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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4 Cadernos PDE VOLUME I

DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · ... material dourado, ábaco, ... ao trabalhar-se com números e ... do programa do 2º ano do ensino fundamental enquanto que as da multiplicação

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE

VOLU

ME I

TABUADA, COMPREENDIDA E CONTEXTUALIZADA

Antonio Carlos Libaneo1

Renata Camacho Bezerra2

Resumo

Este Artigo relata experiências realizadas no ensino da tabuada por meio do uso de materiais pedagógicos como alternativa para promover a aprendizagem. Muitas vezes, esquece-se que a tabuada como forma de multiplicação é parte integrante das operações básicas da matemática, sendo necessária entendê-la, compreendê-la e não apenas decorá-la. Assim sendo, o que se pretende com a compreensão e construção dos conceitos presentes na tabuada é que o aluno compreenda a multiplicação através do raciocínio. Nesse sentido, elaboramos um Caderno Pedagógico com atividades que envolvem: material dourado, ábaco, mosaico da tabuada, bingo da multiplicação e tapete de botões, no qual se relaciona procedimentos e conceitos, contribuindo para uma aprendizagem significativa. Este caderno pedagógico foi trabalhado com alunos da 5ª série/6º ano do ensino fundamental no Colégio Estadual Mendes Gonçalves na cidade de Guaíra-Pr. Ao longo deste trabalho, pode-se constatar a importância de a memorização ser precedida da compreensão.

Palavras-chave: Tabuada; Compreensão e Memorização.

1Professor da Rede Estadual de Ensino do Estado do Paraná integrante do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE 2009. E-mail: [email protected] em Educação Matemática e Orientadora da Disciplina de Matemática no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE 2009. E-mail: [email protected]

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Abstract

This article describes experiences in teaching the multiplication tables through the use of alternative teaching materials to promote learning. Often forget that the multiplication tables as a form of multiplication is an integral part of the basic operations of mathematics, being necessary to understand it, understand it and not just memorize it. So, what is intended with the understanding and development of concepts in math facts is that the student understands multiplication through reasoning. We designed a notebook with pedagogical activities that involve: material gold, abacus, mosaic tables, bingo multiplication and pad buttons, which is related procedures and concepts, contributing to significant learning. This notebook was working with teaching students from grade 5 / 6 years of primary education in the State College in the city of Mendes Gonçalves Guaira-Pr. Throughout this paper, one can see the importance of memorization be preceded comprehension.

Keywords: Tabler, Comprehension and Memorization.

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Introdução

O ensino da tabuada tem sido realizado na maioria das vezes como forma

de desenvolver a memória, uma vez que os alunos memorizam a tabuada, e não a

compreendem. Não obstante, o que se pretende com a compreensão e construção

dos conceitos presentes na tabuada é que o aluno compreenda a multiplicação por

meio do raciocínio e só depois ocorra à memorização. Dessa forma, memorizar a

tabuada após ter sido compreendida é um processo que conduz a sua

automatização e interiorização e que leva a sua real compreensão.

É comum deparar-se com a idéia de que não existe um caminho que possa

ser identificado como único, e melhor, para o ensino e aprendizagem de qualquer

disciplina, em especial o ensino da matemática. Porém, conhecer as diversas

possibilidades de trabalho em sala de aula é fundamental para que o professor

possa progressivamente construir sua prática pedagógica, conseguindo desta forma

maior interação com os educandos no processo ensino-aprendizagem.

Apesar do desenvolvimento da matemática nas últimas décadas isso não

impediu que crescessem as dificuldades em ensinar os conteúdos matemáticos. A

matemática como toda ciência é dinâmica, e como tal está sempre recebendo novos

conhecimentos, recursos e metodologias.

Assim, para a criança que convive em ambientes onde se usa as operações

fundamentais diariamente, a matemática se torna natural e familiar, o que não se

verificava no passado. Dessa maneira, o processo de construção dos números e da

matemática tem sido transmitido de geração para geração e, segundo Gundlach

(1992), a espécie humana é a única a ter desenvolvido um procedimento sistemático

para armazenar informações, sendo que uma parte considerável dessas

informações relaciona-se com forma e quantidade.

A necessidade de representar quantidades fez com que o homem buscasse

formas de registros. Desta perspectiva, Imenes (1989) coloca que uma das primeiras

formas de contagem se deu através de pedras e do pastoreio, ou seja, para

controlar o seu rebanho o pastor usava pedrinhas, cada pedra equivalia a um

animal, se no final do dia faltassem pedras, é porque tinha animais a mais em seu

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rebanho e se sobrassem pedras, estavam faltando animais. Tratava-se de uma

forma de controle primitiva.

Na década de 60, juntamente com a matemática moderna, algumas

tentativas de mudanças aconteceram. Não cabe discutir neste trabalho as

características deste movimento, entretanto, dentre seus aspectos positivos

destacava-se a necessidade de aprendizagem com compreensão. Com isso,

surgiram as críticas ao ensino tradicional, entre elas a mecanização da tabuada.

Assim, diversas escolas aboliram a mecanização da mesma. Além disso, o professor

que obrigasse seus alunos a decorar a tabuada era muitas vezes considerado

retrógrado.

O argumento usado, contrário à memorização, era basicamente que não se

deve obrigar o aluno a decorar a tabuada, mas sim, a criar condições para que ele a

compreenda. Os defensores dessa nova tendência alegavam que, se o aluno

entendesse o significado de multiplicações como 2 x 2, 3 x 8, 5 x 7, etc.., quando

precisasse, saberia chegar ao resultado. Alguns professores rebatiam esta

afirmação assegurando que, sem saber a tabuada de cor, o aluno não poderia

realizar multiplicações e divisões. Esta discussão perpassa e permanece até hoje.

Porém, apesar das divergências, uma opinião é unânime: deve-se condenar a

mecanização pura e simples da tabuada.

Nesse sentido, ensinar matemática é desenvolver o raciocínio lógico,

estimular o pensamento independente, a criatividade e a capacidade de resolver

problemas. Enquanto educadores matemáticos, deve-se buscar alternativas para

motivar a aprendizagem, desenvolver a autoconfiança, a organização, concentração,

atenção, raciocínio lógico-dedutivo e o ensino cooperativo, ampliando a socialização

e as interações do indivíduo.

Referencial teórico

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), é importante

que o educador trabalhe a partir dos conhecimentos que os alunos já possuem o

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que não significa restringir-se a eles, uma vez que o papel da escola é ampliar esse

universo de conhecimentos e dar condições a eles de estabelecerem vínculos entre

o que conhecem e os novos conteúdos que vão construir, elaborar, assimilar,

possibilitando uma aprendizagem mais significativa.

A Educação Matemática proposta nas Diretrizes Curriculares (2006) prevê a

formação de um estudante crítico, capaz de agir com autonomia nas suas relações

sociais. Neste ensino busca-se

[...] a construção do conhecimento matemático sob uma visão histórica, de modo que os conceitos são apresentados, discutidos, construídos e reconstruídos e também influenciam na forma do pensamento humano e na produção de sua existência por meio das idéias e das tecnologias. A efetivação da Educação Matemática requer um professor interessado em desenvolver-se intelectual e profissionalmente e em refletir sobre sua prática para tornar-se um educador matemático e um pesquisador em contínua formação (DCE, 2006, p.24).

Não obstante, ao trabalhar-se com números e operações, observa-se certa

dificuldade que alguns alunos apresentam em entender conceitos algébricos, como

por exemplo, a tabuada e as noções de múltiplos e de divisibilidade. Entretanto,

quando estes conceitos são relacionados a outros que sejam de natureza

geométrica, a compreensão é favorecida.

O uso do material confeccionado pelos alunos juntamente com o professor,

para a compreensão da tabuada, deve criar um ambiente de busca, de cooperação,

de exploração e de novas descobertas, facilitando a construção do conhecimento.

Desse modo, os alunos,

[...] ao relacionar idéias matemáticas entre si, podem reconhecer princípios gerais, como proporcionalidade, igualdade, composição, decomposição, inclusão e perceber que processos como o estabelecimento de analogias, indução e dedução estão presentes tanto no trabalho com números e operações como no trabalho com espaço, forma e medidas” (BRASIL, SEF, 1997, p.37).

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Os professores normalmente fazem com que os alunos memorizem as

tabuadas separadamente. Os alunos começam normalmente pelas tabuadas do

dois, do cinco e do dez. As tabuadas da multiplicação por 2, 3, 4, 5 e 10, fazem parte

do programa do 2º ano do ensino fundamental enquanto que as da multiplicação por

6, 7, 8 e 9, fazem parte do 3º ano. No entanto, pode-se questionar se faz sentido

que as crianças as trabalhem separadamente. Além disso, no que diz respeito ao

seu conteúdo, a tabuada é estritamente aprendida por ordem numérica, desde o

zero vezes um, até o zero vezes dez. Sobretudo, o que a maior parte dos

professores tenta, é fazer com que os alunos a memorizem, repetindo-a sem contar.

Conforme sublinha Dell´agli (2007),

[...] o conhecimento matemático oferecido pela maioria das escolas, apresenta-se sob um viés conteudista e uma metodologia apontada como obsoleta (métodos de ensino que induzem a aprendizagem ligada à memorização arbitrária) não atendendo as necessidades sócio-culturais do país, o que desencadeia uma série de fracassos na aprendizagem dos alunos. Em consequência disto, parece haver consenso entre os educadores a respeito da necessária alteração nos processos de ensino e de aprendizagem da matemática, como decorrência dos críticos índices de desempenho na disciplina, da pouca motivação que o estudar traz para os alunos e do distanciamento que se percebe existir entre o que os alunos aprendem na escola e a transposição de tal saber para o exercício da cidadania (DELL' AGLI, 2002 Apud GALLEGO, 2007, p.08).

Na melhor das hipóteses, o resultado final deste método de ensino poderá

traduzir-se na aprendizagem, de fato, das tabuadas mais fáceis de memorizar, como

as tabuadas da multiplicação por 2, 5 e 10.

Por muito tempo, na escola tradicional, a matemática foi conhecida como um

conjunto de técnicas que deviam ser memorizadas e repetidas, sem que o aluno

tivesse a devida compreensão.

Já em 1990, no Currículo Básico para a Escola Pública do Estado do

Paraná, constava que:

[...] aprender matemática é mais do que manejar fórmulas, saber fazer contas ou marcar “x” nas respostas: é interpretar, criar significados, construir

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seus próprios instrumentos para resolver problemas, estar preparado para perceber estes mesmos problemas, desenvolver o raciocínio lógico, a capacidade conceber, projetar e transcender o imediatamente sensível (PARANÁ/SEED, 1992, p.66).

Autores como Lins e Gimenez (1997), afirmam que a aritmética escolar

propõe um sentido integrador que permite resolver problemas diversos, o que

significa que as técnicas e regras deveriam servir para solucionar problemas. As

atividades didáticas, envolvendo a resolução de problemas, podem ser

desenvolvidas de forma a estimular nos alunos o interesse pela matemática,

aprimorando o raciocínio lógico e ampliando a compreensão dos conceitos básicos

para o refinamento do pensamento aritmético, fazendo com que os mesmos

desenvolvam a capacidade de manipular conceitos e propriedades de forma clara e

objetiva.

Antes mesmo de a criança frequentar a escola, ela já traz consigo o

conhecimento intuitivo de adicionar e em consequência multiplicar, pois através de

brincadeiras ela costuma “juntar” bonecas, carrinhos e outros e até relaciona

quantidade com o numeral, este conhecimento segundo Vygotsky (1991), é o

conhecimento empírico. Entretanto, é na escola que a criança vai sistematizar o seu

conhecimento, associando regras, símbolos e é através da escrita que ela começa a

codificar suas ideias que até então só existia no âmbito da linguagem. Na escola,

quando começa a sistematizar este conhecimento, a criança ultrapassa a barreira do

conhecimento empírico atingindo o conhecimento teórico ou científico.

Para Lorenzato (2006), “a atuação do professor é determinante para o

sucesso ou fracasso escolar. Para que os alunos aprendam significativamente, não

basta que o professor disponha de um LEM” (Laboratório de Ensino de Matemática).

É necessário que ele saiba como utilizar os materiais didáticos, pois estes são

instrumentos e exigem conhecimentos específicos para sua utilização.

Assim,

[...] o professor de matemática, ao planejar sua aula, precisa perguntar-se:

será conveniente, ou até mesmo necessário, facilitar a aprendizagem com

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algum material didático? Com qual? Em outras palavras, o professor está

respondendo as questões: “Por que material didático?”, “Qual é o material?”

e “Quando utilizá-lo?”. Em seguida, é preciso perguntar-se: “Como esse

material deverá ser utilizado?” (LORENZATO, 2006, p.24).

Portanto, uma vez compreendidos os fatos fundamentais, eles devem ser,

aos poucos, memorizados. Para isso, deve-se utilizar de jogos variados, como por

exemplo, bingo de tabuada, cálculos mentais e todo o tipo de jogos que contribuam

para a memorização da tabuada. A necessidade da memorização justifica-se, pois,

por a fixação da mesma ser importante para que o aluno compreenda e domine

algumas técnicas de cálculo.

Não existe um caminho que possa ser identificado como único e melhor para

o ensino aprendizagem de qualquer disciplina, em particular da matemática. No

entanto, conhecer possibilidades de trabalho com a tabuada e suas operações a ela

relacionadas em sala de aula, é fundamental para que o professor construa e (re)

construa sua prática.

Assim,

[...] um projeto educativo, nessa direção, precisa atender igualmente aos sujeitos, seja qual for sua condição social e econômica, seu pertencimento étnico e cultural e as possíveis necessidades especiais para aprendizagem. (PARANÁ DCE, 2008, p.15).

Algumas reflexões

A implementação do projeto ocorreu no 2º semestre/2010, no Colégio

Estadual Mendes Gonçalves, na cidade de Guaíra - Paraná, na 5ª série/6º ano do

ensino fundamental, e teve por objetivo contribuir, através de recursos e

metodologias, para a compreensão e memorização da tabuada sem o uso da

calculadora, e a construção do conhecimento através de jogos como ábaco, bingo,

tapete de botões, mosaico, material dourado e resolução de exercícios, sendo que a

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multiplicação e a adição foram estratégias de contagem das quantidades que

permitiram mais rapidez e precisão.

O trabalho foi organizado de forma a ter um levantamento prévio com os

alunos, sobre o domínio da tabuada e suas dificuldades, por meio de perguntas e

resolução de alguns exercícios, observando sua lógica e coerência nas respostas.

Desta forma, elaborou-se um caderno pedagógico para trabalhar a tabuada,

utilizando o ábaco, bingo, mosaico, tapete de botões, material dourado e recorte de

exercícios.

Na atividade realizada com o Ábaco3, o material foi confeccionado pelos

alunos utilizando-se de materiais como isopor, canudos plásticos, macarrão

perfurado, cilindro de papelão que se encontra na parte interna do papel higiênico,

espetinho de madeira, cola para isopor, cola tenaz, pincel e tinta guaxe.

Primeiramente, os alunos se envolveram na construção do seu próprio Ábaco, que

valorizou consideravelmente o interesse e a participação do educando na

construção e aprendizado da tabuada.

Em seguida, após resolverem exercícios utilizando do seu raciocínio e

apresentando o resultado no Ábaco, ficou evidente a participação dos alunos com

este material, percebendo o valor posicional das unidades, dezenas, centenas, etc.

Descobriram que quando estão fazendo contas de subtração, ao emprestar número

da dezena para a unidade, eles não emprestam um como é de costume,

perceberam que se empresta 10 para dar continuidade na sua operação. Ao

utilizarem o raciocínio rápido para mostrar o resultado, tinham que se concentrar,

pois não estavam fazendo os cálculos com papel e lápis e sim utilizando de seu

raciocínio e querendo responder primeiro que outros colegas, o que mostrou

interesse, participação e envolvimento com este material.

3Ábaco: instrumento de cálculo utilizado em diferentes países há mais de 5500 anos.

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Ilustração 1: Atividade com Ábaco

Já na atividade com o Bingo4 que foi adaptada e confeccionada pelos

alunos, distribuiu-se uma cartela para cada aluno. Na sequência, falou-se os

números que constavam dentro de um globo, numeração de um até cem, e os

alunos marcavam os números que constavam na sua cartela. Os questionamentos

começaram a aparecer quando os alunos percebiam que, por exemplo, o número 22

(vinte dois) não constava na tabuada, até então entendida de 1 ao 10. Era

exatamente essa a intencionalidade de trabalhar com este material pedagógico,

mostrando para o aluno que a tabuada vai além do 1 ao 10 e que todo o número

pode ser relacionado com a tabuada. Desta forma, ao terminar de preencher a

cartela (mais de um aluno bingou no final), o desempate foi realizado por meio de

contas de multiplicação e divisão.

4Bingo da multiplicação: material que tem por finalidade compreender a multiplicação e desenvolver a rapidez no cálculo.

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Ilustração 2: Trabalhando com bingo da tabuada

Na atividade realizada com o mosaico5, que foi adaptada a partir da

atividade apresentada no site www.feg.unesp.br/difusao, foi utilizada uma malha do

tipo 10 X 10 para que os alunos compreendessem que a tabuada, por exemplo, do

quatro (4), não termina em 4X10 = 40, mas que o aluno tinha que desenvolver o

raciocínio e a curiosidade de saber que até 100 existem outros múltiplos da tabuada.

Esta atividade fez com que o professor pudesse explorar junto aos alunos os

múltiplos e ao mesmo tempo estar construindo de maneira lúdica, os conceitos

matemáticos da tabuada. Houve uma interação bastante significativa entre os

alunos, sendo que cada um queria mostrar o desenho de seu mosaico para os

demais alunos. Também foi interessante a participação do professor da disciplina de

Arte que acompanhou e auxiliou os alunos.

5Mosaico da tabuada: material utilizado para cálculo das tabuadas, busca desenvolver a criatividade e estimula os educandos de maneira lúdica.

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Ilustração 3: Construindo o Mosaico da tabuada

O trabalho com o tapete de botões6 foi muito interessante, pois contou

inicialmente com a participação das mães e voluntárias para a confecção dos

mesmos, ocorrendo assim à interação com a família. Em sala de aula, o professor

explicou a intenção. Além dos alunos aprenderem a tabuada, poderiam descobrir a

trabalhar as linhas e colunas, e que toda tabuada tem um quadrado perfeito que

poderia transformar-se em potência.

Os alunos sentaram em duplas, sendo que um aluno era monitor. Cada um

fazia uma pergunta relacionada com a tabuada e o colega mostrava o resultado

através das linhas e colunas, fazendo a contagem dos botões e dando o resultado

da operação de multiplicação. Houve interação entre os alunos, pois cada um queria

ter o maior número de acertos do que os demais. Alguns erros ocorreram na hora de

contar os botões, fazendo com que o aluno não acertasse na primeira vez e tivesse

que refazer a contagem.

6Tapete de botões: material utilizado na tabuada. Faz com que o aluno reconheça linhas e colunas e trabalhe dentro da tabuada os primeiros quadrados perfeitos.

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Ilustração 4: Atividade com Tapete de botões

Na atividade com o material dourado7, dividiu-se os alunos e cada grupo

recebeu uma quantidade de peças de unidades, dezenas e centenas. Em contato

com o material, perceberam que poderiam fazer vários exercícios e responder,

mostrando as peças do material dourado. Com recorte de exercícios os alunos

começaram a trabalhar e aplicar a tabuada.

Ao final de 2 (duas) aulas, percebeu-se o interesse dos alunos em manipular

o material e o na resolução dos exercícios, sempre estando presente o espírito de

competição. Cada um queria responder primeiro, mas sempre orientados que ao

utilizar do raciocínio deveriam prestar bastante atenção nas respostas, pois não

estavam utilizando papel, lápis e borracha, de modo que se errassem não poderiam

apagar e refazer.

7Material dourado: material pedagógico existente nas escolas. Auxilia o ensino e a aprendizagem do sistema de numeração decimal.

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Ilustração 5: Atividade com material dourado

O trabalho foi realizado com os alunos no segundo semestre/2010, uma vez

por semana, alternando os materiais pedagógicos mencionados. A avaliação deu-se

pela participação no grupo, envolvimento com o material proposto, lógica/coerência

e aplicação do raciocino na resolução dos diferentes tipos de exercícios.

Considerações finais

Em primeiro momento, os alunos encontraram dificuldades em trabalhar com

os materiais propostos, levando algum tempo para relacioná-los com a tabuada.

Posteriormente, as suas concentrações para desenvolver as atividades

propostas aumentaram. Percebeu-se que os alunos são bastantes solidários uns

com os outros.

Além disso, observou-se que houve grande preocupação em não errar, a fim

de acertar mais que seus colegas. Depois de trabalhar com vários jogos diferentes,

dentro do período pré-estabelecido, alguns alunos ainda apresentaram dificuldades,

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porém, a mesma foi superada em grupos, onde os mais esclarecidos ajudavam os

demais.

Como a finalidade deste projeto era de introduzir atividades e materiais

concretos que levassem o educando a aprendizagem significativa da tabuada e não

a sua memorização mecânica, somente foram aplicados jogos conhecidos e

adaptados em diferentes momentos dos conteúdos no 2º semestre. Houve

dificuldades no início das atividades, visto não estarem acostumados a trabalhar em

grupos. Uma vez que alguns alunos provêm de diferentes escolas municipais, e são

de diferentes faixas etárias e costumes, aos poucos foram verificando como é

importante o trabalho em equipe e a participação de todos dentro dos grupos.

Nesse sentido, analisando o desenvolvimento dos educandos a partir dessa

proposta, percebe-se a importância e a necessidade de se trabalhar com o concreto,

a lógica e o pensamento matemático. Para tanto, o professor de matemática ao

iniciar suas atividades nas 5ª série/6º ano, deve ter conhecimento prévio das

necessidades dos alunos, proporcionando a eles atividades e situações concretas

nas quais haja um envolvimento com a tabuada, além de trabalhar a matemática de

maneira mais prazerosa, lúdica e interessante com seus alunos. Ressalta-se que

cabe ao professor acrescentar conceitos e capacitar-se para desenvolver melhor seu

trabalho.

Por outro lado, no que tange as notas durante o ano letivo, verificou-se o

crescimento e o interesse pela matemática quando trabalhada de forma diferente.

De acordo com os dados abaixo, as notas bimestrais da turma em estudo tiveram

aumento significativo.

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Tabela 1

Col. Est. Mendes Gonçalves – EFMP

5ª Série – Período Vespertino – Ano 2010

Número de

alunos

Notas acima da

média

Notas abaixo da

média

% notas acima da

média

% notas abaixo da

média1° Bimestre 27 11 16 40,7 59,32° Bimestre 26 14 12 53,8 46,23° Bimestre 25 21 04 84 164° Bimestre 25 22 03 88 12

Representação gráfica das Notas

Contudo, o trabalho desenvolvido proporcionou aos estudantes uma melhor

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compreensão sobre a tabuada, uma vez que grande parcela dos professores de

matemática percebe que os alunos oriundos da 4ª série do ensino fundamental

apresentam dificuldades na compreensão da tabuada. Esta problemática, a saber,

pode ser evidenciada através de dados do município, que mostram a deficiência dos

educandos em compreender e resolver problemas que tem por base a tabuada.

Nesse sentido, ao trabalhar a tabuada na 5ª série do ensino fundamental, de

forma que o aluno pudesse superar as suas dificuldades de aprendizagem, acredita-

se ter contribuído para a redução da evasão escolar, bem como, da repetência, no

que tange a disciplina de Matemática.

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Referências bibliográficas

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GALLEGO, J. P. A utilização dos jogos como recurso didático no ensino-aprendizagem da Matemática. Universidade Estadual Paulista. Bauru, 2007.

GUNDLACH, B. H. Números e Numerais. São Paulo: Atual, 1992.

IMENES, L. M. Os números na história da civilização. Scipione, 1989.

LINS, R. C.; GIMENEZ, J. Perspectivas em aritmética e álgebra para o século XXI. São Paulo: PAPIRUS. 1997.

LORENZATO, S. (org.). O Laboratório de Ensino da Matemática na formação de professores. São Paulo. Autores Associados. 2006.

PARANÁ. Departamento de Ensino de Primeiro Grau. Currículo básico para a escola pública do estado do Paraná. 2. ed. Curitiba 1992.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação - Diretrizes curriculares da Rede Pública de Educação Básica do Estado do Paraná. Curitiba: 2006.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação – Diretrizes curriculares de matemática para o ensino fundamental (DCE) – Curitiba 2008.

VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo, Martins Fontes, 1991.

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ANEXOS

(AUTORIZAÇÃO DE USO DE IMAGEM E FOTOGRAFIA PARA TRABALHO

PEDAGÓGICO NO AMBIENTE ESCOLAR).

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