Dano Moral Coletivo Stj Anticoncepcional Microvilar Responsabilidade Objetiva (1)

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    Superior Tribunal de Justia

    EDcl no RECURSO ESPECIAL N 866.636 - SP (2006/0104394-9)RELATORA : MINISTRA NANCY ANDRIGHIEMBARGANTE : SCHERING DO BRASIL QUMICA E FARMACUTICA

    LTDAADVOGADO : CID FLAQUER SCARTEZZINI FILHO E OUTROEMBARGADO : FUNDAO DE PROTEO E DEFESA DO CONSUMIDOR -

    PROCON/SP E OUTROPROCURADOR : PAULA CRISTINA RIGUEIRO BARBOSA ENGLER PINTO E

    OUTRO(S)EMENTA

    Civil e processo civil. Recurso especial. Ao civil pblica proposta peloPROCON e pelo Estado de So Paulo. Anticoncepcional Microvlar.Acontecimentos que se notabilizaram como o 'caso das plulas de farinha'.Alegao de contradies no acrdo. Discusso a respeito da juntadaextempornea de suposto paradigma. Inovao na causa. Configurao daresponsabilidade objetiva da r. Desnecessidade de anlise de dispositivosrelativos responsabilidade subjetiva.- A juntada extempornea de suposto paradigma, cerca de dois anos aps a

    interposio do recurso especial, no pode ser considerada no julgamento deste.

    Precedente.

    - De qualquer sorte, haveria inovao na causa, decorrente no apenas da

    juntada em si do acrdo, mas tambm porque as razes de recurso especial no

    haviam analisado a controvrsia de acordo com a perspectiva do supostoparadigma.

    - No h qualquer omisso no acrdo do Tribunal de Justia que deixa de tratar

    de determinados dispositivos de Lei Federal relativos responsabilidade

    subjetiva, quando toda a discusso, desde a inicial, versou sobre a existncia de

    responsabilidade objetiva, nos termos do CDC.

    Embargos rejeitados.

    ACRDO

    Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da TERCEIRATURMA do Superior Tribunal de Justia, na conformidade dos votos e das notas taquigrficasconstantes dos autos, por unanimidade, rejeitar os embargos de declarao, nos termos do votoda Sra. Ministra Relatora. Os Srs. Ministros Sidnei Beneti e Ari Pargendler votaram com a Sra.Ministra Relatora.

    Braslia (DF), 19 de fevereiro de 2008 (data do julgamento).

    MINISTRANANCY ANDRIGHIRelatora

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    EDcl no RECURSO ESPECIAL N 866.636 - SP (2006/0104394-9)EMBARGANTE : SCHERING DO BRASIL QUMICA E FARMACUTICA

    LTDA

    ADVOGADO : CID FLAQUER SCARTEZZINI FILHO E OUTROEMBARGADO : FUNDAO DE PROTEO E DEFESA DO CONSUMIDOR -

    PROCON/SP E OUTROPROCURADOR : PAULA CRISTINA RIGUEIRO BARBOSA ENGLER PINTO E

    OUTRO(S)RELATRIO

    A EXMA. SRA. MINISTRA NANCY ANDRIGHI (Relator):

    Trata-se de embargos de declarao interpostos por SCHERING DO

    BRASIL QUMICA E FARMACUTICA LTDA contra acrdo assim ementado:

    "Civil e processo civil. Recurso especial. Ao civil pblica

    proposta pelo PROCON e pelo Estado de So Paulo. Anticoncepcional

    Microvlar. Acontecimentos que se notabilizaram como o 'caso das plulas

    de farinha'. Cartelas de comprimidos sem princpio ativo, utilizadas para

    teste de maquinrio, que acabaram atingindo consumidoras e no

    impediram a gravidez indesejada. Pedido de condenao genrica,

    permitindo futura liquidao individual por parte das consumidoras

    lesadas. Discusso vinculada necessidade de respeito segurana do

    consumidor, ao direito de informao e compensao pelos danos moraissofridos.

    - Nos termos de precedentes, associaes possuem

    legitimidade ativa para propositura de ao relativa a direitos individuais

    homogneos.

    - Como o mesmo fato pode ensejar ofensa tanto a direitos

    difusos, quanto a coletivos e individuais, dependendo apenas da tica com

    que se examina a questo, no h qualquer estranheza em se ter uma ao

    civil pblica concomitante com aes individuais, quando perfeitamente

    delimitadas as matrias cognitivas em cada hiptese.

    - A ao civil pblica demanda atividade probatria

    congruente com a discusso que ela veicula; na presente hiptese,

    analisou-se a colocao ou no das consumidoras em risco e

    responsabilidade decorrente do desrespeito ao dever de informao.

    - Quanto s circunstncias que envolvem a hiptese, o TJ/SP

    entendeu que no houve descarte eficaz do produto-teste, de forma que a

    empresa permitiu, de algum modo, que tais plulas atingissem as

    consumidoras. Quanto a esse 'modo', verificou-se que a empresa no

    mantinha o mnimo controle sobre pelo menos quatro aspectos essenciais

    de sua atividade produtiva, quais sejam: a) sobre os funcionrios, pois aestes era permitido entrar e sair da fbrica com o que bem entendessem; b)

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    sobre o setor de descarga de produtos usados e/ou inservveis, pois h

    depoimentos no sentido de que era possvel encontrar medicamentos no

    'lixo' da empresa; c) sobre o transporte dos resduos; e d) sobre a

    incinerao dos resduos. E isso acontecia no mesmo instante em que a

    empresa se dedicava a manufaturar produto com potencialidadeextremamente lesiva aos consumidores.

    - Em nada socorre a empresa, assim, a alegao de que, at

    hoje, no foi possvel verificar exatamente de que forma as plulas-teste

    chegaram s mos das consumidoras. O panorama ftico adotado pelo

    acrdo recorrido mostra que tal demonstrao talvez seja mesmo

    impossvel, porque eram tantos e to graves os erros e descuidos na linha

    de produo e descarte de medicamentos, que no seria hiptese infundada

    afirmar-se que os placebos atingiram as consumidoras de diversas formas

    ao mesmo tempo.- A responsabilidade da fornecedora no est condicionada

    introduo consciente e voluntria do produto lesivo no mercado

    consumidor. Tal idia fomentaria uma terrvel discrepncia entre o nvel

    dos riscos assumidos pela empresa em sua atividade comercial e o padro

    de cuidados que a fornecedora deve ser obrigada a manter. Na hiptese, o

    objeto da lide delimitar a responsabilidade da empresa quanto falta de

    cuidados eficazes para garantir que, uma vez tendo produzido manufatura

    perigosa, tal produto fosse afastado das consumidoras.

    - A alegada culpa exclusiva dos farmacuticos na

    comercializao dos placebos parte de premissa ftica que inadmissvel eque, de qualquer modo, no teria o alcance desejado no sentido de excluir

    totalmente a responsabilidade do fornecedor.

    - A empresa fornecedora descumpre o dever de informao

    quando deixa de divulgar, imediatamente, notcia sobre riscos envolvendo

    seu produto, em face de juzo de valor a respeito da convenincia, para sua

    prpria imagem, da divulgao ou no do problema, Ocorreu, no caso,

    uma curiosa inverso da relao entre interesses das consumidoras e

    interesses da fornecedora: esta alega ser lcito causar danos por falta, ou

    seja, permitir que as consumidoras sejam lesionadas na hiptese de existir

    uma pretensa dvida sobre um risco real que posteriormente se concretiza,e no ser lcito agir por excesso, ou seja, tomar medidas de precauo ao

    primeiro sinal de risco.

    - O dever de compensar danos morais, na hiptese, no fica

    afastado com a alegao de que a gravidez resultante da ineficcia do

    anticoncepcional trouxe, necessariamente, sentimentos positivos pelo

    surgimento de uma nova vida, porque o objeto dos autos no discutir o

    dom da maternidade. Ao contrrio, o produto em questo um

    anticoncepcional, cuja nica utilidade a de evitar uma gravidez. A

    mulher que toma tal medicamento tem a inteno de utiliz-lo como meio apossibilitar sua escolha quanto ao momento de ter filhos, e a falha do

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    remdio, ao frustrar a opo da mulher, d ensejo obrigao de

    compensao pelos danos morais, em liquidao posterior.

    Recurso especial no conhecido" (fls. 2.362/2.363)

    Em suas razes, sustenta o embargante a ocorrncia de trs contradies noacrdo:

    a) no se sustentaria a alegao de que a juntada de precedente da 1 Turma

    a respeito da impossibilidade de reconhecimento da existncia de 'dano moral coletivo'

    representaria inovao na causa, pois a edio do precedente posterior interposio do

    recurso especial, de forma que seria "logicamente invivel que a recorrente o houvesse

    feito anteriormente"(fls. 2.373); alm disso, teria havido impugnao da condenao aos

    'danos morais coletividade';

    b) no se sustenta a causa de pedir da ao, pois houve eficiente 'recall'

    fomentado pela empresa, inexistindo qualquer violao ao dever de informao ao

    consumidor; e

    c) aps a rejeio da alegao de violao ao art. 535 do CPC, algumas das

    alegaes do recurso especial foram afastadas por falta de prequestionamento, em ntida

    contradio.

    o relatrio.

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    LTDAADVOGADO : CID FLAQUER SCARTEZZINI FILHO E OUTROEMBARGADO : FUNDAO DE PROTEO E DEFESA DO CONSUMIDOR -

    PROCON/SP E OUTROPROCURADOR : PAULA CRISTINA RIGUEIRO BARBOSA ENGLER PINTO E

    OUTRO(S)VOTO

    A EXMA. SRA. MINISTRA NANCY ANDRIGHI (Relator):

    Trata-se do conhecido processo relativo s plulas sem princpio ativo nomedicamento MICROVLAR, decidido pela 3 Turma unanimidade, com manifestao

    de votos-vista por escrito dos i. Min. Castro Filho e Humberto Gomes de Barros.

    O primeiro ponto diz respeito ao seguinte trecho do acrdo:

    "H que se dar uma ltima palavra, apenas, sobre a questo

    levantada pela recorrente em petio autnoma de fls. 2.256/2.307, j

    muito tempo aps a propositura do recurso especial, onde se noticiou

    julgamento de precedente da 1 Turma do STJ que reconheceu a

    impossibilidade de condenao em danos morais na perspectivatransindividual. Essa alegao vem repetida, tambm, nos memoriais pela

    recorrente distribudos antes do julgamento do presente recurso especial.

    Sobre essa questo, importantssimo ressaltar que ela

    representa verdadeira inovao da causa, pois no consta alegao desse

    gnero nas razes de recurso especial. Assim, tal alegao no pode ser

    debatida, porque impossvel trazer novos argumentos em apoio

    irresignao da parte recorrente, nos termos do seguinte precedente da 3

    Turma, por mim relatado:

    (...)

    De qualquer sorte, houve, conforme j referido mais de uma

    vez, aditamento da petio inicial para que, nesta, o pedido de condenao

    por danos morais fosse vinculado a direitos individuais homogneos e no

    diretamente aos demais direitos difusos e coletivos defendidos no bojo

    dessa mesma ao. Portanto, trata-se de situaes distintas, e a meno

    extempornea a tal entendimento da 1 Turma do STJ em nada altera o

    destino da lide" (fls. 2.347/2.348).

    Sustenta a embargante, de incio, que equivocada a alegao de que se

    tentou inovar na causa com a juntada extempornea de acrdo da 1 Turma, pois o

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    prprio acrdo posterior ao recurso especial, de forma que seria logicamente

    impossvel pretender que a ordem dos fatos fosse outra.

    A alegao no surte qualquer efeito, contudo. Em primeiro lugar, o

    argumento apenas confirma o bvio acerca da extemporaneidade da citao; porm, o

    mais importante que, conforme explicitado no acrdo, a prpria controvrsia trazida

    no precedente no existe no mbito deste processo. Como ficou ressaltado por diversas

    vezes no curso do voto vencedor, no houve, na presente hiptese, qualquer discusso a

    respeito da natureza dos interesses defendidos pelo PROCON. Houve, apenas,

    impugnao quanto legitimidade ativa dessa instituio, impugnao essa, inclusive,

    que nem ao menos foi conhecida, porque sobre ela incidiu a Smula n 284/STF.Em resumo, houve um aditamento da inicial para que ficasse definida a

    natureza do direito moral discutido como sendo individual homogneo e no difuso ou

    coletivo propriamente dito, mas tal ponto no foi - importante deixar claro - sequer

    trazido anlise do STJ. A ora embargante limitou-se a argir ilegitimidade ativa quanto

    ao pedido de danos morais, e ainda assim no se chegou a analisar o mrito de tal

    alegao.

    Portanto, a ento recorrente pretendeu inovar na causa ao trazer como

    paradigma tardio o acrdo da 1 Turma, pois no era objeto do processo a discusso a

    respeito da existncia ou no de danos morais na perspectiva transindividual.

    Em resumo, portanto, simplesmente no houve discusso no julgamento do

    presente recurso especial acerca da possibilidade de condenao por danos morais

    coletivos, e nem mesmo se possvel o pleito desses danos morais na categoria dos

    interesses individuais homogneos. A matria totalmente estranha aos autos.

    O trecho das razes de recurso especial que citado pela embargante, com

    a mxima vnia, no indica que houve impugnao categoria dos 'direitos morais

    coletivos' como nesta ocasio afirma a recorrente. Reitere-se, novamente, que o contexto

    da discusso sempre se deu no mbito da legitimidade ativa e no no da existncia

    jurdica do instituto e, mesmo naquele mbito, no se conheceu da alegao por bice

    sumular; mas, de qualquer sorte, ali apenas se afirma, textualmente, que o interesse emquesto seria individual homogneo(fls. 2.374), enquanto que o precedente da 1 TurmaDocumento: 754234 - Inteiro Teor do Acrdo - Site certificado - DJe: 05/03/2008 Pgina 6de 9

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    trata de dano moral coletivo propriamente dito, ou seja, aquele que teria

    "indeterminabilidade do sujeito passivo e indivisibilidade da ofensa e da reparao"(fls.

    2.258).

    Mesmo nessa perspectiva, portanto, trata-se de controvrsia distinta, no

    existindo similitude entre os acrdos. Em resumo, no seria possvel sequer aplicar o

    direito espcie, como requer em ltima instncia a embargante, porque o acrdo

    juntado extemporaneamente trata de assunto diverso.

    A segunda alegao, relativa eficincia do 'recall' praticado pela empresa,

    na verdade questo de prova, j rechaada no voto vencedor, que delineou a

    responsabilidade da empresa a partir de diversos prismas e, inclusive, da falta de

    empenho da empresa em minimizar a tempo o risco que as consumidoras corriam. Para

    evitar longa repetio, cite-se apenas o seguinte trecho, que no exaure a questo nos

    mesmos termos do voto, mas suficiente para o fim a que se destina nesta ocasio:

    "Na medida em que tais alegaes fazem parte do presente

    recurso especial, sobre elas deve o rgo jurisdicional manifestar-se,

    muito embora, de plano, seja possvel vislumbrar, desde logo, a incidncia

    das Smulas n 7/STJ pois a questo est intrinsecamente vinculada anlise de fatos e provas e n 283/STF, pois, como fica claro pela leitura

    da sentena, houve violao ao art. 10 do CDC em duas condutas

    consecutivas da ora recorrente, quais sejam: em um primeiro momento,

    omitiu-se o problema das autoridades e do pblico; e, em um segundo

    momento, quando a empresa finalmente se disps a emitir um comunicado,

    este mais se prestou a confundir do que a esclarecer , pois orientou

    suas consumidoras a continuarem a ingerir os comprimidos, que sabiam

    no produzir qualquer efeito, o que equivale a publicar informao

    enganosa.

    Essa segunda situao olvidada pelas razes de recurso

    especial, o que suficiente para atrair o bice da supra citada Smula, na

    medida em que h fundamento no acrdo recorrido que no foi

    impugnado" (fls. 2.343).

    Por fim, ao afastar a alegao de violao ao art. 535 do CPC, assim disps

    o acrdo embargado:

    "Cumpre iniciar apresente anlise pela alegao de negativa

    de prestao jurisdicional, muito embora este tenha sido o ltimo ponto

    abordado pela recorrente em seu longo arrazoado.

    Documento: 754234 - Inteiro Teor do Acrdo - Site certificado - DJe: 05/03/2008 Pgina 7de 9

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    Alis, a posio tpica dada pela recorrente alegada

    violao ao art. 535 do CPC, por si, indicativo da concluso a que se

    chega pela leitura das razes ali apresentadas, no sentido de que tal

    irresignao significa, como expressamente admitido pela recorrente a fls.

    2.131, muito mais uma precauo em face de eventual entendimento pelaausncia de prequestionamento sobre algum ponto controvertido do que,

    realmente, a indicao de uma omisso efetiva e transparente.

    Com efeito, da leitura das razes de embargos de declarao

    apresentados perante o TJ/SP, nota-se que estas representaram uma

    tentativa de se obter um novo julgamento da lide e, em linhas gerais, so

    apenas a reiterao das razes de apelao. A embargante, at mesmo,

    juntou novos documentos em sede de embargos, prtica esta que no se

    coaduna aos estreitos limites de cognio de tal recurso.

    No h, portanto, qualquer violao ao art. 535 do CPC"(fls. 2.317/2.318).

    Na anlise especfica das irresignaes trazidas pela ento recorrente, fato

    que algumas alegaes foram rechaadas, tambm, em face da inexistncia de

    prequestionamento, quais sejam, as relativas aos arts. 159, 1.058, 1.521, III e 1.546 do

    CC/16. Porm, h que se ressaltar que, em todos os casos, a aplicao da Smula n

    211/STJ no foi o nico argumento levantado para afastar a possibilidade de anlise das

    violaes, de forma que mesmo o reconhecimento da contradio aqui levantada noalteraria o destino do julgamento.

    De qualquer sorte, no h a suposta contradio, na medida em que, como

    ressaltado por diversas vezes no curso do voto, trata-se de hiptese julgada luz do CDC

    e da ocorrncia de responsabilidade objetiva. Assim, tais dispositivos eram impertinentes

    discusso, e por isso no foram citados pelo acrdo do TJ/SP.

    Forte em tais razes, REJEITO os embargos.

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    ERTIDO DE JULGAMENTO

    TERCEIRA TURMA

    EDcl no

    Nmero Registro: 2006/0104394-9 REsp 866636/ SP

    Nmeros Origem: 10381998 103898 1437215 200502007588 2044624 2044624302 2044624503 235598415831

    EM MESA JULGADO: 19/02/2008

    RelatoraExma. Sra. Ministra NANCY ANDRIGHI

    Presidente da SessoExmo. Sr. Ministro SIDNEI BENETI

    Subprocurador-Geral da RepblicaExmo. Sr. Dr. HAROLDO FERRAZ DA NOBREGA

    Secretria

    Bela. SOLANGE ROSA DOS SANTOS VELOSO

    AUTUAO

    RECORRENTE : SCHERING DO BRASIL QUMICA E FARMACUTICA LTDAADVOGADO : CID FLAQUER SCARTEZZINI FILHO E OUTRORECORRIDO : FUNDAO DE PROTEO E DEFESA DO CONSUMIDOR - PROCON/SP E

    OUTRO

    PROCURADOR : PAULA CRISTINA RIGUEIRO BARBOSA ENGLER PINTO E OUTRO(S)ASSUNTO: Ao Civil Pblica

    EMBARGOS DE DECLARAO

    EMBARGANTE : SCHERING DO BRASIL QUMICA E FARMACUTICA LTDAADVOGADO : CID FLAQUER SCARTEZZINI FILHO E OUTROEMBARGADO : FUNDAO DE PROTEO E DEFESA DO CONSUMIDOR - PROCON/SP E

    OUTROPROCURADOR : PAULA CRISTINA RIGUEIRO BARBOSA ENGLER PINTO E OUTRO(S)

    CERTIDO

    Certifico que a egrgia TERCEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epgrafe na sesso

    realizada nesta data, proferiu a seguinte deciso:

    A Turma, por unanimidade, rejeitou os embargos de declarao, nos termos do voto daSra. Ministra Relatora. Os Srs. Ministros Sidnei Beneti e Ari Pargendler votaram com a Sra.Ministra Relatora.

    Braslia, 19 de fevereiro de 2008

    SOLANGE ROSA DOS SANTOS VELOSOSecretria

    Documento: 754234 - Inteiro Teor do Acrdo - Site certificado - DJe: 05/03/2008 Pgina 9de 9