Upload
doanhanh
View
213
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
PROGRAMA DE
DESENVOLVIMENTO
EDUCACIONAL - PDE
UNIDADE DIDÁTICA
2
UMA ESCULTURA E UMA ESTÁTUA SÃO A MESMA COISA?: um percurso de leitura de obras tridimensionais
Professor PDE: Ângela Marques Corrêa de Carvalho
Disciplina: Arte
NRE: Ibaiti
Município: Siqueira Campos
Professor Orientador IES: Carla Juliana Galvão A. Warken
IES Vinculada: UEL
Escola de Implementação: Colégio Estadual Professor
Segismundo Antunes Netto
Público objeto da Intervenção: Discentes da 2ª Série do
Ensino Médio
3
A Escultura é uma manifestação das artes visuais que
possibilita ao espectador uma visão tridimensional do objeto
artístico, bem como, no caso de ausência da visão, este
objeto pode ser ainda compreendido através do tato.
Segundo Dondis (1997, p.191), a palavra escultura vem de
sculpere, que significa entalhar. Sabemos que, apesar de
significar entalhe, a realização de uma escultura envolve
outras ações, tais como modelar, moldar, acrescentar, ou
mesmo aproveitar outros objetos e elementos já existentes,
atribuindo-lhes nova significação.
Mas afinal, uma escultura é a mesma coisa que
uma estátua?
A estátua é uma escultura que representa um ser real
ou imaginário. Vejamos o que diz a este respeito o
historiador Ernest Gombrich
Ao analisarmos as linhas escritas pelo autor,
percebemos que uma estátua é a representação de um ente,
Na linguagem visual, sabemos que é necessário um olhar atento para que possamos “ler” as imagens, porém, a escultura, uma manifestação das artes visuais, pode ser percebida e entendida até com os olhos fechados.
(BUENO, 2008, p. 82)
Quando visitamos as filas de estátuas de
mármore branco da antiguidade clássica nos
grandes museus, esquecemos muitas vezes
que entre elas se encontram os ídolos de
que a Bíblia fala; que as pessoas oravam
diante delas, que sacrifícios lhes eram
oferecidos em meio a encantamentos, e que
milhares e dezenas de milhares de adoradores delas se aproximavam como
esperança e medo em seus corações –
interrogando-se, como diz o profeta, sobre
se aquelas estátuas e ídolos não seriam
realmente os próprios deuses.
(GOMBRICH, 1995, p.84)
UMA ESCULTURA E UMA ESTÁTUA SÃO A MESMA COISA?
4
diante do qual muitos adoradores se curvaram ou ainda se
curvam. Sabemos ainda que, em muitos momentos da nossa
história a presença de estátuas em templos religiosos foi
motivo de grandes discussões. Não nos cabe aqui discutir
esta relação religiosa com as estátuas, nosso foco é com a
arte, ou seja, com a produção artística que é desenvolvida
através da escultura.
Pois bem, podemos então estabelecer a diferença
entre estátua e escultura?
Em nossa cidade temos algum exemplo de
escultura em forma de estátua?
Analisemos a estátua do Senhor Bom Jesus da Cana
Verde que existe em nossa cidade.
Ao olharmos para a estátua do Senhor Bom Jesus
da Cana Verde constatamos que demonstra um
sentimento. Para você qual é esse sentimento? Quais
características percebe ao observá-la? A partir dessas
características, pesquise a qual período e estilo ela pode
ser relacionada.
Imagem – Senhor Bom Jesus da Cana
Verde. Santuário do Senhor Bom Jesus
da Cana Verde.
Foto: Ângela Marques Corrêa de
Carvalho
5
Do que foi feito a estátua do Senhor Bom Jesus?
Quais os materiais utilizados?
Ela apresenta cores? Se sim, quais?
Você sabe o nome o artista que produziu esta obra?
Que tal pesquisarmos uma pouco mais e saber se o
mesmo produziu outros trabalhos semelhantes?
Em grupo, escolham um escultor do qual já
tenham ouvido falar, e busquem descobrir quais as obras
realizadas, os materiais utilizados e quais foram os
contextos em que elas foram produzidas. Depois de
recolhidas as informações, cada grupo deverá expor à
classe a pesquisa realizada, relacionando o contexto vivido
pelo artista.
Para conhecer mais...
A imagem do Senhor Bom Jesus da Cana Verde feita de madeira de cedro
vermelho, possui várias histórias, verídicas ou não, uma destas lendas ou
afirmações podem ser atribuída a sua origem aos trabalhos de um escravo que ,
tendo desobedecido ao seu «sinhô», fugiu para o mato com receio de castigo e, em
troca do perdão à esculpiu. E segundo suas características dizem também, ser
esculpida por um dos discípulos de Aleijadinho ou Mestre Antonio Francisco
Lisboa, se não é mesmo uma de suas esculturas. Não se pode ainda precisar o ano
certo da chegada da imagem no Paraná, provavelmente é de 1870 a 1880, vinda de
Minas Gerais e depois passar por São Paulo. De acordo com o Pároco Frei
Cláudio Sérgio de Abreu, “a imagem expressa a bondade e a misericórdia de Deus
esculpida em cedro”.
Mais detalhes se encontra no site: http://www.senhorbomjesusdacanaverde.com.br
/www.senhorbomjesusdacanaverde.com.br/homesantuario.htm.
6
Sim, porém, as estátuas, além de servirem como
elementos de adoração, são, acima de tudo, objetos de arte. É
importante ressaltar que estas estátuas ou monumentos
públicos, inicialmente tinham características clássicas. Como
exemplo, as esculturas Gregas ou Renascentistas.
Vamos entender o que são esculturas com
características clássicas. Observem os exemplos ao lado e
descrevam o que vocês podem relacionar entre as duas.
Pesquise alguns artistas que executaram esculturas
com essas características.
Afrodite – Conhecida como Vênus de Milo – 100 a.C- 204 cm. Museu do Louvre, Paris. Exemplo de Escultura Grega clássica. Foto: Luciana Barone.
Imagem Adaptada pela autora.
Escravo Moribundo (1513) – Michelangelo Bounarroti. Renascimento. Museu do Louvre, Paris. Foto: Luciana Barone.
Imagem Adaptada pela autora.
O belo clássico define-se na arte grega, com base em um
ideal de perfeição, harmonia, equilíbrio e graça que os
artistas procuram representar pela simetria e proporção [...].
As formas humanas apresentam-se como se fossem reais
e, ao mesmo tempo, exemplares aperfeiçoados. (Fonte:
www.itaucultural.org.br)
ESPERA AÍ, AS ESTÁTUAS
NÃO TINHAM, OU AINDA TÊM A
FINALIDADE DE ADORAÇÃO?
7
UMA NOVA APRESENTAÇÃO DA ESCULTURA
Em contraposição a esse estilo clássico surge a
escultura moderna, ou seja, produzida sem modelos
convencionais. Podemos citar como exemplo August Rodin;
artista que instiga a imaginação do observador. Suas
esculturas sugerem um momento instantâneo, e os
personagens apresentam gestos aparentemente inacabados.
“A energia palpitante e a forma de suas estátuas tiveram
enorme impacto sobre os artistas do século XX” (FONTES,
1999, p.393). Rodin descreveu em suas obras o sentimento
momentâneo que captava sob seu foco do olhar.
Através de uma viagem virtual em nosso
laboratório de informática, vamos conhecer as obras de
Rodin. O site ao lado é de um museu. Você pode acessar o
mesmo ou buscar novas possibilidades on-line.
Percebemos que suas obras possuem uma forte
expressão e que, muitas vezes, sugerem não estarem
acabadas.
Que material normalmente é utilizado por este
artista? Qual das obras vistas lhe chamou mais a
atenção? Faça uma pequena descrição para seus colegas
e crie uma produção artística da mesma, usando um
material diferenciado representando de maneira
tridimensional.
Para saber mais:
Auguste Rodin (1840-1917)
(...) Mais do que qualquer outro
escultor desde Michelangelo, Rodin
mudou a cara da escultura
figurativa e inaugurou uma nova era toda de expressão artística. (...)
As inovações que ele introduziu na
escultura foram elaboradas por
inúmeros artistas que o seguiram,
incluindo muitos que trabalharam
em seu estúdio (RODIN MUSEUM)
disponível em:
http://www.rodinmuseum.org/286-
97.html
8
http://www.senhorb
omjesusdacanaverd
e.com.br/homesant
uario.ht
Ilustração com montagem inspirada
na obra “Porta” de Eliane Prolik.
Imagem criada e adaptada pela
autora.
m
O CAMINHO PARA A ABSTRAÇÃO DA FORMA
A partir do século XX, artistas denominados
modernos, para fugir das regras acadêmicas, buscaram a
abstração da forma. Ou seja, utilizavam elementos abstratos
ou formas geométricas em suas obras. Assim sendo, a obra
tridimensional abstrata foi uma inovação marcante na
primeira metade deste século.
Vamos entender um pouco melhor o que vem a ser o
abstracionismo:
Essa tendência ao abstracionismo já vinha sendo
apresentada nas obras de Victor Brecheret (1894 - 1955), um
dos artistas a participar da introdução do pensamento
vanguardista no Brasil.
Dando às esculturas um caráter mais moderno, deixou
a imitação de um modelo real, e buscou a expressão através
de poucos detalhes. Além de produzir obras gigantescas
como o “Monumento às Bandeiras”, no Parque do Ibirapuera,
A Arte Abstrata ou não-figurativa, não representa a realidade que
nos cerca, é quase que o oposto ao figurativismo (representa os
objetos tal como vemos). Os artistas abstratos abandonando
concepções tradicionais criaram pinturas com formas e cores que,
ao observarmos, não identificamos com nada, de imediato.” (...)
“Existem duas tendências para o Abstracionismo: o
Abstracionismo Informal onde as formas e cores são expostas com
liberdade, espontaneamente - e o abstracionismo geométrico ou
formal - onde formas e cores são organizadas de maneira
equilibrada. (BUENO, 2008, p. 43)
Exemplos de formas
abstratas
Fotos: Ângela Marques Corrêa
de Carvalho.
9
São Paulo (imagem disponível em:
http://www.victor.brecheret.nom.br/dec_50/50_28.htm),
Brecheret foi capaz de dar beleza e graciosidade a pequenas
peças em mármore como a “Tocadora de Guitarra”. Esta obra
também pode ser encontrada via on-line, porém, podemos ter
noção da mesma ao observarmos a ilustração ao lado.
Através das definições sobre o abstracionismo,
podemos classificar a obra de Brecheret como figurativa, pois,
conseguimos identificar em sua produção formas realistas.
Porém, seus contornos não são idênticos à realidade,
reconhecemos uma mulher tocando guitarra, mas, as formas
são diferentes de uma mulher real.
Vamos pesquisar um pouco mais sobre este artista
e suas obras em nosso laboratório de informática?
O que você achou das produções de Brecheret?
Quais características consegue perceber? Descreva-as.
Colocando a Mão na Massa:
Inspirado nas obras de Brecheret, inicialmente crie um desenho do que
pretende representar e transforme-o em um objeto tridimensional,
utilizando argila ou massa de modelar.
Ilustração inspirada na obra “Tocadora de Guitarra” de Brecheret.
Imagem criada e adaptada pela autora.
10
Olhando à nossa volta, constatamos que estamos
cercados de uma grande quantidade de objetos, seja em nossa
casa, em nosso trabalho, nos meios sociais. Se formos analisar
esses objetos minuciosamente, seja em casa ou em lugares
públicos, verificaremos que uma boa parte deles foi pensada e
criada com uma determinada finalidade.
Desde a pré-história o homem produziu seus objetos,
para isso, utilizou pedaços de madeira, pedra ou outros
materiais. Assim, o ser humano, criando esses elementos
tridimensionais, acabou facilitando seu dia a dia, pois
inventou utensílios e ferramentas que foram utilizados para
inúmeras funções.
Através de uma viagem virtual em nosso
laboratório de informática, vamos conhecer alguns objetos
pré-históricos que hoje são reconhecidos como as
primeiras esculturas.
Observe em sua casa objetos de seu cotidiano.
Alguns deles ainda são parecidos com os criados pelo
homem pré-histórico?
Com o passar dos tempos, o advento da
industrialização e o surgimento da sociedade de consumo, os
objetos utilitários passaram a ser produzidos industrialmente.
Exemplos de objetos
tridimensionais do
cotidiano
Foto: Ângela Marques Corrêa
de Carvalho
TODA ESCULTURA É UMA ESTÁTUA?
11
COMO ENTENDER A ESCULTURA
CONTEMPORANEA?
Nem todo objeto tridimensional é artístico, e nem
toda escultura é uma estátua. Entre os objetos de arte há outras
formas de escultura além das estátuas, principalmente em se
tratando de arte contemporânea.
Então, qual a diferença entre objetos
tridimensionais, objetos utilitários e objetos artísticos?
Assistir ao vídeo, Todo o Passado Dentro do
Presente: As Múltiplas Linguagens da Arte Contemporânea
– Objeto, pode ajudar a responder a estas perguntas.
Atualmente o artista utiliza uma variedade de
materiais para se expressar, bem diferentes dos convencionais,
muitas vezes surpreendendo o observador. No vídeo, Hélio
Oiticica diz que: “O objeto estava praticamente pronto, não
precisava fazer mais nada, era só pegar e me apropriar.”
Em grupos, discutam e sistematizem o que
aprenderam sobre “objeto de arte” e “arte
contemporânea”.
12
UMA ARTISTA ENTRE NÓS
Vamos conhecer um pouco da obra de uma escultura
paranaense. Eliane Prolik, além de outras produções
artísticas, cria esculturas com materiais bem variados. Nas
peças elaboradas em cobre, explora o plano que conserva os
sinais do trabalho de moldagem. Em 1993 ganhou Prêmio no
50º Salão Paranaense, e sua obra Porta, em aço sac 41, com
4,50m de altura, foi estabelecida no Colégio Estadual do
Paraná.
Imagem disponível em:
http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/i
ndex.cfm?fuseaction=artistas_biografia&cd_verbete=1620&c
d_idioma=28555&cd_item=1.
Podemos ter uma idéia a partir da ilustração ao lado.
Em grupo, faça uma pesquisa na internet para
conhecer o trabalho produzido por Eliane Prolik, reflita
com seu grupo sobre:
Como são suas produções?
Quais materiais utiliza?
Qual seu procedimento com os materiais, na
construção das formas?
Que questões a obra dela evidencia?
Podemos referir à esta artista como
contemporânea?
Conhece outro artista que desenvolva um trabalho
parecido com o de Eliane Prolik?
Ilustração com montagem inspirada na obra “Porta” de Eliane Prolik.
Imagem criada e adaptada pela autora.
13
BUENO, Luciana Estevam Barone. Linguagem das Artes
Visuais: Metodologia do Ensino de Artes - v.05. Curitiba:
Editora IBPEX, 2008.
DONDIS, Donis A. Sintaxe da linguagem visual. São Paulo:
Martins Fontes, 1997.
FRANZ. Terezinha Sueli. Educação para uma compreensão
crítica da arte. Florianópolis: Letras Contemporâneas, 2003.
GOMBRICH, Ernst Hans. A História da Arte. Rio de
Janeiro: LTC, 1999.
HERNANDEZ, Fernando. Cultura Visual, Mudança
Educativa e Projeto de trabalho. Porto Alegre: Artes
Médicas Sul, 2000.
MARTINS FONTES Editora Ltda. O Livro da Arte. São
Paulo: Martins Fontes -1999.
http://www.rodinmuseum.org/286-97.html
http://www.victor.brecheret.nom.br/dec_50/50_28.htm
http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopediai
c/index.cfm?fuseaction=artistas_biografia&cd_verbete=35
00&cd_idioma=28555&cd_item=1
http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_
ic/index.cfm?fuseaction=termos_texto&cd_verbete=5355&
lst_palavras=&cd_idioma=28555&cd_item=8
BIBLIOGRAFIA
SITES
14
http://www.louvre.fr/louvrea.htm
http://www.musee-orsay.fr/en/home.html
http://www.senhorbomjesusdacanaverde.com.br/homesant
uario.htm
TODO o passado dentro do presente - fita 2. Direção
Sérgio Zeigler. São Paulo/Brasil: Quark Filmes, 2004. 1 fita
de vídeo, 80 min, NTSC, son., color., VHS.
VÍDEOS