
principalmente em projetos pelo cronograma. A justificativa para esta estratégia reside no fato
de que, nos serviços ad-hoc, os mesmos serviços se repetem, mas são mais reduzidos, seja em
escopo ou diversidade, portanto, demandando menos gestão. No entanto, os serviços
agrupados em ordem de serviços também serão medidos. Um dos pontos cruciais para
viabilizar uma coleta bem posicionada, com uma boa relação custo-benefício, é a definição da
granularidade do controle. Tendo em conta o modelo projetado na Figura 1, durante o estudo
dos tempos foram coletados os passos das tarefas. Inicialmente, será aplicado um tamanho de
tarefa maior, limitando o controle a tarefas (ou agrupamento) de 8 horas ou mais.
Como definido pelo processo padrão da empresa, a Gestão de Projetos é uma disciplina
transversal a todas as áreas de entrega de serviços. As fases da Gestão de Projetos, na Figura
3, são as atividades de nível mais alto no cronograma. O nível de controle é definido pelo
Gerente de Projeto, devendo este esforço ser controlado em separado da fase Execução.
Exemplos de atividades de suporte são: Gerência de Configuração, Gestão de Mudanças,
participação em Auditorias, entre outras. No caso de Projetos de Transição, os marcos estarão
identificados. As linhas de atividade de mais alto nível são as descritas no retângulo da Figura
4.
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Figura 3 – Fases dos Projetos
Figura 4 – Processo/ Ciclo de Vida de Projetos de Transição
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Assim, serão implementados dois tipos de cronogramas de acordo com o seu tipo: Projeto de
Tecnologia ou Projeto de Transição. Atividades de suporte requeridas para o nível de controle
adequado a cada projeto passam a constar do plano e serão executadas, quando necessário,
registrando o esforço incorrido. Os templates padronizados serão disponibilizados através do
Sistema da Qualidade. O procedimento atual de elaboração de cronograma também foi
alterado para esclarecer a necessidade de controlar o esforço por elemento de infraestrutura,
conforme apresentado na Figura 5.
Figura 5 – Fluxo do Procedimento de Elaboração de Cronogramas Pós Implantação das Melhorias
As auditorias de processo e produto conduzidas mensalmente na organização devem garantir
a aplicação do procedimento, template padrão, bem como o registro das lições aprendidas,
incluindo a atualização trimestral da Base Histórica. A única alteração necessária neste
sentido é mudar a classificação do item de controle na lista de verificação referente ao
controle do esforço de opcional para mandatório.
6. Considerações finais
Como resultado do trabalho, percebeu-se um aprendizado maior sobre os fenômenos que
ocorrem na organização estudada, reforçando-se, assim, o método de pesquisa-ação aplicado.
Além do objetivo geral e dos específicos, que foram considerados como atingidos, esta
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pesquisa contribuiu para a implantação de práticas que irão facilitar o caminho para a
customização em massa dos serviços de infraestrutura da empresa pesquisada. Com maior
previsibilidade, maior eficiência na execução dos serviços e projetos, esta adoção poderá ser
facilitada. Espera-se também que esta pesquisa possa ter cumprido seu papel acadêmico-
profissional, ou seja, o de aumentar a massa crítica de conhecimento relacionada à
customização em massa de serviços, mostrando as dificuldades no tocante aos serviços
enfocados, pois sua viabilização só é possível quando existem práticas muito bem
posicionadas para identificar o que é comum aos serviços, suas características e, não somente
encontrar as variações, mas também compreendê-las profundamente,
Admite-se que o tema é muito abrangente, portanto o foco foi restringido para alguns serviços
disponibilizados, não esgotando estes fatores. O escopo abordado contempla somente serviços
que puderam ser comprovados através da coleta de dados e estudos da produção nos serviços
da organização estudada. Por esta razão, no sentido de uma teorização abrangente da
realidade, trabalhos futuros podem complementar esta tarefa. Uma sugestão de trabalho futuro
diz respeito à criação de ferramentas para Estudo de Arranjo Virtual, que permitisse avaliar os
arranjos ―físicos― em ambientes virtuais.
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