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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4 Cadernos PDE VOLUME I

DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · Processos de Criação, afirma que: [...] todo indivíduo se desenvolve em uma realidade social, em cujas necessidades e valorações culturais

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE

VOLU

ME I

ARTES VISUAIS: UMA PROPOSTA DE COMPLEMENTAÇÃOCURRICULAR NO ENSINO MÉDIO

Autora: Edi Marisa de Lara Sathler1

Orientadora: Prof.ª Vivian Letícia Busnardo Marques2

Resumo

Esta pesquisa fez parte do PDE- Programa de Desenvolvimento Educacional, do Governo do Estado do Paraná, a qual visou produzir um material didático com atividades de artes plásticas, especificamente técnicas de desenho e técnicas de pintura, a serem aplicadas por professores aos alunos do Ensino Médio, após o horário escolar como atividade extra curricular. A fundamentação teórica para a formulação do caderno didático está baseada em autores das áreas da Educação e das Artes Plásticas, e, também, das Diretrizes Curriculares da Educação Básica para as Artes da SEED - Secretaria de Estado da Educação do Paraná. O objetivo maior foi desenvolver atividades aos alunos do Ensino Médio, para que eles possam permanecer um maior período na escola. Este projeto teve sua aplicabilidade didática no Colégio Estadual Professor Loureiro Fernandes, objetivando desenvolver a potencialidade dos alunos através do caderno didático, a partir da implementação das técnicas de desenho e pintura, fazendo desse momento, uma oportunidade de realização pessoal e expressão artística. É muito importante o papel do professor no ensino da arte e na aprendizagem do aluno, para o desenvolvimento dos mesmos na vida educacional e social, fazendo com que se tornem cidadãos críticos, pensantes e que tenham condições necessárias para uma aprendizagem de qualidade.

Palavras-chave: atividades extra curriculares; caderno didático; artes plásticas; educação.

1 Especialista em Educação Especial (TUIUTI-PR). Licenciada em Artes Plásticas (Fundação Educacional de Bauru-SP). Colégio Estadual Professor Loureiro Fernandes.

2 Mestre em Comunicação e Linguagens Midiáticas (TUIUTI-PR). Especialista em História da Arte (EMBAP-PR). Especialista em Conservação de obras sobre papel (UFPR-PR). Licenciada em Desenho (EMBAP-PR). Professora Assistente I (EMBAP-PR).

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Introdução

Esta pesquisa teve como objetivo geral direcionar aos alunos do Ensino

Médio, atividades de Artes Visuais, como complementação curricular, após o horário

escolar, aplicando material didático desenvolvido durante o período do projeto. E

visou especificamente apresentar a Arte em seu processo de construção como um

meio de desenvolvimento pessoal e profissional do educando, levando-o a refletir

sobre as implicações que a mesma nos faz pensar, oportunizando também aos

alunos atividades artísticas após o horário escolar, participando das atividades de

Artes Plásticas, fundamentadas nos conteúdos estruturantes das Diretrizes

Curriculares da Educação Básica da SEED-PR.

A busca por possibilitar ao educando uma utilização construtiva de seu

tempo livre, fez com que se desenvolvessem as suas capacidades artísticas, dentro

das Artes Visuais, com algumas técnicas existentes do desenho e pintura em tela. O

caderno didático ainda pretendeu dar suporte aos professores, com a criação de um

material didático para que estes possam aplicar em suas aulas, para o

desenvolvimento e expressão artística, de seus alunos, bem como a

complementação curricular no Ensino Médio, após o horário escolar. Esta pesquisa

justifica-se devido à necessidade das escolas oferecerem atividades educacionais

não-obrigatórias, aquelas que não compõem as matrizes curriculares das escolas,

que são denominadas atividades extracurriculares. Nas escolas estaduais, tendo em

vista os grandes problemas disciplinares e sociais enfrentados hoje, o momento que

vem após o horário escolar, se coloca como uma excelente oportunidade para

desenvolver atividades artísticas que complementam e contribuam para o

crescimento do aluno da Escola Pública, neste caso através de atividades artísticas.

O desenvolvimento desse material didático poderá auxiliar os professores

da Rede Pública a implementá-lo junto aos seus alunos do Ensino Médio, como uma

complementação curricular. A fim de fundamentar esta pesquisa, dois são os

principais documentos norteadores da educação básica; a Lei de Diretrizes e Bases

da Educação Nacional (LDB), Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 e o Plano

Nacional de Educação (PNE), Lei nº 10.172/2001, regidos, naturalmente, pela

Constituição da República Federativa do Brasil, conforme legislação sob art. 26 da

Lei de Diretrizes e Bases artigo 2º. O ensino da arte constituirá componente

curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover

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o desenvolvimento cultural dos alunos. No Estado do Paraná podemos citar o

documento vigente que regulamenta as escolas estaduais: Diretrizes Curriculares,

que é um documento de referência para a organização e avaliação do trabalho

pedagógico nas escolas da rede pública estadual. As escolas segundo as Diretrizes

Curriculares do Estado do Paraná devem ter:

[...] um currículo que contribua para formação dos sujeitos, tratando os saberes das disciplinas escolares de um ponto de vista investigativo, contextualizado, interdisciplinar, quebrando a rigidez que a legitimidade social e o estatuto de verdade dão a eles.

Também, há que se observar que faz falta nas escolas, as atividades

complementares para os alunos, não com intuito só de ocupar o tempo livre, mas

também de desenvolver atividades de complementação curricular, que sejam

relevantes à comunidade escolar e que contribuam significativamente para o

processo de ensino e aprendizagem desses alunos. A formação dos alunos da

Educação Básica, em especial do Ensino Médio, tem sido objeto de estudos e

discussões, que envolvem concepções de conhecimento, currículo e metodologias

e, ainda, de como criar iniciativas inovadoras, tornando o ensino nessa fase mais

atraente melhorando também sua qualidade. Podemos citar como exemplo o

Programa de Governo Viva Escola em vigência no estado do Paraná, Instituído pela

Resolução Nº3683/2008, que visa a “expansão de atividades pedagógicas

realizadas na escola, como complementação curricular, a fim de atender às

especificidades da formação do aluno e da sua realidade”, vinculando as atividades

pedagógicas de complementação curricular ao Projeto Político Pedagógico da

escola, a partir de 2008. A atividade complementar pode ser uma alternativa que

estimule esse aluno, pois são atividades que as escolas podem ofertar, as quais se

enquadrem como complementares ao currículo obrigatório, tais como: atividades

recreativas, artesanais, esportivas, culturais e artísticas.

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Desenvolvimento

Neste contexto destacamos as atividades de complementação curricular,

que tem como objetivo, contribuir para o diálogo entre professor e aluno, enfatizando

a linguagem visual como parte de um processo criativo, necessário ao

desenvolvimento desse aluno. Fayga Ostrower em seu livro Criatividade e

Processos de Criação, afirma que:

[...] todo indivíduo se desenvolve em uma realidade social, em cujas necessidades e valorações culturais se moldam os próprios valores da vida. No indivíduo confrontam-se, por assim dizer, dois pólos de uma mesma relação: a sua criatividade que representa as potencialidades de um ser único, e sua criação que será a realização dessas potencialidades já dentro do quadro de determinada cultura. (OSTROWER, 2008, p.5)

A arte é um constante refletir, pesquisar e fazer; conjunto de atos pelos

quais podemos criar modificar e também transformar aquilo que está ao nosso redor.

O valor da Arte na formação educacional incentivando o processo criativo de cada

indivíduo torna-se essencial, capacitando-o para realizar suas produções artísticas.

Ainda segundo Fayga Ostrower:

Criar é, basicamente, formar. É poder dar uma forma a algo novo. Em qualquer que seja o campo de atividade, trata-se, nesse “novo”, de novas coerências que se estabelecem para a mente humana, fenômenos relacionados de modo novo e compreendidos em termos novos. O ato criador abrange, portanto, a capacidade de compreender; e esta por sua vez, a de relacionar, ordenar, configurar, significar. (OSTROWER, 2008, p.9, 25)

Essas indagações nortearam uma proposta pedagógica de implementação

sob a perspectiva de complementação curricular, através das técnicas de desenho e

pintura, selecionadas para a construção de um material didático. A linguagem visual

constitui a base da criação do desenho, pois através do desenho, podemos

demonstrar o que sentimos, qual é o nosso estilo e também de que maneira

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podemos aprimorar os nossos conhecimentos nessa área. Os teóricos da Cultura

Visual consideram que estamos num período em que esta cultura está relacionada

aos acontecimentos do cotidiano, onde o visual adquire maior importância tanto no

conhecimento, como em muitas formas de entretenimento e toda proposta de

Cultura Visual busca estar conectada com as demandas da sociedade

contemporânea. Desta linguagem visual, fazem parte as imagens visuais, que se

constituem de elementos como; formas, linhas, pontos, cores, que são perceptíveis

pela visão, mas que dependem da luz e da nossa criatividade, pois além de

informar, também provocam emoções, a partir do momento que são expostas.

Diversamente da linguagem falada ou escrita, cujas regras gramaticais são mais ou

menos estabelecidas, a linguagem visual não tem nenhuma lei evidente; pode ter

início na criação da linha, e conseqüentemente do desenho, portanto cada teórico

do desenho pode ter um conjunto de descobertas completamente diferentes.

De acordo com Wucius Wong (2001, p.41), pintor contemporâneo e

educador atuante na China, “o desenho é um processo de criação visual que tem o

propósito de transmitir uma imagem predeterminada”. Na Europa, em fins do século

XIX, o ensino artístico enfatizava o desenho ligado ao interesse pelo enriquecimento

dos países e às influências das idéias liberais e positivistas (BARBOSA, 1978).

Procurando atender às demandas da expansão industrial, o desenho era ensinado

com a finalidade de preparar operários para o trabalho nas fábricas e serviços

artesanais - ornamentação, decoração e manufaturas.

Segundo Ferraz e Fusari (1993), o Brasil seguia os modelos europeus e tal

como na Europa, o desenho, aqui era considerado a base de todas as artes. No

ensino de Arte, no caso, desenho, predominava a Pedagogia Tradicional. Nas

primeiras décadas do século XX, no Brasil, esse ensino ainda predominou entre as

classes para as quais o desenho era considerado útil para o trabalho. Entre os anos

de 1930 e 1970, conforme Fusari e Ferraz (1992) enfatizava-se o desenho do

natural, o desenho decorativo, o desenho pedagógico e o desenho geométrico. Nos

anos 50, ainda predominava uma visão utilitarista da arte. Além de desenho, o

currículo escolar passou a incluir Música, Canto e Trabalhos Manuais. Os exercícios

ainda eram baseados em modelos convencionais e o ensino técnico. Valorizavam-

se principalmente as habilidades manuais e os "dons artísticos".

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A arte como expressão criadora surge com o início do modernismo e teve como patrono Franz Cizek, que levou intelectuais a se interessarem pela produção artística de crianças. Lowenfeld, influenciado pelas teorias de Freud, abordava a arte como meio para se compreender o desenvolvimento individual em suas diferentes fases e como desenvolvimento da consciência estética e criadora do aluno (FUSARI; FERRAZ, 1992, )

Um bom desenho, em resumo, constitui a melhor expressão visual possível,

e nos dá a essência de que “algo”, seja uma imagem, seja um produto. Quando

desenhamos, podemos mostrar nossos sentimentos; colocamos em prática o nosso

conhecimento artístico e técnico, nossa maneira de ver o mundo, através de traços,

fazendo uma relação do nosso mundo com a realidade. Há inúmeras maneiras de

interpretar a linguagem visual. No ensino de Desenho, Wucius Wong escreve que:

[...] é válido frisar a importância da abordagem intelectual; ela requer um raciocínio sistemático com alto grau de objetividade, ainda que sensibilidade e o julgamento individual quanto à beleza, à harmonia e o interesse devam estar presentes em todas as decisões visuais. (WONG, 2001, p.5, 41)

O desenho é a base de toda a criação artística, pois no início de toda obra

de arte, por mais complexa que pareça, parte de uma origem humilde e simples que

se pode reduzir ao traçado de um simples lápis num papel, até uma obra de arte

mais complexa, que pode te transportar para um novo mundo. No ensino de

Desenho, frisa-se a importância da abordagem intelectual, pois ela requer um

raciocínio sistemático com alto grau de objetividade e ainda uma sensibilidade

aguçada, podendo fazer um julgamento individual quanto à beleza, à harmonia e o

interesse, que devem estar presentes em todas as decisões visuais. O desenho não

é apenas uma atividade recreativa e divertida, pois como uma linguagem, para ser

compreendido e praticado, requer esforço e concentração.

O desenho, a educação estética, os trabalhos manuais, a expressão plástica, a educação visual e plástica, não são meras mudanças de rótulos, mas respondem a mudanças nas representações que refletem estratégias de legitimação que podem mediar essa matéria curricular. (HERNÁNDEZ, 2000, p. 70).

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Já na técnica de pintura, a arte da cor, a partir do momento que lançamos a

tinta no papel ou na tela, estamos dando formas e coloridos que podem transmitir as

mais diversas sensações. Existem os mais variados tipos de pinturas, além dos mais

variados estilos e temas; isso porque as formas usadas pelos artistas são diferentes

e possibilitam então os mais variados efeitos em quem observa. A pintura é uma

forma muito importante de expressão artística, pois pode revelar os mais diversos

sentimentos através do artista: suas alegrias, suas angústias, suas revoltas, seus

medos, suas provocações, puro prazer, enfim, coloca diante do espectador um

mundo de emoções, que dependem do olhar do expectador. Podemos estudar na

História da Arte, os mais variados significados das pinturas; isso porque em cada

momento, as pinturas foram retratos dos contextos vividos pelos artistas, momentos

muito distintos, especialmente a partir do Renascimento quando as técnicas são de

fato incorporadas aos modelos de pintura, fazendo dela, algo sublime e encantador.

Wassily Kandinsky escreve o seguinte:

A verdadeira obra de arte nasce do “artista”- criação misteriosa, enigmática, mística. Ela desprende-se dele, adquire vida autônoma, torna-se uma personalidade, um sujeito independente, animado de um sopro espiritual, o sujeito que vive uma existência real – um ser. Não é um fenômeno fortuito que surge aqui ou ali, indiferentemente, do mundo espiritual. O desenvolvimento que aguarda a pintura conhecerá ainda numerosas contradições e desvios aparentes, como ocorreu na música, que já é hoje uma arte. Ensina-nos o passado que a evolução da humanidade consiste na espiritualização de numerosos valores Entre esses valores, a arte ocupa o primeiro lugar. Entre as artes, a pintura percorre o caminho que vai da finalidade prática à finalidade espiritual. Do objetivo ao comparativo. (KANDINSKY, 2000, p.125,174,175)

O ensino das Artes Plásticas implica na definição de encaminhamentos

pedagógicos, sem que haja uma seqüência absoluta, um “certo” ou um “errado” no

que diz respeito ao trabalho plástico do aluno. Compromete-se com procedimentos

educativos ligados a manifestações expressivas e lúdicas nas ações do saber

artístico e estético inseridas em seus contextos socioculturais. Implica também no

desenvolvimento das habilidades de ver, observar, reconhecer, compreender,

analisar, interpretar como vetores da compreensão do saber para um entendimento

mais claro nas mensagens visuais.

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Embora previsto por lei, na escola brasileira, desde e o início da década de

70, o ensino da Arte tem feito um percurso enriquecido pelas teorias de ensino que

impulsionaram professores à procura de novos caminhos na reestruturação de seu

trabalho educacional e, ao assumirmos que a arte pode ser ensinada e aprendida

também na escola, temos a necessidade de trabalhar a organização pedagógica das

inter-relações artísticas e estéticas junto aos estudantes.

Nas escolas públicas, os cursos de Arte constituem-se num espaço e tempo

curriculares em que professores e alunos se dedicam metodicamente à busca e

aquisição de novos saberes especificamente artísticos e estéticos. Em virtude disto,

o trabalho com a arte na escola tem uma amplitude limitada, mas ainda assim há

possibilidades dessa ação educativa ser quantitativa e qualitativamente bem-feita.

Para isso, o professor precisa encontrar condições de aperfeiçoar-se continuamente,

tanto em saberes artísticos, quanto em saberes sobre a organização e o

desenvolvimento do trabalho escolar em arte.

Considerando que o ensino da Arte, em sua amplitude de conhecimento, é

fundamental para as formações culturais, intelectuais e sociais não só do aluno

como também do professor, podemos concluir que o seu ensino favorece momentos

de reflexão, conscientização, interação, inter-relacionamento, além de trocas de

experiências e aquisição de conhecimentos. Assim sendo, podemos observar que o

conteúdo de Arte é um componente fundamental no desenvolvimento da

aprendizagem do aluno, cabendo ao professor proporcionar caminhos que

possibilitem a reflexão. É importante destacar, que o trabalho educacional com Artes

Visuais não visa formar artistas, mas ampliar a capacidade criativa dos alunos e

possibilitar que eles conheçam a linguagem artística e tenham um olhar sensível

para o mundo, aprendendo a representá-lo. A Arte como um todo, pode ser

ensinada e aprendida. Assim sendo, é preciso então, trabalhar a organização

pedagógica das relações artísticas e estéticas com os alunos. Sua importância na

sociedade e na educação é devido a sua função indispensável na vida dos seres

humanos, pois, representa, também, um determinado tempo para que o aluno possa

desenvolver sua criatividade e sua expressividade.

No período anterior à implementação do projeto nas escolas, aconteceu o

Grupo de Trabalho em Rede, que levantou algumas questões e discussões,

relacionadas às atividades extra curriculares. Esse momento foi muito produtivo,

pois pudemos ver professores da rede pública muito compromissados com sua

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profissão e empenhados em oferecer melhores condições aos seus alunos. Foi

possível verificar opiniões sobre o projeto, dizendo que ele propõe que os

educandos mostrem seu potencial, desenvolvendo suas habilidades e trocando

experiências com colegas e professores, fazendo com que desta forma a escola

fique mais perto de seu aluno e tenha a oportunidade de trabalhar uma ação

educativa com qualidade sendo fundamentadas as formações culturais, intelectuais

e sociais não só do aluno como também de seus familiares e professores que estão

em contato direto com ele. Opinaram também a respeito do que a Arte propicia ao

aluno: o contato consigo próprio e a interação com outras pessoas, a partir da

organização e valorização do profissional que possibilita, numa relação de interação

com ele, a curiosidade, autonomia, sensibilidade, capacidade de escolhas e

expressão criadora. Dessa forma e diante da quantidade de informações e da

facilidade de acesso a estas, deve o professor conduzir o aluno de forma que possa

o aprendizado ser mútuo e repleto de experiências marcantes. Aprender é uma

constante e ensinar uma dádiva; dessa forma, o professor deve ter uma prática

pedagógica sólida e com possibilidades reais de sucesso, de maneira a encantar e

transmitir de fato algo que transforme o seu aluno.

Pensando dessa maneira abrangente, pudemos então perceber a real

necessidade de um material didático que pudesse atender todas essas exigências e

necessidades do professor, o protagonista em aplicar atividades de desenho e

pintura que possam trazer para mais perto, o aluno, público alvo da nossa pesquisa.

O caderno didático foi desenvolvido através da pesquisa de técnicas de desenho e

pintura, as quais foram selecionadas vinte técnicas, sendo dez de cada. Cada

técnica foi ilustrada com imagens, algumas cedidas pela autora deste artigo e outras

cedidas pelo artista plástico Paulo Lara. Cada imagem serve de referência para os

possíveis professores da rede pública de ensino como também referencial para os

alunos. A seguir alguns dos exemplos de algumas imagens das técnicas de

desenho, referência do caderno didático:

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1. TÉCNICA LÁPIS GRAFITTE 2. TÉCNICA GIZ PASTEL SECO

3. TÉCNICA LÁPIS DE COR 4. TÉCNICA NANQUIM AGUADA

Ainda abaixo algumas imagens das técnicas de pintura, referência do

caderno didático:

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1. TÉCNICA AQUARELA-PAISAGEM 2. TÉCNICA GUACHE POLICROMIA

3. TÉCNICA MISTA CONTEMPORÂNEA 4. TÉCNICA ACRÍLICA ABSTRATO

Metodologicamente o caderno didático foi aplicado em horário contrário ao

que o aluno estuda no Colégio Estadual Professor Loureiro Fernandes, no período

de setembro a novembro do ano de dois mil e dez, com o público de 15 alunos do

ensino médio, de primeiro, segundo e terceiros anos respectivamente.

Primeiramente, as atividades foram aplicadas na íntegra, uma vez por semana, com

4 aulas no dia, sendo duas técnicas por dia. Inicialmente, foram elaborados

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exercícios com as técnicas de desenho, utilizando: lápis grafite, carvão, lápis de cor,

lápis de cor aquarelável, giz pastel seco e oleoso e nanquim. Numa segunda etapa,

foram aplicadas as técnicas de pintura, iniciando com o Círculo Cromático, para

melhor fixação; já em seguida, as técnicas com guache, tinta acrílica, aquarela e

técnica mista em papelão e acrílica em tela, para finalizar. Os resultados foram

muito significativos, em virtude dos alunos não terem nenhuma identidade com os

materiais que vieram a conhecer no curso, e os efeitos em cada trabalho, muito

surpreendentes, pela criatividade e desempenho individual.

Abaixo exemplos de alguns dos trabalhos realizados pelos alunos do

Colégio Loureiro Fernandes, após aplicação do caderno didático, durante a

implementação:

Aluna: Katerine

Técnica: carvão

Aluna: Sarah

Técnica: lápis de cor

Aluna: Daniele

Técnica: monocromia guache

Aluna: Caroline

Técnica: acrílica policromia sobre tela

Conclusão

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Como resultado desta pesquisa, observa-se a enriquecedora experiência de

ter participado do PDE, fato que nos possibilitou na aquisição de novos

conhecimentos e novas experiências didáticas, aprimoramento das idéias,

finalizando com a criação de um caderno didático, esperando que sua aplicabilidade

seja possível. Desde o início, a pesquisa foi voltada para a importância das Artes

dentro da escola pública, levando-se em conta o grande número de alunos com

potencial direcionado às artes e dispostos a se aprimorar conhecendo novas

técnicas de desenho e pintura. Cada detalhe da pesquisa foi voltado para facilitar o

entrosamento do aluno na escola, pois nesse caso ele deve permanecer por mais

tempo no local.

Estas atividades extra curriculares são importantes para melhorar a

formação do aluno, possibilitando seu crescimento e desenvolvimento de expressão

artística, contribuindo para formar um ser humano melhor, um colega, um indivíduo

que saiba respeitar, ouvir recomendações e críticas, tornando-se por excelência,

alguém que possamos respeitar. Deve também reunir elementos e idéias que irão

formar novos valores éticos modificando rapidamente as iniciativas e opções,

adaptando-se a novas situações de acordo com os limites e circunstâncias.

Referências

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BRASIL. Leis, decretos. Lei n. 9394/96: lei de diretrizes e bases da educação nacional, LDB. Brasília,1996

DERDIK, Edith. Formas de Pensar o Desenho. São Paulo: Ed. Scipione, 2004.

FUSARI, M. F. de R.; FERRAZ, M. H. C. de T. Arte na educação escolar. São Paulo: Cortez, 2000.

HARRISON, H. Desenho e pintura. RS: Edelbra. 1994.

KANDINSKY, W. Ponto e linha sobre plano. Lisboa. 12ª edição. Edições 70.1992.

PARANÁ, Arte/ Vários autores. – Curitiba: SEED-PR, 2006. – 336 p.

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PARANÁ, Diretrizes curriculares para o ensino da Arte, Curitiba: SEED-PR, 2006.

OSTROWER,F.Criatividade e Processos de Criação. Petrópolis: Ed.Vozes,2008

OSTROWER, F. Universos da arte. Rio de Janeiro: Elsevier Editora, 2004.