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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
APOIO INSTITUCIONAL À INCLUSÃO DE ALUNOS COM
NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS, COM ÊNFASE NA
INCLUSÃO DE ALUNO SURDO E OS MECANISMOS
UTILIZADOS PELA ESCOLA.
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
FACULDADE ESTADUAL DE CIÊNCIAS E LETRAS DE CAMPO MOURÃO E
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
Professora PDE: CELIA DE FATIMA SANTIAGO CORREIA
Área: Educação Especial
APOIO INSTITUCIONAL À INCLUSÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES
EDUCACIONAIS ESPECIAIS, COM ÊNFASE NA INCLUSÃO DE ALUNO
SURDO E OS MECANISMOS UTILIZADOS PELA ESCOLA.
Material Didático-Pedagógico apresentado ao Programa
de Desenvolvimento Educacional – PDE da Secretaria de
Estado da Educação do Paraná, sob a orientação da Profª.
Mestre Evaldina Rodrigues.
Campo Mourão
2009/2011
APRESENTAÇÃO....................................................................................................... 04
1. UNIDADE I: A INCLUSÃO ESCOLAR...................................................05
2. UNIDADE II: A REDE DE APOIO...........................................................10
3. UNIDADE III: O QUE É LIBRAS............................................................17
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO..................................................................................28
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................29
O objetivo deste material didático, que se constitui como Caderno Pedagógico, é
de apresentar possibilidades de um trabalho com os alunos de uma turma de 6ª série B
da Escola Estadual Vila Rica do Espírito Santo Ensino Fundamental, no município de
Fênix, a partir de estudos sobre a inclusão de alunos com necessidades educacionais
especiais, com ênfase na inclusão de aluno surdo, e os mecanismos utilizados pela
escola para dar apoio a esta inclusão, considerando-se que todos os alunos devem ser
conscientizados, instruídos e preparados para saber lidar com as diferenças.
Como a inclusão já se faz presente na escola este Material Didático procura
enfatizar a importância de oportunizar aos alunos uma conscientização acerca da
questão que se apresenta, pois é muito importante que todos sejam guiados pela ética,
solidariedade, respeito às diferenças e diversidade das pessoas.
Uma educação verdadeiramente inclusiva envolve a todos e deve ser uma
realidade em todas as escolas. Considerando-se que a Constituição Federal de 1988
(art.208, inciso III ) assegura que o Estado deve garantir atendimento educacional
especializado àqueles que apresentam necessidades educacionais especiais (Res. 2/01),
preferencialmente na rede regular de ensino, e que com a LDBEN (Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional) 9394/96, o processo de inclusão deve provocar uma
transformação da escola, exigindo uma ruptura definitiva com o modelo tradicional de
ensino, torna-se imprescindível uma estrutura que garanta apoio à prática do professor
como recursos didáticos adequados, materiais de consulta e apoio pedagógico para a
realização de um trabalho mais efetivo.
Porém, mais que isso, considerando-se que a educação é direito de todos, é dever
do Estado promovê-la de modo que todos a ela tenham acesso. Para que isso se efetive a
escola deve estar adaptada com recursos arquitetônicos, humanos e pedagógicos.
Este tema merece consideração porque, ao debater a inclusão em escolas
regulares e se as mesmas encontram-se preparadas, com estrutura adequada e ambiente
especializado, para o acesso e permanência dos alunos com necessidades educacionais
especiais, envolve todas as instâncias da comunidade escolar, criando maiores
possibilidades para que isto venha ocorrer efetivamente.
4
Para que aconteça a inclusão escolar é necessário uma reformulação significativa
das estruturas do sistema escolar. É necessário buscar o desenvolvimento de novas
estratégias que viabilizem a construção de uma escola para todos.
A inclusão é um processo dinâmico que implica em considerar as mudanças de
atitudes e muitas reflexões em torno de sua operacionalização na escola e na sociedade.
A escola inclusiva, isto é, a escola para todos deve estar inserida num mundo
inclusivo onde as desigualdades não atinjam os níveis alarmantes com os quais temos
deparado na sociedade.
Em nossas escolas, para que o ideal da integração de todos ou da não exclusão
de alguns, se torne realidade, deve-se trabalhar todo o contexto onde a integração deve
ocorrer, para que dê certo. Do contrário, corre-se o risco de prejudicá-la e contribuir
para mais preconceitos em torno dos deficientes.
Na perspectiva da compreensão de igualdade e dignidade de todas as pessoas, a
Constituição apresenta mecanismos jurídicos para integração das pessoas com NEE na
sociedade.
Para que as normas de apoio citadas na Constituição Federal (1988) se
concretizem com relação à inclusão social das pessoas com NEE é necessário o
empenho dos órgãos de representatividade, inclusive a escola e toda a sua comunidade
escolar. Os órgãos de representatividade deverão proporcionar às escolas, recursos
arquitetônicos, com recursos didáticos adequados e apoio pedagógico para a realização
de um trabalho mais efetivo.
A LDB nº 9394/96, no artigo 58, entende por dar apoio especializado na rede
regular de ensino para os alunos com necessidades educacionais especiais, procurar
atender as suas peculiaridades, proporcionando-lhes condições de integração nas salas
5
regulares e , quando isso não for possível, agilizar a abertura de salas de apoio e sala de
recursos para garantir a permanência desses alunos na escola.
A atenção à diversidade é um princípio comprometido com a equidade, ou seja,
com o direito de todos os alunos realizarem as aprendizagens fundamentais para seu
desenvolvimento e socialização.
A escola deve assegurar uma resposta adequada às necessidades educacionais de
todos os seus alunos, em seu processo de aprender, buscando implantar os serviços de
apoio especializado necessários, oferecidos preferencialmente no âmbito da própria
escola.
É sabido que a inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais nas
escolas regulares ou comuns está garantida por leis. Basta que, nos próximos anos, as
escolas se preparem com estruturas adequadas, pessoas especializadas, materiais e
equipamentos adequados, para oferecer melhores condições de desenvolvimento e
aprendizagem desses alunos, visando uma educação igualitária para todos.
6
- Inicialmente será aplicado um questionário para os alunos da 6ª série B visando
uma avaliação diagnóstica sobre o conhecimento dos mesmos acerca da inclusão e
utilização da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS).
1). O que você entende por inclusão na escola ?R...........................................................................................................................................
2). Em nossa escola acontece a educação Inclusiva?R...........................................................................................................................................
3) . Você conhece a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS)?R..........................................................................................................................................
4). Esta linguagem é útil para a comunicação com pessoas surdas?R..........................................................................................................................................
5). Os professores possuem conhecimento e sabem utilizar a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS)?R..........................................................................................................................................
- Apresentação do Filme “ O Guardião de Memórias” para os alunos com vistas a
despertar a sensibilização acerca da inclusão.
7
O Guardião de Memórias é uma fascinante história sobre vidas paralelas,
famílias separadas pelo destino, segredos do passado e o infinito poder do amor
verdadeiro. Inverno de 1964. Uma violenta tempestade de neve obriga o Dr. David
Henry a fazer o parto de seus filhos gêmeos. O menino, primeiro a nascer, é
perfeitamente saudável, mas o médico logo reconhece na menina sinais da síndrome de
Down. Guiado por um impulso irrefreável e por dolorosas lembranças do passado, Dr.
Henry toma uma decisão que mudará para sempre a vida de todos e o assombrará até a
morte: ele pede que sua enfermeira, Caroline, entregue a criança para adoção e diz à
esposa que a menina não sobreviveu. Tocada pela fragilidade do bebê, Caroline decide
sair da cidade e criar Phoebe como sua própria filha. E Norah, a mãe, jamais consegue
se recuperar do imenso vazio causado pela ausência da menina. A partir daí, uma
intrincada trama de segredos, mentiras e traições se desenrola, abrindo feridas que nem
o tempo será capaz de curar. A força deste filme não está apenas em sua construção bem
amarrada ou no realismo de seus personagens, mas, principalmente, na sua capacidade
de envolver o expectador. Com uma trama tensa e cheia de surpresas, O Guardião de
Memórias vai emocionar e mostrar o profundo - e às vezes irreversível - poder de
nossas escolhas.
RESPONDA ÀS QUESTÕES SOBRE O FILME “ O GUARDIÃO DE
MEMÓRIAS”
1)- O que levou o pai das crianças a mentir para sua esposa sobre o nascimento da
menina?
R-.........................................................................................................................................
2)- O que ele fez com a menina logo após seu nascimento?
R-.........................................................................................................................................
3)- Em que esta atitude resultou para sua vida?
R-.........................................................................................................................................
4)- Para onde a enfermeira leva a menina para criá-la?
R-.........................................................................................................................................
5)- Por que o filme tem o título “O guardião de memórias”?
R-.........................................................................................................................................
6)- Qual a parte do filme que você considera mais interessante?
R-........................................................................................................................................
8
7)- O que você pensa sobre a atitude do pai da menina?
R.........................................................................................................................................
8)- O pai da menina teria percebido sua deficiência no momento do nascimento se ela
fosse surda?
R-.........................................................................................................................................
9
Por rede de apoio entende-se em um conjunto de serviços e apoios
especializados, cujo objetivo é o de ofertar atendimento para alunos com necessidades
educativas especiais. Para este trabalho especializado devem ser colocados à disposição
das escolas, de acordo com a necessidade de atendimento: Professor com habilitação ou
especialização em Educação Especial; Professor – intérprete; Professor itinerante;
Professor de apoio permanente em sala de aula; Instrutor de Língua Brasileira de Sinais
– Libras; Recursos técnicos, tecnológicos, físicos e materiais específicos; Salas de
Recursos e Centros de Atendimento Especializado.
O atendimento educacional especializado deve estar disponível em todos os
níveis de ensino escolar, de preferência nas escolas comuns da rede regular. Este é o
local mais adequado para se garantir o relacionamento dos alunos e para a estimulação
de todo o tipo de interação que possa beneficiar seu desenvolvimento cognitivo, motor,
afetivo.
O trabalho da Educação Especial deve assegurar a todos os alunos com
necessidades educacionais especiais o acesso à escolaridade, removendo barreiras que
impedem a freqüência desses alunos às classes comuns do Ensino Regular. Com todo
este suporte os alunos com necessidades educacionais especiais podem ser incluídos,
com sucesso, nas escolas regulares.
Os serviços de apoio pedagógico especializado devem ser realizados no
ambiente da sala de aula, ou em contra turno, ofertando-se para isso todos os recursos
necessários: humanos, técnicos, tecnológicos, físicos e materiais. O objetivo é o de
possibilitar o acesso e a complementação do currículo comum ao aluno.
10
O PARECER 13/2009 e a RESOLUÇÃO nº 4, de 02 de outubro de 2009
instituíram as Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado
na Educação Básica, modalidade Educação Especial: os sistemas de ensino devem
matricular os alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades/superdotação nas classes comuns do ensino regular e ofertar o
Atendimento Educacional Especializado - AEE, e promover as condições para que eles
possam ter o seu desenvolvimento em classe comum.
Intérprete de Libras/língua portuguesa
O intérprete de Libras é o profissional que dá suporte pedagógico, cabendo ao
professor da turma a responsabilidade pela aprendizagem do aluno.
Instrutor surdo de Libras –
Este profissional desenvolve atividades acerca do ensino e difusão da Língua
Brasileira de Sinais – Libras e questões socioculturais da surdez na comunidade escolar.
Escolas para Surdos –
São serviços de apoio que oferecem atendimento em contra turno em horários
diferenciados por intermédio de professores especializados,como também terapêutico
por fonoaudiólogos (terapia de fala, indicação e adaptação de próteses, estimulação
auditiva entre outros) e/ou assistencial, através de psicólogo e/ou assistentes sociais.
Professor de apoio permanente –
Este profissional atua em sala de aula, atendendo os alunos com deficiência
física/neuromotora acentuada, com dificuldades na fala e escrita, tanto no ensino
fundamental quanto no médio..
Sala de Recursos (1ª a 4ª e 5ª a 8ª séries)
Serviço especializado de natureza pedagógica que apoia e complementa o
atendimento educacional realizado em classe comum utilizando equipamentos e
11
materiais específicos, voltado ao atendimento especializado de alunos que apresentam
problemas de aprendizagem com atraso acadêmico significativo, distúrbio de
aprendizagem e/ou deficiência mental, condutas típicas e superdotação.
Serviços Itinerantes:
Na educação infantil, como no Ensino Fundamental os serviços de apoio
pedagógico especializado poderão ser desenvolvido por professor itinerante
especializado em educação especial que participará da observação e do
acompanhamento do processo de desenvolvimento e aprendizagem nas atividades
escolares, avaliará e ajudará a elaborar objetivos, a delinear os conteúdos, as estratégias
e procedimentos relativos à dinâmica da sala de aula e de toda a rotina escolar. Inclui-
se, nessa forma de apoio pedagógico especializado, o professor intérprete das
linguagens e códigos necessários á aprendizagem, à comunicação e locomoção. Cumpre
ressaltar que por itinerância entende-se o profissional que percorre as escolas que
atendem alunos com necessidades especiais em todas as modalidades.
Centro de Atendimento Especializado – CAE
É destinado ao apoio especializado de natureza pedagógica nas áreas da
deficiência física, visual e da surdez, que complementa a escolarização de alunos
matriculados na Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio e Educação de Jovens
e Adultos. Os CAEs têm a mesma função e natureza das salas de recursos; a diferença é
que, neste serviço, não há limite de idade para atendimento.
Centro de Apoio Pedagógico para atendimento às pessoas com deficiência visual
(CAP)
No Paraná são 5 (cinco) unidades de serviço responsáveis pela oferta material
pedagógico transcrito em braille para alunos cegos e material com caracteres ampliado
aos alunos com baixa visão, matriculados na Educação Básica. São oferecidos, também,
materiais e equipamentos para o atendimento às especificidades de cada área da
deficiência, tais como: máquina Perkins, softwares específicos (Virtual Vision, Dos
Vox, Jaws) recursos ópticos (luminária, lupa, telelupa) e kits de baixa visão.
Serviços especializados
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Os serviços especializados são subdivididos em: Classe Especial – os
estabelecimentos de ensino regular poderão criar, sempre que necessário, classes
especiais, nas áreas ou ciclos iniciais do Ensino Fundamental, cuja organização
fundamente-se na legislação vigente, em caráter transitório, a alunos que apresentem
casos graves de deficiência mental ou múltipla deficiência que precisam de ajuda e
apoio intensos e contínuos que a classe comum não consiga atender e condutas típicas
de síndromes e quadros psicológicos neurológicos ou psiquiátricos. Para
encaminhamento dos alunos é assegurada avaliação, realizada por equipe
multiprofissional.
Classes de educação bilíngüe – Programa de Escolaridade Regular com
Atendimento Especializado – PERAE (Res. 963/93)
Esse serviço destina-se a alunos matriculados nas séries iniciais (1ª a 4ª) do
Ensino Fundamental e caracteriza-se pela formação de turmas compostas
exclusivamente por surdos, no contexto da escola regular. Para autorização de
funcionamento, deve-se constatar um número significativo de alunos surdos, usuários
da Libras, como meio de comunicação, em uma mesma série/ciclo, professor
especializado bilíngüe e espaço físico adequado.
Escolas Especiais
Prestam atendimento pedagógico especializado, exclusivamente para alunos com
graves comprometimentos, múltipla deficiência ou condições de comunicação e
sinalização diferenciadas.
Escola de Educação Especial para Surdos com Educação Básica
Escolas para surdos com autorização para a oferta de Educação Infantil, Ensino
Fundamental e/ou Ensino Médio, além da possibilidade de realização de atendimentos
complementares de outra natureza (fonoaudiologia, psicologia, assistência social entre
outros). O critério básico para seu funcionamento é o desenvolvimento da proposta de
educação bilíngüe, por meio da constituição de equipe técnico-pedagógica com
domínio da Libras. O currículo a ser seguido será o mesmo do Estabelecimento,
mediante a utilização da língua de sinais como língua de instrução e interação. A língua
portuguesa, em sua modalidade escrita, será ofertada como Segunda língua.
13
Programa de intervenção precoce
Para a consolidação do projeto de inclusão torna-se indispensável a criação de
serviços de intervenção precoce que tenham por objetivo o desenvolvimento integral do
suporte à família e a inclusão dessas crianças.
Classe Hospitalar
A classe hospitalar é um serviço destinado a prover, mediante atendimento
especial, a educação escolar a alunos impossibilitados de freqüentar as aulas em razão
de tratamento de saúde que implique internação hospitalar ou atendimento ambulatorial
Atendimento Domiciliar
O atendimento domiciliar é um serviço destinado a oferecer orientações à
família sobre o processo de desenvolvimento e aprendizagem de alunos que estejam
impossibilitados de frequentar o programa de intervenção precoce e/ou a educação
infantil, em função de tratamento de saúde que implique em permanência prolongada
em domicílio.
SALA DE RECURSO MULTIFUNCIONAL E PROFESSOR ITINERANTE
As salas de recursos multifuncionais diferenciam-se dos espaços
tradicionalmente organizados, sendo assim, o direito à escolarização em classes comuns
do ensino regular deve ser garantido aos alunos com necessidades educacionais
especiais bem como o atendimento educacional especializado é assegurado nas salas de
recursos multifuncionais.
O professor itinerante ganha novos espaços, além de percorrer escolas
orientando professores, alunos, equipe pedagógica, famílias. Também faz itinerância
dentro de algumas escolas do ensino fundamental, e EJA auxiliando, atendendo alunos
surdos , cegos, deficientes físicos, assistidos por professores da rede regular e buscando
estratégias teórico-metodológicas que auxiliem no atendimento desses alunos.
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- Leitura, discussão, reflexão e conscientização sobre as questões inerentes ao aluno
surdo em sua convivência no espaço escolar e social
- Leitura do poema Mundo Surdo:
Mundo Surdo
Fala! Não te ouçoVivo em um mundo paralelo
De gestos e pensamentosQue tomam conta de meu serVivo em um mundo paralelo
Ás vezes falo ninguém escuta.Sou eu que sou surda? Ou são os outros
Que fingem me ouvir mas sem nada entenderVivo em um mundo paralelo
Sem som, nem canção, sem acordes nem notasApenas um grande silencio
Que me segueAonde quer que eu vá
Vivo em um mundo surdoAonde os sons que ouço são gestos e expressões
Sou eu que sou surda.
Danielly Caldashttp://portal.mec.gov.br
- Vídeo: Consciência Surdahttp://www.youtube.com/watch?v=eTK6RahiBQg
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- Produção de relatórios sobre o poema lido e o vídeo.
- Leitura, discussão e análise sobre a importância das redes de apoio visando a inclusão educacional.
- Vídeo: Construir uma Escola Inclusiva - Tijolos de Sonho http://www.youtube.com/watch?v=dqpkZ0Gz59Y&feature=related
16
A inclusão dos surdos não envolve apenas as pessoas que apresentam esta
necessidade educacional especial, mas também todos que de um modo ou de outro estão
envolvidos com eles, sendo um. meio necessário para a formação de sua plena
cidadania.
No ano de 2009, a Escola Estadual Vila Rica do Espírito Santo EF locus desta
intervenção, deparou-se com a seguinte demanda: uma menina surda solicitando
matrícula. Diante às incertezas ficou configurado uma das barreiras na educação dos
surdos, constatado pelo despreparo no momento de atendimento.
A realidade evidenciou que era imprescindível a capacitação na Língua
Brasileira de Sinais (LIBRAS) como ponto de partida para a interação entre surdos e
ouvintes. Entretanto as indagações continuaram: a escola considerada inclusiva não
deveria estar receptiva a romper essas barreiras?
Com o objetivo de encontrar caminhos e, partindo do pressuposto de que
desconhecendo a situação tornam-se inconsistentes as ações e encaminhamentos, a
proposta deste projeto direciona seu foco aos ouvintes e não aos surdos.
17
Conforme contemplado no Parecer nº17/2001–CNE/CEB, é direito da pessoa
surda, como de todos os cidadãos, sentir-se e perceber-se parte integrante da vida social.
E, em consonância com os pressupostos filosóficos da inclusão, não é somente o aluno
que se adapta à escola, mas é fundamental que a comunidade escolar esteja consciente
de sua função, revendo seus conceitos filosóficos e ideológicos, respeitando a
diversidade cultural e concomitantemente atendendo as necessidades de forma que,
gradativamente, o ensino possa ir se adaptando a nova realidade educacional e social.
A Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) é contemplada no Decreto Federal nº.
5626/05:
A importância das LIBRAS como meio de comunicação para os surdos, e ser assegurado a todos os surdos o acesso ao ensino na língua de sinais de seu país. Face às necessidades especificas de comunicação de surdos e de surdos – cegos, seria mais conveniente que a educação lhes fosse ministrada em escolas especiais ou em classes ou unidades especiais nas escolas comuns.
Prescreve em seu Art. 1º que
As instituições federais de ensino devem garantir obrigatoriamente às pessoas surdas acesso à comunicação, à informação e à educação nos processos seletivos, nas atividades e nos conteúdos curriculares desenvolvidos em todos os níveis, etapas e modalidades de educação, desde a educação infantil até o superior,
Já no inciso V, aponta para a necessidade de se apoiar, na comunidade escolar, o
uso e a difusão de Libras entre professores, alunos, funcionários, Direção das escolas e
familiares, inclusive por meio da oferta de cursos. Em relação ao Art. 25, inciso VIII, dá
orientações à família sobre as implicações da surdez e sobre a importância para a
criança com perda auditiva ter, desde seu nascimento, acesso a Libras e a Língua
Portuguesa. (Decreto nº. 5626/05-CNE/CEB, 2005).
Assim, no desafio atual de garantir a todos acesso ao conhecimento
historicamente construído, e buscando a superação das diferenças sob os princípios da
preservação da dignidade humana, Skliar (2005, p. 30) concebe a pessoa surda como:
[...] um sujeito social que tem em si impressas as diferenças individuais, as influências sociais, educacionais, culturais e históricas que compõem as sutilezas de seu cotidiano e que necessita de referências lingüísticas na constituição de seu ser social [...] Apoiando-nos na idéia de qualidade, compensação e caracterização positiva do déficit, é válido afirmar que o modelo sócio-antropológico da surdez e a educação bilíngüe refletem e respondem às próprias bases da teoria sócio-histórica do psiquismo humano.
18
Como em qualquer língua, a aprendizagem da Língua de Sinais pelos surdos
depende da interação com seus usuários. Nesse sentido vale destacar ser imprescindível
que a criança surda tenha acesso e convívio o mais cedo possível, pois como destaca
(BRUNER 1984, apud SKLIAR, 2006, p.92) [...] uma criança primeiro deve saber
para que serve uma língua, conhecer os significados que fazem referência ao mundo e,
por último, organizar as formas corretas de construção gramatical.
Compartilhando a importância da Língua de Sinais para os surdos, Lopes (2006,
p.72) enfatiza que a língua de sinais, é um elemento mediador entre o surdo e o meio
social em que vive. Por intermédio dela, os surdos demonstram suas capacidades de
interpretação do mundo desenvolvendo estruturas mentais em níveis mais elaborados.
Para tanto se torna necessária a reestruturação das diretrizes educacionais e
institucionais agregadas e a revisão das práticas pedagógicas visando romper as
barreiras atitudinais e pedagógicas.
No entanto se faz necessário salientar, que o objetivo deste estudo não se tratou
de instrumentalizar a comunidade escolar de forma sistematizada, mas promover por
meios de reflexões coletivas a difusão da relevância e necessidade da Língua de Sinais
no processo de inserção educacional e social dos surdos.
Sob os princípios da preservação da dignidade humana, da busca da identidade e
do exercício da cidadania, em consonância com o Decreto Federal nº. 5626/05, em seu
artigo 14, inciso V que determina o uso e a difusão de Libras entre professores, alunos,
funcionários, direção da escola e familiares, inclusive por meio da oferta de cursos,
torna-se necessário que a escola em sua função social, possibilite o acesso e a garantia
às pessoas que dela necessitam.
Assim, sendo o propósito deste trabalho discutir a inclusão dos alunos surdos é
fundamental para compreendermos o presente, visualizando assim, outras possibilidades
de ações futuras.
19
As Línguas de Sinais (LS) são as línguas naturais das comunidades surdas. Ao
contrário do que muitos imaginam, as Línguas de Sinais não são simplesmente mímicas
e gestos soltos, utilizados pelos surdos para facilitar a comunicação. São línguas com
estruturas gramaticais próprias.
Atribui-se às Línguas de Sinais o status de língua porque elas também são
compostas pelos níveis lingüísticos: o fonológico, o morfológico, o sintático e o
semântico.
O que é denominado de palavra ou item lexical nas línguas oral-auditivas são
denominados sinais nas línguas de sinais.
O que diferencia as Línguas de Sinais das demais línguas é a sua modalidade
visual-espacial. Assim, uma pessoa que entra em contato com uma Língua de Sinais irá
aprender uma outra língua, como o Francês, Inglês etc. Os seus usuários podem discutir
filosofia ou política e até mesmo produzir poemas e peças teatrais.
Sinais
Os sinais são formados a partir da combinação da forma e do movimento das
mãos e do ponto no corpo ou no espaço onde esses sinais são feitos. Nas línguas de
sinais podem ser encontrados os seguintes parâmetros que formarão os sinais:
-Configuração das mãos: São formas das mãos que podem ser da datilologia (alfabeto
manual) ou outras formas feitas pela mão predominante (mão direita para os destros ou
esquerda para os canhotos), ou pelas duas mãos.
-Os sinais DESCULPAR, EVITAR e IDADE, por exemplo, possuem a mesma
configuração de mão (com a letra y). A diferença é que cada uma é produzida em um
ponto diferente no corpo.
-Ponto de articulação: é o lugar onde incide a mão predominante configurada, ou seja,
local onde é feito o sinal, podendo tocar alguma parte do corpo ou estar em um espaço
neutro.
-Movimento: Os sinais podem ter um movimento ou não. Por exemplo, os sinais
PENSAR e EM-PÉ não têm movimento; já os sinais EVITAR e TRABALHAR
possuem movimento.
20
Expressão facial e/ou corporal: As expressões faciais / corporais são de fundamental
importância para o entendimento real do sinal, sendo que a entonação em Língua de
Sinais é feita pela expressão facial.
-Orientação/Direção: Os sinais têm uma direção com relação aos parâmetros acima.
Assim, os verbos IR e VIR se opõem em relação à direcionalidade.
Convenções de LIBRAS
A grafia: os sinais em LIBRAS, para simplificação, são representados na
Língua Portuguesa em letra maiúscula. Ex.: CASA, INSTRUTOR.
A datilologia (alfabeto manual): usada para expressar nomes de pessoas, lugares
e outras palavras que não possuem sinal, é representada pelas palavras separadas por
hífen. Ex.: M-A-R-I-A, H-I-P-Ó-T-E-S-E.
Os verbos: são apresentados no infinitivo. Todas as concordâncias e conjugações
são feitas no espaço. Ex.: EU QUERER CURSO.
As frases: obedecem à estrutura da LIBRAS, e não à do Português. Ex.: VOCÊ
GOSTAR CURSO? (Você gosta do curso?)
Os pronomes pessoais: são representados pelo sistema de apontação. Apontar em
LIBRAS é culturalmente e gramaticalmente aceito. (www.libras.org.br/libras).
21
Desenhos: Cristiano Koyamahttp://www.ecs.org.br/site/interna/Cur_alfabeto.aspxacesso em 27/05/10
22
- Apresentação da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Leitura e explicação
com a utilização de DVD- Curso Básico de LIBRAS.
- Apresentação do Hino Nacional em LIBRAS- utilização de DVD.
- Apresentação do DVD “ Contando histórias em LIBRAS: Clássicos da
Literatura Mundial”;
- Confecção de uma cartilha pelos alunos utilizando-se da Língua Brasileira de
Sinais. Os alunos produzem o alfabeto e escrevem seus nomes utilizando os
sinais de LIBRAS.
-Apresenta-se o filme “Meu nome é Jonah”.
Este filme retrata várias situações de rejeição, entre elas a da sociedade - o
24
preconceito - a falta de informação da família e a da sociedade daquela época, dos
médicos que erram no diagnóstico e o principal de tudo, ausência de informação e
conhecimento sobre a criança surda e sua adaptação ao meio social.
QUESTÕES SOBRE O FILME : Meu nome é Jonah
1)- Quando o menino Jonah era pequeno, como o mesmo foi diagnosticado pelo médico da família?R...........................................................................................................................................2)- Após ficar internado por mais de três anos no hospital sendo tratado como retardado, o que o médico constatou ?R-......................................................................................................................................... 3)- Quando Jonah foi aprender a jogar beisibol com o pai e o irmão, como ele foi tratado pelos outros jogadores?R- ........................................................................................................................................4)- Quem descobriu que Jonah era surdo?R- .......................................................................................................................................5)- Quais eram as regras para ensinar o surdo a se comunicar no Instituto do Surdo?R- .......................................................................................................................................6)- O menino Jonah usava aparelho de surdez?Descreva-o.R- ......................................................................................................................................7)- Como a mãe de Jonas se sentia inicialmente com a descoberta da surdez de Jonah?R- ......................................................................................................................................8)- O pai de Jonah aceitou a surdez de Jonah ?R- ..........................................................................................................................................................................................................................................................................................9)- Quem foi a pessoa que mais lutou pelo progresso de Jonah?R- ........................................................................................................................................
10)- Onde a mãe de Jonah o levou para tentar se comunicar?R- ........................................................................................................................................
11)- Para que serve um intérprete de LIBRAS?R-......................................................................................................................................... 12)-Quem ensinou Jonah a se comunicar por sinais?R- ........................................................................................................................................13)- Jonah conseguiu se desenvolver e se comunicar com a língua de sinais?R- ........................................................................................................................................
25
James Leeds (William Hurt) é um professor especializado no trabalho com
pessoas com deficiência auditiva. Não se trata de um profissional qualquer, pelo
contrário, a partir das vivências e experiências anteriores (entre as quais se inclui ter
trabalhado com música numa rádio), Leeds diferencia-se por sua prática inovadora,
alegre e que propõe desafios contextualizados aos seus alunos.
Não se trata simplesmente de tentar promover entre os alunos a aprendizagem da
fala apesar de suas evidentes deficiências. Seu trabalho pretende predispor os estudantes
a ativar e realizar suas potencialidades motivados pelas possibilidades provenientes do
exercício dessa capacidade. Leeds acredita com sinceridade que ao aprender a falar seus
alunos surdos poderão se integrar mais fácil e rapidamente a sociedade.
A escola a qual se integra ao corpo docente reconhece suas qualidades apesar de
estranhar algumas de suas práticas. O tempo irá comprovar sua eficiência e a qualidade
de seus métodos. Apesar disso, Leeds irá sofrer muito mais com a resistência da bela e
jovem Sarah (Marlee Matlin, atriz que sofre de deficiência auditiva e que foi premiada
com o Oscar por sua atuação nesse filme) a suas idéias.
Sarah é uma ex-aluna que se tornou funcionária dessa escola e que se recusa a aceitar o
auxílio prestimoso de Leeds. O encontro entre os dois supera a relação de aprendizagem
e se estabelece como um romance. Será possível superar as barreiras impostas pela
história de vida ao desenvolvimento de Sarah a partir do amor? Quem nessa relação não
quer escutar os anseios do outro, Leeds ou Sarah?
Filhos do Silêncio é um filme que parece muito além de seu tempo por
apresentar uma prática pedagógica contextualizada e diferenciada ao mesmo tempo em
que discute a questão das necessidades especiais a partir do caso dos surdos-mudos.
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QUESTÕES PARA SEREM RESPONDIDAS ACERCA DO FILME “OS FILHOS DO SILÊNCIO”
1)- Você considera importante que os professores, coordenadores, orientadores, diretores e funcionários têm que aprender a linguagem de sinais? Por quê?
R.....................................................................................................................................
2) - O que o professor Leeds vivido pelo ator William Hurt nos ajuda a ver através de suas práticas e ações?
R.....................................................................................................................................
3) - Qual é a importante lição que o filme nos transmite?
R.....................................................................................................................................
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Os alunos serão avaliados através da realização de leitura compreensiva de
textos, da localização de informações explícitas e implícitas no texto, através de seu
posicionamento argumentativo e pela ampliação de seu horizonte de expectativas.
Inicialmente será feita uma avaliação diagnóstica para percepção objetivo de verificar
como encaram a inclusão de alunos com necessidades especiais, com ênfase no aluno
surdo e os demais tipos de inclusão na escola.
Espera-se que os alunos realizem leitura, discussão, reflexão e se conscientizem
sobre as questões inerentes ao aluno surdo em sua convivência no espaço escolar e
social. Como instrumento de avaliação serão produzidos relatórios; Confecção de uma
cartilha utilizando-se da Língua Brasileira de Sinais. Os alunos produzirão o alfabeto e
escreverão seus nomes utilizando os sinais de LIBRAS.
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AJA. Associação do Jovem Aprendiz. O que é Libras. Site: www.libras.org.br/libras.
Acesso dia 16 de fevereiro de 2010.
BRASIL. Ministério da Educação. Saberes e Práticas da Inclusão. Ensino
Fundamental.Brasília. Secretaria de Educação Especial. 2005.
BRASIL. Ministério da Educação. Saberes e Práticas da Inclusão. Educação Infantil..
Brasília. Secretaria de Educação Especial. 2005.
BRASIL. DECRETO n. 5.626/05 - Regulamenta a Lei 10.436 que dispõe sobre a
Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS. Disponível em: www.libras.org.br/leilibras.htm.
Acesso em: 07 de jun. de 2008.
BRASIL. PARECER CNE /CEB N} 13/2009. Brasília: MEC/CNE, 2009. BRASIL.
BRASIL. RESOLUÇÃO Nº 4, de 02 de outubro de 2009. Brasília: MEC/CNE/CEB,
2009.
BRASIL. RESOLUÇÃO CNE/CEB N. 01/02 e DEL. CEE 02/03. Brasília. 2002.
PARANÁ. CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO PARANÁ. LEI n º 12095/98 –
LIBRAS.
Site: www.diaadia.pr.gov.br. Acesso dia 02 de fevereiro de 2010.
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