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DADOS CATALOGRÁFICOS
Revisão
Fábio Castilhos Figueredo
Nara Odi Castilhos Figueredo
Capa
Vanessa Cuenca
Catalogação na Publicação – CIPColégio Santa Inês - Biblioteca Sônia Haydê Randazzo
M943 A mudança é agora: pesquisa dos jovens inesianos sobre a participação político-cidadã e ética / Obra de autoria dos estudantes do 1º ano do Ensino Médio do Colégio Santa Inês; [organizado por] Fabiana Pinto
Pires; [orientado por] Analice Vacaro ... [et al.]. – Porto Alegre: Colégio Santa Inês, 2017.
1. Política – aspectos éticos. 2. Educação para a cidadania. I. Pires, Fabiana Pinto. II. Vacaro, Analice.
CDU 372.832
A mudança é agora!
Pesquisas dos jovens inesianos sobre participação político-cidadã e ética.
A mudança é agora! Pesquisas dos jovens inesianos sobre a participação político-cidadã e ética.
Obra de autoria dos estudantes do 1º ano do Ensino Médio do Colégio Santa Inês
Direção
Ir. Celassi Dalpiaz
Vice-direção
Miguel Ângelo Schmitt
Coordenadora Pedagógica Geral
Maria Waleska Cruz
Orientadora Pedagógica do Ensino Médio
Fabiana Pinto Pires
Psicóloga Escolar
Bianca Sordi Stock
Consultora de Linguagens, códigos e suas tecnologias
Nara Odi Castilhos Figueredo
Professores orientadores das pesquisas:
Analice Vacaro
Andressa Von Wumb Helrighel
Diogo Ricardo Silva Santos
Fábio Castilhos Figueredo
Karen Molina Poli Canova
Karina dos Santos Wyrwalska
Leonardo Santos de Boita
Letícia Finkenauer
Marcos Paulo Tonial
Matheus Penafiel
Milton Dalpiaz
Paula Ramos Toresan
Rosiméri dos Santos
Sara Oppermann Cordoni
Simone Simionovschi
Vinícius da Silva Rodrigues
Sumário
Palavras da Direção,..............................................................................................................08
Apresentação..........................................................................................................................09
Introdução..............................................................................................................................10
Artigos científicos:
1. FATORES HISTÓRICOS QUE LEVARAM A CONDIÇÃO DA ÉTICAATUAL..............................................................................................................................12Eduardo Guimarães Oliveira de LimaGuilherme Farias StefaniGuilherme ZorawskiHenrique Cardoso ZanetteViccenzo Leonardo Feliciani RamosProfª Orientadora Simone Simionovschi
2. A ÉTICA DO DEVER E O UTILITARISMO..............................................................21 Ana Cecília Gralha Mendes Ana Luiza Quintana e Silva Breno Signoretti Rocha Castro Larissa Palma Ramos Laura Ramos da Silva Profº Orientador Matheus Penafiel
3. EDUCAÇÃO E ÉTICA...................................................................................................26 Diego Rocha Born Gabriela Kilian de Oliveira Lucas Milanez Pires Maria Eduarda Garcia Machado Nathan Caprio Valentina Fontoura Kuhn Profª Orientadora Karina dos Santos Wyrwalsk Profª Orientadora Karen Molina Poli Canova
4. IDENTIDADE POLÍTICA.............................................................................................31 Giane Luchi da Silva Guilherme Luchi da Silva Leonardo José Barbosa Martins Pedro Henrique Corrêa Villanova Vitor Francisco Ismério Gonçalves de Oliveira Profº Orientador Fábio Castilhos
5. LEI OU CONTROLE? A DISTINÇÃO DE LEIS VERTICAIS E HORIZONTAIS............................................................................................................................................39Denner dos Santos GomesMarcelo Luiz Dorneles de Aguiar MelloPedro Rosa Arenhaldt
Profº OrientadorMarcos Paulo Tonial 6. COMPASSO POLITICO E IDEOLOGIAS..................................................................44
Gabriel Pozza Muller Estivalete Gabriel Oppermann Ruschel Fernando Emanuelli Moreira Lorenzo Garcia Dall’Agnol Rodrigo Baruffaldi Toscani Profª Orientadora Sara Oppermann Cordoni
7. O EXTREMISMO...........................................................................................................53 João Manoel Pereira do Prado Rafael Tusset Krueger Umberto Patané da Fonseca Ramos Profº Orientador Diogo Ricardo Silva Santos
8. CENÁRIO POLÍTICO 2018...........................................................................................59 Eduardo Alvim Campo Francisco Brandão Ferreira da Silva Gustavo Marques BandeiraOctavio Tassin Soares RochaOtávio Augusto Di Domenico Barivieira
Profº Orientador Leonardo Santos De Boita
9. ARTE COMO FORMA DE PROTESTO SOCIAL.....................................................67 Alexandre Pineda Eduardo Roncatto Thiago Abade Vitória Cocolichio Profº Orientador Vinicius da Silva Rodrigues
10. O TEATRO COMO PROTESTO: POR QUE DEVEMOS FALAR SOBREISSO?.................................................................................................................................71Bartira Linck,Carolina FigueiredoEduarda FrançaElisa RibeiroGabriela SteinJúlia MachadoProfª Orientadora Analice VacaroProfª Orientadora Letícia Finkenauer
11. IGUALDADE DE GÊNERO NO MERCADO DE TRABALHO...............................82 Anna Carolina Schneider Martins Isabella Samara Pinto Quadros Manoella Kessler Gomes Rodrigues Profª OrientadoraPaula Ramos Toresan
12. GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: PRECONCEITO E SOFRIMENTO DAMULHER..........................................................................................................................88Luiza Muniz RodriguesMaria Eduarda GonzálezMarieli Machado Normey
Paola Górga Krug Profª Orientadora Andressa Helrighel
13. BULLYING NA ESCOLA..............................................................................................95 Amanda Carboni Russo Isadora Siqueira Pereira Karen Emy Santos Kotoge Valentina Poll Berwanger Profª OrientadoraRosiméri dos Santos
14. IDENTIDADE(S) NO ESPAÇO ESCOLAR...............................................................101 Beatriz Escobar Lipiarski Léo Victor Mairesse Weber Pedro Carcuchinski Rissi da Silva Vitória de Mattos Riegel Profº Orientador Milton Dalpiaz
8
Palavras da Direção
Em um tempo em que tudo está rapidamente ao nosso alcance, precisamos pensar
no impacto de como essa velocidade atinge nossos estudantes.Dessa forma, eles
precisam estar instrumentalizados para poderem ser protagonistas e capazes de fazer
intervenções que propiciem mudanças em nossa sociedade.
Cientes dessa transformação em nossos estudantes,verificamos, além da busca por
conhecimento aplicado e de forma rápida, também impaciência para aulas expositivas
ou temas muito extensos. Em contraponto, percebemos aspectos relevantes, como
engajamento social e competência digital, elementos que facilitam a construção de um
saber mais contemporâneo.
Os estudantes, orientados por seus professores, emergiram em uma dinâmica de
pesquisa científica a partir de temas contundentes de nossa realidade atual. Nessa
perspectiva, aprofundaram questões políticas e sociais. Precisamos entender o estudante
na sua singularidade, nas suas experiências, competências e necessidades, para juntos,
em uma aprendizagem ativa, construirmos conhecimento. Sem engajamento não há
mudanças, nem aprendizagem.
Este trabalho é o resultado de uma produção científica, fundamentada por
elementos das diversas áreas do conhecimento. Produz, assim, sentido para o estudo e
aponta possibilidades de reflexões e intervenções na realidade na qual estamos
inseridos.
Ir. Celassi Dalpiaz
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Apresentação
Os estudantes do 1º ano do Ensino Médio, atentos à problemática política do
país estabeleceram interlocução com seus pares, professores e teorias para esclarecer
dados, analisar situações e compreender o contexto atual. Desse movimento de
inquietação intelectual, nasceu o Projeto Cidadão Responsável balizado pela temática
“Participação Político-Cidadã e Ética”.
Com a investigação temática do projeto os estudantes assumiram uma postura
reflexiva frente às questões políticas, socioculturais e econômicas que afetam a
sociedade brasileira. Desse estudo originou-se o presente e-book, que expõe suas
aprendizagens em artigos na perspectiva científica, unindo ciência e leitura de realidade.
Na articulação das ideias apresentadas nos textos vão surgindo
posicionamentos críticos, análises e sínteses que desvelam o estágio atual da maturidade
cognitiva em que se encontram os estudantes, mas, principalmente, vão emergindo
singularidades constituídas coletivamente.
Parabenizamos aos estudantes e seus professores pelas importantes reflexões
apresentadas frente à problematização do tema e que reiteram o aforismo de que a
mudança que desejamos ver no mundo está em cada um de nós.
Maria Waleska Cruz
Coordenadora Pedagógica Geral
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Introdução
O cenário sociopolítico brasileiro produziu uma série de inquietações aos
nossos estudantes do 1º ano do Ensino Médio. Questionamentos baseados em leituras,
redes sociais, conversas em família ou reportagens de diferentes veículos surgiram em
muitas aulas pela necessidade de auxílio da juventude na compreensão das
transformações políticas vividas pela sociedade brasileira.
A escola é um espaço de formação, de trocas de conhecimentos e,
sobretudo, de desenvolvimento humano. Desse modo, assumimos o compromisso de
estimular os jovens a pesquisar sobreparticipação político-cidadã e ética para que
pudessem refletir e indicar resoluções para as fragilidades encontradas. Nosso objetivo
era formar a autonomia crítica e criativa, construindo argumentos a partir de leituras,
debates e produções escritas. No projeto Cidadão Responsável: participação político-
cidadã e ética, trocamos conhecimentos e valores éticos, reconhecendo teorias, senso
comum e posicionamento partidário. Construímos uma rede de conhecimentos, e as
polarizações deram espaço para os diálogos entre os estudantes.
Todos os jovens leram e pesquisaram muito. Assim, os professores foram
fundamentais na orientação dessas pesquisas, auxiliando nas descobertas, na indicação
de novas fontes, na organização dos saberes e no aprimoramento do texto. Em
setembro, chegamos à primeira fase da pesquisa, em que quatorze grupos apresentaram
suas primeiras considerações a uma banca de professores.
A partir desses primeiros resultados, os jovens foram desafiados a sintetizar
suas descobertas em artigos científicos. Esse novo estágio contou, igualmente, com a
orientação docente para a constituição da escrita. A obra “A mudança é agora!
Pesquisas de jovens inesianos sobre participação político-cidadã e ética” é um exercício
de escrita desse grupo de estudantes.O mérito não é do alcance científico que atingiram;
sem dúvida, é da ousadia de promover o debate, de se colocar como interlocutor capaz e
de nunca cessar a busca por conhecimento.Como nos afirma Antônio Machado,
“Caminante, no hay camino, se hace camino al andar”.
Fabiana Pinto Pires Orientadora Pedagógica do Ensino Médio
11
Artigos Científicos
12
FATORES HISTÓRICOS QUE LEVARAM À CONDIÇÃO DA ÉTICA ATUAL
Eduardo Guimarães Oliveira de Lima Guilherme Farias Stefani Guilherme Zorawski Henrique Cardoso Zanette Viccenzo Leonardo Feliciani Ramos1
Profª Orientadora Simone Simionovschi2
RESUMO
A introdução do estudo da historicidade dos períodos políticos brasileiros,
concerne diretamente com a ética e a moral na sociedade atual. A busca inicial do
significado desses fatores serve como diretriz para a continuação do trabalho. Esse
estudo esclarece como chegamos aos atuais níveis de corrupção no Brasil, através de
uma análise de períodos marcantes da história do país. E, se eles tiveram algum fator
que ferisse as normas políticas que perdurasse na atualidade. Chegando a conclusão de
que claramente todos os períodos analisados tiveram influência sobre o estado da
política atual brasileira, destacando o Imperial e a Era Vargas. Logo, é necessário que
ocorram mudanças nos meios de organização da política e financeira, para que os
problemas de corrupção sejam erradicados.
Palavras-chave: Ética; Política; Corrupção; História.
INTRODUÇÃO
Segundo o site “Significados”,a palavra ética vem do grego ethos, representa o
conjunto de valores que orientam o comportamento do homem em relação aos outros
homens da sociedade. Porém, no contexto contemporâneo a palavra se tornou também
uma forma para definir a orientação moral dos nossos servidores públicos. O termo
moral vem da palavra moralis do latim, que significa a diferenciação de ações e
decisões entre próprias ou impróprias. A moral orienta o comportamento do homem
diante das normas instituídas pela sociedade ou por determinado grupo social. Nosso
estudo parte do conhecimento da ética e da moral que resultaram no estado político
1 Estudantes do 1º ano do Ensino Médio do Colégio Santa Inês 2 Professora de História do Colégio Santa Inês.
13
atual no Brasil, a partir da análise de períodos históricos marcantes do país no que se
refere à corrupção.
DESENVOLVIMENTO
Para colonizar o Brasil e garantir a posse da terra, em 1534, a Coroa Portuguesa
dividiu o território em 15 capitanias hereditárias. Foram, então, enviados fidalgos
responsáveis por viajar até o Brasil, ocupá-lo e organizar instituições. Porém, só o
fizeram devido à vantagem de que teriam a ausência de supervisão sobre sua liderança
na colônia. O resultado foi um ambiente com clima propício à corrupção, de exploração
dos Direitos e até daquilo que não os engloba, e de driblação da lei e do dever.
Outro fator que pode ter auxiliado o desenvolvimento da corrupção no Brasil foi
a escravidão. Como era a única forma de mão de obra regente e o trabalho livre estava
para ser inserido no Brasil, isto produziu um reflexo quando este último finalmente
passou a ser utilizado. Essa realidade enfraquecia o policiamento, já que a guarda
municipal não possuía uma ideia clara de seus deveres e terminava mais passível a
vários tipos de corrupção, como o suborno. Portanto, pode-se argumentar que temos
enraizado fortemente uma tradição de vínculo à corrupção.
O Brasil Império é dividido em três fases: Primeiro Reinado, Período Regencial
e Segundo Reinado. O Primeiro Reinado é marcado pela formação da Assembleia
Constituinte em 1823 e pelo primeiro grande ato democrático do país com o abaixo
assinado para permanência de D. Pedro I na colônia. Em 1824, o imperador resolveu
nomear um Conselho de Estado composto por dez membros portugueses, e sem
consultar nenhum outro poder D. Pedro I fundou a primeira constituição brasileira,
dividindo o governo em três poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário. No Período
Regencial, o Brasil encontrava-se sem imperador, então, alguns políticos destacados
encarregaram-se de reger a instituição imperial para sustentar a união da nação até que
D. Pedro II pudesse assumir. O ato adicional foi uma das medidas mais importantes do
período, que alterava a constituição de 1824, formando a regência una, onde o poder era
concentrado em apenas um representante com mandato de quatro anos. O Segundo e
último reinado brasileiro iniciou-se a partir da formação de um Ministério da
Maioridade e Dom Pedro II assumindo o trono aos 14 anos de idade.
14
Durante o período do Brasil Império, houve vários indícios de corrupção. Em
1808, no dia em que desembarcou, Dom João recebeu de um traficante de escravos a
melhor casa da cidade, a Quitanda da Boa Vista à família real. O “jeitinho
brasileiro”aparece também em relatos de viajantes e navegadores da época, já que
comerciantes brasileiros misturavam pó com ouro para vender aos viajantes,
contrabandeavam cargas preciosas e escondiam ouro dentro de crucifixos, para escapar
dos impostos.
Pensamos que dessa forma, o período do Brasil Imperial foi um dos marcos
iniciais para as corrupção do país. As leis não eram concretas ainda, e a fiscalização era
fraca. Esses fatores facilitavam um exercício ético distorcido na sociedade, situação
percebida, inclusive, na atualidade.
Em outro momento histórico, na República, ocorreram, também, deslizes éticos.
Um exemplo se deu com o coronelismo, quando se praticou a compra de votos por bens
materiais. Pelo fato dos votos serem abertos, coronéis mandavam capangas para os
locais de eleição para que intimidassem os eleitores e ganhassem votos. Alterações nos
votos eram práticas comuns na época, além de votos fantasmas (falsificação de
documentos com finalidade de uma pessoa votar mais de uma vez ou utilizar nomes de
falecidos). No começo do século XX, os estados de São Paulo e Minas Gerais eram os
mais ricos da nação. Enquanto o primeiro lucrava muito com a produção e exportação
de café, o segundo gerava riqueza com a produção de leite e derivados. Os políticos
destes estados faziam acordos para perpetuarem-se no poder central. Essa ação
demonstrava abuso de poder. Muitos presidentes da República, nesse período, foram
paulistanos ou mineiros. Esta foi a famosa política do café com leite, acordo firmado
entre as oligarquias paulista e mineira. Os métodos de corrupção nesta época foram
certamente os principais para o perpetuamento da falta de ética no Brasil, e se não
tivesse ocorrido tal desvio neste período, seria possível maior consciência nos dias de
atuais, segundo o grupo. A Era Vargas teve início na Revolução de 1930, que deu fim a República dos
Oligarcas e só acabou em 1945, após Getúlio Vargas ser pressionado por militares para
se retirar do poder e voltar para sua terranatal, Rio Grande do Sul. Segundo
Daniel Aarão Reis, professor titular de história contemporânea da Universidade Federal
Fluminense, é uma "caricatura dizer que o Brasil era um país honesto e se tornou
15
corrupto". O professor Daniel esclarece que apesar de serem descobertos recentemente
os escândalos de corrupção, não se deve pensar que isso começou neste governo e
políticos prévios estão isentos disso. É de difícil acesso informações que comprovam a
corrupção durante a Era Vargas, mas um dos possíveis motivos de seu suicídio em 1954
tem a ver com denúncias de corrupção. Ele era acusado, entre outros motivos, de ter
liberado um empréstimo do Banco do Brasil para que fosse criado o jornal Última
Hora – o único da grande imprensa que o defendia. A expressão “mar de lama” foi
popularizada na época, um sinônimo de corrupção. Há quem diga que o suicídio de
Getúlio Vargas adiou um golpe militar que pretendia depô-lo. O pretendido golpe de
estado tornou-se, então, desnecessário, pois assumira o poder um político
conservador, Café Filho. O golpe militar veio, por fim, em 1964. Golpe de Estado que
foi feito, essencialmente, no lado militar, por ex-tenentes de 1930. Para outros, o
suicídio de Getúlio fez com que passasse da condição de acusado à condição de vítima.
Isto teria preservado a popularidade do trabalhismo e do PTB e impedido Café Filho,
sucessor de Getúlio, por falta de clima político, de fazer uma investigação profunda
sobre as possíveis irregularidades do último governo de Getúlio.
O regime militar é um período que abrange de 1964 a 1985, após a destituição
do presidente na época eleito democraticamente João Goulart, que ocorreu sob o
pretexto de proteger o Brasil de uma suposta revolução comunista e alinhamento do
presidente com políticas de centro-esquerda. A edição do jornal O Globo de 2 de abril
de 1964 dizia: "Salvos da comunização que celeremente se preparava, os brasileiros
devem agradecer aos bravos militares que os protegeram de seus inimigos". Castelo
Branco, marechal eleito presidente da república pelo Congresso Nacional sobre
indicação do comando militar, fez promessas de retorno ao regime democrático, mas
inaugurou a adoção de Atos Institucionais como instrumentos de repressão aos
opositores. Com isso, fechou associações civis, proibiu greves, interveio em sindicatos e
cassou mandatos de políticos por dez anos, inclusive o do ex-presidente Juscelino
Kubitschek.
Neste período, não houve grandes escândalos de corrupção noticiados, talvez
pelo motivo da repressão do governo militar à mídia na época. De acordo com o
professor de Ciências Sociais da PUC-SP, Luiz Antônio Dias. “pode ter havido um
nível menor, mas qualquer modelo político é passível de corruptos. Os militares tinham
16
um discurso de que nunca usaram o poder em benefício próprio, que nunca
enriqueceram e que uma prova disso é o fato de não terem aumentado seus próprios
salários”. Em contrapartida o economista, professor e pesquisador Adilson Marques
Gennari, da Unesp, argumenta que esta ideia não passa de um “mito criado pela
direita”, “Na verdade a corrupção sempre correu solta, hoje em dia ela é
divulgada”. Ambas as falas dos especialistas mostram a polarização dos discursos sobre
o que realmente ocorreu durante este delicado período da história do Brasil.
Vale destacar, que a relação entre o governo e empreiteiras, que se desenvolveu
durante a construção de Brasília sob o governo de Kubitschek, aumentou durante o
regime militar, pois durante esse período ampliou-se o número de obras para a
construção de hidrelétricas, pontes e outras edificações.
No parecer do grupo, o período do regime militar possui grande influência na
relação de políticos com os grandes empresários, pois a quantidade elevada de obras
promoveu maior proximidade entre os políticos militares com estes capitalistas, esta
intimidade é facilmente perceptível até os dias de hoje, com os constantes crimes
noticiados. Um grande exemplo que esta relação ainda é ativa foi durante a Copa do
Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro, onde diversas obras são
investigadas por superfaturamento para o pagamento de propinas, como a Arena
Corinthians, Maracanã, Mineirão, Parque Olímpico e entre outras.
O período da Nova República teve início em 1985, logo após o período de
ditadura militar e segue até os dias atuais. A entrada José Sarney se torna referência em
relação ao nascimento de um período democrático devida a grande contribuição no
projeto de redemocratização do Brasil, e se opõe ao antigo regime de total censura e de
repressão a movimentos sociais. Com uma liberdade de expressão maior, o retorno de
manifestações políticas, expressões artísticas e culturais, o país é afetado de maneira
geral. De acordo com o site congressoemfoco, em 1987 o início das obras da Ferrovia
Norte-Sul foi interrompido em decorrência da revelação de fraude na licitação:
em anúncio cifrado publicado no caderno de classificados, a Folha de S.
Paulo antecipou os nomes das empreiteiras vencedoras. Investigado, o caso acabou
esquecido.
Após o término da presidência de Sarney, em 1990, o ex-governador do estado
de Alagoas Fernando Collor é eleito por voto direto presidente do Brasil. Entretanto,
17
após dois anos, o próprio irmão do presidente, Pedro Collor de Mello, faz denúncias
públicas de corrupção através de um sistema de favorecimento montado pelo tesoureiro
da campanha eleitoral, Paulo César Farias. Sem qualquer resistência do Executivo, o
Congresso Nacional instaura uma CPI cujas conclusões levam ao pedido de afastamento
do presidente. Fernando Collor de Mello renunciou antes de ter seu impedimento
aprovado pelo Congresso, mas, mesmo assim, teve seus direitos políticos suspensos por
oito anos. Fernando Collor de Mello foi sucedido na presidência pelo vice-presidente
Itamar Franco em cuja administração é adotado o Plano Real, um plano econômico
inédito no mundo.
Com o sucesso do Plano Real, o ex-ministro do governo Itamar, Fernando
Henrique Cardoso concorre e é eleito presidente em 1994, conseguindo a reeleição em
1998. O período foi marcado por uma grande quantidade de empresas estatais sendo
privatizadas e métodos de fiscalizar e regular setores da indústria (energia, petróleo,
aviação) sendo implementados. Porém, a privatização do sistema Telebrás e da Vale do
Rio Doce foi marcada pela suspeição, já que as empresas foram leiloadas abaixo do
valor estimado e levavam elevado investimento público (Um ano depois da
privatização, os novos donos da Vale anunciaram um lucro de R$ 1 bilhão). Ricardo
Sérgio de Oliveira, ex-caixa de campanha de FHC e do senador José Serra e ex-diretor
da Área Internacional do Banco do Brasil, foram acusados de pedir propina de R$ 15
milhões para obter apoio dos fundos de pensão ao consórcio do empresário Benjamin
Steinbruch, que levou a Vale, e de ter cobrado R$ 90 milhões para ajudar na montagem
do consórcio Telemar.
Após os oito anos do governo de Fernando Henrique Cardoso, em 2002 elegeu-
se presidente da República o ex-metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos
Trabalhadores (PT). Lula aumentou abrangência dos projetos sociais, transformando o
Bolsa-Escola em Bolsa-Família e criando novos programas, como o Prouni. Em 2006,
Luiz Inácio Lula da Silva é reeleito presidente da República. Segundo o procurador
Deltan Dallagnol da MPF , Lula recebeu R$ 3,7 milhões em propinas. Ao todo, nas
contas da Lava Jato, o esquema criminoso movimentou R$ 6,2 bilhões em propina,
gerando à Petrobras um prejuízo estimado em R$ 42 bilhões. Para o MPF, Lula era o
elo entre o esquema partidário e o esquema de governo.
18
Em outubro de 2010, em segundo turno, o Brasil elegeu pela primeira vez uma
mulher como Chefe do poder executivo. Dilma Rousseff tomou posse do cargo de
Presidente da República Federativa do Brasil. Dilma continuou grande parte dos
projetos do ex-presidente Lula, que tinha um vínculo com a presidente devido ao
partido em comum entre si (Partido dos Trabalhadores - PT). Os investimentos em leis
trabalhistas e em busca da igualdade social foram muito incentivados, mesmo com
gastos considerados de alto nível. Em junho de 2013, irromperam no país inúmeras
manifestações populares, quando milhões de pessoas saíram às ruas em todos os estados
para contestar os aumentos nas tarifas de transporte público. “A pesquisa Datafolha
divulgada neste domingo (30),mostra que o governo de Dilma Rousseff (PT), é
percebido como aquele que mais combateu a corrupção no Brasil.’’ Porém, após o seu
governo, Dilma Rousseff é apontada pelo senador Delcídio do Amaral (MS) como
parte do esquema de corrupção na Petrobras, que supostamente foi orquestrado pelo ex-
presidente Lula, e que Dilma sabia de tudo, conforme entrevista do ex-líder do governo
no Senado à revista Veja.
No dia 12 de maio de 2016, o Senado Federal comprovou a aprovação do
processo de impeachment, da até então presidente da República, Dilma Rousseff, sobre
o pretexto de irresponsabilidade fiscal, assim, afastando-a de seu cargo como presidente
do Brasil, e consolidando um impeachment oficial após 31 de agosto de 2016, fazendo
com que Michel Temer, até então presidente provisório, assumisse inteiramente a
presidência do Brasil.
Em maio de 2017, após um ano de governo, Temer se vê envolvido em
escândalos, investigados na Operação Lava Jato, na qual é um conjunto de investigações
em andamento pela Polícia Federal do Brasil, que cumpriu mais de mil mandados de
busca e apreensão, de prisão temporária, de prisão preventiva e de lavagem de dinheiro
que movimentou bilhões de reais em propina. Houve vazamento de gravação de
conversa do presidente da República com sócio do grupo J&F, Joesley Batista. Durante
este áudio, pode-se concluir claramente a ligação de Michel Temer na compra do
silêncio do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha. O presidente
sofreu diversas outras acusações como: corrupção passiva, organização criminosa e
obstrução à justiça, que não podem ainda ser investigadas pela Polícia Federal, devido
ao cargo de presidência de República, que oferece foro privilegiado.
19
CONCLUSÃO
Após o estudo de diferentes períodos históricos da política brasileira, podemos
concluir que os momentos que mais influenciaram na falta de ética e honestidade na
política atual foram o Brasil Imperial, mais especificamente no Segundo Reinado, e o
período que o sucedeu, a República Velha. No reinado de Dom Pedro II, era ele que
escolhia o presidente do conselho de ministros, que por sua vez escolhia os demais
ministros do conselho que organizavam as eleições. Dessa forma, as eleições
costumeiramente eram fraudulentas e beneficiavam os partidos dos ministros. Durante o
período da República Velha, a política do coronelismo era utilizada, comprando votos
em troca de bens materiais e usando nomes de falecidos para aumentar o número de
eleitores. Esses eventos são refletidos no governo atual, onde a compra de votos e apoio
político-partidário é costumeiro e facilmente perceptível, utilizado para se manter no
poder a qualquer custo e enriquecer. O fato contínuo de ser corrupto,define a tamanha
dificuldade de calcular em quais períodos a corrupção foi mais equivocada ou não.
Um indivíduo transforma-se em corrupto a partir de suas práticas e escolhas.
Quebrar leis, favorecer outros indivíduos e a si próprio, desviar recursos, fraudar
documentos, etc., são algumas das ações que definem o caráter corrupto de um sujeito
na sociedade. Logo, o fato de ser desonesto está diretamente ligado à ética e à moral,
pois,quando algum valor da sociedade é quebrado devido a uma ação imprópria causada
pelo comportamento do homem em relação aos outros, podemos dizer que é corrupção.
Durante toda a história do Brasil a partir do período colonial até hoje tivemos
apenas 32 anos de democracia plena, que compreende do fim do regime militar até os
dias de hoje. Apesar disso, escândalos de corrupção tomam as capas da mídia
diariamente, fator preocupante para uma nação que busca igualdade e justiça. Se nós
adquiríssemos mais consciência de seu impacto na sociedade, as ações dos políticos
mudariam. Portanto, se com o tempo nós praticarmos a ética diariamente estaremos
contribuindo para uma sociedade melhor, seguindo os valores instituídos pela sociedade
de maneira correta, respeitando as leis e incentivando outros cidadãos a participarem
desse movimento ético. Para que então, o país possa ter uma população mais ética e
capaz de diferenciar as ações próprias e impróprias, num cenário em que a moral
também esteja presente para orientar a todos perante as normas da sociedade.
REFERÊNCIAS
20
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/04/1878315-folha-antecipou-resultado-de-licitacao-de-
publicidade-do-banco-do-brasil.shtml Acesso em: 08 de novembro de 2017
http://bbc.com/portuguese/noticias/2012/11/121026_corrupcao_origens_mdb.shtml Acesso em: 15 de
outubro de 2017
http://brasilescola.uol.com.br/historiab/brasil-monarquia.htm Acesso em: 15 de outubro de 2017
http://brasilescola.uol.com.br/historiab/era-vargas.htm Acesso em: 15 de outubro de 2017
http://brasilescola.uol.com.br/historiab/periodo-regencial.htm Acesso em: 15 de outubro de 2017
http://brasilescola.uol.com.br/historiab/primeiro-reinado.htm Acesso em: 15 de outubro de 2017
http://brasilescola.uol.com.br/historiab/segundo-reinado.htm Acesso em: 15 de outubro de 2017
http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/familia-sarney-coleciona-escandalos-no-poder/ Acesso em:
08 de novembro de 2017
http://diariodesantamaria.clicrbs.com.br/rs/cultura-e-lazer/noticia/2015/03/entenda-por-que-a-corrupcao-
esta-em-nosso-dna-4723208.html Acesso em: 15 de outubro de 2017
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/republica-velha-1889-1930-2-coronelismo-e-
oligarquias.htm Acesso em: 15 de outubro de 2017
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/07/1899494-passado-honesto-da-era-vargas-e-caricatura-diz-
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http://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/04/1874959-delacoes-da-odebrecht-mencionam-os-cinco-ex-
presidentes-vivos.shtml Acesso em: 15 de outubro de 2017
http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2016/08/senado-aprova-
impeachment-dilma-perde-mandato-e-temer-assume.html Acesso em: 15 de outubro de 2017
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dinheiro-da-jbs.ghtml Acesso em: 15 de outubro de 2017
http://g1.globo.com/politica/operacao-lava-jato/noticia/2016/03/lava-jato-investiga-propina-na-
construcao-do-estadio-do-corinthians.html Acesso em: 15 de outubro de 2017
http://m.historiadobrasil.net/brasil_republicano/nova_republica.htm Acesso em: 15 de outubro de 2017
http://www.infoescola.com/historia/suicidio-de-getulio-vargas/ Acesso em: 15 de outubro de 2017
http://www.infoescola.com/historia/golpe-da-maioridade/ Acesso em: 15 de outubro de 2017
http://www.mdic.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=571 Acesso em: 15 de outubro de 2017
https://oglobo.globo.com/sociedade/historia/historiadores-resgatam-episodios-de-corrupcao-no-brasil-
colonia-na-epoca-do-imperio-17410324 Acesso em: 15 de outubro de 2017
https://oglobo.globo.com/brasil/pf-conclui-pericia-sobre-gravacao-de-conversa-entre-temer-joesley-
21511499 Acesso em: 15 de outubro de 2017
https://www.significados.com.br/etica-e-moral/ Acesso em: 15 de outubro de 2017
http://www.suapesquisa.com/historiadobrasil/coronelismo.htm Acesso em: 15 de outubro de 2017
https://www.todamateria.com.br/brasil-colonia/ Acesso em: 15 de outubro de 2017
https://www.todamateria.com.br/republica-velha/ Acesso em: 15 de outubro de 2017
http://www.worldbank.org/en/country/brazil Acesso em: 15 de outubro de 2017
21
A ÉTICA DO DEVER E O UTILITARISMO
Ana Cecília Gralha Mendes Ana Luiza Quintana e Silva Breno Signoretti Rocha Castro Larissa Palma Ramos Laura Ramos da Silva 3 Profº Orientador Matheus Penafiel4
RESUMO
A presente pesquisa tratade um estudo sobre a Ética do Dever e o
Utilitarismo. Tem como objetivo geral constatar estas duas vertentes de pensamento que
influenciam nossas escolhas e comportamento. De acordo com o estudo bibliográfico
desenvolvido, é possível mostrar a essência das teorias e seu antagonismo. Para o
embasamento teórico utilizou-se textos dos filósofos Kant e Mill, livros de Danilo
Marcondes e palestras de Michael Sandel, professor de direito em Harvard. Os métodos
utilizados na pesquisa teve a combinação de serem explicativos e qualitativos. Com
nossas pesquisas, concluímos a seguinte afirmação: “o predomínio de pessoas se
identifica mais com a teoria utilitarista, porém elas praticam escolhas de acordo com o
que diz a Ética do Dever.
Palavras chave: Ética do dever; Utilitarismo; Sociedade.
INTRODUÇÃO
O objetivo desse artigo é mostrar as diferentes percepções de ética em duas
correntes filosóficas: a Ética do Dever e o Utilitarismo. Partindo do pressuposto que
fatores como o contexto histórico-cultural e o ambiente onde o indivíduo vive podem
afetar a ética do mesmo, abre-se a hipótese de que ética não é conceito imutável. Na
idade média, por exemplo, queimar bruxas era visto como uma atitude ética. Se esse
pensamento não fosse abolido, nossa sociedade com certeza não seria a mesma que
conhecemos hoje. A ética está relacionada com a liberdade de pensar e melhorar. Com 3 Estudantes do 1º ano do Ensino Médio do Colégio Santa Inês 4 Professor de Filosofia do Colégio Santa Inês
22
esse propósito que correntes filosóficas relacionadas à ética surgem, para a melhoria da
sociedade e do indivíduo.
Escolhemos a ética do dever e o utilitarismo principalmente pela clara
distinção que há entre eles. Certas ações são consideradas imorais em uma corrente,
enquanto na outra são consideradas éticas. A mentira é um ótimo exemplo desse
antagonismo. Na ética do dever, a mentira é fortemente julgada, uma vez que nesse
pensamento a ação só é considerada ética se puder ser praticada por todos. Com isso, se
todos mentissem, a verdade deixaria de existir, não confiaríamos mais em ninguém e
não haveria boas relações na nossa sociedade. No entanto, a mentira vai ser julgada
diferentemente no Utilitarismo. Nessa linha de pensamento, os meios que levam a sua
ação deixam de importar se o resultado final foi satisfatório para o máximo de pessoas.
Por exemplo, quando a mentira é necessária para salvar alguémou machucá-la. Vemos
bastante dessa linha de pensamento em médicos, quando em uma situação difícil é
preferível matar uma pessoa para salvar outras cinco.
A questão é porque pensamentos tão divergentes acabam influenciando nossa
cultura ocidental, tanto em nossa legislação como em nossas ações. A teoria utilitarista
acaba sendo muito popular por seus conceitos de felicidade e coletividade, mas a
prática kantistaem nossas ações é notável. Será que respeitamos sempre os mesmos
pressupostos éticos ao agir, ou variamos conforme nossos interesses?
DESENVOLVIMENTO
Descrever a ética como um conceito pronto e imutável é um equívoco. Não se
pode considerar atitudes moralmente corretas ou não. O homem tem liberdade de fazer
mudanças para o aperfeiçoamento do convívio em seu contexto histórico-cultural. Se
fosse possível fazer tudo o que deseja, prejudicando ou não outras pessoas, o mundo
certamente estaria um caos. A ética serve para que se possa discernir o que é certo e o
que é errado, mesmo quando não tem uma relação direta com a lei. Esse assunto de
extrema importância se tornou bastante popular no Brasil nos últimos anos.
Questionamos o que levou um país tão cheio de diversidade e culturaa se tornar tão
corrupto e violento, e, como diferentes percepções de ética afetam nosso
comportamento individualmente e em sociedade.
23
Sabemos que a ética é discutida há muito tempo, pensadores como
Aristóteles,Sócrates e Kant surgiram. Desde Sócrates, na Antiguidade, até Peter Singer,
nos dias atuais, ainda não chegamos a um consenso. A igreja teve grande participação
nesse debate interminável. Na idade média, com a ética cristã, surgiu o conceito de
livre-arbítrio, em que a escolha de fazer o certo ou errado era do sujeito da ação,
visando sempre ao amor moral de Deus. Posteriormente, quando a igreja perdeuespaço
nos debates políticos na Europa, o foco se voltou ao homem e à razão, tendo como
referência o filósofo ImmanuelKant, nascido em Königsberg, Alemanha. Teve grandes
ideias sobre a ética, ele defendia que nossas ações deveriam ser guiadas por uma boa
vontade. Entretanto, ao contrário do que intuitivamente pensamos ser uma boa vontade,
para Kant é uma vontade guiada exclusivamente pela razão, desconsiderando nossos
desejos ou sentimentos pessoais. Para Kant “uma ação não é obrigatória porque é boa, é
boa porque é obrigatória”. Em suas ideias para alcançarmos a ação moral, o que para
ele é algo que o indivíduo deveria realizar em toda sua conduta ética, deveríamos usar a
fórmula da lei universal. Ela diz que se uma ação moral pode ser praticada por todos e
continuar válida, está certo. Ou seja, agindo pela razão, não pelo sentimento, é mais
ético para todos.
Já a fórmula da humanidade diz que o indivíduo não deve ser tratado pelo que
ele possa trazer e sim pelo que ele é, independente do que ele faça. Com essas
concepções surgiu o pensamento utilitarista, que ganhou força no século XVIII. A
doutrina filosófica do Utilitarismo determina a concepção moral com base no resultado
final. Um dos pioneiros foi Jeremy Bentham, um dos últimos iluministas a propor a
construção de um sistema de filosofia moral e padrinho de John Stuart Mill, relacionava
o utilitarismo com o hedonismo (prazer como bem supremo), por considerar que as
ações morais são aquelas que maximizam o prazer e minimizam a dor.
Nesse conceito de felicidade, o filósofo inglês John Stuart Mill traz os seus
pensamentos sobre o assunto. O fato de ter Jeremy Bentham como padrinhocertamente
também o ajudou. Mill se afastou da ideia hedônica ao levar adiante essa filosofia,
rompendo em parte com o pensamento de Bentham. Na ótica de Mill, o prazer ou a
felicidade geral deve calcular-se a partir do maior bem para o maior número de pessoas,
embora reconheça que certos prazeres têm uma “qualidade superior” a outros. Ele
acreditava que "ações corretas tendem a promover felicidade, enquanto as erradas
24
tendem a trazer o inverso disso. Por felicidade entende-se prazer e abstenção da dor; por
infelicidade entende-se dor e privação de prazer". Mill fez melhorias nas ideias de
Bentham, respondendo algumas das críticas feitas na sua ideia de prazeres iguais, por
Carlyle. Carlyle chamou de "uma filosofia porca", já que os porcos podem sentir prazer
tanto quanto os seres humanos, e tudo que importa é o prazer, então as pessoas também
poderiam viver como porcos contentes. Por isso Mill afirmou que existem prazeres
maiores e menores, então "os prazeres humanos são muito superiores aos animais, pois
uma vez que reconhecemos capacidades mais altas, nunca seríamos felizes sem
exercitá-las."
Com essas teorias em mente foi criado um questionário1 com situações éticas,
com o objetivo de descobrir qual delas é mais aparente na sociedade brasileira.
Respostas que pendiam para o pensamento da razão ética foram classificadas como
kantistas, enquanto respostas levando em consideração o resultado final da ação foram
relacionadas ao utilitarismo.
CONCLUSÃO
Durante a produção do trabalho e da pesquisa, comprovamos que nossa primeira
hipótese, de que as pessoas, na maioria dos casos, escolheriam a teoria do utilitarismo
como a mais correta, mas nas perguntas práticas usariam a lógica de Kant, queestava
correta. Percebemos isso pois, das seis perguntas que fizemos, nas cinco que envolviam
a resolução de situações, as respostas, na maior parte das vezes, seguiam a lógica de
Kant. Entretanto, quando apresentamos as duas teorias e pedimos para que escolhessem
aquela com a qual mais concordassem, muitos escolheram “Fazer o que causa a maior
felicidade (maior número de pessoas felizes)”, que seria a opção utilitarista. Também
podemos perceber que as escolhas das pessoas são influenciadas por interesses e/ou pelo
meio em que vivem, já que nem sempre elas seguiam a teoria escolhida durante as
questões práticas, se contradizendo. Com isso, notamos o quanto o ideal de ética das
pessoas muda de acordo com o momento e a ocasião e que, mesmo sendo um conceito
muito importante para nossa convivência, a ética não pode ter uma só definição, ela
precisa ser adaptável às necessidades.
25
REFERÊNCIAS MARCONDES, Danilo. Textos básicos de Filosofia - Dos Pré-Socráticos a Wittgenstein. 10ª ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2016.
MARCONDES, Danilo. Textos básicos de Ética - De Platão a Foucault. 8ª ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2017.
ROCHA, Tony. Resumo nas normas da ABNT. Disponível em: http://tccnasnormasdaabnt.com.br/resumo-nas-normas-da-abnt/. Data de acesso: 16 de Outubro/2017.
SANDEL, Michael. Justice with Michael Sandel. Disponível em: https://m.youtube.com/playlist?list=PL30C13C91CFFEFEA6. Data de acesso: 16 de Outubro/2017.
ANEXOS 1 Resultados da pesquisa
26
EDUCAÇÃO E ÉTICA
Diego Rocha Born Gabriela Kilian de Oliveira Lucas Milanez Pires Maria Eduarda Garcia Machado Nathan Caprio Valentina Fontoura Kuhn5 Profª Orientadora Karina Wyrwalska Profª Orientadora Karen Molina Poli Canova6
RESUMO
“Ética na educação” diz respeito aos valores e normas de conduta de uma
sociedade e como devem estar inseridos no modelo de ensino atual. Através de
pesquisas bibliográficas de diferentes obras e autores que discutem sobre o tema, tais
como filósofos da antiga Grécia, revistas atuais, reportagens e sites na internet.Este
artigo discute a maneira com que se deve transmitir os valores comuns para os
estudantes, bem como os professores e mentores devem mostrar a forma de vivenciar a
ética sem deixar de lado os saberes historicamente produzidos. O trabalho de pesquisa
relata o quão importante é o ambiente escolar no estudo e aprofundamento da prática
ética na formação do indivíduo enquanto membro da sociedade e participe de diferentes
esferas sociais. Chega a conclusão de que para a formação integral de um indivíduo
como membro da sociedade, as pessoas devem cultivar um ambiente democrático, que
valorize a diversidade e preza pelo respeito ao outro e ao meio ambiente.
Palavras-chave: Ética; Educação; Valores; Sociedade.
INTRODUÇÃO
Este artigo apresenta a importância da ética na formação do cidadão e dos
valores, com enfoque no ensino da mesma através das instituições de ensino. Para a
efetividade de tal aprendizado, se necessita de educadores exemplares e da oportunidade
5 Estudantes do 1º ano do Ensino Médio do Colégio Santa Inês. 6 Professoras de Língua Inglesa do Colégio Santa Inês.
27
de experiências que possibilitam a prática. Além disso, deve ser levado em conta o
ambiente em que o indivíduo vive e suas companhias, como a família e os amigos.
Os argumentos aqui utilizados foram compostos por pesquisas
bibliográficas em artigos acadêmicos. O texto faz referências a autores, tais como
Aristóteles, Chauí e Morin, que estudam o tema escolhido facilitando o entendimento
do leitor. A pesquisa consideraos contrastes sociais que poderiam ser evitados com a
presença de seres humanos mais éticos. A justificativa que motivou a pesquisa sobre
Ética na Educação veio da percepção diante da desigualdade social do Brasil,
responsável pela relação de poder e submissão entre as pessoas. A falta de ética ocorre
em qualquer grupo social, sem distinção alguma entre as classes sociais, bem como
entre os indivíduos que delas participam.
DESENVOLVIMENTO
Toda a ação humana é baseada em valores pré-definidos histórica e
socialmente, que estão relacionados aos interesses que influenciam os atos de cada
cidadão. Na Grécia antiga, grandes filósofos como Aristóteles, acreditavam que a ética
é um conjunto de ações, valores, e posturas que constroem um bem comum, garantindo
a felicidade do todo.
A Ética está estritamente conectada com a educação, já que os valores
estão na base das nossas ações e devem também estar no nosso aprendizado; dessa
forma, é inevitável reconhecer sua importância na prática educativa. É vital que os
próprios educadores questionem suas ações ao lecionar, fazendo com que esse
ensino perpasse por todas as disciplinas, e não sendo ensinado de uma forma isolada
como um componente curricular a parte. A escola, junto com outras instituições
sociais, tem uma importância fundamental na formação ética e cidadã do indivíduo. Em
razão disso, criar um espaço social que programe a ampliação e a consolidação da
cidadania e dos valores éticos é de suma importância, principalmente em um momento
tão crítico no país, onde o que é certo e o que é errado estão cada vez mais subjetivos.
Assim, escolas que efetivamente querem conquistar avanços nessa área da ética e
cidadania precisam tornar-se espaços de interações saudáveis e democráticas, sem
repressão, em um projeto de desenvolvimento com a participação de todos e todas que
28
contribua para o cultivo do respeito às diferenças, reconhecendo o outro como igual.
Aulas sobre diversidade étnica, sexual e de gênero, política, problemas sociais
e bullying, devem ser ofertadas dentro da grade curricular anual para que os espaços
abertos à discussão e ao engrandecimento desses temas tomem forma concreta e
possibilitem aos alunos expressarem suas opiniões em um espaço democrático,
instituindo o ensino da ética na sala de aula.
Ao mesmo tempo em que a sociedade está mergulhada em avanços
tecnológicos, também enfrenta problemas sociais como a fome e a miséria, que ceifa de
forma degradante os principais partícipes da futura produção ética na sociedade:
crianças e jovens. Nós demonstramos mais interesse com inúmeras realidades virtuais,
como séries de TV e videogames do que, de fato, com a nossa realidade, em que
pessoas muito próximas a nós podem estar passando por dificuldades das quais, muitas
vezes, não nos preocupamos.
Segundo Chauí (2000), o cenário social possui uma estrutura hierárquica
vertical, sempre haverá a relação entre um superior e um inferior (relação mando –
obediência), desencadeando inúmeros preconceitos, em que o outro (inferior) não é
visto como sujeito de direitos. Considerando esse cenário, é fundamental que as políticas públicas definidas para a educação, no país, invistam cada vez mais em ações que estabeleçam e consolida a relação educação cidadania, bem como outros temas a ela relacionados como democracia, justiça, solidariedade e autonomia. (CHAUÍ. 2002.)
As escolas públicas são responsáveis pela formação educacional da maior
parte da população brasileira. Entretanto, como nos é noticiado todos os dias, faltam
infraestrutura e saneamento básico na maior parte dessas instituições públicas de ensino,
acarretando a precariedade da educação ali oferecida. Isso se dá porque o investimento
financeiro que deveria ser feito no ensino ético e formativo dos indivíduos, também é
utilizado na melhoria do ambiente escolar que, via de regra, já deveria estar preparado
para receber alunos e professores e realizar a verdadeira proposta de sala de aula:
educar, permutar conhecimento, engrandecer o indivíduo e ensinar o conhecimento
formal.
As crianças e jovens aprendem muito mais com exemplos do que com
lições. O próprio professor, que é o principal condutor da base ideológica de como se
29
deve agir e pensar, já deve ser um modelo. De acordo com Morin (2005), a ética deve
ser ensinada com base na consciência de que o ser humano faz parte da sociedade.
A questão é que valores não são exatamente ensinados, mas sim
construídos com a interação da criança e do adolescente com a sociedade que os rodeia.
Assim, para que desenvolvam valores como a honestidade, a justiça e a ética, são
necessárias situações onde estas sejam postas à prova. Trabalho comunitário é uma
excelente maneira de fazer essa prática do exercício ético: se ao menos uma vez ao mês,
os alunos tivessem como componente da nota uma atividade comunitária, seja de
doação de roupas e alimentos, seja apenas passando um pouco de seu tempo em
instituições com pessoas carentes fazendo atividades lúdicas ou contação de histórias,
por exemplo, já estariam fazendo o exercício da empatia e da compaixão, convivendo
com realidades diferentes da sua.
CONCLUSÃO
É imprescindível que, diante dos argumentos expostos no breve estudo
apresentado, as pessoas conscientizem-se de que é fundamental o ensino e o exercício
da ética dentro do ambiente escolar, uma vez que é onde o indivíduo tem, praticamente,
o primeiro contato com a sociedade.
Werneck (1992. p. 87) traz o relato de um indivíduo exposto a um
ambiente desprovido de ética e mostra o quão desumano nos tornamos
quando subjugamos os nossos pares. Prezado professor, sou sobrevivente de um campo de concentração. Meus olhos viram o que nenhum homem deveria ver. Câmaras de gás construídas por engenheiros formados. Crianças envenenadas por médicos diplomados. Recém-nascidos mortos por enfermeiras treinadas mulheres e bebê fuzilados e queimados por graduados de colégios e universidades. Assim, tenho minhas suspeitas sobre a Educação. Meu pedido é: ajude seus alunos a tornarem-se humanos. Seus esforços nunca deverão produzir monstros treinados ou psicopatas hábeis. Ler e escrever e aritmética só são importantes para fazer nossas crianças mais humanas.(WERNECK. 1992. PG. 87)
Através de práticas sociais, debates, aulas dinâmicas e exemplos por parte
de professores e funcionários,os jovens serão instruídos para a formação de seu caráter,
e assim se tornarão mais humanos e preocupados com o mundo a sua volta.
30
REFERÊNCIAS
BIAGGIO, Ângela. Lawrence Kohlberg: ética e educação moral. 1. ed. São Paulo: Moderna, 2006. p.127 CAMARGO, Paulo de. Um Olhar para os Valores da Escola. Educatrix, São Paulo, v. 11, p. 14-19, 2º semestre, 2016. GADOTTI, Moacir. Escola Vivida, Escola Projetada. Campinas: Papirus, 1992. p.161 INSTITUTO PICHON – RIVIÈRE DE SÃO PAULO. O processo educativo segundo Paulo Freire & Pichon - Riviere. Petrópolis: Vozes, 1987. 80 p. Meus Dicionário. Significado de Educação. Disponível em: <https://www.meusdicionarios.com.br/educacao>. Acesso em: 12 de agosto de 2017 NIDELCOFF, María Teresa. Uma Escola Para o Povo. São Paulo: Brasiliense, 1978. p.102 Portal Educação. Ética e Educação. Disponível em: <https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/odontologia/etica-e-educacao/62001>. Acesso em: 12 de agosto de 2017 RANGEL, Patrícia; GUAZZELLI, Carolina Torres. Reflexões Sobre a Ética na Educação. Disponível em: <http://www.uniedu.sed.sc.gov.br/wp-content/uploads/2016/02/Patricia-Rengel.pdf >. Acesso em: 12 de agosto de 2017. Significados. Significado de Educação. Disponível em: <https://www.significados.com.br/educacao/>. Acesso em: 12 de agosto de 2017. Significados. Significado de Ética. Disponível em: <https://www.significados.com.br/etica/>. Acesso em: 12 de agosto de 2017. SOUSA, José Vieira de. Ética e educação: que relação é esta? Disponível em: <http://servicos.catolicavirtual.br/conteudos/graduacao/disciplinas/cursos_virtuais/etica/html/uea_01/leituras/artigo_etica_e_educacao.pdf>. Acesso em: 12 de agosto de 2017. SuaPesquisa.com. Ética. Disponível em: <https://www.suapesquisa.com/o_que_e/etica_conceito.htm>. Acesso em: 12 de agosto de 2017 WERNECK, Hamilton. Se você finge que ensina eu finjo que aprendo. 7. Ed. Petrópolis: Vozes, 1992. 87 p.
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IDENTIDADE POLÍTICA
Giane Luchi da Silva Guilherme Luchi da Silva Leonardo José Barbosa Martins Pedro Henrique Corrêa Villanova e Vitor Francisco Ismério Gonçalves de Oliveira7 Profº Orientador Fábio Castilhos8
RESUMO
Este trabalho objetiva entender como a influência social interfere no
posicionamento político dos indivíduos. Visa compreender o processo pelo qual estes se
formam, para então conseguirmos encontrar propostas para a reeducação política da
população, fazendo com que as pessoas não se restrinjam a um pensamento, possuam
base antes de argumentar, e assim possam, mesmo com mentalidades diferentes,
construir uma sociedade melhor para todos. Ao longo do trabalho, desenvolveremos
diversos conteúdos para o pleno entendimento da proposta, como a abordagem do
conceito de política, exemplificação de política partidária brasileira, meios de
organização de posicionamento, além da formação do indivíduo a partir das instituições
sociais, para que ao final, entendamos todo o processo que influencia a construção de
uma identidade política. Com a pesquisa finalizada, o grupo pode realizar o
experimento, e a partir de seus resultados, obteremos uma conclusão para nosso projeto.
Palavras-chave:Política; Formação do Indivíduo; Influência Social.
1. Justificativa
Vivemos um momento em que o Brasil está dividido ideologicamente, e a
militância da população entra em conflitos diretos, com o objetivo apenas de mostrar
sua razão, sem sequer haver uma tentativa de buscar um consenso ou solução para
ajudar nossa sociedade. Isso demonstra um grande problema das pessoas, a falta de
recepção a opiniões, que impede elas de usufruir realmente de um debate, ao invés de
simplesmente tentarem provar estar certas. Essas características surgem com a formação 7 Estudantes do 1º ano do Ensino Médio do Colégio Santa Inês. 8 Professor de Língua Portuguesa do Colégio Santa Inês.
32
do indivíduo, e interferem no progresso social, degradando o cenário político atual
(juntamente com a corrupção) e resultando na má gestão do nosso governo. Nosso
trabalho possui grande relevância, pois visa a compreender o processo pelo qual os
indivíduos se tornam assim, para então conseguirmos encontrar propostas para a
reeducação política da população, fazendo que as pessoas não se restrinjam a um
pensamento, possuam base antes de argumentar e, assim, possam, mesmo com
mentalidades diferentes, construir uma sociedade melhor para todos.
2. Formação Política
2.1 Política Partidária e Social
Política define-se como a ciência de governar o povo. Ela busca o melhor
jeito de administrar a sociedade, visando à igualdade e ao bem de todos, e tenta cumprir
estes objetivos criando leis que regulam as atitudes de toda a população. A política
partidária preocupa-se em escolher as pessoas que estarão em comando do governo, ou
seja, quem criará e definirá estes regulamentos, mais especificamente, ela usa grupos de
pessoas denominados partidos políticos. Cada partido possui um núcleo ideológico que
criará uma tendência nas suas ações. Em um governo democrático o cidadão possui o
papel de escolher o partido que governará seu país.
O método de organização do Estado por partidos possui tanta eficiência que
muitos governos o usam nos últimos séculos. Iniciando sua fama no século XVII,
durante a Revolução Gloriosa na Inglaterra, em virtude dos tories (conservadores) e
whigs (liberais), duas facções com ideologias diferentes. Entretanto, partidos de fato
surgiram apenas no século XIX, quando os grupos políticos organizaram-se devido à
necessidade de mudança da classe operária.Por fim, tornou-se oficial após a segunda
guerra mundial, aparecendo em várias constituições.
Nem sempre uma sociedade consegue organizar-se de tal modo que possa
satisfazer a todos. Para tornar a vida da população mais justa e agradável, o estado
precisa interferir um pouco através de ações governamentais, que preservam os direitos
de cidadania do indivíduo, denominadas políticas sociais. Elas, normalmente, surgem
das necessidades da classe trabalhadora, entretanto visa a ajudar todos em um governo.
Para que todos possam viver bem, o Estado precisa interferir um pouco. O Estado pode
33
criar instituições que visam organizar, ajudar, defender e assegurar que as pessoas
tenham seus direitos, comoAssistência Social, Previdência Social e Justiça. O governo
também pode criar programas, como o Proeja (Programa Nacional de Integração da
Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e
Adultos), procuram auxiliar cidadãos distribuindo serviços específicos em função da
necessidade no momento.
Como mencionado anteriormente, cada partido possui uma ideologia que
determinasuas atitudes. O PT, por exemplo, possui um núcleo voltado para a
esquerda,logo visa à igualdade, criando projetos sociais como Bolsa Família, para
auxiliar pessoas de baixa renda. Isso dá liberdade às pessoas de escolher como seu país
será governado,portantoa sociedade escolhe como administrar seu país e o partido mais
votado o liderará.
Vale lembrar que a política social nasce das exigências do povo, procura
satisfazê-lo. Originou-se na Revolução Industrial, devido ao elevado número de
mobilizações operárias, o Estado cria sindicatos com a intenção de acolher e evitar um
conflito direto com a classe operária. De fato, existe uma dificuldade em descobrir o
significado dela, como dito em “As políticas sociais no contexto brasileiro” de Maria
Cristina Piana (apud FALEIROS, 1981, p. 8):
As políticas sociais ora são vistas como mecanismos de manutenção da força de trabalho, ora como conquista dos trabalhadores, ora como arranjos do bloco no poder ou bloco governante, ora como doação das elites dominantes, ora como instrumento de garantia do aumento da riqueza ou dos direitos do cidadão.
2.2 Opiniões Políticas
Normalmente usa-se os termos “direita”e “esquerda” para separar e definir
essas opiniões políticas. Entretanto, além de ser um pouco confusa, ela restringe muito
as diferentes visões sobre esse aspecto, limitando as pessoas a apenas duas
possibilidades. Por isso, para definir uma visão política com mais clareza, é necessário
definir aspectos mais concretos.
34
(Plano de Nolan)
O plano de Nolan apresenta duas variáveis: valorização da liberdade individual
(eixo vertical) e da liberdade econômica (eixo horizontal). A esquerda nessa plano preza
pela liberdade individual e a direita, pela econômica.
Esse plano diferencia bem o Libertarianismo e o Totalitarismo. Entretanto, ele
sofre critica por dois principais motivos. A sua tendenciosidade ao libertário, pois, de
acordo com o gráfico, o Liberalismo luta por todas liberdades, enquanto o totalitarismo
permite o mínimo de ambas as liberdades. E nenhum desses últimos podem ser
considerados de esquerda ou direita. Além disso, o plano não diferencia as liberdades. A
legalização da maconha demonstra liberdade individual, ao indivíduo usar da
substância, ou uma liberdade econômica, no momento em que a empresa vende tal
produto.
Já a Bússola Política baseia-se na política do Reino Unido e esclarece conceitos,
antes obscuros como as liberdades de Nolan, em que a principal questão está no poder
do estado e na liberdade econômica. Esse gráfico define como variáveis a autoridade do
estado (no eixo vertical) e a economia (eixo horizontal). Ele deixa claro o que diferencia
esquerda e direita: o aspecto econômico. E possibilita ambas a serem autoritárias e
liberais, diferente do Plano de Nolan.À esquerda preza por uma economia controlada
35
voltada para a igualdade, enquanto a direita pela liberdade na economia. Entretanto o
controle da economia, por parte da esquerda, não precisa vir do estado, pode vir da
própria comunidade, como é o caso da indígena. E os indivíduos podem ter liberdades
econômicas mesmo com um estado autoritário.Este plano tornou-se o mais utilizado
atualmente, pois gera mais possibilidades e não possui contradições, logo o grupo
escolheu utiliza-lo no experimento.
2.3 Formação do Indivíduo e Influência Social
A sociedade atual constitui-se de diferentes instituições sociais que
colaboram para a formação dos indivíduos. A partir do momento em que entramos em
contato com o mundo, tornamo-nos alvos de milhares de influências da sociedade que,
ao decorrer do tempo, moldam quem nós somos, incluindo nossa personalidade.
Dentre essas instituições, a família demonstra grande relevância em nossa
formação. Ela recebe a função de moldar nosso senso ético, pois é o nosso primeiro
contato com a sociedade e precisa nos preparar para conviver com outros indivíduos.
Isto mostra que a falha dos pais em nossa formação acarretará em consequências tanto
na construção das características pessoais, quanto no desenvolvimento social.
A escola tem papel fundamental em nossa formação profissional e nos
transmite conhecimento sobre o meio em que vivemos. E isso serve de base para que o
indivíduo compreenda seu dever como parte da sociedade e construa um filtro para sua
moral. Na escola também, se inicia a formação de nossos primeiros grupos sociais se
baseando na afinidade, e no decorrer deste processo passamos a nos adaptar à
convivência em certos grupos, alterando nossa imagem para maior aceitação social.
Com o tempo passamos a adquirir parte das ideias das outras pessoas que convivemos
também, recebendo diversas influências.
Paralelamente a isso, entramos em contato com a mídia, que geralmente
molda nosso pensamento, transmitindo ideias equivocadas, ou tendenciosas,baseando-
se no interesse comercial de empresas, ou trazendo entretenimento, o que também
colabora na formação de nossa personalidade.Por exemplo, propagandas que nos
induzem a comprar um certo produto, porqueeste nos traria melhor status
social, ou noticiários que inevitavelmente acabam transmitindo um certo ponto de vista
36
político. E não são apenas esses fatores que formamnossa identidade, mas também o
ambiente em que vivemos e nossa condição financeira, visto que a sociedade organiza-
se a classes sociais e uma pessoa com menor renda dificilmente acessará uma educação
de qualidade ou possuirá questões básicas de infraestrutura. Da mesma forma, uma
pessoa com maior renda dificilmente terá uma percepção de como é viver na falta dessa
boa qualidade de vida.
Todos esses fatores em conjunto acabam se somando, formando quem nós
somos e,a partir disso, criamos nosso posicionamento político que tipo de mudança
quereremos decidimos em quem queremos votar ou se somos mais de direita ou de
esquerda.
3. Coleta de dados
O grupo construiu um questionário online para que 36 pessoas
respondessem. Ele possuía perguntas referentes ao posicionamento político individual,
dentre elas, 5 perguntas referente ao autoritarismo, e 5 referente à economia. O
questionado teve quatro opções de resposta, que lhe permitia ou concordar ou discordar,
intensamente ou não. Tal questionário também requeria a respostas de informações que
indiquem um diferente processo sociológico de quem respondia. Dentre eles, gênero,
idade e classe social. O último estabeleceu-se por duas informações: em que tipo de
colégio estudou, público ou privado, e em relação à família, algum
empresário/autônomo dentro dela ou não. Já em relação às classes sociais, houve um
resultado interessante: pessoas com pais autônomos/empresários foram o único grupo
que apresentou um pensamento mais à direita. Mesmo assim, a maior parte desse grupo
tem um pensamento à esquerda, entretanto, as pessoas com um pensamento mais
extremo, tiveram maior peso na média e colocaram o grupo na posição que está.
4. Análise dos resultados
Quanto ao gênero, as mulheres apresentaram um pensamento mais autoritário e de
esquerda enquanto os homens mostraram um viés mais a direita liberal, por mais que no
plano, todos os pensamentos se localizem à esquerda. Em questão de idade, quanto mais
velho maior tendência à esquerda, consequentemente, quanto mais novo, a tendência se
37
volta à direta. Pessoas de 35 a 60 anos se demonstraram mais autoritárias, ao contrário
das de 20 a 35 que tiveram um pensamento mais liberal. Contudo, a geração mais
recente (13-20) está no meio termo, estando entre as gerações anteriores.
5. Conclusão
A partir dos resultados da pesquisa, percebe-se a grande relevância da formação social
dos indivíduos em seu posicionamento político. Isso mostra que somos altamente
influenciados para uma constituição moral desde jovens e ao termos que lidar com
situações políticas, deixamos tal constituição afetar nossas atitudes. Pensando nisso, o
grupo acredita que seja fundamental um estudo político inserido já ao ensino
fundamental, pois assim os jovens aprenderão a analisar questões políticas, antes de ter
que lidar com elas e de possuírem uma opinião formada.
6. Referências Bibliográficas
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eje/artigos/revista-eletronica-eje-n.-6-ano-3/a-evolucao-historica-dos-partidos-politicos,
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PIANA, MC. A construção do perfil do assistente social no cenário educacional
[online]. São Paulo:
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DREGUER, Ricardo, TOLEDO, Eliete. História: Conceitos e Procedimentos. São
Paulo, Atual Editora, 1999.
SCHIMIDT, Mario. Nova História Crítica. São Paulo, Editora Nova Geração, 2002.
BRAICK, Patrícia Ramos. Estudar História: das origens à era digital. São Paulo, Editora
Moderna LTDA., 2011.
39
LEI OU CONTROLE? A DISTINÇÃO DE LEIS VERTICAIS E HORIZONTAIS
Denner dos Santos Gomes
Marcelo Luiz Dorneles de Aguiar Mello Pedro Rosa Arenhaldt9
Profº Orientador Marcos Paulo Tonial10
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo documentar e estabelecer a ética existente
nas leis, relações sociais e transações entre indivíduos. O projeto deve-se ao fato de que
as leis, que inicialmente serviam para defender o indivíduo e suas propriedades, estão
hoje sendo usadas para controlar as pessoas, por meio do Estado. A situação atual das
leis e das relações sociais nitidamente está pervertida e necessita ser debatida. A análise
do grupo desenvolveu as seguintes etapas: conceitualização da ideia de relações sociais
com base nos livros de Montesquieu (“O Espírito das Leis”), Rousseau (“Do Contrato
Social”) e Bastiat (“A Lei”) eanálise capaz de relacionar os argumentos dos autores com
os conceitos de relações verticais/horizontais estipulados pelo grupo.
Palavras-chave: Política, Lei, Relações Sociais.
INTRODUÇÃO
Este trabalho se baseia no estudo das leis e relações sociais, para melhor
entendimento utilizamos o conceito de leis verticais e horizontais. Esta ideia surgiu
através do aumento de discussões e procura de informações pela maior parte dos
estudantes. O que estimulou nossa pesquisa foi um dado muito interessante: segundo o
ICJBrasil (Índice de Confiança naJustiça no Brasil), no final de 2015 somente 11% da
população confiava no Governo Federal e somente 6% da população confia nos
9 Estudantes do 1º ano do Ensino Médio do Colégio Santa Inês. 10 Professor de História e Sociologia do Colégio Santa Inês.
40
partidos políticos.O objetivo principal deste artigo é analisar e estabelecer princípios
éticos existentes nas leis e nas relações sociais.
POLÍTICA, LEIS E AS RELAÇÕES VERTICAIS/HORIZONTAIS
Estudando as relações entre indivíduos, a partir de Montesquieu,Rousseau e
Bastiat percebe-se uma contradição nas aplicações destas relações. Na maioria das
relações entre os indivíduos, no cotidianousa-se uma relação em que um ser humano
trata o outro como tal e estabelece uma relação em que são estipulados acordos e
propostas. Se um dos humanos não consentir com a proposta ou com o acordo, ele não
participa. Deste modo, funcionaafamília, ocírculo de amigos, aescola e até mesmo
aigreja, na maioria dos casos. Esta relação pode ser nomeada como relação horizontal
ou até mesmo relação livre. Uma relação livre se trata, na realidade, comoum
grandeacordo existente entre toda a sociedade, em que ninguém possui poder para
obrigar outra pessoa a fazer alguma ação ou concordar com algo.
Dessa forma, percebe-se que a tranquilidade de algumas relações, como a dos
políticos, por exemplo, os quais tendem a agir em prol dos seus próprios interesses,
preocupam e assustam aqueles que entendem que o Estado, hoje, utiliza relações
verticais com o restante da população. Relações verticais se tratam de propriedade, um
homem manda em outro que não tem direito de resistir ou negociar isso. Na prática é
como se um homem tivesse outro como suapropriedade para usá-lo como bem
oentender.
Governosdeveriam funcionar com o consentimento de seus governados uma vez
que se o governo é eficaz em defender as pessoas ele não será deixado de lado.Pode-se
comparar a um caso existente. Alguns sindicatos, como por exemplo, o Sinpro/RS
(Sindicato dos Professores do Ensino Privado do Rio Grande do Sul) é capaz de se
autossustentar mesmo sem a tributação obrigatória, devido ao alto número de afiliados.
O Brasil possui 181 mil leis e nasua maioria não servem para defesa de propriedade,
mas sim para restrição da liberdade. A população fica aquém do desejado quando se
trata do conhecimento sobre as leis no país. De acordo com o ICJBrasil (Índice de
Confiança naJustiça no Brasil), no primeiro trimestre de 2016 consta que 84% da
população entrevistada afirma conhecer pouco as leis brasileiras (ver Anexo I).
41
Montesquieu,em seu livro O Espírito das Leis, escreve o seguinte:
Para manter o espírito de comércio, é preciso que os próprios cidadãos principais opratiquem; que este espírito reine só e não seja obstruído por nenhum outro; que todas as leis o favoreçam; que estas mesmas leis, por suas disposições, dividindo as fortunas à medida que o comércio as engorda, proporcionem a cada cidadão pobre um conforto razoável, para que ele possa trabalhar como os outras, e a cada cidadão rico uma tal mediocridade, que ele precise de seu trabalho para conservar ou para adquirir (Montesquieu:2001, p.26).
Neste trecho apresentado, percebe-se que o autor está propondo que as leis
sejam utilizadas como meio de distribuição de riqueza, tirando coercitivamente de
alguns para presentear a outros. Por sua vez, Rousseau sustenta a ideia de que a
estrutura social deva se basear na vontade do povo e, com isso, ele traz a ideia de
democracia. Jean-Jacques Rousseau, em seu Do Contrato Social, diz:
Cada um de nós põe em comum sua pessoa e toda a sua autoridade, sob o supremo comando da vontade geral, e recebemos em conjunto cada membro como parte indivisível do todo (Rousseau:2002, pp.25-26).
A vontade geral, apresentada pelo autor, significa que a sociedade, através de
consensos em decisões, é capaz de ser a forma de governo mais perfeita que poderia
existir: “Se houvesse um povo de deuses, ele se governaria democraticamente. Tão
perfeito governo não convém aos homens.” (Rousseau: 2002, p.96).
Rousseau propõe que o povo faça parte do processo de elaboração das leis e
do cumprimento das mesmas, pois dessa forma, segundo o escritor é a maneira mais
democrática.
Claude Frédéric Bastiat, por sua vez, propõe que as leis servem somente
para defender alguns direitos irrefutáveis ao ser humano, dentre eles vida, a propriedade
e a liberdade. Estas afirmações ficam claras no trecho a seguir retirado do livro A Lei:
Portanto, nada é mais evidente do que isto: a lei é a organização do direito natural de legítima defesa. É a substituição da força coletiva pelas forças individuais. E esta força coletiva deve somente fazer o que as forças individuais têm o direito natural e legal de fazerem: garantir às pessoas, as liberdades, as propriedades; manter o direito de cada um; e fazer reinar entre todos a justiça. (Bastiat: 2010, p.12).
Bastiat propõe que os indivíduos se organizem de maneira que um grupo de
pessoasfaça um acordo entre si, constando queno caso dealguém dentro desse grupo
42
sejaatacado, ele teráo direito de se defender e inclusive o restante das pessoas que fazem
parte do acordo devem ajudar, dentro do possível, a pessoa que foi atacada. Por
exemplo: se um homem chamado João atacar outro chamado Guilherme, este tem o
direito de se defender e inclusive todas as pessoas que estão em parceria com Guilherme
poderão se juntar para ajudá-lo a se defender. Esta organização em prol da legítima
defesa Bastiat chama de Lei.
CONCLUSÃO
Podemos concluir, então, propondo estabelecer relações entre os
argumentos dos autores e analisar que tipo de relação está sendo sugerida. No
argumento de Montesquieu, podemos observar que relacionado à ideia de divisão das
fortunas, existe uma relação em que o Estado sem nenhum tipo de permissão se apropria
de um bem privado, caracterizando então uma relação vertical. Montesquieu ainda
propõe que seja imposta uma ideologia no qual ele julga correta, sem nem sequer
consultar a população (uma vez que é impossível saber exatamente o que uma grande
massa de pessoas quer). Rousseau, ao escrever sobre a vontade geral, cria uma maneira
muito eficiente em tomada de decisões amplamente utilizada por empresas e instituições
de todos os tipos.
A ideia de vontade geral em sua forma pura se trata de uma relação
horizontal no qual não há vítima. Ao complementar o argumento, Rousseau coloca que
cada membro se torna uma parte indivisível do todo e sustenta isso no restante de sua
obra. A partir do momento em que os cidadãos ficam presos a uma vontade geral no
qual não concordaram em participar sem terem o direito de isolar-se das decisões,
observamos uma relação vertical, pois a vítima está sendo ameaçada por meio da força,
a consentir. Bastiat sustenta seu argumento em torno da ideia de que as forças
individuais deveriam substituir as coletivas e a lei deveria ser usada somente como
instrumento de defesa. Dentro do argumento de Bastiat não é possível identificar uma
vítima ocasionada pela aplicação do argumento, portanto, trata-se de uma relação
horizontal. O movimento de relacionar argumentos às relações que estão sendo
propostas, nos faz observar melhor o que está sendo defendido e quanta ética está sendo
confiada ao argumento.
43
REFERÊNCIAS BASTIAT, Frédéric. A Lei. São Paulo: Instituto Ludwig von Mises Brasil, 2010.
MONTESQUIEU. O espírito das leis. In: http://www.dhnet.org.br/direitos/anthist/marcos/hdh_montesquieu_o_espirito_das_leis.pdf. 2001. Acesso em: 30/08/2017.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do contrato social. Versão para e-book. Ebooksbrasil.com. 2002. Acesso em: 30/08/2017.
ANEXO
Fonte: http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/wp-fontent/uploads/sites/41/2016/10/RelatoriICJSEM2016v3Rev.pdf Acesso em: 30/08/2017.
44
COMPASSO POLÍTICO E IDEOLOGIAS
Gabriel Pozza Muller Estivalete Gabriel Oppermann Ruschel Fernando Emanuelli Moreira Lorenzo Garcia Dall’Agnol Rodrigo Baruffaldi Toscani11 Profª Orientadora Sara O. Cordoni12
RESUMO
O presente artigo introduz as ideias do conservadorismo, anarco-capitalismo,
social-democracia, marxismo-leninista e nacional-socialismo.Compasso Político e
Ideologias apresenta posicionamentos teóricos através de um quadrante cartesiano,
problematizando a falta de informações genuínas em tempos de globalização. Diferente
do senso comum de que existe somente direita e esquerda, o texto introduz as vertentes
libertário e autoritário. Realizadas pesquisas em livros e artigos, este texto tem como
objetivo apresentar, de forma imparcial, posicionamentos econômicos e sociais.
Palavras-chave: Compasso Político; Política; Ideologia.
INTRODUÇÃO
Muitas pessoas acreditam deter um maior nível de conhecimento do que os outros
sobre a política. Emitir sua opinião para os outros nunca foi tão fácil e prático como
hoje em dia. Graças às redes sociais, internet e globalização, informações são passadas
rapidamente do oriente para o ocidente. Essa facilidade pode trazer prejuízos para o
conhecimento em geral, já que a população acredita na primeira notícia que lhes chega.
Com base nesse problema, o grupo escolheu explicar os principais posicionamentos
teóricos e seus comportamentos no compasso político.
11 Estudantes do 1º ano do Colégio Santa Inês. 12 Professora de Matemática do Colégio Santa Inês.
45
Antes de conhecer as principais ideologias, deve-se ter noção da existência do
compasso político, formado por quatro quadrantes com quatro vetores, conhecidos
como esquerda, direita, libertário e autoritário. Isso contribui para entender como cada
posicionamento teórico comporta-se nesse plano cartesiano.
1. Origem dos termos
A esquerda e a direita tiveram origem na Revolução Francesa, em 1789 os
termos surgiram na França pré-revolucionária, onde aqueles que pretendiam conservar o
sistema de governo sentavam-se à direita na Assembleia, enquanto os que lutavam por
mudanças radicais sentavam-se à esquerda. Assim sendo, o termo “direita” foi usado
para definir os reacionários e conservadores, e “esquerda” para definir os
revolucionários.
Após a criação dos termos “reacionários” e “revolucionários”, foi vista a
necessidade da criação do compasso político, já que vertentes políticas foram surgindo
com o tempo.Então, foi preciso de mais dois eixos, o Autoritário e Libertário. Segundo o
historiador Vinicius Giglio (2015), autoritarismo refere-se à “legitimidade, força e
dignidade que garantem o poder de um ou vários indivíduos frente aos demais,
tratando de sistemas políticos, ideologias e disposições psicológicas individuais”. Já
o libertarianismo é uma ideologia que tem a liberdade como seu principal valor e
objetivo político. Para os libertários, o objetivo da política deve ser maximizar a
autonomia e a liberdade de escolha, não sendo função do Estado promover a ordem ou
igualdade. Com isso, é possível entender como se comporta as seguintes ideologias
filosóficas e políticas no compasso político: nacional-socialismo, marxismo-
leninista, anarcocapitalismo, conservadorismo e social democracia.
1.1 Anarcocapitalismo
O anarcocapitalismo é a filosofia política que propõe a soberania máxima do
indivíduo e de todas as suas liberdades econômicas e sociais. Esta filosofia é baseada
em ideias como a do direito à propriedade e princípios como o da não-agressão além do
direito à autopropriedade, que se refere ao corpo do indivíduo como sua “propriedade
46
automática”, sendo natural dele desde seu nascimento. Este modelo reconhece a figura
do Estado como uma instituição fundamentalmente coercitiva e, portanto, ilegítima.
O anarcocapitalismo advoga, então, por uma sociedade de voluntarismo, em que os
indivíduos são livres para se associar a outros da forma que julgarem melhor.
1.2 Social-democracia
A social-democracia, nascida na Europa na segunda metade do século 19,
desenvolveu-se ao longo do século seguinte em contraposição, de um lado, aos partidos
e movimentos marxistas revolucionários e, de outro, ao liberalismo clássico. Ao
contrário dos primeiros, com sua crença na revolução violenta e na ditadura do
proletariado, a social-democracia apostou na possibilidade de reformar o capitalismo,
sem destruí-lo, tornando-o compatível com a democracia. Em oposição ao liberalismo,
mas não aos ideais de liberdade, lutou para que o direito de voto, organização e
expressão se estendesse a toda a população adulta. E, não menos importante, para que o
Estado assegurasse o que o mercado por si só não era capaz de fazer: condições dignas
de vida à maioria dos cidadãos.
1.3 Conservadorismo
O conservadorismo é um pensamento político que defende a manutenção das
instituições sociais tradicionais, como a família, comunidade local e a religião, além dos
usos, costumes, tradições e convenções. O conservadorismo enfatiza a continuidade e a
estabilidade das instituições, opondo-se a qualquer tipo de movimentos revolucionários
e de políticas progressistas. Contudo, é importante entender que o conservadorismo não
é um conjunto de ideias políticas definidas, pois os valores conservadores variam
enormemente de acordo com os lugares e com o tempo. Por exemplo, conservadores
chineses, indianos, russos, africanos, latino-americanos e europeus podem defender
conjuntos de ideias e valores bastante diferentes, mas que estão sempre de acordo com
as tradições de suas respectivas sociedades. O conservadorismo defende o
individualismo na esfera econômica. A defesa da propriedade privada também é vista
como uma questão intimamente ligada à liberdade, pois não é possível ser livre se os
47
meios de sobrevivência de um indivíduo estão nas mãos de outros, dos quais torna-se
dependente.
1.4 Marxismo-leninismo
Para entender o marxismo-leninismo, deve-se introduzir Karl Marx e Friedrich
Engels, criadores do marxismo. Essa corrente é explicada como o conjunto de ideias
filosóficas, econômicas, políticas e sociais que foi elaborada e desenvolvida por Marx,
com a colaboração de Engels. Seus pensadores perceberam que o trabalho é o conceito
chave da teoria marxista e a luta de classes seria “o motor da história”, bem como a
produção dos bens materiais seria o fator condicionante da vida social, intelectual e
política. Para Marx, o conhecimento liberta o homem, por meio da ação deste sobre o
mundo, possibilitando, inclusive a ação revolucionária contra a ideologia dominante, no
caso, o capitalismo. Portanto, o marxismo percebe que, para o fim dessa exploração, é
necessário acabar com a luta entre classes, bem como para instituição de uma sociedade
onde os produtores seriam os detentores de sua produção, criando assim a frase: “Se a
classe operária tudo produz, a ela tudo pertence”. Sobre o Estado, Marx acredita que
não seria um ideal de moral ou de razão, pois essa força seria classificada como externa
da sociedade, que se colocaria acima da mesma. Sendo ela superior aos demais, essa
seria uma forma de garantir a dominação de classe dominante, mediador da manutenção
da propriedade. Então para Karl Marx, o Estado teria surgido juntamente com a
propriedade privada, sendo uma forma de proteger a mesma, tornando assim, o Estado,
por mais democrático que seja, uma ditadura.
Durante o governo de Lenin, o presidente da URSS utilizou da ideologia
marxista, mesmo essa defendendo a abolição do estado, Lenin abusou de todo poder do
Estado ao seu favor. Criando assim, uma vertente juntando ideais de Marx com seus
ideais. Então, segundo o livro do próprio, "Fundamentos do Leninismo"(1924), tem
como significado que o mesmo foi o marxismo da época do imperialismo da revolução
proletária. Mas exatamente: o leninismo é a teoria e a tática da revolução proletária em
geral, a tática da ditadura do proletariado em particular. Marx e Engels militaram no
período pré-revolucionário da revolução proletária, quando o imperialismo ainda não
estava desenvolvido, no período de preparação dos proletários para a revolução, no
48
período em que a revolução proletária ainda não se tornara uma necessidade prática
imediata. Porém, Lenin, seguidor das ideias de Marx e Engels, no período de pleno
desenvolvimento do imperialismo, no período do desencadeamento da revolução
proletária, quando a revolução proletária já havia triunfado num país, havia destruído a
democracia burguesa e iniciado a era da democracia proletária, a era dos Soviéticos.
6. Nacionalsocialismo
O nacional socialismo surgiu a partir das ideias nacionalistas alemãs, atreladas à
cultura racista. É de superioridade ariana. Esse grupo lutava contra o comunismo, logo
após a Primeira Guerra Mundial. A ideia inicial era afastar os
trabalhadores do comunismo, que ia se difundindo pelo mundo, e, por isso, usaram do
discurso anticapitalista para atrair trabalhadores. Esse tom foi se modificando e
adentrando no campo da luta antissemita, e com o tempo, o governo nacional-socialista,
comumente conhecido como nazismo, foi mostrando uma política de protecionismo,
intervencionismo e socialismo, diferente do socialismo proposto pelos marxistas.
2. Posicionamentos no espectro
Após a breve explicação de cada ideologia, poderemos entender cada eixo do
compasso político. No espectro político, existem a esquerda-autoritária, a esquerda-
libertária, a direita-autoritária, a direita libertária, o centro, o centro-esquerda, o centro-
direita. Há a existência de outras vertentes, mas somente as vistas como mais gerais
foram citadas.
O anarcocapitalismo se encaixa na direita-libertária por defender a máxima
liberdade individual, visando uma filosofia que abole o Estado, já que o mesmo viola os
direitos naturais do homem, que são, segundo John Locke (1632-1704, o direito à
propriedade, à vida e a busca de felicidade na mesma. Então, se localiza no campo
libertário, e está ao lado da direita, pois o mesmo não simpatiza com ideias de
coletivismo social. Essaúltima citada tem como proposta utilizar o Estado para intervir
em melhoras sociais, visando ao bem-estar coletivo e lutando primariamente pelas
minorias.
49
A social democracia encaixa-se no centro-esquerda, tendo em vista que essa
ideologia defende a existência do sistema capitalista em harmonia com o Estado e a
democracia, para que exista uma sociedade de bem-estar social, além de acreditar
que o governo deve intervir na economia, pois defende que o capitalismo e o livre-
mercado não conseguem fazer isso sozinhos. Por esses motivos, é vista como
posicionamento de esquerda, já que defende intervenção estatal econômica, ao mesmo
tempo que defende a existência do capitalismo no país.
O conservadorismo é localizado na ponta extrema da direita e um pouco mais
para o autoritário, mas sem chegar ao topo. Isso acontece porque os conservadores
querem fazer a regularização dos valores e doscostumes por meio do Estado. Os
reacionários, mesmo dizendo defenderem o livre-mercado, acham necessário o governo
regularizar o mesmo. Então em questões sociais, essa ideologia defende que toda moral
deve ser controlada pelo Estado, enquanto em questões econômicas, defendem o
capitalismo, mas com intervenção estatal, por isso, se encaixa na extremidade da direita
e um pouco acima dessa linha.
O Marxismo Leninista fica na esquerda
autoritária,pois essa, na época da antiga URSS, teve um Estado forte, autoritário e
compolíticas relacionadas à esquerda,como protecionismo e intervencionismo econômic
o.
Já o nacional-socialismo é normalmente relacionado à extrema-direita.
Mas muitos pensadores, como George Reisman (2014), defendem que essa
ideologia é de esquerda. Para explicar isso, precisa-se entender o erro que as pessoas
cometem, normalmente, num compasso político. Esses pensadores afirmam que o
erro citado acima é relacionado à como o marxismo se comporta nesse espectro político.
Como escrito em parágrafos anteriores, segundo os ideais de Marx, a última fase de seu
socialismo seria a abolição do Estado, então, ele precisa necessariamente estar em
um ponto no extremo libertário. Mas ele é visto como esquerda autoritária no senso
comum, pois confunde-se constantemente um socialista de um comunista, achando que
o comunismo defende a existência do Estado, quando na realidade, é o contrário. É por
isso, que com o tempo, foi necessário outras formas de representar posicionamentos
teóricos.
Os pensadores justificam a ideia do nazismo ser de esquerda com os argumentos
50
do governo de Hitler aplicar ações de posicionamento aos outros esquerdistas. Numa
breve comparação entre o que esse governo fez com os ideais de esquerda, é visto uma
forte semelhança, como o intervencionismo do Estado na economia e nas empresas
privadas. Vale lembrar que corporativismo não é capitalismo. Ou seja, empresas que
tiram vantagens em cima das outras através de acordos com o governo não estão em um
livre-mercado, pois a concorrência não é igual, logo é totalmente diferente da ideia do
capitalismo, que visa a concorrência entre várias empresas com o incentivo de lucro.
Então, além do intervencionismo, Adolf Hitler praticava o protecionismo,
criando uma economia altamente interna, fechando suas fronteiras econômicas. Esse
ponto é visto hoje em dia em países como Venezuela e Cuba, locais socialistas e com
alta presença do Estado. Vale ressaltar o nome do partido nazista: Partido Nacional
Socialista dos Trabalhadores Alemães (PNSTA). Como um partido que se denomina
socialista não seria classificado como esquerda? Muitos dizem que Hitler era inimigo
dos socialistas e comunistas. Isso não deixa de ser verdade. Adolf H. lutava contra o
socialismo proposto pelos marxistas, mas isso não desmerece o fato de que ele defendia
o socialismo. Para explicar melhor isso, veja a frase dita pelo nazista para o jornal The
Guardian, em 1923: “Os marxistas roubaram o termo socialismo e confundiram o seu
significado. O socialismo é uma instituição ariana alemã antiga. Nosso socialismo é
nacional. Queremos que sejam atingidas as necessidades justas das classes produtivas
pelo estado. Para nós, o estado e a raça são um só”. Com essa frase, dita pelo próprio
representante do nacional-socialismo, percebe-se uma visão socialista onde o Estado
garantiria a supremacia ariana e as necessidades justas das classes produtivas, ou seja,
não defendia um livre-mercado, nem um Estado Mínimo, nem liberalismo, nem
capitalismo, nem o próprio marxismo.
Logo, deve passar pela cabeça de muita gente: “então o nacional-socialismo é
uma terceira via, já que não defendia o socialismo de Marx e nem o capitalismo”. Mas
na realidade não existe uma “terceira via”, tendo em vista que, mesmo não defendendo
o marxismo, ele defende uma soberania do Estado, um coletivo acima do indivíduo,
uma economiafechada, e essa última pela frase de Hitler: "A destruição da economia
nacional, em benefício do capital internacional, é um fim que foi atingido graças à
tolice e à boa fé de um lado e a uma covardia inominável do outro". Por isso, pessoas
concordam que o governo de Adolf Hitler se aproxima muito mais da esquerda do
51
que da direita. Recentemente aconteceu um protesto nacional-socialista em uma cidade
dos Estados Unidos, e o assunto se esquerda e direita surgiu de um dia para o outro.
Normalmente as pessoas recorrem ao primeiro site que aparece na internet para ter um
“conhecimento” primário sobre o assunto e postar sua opinião na internet. Esta é a
explicação para uma grande parte da sociedade acreditar que o nazismo é de extrema-
direita. Mas, junto a isto, muitos acreditam que a imprensa divulga e propaga essa ideia
errada, pelo simples fato deque a maior parte da imprensa, focando na
brasileira, tem grande parte dos posicionamentos esquerdistas, mas não gostariam que as
população vissem a ideologia autoritária que eles defendem, e, por isso, jogam a sujeira
para outro lado.
Após a apresentação das ideologias no espectro político, é necessário voltar ao
assunto da falha dessa representação cartográfica. Como afirmado anteriormente, foi
preciso a criação de novas formas de mostrar os posicionamentos teóricos. A teoria da
ferradura de Faye (2002) tenta mostrar a aproximação dos extremos de ambos os lados
(esquerda e direita). Já na parte inferior da ferradura, há a confusão entre as ideologias,
e a alta tolerância entre opositores (vista mais na parte do liberalismo como um ponto
em comum entre direita e esquerda).
As pessoas podem, através desse projeto, adquirir mais conhecimentos
sobre posicionamentos políticos e entender que não existe somente esquerda e direita ou
capitalista e socialista. Desenvolver também um posicionamento crítico às teorias
econômicas existentes atualmente. Além de criar embasamento para discussões em sala
de aula e espaços de diálogo através de argumentos consistentes e coerentes.
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KINSELLA, Stephan. O que significa ser um anarcocapitalista? Disponível em
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CANCIAN, Renato. Conservadorismo - origens: Mudança deve ser reflexo da dinâmica
52
social. Disponível em
<https://educacao.uol.com.br/disciplinas/sociologia/conservadorismo---origens-
mudanca-deve-ser-reflexo-da-dinamica-social.htm> Acesso em 27 de agosto de 2017.
F. Engels, A. Talheimer, J. Harari e L. Segal. Introdução ao Estudo do Marxismo.
Disponível em <https://www.marxists.org/portugues/tematica/livros/estudo/index.htm>
Acesso em 27 de agosto de 2017.
REISMAN, George. Porque o nazismo era socialismo e por que o nazismo era
autoritário. Disponível em <http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=98> Acesso em
26 de agosto de 2017.
LOCKE, John. Dois tratados sobre o governo. Londres. Ed. Awnsham Churchill, 1681.
53
O EXTREMISMO13
João Manoel Pereira do Prado Rafael Tusset Krueger
Umberto Patané da Fonseca Ramos14
Prof. Diogo Ricardo Silva Santos15
RESUMO
A pesquisa, realizada através de uma revisão bibliográfica, abordará possíveis
fontes de atividades extremistas, tanto quanto as atuais formas de combate a este e suas
efetividades; além de tentar apresentar uma definição compreensível do extremismo. A
pesquisa visa conscientizar o público geral à realidade de como ele se desenvolve,
dissolvendo noções normativas errôneas.
Palavras chave: Extremismo; Ciência Política; Sociedade.
INTRODUÇÃO
O objetivo da pesquisa realizada consiste em mostrar para os leitores os
conceitos básicos para o entendimento do extremismo, e as atuais formas de combate a
este. Será investigado o porquê da existência dessa posição tão radical de pensamento.
De acordo com Petra Guasti e Zdenka Mansfeldova, 2013, é aparente na
percepção que grupos extremistas tendem a fazer forte uso da violência como ato
político. Grupo de pouco poder tendem a episódios diretos de violência, como o
‘clássico’ homem bomba. Pesquisamos mais sobre, na tentativa de encontrar alguma
forma de impedir que esse método radical de resolver problemas sociais siga adiante.
DESENVOLVIMENTO
13Esta pesquisa permanece em desenvolvimento. 14 Estudantes do 1 ano do Ensino Médio do Colégio Santa Inês. 15 Professor de Educação Física do Colégio Santa Inês.
54
De acordo com Dr. Peters, T. Coleman e Dra. Andrea Bartoli extremismo
significa uma forma de pensamento política ou religiosa que apresentam soluções
extremas para os problemas sociais. Apenas um significado não é o suficiente para que
possamos explicar a complexidade do que é o extremismo. De outra forma, podemos
tentar traduzi-lo, como um conjunto de atividades, como crenças, atitudes e
sentimentos, altamente removidos do que é ordinário. A definição de o que é ordinário é
algo bem subjetivo, tendo que ponderar o que é colocado:
As guerrilhas organizadas e comandadas por Nelson Mandela são vistas como
algo heroico e bonito, mas cometeram atos extremos, como o bombardeio da praia de
Durban, que matou 3 civis e feriu 69. Isso frequentemente é ignorado quando se trata de
Mandela. A Ditadura Brasileira de 1964 é vista como algo extremo e cruel, na qual
praticamente não havia liberdade, mas ainda assim é vista por alguns reacionários como
uma resposta para a situação atual do Brasil.Comparando, a Ditadura Militar é vista pela
maioria como ‘extrema’, enquanto os atos de Nelson Mandela têm esta percepção aos
olhos da minoria. É possível que os grupos que ‘vencem’ tenham a história manipulada
a seu favor.
Segundo Wilcox, alguns comportamentos comuns dos grupos extremistas, seriam
ataque ao caráter de figuras opositoras, invés de suas ideias, frequentemente sendo
usados termos derrogatórios que desumanizam e humilham o “inimigo”; generalização
das características dos opositores (Judeus são todos loucos, muçulmanos são todos
terroristas); asserção com provas inadequadas, ou seja, uso de lógica emocional e apelo
ao medo e virtude subjetiva (Se estiver contra nossas ideias, significa que apoias ao
nosso oponente).
A obra ‘Addressing Extremism’ (2015) cita várias possíveis fontes do
extremismo, não necessariamente mutuamente exclusivas, com variável credibilidade na
comunidade científica. O texto organiza as geralmente mais aceitas em categorias, para
facilidade de entendimento: “Marginalização”, “Corrupção Ideológica” e “Manipulação
psicológica”.
• Marginalização
55
Recursos como a ‘Global Terrorism Database’ mostram que a grande maioria de
ataques terroristas e atividade extremista acontecem dentro de áreas de conflito e de
extrema pobreza ou opressão, principalmente o Oriente Médio, África, e América
Central. Isto seria por causa de um fato: marginalização cria extremismo. Grupos
oprimidos, pobres ou em regiões altamente perigosas tendem a receber educação de
qualidade muito menor que no ‘primeiro mundo’, e não tem acesso às mesmas
informações, o que os faz mais vulneráveis à manipulação. É lógico, também, que estes
grupos tenham receios contra as grandes massas mais privilegiadas, nutrindo o ‘espírito
revolucionário’. Indivíduos odiados odeiam seus opressores de volta, com a esperança
de um dia poder revidar – uma necessidade suprida pelo grupo extremista.
• Corrupção Ideológica
Extremismo também pode ser usado por líderes como uma estratégia racional (Mas
argumentativamente imoral) utilizando valores religiosos, sociais e políticos e os
interpretando de forma que incentiva a intolerância e o uso de violência contra os
opositores do grupo. Esta é a ferramenta principal do extremismo religioso, que
interpreta os escritos sagrados de forma considerada imprópria por porções dos fiéis.
Contudo, isto não é unicamente religioso: Adolf Hitler claramente demonstra o uso de
ideologia como ferramenta extremista em seu livro Mein Kampf, que usa como
vantagem o nacionalismo e o profundo sentimento de humilhação permeando a
Alemanha naquele momento da história - tornando a emoção da população contra os
judeus e outros ‘Untermensch’(Sub-humanos). Hitler constrói uma ideologia e a usa
como uma justificativa para os atos de seu governo.
• Manipulação Psicológica
Este método assemelha-se ao anterior, mas é profundamente diferente em escala: se
expressa entre indivíduos. Este efeito seria encontrado em praticamente qualquer grupo
extremista: se baseia no simples ato do controle da socialização, uma característica
fundamental do extremismo. A doutrinação por este processo foi organizado em oito
etapas pelo autodenominado ‘ex-cultista’ Michael Bluejay (How Cults Recruit).
56
1- Convite a um evento não ameaçador: uma festa, leitura de poesia, etc, em que o
indivíduo é introduzido ao grupo.
2- ‘Bombeamento de Amor’: o indivíduo é ‘bombardeado’ com gestos de amor e afeto,
associando o grupo com sentimentos de aceitação e felicidade.
3- Oferta de um benefício vitalício: o indivíduo ouve histórias de pessoas que tiveram
suas vidas mudadas pelo grupo extremista, e algum benefício (descobrimento do
significado da vida, felicidade, poderes sobrenaturais) é oferecido a este.
4- Extração de uma confirmação: o indivíduo é conduzido a dizer que ele quer o
benefício oferecido, solidificando a ideia como sua própria.
5- Ameaçando retrair o benefício: quando o indivíduo expressa dúvidas inconvenientes
ou parece querer sair do grupo, este é ameaçado com a falta do benefício.
6- Estabelecimento de culpa: o indivíduo é conduzido a se sentir culpado por não fazer
o suficiente em favor do grupo extremista.
7- Reforço comportamental: o indivíduo é punido socialmente por não aderir ao grupo,
e beneficiado caso o contrário, apelando ao instinto de minimizar a dor.
8- Manter o indivíduo isolado de outros círculos sociais.
Estes métodos funcionam em conjunto um com o outro, se reforçando – grupos
extremistas tendem a apresentar uma mistura destas fontes. Por exemplo, o grupo Al
Qaeda teria se formado após a exploração e ocupação econômica norte-americana,
juntando indivíduos oprimidos sob uma interpretação da doutrina Islâmica e formando
fortes laços sociais.
CONCLUSÃO
Os pesquisadores Coleman e Bartoli concluíram que existem variados métodos
para combater o extremismo, da eliminação ou captura sistemática de insurgentes até
estratégias mais sutis, como o estabelecimento de comunicação pacífica. O grande
desafio é gerar aceitação de métodos não-violentos e que preveem a formação de mais
extremistas, ao invés de simplesmente caçar e prendê-los. Ou seja: tornar as principais
fontes do extremismo não-aplicáveis. Bartoli e Coleman classificam isso como
‘peacebuilding’: o ato de isolar e eliminar fatores que criam grupos extremistas,
57
melhorando a educação geral, diminuindo a miséria, e prestando ajuda a indivíduos em
estado de risco psicológico. O experimento de Amjad e Wood claramente mostra o
sucesso na diminuição de preconceitos nocivos que poderiam levar a atos extremos,
simplesmente por meio da discussão aberta.
O caminho para eliminar o extremismo é longo, e é bem possível que isto nunca
aconteça totalmente - mas a conscientização é sempre o passo mais importante para
avançar. Entenda o problema, se proteja contra a doutrinação com seu conhecimento, e
o espalhe. Qualquer um pode ser uma vítima do extremismo, especialmente em
períodos de fragilidade emocional - zele pela individualidade e seja tolerante.
REFERÊNCIAS
Dr. Peters T. Coleman, Dra. Andrea Bartoli “Addressing Extremism” Disponível em: <http://www.tc.columbia.edu/i/a/document/9386_WhitePaper_2_Extremism_030809.pdf> Acessado em 16 de agosto de 2017. “Global Terrorism Database” Disponível em: <https://www.start.umd.edu/gtd/>“Global Terrorism Database” (Banco de Dados de Terrorismo Global). BLUEJAY, Michael. How Cults Recruit. Disponível em: <http://michaelbluejay.com/x/how-cults-recruit.html>. Acesso em: 16 de agosto de 2017. “Identifying and Changing the Normative Beliefs About Aggression Which Lead Young Muslim Adults to Join Extremist Anti-Semitic Groups in Pakistan Disponível em: http://personalpages.manchester.ac.uk/staff/alex.wood/amjadwood.pdf Acessado dia 17 de agosto de 2017 HITLER, Adolf. Mein Kampf. Disponível em: <http://sanderlei.com.br/PDF/Adolf-Hitler/Adolf-Hitler-Mein-Kampf-PT.pdf>. Acesso em: 16 de agosto de 2017. “On extremist traits”, por Laird Wilcox. Disponível em: < http://www.lairdwilcox.com/news/hoaxerproject.html> Acessado em 14 de agosto de 2017
58
“TORTURA E VIOLÊNCIA POR MOTIVOS POLÍTICOS NO REGIME MILITAR NO BRASIL”, por Adriana Cristiana Borges e Prof. Dr. Luiz Antônio Cabello Norder <http://www.uel.br/eventos/sepech/sepech08/arqtxt/resumos-anais/AdrianaCBorges.pdf.> Acessado em: 17 de agosto de 2017 “Truth and Reconciliation Commission of South Africa Report”, da Comissão Sul-Africana de Verdade e Reconciliação. Disponivel em: <http://www.justice.gov.za/trc/report/> Acessado em: 14 de agosto de 2017 Livro: Victims of Groupthink (Vítimas do Pensamento em Grupo), de Irving Janis. Acessado em: 14 de agosto de 2017
59
CENÁRIO POLÍTICO 2018
Eduardo Alvim Campo Francisco Brandão Ferreira da Silva Gustavo Marques Bandeira
Octavio Tassin Soares Rocha
Otávio Augusto Di Domenico Barivieira16
Profº Orientador Leonardo De Boita17
RESUMO
O presente trabalho busca conhecer e debater o cenário político para as eleições de
2018. Alvo de discussões da população, gera divergências de posicionamentos
políticos. Esse cenário éabordado a partir das características dos principais candidatos,
enfatizando seus atos corruptos. A análise da corrupção, de modo geral, mostra seu
desenvolvimento e como as pessoas estão lidando com ela. Porém, este cenário se altera
constantemente, com candidatos podendo ser impossibilitados de se eleger e outros
decidindo se candidatar. Este trabalho teve o objetivo de informar à seus leitores sobre o
tema, nos aspectos da corrupção e possíveis concorrentes à presidência, com ênfase em
instigar o olhar crítico. Como metodologia, a pesquisa baseou-se em
análises bibliográficas.
Palavras-chave: Corrupção; Cenário Político; Brasil,
INTRODUÇÃO
O período de eleição é de enorme importância em qualquer país, podendo mudar
drasticamente como vivemos e agimos socialmente. É aparente que no Brasil há uma
desinformação em geral da população sobre o universo da política e sobre os futuros
eleitos, por isso é muito comum candidatos serem reeleitos, apesar de inúmeros
protestos durante seu mandato. Sabendo disso, nosso grupo criou um perfil de cada
possível candidato à presidência durante as eleições de 2018. Acrescentamos nesses
perfis, as afiliações de cada candidato, seu atual cargo, projetos e programas criados e
16 Estudantes do 1 ano do Ensino Médio do Colégio Santa Inês. 17 Professor de Química do Colégio Santa Inês.
60
principalmente seu envolvimento com a corrupção. Utilizando de informações de fácil
acesso a qualquer um, também visamos provar e incentivar a informação e atenção a
quem é digno de seu voto. Isto não é tarefa complicada.
CENÁRIO POLÍTICO
Corrupção, segundo o dicionário Aurélio de Língua Portuguesa, é o ato ou efeito
de corromper; devassidão e perversão. Os primeiros indícios dela no Brasil foram no
século XVI, com funcionários públicos contrabandeando materiais sem permissão da
coroa portuguesa. Ela sempre existiu, desde as primeiras trocas entre colonizadores e
nativos, ou mesmo entre os próprios índios, mas nunca ficou tão evidente como
atualmente.
Em 2016 o Brasil foi considerado pelo Fórum Econômico Mundial o 4º país mais
corrupto do mundo. No nosso país ela afeta diretamente a população na infraestrutura,
por meio de desvios nos orçamentos públicos. Esse dinheiro é geralmente utilizado para
financiar campanhas eleitorais, corromper funcionários públicos, ou mesmo para contas
bancárias no exterior. Isso influencia criminalmente a constituição ao ampliar a
exclusão social e a desigualdade econômica, criando assim um efeito bola de neve.
A população pagaimpostos, o governo não os utiliza de volta em melhorias, e assim os
problemas já evidentes na população pioram sucessivamente. Como o jurista Calil
Simão (2014)citou: “A corrupção social ou estatal é caracterizada pela incapacidade
moral dos cidadãos de assumir compromissos voltados ao bem comum. Vale dizer, os
cidadãos mostram-se incapazes de fazer coisas que não lhes tragam uma gratificação
pessoal.”. Entende-se que grande parte dos corruptos sai beneficiado, em um país como
o Brasil, onde as leis são fracas e ineficientes.
Certamente, a corrupção é um fenômeno difícil de ser combatido, especialmente
quando ela decorre de causas históricas e estruturais. Uma de suas causas é o sistema
político-administrativo, herança da colonização portuguesa, que preservou os vícios do
patrimonialismo e do clientelismo. Esse sistema caracteriza-se pela apropriação do
patrimônio público como se fosse privado e pela concessão de benefícios públicos, na
forma de empregos, benefícios fiscais, isenções, em troca de apoio político e, sobretudo,
na forma de voto. Esse tipo de comportamento corrupto deriva menos da carência de
61
princípios morais ou éticos, mas sim das condições materiais que permitem que ele
ocorra. De acordo com essa teoria, criada pelo professor Robert Klitgaard (1994), a
corrupção envolve principalmente três variáveis: a oportunidade para ocorrer o ato
ilegal, a chance de a ação corrupta ser descoberta e a probabilidade do autor ser punido.
Um dos principais motivadores e encorajadores da corrupção é justamente a imunidade,
proteção injustificável que permitiu uma cultura de corrupção e impunidade
institucionalizadas. Dessa forma, políticos tem poder de cometer tais crimes sem
nenhuma forma de reação por parte dos brasileiros, e assim cria-se um grau de
desconfiança entre o governo e a população.
As consequências da corrupção alastram-se por todos os setores do país, da
educação à saúde, do transporte à segurança. No setor de saúde, um estudo realizado
pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), elencou os
seis tipos de abuso mais frequentes: suborno na prestação de serviços médicos,
corrupção nos contratos, relações de marketing antiéticas, abuso de poder em cargos de
alto escalão, pedidos de reembolso indevidos, além de fraudes e desvios de
medicamentos e serviços médicos. Na saúde, a OCDE, conclui que a corrupção
distorce especialmente as decisões sobre a alocação de recursos públicos. No setor de
serviços públicos e infraestrutura, a OCDE considera que a frequente situação de
monopólio e a necessidade de regulamentação estatal propiciam muitas ocasiões para
abuso de poder e pedidos de suborno. O estudo descobriu falhas similares e constantes
em todas as regiões do mundo, que são um convite à corrupção: deficiências de
planejamento, descontrole nos gastos e estimativas de demanda inflacionadas. No setor
educacional a corrupção gera distorções tanto nas grandes decisões de investimento e de
orçamento público como nas decisões pontuais (por exemplo, localização das escolas,
gestão de recursos humanos, compra e distribuição de material).
Para a OCDE, as consequências dos desvios no setor educacional são evidentes:
menos professores capacitados, menores níveis de qualificação dos alunos, diminuição
da produtividade dos trabalhadores, aumento da desigualdade social, bem como uma
diminuição da capacidade de um país desenvolver indústrias competitivas. Mesmo
assim é reconhecida a existência de estudos macroeconômicos demonstrando uma
relação positiva entre investimentos públicos na educação e crescimento econômico,
porém, segundo a OCDE, esse potencial de crescimento é muitas vezes anulado pela
62
corrupção. A única forma de "ganhar a confiança dos brasileiros" é "tomar medidas
concretas" contra a corrupção, argumenta o NYT (The New York Times) (2016). Uma
delas, afirma, é abolir a imunidade parlamentar para políticos acusados de atos
de corrupção.
O governo de Fernando Collor Mello que buscava promover a luta contra a
corrupção e seus envolvidos tornou-se uma completa fraude após serem revelados os
diversos casos de corrupção orquestrados por seu tesoureiro de campanha: Paulo César
Farias (PC Farias). Situações do gênero, em que um candidato apresenta propostas
contra atos corruptos, atualmente acabam caindo em desgraça diante de grande parte da
população, já desmotivada em confiar em políticos.
Outro caso conhecido foi o do mensalão, em que um escândalo revelado em 2005
através de um depoimento que mostrava que os deputados recebiam mais de 30 mil
reais por mês para que votassem a favor dos projetos em andamento do governo de Luís
Inácio Lula da Silva. Esse esquema de corrupção foi um dos maiores enfrentados no
Brasil, inúmeros políticos foram mencionados enquanto muitos outros foram presos
durante a investigação. Esse caso impactou o povo brasileiro mostrando a forma em que
essa compra de votos a favor dos projetos do PT (Partido dos Trabalhadores) acontecia
para que o governo de Luís Inácio Lula da Silva fluísse com seus projetos. Este caso
leva ao pensamento de que porque foi necessário pagar a deputados para que as leis
passassem no Senado e se essa maneira de compra de votos será, ou ainda, está repetida.
Evidências descobertas a partir da Operação Lava Jato indicam que a corrupção já
passou a fazer parte do próprio sistema político. Segundo pesquisas do Datafolha, para o
brasileiro a corrupção se tornou a maior preocupação do país. A corrupção é mais
visível no dia a dia do brasileiro, pois com a crise econômica de 2014 muitas ações de
desvios de verba pública estão vindo a tona e se tornando nítidas para a população. Atos
corruptos geralmente são fruto das instituições, moldadas por séculos de tradições
europeias.
O Brasil passa um momento difícil. O ano de 2018 será palco da escolha do
próximo presidente e o clima para a decisão de quem deverá comandar o país nos
próximos 4 anos ainda é muito problemático. Possíveis candidatos começam a surgir e
um dos fatores decisivos para a escolha será o histórico político do(a) futuro(a)
presidente do Brasil. A corrupção está muito presente na vida política, e vários dos
63
candidatos estão dentro de diversos esquemas de corrupção e fraude contrariando o
necessário para ser um bom candidato. O necessário a ser feito na hora da escolha é
procurar, no passado, os feitos do pretendente e analisar com cuidado as
propostas dos partidos.
Para poder analisar quem poderia ser um eleito aceitável para o cargo de
presidente do Brasil, foram escolhidos alguns candidatos mais prováveis a se
candidatarem à presidência e fizemos um pequeno resumo sobre suas histórias, ações e
envolvimentos com práticas corruptas e positivas à população.
CANDIDATOS
Segundo pesquisas do IBOPE (Instituto Brasileiro de Opinião e Estatística),
Datafolha e outras fontes, os possíveis candidatos para a presidência de 2018 são Ciro
Gomes, Luciana Genro, João Dória, Marina Silva, Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da
Silva.
Ciro Gomes é vice-presidente do PDT (Partido Democrático Trabalhista), defende
o trabalho e a industrialização, nega ser representante da esquerda. Como governador,
em 1990, reduziu em 32% a taxa de mortalidade infantil no Ceará e seu programa de
saúde recebeu o prêmio do Unicef. Está em escândalos como o da Lava Jato, em que um
delator diz que pagou propina a ele para ter obra do Rio São Francisco. Além disso, é
acusado de esquema de corrupção com seu irmão, Cid Gomes.
Luciana Genro é fundadora do Partido Socialismo e Liberdade, representante da
esquerda. Acusada de supostas viagens irregulares compradas com verba parlamentar.
João Doria é filiado ao Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). É o atual
prefeito da cidade de São Paulo. Em sua gestão, criou eventos como a Praça Doce e a
Rua do Choro. Também oficializou as ruas de lazer na cidade e lançou o Passaporte São
Paulo, um programa para ocupar a rede hoteleira da cidade de São Paulo nos fins de
semana. Tornou-se presidente da EMBRATUR e do Conselho Nacional de Turismo.
Em sua gestão criou inúmeras campanhas como "Respeite o Turista" e “O Rio continua
lindo”. Os críticos, porém, acusam as campanhas publicitárias da EMBRATUR de
promover o turismo sexual no Brasil, mediante a intensificação da exposição do corpo
feminino, durante a passagem de Doria pela presidência da empresa. Está sendo
64
investigado por envolvimento com a Operação Lava Jato. Ele recebeu um cheque de R$
20 mil em dezembro de 2013 de uma empresa em investigação. Em outro caso, ele
também está sendo investigado por abuso de poder, ao demitir a procuradora Laura
Mendes de Barros do cargo de controladora geral do município.
Marina da Silva viveu até os 16 anos em um seringal no Acre. Integrou o Partido
Revolucionário Comunista. Foi deputada estadual, tornou-se a mais jovem senadora
eleita no País. Na gestão de Marina Silva como ministra do meio ambiente, pode ser
observado que pela primeira vez o setor ambiental do Governo Federal participa da
definição de estratégias e de ações para o desenvolvimento do País. De acordo com
pesquisas, nas eleições de 2018, dispara contra Temer, PSDB (Partido da Social
Democracia Brasileira) e PT. Foi senadora e ministra de Lula, fundadora do partido
Rede Sustentabilidade. Nenhum dos quatro deputados da Rede foi citado até o momento
nas delações da operação.
O deputado Jair Messias Bolsonaro atualmente cumpre seu sexto mandato
na Câmara dos Deputados do Brasil, eleito pelo Partido Progressista. Foi o deputado
mais votado do estado do Rio de Janeiro (464 mil votos). Já foi filiado ao Partido Social
Cristão até julho de 2017. Tornou-se conhecido por fazer críticas à esquerda e por
causar polêmica com seus discursos. Apesar de ser contra a corrupção, apareceu na lista
de pessoas que receberam doações da Friboi e JBS (José Batista Sobrinho). Foi
obrigado a pagar 10 mil reais à Maria Do Rosário por danos morais e está aguardando
resposta de se será condenado ou não, foi condenado na esfera cível.
Luiz Inácio Lula da Silva nasceu em 1940. Ajudou a fundar o PT (Partido dos
Trabalhadores) no qual eventualmente passou a ser presidente.Foi deputado federal
constituinte com a maior votação do país. Em 2002, foi eleito presidente do Brasil com
votação recorde de 50 milhões de votos. Reelegeu-se em 2006, vencendo. Durante seus
mandatos como presidente da república, alcançou diversos objetivos e conquistas, como
aumento Real do salário mínimo.Durante sua vida política, Lula esteve e atualmente
está, em diversos escândalos envolvendo fraudes, desvio de dinheiro entre diversos
outros assuntos. O mensalão é o nome do principal escândalo que atingiu seu governo.
Este consistia em um esquema de pagamento de propina a parlamentares para que
votassem a favor de projetos do governo.
65
CONCLUSÃO
Ao longo da pesquisa surgiram novas informações e alegações sobre cada
candidato. Não há certezas sobre a candidatura dos políticos pesquisados. Em relação a
sua candidatura, novos candidatos podem surgir para concorrer à
presidência. Independentemente de quem de fato concorrerá ao maior cargo político do
Brasil, é necessário buscar informações sobre ele e procurar informações sobre os
projetos que ele ou ela pretende efetuar em seu mandato.
REFERÊNCIAS
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amigo. Folha de São Paulo, São Paulo. 16 out. 2017. Disponível em
<http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/01/1733879-doria-recebeu-r-950-mil-de-age
ncia-do-governo-federal-chefiada-por-amigo.shtml>. Acesso em 10 out. 2017.
http://www.bbc.com/portuguese/brasil-36458718
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA. In: Só História. Disponível em
<http://www.sohistoria.com.br/biografias/lula/>. Acesso em 11 out. 2017.
DUARTE, Lidiane. Mensalão. Infoescola.com. Disponível em
<http://www.infoescola.com/politica/mensalao/>. Acesso em 11 out. 2017.
Como Bolsonaro explica o dinheiro da Friboi em sua prestação de contas de
2014. Sul21. Disponível em <https://www.sul21.com.br/jornal/como-bolsonaro-explica-
o-dinheiro-da-friboi-em-sua-prestacao-de-contas-de-2014/>. Acesso em 11 out. 2017
FREITAS, Carolina. PEN, futuro partido de Bolsonaro, pede para mudar nome para
Patriota. Valor, São Paulo. Disponível em
<http://www.valor.com.br/politica/5133810/pen-futuro-partido-de-bolsonaro-pede-para-
mudar-nome-para-patriota>. Acesso em 11 out. 2017
66
FRAZÃO, Dilva. Biografia de Jair Bolsonaro. Disponível em
<https://www.ebiografia.com/jair_bolsonaro/>. Acesso em 11 out. 2017
Ao explicar R$ 200 mil da JBS, Bolsonaro admite que PP recebeu propina. O Povo.
Disponível em <https://www.opovo.com.br/noticias/politica/2017/05/ao-explicar-r-200-
mil-da-jbs-bolsonaro-admite-que-pp-recebeu-propina.html>. Acesso em 11 out. 2017
BARBA, Mariana. Corrupção no Brasil tem origem no período colonial, diz
historiadora. BBC Brasil, São Paulo. Disponível em
<http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2012/11/121026_corrupcao_origens_mdb.sht
ml> Acesso em 11 out. 2017
MENDONÇA, Ricardo. Pela 1ª vez, corrupção é vista como maior problema do país,
diz Datafolha. Folha de São Paulo, São paulo. Disponível em
<http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/11/1712475-pela-1-vez-corrupcao-e-vista-
como-maior-problema-do-pais.shtml> Acesso em 18 out. 2017
67
ARTE COMO FORMA DE PROTESTO SOCIAL18 Alexandre Pineda Eduardo Roncatto Thiago Abade Vitória Cocolichio19 Profº Orientador ViniciusRodrigues20
RESUMO
O assunto abordado classifica e exemplifica temas que envolvem o protesto social
como forma de expressão artística. Dentre eles destacam-se o grafite, a pichação e
músicas de protesto. O hip-hop diz respeito à combinação da pichação com o rap como
forma de protesto urbano. Comumente vista no Brasil, essa cultura tem como objetivo
mostrar a realidade de vida de pessoas mais simples, assim, protestar usando a música e
a pichação.
Palavras-chave: Rap; Pichação; Protesto.
INTRODUÇÃO
O rap e a pichação são formas de protesto que conseguem alcançar um grande
público, ambos procuram mostrar a realidade de pessoas da periferia. Por esse motivo,
nós escolhemos esse tema, por ser a representação da luta de um povo que vive em um
centro urbano prejudicado e se esforça para receber a atenção e a visão necessária.
Nosso questionamento é: Como conscientizar a população de que o rap e a
pichação são manifestações e não apenas relações com o mundo do crime? Neste
estudo, pretende-se estabelecer essas formas de arte como protesto, bem como os
objetivos e recursos utilizados para realizá-los.
18Esta pesquisa permanece em desenvolvimento. 19 Estudantes do 1 ano do Ensino Médio do Colégio Santa Inês. 20 Professor de Literatura do Colégio Santa Inês.
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1. PICHACÃO
A pichação é vista como um gesto de vandalismo por atingir a propriedade
privada de cidadãos que, no geral, desconhecem as causas da manifestação ou são alvos
dela. O ato de pichar torna-se incômodo para o sujeito que recebe a crítica, no entanto,
ele acaba perdendo a razão em seu direito como proprietário após atos de violência
constantemente registrados.
O "picho" se popularizou, no Brasil, durante a ditadura, como forma de protesto,
não surgiu querendo agradar. Evoluiu do discurso exclusivo contra os governos para
uma contestação mais ampla. Você pode rodar o mundo e vai ver que o grafite é um
fenômeno mundial, tanto quanto é a pichação.
Nada na pichação é organizado. Não existe essa palavra para eles. Muitas vezes os pichadores não tem nenhum plano: eles identificam um prédio, chegam e vão subindo. Ai no meio é que percebem como que vai ser. Seria mais fácil se eles bolassem estratégias, mas eles não pensam nisso. Nem para pichar, nem para escapar da polícia. É tudo muito instintivo. (OLIVEIRA, 2009).
1.1 GRAFITE
A arte do grafite é uma forma legalizada de manifestação artística em espaços
públicos. A definição mais popular diz que o grafite é um tipo de inscrição feita em
paredes. Seu aparecimento na Idade Contemporânea se deu na década de 1970, em
Nova Iorque, nos Estados Unidos. Alguns jovens começaram a deixar suas marcas nas
paredes da cidade e, algum tempo depois, essas marcas evoluíram com técnicas e
desenhos.
Visto inicialmente como poluição visual, o grafite vem, cada vez mais, se
tornando um instrumento possível de embelezamento e uma forma de
protesto e de crítica aos problemas das grandes cidades. (PINHEIRO, 2014).
O grafite é uma importante e inovadora forma de expressão artística, pois tem
conquistado muitos admiradores e ampliado o seu território para além da marginalidade
69
e para dentro das grandes galerias. Um dos principais aspectos que fez com que isso
acontecesse foi a sua legalização e divulgação a partir dos anos 2000, sendo estimulado,
de forma legal, pelo próprio poder público, muitas vezes.
Um exemplo de profissionais do grafite são OsGêmeos. Gustavo e Otávio
Pandolfo são irmãos gêmeos e certamente os dois grafiteiros brasileiros mais
conhecidos fora do país. Começaram a carreira artística no Bairro do Cambuci em
meados dos anos 1980. Atuam em diversas plataformas, mas o grafite foi o grande
responsável por seus maiores sucessos. A dupla tem obras na Espanha, Inglaterra,
Estados Unidos e Alemanha.
1.2 RAP
O rap, sendo uma plataforma musical e legal, é um meio em que os protestos
podem se tornar virais e assim chamar a atenção de uma forma mais natural. O mesmo
contribui para a sociedade, tentando transformar espaços cercados pela violência (como
favelas) em arte, cultura, música, dança e outros instrumentos para um caminho fora do
mundo do crime.
O termo RAP significa "rhythm and poetry", ou seja, ritmo e poesia. Teve sua
criação na Jamaica, nos anos 1960, sendo levado até a periferia de Nova Iorque,
tornando-se popular no resto do mundo. As letras de rap abordam, na maioria das vezes,
assuntos que procuram protestar contra a sociedade – uma forma de manifesto da
periferia.
Um dos principais pensamentos que levam algumas pessoas a acreditarem que o
rap está ligado com a marginalização é o fato de que as suas letras, na maioria das
músicas, possuem uma linguagem informal, comum a locais pobres, onde há grande
índice de tráfico de drogas, roubos e assassinatos, como no exemplo abaixo:
Chega! Obras de milhões de reais e milhões de pacientes sem lugar nos
hospitais (GABRIEL, O PENSADOR, 2016. “Chega!”).
O trecho acima aborda a priorização que o governo dá a coisas supérfluas, tal
como o dinheiro investido em construções que poderiam ser utilizados na saúde pública.
70
Um exemplo de rapper que baseia sua música em manifestações políticas é Lil
Wayne, um dos músicos mais polêmicos e renomados da atualidade; começou sua
carreira artística logo aos 9 anos de idade, em 1991. Produziu diversos álbuns ao longo
de sua carreira, retratando em suas músicas a sua realidade e a do país. O cantor também
luta contra o machismo, pois cresceu vendo seu pai bater em sua mãe.
CONCLUSÃO
O rap e a pichação, normalmente, são relacionados com o mundo do crime, dado
que as suas raízes vêm da periferia, onde há grande índice de tráfico de drogas, roubos,
assassinatos e vandalismos e, assim, consequentemente, acabam não sendo levados a
sério, o que gera a falta de atenção necessária. Para acabar com o problema da falta de
preocupação para com o rap, pessoas com poder político deveriam visar e resolver os
problemas socioeconômicos da periferia.
Neste trabalho, procuramos mostrar exemplos de protesto que usam os meios
artísticos de acordo com suas raízes. O grupo também tinha o intuito de apresentar as
diferenças entre pichação e grafite, já que muitos não têm essa noção e apenas falam
que pichação seria uma versão ilegal do grafite.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
https://noisey.vice.com/pt_br/article/rdp9wv/seria-esta-a-prova-final-de-que-o-rap-nao-influencia-o-crime http://www.redebrasilatual.com.br/entretenimento/2017/01/com-origem-na-ditadura-pichacao-nasceu-como-forma-de-protesto http://www.portalodia.com/noticias/piaui/o-dilema-da-pichacao-arte,-manifestacao-legitima-ou-vandalismo-285688.html https://pt.wikipedia.org/wiki/Picha%C3%A7%C3%A3o http://lounge.obviousmag.org/hora_critica/2015/03/o-grafite-como-expressao-de-arte-e-pensamento-coletivo.html https://educacao.uol.com.br/disciplinas/artes/grafite-uma-forma-de-arte-publica.htm http://circuitomt.com.br/editorias/cidades/64509-pichacao-e-grafite--formas-de-expressao-que-vem-da-rua.html http://www.zonasuburbana.com.br/o-rap-como-expressao-artistica-e-politica/ https://portaljudaico.com.br/9-muralistas-grafiteiros-brasileiros-que-fazem-sucesso-no-mundo/
71
O TEATRO COMO PROTESTO:
POR QUE DEVEMOS FALAR SOBRE ISSO? Bartira Linck,
Carolina Figueiredo Eduarda França
Elisa Ribeiro Gabriela Stein
Júlia Machado21
Profª Orientadora Analice Vacaro22
Profª Orientadora Letícia Finkenauer23
RESUMO
Este trabalho tem a finalidade de tentar transformar a percepção da sociedade no
que se refere ao valor da arte, agregando cultura e conhecimento sobre as manifestações
artísticas no âmbito teatral, reconhecido por provocar desconforto, inquietação e
principalmente estimular a reflexão a partir de suas diferentes propostas temáticas. O
nosso corpus de pesquisa são autores e algumas de suas obras teatrais que trouxeram
críticas e manifestações sobre assuntos polêmicos para a época à qual foram veiculados.
Como metodologia, realizamos uma pesquisa sobre esses autores e suas obras, e o
motivo de suas apresentações críticas para a época. Também analisamos a importância
de debater esse assunto que, muitas vezes, é tratado como um tabu na sociedade. Da
análise feita, foi possível constatar que os artistas que tratam, em suas obras, de assuntos
polêmicos tendem a lutar contra a censura causada por parte da população que não
concorda com o assunto retratado, assim buscando novas maneiras de demonstrar suas
opiniões. Dessa informação, concluímos que o ser humano busca a arte como meio de
comunicação, tanto passiva quanto mais provocativa, trazendo inovações e novidades
21 Estudantes do 1º ano do Ensino Médio do Colégio Santa Inês. 22 Professora de Arte do Colégio Santa Inês. 23 Professora de Língua espanhola do Colégio Santa Inês.
72
que acompanham a evolução da sociedade e que consequentemente acarretam a
evolução da arte.
INTRODUÇÃO
Defender suas próprias ideias sempre foi um problema, principalmente quando
elas vão de encontro às daqueles que estão no poder -os intocáveis cujos pensamentos
deveriam ser “a única verdade”. Manifestações artísticas, em todos os seus tipos, são
movimentos políticos os quais tomam lugar em espaços púbicos e tratam de ideologias e
de cenários reais. Devem, portanto, ser tratadas seriamente. Além disso, a arte
proporciona oportunidades para quem não as têm: por exemplo, ser visto e escutado. A
arte também pode iniciar uma mudança social por meio da geração de conhecimento ou
simplesmente pelo estímulo ao desenvolvimento de consciência.
A partir da necessidade de estimular a consciência a respeito do valor da arte,
muitas vezes não reconhecido, escolhemos estudar o assunto. Movimentos artísticos são
reflexos de nós mesmos, da sociedade, a qual, com o auxílio da arte, pode identificar
seus próprios valores e, se necessário, transformá-los. Tendo em mente a vastidão e a
amplitude que a arte proporciona, o grupo optou por estudar uma das áreas desse meio,
sendo a área teatral a escolhida. Salientamos também que fizemos um estudo piloto
sobre este assunto tão vasto, reconhecendo que nosso trabalho traz uma revisão breve do
tema e ensaia algumas considerações a partir do nosso atual cenário sócio histórico.
REFERENCIAL TEÓRICO
Devido à vastidão de ocasiões em que a arte foi utilizada, ao longo da história,
como forma de protesto, situar o surgimento do primeiro desses torna-se difícil. Como
movimento de exemplo e datação que queremos seguir, citamos o Dadaísmo comouma
manifestação de protesto. Este o movimento, surgido como reação à Primeira Guerra
Mundial, a qual, juntamente de valores tradicionais e capitalistas, foi criticada pela
vanguarda. Outro exemplo de embate e análise da realidade é Guernica (1937), de
Picasso, obra que retrata as atrocidades da Guerra Civil Espanhola, representa
inspiração para o movimento moderno de direitos humanos. A guerra foi
73
constantemente um fator motivador para artistas, os quais produziram obras que geram
um chamado por responsabilidade e consciência por parte do público. A arte, em suas
diferentes manifestações, como a dança, a música, o cinema, a literatura, o teatro, etc.
tornou-se uma linguagem potente utilizada para abordar diversas formas de opressão e
desigualdades persistentes referentes a gênero, classe, origem e crença.
No contexto teatral brasileiro tivemos inúmeras obras que vão na mesma linha.
No Rio Grande do Sul, destaca-se a peça Bailei na Curva, obra icônica narra o Brasil
de 1964, que vivenciava um golpe militar mascarado de revolução. A crítica social se
mostra atemporal, visto que o tema da peça retorna a debate atualmente: que futuro
queremos para o país, que importância tem a voz das pessoas. Ainda hoje, a peça é
encenada por diferentes elencos, que inspiram o desejo de ter um país diferente.
A arte de protesto torna-se uma importante ferramenta a partir do momento em
que, além de constituir-se como reflexo cultural de determinada época, proporciona um
repertório de manifestações e contestações. A arte caracteriza-se como um meio de se
colocar em oposição e questionamento sobre posicionamentos culturais. Os últimos
séculos têm sido de extrema importância para os artistas, que, em vez de restringirem-se
ao simples discurso, expandiram horizontes através da arte, a qual passou a ser utilizada
como um meio de comunicação e expressão de ideologias.
Todos os tipos de repressão – gênero, etnia ou sexualidade – são postos em
questão por parte de movimentos sociais, como o feminismo, por exemplo, que
objetivam gerar reconhecimento e direitos igualitários e fugir de padrões considerados,
antes, os únicos a merecerem espaço (homem, branco, heterossexual, cristão). Tais
movimentos foram acompanhados de processos artísticos, com enfoque gráfico e em
performances, que se tornaram reais protestos consolidando-se como um confronto às
instituições tradicionais, ao mesmo tempo em que procuravam a valorização de suas
características, divergindo daquilo que as antecedia.
Redesenhando o cenário político dos anos 60 para entender o teatro e o protesto,
no Brasil tivemos um Sistema Nacional de Informação (1964) que se originou a partir
da materialização de redes de controle sobre esferas de produção cultural e órgãos de
criação, com o objetivo de coordenar as atividades de informação e contra informação
no Brasil e no exterior. Com o governo militar, a censura começou a se manifestar, e
nesse mesmo período, foi instituído o Ato Institucional número 5 (1964-1985). Entre
74
suas determinações, encontrava-se o direito de o governo impor censura prévia para a
jornais, revistas, livros, filmes, peças teatrais e músicas. A partir de então, filmes
sofreram cortes parciais e suspensões. Grupos de extrema direita passaram a invadir
teatros, onde peças e musicais eram encenados, com a intenção de afastar e agredir
atores, diretores, o público e a equipe técnica, destruindo e depredando os cenários de
forma agressiva, entre 1968 e 1979.
No decorrer dos anos setenta do século XX, atores, cineastas, músicos e demais
indivíduos de posição esquerdista viveram sob pressão, temendo pela própria vida e
segurança de seus familiares. Ainda assim, alguns profissionais de áreas relacionadas ao
teatro e cinema ousaram se arriscar ignorando a censura do governo e priorizando
questões existenciais, da sociedade de consumo, do preconceito contra homossexuais e,
negros e além de tudo trazendo a reflexão sobre o papel da mulher na sociedade,
questionando estereótipos da “mulher do lar”.
Ao observar o roteiro de algumas peças teatrais do período em análise, vale
destacar que os atores e diretores usaram as entrelinhas da escritura, dos diálogos e das
caracterizações dos personagens construídos como forma de alegorias linguísticas, pois
eram tidos como ameaça à ordem pública os espetáculos que efetuassem alusões a
planos governamentais, a economia, a educação, a saúde ou ainda que se referissem de
má fé à diplomacia brasileira. Dessa forma, peças teatrais, por ordem do governo, eram
enviadas à Brasília a fim de serem analisadas pelo Departamento de Censura.
Desde o início do teatro no Brasil, pode-se afirmar que as décadas 60 e 70 foram
marcantes, especialmente em função da Ditadura Militar, pela insistência da juventude e
dos artistas na busca de um ideal de liberdade. Por definição, o teatro é tradicionalmente
uma manifestação artística presente na cultura de muitos povos, e no século XX
caracterizou-se pela diversidade e pela ruptura de antigas tradições, que passaram a
usar a arte como divulgadora de denúncia dos acontecimentos da vida real. Assim, o
teatro continha muitas apresentações com um forte poder revolucionário e não apenas
de entretenimento. Nesse contexto, a maioria dos palcos como o do Teatro Oficina,
Teatro Opinião e Teatro de Arena, localizados, respectivamente, em São Paulo, Rio de
Janeiro e no Centro Histórico de Porto Alegre, realizavam espetáculos que tinham como
objetivos os protesto aos limites políticos da época. Por isso, vários artistas engajados
75
invocavam o teórico e dramaturgo alemão Bertolt Brecht, que entendia o teatro como
uma importante arma de combate político, sendo fonte de inspiração dessa geração que
marcou a história do teatro no país.
Segundo Santos (2005), no período da Ditadura Militar, a partir de 1964, o teatro
sofreu grandes perseguições; muitas associações de teatro foram extintas por limitações
financeiras e por censuras do Governo, em especial dois grupos, O Oficina e O Arena.
Ambos os grupos foram dizimados pelo Al-5, Ato Institucional que deflagrou o terror
de Estado e exterminou aquilo que fora o mais importante ensaio de socialização da
cultura jamais havido no país.
Entretanto, o ato não impediu o contínuo movimento das manifestações teatrais.
O clima político da época favoreceu o desenvolvimento de espetáculos teatrais que
objetivaram a popularização de uma cultura engajada e nacionalista como resposta ao
Golpe Militar. Dentre incessantes exemplos de peças teatrais, que foram muito
importantes para representar oposição à Ditadura Militar, destaca-se a Arena Conta
Zumbi (1965), de Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri. Essa peça, que inclusive foi
foco de estudo em um dos artigos de referência do grupo ao exibir em cena um episódio
complexo da história brasileira - a luta dos quilombolas de Palmares e sua resistência à
opressão portuguesa - apresentou a realidade do Brasil onde jovens negros têm maiores
chances de serem vítimas de atos criminosos e preconceituosos do que jovens brancos.
Portanto, o tema retratado na peça citada, não é apenas algo ainda atual, e sim algo
necessário de ser tratado. Podemos ver a importância da obra a partir da narrativa
cantada em seus últimos versos:
“Tanto cansou, entendeu
que lutar afinal
é um modo de crer
é um modo de ter
razão de ser”
O Brasil apresenta grandes autores teatrais que continuaram o legado da arte
como protesto; destacam-se nesse panorama contemporâneo brasileiro dramaturgos
como Jorge de Andrade (1922-1983), Plínio Marcos (1935-1999), Ariano Suassuna
(1927-2014), Dias Gomes(1922-1999), entre outros.
76
MATERIAIS E MÉTODOS
A fim de compreender a importância da a arte como forma de protesto , o grupo
realizou pesquisas a cerca do assunto. Estas tiveram foco na área teatral e se
concretizaram por uma revisão bibliográfica à respeito do conceito da arte como
protesto. Tal revisão ocorreu a partir de artigos, reportagens e visitas a instituições, em
busca de dados e fatos que comprovam a relevância e seriedade das manifestações
artísticas teatrais.
O projeto teve início com a pesquisa sobre o contexto histórico do tema
abordado. Os artigos Autoritarismo versus liberdade de expressão: o teatro brasileiro
dribla a censura com perspicácia, de Sandra C. A. Pelegrini, e A ambivalência do
protesto no teatro e na canção no Brasil pós-1964, de Paulo Bio Toledo, auxiliaram o
grupo nessa primeira etapa. O primeiro dispõe de uma reflexão a respeito dos métodos
utilizados por produtores teatrais, dramaturgos e atores para burlar a censura durante a
Ditadura Militar, analisando peças que abordaram temas considerados, na época,
imorais e que questionaram questões políticas. O segundo artigo também trata sobre o
período do governo militar e discute os fatores artísticos teatrais e musicais do mesmo,
com base na análise do texto e das canções do espetáculo Arena Conta Zumbi, de
Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri, assim como da releitura de Maria Bethânia
em 1965 para Vivo num tempo de guerra.
A partir da leitura prévia de artigos, o grupo também consultou o histórico
do Teatro de Resistência, Itaú Cultural. Esse possui um grande repertório de peças que
formam um movimento teatral, realizado por dramaturgos que se posicionam contra o
regime militar. Nesse contexto encontra-se o show Opinião, a primeira reação teatral ao
golpe militar, e a peça Milagre na Cela, de Jorge Andrade, sobre situações ligadas à
tortura e ao exílio.
A reportagem Protest Art in the Era of Trump, de M. H. Miller para o The
New York Times auxiliou a equipe na construção de comparações e paralelos da arte de
protesto de décadas atrás com a atualidade. Além disso, a metodologia de estudo dispõe
de uma entrevista com a atriz Márcia do Canto, quem participou do elenco original da
peça Bailei na Curva (1983), a qual retrata fatos políticos a partir do golpe militar de
1964 até o movimento das Diretas Já, em 1984. Para tanto, o grupo elaborou perguntas,
77
visando à compreender a proposta de reflexão sobre a temática por parte da atriz. A
entrevista ocorreu na instituição de ensino da equipe, o Colégio Santa Inês, onde a
própria entrevistada trabalha. Abaixo, um breve resumo da resposta de Márcia.
“Eu acho que o teatro em si, ou qualquer atividade profissional, além de ser agradável
tem que ser útil, para mim e para a sociedade. De alguma maneira, todos os espetáculos
que eu faço buscam fazer alguma reflexão da gente como ser humano (...) [Bailei na
Curva] Surgiu da necessidade que a gente tinha, naquela época, de falar sobre a nossa
história, o que nós vivíamos e sentíamos. Diferente de hoje, naquela época havia poucos
espetáculos ou filmes que falavam sobre a condição da gente (...). Foi algo que
repercutiu muito bem, no sentido que as pessoas também estavam sentindo necessidade
de ter esse espelhamento com algo que tivesse a ver com a vida delas.”
ANÁLISE
A revisão bibliográfica não se restringiu à análise do contexto histórico da
arte de protesto. O grupo buscou também a realização de comparações e paralelos entre
as antigas manifestações artísticas e a atualidade. Dessa forma, a reportagem de M. H.
Miller para o The New York Times, Protest Art in the Era of Trump, proporcionou
referências e depoimentos para sustentar a análise da equipe.
Make America Great Again, de Hank Willis Thomas e Eric Gottesman,
artistas comprometidos à criação de obras políticas, foi uma das produções apontadas na
reportagem. A obra consiste em um outdoor com a famosa fotografia de James “Spider”
Martin de protestantes negros desarmados enfrentando as tropas do Alabama, em sete
de março de 1965, dia conhecido como “Domingo sangrento”. Estampada na imagem, a
frase “Make America Great Again”, slogan adotado durante a eleição presidencial de
Ronald Reagan em 1980 e popularizado por Donald Trump, em sua campanha
presidencial em 2016.
A obra relaciona a imagem de um dia histórico, fruto do preconceito e
segregação, e uma frase atual, dita por um indivíduo que defende ideais e causas que
por décadas foram combatidas, devido ao fato de restringirem direitos humanos. A
criação de Willis Thomas e Gottesman representa o objetivo da arte como protesto:
provocar consciência e retirar o público de zona de conforto, gerando reflexões à
78
respeito de cenário reais.
A partir da análise do artigo Autoritarismo versus liberdade de expressão: o
teatro brasileiro dribla a censura com perspicácia, de Sandra C. A. Pelegrini,
constatou-se que o teatro, assim como música, cinema, literatura e outras formas de
expressão, teve que lutar contra a censura para manter sua atuação entre 1964 e 1985.
Para tal, utilizava sua inteligência e criatividade. A Academia Nacional de Polícia criou
duas apostilas com o objetivo de instruir censores a detectar sinais de atentados contra
os denominados valores democráticos e cristãos, vindos do “perigo vermelho”, por parte
de artistas, estudantes e outras pessoas com ideias socialistas e de liberdade. O governo
tinha interesse no fortalecimento da imagem do país para o restante do mundo,
mostrando uma nação em modernização e crescimento econômico. Membro da
Academia Brasileira de Letras, escritor e jornalista, Carlos Heitor Cony afirma que
houve dois fatores determinantes para a dinâmica das interdições, um “positivo” e outro
”negativo”. Muitos artistas consideravam os censores como néscios, incapazes de
perceber os artifícios utilizados por eles, os artistas, para driblar as censuras do
militarismo. Isso retoma o lado positivo desta falta de capacidade, se não percebiam
nada de errado, a obra permanecia ativa, porém, essa ignorância mostra também o lado
negativo que, por não conseguirem determinar o que continha o “perigo vermelho”,
obras que não faziam jus a isso poderiam ser confundidas e banidas.
Para que suas obras não fossem censuradas, artistas escondiam seus pontos de
vista, suas críticas e representações do presente momento através de metáforas,
analogias e eufemismos. Caso não o fizessem previamente, corriam risco de terem cenas
cortadas ou toda a obra censurada. Toma-se como exemplo a comédia Allegro
Desbundaccio ou Se Martins Pena fosse vivo (1973), de Oduvaldo Vianna Filho em
parceria com Armando Cost, que foi censurada por conter críticas ao capitalismo,
demonstrações rebeldia e indisciplina, incluindo também personagens hippies e
homossexuais.
Enquanto isso, após a leitura e estudo do artigo A ambivalência do protesto no
teatro e na canção no Brasil pós-1964, de Paulo Bio Toledo, foi possível analisar o
contexto histórico da arte de protesto com base em obras da época do regime militar. O
musical Arena Contra Zumbi foi uma resposta escrita e organizada por Augusto Boal,
79
Gianfrancesco Guarnieri e Edu Lobo ao início da Ditadura Militar. Estreou em 1° de
maio de 1965, um ano e um mês após o Golpe de Estado de 1964, inaugurou novidades
estéticas e marcou uma geração com seu espírito de resistência e inconformismo. A peça
trabalha dentro da temática de fatos do passado brasileiro, da história do país,
remetendo, ainda, à fatos do presente. As músicas de Edu Lobo são muito importantes
para as cenas, ao final da peça, pouco antes de Zambi, rei de Palmares, trespassar um
punhal em seu próprio peito. Na cena, antes de retirar a própria vida, Zambi outorga a
liderança do quilombo ao seu bisneto Ganga Zumba, que comandaria a última
resistência de Palmares. Essa passagem, de renascimento, junto com o uso de coro
ultrapassa a cena e se conecta com o período pós 1964, devido ao fato de se assemelhar
a resposta de um chamado de luta, luta dos Palmares, luta contra os militares.
CONCLUSÕES
O ser humano constantemente recorre aos movimentos artísticos,
objetivando a transmissão de alguma mensagem provocativa para o mundo. Tal fato foi
compreendido após a análise de manifestações artísticas que utilizaram o protesto em
forma de arte, bem como o contexto histórico da mesma. A arte teatral como forma de
protesto é importante culturalmente para a sociedade, colaborando para o seu
desenvolvimento reflexivo e, consequentemente, tornando-se mais justa. Como
exemplo, a peça teatral Bailei na Curva, na qual participou a atriz Márcia do Canto,
quem o grupe teve oportunidade de entrevistar. O depoimento obtido na entrevista
fortalece e comprova o objetivo inicial da equipe, que consiste na conscientização e
geração do valor da arte como protesto.
Durante a efetuação do projeto, foi possível concordar, como grupo, uma
opinião já subdesenvolvida anteriormente sobre o tema. Tendo novos conhecimentos,
adquiridos a partir da investigação, visualizamos o impacto que o protesto artístico
possui sobre a sociedade, e como ele é essencial não apenas para as artes, mas também
para a nossa liberdade de expressão. O estudo sobre a temática nos proporcionou
momentos de reflexão, bem como a familiarização com a ideia dessa forma de protesto.
Dessa forma, conclui-se que a arte, desde suas primeiras aparições até a atualidade,
cresce concomitantemente ao ato de protestar.
80
REFERÊNCIAS
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internet:http://epoca.globo.com/ideias/noticia/2014/03/b50-obras-produzidasb-na-
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Segundo Ato –Disponível em edição eletrônica pela
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Disponível em edição eletrônica pela internet: http://www.pstu.org.br/arena-conta-
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Bertolt Brecht é um dos Grandes Dramaturgos da História do Teatro de Globo –
Disponível em edição eletrônica pela internet:
http://redeglobo.globo.com/globoteatro/bis/noticia/2013/09/bertolt-brecht-passado-e-
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BRECHT, Bertolt. Cinco maneiras de dizer a verdade. In: Revista Civilização
Brasileira nº 05/06. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1966.
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https://pt.slideshare.net/mobile/AdrianaAndrade86/histria-manifestaes-culturais-no-
brasil-durante-a-ditadura
81
O Teatro Brasileiro Sob Pressão de DACEX – Disponível em edição eletrônica pela
internet: http://www.dacex.ct.utfpr.edu.br/ditoefeito1/teatro%20brasileiro.htm
PELEGRINI, Sandra. Autoritarismo versus liberdade de expressão: o teatro
brasileiro dribla a censura com perspicácia. Disponível em edição eletrônica pela
internet: www.uel.br/revistas/uel/index. php/antiteses/article/download/21080/16659
Protest Art in the Era of Trump de The New York Times - Disponível em edição
eletrônica pela internet: https://www.nytimes.com/2017/02/20/t-magazine/protest-art-
betty-tompkins-postcommodity-rirkrit-tiravanija.html
Teatro de Protesto de Prezi – Disponível em edição eletrônica pela internet:
https://prezi.com/m/yav299_hcus4/teatro-de-protesto/
TOLEDO, Paulo. A ambivalência do protesto no teatro e na canção no Brasil pós-
1964. Disponível em edição eletrônica pela internet:
https://www.revistas.usp.br/salapreta/article/view/96014/98321
82
IGUALDADE DE GÊNERO NO MERCADO DE TRABALHO
Anna Carolina Schneider Martins Isabella Samara Pinto Quadros Manoella Kessler Gomes Rodrigues24 Profª Orientadora Paula Ramos Toresan25
RESUMO
O objetivo deste estudo é abordar dados referentes ao crescimento da
presença feminina no mercado de trabalho paralelamente com as diferenças salariais
ainda existentes entre os gêneros, buscando as possíveis causas para o problema. Foram
efetuadas pesquisas na internet utilizando as seguintes palavras-chave: mulher, gênero,
trabalho e desigualdade salarial. A fim de compreender tais causas, realizou-se
entrevista com uma psicóloga especialista em recursos humanos, como também, uma
análise histórica das conquistas femininas e do papel da mulher em sociedade. Dados
indicam que uma mulher com nível superior recebe quase metade da renda de um
homem com o mesmo nível de escolaridade e, que há a diferença presencial no mercado
de trabalho, onde as mulheres também estão em minoria. Portanto, procura-se
questionar as consequências da entrada da mulher no mercado de trabalho, juntamente
de sua contribuição tanto à economia quanto ao sentimento de liberdade pessoal.
Palavras-chave: Mulheres; Gênero; Mercado de trabalho; Diferença salarial.
INTRODUÇÃO
A presença feminina no mercado de trabalho aumenta conforme a consolidação
do ideal das mulheres quanto às oportunidades iguais para ambos os gêneros, na busca
da aplicabilidade do conceito de equidade26 no cotidiano. As mulheres, que
conquistaram direitos ao longo da história, têm ganhado maior visibilidade e destaque
nas profissões que, anteriormente, eram predominantemente assumidas pelos homens. A 24 Estudantes do 1º ano do Ensino Médio do Colégio Santa Inês. 25 Professora de Geografia do Colégio Santa Inês. 26 Segundo Simone de Beauvoir, equidade consiste em igualdade justa.
83
conquista feminina de espaço nas áreas em que atuam, algo que tem acontecido
gradualmente na última década, é de extrema importância, pois contribui para a
diminuição do abismo existente entre homens e mulheres na sociedade contemporânea.
Neste estudo, pretende-se abordar dados referentes ao crescimento da presença feminina
no mercado de trabalho paralelamente com as diferenças salariais ainda existentes entre
os gêneros, buscando as possíveis causas para o problema.
METODOLOGIA
Para a realização desse trabalho foram efetuadas pesquisas no site G1
(g1.globo.com/) utilizando as seguintes palavras-chave: mulher, gênero, mercado de
trabalho e diferença salarial. Realizaram-se, ainda, cruzamentos entre essas palavras-
chave para facilitar o acesso ao maior número de materiais específicos sobre o assunto.
Para o embasamento teórico sobre a importância da mulher ao longo da história,
utilizou-se o livro “O Segundo Sexo” (1949) da escritora Simone de Beauvoir. Além
disso, a fim de compreender as principais causas da diferença salarial entre homens e
mulheres nas mesmas áreas de atuação, realizou-se entrevista com uma psicóloga
especialista em Recursos Humanos.
CONTEXTO HISTÓRICO
Com o desenvolvimento da sociedade, as mulheres, ao longo dos anos, foram
conquistando seus direitos a fim de atingir a igualdade com o gênero masculino. O
motivo do Dia Internacional da Mulher (comemorado em 8 de março), não foi somente
uma consequência do incêndio na fábrica têxtil, em 1857. Os decorrentes protestos
reivindicando as garantias femininas antes e depois do acontecimento fizeram com que
a ONU, apenas em 1977, reconhecesse e oficializasse a data. Além da comemoração, as
mulheres também conseguiram que suas manifestações surtissem efeito, pouco a pouco
obtendo seu espaço.
Em comparação aos homens, as mulheres começaram a protagonizar suas vidas
muito recentemente. Dentre todos, as brasileiras obtiveram direito à educação (em 1827
ao ensino fundamental e em 1879 ao superior), direito ao voto em 1932 e ao divórcio
84
em 1977. Em 2006, a Lei Maria da Penha, sancionada pelo ex-presidente Lula. O
decreto recebeu este nome devido ao caso de Maria da Penha, mulher que sofreu por 19
anos as agressões e torturas do marido que, inclusive, levaram-na a ficar paraplégica.
Foi o primeiro caso em que um homem foi condenado por violência doméstica no
Brasil. A Lei do Feminicídio, sancionada em 2014, condena casos de descriminação
violenta contra a condição de mulher (seja homicídio ou mutilação de partes do corpo
intimamente relacionados ao gênero feminino).
Como fundamentação do ponto de vista para esse artigo foram utilizadas as ideias
de Simone de Beauvoir, importante escritora francesa e feminista. Suas obras tratavam
da independência feminina e do papel da mulher na sociedade. Seu livro mais
importante e reconhecido, "O Segundo Sexo" de 1949, questionava os papéis pré-
estabelecidos para cada um dos gêneros e a conquista dos direitos femininos. De acordo
com a autora, as mulheres, a partir do trabalho e de maior inserção no mercado de
trabalho, adquirem mais oportunidades de modo que as diferenças existentes entre os
gêneros sejam reduzidas. Conforme Beauvoir (1949, p. 149), é pelo trabalho que “a
mulher conquista sua dignidade de ser humano; mas foi uma conquista singularmente
árdua e lenta.”. A autora também refere que “foi pelo trabalho que a mulher cobriu em
grande parte a distância que a separava do homem; só o trabalho pode assegurar-lhe
uma liberdade concreta." (1949, p. 449).
MERCADO DE TRABALHO
De modo a exemplificar a representatividade feminina no mercado de trabalho,
calcula-se que aproximadamente 50% das vagas para o curso de engenharia da PUCRS
são destinadas às mulheres, além da empresa Uber que, no ano de 2016, já contava com
cerca de 300 motoristas do sexo feminino registradas no aplicativo do Rio de Janeiro.
Em relação ao 10º Batalhão do Corpo de Bombeiros, localizado no município de
Divinópolis em Minas Gerais, apenas 8% do efetivo corresponde à presença feminina.
Apesar do pequeno percentual, a pessoa selecionada como capitã e chefe da seção de pessoal
é uma mulher. Quanto à segurança pública, 9,8% dos policiais militarese 26,3 % dos
policiais civis são mulheres, sendo Amapá o estado com maior índice de presença
feminina na Polícia Militar (20,3%), seguido de Roraima (14,5%) e de Bahia (13,9%).
85
DIFERENÇA SALARIAL
Apesar dos crescentes números apresentados, um levantamento mostra que as
mulheres ganham, em média, 30% a menos que os homens em todos os cargos. Uma
pesquisa feita pelo IBGE, onde foram analisadas 28 áreas de atuação, comprova a
existência de uma alta disparidade salarial em 25 dessas áreas. As diferenças salariais
entre homens e mulheres podem chegar a 116,4% na área de idiomas e cursos
vestibulares, segundo a pesquisa, sendo que no setor de seguros, por exemplo, a
diferença salarial chega a 97,7%. Em áreas como a consultoria, a diferença chega a ser
de 62%.
Dados indicam também que uma mulher com nível superior representa quase
metade da renda de um homem com o mesmo nível de escolaridade. Há, ainda, a
diferença presencial no mercado de trabalho, em que mulheres também estão em
minoria. Elas costumam dedicar-se mais aos estudos e começam a trabalhar mais tarde;
no entanto, interrompem a carreira com mais frequência em virtude das ocupações em
casa e com a família e, portanto, têm uma jornada um pouco menor que a dos homens.
Da mesma forma, se homens e mulheres trabalhassem as mesmas horas e tivessem o
mesmo perfil, as mulheres ainda ganhariam 7% menos. Na área rural, apenas, é possível
ver uma proximidade no valor dos salários de ambos os gêneros.
A disparidade salarial tem sido objeto de estudo de diversas pesquisas, onde são
analisadas as vertentes para este problema. Pesquisas estas que englobam as
informações generalizadas, não considerando as particularidades de cada profissão. A
exemplo disso, a Fundação de Economia e Estatística, do governo do Rio Grande do
Sul, juntamente com os economistas e pesquisadores Guilherme Stein e Vanessa
Sulzbach, analisaram cerca de 100 mil salários de forma a compreender os altos índices
de disparidade salarial. Os resultados obtidos demonstraram que a diferenciação inicia
na escolha profissional, onde as mulheres tendem a escolher carreiras com menores
remunerações, como enfermagem, pedagogia, licenciatura e psicologia, áreas do
conhecimento voltadas para as ciências sociais, se comparado as recorrentes escolhas
profissionais masculinas, as quais oferecem melhores remunerações, como as
Engenharias e Informática, áreas de conhecimento voltadas para as exatas. Outro fator
importante deve-seà carga horária, por mulheres terem uma jornada relativamente
86
menor do que a dos homens com turno integral. O sexo feminino realiza um número
maior de interrupções na carreira, devido à maternidade e aos cuidados com a família e
a casa.
Os dados já mencionados são extremamente importantes para compreender parte
da diferença salarial, entretanto, há a necessidade de analisar o desempenho e a
produtividade de ambos os gêneros em um mesmo cargo, de forma a dissolver as
desigualdades de remuneração vigentes. A psicóloga especialista em recursos humanos
Silvia Schneider, no relato de sua entrevista, menciona que segundo vivências, um dos
critérios da diferenciação de salários de homens e mulheres deve-se ao fato de algumas
empresas acreditarem que funcionários do sexo masculino têm maior disponibilidade de
horário, pois acreditam que as mulheres recém-casadas e com filhos pequenos não
atinjam o auge da sua potencialidade por dividirem seu tempo com atividades
domésticas. "Outro fator refere-se a funções especificamente masculinas e femininas,
como é o caso das mecânicas e operárias, contrastando com os cargos de secretários e
empregados domésticos" afirma Silvia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presença feminina no mercado de trabalho é muito importante por fazer valer
os direitos de igualdade, garantidos por lei, ao longo da história, principalmente através
da Constituição. Salienta-se que a mulher, uma vez que esta possui as mesmas
condições, sejam elas físicas ou intelectuais, deve ocupar cada vez mais espaços no
mercado de trabalho ao realizar qualquer tipo de função, independente do gênero.
Ainda que seja necessário mencionar, a mulher não está entrando no mercado de
trabalho de forma a competir com os homens, ou tirá-los de suas vagas, mas sim, para
contribuir com a economia, gerar o sustento de suas famílias, ganhar mais liberdade
pessoal e incentivar uma mudança de postura e pensamento que a sociedade impõe,
pensamento este que se baseia na crença de que a mulher é culturalmente, menor que o
homem. O sentimento mais importante, consequência da implementação do conceito de
equidade, é o de reconhecimento profissional, de forma que a mulher conquiste cada
vez mais espaço no mercado de trabalho.
87
REFERÊNCIAS
DE BEAUVOIR, Simone. O Segundo Sexo. Ed. Gallimard, Paris, 1949.
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Disponível em: http://g1.globo.com/bahia/noticia/2015/08/ba-e-3-estado-com-maior-
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PORTAL O GLOBO.Grupo de 300 motoristas mulheres do aplicativo Uber ganha
espaço nas ruas e faz sucesso com passageiros. Disponível
em:https://oglobo.globo.com/rio/grupo-de-300-motoristas-mulheres-do-aplicativo-uber-
ganha-espaco-nas-ruas-faz-sucesso-com-passageiros-19819521> Acesso em:
24/07/2017.
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DO PARANÁ. As Mulheres e as Leis
Brasileiras através da História. Disponível em:
http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=84
1> Acesso em: 14/08/2017.
88
GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA:
PRECONCEITO E SOFRIMENTO DA MULHER
Luiza Muniz Rodrigues Maria Eduarda González Marieli Machado Normey Paola Górga Krug27 Profª Orientadora Andressa Helrighel28
RESUMO
Nesse artigo desenvolvemos um estudo sobre gravidez na adolescência, sobre os
direitos que a mulher tem perante a lei e sobre o preconceito sofrido. A gravidez na
adolescência tem como principais consequências alterações no corpo da mãe e do bebê
que podem trazer riscos à saúde de ambos. A metodologia adotada baseia-se em
pesquisas bibliográficas que envolvem o estado mental e físico da mulher, a partir de
uma gravidez indesejada na adolescência e seus riscos.
Palavras-chave: Adolescência; Gravidez; Aborto; Legislação.
INTRODUÇÃO
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas - IBGE (2017),
atualmente 66% das gravidezes em adolescentes não são planejadas. No Brasil e no
mundo, tem aumentado, mantendo-se em 52% e 49%, respectivamente. De acordo com
a Organização Mundial da Saúde - OMS (2017), a gravidez na adolescência é
considerada de alto risco, devido às consequências que traz à mãe e ao recém-nascido,
além de ocasionar problemas sociais e biológicos, nos quais aqueles nascidos de mães
adolescentes são mais propensos a ter menor peso quando recém-nascidos, podendo
haver aumento da mortalidade infantil, maior risco de internação hospitalar no primeiro
dia de vida e baixo desenvolvimento mental.
27 Estudantes do 1º ano do Ensino Médio do Colégio Santa Inês. 28 Professora de Biologia do Colégio Santa Inês.
89
Adesse (2006) aponta que, muitas mulheres tendem a abortar como solução, mas
sabe-se queo aborto é ilegal no Brasil. De Lamare (2017) afirma que, estatisticamente,
uma a cada duas mulheres acabam morrendo em clínicas clandestinas, excluindo as
mulheres que possuem maior renda e vão ao hospital cirúrgico. De acordo com o Centro
Feminista de Estudos e Assessoria (2008), em algumas cidades pernambucanas, como
Recife e Petrolina, o aborto clandestino é a segunda maior causa de morte materna.
2 ATUALIDADES SOBRE O ABORTO
No Brasil, existem leis que permitem o aborto, tendo o SUS (Sistema Único de
Saúde) como serviço gratuito, nos seguintes casos: quando há risco de morte da mulher
causada pela gravidez; gravidez resultante do estupro; se o feto for anencefálico; ou
quando um médico constatar que a mulher não tem condições mentais para continuar
com a maternidade. Quaisquer outros motivos que levem a mulher a querer abortar
serão considerado ilegais, a partir do CódigoPenal Brasileiro de 1984, artigo 124 -
decreto lei 2848/40 (considera-se crime contra a vida humana), podendo ocasionar em
uma pena de aproximadamente 1 a 3 anos de detenção à mulher e ao seu companheiro.
Nos Estados Unidos, quatro em cinco gestações na adolescência não são
intencionais, e cerca de um terço de todas as gravidezes terminam em aborto induzido.
É legalizado pela lei 410 U.S.113 (1973), o acesso à opção de abortar, até o primeiro
trimestre de gestação, sem riscos à saúde, existindo medicamentos e cirurgias, nos
Estados Unidos. Existe um recurso chamado Pró-Escolha, que são movimentos sociais
que defendem a liberdade das mulheres a poder optar entre ter ou não o filho. Há
também o Pró-Vida, movimentos que declaram a defesa da dignidade da vida humana.
2.1 PESQUISAS ATUAIS
O painel do SUS (2017) sobre a saúde da mulher, aponta que no ano de 2006,
mais de 2 milhões de mulheres entre 10 e 49 anos de idade foram internadas nos
hospitais do SUS. Dessas, 233 mil internações foram em decorrência de aborto. Neto
(2017)afirma que, nopaís,essa é a 5ª maior causa de morte entre adolescentes, ou 6% do
total de mortes entre jovens, decorridos de aborto ou complicações no parto. O Acre é,
90
ainda, o estado com maior taxa de mães adolescentes, com aproximadamente 27%, diz
Abrinq (Fundação pelos Direitos da Criança e do Adolescente).
Conforme o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) (2017) em
Maranhão, 46,41% são meninas sem fundamental completo que utilizam método para
não engravidar e 67% das que possuem ensino superior completo. Neste ano, no Rio
Grande do Sul, dos 20 nascimentos registrados em Roca Sales que passam pelo SUS,
cinco foram de mães adolescentes. Isso representa mais de 16%. O índice é maior do
que a média estadual de 14%. São consideradas mães adolescentes, mulheres entre 10 e
19 anos. Em 2016, de 127 nascimentos, 16 eram de mães adolescentes.
Segundo Meraz Velasco (2015), existe uma grande falta de informaçãoa respeito
da gestação antecipada, apontando para a necessidade de serem adotadas estratégias de
intervenção que partam das necessidades dos adolescentes. Berger e Luckmann (2000)
afirmam que os meios que conduzem as informações (escolas, família, mídia) devem
dirigir-se a complicações do meio psicológico e social dessas adolescentes,
particularizando a importância do conhecimento da gravidez precoce na sociedade.
2.2 O ABORTO PARA AS MULHERES E OS BEBÊS
A adolescentegestante pode sofrer com algumas consequências, como o
rompimento antecipado da bolsa de água; parto prematuro e complicações; aborto
espontâneo; risco de anemia;depressão após o parto, que pode levar na desunião entre a
mãe o bebê. Em função do baixo nível de escolaridade,pode ocorrer também o
abandono escolar, dificuldade em encontrar emprego, rejeição da jovem por parte da
sociedade, dentre outros.
Para o bebê, podem acontecer o seu nascimento prematuro ebaixo peso, o que
pode levar àmá formação. Dados retirados de uma pesquisa realizada na escola de
enfermagem de Ribeirão Preto (Cafer, 2016)evidenciam que uma a cada duas gestações
na adolescência apresenta depressão pós-parto.
91
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Mulheres adolescentes de baixa renda não possuem total conhecimento
sobre quais recursos são mais eficazes para a prevenção à gravidez. Brandão (2006)
afirma que, mulheres com pouca renda, vindas de famílias em que o histórico se
propaga, tendo filhos mais jovens e ocasionando diversos problemas físicos e psíquicos,
como já mencionado no texto.
A alternativa que as mulheres podem optar, o aborto, é ilegal no
país,existindo desta forma um grande percentual de mortes de crianças e gestantes em
abortos clandestinos. A ilegalidade traz diversas consequências para as mulheres, que
não podem ter opoder de escolha sobre o que deveriam fazer com seu próprio corpo
nessas situações. Nos Estados Unidos, há uma pequena taxa, sendo uma a cada 4.800
mulheres, e um pequeno percentual de abortos, (de cerca de 16,9%) sendo sempre
acompanhadas por um médico.
Caso uma mulher decida optar pelo aborto, é obrigada a passar por um
período de reflexão de 3 dias, em que tem a hipótese de ponderar bem a decisão tomada.
Para a mulher, tem de ser garantida a disponibilidade de acompanhamento psicológico
durante o período de reflexão e de acompanhamento por um técnico de serviço social
durante o período de reflexão, quer a mulher use o serviço nacional de saúde ou os
serviços privados, sempre levando em consideração que o aborto não é legalizado no
Brasil, podendo existir consequências judiciais, tanto para a mulher quanto para o
médico que fez o procedimento.
A mulher tem também de ser informada das condições de efetuação, tendo
mais acesso a meios de prevenção, como o uso adequado de camisinha, contraceptivos
(pílula, DIU, injeção anticoncepcional e ainda se adulta ligação das trompas). É sempre
importante que a mulher tenha um acompanhamento familiar e/ou médico durante esse
momento. Existem em Porto Alegre, especificamente, clínicas que oferecem
atendimentos gratuitos, como por exemplo, O serviço de Atendimento e Pesquisa em
Psicologia (SAPP) da PUCRS atendida pelo número (51) 3320-3561, localizado na
Avenida Ipiranga 6681, Prédio 11.
92
Caso continue com o pensamento de abortar, procure ter informações em
locais que possuem conhecimento sobre o assunto e os riscos envolvidos. Mesmo assim
se a mulher por questões econômicas, sociais, familiares e o psicológicas não queria
criar a criança, ainda existem opções para que não ocorra a Morte do bebê. Hoje em dia
os Orfanatos são muito seguros, dando então uma segunda opção de vida para o Bebê.
Em Porto Alegre existem diversas opções, como por exemplo, o Orfanato Lar
Esperança, localizado na Rua Deodoro 250, atendendo pelo telefone (51) 3386-1153.
REFERÊNCIAS
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(2017). Acesso em 15 de agosto de, 2017, em
http://www.brasil.gov.br/saude/2017/05/numero-de-adolescentes-gravidas-cai-
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https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1867841/
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A GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA (2015). Acesso em 10 de agosto de,
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• MENDES,Simone; PAES, Graciele. Scielo. As experiências de mulheres jovens
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• BLACKMUN, J. Supreme Justia. Roe v. Wade 410 U.S. 113 (1973),(2017).
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• BOISSIÈRE,Paula. Agência Brasil. Governo estuda uso de implante para evitar
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93
implante-para-evitar-gravidez-na-adolescencia
• MORENO, Ana Carolina; GONÇALVES, Gabriela. G1 Globo. No Brasil, 75%
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• SARMENTO, Daniel. Biblioteca Digital. LEGALIZAÇÃO DO ABORTO E
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acertou em sinalizar pela descriminalização do aborto (2016). Acesso 10 de
agosto, 2017,em https://www.cartacapital.com.br/sociedade/religiao-aborto-e-
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• VETTORAZZO, Lucas; FANTTI,Bruna. Folha UOL. Gravidez precoce e baixa
escolaridade continuam relacionadas, aponta IBGE(2015). Acesso em 15 de
agosto, 2017, em http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/08/1671609-
gravidez-precoce-e-baixa-escolaridade-continuam-relacionadas-aponta-
ibge.shtml
ANEXOS
A gestação precoce pode acontecer em qualquer classe social, mas é mais
frequente nas famílias de baixa renda. Analisa-se, a partir do gráfico, que
gradativamente o número de meninas gravidas entre 15 e 17 anos, em 2012 e 2013 sem
estudo aumenta sensivelmente a cada ano
94
95
BULLYING NA ESCOLA
Amanda Carboni Russo Isadora Siqueira Pereira Karen Emy Santos Kotoge Valentina Poll Berwanger29 Profª Orientadora Rosiméri dos Santos30
RESUMO
Nesse artigo, serãodiscutidas situações de bullying na escola, seus diferentes
alvos, como ele se manifesta dentro das escolas e apresentada uma pesquisa com
crianças e adolescentes, sobre o tema.Bullying é o nome dado a uma agressão feita
repetidamente, que afeta uma pessoa ou um grupo de pessoas. Elas podem ser ações
violentas verbais e/ou físicas, que afetam o psicológico e a convivência dos atingidos
pelas mesmas. Na solução deste problema, destaca-se a importância da escola,
propiciando ambientes que valorizem o respeito e incentivem o protagonismo do
estudante, seja no ambiente escolar ou fora do mesmo.
Palavras chave:Agressão; Bullying; Estudante.
INTRODUÇÃO
O Bullying é um fenômeno que não tem a devida visibilidade apesar de ser
um assunto tão sério. É uma situação comum vivenciada pela maioria das pessoas, por
terem sofrido ou presenciado ações desse tipo. Ele se caracteriza por agressões
intencionais, verbais ou físicas, feitas de maneira repetitiva. Afeta o bem estar físico e
psicológico de diversas pessoas no mundo todo. É uma das formas de violência que
mais cresce no mundo e podemos tratá-lo como uma falha da sociedade em que
vivemos. Nosso objetivo é compreender a origem deste problema e estabelecer
caminhos para enfrentar este problema.
29 Estudantes do 1º ano do Ensino Médio do Colégio Santa Inês. 30 Professora de Relações Escolares e Autonomia e Física do Colégio Santa Inês.
96
1 O BULLYING
O Bullying constitui-se como atos agressivos e ofensivos praticados
repetidamente sem algum motivo aparente. Esse fenômeno ocorre em ambientes
comuns, como no trabalho e na escola. Normalmente, a agressão é praticada entre
indivíduos da mesma classe, por exemplo, entre alunos e colegas de ofício. Essas
agressões constantes podem ser tão impactantes na vida de um indivíduo que muitas
vezes causam problemas de autoestima, confiança e agressividade para a vida inteira.
No Brasil, o bullying escolar é um fenômeno muito recorrente. Segundo pesquisas
públicas da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE),
um em cada dez estudantes são vítimas de bullying dentro das escolas. Esses casos de
violência são praticados, muitas vezes, entre os próprios estudantes da comunidade
escolar. As situações, nas quais há impunidade para os agressores e que nenhuma
providência é tomada, estimula as vítimas agredidas e as testemunhas a adotarem o
mesmo comportamento agressivo. Da mesma maneira, é sabidoque crianças que
testemunham situações de bullying ou violência ficam traumatizadas, podendo ter como
reação o choque, a confusão, o medo, a culpa e a raiva (Midleton-Moz, 2007). Essas
sequelas necessitam de ajuda psicológica, para que o indivíduo, criança ou adolescente,
possa recuperar sua confiança e manter uma boa relação com as pessoas em sua volta.
2 ESTUDANTES E O BULLYING
O objetivo desse artigo é analisar o comportamento de alunos que sofrem
bullying dentro das escolas, e o que leva os agressores a praticarem tais violências. Os
alunos, com uma frequência muito maior, estão envolvidos com o bullying, tanto como
autores quanto como alvos. Segundo a pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro Geografia
Estatística) feita em 2015, dois em cada dez estudantes do nono ano do ensino
fundamental dizem já ter praticado bullying, enquanto um em cada dez alunos, afirmam
que já sofreram essa agressão. A intimidação é geralmente direcionada a pessoas que
possuem alguma característica marcante, como peso excessivo ou a magreza, cor da
pele, estatura física, modo de vestir e entre outros.
97
A agressão é geralmente feita por pessoas com autoestima baixa. Elas
necessitam rebaixar as pessoas para se sentir mais poderosas, populares e obter uma boa
imagem de si mesmos. Isso leva o autor do bullying a atingir o colega com repetidas
humilhações ou depreciações. É uma pessoa que não aprendeu a transformar sua raiva
em diálogo e para quem o sofrimento do outro não é motivo para ele deixar de agir. Pelo
contrário, sente-se satisfeito com a opressão do agredido, supondo ou antecipando quão
dolorosa será aquela crueldade vivida pela vítima.
Alunos que sofrem bullying raramente procuram ajuda ou reagem.
Costumam sofrer com baixa autoestima e são retraídos tanto na escola quanto no lar.
Eles enfrentam medo e vergonha de ir à escola, podendo até querer abandonar os
estudos, não se achar bom para integrar o grupo e apresentar baixo rendimento escolar.
Aqueles que conseguem reagir podem alternar momentos de ansiedade e agressividade.
Para mostrar que não são covardes ou quando percebem que seus agressores ficam
impunes, os alunos podem escolher pessoas mais indefesas e passam a provocá-las,
tornando-sealvo e agressor ao mesmo tempo.
3 RELAÇÕES CONFLITUOSAS ENTREESTUDANTE E PROFESSOR
Muito se fala sobre as a violência sofrida pelos estudantes e do aluno que é
molestado ou sofre qualquer perseguição ou agressão. É importante discutir, também, a
violência sofrida pelo professor em sala de aula. Conceitualmente, não pode ser
considerado bullying, pois, para ser considerada bullying, é necessário que a violência
ocorra entre pares, como colegas de classe ou de trabalho. Porém, trata-se de uma
situação que exige a reflexão sobre o convívio entre membros da comunidade escolar.
Existem diversos relatos de professores que sofreram calados os maus-
tratos, perseguições e abusos de alunos em sala de aula. A covardia ainda piora quando
é gravada via celular e postada no Youtube, a chacota vai para a grande rede, e toma
proporção imensa, até chegando aos órgãos e secretarias, às direções prejudicando o tal
profissional alvo e vítima. A situação começa timidamente, se o professor não tem uma
atitude, um diálogo, há realmente o contágio desse pequeno grupo para a classe toda.O
professor é uma autoridade na sala de aula, mas essa autoridade só é legitimada com o
reconhecimento dos alunos em uma relação de respeito mútua.
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4 PESQUISA ENTRE JOVENS DO ENSINO FUNDAMENTAMENTAL
Foi realizada uma pesquisa com vinte e cinco crianças e adolescentes, com
idades entre 8 e 11 anos, no segundo semestre de 2017, para verificar se ações de
bullying são comuns as seguintes questões e respostas:
A)Você já vivenciou situações de bullying no colégio?
(16) Sim (9) Não
B) Se sim, qual foi a sua participação:
(5) Vítima (2) Autor
(9) Observador (9) Nenhum
C) Como agiria se fosse vítima de bullying?
(12) Buscaria ajuda para resolver o problema
(4) Reagiria na mesma intensidade
(7) Pediria ajuda para alguém com um poder maior que um aluno, coordenador (a), pais,
diretor (a)...
(2) Outra, qual?
Algumas respostas se destacam: Eduarda de 9 anos afirma “ ...eu pediria
para ela parar e falaria que estou me sentindo incomodada.” . A jovem Laura de 11 anos
disse: “...pediria ajuda para meus amigos, perguntaria se ela tem algum problema
comigo ou se eu poderia ajudar ela em algo.”
A partir destes resultados, constata-se que cerca de 60% dos jovens
entrevistados vivenciam situações de bullying, justificando a importância da análise
deste problema.
99
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS:
O papel dos pais e responsáveis é indispensável nessa luta, ensinando aos
jovens a importância do respeito, seja no ambiente escolar ou fora do mesmo. Quando
não há intervenções eficazes contra o bullying, o espaço escolar torna-se totalmente
corrompido. Todas as crianças são afetadas, passando a experimentar sentimentos de
ansiedade e medo.
Segundo Lopes Neto (2003), “todos devem estar de acordo com o compromisso de que o bullying não será mais tolerado. As estratégias devem ser definidas em cada escola, observando-se as suas características e as da sua população. O incentivo ao protagonismo dos alunos, permitindo sua participação nas decisões e no desenvolvimento do projeto é uma garantia de maior sucesso”.
É importante a presença de psicólogos para auxiliar os alunos e incentivar as
denúncias, dessa forma criando um ambiente agradável nas instituições de ensino, não
incentivando os alunos a fazerem justiça com as próprias mãos e sim procurarem
profissionais.
REFERÊNCIAS
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<https://www.todamateria.com.br/bullying/>, acesso em: 08 de novembro de 2017
ENCICLOPÉDIA LIVRE. Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico. Disponível em:
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Organização_para_a_Cooperação_e_Desenvolvimento_E
conómico>. Acesso em: 05 de novembro de 2017
GUARESCHI, Pedrinho A. Bullying: mais sério do que se imagina. 2ª edição.Porto
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05 de novembro de 2017
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IDENTIDADE(S) NO ESPAÇO ESCOLAR
Beatriz Escobar Lipiarski Léo Victor Mairesse Weber Pedro Carcuchinski Rissi da Silva Vitória de Mattos Riegel31 Profº Orientador Milton Dalpiaz32
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo a análise e compreensão da construção das
identidades no meio escolar ao abordar um assunto recorrente em nossa sociedade e
extremamente importante se visarmos o bem-estar e o respeito comum. A escola é um
espaço onde as diversas identidades se constituem e nesses caminhos, reinventamos
nossos modos de ser, estranhamos as formas como somos percebidos, excluídos ou
aceitos nessa trama social que mantêm no discurso naturalizado em uma determinada
cultura, aqueles(as) que vivem nasmargens, nas fronteiras, desviantes.
Palavras-chave: Identidades;Representação; Preconceito.
INTRODUÇÃO
Nossa pretensão com esse breve escrito está longe de dar conta ao problema
em questão, mas iniciar uma reflexão através do olhar estudantil. Não pretendemos
buscar pelas causas, mas olhar paraas representações, os processos, os modos de ser dos
corpos, os olhares e aquilo que é dito ou silenciado. Nossas reflexões partem da
pergunta: como se constituem as identidades em nossa sociedade, especialmente no
espaço escolar, e se é possível perceber formas de preconceito?O olhar para as
representações são permeados pelas relações de poder segundo o filósofo francês
Michel Foucault (1979).
31 Estudantes do 1º ano do Ensino Médio do Colégio Santa Inês. 32 Professor de Ensino Religioso do Colégio Santa Inês.
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1 IDENTIDADE(S) NO ESPAÇO ESCOLAR
Mesmo tendo diminuido muito durante as últimas décadas, o preconceito ainda
mostra uma forte presença em nossa sociedade. Esse fenômeno é um problema que
acontece com muita frequência nos espaços que nos constituem, como a família, a
escola, asredes sociais e, de modo geral, em todo otecido social. A escola, por ser o
lugar onde se inicia o convívio social, acaba favorecendo o estranhamento perante o
“diferente”. O estudante recebe forte influência dos pais por seus modos de ser e ensinar
e da sociedade em geral. Não se trata aqui de buscarmos juízos de valor, mas de
compreender o que se está querendo ensinar, ocultar. Quais são os modos de ser
esperados por essas instituições que, no nosso entendimento, nos constituem.
A escola não é apenas um espaço para estudos, mas um ambiente de
promoçãoconstrução da cidadania, aprendemos sobre (direitos e deveres civis, políticos
e sociais que cada indivíduo deve exercer), onde nossos modos de ser, agir, pensar são
constituídos e esperados. Nesse sentido, o que a escolae demais instituições sociais
esperam de nós jovens? Aprendemos valores, construímos conhecimento, somos
ensinados quanto ao que devemos vestir, o que podemos ouvir, falar ou calar.
Acreditamos que o espaço da educação é importante para nossa formação, para o
exercício da liberdade com responsabilidade. Nesse meio, também discutimos, nos
aproximamos e nos afastamos em movimentos infinitos de construção de nossas
identidades.
Nosso professor e orientador, Milton Dalpiaz, relata-nos, uma entre diversas
ações que sãopensadas pelos profissionais do Colégio Santa Inês.Em Relações
Escolares e Autonomia - REA, disciplina que faz parte de nossa Base Curricular, os
desafios são propostos para os estudantes,e em especial para o Ensino Fundamental II,
9º anos, discutem-se questões de gênero e identidade. Momentos como esses visam a
problematização, o estudo, a discussão, o conhecimento, a aproximação e o respeito.
Através desses movimentos nos aproximamos do outro, ultrapassando a simples ideia
da tolerância, evitando assim a possibilidade do preconceito e praticando o exercício da
alteridade. O professor menciona ainda o fato de que não se trata de estabelecer uma
diretriz para o que é certo ou errado, mas estar atento às manifestações dos grupos, aos
conflitos como possibilidade de crescimento, as necessidades de fala para que os
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mesmos possam ser vistos na sua totalidade e que a superação parta de dentro do grupo,
das partes envolvidas, de modo crítico, inteligente.
Além disso, a nossa escola conta com profissionais que gostam de ajudar outros
a crescerem como é o caso dos setores de apoio, sejam eles no âmbito da educação,
sejam das relações interpessoais. Percebemos também acontratação de profissionais que
podem mostrar seu potencial independente de sua opção sexual, classe social, cor ou
religião. Essas ações não podem nos colocar na zona de conforto, a partir das discussões
feitas no grupo,constatamos quetemos muito a crescer como escola, os desafios são
contínuos todos os dias e a cada experiência precisamos nos reinventar, ajudar, ouvir,
estudar.
O que significa ser diferente? Diferente em relação a quem? Precisamos ver o
outro não a partir de um padrão naturalizado em uma determinada cultura, pré-
estabelecido, mas como alguém que precisa ser compreendido na sua singularidade, que
está construindo sua(as) identidade(s). Respeitar significa entender o que há por traz do
estereótipo, ver a partir de suas alegrias e tristezas, seus sonhos e frustrações, não
apenas do meu lugar, mas de diversos lugares, de cima, em baixo, de um lado e de outro
(FOUCAULT, 1979). Não seria talvez esse um caminho para evitarmos a violência, a
segregação, a exclusão, o sexismo, a homofobia? Respeitar não é apenas tolerar, mas
ver através do olhar do outro, buscar saber da história daquele que se mostra como
desviante, diferente da norma. O respeito efetivo se dá na medida em que estamos
abertos a conhecer.Também no ambiente escolar em geral, podemos notar uma forte
participação da discriminação à diversidade de gênero. Uma pesquisa feita no ano de
2013 pelo Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanosprovou
que no mínimo cinco casos de agressão com ideais homofóbicos são registrados todos
os dias só no Brasil. Acolher a igualdade de gênero nas escolas é garantir que qualquer
indivíduo apresente-se conforme sua vontade sendo respeitado por suas escolhas e
afetos.
A família não é menos importante para o nosso aprendizado. A convivência
diária com quem dividimos nossas vidas, no caso os familiares, contribuem com a
noção de respeito, valores básicos de convivência. De certo modo, eles “moldam” e
fortalecem nosso caráter, tornando-nos indivíduos mais cultos e respeitosos.
104
Nas redes sociais e em toda sociedade, não é diferente. Percebemos diversos
exemplos de desigualdade social, como é o caso da presença de negros em escolas
particulares, onde, mesmo representando 53,6% da população brasileira (IBGE
2014),representam apenas 33% dos estudantes dessas instituições (Censo Escolar,
2005). Sabemos que uma razão muito forte para essa desigualdade está intimamente
relacionada ao preconceito pela cor, segregação racial, pela história que é carregada de
exemplos de exclusão e que ainda estão muito fortes nos dias de hoje. Desigualdades
sociais aparecem nas diferenças salariais, no acesso aos recursos públicos e ou privados,
na necessidade de estabelecermos cotas, no olhar de desprezo por aqueles que estão à
margem da sociedade. Pensamos que essa não é uma preocupação somente da escola,
mas da família e de toda a sociedade para que se tenhaum mundomais justo e
igualitário.
A constituição social deuma pessoa baseia-se principalmente em dois meios de
convivência, a familiar e a escolar, pioneiras no processo de socialização do indivíduo,
sendo assim, de extrema importância para a socialização do mesmo. Tomaz Tadeu da
Silva (2000),em seu livro “Identidade e Diferença”, afirma que identidade e diferença
são dois conceitos interligados. Quando afirmamos que somos algo, precisamos do
outro como referência, no caso, o diferente, mas quem é o diferente? No momento em
que digo “sou brasileiro”, estou afirmando que “não sou argentino”, “não sou
uruguaio”. Podemos com isso interpretar que a identidade e a diferença são
inseparáveis; precisamos do diferente para afirmar quem somos, mas quem é o
diferente, por que é visto como sendo o diferente? O ser diferente é uma construção
social.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A diversidade é um fenômeno universal e se manifesta em todos os reinos da
natureza. A espécie humana não apenas se encontra imersa em um mundo diverso,
precisa aprender a conviver com o outro, nem melhor, tampouco pior, apenas
elepróprio. Compreender tal fenômeno tem sido a tarefa da Antropologia, desde que
surgiu na segunda metade do século XIX. O reconhecimento desta diversidade é um
aspecto fundante da experiência humana e se encontram registros nas suas
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manifestações mais remotas, aquelas que se perdem na origem dos tempos, seus mitos.
Presentes entre os mais diferentes grupos humanos, tais registros dão um bom
testemunho da sua importância.
REFERÊNCIAS
FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder /Michel Foucault; organização e
tradução de Roberto Machado. – Rio de Janeiro : Edição Graal, 1979.
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estruturalista / Guacira Lopes Louro – Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.
GOMES, Josildeth. Consorte “Diversidade humana: Fonte de riqueza ou
ameaça? ” Disponível em:
http://www.imaginie.com/redacao-diversidade-de-genero-em-questao-no-brasil/