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DAS MODALIDADES DE RESPOSTA DO RÉU A resposta do réu pode ser definida como a resistência que este opõe ao pedido formulado pelo autor, por meio de uma defesa processual (objeção- art. 301 do CPC) e uma defesa de mérito, sendo considerado um ato processual pelo qual o réu impugna o processo e a pretensão do autor. A defesa é processual, quando existe a impugnação do instrumento (ação ou processo) de que se pretende valer o autor para a afirmação do seu direito, objetivando evitar a análise do mérito, sendo apresentada através de uma preliminar de contestação se a matéria é de objeção (ex.: litispendência e a coisa julgada, materiais processuais de ordem pública) ou uma exceção em sentido estrito se a alegação é de incompetência relativa, suspeição ou impedimento do juiz. A defesa é de mérito quando impugna o direito do autor, sendo realizada através da contestação de maneira substancial ou material, podendo ser indireta (quando consiste em opor fato extintivo, modificativo ou impeditivo do direito do autor) ou direta (quando consiste em resistência que ataca a própria pretensão do autor, negando-a quanto aos fatos ou quanto ao direito material). O prazo para apresentação de resposta do réu regra geral é de 15 dias, dentro do qual deve o réu apresentar, querendo, contestação, exceção, reconvenção. Sendo vários réus com procuradores diferentes, o prazo será em dobro (art. 191 do CPC), começando a contar, regra geral, da juntada aos autos do último mandado de citação devidamente cumprido. (art. 241, III, do CPC). 1. Da contestação: é o ato processual pelo qual o r éu apresenta sua resposta à pretensão do autor, expondo todos os motivos de fato e de direito de sua resistência. A contestação pode ter matéria de caráter processual (sob a forma de preliminar) e de mérito. Da mesma forma que a inicial, a contestação excepcionalmente também admite complementação diante da ocorrência de fatos supervenientes, ou quanto à matéria considerada absoluta (não preclui) como, por exemplo, no caso de impedimento do juiz e prescrição. A contestação está sujeita a dois princípios, a saber:  a) Princípio da eventualida de: todas as defesas devem ser apresentadas de uma só vez, em caráter alternativo ou subsidiário, sob pena de preclusão desta oportunidade. É o ônus da parte de alegar toda a matéria, sob pena de não poder fazê-lo posteriormente (art. 300/302 do CPC), não se aplicando tal princípio na hipótese de direito superveniente (direito subjetivo) decorrente da situação de fato ou de alteração legislativa que venha se apurar no caso (hipótese de retroatividade da lei), nas questões que o juiz dela reconhecer de ofício ( nulidade absoluta) ou na hipótese de prescrição; b) Ônus da impugnação especificada:  é o ônus de impugnar os fatos especificadamente, sob pena de ser considerados verdadeiros. Esse princípio comporta exceção quando o fato não comportar confissão, se a inicial não tiver acompanhad a de documento indispensável, se os fatos não impugnados estiverem em contradição com a defesa em seu todo ou se outro litisconsorte contestar os mesmos fatos que já ficaram controvertidos. O não cumprimento desse princípio, torna o fato alegado incontroverso, portanto dispensado de prova, (art. 334 do CPC). Caso o réu não apresente regularmente sua contestação, produzirá uma situação processual denominada REVELIA (art. 319 do CPC), gerando em decorrência deste fato, como regra geral, os efeitos de presunção de veracidade dos fatos afirmados pelo autor e não impugnados especificadamente pelo réu. A presunção de veracidade decorrente da revelia não é absoluta. Assim, se existirem elementos nos autos que levem à conclusão contrária, não está obrigado o juiz a decidir em favor do pedido do

Das Modalidades de Resposta Do Réu

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DAS MODALIDADES DE RESPOSTA DO RÉU 

A resposta do réu pode ser definida como a resistência que este opõe ao pedido formuladopelo autor, por meio de uma defesa processual (objeção- art. 301 do CPC) e uma defesade mérito, sendo considerado um ato processual pelo qual o réu impugna o processo e apretensão do autor. A defesa é processual, quando existe a impugnação do instrumento(ação ou processo) de que se pretende valer o autor para a afirmação do seu direito,objetivando evitar a análise do mérito, sendo apresentada através de uma preliminar decontestação se a matéria é de objeção (ex.: litispendência e a coisa julgada, materiaisprocessuais de ordem pública) ou uma exceção em sentido estrito se a alegação é deincompetência relativa, suspeição ou impedimento do juiz. A defesa é de mérito quandoimpugna o direito do autor, sendo realizada através da contestação de maneira substancialou material, podendo ser indireta (quando consiste em opor fato extintivo, modificativo ouimpeditivo do direito do autor) ou direta (quando consiste em resistência que ataca a própriapretensão do autor, negando-a quanto aos fatos ou quanto ao direito material). O prazopara apresentação de resposta do réu regra geral é de 15 dias, dentro do qual deve o réuapresentar, querendo, contestação, exceção, reconvenção. Sendo vários réus comprocuradores diferentes, o prazo será em dobro (art. 191 do CPC), começando a contar,regra geral, da juntada aos autos do último mandado de citação devidamente cumprido.(art. 241, III, do CPC).

 

1. Da contestação: é o ato processual pelo qual o réu apresenta sua resposta à pretensãodo autor, expondo todos os motivos de fato e de direito de sua resistência. A contestaçãopode ter matéria de caráter processual (sob a forma de preliminar) e de mérito. Da mesmaforma que a inicial, a contestação excepcionalmente também admite complementação

diante da ocorrência de fatos supervenientes, ou quanto à matéria considerada absoluta(não preclui) como, por exemplo, no caso de impedimento do juiz e prescrição. Acontestação está sujeita a dois princípios, a saber:

 

a) Princípio da eventualidade: todas as defesas devem ser apresentadas de uma só vez,em caráter alternativo ou subsidiário, sob pena de preclusão desta oportunidade. É o ônusda parte de alegar toda a matéria, sob pena de não poder fazê-lo posteriormente (art.300/302 do CPC), não se aplicando tal princípio na hipótese de direito superveniente (direitosubjetivo) decorrente da situação de fato ou de alteração legislativa que venha se apurarno caso (hipótese de retroatividade da lei), nas questões que o juiz dela reconhecer de ofício

( nulidade absoluta) ou na hipótese de prescrição; 

b) Ônus da impugnação especificada: é o ônus de impugnar os fatos especificadamente,sob pena de ser considerados verdadeiros. Esse princípio comporta exceção quando o fatonão comportar confissão, se a inicial não tiver acompanhada de documento indispensável,se os fatos não impugnados estiverem em contradição com a defesa em seu todo ou seoutro litisconsorte contestar os mesmos fatos que já ficaram controvertidos. O nãocumprimento desse princípio, torna o fato alegado incontroverso, portanto dispensado deprova, (art. 334 do CPC). Caso o réu não apresente regularmente sua contestação,produzirá uma situação processual denominada REVELIA (art. 319 do CPC), gerando em

decorrência deste fato, como regra geral, os efeitos de presunção de veracidade dos fatosafirmados pelo autor e não impugnados especificadamente pelo réu. A presunção deveracidade decorrente da revelia não é absoluta. Assim, se existirem elementos nos autosque levem à conclusão contrária, não está obrigado o juiz a decidir em favor do pedido do

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autor (art. 131 do CPC). Ressalvadas as hipóteses do art. 320 do CPC, a revelia induz oefeito da confissão ficta, presunção de veracidade, tornando os fatos incontroversos (art.334 do CPC) e determinando o julgamento antecipado da lide (art. 330, II, do CPC),extinguindo-se o processo com julgamento de mérito, com a procedência ou improcedênciado pedido. Para que produza tais efeitos é indispensável que no mandado de citação constea cominação expressa da parte final do art. 285 do CPC “não sendo contestada a ação se

presumirá aceitos pelo réu, como verdadeiros, os fatos articulados pelo autor.” Ocorrendo

a revelia, “o autor não poderá alterar o pedido, ou a causa de pedir, nem tampouco

demandar declaração incidente...” (art. 321 do CPC). Esse dispositivo visa coibir abusos que

eventualmente poderiam ocorrer uma vez que, revel, o réu não é mais intimado dos atosdo processo, até seu efetivo ingresso na demanda. Assim, como regra, não contestando aação ou abandonando-a, contra o revel aplica-se o disposto no art. 322 do CPC, correndocontra o mesmo os prazos independentemente de intimação. Todavia, poderá o réuingressar a qualquer momento no processo, passando, a partir desta data, a serregularmente intimado na pessoa de seu advogado, sendo, entretanto, vedado ao mesmodiscutir questões já decididas sobre as quais ocorrer preclusão.

 

1.1. Da estrutura da contestação. Das preliminares - objeções processuais (art. 301do CPC): as matérias de objeção são alegadas em preliminar da contestação, podendo regrageral serem conhecidas de ofício pelo juiz, devendo ser analisadas antes do mérito. Assimtemos:

 

a) Inexistência ou nulidade de citação - comparecendo o réu está suprida a falha decitação, mas pode o réu apresentar-se apenas para alegar o vício, reabrindo-se o prazo paracontestar, a contar da data em que ele ou seu advogado for intimado da decisão (art. 214

do CPC); 

b) Incompetência absoluta - a incompetência absoluta trata-se da competência em razãoda matéria e funcional. A competência territorial é relativa - devendo ser alegada emexceção ritual do art. 304, sob pena de se ver prorrogada. A absoluta não se prorroga, daísua arguição não depender de exceção, alegando-se como preliminar de contestação;

 

c) Inépcia da Petição Inicial  - se o juiz não observar os vícios de ofício, cabe ao réualegar na contestação, uma vez que a inépcia pode determinar o indeferimento da inicial deplano;

 

d) Perempção  - perda do direito de ação quando o autor der causa por três vezes, àextinção do processo sem julgamento do mérito. (arts. 267, III, e 268, parágrafo único, do

CPC); e) Litispendência - verifica-se quando se repete ação idêntica a que está em curso;

 

f) Coisa julgada - ocorre quando se reproduz ação idêntica a outra que já foi julgada porsentença de mérito de que não caiba mais recurso. É indispensável que o primeiro tenha-se se encerrado com sentença de mérito, porque se a extinção foi sem julgamento domérito, a ação pode ser repetida;

 

g) Conexão - quando entre duas ações lhe for comum o objeto e a causa de pedir. Nãodetermina a extinção do processo, mas altera a competência territorial e em razão do valor,bem como a competência de juízo por distribuição (arts. 103 e 106 do CPC). A mesma coisaacontece com a continência (art. 104 do CPC) que deve ser alegada como preliminar de

contestação, apesar de não constar expressamente neste rol; h) Incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização  - a

matéria está disciplinada nos arts. 7º a 13 do CPC. Verificando a incapacidade ouirregularidade na representação, o juiz suspende o processo e marca o prazo razoável para

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ser sanado o defeito. Não sendo cumprida a determinação no prazo, o juiz extinguirá oprocesso se o defeito se referir ao autor (art. 267, V, do CPC), declarará o réu revel se aele couber a correção da irregularidade, ou excluirá o terceiro do processo se sua situaçãofor irregular;

 

i) Convenção de Arbitragem - Conjunto formado pela cláusula compromissória e pelocompromisso arbitral (Lei Arbitragem - art. 3º), podendo o réu alegar, em sede depreliminar, que a demanda não pode ser submetida ao juízo estatal. O juiz não podeconhecer dessa matéria de ofício, dependendo, pois, de alegação da parte, sob pena depreclusão.

 

 j) Carência da ação  - refere-se à falta de uma das condições da ação: legitimidade,interesse processual e possibilidade jurídica do pedido. A falta dessa última é motivotambém de inépcia da inicial. Reconhecida a carência também se extingue o processo (art.267, VI, do CPC).

 

k) Falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar - Exigênciaexpressa da lei para permitir a parte poder litigar em juízo. Assim, sendo p. ex., o autornão domiciliado no Brasil ou aqui não possuindo bens, o juiz poderá exigir a prestação decaução para que o mesmo possa aqui litigar no intuito de garantir as despesas processuaise os honorários advocatícios, sob pena da extinção do processo sem julgamento do mérito.

 

1.2. Da estrutura da contestação. Do mérito: quanto ao mérito, a defesa versaobjetivamente contra a pretensão do autor, quer atacando o pedido formulado, querexpondo fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do autor. É importante queo réu impugne especificamente as alegações produzidas na petição inicial, sob pena de estasserem tidas como verdadeiras uma vez que fatos incontroversos não precisam ser provados(Art. 302 e 304 do CPC).

 

2. Das exceções processuais: a exceção deverá ser apresentada em peça autônoma eserá processada em apenso aos autos principais. É considerada uma defesa processualindireta para questionar a parcialidade do juiz quanto aos fatos relacionados pelo Código deProcesso Civil como suspeição ou impedimento, ou ainda sua incompetência relativa para o julgamento a causa.

 

2.1. Da exceção de impedimento e/ou suspeição (art. 312 e seguintes): podem serapresentadas tanto pelo autor quanto pelo réu diante das hipóteses elencadas junto aosarts. 134 e 135 do CPC, devendo ser apresentadas no prazo máximo de 15 dias contados

do conhecimento do fato que gerou o impedimento ou a suspeição do magistrado. Com aapresentação da exceção, o processo será suspenso e o juiz poderá reconhecer seuimpedimento/suspeição ordenando por consequência a remessa dos autos ao seu substitutolegal, salientando que dessa decisão não se admite nenhum recurso. Caso o mesmo nãoreconheça os motivos alegados pela parte, apresentará suas razões em 10 dias, remetendoo feito ao tribunal para julgamento. Caso a exceção seja desprovida de fundamento amesma será arquivada; se procedente, o tribunal condenará o juiz nas custas processuaise determinará a remessa dos autos ao seu substituto legal. Importante consignar que osmotivos de impedimento por se tratarem de matéria de ordem pública, podem ser alegadosem todo e qualquer momento processual, não havendo o que se falar em preclusão. Já os

motivos da suspeição, caso não sejam alegados em momento oportuno são atingidos pelofenômeno da preclusão. 

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2.2 Da exceção de incompetência relativa  (art. 307 e seguintes): consiste namodalidade de resposta do réu que tem por objetivo arguir a incompetência relativa do juízoa fim de impedir a prorrogação da competência. Deve ser apresentada através de petiçãodiferente da contestação, na qual o excipiente explanará suas razões da incompetência do juízo e indicará devidamente qual o juízo competente para o julgamento da causa. Uma vezrecebida, o processo será suspenso até o efetivo julgamento da exceção. (art. 304 do CPC).Do resultado desse julgamento pelo magistrado, caberá agravo de instrumento no prazo de10 dias (art. 524 do CPC) dirigido ao Tribunal competente. Caso o réu não apresente estaexceção, ocorrerá a preclusão e o juízo que, de início, era incompetente para julgamentoda causa, se torna competente diante da inércia da parte.

 

3. Impugnação dos benefícios da gratuidade de justiça: os benefícios da gratuidadede justiça são concedidos àqueles juridicamente pobres, que não possuam condições dearcar com as custas do processo e honorários de advogado sem prejuízo de seu própriosustento e de sua família (art. 2º , parágrafo único, da Lei nº 1.060/50), podendo serconcedido pelo juiz com base em declaração especifica (art. 4º da Lei nº 1.060/50). Osbenefícios da gratuidade de justiça compreendem todos os atos do processo do inicio aofinal em todas as instâncias, bem como outros de natureza extraprocessual (arts. 6º e 9ºda Lei nº 1.060/50). Qualquer das partes poderá impugnar os benefícios concedidos a outra,requerendo a revogação da gratuidade diante da demonstração que a declaração de pobrezaapresentada pela parte não condiz com a realidade, sendo o ônus dessa prova do próprioimpugnante, a teor do art. 333, I, do CPC. De regra, deve ser apresentada em petiçãoespecifica, gerando, por consequência, um incidente processual que será autuado emapartado, e será instruído devidamente para analise da situação de pobreza da partebeneficiada, situação esta que desafia recurso de Apelação (art. 17 da Lei nº 1.060/50).

Caso a decisão seja efetuada no curso do processo, por se tratar de decisão interlocutória,admite-se recurso de Agravo de Instrumento (art. 524 do CPC).