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D. Manuel - agencia.ecclesia.pt · abracei, o serviço ao meu país com a mesma dedicação e com a mesma esperança ... objetivo de melhor proteger os interesses de Portugal Carta

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AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio Carmo

Redação: José Carlos Patrício, Lígia Silveira, Luís Filipe Santos,Margarida Duarte, Sónia Neves.

Grafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais

Diretor: Cónego João Aguiar CamposPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D - 1885-076

MOSCAVIDE. Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

04 - Editorial: Cónego João Aguiar06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional12 - A semana de José Carlos Patrício14- Entrevista D. Manuel Clemente24- Dossier Patriarcado de Lisboa36 - Internacional

40 - JMJ 201342- Cinema44 - Multimedia46 - Estante48- Vaticano II50 - Agenda52 - Liturgia54 - Programação Religiosa55 - Por estes dias56 - Apps pastorais58 - Fundação AIS60 - Luso Fonias

Foto da capa: Eduardo Martins (Paulinas Editora)Foto da contracapa: Agência Ecclesia

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Opinião

D. ManuelClemente[ver+]

Patriarcado deLisboa[ver+]

Morreu D. JoãoAlves[ver+] Padre Tony Neves|Cónego JoãoAguiar

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Numa tarde de sábado

João Aguiar Campos

Nunca tinha viajado na Linha Vermelha do Metrode Lisboa. Fi-lo no passado sábado e foi paramim uma novidade a estação do Saldanha; tantoque deixei passar o comboio que primeirochegou, para me demorar nas frases de AlmadaNegreiros ali inscritas.Cada uma tem o seu peso e a sua capacidadede provocar. Uma, porém, nas circunstânciasdaquele sábado de despedida de D. JoséPolicarpo da diocese de Lisboa, se inscreveu naprimeira página da minha memória: "as pessoasque mais admiro são aquelas que nuncaacabam".Li e reli. E, naqueles instantes, abri diferenteschaves de interpretação, parecendo-me todaselas razoáveis. Ei-las, tal como me foramsurgindo: “há pessoas que, mesmo partindo,ficam dentro de nós

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e, por isso, não as deixamos e nãonos deixam de todo”; “só acabam osque nunca fizeram nada deperdurável”; “só a banalidade émortal”…(Dis)correram exatamente por estaordem. Retomo-as agora, com umaprevenção: se, porventura, Almadanão quis dizer nada disto naquiloque disse, paciência. Exproprio-o efica à minha inteira responsabilidadea escravização do sentido...Declaro, com isto, que guardarei deD. José Policarpo a feliz memória deoito anos, feitos de outras tantassurpresas e ensinamentos.A primeira e fundamental surpresafoi o seu convite, nunca justificado,para presidir ao Conselho deGerência da Rádio Renascença. Asegunda, a persistência que soubevencer meio ano de dúvidas de umminhoto tendencialmente

alérgico a abandonar a sua ruralclandestinidade.No rol dos ensinamentos, inscrevo aabertura para perceber modos deser e estar e a manifestacapacidade de ouvir sem enfado efalar como quem ouve; o realismode quem não foge aos caminhosindispensáveis, mesmo sabendo-osdifíceis, e a suave franqueza dequem sente e não se ressente;assim como a força de confiar e acapacidade de propor, com delicadaclareza, caminhos de liberdade.Eis porque, terminado o serviço deD. José Policarpo na diocese deLisboa, não deixarei que acabe,para mim, o seu tempo exemplar e omeu tempo de aprendizagem -- naatenção ao seu modo novo de servira Igreja que afirmou querer emcontínuo crescimento.Nunca cultivarei o saudosismo. Mas,na fidelidade alegre ao que meespera, quero saber sempre dondevenho.

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Foto: LusaSão Bento, 02.07.2013

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Não me demito. Não abandono omeu país. Abraço, como sempreabracei, o serviço ao meu país coma mesma dedicação e com a mesmaesperançaDeclaração ao país de PedroPassos Coelho, primeiro-ministroportuguês, 02.07.2013 Creio que não estivemos à altura deajudar a sociedade a entender-seno que é necessário e naquilo que épossível de maneira a evitar odescalabro que estamos atestemunharD. António Vitalino, bispo de Beja,declarações à Renascença,03.07.2013 Com a apresentação do pedido dedemissão, que é irrevogável,obedeço à minha consciência emais não posso fazerCarta de demissão de Paulo Portasdo Ministério dos NegóciosEstrangeiros, 02.07.2013

A ausência de um mandato paraconcluir atempadamente (osublinhado é do ministro) o sétimoexame regular não me permiteagora continuar a liderar a equipaque conduz as negociações com oobjetivo de melhor proteger osinteresses de PortugalCarta de demissão de Vítor Gaspardo Ministério das Finanças,01.07.2013 A Europa é muito mais que ummercado comum, uma sociedade demais ou menos ricos comerciantes,uma empresa de negócios do 1.ºmundoPadre Manuel Morujão, secretárioda CEP, declarações à AgênciaECCLESIA, 03.07.2013

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Adeus a D. João AlvesA Diocese de Coimbra despediu-sede D. João Alves, seu bispo emérito,que faleceu na última sexta-feira,aos 87 anos, numa celebração quereuniu centenas de pessoas na SéNova.“Damos graças ao Senhor por esteseu discípulo, seu amigo e suatestemunha, que entregou a suavida ao serviço do Senhor, da suaIgreja e de todos aqueles que foramdestinatários da sua ação”, disse oatual bispo diocesano, D. VirgílioAntunes, na homilia da missaexequial.O bispo de Coimbra afirmou que D.João Alves procurou “abrir a Igreja elevá-la ao encontro, ao diálogo como mundo”, “plenamente imbuído daletra e do espírito do ConcílioVaticano II” (1962-1965), fazendodas orientações conciliares a“magna carta da sua ação pastoral”e procurando pôr em prática assuas “intuições fundamentais”.Após o funeral, D. João Alves foisepultado no jazigo dos bisposconimbricenses, no Cemitério daConchada.

O falecimento do prelado tinha sidoassinalado no dia da sua morte pelopresidente da RepúblicaPortuguesa, que enviou umamensagem de condolências ehomenageou um dos “mais insignes”bispos da Igreja Católica no país.“Na Diocese de Coimbra, que dirigiudurante duas décadas, naConferência Episcopal Portuguesa,que liderou de 1993 a 1999, e naComissão Paritária instituída pelaConcordata celebrada com Portugalem 2004, deu constantesdemonstrações da sua culturahumanista, do seu sentido deserviço aos outros e da suasensibilidade social”, referiu AníbalCavaco Silva, em texto divulgadopela Presidência.O presidente da Câmara Municipalde Coimbra, por sua vez, disse àAgência ECCLESIA que o bispoemérito foi uma pessoa de“convicções vigorosas” que soubeultrapassar as dificuldades. “Pessoade convicções vigorosas e muitodeterminada, D. João Alves deixouuma marca forte na Igreja deCoimbra”, destacou João PauloBarbosa de Melo.

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O porta-voz da ConferênciaEpiscopal Portuguesa recordou o“papel importante” na vida da Igrejade D. João Alves, antigo presidentedo organismo, como “promotor deconsensos e de pontes de unidade,com uma visão larga e aberta daIgreja e do mundo, um pastorinteligente e solícito, afinado peloespírito do Concílio Vaticano II”.

“Não falo tanto dos cargos cimeirosque desempenhou, mas do seuestilo de exercer o ministériosacerdotal e episcopal, com grandeequilíbrio e determinação”, referiu opadre Manuel Morujão à AgênciaECCLESIA.

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EMRC, serviço a toda a comunidadeO presidente da ComissãoEpiscopal da Educação Cristã eDoutrina da Fé dirigiu-se aos pais eresponsáveis escolares do país,apelando à valorização da disciplinade Educação Moral e ReligiosaCatólica (EMRC). “Que, cada vezmais, os alunos possam encontrarnas aulas de EMRC as respostas aque têm direito e procurar aí osvalores onde se respaldem oshorizontes do seu futuro”, deseja D.António Francisco do Santos, bispode Aveiro, num documento enviadoà Agência ECCLESIA.O responsável sublinha que nestaépoca de matrículas é necessário“sensibilizar as famílias, a escola e acomunidade para o bem que adisciplina lhes oferece”. “Estamos,assim, a construir uma escolamelhor e a lançar bases sólidas dofuturo de Portugal”, refere.

D. António Francisco dos Santosrecorda que a EMRC tem agora umnovo enquadramento legal (Decreto– Lei n.º 70/2013, de 23 de maio),fruto de um “prolongado trabalhorealizado entre a ConferênciaEpiscopal Portuguesa e o Ministérioda Educação e Ciência”. “As aulasde EMRC não se mendigam nem seimpõem automaticamente. Merecem-se. A escola tem direito de as exigirda comunidade como verdadeiro einsubstituível compromisso em proldo bem comum e da causa daeducação”, escreve.O bispo de Aveiro acrescenta que oensino nas escolas tem de “exprimiro que a comunidade pensa, sente equer” e deve “espelhar a própriaalma da comunidade no que de maisbelo ela possui”.

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Festival Jotaquer ser veículo de evangelizaçãoO Festival Jota, organizado pelaIgreja Católica, regressa este mês àlocalidade de Paul, a vertente sul daSerra da Estrela, palco da primeiraedição desta festa da música cristã,que quer ser “um eventoinesquecível”. “Simplicidade e muitoamor” como revela ao ProgramaECCLESIA o padre Jorge Castela,diretor artístico, estiveram na basede “uma proposta deevangelização”, na sua sextaedição, que partiu da música.A iniciativa vai decorrer entre osdias 19 e 21, tendo como lema “Vemdescobrir a alegria na aventura daFé!”. “Não queremos que voltenuma perspetiva de que é nosso,porque a Igreja de Cristo é paratodos”, acrescenta o diretor artísticodo festival.O padre Rui Manique, diretor doDepartamento da Pastoral Juvenilda Diocese da Guarda, assinala queo evento quer ser “um instrumentojunto dos jovens de outras diocesese mostrar que a música e a arte sãoimportantes”. Por isso, uma dasformas de catapultar o festival foi“estar

noutras dioceses”, sublinha o padreJorge Castela.Com bandas portuguesas, repetentee novas, e artistas de outros países- como Espanha, Itália, Brasil e, esteano, Inglaterra - “está a fazer-se umcaminho com este festival”, afirma odiretor artístico.“Estamos a fazer os possíveis parachegar a mais pessoas porque hámuitas que não conhecem o festival,mesmo inseridos em grupos”,esclarece, por sua vez, o padre RuiManique.

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As cenas de um casamento politico…

Margarida Duarte,Agência Ecclesia

Na Segunda-feira a notícia da demissão doministro das finanças fez tremer a estabilidadepolítica do país, mas nem 24 horas depois aestabilidade tremida deu lugar à instabilidadecom o anúncio da demissão do ministro dosnegócios estrangeiros e líder de um dos partidosda coligação governamental. Logo de seguida esem intervalos sequer para respirarmos, dá-seuma reviravolta digna das melhores tramas:parece que o ministro demissionário poderávoltar atrás na sua decisão “irrevogável” edecorrem negociações para afinal a coligação semanter e até sair reforçada. Qual será a próximacena do teatro governativo?Um Big Brother político que inundou todos osnoticiários, a blogosfera e as redes sociais com opaís a olhar perplexo para a irresponsabilidadedos seus governantes.No meio de tudo isto e 3 dias depois de toda estaconfusão ter começado a pergunta que paira nacabeça de todos é: Onde está o Presidente daRepública?Um silêncio tristemente já natural mas aindaassim difícil de aceitar. Falará provavelmente jádepois de sabermos o final desta história quecontinuamos a acompanhar a par e passo.Uma história que revela mais uma vez o quemove muita gente, e em especial os políticos: opoder e o que a ele vem agregado leva a que aspessoas se ceguem e percam a noção doscompromissos, das

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responsabilidades e acima de tudoda dignidade.Nós humanos, temos o terrível víciode querer sempre mais, de quereralcançar a perfeição e de sonharmuito alto. Parece que nuncaestamos satisfeitos com o quetemos, nunca nos sentimoscompletos e achamos sempre queconseguimos mais. Mas quandoconseguimos esse mais, quandochegamos ao topo a avidez demanter esse lugar tira-nos muitasvezes a lucidez, faz-nos perder anoção da realidade, deixamos denos preocupar com os outros, comaqueles que nos ajudaram a

subir. Como diz o Papa Francisco, ocarreirismo, o carreirismo...O problema é que muitas das vezes,esquecemo-nos que a vida éinstável e que estar no topo não égarantia de nada.A qualquer momento podemossofrer uma queda vertiginosa. E opovo acaba sempre por ter razão ejá diz o ditado popular: “quantomaior é a subida maior será aqueda!” Estaremos a subir ou numaqueda permanente? Parece que talcomo o Tour de França, que decorrepor estes dias, só ainda vamos nasprimeiras etapas…

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O percurso do novo patriarcaD. Manuel Clemente, novo patriarca de Lisboa, fala à AgênciaECCLESIA sobre alguns dos momentos que marcaram o seupercurso pessoal desde Torres Vedras à entrada noseminário(Fotos: Paulinas Editora) Do Oeste à Faculdade deLetrasAgência ECCLESIA (AE) - Recorde-nos os tempos do Oeste, de TorresVedras. Que memórias guardadesses anos?D. Manuel Clemente (MC) - Muitoboas, muito boas…! Antes de maismuito grata à família em que nasci eonde cresci. Depois à comunidadeparoquial, excelente, muito próxima,muito calorosa, muito integradora. Etambém à escola primária, ondeaprendi as primeiras letras.Achei muito interessante que umadas primeiras cartas que recebi porocasião da minha nomeação paraLisboa – e ainda foi carta, não foiemail – foi da minha professora dainstrução primária, como então sedizia, da primeira à quarta classe.Ela vive em Lisboa e teve essasimpatia, o que me deu muitaternura ler. AE - E que mensagem lhe dirigiu, sese pode saber?MC - Era uma mensagem de muito

contentamento da parte dela!Palavras bonitas que as pessoasdizem. E são bonitas porque sãoverdadeiras!Recordo a adolescência, o fim dacatequese (que naquela altura, naprimeira metade dos anos 50, eram4 mais um, de preserverança); ainiciação na Ação Católica… AE - A experiência da Ação Católicafoi-se repercutindo em toda a suavida, traduzida em militânciaconvicta?MC - Sim, porque transformou atradição cristã recebida empresença no mundo, emevangelização. Isso através da AçãoCatólica, já no Colégio Pio XII, com apré-JEC e a JEC, e depois oescutismo, a partir dos 15 anos,porque não havia escutismo naminha terra. AE - A experiência escutista foientão em Lisboa?MC - Em Lisboa e depois na minhaterra, quando lá ia nos fins desemana e nas férias.

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AE - O escutismo no Oeste,entretanto, foi dinamizado tambémpor si?MC - Sim, quando começou naRegião Pastoral do Oeste, que ia deMafra a Alcobaça, onde não haviaescutismo católico, até essa altura,a meados dos anos 60. Foi a partirde Torres Vedras e de umagrupamento que se fundou noSeminário de Penafirme quecomeçamos a fazer proliferariniciativas escutistas desdeAlcobaça até Mafra. Hoje são quasemeia centenas de agrupamentospor onde, em meio século,passaram milhares homens emulhers que foram marcados –alguns muito bem marcados – poressa espiritualidade do escutismo,que costumo chamar “A Igrejaacampada”. AE - Uma espiritualidade quepassou também para a sua própriapersonalidade?MC - A minha espiritualidade étambém a de uma Igreja acampadae com a tenda itinerante.

AE - É desses anos, que vem aprimeira referência pela vocaçãosacerdotal?MC - Não. É de anos anteriores.Disso lembro-me perfeitamente.Deveria ter 8 ou 9 anos, estava aajudar à missa(nessa altura chamava-se “meninode coro”, não acólito) presidida pelopadre da minha paróquia, o padreJoaquim Maria de Sousa, de quemtenho tão boa recordação. Elembro-me como se fosse hoje. Atéme lembro do sítio na sacristia, deestar a vê-lo a tirar as vestessacerdotais e dizer: eu quero sercomo o padre Joaquim! Lembro-meperfeitamente desse momento.Ficou essa recordação, que de vezem quando voltava. Lá em casa,sobretudo a minha mãe, sempredizia: “primeiro forma-te, depoisvês!” E foi o que acabou poracontecer! AE - E o pai?MC - O meu pai, foi maisdevagarinho… Foi preciso serordenado diácono… Mas eleacabou por nem me ver diácono.Faleceu poucos dias depois de euter sido ordenado diácono.

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AE - O diálogo e a proximidade foimais com a mãe?MC - Sim. A minha mãe eracatequista. Tinha sido e depois domeu pai falecer voltou a ser. Eracatequista em casa e em todo olado onde chegava.A conversa religiosa, nada piegas,mas muito séria, forte e verdadeira,foi sobretudo mais com a minhamãe. AE - Os tempos da adolescência ejuventude foram tempos de namoro,de vida académica?MC - Todas as coisas da juventudenormal da altura.

AE - Que deram solidez e marcam oque é o Manuel Clemente hoje?MC - Do que aconteceu entre aadolescência e a juventude,absolutamente normais paraqualquer jovem estudante dos anos60 que fosse católico e que andasseligado à paróquia, ao escutismo, àAção Católica, etc, o que acaboupor ir prevalecendo foi aconcentração num tipo de atividadesque tem a ver com a Igreja, com fé,com conversas de assuntosreligiosos. E foi isso que, depois docurso universitário, me levou aoseminário. Porque também não tinhadisponibilidade interior para outrotipo de vida.

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AE - Mário Viegas, José Magalhães,António Monteiro foram colegas daaltura?MC - Esses estavam no mesmo laruniversitário do que eu, o ColégioUniversitário Pio XII AE - E na Faculdade de Letras?MC - Recordo Artur Teodoro deMatos, Margarida Ventura, LuisSantos Graça, Adérito Tavares…com esse continuei umrelacionamento que dura até hoje. AE - Também um diálogo culturalsobre as referências cristãs nacultura?MC - Fazíamos muita conversadessa lá nos corredores daFaculdade de Letras,espontaneamente. Já nos anos 80voltei á Faculdade de Letras, comopadre, para ser assistente doMovimento Católico de Estudantes.E essa década também foi muitoimportante, muito frutuosa.Encontrei aí pessoas que depoisacabaram por se juntar nestainvestigação histórica em Portugal,como o Paulo Fontes, a Ana MariaJorge, etc., que seguiram percursosno âmbito da História da Igreja,sendo professores na UniversidadeCatólica neste momento.

AE - E dos mestres desse tempos?MC - O padre Manuel Antunesmarcou toda a gente que andava naFaculdade de Letras de Lisboaentre os anos 60 e o princípio dosanos 70. Era um homem notável,jesuíta. Dava duas cadeirasestruturais, a História da CivilizaçãoRomana e a História da CulturaClássica (esta uma cadeira aberta avários cursos da Faculdade). Tinhauma profundidade nos temas queabordava e uma exposição claraque nos marcou a todos. Abriu-nosmuito os horizontes mentais, sendouma referência para todos. Era umgrande pensador da realidadeportuguesa tendo trabalhado muitona revista Brotéria, dos Jesuítas,onde redigia números inteiros comvários pseudónimos, por dominardiferentes tabuleiros culturais,desde a análise literária à filosóficaou escritos sobre política. Marcou-nos a todos. E é interessante quequando falo com contemporâneosda Faculdade de Letras, dos várioscursos, hoje com 60, 70 anos,permanece essa referência.

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AE - Outros também?MC - O professor Borges deMacedo, sobretudo na HistóriaModerna, séc. XV, XVI em diante. Etambém na cultura moderna econtemporânea. O professorVitorino Nemésio com as suas aulasde cultura portuguesa onde tudopoderia aparecer a propósito detudo e de nada, numa visão culturalmuito abrangente, em sentidoenciclopédico que é capaz de irbuscar as mais diversas referênciaspara ilustrar um ponto. O quetambém fazia nos programastelevisão, nos seus famososprogramas… Estas são figurasmarcantes, como também aprofessora Virgínia Rau, IriaGonçalves, Maria José Ferro, MariaJosé Trindade, o professor Pais daSilva, no campo da História da Arte,nomeadamente os seus estudossobre a modalidade artística dosséc. XVI e XVII do maneirismo, queele praticamente descobriu no casoportuguês e não só. Várias figurasque permanecem como mestres!

AE - No curso universitário, aausência de referências aocatolicismo marcou-o?MC - Sobretudo o facto de acharque, quando se falava de épocasmais contemporâneas do mundo,quer na universidade quer nodiálogo com colegas e amigos, acomponente católica e de fé entravapouco, como se não existisse. O quecontradizia absolutamente o que eraa minha vivência.O desfasamento entre a vivênciacatólica e o pouco reflexo culturalque parecia ter marcou-me. Eperdurou… Quando fiz o curso deTeologia, orientei muito o meutrabalho de investigação e delecionação no âmbito da História daIgreja, nomeadamente em Portugal,para tentar preencher, quer pelapalavra quer pela escrita, esse vazioda componente católica nacontemporaneidade portuguesa.

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AE - Na Faculdade de Teologia,cedo começou a lecionar história?MC - Porque trazia a história muito“fresca”. E como meu trabalho final,na Licenciatura em História naFaculdade de Letras, tinha sidosobre História Medieval, o professorAntónio Montes Moreira, que maistarde veio a ser

bispo de Bragança-Miranda e quedava essas aulas, pediu-me paradar a parte portuguesa dalecionação da História geral que elefazia. Acebei por ser até professordos meus colegas, nessas aulas.Comecei muito cedo, há 40 anos!

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Entrar no seminárioquando todos de lá saíamAE - Fixemo-nos no momento daentrada do seminário. A razãoessencial para essa decisão estáem querer viver e propor umcatolicismo que seja suficiente paracorresponder ao drama humano,como afirmou na última aula naUniversidade Católica Portuguesa?MC - Sim. A sociedade portuguesada segunda metade dos anos 60 eaté 1974 é percorrida por profundosdebates, sobretudo nos meiosuniversitários e juvenis, para sabercomo se haveria de criar a melhordas sociedades. A proposta marxistaera muito forte, entre outras, como aexistencialista.Pela minha vivência eclesial ereligiosa, que sempre tinha mantido,esse tipo de análises e propostasnão resolviam bem o problema, aquestão do drama humano,traduzidas pelas interrogações queS. Paulo fazia lá nos inícios decristianismo: que

homem sou eu? “O bem que queronão o faço mas o mal que não queroé que pratico” (Rom 7, 19)? Estasdilacerações mais profundas do serhumano acabaram por mepreocupar.A resposta tem de ser de tipofilosófico ou religioso, ligando-a como fim das coisas e ao seu sentido. Eestas reflexões ajudaram-me muito,assim como essa “velha” vocaçãoque nunca tinha morridocompletamente, a entrar noseminário.Entrei no seminário num tempomuito curioso: quando toda a genteestava a sair de lá!Estávamos no princípio dos anos70. Lembro-me de ter tido umprimeiro contacto com o Semináriodos Olivais em 1972 e depois entreiefetivamente em 73. O Seminário,poucos anos antes, tinha mais de100 alunos. E naquela alturaestavam oito e passamos a ser 11.Havia também muitos abandonossacerdotais, nessa ocasião.

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AE - Foi uma decisãocontracorrente?MC - Foi porque a corrente não erapara aí, não era para encherseminários, era para esvaziá-los. AE - Por causa momento políticoque se vivia na altura?MC - Sim. Cada um tem a suahistória. Ninguém é melhor do queninguém. O meu percurso foi assim,o de outros de outra maneira…

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Homem Sábio e Prudente

D. João Lavrador, Bispoauxiliar do Porto

Ao pedirem-me um depoimento pessoal sobre oSenhor Dom Manuel Clemente, novo Patriarca deLisboa, não se me afigura tarefa fácil. As razõessão duas: porque reconheço no Senhor DomManuel um amigo sincero e pela riqueza da suapersonalidade.Tanto uma como outra das razões evocadasdificultam a tradução em palavras o que estápara além das mesmas.Mas mesmo correndo este risco atrevo-me aapresentar alguns traços que para mim serevestem da maior importância na pessoa doSenhor Dom Manuel Clemente.É um homem prudente e sábio. Característicasque são exaltadas pela Sagrada Escritura e quereflectem a riqueza de quem tem as suasdiversas dimensões pessoais bem articuladas ebem referenciadas. Daí, se manifeste comprofunda fé, lúcida experiência de vida em Cristo,harmoniosa vida espiritual, na qual luzem as suasnotáveis qualidades humanas e a sua perspicazinteligência.Homem simples e humilde cativa e enriquecequem contacta com ele e eleva todo aquele comquem convive. Pessoa de invulgar cultura quesabe como ninguém interpretar os sinais dostempos em que vivemos com as dimensões deuma

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profundidade histórica e do realismodo ser humano acreditando nassuas capacidades e pugnando pelodiálogo como meio para atingir obem social.Bom Pastor que está atento a todosaqueles que lhe estão confiados.Sofre interiormente com quem sesente marginalizado e não poupaesforços para acolher e responder atodas as

situações humanas com que sedepara. Artífice de comunhão erespeitador do trabalho de cadapessoa. Sabe como ninguémvalorizar as capacidades de todos ecada um com quem se relaciona.É um verdadeiro apóstolo queengrandece a Igreja e um cidadãoque enobrece a sociedade. Bem-haja Senhor Dom Manuel!

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Obrigado!Obrigado. Tem de ser essa aprimeira palavra dita e escrita paraevocar a presença de D. ManuelClemente todas as semanas dosúltimos 15 anos no programaEcclesia.Outra: generosidade. Recordar acalendarização periódica de temposde gravação e a disponibilidade comque, durante muitas tardes,reservou a agenda para estar com aequipa de reportagem da Ecclesiasó é possível com muitagenerosidade, a que acresce ofacto de apenas uma vez ter sidonecessário fazer alteração dagravação.As horas de gravação, emambientes diferentes, eram sempreocasião de grande proximidade doatual Patriarca de Lisboa. Tanto emrelação a mim como a todos ostécnicos, cujo nome não esqueciadesde o primeiro encontro. Não só onome como as histórias de vida, ascircunstâncias, preocupações ousonhos pessoais.E porque o registo sempre foipessoal, tenho de mencionar aqui oTiago, o Luis Costa, o Rui, o JoãoPedro, o Armando, o João, o

Diogo... Colegas que estiveram nagravação de muitas horas deconversa para as rubricas dehistória que D. Manuel Clementeapresentou no programa Ecclesia (eoutros existiram ainda em anos maisrecuados).Em cada gravação, sempre acheiimpressionante a resistência e acapacidade de dizer comentusiasmo temas da história. E comuma curiosidade: o cansaço erasempre inversamente proporcionalao tempo gasto na apresentaçãodas várias temáticas. De facto, porestranho e paradoxal que possaparecer, à medida que prosseguia odecorrer das gravações(normalmente durante duas horas),D. Manuel Clemente adquiria maisfrescura e entusiasmo nacomunicação.Neste tempo, foram tratados temasrelacionados com a História dePortugal, a história dos pontificados,a de João Paulo II, a dos santoscanonizados pelo Papa polaco e,mais recentemente, temas dahistória que cuja relevância nopresente é evidente. Chamou-se aesta rubrica “O Passado doPresente”

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por se perceber que existem factose acontecimentos que não sedesligam nas gerações. Pelocontrário: o que acontece nopresente tem de ser entendido apartir dos dados da história.A proximidade com temas da históriafaz com que o passado não sejapara D. Manuel Clemente umdossier para investigação ou umtema para apresentaçõesacadémicas, mas tornando-assempre presentes, sempre

relacionadas com a atualidade. Opatriarca analisa problemáticas nasociedade e na Igreja não pelos“picos” com que os acontecimentosaparecem na opinião publica,nomeadamente nos media, mas apartir do que permanece, dascorrentes fundas capazes de gerarenergia transformadora. Uma atitudeque se percebe na pessoa, nosacerdote, no bispo, agora noPatriarca.

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Proposta católica no espaço urbanotem de se «reinventar»

O sociólogo Alfredo Teixeira, daUniversidade Católica Portuguesa(UCP), diz que um dos grandesdesafios da Igreja em Portugal éencontrar espaço na “pluralidade”de dinamismos sociais e religiososque marcam o ambiente urbano.Em entrevista ao ProgramaECCLESIA (RTP 2), o coordenador-executivo do Centro de Estudos deReligiões e Culturas da UCP realçaque no espaço citadino, ao contráriodo que ainda acontece no meiorural, a proposta católica “é umaentre outras, que se afirma a partirde uma história, de uma tradição,mas que em todo o caso se tem dereinventar”.Esta necessidade de mudança,acrescenta o teólogo, não deve sertomada “necessariamente nosentido concorrencial, de ter umaproposta que responda aomarketing necessário do religioso”.Implica “sobretudo” ir ao encontro“daquilo que são as

preocupações, as dinâmicas debusca das pessoas que vivem nacidade” e que hoje encontramalternativas para a resolução dosseus problemas “em contextos muitodiversificados, de busca espiritual”,sublinha o investigador.A dois dias da tomada de posse deD. Manuel Clemente como novopatriarca de Lisboa, em substituiçãode D. José Policarpo, AlfredoTeixeira destaca a importância deuma estratégia católica que sejacapaz de criar “comunidade” numambiente marcado pela “mobilidade”e “instabilidade” demográfica.“Nestes espaços urbanos”, explica oprofessor universitário, “as pessoasnão praticam o território a partirnecessariamente dosconstrangimentos próprios davizinhança, os amigos não sãonecessariamente aqueles que vivemao lado, as sociabilidades são maisde tipo eletivo”.Esta realidade leva a que “as

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comunidades também se possamconstituir a partir de itinerários quejá não são determinados pelo localde culto ou pela paróquia deresidência”, aponta. No casoespecífico das paróquias urbanas,Alfredo Teixeira considera que,apesar delas ainda serem “um meioprivilegiado de inscrição dapertença cristã”, entraram numafase de “remodelação profunda”.Nalguns casos, recorda aqueleresponsável, têm sidoimplementadas unidades pastorais“mais vastas” devido à “falta depadres” ou de “recursos”, mas “nemsempre essa forma

responde àquilo que é mais decisivoque são os itinerários,” percorridospelas pessoas, “no fundo, aquiloque traduz a vida urbana comocultura”.“Porventura estamos num momentoem que teremos de ter modelos deparóquia muito mais plurais”, quevão ao encontro de “estilos de vida”com “caraterísticas muitodiferenciadas”, conclui o diretor doInstituto Universitário de CiênciasReligiosas da Faculdade deTeologia.

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Alterações demográficasnas paróquias rurais

Nas paróquias rurais da zona oestedo Patriarcado de Lisboa, a matrizcatólica permanece bem enraizadana vida das comunidades, noentanto as alterações demográficasque se registaram nos últimos 10anos levantaram novas questõespastorais.Em entrevista à ECCLESIA, o padreJorge Sobreiro, responsável pelascomunidades da Azueira e Enxarado Bispo, dá como exemplo a“franja” de população que veiomorar para a zona mas que trabalhae passa a maior parte do tempo “nacintura urbana de Lisboa”.“São pessoas que não têm aquiraízes e às vezes mesmo o batismodos filhos e outras celebraçõesmarcantes da vida, como o Natal e aPáscoa” são passados “noutroslados com as famílias”, refere osacerdote.O padre de 34 anos, que trabalhanas duas paróquias do concelho deMafra desde 2006, dá conta

ainda de outra problemática, quepassa por renovar a fé daquelesque cresceram na Igreja Católicamas que agora já não a frequentam.“É aquela geração na casa dos40/55 anos que vem batizar os filhosmas que não está cá. Não quer dizerque estejam perdidos na vida, masdesligaram-se da Igreja”, aponta osacerdote.No próximo sábado, D. ManuelClemente vai tomar posse doPatriarcado de Lisboa e a entradasolene na diocese vai decorrer nodia seguinte, numa celebração às16h00 no Mosteiro dos Jerónimos.O prelado natural de Torres Vedrasregressa a um território que bemconhece depois de seis anos deserviço na Diocese do Porto.Antes de abraçar aquela missão, D.Manuel Clemente foi coadjutor dasparóquias de Torres Vedras e Runa,formador e reitor do Seminário dosOlivais, membro do Cabido da Sé deLisboa e bispo

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auxiliar da diocese em 1999, noapoio a D. José Policarpo.Para o padre Jorge Sobreiro,apesar dos desafios anteriormentecitados, o novo patriarca de Lisboavai deparar-se no caso específicodo Oeste com comunidadesfortementeorientadas para a fé católica, ondeas principais portas de entrada paraa Igreja são os sacramentos e asgrandes festas religiosas.

“Depois há situações da vidaconcreta de cada um que sãosempre portas de entrada”, apontao pároco, referindo-se sobretudo àcrise socioeconómica que tomouconta do país.“As pessoas aqui procuram ajudapara a sua vida, com todas estasdificuldades, e D. Manuel Clementevai com toda a certeza trazer umadinâmica de esperança” e também“esta dimensão da novaevangelização”, conclui.

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Novo patriarca recebeu pálioD. Manuel Clemente, novo patriarcade Lisboa, recebeu o pálio, insígnialitúrgica de honra e jurisdição daIgreja Católica, numa cerimóniapresidida pelo Papa, na Basílica deSão Pedro.A celebração, que se realizaanualmente na solenidade litúrgicade São Pedro e São Paulo (29 dejunho), decorreu no Vaticano,perante centenas de pessoas.No dia dos padroeiros de Roma, 34arcebispos nomeados nos

últimos 12 meses proferiram umjuramento no qual cada um secomprometeu a ser “sempre fiel eobediente” ao "beato Pedroapóstolo", à "santa, apostólica Igrejade Roma", ao Papa e seus"legítimos sucessores".Os pálios estiveram desde a noiteanterior junto do túmulo do apóstoloPedro, o primeiro Papa da IgrejaCatólica, e são transportadosdurante a celebração para junto deFrancisco, que os abençoa. O

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patriarca português foi o primeiro areceber a insígnia, num grupo queinclui três brasileiros e ummoçambicano, e leu o juramento,proferido em latim, em nome detodos.A imposição do pálio teve lugarjunto do altar da confissão doApóstolo Pedro, na Basílica doVaticano, e destina-se a sublinhar amissão do metropolita, que presidea uma província eclesiásticaconstituída por ua elevação à sedediocesana.

diversas dioceses.Lisboa foi elevada a metrópoleeclesiástica em 1393, Lisboa, sendoseu primeiro arcebispo D. JoãoAnes.Em 1716, o Papa Clemente XIelevou a capela real a basílicapatriarcal, ficando a antiga diocesedividida em duas até 1740, ano emque foi reunificada.Por privilégio concedido através deBula Pontifícia, o patriarca de Lisboaé nomeado cardeal pelo Papa noprimeiro consistório realizado após as

D. Pio Alves

O Papa Francisco nomeou D. Pio Alves como administrador apostólico daDiocese do Porto, depois de D. Manuel Clemente ter cessado funçõespara assumir o governo do Patriarcado de Lisboa. “Por nomeação de suasantidade o Papa Francisco, a partir do dia 1 de julho o senhor D. PioAlves desempenha as funções de administrador apostólico da Diocesedo Porto até à designação do novo bispo do Porto”, anuncia umcomunicado diocesano enviado à Agência ECCLESIA, na segunda-feira.D. Pio Gonçalo Alves de Sousa, de 68 anos, é um dos bispos auxiliaresda diocese e foi nomeado para o cargo a 18 de fevereiro de 2011, porBento XVI; a ordenação episcopal decorreu em Braga, a 10 de abril domesmo ano.O responsável preside atualmente à Comissão Episcopal da Cultura,Bens Culturais e Comunicações Sociais da Igreja.

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D. José Policarpo passou testemunho

O patriarca emérito de Lisboa, D.José Policarpo, despediu-se noúltimo sábado com uma apelo à“esperança” e ao testemunho da “féda Igreja”, projetando a suasucessão como bispo diocesano.“O senhor D. Manuel (Clemente),novo patriarca, e eu próprio, sódesejamos uma coisa: que a Igrejade Lisboa cresça, se consolidecomo povo crente, que quer ser nomeio da nossa sociedade umtestemunho da esperança, da visãoda vida como ela brota da sua uniãoa Cristo”, disse o cardeal, na homiliada missa a que presidiu no Mosteirodos Jerónimos, com a ordenação deseis sacerdotes.D. José Policarpo, de 77 anos,apresentou a sua renúncia ao cargoem 2011, por limite de idade,resignação aceite por Bento XVI econfirmada pelo Papa Francisco,que a 18 de maio nomeou comonovo patriarca de Lisboa o atéentão bispo do Porto, D. ManuelClemente.O cardeal apontou como prioridadeo “fortalecimento da

Igreja de Lisboa” e disse que elepróprio e o seu sucessor querem“contribuir” para esse objetivo.“Ambos amamos bastante estaIgreja para tudo fazermos, naverdade das nossas vidas, para queela cresça na verdade e nafidelidade”, prosseguiu.A intervenção deixou o pedido deque a fé seja “sempre a fé da Igreja,de toda a Igreja como povo crente enão a expressão da maneiraindividual de acreditar”. “A confissãoda fé da Igreja exige tanta renúncia,tanta humildade da inteligência,tanto sentido de corpo e decomunhão”, defendeu. A despedida foi sublinhada com umalonga salva de palmas pelosparticipantes, no final da missa.Antes, o bispo auxiliar D. JoaquimMendes tinha evocado perante ospresentes a “grande sensibilidade”do cardeal aos “problemas” domundo contemporâneo e o seu“sábio magistério de mestre da fé”.“Estamos gratos a Deus, que napessoa de vossa eminência, nos

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concedeu ao longo destes anos umpastor de sábia ousadia pastoral eteológica, com grande sensibilidadecultural e social”, afirmou.“Vai continuar connosco com a suaoração e a sua presença amiga,ajudando-nos a percorrer o caminhoda entrega generosa e da fidelidadea Cristo e à Igreja”,

declarou.Após a intervenção, D. JoaquimMendes procedeu à oferta de umaimagem de Nossa Senhora,momento selado com um abraço, aosom das palmas da assembleia, quese prolongaram por vários minutos.

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Francisco encerra trilogia de BentoXVI

A primeira encíclica do PapaFrancisco, denominada ‘Lumen fidei’(Luz da Fé), que vai serapresentada esta sexta-feira noVaticano, encerra a trilogia iniciadapor Bento XVI sobre as virtudesteologias (fé, esperança ecaridade).O agora Papa emérito publicou emjaneiro de 2006 a ‘Deus caritas est’(Deus é amor), um texto no qualBento XVI procura apresentar uma“fórmula sintética da existênciacristã”: Deus é amor e os cristãosacreditam nesse amor, fazendo delea “opção fundamental” da sua vida.A segunda parte da trilogia, ‘Spesalvi’ (Salvos na esperança) foiassinada em 2007 e aborda o temada esperança cristã, num mundodominado pela descrença e adesconfiança perante as questõesrelacionadas com o transcendente.

A palavra “encíclica” vem do grego esignifica “circular”, carta que o Papaenviava às Igrejas em comunhãocom Roma, com um âmbitouniversal, onde empenha a suaautoridade primeiro responsávelpela Igreja Católica. Esta forma demagistério nasceu com Bento XIV(1740-1758) e Francisco vai agoraassinar a 297ª encíclica na históriada Igreja.A publicação foi anunciada no últimodia 13 pelo portal de notícias doVaticano “news.va”, adiantando queFrancisco tinha anunciado a suaintenção de concluir o documentosobre o tema da fé iniciado porBento XVI.

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A conferência de imprensa deapresentação da ‘Lumen fidei’ contarácom a participação dos prefeitos daCongregação dos Bispos, cardealMarc Ouellet; da Congregação para aDoutrina da Fé, D. Gerhard LudwigMüller; e do Conselho Pontifício para aPromoção da Nova Evangelização, D.Rino Fisichella.

O título de uma encíclica é o começodo texto, na sua versão oficial emlatim.

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Papa visita ilha de LampedusaO Papa vai visitar na segunda-feiraa ilha italiana de Lampedusa, parase encontrar com imigrantes eevocar os que perderam a vida naregião. A viagem vai decorrer demanhã e da “forma mais discretapossível”, dadas as suas"circunstâncias particulares",inclusive no que diz respeito “àpresença dos bispos da região edas autoridades civis”, refere ocomunicado divulgado pela sala deimprensa da Santa Sé.Segundo o Vaticano, Francisco ficou“profundamente tocado pelo recentenaufrágio de uma embarcação quetransportava migrantesprovenientes de África”, a última deuma “série de tragédias análogas”.O Papa quer “rezar por todos osque perderam a vida no mar, visitaros sobreviventes e refugiados”presentes em Lampedusa,“encorajar os habitantes da ilha”,situada a sul da Itália, e “apelar àresponsabilidade de todos para quese tome conta destes irmãos e irmãsem extrema necessidade”, destacaa nota oficial.

Francisco vai chegar à ilha poucodepois das 09h00 locais (menosuma em Lisboa) e vai seguir debarco até ao porto local, lançandoao mar uma coroa de flores emmemória dos que perderam a vidano mar.O Papa é depois recebido por umgrupo de imigrantes antes da missano campo desportivo ‘Arena’, pelas10h00; no final da celebração, vaipassar pela paróquia de São Geral,partindo depois para o aeroporto,após aproximadamente três horas emeia de visita à ilha italiana.Esta será a primeira viagem parafora de Roma de Francisco, eleitocomo sucessor de Bento XVI a 13 demarço.

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Mudanças nas Finanças do Vaticano

Paolo Cipriani e Massimo Tulli,diretor e o vice-diretor do Institutopara as Obras de Religião (IOR), ochamado “Banco do Vaticano”,apresentaram esta segunda-feira asua demissão, “após muitos anos deserviço”, por considerarem que issoseria o “melhor” para os interessesdo IOR e da própria Santa Sé.O Conselho de Supervisão e aComissão de cardeais do institutoaceitaram esta demissão e pediramao presidente Ernst von Freybergque assuma as funções de direçãogeral, de forma interina, “com efeitoimediato”.Segundo este responsável, énecessária uma nova direção paraacelerar “o ritmo deste processo detransformação”.Esta quarta-feira, a Autoridade deInformação Financeira (AIF) daSanta Sé foi admitida como membrodo Grupo Egmont, que reúne asinstituições homólogas de mais de130 países a nível global.

Segundo o Vaticano, este é “umnovo passo na participação nestecompromisso internacional” contraos crimes financeiros.René Bruelhart, diretor da AIF evice-presidente do Grupo Egmont,diz que a admissão da Santa Sérepresenta o “reconhecimento dosesforços sistemáticos” dosorganismos centrais de governo daIgreja Católica e do Estado daCidade do Vaticano para “identificare combater a lavagem de dinheiro eo financiamento do terrorismo”.

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Voluntárias portuguesasperspetivam experiência de fédiferente

Ana Jesus e Rita Calejo integram ogrupo de 60 voluntáriosportugueses que vão participar nasjornadas mundiais da juventude, noBrasil, e esperam viver uma etapamarcante, tanto a nível humanocomo da fé. Em entrevistaconcedida à Agência ECCLESIA,Ana de Jesus destaca o ambientefervoroso que os jovens inscritospara o evento deste ano vãoencontrar no Rio de Janeiro, entre23 e 28 de julho.“Na América Latina vivem umaexperiência de fé bastante diferente,as pessoas têm a missão maisenraizadas nelas e isso pode ser umbom testemunho para trazer devolta”, realça a jovem da Diocese de

Leiria-Fátima. Ana de Jesus sublinhaainda a oportunidade que muitosgrupos portugueses vão ter decontactarem pela primeira ao vivocom o Papa Francisco, desde queele foi eleito a 13 de março desteano.Subordinada ao tema “Ide e fazeidiscípulos de todos os povos”, ajornada mundial da juventude temlugar pela segunda vez numa cidadesul-americana, depois de ter sidoacolhida por Buenos Aires, naArgentina, em 1987.O Papa vai participar nos atosconclusivos do evento internacionalpromovido pela Igreja Católica,naquela que será a sua primeiraviagem ao estrangeiro desde oinício do pontificado.Para Rita Calejo, a principal riquezado encontro está na forma como“jovens de todo o mundo expressamde forma tão aberta

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a sua crença e a sua fé”. “O EspiritoSanto que se respira é uma coisaextraordinária”, salienta a jovem daDiocese do Porto, que ainda tempresente o modo alegre e efusivocomo os brasileiros viveram as duasúltimas jornadas, em Sidney e

mais recentemente em Madrid.Segundo a voluntária portuguesa,“eles viviam tudo de uma formacompletamente entusiástica,festejavam, tocavam tambores ecantavam nas ruas até altas horasda noite” e agora no Rio isso deveráser também “uma constante”.

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Post tenebras luxNão é um filme fácil, o seu resultadonão será consensual, nem aspira àcoerência, no sentido daconformidade ou equilíbrio. E noentanto, tudo tem sentido. Não àprimeira vista.Com ‘Japón ‘ e Luz Silenciosa’,Prémio do Júri na edição de 2007de Cannes, Carlos Reygadas já nostinha demonstrado um invulgar graude exigência para o pleno acessoaos seus filmes, no sentido maisamplo e profundo dessaacessibilidade, que não resultasenão da mesma exigência, na suasempre liberdade criativa, queimpõe a si próprio enquantocineasta.Na sua primeira longa metragem,‘Japón’ - partindo da desilusão deum homem que à beira do suicídioencontra no campo e numa mulher,Ascen, a possibilidade deredescoberta do sentido da vida -, aextraordinária combinação derealismo e misticismo, entrepaisagens agrestes e de uma rarabeleza, gerindo narrativa edocumentário, afirmaram-no comoum realizador a reter no panoramacinematográfico mexicano,

reforçando a capacidadeinterrogativa e ascética da sétimaarte. Essa nova cinematografiamexicana, que nasce com o adventodo século XXI, é acompanhada poroutros da sua geração (nascidos em60/70) como Lucrecia Martel ouFernando Eimbcke. ‘Batalha no Céu’e ‘Luz Silenciosa’, obras seguintesde Reygadas, prosseguem o seuestilo livre, comprometido eimprevisível, fortemente empenhadono pleno uso dos recursosnarrativos do cinema, que pedemmuito menos meios de produção doque génio e destemor naexploração, nada gratuita, nadafacilitista e nada linear, do humano edo transcendente, do trágico e dobelo, com uma evidente marcareligiosa – menos no que afirma doque no que questiona.Inspirado no Livro de Job 17,12‘Post Tenebras Lux’ (depois dastrevas, a luz, segundo a Vulgata) é ogrito (e)levado ao cinema de umahumanidade desgastada pelo seupróprio ritmo e ‘progresso’, pelaperda de sentido de vida, de lugarno mundo. Grito

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seguido de um ‘diálogo’estabelecido entre uma família,Juan, Natalia e os filhos Rut eEleazar, na sua experiência dedeserto, e o novo espaço, interior eexterior, individual e comunitário, onovo conceito de casa, de ‘ser’ e de‘estar’, em que se redimensionamao partir da cidade para o campo,onde procuram nova vida.Uma sequência de interpelações àvez enigmáticas, harmoniosas,estridentes, belas, incómodas,tocantes e cruas, que vãoganhando progressivo significadocomo num puzzle e que trazem aosnossos dias, à possibilidadesimbólica do cinema e à nossacapacidade de reflexão e ascese, ocaminho desde a devastadoraexperiência do mal ou dosofrimento, de que nenhum humanoestá isento, à portentosacapacidade de superação etransformação, no sentido datranscendência.

Com a mesma coragem com que oLivro de Job expõe o dramatismo daexperiência humana e através deledescobre uma renovada experiênciareligiosa, Carlos Reygadas pretereas lei da conveniência e darentabilidade, que assistem aabordagens cinematográficas oraassépticas, ora visualmentechocantes da pretensa experiênciade Deus, em favor de uma profundameditação, sem concessões,questionante e modificadora. Umaobra nascida do seu inconsciente ecom muito de autobiográfico, dandocorpo ao que considera ser o seurealismo, construído, nas palavrasdo próprio, sobre sonhos, memórias,fantasias e projecções do futuro quenunca acontecem.Um filme definitivamente destinado aadultos, que exige uma maturidadee uma leitura muito para além doóbvio.

Margarida Ataíde

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Ciência Viva no Verãowww.cienciaviva.ptTendo em conta que entramos numaépoca de férias, onde adisponibilidade e o tempo para afamília aumenta, o ideal seráaproveitarmos esse período comelevada qualidade. Esta semana, anossa sugestão recai sobre oprojeto da responsabilidade daAgência Nacional para a CulturaCientífica e Tecnológica, designadopor Ciência Viva. Maisconcretamente, vamos olhar oprograma Ciência Viva no Verão,que é ótimo para ser realizado emfamília!Ao clicarmos no item “ciência vivano verão”, encontramos propostasque se encontram disponíveis de 15de Julho a 15 de Setembro, e quepassam por “passeios científicos,observações astronómicas, visitas aobras de engenharia, castelos efaróis, em todo o território nacional,na companhia de especialistas deinstituições científicas,

museus, centros ciência viva,associações e empresas”. Nesseespaço pode pesquisar num mapainterativo todo os eventos que vãoocorrer neste Verão. Concretamenteirão acontecer momentos de:“Astronomia no Verão” quepretendem levar as pessoas a“observar as estrelas, os planetas eos objetos longínquos nofirmamento, sempre na companhiados astrónomos e dos seustelescópios”; “Geologia no Verão”que inclui “visitas guiadas em todo opaís revelam como a história daTerra modelou as nossas paisagens.Uma viagem pelo passado dedunas, fósseis, cidades egeomonumentos”; “Biologia noVerão” que vai “descobrir com osbiólogos a vida em sapais, jardins,praias e estuários”; “Engenharia noVerão” onde se irá encontrar “asgrandes obras da engenhariaportuguesa. Das telecomunicaçõesà

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geração de energia, do controle detráfego à produção vinícola”; “Faróisno Verão” onde somos convidados aassistir “ao acender do farol edeixarmo-nos envolver pela ótica epelo mundo da navegação costeira.Uma iniciativa em colaboração coma Marinha Portuguesa”; “Ciêncianos Castelos” onde irão serrealizados passeios científicos “porcastelos e fortalezas que marcarama História do nosso país. Ageografia, a arquitetura, a pedrausada na construção e as batalhasque lá se travaram”.De facto, aqui só destacamos umitem, mas neste sítio temos aodispor uma quantidade enorme deprojectos e propostas que seestendem por todo o ano e quevalem bem a pena serem incluídosnos nossos tempos livres.

Fernando Cassola Marques

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Publicações apresentamnovo patriarca de LisboaO novo patriarca de Lisboa éalguém com “muito a dizer” àIgreja e à sociedade em Portugal,considera o jornalista PauloRocha, autor do livro-entrevista‘Uma casa aberta a todos’(Paulinas Editora), com D. ManuelClemente.“D. Manuel Clemente olhousempre para a possibilidade depresença num programa detelevisão ou de resposta aosjornalistas como hipótese dediálogo cultural que queria fazer,porque tem muito a dizer”, afirmao diretor da Agência ECCLESIA.Paulo Rocha recorda a “empatiamuito grande” nas centenas dehoras gravadas com D. ManuelClemente, que há 15 anosmantém uma rubrica semanal,atualmente denominada ‘Opassado do presente’, noPrograma ECCLESIA (RTP 2)sobre História da Igreja, agora nasua reta final.O prelado, agraciado com oPrémio Pessoa em 2009, éapresentado num “núcleo

extenso” de entrevistas, duas delasrealizadas já após a nomeaçãopontifícia, a 18 de maio, onde sepassa em revista a vida e obra donovo patriarca, abordando ostemas em debate e as expectativasdesta hora de mudança.“Diante de enormes desafios,porque estamos numa mudança deépoca, aquilo que D. Manuel(Clemente) vai repetindo é que épreciso estar, ir ensaiando,adiantando o contributo que aIgreja Católica tem para dar a cadatempo”, observa Paulo Rocha.O livro da Paulinas Editoraapresenta depois uma espécie de‘dicionário’ de A a Z sobre opensamento de D. ManuelClemente e um percurso fotográficoda sua vida.

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Apresentação à DioceseO patriarca de Lisboa vai ter “umavoz forte” no diálogo com asociedade e no governo da diocese,afirma um dos autores da nova obraque apresenta o percurso e a obrade D. Manuel Clemente.“Procuramos olhar para a sociedadee saber que o patriarca vai ter umavoz forte, uma voz firme que terá dese pronunciar sobre uma série deassuntos, mas também para adiocese”, refere Ricardo Perna, quecom José Carlos Nunes e SílviaJúlio, da revista ‘Família Cristã’,assina o livro ‘D. Manuel Clemente –Patriarca da Lisboa’ (PAULUSEditora).Esta obra apresenta uma biografiado recém-eleito patriarca de Lisboae um elenco dos “desafios” que oaguardam. Ricardo Perna justifica anecessidade de se olhar para adiocese, “única no país”, frisandoque “o trabalho do bispo éessencialmente cuidar das suasovelhas”.Áreas como a catequese, a açãosocial, a reorganização da diocese,a formação do clero, a juventude, asecularização e o diálogo com asociedade civil são apresentadascomo prioritárias

no início do trabalho do sucessor deD. José Policarpo.O livro relata diversos episódios davida de D. Manuel Clemente,passando em revista a relação coma família e com os amigos, as raízesda sua vocação e as suas ‘paixões’– “por Cristo, pela Igreja, peloconhecimento, pela História, peloescutismo e muitas outras”.Num segundo momento o livroapresenta um pequeno glossáriocom o pensamento de D. ManuelClemente sobre temas como “Igreja,Alegria, Ateísmo, Celibato, CriseSocial, Solidariedade”, entre outros.

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A juventude na época conciliar Quando se aproxima a realização de mais umas

Jornadas Mundiais da Juventude, este ano no Rio deJaneiro – Brasil, e no ano em que se comemora ocinquentenário do II Concílio do Vaticano (1962-65)convém recordar uma frase proferida por D. ManuelAlmeida Trindade: “A juventude é a negação docepticismo, das acomodações, dascontemporizações, às vezes até da prudência,mesmo quando esta é virtude cardeal”.O padre conciliar e antigo bispo de Aveiro referiunessa conferência, em Agosto de 1963, noencerramento da «II Semana de EstudosMissionários», que a “Igreja precisa dos jovens” eque foi “numa cristandade jovem que surgiu pelaprimeira vez a ideia missionária”.Para D. Manuel Almeida Trindade, na conferência «Amissão dos jovens e a catolicidade da Igreja», nareferida semana, que “mal vai a juventude quandoela deixa extinguir dentro de si a ânsia de progresso,de enobrecimento e de ideal” porque esta camadapopulacional “é a esperança de todos osmovimentos, qualquer que seja a sua natureza, e detodas as sociedades: da sociedade política como dasociedade eclesial”.Já na década de 60 do século anterior, o preladoaveirense fazia referência às «verdadesenlouquecidas». “Todos nós sabemos a fascinaçãoque elas exercem sobre o coração

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dos jovens, atraídos pelo ideal dajustiça, da fraternidade universal epela miragem de um «corpomístico» e dum messianismo, que ospostulados materialistas e ateusconvertem numa autêntica «anti-igreja»”.Perante esses caminhos nebulosos,o padre conciliar aconselha: “não hácaminho de libertação para osjovens seduzidos ou tentados pelamística da «anti-Igreja» senãopregar-lhes a mística da Igreja”.Quando um jovem acaba pordescobrir a igreja e “viver nela,explode dentro dele a preocupaçãomissionária”.Passados 50 anos do início dagrande assembleia eclesial,convocada pelo papa João XXIII, étempo de reforçar as palavras de D.Manuel Almeida Trindade “mais doque a Divina Comédia, a Igreja é ogrande «Poema»” (falo de poema,no sentido etimológico da palavra) eque coloca a mão no céu e na terra.Neste sentido é lícito associar amissão dos jovens e construção daIgreja.O catolicismo anda à busca dacatolicidade; “não o faz, porém, semdores, sem esforço e sem luta”,sublinhou o prelado de

Aveiro. A história da Igreja é,fundamentalmente, a história destabusca e desta luta. “Dramagigantesco em que têm um papel adesempenhar os homens todos”,acrescenta.Ao responder à questão «Que é acatolicidade?», o padre conciliarelucidou os presentes na II Semanade Estudos Missionários, realizadana Faculdade de Letras daUniversidade de Coimbra, que nema palavra «católico» nem os seusderivados «catolicismo» e«catolicidade» se encontram nostextos inspirados. A primeira vez quea palavra «católico» apareceu emescritos cristãos é na carta de SantoInácio de Antioquia aos habitantesde Esmirna. Depois de Santo Inácio,a palavra vai-se tornando cada vezmais frequente na linguagem dosescritores eclesiásticos e ossentidos que nela estão implícitosvão-se patenteando à luz dareflexão teológica.Nas Jornadas Mundiais daJuventude deste ano, no Rio deJaneiro, os jovens vão mostrar queo catolicismo está vivo, tal como nasprimeiras comunidades cristãs.

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julho 2013

Dia 05* Vaticano - Apresentação daprimeira encíclica do PapaFrancisco denominada «Lumenfidei» (Luz da Fé). * Braga - claustro lateral doauditório Vita - Sessão do ciclo decinema ao ar livre com o tema“Olhar o mundo com os olhos da fé”.* Porto - UCP - Seminário «Alimentaro Mundo – Dia Internacional daCooperação» promovido pelaEscola Superior de Biotecnologia(ESB) da UCP Porto. * Açores - Ponta Delgada (MuseuCarlos Machado) - Conferênciasobre «Cântico dos cânticos: doamor profano ao amor divino» porPaulo Meneses e integrada no ciclo«A Bíblia na literatura e nas artes».

* Algarve - Lagoa - Celebração deenvio dos jovens algarviosparticipantes nas Jornadas Mundiaisda Juventude. Dia 06*- Lisboa - Sé - Tomada de posse donovo patriarca de Lisboa, D. ManuelClemente. * Lisboa - UCP (Sala de Exposições)- Sessão sobre «Religião e açãosocial em Portugal» integrado noSeminário de História ReligiosaContemporânea e promovido peloCentro de Estudos de HistóriaReligiosa. * Beja - Comporta (Centro Culturalda Comporta) - Cerimónia deentrega dos Prémios Internacionais«Terras Sem Sombra 2013». * Fátima - Auditório dos Missionáriosda Consolata - Iniciativa «Conversascontemporâneas da Consolata». * Braga - Celorico de Basto (S.Romão do Corgo) - Romagem aotúmulo do servo de Deus, Bernardode Vasconcelos.

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* Lisboa - Peniche - Sessãocomemorativa do Dia Internacionaldas Cooperativas.* Porto - Gondomar (Monte Castro) - V Encontro de Coros Infanto-Juvenis promovido pela Paróquia deGondomar - S. Cosme e GrupoCoral kyrios. * Algarve - Monchique - Encontro deD. Manuel Quintas com os diáconospermanentes da diocese.* Bragança - Mirandela - ConselhoDiocesano da Pastoral.* Funchal - Congresso«Empreendedores locais».* Porto - Gaia (Carvalhos - AuditórioClaret) - Festas das Missões comconcerto solidário com as missõesclaretianas em São Tomé e Príncipepelo padre José Luis Borga.* Fátima - Peregrinação da FamíliaEspiritana sobre «Com Maria,Caminhemos na Fé». (06 e 07)* Fátima - Peregrinação da FamíliaCarmelita ao Santuário de Fátima.(06 e 07)* Porto - Ermesinde - Curso parajovens sobre «Espiritualidade doserviço por amor: O MovimentoOásis ao serviço daIgreja» promovido pelo MovimentoOásis. (06 e 07)

* Porto - Maia - Missão Jovempromovida pelos MissionáriosCombonianos. (06 e 07)* Coimbra - Tábua - Festa dasfamílias da Unidade Pastoral deTábua (15 paróquias) sobre «A Fé:A alegria na vida e no coração deum povo». (06 e 07) Dia 07* Porto - Maia (Grande auditório doFórum da Maia) - Espectáculo desolidariedade para o Banco de LeiteSão Tomé e Príncipe com o grupoMam´África. * Setúbal - Auditório da Anunciada - Assembleia diocesana doRenovamento Carismático com otema «Felizes os que acreditam». * Braga - Santuário do Sameiro - Peregrinação dos Frágeis. * Lisboa - Galeria «Arte da Terra»(Junto à Sé de Lisboa) - Encerramento (início a 01 de junho)da exposição sobre «Santo António -Algures entre o culto e a Arte».* Lisboa - Entrada solene de D.Manuel Clemente como Patriarca deLisboa.

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Ano C – 14º Domingo do TempoComum

A seara égrande. Ide,envio-vos!

As leituras deste 14.º domingo do tempo comumindicam-nos sentidos diversos, mas nelas domina atemática do envio. Na figura dos 72 discípulos doEvangelho, na figura do profeta anónimo que fala aoshabitantes de Jerusalém do Deus que os ama ou nafigura do apóstolo Paulo que anuncia a glória da cruz,somos convidados a tomar consciência de que Deusnos envia a testemunhar o seu Reino.Jesus dirige-se, primeiramente, a 72 discípulos quedesignou para além dos Doze Apóstolos. Os nomestêm muitas vezes um sentido simbólico. A traduçãogrega do capítulo 10 do Génesis apresenta uma listade todas as nações que povoam a terra: sãoprecisamente 72.Podemos, assim, compreender que Jesus envia osdiscípulos a todas as nações. A missão de anunciar oEvangelho não está reservada apenas ao grupo dosDoze, é confiada a todos os discípulos, para irem atéaos confins da terra. É toda a Igreja que é missionáriae está constantemente em missão.«A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos.Pedi ao dono da seara que mande

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trabalhadores para a sua seara». Énesta palavra do Evangelho que sebaseia a oração pelas vocações, emparticular pelas vocações aoministério presbiteral.Rezar pelas vocações é pedir aDeus para fazer de cada batizadoum testemunho da Boa Nova dasalvação dada em Jesus. E se ostrabalhadores são poucos, é talvezporque os batizados não estãoainda suficientemente conscientesda sua missão.Em Igreja, não deveria havercristãos que se contentam em serconsumadores espirituais. Todossão chamados a ser pedras vivas.Além disso, a seara não pertenceaos ceifeiros. É a seara do mestre,que envia trabalhadores para a suaseara. Não se trata de um merodetalhe. É Deus que, em Jesus,semeou a boa semente. Este grão,de seguida, cresceu sozinho, até aotempo da

ceifa. Os trabalhadores vêmrecolher o fruto de um trabalho queos precedeu. Os ceifeiros nuncadevem esquecer que um Outro estáem ação há muito tempo no coraçãodas pessoas para nelas semear ogrão do seu amor.Todo o ministério na Igreja está aoserviço do Espírito Santo, jápresente no segredo de cada serhumano. Assim, compreendemosmelhor o porquê de estes servosnão deverem agir como se o êxitodo seu ministério dependesseexclusivamente dos seus esforços!“A seara é grande, mas ostrabalhadores são poucos. Ide!Envio-vos!” Que a nossa respostaseja de andarmos sempre emmissão, em particular neste tempode verão em que podemostestemunhar a nossa fé em tantassituações e caminhos de encontrose presenças.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa 12h15 - Oitavo Dia

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 11h30Domingo, dia 07 - O patriarcade Lisboa e desafios doPatriarcado. RTP2, 18h00Segunda-feira, dia 08 -Entrevista. Jornada Mundialda Juventude: apresentaçãoda delegação de Portugal.Terça-feira, dia 09 - Informação e rubrica sobre oConcílio Vaticano II com padreTony Neves;Quarta-feira, dia 10 - Informação e rubrica sobre aJornada Mundial da Juventude;Quinta-feira, dia 11 - Rubrica "O Passado doPresente", com D. Manuel ClementeSexta-feira, dia 12 - Apresentação da liturgia dominicalpelo padres Armindo Vaz e frei José Nunes. Antena 1Domingo, dia 30 de junho, 06h00 - Olhares dadiocese do Porto sobre ação pastoral de D. ManuelClemente. Desafios em Lisboa do novo Patriarca. Segunda a sexta-feira, dias 8 a12 de julho, 22h45 -Conheça algumas bandas e artistas que vão atuar na6ª edição do Festival Jota.

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- Esta sexta-feira, no âmbito do Dia Internacional daCooperação (6 de julho), a Escola Superior deBiotecnologia do Porto vai promover a partir das15h00 um seminário com entrada livre sobre “aimportância da cooperação, da ciência e datecnologia” no desenvolvimento de novas soluções“para alimentar a população mundial”. - O Santuário do Sameiro, em Braga, vai acolher estedomingo às 15h00 a segunda edição da Peregrinaçãodos Frágeis, destinada a “pessoas que vivem adeficiência, a dependência, a velhice, a doença físicaou psíquica, a solidão, a discriminação, a reclusão, oluto, a marginalidade, o abandono ou ainstitucionalização” - Na quarta-feira, pelas 19h00, o Instituto UniversitárioJustiça e Paz em Coimbra vai inaugurar a exposição“O olhar dos sem-abrigo”. - A sala da Sociedade Científica da UniversidadeCatólica de Lisboa - Edifício da Biblioteca, 1º piso - vaiser palco na quinta-feira, dia 11 de julho, de umajornada de estudo sobre a “imprensa católica noséculo XX”. A sessão marcada para as 11h00 é abertaao público e todos os interessados devem enviar osseus dados (nome, atividade e instituição dereferência) através do [email protected]

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Aplicações Pastorais

JMJ Estamos a 19 dias das Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ),que decorrerão no Rio de Janeiro entre os dias 23 e 28 de julho,subordinadas ao tema Ide e fazei discípulos entre todas asnações! (cf. Mt 28, 19).Propomos hoje 3 aplicações: duas que nos permitirãoacompanhar o evento e uma destinada aos voluntários dasJornadas. 1. Siga a CruzÉ uma aplicação oficial da JMJ Rio2013, que permite acompanharvia smartphone ou tablet, passo a passo, o trajeto dos símbolos daJMJ (a cruz peregrina e o ícone de Nossa Senhora) pelo Brasil.O objetivo desta aplicação de geolocalização é exibir de formadinâmica o trajeto percorrido pela Cruz da JMJ Rio2013. Permitea interação dos usuários via Twitter e Facebook, bem como apossibilidade de aceder à galeria de fotos.Quanto ao seu funcionamento, através do círculo azul ficamos asaber a posição atual; do círculo verde mostra todos os locais quejá foram visitados; o círculo vermelho indica a posição atual daCruz com informações da região e poções de como lá chegar; ocírculo amarelo indica todos os locais que serão ainda visitados.É uma aplicação gratuita. LinksiPhone | iPad | Android

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Coreia do Norte: a história (quase) esquecida doscristãos

A semente da fé não morreuNo país mais fechado do mundo,onde a prática religiosa éproibida, chegam sinais de queo povo não se esqueceu dassuas raízes cristãs. O padre Lee Eun-hyung, secretário-geral da Comissão para aReconciliação do Povo Coreano eum dos sacerdotes católicos quemelhor conhecem a Coreia doNorte, fala de um país destroçadopor um regime impiedoso e afirmaque, por isso, é difícil até falar numa“Igreja clandestina”. Porém, otestemunho de refugiados norte-coreanos que conseguem fugir dopaís alimenta a esperança de queainda há uma comunidade de féneste país.Esses testemunhos, diz o padre Leeà Fundação AIS, referem "mulheresidosas sentados em círculo,ocupadas a contar grãos esussurrando como se estivessem arecitar o rosário”. O padre Lee Eun-hyung esteve em Pyongyang, acapital da Coreia do Norte por trêsvezes nos últimos oito anos. As suaspalavras são o resultado

do que viu e ouviu, mais até do quedas suas convicções pessoais.“Acreditamos que pelo menos 10 milnorte-coreanos continuam a cultivara fé católica no mais fundo dos seuscorações, mas é difícil acreditar quepossa existir uma Igreja clandestinana Coreia do Norte”. Campos de concentraçãoPorém, no último Relatório sobreLiberdade Religiosa no mundo, daresponsabilidade do governo norte-americano, é referida a existênciade “inúmeros casos de membros deigrejas clandestinas presos,maltratados, torturados ou mortosdevido às suas crenças religiosas”.O documento fala em milhares depessoas detidas em condiçõesinimagináveis apenas por causa dodelito da fé. “Estima-se que entre100 mil e 200 mil presos políticostêm sido mantidos em campos deprisioneiros em áreas remotas,alguns deles por motivosreligiosos.” Quando se deu a divisãodas Coreias, em 1945,

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Pyongyang era considerada como aJerusalém do Oriente. Hoje, depoisda expulsão de sacerdotes e freiras,da prisão de missionários, o regimecomunista coreano quase se podeufanar de ter eliminado a fé cristã. Ajuda humanitáriaA Coreia do Norte é hoje um paísque parece parado no tempo, nosanos cinquenta do século passado.Falta tudo a uma população famintagovernada por um poder deliranteque ameaça o mundo com oholocausto nuclear. A ajudahumanitária que chega aos norte-coreanos (alimentação,medicamentos,

carvão…) através da Igreja daCoreia do Sul – é assim que o padreLee consegue visitar Pyongyang -representa mais do que tudo aquiloque é entregue na fronteira para serdepois distribuído ao povo. Estaajuda, de uma vasta cadeia desolidariedade em que participa aFundação AIS, representa a certezade que o povo norte-coreano nãoestá sozinho e que as suas oraçõessão escutadas, mesmo quandoapenas ditas em sussurros, ouentoadas nos campos deconcentração do regime. Poucospovos precisam tanto da nossaajuda! Saiba mais em: www.fundacao-ais.pt

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LusofoniasCABO VERDE

‘Morabeza e Sodade’

Tony Neves

Em Cabo Verde é ‘obrigatório’ saber pronunciaras palavras ‘morabeza’ e ‘sodade’. Não se tratade uma questão de linguagem, tradição oucortesia. De facto, o povo destas Ilhas atlânticas‘obriga-nos’ a sentirmo-nos sempre em casa. Aarte de bem acolher está-lhes no sangue e nocoração. A ‘morabeza’ não é estratégia decaptação de simpatia, mas imagem de marca dasgentes deste país lusófono. Quanto à ‘sodade’, éum sentimento normal de quem passa a vida demalas feitas, com constantes partidas echegadas. Por isso, é normal que leve e traga assuas gentes queridas no coração. É humano e ébom. Cruzar ‘morabeza’ com ‘sodade’ ajuda aestar bem, fora e dentro das fronteiras do país,ou melhor, ajuda a derrubar fronteiras.Mas há mais coisas lindas a dizer sobre estepovo. Têm saído a público muitos relatórios eindicadores de organizações internacionais (acomeçar pela ONU) que falam de boagovernação, estabilidade económica, sistemapolítico multipartidário, paz social,desenvolvimento sustentado, tolerância religiosa.Para um país que tem muito poucos recursoseconómicos, esta situação parece quase ummilagre. E é. Porque só um povo com valores nocoração e vontade de trabalhar pode ter feito deCabo Verde este ‘oásis’ de paz, democracia erespeito pelos

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direitos humanos… no ‘deserto’africano que teima em mostrar aomundo problemas muito sérios.Dez anos depois da última visita,encontrei agora a Ilha de Santiagomuito mudada. E para melhor. Aurbanização e a construçãoapresentam mais qualidade, a Praiatem novo aeroporto e auto-estradas, os pisos estão semburacos, o parque automóvel émuito bom, há novas escolas ecentros de saúde, o comércio estámodernizado, as condições desaneamento e higiene estãocuidadas…Nota-se que a qualidadede vida do povo

cabo-verdiano deu um grande salto.E a Igreja? Também mudou muito.Tem dois Bispos (D. Arlindo na Praiae D. Ildo no Mindelo), tem algunspadres diocesanos jovens,bastantes Irmãs e um laicadocomprometido. As celebrações sãovivas e com muitos jovens ecrianças. Há futuro, que é precisoconstruir sobre a base sólida deuma evangelização onde osEspiritanos e os Capuchinhos deramo melhor de si.Parabéns, Cabo Verde, por mais umaniversário de independência compaz, progresso e são convivênciasocial.

“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ouem www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC –Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”

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“As minhas palavras vão cheias do grande afeto que sempremantive por todas e cada uma das terras e populações que,de Lisboa a Alcobaça e do Ribatejo ao Atlântico, integram oPatriarcado de Lisboa. Falo das comunidades cristãs e dequantos, ministros ordenados, consagrados e fiéis leigos,nelas dão o seu melhor nas diversas concretizaçõesapostólicas”(Da Saudação de D. Manuel Clemente ao Patriarcado de Lisboa)

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