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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
TABUADA, COMPREENDIDA E CONTEXTUALIZADA
Antonio Carlos Libaneo1
Renata Camacho Bezerra2
Resumo
Este Artigo relata experiências realizadas no ensino da tabuada por meio do uso de materiais pedagógicos como alternativa para promover a aprendizagem. Muitas vezes, esquece-se que a tabuada como forma de multiplicação é parte integrante das operações básicas da matemática, sendo necessária entendê-la, compreendê-la e não apenas decorá-la. Assim sendo, o que se pretende com a compreensão e construção dos conceitos presentes na tabuada é que o aluno compreenda a multiplicação através do raciocínio. Nesse sentido, elaboramos um Caderno Pedagógico com atividades que envolvem: material dourado, ábaco, mosaico da tabuada, bingo da multiplicação e tapete de botões, no qual se relaciona procedimentos e conceitos, contribuindo para uma aprendizagem significativa. Este caderno pedagógico foi trabalhado com alunos da 5ª série/6º ano do ensino fundamental no Colégio Estadual Mendes Gonçalves na cidade de Guaíra-Pr. Ao longo deste trabalho, pode-se constatar a importância de a memorização ser precedida da compreensão.
Palavras-chave: Tabuada; Compreensão e Memorização.
1Professor da Rede Estadual de Ensino do Estado do Paraná integrante do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE 2009. E-mail: [email protected] em Educação Matemática e Orientadora da Disciplina de Matemática no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE 2009. E-mail: [email protected]
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Abstract
This article describes experiences in teaching the multiplication tables through the use of alternative teaching materials to promote learning. Often forget that the multiplication tables as a form of multiplication is an integral part of the basic operations of mathematics, being necessary to understand it, understand it and not just memorize it. So, what is intended with the understanding and development of concepts in math facts is that the student understands multiplication through reasoning. We designed a notebook with pedagogical activities that involve: material gold, abacus, mosaic tables, bingo multiplication and pad buttons, which is related procedures and concepts, contributing to significant learning. This notebook was working with teaching students from grade 5 / 6 years of primary education in the State College in the city of Mendes Gonçalves Guaira-Pr. Throughout this paper, one can see the importance of memorization be preceded comprehension.
Keywords: Tabler, Comprehension and Memorization.
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Introdução
O ensino da tabuada tem sido realizado na maioria das vezes como forma
de desenvolver a memória, uma vez que os alunos memorizam a tabuada, e não a
compreendem. Não obstante, o que se pretende com a compreensão e construção
dos conceitos presentes na tabuada é que o aluno compreenda a multiplicação por
meio do raciocínio e só depois ocorra à memorização. Dessa forma, memorizar a
tabuada após ter sido compreendida é um processo que conduz a sua
automatização e interiorização e que leva a sua real compreensão.
É comum deparar-se com a idéia de que não existe um caminho que possa
ser identificado como único, e melhor, para o ensino e aprendizagem de qualquer
disciplina, em especial o ensino da matemática. Porém, conhecer as diversas
possibilidades de trabalho em sala de aula é fundamental para que o professor
possa progressivamente construir sua prática pedagógica, conseguindo desta forma
maior interação com os educandos no processo ensino-aprendizagem.
Apesar do desenvolvimento da matemática nas últimas décadas isso não
impediu que crescessem as dificuldades em ensinar os conteúdos matemáticos. A
matemática como toda ciência é dinâmica, e como tal está sempre recebendo novos
conhecimentos, recursos e metodologias.
Assim, para a criança que convive em ambientes onde se usa as operações
fundamentais diariamente, a matemática se torna natural e familiar, o que não se
verificava no passado. Dessa maneira, o processo de construção dos números e da
matemática tem sido transmitido de geração para geração e, segundo Gundlach
(1992), a espécie humana é a única a ter desenvolvido um procedimento sistemático
para armazenar informações, sendo que uma parte considerável dessas
informações relaciona-se com forma e quantidade.
A necessidade de representar quantidades fez com que o homem buscasse
formas de registros. Desta perspectiva, Imenes (1989) coloca que uma das primeiras
formas de contagem se deu através de pedras e do pastoreio, ou seja, para
controlar o seu rebanho o pastor usava pedrinhas, cada pedra equivalia a um
animal, se no final do dia faltassem pedras, é porque tinha animais a mais em seu
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rebanho e se sobrassem pedras, estavam faltando animais. Tratava-se de uma
forma de controle primitiva.
Na década de 60, juntamente com a matemática moderna, algumas
tentativas de mudanças aconteceram. Não cabe discutir neste trabalho as
características deste movimento, entretanto, dentre seus aspectos positivos
destacava-se a necessidade de aprendizagem com compreensão. Com isso,
surgiram as críticas ao ensino tradicional, entre elas a mecanização da tabuada.
Assim, diversas escolas aboliram a mecanização da mesma. Além disso, o professor
que obrigasse seus alunos a decorar a tabuada era muitas vezes considerado
retrógrado.
O argumento usado, contrário à memorização, era basicamente que não se
deve obrigar o aluno a decorar a tabuada, mas sim, a criar condições para que ele a
compreenda. Os defensores dessa nova tendência alegavam que, se o aluno
entendesse o significado de multiplicações como 2 x 2, 3 x 8, 5 x 7, etc.., quando
precisasse, saberia chegar ao resultado. Alguns professores rebatiam esta
afirmação assegurando que, sem saber a tabuada de cor, o aluno não poderia
realizar multiplicações e divisões. Esta discussão perpassa e permanece até hoje.
Porém, apesar das divergências, uma opinião é unânime: deve-se condenar a
mecanização pura e simples da tabuada.
Nesse sentido, ensinar matemática é desenvolver o raciocínio lógico,
estimular o pensamento independente, a criatividade e a capacidade de resolver
problemas. Enquanto educadores matemáticos, deve-se buscar alternativas para
motivar a aprendizagem, desenvolver a autoconfiança, a organização, concentração,
atenção, raciocínio lógico-dedutivo e o ensino cooperativo, ampliando a socialização
e as interações do indivíduo.
Referencial teórico
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), é importante
que o educador trabalhe a partir dos conhecimentos que os alunos já possuem o
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que não significa restringir-se a eles, uma vez que o papel da escola é ampliar esse
universo de conhecimentos e dar condições a eles de estabelecerem vínculos entre
o que conhecem e os novos conteúdos que vão construir, elaborar, assimilar,
possibilitando uma aprendizagem mais significativa.
A Educação Matemática proposta nas Diretrizes Curriculares (2006) prevê a
formação de um estudante crítico, capaz de agir com autonomia nas suas relações
sociais. Neste ensino busca-se
[...] a construção do conhecimento matemático sob uma visão histórica, de modo que os conceitos são apresentados, discutidos, construídos e reconstruídos e também influenciam na forma do pensamento humano e na produção de sua existência por meio das idéias e das tecnologias. A efetivação da Educação Matemática requer um professor interessado em desenvolver-se intelectual e profissionalmente e em refletir sobre sua prática para tornar-se um educador matemático e um pesquisador em contínua formação (DCE, 2006, p.24).
Não obstante, ao trabalhar-se com números e operações, observa-se certa
dificuldade que alguns alunos apresentam em entender conceitos algébricos, como
por exemplo, a tabuada e as noções de múltiplos e de divisibilidade. Entretanto,
quando estes conceitos são relacionados a outros que sejam de natureza
geométrica, a compreensão é favorecida.
O uso do material confeccionado pelos alunos juntamente com o professor,
para a compreensão da tabuada, deve criar um ambiente de busca, de cooperação,
de exploração e de novas descobertas, facilitando a construção do conhecimento.
Desse modo, os alunos,
[...] ao relacionar idéias matemáticas entre si, podem reconhecer princípios gerais, como proporcionalidade, igualdade, composição, decomposição, inclusão e perceber que processos como o estabelecimento de analogias, indução e dedução estão presentes tanto no trabalho com números e operações como no trabalho com espaço, forma e medidas” (BRASIL, SEF, 1997, p.37).
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Os professores normalmente fazem com que os alunos memorizem as
tabuadas separadamente. Os alunos começam normalmente pelas tabuadas do
dois, do cinco e do dez. As tabuadas da multiplicação por 2, 3, 4, 5 e 10, fazem parte
do programa do 2º ano do ensino fundamental enquanto que as da multiplicação por
6, 7, 8 e 9, fazem parte do 3º ano. No entanto, pode-se questionar se faz sentido
que as crianças as trabalhem separadamente. Além disso, no que diz respeito ao
seu conteúdo, a tabuada é estritamente aprendida por ordem numérica, desde o
zero vezes um, até o zero vezes dez. Sobretudo, o que a maior parte dos
professores tenta, é fazer com que os alunos a memorizem, repetindo-a sem contar.
Conforme sublinha Dell´agli (2007),
[...] o conhecimento matemático oferecido pela maioria das escolas, apresenta-se sob um viés conteudista e uma metodologia apontada como obsoleta (métodos de ensino que induzem a aprendizagem ligada à memorização arbitrária) não atendendo as necessidades sócio-culturais do país, o que desencadeia uma série de fracassos na aprendizagem dos alunos. Em consequência disto, parece haver consenso entre os educadores a respeito da necessária alteração nos processos de ensino e de aprendizagem da matemática, como decorrência dos críticos índices de desempenho na disciplina, da pouca motivação que o estudar traz para os alunos e do distanciamento que se percebe existir entre o que os alunos aprendem na escola e a transposição de tal saber para o exercício da cidadania (DELL' AGLI, 2002 Apud GALLEGO, 2007, p.08).
Na melhor das hipóteses, o resultado final deste método de ensino poderá
traduzir-se na aprendizagem, de fato, das tabuadas mais fáceis de memorizar, como
as tabuadas da multiplicação por 2, 5 e 10.
Por muito tempo, na escola tradicional, a matemática foi conhecida como um
conjunto de técnicas que deviam ser memorizadas e repetidas, sem que o aluno
tivesse a devida compreensão.
Já em 1990, no Currículo Básico para a Escola Pública do Estado do
Paraná, constava que:
[...] aprender matemática é mais do que manejar fórmulas, saber fazer contas ou marcar “x” nas respostas: é interpretar, criar significados, construir
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seus próprios instrumentos para resolver problemas, estar preparado para perceber estes mesmos problemas, desenvolver o raciocínio lógico, a capacidade conceber, projetar e transcender o imediatamente sensível (PARANÁ/SEED, 1992, p.66).
Autores como Lins e Gimenez (1997), afirmam que a aritmética escolar
propõe um sentido integrador que permite resolver problemas diversos, o que
significa que as técnicas e regras deveriam servir para solucionar problemas. As
atividades didáticas, envolvendo a resolução de problemas, podem ser
desenvolvidas de forma a estimular nos alunos o interesse pela matemática,
aprimorando o raciocínio lógico e ampliando a compreensão dos conceitos básicos
para o refinamento do pensamento aritmético, fazendo com que os mesmos
desenvolvam a capacidade de manipular conceitos e propriedades de forma clara e
objetiva.
Antes mesmo de a criança frequentar a escola, ela já traz consigo o
conhecimento intuitivo de adicionar e em consequência multiplicar, pois através de
brincadeiras ela costuma “juntar” bonecas, carrinhos e outros e até relaciona
quantidade com o numeral, este conhecimento segundo Vygotsky (1991), é o
conhecimento empírico. Entretanto, é na escola que a criança vai sistematizar o seu
conhecimento, associando regras, símbolos e é através da escrita que ela começa a
codificar suas ideias que até então só existia no âmbito da linguagem. Na escola,
quando começa a sistematizar este conhecimento, a criança ultrapassa a barreira do
conhecimento empírico atingindo o conhecimento teórico ou científico.
Para Lorenzato (2006), “a atuação do professor é determinante para o
sucesso ou fracasso escolar. Para que os alunos aprendam significativamente, não
basta que o professor disponha de um LEM” (Laboratório de Ensino de Matemática).
É necessário que ele saiba como utilizar os materiais didáticos, pois estes são
instrumentos e exigem conhecimentos específicos para sua utilização.
Assim,
[...] o professor de matemática, ao planejar sua aula, precisa perguntar-se:
será conveniente, ou até mesmo necessário, facilitar a aprendizagem com
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algum material didático? Com qual? Em outras palavras, o professor está
respondendo as questões: “Por que material didático?”, “Qual é o material?”
e “Quando utilizá-lo?”. Em seguida, é preciso perguntar-se: “Como esse
material deverá ser utilizado?” (LORENZATO, 2006, p.24).
Portanto, uma vez compreendidos os fatos fundamentais, eles devem ser,
aos poucos, memorizados. Para isso, deve-se utilizar de jogos variados, como por
exemplo, bingo de tabuada, cálculos mentais e todo o tipo de jogos que contribuam
para a memorização da tabuada. A necessidade da memorização justifica-se, pois,
por a fixação da mesma ser importante para que o aluno compreenda e domine
algumas técnicas de cálculo.
Não existe um caminho que possa ser identificado como único e melhor para
o ensino aprendizagem de qualquer disciplina, em particular da matemática. No
entanto, conhecer possibilidades de trabalho com a tabuada e suas operações a ela
relacionadas em sala de aula, é fundamental para que o professor construa e (re)
construa sua prática.
Assim,
[...] um projeto educativo, nessa direção, precisa atender igualmente aos sujeitos, seja qual for sua condição social e econômica, seu pertencimento étnico e cultural e as possíveis necessidades especiais para aprendizagem. (PARANÁ DCE, 2008, p.15).
Algumas reflexões
A implementação do projeto ocorreu no 2º semestre/2010, no Colégio
Estadual Mendes Gonçalves, na cidade de Guaíra - Paraná, na 5ª série/6º ano do
ensino fundamental, e teve por objetivo contribuir, através de recursos e
metodologias, para a compreensão e memorização da tabuada sem o uso da
calculadora, e a construção do conhecimento através de jogos como ábaco, bingo,
tapete de botões, mosaico, material dourado e resolução de exercícios, sendo que a
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multiplicação e a adição foram estratégias de contagem das quantidades que
permitiram mais rapidez e precisão.
O trabalho foi organizado de forma a ter um levantamento prévio com os
alunos, sobre o domínio da tabuada e suas dificuldades, por meio de perguntas e
resolução de alguns exercícios, observando sua lógica e coerência nas respostas.
Desta forma, elaborou-se um caderno pedagógico para trabalhar a tabuada,
utilizando o ábaco, bingo, mosaico, tapete de botões, material dourado e recorte de
exercícios.
Na atividade realizada com o Ábaco3, o material foi confeccionado pelos
alunos utilizando-se de materiais como isopor, canudos plásticos, macarrão
perfurado, cilindro de papelão que se encontra na parte interna do papel higiênico,
espetinho de madeira, cola para isopor, cola tenaz, pincel e tinta guaxe.
Primeiramente, os alunos se envolveram na construção do seu próprio Ábaco, que
valorizou consideravelmente o interesse e a participação do educando na
construção e aprendizado da tabuada.
Em seguida, após resolverem exercícios utilizando do seu raciocínio e
apresentando o resultado no Ábaco, ficou evidente a participação dos alunos com
este material, percebendo o valor posicional das unidades, dezenas, centenas, etc.
Descobriram que quando estão fazendo contas de subtração, ao emprestar número
da dezena para a unidade, eles não emprestam um como é de costume,
perceberam que se empresta 10 para dar continuidade na sua operação. Ao
utilizarem o raciocínio rápido para mostrar o resultado, tinham que se concentrar,
pois não estavam fazendo os cálculos com papel e lápis e sim utilizando de seu
raciocínio e querendo responder primeiro que outros colegas, o que mostrou
interesse, participação e envolvimento com este material.
3Ábaco: instrumento de cálculo utilizado em diferentes países há mais de 5500 anos.
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Ilustração 1: Atividade com Ábaco
Já na atividade com o Bingo4 que foi adaptada e confeccionada pelos
alunos, distribuiu-se uma cartela para cada aluno. Na sequência, falou-se os
números que constavam dentro de um globo, numeração de um até cem, e os
alunos marcavam os números que constavam na sua cartela. Os questionamentos
começaram a aparecer quando os alunos percebiam que, por exemplo, o número 22
(vinte dois) não constava na tabuada, até então entendida de 1 ao 10. Era
exatamente essa a intencionalidade de trabalhar com este material pedagógico,
mostrando para o aluno que a tabuada vai além do 1 ao 10 e que todo o número
pode ser relacionado com a tabuada. Desta forma, ao terminar de preencher a
cartela (mais de um aluno bingou no final), o desempate foi realizado por meio de
contas de multiplicação e divisão.
4Bingo da multiplicação: material que tem por finalidade compreender a multiplicação e desenvolver a rapidez no cálculo.
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Ilustração 2: Trabalhando com bingo da tabuada
Na atividade realizada com o mosaico5, que foi adaptada a partir da
atividade apresentada no site www.feg.unesp.br/difusao, foi utilizada uma malha do
tipo 10 X 10 para que os alunos compreendessem que a tabuada, por exemplo, do
quatro (4), não termina em 4X10 = 40, mas que o aluno tinha que desenvolver o
raciocínio e a curiosidade de saber que até 100 existem outros múltiplos da tabuada.
Esta atividade fez com que o professor pudesse explorar junto aos alunos os
múltiplos e ao mesmo tempo estar construindo de maneira lúdica, os conceitos
matemáticos da tabuada. Houve uma interação bastante significativa entre os
alunos, sendo que cada um queria mostrar o desenho de seu mosaico para os
demais alunos. Também foi interessante a participação do professor da disciplina de
Arte que acompanhou e auxiliou os alunos.
5Mosaico da tabuada: material utilizado para cálculo das tabuadas, busca desenvolver a criatividade e estimula os educandos de maneira lúdica.
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Ilustração 3: Construindo o Mosaico da tabuada
O trabalho com o tapete de botões6 foi muito interessante, pois contou
inicialmente com a participação das mães e voluntárias para a confecção dos
mesmos, ocorrendo assim à interação com a família. Em sala de aula, o professor
explicou a intenção. Além dos alunos aprenderem a tabuada, poderiam descobrir a
trabalhar as linhas e colunas, e que toda tabuada tem um quadrado perfeito que
poderia transformar-se em potência.
Os alunos sentaram em duplas, sendo que um aluno era monitor. Cada um
fazia uma pergunta relacionada com a tabuada e o colega mostrava o resultado
através das linhas e colunas, fazendo a contagem dos botões e dando o resultado
da operação de multiplicação. Houve interação entre os alunos, pois cada um queria
ter o maior número de acertos do que os demais. Alguns erros ocorreram na hora de
contar os botões, fazendo com que o aluno não acertasse na primeira vez e tivesse
que refazer a contagem.
6Tapete de botões: material utilizado na tabuada. Faz com que o aluno reconheça linhas e colunas e trabalhe dentro da tabuada os primeiros quadrados perfeitos.
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Ilustração 4: Atividade com Tapete de botões
Na atividade com o material dourado7, dividiu-se os alunos e cada grupo
recebeu uma quantidade de peças de unidades, dezenas e centenas. Em contato
com o material, perceberam que poderiam fazer vários exercícios e responder,
mostrando as peças do material dourado. Com recorte de exercícios os alunos
começaram a trabalhar e aplicar a tabuada.
Ao final de 2 (duas) aulas, percebeu-se o interesse dos alunos em manipular
o material e o na resolução dos exercícios, sempre estando presente o espírito de
competição. Cada um queria responder primeiro, mas sempre orientados que ao
utilizar do raciocínio deveriam prestar bastante atenção nas respostas, pois não
estavam utilizando papel, lápis e borracha, de modo que se errassem não poderiam
apagar e refazer.
7Material dourado: material pedagógico existente nas escolas. Auxilia o ensino e a aprendizagem do sistema de numeração decimal.
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Ilustração 5: Atividade com material dourado
O trabalho foi realizado com os alunos no segundo semestre/2010, uma vez
por semana, alternando os materiais pedagógicos mencionados. A avaliação deu-se
pela participação no grupo, envolvimento com o material proposto, lógica/coerência
e aplicação do raciocino na resolução dos diferentes tipos de exercícios.
Considerações finais
Em primeiro momento, os alunos encontraram dificuldades em trabalhar com
os materiais propostos, levando algum tempo para relacioná-los com a tabuada.
Posteriormente, as suas concentrações para desenvolver as atividades
propostas aumentaram. Percebeu-se que os alunos são bastantes solidários uns
com os outros.
Além disso, observou-se que houve grande preocupação em não errar, a fim
de acertar mais que seus colegas. Depois de trabalhar com vários jogos diferentes,
dentro do período pré-estabelecido, alguns alunos ainda apresentaram dificuldades,
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porém, a mesma foi superada em grupos, onde os mais esclarecidos ajudavam os
demais.
Como a finalidade deste projeto era de introduzir atividades e materiais
concretos que levassem o educando a aprendizagem significativa da tabuada e não
a sua memorização mecânica, somente foram aplicados jogos conhecidos e
adaptados em diferentes momentos dos conteúdos no 2º semestre. Houve
dificuldades no início das atividades, visto não estarem acostumados a trabalhar em
grupos. Uma vez que alguns alunos provêm de diferentes escolas municipais, e são
de diferentes faixas etárias e costumes, aos poucos foram verificando como é
importante o trabalho em equipe e a participação de todos dentro dos grupos.
Nesse sentido, analisando o desenvolvimento dos educandos a partir dessa
proposta, percebe-se a importância e a necessidade de se trabalhar com o concreto,
a lógica e o pensamento matemático. Para tanto, o professor de matemática ao
iniciar suas atividades nas 5ª série/6º ano, deve ter conhecimento prévio das
necessidades dos alunos, proporcionando a eles atividades e situações concretas
nas quais haja um envolvimento com a tabuada, além de trabalhar a matemática de
maneira mais prazerosa, lúdica e interessante com seus alunos. Ressalta-se que
cabe ao professor acrescentar conceitos e capacitar-se para desenvolver melhor seu
trabalho.
Por outro lado, no que tange as notas durante o ano letivo, verificou-se o
crescimento e o interesse pela matemática quando trabalhada de forma diferente.
De acordo com os dados abaixo, as notas bimestrais da turma em estudo tiveram
aumento significativo.
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Tabela 1
Col. Est. Mendes Gonçalves – EFMP
5ª Série – Período Vespertino – Ano 2010
Número de
alunos
Notas acima da
média
Notas abaixo da
média
% notas acima da
média
% notas abaixo da
média1° Bimestre 27 11 16 40,7 59,32° Bimestre 26 14 12 53,8 46,23° Bimestre 25 21 04 84 164° Bimestre 25 22 03 88 12
Representação gráfica das Notas
Contudo, o trabalho desenvolvido proporcionou aos estudantes uma melhor
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compreensão sobre a tabuada, uma vez que grande parcela dos professores de
matemática percebe que os alunos oriundos da 4ª série do ensino fundamental
apresentam dificuldades na compreensão da tabuada. Esta problemática, a saber,
pode ser evidenciada através de dados do município, que mostram a deficiência dos
educandos em compreender e resolver problemas que tem por base a tabuada.
Nesse sentido, ao trabalhar a tabuada na 5ª série do ensino fundamental, de
forma que o aluno pudesse superar as suas dificuldades de aprendizagem, acredita-
se ter contribuído para a redução da evasão escolar, bem como, da repetência, no
que tange a disciplina de Matemática.
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Referências bibliográficas
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GALLEGO, J. P. A utilização dos jogos como recurso didático no ensino-aprendizagem da Matemática. Universidade Estadual Paulista. Bauru, 2007.
GUNDLACH, B. H. Números e Numerais. São Paulo: Atual, 1992.
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PARANÁ. Departamento de Ensino de Primeiro Grau. Currículo básico para a escola pública do estado do Paraná. 2. ed. Curitiba 1992.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação - Diretrizes curriculares da Rede Pública de Educação Básica do Estado do Paraná. Curitiba: 2006.
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VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo, Martins Fontes, 1991.
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