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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I

DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - Operação de ... · palavra inglesa “Bully”. Bully, por sua vez, significa brigão, valentão, tirano. Assim sendo, o bullying como verbo

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS

COORDENAÇÃO ESTADUAL DO PDE UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

CADERNO TEMÁTICO

Prof. PDE- Adalberto Carlos Rigobello

Orientadora Prof. Dra. Verônica Regina Müller

UMUARAMA - PR 2009

1

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED – PARANÁ

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO – PDE UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ – UEM

ADALBERTO CARLOS RIGOBELLO

CADERNO TEMÁTICO: O BULLYING NO COTIDIANO ESCOLAR: DO DIAGNÓSTICO À INTERVENÇÃO

Material Pedagógico apresentado à Secretaria de Estado da Educação – SEED - Paraná, para atender requisito parcial do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, sob a orientação da Dra. Verônica Regina Muller.

UMUARAMA, PARANÁ 2009

2

DADOS DA IDENTIFICAÇÃO

Professor PDE: Adalberto Carlos Rigobello

Área PDE: Educação Física

NRE: Umuarama - Paraná

PROFESSORA ORIENTADORA DA IES: Profª Dra. Verônica Regina Müller

IES VINCULADA: Universidade Estadual de Maringá

ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÃO: Colégio Estadual Professor Paulo Alberto

Tomazinho de Umuarama - Ensino Fundamental, Médio, e Profissional.

PÚBLICO OBJETO DA INTERVENÇÃO: Alunos da 7ª, 8ª do Ensino Fundamental e

1º ano do Ensino Médio

TEMA DE ESTUDO: VIOLÊNCIA ESCOLAR – VIOLÊNCIA – AÇÃO DOCENTE

TÍTULO: O BULLYING NO COTIDIANO ESCOLAR: DO DIAGNÓSTICO À

INTERVENÇÃO

INTRODUÇÃO

A matéria relativa à problemática da violência tem sido marcada pelas idéias

acerca da exclusão social e das relações sociais. No habitual, a violência tem se

revelado de diversas formas e, muitas vezes, não causa reação de perturbação nos

indivíduos, mas de concordância. É comum observar a violência manifestada contra

as etnias, a discriminação racial (negros, brancos, índios, amarelos, etc.), contra as

mulheres e crianças, entre outras.

Observa-se constantemente nas propagandas dos meios de comunicação,

um fenômeno denominado “sociedade consumista”. No Brasil há desigualdades

sociais, que se subdividem em classes sociais, desde a classe do proletariado à

classe burguesa. As suas características antagônicas estabelecem uma luta

desigual. Diversos movimentos sociais lutam para diminuir as desigualdades, muitas

vezes, com sangue, outras invadindo propriedades urbanas e rurais, com prejuízos

alarmantes, em outros casos, com conquistas imensuráveis.

A violência que queremos tratar neste Caderno Temático é um fenômeno

recente conhecido por bullying que ocorre, sobretudo, no interior dos

estabelecimentos de ensino e que vem tomando proporções excessivas,

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influenciando no comportamento dos alunos. O bullying tem sido considerado como

um grave problema social, mas que passa despercebido pela maioria das escolas,

com impactos bastante negativos sobre os alunos, os agressores, as vítimas, as

testemunhas.

Fante (2005, p. 29) define o bullying como “[...] um comportamento cruel

intrínseco nas relações interpessoais, em que os mais fortes convertem os mais

frágeis em objetos de diversão e prazer, através de “brincadeiras” que disfarçam o

propósito de maltratar e intimidar”. Para a autora, no contexto escolar, o bullying

compreende uma série de agressões como xingamentos, apelidos, fofocas,

empurrões, chutes, entre outros que ocorrem repetidamente contra uma pessoa.

Para Fante e Pedra (2008, p. 208), no contexto escolar, o bullying manifesta-

se como reflexo do modelo educativo familiar, “[...] produzindo relações interpessoais

abusivas, adoecendo e prejudicando toda a comunidade escolar”. Os autores

consideram que os altos índices detectados em pesquisas sobre o bullying revelam

que o comportamento intimidatório presente nessa forma de violência tem

corroborado para que muitos alunos adoeçam emocionalmente.

Tal situação afeta as relações interpessoais, interferindo de forma negativa

nas emoções dos alunos, em razão de cenas constrangedoras que, comumente, se

repetem no âmbito escolar.

Segundo a visão de Costantini (2004), a escola como qualquer outro lugar

frequentado por jovens e adultos necessita ter como objetivo prioritário a promoção

de um contexto satisfatório para os alunos, propiciando o amadurecimento do grupo,

o desenvolvimento de relações positivas, de maneira suficiente para construir um

sentido, um peso e um significado, em termos de amizade, ajuda e solidariedade,

reconhecível por todos os componentes, ou seja, contextos em que se promovam as

habilidades cognitivas, emocionais e sociais, benéficas ao desenvolvimento humano.

Diante desta visão, é oportuno questionarmos: Estão os professores

preparados para detectar em sala de aula muitos dos casos de bullying? Quais as

estratégias de intervenção para a superação da problemática no contexto escolar?

Frente a tais indagações, queremos com esta proposta buscar reflexões

acerca da violência escolar, sobretudo, do fenômeno bullying, uma vez que este vem

contribuindo para o fracasso no rendimento escolar, causando reações psíquicas em

razão do medo que impõe às vítimas, consequentemente, ao Estado que mantém a

estrutura para oferecer uma educação de qualidade.

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A escola pode contribuir para evitar a violência, ao transmitir valores

ajudando os alunos a desenvolverem atividades e habilidades para terem uma vida

profissional e pessoal melhor e, sobretudo, uma sociedade mais justa e consciente

de seu papel. De acordo com Pereira (2009, p. 52), “cabe aos professores

reconhecer e diferenciar os atos de indisciplina dos atos de bullying para que

possam fazer uma intervenção mais realista e eficaz”.

Por sua vez, Fante (2005) acredita que a prevenção ao bullying deve iniciar

com a capacitação dos profissionais da educação, a fim de que estes tenham o

conhecimento disponível para identificar, distinguir e diagnosticar o fenômeno,

conhecendo as estratégias de intervenção e de prevenção hoje disponíveis.

Assim sendo, como participantes do PDE queremos retornar os benefícios

desta formação compartilhando com os educadores e alunos da Escola Pública, o

conhecimento que estamos recebendo, o que estamos estudando e pesquisando.

Portanto, os textos apresentados nesse Caderno Temático visam contribuir

para uma melhor compreensão acerca das implicações do bullying na escola. A

ideia é buscar intervenções pedagógicas para a garantia do direito de os alunos

partilharem um ambiente de estudo seguro, por meio da ação e do compromisso dos

professores, equipe pedagógica e funcionários.

Consideramos a necessidade de que os profissionais que atuam no contexto

escolar tenham conhecimento sobre as manifestações dos casos de excessos de

violência e/ou brincadeiras exageradas por parte dos alunos na escola, para que

estes possam interferir de forma adequada, com uma ação imediata, colocando os

limites necessários para minimizar os problemas decorrentes. Por conseguinte,

poderão contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e solidária,

formando sujeitos mais conscientes de suas responsabilidades.

1 CONCEITOS: CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS

1.1 O Bullying e as Implicações no Cotidiano Escola r

O bullying é definido como um tipo de violência física ou psicológica, pela

repetição de atos e desequilíbrios de poder entre o agressor e a vítima. Como a

violência, o bullying pode ser um fenômeno antigo que, na contemporaneidade, vem

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despertando a atenção às causas e consequências desse comportamento

agressivo1.

Camargo (2009 p. 19) comenta que o termo bullying, “[...] tem origem na

palavra inglesa “Bully”. Bully, por sua vez, significa brigão, valentão, tirano. Assim

sendo, o bullying como verbo denota ameaçar, intimidar, maltratar, ridicularizar”.

Fante (2005, p. 15) evidencia que a mais grave conseqüência do bullying é

“a sua propriedade de causar danos psicológicos irreparáveis ao psiquismo (se não

identificados e tratados), à personalidade, ao caráter e a autoestima de suas vítimas,

manifestando suas sequelas ao longo de toda a vida”. No entendimento da autora, o

bullying é um tipo de violência que abarca:

[...] um subconjunto de comportamentos agressivos, sendo caracterizado por sua natureza repetitiva e por desequilíbrio de poder. Assim sendo, por definição universal, bullying é um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas que ocorrem sem motivação evidente, adotado por um ou mais alunos contra outro(s), causando dor, angústia e sofrimento. Insultos, intimidações, apelidos cruéis, gozações que magoam profundamente, acusações injustas, atuação de grupos que hostilizam, ridicularizam e infernizam a vida de outros alunos levando-os à exclusão, além dos danos físicos, morais e materiais, são algumas das manifestações do comportamento bullying (FANTE, 2005, p. 28).

O bullying, portanto, é uma manifestação de comportamento agressivo

ligado à agressividade física, verbal ou psicológica. “É uma ação de transgressão

individual ou de grupo, exercida de maneira continuada por parte de um individuo ou

de um grupo de jovens definidos como intimidadores nos confrontos com uma vítima

predestinada” (COSTANTINI, 2004, p. 69). Para o autor, o bullying é entendido por

alguns profissionais como brincadeira de criança, podendo implicar em sequelas,

tanto as vítimas quantos os agressores.

Por não existir uma palavra na Língua Portuguesa capaz de expressar todas

as situações de bullying possíveis, descrevemos algumas ações presentes no dia a

dia da escola que podem caracterizar o bullying, tais como: colocar apelidos,

ofender, zoar, gozar, encarnar, sacanear, humilhar, fazer sofrer, discriminar, excluir,

isolar, ignorar, intimidar, perseguir, assediar, aterrorizar, amedrontar, tiranizar,

dominar, agredir, bater, chutar, empurrar, ferir, roubar, quebrar pertences, entre

1 No Brasil, a Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência – ABRAPIA, com sede na cidade do Rio de Janeiro, é a principal entidade a realizar um programa para diagnosticar e implementar ações para a redução de bullying. A entidade adotou o termo “comportamento agressivo” entre estudantes como definição de bullying em português (CUBAS, 2007, p. 201) (Grifo nosso).

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outras. Crianças que vivenciam ou testemunham bullying sofrem traumas,

incorporando o medo, a culpa, e a raiva. O vínculo afetivo pode ajudar um aluno a

superar uma vivência problemática e a ter uma atitude positiva e uma maior

oportunidade de realizar seus sonhos.

Segundo Camargo (2009, p. 43), “a escola precisa buscar informações para

combater a violência”. Para tal, é necessário que os profissionais ligados à educação

tenham conhecimento sobre o fenômeno para partirem em busca de ações que os

ajudem a agir contra essas situações de agressão caracterizadas como bullying.

Devemos admitir que há dificuldades por parte da maioria dos professores

em discernir a violência que ocorre na escola: o que é bullying, quais os atos que

realmente devem ser considerados violentos, o que é brincadeira de criança e o que

é possível fazer para que os atos de violência sejam evitados.

O bullying tende a não receber nenhum tipo de intervenção efetiva na

escola, talvez porque não seja conhecido ou percebido pelos profissionais da

educação, ou ainda, em razão do grau de importância dado a este fenômeno, pois,

por não acarretar consequências visíveis, pode ser confundido com indisciplina e/ou

brincadeiras.

A presença do fenômeno constitui realidade inegável nas escolas,

independentemente do horário, da localização, do tamanho das escolas ou das

cidades, de serem as séries iniciais ou finais, de ser a escola pública ou privada. “O

bullying acontece em 100% das escolas é o responsável pelo estabelecimento de

um clima de medo e perplexidade em torno das vítimas, bem como dos demais

membros da comunidade educativa que, indiretamente, se envolvem no fenômeno

sem saber o que fazer” (FANTE, 2005, p. 61).

A nossa experiência em Escolas Públicas tem mostrado que o bullying está

presente na grande maioria das escolas, independente de sua localização ( centro

ou periferia). Daí a importância de que os professores estejam preparados para

intervir e/ou prevenir a violência escolar, sobretudo, ao tratar da problemática do

bullying.

A escola não deve ser vista apenas como vítima da violência externa, isto

porque em seu interior, também pode manifestar atos de violência. É relevante que

todos os envolvidos da comunidade escolar conheçam os objetivos das ações que

sirvam para minimizar o problema, porque haverá momentos em que o conflito se

manifestará de qualquer forma.

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Segundo Pereira (2009, p. 47), “[...] as influências do bullying, além de

comprometer o rendimento escolar, também causam reações psíquicas por causa

do medo de ser a próxima vítima” Para a autora, as vítimas podem vir a ter suas

vidas infelizes, destruídas, vivendo sempre sob a sombra do medo, com perda de

autoconfiança e confiança nos outros; falta de autoestima e autoconceito negativo e

depreciativo; falta de concentração; morte (muitas vezes por suicídio ou vítima de

homicídio); dificuldades de ajustamento na adolescência e vida adulta,

nomeadamente problemas nas relações íntimas. Para os agressores, as prováveis

conseqüências podem ser: vidas destruídas; crença na força para solução dos seus

problemas; dificuldade em respeitar a lei e os problemas que daí advém,

compreendendo as dificuldades na inserção social; problemas de relacionamento

afetivo e social; incapacidade ou dificuldade de autocontrole e comportamentos anti-

sociais.

Os prejuízos causados pelo bullying são imensos, sobretudo, quanto à

formação da personalidade da criança. Chalita (2008) ressalta que:

[...] sob a roupagem de brincadeira de mau gosto, o fenômeno bullying invade silenciosamente os espaços escolares, furtando de crianças e jovens a possibilidade de sonhar. As experiências de dor, de angústia e de humilhação, vividas solitariamente, deixam cicatrizes e podem trazer graves conseqüências para os adultos que essas crianças serão. Os danos internos começam lentamente a se manifestar com o surgimento das conseqüências externas, que vão se tornando visíveis a pais e educadores. A dor e a angústia, vivenciadas solitariamente, destoem o encantamento pela escola e até pela vida. Do baixo rendimento escolar à resistência para ir à escola, os efeitos pioram na medida em que a intensidade e a regularidade das agressões vão evoluindo e se agravando (CHALITA, 2008, p. 85).

Há consenso de que o bullying não é um fenômeno exclusivo de um único

ambiente, “podendo acontecer em qualquer lugar onde exista relação interpessoal,

ou seja, na família, no trabalho, no bairro, no clube, nos asilos de idosos, nas

prisões, nas forças armadas, na escola” (PEREIRA, 2009, p. 30). A autora concorda

que de todos esses ambientes, o mais preocupante é o escolar, pois as crianças e

os adolescentes ainda não possuem a personalidade totalmente formada, nem

amadurecimento suficiente para lidarem com as conseqüências advindas desse

fenômeno, que se faz presente nas escolas de forma sutil e velada.

Abromovay (apud PEREIRA, 2009) lembra que:

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[...] a mais preocupante é a violência sutil, velada, mascarada ou invisível, pois esta pode passar despercebida, exatamente por faltar-lhes o impacto da brutalidade. Esclarece que apesar de a palavra violência estar etimologicamente ligada à noção de força, muitos estudos demonstra como violentas outras situações que não envolvem força, por exemplo, magoar, agredir por meio de palavras e atitudes. É sobre esse tipo de violência sutil e velada [...], pois por sua peculiaridade, a sua percepção por parte dos pais, e dos educadores, se torna mais difícil. Alguns pesquisadores conhecem esse tipo de violência sutil por bullying (PEREIRA, 2009, p. 31).

A evasão escolar, o rendimento escolar, o medo, o sentimento de indefesa,

colabora para que se tenha um cidadão com problemas psicológicos sérios no

futuro. A criança ou o adolescente poderão ficar marcados, tornando-se um adultos

com sérios problemas emocionais, inseguros, depressivos, entre tantos outros

fatores negativos.

Cubas (2007, p. 40) evidencia que as instituições de ensino que

apresentaram menor índice de casos de agressões e onde a ocorrência de eventos

violentos é menor “[...] são aquelas onde o papel dos professores não fica limitado

apenas à docência”, mas incluem atividades extras com os alunos e onde existe

ainda a promoção da união do corpo docente e bons contatos entre escola e

comunidade”.

A educação deve aliar a teoria à prática. Para tal, faz-se necessário

contribuir para o sucesso no ambiente escolar, propiciando condições para melhoria

da aprendizagem. Para Chalita (2008), o professor competente não tem medo da

transformação, ao contrário:

[...] vale-se dela para sentir-se instigado a mudar a metodologia, a prática pedagógica, a buscar outras estratégias para alcançar o aluno, promovendo sua aprendizagem. O professor competente tem a simplicidade de buscar o que há de melhor para partilhar com os alunos. Sabe que não basta ensinar somente os conteúdos da disciplina. Sabe que é preciso ter um olhar ampliado. Dialogal. Porque o mundo não é compartimentalizado. E a escola – ou deveria preparar – para o mundo. A interdisciplinaridade ou a transdisciplinaridade precisa sair do gabinete de teóricos e chegar à sala de aula. Ela será muito bem-vinda (CHALITA, 2008, p. 264).

Essas considerações são úteis para sustentar o interesse e a necessidade

de os professores estarem inseridos nos processos de inovação, não somente como

meros espectadores, mas como geradores de conhecimento, seja sistematizando ou

contextualizando, para o favorecimento de processos de ensino e aprendizagem.

[...] os nossos professores ainda não sabem distinguir entre condutas violentas e brincadeiras próprias da idade, bem como lhes falta preparo para identificar, diagnosticar e desenvolver estratégias pedagógicas para

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enfrentar os problemas do bullying. Esse despreparo dos professores ocorre porque, tradicionalmente, nos cursos de formação acadêmica e nos cursos de capacitação, são treinados com técnicas que unicamente os habilitam para o ensino de suas disciplinas, não sendo valorizada a necessidade de lidarem com o afeto e muito menos com os conflitos e com os sentimentos dos alunos. Acreditamos que os professores deveriam ser preparados para educar a emoção dos seus alunos (FANTE, 2005, p. 67-68).

Para reforçar a idéia da autora acima citada, Costantini (2004) menciona que:

[...] quem se investe das funções educativas tem o dever de acolher as novidades da sociedade que está mudando e suas novas orientações educacionais, mas deve incorporá-las gradualmente, comparando-as com as existentes, procurando especificar o que pode ser útil trazer do passado e quais as novidades, das que se apresentam como futuro, vale a pena incluir, transpondo, gradualmente, esses elementos para a sua ação educativa (CONSTANTINI, 2004, p. 133).

No entendimento de Fante (2005):

Seria a missão da escola apenas a transmissão de conteúdos ou teria ela o dever de preocupar-se com a transmissão de valores humanistas, como, por exemplo, a solidariedade, a tolerância, o respeito às diferenças individuais e ao bem comum? Que responsabilidade a escola tem de ensinar aos alunos valores sociais e de ajudá-los a desenvolverem habilidades que lhes sirvam para sua auto-realização e auto-superação na vida? A escola precisa ensinar a criança, desde a mais tenra idade, a educar suas emoções, a lidar com os seus medos, conflitos, frustrações, dores e perdas, com sua ansiedade e agressividade, canalizando-os para ações proativas que resultem em benefícios sociais e para novas formas de relações capazes de produzir empatia, pois, agindo assim, favorecera a criança, aumentando sua probabilidade de tornar-se um adulto equilibrado e feliz (FANTE, 2005, p. 195).

Frequentemente, os docentes se deparam com alunos “brincando” com

outros que se encaixam nestes comportamentos considerados como práticas de

bullying, avaliando-os como “brincadeira de criança”. Muitas vezes, ainda que a

vítima não esteja gostando, é comum os professores deixarem as crianças

resolverem o problema sozinhos.

É compreensível que um aluno que esteja sendo vítima de bullying comece

a ter um rendimento escolar comprometido. O sentimento de medo, de encontrar na

escola o seu agressor, ou agressores, deixa-o desconcentrado para a realização das

atividades propostas, e com isso prejuízo na aprendizagem e conseqüentemente,

mal nas avaliações. É por isso que, segundo Fante (2005):

O comportamento agressivo ou violento nas escolas é hoje o fenômeno social mais complexo e difícil de compreender, por afetar a sociedade como um todo, atingido diretamente as crianças de todas as idades, em todas as

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escolas do país e do mundo. Sabemos ser o fenômeno resultante de inúmeros fatores, tanto externos como internos à escola, caracterizados pelos tipos de interações sociais, familiares, socioeducacionais e pelas expressões comportamentais agressivas manifestadas nas relações interpessoais (FANTE, 2005, p. 168).

É importante salientar que um praticante de bullying pode ter sido alvo de

outro agressor que pode ser os próprios pais, amigos, vizinhos e o próprio

professor. Fante e Pedra (2008, p.37) destacam que “[...] o bullying é uma forma de

violência que resulta em sérios prejuízos, não apenas ao ambiente escolar, mas a

toda sociedade, pelas atitudes de seus membros”.

A este respeito, Fante (2005) enfatiza que:

A violência psicológica compromete a estrutura psíquica da criança, uma vez esta se sente desvalorizada, desprotegida, não-aceita e não-amada, percebendo-se rejeitada por aqueles que são significativos em sua vida. Esse sentimento de rejeição compromete o desenvolvimento de sua auto-estima e o poder de auto-superação, uma vez que está arraigada em seu inconsciente devido aos inúmeros registros negativos que ficaram impressos em sua memória, com tendência a reproduzir tais situações de abuso em outros relacionamentos (FANTE, 2005, p. 179).

Diante de tantas pressões, as crianças sofrem com problemas físicos e

psicológicos, consequentemente, na fase adulta pode surgir a depressão, aliada à

sensação de medo, vergonha, abandono, ou até mesmo problemas com drogas e

álcool. Por isso, é importante que a escola esteja atenta às implicações do fenômeno

bullying, intervindo e detectando o problema, para que o ambiente escolar não seja

afetado, causando nos alunos sensação de insegurança e insatisfação.

Cubas (2007) comenta que:

Apesar do sentimento de impotência que afeta boa parte dos educadores, há quase unanimidade entre os pesquisadores da área de educação em enfatizar o papel central desses profissionais nas ações de intervenção e prevenção da violência ou na reconstrução da função que a escola tem na vida dos jovens. Na literatura internacional, há a convicção de que o professor tem um papel fundamental em qualquer tipo de ação preventiva e de controle da violência nas escolas (CUBAS, 2007, p. 46).

É importante que os professores, equipe pedagógica, funcionários

administrativos e serviços gerais, alunos, pais, autoridades em geral, possam agir

assim que detectarem o problema, para realizarem uma primeira intervenção.

Middelton-Moz e Zawadski (2007) enfatizam que:

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[...] sem intervenção, esses sentimentos e visões se tornam enraizados, e os padrões de comportamento se fortalecem, continuando na idade adulta. O bullying foi usado originalmente para defender e proteger egos em desenvolvimento de ameaças reais e percebidas. Sem confrontação e conseqüências lógicas, o bullying aumenta, bem como a ansiedade e a depressão subjacentes (MIDDELTON-MOZ; ZAWADSKI, 2007, p. 98).

Por sua vez, Beaudoin e Taylor (2006) chamam a atenção no sentido de:

O vínculo pode ajudar um aluno a superar uma história problemática e a ter uma visão positiva e uma maior possibilidade de realizar seus sonhos. Os educadores podem criar oportunidades de os alunos tornarem visíveis o eu de sua preferência e sua determinação, mesmo quando todas as pessoas têm uma história problemática a respeito desses alunos – casos de fracasso, de bullying ou de falta de respeito (BEAUDOIN; TAYLOR, 2006, p. 121).

Os professores têm o poder de influenciar positivamente seus alunos ao

trabalharem com ações educativas que envolvam a paz, a solidariedade, a

tolerância, o respeito às diferenças, a justiça, os direitos e deveres dos jovens, a

cooperação, a amizade e o amor. Desta forma, as crianças podem aprender a

importância de uma convivência pautada no respeito, onde o preconceito e

discriminação não tenham lugar, pois entendemos que o preconceito leva à

discriminação, à exclusão e à violência.

A discriminação é entendida como o tratamento desigual entre as pessoas

com os mesmo direitos, podendo ocorrer entre as minorias étnicas, religiosas,

grupos de tradições nacionais e culturais, idosos, mulheres, pessoas pobres,

deficientes e de diferentes opções sexuais. Camargo (2009, p. 55), salienta que “[...]

a discriminação diminui, menospreza, transforma o outro em um ser sem valor,

pequeno, merecedor da irrelevância”.

Para Mantoan (2005):

A escola tem que ser o reflexo da vida do lado de fora. O grande ganho, para todos, é viver a experiência da diferença. Se os estudantes não passam por isso na infância, mais tarde terão muita dificuldade de vencer os preconceitos. A inclusão possibilita aos que são discriminados pela deficiência, pela classe social ou pela cor que, por direito, ocupem o seu espaço na sociedade. Se isso não ocorrer, essas pessoas serão sempre dependentes e terão uma vida cidadã pela metade. Você não pode ter um lugar no mundo sem considera o do outro, valorizando o que ele é e o que ele pode ser. Além disso, para nós, professores, o maior ganho está em garantir a todos o direito à educação (MANTOAN, 2005, p. 25).

O combate ao preconceito e à discriminação contribui para a construção de

uma nova sociedade democrática e igualitária. A Constituição Federal Brasileira de

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1988 em seu Art. 5º expõe que “todos somos iguais perante a lei, sem distinção de

qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no

País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança, à

propriedade”.

Igualmente, toda a pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as

liberdades estabelecidos nesta declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja

de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem

nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.

A Declaração de Princípios sobre a Tolerância UNESCO (1995) declara em

seu Art. 1º que:

A Tolerância é o respeito, a aceitação e o apreço da riqueza e da diversidade das culturas de nosso mundo, de nossos modos de expressão e de nossas maneiras de exprimir nossa qualidade de seres humanos. É fomentada pelo conhecimento, a abertura de espírito, a comunicação e a liberdade de pensamento, de consciência e de crença. A Tolerância é a harmonia na diferença. Não só é um dever de ordem ética; é igualmente uma necessidade política e jurídica. A tolerância é uma virtude que torna a paz possível e contribui para substituir uma cultura de guerra por uma cultura de paz

Por sua vez, o Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei nº. 8069 de 13 de

julho de 1990, em seu Art. 5º diz que: “nenhuma criança ou adolescente de qualquer

forma será forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e

opressão punida na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus

direitos fundamentais” (BRASIL, 1990).

Apesar do sentimento de impotência por parte dos professores é relevante

destacar o papel nas ações de intervenção e prevenção do bullying, ou ainda

enfatizar a função que a escola tem na vida de seus alunos Diante das novas

exigências da profissão, os docentes precisam habilitar-se para contribuir com o

desenvolvimento global de seus alunos, incluindo a capacidade destes intervirem

para evitar atitudes agressivas.

É preciso enfatizar que a mídia vem interferindo negativamente no modelo

de homem que a sociedade precisa. Enquanto a escola procura trabalhar os valores

sociais, as relações sociais, o respeito às diferenças, preconceitos, entre outros, na

visão de Camargo (2009):

[...] a mídia é a porta aberta pra todos os tipos de modelos educativos, valores e princípios. Ela envolve muitos meios de comunicação. São eles as revistas, os jornais, o rádio e suas músicas, canais de televisão, a internet,

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comerciais, dentre outros. É através da mídia que os valores educativos vêm sendo destruídos e depois reconstruídos de acordo com os interesses econômicos e políticos (CAMARGO, 2009, p. 44).

Nesse contexto tem-se um grande conflito, pois de um lado depara-se com

adultos em busca constante de tentativas para educar e proteger os jovens, “[...]

através de seus princípios e valores; e do outro lado, a sociedade na busca pela

conquista destes mesmos jovens levando-os por inteiros, corpo e mente, a uma

sociedade capitalista e consumista” (CAMARGO, 2009, p. 44).

No entendimento de Minayo (1999, apud PEREIRA, 2009), apesar de as

ideias de propaganda pela mídia serem destinadas, especialmente, às classes

populares, esta tem o poder de:

[...] criar padrões e valores que, na maioria das vezes, não são compreendidos por grande parte da sociedade. Tais padrões são tomados como verdades absolutas, sem questionamentos por parte significativa da população [...] A mídia apresenta uma imagem ideal do jovem, com atributos de beleza, saúde e alegria. Esse padrão corresponde perfeitamente ao perfil do jovem de camadas médias. Há, no entanto, uma outra juventude, pobre, que na retórica da mídia, passa a ser representada como delinqüente drogada e criminosa (MINAYO, 1999 apud PEREIRA, 2009, p. 57-58).

Dessa forma, na visão da autora supracitada, os meios de comunicação que,

muitas vezes, têm a função de denunciar situações de desrespeito aos direitos de

cidadania, também contribuem para a construção e a manutenção dos estereótipos

negativos dos jovens pobres, tratando-os como pessoas violentas.

Assim, a força da mídia pode reverter todo o trabalho da escola. Por isso, é

importante que os educadores possam orientar os alunos quanto às exigências

impostas pela mídia, alertando-os para o fato de a mídia dar mais importância ao ter

em detrimento do ser (grifo nosso).

Middelton-Moz e Zawadski (2007) elencam que:

Os “heróis” da mídia, que recebem recompensas em lugar de sofrer consequências por um comportamento inaceitável, também deixam uma impressão nas crianças que assistem, escutam e encenam suas fantasias em brincadeiras por todo o país. O bullying afeta seriamente suas vitimas, causando-lhes prejuízos físicos, mentais, emocionais, sociais e espirituais, e costuma desencadear suicídio e atos de violência (MIDDELTON-MOZ; ZAWADSKI, 2007, p. 125).

Cabe, portanto, aos professores e às famílias saberem selecionar o que

pode ou não ser assistido pelas crianças e jovens. É papel da escola buscar

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entender os fatos e conhecer como estes se manifestam na sociedade, intervindo,

minimizando sua incidência e proporcionando um ambiente salutar aos alunos.

Pereira (2009) corrobora com este entendimento ao mencionar que:

As ideias propagadas pela mídia, hoje, apesar de serem destinadas principalmente às classes mais privilegiadas, chegam também às classes populares, que também possuem o desejo de adquirir tal padrão de vida. E não é só isso. A mídia tem o poder de criar padrões e valores que, na maioria das vezes, não são compreendidos por grande parte da sociedade. Tais padrões são tomados por parte significativa da população (PEREIRA, 2009, p. 57).

Isto posto, salientamos o quanto a mídia influencia o comportamento das

pessoas, pois a maneira como os meios de comunicação divulgam os

acontecimentos, reproduzem nas pessoas modelos de atitudes.

Atualmente, a mídia tem mostrado diversos casos de bullying, a violência

que ocorre no interior e exterior da escola, mas é necessário que esta busque

enfatizar os efeitos que esse mal pode causar para à vítima e à sociedade como um

todo. Fante e Pedra (2008) afirmam que:

A mídia tem divulgado o tema, principalmente após as tragédias ocorridas em inúmeras escolas de diversos países. Essas tragédias são resultantes do sofrimento das vítimas, que, no limite da exaustão emocional, planejam dar cabo à própria vida, procurando antes matar o maior número possível de colegas da escola. Entretanto, a grande maioria das matérias apresentadas está voltada aos apelidos pejorativos, deixando de evidenciar as demais formas de maus-tratos, que tantos prejuízos trazem aos envolvidos no fenômeno (FANTE; PEDRA, 2008, p. 55).

As propagandas televisivas fazem com que a criança ouça certos tipos de

programas que, intencionalmente, ditam os valores e modelos que devem seguir.

Pereira (2009, p. 59) comenta que a mídia também educa e informa, mas “[...] o

problema está em saber selecionar o que se pode ou deve ser assistido pelas

crianças e jovens, e isso cabe aos pais, ainda que estejam ausentes na maior parte

do tempo”.

A mídia não se importa com o sofrimento dos outros, o mais importante é a

venda do comercial, inclusive de comidas e bebidas que levam à obesidade,

propagando padrões de beleza, ao dar ênfase à imagem e ao corpo (magreza).

Assim, a mídia contribui para criar um tipo de preconceito contra as pessoas que

estão acima do peso.

15

Uma sociedade em que mendigos, travestis e prostitutas merecem ser espancados e mortos, pode ser reflexo de uma sociedade que permite que jovens e crianças qualificados como esquisitos, tímidos, feios, diferentes do padrão estabelecido pelo grupo sejam escarnecidos, humilhados, excluídos, atormentados, ameaçados, ridicularizados. O bullying é uma manifestação dessa rejeição de ordem social que priva o indivíduo considerado diferente e inferior, de sua dignidade e de seu direito de participar e de existir (CHALITA, 2008, p. 128).

Para o autor supracitado, quando a diversidade não é acolhida, a

desigualdade é legitimada. “Não acolher a diversidade significa olhar em uma única

direção, com base em um padrão exclusivo. E aos que são olhados, fica o silencia e

a exclusão” (CHALITA, 2008, p. 128). O autor entende que ser diferente não é um

motivo, mas um pretexto para que o autor do bullying satisfaça a sua necessidade

de agredir, de humilhar, de marginalizar.

A escola é a única esperança de reversão das expectativas de cada

estudante, ou seja, dentro da instituição com seus muros escolares, estes acreditam

que estão protegidos e têm o direito de serem tratados com justiça e igualdade,

independente da capacidade que tenham de concentração, da raça e/ou condição

econômica. Cabe, portanto, à escola derrubar conceitos de uma sociedade marcada

por atos agressivos e violentos com impactos que prejudicam os seres humanos,

obrigando-os a se reestruturarem fisicamente e emocionalmente, para a construção

de uma sociedade mais justa e humana.

A constância dos casos de bullying sem nenhum tipo de intervenção pode

trazer sérias consequências ao sujeito, pois favorecerá comportamentos agressivos

que serão estendidos para a vida adulta. Estas conseqüências valem tanto para os

agressores quanto para as vítimas. Também, há uma tendência de os agressores se

envolverem em casos cada vez mais graves de agressões, de serem presos ou

ainda terem ocorrências criminais na vida adulta. Com isso, podem continuar agindo

de maneira agressiva na família, com a esposa e filhos, podendo nascer um novo

ciclo de violência na sociedade.

1.2 Bullying: Dano ao Estado Psicológico

Talvez a mais grave conseqüência do bullying seja a sua propriedade de

causar danos psicológicos irreparáveis ao psiquismo (se não identificados e

16

tratados) à personalidade, ao caráter e a autoestima de suas vítimas, manifestando

suas seqüelas ao longo de toda a vida.

No caso dos envolvidos em bullying, principalmente, os vitimizados que

foram expostos a situações intimidatórias e constrangedoras podem ocorrer a

formação de uma estrutura psicológica caracterizada por autoestima rebaixada e/ou

inabilidades relacionais, podendo desenvolver transtornos mentais e psicopatologias

graves, além de sintomatologia e doenças de fundo psicossomático, transformando-

a em um adulto com dificuldades de relacionamentos e com outros graves

problemas. Eles poderão ter suas mentes dominadas por pensamentos e emoções

marcadas por excessiva insegurança, ansiedade, angústia, medo vergonha, etc.,

prejudicando sua capacidade de raciocínio e aprendizado, favorecendo o surgimento

de um perfil emocional, que, aos olhos, do agressor, caracteriza-o como alguém que

não oferecerá resistência aos seus ataques (FANTE, 2005).

Nesse caso, a autora supracitada evidencia que o indivíduo poderá ter

comprometimentos no desenvolvimento da inteligência, da capacidade de

criatividade e liderança, bem como sérios problemas no desenvolvimento afetivo,

familiar, social e laboral. Em decorrência da vitimização, muitas crianças se tornam

ainda mais introvertidas, tristes, ansiosas ou irritadas. Geralmente, se fecham e se

isolam das demais, perdendo o contato com seus colegas de classe e o interesse

pelos estudos.

Por isso, a aprendizagem fica comprometida e a queda do rendimento

escolar vai se acentuando, perdendo aos poucos o interesse acadêmico. “Por esses

motivos, o rendimento escolar acaba sendo lesado, gerando, ainda, mais

constrangimento. Outros ainda desenvolvem fobia escolar, comprometendo suas

relações sócio-educacionais e afetivas” (FANTE; PEDRA, 2008, p. 85).

Os prejuízos são imensos, principalmente, quanto à formação da

personalidade desta criança. Chalita (2008) destaca que:

[...] sob a roupagem de brincadeira de mau gosto, o fenômeno bullying invade silenciosamente os espaços escolares, furtando de crianças e jovens a possibilidade de sonhar. As experiências de dor, de angústia e de humilhação, vividas solitariamente, deixam cicatrizes e podem trazer graves conseqüências para os adultos que essas crianças serão. O autor ainda descreve que (p. 88) “Os danos internos começam lentamente a se manifestar com o surgimento das conseqüências externas, que vão se tornando visíveis a pais e educadores”. A dor e a angústia, vivenciadas solitariamente, destoem o encantamento pela escola e até pela vida. Do baixo rendimento escolar à resistência para ir à escola, os efeitos pioram na

17

medida em que a intensidade e a regularidade das agressões vão evoluindo e se agravando (CHALITA, 2008, p. 85).

Crianças que vivenciam ou testemunham bullying sofrem trauma, e

incorporam o medo, a culpa, e a raiva. O vínculo pode ajudar um aluno a superar

uma vivência problemática e a ter uma atitude positiva e uma maior oportunidade de

realizar seus sonhos.

Pereira (2009) lembra que:

[...] as influências do bullying, além de comprometer o rendimento escolar, também causam reações psíquicas por causa do medo de ser a próxima vítima. As vítimas podem vir a ter suas vidas infelizes, destruídas, vivendo sempre sob a sombra do medo, com perda de autoconfiança e confiança nos outros; falta de autoestima e autoconceito negativo e depreciativo; falta de concentração; morte (muitas vezes por suicídio ou vítima de homicídio); dificuldades de ajustamento na adolescência e vida adulta, nomeadamente problemas nas relações íntimas. Para os agressores, as prováveis conseqüências podem ser: vidas destruídas; crença na força para solução dos seus problemas; dificuldade em respeitar a lei e os problemas que daí advém, compreendendo as dificuldades na inserção social; problemas de relacionamento afetivo e social; incapacidade ou dificuldade de autocontrole e comportamentos anti-sociais (PEREIRA, 2009, p. 47).

É compreensível que um aluno que esteja sendo vítima de bullying comece

a ter um rendimento escolar comprometido. O sentimento de medo, de encontrar na

escola o seu agressor, ou agressores, ficará a todo instante desconcentrado para a

realização das atividades propostas, e com isso prejuízo na aprendizagem e

conseqüentemente, mal nas avaliações.

Camargo (2009) adverte que as consequências para a vítima são inúmeras

e podem deixar marcas para toda a vida, tais como desinteresse pela escola ou por

alguma disciplina oferecida nessa instituição; aumento em grande escala da baixa

autoestima ou ausência dela; tristeza e angústia em excesso; falta de vínculo afetivo

com colegas; ansiedade; depressão; pensamentos suicidas; transtorno

comportamental; queda no rendimento escolar; assassinatos (em casos extremos) e

suicídio (em casos extremos).

Segundo Costantini (2004):

[...] para a vítima, essa condição tem conseqüências a curto e longo prazo: ansiedade, ausência de auto-estima, depressão e transtorno comportamental; a ponto de abandonar a escola e, como as pesquisas revelam, nos casos mais graves e para os indivíduos mais fracos, pode haver também uma maior probabilidade de risco de suicídio concernente ao dado fisiológico ligado à adolescência (COSTANTINI, 2004, p. 74).

18

A violência psicológica compromete a estrutura psíquica da criança, e esta passa a

se sentir desvalorizada, desprotegida, não-aceita e não-amada, percebendo-se rejeitada por

aqueles que são significativos em sua vida. O sentimento de rejeição compromete o

desenvolvimento da autoestima e o poder de autosuperação, devido aos inúmeros registros

negativos que ficaram impressos na memória, com tendência a reproduzir tais situações de

abuso em outros relacionamentos.

Segundo Middelton-Moz e Zawadski (2007, p. 89) é preciso “proporcionar às

crianças espelhos honestos e sensíveis pode mudar suas vidas e, em alguns casos,

salvá-las”. O agressor (de ambos os sexos) envolvido no fenômeno estará propenso

a adotar comportamentos delinqüentes, tais como: “agregação a grupos

delinqüentes, agressão sem motivo aparente, uso de drogas, porte ilegal de armas,

furtos, indiferença a realidade que o cerca, crença de que deve levar vantagem em

tudo, crença de que e impondo-se com violência que conseguira obter o que quer na

vida..., afinal foi assim nos anos escolares” (FANTE, 2005, p. 81).

1.3 O Preconceito e a Discriminação

O preconceito leva à discriminação, à exclusão e à violência. A

discriminação é entendida como o tratamento desigual entre as pessoas com os

mesmo direitos. A discriminação pode ocorrer entre as minorias étnicas, religiosas,

grupos de tradições nacionais e culturais, idosos, mulheres, pessoas pobres,

deficientes e de diferentes opções sexuais. Para Camargo (2009, p. 55), “a

discriminação diminui, menospreza, transforma o outro em um ser sem valor,

pequeno, merecedor da irrelevância”.

Mantoan (2005) enfatiza que:

A escola tem que ser o reflexo da vida do lado de fora. O grande ganho, para todos, é viver a experiência da diferença. Se os estudantes não passam por isso na infância, mais tarde terão muita dificuldade de vencer os preconceitos. A inclusão possibilita aos que são discriminados pela deficiência, pela classe social ou pela cor que, por direito, ocupem o seu espaço na sociedade. Se isso não ocorrer, essas pessoas serão sempre dependentes e terão uma vida cidadã pela metade. Você não pode ter um lugar no mundo sem considera o do outro, valorizando o que ele é e o que ele pode ser. Além disso, para nós, professores, o maior ganho está em garantir a todos o direito à educação (MANTOAN, 2005, p. 25).

Combater o preconceito e a discriminação é construir uma nova sociedade,

democrática e igualitária. A Constituição Federal Brasileira de 1988 em seu artigo 5º

19

declara que: “todos somos iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,

garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade

do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança, à propriedade”.

Conforme a Declaração Universal de Direitos Humanos (1948), toda pessoa

tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta

Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua,

religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza,

nascimento, ou qualquer outra condição.

O preconceito é incutido nas crianças devido aos modelos educativos, morais e de vida que recebem. O que temos visto na televisão, na internet e em outros meios de comunicação é que estes fortemente contribuem para que o preconceito possa ser difundido entre os povos, já que é comprovadamente um dos modelos educativos mais presentes na vida das crianças e dos adolescentes (CAMARGO, 2009, p. 46).

As propagandas televisivas fazem com que a criança ouça certos tipos de

programas que, intencionalmente, ditam os valores e modelos que devem seguir. A

mídia não se importa com o sofrimento dos outros, o mais importante é que seja

vendido o comercial, inclusive de comidas e bebidas que levam à obesidade, sendo

que por outro lado pregam padrões de beleza, preocupando-se com a imagem e o

corpo. Queira ou não queira é criado um tipo de preconceito contra as pessoas que

estão acima do peso.

Uma sociedade em que mendigos, travestis e prostitutas merecem ser espancados e mortos, pode ser reflexo de uma sociedade que permite que jovens e crianças qualificados como esquisitos, tímidos, feios, diferentes do padrão estabelecido pelo grupo sejam escarnecidos, humilhados, excluídos, atormentados, ameaçados, ridicularizados. O bullying é uma manifestação dessa rejeição de ordem social que priva o indivíduo considerado diferente e inferior, de sua dignidade e de seu direito de participar e de existir. Quando a diversidade não é acolhida, a desigualdade é legitimada. Não acolher a diversidade significa olhar em uma única direção, com base em um padrão exclusivo. E aos que são olhados, fica o silencia e a exclusão (CHALITA, 2008, p. 128).

Não ser igual ao outro é um motivo para que o autor do bullying satisfaça a

sua necessidade de agredir, humilhar e marginalizar. Os agressores procuraram em

suas vítimas diferenças no que diz respeito ao grupo nos quais estão inseridos.

Deste modo, ninguém pode ser acusado ou castigado por ser diferente, por estar

fora dos padrões avaliados normais aos olhos de quem procura a diferença e

difunde a indiferença. “Não podemos esperar que todos sejam iguais para serem

20

aceitos. Somos únicos, com características próprias no que tange à maneira de

sentir, de pensar, de agir e reagir a tudo e a todos” (CHALITA, 2008, p. 130).

Enfim, a mídia influencia de forma selvagem o preconceito na sociedade,

através de suas telenovelas, programas de entretenimento, esportes, etc., fazendo

das pessoas que o importante é ter e não o ser, as roupas, acessórios, celulares,

perfumes, eletrônicos, veículos, casas, etc. Conforme Camargo (2009) transmite

que:

O papel dos pais como educadores e transmissores de valores e limites, é de extrema importância para a educação destes jovens, pois, somente assim, poderão distinguir o que é relevante de verdade daquilo que querem que acreditamos que seja (CAMARGO, 2009, p. 48).

A discriminação é um mal que aflige a sociedade, podendo ser contra um

determinado povo, raça ou grupo, entre outros. A discriminação consiste numa das

ações cometidas contra as vítimas de bullying. Contudo, para que uma situação seja

considerada como um caso de bullying, a vítima tem que ser alvo das agressões de

modo repetitivo por um período prolongado, sem haver motivos evidentes que

expliquem os ataques. É imprescindível haver desequilíbrio de poder, explicando o

impedimento de sua defesa, além dos sentimentos desagradáveis que são

mobilizados. Assim sendo, sem observação de critérios pré-determinados para a

identificação do fenômeno, não se deve creditar ao bullying uma ação discriminatória

pontual (FANTE; PEDRA, 2008).

[...] Não se admite uma escola que incentive ou aceite qualquer tipo de preconceito, porque isso equivale a matar o próprio conceito de escola e de educação. Nem em brincadeiras, nem em assuntos sérios; nem nos corredores, nem nas salas de aula; nem no repertório de professores, nem no de alunos. Escola é espaço sagrado. E o sagrado não convive com o desumano (CHALITA 2008, p. 150).

Percebemos o quanto no espaço escolar, o preconceito quanto à orientação

sexual é manifestada por atos conhecidos por homofobia, que geralmente são

insultos verbais, como chamar o homossexual de efeminado, viadinho, sapatão,

boiola, entre outros.

Na contemporaneidade e na história da humanidade, quantos genocídios e

guerras são justificados em nome da crença religiosa. Em todo o mundo, milhões de

pessoas sofrem discriminação e violência à intolerância religiosa de outros grupos.

Sabemos que a melhor forma para minimizar a violência, é o diálogo entre as

21

religiões, e é a aceitação de que existem muitas formas culturais éticas de expressar

a crença em um Deus, sendo que nenhuma delas pode se colocar como a única

verdadeira.

Uma das mais antigas e cruéis formas de discriminação é contra a mulher.

As histórias de muitas culturas mostram claramente como os homens se

organizaram a vida familiar e social do ponto de vista masculino e negaram à mulher

a convivência igualitária. No Brasil a mulher ainda é vítima da discriminação e da

violência. A cultura machista vê a mulher como objeto de prazer, dona de casa, mãe

e responsável pela criação dos filhos.

A escola é muitas vezes a única esperança de reversão das expectativas de

cada estudante, ou seja, dentro da instituição com seus muros escolares acreditam

que estão protegidos e tem o direito de ser tratado com justiça e igualdade,

independente da sua capacidade de concentração, da raça e condição econômica.

Apelidos maldosos e brincadeiras desagradáveis levam as situações

humilhantes, e muitos estudantes em fase de adaptação na escola se sentem

rejeitados. Com isso, essas atitudes marcam estudantes com o estigma do fracasso,

e entram na estatística dos excluídos da sociedade. Nessa perspectiva, cabe à

escola derrubar conceitos de uma sociedade marcada por atos agressivos e

violentos, com impactos que prejudicam os seres humanos, obrigando-os a se

reestruturarem fisicamente e emocionalmente para a construção de uma sociedade

mais justa e humana.

Na Educação Física escolar as principais formas de preconceitos são o

racismo, questões ligadas ao gênero, diferenças corporais e a intolerância aos

portadores de necessidades especiais. Para Fante e Pedra (2008, p. 64), “as

crianças portadoras de deficiências físicas e de necessidades educacionais

especiais correm maiores riscos de se tornarem vítimas de bullying, riscos estes

duas a três vezes maiores do que as crianças consideradas normais”.

Cabe ao professor de Educação Física a transmissão do saber elaborado,

desvinculado de qualquer valor que vise à reprodução de preconceitos,

discriminação e subordinação. Nas aulas de Educação Física a discriminação de cor

é observado de forma mais freqüente, uma vez que o contato físico, proporcionado

pela prática em ambientes externos estimula algumas manifestações que não são

tão comuns dentro das salas de aula, pois neste ambiente o corpo é visto de forma

livre e exposta do que em outras práticas escolares.

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O preconceito entre crianças tem um forte potencial destrutivo para as

vítimas, e pais e professores devem agir. As crianças podem se sentirem

segregadas, tendo seus potenciais reduzidos e sérios problemas de auto-estima. A

omissão de pais e professores pode reforçar o preconceito no grupo. Com os

agressivos é necessária a compreensão sem permissividade, acolhendo as

angústias e ensinando a criança pensar sobre o que ela faz.

2 DIFERENTES MANIFESTAÇÕES DE BULLYING

2.1 Homofobia

O termo homofobia é utilizado pra descrever uma repulsa face às relações

afetivas e sexuais entre pessoas do mesmo sexo, acarretando ódio generalizado

aos homossexuais relativos a todos os aspectos do preconceito e da discriminação

anti-homossexual. A homofobia é resultante do ato de:

[...] submeter homossexuais a chacotas, humilhações, ameaças, perseguições e exclusões sociais, dentro ou fora das escolas. Essa prática infelicita ainda mais o jovem, que está num momento de descoberta de auto-afirmação. Infelizmente, a maioria de nós tem internalizado a homofobia, disfarçada de moralismo, conservadorismo, preconceito ou machismo exacerbado. Devido à nossa constituição social e religiosa conservadora, o tema sexualidade ainda é um tabu, motivo pelo qual a homossexualidade é trata de forma preconceituosa e superficial. Dessa forma, os homossexuais são desrespeitados, desvalorizados e ridicularizados nos diversos contextos, inclusive no escolar, trazendo inúmeros prejuízos ao indivíduo em formação (FANTE; PEDRA, 2008, p. 42).

O Governo Brasileiro implantou o Programa “Brasil sem Homofobia”, no

sentido de combater a violência e a discriminação contra gays, lésbicas,

transgêneros e bissexuais - e de Promoção da Cidadania Homossexual/Conselho

Nacional de Combate à Discriminação pela Secretaria Especial dos Direitos

Humanos – SEDH. Esse programa é considerado uma das bases fundamentais pra

ampliação e fortalecimento do exercício da cidadania no Brasil. Um verdadeiro

marco histórico na luta pelo direito à dignidade e pelo respeito à diferença. É o

reflexo da consolidação de avanços políticos, sociais e legais tão duramente

conquistados (FANTE; PEDRA, 2008).

23

Para Fante e Pedra (2008), a maioria das escolas não está preparada para

discutir a questão. Educar para a diversidade é dever de todas as instituições de

ensino, porém o despreparo de muitos professores e funcionários acaba por

prejudicar ainda mais a questão. Alguns reproduzem o preconceito, fazendo

piadinhas, imitações, insinuações e brincadeiras dentro e fora das salas de aula.

As consequências de um ensino omisso ou homofóbico são inúmeras e

graves, uma vez que a escola interfere decisivamente na formação do indivíduo. Se

os adultos, na família ou na escola demonstram preconceito, e desferem contra os

homossexuais as mais variadas formas de maus-tratos, certamente os jovens

adotarão os mesmo procedimentos. No Brasil, o tema começa a ser discutido nas

escolas, contudo, necessita de reflexões aprofundadas no sentido de buscar

soluções conjuntas e permanentes. “Como educadores, devemos ensinar e

aprender o respeito às diferenças individuais de cada ser, bem como que a

homofobia é crime previsto em lei” (FANTE; PEDRA, 2008, p.43).

Para Chalita (2008, p. 238), “cabe a ação pedagógica criar oportunidades

para que os alunos compreendam o mundo, compreendam o outro, compreendam a

si mesmos, reconheçam a diversidade humana e encontrem a melhor maneira de

participar e de serem felizes”.

2.2 Obesidade

Quando o bullying se associa à obesidade infantil constitui-se em um tipo de

violência classificado como hostil. O agressor fará uso de apelidos para dificultar a

vida de sua vítima, apelidando a pessoa obesa de “bolo-fofo”, “bola-sete”, “baleia

assassina”, em decorrência de seu excesso de peso, vindo ocasionar sérios

problemas psicológicos de quem sofre estas ridicularizações.

As vítimas ou alvos do bullying são personagens escolhidos, sem motivo

evidente para sofrer ameaças, humilhações e intimidações. O comportamento, os

hábitos, a maneira de se vestir, a falta de habilidade em algum esporte, a deficiência

física, a aparência fora do padrão de beleza imposto pelo grupo , o sotaque, a

gagueira ou a raça, podem ser motivos para a escolha de uma vítima. Como

exemplo tem-se o caso de Carlos:

Carlos, um menino de 13 anos, não era considerado muito bom no futebol. Por ser obeso, não tinha velocidade nem fôlego para acompanhar as

24

partidas e passou a ser motivo de chacota dos considerados “craques”. Mesmo sob a supervisão de um professor, Carlos levava tapinhas na cabeça toda vez que perdia uma bola durante o jogo. Com o tempo, as agressões degradantes tornaram-se freqüentes e aconteciam mesmo sem o suposto motivo. Decidido a não mais participar das partidas, começou a ser chamado de “menininha” e de gay pelos colegas. De “gordo sujo”, apelido que ganhou porque suava muito quando corria, passou a ser conhecido na escola por “gordinha fedida”, o que motivava risadas debochadas de meninos e meninas. Por várias vezes, teve sua cueca puxada por trás, apertando sua genitália. Essa desmoralização se estendeu até o dia em que o menino saiu da escola. Dizem que a família saiu da cidade. Talvez Carlos nunca mais tenha jogado futebol. Talvez tenha emagrecido. Mas, certamente, carrega consigo as marcas desse período perverso de sua vida (CHALITA, 2008, p. 82).

Ou o caso de Bertina:

Com o apelido de Orca , Bertina passou boa parte da infância e da adolescência sendo humilhada e ridicularizada na escola. Sentia-se culpada e envergonhada por ser gorda, o que a impedia de buscar ajuda. Hoje, Bertina se reconhece como uma pessoa obcecada por regimes, dieta e exercícios físicos. Mesmo com peso e altura ideais, não se sente satisfeita com o corpo. Odiava o apelido – embora risse, tentando pertencer ao grupo – e passou a odiar sua forma física. Busca, por toda a vida, livrar-se do que a fez sofrer por tanto tempo. Não se lembra de ter sido acolhida (CHALITA, 2008, p.90).

O caso de Magali exemplifica outro caso de bullying relacionado à obesidade

e que merece ser destacado:

Gordinha, na infância, tinha um apetite voraz. Na escola, era identificada pelos colegas com a personagem Magali, do desenhista Mauricio de Sousa: “Magali gulosa”, “Magali come tudo”. No começo, soavam como brincadeira as vozes que diziam: “Quer uma maçã, Magali?”, “Tirem as maçãs de perto da Magali!”, “É só ela comer que se acalma!”, entretanto isso depois passou a incomodar muito. Até que, um dia, Magali tomou coragem e resolveu falar com a professora. Mas talvez não tenha escolhido uma boa hora, conta Magali. A partir de então as coisas pioraram e muito. A professora olhou bem para ela e em voz alta, diante da classe, disse com firmeza: “Primeiro, o seu nome é mesmo Magali; caso não esteja satisfeita, fale com seus pais. Segundo, você realmente come muito”. E todos riram bastante e durante muito tempo. O pesadelo durou anos e anos depois de legitimado pela professora. Hoje, já adulta, Magali fala pouco e confessa que pensa mil vezes antes de revelar suas emoções a alguém. Ela teme as risadas! Será que a tarefa desenvolvida pela professora de Magali, no momento em que foi procurada, era tão importante que ela não podia acolher a angústia da aluna? Será que o fato foi considerado tão banal que a forma mais adequada para encerrá-lo foi a de reforçar a ridicularização? Será que a professora realmente achava que a vítima era culpada pelas brincadeiras? Talvez ela não estivesse num bom dia. Mas esse mau dia da professora marcou todos os outros dias da vida de Magali (CHALITA, 2008, p. 123).

Essa marginalização, muitas vezes, é admitida no ambiente escolar. Seja

pelas atitudes, seja pela maneira como as relações se estabelecem, seja do

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conteúdo trabalhado – tudo isso, por vezes, reforça a interiorização humilhante de

ser diferente, por meio de uma fala, de um olhar de aprovação ou reprovação ou de

textos como o do menino gordo.

Os espectadores ou testemunhas é a grande maioria dos estudantes que

assiste à dinâmica da violência e aprende a conviver com ela ou a simplesmente

escapar dela. São igualmente personagens desse pesadelo, pois não interferem,

não participam, mas também não acolhem a dor do outro, não defendem nem

denunciam. Há estudos que comprovam que quando há intromissão de outras

pessoas, que se manifestam em defesa das vítimas, os casos de intimidação se

reduzem drasticamente (CHALITA, 2008).

Para Chalita (2008) são inúmeros os fatores que colaboram para o

crescimento da violência e da agressividade infanto-juvenis. O autor leva em

consideração as mudanças sociais que ocorrem no cotidiano, salientando que uma

sucessão de causas e consequências influenciam o modo de ser e de viver do

indivíduo e do grupo, tornando, muitas vezes, obsoleta ou defasada sua anterior

resposta adaptativa para lidar com essas modificações. Tais mudanças são

constatadas na globalização, no apelo ao consumismo, nos padrões de beleza

ditados pela mídia , nos fenômenos ligas à emigração, no mal-estar econômico, na

crescente desigualdade social, na falta de oportunidades de ascensão social por

vias legais e éticas, na integração étnica, religiosa e cultural, dentre outros.

O convívio num ambiente de ansiedade, medo e agressividade, interferem

nos processos de aprendizagem, incentivando comportamentos agressivos,

provocando, assim, o adoecimento dos envolvidos e aumentando os ricos para

comportamentos delinquentes, violentos, com grande possibilidade de formação de

gangues e o uso de drogas no futuro.

2.3 Ciberbullying

O Ciberbullying acontece quando, pela internet, alguém publica fotos,

apelidos, gozações, difamações, e outros tipos de chacotas referentes a uma

pessoa da qual queira fazer tais agressões a ponto de humilhar a vítima. O agressor

através da internet tem o poder de espalhar de forma rápida tais agressões, apenas

publicando-as. “Neste meio de comunicação as informações são repassadas de

26

forma mais fácil e ligeira e hoje se tornou o meio pelo qual muitas pessoas se

comunicam” (CAMARGO, 2009, p. 52).

O ciberbullying é uma perseguição que extravasa os muros da escola, tendo

um poder avassalador pela rapidez com que acontece, constituindo-se em:

[...] uma modalidade que vem preocupando especialistas, pais e educadores em todo o mundo, por seu efeito multiplicador do sofrimento das vítimas. Na sua prática utilizam-se as modernas ferramentas da internet e de outras tecnologias de informação e comunicação, móveis ou fixas, com o intuito de maltratar, humilhar e constranger. É uma forma de ataque perversa, que extrapola em muito os muros da escola, ganhando dimensões incalculáveis. A diferença está nos métodos e nas ferramentas utilizadas pelos praticantes. O bullying ocorre no mundo real, enquanto o ciberbullying ocorre no mundo virtual. Geralmente, nas demais formas de maus-tratos, a vítima conhece seu agressor, sejam os ataques diretos ou indiretos. No ciberbullying, os agressores se motivam pelo “anonimato”, valendo-se de nomes falsos, apelidos ou fazendo-se passar por outras pessoas (FANTE; PEDRA, 2008, p. 65).

Para isso, são utilizados emails, blogs, comunidades virtuais, páginas

pessoais e sítios de relacionamentos como orkut, h15 e facebook. Chalita (2008, p.

83) acredita que “[...] a perversidade virtual conhecida como ciberbullying e realizam-

se por meio de mensagens de correio eletrônico, torpedos, blogs, fotoblogs, e sites

de relacionamento, sempre anonimamente”.

Ao contrário do bullying, onde seus autores geralmente estão presentes e

visíveis, o autor do ciberbullying é totalmente anônimo, inspirando sigilo e

impunidade às pessoas que se utilizam desta tecnologia, para humilhar e criar

outras tantas situações de intimidação ou insultos.

Uma das maneiras que a escola pode contribuir para alertar seus alunos

sobre as amizades virtuais é explicar que, no passado, os pais alertavam os filhos

para os perigos de falar com desconhecidos na rua, e os pais de hoje devem alertar

para os perigos de se comunicar com estranhos na internet.

Apesar de fisicamente estar em casa, a internet tem o poder de colocar as

pessoas, virtualmente, em qualquer lugar. È preciso alertar as crianças e os

adolescentes quanto a esta maneira de fazer uso das novas tecnologias.

Os maiores praticantes, sem dúvida, são os adolescentes. Não é possível traçar um perfil, por se tratar de ataques virtuais, nos quais a imagem e a identidade do agressor não são expostas, e as vítimas, quando os descobrem, raramente os denunciam. Porém, à medida que o conhecimento do tema tem se popularizado e a comunidade escolar tem se conscientizado, medidas legais vêm sendo tomadas por parte das vítimas e seus familiares, bem como das escolas. Temos conhecimento de casos em

27

que o autor foi rastreado, identificado pela polícia e encontra-se respondendo a processos por danos morais e materiais (FANTE; PEDRA, 2008, p. 68).

As escolas devem orientar os pais para comunicarem a escola quando o fato

acontecer e, em seguida, realizar um boletim de ocorrências na Delegacia de Polícia

mais próxima, ingressando na justiça contra a empresa responsável pelo orkut, com

ação por danos morais e o bloqueio imediato do sítio. Também, é importante solicitar

da justiça, a quebra do sigilo dos dados do responsável pela comunidade e,

principalmente, do articulador do crime.

O anonimato pela Internet encoraja os agressores, já que eles se sentem

protegidos das consequências de seus atos. Embora estas pessoas acreditem que,

no anonimato poderão sair impunes, estão enganados, pois a atitude por parte das

vítimas pode levar à punição dos criminosos.

Segundo Camargo (2009, p. 53), “a quantidade de comunidades publicadas

na Internet que fazem apologia ao racismo, ao preconceito, ao crime, às armas, à

pedofilia e muitas outras com este teor negativo, são quantitativamente

assustadoras”. Destarte, crianças e adolescentes sem a menor noção de limites e

respeito utilizam a internet, com o objetivo de ridicularizar e humilhar as pessoas

(alunos, funcionários, diretores, professores, etc.). Em muitos casos, as pessoas não

tomam atitudes por desconhecerem seus direitos ou ainda por medo.

Isto contribui para que a violência continue aumentando, sem a devida

punição e o estudante se sente livre para agredir as pessoas quando bem entender.

Através da internet, estes estudantes agem anonimamente ou de forma aberta,

tecendo comentários depreciativos ou fazendo ameaças contra as suas vítimas.

Contudo, o que estes estudantes chamam de brincadeira, a justiça entende

como crime, condenando seus praticantes. Assim, o ciberbullying aparece como um

novo sinal dos tempos. Cada vez mais, jovens, adultos e idosos passam horas ao

computador conversando ou jogando. Este fato ganha contornos de grande

mudança no âmbito das relações interpessoais e de lazer. Existem pontos positivos

que viabilizam laços sociais nas pessoas isoladas por motivos pessoais e/ou

geográficos. O problema é quando a internet se torna uma dependência que limita e

estreita o âmbito da vida das pessoas, ou quando no mundo social virtual, alguns

indivíduos menos atentos ou mais vulneráveis se tornam vítimas. “O cyberbullying

machuca muito suas vítimas por expor suas vidas não somente a um determinado

28

grupo, mas para quem quiser acessar o conteúdo publicado, como seus pais,

amigos, familiares, colegas de escolas enfim, o mundo inteiro” (CAMARGO, 2008, p.

53).

O ciberbullying pode originar de um email ameaçador, um comentário

ofensivo, um boato maldoso divulgado de forma escancarada numa das

comunidades virtuais ou por meio de uma perseguição que ultrapasse o virtual,

acarretando até mesmo o embate físico. As formas são variadas, assim como os

conteúdos. O objetivo é desestabilizar a vítima. Em alguns casos a pressão sobre as

pessoas é tão grande que pode resultar em atos drásticos como o suicídio. Eliminar

este tipo de ação não é fácil.

2.4 Assédio Moral (mobbing)

O conceito de mobbing é definido pelo encadeamento, ao longo de um

período de tempo bastante curto, de planos ou ações hostis consumadas, expressas

ou manifestadas, por uma ou várias pessoas até chegarem a uma terceira: o

objetivo. Zabala (2003, p. 53) relata que no âmbito trabalhista o mobbing aponta os

contínuos e determinados maus-tratos verbais e a maneira de praticá-lo, recebidos

por um trabalhador por parte de outro ou outros, “os quais se comportam cruelmente

em relação a ele, com o propósito de conseguir seu aniquilamento ou sua destruição

psicológica e obter sua saída da organização mediante diferentes procedimentos”.

O mobbing é um fenômeno novo que ocorre em locais de trabalho. Nesses

casos, aqueles que exercem algum tipo de poder ou que simplesmente têm

ascendência psicológica sobre os mais fracos, descarregam sua agressividade

cotidiana em indivíduos ou vitimas que não têm pela função exercida ou por

características pessoais, possibilidades de reagir, por isso, sofrem intimidações

psicológicas e ações vexatórias, que em longo prazo minam seu equilíbrio psíquico,

o que produz graves formas de estresse nervoso e de burnout (incapacidade de

trabalhar por razões emocionais ou de fundo ansioso).

O termo mobbing é frequentemente usado para definir o abuso de poder entre

adultos em ambientes profissionais, embora alguns países se utilizem do termo

bullying. Geralmente o termo bullying é usado para definir o abuso de poder em

ambientes escolares. O termo “mob” tem sido empregado para designar a máfia.

Assim, “mobbing nos remete à idéia da constituição de grupos com caráter mafioso

29

no ambiente laboral, ou seja, grupos que exercem pressões e ameaças sobre outros

trabalhadores. No Brasil, o mobbing é definido como assédio moral” (FANTE;

PEDRA, 2008, p. 35).

Na atualidade o mobbing é comumente conhecido como uma forma de terror

psicológico, praticado pela empresa/escola ou pelos professores/colegas, definido

como conduta desrespeitosa que se manifesta, especialmente, por meio de atos,

palavras, comportamentos, gestos, escritos que ofendem a personalidade, à

dignidade ou à integridade física ou psíquica de uma pessoa, de colocar seu

emprego em perigo ou de influenciar negativamente no clima de trabalho, ou mesmo

como prática persistente de danos, ofensas, intimidações ou insultos, abusos de

poder ou sansões disciplinares injustas que induz naquele a quem se destinam

sentimentos de raiva, ameaça, humilhação e vulnerabilidade que minam a confiança

em si mesmo.

De acordo com Cubas (2007), nos casos de grande violência e com

desfechos fatais, pesquisas identificaram que os alunos que provocaram as

agressões, geralmente, eram vitimas de assédio moral entre os colegas, sofrendo

constantes piadas e gozações, recebendo apelidos e sendo discriminados pelos

outros alunos. Em virtude disso, a grande maioria dos programas e pesquisas

realizados nessa área enfatiza a questão do assédio moral, também denominado

bullying.

3 O BULLYING ENTRE MENINOS X MENINAS

Existem conceitos que classificam a diferença de bullying praticado pelos

meninos e meninas, pois ambos se envolvem nos casos de violência. Os meninos

aparecem com mais frequencia entre os agressores.

É comum as meninas atuarem dentro de um círculo bem fechado de

amizades, tornando a agressão mais difícil de identificar e reforçando o dano

causado às vítimas. “Dentro da cultura da agressão oculta, as meninas brigam

usando a linguagem corporal e os relacionamentos, em vez de punhos e facas”

(SIMMONS, 2004, p. 11). Já o bullying praticado pelos meninos é visível a olho nu,

numa agressão direta, visualizada. Ainda, segundo a autora, as meninas tendem a

agredir silenciosamente, disparando olhares, trocando bilhetes e espalhando boatos.

30

Suas ações, embora às vezes físicas, são tipicamente mais psicológicas e, portanto,

invisíveis até para o olhar atento de um observador da turma.

O bullying entre meninos e meninas é um problema universal, uma epidemia invisível admitida como natural em alguns casos, desvalorizada em outros e, na maioria das vezes, ignora. Essa forma sutil de violência, que geralmente em volve colegas da mesma sala de aula, pode se constituir de maneira direta ou indireta. O bullying direto é mais comum entre agressores meninos. As atitudes mais freqüentes identificadas nessa modalidade violenta são os xingamentos, tapas, empurrões, murros, chutes e apelidos ofensivos repetidos. O bullying indireto é a forma mais comum entre o sexo feminino e crianças menores. Caracteriza-se basicamente por ações que levam a vítima ao isolamento social. As estratégias utilizadas são difamações, boatos cruéis, intrigas e fofocas, rumores degradantes sobre a vítima e familiares, entre outros. Os meios de comunicação costumam ser eficazes na prática do bullying indireto, pois propagam, com rapidez e dimensões incalculáveis, comentários cruéis e maliciosos sobre pessoas públicas (CHALITA, 2008, p. 82).

O bullying praticado pelos meninos é visível a olho nu, constituindo-se em

uma agressão direta e visualizada; enquanto que a agressão das meninas é de

difícil definição, em razão do comportamento das agressoras que, somente será

evidenciado, caso a vítima exponha os fatos. Como a agressão se torna indireta, o

prejuízo pode ser desastroso.

[...] as meninas usam a maledicência, a exclusão, a fofoca, apelidos maldosos e manipulações para infligir sofrimento psicológico nas vítimas. Diferentemente dos meninos que tendem a provocar e a pratica o bullying com conhecidos ou estranhos, as meninas, com freqüência, atacam dentro de um circulo bem fechado de amizades, tornando a agressão mais difícil de identificar e reforçando o dano causado às vítimas. Dentro da cultura da agressão oculta, as meninas brigam usando a linguagem corporal e os relacionamentos, em vez de punhos e facas (SIMMONS, 2004, p. 11).

Assim, as meninas tendem a agredir silenciosamente, disparando olhares,

passando bilhetes e espalhando boatos. Suas ações, embora às vezes físicas, são

tipicamente mais psicológicas e, portanto, invisíveis até para o olhar atento de um

observador da turma.

[...] No passado, acreditava-se que esse tipo de comportamento era próprio de meninos, porém, com os avanços das pesquisas, constatou-se ser comum também entre as meninas. Enquanto a maioria dos meninos utiliza, comumente, os maus-tratos físicos e verbais, as meninas se valem mais de maledicência, fofoca, difamação, exclusão e manipulação para provocar sofrimento psicológico nas vítimas. Os ataques das meninas, ao contrário dos ataques dos meninos, acontecem dentro de um círculo restrito de amizades, o que torna a agressão mais difícil de identificar, reforçando o dano causado às suas vítimas. Outro fato constatado é que as meninas parecem agir com maior requinte de sutileza e crueldade. Utilizam olhares

31

dissimulados e maliciosos e bilhetes, manipulam silenciosamente, encurralam-se nos corredores, dão as costas para as vítimas, usam o silêncio, conspiram, criticam, cochicham e sorriem, combinam encontros com a vítima, em passeios ou festas, e não comparecem. No ensino infantil, as meninas impedem que a vítima partilhe do momento do lanche, combinam de evitá-la, ficam de mal, isolam, não convidam para as festinhas, caçoam daquelas de menor poder aquisitivo, que se vestem com mais simplicidade ou que não dispõem dos mesmos materiais escolares (SIMMONS, 2004 apud FANTE; PEDRA, 2008, p. 64).

Os educadores podem contribuir para mudar a cultura oculta da agressão,

criando uma cultura de sala de aula que compreenda a variedade de agressões

entre meninos e meninas, convidando-os a discuti-las em particular e em público e

buscando soluções sempre que possíveis.

4 BULLYING NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Como o fenômeno bullying ainda está em constante estudo, pouco conteúdo

é encontrado a respeito nas aulas de Educação Física que ocorre de forma mais

presente nas aulas práticas na quadra da escola.

A Educação Física tem o corpo na sua forma prática predominante, pois o

corpo é uma forma de linguagem. Com isso, em virtude das atividades, surgem os

mais fortes, os altos, os obesos, os magros, os fracos, os baixos, os negros, os

brancos, os amarelos, alunos portadores de deficiência. Desta forma, evidenciam-se

a presença do bullying com agressões, xingamentos, apelidos, etc. Conflito de

gênero também é possível ser observado, haja vista que as meninas apresentam

habilidades diferenciadas dos meninos.

As diferenças apresentadas pelas crianças e jovens em relação à

velocidade, força, impacto e resistência pode influenciar no aparecimento do

bullying. Outra forma que pode facilitar o bullying são as atividades em forma de

brincadeiras, com o surgimento de atos que envolvem a discriminação, agressão e

exclusão dos colegas.

Na Educação Física, assim como em outras disciplinas que compõem a

matriz curricular, o gênero, ou seja, os meninos e meninas realizam as atividades

propostas juntos. A grande maioria dos meninos apresenta fatores biomecânicos

que sobrepõem ao sexo feminino. Com isso, dependendo da forma como a atividade

é realizada, ocorrem momentos de conflitos em relação ao desempenho do aluno.

32

A maioria dos alunos não sabe lidar com o vencer e o perder, e tal fator

geram conflitos que envolvem apelidos, xingamentos, etc., podendo desencadear os

primeiros sinais de bullying. Para Camargo (2009, p. 74), “[...] os jogos e as

brincadeiras possuem suas regras. E estes são exemplos lúdicos com os quais as

crianças podem aprender a conviver e se habituarem a um mundo paralelo ao seu

egocentrismo”.

Nas aulas de Educação Física é comum constatar ações que causam

prejuízos para a formação da autoestima. Fante (2005) considera que este tipo de

comportamento de agressor e vítima, muitas vezes, inibe a participação das aulas

práticas, sempre com alguma desculpa, para não realização da aula.

Alguns relatos de alunos descritos a seguir são relevantes nesse sentido:

O aluno Carlos, da 5ª serie, foi vítima de alguns colegas por muito tempo, porque não gostava de futebol. Era ridicularizado constantemente, sendo chamado de gay nas aulas de educação física. Isso o ofendia sobremaneira, levando-o a abrigar pensamentos suicidas, mas antes queria encontrar uma arma e matar muitos dentro da escola. João Paulo, um garoto da 5ª serie, 11 anos, vinha sofrendo perseguições de alguns colegas porque não gostava de jogar futebol. Por ser tímido e sensível, chorava com facilidade e não conseguia responder aos ataques de alguns companheiros de escola, passando a ser rejeitado pelos meninos da turma. Ninguém queria sua participação nos trabalhos em grupos ou nos jogos em equipe. Não tendo outra saída, aproximou-se de algumas meninas e, como resultado, ganhou o apelido de Bicha. Por isso, estava sendo perseguido e humilhado no horário do recreio, como passatempo de vários alunos agressores. João Paulo faltava as aulas com certa freqüência, alegando que estava doente, que tinha muita dor de cabeça e que não dormia direito. Seu aspecto era triste e deprimido. Parecia que estava sempre com medo de que algo ruim lhe acontecesse. Uma colega de classe disse para a professora que o menino estava pensando em mudar-se de escola, mas temia que lá também fosse alvo de gozações. Ele não sabia o que fazer nem como lidar com a questão. O fato e que estava sofrendo muito e queria unicamente que o deixassem em paz Minha vida escolar não e a melhor. Gosto muito dos professores, mas de umas semanas para cá andam me difamando por causa de um trabalho escolar. Estou sendo rejeitada por algumas pessoas da minha classe. Na aula de Educação Física, dizem que sou baixa e frágil, então não sirvo para nada... (aluna da 6ª serie, 12 anos) (FANTE 2005, p. 33-35).

4.1 O Papel do Professor de Educação Física frente ao Bullying

As Diretrizes Curriculares da Educação Básica da disciplina de Educação

Física do Estado – DCEs – Paraná (2008) propõe que, por meio dos conteúdos

estruturantes, como o esporte, a dança, a ginástica, as lutas, os jogos e as

33

brincadeiras, a Educação Física tem a função social de contribuir para que os alunos

se tornem sujeitos capazes de reconhecer o próprio corpo, adquirir uma

expressividade corporal consciente e refletir sobre o próprio corpo, adquirindo uma

expressividade corporal consciente, entre outros aspectos.

Ao tratar dos fundamentos teórico-metodológicos as DCEs – Paraná (2008)

aponta a necessidade de:

Superar a restrição do conhecimento oferecido aos alunos, obstáculo para que modalidades esportivas, especialmente as que mais atraem às crianças e jovens, possam ser apreendidas na escola, por todos, independentemente de condições físicas, de etnia, sexo ou condição social. E ainda, se a atuação do professor efetiva-se na quadra, em outros lugares do ambiente escolar e em diferentes tempos pedagógicos seu compromisso, tal como o de todos os professores, é com o projeto de escolarização ali instituído, sempre em favor da formação humana. Sendo assim, tais conseqüências na prática pedagógica, vão para além da preocupação com a aptidão física, a aprendizagem motora, a performance esportiva, etc (PARANÁ, 2008, p. 49).

Os encaminhamentos metodológicos propostos para a disciplina de

Educação Física têm a função social de “[...] contribuir para que os alunos se tornem

sujeitos capazes de reconhecer o próprio corpo, adquirir uma expressividade

corporal consciente e refletir criticamente sobre as práticas corporais” (PARANÁ,

2008, p. 72).

Em Cultura Corporal e Saúde , as DCEs – Paraná (2008, p. 56) evidencia

que ao professor cabe discutir com os alunos a questão de gênero, sobre as

diferenças sociais entre homens e mulheres.

No que se refere à Cultura Corporal e Diversidade propõe uma abordagem

que privilegie o reconhecimento e a ampliação da diversidade nas relações sociais.

Por isso, as aulas de Educação Física podem revelar oportunidades de

relacionamento, convívio e respeito entre as diferenças, de desenvolvimento de

idéias e de valorização humana, para que o outro seja considerado. Com isso,

pressupõe-se uma conscientização das diferenças existentes entre as pessoas,

tendo o respeito e o convívio social como pressuposto básico de convivência

(PARANÁ, 2008, p. 60).

Com relação à Cultura Corporal e Mídia , o professor deve trabalhar no

sentido de possibilitar ao aluno discussão e reflexão sobre: a supervalorização do

modismo, estética, beleza, saúde, consumo: os extremos sobre a questão salarial

dos atletas: os extremos de padrões de vida dos atletas; o preconceito e a exclusão;

34

a ética que permeia os esportes de alto nível, entre outros aspectos que são ditados

pela mídia (PARANÁ, 2008, p. 62).

No tocante aos Esportes o professor precisa trabalhar com valores que

privilegiam o coletivo. Tais valores são considerados como necessários para a

formação do humano. Isto pressupõe compromisso com a solidariedade e o respeito,

a compreensão de que o jogo se faz a dois, e de que é diferente jogar com o

companheiro e jogar contra o adversário (PARANÁ, 2008, p. 64).

Quanto ao conteúdo de Ginástica, pressupõe a necessidade de o docente

organizar a sua aula de forma que os alunos possam se movimentar, fazer

descobertas e reconhecerem as possibilidades e limites do seu próprio corpo. “Com

efeito, trata-se de um processo pedagógico que propicia à interação, o

conhecimento, a partilha de experiências e contribui para ampliar as possibilidades

de significação e representação do movimento” (PARANÁ, 2008, p. 68).

No que se refere às lutas, o desenvolvimento do conteúdo proposto pelo

educador pode propiciar além do trabalho corporal a aquisição de valores e

princípios essenciais para a formação do ser humano, como, por exemplo:

cooperação, solidariedade, o autocontrole emocional, o entendimento da filosofia

que geralmente acompanha sua prática e, acima de tudo, o respeito pelo outro, pois

sem ele a atividade não se realizará (PARANÁ, 2008, p. 69).

Nas aulas de Educação Física escolar as principais formas de

preconceitos estão relacionadas ao racismo, questõe s ligadas ao gênero,

diferenças corporais e a intolerância às crianças q ue apresentam alguma

deficiência (grifo nosso).

Nesse sentido, Fante (2005, p. 64) evidencia que as crianças com

deficiência “[...] correm maiores riscos de se tornarem vítimas de bullying, riscos

estes duas a três vezes maiores do que as crianças consideradas normais”. Assim

sendo, cabe ao professor de Educação Física proceder à transmissão do saber

elaborado, desvinculado de qualquer valor que vise à reprodução de preconceitos,

discriminação e subordinação.

Nas aulas de Educação Física, a discriminação de cor também é observada

de forma mais frequente, uma vez que o contato físico proporcionado pela prática

em ambientes externos estimula algumas manifestações que não são comuns

dentro das salas de aula, pois neste ambiente o corpo é visto de forma livre e

exposta do que em outras práticas escolares.

35

Segundo Matos (2007), o preconceito entre as crianças tem um forte

potencial destrutivo para as vítimas. As crianças podem apresentar sérios problemas

de autoestima. A omissão de pais e professores pode contribuir para reforçar o

preconceito no grupo. Para a autora, mesmo as crianças mais novas, demonstram

preconceito e dificuldade para aceitar as diferenças. Além do racismo, muitas

crianças podem ser vítimas comuns. Qualquer um que apresente uma característica

“estranha” ao seu mundo, como gordinhos (“baleia” e “saco de areia”), os que usam

óculos (“quatro-olhos”) e os baixinhos (“tampinhas”), sem falar nas crianças que

apresentam gagueira, timidez ou outras limitações, pode ser vítimas.

Os agressores buscam, em suas vítimas, algumas diferenças em relação ao

grupo no qual estão inseridos. No entanto, ninguém pode ser culpado ou castigado

por ser diferente, por estar fora dos padrões considerados normais aos olhos de

quem busca a diferença e dissemina a indiferença (CHALITA, 2008).

Não se pode esperar, portanto, que todos sejam iguais para serem aceitos,

pois os seres humanos são únicos, com características próprias no que tange à

maneira de sentir, de pensar, de agir e reagir a tudo e a todos.

5 SUGESTÕES DE MATERIAL DIDÁTICO PEDAGÓGICO

5.1 Livros sobre bullying

Brincadeiras que fazem chorar? Introdução ao fenômeno bullying. Autora: Carolina Giannoni Camargo - São Paulo: All Print Editora, 2009.

Bullying: como combatê-lo? Prevenir e enfrentar a violência entre jovens. Autor: Alessandro Costantini. São Paulo: Itália Nova Editora, 2004.

Bullying e desrespeito: como acabar com essa cultura na escola. Autores: Marie-Nathalie Beaudoin e Maurreen Taylor - Tradução: Sandra Regina Netz. Porto Alegre: Artmed, 2006.

Bullying escolar: perguntas e respostas. Autores: Cleo Fante e José Augusto Pedra - Porto Alegre: Artmed, 2008.

Bullying: estratégias de sobrevivência para crianças e adultos. Autores: Jane Middelton-Moz e Mary Lee Zawadski - Tradução Roberto Cataldo Costa. Porto Alegre: Artmed, 2007.

36

Bullying: Mais sério do que se imagina. Coordenadores: Pedrinho A. Guareschi e Michele Reis da Silva. Porto Alegre: EdiPucrs, 2008.

Bullying: Mentes perigosas nas Escolas. Autora: Ana Beatriz Barbosa Silva. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010.

Bullying: O que você precisa saber (Identificação, prevenção e repressão). Autor: Lélio Braga Calhau. Niterói, RJ: Impetus, 2009.

Bullying e suas implicações no ambiente escolar. Autora: Sônia Maria de Souza Pereira - São Paulo: Paulus, 2009.

Bullying: Vamos mudar de atitude! Autor: Jefferson Galdino – São Paulo, Noovha América, 2009.

Eliminando Provocações . Autora: Judy S. Freedman – São Paulo, M. Books do Brasil Editora Ltda., 2004.

E se fosse com você? Uma história de Bullying . Autores: Sandra Saruê e Marcelo Boffa. São Paulo: Editora Melhoramentos, 2007.

Fenômeno bullying: Como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. Cleo Fante - 2. Ed. Ver. E amp. Campinas, SP: Verus Editora, 2005.

Garota fora do jogo: a Cultura oculta da agressão entre meninas. Autora: Rachel Simmons - Tradução de Talita M. Rodrigues. Rio de Janeiro: Rocco, 2004.

Limites sem trauma. Autora: Tânia Zagury – Rio de Janeiro: Record, 2005.

Mobbing – Como sobreviver ao assédio psicológico no trabalho – Autor: Inaki Pinuel Y Zabala – São Paulo: Edições Loyola, 2003.

Pedagogia da amizade - bullying: o sofrimento das vítimas e dos agressores. Autor: Gabriel Chalita - São Paulo: Editora Gente, 2008.

Proteja seu filho do Bullying: Impeça que ele maltrate os colegas ou seja maltratado por eles. Autor: Allan L. Beane – tradução Débora Guimarães Isidoro – Rio de Janeiro: BestSeller, 2010.

Violência na escola: um guia para pais e professores. Autores: Caren Ruotti, Renato Alves e Viviane de Oliveira Cubas - São Paulo: Andhep; Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2007.

5.2 Sites (sítios) onde possam ser adquiridos os li vros sobre bullying

www.americanas.com

www.autoresassociados.com.br

www.ciadoslivros.com.br

37

www.estantevirtual.com.br

www.fnac.com.br

www.livrariacultura.com.br

www.livrariadafolha.com.br

www.livrariadatravessa.com.br

www.livrariamelhoramentos.com.br

www.paulus.com.br

www.saraiva.com.br

www.submarino.com

5.3 Revistas

Mundo Jovem – Somos todos iguais? Autor: Clândio Maffini Cerezer – Março 2009.

Mundo Jovem – Violência ou paz: uma questão de cultura. Também a escola se depara com a violência. Autora: Eveline Maria da Costa - Abril de 2009.

Nova Escola – A escola que é de todas as crianças – Ao Conviver com as diferenças, alunos e professores se tornam cidadãos solidários. Autora: Meire Cavalcante. Maio 2005.

Nova Escola – Chega de omissão: A violência moral e física contra estudantes com deficiência é uma realidade velada. Saiba o que fazer para reverter essa situação. Autora: Ana Rita Martins – Dezembro de 2009.

5.4 Sites (SITIOS) – Encontrados no Youtube sobre b ullying

Você sabe o que é bullying? Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=EmgxeUh7GmA de aproximadamente 9m50s>.

“Bullying”. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=mGbmqdGeokM de aproximadamente 5m01s>.

“O que é bullying/bullying nas escolas ” (Vídeo sobre bullying em escolas e internet. Conscientização anti-bullying). Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=aIjRTYa7UK0 de aproximadamente 4m48s>.

38

“O bullying nas escolas, um verdadeiro tratado sobr e o assunto”. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=ZFn1jUo6HR8 de aproximadamente 7m27s>.

“Bullying e o mal que causa (versão lenta para as e scolas)”. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=2MLMpwgrOZc. Aproximadamente 8m58s>.

“Cyberbullying – por que machuca tanto”? Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=qcQahMAKjHM. De aproximadamente 5m21s>.

5.5 Filmes

Bang, Bang, você morreu (Bang, Bang, you`re dead, drama, 2002, 93 minutos).

Elefante (Elephant, drama, 3002, 81 minutos).

Um grande garoto (Abou a boy, comédia/drama, 2002, 101 minutos).

Meninas malvadas (Meangirls, comédia, 2004, 104 minutos).

Tiros em Columbine (Bowling For Columbine, documentário, 2002, 120 minutos).

Nunca fui beijada (Never beend Kissed, comédia romântica, 1999).

5.6 Slides

Bullying: Observatório da infância. Disponível em:

<http://www.observatoriodainfancia.com.br/rubrique.php3?>.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Vivemos em uma sociedade extremamente individualista. O capitalismo

naufraga ao transformar as pessoas em objetos e os valores ficaram em segundo

plano na vida das pessoas, que querem cada vez mais possuir mais bens. A figura

do próximo ficou de lado para muitos, que não pensam duas vezes em passar por

cima de qualquer um, para atingirem seus objetivos.

39

Este caderno temático vem de encontro com a descoberta de uma nova

temática, pois permite um conhecimento sobre os mais diversos tipos de bullying,

suas causas e efeitos, fatos estes fundamentais para que os leitores possam ter uma

visão geral sobre o tema e as formas de conscientização e combate, auxiliando as

pessoas que sofrem deste mal a retomar suas vidas, livrando-se do medo que as

assolam.

Desta forma, este Caderno Temático será de grande valia e aplicação para

os mais diversos setores da comunidade escolar, abrangendo a escola, com a

conscientização dos alunos, professores, funcionários, diretores e pedagogos,

trazendo não só o conhecimento necessário para ajudar as vítimas, mas também

meios de se prevenir e combater tais atos de agressão moral, que surgem muitas

vezes da ignorância e da intolerância com o próximo.

Com isso, a experiência profissional dos atores da escola mostra que a

conscientização e o conhecimento do referido tema é a melhor forma de se prevenir

e auxiliar, evitando que as pessoas sofram com as condutas desumanas, gerando,

assim, benefícios para as famílias, e para a sociedade, pois estaremos contribuindo

para a construção de uma sociedade mais justa e consciente de seu papel.

REFERÊNCIAS

AVANCINI, M. Raio X para novas práticas: formação de professores. 30/10/2009. Disponível em: <http://www.pedagogia.seed.pr.gov.br/modules/noticias/makepdf.php?storyid=96>. Acesso em: 05 de abr. 2010.

BEAUDOIN, M.N. TAYLOR, M. Bullying e desrespeito: como acabar com essa cultura na escola. Tradução: Sandra Regina Netz. Porto Alegre: Artmed, 2006.

BRASIL, Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 de Outubro de 1988. 22. Ed. São Paulo: Atlas, 2004.

BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira. L ei 9394/96. 20 Dez. 1998. Disponível em: <pt.wikipedia.org/.../Lei_de_Diretrizes_e_Bases_da_Educação_Nacional>. Acesso em 02 abr. 2010.

BRASIL. Estatuto da Criança e Adolescente. Lei 8069 de 13/07/1990 . Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8069.htm>. Acesso em: 02 de abr. 2010.

40

CAMARGO, C.G. Brincadeiras que fazem chorar? Introdução ao fenômeno bullying. São Paulo: All Print Editora, 2009.

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