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Doc_trabalho_weblabs Random (II) D OCUMENTO OCUMENTO RELATIVO RELATIVO ÀS ÀS SESSÕES SESSÕES DE DE TRABALHO TRABALHO NO NO TEMA TEMA R ANDOM ANDOM DESENVOLVIDAS DESENVOLVIDAS EM EM V V ALE ALE DE DE M M ILHAÇOS ILHAÇOS Nota: Este documento constitui a continuação da análise às sessões de trabalho desenvolvidas em Vale de Milhaços, no âmbito do tema Random. Assim, a descrição relativa aos itens: Espaço físico e recursos disponíveis; Organização institucional; Caracterização dos alunos Encontra-se no documento anterior (“Documento relativo à primeira sessão de trabalho desenvolvida em Vale de Milhaços no âmbito do Aleatório”). Neste documento será apresentado o plano de trabalho da 2ª à 8ª sessão 1 , analisar-se-á o trabalho desenvolvido tendo por base as transcrições e material construído pelos alunos. Em apêndice encontram-se as tarefas propostas e as transcrições. Plano de trabalho Sessão Objectivos 2ª - 27 Abril 2004 Aferir nos significados que atribuímos às expressões “por acaso”, “ao acaso”, 1 Da 3ª à 7ª, as sessões foram dividas em duas partes distintas. Nos primeiros 45 minutos foi realizado um trabalho com os alunos presentes que teve por objectivo realizar um web report conjunto para apreciar a actividade guess my robot. Na segunda parte da sessão, já com todos os elementos do grupo presentes, foram realizadas tarefas no âmbito do Random. As transcrições incidem apenas sobre o trabalho no âmbito do Random. 1

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DDOCUMENTOOCUMENTO RELATIVORELATIVO ÀSÀS SESSÕESSESSÕES DEDE TRABALHOTRABALHO NONO TEMATEMA RRANDOMANDOM

DESENVOLVIDASDESENVOLVIDAS EMEM V VALEALE DEDE M MILHAÇOSILHAÇOS

Nota: Este documento constitui a continuação da análise às sessões de trabalho desenvolvidas

em Vale de Milhaços, no âmbito do tema Random. Assim, a descrição relativa aos itens:

Espaço físico e recursos disponíveis;

Organização institucional;

Caracterização dos alunos

Encontra-se no documento anterior (“Documento relativo à primeira sessão de trabalho

desenvolvida em Vale de Milhaços no âmbito do Aleatório”). Neste documento será

apresentado o plano de trabalho da 2ª à 8ª sessão1, analisar-se-á o trabalho desenvolvido tendo

por base as transcrições e material construído pelos alunos. Em apêndice encontram-se as

tarefas propostas e as transcrições.

Plano de trabalho

Sessão Objectivos

2ª - 27 Abril 2004 Aferir nos significados que atribuímos às expressões “por

acaso”, “ao acaso”, “aleatório”e “não aleatório”;

Construir, em web reports, frases representativas de situações

“aleatórias”e “não aleatórias” (Tarefa B);

Discutir as frases construídas.

3ª - 11 Maio 2004 Concluir a discussão das frases construídas na Tarefa B;

Discutir os significados que atribuímos às expressões

“previsível” e “não previsível”;

Construir, em web reports, frases representativas de situações

“previsíveis” e “não previsíveis” (Tarefa C).

4ª - 18 Maio 2004 Discutir as frases construídas na Tarefa C;

Aferir nos significados que atribuímos às expressões

1 Da 3ª à 7ª, as sessões foram dividas em duas partes distintas. Nos primeiros 45 minutos foi realizado um trabalho com os alunos presentes que teve por objectivo realizar um web report conjunto para apreciar a actividade guess my robot. Na segunda parte da sessão, já com todos os elementos do grupo presentes, foram realizadas tarefas no âmbito do Random. As transcrições incidem apenas sobre o trabalho no âmbito do Random.

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“previsível” e “não previsível”;

Discutir o significado que atribuímos à expressão “de certeza” e

distingui-la de “previsível”;

Aferir no significado que atribuímos à expressão “de certeza”;

Jogar jogos no intuito de os classificar como “previsíveis” ou

“não previsíveis” (jogo do 24, xadrez, abalone, 4 em linha e

jogo do galo).

5ª - 25 Maio 2004 Discutir os jogos utilizados na sessão anterior;

Aferir nos significados que atribuímos às expressões “jogo

previsível” e “jogo não previsível”;

Completar a Tarefa C.

6ª - 1 Junho 2004 Aferir nos significados que atribuímos às expressões “jogo

previsível” e “jogo não previsível” (conclusão);

Discutir as frases escritas acerca de “jogo previsível” e “jogo

não previsível”;

Discutir o webreport “Phase1: final report on task C”2

7ª - 8 Junho 2004 Elaboração de um webreport relativo ao trabalho realizado com

os jogos trabalhados, no âmbito da tarefa C3.

8ª - 15 Junho 2004 Elaboração de um glossário com todos os conceitos discutidos

ao longo das sessões sobre o tema Aleatório4.

Análise da discussãoA discussão de conceitos constituiu a forma de trabalho mais frequente ao longo das sessões.

Os alunos trabalharam maioritariamente em grande grupo, interrompendo para a construção

de web-reports que era feita individualmente ou a pares. Foram discutidas não só as noções

introduzidas no âmbito das tarefas propostas, mas também situações referidas

espontaneamente pelos alunos ou escritas nos seus web-reports. As discussões não tinham um

carácter muito estruturado: os alunos eram convidados a intervir sempre que pretendessem. Da

análise das transcrições verifica-se que a professora procurou adoptar um papel pouco

2 http://www.weblabs.org.uk/wlplone/Members/Classe2A/my_reports/Report.2004-01-19.4817/index_html3 http://www.weblabs.org.uk/wlplone/Members/RitAlexandra/my_reports/Report.2004-06-08.0931/index_html4 http://www.weblabs.org.uk/wlplone/Members/RitAlexandra/my_reports/Report.2004-06-15.2757/index_html

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interventivo, embora nem sempre o tenha conseguido. No entanto, é também possível concluir

que, em muitas das situações é ela quem dá o “pontapé de saída” para as discussões.

Ao longo das sessões procurou-se estimular a autonomia dos alunos no que se refere ao modo

de trabalho, no entanto, os resultados nem sempre foram positivos, pois os alunos “perdiam-

se” nas tarefas a realizar, acabando por discutir sobre outros assuntos ou ocupar-se de outras

actividades (por exemplo consultas de e-mail, conversas em chat’s).

As discussões sobre os significados de expressões como “por acaso”, “ao acaso”, “previsível”,

entre outras, constituíram momentos importantes no trabalho realizado com os alunos no tema

Random. Nestas discussões a participação da maior parte dos alunos foi activa, procurando

cada um mostrar a sua perspectiva acerca do assunto discutido, mesmo que isso implicasse

discordar com outros colegas ou com a professora. [3ª sessão linha 77 a 87; 6ª sessão linha 82

a 96; 7ª sessão linha 50 a 55]. Embora em alguns momentos procurem na professora a

respostas a questões que estejam a ser discutidas, é possível verificar que ao longo das sessões

a professora deixa de ser encarada como um elemento do grupo detentor de respostas e passa a

ver vista principalmente como um elemento estimulador e participativo das discussões.

Contestar, questionar ou contrariar a opinião expressa pela professora torna-se uma situação

legítima e normal. Esta atitude e postura adoptadas pelo grupo de alunos, que caracterizam

como “sendo totalmente diferente das aulas normais”, permitiu-lhes alcançar um progressivo

controlo do desenvolvimento das sessões e do ritmo de trabalho.

Apesar de, à partida, os alunos não estarem em total concordância uns com os outros, foi

surgindo a necessidade de aferir sobre os significados dos conceitos discutidos. Portanto, a

discussão dos conceitos teve como objectivo final chegar a um significado com que o grupo se

identificasse. Por isso mesmo, encontram-se várias situações em que a professora procurou

reunir diferentes argumentações que surgiram e levar os alunos a estabelecer uma conclusão.

[3ª sessão linha 110 a 149]. No entanto, pôde-se verificar também em várias situações que

nem todos os alunos se apropriaram dos significados construídos em grupo. Por exemplo, nas

sessões em que foram trabalhados jogos previsíveis e não previsíveis foi possível verificar

que, após a discussão sobre esses dois conceitos e de, aparentemente, o grupo ter aferido sobre

os seus significados quando, posteriormente, construíram frases para exemplificar cada uma

das situações, nem todos os alunos se tinham apropriado do mesmo significado. [6ª sessão

linha 1 a 28]. Este aspecto poderá estar relacionado com a necessidade de um maior

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amadurecimento das ideias discutidas bem como com o facto de alguns alunos terem já ideias

pré-concebidas relativamente aos conceitos trabalhados.

Uma outra situação que fez surgir também muita discussão foi a distinção ente “previsível” e

“de certeza”[4ª sessão linhas 73 a 105]. Para alguns “de certeza” e “previsível” são dois

conceitos perfeitamente distintos, logo utilizados em situações diferentes (caso, por exemplo,

do aluno Gonçalo). Para outros “de certeza” é um conceito mais forte e que “contém” o

conceito de “previsível”, logo se uma situação acontece “de certeza” então, em particular, é

“previsível” que aconteça (caso, por exemplo, da aluna Rita). Nesta discussão surgiu a

“quantificação” dos conceitos [4ª sessão linha 106 a 111]. Assim, para alguns não é intuitivo

que a probabilidade de um acontecimento certo seja 100%, até porque nem todos conseguem

acreditar em acontecimentos (totalmente) certos [4ª sessão linha 112 a 121]. Apesar de ter sido

feita e trabalhada, desde a 4ª sessão, a distinção entre os dois conceitos anteriormente

referidos, nem todos se apropriaram devidamente dos significados aferidos em grupo [5ª

sessão linha 182 a 199].

A utilização “abusiva” de alguns dos conceitos trabalhados, no dia a dia dos alunos, tornou

mais difícil a discussão dos seus significados, uma vez que, como foi referido anteriormente,

alguns tinham já ideias pré-concebidas e nem sempre mostraram abertura para outras opiniões

ou para repensar as suas ideias [4ª sessão linha 37 a 72; 5ª sessão linha 61 a 83]. No entanto, a

discussão em volta das expressões trabalhadas chamou a atenção dos alunos para o facto de

conceitos aparentemente similares terem, na realidade, significados bastante distintos. Esta

situação vem realçar que, mais do que serem confrontados com expressões ou conceitos

matemáticos, os alunos devem ser levados a pensá-los e a “construir” os seus significados

para que estes lhes façam mais sentido.

Um outro aspecto que levou a que, em algumas das vezes, os alunos tivessem diferentes

opiniões foi a perspectiva em que o problema era visto. Por exemplo, o conceito de jogo

previsível ganha significados diferentes se pensarmos na perspectiva de quem joga ou na

perspectiva do resultado final do jogo. No entanto, não foi fácil aos alunos perceberem que

muitas das vezes, a discordância provinha de perspectivas diferentes [2ª sessão linha 156 a

169; 3ª sessão linha 7 a 32; 5ª sessão linha 16 a 30].

A discussão de um documento realizado pela equipa italiana, relativo à tarefa C, e a

necessidade de terem uma base escrita com os conceitos já discutidos e trabalhados foram os

dois motivos que levaram à elaboração de dois documentos finais: um que retrata-se os jogos

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trabalhados, no âmbito da tarefa C, bem como as conclusões alcançadas, e outro em que

constassem todos os conceitos trabalhados e exemplos elucidativos [6ª sessão linha 170 a

181]. A construção destes dois documentos constituiu o trabalhado das duas últimas sessões e

tornou-se representativo de todo o trabalho realizado por esta equipa no tema Random.

Nas duas últimas sessões, os alunos mostraram-se menos participativos e interessados (talvez

por se encontravam nos momentos finais de avaliações, tinham outras preocupações), o que

acabou por levar a que o papel da professora nestes sessões voltasse a ter maior importância:

denotou-se uma maior necessidade de “guiar” as sessões e de sistematizar as ideias alcançadas

pelos alunos. O factor “tempo” também influenciou esta tomada de posição por parte da

professora5. Mais do que se tornara hábito, nestas duas últimas sessões, a professora teve de

questionar ostensivamente os alunos, por forma a levá-los a expressarem a sua opinião ou dar

sugestões para o trabalho a desenvolver. Verificou-se, no entanto, que esta postura não era

geral a todo o grupo: uma pequena minoria (Rita, Pedro e Gonçalo), tomaram várias vezes as

“rédeas” das sessões e mostraram-se sempre prontos a participar e colaboração. Por isso

mesmo, os dois documentos elaborados são principalmente fruto do trabalho desenvolvidos

por estes três alunos e reflectem maioritariamente as suas ideias e opiniões. Na elaboração de

ambos os documentos voltaram a surgir diferentes opiniões devido a diferentes perspectivas e

nem sempre foi possível chegar a um consenso [8ªsessão linha117 a 132 e linha 143 a 163].

No documento relativo à tarefa C, nem sempre foi possível encontrar uma posição única do

grupo relativamente a certos jogos. Em algumas situações os alunos de opiniões contrárias

argumentaram e não houve consenso, pelo que se optou colocar ambas as opiniões no

webreport, uma vez que era do grupo [7ª sessão linha 89 a 117]. Denotou-se, com o decorrer

das sessões, uma maior necessidade e preocupação, por parte dos alunos, em argumentar e

justificar as opiniões e posições tomadas, como forma de as legitimar perante os outros

colegas. Ao construir o glossário, alguns alunos mostraram novamente dificuldades em

explicitar os significados de expressões que já tinham sido discutidas. Por outro lado, aqueles

que já se tinham apropriado dos significados acabaram por relacionar muitos dos conceitos

trabalhados. Para estes alunos a surpresa foi verificar que apesar de diferentes, alguns destes

conceitos são muito semelhantes, tanto que se corre o risco de os confundir: às vezes uma

palavra faz toda a diferença [8ª sessão linha 69 a 92, linha 101 a 113, linha 167 a 177].

5 De notar que alguns problemas técnicos sentidos nestas duas últimas sessões acabaram também por quebrar o ritmo de trabalho e comprometer o bom funcionamento das sessões.

5

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Apêndice A: A tarefa

O Aleatório - Fase 1

Tarefa A: Aleatório Alguma vez ouviu frases contendo as expressões "por acaso" ou "ao acaso"? Escreva algumas dessas frases... 

 Tarefa B: Aleatório Nós precisamos de aferir nos significados que atribuímos aos adjectivos "aleatório" (ou "ao acaso") e "não aleatório" (ou "não ao acaso")

Escreva um texto individual que descreva um jogo "aleatório" e um "não aleatório". Use o seguinte esquema:

ESCREVA: exemplos de situações "aleatórias";

INCLUA: desenhos ou fotografias que considere relevantes;

EXPLIQUE: porque pensa que essas situações são aleatórias.

 

ESCREVA: exemplos de situações "não aleatórias";

INCLUA: desenhos ou fotografias que considere relevantes;

EXPLIQUE: porque pensa que essas situações são não aleatórias.

Na sessão vamos discutir os seus textos de modo a partilhar significados comuns para as expressões " aleatório" e "não aleatório".    

Tarefa C:

Nós precisamos de aferir nos significados que atribuímos aos adjectivos "previsível" e "não previsível".

Escreva um texto individual que descreva uma situação "previsível" e uma "não previsível". Use o seguinte esquema:

ESCREVA: exemplos de situações "previsíveis";

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INCLUA: desenhos ou fotografias que considere relevantes;

EXPLIQUE: porque pensa que essas são "previsíveis".

ESCREVA: exemplos de situações "não previsíveis";

INCLUA: desenhos ou fotografias que considere relevantes;

EXPLIQUE: porque pensa que essas situações são "não previsíveis".

Na sessão vamos discutir os seus textos de modo a partilhar significados comuns para as expressões " previsível" e "não previsível".  

Tarefa D: Enciclopédia (PT)

Escreva definições para previsível, imprevisível, aleatório e não aleatório usando o template Enciclopédia(PT)

Apêndice B: A transcriçãoDe notar que, embora tenha sido pedido aos alunos para falarem alto nas suas intervenções e

estarem em silencia durante as intervenções dos outros, nem sempre isso foi verificado, pelo

que existem algumas passagens pouco perceptíveis. Verificaram-se ainda, em algumas

situações, conversas paralelas que nada tinham a ver com o trabalho que estava a ser

realizado. Estas duas situações são representadas na seguinte transcrição por “(…)”.

2ª sessão – 27 Abril 2004

1 Ana Alves (AA): Eu, para já gostava que alguém … para já gostava que vocês

deixassem um bocadinho os computadores (…) Quem é a alma caridosa que faz um

resumo daquilo que foi falado na semana passada ali para o Ricardo que ele não esteve

cá… Quem é que faz um resumo daquilo que se passou na semana passada?... O que é

que nós fizemos na semana passada?

2 Tiago: Falámos! (risos)

3 AA- Ok, mas isso fazemos todas as semanas… mas falámos do quê?7

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4 Rita: O aleatório

5 Gonçalo: Não. Foi “por acaso” e “ao acaso”…

6 AA: “Por acaso” e “ao acaso”… e chegámos à conclusão que era a mesma coisa?

Ricardo, será a mesma coisa “por acaso” e “ao acaso”?

7 Ricardo: “Ao acaso” acho que é para comparar, “por acaso”, ahhhh…. sei lá, a stora é

que sabe!

8 AA: (risos) eu não sei nada! (…) Então o que é que nós chegamos à conclusão na

semana passada, meninos? Era a mesma coisa ou não era?

9 Gonçalo: Não…

10 AA: Então, e alguém ainda se lembra do que é que era “por acaso” e “ao acaso”?

(…)

11 AA: Então já estás pronto para dizer o que é “por acaso” e “ao acaso”?

12 Gonçalo: Sim, já tenho aqui a minha cábula…Ao acaso é quando temos que fazer

alguma coisa mas não sabemos o que é que vai acontecer, por acaso é quando acontece

uma coisa que pode ou não acontecer.

13 AA: Pronto. Um exemplo de “por acaso”…

14 Ricardo: Então, a ponte 25 de Abril podia cair, ou eu podia morrer.

15 Gonçalo: Que drástico!

16 AA: E ao acaso?

17 Ricardo: Um jornalista no Iraque levou um tiro.

18 AA: Isso não foi por acaso? Ela sabia que ia levar o tiro?

19 Ricardo: Isso foi ao acaso!

20 Gonçalo: Se quem mandou o tiro foi ao calhas, foi ao acaso.

21 AA: Ah! Vocês estão a pensar na perspectiva de quem atirou, eu estava a pensar na

perspectiva de quem levou o tiro… Quem atirou o tiro sabia que ia atirar em alguém…

22 Tiago: não sabia em quem.

23 AA: Ora bem, o que depois também vimos na semana passada era que uma destas

expressões dizia a mesma coisa que aleatório…

24 Gonçalo: “Ao acaso”.

25 AA: Então quer dizer que aleatório é qualquer coisa que a gente sabe que vai acontecer,

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mas não sabemos qual é que é o resultado desse acto.

26 Gonçalo: O resultado é o por acaso (…) é como a matemática, é igual ao “por

acaso”(…) Esqueça stora!

27 AA: Não percebi!

28 Gonçalo: Esqueça, é uma confusão!

29 AA: Ok, vamos continuar a trabalhar numa proposta que estávamos a trabalhar na

semana passada. Na semana passada só estivemos a trabalhar a tarefa A, esta semana

vamos trabalhara na B e na C, vamos ver…

30 [a professora dá indicações do Plone para acederem ao web report em que estavam a

trabalhar]

(…)

31 Tiago: Aleatório é o quê? É aquilo que ele disse?

32 AA: Então o que é que nós vimos que era aleatório? Era a mesmo coisa que…

33 Tiago: Ao acaso!

34 AA: E o que é que é “ao acaso”?

35 Tiago: É uma coisa que vai acontecer, mas não sabemos o resultado.

36 AA: Exactamente! Agora tens que imaginar uma situação em que se sabe que vai

acontecer qualquer coisa, não se sabe é qual é o resultado. Cada um pensa numa e não

conta aos outros, que é para depois ser mais giro quando discutirmos!

37 [os alunos escrevem no Plone as suas frases. Simultaneamente enviam mensagens

instantâneas uns aos outros, consultam o seu e-mail, enviam mails,… Este período da

sessão demorou algum tempo, pois foram surgindo algumas complicações na utilização

da Internet]

(…)

38 [entramos na 2ª hora da sessão, pelo que entram os outros elementos do grupo. Nesta

sessão, dois computadores dos que habitualmente são utilizados não estavam a

estabelecer a ligação à Internet. Este facto perturbou um pouco o funcionamento

normal da sessão.]

39 AA: Quem é que esteve cá nos primeiros 45 minutos e que pode explicar aos outros o

que é que se está a fazer?

40 Ricardo: Estamos a fazer as coisas aleatórias…

41 AA: O que é que é as coisas aleatórias?

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42 Tiago: Aleatório é uma coisa que via acontecer mas não sabemos o resultado.

43 AA: E o que é que nós estamos a fazer?

44 Tiago: Estamos a fazer frases..

45 AA: Frases aleatórias, arranjar fotografias para ilustrar essas frases do aleatório…

46 Tiago: Stora, ficar doente é ao acaso, não é?

47 Pedro: Não é, não!

48 Rita: Ficas doente, mas não ´+e ao acaso que ficas doente.

49 Pedro Miguel: Morrer pode ser.

50 Pedro: Quando um pessoa não tem cuidado… [pode ficar doente]

51 André Carnim: Não tem cuidado, não. Até acontece aos melhores…

(…)

52 [os alunos continuam a escrever frases no Plone. Alguns dos alunos acabam por passar

a maior parte do tempo a ler/enviar mails e a falar no MSN. Este facto prejudica o bom

funcionamento da sessão, em determinadas alturas é necessário chamá-los à atenção.]

53 [os alunos solicitam frequentemente a professora, no sentido de verificarem se a frase

em que estão a pensar serve ou não os objectivos. A maioria não ilustra a frase nem

explica o porquê dessa escolha e só o fazem depois de ser solicitado pela professora.

Apresentam algumas dificuldades em fazê-lo e a maioria das explicações acaba por

reforçar o conteúdo da frase mais do que explicá-lo.]

54 AA: Pessoal, vamos lá ver se falamos todos a mesma língua, o que é que é aleatório?

55 Vários: é…

56 AA: Um de cada vez!... André…

57 André Carnim: É igual a ao acaso.

58 AA E o que é que é ao acaso?

59 André Carnim: É uma coisa que a gente sabe que tem de fazer, mas não sabemos

quando…

60 Ricardo: [não sabemos] qual é o resultado.

61 AA: Eu ia para casa e fui atropelada. Isso é aleatório?

62 Vários: Não!

63 AA: Eu ia distraída a olhar para o lado, ia de bicicleta e bati com a cara no poste. Isso é

aleatório?

64 Vários: Não!

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65 Pedro Miguel: Eu ia distraído a apanhar o lápis e de repente viro-me para cima e

apanhei com a borracha e fiquei com um galo. Isso é aleatório?

66 Vários: (risos) Não!

67 Pedro Miguel: Mas é que isto aconteceu de verdade.

68 AA: Então aleatório, aleatório… quem é que dá um exemplo do que é que é

aleatório?...

69 [alguns alunos põem o dedo no ar]

70 AA: Vá, diz lá Ricardo.

71 Ricardo. Eu sei o que é que vou comer hoje, mas não sei o que é que vou comer.

72 AA: Vocês sabem que vão fazer determinada coisa agora, não sabem qual é o resultado.

Foi isso que nós discutimos, não foi?

73 Rita: Então, mas ele também ia a andar a olhar para o lado. Não sabia se ia bater ou

não,.<não +é?

74 Tiago: Mas ele não sabia que ia bater… Se soubesse não fazia, não é?

75 Rita: Por isso mesmo

76 André Carnim: Ele não sabia que ia bater…

77 AA: Então e isso é ao acaso?

78 André: Não, isso é por acaso.

79 Tiago: Ele ia a andar e bateu por acaso.

80 Rita: Mas ele não sabia que isso ia acontecer.

81 André Carnim: Então, exactamente, por acaso!

(…)

82 AA: Pessoal, virem-se lá todos para o centro. Vamos começar a discussão…Pode ser?

83 Ricardo, podemos começar por vocês os dois? Uma frase que vocês tenham posto de

uma situação aleatória.

84 Ricardo: A que eu pus?

85 AA: Um de vocês, tanto faz.

86 Ana: Eu sei que vou comer, mas não sei o quê.

87 AA: Concordam? Isto é aleatório?

88 Vários: Sim, é.

89 AA: De certeza? Absoluta?

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90 Vários: Sim.

91 AA: Eu também acho que sim… E uma não aleatória têm?

92 Ana: Não.

93 AA: Mais alguém tem alguma aleatória que queira… Rosário…

(…)

94 Rosário: Eu ia falar para a net, mas quando lá cheguei não havia [net], ou seja, eu não

sabia que não havia net, Internet…

95 AA: Agora estou à espera dos vossos comentários…

96 Rita: A frase é um bocado esquisita.

(…)

97 Tiago: Mas por acaso é que não havia.

98 Rosário: Então, eu sabia que ia para lá, mas não sabia que não havia.

99 Tiago: Mas é por acaso , quase sempre há, raramente é que não há.

100 Pedro: Não estás a dizer isso como deve ser.

101 AA: Pedro, disseste que ela não está a dizer a frase como deve ser. Porquê?

102 Pedro: Sim, eu acho que não.

103 AA: Então?

104 Pedro: A frase dela está um bocado confusa…

105 AA: Mas o Ricardo acho que é aleatório.

106 Gonçalo: Eu acho que não é.

107 AA: Ricardo, porque é que tu achas que a frase dela significa… o que está por traz é

aleatório?

108 Ricardo: Ela sabia que ia para lá, mas não sabia o que é que ia acontecer…

109 Rita: Mas a frase…

(…)

110 Rita: Eu acho que foi por acaso… Ela foi à net, mas por acaso não havia… Quer dizer,

ela também não sabia…

111 André Carnim: Havia Internet, só não havia naquele computador.

112 Tiago: Não, quando há Internet num, também há nos outros.

113 AA: Por acaso, há aqui hoje alguns que não estão a funcionar com Internet.

114 Rita: Por acaso…

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115 Tiago: Por acaso, vê?

116 AA: Lê lá a frase de novo, desculpa lá…

117 Gonçalo: Não é aleatório, stora.

(…)

118 Pedro: Stora tá a ver… eu ia falar para a Internet e quando lá cheguei não havia… eu

acho que essa parte aí não está bem construída.

119 Gonçalo: Stora, não é!

120 AA: É que tu não sabias que não havia… Vamos supor uma coisa…Vamos supor que

tu entravas aqui e eu dizia-te que havia uns computadores com Internet e outros sem…

121 Rosário: Eu não sabia aqueles em que não havia…

122 AA: Tu sabias que havia uns com e outros sem, e quando chegaste ao teu…

123 Rosário: Não tinha [Internet].

124 AA: Essa escolha foi como?

125 Rita: Foi aleatório.

126 AA: A escolha foi aleatória! A escolha!

127 Rita: Agora, não haver net, não é aleatório…

128 AA: Pois eu tenho que concordar ali com o Pedro…a frase não está bem escrita.

(…)

129 AA: Por aquilo que foi aqui conversado, como é que ela alteraria a frase para tornar

aquilo aleatório?

130 Rita: Ela sentou-se num computador ao calhas, e por acaso calho-lhe um que não tinha

net…

131 Pedro Miguel: Escolheu um computador, sentou-se e esse não tinha net.

132 AA: O que é que foi ao acaso? Foi ele não ter net?

133 Pedro Miguel: Não, foi escolher um computador…

134 AA: A escolha do computador é que é ao acaso!

(…)

135 AA: Quem é que tem outras frases? Rosário, tu tinhas aí outra.

136 Rosário: Eu posso cair, mas não sei o que é que me vai acontecer.

137 Gonçalo: Ah?!

138 Pedro Miguel: Podes quê?

13

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139 Rosário: Então, eu posso cair, mas não sei se vou partir uma perna, um braço…

140 AA: Eu gosto imenso das frases da Rosário, porque são aquelas que dão mais

discussão…

141 Pedro: Ela não está a saber construir as frases…

142 AA: Então, ajuda-a… Ela quer dizer: eu posso cair, mas não sei o que me vai

acontecer…

143 Pedro: Stora, se cair, sempre alguma coisa faz…

144 AA: E tu sabes o que é que se faz?

145 Pedro: Alguma coisa vai acontecer…

146 AA: Aí, desculpa, mas eu já caí e não me aconteceu nada.

(…)

147 Pedro Miguel: E se tu fores com as protecções necessárias… vais a andar de bicicleta…

148 Pedro: Mas eu não estou a dizer que vais a andar de bicicleta.

149 AA: Mas, mesmo sem protecções, tu vais cair…Sabes o que vai acontecer? Se vais

magoar o joelho, a mão, o ombro?

150 Pedro: Não, mas algumas coisa vai acontecer.

151 Rosário: Mas também depende da queda, stora.

(…)

152 AA: Então, eu posso cair mas não sei o que me vai acontecer… é aleatório, ou não é

aleatório?

153 André Carnim: É e não é…

154 AA: Há quem não esteja convencido…

155 Gonçalo: É aleatório no momento em que vamos no ar…

(…)

156 AA: Oh Pedro [Miguel], já agora, aproveita a embalagem e conta lá a frase aleatória

que vocês têm aí.

157 Pedro Miguel: Todos os dias sei que tenho de calçar uns ténis, mas escolho aqueles que

me vêem à mão.

158 AA: Isto é aleatório?

159 Vários: É.

160 Pedro: Não.

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161 AA: Então?

162 Pedro: Escolho os que vêem à mão, eu acho que isso não é…

163 Rita: É ao calhas…

164 Gonçalo: Ele sabe que vai calçar, agora não sabe o quê.

165 Pedro Miguel: Posso trazer um de cada nação (risos)

166 AA: Então Pedro ainda achas que não é?

167 Pedro: Até é, mas ele sabe onde é que vai meter os ténis e sabe onde é que estão os

outros, está tudo junto…

168 AA: Ah!... Mas a escolha, não é o tirar, a escolha…

169 André Carnim: Ela sabe que vai calçar uns ténis, mas não sabe quais…Então, isso é

aleatório.

(…)

170 AA: Então, Rita e qual é que é a tua?

171 Rita: A minha é de roupa… Todos os dias escolho umas calças ao acaso, ou seja,

aleatoriamente. Nunca sei quais é que vou vestir…

172 AA: O que é que vocês acham da frase da Rita?

(…)

173 André Carnim: Mas ela não vai escolher umas calças quaisquer…

174 Kathleen: Depende! Depende da camisola…

175 Rita: Mas eu escolho as calças sempre primeiro.

176 Gonçalo: É boa essa!

177 AA: E vocês têm outra frase de aleatório?

178 Tiago: Eu fiquei nesta turma aleatoriamente.

179 AA: Foi?

180 Gonçalo: Foi ao calhas…

181 AA: Concordam?

182 Ricardo: Sim, porque ele escolheu hortofloricultura, e se ele escolhesse música ia para

outra turma.

183 Gonçalo: Então e porque é que não está no 7ºE?

184 Rita: Porque os professores fizeram assim as turmas.

185 AA: Então, a frase do Tiago é aleatória, ou não é aleatória?

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186 Gonçalo: É aleatória.

187 AA: E vocês aí, têm uma frase aleatória?

188 Pedro: O computador aqui não dá!

189 AA: Mas não pensaram em nenhuma?

190 Pedro: pensámos na do cavalo…

191 AA: Qual é que é?

192 André: É assim, um cavalo vai saltar. Sabe que vai saltar, agora não sabe se vai passar

ou não vai.

193 Kathleen: Não sabe se aguenta.

194 [toca para a saída]

195 AA: Dêem-me só mais 5 m minutos para discutirmos as frases do não aleatório…

Quem é quem frases do não aleatório?

196 Rita: Eu! Quando esta sessão acabar, vou almoçar. Eu acho que não é aleatório, porque

já estou a dizer que isso vai acontecer.

197 AA: Vai mesmo acontecer, não é? Não depende de nada isso acontecer?

198 Ana: Depende da fome (risos)

199 AA: Vai mesmo acontecer, não é? De certeza.

200 Tiago: Eu vou comer a casa porque quero.

201 AA: Então, qual é que é a diferença entre o aleatório e o não aleatório…

202 Rita: Uma coisa não sabemos e a outra sabemos…

203 Gonçalo: Aleatório é o contrário de não aleatório.

(…)

204 AA: Qual é a diferença entre aleatório e não aleatório?

205 Rosário: Aleatório é uma coisa que a gente…, por exemplo, andar de bicicleta, vamos

andar de bicicleta mas não sabemos se caímos ou não caímos e não aleatório é uma

coisa que a gente sabe que vai acontecer…

206 AA: Sabes o resultado.

207 Vários: Sim.

208 AA: Tanto no aleatório como no não aleatório a gente sabe que vai acontecer alguma

coisa, não é? Mas no aleatório a gente sabe o resultado?

209 Vários: Não!

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210 AA: E no não aleatório?

211 Gonçalo: Sabemos.

(…)

3ª sessão – 11 Maio 2004

1 [Esta sessão e as seguintes estão dividas em duas partes distintas. Nos primeiros 45

minutos será realizado um trabalho com os alunos presentes que tem por objectivo

realizar um web report conjunto para apreciar a actividade guess my robot. Na segunda

parte da sessão, já com todos os elementos do grupo presentes, serão realizadas tarefas

no âmbito do Random. As transcrições incidem apenas sobre o trabalho no âmbito do

Random.]

2 AA: Quem chegou agora, entra no Plone… Mas entretanto vamos discutir o que

fizemos… Na semana passada não tivemos projecto e se calhar já não se lembram do

que andámos a fazer… ou ainda se lembram?

3 Rosário: Por acaso e ao acaso…

4 AA: Por acaso e ao acaso, ainda se lembram da diferença entre por acaso e ao acaso?

5 Rita: Pois, ao acaso é o aleatório e por acaso…

6 Ricardo: É não aleatório…

7 AA: Tá bem… Mas tinha-se discutido aqui situações em que acontecia qualquer coisa

aleatoriamente e qualquer coisa não aleatoriamente… Eu fui ver os vosso web reports e

tenho aqui algumas situações … Uma das situações que lá estava escrita como aleatória

era “eu escolhi umas calças para vestir ao acaso, ou seja. Aleatoriamente”, depois havia

outra que dizia assim “eu posso cair, mas não sei o que me vai acontecer”, outra que

dizia “eu ia falar para a net, mas quando lá cheguei não havia” e uma última que diz

“um jornalista foi baleado no Iraque por um iraquiano”… Isto é tudo aleatório?

8 Pedro: Isso do jornalista… o que é que tem a ver com por acaso e ao acaso?

9 AA: É isso que eu estou a perguntar… Estas quatro frases representam situações

aleatórias ou não? O que é que vocês acham?

10 Pedro: A última não está bem formulada…

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11 AA: Então como é que é Pedro? (…) Isto é uma situação aleatória ou não?

12 Rita: Não… Depende. Se ele [o iraquiano] mandou ao acaso, foi por acaso que calhou

nele, senão, não.

13 Gonçalo: Stora, depende do ponto de vista.

14 Kathleen: Pode ter sido uma bala perdida…

15 AA: Então vamos supor que a frase dizia “Um jornalista foi baleado por uma bala

perdida, no Iraque, por um iraquiano”, isto já é uma situação aleatória ou não?

16 Vários: É.

17 Gonçalo: Se bem, que depende do ponto de vista. Se for na perspectiva do iraquiano é

aleatório… mas se for no ponto de vista de quem levou com a bala não foi

aleatoriamente que o outro iraquiano mandou a bala…

18 AA: Ouviram? O Gonçalo aquilo que está a dizer é que esta história de ser aleatório ou

não depende do ponto de vista. Do ponto de vista do iraquiano é realmente aleatório, do

ponto de vista do jornalista já não é aleatório…

19 Gonçalo: Acho que não é do jornalista, porque o iraquiano não foi aleatoriamente

que…mandou a bala. Ele sabia que ia atirar…

20 AA: Sim, era uma bala perdida. Ele atirou…

21 Gonçalo: Ao acaso?

22 AA: Se é uma bala perdida… O que é que é uma bala perdida?

23 Gonçalo: É uma bala que onde vai é onde vai…

24 AA: Eu atiro…

25 Rita: Ao acaso.

26 Pedro: A jornalista da SIC foi atingida com uma bala perdida…

27 Kathleen: Não foi não.

28 Pedro: Foi sim senhor.

29 Kathleen: Ele atiraram a bala…

30 Pedro: Mas não era para acertar em ninguém.

(…)

31 AA: Então esta situação do jornalista que foi baleado no Iraque, assim como está é

aleatória, ou não?

32 Pedro: Não.

33 AA: É preciso acrescentar a história da bala perdida… Então e a das calças?... Eu

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escolhi umas calças para vestir ao acaso, ou seja, aleatoriamente…

34 Ricardo: É… Tirei umas calças à toa.

35 AA: Então e a da Rosário que diz “Eu posso cair, mas não sei o que me vai acontecer.”

(…)

36 Rita: Ela vai na rua, tropeça numa pedra. Pode cair ou não. Logo aí é aleatório. Depois

pode-lhe acontecer diversas coisas…

37 Pedro: Mas ela diz que caí.

38 Rita: Não! Ela diz que pode cair!

39 AA: Então, é aleatório…

40 Vários: Sim.

41 AA: Então, e a última: “eu ia falar para a net, mas quando lá cheguei não havia”

42 Pedro: Pois essa aí… já nem se fala!

43 Rita: Essa já não.

44 Ricardo É! Porque ela não sabia se tinha net ou não…

45 Rita: Mas ela está a contar uma coisa que aconteceu, não está a contar nada que poderia

acontecer.

46 AA: Então é aleatório?

47 Vários: Não.

48 AA: Então não é aleatório…

49 Rita: Não é aleatório.

(…)

50 AA: Não sei o que é que vocês têm contra o não aleatório, só arranjei uma frase com

não aleatório “quando esta sessão acabar, vou almoçar”.

51 Pedro: E há outra “quando esta sessão acabar vou ter apoio”.

52 AA: Esta situação é não aleatória?

53 Vários: Sim.

54 Pedro: Porque ela diz que vai almoçar…

55 Rita: Porque eu já estou a dizer o que vai acontecer… é como a da Rosário.

56 AA: Podes não saber o almoço, mas sabes que vais almoçar.

(…)

57 AA: Então chegámos ao ponto que eu acho que não trabalhámos que é, o que é que é

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aleatório e o que é que é não aleatório.

58 Kathleen: Stora, no “Um contra todos” quando um concorrente perde, e cadeira baixa e

depois o outro diz, o computador vai escolher um concorrente aleatoriamente... Então,

o computador escolhe uma pessoa ao acaso…uma pessoa qualquer.

59 AA: Então, o que é que é aleatório?

60 Tiago: Uma coisa que vai acontecer, mas não sabemos o resultado…

61 AA: A solução… Aliás, diz o Ricardo [no seu web report] uma situação aleatória é uma

situação em que se sabe o que vai acontecer, mas não se sabe a solução. Concordam?

62 Kathleen: Sabe-se que vai acontecer, mas não se sabe a <solução…

63 Rita: Vai acontecer qualquer coisa, mas não se sabe o quê.

64 AA: Então o que é que é uma situação não aleatória?

65 Rita: é uma coisa que já está previsto acontecer e que acontece.

66 AA: Então é assim… vocês já começaram a tocar aí numa outra expressão que hoje eu

queria discutir com vocês, que era “estava previsto que…”. Portanto hoje iríamos

trabalhar a expressão de previsível…

67 Rita: E não previsível.

68 AA: Que é exactamente o que diz a tarefa C. Aliás vocês vão ter fazer algumas

alterações à tarefa C, porque vão ter de substituir a palavra “jogos” por “situações”(…)

Então, o que é que vocês acham que é previsível?

69 Tiago: Que a Rita passe de ano.

70 AA: Porque é que é previsível que a Rita passe de ano?

71 Rosário: Porque tem boas notas.

72 Kathleen: Sempre.

73 Gonçalo: Por causa da avaliação contínua: tem dois 5, tem de ter o terceiro.

74 AA: Mais situações previsíveis…

75 Tiago: É previsível que a gente hoje vá ter Matemática.

76 Gonçalo: A não ser que a stora tenha um ataque!

(…)

77 Rosário: Não é previsível que hoje chova.

78 Rita: Pode começar a chover ou não…

79 Gonçalo: Mas dão chuva para hoje…

80 Rita: Mas a gente não sabia.

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81 AA: O tempo… é imprevisível?

82 Gonçalo: É!

83 Kathleen: É previsível! Então para que é que serve a meteorologia?

84 Gonçalo: Às vezes está errado…

85 Kathleen: Muito raramente.

86 Gonçalo: Muito raramente?

87 Rita: Oh stora, a stora de Ciências diz que a Natureza é imprevisível, aquela história

dos vulcões, sismos, isso tudo é imprevisível.

(…)

88 AA: E o tempo faz parte da Natureza… Então a professora de Ciências diz que a

Natureza é imprevisível…

89 Gonçalo: E é!

90 AA: No entanto, há pessoas que se dedicam ao estudo e previsão de sismos, não é?

91 Rita: Mas não se sabe quando é que vai acontecer…Não dá para prever…

92 AA: Não dá para prever?

93 Rita: Só dá para saber quando está já a acontecer ou quando vai acontecer muito

próximo…

94 AA: Então estamos a falar em situações que vocês acham que não são previsíveis, tem

tudo a ver com a Natureza, mas o Homem tenta prevê-las. Qual é o problema da

previsão de situações que não são previsíveis? É uma previsão que tem de ser feita com

um curto espaço de tempo…

95 Rita: Pouquinho, mesmo.

96 AA: Pensem lá, porque é que o tempo…

97 Rita: Porque já demora mais…

98 AA: Eu hoje consigo prever com exactidão aquilo que vai acontecer daqui a um mês no

tempo?

99 Vários: Não.

100 AA: A previsão do tempo é feita para quantos dias? (…)

101 Gonçalo: 5 dias… P’raí uma semana… No site da meteorologia, p’raí uma semana.

102 AA: Ok, uma semana. Mas vocês consideram isso um prazo muito longo? Por exemplo,

hoje é terça e eles prevêem para a próxima terça. P que é que vai acontecer se a gente

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Doc_trabalho_weblabs Random (II)

for vendo o site do boletim meteorológico? Há alterações, não há?

103 Vários: Sim.. muitas.

104 AA: E nos dias mais próximos há tantas alterações?

105 Vários: Não…

106 Pedro: Se calhar sim. Hoje pode estar Sol e amanhã pode começar a chover…

(…)

107 AA: O que eu estou a perguntar é: eles fazem previsões. O dia de amanhã poderá ter

tantas alterações como o último dia de previsão, ou quanto mais perto menos

alterações?

108 Vários: Quanto mais perto, menos alterações.

109 Pedro: Não se sabe…

110 AA: Então e situações que sejam previsíveis… Esperem lá… O Pedro tinha dito há

pouco uma que ele achava que não era previsível, que era a do jogo de futebol…

111 Gonçalo: Não é? Não sabias que o Benfica ia ganhar? (risos)

112 AA: Partindo do princípio que o árbitro não está comprado, aquelas coisas todas…

Então, um jogo de futebol, o resultado de um jogo de futebol…

113 Gonçalo: É imprevisível.

114 AA: Nunca ouviram uma frase muito…

115 Kathleen: Prognósticos só no final do jogo.

116 AA: Exactamente. O que é que significa esta frase? A ideia era fazer uma previsão do

que vai acontecer no jogo…

117 Gonçalo: Porque ao fim do jogo é que se sabe como é que a equipa jogou, como é que

teve…

118 AA: Então quer dizer que no princípio não se pode prever?

119 Tiago: Pode ser a melhor equipa do mundo, mas pode perder…

120 Gonçalo: Podemos estar à espera que aconteça uma coisa…

121 Tiago: E depois acontece outra.

(…)

122 AA: Então, e agora, situações que sejam previsíveis, para além da Rita passar de ano.

123 Pedro: todos os dias ir para a escola.

124 Tiago: Não… as greves, os stores faltarem…

125 AA: Mas espera lá… Uma situação previsível é uma situação que tem mesmo de

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acontecer?

126 Gonçalo: Não. O previsível pode acontecer ou não acontecer.

127 André Carnim: Pode haver greve ou pode não haver…

128 Gonçalo: A greve… A greve é imprevisível… Pode haver escola ou pode não haver…

129 Rita: Não, não. Depende. A greve é previsível, mas escola é imprevisível se fecha ou

não. Mas a greve é previsível. Eles dizem se qual é a data que vão fazer greve…

130 Gonçalo: A greve, a escola, vai dar ao mesmo…

(…)

131 AA: A greve é previsível, mas se a escola fecha ou não nós só sabemos no dia ou

quanto muito na véspera… O tempo… vocês conseguem prever o tempo quando? Um

poço antes. Não conseguem prever com uma grande antecedência… Mas ainda não

batemos numa questão…

132 Kathleen: Mas stora, olhe lá… é mais certo aquilo que acontece amanhã do que aquilo

que acontece daqui a dois dias…

133 AA: Por isso é que estava a dizer que à medida que os dias se aproximam a previsão é

melhor, embora seja imprevisível, não é?

(…)

134 AA: Ok, então prevê-se que todos os dias eu venha para a escola. O facto de poder não

haver aulas por não haver água ou qualquer coisa assim, faz com que o vir para a escola

todos os dias já não seja previsível? O que é que é uma situação que é previsível?

135 Rita: é uma situação em que a gente sabe o que vai acontecer…

136 AA: É uma coisa que vai acontecer…

137 Pedro: É como estas sessões… nós sabemos que vai haver…

138 André Carnim: Mas pode não haver… A stora pode ficar doente e faltar.

139 AA: Mas então deixa de ser previsível que tu tenhas sessões todas as terças?

140 Gonçalo: Continua a ser.

141 AA: Quem é que define o que é ser uma situação previsível…Ser previsível é o quê?

142 Rita: É uma situação que nós sabemos que vai acontecer.

143 Gonçalo: Sabemos não. Está suposto acontecer… pode não acontecer.

144 Rita: Mas, em princípio vai acontecer.

145 Gonçalo: Em princípio.

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(…)

146 André Carnim: Então, naquela vez em que a gente entregou as flores à stora, não era

previsível que a stora ia chorar…

147 Gonçalo: Era previsível, que eu disse que ia chorar.(risos)

148 AA: Então, uma vez que já discutimos o que são situações previsíveis, entrem lá no

Plone e vão ao vosso web report que se chama Aleatório-fase 1…

149 [são dadas instruções para os alunos trabalharem na tarefa C do web report Aleatório

Fase1. Os alunos escrevem exemplos de situações que consideram previsíveis e

imprevisíveis.]

4ª sessão – 18 Maio 2004

1 AA: Ainda se lembram o que tivemos a trabalhar a semana passada? Estivemos a

trabalhar dois conceitos. Ainda se lembram quais eram?

2 Tiago: Aleatório e não aleatório…

3 Rita: Previsível e não previsível!

4 AA: Previsível e não previsível! E terminámos a sessão da semana passada com vocês a

escreverem algumas frases que ainda não foram discutidas… e é por aí que nós vamos

começar. Ainda se lembram o que é ser previsível e não previsível? Para vocês o que é?

5 Tiago: Previsível eu sei o que é!

6 AA: Então diz lá Tiago…

7 Tiago: Previsível quer dizer que vai acontecer uma coisa e que nós não sabemos o

resultado dessa coisa.

8 AA: Vai acontecer uma coisa e não sabemos o resultado dessa coisa, é isso?

9 Gonçalo: Eu acho que é… pensamos que vai acontecer uma coisa, mas pode acontecer

ou não… mas em princípio vai acontecer…

10 AA: Humm… e sabemos o resultado? E a “história” do resultado… tu achas que é

verdade aquilo que ele [Tiago] está a dizer?

11 Gonçalo: Acho.

12 AA: Então só estás a acrescentar o “em princípio vai acontecer”…

13 Gonçalo: (…) O não previsível é que … é o contrário: pensamos que não vai acontecer

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mas pode acontecer…

14 AA: Então vamos lá ver aqui algumas frases que foram escritas por vocês a semana

passada e vamos lá ver se toda a gente concorda… Então temos como frases para o

previsível esta frase “Este final de semana eu sei que vou ao Alentejo” é uma frase para

previsível. Concordam com esta?

15 Ricardo: Sim.

16 AA: A justificação da Kathleen para esta frase ser previsível é que “eu sei que vou ao

Alentejo porque os meus pais me avisaram.”

17 Tiago: Mas poderia haver algum contratempo.

18 Gonçalo: Então é previsível.

(…)

19 AA: Então quer dizer que aquilo que o Gonçalo acrescentou à tua frase, à tua definição

de previsível até faz sentido…É uma coisa que a gente sabe que vai acontecer, que em

princípio vai mesmo acontecer há é uma probabilidadezinha de não acontecer.

20 AA: Não previsível a Kathleen diz “eu sei que vou almoçar, mas não sei se vou gostar

do almoço”…”eu acho não previsível porque a minha mãe não me disse o que era o

almoço”. Isto é não previsível?

21 Rita: Mas pode ser previsível que goste também…

22 AA: O não ser previsível que goste, dá a entender o quê?

23 Rita: Que ela já não vai gostar!

24 [entram os restantes alunos participantes no projecto]

25 AA: Ok, estas foram as frases da Kathleen, agora vamos passar à frases do Ricardo que

são muito optimistas! “Eu sei que vou comer, mas não sei se vou morrer”

26 Pedro: Pois, pode estar envenenado.

27 Ricardo: Posso ir para casa e ser atropelado (…)

28 AA: A justificação do Ricardo para esta situação ser previsível é “porque é uma

situação que vai acontecer”… Vamos a uma não previsível do Ricardo? “Eu sei que

vou para casa, mas não sei se levo com um raio em cima da cabeça”

(risos)

29 AA: Justificação do Ricardo para ser não previsível: “porque eu sei que vou [para casa],

mas não sei o que me acontece.” E é provável que ele leve com o raio em cima da

cabeça?

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30 Pedro: Se estiver a chover e estiver uma tempestade louca (risos)

(…)

31 AA: Então é não previsível ou não? Concordam com a frase do Ricardo?

32 Vários: Sim, é não previsível.

33 AA: Vamos às frases da Rosário…

34 Gonçalo: Essas são sempre as mais…

35 AA: Diz assim as frases da Rosário: “É previsível que hoje vou jantar” A justificação

dela é: “estas situações são previsíveis porque sabemos que vai acontecer” É

previsível?

36 Vários: É!

37 AA: Ou seja, uma coisa previsível é uma coisa que em princípio acontece mas, há

sempre um “mas”, não é? Não previsível da Rosário: “é não previsível que hoje vá ao

fórum” e a justificação dela “esta situação é não previsível porque tenho a certeza que

não vou ao fórum”

38 Gonçalo: Tenho a certeza? Se tem a certeza não nem uma coisa nem outra.

39 Ana: Já não é previsível, se ela tem a certeza que não vai.

40 Gonçalo: Não é previsível, nem não previsível.

41 Rita: é previsível… ela já sabe que não vai. É previsível que não vai.

42 Gonçalo: Não, então pode ir!

43 Rita: Não, não.

44 Gonçalo: Sim, sim…Tu pensas que vai acontecer, mas pode não acontecer.

45 Rita: Mas ela disse que tem a certeza que não vai… É previsível que ela não vá!

46 Gonçalo: Não é.

47 AA: (…) Então, em que é que ficamos? É previsível, não é previsível, ou não é nada

disto?

48 Gonçalo: Para mim não é nada.

49 Rita: Para mim é previsível! É previsível que ela não vá!

50 Gonçalo: Então, quer dizer que pode ir?

51 Rita: É previsível que ela não vá.

52 Gonçalo: Então quer dizer que pode ir!

53 Rita: Mas ela disse que já não vai… de certeza.

54 Gonçalo: Mas previsível é …

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55 Rita: E não previsível, é o quê?

56 Gonçalo: É o contrário.

57 AA: Qual é o problema aqui?

58 Gonçalo: É a certeza! É ela ter a certeza.

59 AA: Então, o que é que vocês entendem que é uma coisa que acontece de certeza?

60 Gonçalo: Vai acontecer mesmo…

61 Tiago: Provavelmente…

62 Pedro: É aquilo que nós sabemos que vai acontecer

63 AA: Ana, tu estavas a dizer o quê?

64 Ana: Provavelmente vai acontecer…

65 AA: É a mesma coisa?

66 Gonçalo e Ana: Não!

67 Ana: Por isso é que me calei…

68 AA: Então é isso que temos de aferir… O que é que é uma coisa que acontece de

certeza?

69 Pedro: Então, de certeza agora está a acontecer uma coisa… De certeza que está a

acontecer aqui uma coisa.

70 Rita: De certeza que acontece mesmo, mesmo… não há outra hipótese!

71 AA: Não há outra hipótese! Portanto, se ela tem a certeza que não vai ao fórum, não há

outra hipótese! Ela não vai e acabou! É isso?

72 Vários: É

(…)

73 AA: Então se ela não vai e acabou, isto “bate” no previsível, “bate” no “não previsível”

ou em nenhum destes?

74 Gonçalo: Em nenhum!

75 AA: Porque é que é em nenhum?

76 Gonçalo: Porque se tem a certeza!... Previsível, nós pensamos …

77 Rita: É uma coisa que tu já sabes que vai acontecer!

78 Gonçalo: Mas pode não acontecer essa coisa!

79 Rita: ‘Tá bem, mas em princípio acontece!

80 Gonçalo: Stora, é o quê? Diga lá!

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81 Pedro: É uma coisa que está prevista…

82 AA: Então, e uma coisa que está prevista acontece de certeza?

83 Ana: Não, eu acho que não.

84 Pedro: Em princípio sim!

85 Gonçalo: Em princípio!!! Em princípio, mas não acontece de certeza!

86 AA: Então, uma coisa que acontece em princípio acontece de certeza?

87 Vários: Não.

88 Ana: De certeza, é que vai acontecer mesmo.

89 AA: E em princípio?

90 Ana: Em principio, pode não acontecer…

91 AA: Mas a maior probabilidade é de que aconteça…

92 Rita: Pronta, ela dizendo de certeza, pode haver um contratempo, pode haver qualquer

coisa, e pode ir…

93 Gonçalo: Mas se ela diz de certeza…

(…)

94 AA: Eu acho que o problema está no “de certeza”…É que há quem ache que de certeza

é uma coisa que não dá mesmo outra hipótese, portanto, se de certeza ela não vai ao

fórum, então não vai e acabou! Enquanto outras pessoas acham que de certeza ela não

vai, mas pode acontecer ainda qualquer coisa que faça com que ela vá! É isso ou não?

95 Vários: É…

96 AA: Eu, para mim, acho que quando nós utilizamos a expressão “de certeza” é porque

não há mesmo outra hipótese. Para mim…

97 Rita: Para a stora.

98 Gonçalo: Para mim também!

(…)

99 AA: Se de certeza que ela não vai ao fórum, então não é previsível, é mais do que

previsível que ela não vá ao fórum… Não vai e acabou!

100 Rita: É previsível que ela não vá!

101 AA: É mais do que…

102 Rita: Sim, mas já é previsível…

103 AA: Mas é mais…

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104 Rita: Sim, é mais, mas também “apanha”…

105 (risos)

Pedro: Mas não há certeza.

106 AA: Porque, se calhar, para ti a certeza é 100% ou é 99%?

107 Pedro: Não é 99%, nem é 100%

108 Pedro Miguel: É 50% porque tanto posso ir como não posso…

109 AA: E isso é uma coisa que tu tens a certeza?

110 Pedro: 99,99999999…%

111 AA: Mas isso não é 100%... É que o problema é que para uns o de certeza é

99,999999…% e para outros o de certeza é 100%

112 Pedro: Uma pessoa que tem que ir para a escola… de certeza que tem que ir para a

escola. Mas se adormece e chega atrasado?

113 Rosário: Pode acontecer qualquer coisa no caminho…

114 AA: Mas eu aí não utilizaria a expressão de certeza…

115 Kathleen: O de certeza não dá para todos os casos…

116 AA: E é um bocado perigoso nós estarmos a utilizar o de certeza para uma coisa que

ainda vai acontecer…

117 Rita: Porque pode não acontecer… Então ela não devia ter posto de certeza.

118 AA: … Então, como é que vocês acham que deveria estar?

(…)

119 AA: “Não é previsível que vá ao fórum” esta situação não é previsível porque…

120 André Carnim: Porque não tenho a certeza…

121 Gonçalo: Porque, em princípio, não vou… Mas pode ainda acontecer alguma coisa…

122 AA: Vamos lá ver se vocês concordam: “É não previsível que hoje vá ao fórum” Esta

situação é não previsível porque, em princípio, não vou ao fórum… “Em princípio” não

ir dá margem para ir…

123 Tiago: … Ou para não ir…

124 AA: Portanto, ela não consegue fazer uma previsão. Se ela tivesse qualquer coisa para

comprar, seria não previsível que fosse ao fórum, ou já havia qualquer coisa…

125 Gonçalo: Era previsível que vá.

126 AA: Ok, vamos às frases do Gonçalo e do André Salgado…Diz assim a frase do

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previsível… “É previsível que eu almoce” (…) “Como eu vou a um torneio de futsall é

previsível que eu falte na sexta feira de manhã”. “Uma situação previsível é uma

situação que espera-se que aconteça”.

127 André Carnim: Está certo…

128 AA: Concordam todos? (…) Não previsível, dizem eles que “Não é previsível que

chova”, “porque é uma situação que não se consegue saber o que vai acontecer”.

Concordam com isto?

129 Rita: É aquela história do tempo…

130 AA: E não se consegue saber o que vai acontecer?

131 André Carnim: Pode sempre modificar-se…

132 AA: Então concordam…

(…)

133 AA: Vamos às frases do Tiago… Diz assim o Tiago para previsível “É previsível que a

Rita passe de ano”, justificação da frase previsível “Previsível quer dizer que vai

acontecer uma coisa e nós sabemos o resultado dessa coisa.”

134 André Carnim: Stora, eu acho que isso aí não está muito certo… Por exemplo, a Rita

pode começar agora a faltar muito e chumba por faltas…

135 Rita: Mas é previsível que isso não aconteça, não é?

136 AA: É ou não previsível que a Rita passe este ano?

137 Vários: É…

138 AA: E concordam que ser previsível é: vai acontecer uma coisa e nós sabemos o

resultado dessa coisa.”

139 Ricardo: Ela vai passar! De certeza absoluta, sintética, analítica.

140 AA: Isso é mais do que previsível…

141 Ricardo: É de certeza absoluta!

142 AA: De certeza daquelas de 99,99999…% ou das de 100%

143 Ricardo: 101%, stora! (risos)

(…)

144 AA: Como é que é? Previsível é vai acontecer uma coisa e nós sabemos o resultado

dessa coisa?

145 André Carnim: Nunca sabemos o resultado de uma coisa!

146 Gonçalo: Só das equações (risos)

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147 André Salgado: Das contas…

148 AA: Concordam com isto? Ainda há bocadinho, tu Gonçalo, acrescentaste aqui uma

coisa… Vai acontecer uma coisa, e nós sabemos o resultado dessa coisa…

149 Rita: Vai acontecer, mas pode não acontecer…

(…)

150 AA: Quando vocês dizem que é previsível, quando a Kathleen diz que é previsível ir ao

Alentejo esta semana, realmente, ela pode ir ou não ir, mas porque é que ela diz que é

previsível?

151 Rita: Porque já está planeado…

152 AA: Então, quer dizer que ela à partida sabe o que é que vai acontecer… É mais

provável que aconteça do que não aconteça.

(…)

153 AA: Ainda as frases do Tiago “É imprevisível saber o tempo daqui a duas semanas”, “É

imprevisível saber a turma do ano que vem”. Concordam que seja imprevisível?

154 Rita: Neste momento, porque mais para a frente já sabemos…

155 Pedro: Mesmo que passassem todos, a turma poderia ser dividida…

156 AA: Exacto, há sempre esses factores…Pedro Fragoso e André … temos estar frases

para previsível: “Quando acabar a aula vou almoçar”. É previsível “porque sei que vou

almoçar”…

157 Rita: é previsível, mas depois pode ter um telefonema e pode se ir embora…

158 AA: Então, este “sei” é de total certeza ou em princípio…

159 André Carnim: Em princípio vai acontecer…

160 AA: E dizem eles que não previsível é “o resultado de um jogo de futebol”, “porque só

se sabe o resultado no final do jogo”

161 Rita: … há sempre os imprevistos…

162 AA: Então só faltam as frases da Rita. Diz ela “É previsível que tenha teste de Francês

hoje”. A justificação é “porque já estava previsto, a stora já tinha marcado o teste”

163 Rita: Pode acontecer alguma coisa…

164 AA: Pode acontecer alguma coisa, a professora pode faltar, mas é ou não previsível que

tenham teste de Francês hoje?

165 Vários: É!

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166 AA: “Não previsível que o vulcão de Sintra entre em erupção, porque o vulcão está

adormecido há muitos anos”

167 Kathleen: Pode acordar a qualquer momento…Não é previsível.

(…)

168 AA: à partida não vai acontecer, mas nós não sabemos se de hoje para amanhã ele

acorda ou não.

169 Rita: Porque a Natureza é imprevisível…

170 AA: À partida não acontece mas como não podemos prever o amanhã…

171 Pedro: Pode-se, pode-se, até estive a ver um filme no Sábado…

172 AA: Sim, “O cume de Dante”(…) Sim, mas isso é como o tempo, nós temos

considerado o tempo não previsível, porque só com dois ou três dias de antecedência é

que tu consegues ter mais certezas, com uma semana ainda há muita coisa que se altera

e acho que aquilo que vocês tinham falado da Natureza é isso mesmo…Consegue-se

realmente prever se um vulcão entra em erupção ou não mas é com um espaço de

tempo muito curto…

173 Pedro: Stora, mas com uma semana já se consegue… Nesse filme que eu vi as pessoas

não estavam a acreditar nele…

174 AA: Porque não havia provas na totalidade… As provas aparecem muito mais perto…

175 [os alunos discutem sobre algumas cenas do filme]

176 AA: Então, falámos sobre previsível e imprevisível e há aqui algumas situações que eu

queria discutir com vocês da previsibilidade e da imprevisibilidade (…) hoje, em vez de

falarmos em situações banais, da normalidade, vamos ligar ao jogo… Vamos trabalhar

com alguns jogos e depois vamos discutir se vocês acham que esse jogos que vocês

jogaram são previsíveis, se são imprevisíveis, e que outros jogos é que conhecem que

podem ser previsíveis ou imprevisíveis… Ou seja, em vez de trabalharmos situações

muito gerais, hoje vamos trabalhar com jogos.

177 Pedro Miguel: Que jogos?

178 AA: Que jogos, perguntas bem!

179 [a professora distribui os jogos pelos alunos: xadrez, abalone, jogo do 24, jogo do Galo

e 4 em linha. O único aspecto que foi tido em conta para a distribuição, foi o facto de os

alunos saberem jogar ao jogo que lhes era fornecido]

180 [os alunos jogam]

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181 AA: Vão pensando se aquele jogo que vocês estão a jogar é previsível ou não é

previsível.

182 Pedro: O jogo do 24 é o único que é previsível.

183 AA: Então porquê?

184 Pedro: Porque dá sempre 24.

(…)

185 AA: Então, quem é ainda a ganhar? [dirige-se às alunas que jogam o jogo do Galo]

186 Kathleen: Sempre eu!

187 AA: Porquê?!

188 Kathleen: Porque ponho as cruzes num sítio que dá para fazer de um lado e do outro.

189 AA: Então, ela não tem hipótese…

(…)

190 André Salgado: O outro dai ganhei-lhe três ou quatro vezes seguidas, sempre a fazer a

mesma coisa…[este aluno jogava xadrez]

191 AA: Então, <porque é que tu sempre a fazer a mesma estratégia consegues lhe ganhar

sempre?

192 André Salgado: Porque ele não sabia se defender…

193 AA: Então, diz-me uma coisa, se tu tiveres uma determinada estratégia eu consigo te

vencer ou não?

194 André Salgado: Depende, se conseguir defender-se da estratégia…

195 AA: Então, mesmo quando tu tens uma estratégia, eu consigo “dar a volta”, ou não?

196 André Salgado: Não…

197 AA: Então há estratégias que fazem com que ganhes de certeza?

198 André Salgado: Mas depende das peças que há…

(…)

199 AA: Então, e aqui [jogo do 24], ganha sempre o mesmo?

200 Gonçalo: Sim, eu! (risos)

201 AA: Mas tens alguma estratégia?

202 Gonçalo: Não, vou tentando.

(…)

203 AA: E aí no 4 em linha, como é que é? Quem é que está a ganhar?

204 Rita: Está 2 a 1…

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205 AA: E como é que vocês jogam? (…) A tua ideia é fazer com que ela não faça os 4 em

linha?

206 Rita: É mais eu fazer… Depois, eu fazendo corto as jogadas dela…

207 AA: Então, quer dizer que se tu desenvolveres uma determinada estratégia pode

impedir que ela ganhe.. E ela não pode fazer nada, fica de mãos e pés atados?

208 Rita: Não, ela pode dar a volta!

209 AA: E aí ao fundo, como é que é o abalone? (…) O que eu queria saber…

210 Pedro Miguel: É não previsível… eu estava a perder e depois ganhei…

211 AA: E foste desenvolvendo alguma estratégia?

212 Pedro Miguel: Não, fui jogando (…)

(…)

213 AA: Aí no jogo do galo…

214 Kathleen: Eu punha as cruzes que dava para fazer na vertical e na horizontal…

215 AA: Então, tinhas uma estratégia… e ela não podia fazer nada contra a tua estratégia..

216 Kathleen: Pois, não…

5ª Sessão – 25 Maio 2004

1 AA: Bem, o que é que fizemos a semana passada? Quem vai recordar? (…) Estivemos

a trabalhar em duas noções que já tinham vindo da outra semana…

2 Tiago: Aleatório e não aleatório

3 AA: Não, já não eram essas.

4 Rita: Previsível e não previsível

(…)

5 AA: Oh Tiago, tu tinhas uma definição para previsível, qual é que era?

6 Tiago: Acho que guardei aqui [referindo-se ao web report]

7 AA: Eu sei que guardaste aí… mas ainda te lembras qual era?

8 Tiago: Acho que é uma coisa que vai acontecer e que a gente sabemos o resultado

9 AA: Ok, continuam a concordar com isso?

10 Pedro: Não.

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11 AA: Então?

12 Pedro: Então, é que espera-se que vai acontecer e espera-se saber o resultado…

13 Ricardo: Exactamente.

14 AA: Então não se tem a certeza.

15 Pedro: Claro.

16 AA: Pronto, foi isso que nós estivemos a discutir a semana passada, a história de ter a

certeza. Lembram-se do 99% e do 100%? Depois, entretanto, estivemos a jogar a uns

jogos. E agora, o que é que os jogos têm a ver com o previsível?

17 Pedro: Pois é, eu sei! Por exemplo, o jogo do 24 que era aquele que eu, o Ricardo e o

Gonçalo estávamos a jogar, tinha que dar sempre 24. É previsível que tem que dar

sempre 24…

18 Rita: Não, isso é de certeza absoluta que tem que dar 24…

19 Tiago: É previsível que alguém ganhe

20 AA: É previsível sempre que alguém ganhe?

(…)

21 AA: Então, e os outros jogos? Portanto vocês acham que o jogo do 24 é previsível

porque o resultado é sempre 24, é?

22 Vários: Sim

23 AA: E sabemos sempre quem é que vai ganhar?

24 Vários: Não.

25 Pedro: Isso é imprevisível.

26 AA: Isso já é imprevisível, quem ganha…

(…)

27 AA: O Tiago estava aqui a dizer que no abalone…

28 Tiago: É previsível que alguém ganhe, mas é imprevisível quem é o ganhador.

29 AA: O ganhador? (risos)

30 AA: Então, e alguém acha que jogou um jogo previsível? (…) Estamos a falar em

previsível, em termos de quem ganha. (…) Aí o Pedro já estava a dizer que o jogo do

24 já era imprevisível porque tão depressa podia ganhar o Gonçalo, como o Pedro ou

como o Ricardo

31 Tiago: Eu quando estava a começar a jogar estava a ganhar ao Pedro [Miguel], mas ele

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deu a volta e ganhou-me

32 AA: Portanto, não conseguiram, prever quem é que ia ganhar…

33 Tiago: Não.

34 AA: E diz-me uma coisa, tu tentaste arranjar alguma estratégia?

35 Tiago: Não, joguei normalmente…

36 AA: Já percebi que vocês acham que o jogo do 24 e do abalone não são previsíveis.

Então, alguém acha que esteve aqui algum jogo previsível?

37 Pedro: Não. Não há nenhum que seja previsível

38 AA: Não há nenhum jogo que seja previsível…

39 Pedro: Não, porque nunca ninguém sabe quem é que vai ganhar.

40 Gonçalo: Depende, se for um jogo em que jogue alguém sozinho

41 AA: Isso não é jogo.

42 Gonçalo: Existe!

43 AA: Nem que jogues contra a máquina. É tu contra a máquina.

44 André: Há um que é com as cartas todas em fila…

45 AA: Ah, o solitário! (…) Olhem, o jogo que vocês jogaram… Tu estavas a jogar com

quem, Rosário? Com a Kathleen…Estiveram a jogar o jogo do Galo… Kathleen, o que

é que tu me disseste na semana passada?

46 Kathleen: Que eu punha as cruzes num lugar que dava para fazer num lado e no

outro… Se ela pusesse num lado, eu ganhava no outro…

47 AA: Então, e isso é um jogo imprevisível ou é um jogo previsível?

48 André Carnim: Previsível

49 Rita: Depende se ela puser ou não, stora.

(…)

50 AA: Então, antes de começar a jogar era previsível quem é que ia ganhar?

51

52 Kathleen: Depende dos sítios onde ela punha as cruzes.

53 AA: Ah, ok. E então, consoante o sítio onde ela punha as cruzes, tu conseguias ou não

evitar que ela ganhasse?

54 Kathleen: Pois, é isso. (…) Eu punha as cruzes de um lado e ela cortava e depois eu já

fazia.

55 AA: Quer dizer, conseguiste arranjar uma maneira de ela nunca ganhar.

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56 André Carnim: Arranjava, quer dizer, poderia não conseguir arranjar…

57 Kathleen: Mas foi o que ela disse

58 Pedro: Isso é uma técnica, mas isso não quer dizer…

59 AA: O Pedro está aqui a dizer que há técnicas…

60 André Carnim: Pois há, para evitar… Aí é fácil

61 AA: Mas quando há técnicas, o jogo, não quer que de certeza que tu vás ganhar, mas

não torna previsível o resultado? Se tu tens uma técnica?

62 Pedro: Não. Por exemplo, eu sei a mesma técnica que a Kathleen. Os dois a jogar com a

mesma técnica. Estamos a jogar…

63 Kathleen: Mas há um sempre que ganha!

64 Pedro: Não ganha, não.

65 Kathleen: Sim!

66 Pedro: Podes empatar! Deves pensar que consegues fazer sempre…

67 Kathleen: Não. Se jogarmos os dois com a mesma técnica há sempre um que tem de

ganhar.

(…)

68 Ricardo: Mas se ele sabe a técnica, sabe-se defender.

(…)

69 AA: Então, mas desculpem lá, a questão aqui é se é previsível ou não…Se eles sabem

os dois a técnica, o que é que vocês prevêem que aconteça?

70 Pedro: O empate.

71 Ricardo: É imprevisível.

72 AA: Então, volto a perguntar a mesma coisa… Se há uma técnica por traz, o jogo torna-

se previsível ou continua a ser totalmente imprevisível?

73 Vários: Previsível.

74 Pedro e André Carnim: Imprevisível

75 AA: O Pedro continua a achar que é imprevisível, e o André também.

76 Gonçalo: Eu não.

77 Pedro: Podem saber os dois a mesma técnica, mas se um jogar no sítio errado ganha o

outro.

78 Gonçalo: É previsível que haja um empate, mas pode não haver.

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79 AA: Estamos a voltar outra vez ao mesmo… Previsível é uma coisa que acontece de

certeza?

80 Gonçalo: Não! Pode não acontecer.

81 Ricardo: Há 99%...

82 André Carnim: Ah! Então é previsível…

83 Pedro: Eu estou na mesma…

84 AA: Pronta, mas estamos aqui para continuar a termos opiniões diferentes… Então, o

que acontece ali no jogo do galo não acontecia no jogo [abalone], pelo menos estava o

Tiago a dizer que não conseguiu arranjar nenhuma estratégia para evitar que o Pedro

[Miguel] lhe ganhasse. A Kathleen conseguiu arranjar uma estratégia para evitar que a

Rosário lhe ganhasse, certo?. Então e que outros jogos havia mais aqui… o xadrez, o 4

em linha, …Meninos do xadrez…

85 André Carnim: ~E previsível que o Salgas [André Salgado] ganhe…

86 André Salgado: Não é não. Posso me enganar numa jogada…

87 Gonçalo: Mas previsível não é de certeza!

88 AA: Mas nós estivemos a ver que o ser previsível tinha a ver com alguma técnica…Há

alguma técnica no xadrez que faça com que tenhas mais possibilidades de ganhar do

que o outro?

89 André Salgado: Há.

90 AA: Como é que é?

91 André Salgado: Cheque à pastor.

92 Pedro Fragoso: Não, tu pode evitar o cheque à pastor…

93 [alguns alunos explicam no que consiste esta técnica e algumas formas de a evitar]

94 AA: Então, sempre há estratégias, e se eu não me souber defender é previsível que

vocês ganhem.

95 Vários: Claro.

96 AA: Por exemplo: o André estando a jogar com o André se calhar não é previsível

porque ele deve saber-se defender. Mas estando a jogar com uma pessoa que não

souber jogar, havendo essa estratégia é previsível que tu ganhes?

97 André Salgado: Hum, Hum [Sim]

(…)

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98 AA: Falta um, o 4 em linha (…) Foste tu [Rita]com a Ana…O que é que tu achas?

99 Rita: Depende… É imprevisível.

100 AA: Achas que é imprevisível. Porquê?

101 Rita: Temos muitas opções para jogar, tempos muitas maneiras de fazer e temos muitas

maneiras de cortar também… acho que é imprevisível.

102 AA: E haverá nesse jogo alguma maneira de arranjar uma estratégia…

103 Rita: Não, porque tu estás a fazer ao mesmo tempo que a outra pessoa e a outra pessoa

corta À medida que tu vais fazendo, normalmente…

104 AA: Então, tu achas que é imprevisível… vocês concordam? Ricardo, Tu não estavas a

dizer que achavas que era previsível?

105 Ricardo: Eu acho, porque se se está a ver que ela vai ganhar, corta-se. É previsível que

corte…

106 AA: Não, mas nós estamos a falar se é previsível ou não do ponto de vista de saber

quem é que vai ganhar…

107 Ricardo: Ah, então não sei… Imprevisível?

108 Gonçalo: Não é um jogo de lógica, que use uma estratégia…

109 AA: Não se arranja estratégia no jogo do 4 em linha… Eu, por acaso, acho que se

arranja…

110 Rita: Arranjam-se muitas estratégias, mas como a outra pessoa também arranja porque

é muito fácil de arranjar outra estratégia, como estamos a jogar no mesmo sítio uns com

os outros, à medida que vamos fazendo a nossa, vamos cortando…

111 AA: Mas isso pode ser outra coisa… O jogo até pode ser previsível, se tu tiveres uma

estratégia é previsível que tu ganhes, agora, o que pode ser é dependente: a tua

estratégia depende da estratégia do teu adversário.

112 Rita: Mas às vezes eu estou a fazer a minha estratégia, e à medida que vou fazendo a

minha, vou cortando a dela, mesmo que não tenha nada a ver. Eu posso estar a fazer no

meio e ela estar a fazer numa ponta, eu vou fazendo a minha e depois quando ela

estiver quase a ganhar, posso cortar, por exemplo. Já não estou a fazer a minha

[estratégia], já estou a cortar a dela…

113 AA: Mas a tua estratégia mudou.

114 Rita: Mudou, não. Cortei a dela…

115 AA: Mas, o cortar a dela pode fazer parte da tua estratégia.

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116 Rita: É isso. Como estamos a jogar no mesmo às vezes até pode acontecer… Às vezes

até não podemos pôr num sítio, porque se pusermos nesse sítio a seguir ganha. Por

exemplo, eu e a Ana tínhamos lá espaços em que era proibido pôr-mos as peças…

117 AA: Tanto para uma como para a outra?

118 Rita: Pois…

119 AA: Então, e aqui quem é que acha que tem jogos dependentes? Jogos que dependem

da estratégia do outro?

120 Pedro: O xadrez…

121 Ricardo: O jogo do 24…

122 AA: O 24 será dependente? (…)A tua técnica, ou a tua maneira de jogar o 24 dependia

da maneira como o Gonçalo jogava ou 24 ou do Pedro jogar o 24?

123 Gonçalo: Não, não.

124 Pedro Miguel: As damas…

125 AA: (…) O xadrez e as damas são dependentes, ok. Ele tem uma técnica, a tal do

cheque à pastor (…) se ele perceber que eu sou uma naba a e que não percebo nada

daquilo, ele continua na estratégia dele e não tem de fazer mais nada. Agora, se ele

perceber que eu até sei alguma coisa daquilo, o que é que ele vai fazer?

126 Tiago: Vai fazer outra técnica.

127 AA: Portanto, a estratégia dele depende daquilo que eu sei do jogo… Então, é

dependente. Agora, vocês acham que o jogo do 24 é dependente?

(…)

128 Pedro Miguel: O Uno também podia ser. Com as cartas que temos na mão também

podemos arranjar uma estratégia…

129 AA: Então e isso é um jogo previsível ou não previsível?

130 Pedro Miguel: Não previsível. Porque com as cartas que temos na mão é que temos de

arranjar a estratégia…

131 AA: E será dependente ou independente?

132 Pedro Miguel: Eu acho que é dependente.

133 AA: Porquê?

134 Pedro Miguel: Porque com as cartas que temos na mão é que temos de arranjar a

estratégia…

135 Rita: Mas independentemente dos outros …

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(…)

136 Pedro Miguel: Com as cartas que temos, arranjamos uma estratégia independentemente

das cartas que os outros joguem.

137 AA: Tu arranjas uma estratégia independentemente das cartas que os outros tenham, é

verdade. E quando tu vais lançando as cartas, a tua estratégia vai mudando ou não

consoante as cartas dos outros?

138 Pedro Miguel. Pode mudar…

139 AA: Então, e isso será dependente ou não?

140 André Carnim: Depende das cartas dos outros, está certo.

(…)

141 AA: Então, e mais jogos de que vocês se lembrem para nós discutirmos aqui se são

dependentes ou independentes…

142 Tiago: Monopólio.

143 AA: Ok, o monopólio, será previsível ou imprevisível?

144 Pedro: Imprevisível

145 AA: Imprevisível, diz o Pedro. Porquê?

146 Pedro: Porque não se sabe quem é que vai ganhar…

147 Rosário: Conforme os cartões e o que se comprar, assim será o resultado do jogo.

148 AA: Tem a ver com os dados, não é?

149 AA: Arranja-se estratégia no monopólio?

150 Pedro: Não.

(…)

151 Rita: Arranjam-se.

152 AA: Mas arranjam-se estratégias como aquela da Kathleen que praticamente garante

que ela ganhe, ou não perca. A estratégia do monopólio…

153 Rita: Também depende do outro jogador.

154 AA: E a estratégia do monopólio é uma estratégia que garante que eu consigo ganhar?

155 Rita: Não.

156 AA: Então, será previsível ou imprevisível o jogo?

157 Vários: Imprevisível.

158 AA: Também tem a ver com a história dos dados.

159 Tiago: Também há outro jogo… do detective e duma pessoa que é morta…

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160 Pedro Miguel: O Cluedo.

161 AA: E o Cluedo é previsível ou imprevisível?

[explicasse o jogo]

162 Tiago: Isso é imprevisível.

163 AA: Mais jogos… Olhem, a Batalha Naval?

164 Pedro: É imprevisível.

165 AA: É imprevisível quem é que ganha…

166 Pedro: É imprevisível se acertamos nos outros barcos…

167 Tiago: Já ouvi dizer que há estratégias, mas não sei quais são…

168 AA: Eu até posso ter uma estratégia, mas será que me garante que eu não vou perder?

(…)

169 AA: Então, resumindo e baralhando, quando é que um jogo é previsível?

170 Ricardo: (…) Podemos dar exemplos?

171 AA: Podes…

172 Ricardo: Então, as cartas do jogo do 24… é previsível que a gente fazendo contas vá

dar 24.

173 AA: Mas, há pouco, o que se viu em termos de previsibilidade era saber quem é que ia

ganhar.

174 Rita: [Um jogo] é mais previsível quando nós estamos a ver a estratégia do outro].

175 AA: Gonçalo, o que é que achas que é um jogo previsível?

176 Gonçalo: Um jogo previsível é que já se sabe o resultado.

177 AA: O resultado?

178 Gonçalo: É. O vencedor. Sabe-se, em princípio.

179 AA: E tem a ver com aquilo que a Rita estava a dizer? Ela disse que são previsíveis

aqueles em que se vê a estratégia do outro… Foi assim Rita?

180 Rita: Não, é mais previsível quando nós estamos a ver a estratégia do outro. Quando

nós não vemos a estratégia, é mais difícil de adivinhar aquilo que os outros vão fazer.

(…)

181 AA: Ok, então, aquilo que eu vos vou pedir é que vão ao Plone, vão à tarefa C, portanto

vocês estiveram a pôr lá situações previsíveis e não previsíveis e no fim da tarefa C,

antes da tarefa D, expliquem o que é que vocês acham que é um jogo previsível, um

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jogo não previsível e exemplos de jogos que vocês acham que são previsíveis ou não

previsíveis, está bem?

182 Pedro: Um jogo não previsível é o futebol…

183 AA: Olhem, o futebol é previsível ou não previsível?

(…)

184 Gonçalo: Se for um da 1º liga contra um da 3ª liga, é previsível que o da 1ª ganhe…

(…)

185 AA: Então e não é previsível que o Benfica ganhe a um clube da 3ª divisão?

186 Vários: É.

187 Pedro: Conforme, se o Benfica for meter uma camada de coxos a jogar é claro que

perde.

188 Gonçalo: Mas é previsível!

189 AA: É previsível porque as duas equipas não são o quê?

190 Gonçalo: Equilibradas!

191 AA: Por acaso agora chegámos aqui a outra que é capaz de ser interessante… É a

mesma história de eu e o André jogarmos [xadrez]. Porque é que eu jogo com o André

e é previsível que o André me ganhe?

192 Pedro: Porque a stora é fraca…

193 Gonçalo: É o que a stora estava a dizer é o equilíbrio…

194 AA: Pois é, nós não somos dois jogadores equilibrados… Mas quando os dois

jogadores são equilibrados…

195 Gonçalo: Pode haver empate.

(…)

196 AA: É mais um outro factor… Um jogo torna-se mais previsível…

197 Gonçalo: Se os jogadores não forem equilibrados.

198 Pedro: Mas pode haver surpresas.

199 Gonçalo: Por isso é que é previsível!

(…)

6ª Sessão – 1 Junho 2004

43

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1 (…)

AA: Bom, então vamos lá começar, por discutir aquilo que vocês na semana passada

escreveram sobre os jogos … Porque eu fui ver e cheguei à conclusão que vocês não

concordam uns com os outros … Depois da discussão toda, há frases que não batem

umas com as outras…Vamos lá ver! Vamos começar pelas da Rosário (…) “Um jogo

previsível é quando temos estratégias e o adversário não as tem e sabemos que vamos

ganhar”. Isto é um jogo previsível? Ela diz que um jogo é previsível quando temos

estratégias e o adversário não as tem e sabemos que vamos ganhar…

2 Pedro: É previsível.

3 AA: Então toda a gente concordam com isto? Ela dá como exemplo o jogo do galo se

tivermos estratégia (…) Concordam?

4 Vários: Sim.

5 Rita: Eu não

6 AA: Tu concordas com o quê, Pedro [Miguel]?

7 Pedro Miguel: Eu concordo que o jogo do 24 seja previsível

8 Rita: Eu acho que é imprevisível…

9 Pedro Miguel: Não! Eu acho é que o xadrez é que é previsível.

10 AA: O xadrez… Já vamos então ao xadrez.(…) Então toda a gente concorda que o jogo

do galo é previsível, tirando a Rita?

11 Pedro: É previsível num sentido e noutro não é!

12 AA: Qual é que é o sentido em que não é previsível?

13 Rita: Então, porque tanto pode ganhar um como pode ganhar o outro…

14 AA: Pronto, então não podemos utilizar o quê?

15 Rita: Previsível…100%, não é?

16 AA: Exactamente… porque o que ela diz aqui é “… e sabemos que vamos ganhar”

17 Rita: Prevemos que vamos ganhar…

18 Pedro: Ela está a dizer com todas as letras que vai ganhar

19 Ana: Mesmo tendo a estratégia , pode falhar…

20 AA: Então, digam lá o que é que vocês acham que é um jogo previsível?

21 Rita: Um jogo previsível é quando a gente vê o jogo, vemos a estratégia e pensamos …

Temos um tabuleiro, nos jogos de tabuleiro eu acho que é mais fácil prevermos o

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resultado porque estamos a ver as estratégias una dos outros…

22 AA: mas eu acho que aquilo que a Ana disse é muito importante, porque mesmo vendo

as estratégias…

23 Rita: Sim, a gente pode-se enganar, mas podemos prever. Não é 100%.

24 AA: (…) Então, aquilo que a Rosário diz: “um jogo é previsível quando temos

estratégias e o adversário não as tem e sabemos que vamos ganhar”, se calhar não

sabemos…

25 Rita: Prevemos

26 AA: Prevemos, temos boas hipóteses, mas não temos a certeza, não é? (…) Olhem, há

aqui uma pessoa que escreve isto: “jogo imprevisível é um jogo que se sabe que alguém

vai ganhar, mas não se sabe quem. Por exemplo: jogo do galo, batalha naval, cluedo” É

uma pessoa que escreve isto e neste momento não está a concordar com o que escreveu.

27 Tiago: Sou eu!

28 AA: Temos que nos orientar, porque não podemos dentro do mesmo grupo estarmos a

dizer coisas diferentes…

29 Pedro. Stora, pode repetir…

30 AA: Posso sim senhor, o Tiago diz assim: “jogo imprevisível é um jogo que se sabe

que alguém vai ganhar mas não se sabe quem”. Isto é ser imprevisível?

31 Pedro: É, porque ele está a dizer que se sabe que alguém vai ganhar, mas não quem é

que via ganhar e não se sabe como.

32 Rita: Todos os jogos são imprevisíveis nesse modo. Não se sabe quem é que vai

ganhar, quem é que vai perder ou se empatam. Aí nunca se sabe. Mas depois, à medida

que vamos jogando podemos prever, porque vamos vendo o jogo… Mas tipo, o jogo do

24, nós como não vemos o que o outro está a fazer, se não vemos o raciocínio, se está a

ser mais rápido ou mais lento que o nosso, é imprevisível quem acerta, tanto pode

acerta o Pedro, como o Carnim como outra pessoa.

33 AA: …Oh Pedro [Miguel] não eras tu que estavas a dizer à bocadinho que não havia

jogos previsíveis?

34 Pedro Miguel: Era…

35 AA: Então se calhar aquilo que a Rita está a dizer até tem uma certa razão. Os jogos, à

partida são todos imprevisíveis. O que acontece é que consoante as situações, vamos

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conseguindo fazer previsões ou não. Por exemplo: eu e o Pedro vamos jogar xadrez. Se

eu não souber nada dele e ele não souber nada de mim, à partida é imprevisível quem é

que vai ganhar. Agora, se se começar a perceber que eu não sei jogar xadrez e ele até

sabe, o que é que acontece?

36 Rita: É previsível que ele ganhe…

37 AA: É previsível que ele ganhe, mas isso significa que ele vai ganhar?

38 Rita: Não.

(…)

39 AA: Rosário ainda: “Um jogo não previsível é quando não sabemos o resultado do

jogo”. É pacífico? O que é que é o resultado? É o resultado em termos de quem vai

ganhar, é isso?

40 Rosário: É.

41 AA: E ela dá o exemplo do Freecell [jogo de cartas de computador]

(…)

42 Ana: Pode não aparecer as cartas que nós queremos para fazer jogo…

43 AA: Ora, o Gonçalo não está presente, mas nós temos aqui as frases dele “Um jogo

previsível é um jogo que em princípio um determinado jogador vai ganhar”

44 Rita: Acho que essa frase não dá, porque pode não ganhar, pode empatar…

45 Pedro: Então, mas é por isso que ele está a dizer em princípio

46 AA: E ele nem diz em princípio um jogador vai ganhar, diz que me princípio um

determinado jogador vai ganhar… Em princípio não quer dizer que aconteça…

47 Rita: Mas há jogos em que se empata, stora. (…) Só se for o objectivo, o objectivo é

sempre ganhar…

48 AA: Exactamente, mas o objecto de [jogar] um jogo não é ganhar a alguém?

49 Rita: Então está bem

50 AA: O Gonçalo diz ainda que “um jogo não previsível é um jogo em que não se sabe o

vencedor”

51 Pedro: Está certo.

52 Rita: Não se sabe…

53 AA: nunca se sabe o vencedor que o jogo seja previsível ou imprevisível, desculpem lá.

Tu sabes o vencedor em algum jogo?

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54 Pedro: Em princípio sabe-se.

55 AA: Ah1 Tu podes é prever! E no não previsível o que é que acontece?(…)No não

previsível o que é que não se consegue fazer?

56 Rita: Não se consegue prever

57 AA: Ah! Não se consegue prever! É que é diferente não saber de não se conseguir

prever. Tu saber, nunca sabes. Tu podes prever que entre eu e o Pedro ele vai ganhar o

jogo de xadrez, mas tu não sabes que ele vai ganhar o jogo de xadrez. É diferente não

é? (…) Então esta frase do Gonçalo está totalmente correcta? Concordam com isto?

“um jogo não previsível é um jogo em que não se sabe o vencedor”

58 Rita e Tiago: Não se prevê!

59 AA: Tiaguinho “ jogos previsíveis são jogos que se sabe o vencedor e que se pensa qual

é o resultado”

60 Pedro: Errado.

61 Rita: Não, não se sabe o vencedor!

62 AA: “Jogo imprevisível é um jogo que se sabe que alguém vai ganhar, mas não se sabe

quem”. Esta é a frase que nós já tínhamos visto que não é bem isto, não é? Agora, Rita

“Jogo previsível é um jogo em que sabemos quem vai ganhar”

63 Rita: Não se sabe quem vai ganhar…

64 Pedro: Em princípio sabemos…

65 Rita: Prevemos quem vai ganhar.

66 AA: Portanto, ela diz que os jogos de tabuleiro são todos previsíveis porque podemos

ver as estratégias do outro jogador. Depois diz que o jogo do 24 é imprevisível porque

não sabemos quem vai ganhar.

67 Rita: Não vemos os raciocínios.

(…)

68 AA: Pedro e Carnim, diz assim “Jogo previsível é um jogo que com técnicas pode-se

ganhar ou o outro jogador pode tentar parar mas pode não conseguir”.

69 Pedro Miguel: Ah, é tipo o xadrez!

70 AA: Sim, é o exemplo. “Jogo imprevisível é um jogo que não se sabe o jogador que

ganha” Exemplo: o jogo do 24

71 André Carnim: Não se prevê…

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72 AA: Agora o Ricardo “Jogo previsível é um jogo em que há 99% de hipóteses de

acontecer. Jogo imprevisível é um jogo em que há 1% de hipóteses de acontecer”. Este

acontecer deve ser de ganhar, não é?

73 Ricardo: Sim

74 AA: (…) Então, jogo previsível é um jogo em que há 99% de hipóteses de ganhar? Este

99% vem por causa de quê?

75 Ana: Porque não pode ser 100%

76 AA: Porque é que não pode ser 100%?

77 Rita: Porque aí tínhamos a certeza.

78 AA: Porque aí tínhamos a certeza, não é? 100% tínhamos a certeza.

79 Rita: Pode sempre falhar ou pode-se enganar ou acontecer qualquer coisa…

80 AA: Falta só a Kathleen: jogo previsível é um jogo cujo resultado se espera, jogo não

previsível é um jogo cujo resultado não se conhece. Ah! O jogo previsível, para ela, é o

jogo do galo – portanto aqui está mais uma pessoa que considerava o galo previsível tal

como a Rosário - e jogo não previsível para ela era o 4 em linha. Ela diz que o 4 em

linha é um jogo não previsível porque é um jogo cujo resultado não se conhece,

concordam?

81 Rita: Eu acho que é.(…) é aquela história da outra vez: ao mesmo tempo que nós vamos

fazer a nossa jogada vamos cortando e o outro vai fazendo a mesma coisa…

82 AA: Há bocadinho a Ana disse uma coisa das cartas que podem sair, não foi Ana? As

cartas que saiem podem…

83 Rita: É isso! É um jogo dependente da jogada do outro…

84 AA: E não só…

85 Tiago: O jogo da batalha naval é dependente da jogada do outro jogador.

86 Rita: É, é.

87 AA: É? Não é, não.

88 Rita e Tiago: É, é

89 AA: Desculpa lá, tu atiras para os barcos dele, e ele atira para os teus…

90 Tiago: Então, mas se ele falha nós podemos ficar a saber onde é que estão os barcos

dele.

91 Pedro: Não. Se ele falhar tu não sabes nada. Se tu conseguires acertar em algum sítio do

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barco é que consegues ver mais ou menos o sítio do barco.

92 Rita: Nós também dependemos do outro, stora.

93 AA: Mas dependes como?

94 Rita: Se ele acertar sempre, nós… morremos.

95 AA: Ah! Dependes só disso! Eu pensava é que a estratégia dele alterava a tua

estratégia. Por exemplo, nós jogos de cartas isso acontece ou não?

96 Rita: Acontece, e no jogo do 24 também. Do 24?!No jogo do 4 em linha também.

97 AA: Do 4 em linha, exactamente. Tu até podes ter uma estratégia, mas estás sempre

dependente da estratégia da tua colega. Se faz qualquer coisa que não vai dentro

daquilo que tu querias que ela fizesse, já vais ter que alterar a tua estratégia, não é?

Olhem, nós precisamos de discutir o que é que são jogos previsíveis e não previsíveis.

Temos de chegar a uma conclusão. Eu vou vos explicar porquê… Eu queria que vocês

entrassem aí [no Plone]. Ao canto têm a palavra Random, não têm? Nos “meus

favoritos”, entram em Random…E o que nós vamos ver é um relatório feito pelos

italianos, que não está em italiano, está em inglês, em que eles o que fizeram foi chegar

à conclusão o que era para eles…Eles escrevem alguns jogos em que eles consideram

previsíveis e não previsíveis e explicam porquê, e no fim dizem o que é que são jogos

previsíveis e não previsíveis. Eu gostava de discutir este documento com vocês, a ver se

vocês concordam com aquilo que eles têm ou se não concordam… [a professora dá

indicações para os alunos entram no documento referido6]

98 AA: O que é vocês acham… Acham que fazia sentido fazermos um documento deste

tipo deste grupo a dizer o que é que eram para nós [jogos previsíveis], que jogos é que

nós trabalhámos, se eram previsíveis ou não…

99 Alguns alunos: Sim.

100 AA: Acham que faz sentido?

101 Tiago: Eu acho que faz. [a professora continua a dar indicações para os alunos entram

no documento referido]

102 AA: Vamos lá. Como vocês vêem aí, eles têm um relatório final sobre a tarefa C,

portanto, sobre os jogos. E eles têm aí vários jogos e um dos jogos que eles falam é o

puzzle. O que diz aí sobre o puzzle é o seguinte: eles acham que o puzzle é previsível

porque a figura final é conhecida, é o que eles dizem. Depois, entretanto, … Ah!

6 http://www.weblabs.org.uk/wlplone/Members/Classe2A/my_reports/Report.2004-01-19.4817/index_html49

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Depois falam no xadrez, vejam lá o que é que eles dizem do xadrez, porque o xadrez

vocês também trabalharam. Dizem assim: “é verdade que é possível prever os passos

do adversário. Mas os caso são tantos que não podemos controlar o nosso adversário”.

103 Pedro: Exactamente

104 AA: Em teoria podemos prever todos os passo, mas na prática é difícil manter tudo sob

controle, portanto eles acabam por considerar que o xadrez é imprevisível, porque

apresar de ser possível prever os passos do adversário são tantas as hipótese que nãos e

consegue controlar. Portanto eles consideram o xadrez imprevisível e nós não

considerámos.

105 Pedro: Não é imprevisível, porque se… aquilo que tem-me acontecido nós ganhamos

pontos mesmo que nós não ganhemos pontos vamos jogar com outras pessoas com

menos pontos ou com os mesmos e essas pessoas podem jogar melhor do que nós ou

pior do que nós.

106 AA: Mas eles depois têm aqui outra coisa que diz assim: “nós podemos prever o jogo

só se um dos jogadores é muito bem e o outro não é”, pronto, nós aqui já concordamos,

não é? (…)

107 AA: Jogos de memória dizem eles que “são jogos que implicam sorte (que era aquilo

que a Ana estava a falar), logo não são previsíveis. Á medida que as cartas são

descobertas o jogo torna-se previsível.” O que é que vocês acham? (…)

108 Kathleen: [sobre o exemplo de um jogo de memorização cujo objectivo é fazer pares de

cartas] tá a ver stora, se nós carregamos nos dois errados, temos que memorizar as

cartas erradas, para depois se encontrarmos o outro par carregarmos.

109 Ricardo: Eu acho que si, acho que têm razão.

110 Rita: Eu acho que é.

111 AA: Não é só sorte, há estratégia.

112 Kathleen: Pois

113 Rita: Há estratégia, mas também há sorte… quando a gente começa ao princípio é uma

questão de sorte a gente carregar nas cartas para irmos vendo…

114 Kathleen: Mas o jogo todo não é sorte, Rita

115 Rita: Depois à medida que vamos virar as peças vai-se tornando previsível porque nós

vamos arranjando estratégia.

116 AA: Pronto, ok. Solitário, cá está Ana, para ti.(…) “uns acham que é imprevisível se se

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ganha ou não. Os outros acham que é previsível, porque se alguém ganhar, são

eles”(…)

117 Ana: É os dois.

118 AA: [surge discussão sobre um jogo de computador]Depende do ponto de vista, não é?

Ora depois eles têm uns jogos que eu não conheço de lado nenhum…Ah! Scala 40, que

eu não sei o que é, ou outros jogos de cartas. Eles dizem assim: “os jogos de cartas

implicam alguma sorte e portanto não são totalmente previsíveis”

119 Tiago: É! O peixinho…

120 Rosário: Sim, é preciso saber jogar e ter sorte nas cartas que saiem…

121 AA: Então, só saber jogar não é suficiente, é preciso ter sorte. E quando há sorte, no

que isso interfere?

122 Tiago e Ricardo: O jogo passa a ser mais previsível

123 Rita: Não, é mais imprevisível, porque é à sorte…

124 AA: Não podemos garantir que a sorte venha para o nosso lado… Então é mais quê?

125 Rita: Imprevisível. (…)

126 AA: Há outros jogos que também dependem de sorte. Que jogos é que são?(…)

127 Pedro: O 4 em linha.

128 Vários: Não.

129 Tiago: O 4 em linha é estratégia.

130 Pedro: Não, não. É preciso ter sorte…

131 AA: Sorte no quê?

132 André Carnim: Se a pessoa não jogar a peça onde a gente…

133 AA: mas isso é a estratégia do outro que interfere na tua estratégia…Também, posso ter

sorte no adversário que me calha…

134 Rosário: O jogo da glória [para exemplo de um jogo não previsível]

135 AA: Porquê?

136 Rosário: Porque, por exemplo, há as casas em que se volta ao princípio. Por exemplo, a

stora calha lá, e eu posso a jogar e por acaso posso não calhar e … depende do dado.

(…) e da sorte também, stora.

137 Tiago: O jogo da força, por causa das letras.

138 Pedro: E dos países…(…)

139 AA: Os jogos que implicam sorte, portanto os jogos que trabalham com cartas, que

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trabalham com dados, que trabalham com a escolha de uma letra do alfabeto…

140 Rita: Tornam-se imprevisíveis.

141 AA: Exacto, esses jogos que têm esses requisitos são mais imprevisíveis. Vamos lá ver

o que é que eles têm mais. Dizem eles assim: “O basquetebol, o futebol e o volei são

imprevisíveis porque não se sabe como adversário se move”

142 Ricardo: Exactamente.

143 AA: “Mas tornam-se previsíveis se se conhecer bem o adversário.”

144 Ricardo: Não. Se o adversário jogar melhor que nós, a gente perde…(…)

145 AA: O que é que nós vimos que era previsível. Vocês esquecem-se sempre do que nós

vimos que era previsível. Não é 100%...

146 AA: (…)Em relação ao “Shangai”diz assim: “alguns de nós dizem que é previsível

porque quando alguém for bom a jogar àquilo não é preciso sorte. Outros dizem que é

uma questão de sorte…”

147 Pedro Miguel: Eu acho que o Shangai… eu fui uma vez a um café e estava lá uma

mulher profissional a jogar Shangai e mesmo assim a mulher não passou do 1º jogo…

148 AA: Então e depois? O que é que nós vimos que era previsível?

149 Tiago: 99,9%

150 AA: Não se esqueçam que uma coisa que é previsível, disseram vocês que não tem de

acontecer de certeza. Em princípio acontece, mas se não acontecer não é por isso que

deixa de ser previsível.

151 Pedro Miguel: Stora, mas eu tou a falar em temos de ter sorte. Se tivermos sorte no

Shangai conseguimos…

152 AA: Então pronto, como tem “sorte” torna-se menos previsível, é isso?

153 Pedro Miguel: É. (…)

154 AA: Ora, jogo da Glória, que eles chamam jogo do ganso. [explica-se o que é o jogo da

glória] Eles dizem que é totalmente imprevisível que só conta a sorte a rolar os dados

155 Ricardo: Exactamente, é isso mesmo.(…) Mas eu acho que a sorte não existe, para mim

não existe.

156 AA: Se calhar é uma coisa que não existe e que as pessoas tiveram que lhe dar um

nome. (…) Vamos ver as conclusões deles para ver se concordamos? Conclusões: “os

jogos em que existe informação suficiente para saber como vão terminar são

previsíveis. Se não existe informação, ou se as escolhas dependem de lançamentos de

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dados ou extracções, então os jogos são imprevisíveis.” (…) O que é que vocês acham?

(…) As nossas [conclusões] são iguais? Nós temos várias. Por exemplo, aquela que

toda a gente concordou mais foi a do Gonçalo: um jogo previsível é um jogo em que,

em princípio, um determinado jogador vai ganhar” e deles dizem que : “os jogos em

que existe informação suficiente para saber como vão terminar são previsíveis”…

157 Kathleen: Stora, basicamente é a mesma coisa.

158 AA: É? (…) Nós estamos a pensar totalmente da mesma foram igual aos italianos?

159 Vários: Não!

160 Rita: Há umas coisas que eles explicam de outra maneira, mas no fim depois tem a ver

com o que nós decidimos, mas depois há outras coisas que não.

161 AA: Vocês acham que as duas definições ou estas duas conclusões são iguais? Dizer

que : os jogos em que existe informação suficiente para saber como vão terminar são

previsíveis (…) O que é que se passa aqui na definição deles? : os jogos em que existe

informação suficiente para saber [ênfase]como vão terminar…

162 Tiago: Eles têm a certeza…

163 AA: O que é que nós tínhamos discutido aqui?

164 Tiago: Que era 99,9

165 AA: Pois, um jogo previsível é um jogo que, em princípio, um determinado jogador vai

ganhar…

166 Rita: Só que eles falam do jogo e nós falamos do jogador, mas vai dar ao mesmo, acho

eu.

167 Tiago: Eu acho que o deles está mal.

168 AA: Vamos lá ver. Se nós pensarmos no jogo, ou seja, no ganhar, a nossa definição é:

um jogo é previsível quando, em princípio (…) o resultado é ganhar

169 Rita: É ganhar, porque o objectivo do jogo é ganhar (…)

170 AA: Eu volto a perguntar a mesma coisa. Faz sentido, ou não, fazermos um documento

em que vamos escrever, no grupo…

171 Rita: As conclusões?

172 Pedro: Faz sentido, sim senhor.

173 AA: Com os jogos que nós estudámos e a dizer se são ou não previsíveis.

174 Vários: Faz!

175 AA: Então agendamos isso para a próxima semana (…)[o grupo decide que a Rita e a

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Kathleen irão escrever o documento no computador](…) Eu tive a pensar… vejam lá.

Como é que vocês acham… Nós aqui discutimos não sei quantos conceitos: vimos o

que é que era aleatório, o que é que não era aleatório…

176 Kathleen: Por acaso…

177 AA: Por acaso, ao acaso, essas coisas todas. Isto, todas as semanas a gente discute de

novo. Como é que vocês acham que a gente arranjava maneira de… o que é que vocês

acham que nós poderíamos fazer para, em vez de todas as semanas estarmos a discutir

isso de novo, para quem tiver dúvidas a saber o que é que é aleatório, não aleatório…

178 Rita: Então, é fazermos isso e depois íamos ver…

179 AA: O que é que tu achas que nós poderíamos fazer?

180 Rita: Um glossário, por exemplo: aleatório, dois pontos hum hum hum, não aleatório,

dois pontos, …(…) Isso era a nossa opinião em relação às coisas. Também podíamos

publicar para os outros verem…

181 Ana: Podámos dar um exemplo de cada…

[o grupo discute a pertinência da proposta da Rita e decide que é útil escrever o

documento]

7ª Sessão – 8 Junho 2004

1 AA: Na semana passada, lembram-se que no fim se tinha decidido duas coisas. Ainda

se lembram o que é que a gente tinha decidido?

2 Rita: Não…

3 Pedro: Era aquilo do aleatório e não aleatório…

4 AA: Sim… mas em relação a quê?

5 Vários: Aos jogos.

6 AA: E estávamos a tentar dar uma resposta àquela web report que nós vimos dos

italianos. Depois, para além disso, vocês tinham falado noutra coisa que achavam que

era importante fazer…

7 Rita: Ah, pois é! Aquela coisa das palavras, não é?

8 AA: Como é que vocês lhe chamaram?

9 Rita: Um glossário.

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10 AA: Um glossário, que era para ver se nos entendíamos, porque o que é que acontece

montes de vezes? Nós decidimos que uma palavra significa qualquer coisa, mas

passado uma semana já ninguém se lembra exactamente no que é que ela significa…

Então, temos essas duas coisas para fazer e temos muito pouco tempo para as fazer (…)

Primeiro vamos fazer o quê? A resposta aos jogos que estão presentes?

11 Rita: Se calhar…

12 AA: Então vamos fazer o nosso web report… Agora, o que é que vocês acham que é

importante que lá esteja? Queremos fazer uma coisa nossa, não queremos imitar a dos

outros…

13 Rita: Os jogos, falarmos em cada um dos jogos…

14 André Carnim: Fotografias dos jogos (…)

15 [o Gonçalo queixa-se de que não está a perceber o que está a ser discutido, uma vez que

faltou à sessão anterior. Os colegas e a professora explicam-lhe o que foi discutido

nessa sessão e as decisões que foram tomadas.]

16 AA: Vamos então ao webreport sobre os jogos… o que é que vocês acham que se deve

escrever lá?

17 Rita: Eu acho que se deve pôr o jogo, explicar como é que o jogo funciona e darmos as

nossas opiniões.

18 AA: Então, se calhar, vamos abrir uma web report livre, daquele que não têm template

nenhum [a professora dá instruções à Rita e à Kathleen, as duas alunas que irão redigir

o webreport em grupo]

19 Rita: Stora, qual é que é o título?

20 AA: Qual é que é o título? O webreport é nosso, não é meu. Só estou aqui a tentar

orientar algumas coisas…Qual é que é o título que vocês querem dar ao webreport?

21 [uma vez que os alunos estão dispersos e distraídos com outras actividades, a

professora solicita a todos que se virem de costas para os respectivos computadores]

22 AA: Então, o título? Fica como? (…)

23 Pedro: Random – o que nós concluímos.(…)

24 André Carnim: Esse vai ser o título?

25 AA: Não gostas? [o aluno confirma com a cabeça] Então vá, sugere outro.

26 [os alunos discutem sobre o título proposto e dado que não surge uma contra proposta,

decidem que a proposta é aceite.]

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27 AA: Ok, e então, o que é vamos lá pôr?

28 Pedro: Então, podemos começar a falar por um jogo…

29 AA: Então vá, por qual é que vamos começar?

30 Pedro: Xadrez.

31 Rita: Eu chamava a isso jogos de tabuleiros

32 Pedro: Podíamos fazer um desenho…

33 AA: Temos fotografias, se vocês quiserem.(…)

34 [surgem alguns problemas com a Internet, que torna necessário que as alunas que

estavam a escrever o webreport tenham de mudar de computador.]

35 AA: (…) Mas enquanto elas entram e não entram [no Plone]nós podemos ir decidir o

que é que escrevemos no xadrez…

36 Pedro: Então, o que é que nós podemos dizer do xadrez?

37 [a professora tem, novamente, que pedir aos alunos que se virem para o centro para

entrarem na discussão]

38 Gonçalo: Não é previsível…

39 Pedro: Não, conforme, pode ser previsível, como pode não ser. Há duas formas de

responder, como eles [os italianos] fizeram. Pode ser previsível porque, como a Stora

disse na última vez, se for a stora a jogar (que não percebe nada disso) e se for eu a

jogar (que sei jogar bastante bem e sei bastante mais técnicas que a stora), então é

previsível que eu ganhe à stora. A outra é, se nós estivermos a jogar com uma pessoa

do mesmo nível que nós, sabemos as mesmas técnicas e isso, já vai ser mais renhido e

não se sabe se ganha-se ou se até se empata, por isso é imprevisível.

40 AA: Muito bem! Não diria melhor… Alguém tem alguma coisa a acrescentar?

41 Ricardo: Então, se a stora não diria melhor, o que é que a gente acrescenta? (risos)

42 AA: Eu só disse que não diria melhor do que ele. Não sou sempre eu que digo as coisas

melhor, não é?

43 Gonçalo: Ah ganda Pedro!

44 AA: Pedro, agora só vais ter que dizer tudo de novo para elas escreverem. Consegues?

45 Pedro: Consigo.

46 AA: Para além do xadrez, o que é que era mais?

47 Pedro: Jogo do 24, jogo do galo,…

48 Rita: [referindo-se ao jogo do 24]é totalmente imprevisível

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49 Ricardo: Pois é.

50 AA: Totalmente imprevisível? Vejam lá, que engraçado… houve alguém que disse aqui

que o jogo do 24 era o único que era previsível.

51 Rita: Previsível?

52 André Carnim: É previsível que dê 24.

53 AA: Ah pois, cá está! Depende de qual é a nossa perspectiva…

54 Rita: Stora, não é previsível. É de certeza que dá 24

55 AA: Ah é verdade, esqueci-me. Tens razão. Agora, se a gente pensar em termos de

quem é que ganha…

56 Gonçalo: É previsível, ganho sempre eu!

57 AA: Convencido, riam-se lá todos um bocadinho (risos)

58 [momento de paragem para as alunas passarem para o webreport as conclusões

discutidas. Surgem alguns problemas com a Internet e por isso decide-se que o

documento será redigido em Word e mais tarde será copiado para o Plone e publicado]

59 AA: Vão já pensando no jogo do 24.

60 Pedro: É previsível que vai dar 24…

61 Gonçalo: É imprevisível quem é que vai ganhar. (…)

62 AA: As nossas secretárias já acabaram o xadrez, já podemos passar ao jogo do 24. (…)

As fotografias colocam-se no fim porque não implicam discussão nenhuma…

63 AA: Então o jogo do 24, digam lá como é que era?

64 Pedro: É previsível que dê 24…

65 Rita: Não é previsível!!! É de certeza!!

66 Ricardo: Depende, se for 6,1,1, como é que vai dar?

67 AA: Mas as cartas estão feitas para isso [para dar 24] (…) Oh Kathleen, tu disseste aí

uma coisa: é certo que dá 24!

68 Pedro: pode dar erro nas cartas…

69 AA: Mas se partirmos do princípio que o jogo está bem feito…

70 Pedro: mas já aconteceu…

71 AA: Então, mas o jogo do 24…

72 Ana: Tem que dar 24!

73 Gonçalo: mas, stora, pode não dar 24. Só dá 24 se a gente conseguir fazer.

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74 AA: Mas o jogo tem que dar, a carta tem que dar. Tu podes é não encontrar [a solução]

(…) então ainda é mais que previsível, é certo que dê 24.

75 Gonçalo: 100% certo!

76 [as secretárias escrevem as conclusões]

77 AA: Lembram-se que os italianos falavam no factor sorte… Há sorte aqui?

78 Rita: Não…

79 André Carnim: Há inteligência

80 Pedro: Também é um bocado de sorte: se nós formos os primeiros a responder é sorte

porque ainda ninguém respondeu, mas depois também é técnica…

81 Rita: Não é.

82 Gonçalo: Pode ser sorte de, por exemplo, estarmos a fazer uma conta ao calhas, pode

não dar e pode dar à primeira vez como à trigésima…

83 AA: Então ainda há algum factor sorte

84 Gonçalo: Alguma… (…)

85 AA: Olhem, porquê, pergunta a Rita [à cerca da justificação do jogo do 24 ser

imprevisível]

86 Rita: Porque é que não se sabe quem é que vai ganhar?

87 Pedro: Se estiverem três pessoas a jogar e uma pensar mais rápido que as outras duas, é

a primeira a responder…

88 André Carnim: pode não ser…

89 AA: Já está? [pergunta dirigida às secretárias]… Próximo, jogo do galo!

90 Ricardo: É imprevisível também.

91 AA: É imprevisível também, diz o Ricardo.(…)

92 Ricardo: Se nós soubermos a jogado do adversário é previsível (…)Ah! É previsível,

enganei-me.

93 AA: Ah! É previsível, é que estavas a justificar o previsível com o imprevisível… Diz

lá Rosário.

94 Rosário: É como aquela técnica que a Kathleen disse (…) eu não sabia a técnica, a

Kathleen aproveitou e fez

95 Pedro Miguel: Eu acho que é imprevisível porque nós vamos criando a nossa estratégia

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à medida que o adversário põe as peças…

96 Rita: É dependente. É um jogo que é dependente do outro

97 [os alunos conjugam o que foi dito para ser escrito no webreport]

98 AA: Olhem, o Pedro diz que o jogo do galo vai ser equiparado ao jogo de xadrez…

99 [momentos em que as secretárias escrevem o webreport]

100 Rita: É quê? Imprevisível, previsível, assim-assim?

101 Pedro: É tão depressa previsível como imprevisível

102 Kathleen: Pode ser previsível se tivermos uma técnica ou se soubermos a técnica do

adversário.

103 André Carnim: Mas podes impedir a técnica.

104 Rita: Não, eu acho que é imprevisível, sabes porquê: tu à medida que vais jogando o

outro pode sempre bloquear e à medida que vai jogando, vai fazendo…

105 Kathleen: Mas depende, se tu puseres a técnica que eu te disse à bocadinho, ele não

pode bloquear…

106 Pedro: É assim, como metade do grupo tá a dizer que é previsível, algumas pessoas tão

a dizer que é previsível e a outra metade está a dizer que não é previsível, nós podíamos

dizer que metade do grupo achava que era previsível e outra metade que não era

previsível

107 Kathleen: Oh, mas aqui não é para dizer qual é que é…

108 AA: Tá bem, mas se não estamos em acordo, podemos dizer que uma parte do grupo

acha que é não sei quê por isto, outra parte acha que é outra coisa porque isto…

109 [o grupo discute essa proposta, e uma vez que havia pessoas a partilhas ambas as

opções relativamente ao jogo em questão, o grupo decidiu colocar no documento ambas

as posições]

110 Gonçalo: Stora, é previsível, por exemplo, se um for mais forte que o outro … É como

no xadrez (…)

111 Pedro: Se, por exemplo, sou o primeiro a jogar e vou meter o X no meio e ele joga a

bola, joga com a bola, se ele souber qual é a técnica que eu jogar, se ele tentar

adivinhar, ele pode evitar. Se jogar ao calhas, como não sabe o que é que eu quero fazer

se ele conseguir jogar no sítio que eu quero e tiver espaço para fazer aquilo que eu

quero, ganho, mas se ele souber evitar e souber o que é que eu quero fazer, pode

empate e já não consegue ganhar nem um, nem outro.

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112 Rita: Mas tu tás aí a falar de uma jogada, tu tens de pôr isto global. Não vais pôr isto só

nesta função, há muitas formas de jogar (…)

113 AA: Alguém que ache que é imprevisível para dizer porque é que é imprevisível.

114 Gonçalo: É imprevisível porque, uma pessoa está a jogar mas a outra tá a ver o jogo e

pode ter outra estratégia que corte…

115 Rita: Eu acho que é logo imprevisível quando uma pessoa diz que o jogo é dependente

das jogadas do outro.

116 AA: Mas isso é o que ele está a dizer… Tu jogas consoante aquilo que ela jogar, eu

jogo consoante aquilo que te vir jogar. Eu até posso ter uma estratégia, vejo-te a

adoptar outra estratégia, mudo a minha… Então, como é que põem aí? [referindo-se ao

webreport]

117 [escreve-se o web report. Como novamente não se chegou a consenso, opta-se pelas

duas posições.] (…)

118 Rita: Qual é o próximo jogo?

119 AA: Próximo jogo: abalone!

120 Pedro Miguel: Não tá cá quem jogou!

121 AA: Tá, tá, tas cá tu e o Tiago não está cá, mas é como se estivesse…

122 [o Gonçalo diz que não sabe como se joga. Os colegas explicam-lhe rapidamente as

regras do jogo]

123 Pedro: É imprevisível

124 AA: É imprevisível porquê, Pedro?

125 Pedro: Porque, tanto uma pessoa como a outra têm as mesmas peças e dá pra fazer…

para empurrar uns aos outros.

126 AA: Então, e essa justificação que estás a dar não é igual a nada?

127 Pedro Miguel: É imprevisível porque o Rosa [Tiago] estava-me a ganhar, mas depois

ganhei eu, portanto…

128 AA: E estavam os dois ao mesmo nível, e se não estivessem? Se um soubesse jogar

bem e o outro não soubesse jogar?

129 Gonçalo: Isso era previsível

130 AA: Ah! Então é a mesma coisa que o xadrez.

131 Gonçalo: Os jogos de tabuleiro são sempre assim

132 AA: Todos?

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133 Vários: A maior parte deles…

134 [dão-se indicações para registar essas conclusões no webreport](…)

135 Rita: O jogo do galo e o jogo das peças, o 4 em linha são parecidos, é a mesma coisa:

depende das jogadas dos outros (…)

136 AA: O que é que vamos pôr mais para além destes jogos?

137 Pedro: Os jogos de cartas

138 AA: E jogos de cartas, o que é que vocês dizem em relação a jogos de cartas?

139 Pedro: É imprevisível.

140 AA: É imprevisível, porquê? (…) Temos o factor sorte e nas jogadas dos outros

141 Pedro: O factor sorte é porque, se as cartas que vêm para nós, se for um bom jogo,

podemos jogar… se for um jogo que não vale nada…

142 AA: Mesmo que até saibas técnicas…

143 Pedro: Não dá. E temos de ter sorte para ter um jogo como deve ser e temos de ver

como é que os outros jogam…

144 [registam-se as conclusões no webreport]

145 AA: Querem pôr mais alguns jogos? Querem concluir com alguma coisa?

146 Pedro: Podíamos pôr jogos parecidos ao monopólio e ao jogo da glória…

147 AA: Jogos de tabuleiro com dados…Então, e jogos de tabuleiro com dados o que é que

são?

148 Pedro: Imprevisíveis

149 Gonçalo: Porque quando se lança o dado não se sabe o que é que vai calhar

150 AA: Então é outra vez por causa da sorte…

151 [registam-se estas conclusões no webreport]

152 AA: Então e o que é que vamos escrever para concluir? Alguma coisa, ou deixamos só

assim?

153 Pedro: Stora, concluímos que a maior parte dos jogos eram imprevisíveis, mas alguns

dá pra previsível ou imprevisível…

154 AA: Depende do quê?

155 Pedro: Como o do xadrez e do abalone…

156 AA: mais coisas para concluir…

157 André Carnim: Podemos falar do que é previsível e do que é que é não previsível.

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158 AA: Portanto, já temos duas coisas para pôr na conclusão: que concluímos que a maior

parte dos jogos são imprevisíveis e vamos escrever o que é que achamos que é

previsível e o que é que não previsível… Mais alguma coisa para pôr na conclusão?

159 [ninguém se manifesta](…)

160 Pedro: Oh stora, se a aula fosse assim, eu tinha sempre 5.

161 AA: Temos de ser bons em várias coisas…

162 [escrevem-se as conclusões no webreport]

163 (…)

164 AA: Jogos previsíveis são jogos…

165 Pedro: … que em princípio sabe-se quem é que vai ganhar. (…)

166 AA: São jogos que, em princípio, sabe-se quem é que vai ganhar ou então sabe-se o

quê?

167 Vários: O resultado.

168 [repete-se a conclusão para as secretárias](…)

169 AA: E jogos não previsíveis?

170 Pedro: Não se sabe o resultado e não se sabe quem vai ganhar

171 AA: Não se sabe ou não se consegue prever?

172 Pedro: Não se consegue prever quem vai ganhar e não se consegue prever o resultado

173 AA: Eu tou a perguntar isto porque vocês na semana passada e há 15 dias andaram a

discutir isto tudo…

174 [as conclusões são repetidas para as secretárias para que elas escrevam o webreport]

8ª Sessão – 15 Junho 2004

1 AA: Bom, vamos lá iniciar a nossa última viagem?

2 Pedro: Não diga isso! Não podemos vir cá de férias?

3 AA: Férias? Vocês poder podem, eu é que não sei se posso, né? Então, será que

estamos cá em número suficiente para ver se o relatório da semana passada ficou bem

feito?

4 [a professora pede aos alunos para se concentrarem na actividade e “deixem” o MSN.

São dadas as indicações para os alunos entrarem no webreport em grupo realizado na

sessão anterior. O Pedro lê em voz alta o webreport. São feitas sugestões para melhorar

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o webreport, tornando-o mais claro e com um português mais correcto. Feitas as

alterações, o webreport é publicado7.]

5 AA: Bom, então hoje vamos dar início ao nosso glossário, é isso? A ver se a gente

consegue concluir o glossário hoje, porque senão…(…) Então, vamos lá ver uma coisa,

o que é que nós vamos pôr no glossário? (…)

6 Tiago: Glossário não é tipo um dicionário?

7 AA: Acho que a ideia era fazer tipo isso. E então?

8 Rita: Podemos por aquelas palavras: previsível, não previsível e de certeza,… essas

palavras que nós tivemos…

9 AA: Ok, então vamos lá…Quais é que são as palavras que vocês acham que deviam

estar nosso glossário?

10 Ricardo e André Salgado: Aleatório

11 Vários: Não aleatório, previsível, de certeza, imprevisível.

12 AA: Acho que vocês se estão a esquecer de um que deu tanta polémica…Logo ao

princípio

13 Vários: Por acaso e ao acaso!

14 AA: O ao acaso era a mesma coisa que quê?

15 Vários: Aleatório

16 [revêem-se todas as expressões mencionadas]

17 AA: Agora, em cada um deles o que é que acham que a gente deve dizer?

18 Pedro: O seu significado.

19 AA: O que significa… mais alguma coisa?

20 Rita: Podemos por exemplos…

21 AA: Então, o que nós podíamos fazer era: cada um de vocês abria o vosso webreport

[Aleatório-fase1], a Rita vai escrevendo…

22 [são dadas indicações no Plone. Devido a problemas na Internet, não foi possível

trabalhar com o Plone. Assim, a professora facultou aos alunos os seus webreports

“Aleatório-Fase1” imprimidos, e o glossário foi elaborado em Word.]

23 AA: Então meninos, vamos lá! Vamos começar por qual palavra?

24 Rita: Ao acaso e por acaso, foram as primeiras… (…)

7 http://www.weblabs.org.uk/wlplone/Members/RitAlexandra/my_reports/Report.2004-06-08.0931/index_html

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25 AA: Ao acaso… Então, o que é que é ao acaso? (…) Ao acaso ou aleatório, o que é que

é? (…)

26 Pedro: [lê a sua definição no webreport]

27 Rita: Ao acaso é uma escolha que nós fazemos à sorte (…)

28 AA: Como é que fica? Toda a gente!!!

29 Pedro: Posso ler aqui uns exemplos [lê o seu webreport]

30 AA: Então, vamos lá1 O que é que é ao acaso? É uma coisa que vamos fazer mas não

sabemos o resultado?

31 Vários: Sim…

32 Pedro: Vamos fazer, mas não sabemos o que vai acontecer

33 AA: Nós sabemos que vamos fazer uma coisa, mas não sabemos o que é que vai

acontecer… Depende do quê?

34 Pedro: Se nos acontecer alguma coisa (…)

35 AA: Então Rita, como é que ficou?

36 Rita: Ao acaso é uma coisa que vamos fazer mas não sabemos o que é que vai

acontecer…

37 AA: Porque depende… tu tinhas falado no quê Rita? Na sorte, ou fui eu que imaginei?

38 Rita: Não, fui eu, fui.

39 AA: Então o que é que se pode acrescentar aí que tenha a ver com a sorte que tu tás a

dizer?

40 Rita: (…) Por exemplo, temos várias escolhas, e escolhemos ao calhas, à sorte…

41 AA: Ou seja, ao acaso.

42 [as conclusões são repetidas para as secretárias escreverem o webreport]

43 AA: Querem pôr exemplos de ao acaso?

44 Tiago: Sim.

45 AA: Então vá, arranjem lá exemplos de ao acaso…

46 Pedro: Podemos por aquele que o Rosinhas [Tiago] meteu: “Eu escolhi estas calças ao

acaso” , “o computador onde está a ser escrito este webreport foi escolhido ao acaso”

(…)

47 AA: Rita, já podemos passar aos exemplos?

48 Rita: Sim.

49 AA: Exemplos então tínhamos o do Tiago, não é? “Eu escolhi estas calças ao acaso”

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(…) depois pões entre parêntesis o autor)

50 Pedro: Stora: É a única que é só de ao acaso…

51 AA: Então, e não querem arranjar mais nenhuma de ao acaso?

52 André Salgado: As bolas do totoloto saiem ao acaso.

53 Rita: Qual é o nome, Salgas?

54 AA: É como? É André Salgado? É como tá aí no projecto.

55 André Salgado: Mas a frase é do Gonçalo…

56 Pedro: Posso escrever também este… este é da Soraia [Ana Soraia]: o computador onde

está a ser escrito este webreport foi escolhido ao acaso.

57 [os exemplos são repetidos para as secretárias escreverem]

58 Pedro: Stora, também podemos por esta: quando viemos para o projecto, escolhemos os

computadores ao acaso…(…)

59 AA: Ok, mais alguma coisa a acrescentar ao aleatório? Ou ao acaso?

60 André Carnim: Nós não podíamos inventar só frase do Plone? Acho que ficava melhor?

61 AA: Olhem, o André está aqui a sugerir que as frases sejam só do Plone, ou seja, só

tenham a ver com o projecto, é isso? E que não tenham a ver com o dia-a-dia. O que é

que vocês acham?

62 Pedro: Agora já está aquilo escrito que tem a ver com o dia-a-dia. Agora não faz

sentido estarmos a apagar aquilo tudo para fazer sobre o Plone.

63 AA: Mas as próximas…

64 Pedro: É um bocado difícil, stora…

65 AA: Logo se vê… (…) Pronto, então vamos passar ao quê? Acabámos de fazer o

aleatório que é a mesma coisa que ao acaso… Oh Rita, ficou aí que ao acaso é a mesma

coisa que aleatório, não ficou?

66 Rita: Sim (risos) vou pôr… já tá a ir… (…)

67 AA: Então, vamos passar ao quê? Ao por acaso? Ao não aleatório?

68 Tiago: Vamos seguindo…

69 AA: Vamos seguindo… Então o que é que se segue?

70 Tiago: Por acaso…

71 AA: Então, o que é que é por acaso? Oh André lê lá o que é que está escrito no

webreport que a gente já fez?

72 [O André Carnim lê a definição de por acaso que está no webreport]

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73 AA: Por acaso é uma coisa…

74 Rita: Que aconteceu ao calhas…

75 AA: Hã?

76 Rita: Aconteceu…O outro é que vai acontecer, sabemos que vai acontecer e este é que

aconteceu…

77 AA: O que é que vocês acham?

78 Rita: Calhou… é ao calhas.

79 AA: Mas ao calhas é ao acaso…(…)

80 [os alunos tentam ajudar a secretária a escrever a definição no webreport]

81 AA: Então?

82 Tiago: Não está muito bem explicado…

83 AA: Então, o que é que é por acaso?

84 Tiago: É uma coisa que acontece…

85 André Carnim: Mas pode também não acontecer…

86 Tiago: Sim

87 AA: É uma coisa que tanto pode acontece como não.

88 Rita: Então, isso é o previsível!

89 Tiago: É não previsível!

90 Rita: Então?

91 Ricardo: Já vai aqui uma baralhação!

92 AA: Se calhar não vai!

93 Tiago: É previsível e não previsível: pode acontecer como não pode acontecer.

94 AA: Não, desculpa, se pode acontecer como pode não acontecer, então é não previsível:

não podes fazer uma previsão do que vai acontecer. Tanto pode acontecer como não!

95 Tiago: Então é isso.

96 AA: Isso o quê?

97 Tiago: O que a Stora disse.

98 AA: Volto a perguntar: o que é que é por acaso?

99 Tiago: É uma coisa que pode acontecer ou não

100 Rita: Não Stora, por acaso é tipo: acontece uma coisa ao calhas e depois, por acaso

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aconteceu aquele e não aconteceu outra.

101 AA: pronto, o que é que é por acaso?

102 Rita: Por acaso é isso.

103 AA: Não, isso é um exemplo. O que é que é por acaso?

104 Rita: É quando acontece uma coisa… (…)

105 Ana: É não ter uma razão para se escolher.

106 Rita: Isso é ao acaso. Escolhes ao acaso. Stora, escolhemos uma coisa ao acaso, e por

acaso calhou aquela, é isso.

107 AA: Então, e depois? O que é que é por acaso?

108 Rita: Oh Stora!

109 AA: vocês estão sempre nos exemplo, e eu estou-vos a perguntar o que é que é fazer

uma coisa por acaso.

110 Pedro: É uma coisa que não se está à espera e acontece de repente. (…)

111 Rita: Eu não acho, porque por acaso vem justificar o ao acaso. Olha lá: tu tens tantos

computadores, escolhes um ao calhas e por acaso calhou aquele.

112 Ricardo: Exactamente. Tu escolheste ao acaso.

113 Rita: É dependente de ao acaso (risos) (…)

114 André Carnim: É uma coisa que a gente sabe que tem de fazer, mas não sabemos…

115 Pedro: Não tens não. Por acaso…

116 Rita: Depende da uma escolha que nós fazemos e por acaso foi aquela escolha.

117 Pedro: Por acaso ficaste com o número 21.

118 André Carnim: Mas também vem do nome

119 Rita: Isso é um exemplo.

120 Pedro: mas com esse exemplo, vê lá se eu não tenho razão!

121 Rita: Agora tens (…)

122 André Salgado: Então, o número 21 é por acaso.

123 André Carnim: Não é por acaso!

124 Tiago: É, sim!

125 André Carnim: Não é!

126 Tiago: Oh!

127 André Carnim: Porque tem de ser conforme os nomes! Eles não vão por Rita em

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primeiro, se vocês pensarem um bocado!

128 Tiago: A gente sabe!

129 Rita: É por ordem alfabética.

130 Pedro: Claro que é por ordem alfabética…

131 AA: Tá bem, mas é assim, isso depende da forma como vocês virem: obviamente que a

Rita não ia ficar com o 2 ou com o 3. Agora, ela ficou com o 21 como se calhar poderia

ficar com o 20…

132 Pedro: O 22, 23, …Isso não quer dizer nada. Por acaso calhou-lhe o 21.(…)

133 Rita: Por acaso depende de ao acaso, ou seja depende da escolha que nós fizermos e por

acaso calha aquela escolha.

134 Pedro: Eu não acho.

135 Rita: Então, como é que tu justificas a frase: tens montes de computadores, escolhes um

ao acaso e por acaso…(…)

136 AA: Vocês já repararam que, até agora, o vosso ao acaso é sempre uma situação: uma

coisa que acontece ao acaso e quando vocês olham para o resultado, dizem que aquele

resultado foi por acaso.

137 Rita: É o que eu tou a dizer! É dependente!

138 [como não há consenso opta-se por colocar as duas posições] (…)

139 AA. Vão lá pensando em exemplos…(…) Olhem, a Rosário tem um: Não sabemos se

agora vai ocorrer um sismo. Isso é por acaso?

140 Vários: Isso é ao acaso! (…)

141 AA: Então, já temos frases escrita?

142 Rita: Podemos por exemplo par aos dois… (…)

143 Tiago: O ataque do 11 de Março, podia acontecer a qualquer momento, não estávamos

à espera…

144 AA: Então, por acaso aconteceu a 11 de Março, é isso?

145 Pedro: Por acaso aconteceu naquele dia, naquela hora….

146 Ana: Não, pode não ter sido por acaso.

147 André Salgado: Depende do ponto de vista.

148 Pedro: Por acaso, para nós foi, para eles não.

149 André Salgado: Depende do ponto de vista dos iraquianos e dos americanos…

150 Pedro: Não, dos espanhóis.

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151 AA: Como uma frase, até acho que foi o Ricardo que escreveu, da jornalista que foi

baleada, lembraste?

152 Tiago: Aquilo foi por acaso…

153 AA: (…) houve discussão porque dependia do ponto de vista.

154 Pedro: Aquilo foi ao acaso.

155 Ricardo: Conta a intenção de mandar à toa.

156 AA: Foi uma bala perdida…E por acaso acertou nela.

157 Pedro: Ele mandou ao acaso e acertou-lhe por acaso.

158 André Carnim: Teve azar.

159 AA: Então, repara que novamente é aquilo que a Rita tá a dizer: ele atirou ao acaso…

160 Pedro: E acertou-lhe ao acaso…

161 Ana: Por acaso!

162 Ricardo: Acertou-lhe por acaso! (…)

163 AA: Do ponto de vista dele [iraquiano] ele atirou ao acaso. Do ponto de vista dela

[jornalista], acertou em mim por acaso… Até tão ligados

164 [os alunos ditam os exemplos às secretárias para que elas escrevam no webreport](…)

165 AA: O que é que é não aleatório?

166 Ricardo: [lê do seu webreport] é uma situação que se sabe que vai acontecer mas não se

sabe a solução.

167 AA: Atenção, que nós estamos no não aleatório! O aleatório já foi! (…)

168 AA: Vocês disseram que aleatório é ao calhas, à sorte… Se é não aleatório é porque

não é ao calhas, não é à sorte,… Uma coisa que não é ao calhas, não é à sorte é o quê?

169 Rita: É uma coisa que já está prevista para acontecer!

170 AA: Está prevista?

171 Ricardo: Sabe-se… (…)

172 Rita: Está prevista… pode acontecer qualquer coisa. (…)

173 Tiago: É uma coisa que vai acontecer…

174 AA: Calma! Há uns que dizem que é previsto acontecer, e há outros que dizem que vai

acontecer… Ser previsto é a mesma coisa que vai acontecer?

175 Vários: Não!

176 AA: Ah! Então vejam lá!!!

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177 Rita: É previsto, porque não há 100%...

178 [as conclusões são repetidas para as secretárias escreverem] (…)

179 AA: Então, e exemplos de não aleatório?

180 Tiago: Os jogos… (…)

181 AA: Frases em que aconteçam coisas não aleatórias? (…) Um exemplo?

182 Ana: Vai tocar para a saída.

183 AA: (…) O tocar não é aleatório, pois não? Não toca ao calhas? (…)

184 André Carnim: Mas às vezes pode tocar toques que a gente não imagina, por exemplo o

toque de fumo.

185 Pedro: Pois é Stora

186 AA: Os toques de saída de sala… (…)

187 Rita: Então, são os toques do horários [os que são referidos no exemplo] (…)

188 AA: Vamos a outra? (…) Previsível? O que é que é uma coisa previsível?

189 Pedro: É uma coisa que em princípio vai acontecer.

190 Rita: É o não aleatório. (…)

191 AA: Então o que é que é previsível?

192 Rita: É uma coisa que tá prevista acontecer, ou seja, é a mesma coisa que não

aleatório…

193 AA: O não aleatório é a mesma coisa que previsível, vejam lá…

194 [a Rita lê no webreport a definição de não aleatório e o grupo concorda que coincide

também com a noção de previsível]

195 AA: Então, vamos lá ver, o resultado de um jogo de xadrez não é aleatório por exemplo

se eu jogar com o André, porque ele sabe jogar e eu não percebo nada daquilo.

196 Tiago: É previsível que ele ganhe.

197 AA: Então vá, uma frase para previsível.

198 Ana: Se um principiante jogar com um profissional, é previsível que o profissional

ganhe. (…)

199 [escreve-se o exemplo no webreport] (…)

200 AA: O que não quer dizer que eu não dê um “tareia” ao André, não é?

201 Pedro: Por isso é que é previsível!

202 AA: Exactamente, tal e qual (…)

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203 Pedro: Já sei uma para o imprevisível

204 AA: Uma coisa que acontece ao calhas é imprevisível?

205 Pedro: Não.

206 AA: Mas se é imprevisível é porque acontece ao calhas?

207 Rita: Quer dizer, pode acontecer ou não…

208 AA: Exactamente, é que repara: é imprevisível saber…

209 Rita: Ah! O resultado de uma coisa.

210 AA: Mas já tens algumas hipóteses para essa coisa, não acontece propriamente ao

calhas, por isso não deve ser o mesmo…(…)

211 AA: Então, o que é que é imprevisível? (…)

212 Rita: É uma coisa que pode acontecer ou não… Não é tão provável que aconteça…

213 Ricardo: É mais provável que não aconteça, mas pode haver um contratempo…

214 AA: repara uma coisa: tu estás a dizer que imprevisível é uma coisa que em princípio

não acontece e eu não sei se é em princípio não acontece… em princípio é que tu não

sabes se acontece ou não. (…)

215 Rita: Ele disse em princípio,…já está a prever (…)

216 Tiago: Em imprevisível eu pus: um jogo imprevisível é um jogo que se sabe que

alguém vai ganhar mas não se sabe quem.

217 Pedro: Ou, em princípio, sabe-se o vencedor e sabe-se o resultado.(…)

218 [escrevem-se, no webreport, as conclusões e o exemplo de uma situação imprevisível]

(…)

219 AA: Não têm mais exemplos? Então ainda falta o de certeza.

220 Pedro: É o que o nome diz: de certeza. É uma coisa que nós temos a certeza…

221 AA: é mais do que quê?

222 Pedro: É mais do que previsível!

223 AA: Olha Rita, está aqui já um para o de certeza…

224 Tiago: É de certeza que a gente vamos ter Francês….

225 Pedro: Tá calado que a Stora pode faltar…

226 [repete-se, para a secretária escrever, o conceito de de certeza]

227 AA: Arranjem lá um exemplo para de certeza…

228 André Salgado: Então, os jogos de computador: quando eu recebo um novo já sei que

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vou passá-lo.

229 Pedro: De certeza que algum clube da liga portuguesa vai para a liga dos campeões.

230 Ricardo: Se eu comprar uma bola, vou jogar com ela.

231 AA: Senão não compravas, não é?

232 Tiago: De certeza que se eu comprar roupa nova vou estreá-la.(…)

233 AA: Rosário, não temos lá nenhum exemplo teu. Um exemplo de de certeza?(…)

234 Rosário: (…) De certeza que vou fazer 15 anos.

235 Rita: Como é que tu tens a certeza, podes morrer?

236 Vários: Ai, Rita!!!!

237 Rita: É verdade Stora. Não se pode dizer de certeza uma coisa dessas.

238 André Carnim: (…) Não há nada no mundo que aconteça de certeza.

239 Pedro: Há, sim senhora! Alguém tem que ganhar a taça dos campeões, alguém tem que

ganhar a taça UEFA…

240 Kathleen: De certeza que um dia vais morrer…

241 Pedro: Ah isso é de certezinha absoluta! (…)

242 AA: olhem, há outra coisa também: de certeza que estes foram os últimos minutos

deste projecto, nesta escola, pelo menos neste ano. (…)

243 Ricardo: A Stora não vai bazar da escola…

244 AA: É previsível que a professora “base” da escola…

245 Rosário: Já sei! De certeza que vou passar de ano.

246 [escrevem-se as últimas conclusões no webreport, e dá-se por terminado o glossário8.

Para terminar, a professora pede aos alunos que digam, cada um, um aspecto positivo e

um aspecto negativo da sua participação no projecto.]

8 http://www.weblabs.org.uk/wlplone/Members/RitAlexandra/my_reports/Report.2004-06-15.2757/index_html

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