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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
1
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E PRÁTICAS DE PRESERVAÇÃO DE NASCENTES
Autora: Cleide Aparecida da Silva Rubio1
Orientador: Prof.Dr. Edson Aparecido Proni2
RESUMO
Este trabalho visa enfatizar os valores sobre preservação ambiental no âmbito escolar, realizado de acordo com o projeto apresentado no Programa de Desenvolvimento Educacional PDE da Secretaria do Estado do Paraná (SEED/Pr). Desenvolvido na 5ª série A e/ou sexto ano do Ensino Fundamental do Colégio Estadual Nilo Peçanha, localizado no Distrito de Jacutinga, Município de Ivaiporã Pr, no período de agosto a novembro de 2010. Objetivando a compreensão da situação da água do planeta, bem como seu consumo na escola e comunidade para despertar a necessidade de agir de modo responsável. Para tal foi criado um modelo prático de construção para recuperar e conservar nascentes. Pois, sabemos que há processos de degradação considerável dessas áreas e sua real importância ecológica, os alunos foram estimulados através de leitura de textos, palestras, atividades em grupo e pesquisas; bem como aulas práticas de campo, na busca do conhecimento. Diante desta abordagem foi possível reunir informações suficientes para levar a uma mudança comportamental, adotando uma posição consciente de preservação ambiental participativa buscando melhorar a qualidade das águas.
Palavras-chave: Educação Ambiental; Água; Conservação de Nascentes.
ABSTRACT
This work aims to emphasize the values of environmental preservation in the school, conducted in accordance with the design presented in EDP Educational Development Program of the Secretariat of State of Paraná (SEED / Pr). Developed in the 5th grade and / or sixth year of elementary school in State College Peçanha Nile, located in the District of Jacutinga Ivaiporã Municipality Pr, in the period from August to November 2010. In order to comprehend the situation of the planet's water ____________________________ 1 Professora da Rede Pública do Estado do Paraná, participante do Programa de Desenvolvimento da
Educação (PDE). E-mail: [email protected] 2
Professor Orientador do Departamento de Biologia Animal e Vegetal, Universidade Estadual de Londrina, e-mail: [email protected]
2
and its consumption in school and community to awaken the need to act responsibly. This is why we created a practical model building to recover and conserve water sources. For we know that there is considerable degradation processes in these areas and their real ecological significance, the students were encouraged by the reading of texts, lectures, group activities and research, as well as practical lessons in the field, in pursuit of knowledge. Given this approach it was possible to gather enough information to lead to behavioral change, adopting a conscious position of participatory environmental preservation seeking to improve the water quality.
Keywords: Environmental Education; Water; Conservation of Water Sources
1 INTRODUÇÃO
Na maioria das vezes o que nós ensinamos está bem distante da vida
prática dos alunos, não levando-o a ter uma formação necessária, para o
enfrentamento com vistas à transformação da realidade social, econômica e política
de seu tempo. Não proporcionando assim uma interação transformadora. (Diretrizes
Curriculares de Ciências, 2008).
No Distrito de Jacutinga, localizado no Município de Ivaiporã, constituído na
sua maioria por pequenas propriedades rurais onde os agricultores foram
economicamente forçados a avançarem sobre as matas ciliares para assim
aumentarem suas áreas de produção e de criação, como também pela concepção
de ser a água um recurso inesgotável. Sendo comum ver neste meio rural tanto
lançamento de dejetos animais nas proximidades das nascentes como também um
crescente uso de agrotóxicos nas lavouras ficando claro se imaginar o alto índice de
contaminação destas nascentes por agrotóxicos e também pela ausência de mata
ciliar.
Para a tarefa de ensinar é necessário estar convicto de que é possível
realizar a mudança. É o saber da História como possibilidade e não como
determinação. O mundo não é. O mundo está sendo. Como subjetividade curiosa,
inteligente, interferidora na objetividade com que dialeticamente me relaciono, meu
papel no mundo não é só de quem constata o que ocorre, mas também de quem
intervém como sujeito de ocorrência. (FREIRE, 2002).
3
Ainda de acordo com Freire (2002) a mudança do mundo implica a
dialetização entre a denúncia da situação desumanizante e o anúncio de sua
superação, no fundo, o nosso sonho. Plantando assim, ideia de que é necessário ao
professor tanto para aprender como para ensinar, estar imbuído de uma curiosidade
de que não permite a passividade, mas que o lança na busca. Ao ver tanta
esperança plantada, nestes ideais, me contagia e me fortaleço no compromisso
pedagógico, de que “mudar é preciso”, pois permitir que a degradação das
nascentes continue torna-se “imoral”.
A água, além de ser o principal recurso natural utilizado na produção de
alimentos, é imprescindível para o consumo doméstico, a manutenção das
atividades econômicas e o equilíbrio dos ecossistemas naturais. (REVISTA PARANÁ
COOPERATIVO, 2009).
Sabendo-se que a água é um recurso fundamental para a manutenção e
perpetuação da vida no planeta, a sua qualidade e disponibilidade vêm sendo
ameaçada com o mau uso e a falta de preservação e conservação. Hoje já nos
deparamos com a escassez, ameaçando a perpetuação de algumas formas de vida.
Tornando-se urgente e necessário a conscientização e a mudança de atitudes em
busca do uso racional evitando a degradação e a poluição, despertando nos
adolescentes a importância de se economizar e cuidar desse bem finito, avançando
na conservação das nascentes, buscando melhorar a qualidade da água consumida
pela comunidade. Também proporcionar um ensino que vá ao encontro dos
interesses da realidade local onde a escola está inserida, propiciando o
conhecimento de novos conceitos aos estudantes por meio da pesquisa, da leitura,
de atividades em grupo. Outro aspecto é desenvolver o interesse pelas aulas de
Ciências e oportunizar a solução de problemas vivenciada pelos alunos, como
replantio da mata ciliar no entorno de todas as nascentes; incluindo aquelas
utilizadas pelos alunos e seus familiares no consumo diário.
Portanto, os objetivos deste trabalho foram mostrar sobre a situação global e
também local da água, para que o aluno pudesse manifestar uma consciência crítica
em relação à necessidade de preservação, bem como ao desenvolvimento de
hábitos e atitudes que permitissem a conservação e nos casos necessários a
recuperação das nascentes em suas propriedades.
4
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O objeto de estudo para as Ciências é “o conhecimento cientifico que resulta
da investigação da Natureza” (DIRETRIZES CURRICULARES DE CIÊNCIAS, 2008).
As Diretrizes Curriculares de Ciências (2008) afirmam que o ensino de
ciências não pode ser encarado como uma simples forma de transmissão de
conceitos, mas que leve o aluno a romper barreiras conceituais, faça relações com o
que já sabe e torne estes conceitos científicos significativo para sua vida. Para que
isso ocorra o conhecimento anterior do estudante construído nas interações e nas
relações que estabelece na vida cotidiana no início deve ser valorizado.
Segundo Ausubel (1982) “o fato isolado mais importante que informação na
aprendizagem é aquilo que o aprendiz já conhece. Descubra o que ele já sabe e
baseie isso nos seus ensinamentos”. Quanto mais se aproximar a aprendizagem de
conhecimentos prévios dos alunos, de sua realidade e de sua estrutura cognitiva,
maior chance terá esta aprendizagem de ser significativa.
Paulo Freire (1996) afirmou que “ensinar não é transferir conhecimento, mas
criar as possibilidades para sua própria produção ou a sua construção” Ainda
reforçou dizendo que “educar é construir”, é “ensinar a pensar certo”. A educação
deve levar o educando a autonomia intelectual. Para ele educar é libertar o ser
humano do determinismo e que a leitura conquistada pelo aluno seja alicerçada em
interpretar e refletir sobre a realidade que vive, pois a educação é conscientização e
libertação.
Assim, o ensino de ciências passa ser “compreendido como processo de
formação de conceitos científicos, possibilitando a superação das concepções
alternativas do estudante e o enriquecimento de sua cultura científica”. Buscando no
ensino-aprendizagem de Ciências os problemas com os quais os alunos defrontam
na natureza e que desafiam às ciências a compreender os fatores para sobre eles
agir, buscando resolver os desafios postos. Sendo necessário que o modelo a ser
trabalhado com os alunos, não deve se apresentar pronto, mas que os alunos
sintam a necessidade de buscar informações e reconstruí-los ou ampliá-los, criando
novos conhecimentos que venham para solucionar os problemas apresentados
(LOPES, 1999 apud DIRETRIZES CURRICULARES DE CIÊNCIAS, 2008).
5
Para despertar uma concepção de mundo nos nossos educando é
necessário partir para a aproximação entre educação/ação, ainda no ensino
fundamental. “O conceito e o fato do trabalho (da atividade teórico prática) é o
princípio educativo imanente à escola elementar, já que a ordem social e estatal
(direitos e deveres) é introduzida e identificada na ordem natural pelo trabalho; a
atividade teórica-prática do homem cria os primeiros elementos de uma instituição,
liberta o homem de toda magia ou bruxaria, e fornece o ponto de partida para
posterior desenvolvimento de uma concepção histórico-dialética do mundo”. Como
resultado do processo educativo que parte desta abordagem é a de atingir uma
aproximação maior da escola com a vida e proporcionar uma participação mais
intensa desses indivíduos na sociedade. É preciso que o conteúdo a ser trabalhado
se apresente como um problema a ser resolvido (GRAMSCI, 2008 apud
DIRETRIZES CURRICULARES DE CIÊNCIAS, 2008).
Estamos vendo ocorrer uma forte degradação ambiental alterando a fauna e
a flora e uma imprescindível perda da biodiversidade não só em nosso Distrito, mas
como em todo o planeta e as ações de proteção que visualizamos estão
acontecendo num ritmo bem mais lento do que o da degradação. Esta degradação
ambiental nos mostra que os modelos de vida nos sistemas vigentes não garantem
a vida com qualidade e tornaram impróprios ambientalmente, socialmente e até
mesmo economicamente. Quando ouvimos falar em falências geralmente nos
assustamos, mas temos visto um sistema falido querendo se perpetuar. Sistema
este que gerou: degradação ambiental, injustas distribuição que tem gerado
enriquecimento de um lado e pobreza e miséria de outro, ainda correndo o risco de
levar á falência até mesmo o planeta (MUSSETI, 2007)
Na Conferência Internacional Rio/92, onde estiveram reunidos
representantes de mais de 170 países, assinaram tratados reconhecendo como
primordial para a educação a “construção de um mundo socialmente justo e
ecologicamente equilibrado”, procurando efetivar a “responsabilidade individual e
coletiva em níveis local, nacional e planetário”. (PARÂMETROS CURRICULARES
NACIONAIS - MEIO AMBIENTE E SAÚDE, 1997)
Diante destes fatos, torna-se fundamental a educação ambiental que deve
ter como base o pensamento crítico e inovador. É trabalhando com a educação
ambiental na busca de uma sustentabilidade e respeito com as diversas formas de
vida que se estimula a formação de sociedades justas e ecologicamente
6
equilibradas, que conservam entre si relação de interdependência e diversidade. Ao
se observar o que falhou, inicia o surgimento de novos ideais que dão base a novos
conhecimentos e que estruturam novos modos de viver; alicerçados na
determinação dos homens de orientar o compromisso de tutela da criação através
de um sistema de gestão de recursos da terra melhor coordenado, oferecendo
soluções satisfatórias e respeitadoras da relação entre o homem e o ambiente.
(FÓRUM GLOBAL-RIO 92, apud TRATADO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL, 1992).
São excessivos noticiários que envolvem toda a problemática ambiental,
como a do Fórum Mundial da Água onde 182 países participaram discutindo
soluções para enfrentar o problema da escassez, onde mais de um bilhão de
pessoas não tem acesso a água de boa qualidade. No Brasil dispondo de um fluxo
de 12% da água do mundo, mas ainda assim temos problemas pela distribuição
geográfica ser muito desigual (72% na Amazônia e 6% Sudeste) também contamos
com problemas de poluição e desperdício. (JORNAL O ESTADO DE SÃO PAULO,
27/03/2009)
O Código Florestal – Art. 2, na LEI 7803/89 considera as nascentes como
área de preservação permanente e estabelece para as nascentes e os chamados
“olhos D’água”, largura mínima de vegetação ciliar de 50 metros de raio.
Assegurando assim a proteção destas áreas e também de suas funções ecológicas.
II- área de preservação permanente: área protegida nos termos dos arts. 2º e 3º desta Lei, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem estar das populações humanas; (LEI nº 4771/65 alterados pela LEI nº 7803/89). Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e a coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para a presente e futuras gerações. (CONSTITUIÇÃO FEDERAL CAPÍTULO VI DO MEIO AMBIENTE).
Diante do exposto como encontramos nos Parâmetros Curriculares
Nacionais Meio Ambiente (1997) torna-se: evidente a importância de se educar os
cidadãos para que, venham a agir de modo responsável e com sensibilidade,
conservando o ambiente saudável no presente e para o futuro; como participantes
da sociedade civil, saibam cumprir suas obrigações, exigir e respeitar os direitos
próprios e os de toda a comunidade. É necessário e urgente um trabalho na
comunidade que permita compreender a situação da água consumida pela
7
população desta localidade. Mas em vez de apenas reprimir e buscar o cumprimento
das Leis Ambientais com fiscalização e multas gostaria de partir para a orientação,
para o incentivo e avançar na conservação das nascentes.
Proporcionando um conhecimento crítico e inovador, estimulando reflexões e
ações de intervenção por meio da leitura e pesquisas diversas sobre a água e seu
ciclo hidrológico, mas de acordo com as Diretrizes Curriculares de Ciências (2008),
que diz:
Por serem conhecimentos fundamentais para a série, não podem ser suprimidos nem reduzidos, porém o professor poderá acrescentar outros conteúdos básicos na proposta pedagógica, de modo a enriquecer o trabalho de sua disciplina naquilo que a constituiu como conhecimento especializado e sistematizado.
Portanto, este trabalho teve como objetivo fornecer uma compreensão da
situação da água no planeta, de sua problematização, de sua distribuição, da
constituição dos aquíferos e do tratamento de água. Bem como da água consumida
pelos alunos e seus familiares, criando um modelo prático para recuperar e
conversar as nascentes, para despertar a necessidade de agir de modo responsável
e com sensibilidade, avançando na conversação das nascentes, buscando melhorar
a qualidade da água consumida pela comunidade, oportunizando a solução de um
problema vivenciado pelos alunos.
3 MATERIAL E MÉTODO
O desenvolvimento deste trabalho foi estruturado no método didático de
construção de conhecimento, prática-teoria-prática, percorrendo o caminho
metodológico proposto por Gasparin (2007), onde “o conhecimento teórico
adquirido pelo educando retorna a prática de onde saiu, visando agir sobre ela com
entendimento mais crítico, elaborado e consistente, intervindo em sua
transformação”.
O trabalho teve seu início com um diagnóstico através de um questionário
que foi aplicado para medir o conhecimento dos alunos sobre a situação global e
local da água dando prioridade às nascentes. (Anexo 01)
8
Buscando entender tal assunto, os alunos relataram por meio de descrições
a localização das nascentes onde consomem a água o raio de 50 metros.
Partindo deste senso comum dos educandos, sobre as questões a serem
resolvidas na prática social, e tiveram por meio de conteúdos sistematizados na
internet, revistas, jornais, livros, e outros, compreensão de como se formaram as
nascentes.
Com o objetivo de acompanhar e verificar a aprendizagem foram
desenvolvidas atividades no final de cada novo tópico estudado, como:
Relatórios, questionários e atividades de complete;
Tabelas para completar com os diferentes percentuais de água no
Planeta;
Cálculos para relacionar os percentuais da água do planeta com um litro
de água;
Verificação e correção de vazamentos em casa;
Cálculos do consumo médio de cada pessoa ao mês e ao dia; seguidos
de análise e verificação de que é possível economizar;
Montagem e verificação do processo de filtração da água;
Jogo acessado no dia14/09/2010 em: http://www.clubinhosabesp.com.br,
que permitiu uma aprendizagem de forma lúdica do processo de
tratamento de água.
Trabalho em equipe e apresentação relacionando os seguintes pontos:
O que afeta negativamente a qualidade das nascentes e dos rios?
Como seria em nossos sonhos os rios e as nascentes?
O que podemos fazer para solucionar os problemas vistos em nossas
nascentes?
Com este levantamento dos problemas nas nascentes, os alunos
apresentaram soluções bastante satisfatórias, expondo oralmente na sala de aula.
Com a finalidade de reforçar a aprendizagem e rever o conteúdo
estudado, foi aplicado uma cruzada e o jogo acessado no dia 06/10/2010
em http://www.ana.gov.br com os passos:
9
1º. Educação e cultura;
2º. Caminho das águas;
3º. Jogo.
E para um melhor entendimento da situação das nascentes e da qualidade
das águas, um funcionário da EMATER local, realizou uma palestra ao aluno,
bastante esclarecedora, e mostrou na prática a recuperação do ponto exato da
nascente, Juntamente com os alunos realizaram a recuperação desta. (anexo 2).
Após tal fato foi realizada na escola uma exposição oral do trabalho e com a
confecção de um painel com fotos, desenhos e relatórios para a comunidade escolar
relatando os conhecimentos adquiridos e as ações realizadas. (anexo 3).
4 RESULTADOS
Os resultados obtidos através do questionário aplicado aos alunos constam
na figura 01, mostrando a porcentagem de acerto e erro dos entrevistados.
FIGURA 01
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
a b c d e f g h i j k l m n o p
Acerto
Erro
Após a obtenção desses dados, iniciou se o desenvolvimento do material da
Produção Didático Pedagógica. Este trabalho teve seu início com o Ciclo D’água,
Questões
P o r c e
n t a g e m
d
e
A l u n o s
10
mostrando os caminhos que percorre, fazendo se presente na Terra e enfatizando
aspctos em relação aos estados físicos. Explicando e ilustrando os processos de
evaporação, precipitação, percolação, transpiração e infiltração.
O segundo tema escolhido foi a Distribuição Global da Água o que permitiu
aos alunos compreenderem que esta distribuição dá se de maneira irregular, pois há
países com abundância deste recurso e outros extremamente carentes. A notícia de
que as descargas naturais (pluviosidade) médias de água na Terra são de (43000
km3 ano) e que a demanda da humanidade é de (6000 km3 ano) deixou todos bem
animados. Também foi possível levá-los ao entendimento dos percentuais das
águas salgadas, subterrânea, calotas e geleiras, rios e lagos e que a quantidade de
água não varia com o passar do tempo; podendo variar apenas nos diferentes
estados físicos. (REBOUÇAS, 2004)
Partimos então, para o estudo de textos e atividades diversas envolvendo a
necessidade da melhoria na distribuição e consumo; cálculos que permitiram fazer a
proporção de um litro de água com a disponibilidade de água no planeta, bem como
a sua representação, onde os alunos ficaram chocados ao perceber que a água
disponível nos rios e lagos para o consumo nessa relação equivalem a cerca de três
gotas; formação de aquíferos; água no Brasil; cálculos do consumo individual; mata
ciliar; nascentes; bacias hidrográficas; levantamento de medidas de economia;
classificação das nascentes; tratamento de água e sensibilização para o cuidado
para o cuidado com a água e as nascentes. Buscando proporcionar um
conhecimento amplo da situação da água no planeta, bem como o da água
consumida pelos alunos e seus familiares.
Esta ação envolveu teoria e prática de conservação da água e orientações
ao combate, aos desperdícios, a construção de conhecimentos em relação ao
consumo mundial e local da água, de sua qualidade atual, mostrando que é possível
um trabalho que reverta esta situação, pois o que falta não é exatamente a água em
si, mas compromissos eficientes por parte dos governantes na coleta, distribuição e
cuidados com a água, sendo que este último também cabe a população.
(REBOUÇAS, 2004)
Após três meses de estudo, o relatório realizado foi analisado junto aos
alunos e concluiu-se o como deve-se proceder para realizar a recuperação e a
melhoria da qualidade dessa nascente, pois 90% das nascentes descritas estão
necessitando de alguns cuidados, como evitar o plantio de cereais nas proximidades
11
e a criação de animais; cercá-las para impedir a entrada dos mesmos e permitir que
a mata ciliar se desenvolva; limpeza e cuidados.
Foram também realizadas as análises da qualidade da água onde dois
funcionários da Vigilância Sanitária (ANVISA) do município de Ivaiporã – PR
recolheram amostras de três nascentes. O resultado deixou claro o quanto as
nascentes necessitam de cuidado.
5 DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
De acordo com as respostas obtidas no questionário, ficou claro de forma
geral, que há uma falta de conhecimento com relação a água e ao meio ambiente,
bem como dos aspectos teóricos e práticas para sua conservação. Apesar de
considerar como certas as respostas c, e, g, i, e, j, os alunos acreditaram que tendo
algumas árvores nos arredores da nascente estava tudo resolvido. Isso mostrou,
portanto, que este tema constituiu-se em assunto primordial para o entendimento e
assim possibilitou promover dinâmicas preservacionistas.
Além disso, o trabalho teve como objetivo enfatizar os valores sobre
preservação ambiental, e ser um mediador para conscientização de alunos e
comunidade escolar do crescente processo de degradação, permitindo uma reflexão
de toda essa problemática.
Também neste trabalho o conhecimento adquirido foi relevante para
perceber a escassez e a perda da qualidade de água relacionada às nascentes.
REFERÊNCIAS
AUSUBEL, D. P. A Aprendizagem Significativa: A teoria de David Ausubel. São
Paulo: Moraes, 1982.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL – Capítulo VI – Do Meio Ambiente – Art.225
CÓDIGO FLORESTAL – LEI nº. 4771/65 Art.1º, parágrafo 2º, inciso II.
12
CÓDIGO FLORESTAL – Art. 2, LEI nº 7803/89
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia - Saberes necessários à prática educativa.
São Paulo: Editora Paz e Terra, 1996.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia - Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Editora Paz e Terra, 25ª ed., 2002.
GASPARIN, J. L. Uma Didática para a Pedagogia Histórico-Crítica. 4ª edição. Campinas. Editora Autores Associados, 2007.
JORNAL ESTADO DE SÃO PAULO. p. A-2. Jornal; em 27/03/2009
PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação; Diretrizes Curriculares de Ciências Curitiba – SEED, 2008
PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS MEIO AMBIENTE E SAÚDE Temas Transversais. Vol. 9. p. 24, 25 e 26. 1997.
REBOUÇAS, Aldo. Uso Inteligente da Água. Editora Escrituras, 2004.
REVISTA PARANÁ COOPERATIVO. Sistema Ocepar. Curitiba: 2009.
TRATADO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL. PARA SOCIEDADES SUSTENTÁVEIS E RESPONSABILIDADE GLOBAL - Cadernos de Educação Ambiental - Série Documentos Planetários-V2, 1992.
SITE CONSULTADO
MUSETTI, Rodrigo Andreotti. A Ecologia revelada. Disponível em: www.cnbb.org.br/documento_geral/AecologiaRevelada.doc. Acessado em 20/03/2010
http://www.clubinhosabesp.com.br
http://www.ana.gov.br
14
ANEXO 01
Questionário aplicado para averiguar conhecimentos prévios.
a) Como se dá o percentual da distribuição de água na Terra?
b) Você acredita que a água do planeta está diminuindo?
c) A água está passando por problemas? Quais?
d) O que você entende por nascentes? Como surgem?
e) O que é uma água de boa qualidade e preservada para você?
f) De onde vem a água subterrânea?
g) Para que a nascente possa ofertar uma água de boa qualidade o que é
necessário?
h) Que medidas você tem tomado para preservar e recuperar sua nascente?
i) Quais os cuidados que requer uma nascente?
j) Que tipo de vegetação deveria se fazer presente nas margens de uma nascente?
k) Porque essas vegetações são importantes para a qualidade e disponibilidade da
água?
l) De onde resulta a vazão da nascente?
m) O que é mata ciliar?
n) Qual é a sua dimensão para os olhos d'água? E para os pequenos córregos e
riachos?
o) O que é uma bacia hidrográfica?
p) Diga a qual bacia hidrográfica secundária e principal está localizada a região onde
você mora?
15
ANEXO 02
Recuperação da Mina D’água em 10 passos
1- Limpeza dos arredores da fonte:
a. Retirando as folhas, raízes, localizar as vertentes.
16
2- Preparar a massa de argila e cimento:
a. Cavar uma terra de barranco que não contenha húmus, folhas e galhos;
b. Coar na peneira;
c. Para cada balde de cimento usar 4 baldes dessa terra;
d. Misturar bem o solo com o cimento;
e. Acrescentar água aos poucos e misturar até dar liga.
18
3- Colocar um cano em baixo para a limpeza da nascente.
4- Construção das paredes:
a. Com tijolos ou paredes grandes; fazer uma caixa e rebocar por dentro e por fora
com o barro e também entre as pedras para a saúde de águas.
19
5- Colocação dos encanamentos:
a. Colocar um cano para a saída de água (para encanamento);
b. Colocar outro cano para a saída de água (sobra);
c. Colocar outro cano para a ventilação e que servirá também para a água (sobra);
d. Colocar uma peneirinha na boca dos canos para evitar a entrada de insetos e
outras dornas de contaminação.
20
6- Colocar pedras lavadas dentro da mina e fazer a cobertura:
a. Encher toda a caixa, colocando cuidadosamente pedras;
b. Cobrir com a massa de rolo-cimento e colocar um cano em cima da cobertura
para tratamento;
c. Fazer a desinfecção a cada seis meses;
1. Tampar as saídas de água, menos o da última sobra;
2. Colocar 1 litro de água sanitária;
3. Abrir após as saídas para que água escorra pelos canos para a desinfecção dos
canos.
21
7- Reflorestar a área da mina num raio de cinquenta metros:
a. Com árvores de troncos moles como bananeiras.
8- Colocar uma cerca para evitar que o gado e animais pisem.
9- Se for colocar bomba para levar a água até a casa, dede-se fazer uma caixa
ao lado, nunca na mina protegida.
10- Experimentar a água. Água pura sem contaminação. Pode beber a
vontade.