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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
Fundação Universidade Estadual de Maringá
MATERIAL DIDÁTICO: CADERNO DIDÁTICO
ÁREA: Língua Portuguesa NOME DA PROFESSORA PDE: Gisela Manoel Santos NOME DA ORIENTADORA: Profª. Drª. Cristiane Carneiro Capristano
2010
2
1. IDENTIFICAÇÃO
1.1 ÁREA: Língua Portuguesa
1.2 PROFESSORA PDE: Gisela Manoel Santos
1.3 PROFESSORA ORIENTADORA: Profª Drª Cristiane Carneiro Capristano
1.4 IES VINCULADA: Universidade Estadual de Maringá
1.5 NRE: Maringá
1.6 ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÃO: Colégio Estadual Jardim Panorama- Ensino
Fundamental e Médio
1.7 PÚBLICO OBJETO DA INTERVENÇÃO: Alunos do 2º ano do Ensino Médio
1.8 PROJETO: PDE 2009
2. TEMA DE ESTUDO DA INTERVENÇÃO : A Relação Fala e Escrita na
Perspectiva do Gênero do Discurso.
3. TITULO : A Relação Fala e Escrita em Práticas Discursivas.
4. MATERIAL DIDÁTICO SELECIONADO : Unidade Didática
2010
3
SUMÁRIO
0. INTRODUÇÃO_______________________________________________4
1. OBJETIVO GERAL___________________________________________4 2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS___________________________________5
3. METODOLOGIA_____________________________________________5
4 AVALIAÇÃO OU ACOMPANHAMENTO_______________________6
5. RESULTADOS ESPERADOS__________________________________ 8
6. RECURSOS A SEREM UTILIZADOS___________________________8
7. UNIDADE DIDÁTICA_________________________________________8
7.1. Atividade 01: gênero discursivo____________________________ 8
7.2. Atividade 02: entrevista__________________________________ 12
7.3. Atividade 03: característica da entrevista televisionada________14
7.4. Atividade 04: característica da entrevista radiofônica_________ 18
7.5. Atividade 05: característica da entrevista escrita______________20
7.6. Atividade 06: como elaborar uma entrevista_________________23
7.7. Atividade 07: pesquisa sobre o conteúdo da entrevista_________24
7.8. Atividade 08: elaborando uma entrevista____________________25
7.9. Atividade 09: as diferenças entre a fala e a escrita_____________26
7.10. Atividade 10: como transcrever____________________________ 29
7.11. Atividade 11: transcrevendo as entrevistas___________________33
7.12. Atividade 12: retextualização______________________________ 34
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS____________________________ 39
4
0. INTRODUÇÃO
Esta Unidade Didática tem como escopo viabilizar o projeto A relação fala e
escrita na perspectiva dos gêneros do discurso (doravante, apenas Projeto).
Parece consenso entre os estudiosos que, na grande maioria das escolas
brasileiras, trabalha-se muito com a escrita, mas a oralidade fica em segundo plano e,
quando trabalhada, é de maneira equivocada, condicionando a fala a uma modalidade da
língua descontextualizada. Portanto, a proposta desta Unidade Didática será realizar
uma interface entre essas duas modalidades, não como opostas, mas como
complementares, refletindo sobre a visão dicotômica que existe de que a fala é
descontextualizada e a escrita não, uma vez que as duas podem ser realizadas de forma
interativa no contexto das práticas sociais e culturais.
A preocupação principal é a de contribuir para um aprofundamento das práticas
de oralidade realizadas em sala de aula, assim como favorecer toda uma reflexão sobre
as práticas pedagógicas existentes, promovendo uma contribuição para uma mudança de
postura com relação à visão que se tem sobre a relação fala e escrita. Pretende-se,
igualmente, permitir que o aluno reflita e aprenda sobre os gêneros discursivos e sobre
as variedades linguísticas presentes nas diversas esferas sociais de comunicação.
Sendo assim, procuraremos desenvolver atividades que visem a provocar a
reflexão, o aprendizado e a tomada de atitude, tanto do aluno quanto do professor, em
relação às práticas de oralidade imbricadas com a escrita.
O tema a ser desenvolvido no material didático que implementa o projeto acima
referenciado será as relações fala e escrita presentes em práticas discursivas. Para tanto,
selecionamos o gênero discursivo entrevista. Escolhemos como tema o lazer na cidade
de Sarandi, por ser esse um assunto sempre abordado entre alunos e moradores, em
virtude da demanda que há envolvendo a ausência de áreas de lazer e de atividades
culturais na cidade.
1. OBJETIVO GERAL
A partir da concepção de gêneros discursivos exposta por Bakhtin, este material
didático organiza-se no sentido de proporcionar aos alunos do ensino médio uma
5
percepção das diferenças entre os modos de enunciação falado e escrito, observando que
são modalidades diferentes de uso da língua.
2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
De forma mais específica, este trabalho pretende:
A. Realizar uma reflexão sobre o uso da fala e da escrita em diferentes esferas
sociais;
B. Preparar os alunos para dominar sua língua nas situações mais diversas da vida
cotidiana, oferecendo-lhes instrumentos precisos e eficazes para melhorar suas
capacidades de escrever e falar;
C. Desenvolver nos alunos uma relação consciente e voluntária com seu próprio
comportamento linguístico, fornecendo-lhes instrumentos eficazes para melhorar
suas capacidades de escrever e de falar;
D. Estudar os gêneros discursivos selecionados para a implementação do material
didático, enfatizando questões como: onde circulam, como surgem, por quem
são utilizados e como são utilizados;
E. Propiciar o contato dos alunos com o gênero entrevista (oral e escrita) realizada
em diferentes esferas sociais, como revistas, jornais, televisão, entrevistas ao
vivo e gravadas;
F. Realizar entrevistas abordando a temática do lazer na cidade de Sarandi.
3. METODOLOGIA
Para a implementação desta Unidade Didática serão utilizadas diversas
atividades/estratégias de ensino-aprendizagem, dentro e fora da sala de aula. Na sala de
aula serão realizadas as seguintes atividades: análise de entrevistas (radiofônicas,
televisionadas e escritas), estudo das principais características de cada uma, análise dos
contextos em que foram produzidas e dos passos para sua elaboração (escolha dos
entrevistados, roteiro de perguntas, assistir vídeo com dicas para uma boa entrevista,
simulação de entrevistas, linguagem a ser utilizada); reflexão sobre as diferenças e
6
semelhanças entre fala e escrita, estudo e criação de tabelas para transcrição, análise de
exemplos de transcrição, transcrição das entrevistas, retextualização das entrevistas.
Nas atividades de campo, fora da sala de aula, serão utilizadas as seguintes
atividades/estratégias: separação da turma em grupos de 3 alunos, contato e
agendamento com as pessoas entrevistadas, pesquisa sobre o conteúdo da entrevista,
gravação das entrevistas para posterior transcrição.
Tendo em vista a abrangência do projeto, algumas atividades serão realizadas
fora da escola e do período de aula, no contraturno, como as entrevistas com
profissionais e membros da comunidade, assim como visitas aos órgãos de
comunicação.
4. AVALIAÇÃO OU ACOMPANHAMENTO
Os estudantes serão avaliados com base na sua participação e envolvimento nas
atividades realizadas durante a implementação do Material Didático, desenvolvidas
individualmente ou em pequeno grupo. Essa avaliação será feita por meio de
observação direta, feita pelo professor, dos alunos; auto-avaliação, avaliação do grupo.
Os alunos serão avaliados, também, por meio das produções textuais que
elaborarão no decorrer do projeto. Essa avaliação será feita da seguinte forma:
1º momento: avaliação das perguntas utilizadas para a entrevista;
2º momento: avaliação sobre o material pesquisado para elaboração das
entrevistas;
3º momento: avaliação da transcrição e retextualização das entrevistas.
A partir dos critérios estabelecidos na tabela abaixo, o aluno e o professor
poderão estar mensurando o processo de avaliação nos três momentos estabelecidos:
Tabela para Análise da 1ª Produção Textual
Produção Textual Fatos que serão observados- Critérios Nota
possível
Nota
obtida
1. Produção (a) Adequação à proposta de produção 4,0
7
Textual- Perguntas
Elaboradas para a
Realização da
Entrevista
textual- perguntas que não dão margem a
respostas com “sim” e “não”, claras, não
confundem o entrevistado,
b) o entrevistador conseguiu fazer
inferências, demonstrou ter conhecimento
do assunto?
(a) a simulação das perguntas ocorreu de
forma satisfatória?
3,0
3,0
Tabela para Análise da 2ª Produção Textual
Produção
Textual
Fatos que serão observados- Critérios
Nota
possível
Nota obtida
2-Pesquisa
sobre o
Conteúdo da
Entrevista
(a) Organização do material: estava de
acordo com o que foi pedido?
(b) A apresentação se deu de forma
coerente e clara?
(c) O material chegou a todos os alunos?
Conseguiram ter um bom
aproveitamento?
4,0
4,0
2,0
Tabela para Análise da 3ª Produção Textual
Produção Textual Fatos que serão observados- Critérios
Nota
possível
Nota
obtida
3- Transcrição e
Retextualização das
Entrevistas
(a) Compreensão das normas para
transcrição,
(b) Organização e participação dos
integrantes do grupo,
(c) Realização clara e coerente da
transcrição,
1,0
1,0
4,0
8
d) Realização clara e coerente da
retextualização.
4,0
Fonte: Tabela adaptada para os propósitos dessa Unidade Didática, a partir do modelo elaborado
pela Profª Drª Cristiane Carneiro Capristano.
5. RESULTADOS ESPERADOS
Espera-se, com esse trabalho, que o aluno consiga refletir sobre as práticas de
oralidade realizadas em sala de aula, perceber as diferenças entre a modalidade escrita e
oral, instrumentar-se do conhecimento necessário para utilizá-las nos diferentes
contextos sociais em que está inserido. Promovendo, portanto a contribuição para uma
mudança de postura com relação à visão que se tem sobre a relação fala e escrita.
Além disso, espera-se que o aluno tenha contato com o gênero entrevista como
uma prática discursiva oral e escrita, cuja conversa varia conforme o direcionamento
das perguntas e a reação de quem responde, com o objetivo de obter informações que
serão transmitidas a ouvintes, leitores e telespectadores. Com essa prática, o aluno
poderá adquirir habilidades de compreender o que é dito, assim como aprofundar seus
conhecimentos sobre o assunto.
6. RECURSOS A SEREM UTILIZADOS
A execução desta Unidade Didática prevê a utilização de entrevistas orais e
escritas, coletadas em vídeo do site youtube e em revistas on-line. Serão utilizados
também, gravadores, TV, pen-drive, dentre outros materiais.
UNIDADE DIDÁTICA
Atividade 01: conhecendo o conceito gênero discursivo
Objetivo: esta atividade objetiva trazer, tanto para o professor quanto para o aluno, uma
conceituação sobre gênero discursivo.
9
Professor, como as Diretrizes Curriculares Estaduais propõem o trabalho com o
texto a partir da concepção do gênero discursivo exposta por Bakhtin (1992), para um
esclarecimento sobre o conteúdo, propomos a leitura do texto abaixo: “Conhecendo o
Gênero Discursivo”. Nele você encontrará informações sobre como surgem os gêneros,
onde circulam e como a escola prioriza mais os gêneros escritos em detrimento dos
orais.
Antes da leitura do texto, realizar um discussão sobre o que são gêneros, como
surgem, quais os mais utilizados na vida escolar. Seguem algumas perguntas que
poderão nortear a discussão:
- Durante o dia, quais textos você utiliza para se comunicar?
- Escreve bilhetes? Usa msn? Fala ao telefone? Escreve relatórios no trabalho?
- Deixa depoimentos no orkut?
Professor, depois desses questionamentos, apresentar o texto xerocado, realizar a
leitura estabelecendo pontes entre o que foi discutido e os conceitos expostos no texto.
Após a discussão do texto, levar os alunos ao laboratório de informática, ler a
entrevista do autor suíço Bernard Schneuwly, sobre o ensino da comunicação. Para ler a
entrevista, acesse o link a seguir: http://revistaescola.abril.com.br/lingua-
portuguesa/pratica-pedagogica/ensino-comunicacao-423584.shtml. Nesta entrevista
você poderá obter mais informações sobre gêneros discursivos.
Conhecendo o gênero discursivo
Como nosso trabalho visa a estabelecer uma relação entre fala e escrita a partir
da concepção sobre gênero exposta por Bakhtin (1992), é necessário sabermos algo
sobre essas duas modalidades da língua, assim como sobre a definição de gêneros.
Nesta atividade, o propósito é, justamente, o de levar o aluno a conhecer, entender,
refletir sobre o conceito de gênero discursivo. Para tanto, utilizaremos o gênero
entrevista, oral e escrita, a fim de estabelecer diferenças e semelhanças entre essas duas
modalidades.
Parece consenso entre os estudiosos que, na grande maioria das escolas
10
brasileiras, trabalha-se muito com a escrita, mas a oralidade fica em segundo plano e,
quando trabalhada, é de maneira equivocada, condicionando a fala a uma modalidade
da língua descontextualizada. Com frequência, a linguagem falada é considerada pobre,
comum, distensa, popular e mal estruturada, enquanto a língua escrita constitui o
fundamento da norma padrão. Segundo Marcuschi (1997, p. 39), “As instituições
escolares dão à fala atenção quase inversa à sua centralidade na relação com a escrita,
tornando-se uma postura quase generalizada de que a escola é lugar de aprendizado da
escrita”. Partindo desse pressuposto, a proposta deste Material Didático será realizar
uma interface entre essas duas modalidades, não como opostas, mas como
complementares, refletindo sobre a visão dicotômica que existe de que a fala é
descontextualizada e a escrita não, uma vez que, do ponto de vista que assumimos, as
duas podem ser realizadas de forma interativa no contexto das práticas sociais e
culturais.
Segundo Bakhtin (1992), os gêneros estão sempre vinculados a um domínio da
atividade humana, e toda atividade humana está ligada ao uso da linguagem, refletindo
suas condições específicas e suas finalidades. Há diferentes esferas de comunicação e
cada uma delas produz gêneros necessários a suas atividades. Portanto, a riqueza e a
variedade dos gêneros são infinitas, uma vez que as interações humanas são
inesgotáveis e cada esfera de ação comporta um repertório significativo de gêneros do
discurso. Como afirma Marcuschi (2002), os gêneros são formas verbais de ação social
relativamente estáveis realizadas em comunidades de práticas sociais e em domínios
discursivos específicos. Sendo assim, mesmo que alguém domine bem uma língua,
sentirá dificuldade em interagir numa determinada esfera de comunicação se não tiver
controle dos gêneros que ela requer. Portanto, todo enunciado, oral e escrito, não pode
ser observado isolado de seu contexto sociocomunicativo. Os enunciados são eventos
comunicativos manifestados numa dada prática social de uso da língua.
Fonte: BAKTHIN Mikhail. Os Gêneros do Discurso. In:______ Estética da Criação Verbal. São
Paulo: Martins Fontes, 1992.
MARCUSCHI, Luiz Antonio. Trabalhos em Lingüística Aplicada. In:______ Concepção de Língua
Falada nos Manuais de Português de 1º e 2º Graus: Uma Visão Crítica. Campinas: Editor Pro
Tempore, 1997.
BAKTHIN Mikhail. Os Gêneros do Discurso. In:______ Estética da Criação Verbal. São Paulo:
Martins Fontes, 1992.
11
Professor, após a leitura do texto sobre gêneros discursivos e da entrevista do
autor suíço, apresente aos alunos uma cópia dos ícones abaixo e do texto “Gêneros no
dia- a- dia”. Peça para que façam uma lista dos gêneros que mais produzem ou têm
acesso no decorrer do dia. Também deverão identificar os gêneros presentes nos ícones
abaixo e onde circulam.
Dialogando com o aluno: Fábulas, receitas, histórias de terror, cartas, reportagens,
entrevistas, bilhetes, etc... De onde surgem os gêneros?
Gêneros no dia- a- dia
Todo dia, você acorda, lê um recadinho deixado por sua mãe na geladeira, ouve
uma notícia no rádio, faz uma pesquisa na internet, conversa no msn, vê seus
recadinhos no orkut, assiste a alguma entrevista na tv, faz tarefas da escola, lê uma
reportagem na revista, conta um filme para um colega.
No decorrer do dia, você viu ou produziu diversos textos orais e escritos. Todos
nós produzimos diversos textos que se refletem em diferentes gêneros: formais,
informais, orais ou escritos. Cada situação exige o uso de uma forma particular de
3 xícaras de farinha 2 colheres de açúcar 3 ovos
Querido filho, hoje chegarei às 18h. Mamãe.
São Paulo, 22 de abril de 1935. Caro Vinícius,...
Isabela diz: -vc ta aí? Luma diz: -chg agra.
12
comunicação, pois, para escrever uma carta ou conversarmos com um amigo, usamos
linguagens diferentes.
Portanto, para cada situação comunicativa, produzimos gêneros diferentes. Os
mais simples, como bilhetes, são aprendidos em relações sociais mais informais. Já
outros, como artigos, resumos, cartas de reclamação, etc, exigem uma linguagem mais
sistematizada, cuja responsabilidade é dada à escola. Esta tem como objetivo ampliar
nossa competência linguística e discursiva, promovendo maior possibilidade de
participação social.
Fonte: MARCUSCHI, Luiz A. Gêneros Textuais: o que são e como se constituem. Recife, UFPE,
2002. Mimeo.
Atividade 02: o gênero entrevista
Objetivo: esta atividade objetiva conhecer o gênero entrevista, suas principais
características, assim como iniciar uma discussão sobre os gêneros orais e escritos.
Professor, por ser a entrevista um dos gêneros que oferece a possibilidade de
abordar tanto a escrita como a oralidade, foi este o gênero escolhido. Para tanto,
faremos uma pequena caracterização deste gênero enquanto modelo didático.
Entregue aos alunos uma cópia do texto: “O gênero entrevista”. Nele consta uma
conceituação sobre o gênero a ser trabalhado neste Material Didático. Antes de ler o
texto, inicie uma discussão com os alunos sobre alguns gêneros que podem ser tanto
orais quanto escritos. Seguem algumas indagações para suscitar a discussão:
- Quais gêneros você utiliza para se comunicar oralmente?
- Uma conversa ao telefone pode ser considerado um gênero oral? Por quê?
- A apresentação de notícias em um telejornal pode ser considerado um gênero
tanto oral quanto escrito? Por quê?
Após a discussão, faça a leitura do texto, enfocando, principalmente, o fato de
ser a entrevista um gênero tanto oral quanto escrito. Peça aos alunos para falarem se têm
o hábito de ler ou assistir entrevistas e, em quais meios de comunicação o fazem. Esse
13
fundo de cena servirá para saber qual o grau de conhecimento e o estilo dos alunos
sobre o gênero entrevista.
O gênero entrevista
A entrevista é um gênero jornalístico de longa tradição, um encontro entre um
entrevistador e uma pessoa que tem um conhecimento particular num dado domínio,
(entrevistado). Contrariamente a uma conversa comum, a entrevista apresenta um
caráter estruturado e formal, que consiste em fazer o entrevistado expor as informações
sobre o assunto em questão, objetivando satisfazer as expectativas do destinatário. Para
que se tenha um bom resultado, o repórter deve conhecer o assunto abordado, além de
formular perguntas precisas e instigantes, sendo o mediador de um conhecimento pelas
perguntas que faz a seu convidado.
A entrevista é um gênero primordialmente oral. Quando publicada em jornais e
revistas, na maioria das vezes, foi feita oralmente e depois transcrita para publicação.
Fonte: SCHNEUWLY, Bernard; DOLZ, Joaquim. Gêneros Orais e Escritos na Escola. Campinas:
Mercado das Letras, 2007.
Professor, como os alunos já tiveram uma conceituação sobre o gênero
entrevista, exponha para os mesmos, no quadro, as três dimensões que, segundo Dolz e
Schneuwly (2007, p.87), são essenciais para conceber o gênero entrevista como objeto
didático, são elas:
A. o estudo do papel do entrevistador como mediador numa situação de
comunicação entre um entrevistado, especialista num domínio particular, e um
público destinatário, geralmente iniciante, constitui um meio para desenvolver o
comportamento interativo verbal do aluno;
B. o estudo da organização interna da entrevista, visando à aprendizagem de
algumas características essenciais do gênero entrevista; e, por fim,
14
C. o trabalho sobre a regulação local, ou seja, no decorrer da entrevista poderão
ocorrer novas questões ou comentários por parte do entrevistador.
Após a leitura dos tópicos, inicie com os alunos uma discussão sobre cada
um deles, focando o papel do entrevistador como mediador. Seguem algumas
questões para nortear a discussão:
- O que é ser mediador?
- Por que o entrevistador precisa ser mediador?
- Como o entrevistador pode ser mediador?
A seguir, peça para os alunos expressarem quem eles consideram um bom
entrevistador e quais características são necessárias para um entrevistador/
mediador.
Atividade 3: característica da entrevista televisionada
Objetivo: nesta atividade, o propósito é o de levar os alunos a refletirem sobre a
entrevista televisionada. Esse tipo de entrevista foi escolhida para ser trabalhada nesse
primeiro momento justamente por ser um gênero de fácil acesso.
Professor, a atividade a ser desenvolvida supõe análise de diferentes entrevistas.
Ela será desenvolvida da seguinte forma:
Os alunos serão divididos em grupos (três alunos cada grupo), irão para o
Laboratório de Informática da escola. O professor deverá selecionar previamente
algumas entrevistas (pode ser dos links abaixo), e cada grupo irá analisar uma delas a
partir do roteiro abaixo, o qual deverá ser entregue uma cópia para os grupos. Após
todos terem os dados coletados, farão uma síntese e apresentarão oralmente os dados
para os demais alunos.
a- Primeira e segunda entrevistas- quatro grupos.
b-Terceira e quarta entrevista- quatro grupos.
c-Quinta entrevista- quatro grupos.
15
Observação: professor, procure manter os mesmos alunos nos grupos durante
todas as atividades, da análise das entrevistas até a retextualização, este procedimento
ajudará a direcionar o trabalho.
Roteiro para Análise de Entrevistas
- Quem era o entrevistado?
- Quem era o entrevistador ?
- Qual o público alvo da entrevista?
- Qual o assunto da entrevista?
- Qual o local da entrevista?
- Síntese da entrevista.
- O entrevistador demonstrou conhecer o assunto e o entrevistado?
- As perguntas realizadas eram coerentes ou não, eram respondidas de forma direta ou
davam margem para outras perguntas?
- Qual o número de questões feitas?
Professor, abaixo apresentamos algumas sugestões de entrevistas:
PRIMEIRA ENTREVISTA:
TÍTULO: Marília Gabriela entrevista Jô Soares- canal GNT
DURAÇÃO: 10 minutos
RESUMO: Nesta entrevista, Marília Gabriela traz algumas cenas das principais
atuações do artista, pede para que ele se defina como profissional, pergunta se ainda se
sente nervoso quando atua, se está cansado, etc.
-ACESSO: para ver a entrevista na íntegra acesse o link abaixo:
http://www.youtube.com/watch?v=FHg_X6zqfxo acesso em 18/05/2010- Marilia
Gabriela entrevista Jô soares.
SEGUNDA ENTREVISTA:
TITULO: Jô Soares entrevista o antropólogo, professor Marins
16
DURAÇÃO: 10 minutos cada
RESUMO: Nesta entrevista, Jô fala com o antropólogo sobre suas experiências com os
vários povos com os quais teve contato, e como usa esse conhecimento da antropologia
para oferecer palestras a empresários.
ACESSO: para ver entrevista na íntegra acesse os links abaixo:
http://www.youtube.com/watch?v=4VMBaeAheMU&feature=related – acesso em
10/05/2010- entrevista professor Marins- parte 1
http://www.youtube.com/watch?v=aJl1RqVGDKs- acesso em 10/05/2010- entrevista
professor Marins- parte 2
TERCEIRA ENTREVISTA:
TÍTULO: Estúdio 1 entrevista Maurício de Sousa
DURAÇÃO: 8 minutos
RESUMO: Nesta entrevista, o cartunista diz que era repórter policial antes de fazer
HQ. Fala também que não iniciou a Turma da Mônica de uma só vez, os personagens
foram surgindo aos poucos. Atualmente, a personagem Mônica é embaixadora da
cultura e fez a doação100 mil revistas para a Biblioteca-Parque de Manguinhos. Disse
também que doou para o MinC três milhões de revistas e que agora em cada contrato
que fizer com qualquer editora vai colocar uma cláusula que indica que tal percentual é
doação para dar para o Ministro espalhar para o país todo.
ACESSO: para ver entrevista na íntegra, acesse o link abaixo:
http://www.youtube.com/watch?v=UQaAxSEl0HU
acesso em 17/05//2010 – estúdio 1 entrevista Maurício de Souza
QUARTA ENTREVISTA:
TÍTULO: Programa CQC entrevista Ronaldo
DURAÇÃO: 4 minutos
RESUMO: Nesta entrevista, o repórter do CQC pergunta ao jogador qual a origem do
apelido “Fenômeno”, pede para falar sobre a escalação da Seleção e qual sua reação
diante da polêmica envolvendo vídeo de Cicarelli.
17
ACESSO: para ver entrevista na íntegra, acesse o link abaixo
http://www.youtube.com/watch?v=y93I95RqnAY- acesso 10/05/2010
QUINTA ENTREVISTA:
TÍTULO: Fantástico entrevista casal Nardoni
DURAÇÃO: 10 minutos
RESUMO: Nesta entrevista, casal fala sobre o crime ocorrido, que a população precisa
conhecer a família, pois jamais seriam capazes de realizar tal fato, apelam para a
população para que denunciem quem cometeu o crime
ACESSO: para ver entrevista na íntegra, acesse o link abaixo:
http://www.youtube.com/watch?v=wmRZ-Q_utj8- acesso 10/05/2010
Sugestão de atividade extra:
Professor, sugerimos, também, uma atividade complementar, na qual os alunos
deverão fazer uma análise de um vídeo em que dois repórteres comentam a entrevista
dada pelo casal Nardoni (casal que, em 2008, foi acusado do assassinato da menina
Isabela Nardoni) ao Fantástico. Todos os grupos deverão acessar essa entrevista e
analisarem-na a partir das questões a seguir:
- Com relação aos comentários sobre a entrevista do casal Nardoni, destacar os
seguintes aspectos:
Qual o assunto?
Que influência teve o fator emocional nas respostas dadas?
Qual a postura dos comentaristas?
COMENTÁRIO SOBRE A ENTREVISTA DOS NARDONI
TÍTULO: Comentários sobre os erros gramaticais cometidos durante a entrevista
DURAÇÃO: 8 minutos
18
RESUMO: Nesta entrevista, Rafinha Bastos e Marcelo Mansfield analisam a entrevista
que o casal Nardoni deu para o Fantástico, comentando sobre os erros gramaticais
cometidos durante a entrevista dada ao Fantástico.
ACESSO: para ver o comentário na íntegra, acesse o link abaixo:
http://www.youtube.com/watch?v=jPvjk8zlcrk&feature=fvw-acesso- 15/06/2010
Atividade 4: característica da entrevista radiofônica
Objetivo: observar o gênero entrevista radiofônica na modalidade oral da língua.
Professor, a entrevista radiofônica foi escolhida para, juntamente com a
entrevista televisionada, fazer um contraponto com a entrevista publicada em jornais e
revistas (escrita). E, a partir daí, estabelecer semelhanças e diferenças entre a oralidade e
a escrita.
Os alunos serão divididos em grupos (três alunos cada grupo), irão para o
Laboratório de Informática da escola. Cada grupo fará anotações de acordo com o
roteiro das tarefas a seguir. Após todos terem os dados coletados, farão uma síntese e
apresentarão oralmente os dados para os demais alunos.
a) Primeira entrevista - quatro grupos.
b) Segunda entrevista- quatro grupos.
c) Terceira entrevista- quatro grupos.
Roteiro para análise de entrevistas
- Quem era o entrevistado?
- Quem era o entrevistador ?
- Qual o público alvo da entrevista?
- Qual o assunto da entrevista?
- Qual o local da entrevista?
- Síntese da entrevista.
- O entrevistador demonstrou conhecer o assunto e o entrevistado?
19
- As perguntas realizadas eram coerentes ou não, eram respondidas de forma direta ou
davam margem para outras perguntas?
- Qual o número de questões feitas?
- Houve pausas e hesitações nas perguntas e respostas?
- Isso prejudicou o andamento da entrevista? Como? Não prejudicou? Explique.
Professor, abaixo apresentamos algumas sugestões de entrevistas:
PRIMEIRA ENTREVISTA:
TÍTULO: Conversor para energia solar
DURAÇÃO: 9 minutos
RESUMO: Nesta entrevista, o pesquisador da Unicamp, Marcelo Villalva, fala sobre o
projeto de um conversor de energia solar para utilização em residências, principalmente
em locais onde não há energia elétrica.
ACESSO: para ver entrevista na íntegra, acesse o link abaixo:
http://www.youtube.com/watch?v=8M48U-Tc82U – acesso em 11/05/2010- entrevista
radio CBN- conversor para energia solar
SEGUNDA ENTREVISTA:
TÍTULO: Psiquiatra Leonardo Palmeira fala sobre esquizofrenia
DURAÇÃO: 8 minutos
RESUMO: Nesta entrevista, o psiquiatra esclarece como a esquizofrenia se inicia e
qual o papel da família no tratamento (como ela pode ajudar o paciente a se recuperar e
voltar a ter uma vida normal).
ACESSO: para ver entrevista na íntegra, acesse o link abaixo:
http://www.univision.com/uv/video/Entrevista-com-o-psiquiatra-Leonardo-
Pal/id/1647317763 - acesso em 18/05/2010- entrevista rádio cbn
TERCEIRA ENTREVISTA:
TÍTULO: CBN entrevista Marina Silva
DURAÇÃO: 5 minutos
20
RESUMO: Nesta entrevista, Marina Silva comenta que Dilma e Serra estão
extrapolando em campanha antecipada e esclarece sobre o fato de seu nome aparecer
oculto em cartazes de manifestações.
ACESSO: para ouvir entrevista na íntegra, acesse o link abaixo:
http://cbn.globoradio.globo.com/editorias/politica/2010/05/24/MARINA-SILVA-DIZ-
QUE-DILMA-E-SERRA-ESTAO-EXTRAPOLANDO-EM-CAMPANHA-
ANTECIPADA.htm
Atividade 5: características da entrevista escrita
Objetivo: observar entrevistas escritas com o objetivo de estabelecer semelhanças e
diferenças entre as modalidades orais e escritas da língua.
Professor, já vimos a entrevista oral (radiofônica e televisionada), agora
analisaremos entrevistas escritas, a fim de observar o processo da fala e da escrita neste
gênero discursivo. Neste momento, os alunos se dividirão em grupos de quatro cada,
tendo em mãos uma cópia do roteiro abaixo, irão para o Laboratório de Informática da
escola, farão análise das entrevistas e compartilharão o resultado ou conclusões, de
forma oral, com seus colegas. Isso será feito da seguinte forma:
a- Quatro grupos analisarão a primeira, segunda e terceira entrevistas,
b- Quatro grupos analisarão a quarta, quinta e sexta entrevistas.
Roteiro para análise de entrevistas
- quem era o entrevistado e o entrevistador?
- qual o assunto da entrevista?
- qual o público alvo?
- qual entrevista foi considerada polêmica? Explique.
- síntese da entrevista.
- foi considerada polêmica ou não? Explique.
- as perguntas eram coerentes, o entrevistador demonstrou ter conhecimento do assunto da entrevista?
21
Professor, a seguir apresentamos algumas sugestões de entrevistas:
PRIMEIRA ENTREVISTA:
TÍTULO: Entrevista com James Cameron, O visionário de Avatar
TRECHO DA ENTREVISTA: ”O cineasta canadense James Cameron, de 55 anos, é o
criador de alguns dos maiores sucessos do cinema, como O Exterminador do Futuro,
Aliens, Titanic e, recentemente, Avatar, uma produção de mais de 300 milhões de
dólares que ultrapassou a marca de 2 bilhões de dólares de faturamento em venda de
ingressos. Cameron planeja dar sequência a Avatar. Profeta da tecnologia aplicada ao
cinema e dono de um dom quase infalível para saber o que fará sucesso entre os
espectadores, Cameron também tenta ser um visionário do meio ambiente. Ele esteve
no mês passado no Brasil para participar, em Manaus, do Fórum Internacional de
Sustentabilidade, realizado pela Seminars e promovido pelo Lide. Aproveitou a ocasião
para sobrevoar pela primeira vez a Floresta Amazônica e conhecer a região onde será
construída a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Xingu. Após a visita, decidiu
organizar uma campanha internacional contra a usina.”
ACESSO: para ler a entrevista na íntegra, acesse o link abaixo:
http://veja.abril.com.br/140410/visionario-avatar-p-019.shtml - acesso em 04/05/2010
SEGUNDA ENTREVISTA:
TÍTULO: Entrevista com Maurício de Sousa , “ A Mônica já quer namorar”
TRECHO DA ENTREVISTA: “O desenhista Mauricio de Sousa é o criador do
personagem infantil brasileiro de maior sucesso em todos os tempos, a Mônica. Agora,
numa manobra incomum no mundo dos quadrinhos, ele acaba de reinventá-la. Na
revista Mônica Jovem, já na quinta edição, a menina dentuça e voluntariosa se
transformou numa adolescente sensual, que veste minissaia e beija os rapazes na boca.
O sucesso da publicação é estrondoso, com 410 000 exemplares vendidos, contra 200
000 que costuma vender o gibi da Mônica ainda criança. A mudança da personagem,
alega Mauricio, foi uma forma de se adaptar às transformações de uma sociedade em
que a infância é cada vez mais curta. "Se antes adolescentes de 14 anos ainda liam e
gostavam dos meus gibis, hoje eles começam a deixar de lê-los aos 7", ele diz. Aos 73
anos, Mauricio falou a VEJA do futuro dos gibis, da experiência dolorosa de ter um
filho sequestrado e de sua família numerosa.”
22
ACESSO: para ler entrevista na íntegra, acesse o link abaixo:
http://veja.abril.com.br/040209/entrevista.shtml/- acesso em 04/05/2010
TERCEIRA ENTREVISTA:
TÍTULO: Entrevista com Pelé, “É bom ser exemplo”
TRECHO DA ENTREVISTA: “Pelé pendurou as chuteiras em 1977. Em outubro do
ano passado, foi a vez de Edson Arantes do Nascimento, que passou a receber cerca de
3 000 reais por mês do INSS. Mas os dois – o jogador e o homem – só sairão de campo
depois da Copa de 2014. Até lá, Pelé continuará faturando com publicidade e palestras
e promoverá o torneio no Brasil. Nesta entrevista, o eterno rei do futebol defende o
desempenho de Dunga como técnico da seleção, fala sobre o (mau) comportamento dos
novos jogadores e se estende sobre a importância do seu legado para o Brasil. Aos 68
anos, com seis filhos e oito netos, ele mantém o mesmo peso que tinha quando parou
de jogar. Separado pela segunda vez, Pelé afirma que desacelerou seu ritmo para ter
mais tempo livre com os filhos – e, fica subentendido, com o "monte de amigas" que
conquistou mundo afora.”
ACESSO: para ler a entrevista na íntegra, acesse o link abaixo:
http://veja.abril.com.br/040309/entrevista.shtml- acesso em 15/05/2010
QUARTA ENTREVISTA:
TÍTULO: Entrevista com Tessália BBB
TRECHO DA ENTREVISTA: “Foi tensa a conversa com Tessália logo depois que ela
saiu do "Big Brother Brasil 10". A morena conversou com a imprensa, falou sobre
sexo, sobre a ex de Michel e, claro, sobre o jogo.”
ACESSO: para ler a entrevista na íntegra, acesse o link abaixo:
http://extra.globo.com/blogs/BBB/posts/2010/02/03/bbb-10-confira-na-integra-
entrevista-de-tessalia-pos-eliminacao-263185.asp- acesso em 15/05/2010.
QUINTA ENTREVISTA:
TÍTULO: Entrevista com Clodovil
TRECHO DA ENTREVISTA: “O estilista e apresentador de televisão Clodovil
Hernandes, quarto deputado mais votado do país nas últimas eleições, morreu na terça-
23
feira da semana passada, vítima de um acidente vascular cerebral (AVC), aos 71 anos.
Ele foi internado no Hospital Santa Lúcia, em Brasília, depois que assessores o
encontraram inconsciente no chão do apartamento funcional em que morava. Seus
últimos quatro anos foram difíceis: Clodovil sofreu de câncer na próstata, teve uma
embolia pulmonar e um primeiro AVC, do qual escapou por pouco. Mesmo alquebrado
pelos problemas de saúde, desde que chegou à Câmara, em 2007, embalado por quase
meio milhão de votos, o deputado fez o que se esperava dele: envolveu-se em muita
polêmica. Chamou uma colega de "feia" e disse que "as mulheres hoje são ordinárias,
trabalham deitadas e descansam em pé".
ACESSO: para ver entrevista na íntegra, acesse o link abaixo:
http://veja.abril.com.br/250309/p_092.shtml-acesso em 16/05/2010
SEXTA ENTREVISTA:
TÍTULO: Entrevista com Dominique Maingueneau
TRECHO DA ENTREVISTA: ”Na internet, homens se vendem como carros".
Estudioso da linguagem usada em um site de namoro, o pesquisador francês
Dominique Maingueneau diz a ÉPOCA que os homens "se vendem como se fossem
carros" nesse ambiente virtual, descrevendo-se de forma muito objetiva. As mulheres,
afirma Maingueneau, são mais misteriosas e tentam criar um clima romântico.”
ACESSO: para ver entrevista na íntegra, acesse o link abaixo:
<http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI8846-15228-1,00-
NA+INTERNET+HOMENS+SE+VENDEM+COMO+CARROS.html>. acesso em
17/05/2010.
Atividade 6: como elaborar uma entrevista
Objetivo: esta atividade visa a orientar os alunos sobre como elaborar uma boa
entrevista.
Professor, levar os alunos ao Laboratório de Informática, acessar o link a seguir:
http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/pratica-pedagogica/video-
24
comunicacao-oral-genero-entrevis. Nele, o assessor de Língua Portuguesa da Prefeitura
de São Paulo, Cláudio Bazzoni, apresenta dicas para realizar uma boa entrevista, por
exemplo, como elaborar perguntas e escolher o entrevistado. Enquanto assistem ao
vídeo, peça aos alunos que anotem as informações, pois estas serão necessárias para as
atividades que virão a seguir: elaboração das perguntas e escolha do entrevistado.
Se achar necessário, os alunos poderão assistir ao vídeo mais de uma vez. Peça,
também, para exporem, oralmente, aspectos que consideraram mais relevantes neste
vídeo.
Em seguida, deverão elaborar as perguntas de acordo com a temática
estabelecida (lazer na cidade de Sarandi). Caso considere que esta não seja uma
temática adequada para desenvolver as entrevistas, poderá escolher outra que considerar
relevante em sua cidade.
Observação: as perguntas deverão ser entregues ao professor, pois fazem parte
do processo avaliativo.
Atividade 07: pesquisa sobre o conteúdo da entrevista
Objetivo: esta atividade objetiva levar os alunos a realizarem pesquisas sobre o tema da
entrevista (lazer em Sarandi), a fim de buscar embasamento para conduzir
coerentemente o processo da entrevista.
Professor, seguindo o roteiro abaixo, os alunos realizarão uma pesquisa,
buscando dados sobre o lazer em Sarandi.
Após a pesquisa, cada grupo deverá trazer para sala um texto escrito sobre as
informações recolhidas, distribuindo uma cópia para cada grupo. Um integrante de cada
grupo deverá ler para o restante da sala o conteúdo pesquisado. Peça para que os alunos
destaquem as informações que considerarem relevantes para sua entrevista.
Professor, neste momento os alunos poderão retomar as perguntas elaboradas e
reformularem-nas de acordo com os dados levantados durante a pesquisa.
Observação: a pesquisa deverá ser entregue ao professor, pois faz parte do
processo avaliativo.
25
Roteiro para Pesquisa do Assunto
- distribuição dos alunos em grupos (4 alunos cada)
- pesquisar em revistas, jornais, web, conversas com amigos e pessoas próximas,
responsáveis pela infraestrutura da cidade, com Secretaria de Urbanismo, Secretaria de
Cultura, entre outros etc;
- sobre o assunto a ser abordado na entrevista, ver como as outras cidades buscam
soluções para criar e manter as áreas de lazer.
- buscar informações sobre a importância do lazer para uma vida socialmente saudável;
- compartilhar as informações através de um texto escrito, para cada grupo, e
seminários.
Atividade 08: elaborando uma entrevista
Objetivo: esta atividade visa a escolha dos entrevistados por parte dos alunos, quantas e
quais perguntas deverão ser feitas.
Professor, nesta atividade, os alunos serão divididos em 10 grupos, cada grupo
deverá selecionar, entre as pessoas da comunidade, quem será seu entrevistado. Para
isso, os grupos deverão receber uma cópia do roteiro a seguir. Com base nele farão a
atividade.
1- Escolha dos entrevistados:
- Escolha e seleção de pessoas na comunidade que poderão ser entrevistadas e discorrer
sobre a falta de áreas de lazer na cidade de Sarandi, como Secretário de Urbanismo,
Presidente da Câmara de Vereadores, pessoas da comunidade, entre outros,
- Estabelecer quem irá levar o gravador,
- Escolher um aluno para recolher a autorização para publicação da entrevista,
2-Reelaboração e seleção das perguntas:
26
- Das perguntas elaboraradas, selecionar 10 que atendam aos critérios abaixo:
- Perguntas de preferência curtas e objetivas, mas que possam dar margem à
continuidade do assunto,
- Algumas perguntas polêmicas,
- Utilizar linguagem direta e a mais simples possível, sem termos técnicos ou didáticos,
para melhor compreensão do entrevistado e para que ele se sinta à vontade;
- Retomada da leitura e vídeos com o objetivo de sanar dúvidas que forem surgindo na
seleção das perguntas
3- Simulação das perguntas:
- Simular as perguntas, pode ser entre os alunos, professores e funcionários da escola,
- Entregar para os alunos algumas respostas de entrevistas já realizadas, os alunos terão
que elaborar qual teria sido a pergunta,
- A simulação busca fornecer pistas sobre o que pode acontecer na situação real,
ficando claro questões que podem ser acrescentadas ou suprimidas,
- Realização das entrevistas.
Professor, a realização das entrevistas pode durar mais de uma semana, pois
podem ocorrer imprevistos com relação às pessoas da comunidade que serão
entrevistadas. Fique atento para não atrasar o encaminhamento das atividades.
Após a realização das entrevistas, a gravação será utilizada para as atividades de
transcrição que serão vistas posteriormente.
Atividade 9: As diferenças entre a fala e a escrita
Objetivo: esta atividade objetiva mostrar que, tanto a fala quanto a escrita são
contextualizadas, uma vez que as duas são modalidades diferentes de uso da língua.
Professor, neste momento os alunos já realizaram a entrevista oral. Como a
mesma será transcrita, torna-se necessário discutir que a fala e a escrita possuem
semelhanças e diferenças.
27
Como o objetivo deste Material Didático é fazer com que o aluno perceba que
fala e escrita são modalidades diferentes do uso da língua e que há momentos em que
elas se aproximam ou se diferenciam, realize com eles uma discussão sobre este
conteúdo. Para isso seguem alguns questionamentos para nortear a discussão:
- Você escreve da mesma forma que fala?
- O que você percebe de semelhanças e diferenças entre a fala e a escrita?
Após a discussão, entregue uma cópia do texto abaixo. Peça para que leiam e
digam qual a importância a fala possui no cotidiano deles.
A Linguagem oral/fala
Geralmente, as pessoas, ao se encontrarem usam a linguagem oral/fala para se
comunicar. A linguagem oral/fala é uma atividade muito praticada pelos homens na
sociedade porque apresenta uma imensa riqueza, criatividade e variedade de usos. É
importante dizer aos alunos que a linguagem oral/fala jamais desaparecerá, pois é o
grande meio de expressão e de atividade comunicativa, não sendo substituída por
nenhuma outra tecnologia.
Fonte:MARCUSCHI, Luiz Antonio. Da Fala para Escrita: Atividades de Retextualização. 6ª ed. São
Paulo: Cortez, 2005
.
Professor, após a discussão do texto, entregue também uma cópia do texto: “A
relação fala e escrita nos manuais didáticos”. Nele, Marcuschi (2002) expõe como a
maioria dos manuais didáticos tratam a relação fala e escrita de forma
descontextualizada. Leia e discuta com os alunos cada tópico.
A relação fala e escrita nos manuais didáticos Na fala Na escrita
- há entoação e ritmo
- pode-se usar gestos e expressões
fisionômicas
- emissor e receptor estão sempre
- não tem entoação e ritmo
- não se pode usar gestos e expressões
fisionômicas
- emissor e receptor não estão presentes
28
presentes
- emprego de gírias, repetição de
palavras
- interrupção de frases antes de acabá-las
Fonte: MARCUSCHI, Luiz Antonio.
Trabalhos em Lingüística Aplicada. In:______
Concepção de Língua Falada nos Manuais de
Português de 1º e 2º Graus: Uma Visão
Crítica. Campinas: Editor Pro Tempore, 1997.
- baixo uso de gírias, evita-se repetir
palavras
- não se interrompe frases
As informações presentes no quadro a seguir servirão para dar continuidade à
discussão. Nele há um paralelo que mostra que a fala e a escrita apresentam variações.
Escreva no quadro estas informações.
Em seguida, peça aos alunos que dêem exemplos do uso da língua falada na
linguagem culta e depois na linguagem coloquial. Caso não saibam a diferença entre
linguagem culta e coloquial, trabalhe com eles esta conceituação. Discuta, por exemplo,
qual linguagem eles usam para se comunicar no trabalho e entre amigos. Comentar
porque acontece essa variação.
.
Fonte: MARCUSCHI, Luiz Antonio. Trabalhos em Lingüística Aplicada. In: Concepção de Língua Falada nos Manuais de Português de 1º e 2º Graus: Uma Visão Crítica. Campinas: Editor Pro Tempore, 1997
Professor, como os alunos já realizaram leituras e discussões sobre a relação fala
e escrita, entregue-lhes uma cópia do texto a seguir. Leia e discuta a estrutura e
linguagem utilizada neste gênero discursivo. Seguem algumas questões para nortear a
discussão:
Fala e escrita apresentam:
Língua padrão variedades não-padrão
Língua culta língua coloquial
Norma padrão normas não-padrão
29
- Você consegue identificar o gênero discursivo utilizado?
- Onde circula este tipo de texto?
- A linguagem utilizada se aproxima mais da oral ou da escrita?
- Por que você acha que o autor deste texto utilizou esta linguagem?
- Qual poderia ser a linguagem utilizada para este gênero discursivo?
Caso os alunos não se recordem sobre gêneros discursivos, retome as
informações contidas na atividade 1 deste Material Didático.
O texto abaixo apresenta familiaridade com modelos escolares de escrita,
juntamente com elementos trazidos das práticas de comunicação oral.
Um texto que “lembra mais a fala que a escrita” Dr. Flavio
Solicito para o sr. Consiguir dinheiro valor de 30 reais para descontar junto com os
objetos que nós fizemos negocio. Por que? Com esse dinheiro eu comprarei
alimentação em Sena-M. para minha viagem. pode confiar em mim, eu sol pequeno
mais eu sei como é que agente negocia.
Irei lhe mostrar como eu tenho um responsabilidade. sr. Vai gostar do meu negócio.
eu
Que sol eu, tamanho não é documento. No momento é só.
Por gentileza atenda-me.
Assina (assinatura ilegível)
Fonte: SIGNORINI, Inês (Org.). Investigando a relação oral/escrito e as teorias do letramento. 1.
ed. Campinas: Mercado de Letras, 2001.
Atividade 10: como transcrever
Objetivo: esta atividade objetiva levar ao aluno algumas técnicas para transcrição de
textos orais, assim com exemplos práticos destas técnicas.
30
Professor, entregue aos alunos uma cópia da transcrição de trecho da entrevista
da Senadora Marina Silva. Leia e peça-lhes que relatem as impressões que tiveram, uma
vez que eles não têm muito contato com transcrições.
Repórter CBN: Senadora inicialmente gostaria que a senhora comentasse um pouco...
néh:: a convenção do Partido Verde que ocorreu no Rio de Janeiro e o lançamento da
pré-candidatura do...do Gabeira e...e o fato de que...( ) nos vimos estampado pra todo
lado as faixas mas tinha lá o seu nome...éh ::....o seu nome... oculto nessas faixas... por
que razão ocultar... ( ) a senhora não é candidata do Partido Verde
Senadora: Olha Eródoto é verdade o que aconteceu é que um grupo de uma
comunidade muito simples... éh :: trouxeram as faixas e obviamente que a gente ainda
ta nessa dúvida aí do período eleitoral que não pode fazer campanha... inclusive éh ::...
eu fui participar de um evento lá em Natal e um grupo de jovens levaram uma faixa
também e isso foi um motivo de uma notificação a nossa candidatura porque
espontaneamente essas pessoas fizeram isso... com base nessa experiência lá de Natal
que é recente então a coordenação da campanha do Gabeira orientou pra que colocasse
enfim... um ocultamento do nome.
Fonte: http://cbn.globoradio.globo.com/editorias/politica/2010/05/24/.htm
Professor, após a leitura e a discussão sobre a transcrição, leve-os ao Laboratório
de Informática, peça para acessarem o link a seguir:
http://cbn.globoradio.globo.com/editorias/politica/2010/05/24/.htm. Nele há a entrevista
da Senadora na íntegra. Deverão ouvir a entrevista comparando-a com a transcrição
realizada. Em seguida, relatarão, oralmente, as impressões sobre essa comparação.
Segue uma tabela com normas para transcrição de textos orais. Entregue-lhes
uma cópia. Retome a transcrição realizada com a Senadora. Leia e discuta com os
alunos cada um dos itens das normas de transcrição, procurando sempre fazer um
paralelo com transcrição já vista.
31
Normas para Transcrição
OCORRÊNCIAS SINAIS EXEMPLIFICAÇÃO*
Incompreensão de palavras ou segmentos ( ) do nível de renda...( )
nível de renda nominal...
Hipótese do que se ouviu (hipótese) (estou) meio preocupado
(com o gravador)
Truncamento (havendo homografia, usa-se acento indicativo da tônica e/ou timbre)
/ e comé/ e reinicia
Entoação enfática maiúscula porque as pessoas reTÊM moeda
Prolongamento de vogal e consoante (como s, r)
:: podendo aumentar para :::: ou mais
ao emprestarem os... éh::: ...o dinheiro
Silabação - por motivo tran-sa-ção
Interrogação ? eo Banco... Central... certo?
Qualquer pausa ...
são três motivos... ou três razões... que fazem com que se retenha moeda... existe uma... retenção
Comentários descritivos do transcritor ((minúsculas)) ((tossiu))
Comentários que quebram a seqüência temática da exposição; desvio temático
-- --
... a demanda de moeda -- vamos dar essa notação -- demanda de moeda por motivo
Superposição, simultaneidade de vozes { ligando as linhas
A. na { casa da sua irmã B. sexta-feira? A. fizeram { lá... B. cozinharam lá?
Indicação de que a fala foi tomada ou interrompida em determinado ponto. Não no seu início, por exemplo.
(...) (...) nós vimos que existem...
32
Citações literais ou leituras de textos, durante a gravação
" "
Pedro Lima... ah escreve na ocasião... "O cinema falado em língua estrangeira não precisa de nenhuma baRREIra entre nós"...
* Exemplos retirados dos inquéritos NURC/SP No. 338 EF e 331 D2.
Observações:
1. Iniciais maiúsculas: só para nomes próprios ou para siglas (USP etc.) 2. Fáticos: ah, éh, eh, ahn, ehn, uhn, tá (não por está: tá? você está brava?) 3. Nomes de obras ou nomes comuns estrangeiros são grifados. 4. Números: por extenso. 5. Não se indica o ponto de exclamação (frase exclamativa). 6. Não se anota o cadenciamento da frase. 7. Podem-se combinar sinais. Por exemplo: oh:::... (alongamento e pausa). 8. Não se utilizam sinais de pausa, típicos da língua escrita, como ponto-e-vírgula, ponto final, dois pontos, vírgula. As reticências marcam qualquer tipo de pausa, conforme referido na Introdução.
Fonte: FAVERO, Leonor Lopes. Oralidade e Escrita- perspectivas para o ensino de língua materna. São Paulo: Editora Cortez, 2000.
Professor, como o objetivo deste Material Didático é procurar levar o aluno a
refletir sobre a modalidade oral e escrita da língua, seguem mais exemplos de
transcrição.
Entregue aos alunos uma cópia com a transcrição dos textos: “A civilização
Mexicana” e “Descrição de um Museu”. Peça que retomem a tabela de transcrição.
Leiam os dois textos sempre estabelecendo paralelos com a tabela. Esta atividade visa a
familiarização com o processo de transcrição.
Exemplo 1 A Civilização Mexicana
33
Primeiro eram os olmecas né? Daí:: eles...começaram onde que é a cidade do México
hoje...começaram a fazer os templos aí veio os astecas né? Que começaram tudo
fizeram mais templos fizeram templos mais luxuosos assim fizeram tinham mais
crenças...religiões essas coisa assim...depois vieram os toltecas que deu origem à
civilização mexicana e toda essa civilização milenar foi destruída pelos espanhóis que
quando chegaram ao México assim é :: de::struíram tudo as pirâmides os templos aí
foi o fim da...da civilização.
Fonte: FAVERO, Leonor Lopes. Oralidade e Escrita- perspectivas para o ensino de língua materna. São Paulo: Editora Cortez, 2000.
Exemplo 2 Descrição de um Museu
Bom...eu::eu fui a::a::a Paris e visitei o Louvre... e estive:: no Louvre eu acho
que uma eu passei uma semana só em Paris mas eu fui umas quatro vezes no Louvre...
porque realmente o que a gente vê no Louvre é indescritível ...é:: é aquilo que a gente
está acostumado a ver em livros e:: álbuns sobre:: obras célebres...( ) ter oportunidade
de ver lá e:: e:: examinar... dá assim uma sensação uma emoção até:: inenarrável
porque:: ...é completamente é é indescritível... entendeu? Eu fui também a a ao Museu
do Prado... fui algumas vezes ao Museu do Prado em:: em:: na capital da Espanha... lá
em:: Madri... e:: na Itália também tive oportunidade de conhecer bonitos museus...
principalmente em Florença...
Fonte: FAVERO, Leonor Lopes. Oralidade e Escrita- perspectivas para o ensino de língua materna. São Paulo: Editora Cortez, 2000.
Atividade 11- transcrevendo as entrevistas
Objetivo: esta atividade objetiva realizar, através das normas, aprendidas e criadas, o
processo da transcrição das entrevistas realizadas.
34
Professor, nesta etapa do trabalho, os alunos já realizaram as entrevistas, tiveram
acesso e colocaram em prática as normas para transcrição. Portanto, já possuem
embasamento para realizar a transcrição dessas entrevistas.
Para que os alunos possam ser atendidos e tirar suas dúvidas de forma
satisfatória, o professor deve agendar para que os grupos sejam atendidos no
contraturno.
Entregue para cada grupo o roteiro a seguir. Discuta com eles todos os itens,
antes e durante a transcrição.
Observação: esta transcrição deverá ser entregue ao professor, pois faz parte do
processo avaliativo.
Roteiro para transcrição das entrevistas
- Rever algumas técnicas para transcrição de textos orais, como pausas, pontuações,
entonações, truncamento,
- Comentar sobre as dúvidas que surgirem,
- Colocar em prática, novamente, as técnicas de transcrição elaboradas pelos alunos,
- Início das transcrições,
- Transcrição das entrevistas, observando as marcas da oralidade, fazendo as
representações gráficas obedecendo fielmente o que foi dito,
- Discussão sobre as impressões que os alunos tiveram durante a transcrição, como
marcar a pausa, entonação, vícios da fala, em que momento usar a pontuação,
- O material, gravações e transcrições, produzido pelos alunos ficará à disposição da
escola e dos professores para posterior uso e discussão,
- As entrevistas serão editadas em CD para posterior consulta.
Atividade 12- Retextualização
Objetivo: esta atividade visa a estabelecer diferenças entre os processos de transcrição e
retextualização. Portanto, os alunos, após a transcrição, deverão retextualizar as
entrevistas, tornando-as possíveis de publicação.
35
Professor, após a transcrição das entrevistas, os alunos deverão realizar a
retextualização das mesmas, pois este é o processo que as torna possível de publicação.
Passe no quadro e discuta com os alunos a seguinte conceituação de Marcuschi
para explicar o processo de retextualização.
Em seguida, entregue também cópias das etapas que podem ser utilizadas para
retextualizar um texto transcrito. Leia e discuta cada uma dessas etapas, tire as dúvidas
que forem surgindo.
Etapas a serem seguidas para transformar o texto transcrito em retextualizado: OPERAÇÃO 1 Eliminação das marcas do processo de produção oral: nessa primeira operação,
retiram-se do texto marcas características da produção oral. Essas marcas podem ser
truncamentos, repetições, preenchedores de lacunas. Também são retiradas, nessa
operação, marcas interacionais, ou seja, expressões dirigidas ao interlocutor.
OPERAÇÃO 2 Introdução de pontuação e de paragrafação: nessa operação, os alunos devem,
primeiramente, procurar no texto “tópicos” que possam ser agrupados em parágrafos.
OPERAÇÃO 3 Reestruturação sintática: nessa operação, orações com problemas sintáticos ou com
Não se trata de um processo mecânico, mas de um processo
que envolve operações complexas que interferem tanto no
código como no sentido e evidenciam uma série de aspectos
nem sempre bem-compreendidos da relação oralidade-escrita.
Exemplo: transformação de entrevista oral em entrevista
(Marcuschi ,2001, p.34).
36
construções sintáticas típicas da oralidade devem ser reconstruídas. Referências ao
contexto de produção do texto (dêixis) também devem ser reconstruídas nessa
operação.
OPERAÇÃO 4
Alterações estilísticas: nessa operação, selecionam-se construções sintáticas e formas
lexicais mais adequadas à modalidade escrita.
OPERAÇÃO 5
Reorganização dos tópicos do texto.
Fonte: FAVERO, Leonor Lopes. Oralidade e Escrita- perspectivas para o ensino de língua materna.
São Paulo: Editora Cortez, 2000.
Professor, após a leitura das etapas de retextualização, entregue aos alunos
cópia dos textos abaixo: “Civilização Mexicana”, transcrito e retextualizado. Leia e
discuta-os, tendo como base essas etapas. Peça também para que façam uma outra
retextualização deste texto e leia alguns para todos na sala. Este processo mostrará que
cada escrita possui um estilo para retextualização.
Os textos a seguir são exemplos do processo da transcrição para a
retextualização:
Texto transcrito: A Civilização Mexicana
Primeiro eram os olmecas né? Daí:: eles...começaram onde que é a cidade do
México hoje...começaram a fazer os templos aí veio os astecas né? Que começaram
tudo fizeram mais templos fizeram templos mais luxuosos assim fizeram tinham mais
crenças...religiões essas coisa assim...depois vieram os toltecas que deu origem à
civilização mexicana e toda essa civilização milenar foi destruída pelos espanhóis que
quando chegaram ao México assim é :: de::struíram tudo as pirâmides os templos aí
foi o fim da...da civilização.
Retextualizado: A Civilização Mexicana
37
Os primeiros foram os olmecas, que fizeram suas pirâmides, seus templos
onde fica hoje a cidade do México; tinham técnicas muito atrasadas. Depois os
astecas, que faziam templos mais luxuosos e tinham técnicas mais aperfeiçoadas. Os
últimos foram os toltecas, povo que deu origem à atual civilização mexicana.
Toda essa civilização milenar foi destruída pelos espanhóis que invadiram suas
terras e acabaram com muito do que encontraram.
Fonte: FAVERO, Leonor Lopes. Oralidade e Escrita- perspectivas para o ensino de língua materna. São Paulo: Editora Cortez, 2000.
Professor, os exemplos a seguir, além de abordar a transcrição e a
retextualização, ressaltam o trabalho com aspectos mais formais da língua. Entregue-
lhes cópias dos textos abaixo. Leia com os alunos. Peça para observarem os dois
exemplos de retextualização. Em seguida, trabalhe as atividades propostas.
Exemplos de retextualização
Texto transcrito: Descrição de um Museu
Bom...eu::eu fui a::a::a Paris e visitei o Louvre... e estive:: no Louvre eu acho
que uma eu passei uma semana só em Paris mas eu fui umas quatro vezes no Louvre...
porque realmente o que a gente vê no Louvre é indescritível ...é:: é aquilo que a gente
está acostumado a ver em livros e:: álbuns sobre:: obras célebres...( ) ter oportunidade
de ver lá e:: e:: examinar... dá assim uma sensação uma emoção até:: inenarrável
porque:: ...é completamente é é indescritível... entendeu? Eu fui também a a ao Museu
do Prado... fui algumas vezes ao Museu do Prado em:: em:: na capital da Espanha... lá
em:: Madri... e:: na Itália também tive oportunidade de conhecer bonitos museus...
principalmente em Florença...
Retextualizado- Descrição de Museu -produzido por aluno da 8ª série
Estive em Paris e passei uma semana por lá, mas pude visitar o Louvre umas
quatro vezes porque realmente o que a gente vê no museu é indescritível. A gente
38
sente uma emoção inenarrável quando tem a oportunidade de olhar de perto aquelas
obras célebres que a gente acostumou a ver em livros e álbuns. Lá visitei outros
museus. Em Madri, na capital da Espanha, eu fui no Prado algumas vezes e na Itália
pude conhecer bonitos museus, principalmente em Florença.
Retextualizado- produzido por aluno do 1º ano do curso de letras
Quando fui à Paris, visitei o Louvre por quatro vezes, embora minha
permanência na capital francesa tenha sido de uma semana. A justificativa para tantas
visitas está no que se tem para admirar naquele museu É algo indescritível. Sente-se
uma emoção inenarrável quando se tem a oportunidade de examinar de perto aquelas
obras célebres cujo contato sempre foi através de livros ou álbuns de História da Arte.
Conheço outros museus da Europa. Na Espanha, mais precisamente na capital
Madri, estive no Museu do Prado. Já na Itália pude apreciar bonitos museus,
principalmente em Florença.
Fonte: FAVERO, Leonor Lopes. Oralidade e Escrita- perspectivas para o ensino de língua materna.
São Paulo: Editora Cortez, 2000
Atividades sobre as retextualizações:
Professor, os alunos deverão realizar as atividades seguintes em grupos de três.
Entregue-lhes cópias destas atividades.
1-Ressaltar as diferenças que podem ser observadas entre as duas
retextualizações.
- reordenação dos conteúdos (desenvolvimento do tema ou assunto), verificar se o
assunto permaneceu durante o processo de retextualização,
- eliminação de elementos próprios da língua falada: uso de gírias,
- escolha do vocabulário: que palavras foram usadas e que tornaram o texto diferente
um do outro,
- uso de linguagem mais formal: destacar palavras ou frases que comprovem o uso de
uma linguagem mais formal.
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2- Retextualização das entrevistas:
Observação: professor, a retextualização das entrevistas deverá ser realizada em
contraturno e entregues, pois as mesmas fazem parte do processo avaliativo.
- Grupos de três alunos para realizar a retextualização das entrevistas transcritas
objetivando posterior publicação no site da escola.
O material: entrevista gravada, transcrita e retextualizada, deverá ficar à
disposição da escola para posterior consulta.
Recado final:
Professor, essa conversa não acaba aqui, este Material Didático será apenas um
ponto de partida para todo e qualquer trabalho que for realizado com oralidade na
escola, pois o objetivo é mostrar as semelhanças e diferenças entre as duas modalidades
da língua (oral e escrita) e que estas poderão ser empregadas nos mais diversos campos
da sociedade, cada qual com suas especificidades linguísticas.
8- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAKTHIN Mikhail. Os Gêneros do Discurso. In:______ Estética da Criação Verbal.
São Paulo: Martins Fontes, 1992.
FAVERO, Leonor Lopes. Oralidade e Escrita: perspectivas para o ensino de língua
materna. São Paulo: Editora Cortez, 2000.
MARCUSCHI, Luiz Antonio. Da Fala para Escrita: atividades de Retextualização. 6ª
ed. São Paulo: Cortez, 2005.
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MARCUSCHI, Luiz A. Gêneros Textuais: o que são e como se constituem. Recife,
UFPE, 2002. Mimeo.
SCHNEUWLY, Bernard; DOLZ, Joaquim. Gêneros Orais e Escritos na Escola.
Campinas: Mercado das Letras, 2007.
SIGNORINI, Inês (Org.). Investigando a relação oral/escrito e as teorias do
letramento. 1. ed. Campinas: Mercado de Letras, 2001.
Referências online:
www.ne.org.br
http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/pratica-pedagogica/video-
comunicacao-oral-genero-entrevis.
http://www.youtube.com/watch?v=FHg_X6zqfxo acesso em 18/05/2010-
http://www.youtube.com/watch?v=4VMBaeAheMU&feature=related – acesso em
10/05/2010- entrevista professor Marins- parte 1
http://www.youtube.com/watch?v=aJl1RqVGDKs- acesso em 10/05/2010- entrevista
professor Marins- parte 2
http://www.youtube.com/watch?v=UQaAxSEl0HUacesso em 17/05//2010 – estúdio 1
entrevista Maurício de Souza
http://www.youtube.com/watch?v=wmRZ-Q_utj8- acesso 10/05/2010
http://www.youtube.com/watch?v=y93I95RqnAY-acesso 10/05/2010
http://www.youtube.com/watch?v=jPvjk8zlcrk&feature=fvw-acesso- 15/06/2010
http://www.youtube.com/watch?v=8M48U-Tc82U – acesso em 11/05/2010- entrevista
radio CBN- conversor para energia solar
http://www.univision.com/uv/video/Entrevista-com-o-psiquiatra-Leonardo-
Pal/id/1647317763 - acesso em 18/05/2010- entrevista rádio cbn
http://cbn.globoradio.globo.com/editorias/politica/2010/05/24/MARINA-SILVA-DIZ-
QUE-DILMA-E-SERRA-ESTAO-EXTRAPOLANDO-EM-CAMPANHA-
ANTECIPADA.htm
http://veja.abril.com.br/140410/visionario-avatar-p-019.shtml/acesso em 04/05/2010
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http://veja.abril.com.br/040209/entrevista.shtml/acesso em 04/05/2010
http://veja.abril.com.br/040309/entrevista.shtml acesso em 15/05/2010
http://extra.globo.com/blogs/BBB/posts/2010/02/03/bbb-10-confira-na-integra-
entrevista-de-tessalia-pos-eliminacao-263185.asp>.publicado em 03/02/2010
http://veja.abril.com.br/250309/p_092.shtml-acesso em 16/05/2010
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NA+INTERNET+HOMENS+SE+VENDEM+COMO+CARROS.html>. Publicado em 24/07/2008.
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