145

DE LA ROSA, ANA JACQUELINE Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários para obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.) ESTUDO DE PROPRIEDADES

Embed Size (px)

Citation preview

ii

DE LA ROSA, ANA JACQUELINE Estudo de Propriedades e Comportamento

Geomecânico de Rochas- Reservatório

[Rio de Janeiro] 2005

XV, 130 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ, M.Sc.,

Engenharia Civil, 2005)

Tese – Universidade Federal do Rio de

Janeiro, COPPE

1. Rochas de Reservatório

2. Comportamento Mecânico

3. Resistência e Deformabilidade

I. COPPE/UFRJ II. Título (série)

iii

À minha família, em especial à minha mãe,

pela eterna confiança que tem em mim.

iv

Agradecimentos

À minha família, porque sempre me apoiou, demonstrando carinho, amor e confiança,

durante todo o tempo que estive longe, em especial a meu tio Carlos e Nilea por terem me

incentivado a vir estudar no Brasil e pela ajuda que nunca faltou.

À minha orientadora, Anna Laura, pela valiosa ajuda no desenvolvimento do trabalho e

pela interação sempre agradável, pela amizade e socorro nos momentos difíceis, pelos

conselhos e sabedoria transmitida, durante o tempo compartilhado.

Expresso um reconhecimento de gratidão às pessoas do CENPES, os técnicos Marcos,

Rodrigo, Marcus e em especial ao Engenheiro Mauro Bloch, co-orientador, pela ajuda na

realização dos ensaios no Laboratório de Mecânica de Rochas.

A entidade financiadora CNPq, pela bolsa de estudos que ajudou no sustentou no Rio de

Janeiro.

Finalmente, aos meus colegas de mestrado, Antonio, Beatriz, Ricardo, Marcelinho, Mary,

Leo, Rodrigo, Rosane e Marcos, deixo um abraço pelo companheirismo durante este

tempo.

v

Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos

necessários para obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

ESTUDO DE PROPRIEDADES E COMPORTAMENTO GEOMECÂNICO DE

ROCHAS-RESERVATÓRIO

Ana De La Rosa Bucheli

Julho/2005

Orientador: Anna Laura Nunes da Silva

Co-orientador: Mauro Bloch

Programa: Engenharia Civil

O estudo do comportamento geomecânico de rochas-reservatório tem grande

importância para a otimização dos processos de exploração, produção e recuperação de

poços de petróleo. Esta pesquisa trata da análise do comportamento de 3 rochas-

reservatório obtidas de ensaios de laboratório, que, associadas às informações da

formação rochosa, petrográfia e propriedades índice, permitem a melhor caracterização

do material. As rochas provêm tanto de exploração of shore quanto continental, sendo o

arenito A do Campo do Espírito Santo, o arenito B do Campo da Fazenda Pocinho e o

calcissiltito do Campo de Cherne. As rochas-reservatório diferem das outras não só pelas

características de gênese e diagênese, como também pela presença de diversos fluidos

nos poros. As propriedades mecânicas foram determinadas através de ensaios de

compressão uniaxial, compressão triaxial drenada e não drenada, compressão

hidrostatica, fluência e ensaio brasileiro. Os resultados obtidos mostram a influência do

fluido de poro e dos diferentes ensaios mecânicos e alertam sobre a inadequação das

teorias de meios saturados quando o fluido é viscoso e compressível, como o óleo usado

nesta pesquisa.

vi

Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of requirments

for the degree of Mater of Science (M.Sc.)

STUDY ON THE GEOMECHANICAL PROPERTIES AND BEHAVIOR OF

RESERVEVOIR ROCKS

Ana De La Rosa Bucheli

July/2005

Advisor: Anna Laura Nunes da Silva

Co-advisor: Mauro Bloch

Department: Civil Engineering

This study of the geomechanical behavior of reservoir rocks has great importance

for exploration, production and recovery processes of oil wells. A comprehensive

investigation on the mechanical behavior of 3 reservoir rocks has been carried out using

geological data, mineralogical and textural properties, index and mechanical properties.

The research was developed considering samples of 3 different oil wells: continental

sandstone from Fazenda Pocinho field, off shore sandstone from Espírito Santo field and

off shore carbonatic rock from Cherne field. These reservoir rocks differ of the other rocks

not only for the genesis and digenesis characteristics, as well as for the presence of

different pore fluids. Mechanical properties are determined using uniaxial compression,

drained and undrained triaxial compression, brazilian test, hydrostatical compression and

creep test. The obtained results show the influence of the pore fluid and different

mechanical tests and they alert about the inadequacy of the saturated medium theories

when the fluid is viscous compressible, as the oil used in this research.

vii

Sumário

1. Introdução............................................................................................... 1

1.1. Relevância do Estudo ...................................................................... 1

1.2. Objetivos ......................................................................................... 2

1.3. Escopo da Dissertação .................................................................... 3

2. Revisão Bibliográfica............................................................................. 5

2.1. Geologia das Rochas-Reservatório ................................................. 5

2.2. Propriedades Petrográficas .............................................................. 6

2.3. Propriedades Físicas das Rochas .................................................... 7

2.3.1. Porosidade .................................................................. 9

2.3.2. Permeabilidade ............................................................ 12

2.3.3. Teor de Umidade e Saturação dos Corpos Prova ....... 13

2.4. Propriedades Mecânicas ................................................................. 15

2.4.1. Ensaio de Compressão Uniaxial e Triaxial .................. 15

2.4.2. Ensaio de Compressão Hidrostática .......................... 18

2.4.3. Ensaio Brasileiro........................................................... 21

2.4.4. Ensaio de Fluência....................................................... 21

2.4.5. Efeito da Taxa de Deformação no Comportamento

Mecânico das Rochas .......................................................... 25

2.5. Correlações entre Propriedades........................................................ 31

2.5.1. Correlações entre a Porosidade e outras

Propriedades ........................................................................ 31

2.5.2. Correlação entre a Resistência à Compressão

Uniaxial e Outras Propriedades ............................................ 32

2.5.3. Correlações entre a Resistência à Tração e Outras

Propriedades.......................................................................... 38

3. Caracterização Geológica, Petrográfica e Física................................. 39 3.1. Aspectos da Geologia de Formação ................................................ 39

3.1.1. Geologia de Formação do Arenito A .......................... 40

3.1.2. Geologia de Formação do Arenito B .......................... 42

3.1.3. Geologia de Formação do Calcissiltito ........................ 44

viii

3.2. Propriedades Petrográficas ............................................................... 47

3.2.1. Lâminas Petrográficas ................................................ 47

3.2.2. Análises das Lâminas Petrográficas ........................... 49

3.3. Propriedades Índice ........................................................................ 53

3.3.1. Determinação do Volume de Grãos e de sua

Densidade .............................................................................. 53

3.3.2. Medições de Permeabilidade ao Ar e da Porosidade .. 53

3.3.3. Análise e Resultados das Propriedades Físicas ........ 54

3.4. Considerações Finais ...................................................................... 56

4. Metodologia Experimental para Caracterização Mecânica................ 58

4.1. Distribuição das Amostras de Estudo .............................................. 58

4.2. Preparação dos Corpos de Prova .................................................... 58

4.2.1. Conservação dos Testemunhos ................................. 59

4.2.2. Preparação dos Corpos de Prova ............................... 60

4.2.3. Limpeza dos Corpos de Prova ................................... 60

4.2.4. Saturação dos Corpos de Prova ................................ 62

4.3. Metodologias de Ensaios ................................................................. 65

4.3.1. Ensaio de Compressão Uniaxial .................................. 67

4.3.2. Ensaio de Compressão Triaxial ................................... 68

4.3.3. Cálculo das Deformações............................................. 73

4.3.4. Ensaio Brasileiro........................................................... 74

4.3.5. Ensaio de Fluência....................................................... 75

4.4. Critérios de Ruptura ......................................................................... 75

4.4.1. Critério de Mohr Coulomb ........................................... 76

4.4.2. Critério do Hoek – Brown .......................................... 77

5. Resultados e Análises............................................................................ 78

5.1. Ensaio de Compressão Uniaxial ...................................................... 78

5.2. Compressão Hidrostática ................................................................. 85

5.2.1. Ensaio de Compressão Hidrostática sem Membrana 85

5.2.2. Compressão Hidrostática Drenada .............................. 86

5.2.3. Compressão Hidrostática não Drenada ...................... 93

5.3. Compressão Triaxial Drenada .......................................................... 96

ix

5.4 Compressão Triaxial não Drenada .................................................... 100

5.5. Ensaios Brasileiro.............................................................................. 101

5.6. Ensaio de Fluência............................................................................. 104

5.7. Envoltórias de Ruptura ...................................................................... 106

5.8. Correlações ....................................................................................... 109

6. Conclusões e Sugestões....................................................................... 111

6.1. Conclusões ....................................................................................... 111

6.2. Sugestões ......................................................................................... 114

Referências Bibliográficas......................................................................... 115

Apêndice 1 .................................................................................................. 121

x

Lista De Figuras

Capítulo 2 Figura 2.1. Preenchimento dos poros na diagênese de rocha carbonática: a)

espaços porosos escuros; b) poros preenchidos por material

cimentante (EBERLI et al., 2003)..................................................... 11

Figura 2.2. Rochas carbonáticas com porosidade: a) Móldica e b)

Intercristalina (EBERLI et al., 2003).................................................. 12

Figura 2.3. Evolução da permeabilidade com o carregamento (FERFERA et

al.,1997). ........................................................................................... 13

Figura 2.4. Resultados de ensaios triaxiais do arenito Tennesse saturado com

água, etanol e seco (CUSS et al., 2003)........................................... 15

Figura 2.5. Comportamento tensão-deformação axial, lateral e volumétrica sob

compressão triaxial (adaptada de GOODMAN, 1989)...................... 17

Figura 2.6. Comportamento de rochas brandas sob tensão uniaxial (NUNES,

1989)................................................................................................. 18

Figura 2.7. Comportamento tensao deformação volumétrica em compressão

hidrostática (GOODMAN, 1989)....................................................... 19

Figura 2.8. Curva de deformação volumétrica vs pressão confinante de ensaio

de compressão hidrostática no arenito Penrith (CUSS et al, 2003).. 20

Figura 2.9. Curva teórica tempo vs deformação com tensão constante (LAMA

& VUTUKURI, 1978) ........................................................................ 22

Figura 2.10. Modelo de Kelvin generalizado: (a) representação esquemática;

(b) curva teórica tempo vs deformação (VUTUKURI, 1978)............. 25

Figura 2.11. Curvas tensão vs deformação de ensaios uniaxiais sob diferentes

taxas de deformação (LI e XIA, 2000).............................................. 26

Figura 2.12. Correlação entre taxa de deformação e resistência de pico em

ensaios de compressão uniaxial (LI e XIA, 2000)............................. 27

Figura 2.13. Correlação entre taxa de deformação e deformação de pico para

ensaios de compressão uniaxial (LI e XIA, 2000)............................. 27

Figura 2.14. Correlação entre resistência à compressão uniaxial e: (a)

resistência à compressão pontual; (b) Densidade de

empacotamento................................................................................. 33

xi

Figura 2.15. Influência do tamanho dos grãos sobre a resistência à compressão

uniaxial (PALCHIK, 1999).................................................................. 33

Capítulo 3 Figura 3.1. Fluxograma dos procedimentos de confecção de lâminas

petrográficas (CESERO e DE ROS, 1989)....................................... 48

Figura 3.2. Aspecto das amostras do arenito B................................................... 50

Figura 3.3. Aspecto do testemunho do calcissiltito e ampliação da lâmina

petrográfica........................................................................................ 52

Capítulo 4

Figura 4.1. Equipamento para ensaios geomecânicos utilizados ....................... 66

Figura 4.2. Corpo de prova montado para o ensaio de compressão triaxial....... 69

Capítulo 5

Figura 5.1. Curva tensão versus deformação axial do ensaio de compressão

uniaxial nos CPs 10 e 12, do arenito A.............................................. 79

Figura 5.2. Curvas tensão vs. deformações axial, radial e volumétrica dos

ensaios de compressão uniaxial dos CPs com o fluido da formação

e óleo OB-9 do arenito A.................................................................... 80

Figura 5.3. Curvas tensão vs. deformações axial, radial e volumétrica dos

ensaios de compressão uniaxial dos CPs saturados com água e

óleoOB-9 do arenito A........................................................................ 80

Figura 5.4. Curvas tensão vs. deformações axial, radial e volumétrica do

ensaio de compressão uniaxial com o fluido da formação e óleo

diesel do CP 15 do arenito B.............................................................. 81

Figura 5.5. Curvas tensão vs. deformações axial, radial e volumétrica do

ensaio de compressão uniaxial do CP24 saturado com óleo OB-9

do calcissiltito...................................................................................... 81

Figura 5.6. Ensaios de compressão uniaxial sob diferentes condições de

saturação do arenito A....................................................................... 83

xii

Figura 5.7. Curvas pressão confinante σ3 vs deformação volumétrica dos

ensaios de compressão hidrostática sem membrana......................... 86

Figura 5.8. Variação do coeficiente de adensamento em função da pressão

confinante: (a) CP05 saturado com água e (b) CP06 saturado com

óleo OB-9............................................................................................ 88

Figura 5.9. Variação do coeficiente de adensamento em função da pressão

confinante dos CP14, CP17 e CP20 do arenito B, conservados em

óleo diesel........................................................................................... 90

Figura 5.10. Curva de deformação volumétrica vs pressão confinante do CP11

sob condições drenadas..................................................................... 92

Figura 5.11. Curva pressão confinante vs deformação volumétrica do ensaio de

compressão hidrostática do óleo OB-9............................................... 95

Figura 5.12. Curvas tensão desviadora vs deformação axial sob diferentes

pressões confinantes dos CPs do arenito A saturados com água. 98

Figura 5.13. Curvas tensão desviadora vs deformação axial sob diferentes

pressões confinantes dos CPs do arenito A saturados com óleo

OB-9................................................................................................... 98

Figura 5.14. Curvas tensão desviadora vs deformação axial sob diferentes

pressões confinantes dos CPs do arenito A com o fluido da

formação e óleo OB-9........................................................................ 99

Figura 5.15. Curvas tensão desviadora vs deformação axial sob diferentes

pressões confinantes dos CPs do arenito B saturado com o fluido

da formação e óleo diesel................................................................... 99

Figura 5.16. Corpo de prova ensaiado sob compressão triaxial do arenito

B......................................................................................................... 100

Figura 5.17. Curvas tensão vs deslocamento dos discos do arenito A.................. 103

Figura 5.18. Curvas deformação vs tempo a) CP 01 saturado com água e b)

CP02 saturado com óleo.................................................................. 105

Figura 5.19. Envoltórias de ruptura Mohr-Coulomb e Hoek - Brown do arenito A

saturado com água............................................................................. 106

Figura 5.20. Envoltórias de ruptura de Mohr-Coulomb e Hoek - Brown do arenito

A saturado com óleo OB-9.................................................................. 107

xiii

Figura 5.21. Envoltórias de ruptura de Mohr-Coulomb e Hoek - Brown do arenito

A com fluido da formação e óleo OB-9............................................... 107

Figura 5.22. Envoltórias de ruptura de Mohr-Coulomb e Hoek - Brown do

calcissiltito saturado com óleo OB-9................................................... 108

xiv

Lista de Tabelas

Capítulo 2 Tabela 2.1. Propriedades físicas das rochas (NUNES, 1989)................................ 7

Tabela 2.2. Características da água e óleo OB-9................................................... 14

Tabela 2.3. Modelos reológicos usados para diferentes tipos de rochas

(modificado de LAMA e VUTUKURI, 1978)............................................................. 24

Tabela 2.4. Parâmetros de resistência e deformabilidade em função de taxas de

deformação para arenito vermelho (LI e XIA, 2000)............................................... 26

Tabela 2.5. Taxa de deformação ou carregamento dos corpos de prova em

ensaios de compressão uniaxial............................................................................. 28

Tabela 2.6. Taxas de deformação ou deslocamento em ensaios de compressão

hidrostática e triaxial de rochas............................................................................... 30

Tabela 2.7. Correlações entre a resistência à compressão uniaxial e outras

propriedades........................................................................................................... 34

Tabela 2.8. Correlações entre resistência à compressão uniaxial qu e resistência

à compressão pontual Is50....................................................................................... 35

Tabela 2.9. Correlações entre à resistência a compressão uniaxial qu e a energia

do golpe do martelo Schmidt Rn............................................................................. 36

Tabela 2.10. Correlações entre resistência à compressão uniaxial (qu) e

velocidade de onda ( 2pV )........................................................................................ 37

Tabela 2.11. Correlações entre a resistência à compressão uniaxial (qu) e

resistência ao impacto obtida do ensaio de Protodyakonov (ISI).......................... 37

Capítulo 3 Tabela 3.1. Lâminas petrográficas disponíveis das rochas estudadas................... 49

Tabela 3.2. Propriedades texturais das lâminas petrográficas dos arenitos A e B.. 50

Tabela 3.3. Propriedades mineralógicas das lâminas petrográficas dos poços A e

B............................................................................................................................... 51

Tabela 3.4. Densidade específica dos grãos obtida de lâmina delgada.................. 52

Tabela 3.5. Propriedades índice calculadas dos corpos de prova das rochas

estudadas................................................................................................................. 54

Tabela 3.6. Propriedades físicas medidas nas amostras das rochas estudadas.... 55

xv

Capítulo 4 Tabela 4.1. Distribuição dos CPs para a realização dos ensaios mecânicos............ 59

Tabela 4.2. Preparação dos corpos de prova............................................................ 61

Tabela 4.3. Características dos CPs cilíndricos das rochas estudadas..................... 63

Tabela 4.4. Características dos discos das rochas estudadas.................................. 65

Capítulo 5 Tabela 5.1. Resultados dos Ensaios de Resistência à Compressão Uniaxial ......... 82

Tabela 5.2. Parâmetros elásticos médios sob compressão uniaxial das rochas

estudadas.................................................................................................................. 85

Tabela 5.3. Compressibilidade dos grãos em ensaios de compressão hidrostática

das rochas estudadas............................................................................................... 86

Tabela 5.4. Determinação da taxa de deformação lateral crítica em função da

tensão confinante..................................................................................................... 89

Tabela 5.5. Módulos de compressibilidade em compressão hidrostática

drenada..................................................................................................................... 92

Tabela 5.6. Cálculo do parâmetro B do CP04 saturado com óleo OB-9 do arenito A............................................................................................................................... 93

Tabela 5.7. Resultados dos ensaios triaxiais drenados............................................ 96

Tabela 5.8. Resultados dos ensaios triaxiais não drenados..................................... 101

Tabela 5.9. Resultados dos ensaios brasileiros das rochas estudadas................... 102

Tabela 5.10. Resultados dos ensaios de fluência.................................................... 104

Tabela 5.11. Correlações entre as propriedades físicas e mecânicas das rochas

estudadas.................................................................................................................. 109

1

CAPÍTULO I INTRODUÇÃO

1.1. Relevância do Estudo

O estudo do comportamento geomecânico de rochas-reservatório tem grande

importância para a otimização dos processos de exploração e produção de petróleo. O

contínuo desenvolvimento da indústria do petróleo incita a realização de pesquisas, as

quais envolvem áreas multidisciplinares. Esta pesquisa se centra na análise das

propriedades petrográficas, físicas e mecânicas das rochas por meio de resultados de

ensaios de laboratório, que associados às informações de geologia da formação

rochosa, permitem a melhor compreensão do comportamento do material.

A pesquisa foi desenvolvida considerando amostras de três poços diferentes de

exploração de óleo, dos quais dois são arenitos e o terceiro é um carbonato. É

importante lembrar que a frequência de ocorrência dos tipos litológicos de

reservatórios de petróleo é de cerca de 59% de arenitos, 40% de calcários e dolomitas

e 1% de outras rochas fraturadas. As rochas carbonáticas diferem dos arenitos, não só

pelo soterramento, como também pelo ambiente deposicional que, em alguns casos, é

composto por fósseis que contribuem para o alto teor de calcita da rocha.

A maioria destas rochas são brandas e porosas. Os procedimentos de ensaios para

determinação de propriedades e comportamento sugeridos pela ISRM (1981)

contemplam as rochas duras. A literatura apresenta informações limitadas quanto aos

métodos de ensaios e comportamentos típicos de rochas brandas.

Outra característica marcante das rochas-reservatório, em relação a outras rochas,

corresponde ao fluido de poros. Além de água, usualmente salina, pode conter óleo

e/ou gases. Este aspecto pode influenciar o comportamento geomecânico das rochas

de exploração de petróleo.

Várias dificuldades são originadas pela saturação de amostras de rocha-reservatório

com água, tais como o colapso por expansão freqüente em folhelhos ou danos por

corrosão nos equipamentos de teste. Estes problemas levaram à contínua realização

2

de ensaios com amostras saturadas com óleo no Laboratório de Mecânica de Rochas

do CENPES-PETROBRÁS.

A influência do tipo de fluido intraporo nas propriedades e no comportamento

mecânico das rochas é pouco conhecida e as poucas informações disponíveis são

contraditórias. Desta forma, esta pesquisa procurou avaliar esta influência através da

realização de ensaios mecânicos diversos, considerando os fluidos intraporos mais

freqüentemente utilizados nos testemunhos de poços de exploração da Petrobrás.

1.2. Objetivos

Esta pesquisa tem como objetivo geral analisar o comportamento geomecânico de

rochas-reservatório, através da realização de ensaios físicos e mecânicos de

laboratório com diferentes tipos de solicitação e fluidos intraporos. O comportamento

tensão-deformação e parâmetros de resistência e deformabilidade das rochas

associados às propriedades de mineralogia, porosidade e permeabilidade são

subsídios importantes para as análises relativas às operações de perfuração,

produção e recuperação de poços de petróleo.

O material estudado corresponde a amostras provenientes de três poços de

exploração. O arenito A, uma rocha oriunda do Campo de Espírito Santo de

exploração of shore. O arenito B de exploração continental do Campo Fazenda

Pocinho e, finalmente, a rocha carbonática classificada como calcissiltito do Campo

Cherne de exploração of shore.

A análise do comportamento geomecânico das rochas dos poços é realizada através

da determinação das suas propriedades petrográficas (constituição mineralógica,

porosidade de lâmina, arranjo, forma e contacto de grãos, granulometria), físicas

(pesos específicos seco e saturado, densidade específica dos grãos, porosidade,

permeabilidade, teor de umidade e grau de saturação in situ) e mecânicas (resistência

à compressão uniaxial e à tração, resistência à compressão triaxial, módulo de

elasticidade, coeficiente de Poisson, viscosidade, compressibilidade, coesão e ângulo

de atrito), além dos aspectos da geologia das formações.

3

1.3. Escopo da Dissertação

Esta dissertação é composta por 6 capítulos, sendo o primeiro uma introdução à

pesquisa desenvolvida. Nesta introdução procurou-se salientar a importância do

estudo e os principais objetivos.

O Capítulo 2 apresenta uma revisão bibliográfica dirigida à coleta de informações

sobre propriedades mineralógicas, físicas e mecânicas de rochas brandas e porosas.

Maior destaque foi conferido às propriedades físicas que influenciam o comportamento

mecânico, tais como a porosidade, permeabilidade, teor de saturação e fluido

intraporos. Os comportamentos mecânicos típicos de rochas brandas e duras e

procedimentos de ensaios são apresentados e discutidos. Reporta-se também um

conjunto de correlações encontradas em diferentes estudos correspondentes às

propriedades mais relevantes como composição mineralógica, porosidade e

resistência à compressão uniaxial de rochas brandas típicas de reservatórios.

No Capítulo 3 as rochas de estudo são descritas através das características

geológicas típicas das formações de onde foram extraídas. Apresentam-se os

processos diagenéticos mais importantes das rochas e que contribuíram para alguns

aspectos das amostras estudadas. São também descritos os procedimentos para

confecção de lâminas petrográficas e ensaios de determinação de propriedades

físicas. As análises de propriedades mineralógicas e texturais e propriedades-índice

são reportadas.

O Capítulo 4 apresenta o procedimento experimental adotado para a pesquisa das

propriedades mecânicas das rochas estudadas. Apresenta também os procedimentos

de corte, preparação e saturação dos corpos de prova com água, óleo mineral e fluido

de formação com óleo mineral. Descrevem-se as técnicas de ensaios de compressão

uniaxial, triaxial drenada e não drenada, compressão hidrostática, ensaio brasileiro e

de fluência. Os métodos de interpretação e de determinação dos parâmetros de cada

ensaio são também apresentados.

O Capítulo 5 apresenta as análises e resultados dos ensaios mecânicos (uniaxiais,

triaxiais, brasileiro e fluência) através de tabelas e curvas típicas mais importantes,

ressaltando-se as diferenças de comportamentos em função do tipo de solicitação e

das condições de saturação, representadas pelo tipo de fluido intraporo. Finalmente,

4

analisam-se as correlações mais importantes encontradas entre as diferentes

propriedades estudadas.

No Capítulo 6 são apresentadas as principais conclusões obtidas neste estudo e

algumas sugestões para pesquisas futuras.

A dissertação também conta com um apêndice, onde são apresentados todos os

resultados dos ensaios mecânicos realizados.

5

CAPÍTULO II

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este capítulo apresenta uma breve descrição da geologia das rochas-reservatório, na

qual se explica a origem e as conseqüências dos processos diagenéticos sobre as

características físicas e o comportamento mecânico da rocha.

A revisão da literatura enfoca as propriedades mineralógicas, texturais e físicas da

rocha, que podem influenciar o comportamento mecânico, dentro das quais destaca-se

a constituição mineralógica, textura, porosidade e permeabilidade, teor e tipo de

saturação. Ressaltam-se também as principais características de comportamento

mecânico de rochas brandas e duras sob solicitações tais como as resultantes de

compressão uniaxial, hidrostática, triaxial e de tração.

Finalmente, o capítulo reporta as principais correlações entre propriedades

mineralógicas, físicas e mecânicas, obtidas de diferentes estudos da literatura, com o

objetivo de estabelecer o grau de relevância em relação ao comportamento mecânico

das rochas brandas.

2.1. Geologia das Rochas-Reservatório

As rochas-reservatório provêm de bacias sedimentares, originadas pela deposição de

detritos de outras rochas (magmáticas e metamórficas), geralmente transportados por

agentes, tais como, água e ar. Elas são classificadas, em geral, como rochas brandas

e porosas.

O conjunto de sedimentos litificados que forma a bacia pode sofrer processos de

transformação, conhecidos como diagênese. Na diagênese podem ocorrer dissoluções

e precipitações que transformam o depósito sedimentar (material friável e

inconsolidado) em uma rocha maciça. Os processos diagenéticos mais comuns de

litificação de sedimentos são: compactação, dissolução, cimentação e recristalização

diagenética.

Em geral os reservatórios de petróleo estão localizados abaixo de uma camada

impermeável, formada pela rocha geradora de onde os hidrocarbonetos migram rumo

6

às rochas porosas, tal como os arenitos, calcários e dolomitas, que constituem rochas

armazenadoras potenciais de óleo cru. Portanto, a caracterização do comportamento

deste tipo de rocha é de grande interesse para a indústria do petróleo (SUGUIO,

1980).

Uma vez que elevadas concentrações de hidrocarbonetos encontram-se nos depósitos

sedimentares, os estudos sedimentológicos são de grande relevância. A geologia do

petróleo tem tanta importância acadêmica quanto econômica, pois o êxito da

exploração está fortemente ligado a um amplo conhecimento da sedimentologia da

formação.

2.2. Propriedades Petrográficas

Algumas propriedades relevantes nas rochas de reservatório são as mineralógicas e

texturais, além da porosidade. O conhecimento destes parâmetros permite uma

melhor caracterização do comportamento do material.

Existem diferentes métodos para determinação dos minerais constituintes da rocha,

dentre os quais a lâmina petrográfica se destaca por proporcionar um grande conjunto

de informações. Apesar do desenvolvimento de alta tecnologia como a microscopia

eletrônica, difratometria de raios X e outras técnicas mais sofisticadas, a petrografia

óptica contribui para um estudo petrológico mais refinado.

As descrições petrográficas realizadas na lâmina delgada permitem uma avaliação da

constituição mineralógica, densidade dos grãos, presença e o tipo de cimentação,

porosidade, textura, eventos diagenéticos e tipo de rocha.

Conhecer as relações entre os minerais que compõem as rochas-reservatório e os

sistemas porosos auxilia no entendimento da diagênese da formação e do

comportamento mecânico.

Os principais minerais constituintes da rocha são os silicatos, seguidos pelos

carbonatos, óxidos, hidróxidos e sulfatos. Destes grupos destacam-se os seguintes:

quartzo, feldspato, calcita, nefelina, dolomita, magnetita, pirita, galena, olivina, clorita e

piroxênios.

7

O grupo dos silicatos, minerais mais comuns denominados de essenciais, tem

influência importante no comportamento das rochas nas quais estão presentes. Assim,

rochas ricas em quartzo e feldspato são duras, com comportamento frágil. Rochas

ricas em anfibólios e piroxênios alteram-se mais facilmente, originando a perda de

resistência. Rochas ricas em micas apresentam laminação.

As rochas ricas em argilominerais têm seu comportamento influenciado pelo tipo de

argilomineral presente. Por exemplo, as esmectitas têm comportamento expansivo,

baixas resistência ao cisalhamento e permeabilidade. Os carbonatos formam os

calcários, minerais de baixa resistência e solúveis, com comportamento frágil à baixas

pressões.

2.3. Propriedades Físicas das Rochas

As propriedades físicas têm um papel importante na caracterização de rochas, pois

fornecem uma estimativa do comportamento potencial geotécnico da massa de rocha.

A rocha, similarmente ao solo, é composta por minerais e diferentes fluidos. Para a

determinação das proporções de cada um e das propriedades índice do material é

necessário realizar ensaios tais como: densidade, porosidade, teor de umidade,

velocidade de propagação de onda, permeabilidade, durabilidade e resistência (Tabela

2.1).

De maneira simplificada pode-se dizer que a rocha-reservatório pode ser vista como

um material sólido, poroso e geralmente preenchido com algum tipo de fluido como

água, óleo ou gás.

Tabela 2.1. Propriedades físicas das rochas (NUNES, 1989).

Propriedade Expressão Unidade Equação

Densidade absoluta

V

MMVM ws +

==ρ (g/cm3) (2.1)

Densidade relativa

w

Gρρ

= (-) (2.2)

8

Propriedade Expressão Unidade Equação

Peso específico total V

WwWsVW +

==γ (g/cm3) (2.3)

Peso específico

saturado V

Wsatsat =γ para

S=100%

(g/m3) (2.4)

Peso específico seco V

Wsd =γ (g/cm3) (2.5)

Peso específico dos

sólidos (grãos) VsWs

s =γ (g/cm3) (2.6)

Densidade relativa dos

grãos w

ssG

γγ

= (-) (2.7)

Porosidade 100*VVvn = (%) (2.8)

Índice de vazios n1

ne−

= (-) (2.9)

Grau de saturação 100*VV

Sv

w= (%) (2.10)

Teor de umidade de

saturação 100*

WsWw

sat =ω (%) (2.11)

Permeabilidade

hidráulica )dx/dh()A/q(*K x

γμ

= cm2 (≈ 108

darcy) (2.12)

Permeabilidade μγ

= *Kk

cm/s (≈10-3

darcy) (2.13)

9

Observações: Constituintes sólidos: massa sM , peso sW e volume sV ;

Água nos poros: massa wM , peso wW e volume wV ;

Ar nos poros: massa e peso nulos, volume aV ;

Poros: volume wav VVV += ;

Massa da amostra: ws MMM += ;

Peso da amostra: ws WWW += ;

Volume da amostra: vs VVV += ;

Peso específico da água: wγ ; Viscosidade dinâmica do fluido: μ ;

Razão de fluxo na direção (x): xq ; Gradiente hidráulico: dh/dx;

Área perpendicular à direção do fluxo (x): A.

Os parâmetros de deformabilidade e resistência das rochas podem ser influenciados

pelas propriedades, tais como, porosidade, permeabilidade e teor de umidade. A

literatura reporta freqüentemente correlações entre estas propriedades. Mas,

raramente são encontradas informações sobre o efeito do fluido intraporos nas

propriedades de resistência e deformabilidade.

2.3.1. Porosidade

A porosidade pode ser vista como uma medida do volume dos espaços vazios da

rocha, composta principalmente por microfissuras, poros e fraturas, abertas

provavelmente pela variação de tensões (PALCHIK e HATZOR, 2002).

A porosidade absoluta expressa o volume total dos poros, sejam interconectados ou

não, e a porosidade efetiva expressa somente o volume de poros interconectados da

rocha.

A porosidade efetiva pode ser determinada através de diferentes métodos:

(i) Volume de poros medidos por injeção de hélio, utilizando-se o método da

lei de Boyle;

(ii) Porosidade em corpos de prova medida através das técnicas de saturação

das amostras e avaliação de pesos seco e saturado;

(iii) Porosidade obtida de lâminas delgadas através da contagem de poros no

microscópio;

(iv) Porosimetria por injeção de mercúrio.

10

A porosidade das rochas é bastante variável. No caso das rochas sedimentares,

formadas pelo acúmulo de grãos, fragmentos de rochas ou conchas, geralmente

decresce com a idade geológica e com a profundidade. Quanto mais antiga a rocha,

maior a presença de minerais estáveis. Os instáveis já foram alterados, lixiviados e

substituídos por outros estáveis, conferindo menor espaço vazio ao material

(GOODMAN, 1989).

Uma medida amplamente pesquisada e correlacionada com a porosidade é a

velocidade de propagação de ondas. A literatura mostra que estas velocidades são

inversamente proporcionais à porosidade intergranular, na maioria dos casos.

Ensaios feitos em arenitos secos e saturados, com diferentes percentagens de

porosidade e tipos de cimentos, mostraram que a correlação entre porosidade e

velocidade de onda também é afetada pelo meio poroso. Diferentes formulações têm

sido propostas para arenitos. Entretanto, estas correlações são mais difíceis de serem

obtidas para as rochas carbonáticas, visto que se evidencia uma diferença entre os

poros formados pela presença de crustáceos e os poros esféricos. A influência da

porosidade sobre a velocidade de onda é muito menor quando as rochas carbonáticas

têm poros originados pela presença de crustáceos (VUTUKURY, 1978).

Os resultados encontrados por YOUASH (1970), publicados por VUTUKURY (1978),

indicam que a correlação entre a porosidade e o módulo de Young é insatisfatória,

pois apesar da tendência de redução do módulo com o aumento da porosidade, o grau

de correlação é muito baixo.

Porosidade em Rochas Carbonáticas

Os sedimentos carbonáticos são propensos a uma rápida e inesperada alteração

diagenética que muda a mineralogia e a estrutura dos poros. Em particular,

cimentação e processos de dissolução modificam continuamente a estrutura dos

poros, criando ou destruindo a porosidade. Em casos extremos, essas modificações

podem alterar completamente a mineralogia, por exemplo, de aragonita ou calcita

magnesiana transformando-se em calcita. Em outros casos, os poros originais

desaparecem porque são preenchidos por cimentos (Figura 2.1). Todas estas

mudanças alteram as propriedades mecânicas da rocha.

11

A influência do tipo de cimentação nas propriedades mecânicas em calcários de

formações jovens é considerável, enquanto que em calcários de formações antigas, o

tipo de cimentação não influencia tanto quanto o tipo de poros.

Figura 2.1. Preenchimento dos poros na diagênese de rocha carbonática: a) espaços

porosos escuros; b) poros preenchidos por material cimentante (EBERLI et al., 2003).

A porosidade é um fator controlador de grande importância na determinação de

algumas propriedades índices e mecânicas em carbonatos. Correlações entre a

porosidade e a velocidade de onda indicam que os baixos graus de correlação são

produto das variações do comportamento elástico produzido pelo tipo de porosidade.

Acredita-se que a diferença entre a forma e diâmetro dos grãos da matriz influencia as

propriedades poroelásticas. A compactação produzida pelo sobrecarregamento é um

processo que reduz a porosidade, embora não seja o mais importante, porque os

carbonatos são altamente susceptíveis às mudanças diagenéticas (dissolução e

cimentação), que podem em alguns casos acontecer mais rapidamente que a

compactação.

Evidencia-se a influência do tipo de poro, quando com carbonatos de mesma

porosidade, obtêm-se valores de velocidade de onda diferentes. EBERLI et al. (2003)

identificam quatro tipos de porosidade dos carbonatos:

(i) Porosidade Intragranular e Intercristalina (Figura 2.2): Os poros intragranulares

e intercristalinos possuem um comportamento petrofísico similar. Em ambos, o

teor de cimento é pouco ou não existe. O arranjo entre os grãos ou cristais não

é compacto e os valores da velocidade de onda são baixos;

12

(ii) Microporosidade: São microporos com dimensão aproximada de 10 micra. Os

valores de velocidade de onda são parecidos aos obtidos em grãos finos,

geralmente reduzidos;

(iii) Porosidade Móldica (Figura 2.2): Produzida pela dissolução de grãos, depois

ou durante a cimentação do arcabouço localizada entre os poros. O módulo de

elasticidade e a velocidade de onda são elevados;

(iv) Porosidade intra-arcabouço (Intraframe porosity in frame or boundstones):

Rochas carbonáticas, formadas por organismos como corais ou crustáceos,

possuem uma estrutura onde a porosidade está embebida no arcabouço. A

velocidade de onda e a rigidez são elevadas, ao contrário do indicado por

VUTUKURY (1978).

Figura 2.2. Rochas carbonáticas com porosidade: a) Móldica e b) Intercristalina

(EBERLI et al., 2003).

2.3.2. Permeabilidade

Esta propriedade índice informa sobre o grau de interconexão entre poros e fissuras e

o grau de fissuramento da rocha (GOODMAN, 1989).

Considerando-se materiais granulares, reconhece-se que à medida que diminui o

tamanho dos grãos, a permeabilidade também decresce. Na mecânica de rochas tem-

se observado a mesma característica, embora, em alguns casos, o grau de

fraturamento da rocha seja o fator mais importante para o aumento da permeabilidade.

A permeabilidade de uma rocha pode ser determinada medindo-se a velocidade com

que um fluido atravessa o material. Infelizmente, por mais cuidados que se tenha na

realização dos ensaios, as rochas podem sofrer expansão devido ao alívio de tensões

a) b)

13

após a retirada do maciço, criando fissuras que antigamente não existiam, e contração

pelo alívio de poropressões e redução da temperatura.

Geralmente, as rochas sedimentares são mais ou menos permeáveis de acordo com a

sua origem. Em ordem crescente de permeabilidade, têm-se os folhelhos, carbonatos

e arenitos, sendo que os dois últimos acumulam hidrocarbonetos.

FERFERA et al. (1997) e MOREIRA (2002) apresentam um estudo sobre o efeito das

tensões na permeabilidade das rochas. A Figura 2.3 apresenta a evolução da

permeabilidade de uma rocha em função das tensões, dividida em três fases. Nas

duas primeiras, a rocha permanece em regime elástico diminuindo a permeabilidade.

Na terceira fase, ocorrem deformações plásticas, podendo haver um decréscimo

(rochas porosas) ou acréscimo (rochas de baixa porosidade) de permeabilidade.

Figura 2.3. Evolução da permeabilidade com o carregamento (FERFERA et al.,1997).

2.3.3. Teor de Umidade e Saturação dos Corpos de Prova

O teor de umidade e o grau de saturação influenciam a resistência da rocha. Uma

amostra seca tem maior resistência que a saturada. A literatura de rochas-reservatório

costuma reportar resultados de ensaios, explicitando os teores de umidade, entretanto,

raramente informam sobre o tipo de fluido de saturação e suas propriedades. Na área

de petróleo, na maioria dos casos, é usado óleo para evitar a perda de amostras com

altos teores de argilas e para prever danos nos equipamentos de testes. Água salina

com concentrações semelhantes à água do mar também foi utilizada para saturação

de folhelhos (MUNIZ, 1998; MUNIZ et al., 1998). No caso específico do Laboratório de

14

Mecânica de Rochas do CENPES é usado o óleo industrial OB-9, óleo inerte, de base

parafínica, que apresenta um elevado índice de viscosidade e boa resistência à

oxidação. Provavelmente, o comportamento da rocha-reservatório é bem simulado

quando se saturam amostras com óleo. Entretanto, é importante lembrar que a água é

um fluido de comportamento ideal, de viscosidade baixa e pouco sensível a mudanças

de temperatura. A Tabela 2.2 mostra algumas diferenças entre água e óleo OB-9.

Tabela 2.2. Características da água e do óleo OB-9.

Propriedades Óleo OB-9 Água

Densidade (g/cm3) 0,85 1,00

Viscosidade (cSt) 9,90 (40°)

2,61 (100°)

0,0002 (20°)

A escolha do fluido de saturação pode ser função do tipo de componentes minerais da

rocha e das condições in situ. Quando a quantidade de argilominerais é

representativa, caso de folhelhos e arenitos com uma matriz muito argilosa, a

saturação com óleo é mais indicada. A água, como fluido de saturação, interage com

as argilas, promovendo o colapso das amostras. A saturação com água só é possível

para arenitos e carbonatos com baixos ou nulos teores de argilas.

KHAZANEHDARI e SOTHCOTT (2003) citam pesquisas onde as amostras foram

saturadas com água e a rocha apresentou um comportamento de amolecimento, com

decréscimo do módulo de elasticidade. Eles analisam o comportamento da rocha

quando saturada com óleo e observam que esse fluido produz um enrijecimento, com

incremento do módulo de elasticidade.

O fluido dos poros afeta as propriedades mecânicas da rocha. CUSS et al. (2003)

reportam os resultados de ensaios triaxiais drenados de arenitos, realizados com três

condições diferentes: saturados com água, etanol e secos (Figura 2.4). Os autores

observaram que, nas amostras saturadas com água e etanol, a tensão máxima é 30%

menor que a da amostra seca. Embora os valores de resistência sejam afetados, as

características elásticas, tais como módulo de elasticidade (E ) e compressibilidade

(C), permanecem, em sua maioria, inalteradas. Desta forma, os autores sugerem que

a água e o etanol influenciam a ruptura somente após o início da microfraturação da

rocha. Nos ensaios de compressão hidrostática, sob tensões de até 500MPa, ao

15

comparar as curvas obtidas, não se encontrou variações apreciáveis quando o

material foi saturado com água e etanol.

Figura 2.4. Resultados de ensaios triaxiais do arenito Tennesse saturado com água,

etanol e seco (CUSS et al., 2003).

2.4. Propriedades Mecânicas

As propriedades mecânicas das rochas são em geral determinadas através de ensaios

de laboratório. Os ensaios permitem o conhecimento da resistência e deformabilidade

das rochas, parâmetros indispensáveis para classificação. Também pode-se observar

a influência de diversos fatores tais como pressão confinante, tensão desviadora,

tamanho e forma das amostras, grau de saturação, entre outros.

2.4.1. Ensaio de Compressão Uniaxial e Triaxial

O ensaio de compressão uniaxial, em função da sua facilidade de execução,

simplicidade do equipamento e classificação imediata da rocha, é o ensaio mais

utilizado para a determinação da resistência e deformabilidade das rochas. A maioria

das classificações de material rochoso intacto é baseada na resistência à compressão

uniaxial.

Os mecanismos de propagação de fratura e ruptura das rochas, determinados

experimentalmente por este ensaio, dependem tanto das propriedades do material

16

quanto dos fatores experimentais envolvidos no ensaio, representados principalmente

por (NUNES, 1989) :

(i) Tamanho e forma da amostra;

(ii) Teor de umidade da amostra;

(iii) Distribuição uniforme ou não do carregamento;

(iv) Temperatura e umidade ambientes;

(v) Condições de extremidades das amostras;

(vi) Atrito nos contatos amostra/pratos distribuidores do carregamento;

(vii) Rigidez da máquina de ensaio.

Com o objetivo de se minimizar os efeitos destes fatores, existem procedimentos

padrões para a preparação das amostras e ensaios recomendados pela ISRM (1981).

O ensaio de compressão triaxial consiste na compressão axial do cilindro de rocha

com a aplicação simultânea de pressão confinante no entorno da amostra.

GOODMAN (1989) descreve o comportamento das rochas duras em compressão

triaxial, sob baixo confinamento, através das seguintes regiões, ilustradas na Figura

2.5:

(i) Região I: Com a aplicação da tensão desviadora, fissuras pré-existentes

começam a se fechar e um comportamento inelástico é perceptível, formando

uma concavidade na curva tensão – deformação axial;

(ii) Região II: nesta região, o material apresenta um comportamento linear elástico.

Para rochas duras, a fase linear-elástica é pronunciada, como aparece na

Figura 2.6. Porém, para as rochas brandas a linearidade pode ser mais

reduzida, quase imperceptível. O comportamento linear elástico pode ser

verificado através da curva tensão-deformação volumétrica, uma vez que ela

define o limite entre as regiões II (linear) e III (não linear). Nesta região são

calculados os parâmetros de elasticidade;

(iii) Região III: esta região é caracterizada pelo surgimento de novas fissuras na

amostra e a propagação estável de fissuras pré-existentes. A deformação

lateral sofre incrementos maiores que a deformação axial. O início desta região

apresenta um ponto notável, chamado de início da dilatância, o qual

corresponde ao aumento de volume do corpo de prova em relação ao seu

volume original. Neste ponto, a curva tensão – deformação volumétrica se

17

afasta da reta V/VΔ referente a um material ideal (homogêneo, elástico,

linear e isotrópico);

(iv) Região IV: inicia-se no ponto C, chamado de ponto de escoamento

(BIENIAWSKI, 1967). É caracterizada pela coalescência das microfissuras,

resultando em macrofissuras as quais se propagam formando uma banda

cisalhante que leva a rocha à resistência de pico no ponto D;

(v) Regiões V e VI: são correspondentes ao comportamento pós–pico,

representado pela macrofissuração por junção de microfissuras e deslizamento

das macrofissuras, indicando uma fase de resistência residual.

Figura 2.5. Comportamento tensão-deformação axial, lateral e volumétrica sob

compressão triaxial (adaptada de GOODMAN, 1989).

Nas curvas da Figura 2.5, observa-se que na região I e II o volume diminui com o

aumento da tensão desviadora. No início da região III (ponto B), a rocha apresenta

expansão volumétrica devido ao surgimento de novas fissuras.

Segundo NUNES (1989), uma rocha branda como o arenito, submetida a uma tensão

desviadora sem ou com reduzido confinamento, como no caso do ensaio de

compressão uniaxial, apresenta um comportamento diferente do registrado por

GOODMAN (1989) para rochas duras. Esse comportamento evidencia diferenças

como as observadas na Figura 2.6, descritas a seguir:

(i) As curva σ-εax e σ-εvol (fechamento de fissuras) apresentam concavidades

acentuadas para tensões relativamente baixas, induzindo deformações

significativas, ao contrário da região I da Figura 2.5;

(ii) A região elástica-linear, ao contrário da região II da Figura 2.5, não se

apresenta bem definida;

(iii) A dilatância se inicia a níveis baixos de tensões;

(iv) O início da dilatância das amostras pode ser definido pela curva εvol vs. εrad.

18

Figura 2.6. Comportamento de rochas brandas sob tensão uniaxial (NUNES, 1989).

2.4.2. Ensaio de Compressão Hidrostática

O ensaio de compressão hidrostática realiza-se na câmara triaxial e consiste no

aumento progressivo da pressão de confinamento em todas as direções

simultaneamente.

Ao aplicar as tensões de confinamento, produz-se um decréscimo de volume da rocha

e mudanças na estrutura interna, como o fechamento de fissuras e poros. Distinguem-

se quatro regiões apresentadas na Figura 2.7. (GOODMAN, 1989):

(i) Região I: diminuição de volume, onde as fissuras são fechadas e os grãos são

levemente comprimidos. O carregamento aplicado não atinge a compressão

elástica;

(ii) Região II: diminuição de volume devido à deformação dos poros e compressão

dos grãos, numa razão aproximadamente linear. A inclinação da reta, nesta

região, representa o módulo de compressão volumétrica da rocha;

(iii) Região III: a tensão aplicada produz o colapso dos poros. Em rochas porosas,

como os arenitos, os poros sofrem colapso devido à concentração de tensões.

19

Em rochas bem cimentadas, as tensões podem atingir até 100MPa. Nesta

região, também se observa um aumento notável da deformação volumétrica;

(iv) Região IV: Após colapso dos poros seu tamanho diminui e somente os grãos

permanecem como elementos deformáveis, o módulo de compressibilidade

diminui progressivamente.

Figura 2.7. Comportamento tensão deformação volumétrica em compressão

hidrostática (GOODMAN, 1989).

CUSS et al. (2003), no estudo de arenitos Tennesse, Darley Dale e Penrith, com

diferentes características mineralógicas, encontraram quatro regiões similares às

encontradas por GOODMAN (1989), as quais são apresentadas na Figura 2.8:

(i) Região I: ocorre sob tensões menores de 65MPa. A concavidade é

produzida pela compactação não linear, originada pelo fechamento das

microfissuras existentes. Os grãos se movimentam, buscando um novo arranjo

mais imbricado que suporte o carregamento. A compactação torna-se

progressivamente mais difícil devido ao novo imbricamento dos grãos e

fechamento das microfissuras até o início do comportamento linear;

(ii) Região II: identificada pela compactação elástica linear dos poros. O

arcabouço sofre uma distorção, provocando a diminuição dos poros. Ensaios

fotoelásticos em bandas de vidro mostram que a distribuição de tensões entre

os grãos é irregular, com concentrações de tensões no contato grão - grão. O

aumento progressivo das fraturas inicia o escoamento sob condições

σ med

I

II

III

Tensão desviadoraconstante

Fechamento de fissuras

Compressão elástica

Colapso de poros

Fechamento

ΔV/V

IV

20

hidrostáticas, implicando no início da região III. O ponto de início do

escoamento é representado por P* na Figura 2.8;

(iii) Região III: ocorre uma compactação notável com diminuição de

aproximadamente 7% da porosidade. Os grãos têm um arranjo ainda mais

imbricado e suportam maior pressão efetiva. A taxa de deformação se reduz

com o tempo;

(iv) Região IV: efetivamente representa uma resposta elástica da rocha,

com uma diminuição de cerca de 15% da porosidade inicial. Este material tem

um novo comportamento, com uma rigidez que pode ser o dobro da inicial,

indicada pela nova inclinação da reta.

Figura 2.8. Curva de deformação volumétrica vs pressão confinante de ensaio de

compressão hidrostática no arenito Penrith (CUSS et al., 2003).

CUSS et al. (2003) concluíram que rochas menos porosas têm um módulo de

compressibilidade maior e que o ponto de escoamento para um mesmo material varia

de acordo com as condições de saturação, sendo atingido sob menores pressões para

saturação com água em relação ao estado seco. A saturação com etanol mostra que

o ponto de escoamento se situa em tensões intermediárias entre as tensões

correspondentes à água e ao estado seco ( osecoltaneágua *P*P*P ⟨⟨ ).

21

2.4.3. Ensaio Brasileiro

Este ensaio também é conhecido como compressão diametral e determina

indiretamente a resistência à tração do material, em amostras em forma de disco

(altura/diâmetro=0,5).

A carga aplicada ao atingir a resistência da rocha produz uma fratura primária no

centro do disco. O valor de carga neste momento é o mais adequado, para determinar

a resistência à tração. Caso o carregamento se prolongue, as fraturas secundárias se

propagam, dividindo o disco em duas partes. Como conseqüência, a tensão suportada

é maior que a anterior. Portanto, para evitar interpretações errôneas, é aconselhável

aliviar o carregamento logo depois da fratura primária.

O ensaio brasileiro é uma boa alternativa para se estimar a resistência à tração das

rochas, devido à facilidade de execução do ensaio, de preparação dos CPs e de

adaptação em máquinas de ensaio de compressão, e ao custo reduzido em relação

aos ensaios de tração uniaxial direta (NUNES, 1989).

O ensaio diametral é amplamente usado para determinar a resistência à tração,

entretanto, também pode ser útil para observar as diferenças de comportamento

produzidas pela variação do fluido de saturação nas amostras. Isto constitui uma

vantagem representada pela menor quantidade de amostras de ensaio e resultados

obtidos mais rapidamente.

2.4.4. Ensaio de Fluência

Este ensaio permite determinar as constantes viscoelásticas das rochas,

representando o comportamento do material sob carregamento ao longo do tempo. O

procedimento mais simples para determinar estas constantes é através de ensaios de

compressão não confinada em amostras cilíndricas por um período de tempo longo. A

tensão, temperatura e umidade são mantidas constantes durante o ensaio

(GOODMAN, 1989).

As deformações das rochas com o tempo, no comportamento sob fluência, podem

simular as instabilidades geradas em poços após a perfuração.

22

O ensaio de fluência se distingue dos outros ensaios antes mencionados, uma vez que

permite a análise detalhada do comportamento plástico da rocha. Portanto, para

garantir a eficácia dos resultados, deve-se sair da região elástica da rocha antes de

iniciar o ensaio, propriamente dito, pois as rochas conseguem fluir com maior

facilidade quando estão próximas do ponto de dilatância.

Análise do Ensaio de Fluência

O comportamento típico da rocha submetida às cargas constantes por longos períodos

de tempo é apresentado na Figura 2.9. Inicialmente, a rocha sofre uma deformação

instantânea (região I), seguida da fluência primária ou transitória (região II). Na terceira

etapa, inicia-se uma fase de fluência constante (região III), na qual são realizados os

cálculos das constantes viscoelásticas. Finalmente, depois de um certo período de

tempo, pode ocorrer um aumento rápido das deformações, levando à ruptura da

amostra num curto espaço de tempo (LAMA & VUTUKURI, 1978).

Figura 2.9. Curva teórica tempo vs deformação com tensão constante (LAMA &

VUTUKURI, 1978).

A maioria dos ensaios é conduzida até a definição da fase de fluência constante (CD),

representado pela região III. A etapa de fluência acelerada (região IV), não é

I

II

III

IV

Def

orm

ação

Tempo

εa

εc

εt

εi

AB: Deformação elástica instantânea (εi);

BC: Fluência primária ou transitória (εt);

CD: Fluência constante (εc);

DE: Fluência acelerada (εa).

E

D

C B

A

23

importante do ponto de vista de projeto, além do tempo exigido para o ensaio

aumentar consideravelmente.

Existem vários modelos reológicos, simples ou complexos, para a análise dos

resultados de fluência, que tentam simular o comportamento da rocha submetida a

uma tensão constante. Os modelos reológicos usam a combinação de alguns

elementos mecânicos, como molas e pistões ligados em série, em paralelo ou ambos.

Estes sistemas representam o comportamento do material sob condições de ensaios.

Os elementos básicos que compõem um modelo mecânico são:

(i) Uma mola perfeitamente elástica, representando uma verdadeira deformação

elástica;

(ii) Um pistão, representando a deformação viscosa (material Newtoniano);

(iii) Uma massa em repouso, num plano com uma resistência ao cisalhamento

(ponto de dilatância), onde qualquer força menor que o esforço que inicia a

dilatância não produza movimentos. Representa uma deformação plástica.

Modelos Reológicos

O comportamento real da rocha raramente pode ser representado por algum modelo

simples. Portanto, é necessário usar um modelo que geralmente é uma combinação

deles. Alguns modelos simples conhecidos são: material perfeitamente elástico;

material perfeitamente plástico; material elastoplástico ou St. Venant; material viscoso

ou Newtoniano; material viscoelástico ou modelo de Maxwell e material firme viscoso

ou modelo de Kelvin ou modelo de Voigt.

Em alguns casos, a simulação do comportamento da rocha pode utilizar dois ou mais

modelos simples, em série ou paralelo. Alguns modelos reológicos são apresentados

na Tabela 2.3, em função do tipo de rocha e seu comportamento.

O modelo simples de Kelvin pode representar o comportamento de fluência do

material, mas tem a desvantagem de não considerar a deformação elástica,

instantânea, observada no início do fluência. Esta deficiência foi corrigida pela

introdução de uma mola ( 2E ) em série com o modelo simples de Kelvin, resultando no

modelo de Kelvin Generalizado ou Modelo Nakamura (Figura 2.10).

24

Neste modelo, quando se aplica uma tensão oσ no tempo t=0, tem-se a deformação

instantânea 2ε . Mantendo-se a mesma tensão por um período de tempo, a

deformação aumenta e pode ser calculada pela seguinte expressão:

⎟⎟

⎜⎜

⎛−

σ+

σ=ε η

1

1

3tE

1

o

2

o e1EE

(2.21)

Onde:

Oσ : tensão aplicada (MPa);

2E : módulo de elasticidade da rocha antes da fluência (GPa);

1η : viscosidade da rocha (MPa/s);

1E : módulo da rocha durante a deformação sob carga constante na região II (GPa).

Tabela 2.3. Modelos reológicos usados para diferentes tipos de rochas (modificado de

LAMA e VUTUKURI, 1978)

Tipo de Rocha Modelo Reológico Comportamento Referência

Rochas em Geral Kelvin Viscoelástico SALUSTOWICZ

(1958)

Rochas

Profundas

Maxwell Viscoelástico SALUSTOWICZ

(1958)

Rochas

carregadas por

curto tempo

Kelvin Generalizado

ou Nakamura

Viscoelástico NAKAMURA (1949)

Arenitos,

calcários e outras

rochas

Modelo de Hooke

em paralelo com

Maxwell

Viscoelástico RUPPENEIT &

LIBERMANN (1960)

Rochas

Carbonáticas

Kelvin Viscoelástico KIDYBINSKI (1966)

Rochas

Carbonáticas

St. Venant em

paralelo com

Newtonian

Elástico-

viscoplástico

LOONEN & HOFER

(1964)

Arenitos Kelvin Generalizado Viscoelástico BLOCH (1999)

25

Figura 2.10. Modelo de Kelvin generalizado: (a) representação esquemática; (b) curva

teórica tempo vs deformação (VUTUKURI, 1978).

2.4.5. Efeito da Taxa de Deformação no Comportamento Mecânico das Rochas

A taxa de deformação de ensaios em rocha deve satisfazer três condições: (i) reduzir a

possibilidade de rupturas violentas; (ii) ser suficientemente rápida para não compactar

o material e aumentar a sua resistência; (iii) permitir a obtenção da curva tensão –

deformação completa.

A literatura reporta vários estudos sobre velocidade de carregamento em ensaios de

rocha, resumidos a seguir.

Velocidade de Carregamento em Compressão Uniaxial

LI e XIA (2000) mostram uma variação da resistência à compressão uniaxial e do

módulo de elasticidade em função de nove taxas de deformação diferentes, adotadas

nos ensaios de amostras de arenito vermelho (Tabela 2.4). A faixa estudada situa-se

entre 2,43 x 10-6 a 4,38x 10-3s-1. Os autores resumem os valores das taxas de

deformação (ε*) adotadas nos ensaios e os valores de resistência de pico (qu),

deformação de pico (εc) e módulo de elasticidade ( eE ). A Figura 2.11 apresenta as

curvas tensão versus deformação obtidas em função de quatro taxas de deformação

distintas.

(a)

(b)

t

σ1

E1

μE

E2

ε2=σο/E2

21

21o )(ΕΕ

Ε+Εσ ε

t

26

A análise da Tabela 2.4 e da Figura 2.11 indica que uma variação da taxa de

deformação de 10-6 a 10-3s-1 resulta no aumento da resistência de pico de cerca de 25

a 34 MPa, respectivamente. Esta variação representa um incremento elevado de 36%,

que se torna ainda maior para valores superiores a esta faixa. Duas correlações são

feitas: a primeira entre a resistência à compressão uniaxial e a taxa de deformação

com comportamento não linear (Figura 2.12) e a segunda entre a taxa de deformação

e a deformação de pico com um comportamento linear (Figura 2.13).

Figura 2.11. Curvas tensão vs deformação de ensaios uniaxiais sob diferentes taxas

de deformação (LI e XIA, 2000).

Tabela 2.4. Parâmetros de resistência e deformabilidade em função de taxas de

deformação para arenito vermelho (LI e XIA, 2000).

ε* (s-1) qu (MPa) ε c(10 3 με) eE (MPa)

2,43x10-6 26,42 1,35 5290

6,48x10-6 25,02 1,34 6480

1,30x10-5 27,33 1,37 7658

3,10x10-5 27,32 1,43 6052

27

ε* (s-1) qu (MPa) ε c(10 3 με) eE (MPa)

2,19x10-4 34,49 1,26 8672

2,92x10-4 32,06 1,30 8192

1,17x10-3 31,11 1,47 8003

2,33x10-3 32,18 1,61 7408

4,38x10-3 31,50 1,54 5318

Figura 2.12. Correlação entre taxa de deformação e resistência de pico em ensaios de

compressão uniaxial (LI e XIA, 2000).

Figura 2.13. Correlação entre taxa de deformação e deformação de pico para ensaios

de compressão uniaxial (LI e XIA, 2000).

MA e DAEMEN (2004), em 65 amostras de uma rocha de comportamento frágil, com

teor de umidade menor que 1%, estudaram a influência da taxa de deformação sobre

algumas propriedades mecânicas, em um intervalo de 10-2 até 10-8 s-1. Os resultados

mostram que a resistência de pico, a deformação axial de pico e o módulo de

elasticidade secante decrescem com o decréscimo da taxa de deformação, mas a

resistência de pico tem maior sensibilidade que os outros parâmetros.

28

RAY et al. (1999) corroboram estas tendências através dos resultados de ensaios

realizados no arenito Chunar, sob taxas de deformação um pouco maiores que as

normalmente adotadas, correspondentes a uma faixa de 2,5x10-1 até 2,5x101s-1. Os

autores reportam que, os CPs sofrem rupturas violentas com a taxa de 2,5x101s-1.

A Tabela 2.5 resume valores de velocidade de ensaios de compressão uniaxial

reportados na literatura. É interessante observar a diversidade dos modos de controle

dos ensaios (taxas de deformação, deslocamento e carregamento) e a faixa de

variação dos valores adotados.

Tabela 2.5. Taxa de deformação ou carregamento dos corpos de prova em ensaios de

compressão uniaxial.

Referência Tipo de Rocha H/D Taxa de Deformação/

Deslocamento/ Carregamento

MA & DAEMEN (2004) Rochas frágeis 2,5 10-2 – 10-8s-1 (a)

QIAO (2004) Granito,Turfas

Mármore 2 0,4 e 0,08 MPa/s

PALCHIK & HATZOR

(2002) Calcário Dolomitas 2 1x10-5 s-1 (a)

LEITE et al. (2001) Rochas Porosas 2,2 0,02mm/min

LI & XIA (2000) Arenitos 2 2,43 x 10-6 a 4,38x 10-3 s-1 (a)

PALCHIK & HATZOR

(2000)

Dolomitas

Calcários

2 1x10-5 s-1 (a)

WULFF et al. (1999) Arenitos

Granitos

2 4x10-6 s-1 (a)

e 0,001mm/s

EBERHARDT et al. (1999) Granitos 2,25 0,25 MPa/s

RAY et al. (1999) Arenito 2,1 2,5x101 s-1(a)

ROBINA et al. (1998) Arenitos 0,002 kN/s

ZANG et al. (1998) Granito 1,5 a

2,5

1x10-5 s-1 (a)

0,02mm/s

PELLEGRINO et al. (1997) Calcário Brando 2 2 με/s

VERNIK et al. (1993) Carbonatos 2 1x10-5 s-1 (a)

BLOCH (1993) Arenito 2 10-6 e 10-5 s-1 (r)0,2 e 1,0 kN/s

NUNES (1989) Arenito 2 1x10-5 s-1 (a)

SANO et al. (1981) Granitos 2 10-9 a 101 s-1 (a)

29

Observações:

(a): controle por taxa de deformação axial:

(r): controle por taxa de deformação radial;

H/D: relação altura/diâmetro do corpo de prova.

Velocidade de Carregamento em Compressão Triaxial

Neste tipo de ensaio, a influência da taxa de deformação na resistência depende

também da pressão confinante aplicada (LI et al. 1999). Os autores apresentam

curvas típicas para diferentes taxas de deformação e pressões confinantes, em

ensaios de compressão triaxial dinâmica. Verificam, desta forma, que as variações da

resistência de pico, influenciadas por diferentes taxas de deformação, têm o mesmo

comportamento obtido de cargas estáticas. Concluem que:

(i) A resistência à compressão triaxial aumenta com o incremento da taxa de

deformação e da pressão confinante;

(ii) Quanto maior a pressão de confinamento, menor é a influência da taxa de

deformação;

(iii) As correlações para o módulo de Young e coeficiente de Poisson sob

diferentes taxas de deformação e pressões de confinamento são dispersas. O

módulo de Young aumenta ligeiramente com o incremento da pressão

confinante, mas parece não ser afetado pela taxa de deformação. O coeficiente

de Poisson também aumenta com o incremento da taxa de deformação e com

o aumento da pressão de confinamento, embora os acréscimos não sejam

significativos.

Alguns pesquisadores têm reportado que a sensitividade da taxa de deformação

decresce com o incremento da pressão de confinamento. JU & WU (1993) mostram

um aumento de resistência duma turfa chinesa de 40% e 20% sob pressões de

confinamento de 0 e 90 MPa, respectivamente, enquanto a taxa varia de 10-5 a 101 s-1.

Resultados experimentais semelhantes foram encontrados por SANGHA & DHIR

(1975) em arenitos e YANG & LI (1994) em mármores.

A Tabela 2.6 apresenta um resumo das taxas de deformação ou deslocamento

adotadas por vários autores para ensaios de compressão triaxial drenada, não

drenada e compressão hidrostática de rochas diversas.

30

Tabela 2.6. Taxas de deformação ou deslocamento em ensaios de compressão

hidrostática e triaxial de rochas.

Referência Tipo de

Rocha

H/D Taxa de Deformação/

Deslocamento

Tipo de

Ensaio

BESUELLE et al.

(2000)

Arenito

Vosges

1 - 2 10-5s-1(a) CD

REN & GE (2004) Arenitos 2 2.75 x10-5 s-1(a) CD

BLOCH (1993) Arenitos 2 5x10-6s-1(r) CD

UU

BUTT & CALDER

(1998)

Andesita e

Riolita

2,20 2mm/h CD

FILIMONOV et al.

(2001)

Rochas

Salinas

2 e 2,25 1.7 x10-5s-1 (a) CD

HAIMSON & CHANG

(2000)

Granito 2 5x10-6s-1 (a) CD

DONATH & FRUTH

(1971)

Mármore 2 10-7 a 10-3s-1 (a) CD

JU & WU (1993)

Turfa 2 10-5 a 10-1 s-1 (a) CD

LI et al. (1999) Granito 2 10-4 a 101s-1 (a) CD

ZHAO et al. (1998) Granito 2 10-5 a 101s-1 (a) CD

CUSS et al. (2003) Arenitos 3 10-3 s-1 (a) CD

ALSAYED (2002) Arenitos 2 4,17x10-5 s-1 (a) CD

LIAO et al. (2004) Rochas

brandas

2 2,92x10-5, 2,92x10-6 e

7,33x10-7 s-1 (a)

UU

FABRE &

GUSTKIEWICZ

(1997)

Arenitos 2 5MPa/min CH

Obs:

(a): controle por taxa de deformação axial;

(r): controle por taxa de deformação radial

H/D: Relação altura/diâmetro do corpo de prova;

CD: Aplicação da compressão hidrostática e tensão desviadora em condições drenadas;

UU: Aplicação da compressão hidrostática e tensão desviadora em condições não drenadas;

CH: Compressão hidrostática drenada.

31

Velocidade de Carregamento em Ensaio de fluência (não confinado)

Na primeira etapa dos ensaios de fluência, o CP submete-se a uma carga que

aumenta constantemente, até sair da região elástica da rocha. O tipo de controle pode

ser de carga ou deformação. Esta escolha pode se basear no critério adotado para a

taxa do ensaio de compressão uniaxial. Na segunda etapa do ensaio, a taxa de

deformação não é mais utilizada como controle do ensaio, pois o CP é submetido a

uma carga constante que produz deformação ao longo do tempo.

Poucas indicações são encontradas na literatura sobre ensaios de fluência de arenitos

e folhelhos. Entretanto, LI e XIA (2000) reportam que para taxas de deslocamento

inferiores a 0,001mm/h, o material se deformou sem chegar à ruptura, para quatro

tipos diferentes de rochas, com diferentes características mineralógicas, nas quais se

encontram dois arenitos.

2.5. Correlações entre Propriedades

As correlações entre propriedades indicam o grau de influência de uma propriedade

sobre a outra. As propriedades de maior relevância são: porosidade, resistência à

compressão simples, resistência à tração, teor dos componentes minerais e tipo de

textura, as quais são resumidamente reportadas neste trabalho.

2.5.1. Correlações entre a Porosidade e Outras Propriedades

Na literatura encontram-se múltiplas tentativas, bem e mal sucedidas, de se

correlacionar a porosidade com outras propriedades. Na verdade, cada material

responde de uma forma diferente e, portanto, não deve levar em consideração os

resultados de um só material para caracterizá-los a todos. De maneira que para

algumas rochas sedimentares tem-se visto que:

(i) O aumento da porosidade implica em redução da resistência à compressão

uniaxial, do módulo de elasticidade, da velocidade de onda e da qualidade

da rocha;

(ii) Geralmente o módulo de Poisson aumenta com o incremento da

porosidade;

(iii) Maiores pesos específicos, seco e saturado correspondem à menores

porosidades;

32

(iv) Quanto maior a porosidade, maior o teor de umidade de saturação para

rochas permeáveis, como o arenito.

2.5.2. Correlação entre a Resistência à Compressão Uniaxial e Outras Propriedades

A resistência e deformabilidade de rochas são propriedades mecânicas dependentes

da composição mineralógica e propriedades físicas do material.

Correlação entre a resistência à compressão uniaxial e os dados petrográficos

A dificuldade de se obter amostras intactas e realizar ensaios para determinar a

resistência à compressão da rocha e sua deformabilidade incitaram diversos

pesquisadores a desenvolver métodos que correlacionam a resistência com outros

tipos de propriedades da rocha. A variação das propriedades mecânicas dos arenitos

pode ser associada às características petrográficas.

ZORLU et al. (2004) apresentam uma correlação entre os dados obtidos de lâminas

delgadas e os valores de resistência e deformabilidade de rochas intactas. Os autores

basearam-se em um amplo banco de dados de diversos arenitos. Após um cuidadoso

tratamento estatístico, obteve-se a resistência à compressão uniaxial (UCS) em função

do teor de quartzo(Q), angularidade dos grãos (A) e densidade de empacotamento

(PD). Também apresentam correlações entre as propriedades físicas, tais como,

resistência à compressão pontual (Is(50)), peso específico (γ) e porosidade (n) com a

resistência à compressão uniaxial e módulo de elasticidade (Figura 2.14). De maneira

que um simples ensaio índice e algumas características petrográficas são uma

alternativa quando é difícil obter amostras para ensaios, ou mesmo executar os

ensaios de compressão uniaxial.

Alguns pesquisadores têm mostrado que a resistência à compressão uniaxial de

mármores e calcários incrementa linearmente com o inverso do quadrado do tamanho

dos grãos (OLSSON, 1974, FREDRICH et al., 1990, WONG et al., 1995).

HATZOR e PALCHIK (1998) obtiveram correlações satisfatórias entre o tamanho

médio dos grãos e a resistência à compressão uniaxial em rochas carbonáticas,

homogêneas, de texturas variáveis, com uma porosidade entre 4 e 20%.

33

Figura 2.14. Correlação entre resistência à compressão uniaxial e: (a) resistência à

compressão pontual; (b) Densidade de empacotamento.

PALCHIK (1999) estudou um modelo para determinar a resistência à compressão

uniaxial do arenito Donetsk, utilizando a porosidade, módulo de elasticidade e

tamanho dos grãos. Concluiu que, para arenitos, a correlação entre tamanho dos

grãos e a resistência à compressão uniaxial não existia (Figura 2.15) e que as

correlações com o módulo de elasticidade e porosidade eram lineares, sugerindo que

a porosidade tem influência dominante.

PALCHIK e HATZOR (2000) corroboram a influência da porosidade na resistência de

calcários e mostram que a influência do comprimento do contato grão-grão e a

porosidade pode ser mais significativa na previsão da resistência que o tamanho

individual dos grãos.

Figura 2.15. Influência do tamanho dos grãos sobre a resistência à compressão

uniaxial (PALCHIK, 1999).

34

Correlação entre a resistência à compressão uniaxial e as propriedades físicas

Em relação às propriedades físicas dos arenitos, são poucas as correlações existentes

na literatura. A mais importante é a relação entre a porosidade e a resistência à

compressão uniaxial, na qual observa-se a diminuição da resistência com o aumento

da porosidade dos arenitos.

PALCHIK e HATZOR (2002) confirmam a influência da porosidade sobre a

compressão uniaxial, embora acreditem que a correlação também seja afetada por

outras propriedades, como o módulo de elasticidade, coeficiente de Poisson e a

mineralogia da rocha.

A Tabela 2.7 apresenta algumas expressões propostas por diferentes autores para

determinar a resistência à compressão uniaxial ( uq ) em função da angularidade dos

grãos (A), densidade de empacotamento (PD), teor de quartzo (Q), módulo de

elasticidade (E), porosidade (n) e coeficiente de Poisson (ν ).

Tabela 2.7. Correlações entre a resistência à compressão uniaxial e outras

propriedades.

Referência Equação

ZORLU et al. (2004)

4,02,0

u

3729,0u

7715,0u

3875,0u

PDAQ44,12q

)52,0r()Q(15,18q)61,0r()PD(89,2q

)41,0r()A(56,186q

⎟⎠⎞

⎜⎝⎛=

==

==

== −

PALCHIK (1999) nEaqu = onde 5,2a = para o arenito Donetsk

PALCHIK & HATZOR

(2002)

⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢

−⎟⎠

⎞⎜⎝

⎛υ−

−υ−

+=1

21EKK

21n

11bq2

1

u

b, K1 e K2: coeficientes empíricos da rocha qu em MPa;

PD e Q em porcentagem;

n adimensional;

E em GPa.

35

Correlação entre a resistência à compressão uniaxial e os métodos indiretos de

medição de resistência

Os custos mais elevados dos ensaios de compressão uniaxial em laboratório

incentivaram o desenvolvimento de medidas índices, de fácil determinação, as quais

estão relacionadas com a resistência à compressão simples da rocha. Os mais

conhecidos são: o ensaio de compressão puntiforme, martelo Schmidt, velocidade de

onda e resistência ao impacto.

As Tabelas 2.8 a 2.11 resumem algumas correlações entre a resistência à

compressão uniaxial ( uq ) e as seguintes: resistência à compressão pontual ( 50sI ),

número de golpes do martelo Schmidt ( nR ), velocidade de onda ( 2pV ) e resistência ao

impacto obtida do ensaio de Protodyakonov (ISI ), respectivamente.

Uma avaliação detalhada das correlações entre as medidas indiretas de resistência e

a resistência à compressão uniaxial mostra que:

• Existe uma correlação linear entre o índice de compressão puntiforme e a

resistência à compressão uniaxial.

• O Martelo Schmidt e a velocidade de onda apresentaram correlações não

lineares com a resistência à compressão uniaxial, sendo muito dispersa a de

velocidade de onda;

• A resistência ao impacto apresentou uma correlação com a resistência à

compressão uniaxial não linear e muito dispersa, sugerindo ser um dos índices

menos confiáveis.

Tabela 2.8. Correlações entre resistência à compressão uniaxial uq e resistência à

compressão pontual 50sI .

Referência Equação

D`ANDREA et al. (1964) 3,16I3,15q 50su +=

BROCH & FRANKLIN (1972) 50su I24q =

BIENIAWSKI (1975) 50su I23q =

HASSANI et al. (1980) 50su I29q =

36

Referência Equação

READ et al. (1980) 50su I16q = (Rochas sedimentares)

50su I20q = (Basaltos)

FORSTER (1983) 50su I5,14q =

GUNSALLUS & KULHAWY (1984) 51I5,16q 50su +=

ISRM (1985) 50su I25...20q =

CHARGIL & SHAKOOR (1990) 13I23q 50su +=

CHOU & WONG (1996) 50su I5,12q =

GRASSO et al. (1992) 04,20I30,9q 50su +=

KAHRAMAN (2001) 69,2I62,23q 50su −= (rochas

carbonáticas)

51,9I41,8q 50su += (outras rochas)

Observações: uq e sI em MPa.

Tabela 2.9. Correlações entre à resistência a compressão uniaxial uq e a energia do

golpe do martelo Schmidt nR .

Referência Equação

KIDYBINSKI (1980) )R045.0(u

ne477.0q ρ+=

AUFMUTH (1973) )325,1)Rlog(348,1(u

n10*9,6q −ρ=

DEERE & MILLER (1966) ))R(0087.016,0(u

n10*9,6q ρ+=

BEVERLY et al. (1979) ))R(0185,0(u

n74,12q ρ=

HARAMY & DEMARCO (1985) 383,0R094,0q nu −=

SHEOREY (1984) 6,3R4,0q LMu −=

CARGILL & SHAKOOR (1990) 2,1)R(10*3,4q dn2

u +ρ= − (arenitos)

9.2)R(10*8,1q dn2

u +ρ= − (Rochas

carbonáticas) KAHRAMAN (2001) ρ= nR014,0

u e97,6q

37

Observações:

uq em MPa.

:ρ densidade da rocha em (g/cm3);

:dρ densidade seca da rocha em (g/cm3);

:MLR menor valor obtido com o martelo.

Tabela 2.10. Correlações entre resistência à compressão uniaxial ( uq ) e velocidade de

onda ( 2pV ).

Referência Equação

INOUE & OHOMI (1981) AVkq 2pu +ρ= qu em kg/cm2

ρ em (g/cm3)

Vp em km/s GOKTAN (1988) 18,31V036,0q pu −= qu em MPa

Vp em m/s KAHRAMAN (2001) 21,1

pu V95.9q = qu em MPa

Vp em m/s

Tabela 2.11. Correlações entre a resistência à compressão uniaxial ( uq ) e resistência

ao impacto obtida do ensaio de Protodyakonov (ISI ).

Referência Equação

HOBBS (1964) 2509ISI53qu −=

GOKTAN (1988) 667.3ISI095.0qu −=

KAHRAMAN (2001) 21,74ISI82,1qu −=

87,510u ISI10*4q −=

Embora as equações apresentadas nas Tabelas 2.8 a 2.11 tenham sido obtidas para

diversos tipos de rochas e diferentes condições de ensaios, as correlações de

métodos indiretos de determinação da resistência podem ser usadas para se obter

uma estimativa da resistência à compressão uniaxial, excetuando a resistência ao

impacto (KAHRAMAN, 2001).

38

2.5.3. Correlações entre a Resistência à Tração e Outras Propriedades

Na literatura aparecem registradas algumas correlações entre a resistência à tração e

outras propriedades das rochas, resumidas por:

(i) Quanto maior o teor de cimento, menor resistência à tração;

(ii) Quanto maior a porosidade, menor resistência à tração;

(iii) Quanto menor o diâmetro do grão, maior resistência à tração;

(iv) Quanto maior o peso específico seco, maior resistência à tração;

(v) Quanto maior o peso específico saturado, maior resistência à tração;

(vi) Quanto maior a umidade de saturação, menor resistência à tração.

As correlações entre resistência à tração e resistência à compressão uniaxial, módulo

de Young e coeficiente de Poisson apresentam um grau de correlação muito baixo e,

portanto, não são reportadas nesta pesquisa.

39

CAPÍTULO III CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA, PETROGRÁFICA E FÍSICA

O estudo desenvolvido neste trabalho considerou três materiais distintos provenientes

de campos de exploração de petróleo. Por questões de segurança da Petrobrás, as

profundidades de extração dos testemunhos, não podem ser divulgadas. Todavia,

todas as informações geológicas e geotécnicas são apresentadas, sem qualquer

prejuízo para a pesquisa desenvolvida.

O primeiro material de estudo corresponde a um arenito de águas profundas

proveniente do Campo do Espírito Santo, denominado nesta pesquisa por arenito A. O

arenito B oriundo do Campo conhecido como Fazenda Pocinho de exploração

continental e, finalmente, a rocha carbonática classificada como calcissiltito, refere-se

às amostras perfuradas em águas profundas no Campo de Cherne.

Este capítulo apresenta inicialmente os dados de cada uma das formações de origem

dos materiais de estudo. A geologia e características gerais dos maciços rochosos são

descritas em detalhes. Estas informações representam um subsídio importante para a

análise do comportamento geomecânico dos materiais estudados.

O capítulo também apresenta as propriedades petrográficas das rochas estudadas

através das análises de lâminas petrográficas. Os parâmetros de textura e a

constituição mineralógica são determinados.

As propriedades físicas das rochas são apresentadas no fim do capítulo. Descreve-se

os ensaios físicos realizados e apresenta-se os valores obtidos das propriedades

físicas como porosidade, índice de vazios, peso específico seco e saturado, teor de

umidade e permeabilidade.

3.1. Aspectos da Geologia de Formação

Apresentam-se aspectos da formação rochosa, ressaltando-se os componentes

mineralógicos predominantes os quais poderiam aparecer nas amostras e os tipos de

eventos (cimentação, compactação mecânica ou química, geração da porosidade,

etc.) que contribuíram na transformação do sedimento em rocha.

40

Os processos diagenéticos são responsáveis tanto pela transformação dos

sedimentos em rochas litificadas, quanto pelas transformações que ocorrem

posteriormente.

Em alguns casos são descritos dois tipos de processos diagenéticos: a) eodiagênese,

correspondendo às alterações sofridas pelos sedimentos sob a atuação de processos

relacionados aos ambientes superficiais: b) mesodiagênese, relacionada às mudanças

diagenéticas que ocorreram em condições mais profundas.

3.1.1. Geologia de Formação do arenito A

Os reservatórios situados nesta zona possuem um grande volume explorável de

hidrocarbonetos. Sucessivas fases de cimentação foram detectadas, entre as mais

importantes: cimentação por argilominerais, carbonatos e quartzo.

Argilominerais

Os argilominerais ocorrem infiltrados mecanicamente na evolução diagenética da

formação, neoformados sob a forma de franja ao redor de grãos, preenchendo poros e

substituindo grãos do arcabouço da rocha. As caulinitas constituem um dos

argilominerais mais detectados. Ocorrem também caulinitas em agregados

preenchendo o espaço intergranular, precipitadas a partir do fluido intersticial, ou ainda

substituindo muscovitas, biotitas ou feldspatos. Esse tipo de substituição é geralmente

acompanhado por um aumento de volume, o que reduz sensivelmente a

permeabilidade da rocha (BJORLYKKE & BRENDSDAL, 1986). A autogênese da

caulinita foi intensa, resultando em teores médios de 5%.

Carbonatos

Nesta bacia, os carbonatos são os cimentos volumetricamente mais expressivos e os

principais responsáveis pela variação da porosidade. A calcita é predominante,

formando níveis continuamente cimentados ou concreções isoladas, distribuídas

aleatoriamente pelos arenitos. Trata-se de uma cimentação agressiva que dissolve e

substitui os constituintes detríticos, principalmente os feldspatos. É também uma

cimentação “deslocante”, já que se precipitou entre as clivagens das micas, nas

fraturas dos grãos e nos contatos intergranulares, expandido-se e afastando os

elementos confinantes (SILVA et al., 1996).

41

Quartzo

Os cimentos de quartzo precipitaram durante toda a evolução diagenética da

formação. O arenito tem altos teores de quartzo, que podem chegar a 25%, tendendo

a ocorrer localizado em alguns poços.

Outros Cimentos A pirita é um dos cimentos mais comuns, constitui em média 2,5%, ocorrendo

associada à biotita, granada e argilominerais de substituição de grãos.

O cimento de óxido de titânio tem proporções reduzidas, geralmente associado à pirita

e à minerais detríticos opacos. A associação de pirita com óxido de titânio, comumente

encontrada, constitui o produto da substituição de mineral detrítico rico em Fe e Ti, em

zona de redução de sulfato.

No processo diagenético de albitização, SILVA et al. (1996) apresentaram as

seguintes feições:

(i) Plagioclásios com microporosidade de dissolução, formando estrutura

“esqueletal”;

(ii) Geminações com contatos mal definidos, irregulares;

(iii) Extinção por setores;

(iv) Porosidade intragranular preenchida por calcita;

(v) Porções albitizadas e vacuolizadas desprovidas de geminação.

Geração de Porosidade A porosidade primária destes arenitos foi profundamente afetada pela diagênese,

dissolução de grãos de quartzo, feldspato e cimentação carbonática. Os feldspatos

alveolados, poros alongados, agigantados e móldicos, em quantidade apreciável

denotam que foi intenso o processo de dissolução e geração de porosidade.

A porosidade secundária provavelmente foi produzida pela dissolução por influxo de

água meteórica e corrosão.

42

Os principais reservatórios desta formação apresentam, de modo geral, elevados

teores de caulinita e grande quantidade de feições de dissolução, indicando

significativa geração de porosidade secundária.

A avaliação dos fatores determinantes da redução da porosidade mostra que os

processos de cimentação foram mais efetivos do que os de compactação. A

cimentação contribuiu, em média, com 54% e a compactação com 13% da destruição

da porosidade inicial. Isto representa uma perda de porosidade de 16% por

cimentação e de 4% por compactação, aproximadamente (SILVA et al., 1996).

3.1.2. Geologia de Formação do arenito B

O poço localizado no Campo Fazenda Pocinho encontra-se dentro de um extenso

sistema de falhas, que atravessa obliquamente toda a bacia. A formação se

caracteriza por camadas relativamente espessas de arenito médio a muito grosso

esbranquiçado, intercalado com folhelho e argilito verde claro e siltito castanho-

avermelhado (ARARIPE et al.,1994).

Os arenitos provenientes de um poço vizinho, estudado por SOUZA (1988), mostram

que:

(i) O componente mais abundante é o quartzo do tipo plutônico, metamórfico e de

veio, apresentando extinções ondulantes e retas;

(ii) Os grãos de feldspato apresentam-se desde sãos até totalmente alterados,

tendo como processos de alteração mais comuns a dissolução, vacuolização,

ilitização e caulinização;

(iii) Os fragmentos de rocha são de composição granítico-gnaíssica e quartzítica;

(iv) Intraclastos argilosos/siltico-argilosos depositaram-se nos sedimentos desta

formação;

(v) A mica, em menores quantidades, pode ser do tipo muscovita e biotita,

ocorrendo freqüentemente junto aos sedimentos de granulação fina do topo

das seqüências;

(vi) Indícios de bioturbação, ocorrida provavelmente durante períodos de estiagem,

por organismos que deixaram escavações horizontais, sub-horizontais e

verticais;

43

(vii) As argilas detríticas, de composição predominantemente esmectítica, são um

produto do intemperismo de rochas ígneas e metamórficas, sob clima seco e

com pouca lixiviação.

Diagênese

Os processos diagenéticos, ocorridos nesta formação, durante as diferentes fases

(eodiagênese e mesodiagênese), resultam nas seguintes características:

(i) Infiltração Mecânica de Argila

Estudos petrográficos evidenciaram a presença de cutículas (coatings) de argila

detrítica recobrindo grãos ou revestindo poros, e curiosamente, sobre os crescimentos

secundários de feldspato e quartzo. Estas frações argilosas, adicionadas aos

sedimentos depois de sua deposição, alteram características fundamentais da rocha

tais como constituição mineralógica, textura, composição química e porosidade. A

presença das argilas de infiltração nos reservatórios é extremamente danosa, devido,

principalmente, ao seu posicionamento obliterar preferencialmente as gargantas dos

poros. Quando estas argilas encontram-se em quantidades maiores do que 5%,

reduzem apreciavelmente a permeabilidade.

(ii) Presença de Caulinita

Este argilomineral está, geralmente, preenchendo poros ou substituindo grãos,

pseudomatriz, argilas de infiltração e argilas autogenéticas. A presença deste

argilomineral dentro das rochas de reservatório de hidrocarbonetos pode ser

prejudicial.

(iii) Ilitização – Contração

Argilas, predominantemente esmectitas, são encontradas na formação, introduzidas

pela bioturbação e pela infiltração mecânica, ou na forma de intraclastos. Grande

volume de água é expelido das esmectitas durante seu processo de ilitização,

deixando uma feição de contração bem característica. A influência deste processo nas

qualidades permoporosas é positiva, quando se considera o acréscimo de porosidade

devido ao encolhimento das argilas. Entretanto, são negativas quando se trata da

44

possível migração dentro do sistema poroso de fragmentos resultantes do

deslocamento destas cutículas da parede do poro ou da superfície do grão.

(iv) Ocorrência de Calcita

A calcita é, provavelmente, o cimento mais comum em arenitos e pode precipitar tanto

obliterando o espaço poroso, como substituindo componentes detríticos e autigênicos.

A calcita cimentou os sedimentos, principalmente as fácies de granulometria mais

grosseira, por disporem de um sistema permoporoso mais eficiente à circulação de

fluidos diagenéticos. Este cimento ocupa o espaço poroso e substituiu grãos de

arcabouço, pseudomatriz, argilas infiltradas e caulinitas autigênicas.

(v) Ocorrência de Pirita

A pirita está presente nestes sedimentos em quantidades muito pequenas, precipitada

como cimento ou na forma de cristais isolados. Ocorre com maior freqüência junto a

sedimentos finos e argilosos, e secundariamente em arenitos grosseiros associados

aos intraclastos e biotitas.

Geração da Porosidade

Poros de contração são formados pelo encolhimento das argilas quando há perda de

água da sua estrutura, durante o processo de ilitização das esmectitas. Este tipo de

porosidade encontra-se associado aos intraclastos argilosos e síltico-argilosos ou às

argilas infiltradas mecanicamente. Estas feições de contração podem ou não contribuir

para o fluxo dos fluidos dentro dos reservatórios dependendo da efetividade e conexão

com o sistema macroporoso da rocha.

Provavelmente, os poros da lâmina apresentam uma macroporosidade não efetiva e

representada pelos poros intragranulares, móldicos e de contração localizada, as suas

gargantas são estreitas, dificultando a extração de fluidos que estejam contidos no

interior destes poros.

3.1.3. Geologia de Formação do Calcissiltito

A seqüência carbonática desta formação representa a deposição em um mar

epicontinental, em ambiente hipersalino de águas quentes, sob clima quente e seco.

45

Nos sedimentos carbonáticos, dois minerais predominam: a aragonita e a calcita.

Ocorrem dois tipos de calcita: calcita ordinária, com baixo teor de Mg e calcita

magnesiana. Assim, a composição mineralógica de sedimentos carbonáticos pode ser

enquadrada num sistema de três componentes: aragonita, calcita e calcita

magnesiana.

A calcita magnesiana, que ocorre nas partes duras de certos organismos marinhos e

como cimento marinho, é a forma mais importante de ocorrência de carbonato de

cálcio. Organismos, que secretam calcita magnesiana, são algas vermelhas,

foraminíferos bentônicos, briozoários e equinóides.

Aragonita é o carbonato ortorrômbico mais comum, e também ocorre no esqueleto de

muitos organismos e nos sedimentos derivados deles.

Calcita é o constituinte primário dominante em carapaças de foraminíferos

planctônicos. Tem-se observado que rochas carbonáticas com mais de 50% de

foraminíferos planctônicos tendem a ser ricas em calcita com baixo teor de Mg.

Os sedimentos carbonáticos depositados em águas profundas tendem a se constituir

dominantemente por calcita estável. A seqüência de estabilidade em ordem

decrescente dos minerais de CaCO3, os quais compõem os sedimentos carbonáticos,

sob condições naturais é: calcita, aragonita, calcita magnesiana. A partir disso, pode-

se deduzir que, com o processo diagenético, o sedimento primeiro tende a perder sua

fração de calcita magnesiana, pela perda do Mg, e depois se converte em aragonita. O

resultado desse processo é uma rocha constituída somente de calcita.

A formação consiste em calcarenitos oolitícos, oncolitícos e peloidais, depositados em

ambiente de águas rasas, quentes e salinas. Relacionando essas rochas às

observações recentes, pode-se concluir que, em termos mineralógicos, na época da

deposição dos sedimentos da formação, os minerais carbonáticos eram

provavelmente aragonita e calcita magnesiana. Entretanto, esses sedimentos sofreram

vários processos diagenéticos que certamente modificaram sua mineralogia original.

A porosidade inicial é alterada pelos processos de compactação. Portanto, durante os

processos de estabilização mineralógica, nos quais a rocha se constitui somente por

calcita, a porosidade não é alterada.

46

Análises de difratogramas mostram que as rochas da formação apresentam como

mineral predominante a calcita e, secundariamente aragonita e dolomita. A

observação de rochas compostas quase que inteiramente por calcita, permite concluir

que o processo diagenético de transformação mineralógica foi bastante ativo,

ocorrendo possivelmente durante a passagem dessas rochas por um ambiente freático

meteórico (SOUZA et al., 1993).

Diagênese

Dois ambientes diagenéticos são importantes na diagênese das rochas carbonáticas

superficial ou próximo à superfície e de subsuperfície (SOUZA et al., 1993).

Considerando o calcissiltito estudado, o ambiente mais importante é o de

subsuperficie.

Diagênese de Subsuperficie

A diagênese de subsuperficie engloba uma série de processos, incluindo compactação

mecânica, compactação química, cimentação, substituição, além da dissolução e

fraturamento. Os mais importantes são:

(i) Compactação Mecânica

A compactação mecânica é responsável por cerca de 3/1 a 2/1 da redução de

porosidade necessária para transformar sedimentos suportados por matriz em

calcários litificados. A perda de água e a reorientação mecânica dos grãos produzem

um arcabouço estável, capaz de resistir às pressões de soterramento adicionais. Na

maioria dos casos, a deformação dos grãos é necessária para haver redução

significativa da porosidade.

(ii) Compactação Química

A compactação química ou dissolução por pressão é o segundo fator na redução de

porosidade em subsuperficie. O termo compactação química foi introduzido para

descrever a perda de porosidade em calcários sem a adição de material carbonático

novo. Três tipos de feições de compactação química são comuns nas rochas

carbonáticas: dissolução inter ou intra-granular, soluções de suturas e estilólitos.

47

Feições de dissolução inter e intra-granular ocorrem no contato dos grãos. Soluções

de suturas representam discretas superfícies de dissolução que se estendem por meio

de muitos grãos. Estilólitos são similares à dissolução de suturas, mas têm maior

amplitude. Normalmente são formados em rochas carbonáticas grosseiras. Estilólitos

formam-se comumente durante os estágios finais da diagênese, mas antes da perda

completa da porosidade da rocha.

(iii) Evolução dos Processos Diagenéticos

No caso de amostras de altas profundidades, somente os eventos acontecidos durante

a mesodiagênese são importantes. Eles correspondem à dissolução por pressão

(compactação química) que libera CaCO3 e proporciona a formação de cimento em

poros relativamente próximos. A cimentação por calcíta, que oblitera a porosidade,

parece ser um importante processo em subsuperficie, mas que, quimicamente, não

pode ser caracterizado.

Outras feições da diagênese de subsuperficie são a dissolução e a cimentação de

fraturas, sendo comuns as fraturas alargadas por dissolução e cimentadas total ou

parcialmente.

O desenvolvimento de intensa rede de estilólitos e acentuada diminuição da

porosidade total da rocha são o resultado dos últimos eventos diagenéticos.

3.2. Propriedades Petrográficas

As propriedades mineralógicas e texturais são informações proporcionadas pelo

CENPES, provenientes de lâminas delgadas. Este tipo de caracterização é de grande

utilidade na corroboração dos processos geológicos de formação da rocha, descritos

no item anterior, e para a compreensão do comportamento geomecânico dos

materiais.

3.2.1. Lâminas Petrográficas

A técnica para confecção de lâminas petrográficas das rochas estudadas é a

desenvolvida no Laboratório de Petrografia do CENPES, e obedece ao fluxograma

apresentado na Figura 3.1.

48

Figura 3.1. Fluxograma dos procedimentos de confecção de lâminas petrográficas

(CESERO & DE ROS, 1989).

A densidade específica dos grãos ( sG ) pode ser obtida por meio da análise de uma

lâmina delgada da rocha em microscópio. Esta análise permite a avaliação da

constituição mineralógica da rocha e da proporção do volume que cada tipo de mineral

ocupa e, desta forma, a estimativa de sG é dada através da expressão :

∑=

=n

1iisis VGG

(3.1)

Onde:

Registro e preparação

Formatação

Impregnação

Desbaste e polimento

Montagem e cravação

Corte

Rebaixamento e polimento

Cobertura (lamínula)

Testemunhos e amostras

de mão

Amostras de calha e laterais fragmentadas

Acab

amen

to

Con

fecç

ão d

e lâ

min

a Pr

epar

ação

da

amos

tra

49

siG : densidade relativa do constituinte mineral i;

iV : porcentagem do volume da lâmina ocupado pelo constituinte mineral i.

Foram confeccionadas pelo menos uma lâmina de cada testemunho, objetivando a

determinação da mineralogia e textura das rochas estudadas. A Tabela 3.1 resume as

lâminas confeccionadas para cada tipo de material. Embora a quantidade de lâminas

seja limitada para uma descrição geológica aprofundada, as informações resultantes

são importantes para a adoção de métodos de ensaio, tais como a escolha do fluido

de saturação.

Tabela 3.1. Lâminas petrográficas disponíveis das rochas estudadas.

Arenito A Arenito B Calcissiltito

Lâmina 1 (base CP1 e

CP2)

Lâmina 4 (testemunho

vizinho)

Lâmina 6 (Topo

CP27)

Lâmina 2 (entre CP6 e

CP7)

Lâmina 5 (entre CP16 e

CP17)

Lâmina 3 (entre CP10 e

CP11)

3.2.2. Análises das Lâminas Petrográficas

As propriedades mineralógicas e texturais são apresentadas com a descrição das

lâminas e o cálculo da densidade específica dos grãos ( sG ). A descrição petrográfica

das lâminas foi realizada no Laboratório de Geologia do CENPES. A Tabela 3.2

apresenta as informações texturais e a Tabela 3.3 apresenta as informações

mineralógicas de cada lâmina analisada para os arenitos A e B.

Nas lâminas do arenito A observa-se uma porosidade variando de muito reduzida a

12%, de origem primária intergranular e secundária intragranular, causada por

dissolução de feldspatos. Outro evento diagenético observado foi a albitização de

feldspatos.

As três lâminas do arenito A registram que a rocha foi cimentada predominantemente

por calcita. O teor de calcita é elevado na lâmina 1 (37%), sendo responsável pela

reduzida porosidade dos CP01 e CP02. A lâmina 3 apresenta uma pseudomatriz

argilosa (9%). Nas outras lâminas, entretanto, o teor de argilominerais é desprezível. O

50

arcabouço é constituído por quartzo, feldspato, fragmentos de rocha e mica, os teores

de quartzo situam-se em uma média de 30%.

As duas características mais importantes mostradas pelas lâminas do arenito B são a

matriz argilosa tipo ilita-esmectita com teores elevados entre 27 e 40%, e o tipo de

porosidade de canal devido ao encolhimento da matriz argilosa. Estas características

contribuíram na elevada porosidade e a reduzida permeabilidade da rocha,

classificado-a como um arenito com matriz argilosa. Uma determinação visual das

amostra evidenciou as intercalações de litologias e os planos de fraqueza no momento

de realizar ensaios mecânicos, como mostrado na Figura 3.2.

Figura 3.2. Aspecto das amostras do arenito B.

Tabela 3.2. Propriedades texturais das lâminas petrográficas dos arenitos A e B.

Textura No.lâmina

(Rocha) Granulometria Arredondamento Contatos Empacotamento

1 (arenito A) Fina Angular/

Subangular Pontual Fechado

2 ( arenito A) Média/Grossa Angular Pontual Normal

3 (arenito A) Fina/Média Angular/

Subangular Pontual

Normal

4 (arenito B) Areia Fina Subangular Pontual Normal

5 (arenito B) Areia Grossa/Média Subangular Pontual Normal

51

Tabela 3.3. Propriedades mineralógicas das lâminas petrográficas dos arenitos A e B. Composição Poros

Arcabouço Cimento Matriz

No.lâm.

(Rocha) Esp. % Esp. % Tipo % %

1

(arenito A)

Quartzo

Feldspato

Fragmento

de Rocha

Mica

28

13

11

2

Calcita

Caulinita

Feldspato

Quartzo

37

3

2

1

- -

2(IP)

1(IS)

2

(arenito A)

Quartzo

Feldspato

Fragmento

de Rocha

Mica

Granada

32

16

38

3

-

Calcita

Feldspato

3

-

Argila 5 2 (IP)

1 (IS)

3

(arenito A)

Quartzo

Feldspato

Fragmento

de Rocha

Mica

30

25

12

1

Calcita

Caulinita

Pirita

Titânio

Feldspato

7

9

1

-

-

12 (IP)

3 (IS)

4

(arenito B)

Quartzo

Feldspato

Fragmento

de Rocha

Mica

35

6

2

1

Calcita

Pirita

4

1

Ilita

Esmectita

40

11(CE)

5

(arenito B)

Quartzo

Feldspato

Fragmento

de Rocha

32

19

12

Calcita

Pirita

6

2

Ilita

Esmectita

Caulinita

27

2

-

IP:Intergranular Primário IS:Intragranular Secundário CE:Canalizada Encolhida

Lâmina 6 do calcissiltito: Conforme mencionado no item anterior, as amostras deste

poço são rochas carbonáticas. Realizou-se uma lâmina para análise petrográfica,

embora sua análise seja dificultada pela composição da rocha, que aparentemente só

contém uma matriz carbonática (Figura 3.2), sem distinção de grãos.

52

A lâmina 6 se classifica geologicamente como um Calcissiltito Peloidal, rico em

foraminíferos plantônicos (globigerinóides) e bentônicos (Patellina e rotalídeos).

Apresenta microporosidade dispersa desprezível, além de quantidades insignificantes

de silte, palhetas de muscovita e biotita. Observa-se a presença de estilólitos. Para a

determinação de alguns parâmetros físicos, considerou-se que o mineral constituinte é

a calcita. A porosidade para cálculos posteriores foi obtida da média de vários ensaios

petrofísicos, devido à dificuldade de interpretação da lâmina.

Figura 3.2. Aspecto do testemunho do calcissiltito e ampliação da lâmina petrográfica.

A Tabela 3.4 apresenta os valores de densidade específica dos grãos calculados pela

Equação 3.1 para cada lâmina petrográfica.

Tabela 3.4. Densidade específica dos grãos obtida de lâmina delgada.

Rocha Lâmina sG

Arenito A 1 2,65 Arenito A 2 2,66 Arenito A 3 2,62 Arenito B 4 2,73 Arenito B 5 2,74

Calcissiltito 6 2,70

A densidade dos grãos das lâminas petrográficas varia de 2,62 a 2,74. No arenito A, o

valor médio de sG é 2,64, próximo ao do quartzo, o que corrobora os altos teores de

53

quartzo e fragmentos de rochas presentes nas amostras. No arenito B, o valor de sG

médio é de 2,73, superior ao do arenito A, devido ao elevado teor de ilita na matriz da

rocha. No calcissiltito, a densidade dos grãos corresponde ao valor da calcita (2,70),

único mineral constituinte visível da lâmina 6.

3.3. Propriedades Índice

A determinação das propriedades físicas das rochas estudadas foi realizada

utilizando-se amostras dos poços estudados. Também foram considerados os dados

obtidos dos ensaios de rotina, realizados em amostras oriundas das profundidades

mais próximas aos corpos de prova estudados nesta pesquisa.

Os ensaios para a determinação das propriedades físicas das rochas foram realizados

segundo os procedimentos usuais dos Laboratórios de Petrofisica do CENPES (TR

140/2004), que atendem às recomendações da ISRM (1981) e NUNES (1989).

3.3.1. Determinação do Volume de Grãos e de sua Densidade

Os volumes de grãos foram medidos por injeção de hélio, utilizando-se o método da

Lei de Boyle. O porosímetro é calibrado com bastões de aço de volume conhecido. Os

padrões de verificação empregados são os do arenito Berea e do Titânio, sendo

medidos antes de cada teste. As amostras são conservadas em um dessecador até o

momento de medição do volume de grãos, reduzindo-se, desta forma, o risco da perda

do teor de umidade original.

3.3.2. Medições de Permeabilidade ao Ar e da Porosidade

Os volumes de poros são medidos por injeção de hélio, utilizando-se o método da lei

de Boyle. As permeabilidades em regime permanente são determinadas sob uma

pressão confinante líquida constante, utilizando o Porosímetro/Permeâmetro Frank

Jones de regime permanente. Os valores de permeabilidade, com efeito Klinkenberg,

foram calculados em regime permanente. Ressalta-se que o aumento de

permeabilidade resultante dos ensaios executados com hélio pode ser considerado

desprezível para as rochas estudadas (NUNES, 1989).

54

3.3.3. Análise e Resultados das Propriedades Físicas

As propriedades físicas foram determinadas através das medidas do volume, peso

seco e peso saturado das amostras, antes dos ensaios mecânicos, utilizando-se as

fórmulas apresentadas na Tabela 2.1 do Capítulo 2. A Tabela 3.5 contem os valores

assim obtidos de teor de umidade ( w ), porosidade (n ), índice de vazios ( e ), peso

específico seco ( dγ ) e saturado ( satγ ) e grau de saturação (S ).

Tabela 3.5. Propriedades índice calculadas dos corpos de prova das rochas

estudadas.

CP w

(%)

n

(%)

e dγ

(g/cm3) satγ

(g/cm3) S (%)

Arenito A CP1 2,57 6,43 0,069 2,51 2,57 ND CP2 2,36 6,02 0,064 2,55 2,61 34,4 CP3 6,58 14,47 0,169 2,20 2,35 49,0 CP4 6,41 13,98 0,162 2,18 2,32 22,1 CP5 7,01 15,32 0,181 2,19 2,34 62,6 CP6 6,80 14,72 0,173 2,17 2,31 35,8 CP7 3,03 7,25 0,078 2,39 2,47 11,0 CP8 3,13 7,48 0,081 2,39 2,47 21,0 CP9 6,83 14,87 0,175 2,18 2,33 47,3

CP10 6,56 14,39 0,168 2,19 2,34 46,9 CP11 5,94 13,07 0,150 2,20 2,33 26,6 CP12 6,61 14,25 0,166 2,16 2,30 23,6 CP21 6,40 13,83 0,161 2,16 2,30 10,3 CP22 6,41 13,90 0,161 2,17 2,31 19,5 CP23 5,79 12,86 0,148 2,22 2,35 38,0

Arenito B CP19 4,70 10,60 0,119 2,25 2,36 36,0

Calcissiltito CP24 6,38 14,11 0,164 2,21 2,35 22,5 CP25 6,57 14,47 0,169 2,20 2,35 35,0 CP26 6,15 14,03 0,163 2,28 2,42 73,3 CP27 2,35 5,98 0,064 2,55 2,61 ND Obs.: ND: não disponível

Considerando-se os CPs do arenito A, observa-se que o teor de umidade varia de 2,36

a 7,01%, a porosidade cresce de 6,0 a 15,3%, identificando-se dois grupos distintos,

arenitos pouco porosos com valor médio de 6,8% (CP1, CP2, CP7 e CP8) e porosos

55

com média de 14,2%. Os pesos específicos secos variam de 2,16 a 2,51 g/cm3. A

faixa de variação do grau de saturação é de 10,3% a 62,6%.

Os CPs do arenito B conservaram-se em óleo depois da sua preparação, portanto,

não se dispõe do peso seco, que permite calcular alguns parâmetros físicos. Somente

o corpo de prova 19 submeteu-se à limpeza e saturação, porque foi usado para o

ensaio de compressão hidrostática sem membrana. O valor de porosidade calculado é

de 10,6%.

Os CP24, CP25 e CP26 da rocha calcissiltitica têm uma porosidade média de 14,2%,

embora o CP 27 apresente uma porosidade de 6% e propriedades diferentes dos

outros CPs.

As propriedades físicas também foram determinadas através de ensaios no

Laboratório da Petrofísica do CENPES, utilizando-se amostras específicas dos

ensaios físicos. A Tabela 3.6 apresenta as propriedades físicas médias, medidas nas

amostras obtidas nas vizinhanças dos CPs, selecionados para ensaios mecânicos.

São reportados os valores de permeabilidade (k), porosidade (n), peso específico dos

grãos (γs), densidade dos grãos ( sG ) e índice de vazios (e).

Tabela 3.6. Propriedades físicas medidas nas amostras das rochas estudadas.

Rocha CP*

k

(mD)

n

(%)

(g/cm3)

sG

e

Arenito A CP1 <0,10 7,40 2,76 2,76 0,080 Arenito A CP2 <0,10 7,40 2,76 2,76 0,078 Arenito A CP3 19,00 12,40 2,66 2,66 0,142 Arenito A CP4 19,00 12,40 2,66 2,66 0,142 Arenito A CP5 33,80 15,90 2,65 2,65 0,199 Arenito A CP6 33,80 15,90 2,65 2,65 0,199 Arenito A CP7 19,20 15,40 2,65 2,65 0,182 Arenito A CP8 19,20 15,40 2,65 2,65 0,182 Arenito A CP9 86,30 16,60 2,65 2,65 0,199 Arenito A CP10 86,30 16,60 2,65 2,65 0,199 Arenito A CP11 89,20 15,60 2,64 2,64 0,185 Arenito A CP12 89,20 15,60 2,64 2,64 0,185 Arenito A CP21 33,80 15,90 2,65 2,65 0,189 Arenito A CP22 33,80 15,90 2,65 2,65 0,185 Arenito A CP23 89,20 15,60 2,64 2,64 0,182 Arenito B CP19 0,5 15,4 2,58 2,58 0,185 Arenito B CP*1 1,6 18,2 2,60 2,60 0,222

56

Calcissiltito CP*2 <0,1 10,3 2,69 2,69 0,113 Calcissiltito CP*3 0,04 12,1 2,70 2,70 0,135 Calcissiltito CP*4 0,04 11,2 2,69 2,69 0,124

Obs.: *: corpo de prova utilizado exclusivamente para os ensaios da petrofísica.

Os valores da permeabilidade das amostras do arenito A realmente são muito

variáveis, de <0,10 a 89,20mD. O elevado teor de calcita apresentado na lâmina 1 é

verificado pelos valores da densidade dos grãos ( sG ) de 2,76 dos CP1 e CP2. No

entanto, nos outros CPs o mineral predominante é o quartzo com o valor de sG =2,65.

A porosidade cresce de 7,0 a 16,6%, novamente identificando dois tipos de arenitos,

os poucos porosos com um valor médio de 7,4% (CP1 e CP2) e porosos com média

de 15,3 %. Os dois valores são maiores quando comparados com os valores médios

obtidos dos corpos de prova utilizados para ensaios mecânicos.

O arenito B e o calcissiltito têm permeabilidades baixas e iguais a 1,1 e 0,04 mD,

respectivamente. Estes valores reduzidos justificam a dificuldade de saturação destes

corpos de prova.

3.4. Considerações Finais

As informações proporcionadas pela análise das lâminas petrográficas das amostras

do arenito A corroboram os dados gerais fornecidos pela análise da geologia da

formação. Os processos de cimentação destes arenitos foram mais efetivos que os de

compactação. Essa cimentação foi agressiva, dissolvendo e substituindo os

constituintes detríticos, principalmente os feldspatos.

Este processo influenciou a variação da granulometria de fina, média e grosseira nos

corpos de prova de profundidades muito próximas. . Este processo também influenciou

a variação da porosidade, dominantemente do tipo secundária, entre 7,4 a 15,8% e da

permeabilidade compreendida entre < 0,1 e 89,2mD.

As propriedades físicas das amostras do arenito B corroboram as características

descritas pela geologia da formação. O elevado teor de argilas do tipo ilita-esmectita é

responsável pela reduzida permeabilidade e comportamento expansivo quando

saturada com água. A porosidade de canal dificulta a interconexão entre poros

também contribuindo para a baixa permeabilidade.

57

Nas amostras do calcissiltito, pode-se concluir que a reduzida permeabilidade é

conseqüência dos elevados graus de compactação e cimentação por carbonatos, além

da micro porosidade da pseudomatriz argilosa, não visível nas lâminas petrográficas.

58

CAPÍTULO IV

METODOLOGIA EXPERIMENTAL PARA CARACTERIZAÇÃO MECÂNICA

Neste capítulo descrevem-se os métodos adotados para a preparação dos corpos de

prova, os procedimentos dos ensaios mecânicos e as teorias utilizadas para analisar

os resultados.

Alguns procedimentos de ensaio fazem parte de metodologias desenvolvidas pelo

CENPES e padronizadas para seus laboratórios, como é o caso dos ensaios

mecânicos, onde as amostras são saturadas com óleo. Nos procedimentos dos

ensaios, procurou-se seguir as recomendações da ISRM (1981). Entretanto, algumas

alterações de metodologia foram necessárias tendo em vista a natureza branda dos

arenitos A e B. Ressalta-se que as recomendações da ISRM (1981) contemplam

dominantemente as rochas duras.

As equações utilizadas para análise dos resultados provêm de teorias amplamente

reconhecidas na mecânica das rochas, como as de Biot (1941), Terzaghi (1936),

Taylor (1944), Mohr Coulomb (1773) e Hoek e Brown (1981).

4.1. Distribuição das Amostras de Estudo Apesar do reduzido número de CPs do arenito B e do calcissiltito, procurou-se garantir

uma amostra para cada tipo de ensaio. Desta forma, os CPs das rochas estudadas

foram selecionados conforme a Tabela 4.1.

4.2. Preparação dos Corpos de Prova

A confiabilidade dos resultados dos ensaios físicos e mecânicos depende, em grande

parte, das condições de conservação das amostras após a perfuração, da preparação

dos corpos de prova e saturação e/ou manutenção do fluido intraporos da rocha. Esta

série de cuidados repercute na alteração das propriedades da rocha.

59

Tabela 4.1. Distribuição dos CPs para a realização dos ensaios mecânicos.

Amostras Tipo de Ensaio

Arenito A Arenito B Calcissiltito

Compressão uniaxial

CP8, CP9, CP10,

CP12, CP1A, CP5A,

CP13A, CP44D

CP15 CP24

Compressão Triaxial

CP4, CP5, CP6, CP7,

CP11, CP21, CP22,

CP2A, CP3A, CP4A,

CP6A, CP9A, CP10A,

CP11A,CP42D,CP43D,

CP45D

CP13, CP14,

CP17, CP18,

CP19, CP20,

CP13, CP14,

CP17, CP18,

CP20

CP25, CP26,

CP27

Ensaio Brasileiro

15 Discos 4 Discos 4 Discos

Compressão Hidrostática

sem membrana

CP23 CP19 CP27

Fluência CP1, CP2 CP16 CP25

4.2.1. Conservação dos Testemunhos

Ao retirar um testemunho para avaliação no laboratório é importante preservar

as características originais do material. Sabe-se que o testemunho sofre

deformações devido ao alívio das tensões in situ e variação da temperatura.

Entretanto, o teor de umidade, o fluido intraporos e a mineralogia podem ser

preservados.

Algumas medidas adotadas pela PETROBRÁS para transporte e conservação

de amostras consistem em cortar o testemunho em segmentos de 0,90m e

colocá-lo imerso em óleo mineral ou outros óleos dentro de cilindros de PVC.

Em alguns casos, utiliza-se plástico selante ou folhas de alumínio. Porém,

estes métodos são inapropriados para material com alto teor de argila, como o

folhelho, pois não garantem a preservação da umidade natural.

60

4.2.2. Preparação dos Corpos de Prova

Os CPs dos ensaios mecânicos de compressão uniaxial, triaxial e fluência apresentam

a forma cilíndrica, com uma relação altura/diâmetro que varia entre 2 e 3, conforme as

especificações sugeridas pela ISRM (1981) e NUNES (1989).

Cuidados especiais foram tomados na preparação da superfície dos CPs. As

extremidades foram polidas, uma vez que a rugosidade superficial poderia gerar

concentrações de tensões e induzir pequenas fraturas por tração, na região da

amostra em contato com os pratos de aço distribuidores do carregamento. As

extremidades eram paralelas entre si e perpendiculares ao eixo do cilindro da amostra,

a fim de garantir a uniformidade de distribuição do carregamento axial. A Tabela 4.2

resume as etapas realizadas para a preparação dos corpos de prova.

4.2.3. Limpeza dos Corpos de Prova

As amostras oriundas de poços de petróleo perfurados sob o mar apresentam

substâncias e fluidos nos poros. A limpeza foi feita por destilação de solventes. Este é

o método mais utilizado para a extração de óleo, água e sais, originais da formação.

Consiste na embebição da amostra em solventes orgânicos aquecidos, tipicamente

tolueno no caso de óleo e metanol para água e sais.

As amostras desta pesquisa foram descontaminadas no extrator tipo Soxhlet,

utilizando o método da destilação de solventes. O extrator possui três peças principais:

o balão de aquecimento do solvente, o condensador e a câmara onde ficam as

amostras.

Nos extratores do tipo Soxhlet o processo é cíclico. O solvente é destilado na câmara

de amostras onde permanece até alcançar o nível do sifão, quando retorna

contaminado para o balão de aquecimento, é reiniciado o processo, até que o solvente

retorne limpo.

A limpeza das amostras foi realizada no Laboratório de Petrofísica do CENPES. As

amostras foram submetidas somente à descontaminação do óleo, em função do

reduzido período de tempo disponível para a limpeza do material.

61

Tabela 4.2. Preparação dos corpos de prova. Fase Operação Descrição Ilustração

1 Corte Corte com serra dos testemunhos.

2 Plugagem

Extração do CP com diâmetro de

38,1mm (1,5 pol.) ou 50,4 mm (2,0

pol).

3 Faceamento

Desbaste de topo e base, para

obtenção de superfícies planas,

paralelas entre si e perpendiculares

ao eixo longitudinal do CP.

4 Limpeza e

Secagem

Extração de resíduos de óleo em

soxhlet. Após a limpeza, secagem

em estufa a 60˚C por quatro horas

ou até estabilização do peso seco.

5 Saturação

Técnicas:

Submersão do CP em água e

aplicação de vácuo na superfície

livre da água.

Submersão do CP em água em um

Becker.

Submersão do CP em óleo e

aplicação de vácuo.

62

A limpeza completa dos CPs pode durar meses, fato que, em muitos casos, inviabiliza

este procedimento, quando o objetivo final são ensaios mecânicos. Freqüentemente,

necessita-se das propriedades mecânicas rapidamente, a fim de apoiar decisões para

os problemas apresentados nas perfurações.

4.2.4. Saturação dos Corpos de Prova

A saturação dos CPs foi realizada de duas formas, considerando o tempo disponível

para esta etapa:

(i) Imersão em água destilada sem ar ou óleo OB-9 (padrão do laboratório de

Mecânica das Rochas do CENPES) em dessecadores, com aplicação de

vácuo por um período mínimo de duas horas e pesagens sucessivas até a

estabilização do peso;

(ii) Colocação dos CPs em becker submersos em água destilada sem ar por um

período mínimo de 72 horas, com pesagens sucessivas até a estabilização do

peso.

É importante ressaltar o tipo de fluido nos poros das amostras, resultante das técnicas

e condições de saturação. Assim, tem-se 3 condições para as amostras do arenito A:

• Saturação de amostras limpas com água destilada;

• Saturação de amostras limpas com óleo OB-9;

• Saturação de amostras sem limpeza com óleo OB-9. Nesta condição, o fluido

intraporos é constituído pela mistura do fluido da própria formação e óleo OB-9 da

saturação por pressão de vácuo.

As amostras do arenito B foram tratadas de forma diferente, uma vez que o

testemunho foi retirado do poço e conservado em óleo diesel. Assim, os corpos de

prova foram preparados e submersos no mesmo óleo diesel até o momento do ensaio.

Assim, o fluido intraporos constitui-se pelo fluido da formação e óleo diesel.

As amostras do calcissiltito foram limpas e saturadas com óleo OB-9 através da

aplicação de vácuo. Foram mantidas submersas neste óleo, dentro de um becker, até

o momento do ensaio.

63

As características geométricas, de preparação (limpeza em soxhlet) e de saturação

dos CPs cilíndricos e discos são apresentadas nas Tabelas 4.3 e 4.4,

respectivamente.

Tabela 4.3. Características dos CPs cilíndricos das rochas estudadas.

Corpo de Prova

Diâmetro (mm) Altura (mm) Relação H/D Limpeza no

Soxhlet Fluido de Saturação

Arenito A

CP1 50,57 101,19 2,00 Sim A CP2 50,53 100,46 1,99 Sim OB-9 CP3 50,34 100,25 1,99 Sim A CP4 50,43 100,94 2,00 Sim OB-9 CP5 50,53 99,44 1,97 Sim A CP6 50,51 98,88 1,96 Sim OB-9 CP7 50,52 100,39 1,99 Sim A CP8 50,50 100,95 2,00 Sim OB-9 CP9 50,48 100,48 1,99 Sim OB-9

CP10 50,50 100,47 1,99 Sim A CP11 50,01 98,48 1,97 Sim A CP12 50,77 102,11 2,01 Sim A CP21 38,12 80,83 2,12 Sim OB-9 CP22 38,18 80,53 2,11 Sim A CP23 38,18 80,79 2,12 Sim OB-9 CP1A 38,25 84,79 2,22 Não FF+OB-9 CP2A 38,19 83,43 2,18 Não FF+OB-9 CP3A 37,93 83,68 2,21 Não FF+OB-9 CP4A 38,47 84,01 2,18 Não FF+OB-9 CP5A 25,54 58,01 2,27 Não FF+OB-9 CP6A 25,48 53,04 2,08 Não FF+OB-9 CP9A 38,41 83,96 2,19 Não FF+OB-9

CP10A 38,43 85,33 2,22 Não FF+OB-9 CP11A 38,08 81,23 2,13 Não FF+OB-9 CP13A 25,25 57,26 2,27 Não FF+OB-9 CP42D 36,90 69,36 1,88 Não FF+OB-9 CP43D 38,22 72,62 1,90 Não FF+OB-9 CP44D 36,87 68,07 1,85 Não FF+OB-9 CP45D 38,09 72,72 1,91 Não FF+OB-9

64

Corpo de Prova

Diâmetro (mm) Altura (mm) Relação H/D Limpeza no

Soxhlet Fluido de Saturação

Arenito B

CP13 38,25 87,89 2,30 Não FF+OD CP14 38,17 86,82 2,27 Não FF+OD CP15 38,22 88,66 2,32 Não FF+OD CP16 37,92 87,88 2,32 Não FF+OD CP17 38,22 88,83 2,32 Não FF+OD CP18 38,21 87,86 2,30 Não FF+OD CP19 38,31 87,27 2,28 Sim FF+OD CP20 38,17 89,33 2,34 Não FF+OD

Calcissiltito

CP24 38,22 79,41 2,08 Sim OB-9 CP25 38,39 78,53 2,05 Sim OB-9 CP26 38,09 78,77 2,07 Sim OB-9 CP27 38,15 80,56 2,11 Sim OB-9

Obs.: A: água OB-9: óleo mineral inerte OB-9 FF: fluido da formação OD: óleo diesel

No arenito A, todos os CPs limpos em soxhlet para retirada de óleo (CP1 a CP12 e

CP21 a CP23) foram ensaiados dentro da bateria de testes planejada nesta pesquisa,

enquanto os outros corpos de prova são parte dos ensaios de rotina realizados no

laboratório de Mecânica de Rochas do CENPES, para determinar a estabilidade de

poços. Por este motivo, estes corpos de prova não foram submetidos à limpeza, em

função da urgência de obtenção de resultados.

Dentre dos CPs obtidos do testemunho do arenito B, somente o CP19 foi limpo para

realizar o ensaio de compressão hidrostática sem membrana e determinar as

propriedades físicas da amostra.

65

Tabela 4.4. Características dos discos das rochas estudadas. Corpo de

Prova

Diâmetro (mm) Altura (mm) Relação H/D Limpeza no

Soxhlet Fluido de Saturação

Arenito A

D1 50,60 25,67 0,51 Sim A D2 50,70 25,68 0,51 Sim OB-9 D3 50,51 25,83 0,51 Sim OB-9 D4 50,42 25,75 0,51 Sim OB-9 D5 50,54 25,73 0,51 Sim OB-9 D6 50,61 25,88 0,51 Sim OB-9 D7 50,57 26,95 0,53 Sim OB-9 D8 50,45 26,61 0,53 Sim A D9 50,50 26,38 0,52 Sim A

D10 50,56 25,98 0,51 Sim A D11 50,54 26,27 0,52 Sim FF+OB-9

CP7A 49,98 25,24 0,51 Não FF+OB-9 CP8A 49,78 26,06 0,52 Não FF+OB-9

CP14A 50,68 25,43 0,50 Não FF+OB-9 CP15A 50,49 25,60 0,51 Não FF+OB-9

Arenito B

D14 50,91 25,47 0,50 Não FF+OD D15 50,87 25,41 0,50 Não FF+OD D16 50,83 25,43 0,50 Não FF+OD D17 50,89 25,35 0,50 Não FF+OD

Calcissiltito

D1 50,84 25,15 0,49 Não OB-9 D2 50,36 25,47 0,51 Não OB-9 D3 50,35 25,33 0,50 Não OB-9 D4 50,32 25,30 0,50 Não OB-9

Obs.: A: água OB-9: óleo mineral inerte OB-9 FF: fluido da formação OD: óleo diesel

4.3. Metodologias de Ensaios

A caracterização mecânica, nesta pesquisa, cobre o estudo detalhado das

propriedades de resistência, deformação e viscosidade das rochas. A realização de

66

ensaios como compressão uniaxial, compressão triaxial, compressão diametral,

compressão hidrostática e fluência, permitem obter a resistência à compressão

uniaxial (qu), resistência à tração (σt), módulo de Young (E ), coeficiente de Poisson

(ν), módulos de compressibilidade ( sC,C ), viscosidade ( η ), entre outros. Pode-se

determinar também a envoltória de resistência do material, obtendo-se os parâmetros

de resistência ao cisalhamento: ângulo de atrito (φ’) e coesão (c’).

O ensaio de compressão hidrostática foi realizado, em diferentes condições, com o

objetivo de se obter os parâmetros poro-elásticos do material. Os testes foram

executados sob condições drenadas com membrana, não drenadas com membrana e,

finalmente, o ensaio sem membrana drenado.

Todos os ensaios mecânicos foram realizados no Laboratório de Mecânica de Rochas

do CENPES, no sistema de ensaios geomecânicos MTS 315.02S, com capacidade de

2700KN de compressão axial e 80MPa de pressão confinante, mostrado na Figura 4.1.

O monitoramento das deformações axial e radial foi realizado através de transdutores

de deformação, acoplados diretamente aos corpos de prova, externos à membrana.

Figura 4.1. Equipamento para ensaios geomecânicos utilizado.

Os procedimentos para realização dos ensaios obedeceram às recomendações

apresentadas por NUNES (1989), no seu estudo de arenitos brasileiros e BLOCH

67

(1993 e 1999), com arenitos brasileiros típicos de reservatório de petróleo ensaiados

no mesmo laboratório do CENPES.

A realização de ensaios de compressão em rochas brandas e porosas, com aplicação

de velocidades de carregamentos elevadas, pode levar os CPs à ruptura em tempos

curtos. Os tempos curtos dificultam o acompanhamento dos ensaios e a visualização

das alterações da rocha. As amostras podem passar de uma para outra região de

forma pouco perceptível, mesmo com a constante vigilância das curvas de tensão –

deformação volumétrica. Ensaios realizados em rochas porosas indicaram uma

passagem súbita da região I para a região III, tornando imperceptível a região II

(região elástica). Desta forma, analisou-se a possibilidade do emprego de uma baixa

taxa de deformação, que permitisse acompanhar os ensaios, sem influenciar o

comportamento da rocha, além de reduzir o risco de rupturas violentas.

Cuidados também foram tomados para que a taxa de deformação selecionada não

fosse suficientemente lenta, a fim de minimizar efeitos de fluência do corpo de prova

com teores de argilas mais significativos.

A adoção de uma taxa de deformação baseou-se em estudos realizados em arenitos,

rochas porosas, rochas brandas e rochas sedimentares da literatura. Calculou-se

também a taxa de deformação critica, a qual foi comparada com a taxa adotada nos

ensaios triaxiais drenados.

4.3.1. Ensaio de Compressão Uniaxial

A resistência à compressão uniaxial correspondente à carga de ruptura da amostra é

expressa por:

APquc ==σ

(4.1)

Onde:

σc; qu : Resistência à compressão uniaxial;

P : Carga de ruptura;

A : Área da amostra.

O comportamento tensão-deformação da rocha ( σ vs ε ) também foi determinado

através de curvas, já que o equipamento permite medir progressivamente as

68

deformações axial e radial do corpo de prova. Assim, obtém-se a curva tensão-

deformação para as condições pré pico, pico e pós pico (quando possível).

Velocidade do carregamento uniaxial

A velocidade de carregamento foi controlada pela taxa de deformação lateral na

maioria dos ensaios, embora, para algumas rochas, tenha sido adotado o controle pela

taxa de deformação axial.

Realizaram-se dois ensaios pilotos com duas diferentes taxas de deformação lateral,

4,20 s/με e 2,00 s/με . O objetivo era escolher a mais adequada em função do tempo

de ruptura recomendado pela ISRM (1981). Os ensaios foram realizados nos CPs do

arenito A, pela maior disponibilidade de amostras. Infelizmente, ensaios pilotos em

amostras dos outros poços não puderam ser realizados, devido ao reduzido número

de CPs.

4.3.2. Ensaio de Compressão Triaxial

O ensaio consiste na compressão axial do cilindro de rocha com a aplicação

simultânea de pressão confinante no entorno da amostra.

Na ruptura, o estado de tensões é:

Ad

31σ

=σ−σ (4.2)

Onde:

σ1: Tensão axial aplicada na amostra;

σ3: pressão confinante aplicada na amostra;

σd: σ1 - σ3: Tensão desviadora aplicada na amostra;

A: área da amostra.

O procedimento usual do ensaio consiste em se aplicar inicialmente a pressão

confinante σ3 e, em seguida, aumentar a tensão axial σ1, mantendo-se σ3 constante.

Medem-se as deformações axiais e radiais para a determinação da variação de

volume da amostra de rocha.

69

Normalmente, a execução de no mínimo três ensaios com pressões confinantes

diferentes permite a determinação da envoltória de resistência do material, na qual

obtêm-se facilmente os parâmetros de resistência ao cisalhamento (ângulo de atrito φ’

e coesão c’).

Preparação do Corpo de Prova para Ensaios Triaxiais

A Figura 4.2 apresenta um corpo de prova montado para o ensaio de compressão

triaxial. A metodologia de preparação das amostras para ensaios triaxiais consiste das

etapas seguintes:

(i) Colocação da membrana de borracha no entorno do CP para evitar que o fluido

dos poros entre em contacto com o fluido de confinamento. Os extremos do

corpo de prova são protegidos por uma membrana de borracha, para facilitar o

ajuste perfeito das tampas de aço e impedir perfurações nos cantos, durante a

aplicação da pressão confinada;

(ii) Dois fios de aço são fortemente apertados no topo e na base para selar a

membrana e prevenir vazamentos do fluido confinado aos poros;

(iii) Instalação dos transdutores de deformação axial e radial para medir as

deformações;

(iv) Introdução do CP na célula triaxial e imersão no fluido de confinamento.

Figura 4.2. Corpo de prova montado para o ensaio de compressão triaxial.

70

Fase de Compressão Hidrostática

Consiste no aumento progressivo da pressão de confinamento, em todas as direções,

até atingir-se a região elástica. Os módulos de compressibilidade drenados e não

drenados foram calculados através das tensões, deformações radiais e axiais

medidas, através da expressão geral:

c

vCσΔεΔ

= radaxv 2 εΔ+εΔ=εΔ (4.3)

Onde:

cσΔ : Variação da pressão confinante;

vεΔ : Variação da deformação volumétrica;

:axεΔ Variação da deformação axial;

:radεΔ Variação da deformação radial.

Os seguintes parâmetros poroelásticos podem ser determinados na fase de

compressão hidrostática (SKEMPTON,1960; BISHOP, 1973a e 1977b):

(i) :Cs módulo de compressibilidade dos grãos da rocha. O CP saturado em

fluido inerte é submetido à compressão hidrostática sem membrana, também

conhecido como unjacketed test.

(ii) :Cd módulo de compressibilidade do CP seco, ensaiado com membrana. A

pressão nos poros do fluido intersticial (ar) é igual à pressão atmosférica;

(iii) :C módulo de compressibilidade sob condições drenadas, ensaiado com

membrana. A pressão nos poros alcança um valor constante. Caso o fluido

seja inerte e a pressão nos poros seja atmosférica, C deve ser,

aproximadamente, igual a Cd.

(iv) :Cu módulo de compressibilidade sob condições não drenadas, ensaiado com

membrana. O módulo depende da variação volumétrica do CP durante a

aplicação da pressão confinante, sendo que, para amostras totalmente

saturadas, a variação de volume é zero, se o fluido de saturação for

incompressível. No ensaio, a poropressão aumenta linearmente com a pressão

confinante e o coeficiente B de Skempton é dado por:

)CC/()CC(n11uB

ssw3 −−+=

σΔΔ

= (4.4)

71

Onde:

n : porosidade;

C: compressibilidade do esqueleto;

wC : compressibilidade da água (MPa-1);

Cs: compressibilidade dos sólidos;

uΔ : incremento da pressão nos poros;

3σΔ : incremento da pressão confinante.

A Eq. 4.4 é sensível às variações da compressibilidade tanto da rocha quanto do fluido

intraporos, sendo que, nesta equação, o fluido considerado é a água (BISHOP, 1973).

A formulação proposta por Terzaghi (1936) foi confirmada por experimentos e mostrou

que as tensões as quais afetam o material e controlam suas deformações eram iguais

à tensão aplicada menos a pressão exercida pelo fluido no interior do espaço poroso.

Essa tensão é conhecida como a tensão efetiva:

u3,3 −σ=σ (4.5)

Este conceito também é aplicado para o estudo de tensões em rochas. Segundo BIOT

(1941), a pressão de poros poderia também afetar a deformação das rochas e, desta

forma, a tensão efetiva seria resultado da tensão total menos parte da pressão de

poros:

u3,3 α−σ=σ (4.6)

Assim, outro parâmetro poroelástico reconhecido é o coeficiente α de Biot, o qual é

sempre menor que um e pode ser calculado através da seguinte formulação:

CC

1 s−=α (4.7)

Portanto, a determinação de α exige a execução de dois ensaios, compressão

hidrostática sob condições drenadas com e sem membrana.

Alternativamente, o coeficiente de Biot pode ser determinado através do ensaio de

compressão hidrostática sob condições drenadas, no qual se mede o volume do fluido

expelido durante o ensaio ( nVΔ ) e a variação do volume do CP ( VΔ ), através de:

(SKEMPTON, 1960, BISHOP 1973a e 1977b, FABRE et al., 1997):

72

VVn

ΔΔ

=α (4.8)

Uma terceira expressão para o coeficiente de Biot, utilizando o parâmetro B de

Skemptom seria:

)1)(21(B)(3

u

u

ν+ν−ν−ν

Onde:

ν : coeficiente de Poisson drenado;

uν : coeficiente de Poisson não drenado.

(4.9)

Os procedimentos seguidos para a obtenção dos parâmetros de poropressão (B e α ),

sob condições não drenadas, são os mesmos de BLOCH (1993).

É importante lembrar que as tensões aplicadas devem ser controladas, de forma a

evitar o colapso dos poros que iniciam o escoamento do material, e, desta forma,

possibilitar a determinação dos coeficientes dentro da faixa elástica.

Nos ensaios hidrostáticos para amostras provenientes de poços de petróleo define-se,

geralmente, a pressão de confinamento, segundo a profundidade na qual foi retirado o

testemunho. Isto permite que o ensaio se desenvolva na região elástica linear,

reduzindo os riscos de perda das amostras.

Na fase hidrostática inicial do ensaio triaxial drenando (CD) realiza-se o adensamento

da rocha, a diferentes pressões confinantes ascendentes, para o cálculo do coeficiente

de adensamento ( vC ), que permite a verificação da taxa de ensaio. O método de

Taylor pode ser empregado, dentre outros métodos, com a vantagem dos tempos

requeridos serem menores.

Velocidade de Carregamento

A velocidade de carregamento foi controlada pela taxa de deformação lateral igual a

2,00 s/με ou taxa de deslocamento do pistão de 0,02mm/min equivalente a uma taxa

de deformação axial de 2,00 s/με , de forma a manter o tempo de ensaio até a

ruptura, dentro das recomendações da ISRM (1981).

73

Taxa de Ensaio para Condições Drenadas

Nos ensaios triaxiais drenados, a taxa de carregamento foi controlada, comparando-se

a taxa de deformação lateral adotada, com a taxa de deformação crítica, calculada

através da seguinte equação:

v

2

95 C3h80t =

95

est

=ε•

(4.10)

(4.11)

Onde:

h : altura do corpo de prova para duas faces drenantes;

vC : coeficiente de adensamento calculado pelo método de Taylor;

estε : deformação lateral no momento da ruptura, estimada igual a 20%, e avaliada

pelos ensaios pilotos;

95t : tempo necessário para que ocorra 95% do adensamento da rocha.

Se a taxa aplicada for maior que a taxa crítica, a condição drenada não é garantida no

ensaio, pois há acréscimos de poropressão, os quais não podem ser dissipados

devido à rapidez de execução do carregamento.

4.3.3. Cálculo das Deformações

O corpo de prova ensaiado em compressão uniaxial e triaxial sofre deformações axiais

e radiais, definidas por:

LL

axΔ

DD

radΔ

(4.12)

(4.13)

Onde:

axε : deformação axial;

radε : deformação radial;

LΔ : variação de altura da amostra;

74

DΔ : variação de diâmetro da amostra.

A deformação volumétrica vε foi calculada através das deformações axiais e radiais

por:

lataxv 2ε+ε=ε (4.14)

A constante de proporcionalidade entre as deformações radial e axial representa o

coeficiente de Poisson da rocha, expresso por:

ax

rad

εε

−=ν (4.15)

O módulo de elasticidade pode ser calculado na região elástica linear (região II) da

curva de tensão vs deformação, caracterizada pela ocorrência de deformações dos

poros e compressão dos grãos, em uma razão aproximadamente linear. Assim, o

módulo é a inclinação desta parte da curva:

ax

EεΔσΔ

= (4.16)

O módulo de elasticidade e o coeficiente de Poisson foram calculados pelo método da

secante e da tangente a 50% da tensão máxima, segundo a ISRM (1981), e na região

elástica linear de cada ensaio, antes do ponto de dilatância. Os parâmetros calculados

através dos três métodos foram comparados entre si.

4.3.4. Ensaio Brasileiro

A forma do corpo de prova é cilíndrica de pouca espessura, aproximadamente metade

do diâmetro, usualmente chamada de disco. O ensaio consiste na aplicação de

carregamento compressivo ao longo de uma geratriz do cilindro. A ruptura do CP é

produzida pelas tensões de tração, teoricamente uniformes, atuantes na região central

do diâmetro carregado.

Recomenda-se uma relação altura/diâmetro de 0,5 e o uso de dispositivos que

reduzam a concentração de tensões produzidas pelo contato rocha/aço das peças

distribuidoras do carregamento (NUNES, 1989).

75

A resistência à tração da rocha é estimada através de:

DtP2

b,t π=σ

(4.17)

Onde:

σt,b: Resistência à tração indireta pelo ensaio brasileiro;

P: Carga correspondente ao aparecimento da fratura diametral primária;

D: Diâmetro do disco de rocha;

t : Espessura do disco de rocha.

A aplicação do carregamento foi controlada pelo deslocamento do pistão, com uma

taxa de deslocamento de 0,05 mm/min, conforme recomendado por NUNES (1989).

4.3.5. Ensaio de Fluência

O ensaio de fluência foi realizado de acordo com as seguintes etapas:

(i) Início do carregamento com controle de deformação lateral ou axial, até

alcançar a tensão igual ou superior à do ponto de dilatância obtida através

da prévia análise das curvas tensão versus deformação do ensaio de

compressão uniaxial;

(ii) Atingida a tensão desejada, mudou-se o controle para taxa de

carregamento, garantindo livre deformação do CP sob carga constante;

(iii) A tensão constante foi mantida por um certo período de tempo, dentro do

qual verificou-se a ocorrência de deformação no CP. No caso de

deformação nula, realizou-se uma análise para determinar se a tensão

aplicada era muito reduzida para a fluência da amostra, ou, então, elevada

o suficiente para garantir que a amostra não apresentava comportamento

de fluência;

(iv) Se a rocha apresenta fluência mantém-se a tensão aplicada, monitorando-

se as deformações ao longo do tempo.

4.4. Critérios de Ruptura

Os critérios de ruptura são amplamente usados por diferentes pesquisadores, em

diferentes áreas para determinação das envoltórias de resistência do material.

76

Os critérios de ruptura podem ser expressos em termos das tensões principais ou das

tensões normal e cisalhante. Os mais comuns são o critério de Mohr Coulomb e o

critério de Hoek-Brown.

4.4.1. Critério de Mohr Coulomb

O critério de Mohr Coulomb para a ruptura por cisalhamento num plano é expresso

por:

φσ+=τ tgc i (4.18)

Onde:

τ :resistência ao cisalhamento;

ic :intercepto coesivo;

σ :tensão normal no plano de ruptura;

φ :ângulo de atrito.

Alternativamente, este critério pode ser expresso em função das tensões principais

por:

ϕσ+=σ tgC 3o1 (4.19)

φ−φ

=sen1cosc2

C io (4.20)

)42

(tgsen1sen1tg 2 π

=φ−φ+

=ϕ (4.21)

Onde:

1σ :tensão principal maior;

3σ :tensão principal menor;

oC :resistência à compressão uniaxial;

ϕ :ângulo de inclinação da reta no espaço σ1-σ3.

Os parâmetros ic e φ são facilmente calculados quando se dispõe de ensaios

uniaxiais e triaxiais. A determinação da resistência à tração To exige a realização de

ensaios diametrais e permite estabelecer a região de cutoff da envoltória na área de

tração.

77

4.4.2. Critério de Hoek – Brown

O critério de Hoek - Brown tem sido modificado pelos autores através dos últimos 20

anos. Entretanto, para rochas intactas, HOEK & BROWN (1989) mantiveram a

equação expressa por:

5,0

o

´3

o´3

´1 s

CmC ⎟⎟

⎞⎜⎜⎝

⎛+

σ+σ=σ (4.22)

Onde: ´1σ e ´

3σ : tensões efetivas principais;

m : constante relacionada ao tipo de rocha;

s: constante relacionada ao estado da rocha;

Co: resistência à compressão uniaxial.

A Equação 4.22 permite calcular o valor da resistência à compressão uniaxial (Co) e a

constante m.

Para um número n de ensaios, a resistência à compressão uniaxial, a constante m e o

coeficiente de correlação r2 são calculados por (HOEK & BROWN, 1980):

nx

n/)x((x)n/yx(xy

nyC 22

2o

∑⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡∑−∑

∑∑−∑−

∑= (4.23)

⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡∑−∑

∑∑−∑=

n/)x((x)n/yx(xy

C1m 22

o

(4.24)

[ ][ ][ ]n/)y(yn/)x(x

)n/yx(xyr 2222

22

∑−∑∑−∑∑∑−∑

= (4.25)

sComCoxy += (4.26)

Onde: ´3x σ= e 2´

3´1 )(y σ−σ=

78

CAPÍTULO V RESULTADOS E ANÁLISES

Este capítulo apresenta os resultados obtidos nos ensaios mecânicos descritos no

Capítulo IV, bem como as análises e discussões sobre os resultados, a previsão do

comportamento geomecânico dos arenitos e calcissiltito e as correlações entre as

propriedades mineralógicas, físicas e mecânicas determinadas.

5.1. Ensaio de Compressão Uniaxial

A análise dos ensaios foi realizada através das curvas tensão vs. deformação como

recomendado pela ISRM (1981).

O ensaio fornece a resistência à compressão uniaxial e os parâmetros elásticos, tais

como o módulo de elasticidade e coeficiente de Poisson, calculados segundo a ISRM

(1981), considerando parâmetros secantes e tangentes a 50% da tensão máxima e os

correspondentes a níveis de tensão abaixo do início da franca dilatância. O ponto de

início da dilatância corresponde ao nível de tensão na qual o corpo de prova, sob

contração, inicia uma fase de aumento contínuo de volume.

Em relação ao tipo de controle de carregamento, inicialmente optou-se por taxa de

deformação lateral ou axial, sendo que estas não permitem que a rocha sofra rupturas

violentas ao final do ensaio.

Realizaram-se dois ensaios pilotos com amostras do arenito A, visto ser o poço com

maior número de corpos de prova. No primeiro ensaio piloto, a taxa de deformação

lateral foi de 4,20 με/s, com tempo total de ensaio de 6,9 minutos. Embora este valor

se situe na faixa sugerida pela ISRM (1981), observa-se que a rocha sob a taxa

aplicada exige altas tensões iniciais para se deformar. O carregamento inicial de 0,3

MPa atinge 3,38 MPa em somente 12 segundos de ensaio, indicando a deformação

brusca do CP e ruptura precoce (Figura 5.1). Muito provavelmente, os ensaios de

outros CPs não teriam garantias quanto à ruptura em 5 minutos (limite inferior),

recomendados pela norma.

79

Em vista destes inconvenientes, diminuiu-se a taxa para 2,00 με/s e realizou-se o

ensaio no CP12, também do arenito A, no qual o tempo até a ruptura aumentou para

12,8 minutos e a deformação axial foi menor como mostra a Figura 5.1. Os dois CPs

utilizados nos ensaios piloto estavam saturados com água. Apesar do número

reduzido de ensaios piloto, não foi possível fazer uma análise experimental mais

aprofundada sobre as taxas de carregamento, devido à pequena disponibilidade de

CPs. Por conseguinte, a taxa de deformação lateral adotada foi de 2,00 με/s.

0

5

10

15

20

25

0 1 2 3 4 5 6Deformação Axial(10-3)

Tens

ão (M

Pa)

CP10CP12

Figura 5.1. Curva tensão versus deformação axial do ensaio de compressão uniaxial

nos CPs 10 e 12, do arenito A.

Os CP1A, CP13A e CP44D foram ensaiados sob uma taxa de deformação lateral de

2,5 με/s, que é a taxa normalmente aplicada no laboratório do CENPES, para ensaios

em arenitos. A Figura 5.2 mostra o comportamento destes CPs sob tensão uniaxial.

As Figuras 5.2 a 5.5 apresentam as curvas tensão vs deformação das rochas

estudadas ensaiadas sob compressão uniaxial.

80

0

5

10

15

20

25

30

-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6

Deformação (10-3)

Tens

ão (M

Pa)

CP1ACP13A

CP44D

Figura 5.2. Curvas tensão vs. deformações axial, radial e volumétrica dos ensaios de

compressão uniaxial dos CPs com o fluido da formação e óleo OB-9 do arenito A.

0

10

20

30

40

50

60

-3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6

Deformação (10-3)

Tens

ão (M

Pa)

CP10Água

CP12Água

CP9 OB-9

CP8OB-9

Figura 5.3. Curvas tensão vs. deformações axial, radial e volumétrica dos ensaios de

compressão uniaxial dos CPs saturados com água e óleoOB-9 do arenito A.

81

CP 15 FF+OD

0

1

2

3

4

5

6

-7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7

Deformação (10-3)

Tens

ão (M

Pa)

Figura 5.4. Curvas tensão vs. deformações axial, radial e volumétrica do ensaio de

compressão uniaxial com o fluido da formação e óleo diesel do CP 15 do arenito B.

,

CP 24 OB-9

0

10

20

30

40

50

60

-3,00 -2,00 -1,00 0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00

Deformação (10-3)

Tens

ão (M

Pa)

Figura 5.5. Curvas tensão vs. deformações axial, radial e volumétrica do ensaio de

compressão uniaxial do CP24 saturado com óleo OB-9 do calcissiltito.

Na Tabela 5.1 são apresentados os valores de resistência à compressão uniaxial (qu),

módulo de elasticidade (E), coeficiente de Poisson (ν), tipo de controle e tipo de

ruptura, em cada ensaio realizado. Também indica a tensão na qual a dilatância se

inicia, levando em conta o início do aumento de volume do corpo de prova, na curva

tensão vs deformação volumétrica (Figuras 5.2 a 5.5).

82

Tabela 5.1. Resultados dos Ensaios de Resistência à Compressão Uniaxial.

CP qu Esec νsec Etan νtan EII νII

Início da Dilatância

Taxa de Carregamen

-to Fluído (MPa) (GPa) (GPa) (GPa) (MPa)

Arenito A CP12

Água Branda 21,84 3,14 0,08 7,51 0,33 6,47 0,23 11,94 2,00 με/s(L)

FC CP10 Água

Branda 22,83 2,90 0,04 6,49 0,19 6,49 0,19 15,72 4,20 με/s(L) FC

CP9

ÓB-9 Mod.Res. 25,12 3,57 0,06 7,96 0,22 7,96 0,22 17,24 2,00 με/s(L)

FS CP8

OB-9 Resistente 49,14 20,80 0,03 37,73 0,09 37,73 0,09 33,43 2,00 με/s(L)

FS CP1 A

FF+OB-9 Branda 23,67 3,55 0,09 7,33 0,26 5,66 0,16 16,49 2,50 με/s(L)

CP13 A

FF+OB-9 Branda 24,81 3,20 0,07 13,27 0,33 13,27 0,33 15,00 2,50 με/s(L)

FS CP44D

FF+OB-9 M.Branda 2,80 0,89 0,13 1,28 0,28 1,33 0,18 1,57 2,50 με/s(L)

Arenito B

CP15 FF+OD Branda 5,74 0,81 0,06 1,12 0,15 1,12 0,15 5,01

FC

0,02 mm/ min(DP)

Calcissiltito 24

OB-9 Mod.Res. 41,35 8,91 0,10 10,19 0,20 8,10 0,06 28,00

C

0,02 mm/ min(DP)

Obs.: qu : Resistência à compressão uniaxial Esec: Módulo de elasticidade secante νsec: Coeficiente de Poisson secante Etan: Módulo de elasticidade tangente νtan: Coeficiente de Poisson tangente EII: Módulo de elasticidade antes da dilatância νII: Coeficiente de Poisson antes da dilatância (DP): Deslocamento do pistão (L): Deformação lateral FC: Fratura de cisalhamento FS: Fendilhamento subaxial C: Cataclase com formação de cone

83

Análise dos Ensaios de Compressão Uniaxial

As formas das curvas são diferentes das descritas por GOODMAN (1989) para rochas

duras, e se aproximam das apresentadas por NUNES (1989) para rochas areníticas

brandas.

A Figura 5.6 apresenta as curvas obtidas com os três tipos de fluidos intraporos para o

arenito A, as quais permitem realizar uma comparação visual de algumas diferenças

como: o início da dilatância com água a menores tensões que com óleo e ruptura a

menores tensões com água.

0

5

10

15

20

25

30

-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6

Deformação (10-3)

Tens

ão (M

Pa)

CP 12Água

CP 9 OB-9

CP 13AFF+OB-9

Figura 5.6. Ensaios de compressão uniaxial sob diferentes condições de saturação do

arenito A.

Segundo a classificação da ISRM (1981), os CP12, CP10, CP1A e CP13A do arenito

A são rochas brandas que atingiram a ruptura com um tempo médio de 10 minutos.

Curiosamente, os CP10 e CP12, saturados com água, tiveram uma ruptura por

cisalhamento, enquanto os CP8, CP9 e 13A, saturados com óleo, tiveram uma ruptura

por fendilhamento subaxial. No estudo realizado por NUNES (1989) em arenitos

brasileiros, saturados com água, de 42 corpos de prova ensaiados, somente 6

apresentaram falha por fendilhamento subaxial.

Os resultados do ensaio de compressão uniaxial do CP15 do arenito B indicam que as

rochas deste poço são brandas, de acordo com os dados da geologia de formação

(Capítulo 3) e mineralogia (lâminas 4 e 5), que advertem sobre o alto teor de

84

argilominerais na matriz. A ruptura desta rocha aconteceu no plano de intercalação de

maior fraqueza.

O CP24 do calcissiltito, teve uma ruptura por catáclase, com formação de cones. Esta

rocha sofreu uma cimentação por calcita, o que contribuiu para a elevada resistência e

pode ser classificada como moderadamente resistente, segundo a ISRM (1981).

A Tabela 5.1 indica diferenças entre os CP9 e CP10, extraídos exatamente da mesma

profundidade. Os resultados evidenciam a influência da taxa de deformação e do fluido

de saturação, tanto no valor da resistência máxima quanto no tempo de ruptura e tipo

de superfície de ruptura. Estas observações corroboram a necessidade de uma

metodologia de ensaio constante para todos os CPs que garanta a comparação de

resultados.

Na Figura 5.2, observa-se que a tensão máxima do CP44D é muito inferior, quando

comparada aos demais CPs. O CP 44D é oriundo de uma profundidade muito próxima

do CP1A (distam somente 7cm) e ambos possuem a mesma curvatura inicial.

Provavelmente, alguma fratura pré-existente no CP44D possa ser a responsável pela

ruptura prematura.

O CP8, saturado com óleo, rompeu aos 3,9 minutos de ensaio, e sua resistência foi

muito maior que as demais (qu= 49.1 MPa). É evidente, na Figura 5.3, que o corpo de

prova é mais resistente e sua curva apresenta uma forma diferente das outras e que

se aproxima das obtidas para rochas duras (ISRM 1981). Conforme as propriedades

físicas apresentadas nas Tabelas 3.5 e 3.6, os CPs 9,10 e 12 têm valores médios de

porosidade de 14,15%, permeabilidade igual a 87,3 mD e umidade de saturação de

6,5%, enquanto que o CP8 apresenta uma porosidade de 7,5%, permeabilidade de

19,2 mD e umidade de saturação de 3,1%. Estas diferenças entre os parâmetros

físicos poderiam, de alguma maneira, justificar a diferença do comportamento. Por

outro lado, observou-se que o CP8, tem uma granulometria de fina a média, enquanto

que os demais CPs tem uma granulometria muito grosseira.

A Tabela 5.2 apresenta os valores médios dos parâmetros elásticos calculados,

considerando as três condições do fluido de saturação do arenito A e as condições

descritas para as outras rochas estudadas.

85

Nos arenitos A e B os valores calculados pelo método da tangente, segundo a ISRM

(1981), são próximos dos calculados na região linear (região II) antes do início da

dilatância. O mesmo não ocorre para os valores calculados pelo método secante, a

diferença entre resultados é uma conseqüência do emprego de métodos usuais de

rochas duras em rochas brandas. O calcissiltito apresenta valores calculados pelos

métodos da secante e tangente próximos ao calculado antes da dilatância, pois trata-

se de uma rocha dura com resistência maior que as demais.

Tabela 5.2. Parâmetros elásticos médios sob compressão uniaxial das rochas

estudadas.

Saturação Esecante Etangente Eregião II νsecante νtangente νregião II σ1máxima

(GPa) (GPa) (GPa) (MPa)

Arenito A

A 3,02 7,00 6,48 0,06 0,26 0,21 22,33

OB-9 3,57 7,96 7,96 0,06 0,22 0,22 25,12

FF + OB-9 3,37 10,30 9,46 0,08 0,29 0,24 24,24

Arenito B

FF+ OD 0,81 1,12 1,12 0,06 0,15 0,12 5,74

Calcissiltito

OB-9 8,91 10,19 8,10 0,10 0,20 0,06 41,35

5.2. Compressão Hidrostática

5.2.1. Ensaio de Compressão Hidrostática sem Membrana

Um CP de cada rocha foi ensaiado em compressão hidrostática sem membrana,

visando à determinação da compressibilidade dos grãos. Os CPs foram previamente

saturados com óleo OB-9. Este óleo é o mesmo usado para aplicar a pressão

confinante, e foi escolhido com o objetivo de minimizar os riscos de contaminação do

equipamento. A máxima pressão de confinamento aplicada é igual à tensão horizontal

máxima da rocha in situ. Desta forma, os CP23 e CP27 foram solicitados por uma

pressão de 40MPa e o CP19 por 11MPa.

A Figura 5.7 apresenta as curvas pressão confinante vs deformação volumétrica dos

CPs ensaiados em compressão hidrostática, sem utilização de membrana.

86

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

0 10 20 30 40 50Pressão Confinante σ 3 (MPa)

Def

. Vol

umét

rica

(10

-3)

Arenito BCs=110,9x10-6(MPa-1)

Arenito ACs=16,6x10-6(MPa-1)

CalcissiltitoCs=6,17x10-6(MPa-1)

Figura 5.7. Curvas pressão confinante σ3 vs deformação volumétrica dos ensaios de

compressão hidrostática sem membrana.

A Tabela 5.3 resume os módulos de compressibilidade dos grãos ( sC ) determinados

nestes ensaios.

Tabela 5.3. Compressibilidade dos grãos em ensaios de compressão hidrostática das

rochas estudadas.

Rocha CP sC x 10-6(MPa-1)

Arenito A 23 16,60

Arenito B 19 110,90

Calcissiltito 27 6,17

Os resultados dos três ensaios indicam que quanto mais resistente a rocha, menor é o

valor de Cs. Portanto, o calcissiltito tem menor Cs e maior qu em relação aos arenitos A

e B ( sC calcissiltito < sC arenito A < sC .arenito B).

5.2.2. Compressão Hidrostática Drenada

Na fase hidrostática drenada, verificou-se a taxa de deformação crítica durante a

aplicação da pressão confinante e também se calculou o módulo de compressibilidade

drenado (C ).

87

Cálculo da Taxa de Deformação Crítica

A taxa de deformação crítica para os ensaios drenados foi obtida pela determinação

do coeficiente de adensamento conforme BLOCH (1993), calculado pelo método de

Taylor. Este método apresenta a vantagem de reduzir o tempo de realização dos

ensaios.

Considerando o arenito A, foram escolhidos os CP05 e CP06, que provêm da mesma

profundidade e apresentam propriedades mineralógicas semelhantes para o cálculo da

taxa crítica. O CP05 foi saturado com água destilada e o CP06 foi saturado com óleo

OB-9. Portanto, as diferenças encontradas são conseqüência da influência do fluido de

saturação.

A Figuras 5.8 mostra que os coeficientes de adensamento são reduzidos, quando

comparados com os valores compreendidos entre 44,5 – 488,4 cm2/s, obtidos para o

arenito Catú por BLOCH (1993). Porém, situam-se na mesma ordem de grandeza,

quando comparados com o valor de 0,03 cm2/s obtido para argilitos por CHIU et al.

(1983).

Uma comparação entre as propriedades físicas do arenito Catú e do arenito A indica

porosidades médias de 21,3% e 15,0% respectivamente, sendo a primeira 5% maior,

aproximadamente. A permeabilidade média de 262,64 mD do arenito Catú é muito

elevada quando comparada com a de 33,80 mD, determinada nos CPs do arenito A.

Assim, vê-se a influência destas duas propriedades sobre o coeficiente de

adensamento, amplamente verificada em solos, mas pouco estudada nas rochas. A

variação do coeficiente de adensamento é função da permeabilidade, uma vez que a

maior quantidade de poros interligados implica em maior facilidade de saída do fluido

do CP, reduzindo-se o tempo necessário para o adensamento.

A Figura 5.8 apresenta a variação do coeficiente de adensamento (Cv) com a pressão

confinante do CP05 saturado com água e o CP06 saturado com óleo OB-9. A Tabela

5.4 apresenta os valores da taxa de deformação crítica e da taxa real, calculadas para

os CPs dos ensaios triaxiais drenados.

88

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0 2 4 6 8 10 12Pressão confinante σ3 (MPa)

Coe

f. Ad

ensa

men

to C

v (cm

2 /s)

CP 05Água

(a)

(b)

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0 2 4 6 8 10 12

Pressão confinante σ3 (MPa)

Coe

f. de

Ade

nsam

ento

Cv (

cm 2 /s

)

CP 06OB-9

Figura 5.8. Variação do coeficiente de adensamento em função da pressão confinante:

(a) CP05 saturado com água e (b) CP06 saturado com óleo OB-9.

89

Tabela 5.4. Determinação da taxa de deformação lateral crítica em função da

tensão principal menor.

Rocha

(Fluido) Amostra σ3 95t Cv •

ε critica (με/s)

(MPa) (s) (cm2/s) Estimada Real

Arenito A

(água) CP05 10,0

18113 0,036 1,10.10-1 1,01.10-1

Arenito A

(OB-9) CP06 10,0

4384 0,146 4,56.10-1 4,56.10-1

Arenito B

(FF+OD) CP17 8,0

5031 0,102 3,98.10-1 3,58.10-1

Arenito B

(FF+OD) CP14 11,0

2484 0,197 6,04.10-6 5,30.10-6

Arenito B

(FF+OD) CP20 20,0

4384 0,118 3,42.10-6 6,27.10-7

Calcissiltito

(OB-9) CP25 10,0

7484 0,054 2,00.10-6 2,00.10-6

Os ensaios de laboratório dos CPs saturados com água mostram que com o aumento

da tensão confinante, o coeficiente de adensamento diminui (Figura 5.8a). Nas

amostras saturadas com óleo OB-9 (Figura 5.8b), se não fosse incluído o primeiro

ponto correspondente à pressão confinante de 2MPa, a curva seria parecida com a

saturação com água. Uma observação experimental importante é que o tempo em que

se produz o adensamento dos corpos saturados com óleo OB-9 é sempre menor do

que quando saturado com água.

Estas observações sugerem que o tipo de fluido de saturação influencia o

comportamento das rochas. Além disto, as características de compressibilidade e

viscosidade do fluido condicionam a interpretação dos resultados de ensaios. Uma

conclusão definitiva sobre este comportamento não é adequada e tampouco possível,

uma vez que as características do óleo não foram consideradas pela teoria adotada

para interpretação de ensaio.

Considerando o arenito B, foram escolhidos os CP14, CP17 e CP20 conservados em

óleo diesel e utilizaram-se diferentes pressões de confinamento. O primeiro ensaio

realizado no CP17 foi controlado por deformação lateral durante a fase de

90

cisalhamento. Entretanto, ao aplicar a tensão desviadora, o equipamento sofreu uma

instabilidade e o ensaio teve que ser interrompido. Esta instabilidade foi provocada

pela tentativa do sistema servo-controlado de reduzir a tensão desviadora, de forma a

manter a deformação lateral na taxa adotada para o ensaio. De fato, o CP17

apresentou uma deformação lateral elevada, para a tensão desviadora aplicada. Este

problema durante o ensaio do CP17 incitou à alteração do tipo de controle de maneira

a prevenir oscilações do sistema que resultassem em perda de CPs. Portanto, mudou-

se para controle por taxa de deslocamento axial (0,02 mm/min) que equivale a

2,00 s/με de deformação axial, na fase de cisalhamento.

A Figura 5.9 apresenta a variação do coeficiente de adensamento em função

da pressão confinante das amostras saturadas com óleo diesel do arenito B.

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

0 5 10 15 20 25Pressão Confinante σ 3 (MPa)

Coe

f. de

Ade

nsam

ento

Cv

(cm

2 /s)

CP 17CP 14CP 20

Figura 5.9. Variação do coeficiente de adensamento em função da pressão confinante

dos CP14, CP17 e CP20 do arenito B, conservados em óleo diesel.

Observa-se que à medida que a tensão principal menor aumenta, o coeficiente de

adensamento (Cv) diminui. Além disso, os corpos de prova se adensaram rapidamente

quando comparados com o tempo de adensamento do CP06 que possui uma maior

permeabilidade (33,80 mD). Na verdade, é um pouco difícil explicar este curto tempo

de adensamento, pois o valor de permeabilidade (1,05 mD) é reduzido e os teores de

91

ilita-esmectita, na matriz da rocha são elevados. Pelo anterior, pode-se concluir que as

amostras conservadas em óleo não garantem uma saturação elevada.

Do calcissiltito ensaiou-se o CP 25, o qual foi adensado sob 10 MPa. Na Tabela 5.4

observa-se que o valor do Cv igual a 0,054 cm2/s é menor quando comparado com os

valores obtidos nas amostras dos outros poços. Isto indica que a rocha estudada

(CP25) é menos compressível do que os arenitos A e B. Infelizmente, por falta de

disponibilidade de tempo de equipamento, não se realizaram adensamentos sob

outras pressões confinantes. Verificou-se apenas que a taxa de deformação era

adequada.

Compressibilidade Volumétrica Drenada (C)

O módulo de compressibilidade foi determinado a partir das curvas de deformação

volumétrica vs tensão principal menor, na fase inicial dos ensaios triaxiais drenados,

adotando-se a região linear.

A literatura mostra que a região linear, geralmente, se desenvolve para altas pressões

de confinamento, após o fechamento das microfissuras. Isto representa uma potencial

dificuldade para a obtenção da envoltória de ruptura, pois nem todas as amostras

podem sofrer altas pressões confinantes sem colapso. Assim, é necessário realizar

ensaios sob pressões baixas para a obtenção de pontos no início da envoltória de

ruptura. Desta forma, um ensaio piloto foi realizado para verificar as condições de

tensão.

Primeiro, realizou-se o confinamento sob condições drenadas do CP11, saturado com

água, pertencente ao arenito A, até 50 MPa, com o objetivo de se identificar

claramente a região linear da curva deformação volumétrica-pressão de confinamento.

A Figura 5.10 apresenta a curva obtida, e sua avaliação indica que a região

linear se inicia a, aproximadamente, 35 MPa da tensão confinante.

92

CP 11 arenito A

02468

101214161820

0 10 20 30 40 50

Pressão Confinante σ 3(MPa)

Def

orm

ação

Vol

umét

rica

(10

-3)

Figura 5.10. Curva de deformação volumétrica vs pressão confinante do CP11 sob

condições drenadas.

Os resultados dos ensaios de compressão hidrostática dos CP06 e CP07, do arenito

A, indicam que a região linear é definida a partir de 20 MPa, valor inferior ao obtido

para o CP11 (35MPa). Novamente, ressalta-se que a porosidade influencia o

comportamento, afetando o início da região linear de uma amostra para outra, mesmo

que sejam provenientes do mesmo poço e com diferenças mínimas de profundidade

(15cm). A Tabela 5.5 apresenta os principais resultados dos ensaios de compressão

hidrostática dos CP06, CP07, CP11 e CP9A (arenito A), CP20 (arenito B) e CP25

(calcissiltito). Além dos valores de porosidade (n ), permeabilidade (k ) e fluido de

saturação, a tabela resume os valores do módulo de compressibilidade hidrostática

(C ) e o nível de pressão de confinamento (σc).

Tabela 5.5. Módulos de compressibilidade em compressão hidrostática drenada.

Rocha CP C

(10-6MPa-1)σ3

(MPa)

n

(%)

k

(mD)

Fluido dos

poros

Arenito A 06 232,0 20 14,72 33,80 OB-9

Arenito A 11 113,3 50 13,07 89,20 A

Arenito A 9A 182,8 25 17,4 197,0 FF + OB-9

Arenito B 20 222,2 20 10,60 0,5 FF + OD

Calcissiltito 25 128,9 40 14,47 0,04 OB-9

93

A Tabela 5.5 indica a ausência de correlação entre a porosidade ou permeabilidade

com o módulo de compressibilidade (C ). Embora o aumento da compressibilidade do

material quando saturado com óleo OB-9 ou quando saturado com o fluido da

formação e óleo OB-9, no arenito A, novamente evidencie a alteração de

comportamento provocada pelo tipo de fluido intraporos.

Observa-se uma tendência de relação entre a resistência à compressão uniaxial e o

módulo de compressibilidade igual à observada para a compressibilidade dos grãos

(Cs). Amostras de maior resistência (qu) apresentam menores C (Ccalcissiltito < Carenito A <

C arenito B) para o material saturado com óleo, visto que quando saturado com água, a

compressibilidade se torna menor.

5.2.3. Compressão Hidrostática não Drenada

Na fase hidrostática dos ensaios não drenados determinou-se o parâmetro B de

Skempton, usado para verificar o grau de saturação, o módulo de compressibilidade

não drenado (Cu) e o parâmetro α, quando possíveis.

Ao realizar-se o ensaio triaxial não drenado, na fase da compressão hidrostática, foi

determinado o parâmetro B de Skempton, com o qual se verifica o grau de saturação

da amostra antes de iniciar o cisalhamento.

Os valores calculados para o parâmetro B no CP4 saturado com óleo OB-9 do arenito

A, durante a fase hidrostática do ensaio triaxial não drenado, são apresentados na

Tabela 5.6. Nesta tabela são indicados os valores de poropressão registrados pelos

transdutores adaptados na base e topo do corpo de prova.

Tabela 5.6. Cálculo do parâmetro B do CP04 saturado com óleo OB-9 do arenito A. Pressão

Confinante Poro

Pressão Pressão Efetiva Δσ3 Δu B Tempo Transdutor

(MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (min)

1,00 0,00 1 1,00 1,00 Topo 1 0,87 0,13 1 0,87 0,87

120 Base

2,98 0,02 2 1,98 0,99 Topo 3 2,90 0,10 2 2,03 1,00

15 Base

94

Pressão

Confinante Poro

Pressão Pressão Efetiva Δσ3 Δu B Tempo Transdutor

(MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (min)

4,90 0,10 2 1,92 0,96 Topo 5 4,88 0,12 2 1,98 0,99

7 Base

6,82 0,18 2 1,92 0,96 Topo 7 6,85 0,15 2 1,97 0,99

6,1 Base

8,80 0,20 2 1,98 0,99 Topo 9 8,89 0,11 2 2,04 1,00

17,1 Base

10,68 0,32 2 1,88 0,94 Topo 11

10,82 0,18 2 1,93 0,97 24

Base

14,50 0,50 4 3,82 0,96 Topo 15 14,75 0,25 4 3,93 0,98

97 Base

A Tabela 5.6 mostra que o CP04, saturado com óleo OB-9, apresentou valores do

parâmetro B entre 0,87 e 1,0, corroborando seu alto grau de saturação.

O CP03, também do arenito A e saturado com água, foi submetido a uma pressão

confinante máxima de 15 MPa e o parâmetro B foi determinado igual a 0,94.

No CP13, pertencente ao arenito B, tentou-se calcular o parâmetro B, mas, a baixa

permeabilidade do material dificultou a execução do ensaio. Aplicava-se uma tensão

de confinamento e constatava-se a variação da poropressão na base, sem qualquer

variação no topo. Além disto, provavelmente, o CP13 não estava completamente

saturado.

Durante o ensaio do CP04, observou-se que, com a aplicação da pressão confinante,

a amostra apresentava deformações volumétricas iniciais, recuperadas, em sua

maioria, durante o tempo em que se esperava para a pressão de poros estabilizar.

Estes fenômenos estranhos, os quais não deveriam acontecer em um ensaio não

drenado, levaram a intuir que o óleo OB-9 poderia ser a causa do problema.

Devido a estes resultados anômalos, em ensaios não drenados com óleo, foi realizado

um ensaio de compressibilidade do óleo OB-9 a fim de permitir uma melhor

interpretação dos resultados. A Figura 5.11 apresenta a curva de pressão confinante

vs deformação volumétrica, na qual foi obtido o valor de compressibilidade igual a

95

638.10-6 MPa-1. Este valor é 150 vezes maior que a compressibilidade da água (4,25 .

10-6 MPa-1).

Este resultado é surpreendente, uma vez que o óleo OB-9 foi selecionado para a

execução dos ensaios de rotina no Laboratório de Mecânica de Rochas do CENPES,

e deveria ser praticamente incompressível como a água. Além disto, e ainda mais

crítico, o óleo OB-9 é mais compressível que todas as rochas estudadas, envolvidas

neste estudo (Tabela 5.3).

Desta forma, todos os ensaios não drenados de amostras saturadas com óleo não

podem ser interpretados e analisados segundo a teoria convencional de meios

saturados com água.

0

5

10

15

20

25

30

0 10 20 30 40

Pressão Confinante (MPa)

Def

orm

ação

Vol

umét

rica

(10

-3)

COB-9=638x10-6 MPa -1

Figura 5.11. Curva pressão confinante vs deformação volumétrica do ensaio de

compressão hidrostática do óleo OB-9.

Parâmetro α de Biot

O parâmetro α foi calculado considerando as condições de saturação com água para o

arenito A igual a 0,87, pela Eq. 4.8. Ressalta-se que esta formulação não é válida para

as condições de maior compressibilidade do fluido nos poros (BISHOP, 1973) e,

portanto, os valores de α não foram calculados para as amostras com óleo das rochas

estudadas.

96

5.3. Compressão Triaxial Drenada

Os ensaios triaxiais são compostos por duas fases: na primeira, aplica-se a pressão

de confinamento (fase de adensamento, hidrostática) e na segunda fase, aplica-se a

tensão desviadora (fase de cisalhamento), conforme explicado na metodologia do

ensaio.

A Tabela 5.7 resume os resultados da fase cisalhante dos ensaios triaxiais drenados,

apresentando os valores das tensões principais maior ( 1σ ) e menor ( 3σ ) na ruptura,

os módulos de elasticidade secante ( secE ) e tangente ( tanE ) calculados a 50% da

tensão máxima e na região linear elástica ( IIE ) com os respectivos coeficientes de

Poisson ( IItansec ,, ννν ), além da taxa de carregamento e características da ruptura de

cada ensaio.

Tabela 5.7. Resultados dos ensaios triaxiais drenados.

CP σ1 σ3 Esec νsec Etan νtan EII νII

Taxa de Carregamen-

to Fluído (MPa) (Mpa) (GPa) (GPa) (GPa)

Arenito A Água

CP5 68,3 10,0 15,00 0,13 20,36 0,27 16,57 0,14 2,00(L)

FC με/s Água CP7 129,1 20,0 29,35 0,10 29,65 0,15 30,79 0,17 FC

2,00(L)

με/s

Óleo CP6 100,4 20,0 20,81 0,11 22,18 0,21 23,39 0,13 FC

2,00(L)

με/s

Óleo CP21 78,1 15,0 16,27 0,08 20,92 0,22 20,31 0,15

FC 2,00(L)

με/s

Água

CP22 80,0 15,0 18,65 0,11 20,58 0,22 20,93 0,18 2,00(L)

FC με/s FF+OB-9

CP2A 91,0 25,0 195,1 0,14 184,3 0,18 195,1 0,17 2,50(L)

με/s

FF+OB-9

CP4A 57,9 7,5 116,9 0,13 173,7 0,25 173,7 0,25 2,50(L)

με/s FF+OB-9

CP43D 47,7 7,5 4,57 0,05 7,32 0,11 7,32 0,11 2,50(L)

με/s

97

Arenito B FF+OD

CP14 30,0 11,0 4,69 0,09 3,75 0,18 5,00 0,07 0,02(DP)

FC (mm/min) FF+OD

CP18 10,6 5,0 1,43 0,05 1,18 0,14 1,48 0,10 0,02(DP)

FC (mm/min) FF+OD

CP20 12,0 20,0 4,07 0,14 3,26 0,15 3,26 0,15 0,02(DP)

FC (mm/min) Calcissiltito

OB-9 CP25 103,7 40,0 16,43 0,14 15,33 0,21 16,45 0,12 0,02(DP)

FC (mm/min) OB-9

CP26 61,2 20,0 - - - - - - 0,02(DP)

FC Obs.: σ1: Tensão desviadora σ3: Pressão confinante Esec: Módulo de elasticidade secante νsec: Coeficiente de Poisson secante Etan: Módulo de elasticidade tangente νtan: Coeficiente de Poisson tangente EII: Módulo de elasticidade antes da dilatância νII: Coeficiente de Poisson antes da dilatância (DP): Deslocamento do pistão (L): Deformação lateral FC: Fratura de cisalhamento

As amostras do arenito A, ensaiadas nesta bateria de ensaios, apresentaram ruptura

por cisalhamento e o tempo médio de ensaio foi de 15 minutos para a fase de

cisalhamento. Observou-se um comportamento mais dúctil das amostras saturadas

com água destilada e óleo OB-9. Entretanto, as amostras cujos poros contêm o fluido

da formação e óleo OB-9 apresentaram uma tendência de comportamento mais frágil.

Nas Figuras 5.12 a 5.15 apresenta-se a variação do comportamento da rocha com o

aumento da pressão confinante para alguns corpos de prova ensaiados (arenitos A e

B) em função do fluido de saturação. Observa-se que a influência do fluido de

saturação parece ser menor (arenito A) quando o CP está submetido à compressão

uniaxial, pois o comportamento σ – ε nos três casos é semelhante.

Entretanto, o módulo de elasticidade (E ) e coeficiente de Poisson ( ν ) sob

compressão triaxial são elevados quando o material contém nos seus poros o fluido da

formação e óleo OB-9. Uma possível explicação seria a condição de saturação do CP

com fluido da formação do tipo óleo. Adicionando-se o óleo OB-9, o CP estaria

saturado com um fluido viscoso e compressível que contribui para aumentar os

parâmetros de deformabilidade.

98

0

20

40

60

80

100

120

140

0 1 2 3 4 5 6 7 8

Deformação axial (10 -3)

Tens

ão D

esvi

ador

a (M

Pa)

CP07σ3=20MPa

CP22σ3=15MPa

CP05σ3=10MPa

CP12σ3=0MPa

Figura 5.12. Curvas tensão desviadora vs deformação axial sob diferentes pressões

confinantes dos CPs do arenito A saturados com água.

0

20

40

60

80

100

120

140

0 1 2 3 4 5 6 7 8Deformação axial (10-3)

Ten

são

Des

viad

ora

(MP

a)

CP06σ3=20MPa

CP21σ3=15MPa

CP09σ3=0MPa

Figura 5.13. Curvas tensão desviadora vs deformação axial sob diferentes pressões

confinantes dos CPs do arenito A saturados com óleo OB-9.

99

0

20

40

60

80

100

120

140

0 1 2 3 4 5 6 7 8Deformação axial (10 -3)

Tens

ão D

esvi

ador

a (M

Pa)

CP1Aσ3=0MPa

CP4A σ3=7,5MPa

CP2Aσ3=25MPa

Figura 5.14. Curvas tensão desviadora vs deformação axial sob diferentes pressões

confinantes dos CPs do arenito A com o fluido da formação e óleo OB-9.

0

5

10

15

20

25

30

35

0 2 4 6 8 10 12 14Deformação axial (10-3)

Tens

ão D

esvi

ador

a (M

Pa)

CP1411MPa

CP2020MPa

CP185MPa

CP150MPa

Figura 5.15. Curvas tensão desviadora vs deformação axial sob diferentes pressões

confinantes dos CPs do arenito B saturado com o fluido da formação e óleo diesel.

100

As amostras do arenito B apresentaram uma ruptura pelo plano de fraqueza,

resultante da intercalação entre folhelho e arenito, com comportamento

predominantemente dúctil como mostrado na Figura 5.16.

Figura 5.16. Corpo de prova ensaiado sob compressão triaxial do arenito B. A forma das curvas deformação volumétrica vs tensão desviadora das rochas

estudadas permite classificar as rochas como de baixa porosidade de acordo com

FERFERA et al. (1997) e MOREIRA (2002). Somente os CP18 e CP20 (arenito B) e

CP21, CP22 e CP2A (arenito A), tiveram um comportamento de rochas porosas, nas

quais a permeabilidade diminui após a dilatância. Esta diferenciação é evidente

quando a deformação volumétrica aumenta até alcançar a ruptura, como mostrado nas

Figuras 4,5,6 e 7 do Apêndice 1.

É importante ressaltar que as correlações entre os parâmetros de deformabilidade e

tensões apresentaram grau de correlação reduzido, devido ao grande número de

variáveis envolvidas e à pequena quantidade de amostras. Portanto, estes resultados

não são apresentados.

5.4. Compressão Triaxial não Drenada

A Tabela 5.8 resume os resultados obtidos da fase cisalhante dos ensaios não

drenados, de forma análoga à Tabela 5.7 para ensaios drenados.

101

Tabela 5.8. Resultados dos ensaios triaxiais não drenados

CP σ1 σ3 Esec νsec Etan νtan EII νII

Taxa de Carregamen-

to Fluído (MPa) (Mpa) (GPa) (GPa) (GPa)

Arenito A CP04

OB-9 43,99 15 6,83 0,30 11,06 0,62 7,27 0,27 2,00(L)

FC με/s Arenito B

CP13 FF+OD 15,64 11 4,05 0,28 3,13 0,37 3,13 0,38

FC 0,02(DP)

mm/min Calcissiltito

CP27 OB-9 - 25 - - - - 13,56 0,08 SR

0,02(DP)

mm/min Obs.: σ1: Tensão desviadora σ3: Pressão confinante Esec: Módulo de elasticidade secante νsec: Coeficiente de Poisson secante Etan: Módulo de elasticidade tangente νtan: Coeficiente de Poisson tangente EII: Módulo de elasticidade antes da dilatância; νII: Coeficiente de Poisson antes da dilatância (DP): Deslocamento do pistão; (L): Deformação lateral (A): Deformação axial FC: Fratura de cisalhamento SR: Sem ruptura

As amostras ensaiadas apresentaram uma ruptura por cisalhamento e o tempo médio

de ensaio foi de 31 minutos para a fase de cisalhamento. Observou-se um

comportamento frágil do CP4 e dúctil no CP13. Visto que os resultados dos ensaios

não drenados não são confiáveis, devido à elevada compressibilidade e viscosidade

do óleo OB-9, não foram determinados os parâmetros poroelásticos (α, B) destas

amostras.

5.5. Ensaios Brasileiros

Os ensaios brasileiros foram executados com taxa de carregamento igual a

0,05mm/min, recomendada por NUNES (1989) para arenitos brasileiros. Esta taxa

garantiu o tempo de ensaio conforme o sugerido pela ISRM (1981). A Tabela 5.9

apresenta os valores de resistência à tração ( b,tσ ) calculados através da Eq. 4.18 e as

condições de saturação dos discos ensaiados de cada rocha.

102

Tabela 5.9. Resultados dos ensaios brasileiros das rochas estudadas.

Rocha Amostra b,tσ

(MPa) Fluido nos poros

D1 4,51 Água D2 7,67 OB-9 D3 1,44 OB-9 D4 1,21 OB-9 D5 1,28 OB-9 D6 1,62 OB-9 D7 2,17 OB-9 D8 1,04 Água D9 1,44 Água

D10 1,29 Água D11 1,51 OB-9

D14A 1,45 FF + OB-9 D15A 1,50 FF + OB-9 D8A 2,58 FF + OB-9

ARENITO A

D7A 1,78 FF + OB-9 D14 2,11 FF + OD D15 2,11 FF + OD D16 1,91 FF + OD

ARENITO B

D17 2,01 FF + OD D18 7,86 OB-9 D19 7,60 OB-9 D20 4,35 OB-9 D21 2,96 OB-9

CALCISSILTITO

D22 4,39 OB-9

Os discos 7A, 8A, 14A e 15A foram ensaiados com a taxa de carregamento,

aconselhada pela norma ISRM (1981), igual a 0,2KN/s. Verificou-se que os tempos até

a ruptura foram muito curtos e com fraturação secundária. Desta forma, acredita-se

que os valores da resistência à tração sejam superestimados.

A análise da Tabela 5.9 permite concluir que os valores de resistência à tração dos

discos D1 e D2 (arenito A) são elevados quando comparados aos valores das outras

amostras do arenito A. O exame das características petrográficas destas amostras

mostra que a cimentação, composição mineralógica com alto teor de calcita (lâmina 1),

granulometria e empacotamento são diferentes dos apresentados nas outras

amostras, oriundas das mesmas profundidades. Desta forma, estes discos não foram

considerados no cálculo da resistência à tração média do arenito A. Os valores médios

de resistência à tração para os discos saturados com água, com óleo OB-9 e com o

fluido da formação e óleo OB-9 são iguais a 1,26, 1,54 e1,83 MPa, respectivamente.

103

Os resultados médios são reduzidos se comparados aos obtidos por NUNES (1989) e

BLOCH (1993), entre 2 e 5 MPa.

A resistência à tração média do arenito B é igual a 2,04 MPa. Em geral, as amostras

deste poço são homogêneas e portanto, não se observam maiores diferenças nos

valores obtidos.

A resistência à tração média do calcissiltito foi calculada desconsiderando os valores

elevados dos D18 (7,86 MPa) e D19 (7,60 MPa). Portanto, a resistência média

calculada é de 3,90 MPa.

A Figura 5.17 mostra os ensaios realizados em alguns discos do arenito A.

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5

Deslocamento do pistão(mm)

Traç

ão (M

Pa)

FF+OB-9

Água

OB-9

D15A

D8A

D9D8D10

D11D3

D7

D14

Figura. 5.17. Curvas tensão vs deslocamento dos discos do arenito A.

Quando o material está saturado com óleo OB-9, na maioria dos casos, a resistência à

compressão diametral é maior que quando saturado com água. Embora sua

resistência mude, a inclinação das curvas são paralelas como pode ser visto na Figura

5.17. Se o corpo de prova saturado com água é ensaiado com controle de carga (0,2

KN/s), ao invés de controle de deslocamento do pistão (0,05mm/min), a deformação

aumenta até três vezes. Porém, a resistência se mantém pouco alterada. Na Figura

104

5.17, observa-se também que o tipo de controle influencia no comportamento da

rocha, pois os corpos ensaiados com controle por deslocamento (D8, D10, D11, D3 e

D7) apresentam-se mais frágeis que as amostras ensaiadas com controle de carga,

mais dúcteis.

Em relação às amostras com fluido da formação e óleo OB-9, a resistência à tração é

muito dispersa. Observa-se que as curvas destes ensaios parecem ter a mesma

inclinação.

5.6. Ensaio de Fluência

O modelo adotado para analisar os resultados do ensaio de fluência foi o de Kelvin

Generalizado conforme a Figura 2.10, em função da forma das curvas obtidas nos

ensaios. A Tabela 5.10 apresenta os resultados obtidos, através do módulo de

elasticidade antes da fluência (E2), módulo de elasticidade durante a deformação da

rocha sob carga constante na região II da fluência (E1) e a viscosidade da rocha (ηE).

Tabela 5.10. Resultados dos ensaios de Fluência

Litologia 1E

(GPa)

2E

(GPa)

(MPa/s)

Fluido dos

Poros

Arenito A 60,78 21,71 1,50x10-6 Água

Arenito A 301,41 26,31 2,36x10-6 OB-9

Arenito B 8,64 1,64 8,42x10-5 FF + OD

Calcissiltito 20,50 10,19 2,50x10-5 OB-9

No arenito A, evidencia-se a diferença na viscosidade do material, produzida pelo tipo

de fluido nos poros. O óleo contribui para que o comportamento da rocha seja mais

viscoso e os coeficientes sejam maiores que quando saturados com água. A rocha

saturada com água começa a escoar com 57MPa, atingindo a ruptura com um mínimo

aumento da tensão ao final do ensaio (Figura 5.18a). Entretanto, a rocha saturada com

óleo OB-9 inicia a fluência com 71MPa (Figura 5.18b).

105

3,20

3,25

3,30

3,35

3,40

3,45

3,50

3,55

3,60

3,65

19000 29000 39000 49000 59000 69000

Tempo (s)

Def

orm

ação

(10-3

)

CP 01 Água

σ1= 57MPa

2,50

2,55

2,60

2,65

2,70

2,75

2,80

2,85

2,90

2,95

11000 13000 15000 17000 19000 21000

Tempo (s)

Def

orm

ação

(10

-3)

CP02 OB-9

σ1 = 70MPa

(b)

Figura 5.18. Curvas deformação vs tempo a) CP 01 saturado com água e b) CP02

saturado com óleo.

As características da formação do arenito B advertiam sobre o alto teor de argila e um

possível comportamento dúctil, evidenciado nos ensaios triaxiais. E como esperado, o

resultado no ensaio de fluência indicou que é a rocha mais viscosa.

106

Em relação à amostra do calcissiltito, era esperado um comportamento pouco viscoso

em função da alta resistência à compressão uniaxial e triaxial, reduzida

permeabilidade e geologia da formação que indica compactação mecânica e física

com uma cimentação por calcita. Entretanto, o resultado do ensaio de fluência mostra

uma viscosidade maior que as obtidas das amostras do arenito A, aparentemente

menos rígidas. Este fato apóia a hipótese da existência de uma microporosidade de

matriz argilosa detectada ao se obter uma porosidade de 14% do CP saturado com

óleo OB-9.

5.7. Envoltórias de Ruptura

As Figuras 5.19 a 5.22 apresentam as envoltórias de resistência, segundo os critérios

de Mohr Coulomb e Hoek & Brown (1981) para cada rocha, calculadas através do

programa RocLab 1.0, divulgado por HOEK et al. (2002).

Figura 5.19. Envoltórias de ruptura Mohr-Coulomb e Hoek - Brown do arenito A

saturado com água.

107

Figura 5.20. Envoltórias de ruptura de Mohr-Coulomb e Hoek - Brown do arenito A

saturado com óleo OB-9.

Figura 5.21. Envoltórias de ruptura de Mohr-Coulomb e Hoek - Brown do arenito A

com fluido da formação e óleo OB-9.

108

Figura 5.22. Envoltórias de ruptura de Mohr-Coulomb e Hoek - Brown do calcissiltito

saturado com óleo OB-9.

O critério de ruptura de Hoek-Browm (não linear) é semelhante ao de Mohr-Coulomb

(linear). Ambos proporcionam resultados similares para todas as rochas ensaiadas.

No arenito A, a envoltória dos corpos saturados com água indica maior resistência que

as outras duas obtidas com amostras saturadas com óleo OB-9 e a saturada com o

fluido de saturação e óleo OB-9. Este resultado contraria as informações da literatura

as quais reportam o aumento da resistência de amostras com óleo. Segundo HAN et

al. (1986), o inchamento de argilas, provocado pela saturação com água, melhora o

comportamento de arenitos pouco adensados, aumenta o contato entre os grãos e o

módulo de elasticidade, enrijecendo a rocha. Isto é válido para teores de argila não

significativos. No caso do arenito A, com pequenos teores de cimento do tipo caulinita

e matriz argilosa (lâmina 1,2 e 3), este fenômeno poderia ter acontecido, o que

explicaria os resultados.

109

Os resultados dos ensaios das 6 amostras do arenito B não foram consistentes para

fornecer a envoltória de resistência.

Os valores da resistência à tração determinados pela envoltória de Hoek e Brown

(1981), na maioria dos casos, são superiores aos valores obtidos diretamente dos

ensaios diametrais, sobretudo para o calcissiltito. Neste caso, verificou-se que a

condição sugerida para utilização do critério de Hoek-Brown é praticamente violada.

5.8. Correlações

As correlações que envolvem dados petrográficos como diâmetro dos grãos, teor de

cimento, teor de quartzo não foram obtidas uma vez que não havia uma lâmina de

cada amostra. As lâminas analisadas são provenientes de profundidades próximas,

mas não as mesmas, e poderiam proporcionar falsas correlações.

A Tabela 5.11 apresenta as correlações encontradas entre propriedades físicas e

mecânicas das rochas estudadas.

Tabela 5.11. Correlações entre as propriedades físicas e mecânicas das rochas

estudadas.

Propriedades Correlação Equação/Grau de correlação

n vs uq maior porosidade, maior

resistência à compressão uniaxial

uq (MPa)=3,006(%)-19,593

r2=0,31

n vs ν

maior porosidade, maior

coeficiente de Poisson

ν =0,026(%)-0,134

r2=0,51

n vs γsat menor porosidade, maior peso

especifico saturado

γsat(g/cm3)=-0,028(%)+2,717

r2=0,88

n vs γseco menor porosidade, maior peso

especifico seco

γseco(g/cm3)=-0,04(%)-2,72

r2=0,93

n vs S maior porosidade, maior teor de

saturação

S (%)=0,216(%)+101,1

r2=0,40

k vs S Não tem correlação _

110

b,tσ vs n Não tem correlação _

b,tσ vs satw Não tem correlação _

b,tσ vs γseco maior resistência à tração, maior

peso especifico seco

γseco(g/cm3)=0,026 b,tσ (MPa)-2,130

R2=0,71

b,tσ vs γsat maior resistência à tração, maior

peso especifico saturado.

γsat(g/cm3)=0,028 b,tσ (MPa)-2,259

r2=0,83

A propriedade física que apresenta melhor correlação com as propriedades mecânicas

é o peso específico, seja saturado ou seco. A porosidade tem um baixo grau de

correlação com a resistência à compressão uniaxial, provavelmente devido à influência

de outras propriedades.

111

CAPÍTULO VI CONCLUSÕES E SUGESTÕES

O desenvolvimento da pesquisa apresentada nesta dissertação permitiu a

identificação de vários aspectos importantes relativos à determinação de propriedades

petrográficas, físicas e mecânicas das rochas-reservatório estudadas. Além disto,

através dos resultados obtidos, foi possível estabelecer um comportamento tensão-

deformação típico e os principais parâmetros de resistência e deformabilidade das

rochas oriundas dos Campos do Espirito Santo (arenito A), Fazenda Pocinho (arenito

B) e Cherne (calcissiltito). Este capítulo resume as principais conclusões da pesquisa.

6.1. Conclusões

Em relação à metodologia experimental adotada para o desenvolvimento da pesquisa,

pode-se concluir que o comportamento geomecânico das rochas é melhor

compreendido quando são associadas as informações gerais de geologia da

formação, as propriedades mineralógicas e texturais determinadas de lâminas

petrográficas, as propriedades físicas advindas dos ensaios de porosidade,

permeabilidade, densidade dos grãos e pesos específicos seco e saturado e as

propriedades de resistência e deformabilidade obtidas dos diferentes ensaios

mecânicos.

Em relação às propriedades petrográficas, físicas e mecânicas, conclui-se que:

(i) O conhecimento da geologia de formação das rochas auxilia na análise das

propriedades mineralógicas e texturais determinadas através de lâminas

petrográficas;

(ii) O conjunto de informações geológicas e petrográficas é corroborado pelas

propriedades físicas e mecânicas determinadas em ensaios de laboratório;

(iii) As propriedades petrográficas obtidas de lâminas são semelhantes às

medidas em ensaios de densidade específica dos grãos e porosidade,

realizados em laboratório para as amostras das rochas estudadas. Todavia,

a lâmina da amostra do calcissiltito, não permitiu a visualização do sistema

de poros. A determinação da porosidade foi realizada através de ensaio de

112

laboratório (11,2%), confirmando a presença dos microporos na pseudo

matriz argilosa não visível em lâmina e justificando uma permeabilidade de

0,04mD das amostras desta rocha;

(iv) Os parâmetros de deformabilidade, módulo de elasticidade e coeficiente de

Poisson, determinados nos ensaios de compressão uniaxial e triaxial,

através dos métodos secante e tangente a 50% da resistência máxima

(ISRM, 1981) e do método da região elástica linear (Nunes, 1989), mostram

dispersão de valores, indicando que o emprego das recomendações da

norma não é o mais adequado para rochas brandas. Exceção pode ser feita

para o método tangente, cujos valores se aproximam dos obtidos pelo

método da região linear elástica, possivelmente, o mais adequado para

rochas brandas.

Em relação às técnicas e procedimentos de ensaios, tem-se que:

(i) A saturação prévia dos corpos de prova é fundamental para a execução dos

ensaios mecânicos. Amostras com fluido de formação e/ou óleo devem ser

submetidas à limpeza em Soxhlet para garantir a saturação por um único

fluido, seja com óleo mineral ou com água;

(ii) O controle de aplicação de carga por taxa de deformação lateral apresentou

inconvenientes para rochas de comportamento dúctil e com alto teor de argila

(arenito B) e para rochas muito rígidas (arenito A e calcissiltito), as quais

exigem tensões muito elevadas no início do ensaio para produzir as

deformações laterais, provocando rupturas bruscas em tempos muito

reduzidos. O controle de carregamento executado através da taxa de

deslocamento axial (deslocamento do pistão) parece mais adequado, visto que

os ensaios foram realizados sem dificuldades ou inconvenientes;

(iii) Os resultados dos ensaios não drenados com amostras saturadas com óleo ou

com óleo e fluido de formação não podem ser corretamente interpretados

devido à elevada compressibilidade do óleo, indicando também a

inadequabilidade deste fluido de saturação neste tipo de ensaio;

(iv) Os ensaios de fluência de rochas mais rígidas devem ser executados em

tensões elevadas, próximas do valor de resistência à compressão uniaxial.

Rochas com altos teores de argila, como as do arenito B, conseguem fluir sob

tensões mais reduzidas;

113

(v) O tipo de controle (carga ou deformação) para aplicação de carregamento

influencia a deformação total em ensaios diametrais. Porém, a resistência à

tração parece pouco afetada.

Em relação ao comportamento das rochas saturadas com água, óleo OB-9 e fluido da

formação com o óleo OB-9, pode-se concluir que:

(i) A influência do tipo de fluido de saturação é mais significativa para os ensaios

triaxiais drenados do que para os ensaios de compressão uniaxial;

(ii) A resistência à compressão uniaxial das amostras do arenito A saturadas com

água é inferior à resistência das amostras saturadas com os outros fluidos;

(iii) Os resultados da fase de adensamento dos ensaios triaxiais mostraram que as

rochas saturadas com óleo são mais compressíveis que as saturadas com

água;

(iv) A resistência na ruptura de ensaios triaxiais drenados de amostras saturadas

com água é maior do que a obtida em amostras saturadas com óleo;

(v) Os módulos de Young e coeficientes de Poisson das rochas saturadas com

fluido da formação e o óleo OB-9 são maiores que os obtidos em amostras

saturadas com água;

(vi) As envoltórias de resistência mostram que amostras saturadas com água

apresentam maiores ângulos de atrito e menores interceptos coesivos que os

das amostras saturadas com óleo;

(vii) Os resultados dos ensaios de fluência indicaram que a rocha é mais viscosa

quando saturada com óleo OB-9;

(viii) A resistência à tração da rocha saturada com água é menor do que quando

saturada com óleo;

É importante ressaltar que estas conclusões se referem às rochas estudadas nesta

pesquisa, considerando tanto as condições de saturação específicas das amostras

quanto às metodologias de execução e interpretação adotadas para os diferentes

ensaios. Vários aspectos impedem a generalização destas conclusões, sobretudo o

limitado número de amostras de alguns ensaios e a dificuldade de interpretação dos

procedimentos e resultados de amostras saturadas parcial ou completamente com

fluidos de compressibilidade elevada.

114

6.2. Sugestões para Futuras Pesquisas

Esta pesquisa não teve a pretensão de concluir ou definir todos os aspectos

associados ao comportamento geomecânico de rochas-reservatório e às técnicas de

ensaios para a sua determinação. Ao contrário, a pesquisa procurou apenas contribuir

para um melhor entendimento das rochas dos poços estudados. Desta forma, algumas

sugestões para pesquisas futuras são apresentadas:

(i) Estudar a utilização de um fluido de saturação com reduzidas

compressibilidade, viscosidade e densidade, além de inerte em relação aos

constituintes minerais, que seja capaz de dissolver tanto a água quanto o óleo

ou fluido de formação presente nos poros da rochas quando;

(ii) Estudar o efeito do fluido de saturação (água e óleo incompressível) nas

propriedades mecânicas de vários tipos de rochas-reservatório brandas e

duras;

(iii) Comparar o possível efeito das propriedades mecânicas determinadas em

ensaios de amostras saturadas com fluidos diversos nas análises de

estabilidade de poços de perfuração e de estimativa de tensões in situ através

das técnicas de recuperação como a ASR (anelastic Strain Recovery) e DSCA

(Diferential Strain Curves Analysis);

(iv) Analisar o emprego das teorias clássicas de méios saturados como Biot (1941),

Bishop (1973a,1977b) e Skempton (1960), para rochas saturadas com fluidos

viscosos e compressíveis.

115

Referências Bibliográficas

ALSAYED, M.J. 2002, “Utilising Hoek Triaxial Cell For Multiaxial Testing Of Hollow

Rock Cilinders”, Int. J. Rock Mech. & Min. Sci. v. 39, pp.355-366.

ARARIPE, P.T.,FEIJO,F.J., 1994, “Bacia de Portiguar”, Boletin de Geociencias

PETROBRAS, v.--,n.--,pp.127-141, jan/mar.1994. BESUELLE, P., DESRUES, J., RAYNAUD, S., 2000, “Experimental characterisation of

the localisation phenomenon inside a Vosges sandstone in a Triaxial Cell”, Int.

J. Rock Mech. & Min. Sci. V.37, pp.1223-1237.

BIENIAWSKI, Z. T., 1967, “Mechanism of brittle fracture of rock, Part II – experimental

studies”, International Journal of Rock Mechanics and Mining Sciences Geo.

Abstr., v.4, pp. 407-423.

BISHOP, A.W., 1973, “The influence of an undrained change in stress on the pore-

pressure in porous media of low compressibility”, Geotechnique v.2. n.1, pp. 13-

32.

BISHOP, A.W., 1977, “The value of Poisson’s ratio in saturated soils and rocks

stressed under undrained conditions”, Géotechnique v.27. n.3, pp. 369-384.

BLOCH, M., 1993 “Um estudo experimental de propriedades mecânicas de um arenito

proveniente de reservatórios de petróleo”. Dissertação de Mestrado, PUC-RIO ,

190 p.

BLOCH, M., 1999, In Situ stress determination in porous formation, D.Sc. dissertation,

The University of Oklahoma Graduate College, Norman, Oklahoma, USA.

BUTT, S.D., CALDER, P.N., 1998, “Experimental procedures to measure volumetric

changes and microseismic activity during triaxial compression test”, Int. J. Rock

Mech. & Min. Sci. v.35, pp.249-254.

CESERO, P., MAURO, L.M., DE ROS, L.F., 1989, “Técnicas de Preparaçao de

Lâminas Petrográficas E De Moldes De Poros Na Petrobras”. Boletin de

Geociencias PETROBRAS, v.3, n.1/2, pp.105-116, jan/jun.1989.

CUSS, R.J., RUTTER, E.H., HOLLOWAY, R.F. 2003, “Experimental observations of

the mechanics of borehole failure in porous sandstone”, International Journal of

Rock Mechanics and Mining Sciences, v40, pp.747-761.

CUSS, R.J., RUTTER, E.H., HOLLOWAY, R.F. 2003, “The application of critical state

soil mechanics to the mechanical behaviour of porous sandstones”,

International Journal of Rock Mechanics and Mining Sciences, v.40, pp.847-

862.

DONATH, F.A., FRUTH, L.S., 1971, “Dependence of strain-rate effects on deformation

mechanism and rock type” J Geol Soc, v.79:343-71.

116

EBERLI, G.P., BAECHLE, G.T., ANSELMETTI, F.S., INCZE, M.L. 2003, “Factors

controlling elastic properties in carbonate sediments and rocks”, The Leading

Edge, pp.654-660.

EBERHARDT, E., STEAD, D., STIMPSON, B., 1999, “Effects Of Sample Disturbance

On The Stress-Induced Microfracturing Characteristics Of Brittle Rock”, Can.

Geotech.J. v. 36, pp. 239-250.

FABRE D., GUSTKIEWICZ J., 1997, “Poroelastic Properties of Limestones and

Sandstones under Hydrostatic Conditions”, International Journal of Rock

Mechanics and Mining Sciences, v.34, pp. 127-134.

FERFERA F.M.R., SARDA J-P., BOUTECÁ M., VICKÉ, 1997, “Experimental Study of

Monophasic Permeability Changes Under Vários Stress Paths”, International

Journal of Rock Mechanics and Mining Sciences, v.34, n.37.

FILIMONOV, Y.L., LAVROV, A.V., SHAFARENKO, Y.M., SHKURATNIK, V.L., 2001,

“Memory Effects In Rock Salt Under Triaxial Stress State And Their Use For

Stress Measurement In A Rock Mass”, Rock Mech. Rock Engng, v.34 (4), pp.

275-291.

FREDRICH, J.T., EVANS, B., WONG, T.F., 1990, “Effect of grain size on brittle and

semibrittle strength: implications for micromechanical modeling of failure in

compression”. J. Geophys, v.95, pp. 907-920.

GOODMAN, R. E., 1989, Introduction to Rock Mechanics, 2 ed. New York,John Wiley

& Sons.

HAIMSON, B., CHANG, C.A. , 2000, “New true triaxial cell for testing mechanical

properties of rock, and its use to determite rock strength and deformability of

westerly granite”, Int. J. Rock Mech. & Min. Sci, v.3, pp.285-296.

HAN, D., NUR, A., MORGAN, D., 1986, “Effects of porosity and clay content on wave

velocities in sandstones”, Geophys, v. 51, pp.2093-2107.

HARTHI, A.A., AMRI, A.I. 1999, “The porosity and engineering properties of vesicular

basalt in Saudi Arabia”, Engineering Geology, v.54, pp.313-320.

HATZOR, Y., PALCHIK, V. 1997, “The influence of grain size and porosity on crack

initiation and critical flaw length in dolomites”. International Journal of Rock

Mechanics and Mining Sciences, v.34, pp.805-816.

HATZOR, Y., PALCHIK, V. 1998, “A microstructure-based failure criterion for

Aminadav Dolomites. ” International Journal of Rock Mechanics and Mining

Sciences Geomech. Abstr., v.35, pp.797-805.

HOEK E.,2000, Rock Engineering, Course notes. North Vancouver.

117

HOEK E.,TORRES, C., CORKUM B., 2002, “Hoek-Brown Failure Criterion – 2002

Edition”. www.rocscience.com, pp 1-7.

HOEK E., 2002, “A brief history of the development of the Hoek-Brown failure criterion”,

www.rocscience.com, pp 1-4.

HORSCHUTZ, P.M., SCUTA, M.S., 1992, “Fácies-Perfis e Mapeamento de Qualidade

do Reservatório de Coquinas da Formaçao Lagoa Feia do Campo de Pampo”,

Boletin de Geociencias PETROBRAS, v.6, n.1/2, pp.45-58, jan/jun.1992.

JU, Q. H., WU, M. B., 1993, “Experimental studies of dynamic properties of rocks under

triaxial compression”. J Geotech Eng., v.5, pp.73-80.

KAHTAMAN S., 2001, “Evaluation of Simple Methods for Assessing the Uniaxial

Compressive Strength of Rock”, International Journal of Rock Mechanics and

Mining Sciences, v.38, pp. 981-994.

KHAZANEHDARI J., SOTHCOTT J., “Variation in Dynamic Elastic Shear Modulus of

Sandstone Upon Fluid Saturation and Substituition”, Geophysics, v.68, n.2,

pp.472-481.

LAMA, R.D., VUTUKURI, V.S., 1978, Handbook on Mechanical Properties of Rocks -

Testing Techniques and Results- Volume III, 1 ed. Clausthal, Germany, Trans

Tech Publications.

LEITE, M.H., FERLAND, F., 2001, “Determination of Uncofined Compressive Strength

And Young’s Modulus Of Porous Material By Indentation Tests”, Engineering

Geology, v.59, pp.267-280.

LI, Y., XIA, C., 2000, “Time - Dependent Test On Intact Rocks In Uniaxial

Compression”, Int. J. Rock Mech. & Min. Sci, v.37, pp.467-475.

LI, H.B., ZHAO, J., LI, T.J.,1999, “Triaxial Compression Tests On A Granite At

Different Strain Rates And Confining Pressures”, Int. J. Rock Mech. & Min. Sci,

v.36, pp. 1057-1063.

LIAO, H.J., PU, W.C., YIN, J.H., AKAISHI, M., TONOSAKI, A., 2004, “Numerical

modeling of the strain rate efect on the stress-strain relation for soft rock using a

3-D elastic visco-plastic model”, Int. J. Rock Mech. & Min. Sci, v.41, No3.

MA, L., DAEMEN, J.J.K.,2004, ”Strain rate – dependence of mechanical properties of

welded topopah spring tuff”, Int. J. Rock Mech. & Min. Sci, v.41, No.3.

MOREIRA, E. P. A., 2002, Influencia da variação da permeabilidade na estabilidade de

poços de petróleo. M.Sc. dissertação, Pontifícia Universidade Católica, 107p.

MUNIZ, E. S., 1998, Nova Metodologia de Ensaios Triaxiais de Folhelhos, Tese de

M.Sc., Pontifícia Universidade Católica, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

118

MUNIZ, E. S., NUNES, A. L., FONTOURA, S., MARTINS, J., 1998, “New CIU Triaxial

Test Method for Shales”. Em: Desing and Construction in Mining, Petroleum

and Civil Engineering, pp. 7-14, São Paulo, Nov.

NUNES, A. L. L. S., 1989, Um Estudo sobre as Características de Resistência e

Deformabilidade de Arenitos, Tese de M.Sc., Pontifícia Universidade Católica,

Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

OLSSON, W. A., 1974, “Grain size dependence of yield stress in marble. J. Geophys,

v.79, pp. 4859-4862.

PALCHIK, V., 1999, “Influence of Porosity and Elastic Modulus on Uniaxial

Compressive Strength in Soft Brittle Porous Sandstones”, Rock Mechanics and

Rock Engineering, v.32, n.4, pp. 303-309.

PALCHIK, V., HATZOR, Y.H., 2000, “Correlation between mechanical strength and

microstructural parameters of dolomites and limestones in the Judea group,

Israel”, J. Earth Science, v49, pp.65-79.

PALCHIK, V., HATZOR, Y.H., 2002, “Crack damage stress as a composite function of

porosity and elastic matrix stiffness in dolomites and limestones”, Engineering

Geology, v63, pp.233-245.

PELLEGRINO, A., SULEM, J., BARLA, G., 1997, “The Effects Of Slenderness And

Lubrication On Uniaxial Behaviour Of A Soft Limestone”, Int. J. Rock Mech. &

Min. Sci, v.41, No.2.

QIAO, C.S., 2004, “The Fracture Mechanism Of Stratiform Rocks Under Uniaxial

Compression”, Int. J. Rock Mech. & Min. Sci, v.41, No.3.

RAY, S.K., SARAR, M., SINGH, T.N., 1999, “Effect Of Ciclic Loading And Strain Rate

On The Mechanical Behaviour Of Sandstone”, Int. J. Rock Mech. & Min. Sci,

v.36, pp.543-549.

REN, J., GE, X., 2004, “Computerized Tomography Examination Of Damage Tests On

Rocks Under Triaxial Compression”, Rock Mechanics and Rock Engineering,

v 37, pp. 83-93.

ROBINA, H.C., WORG, CHAU, K.T., 1998, “Crack Coalescence In A Rock-Like

Material Containing Two Crack”, Int. J. Rock Mech. & Min. Sci, v.35, pp.147-

164.

ROCHA, L. A., 2004, Engenharia de Poços, Notas de Aula PUC, Rio de Janeiro,

Brasil.

SANGHA, C.M., DHIR, R.K., 1975, “Strength and deformation of rock sub-ject to

multiaxial compressive stresses”, International Journal of Rock Mechanics and

Mining Sciences, v.12, pp. 277-282.

119

SILVA, C.M., COUTO, S.M., 1996, “Diagênese dos Arenitos do Membro Mucuri,

Cretáceo Inferior das Bacias Do Espíritu Santo e de Mucuri”, Boletin de

Geociencias PETROBRAS, v.10, n.1/4, pp.60-78, jan/dez.1996.

SKEMPTON, A. W., 1960, “Effective Stress in Soils, Concrete and Rock”. Em: Pore

Pressure and Suction in Soils, London, pp. 4-16.

SOUZA, M.S., 1988, Fatores diagenéticos de Controle Das Qualidades de

Reservarório da Formaçao Açu. Teses de M.Sc., Universidade Federal de Ouro

Preto, Minas Gerais, MG, Brasil.

SOUZA, L.E., FORMOSO, M.L.,SPADINI, A.D., 1993, “Geoquímica dos Reservatórios

Carbonáticos da Formação Macaé (Eo-Meso-Albiano) nos Campos de Pampo

e Enchova, Bacia de Campos, Brasil”. Boletin de Geociencias PETROBRAS,

v.7,n.1/4,pp.103-133, jan/dez.1993.

SOUZA, L. E., LAQUINTINIE, M.L., SPADINI, A. R., 1993, “Geoquímica dos

Reservatórios Carbonáticos da Formação Macaé Na Bacia de Campos”.

Boletin de Geociencias PETROBRAS, v.7, n.1/4, pp.103-133, jan/dez.1993.

SUGUIO K., 1982, Rochas Sedimentares. 1 ed. São Paulo, Edgard Blucher Ltda.

VERNIK, L., BRUNO, M., BOVBERG, C., 1993, “Empirical Relation Between

Compressive Strength and Porosity of Siliclastic Rock”, International Journal of

Rock Mechanics and Mining Sciences Geo. Abstr., v30, n.7, pp. 677-680.

WONG, R. H. C., CHAU, K. T., WANG, P., 1995, “Microcracking and grain size effect

in Yeun Long marbles”, International Journal of Rock Mechanics and Mining

Sciences Geo. Abstr., v33, n.5, pp. 479-485.

WULFF, A., HASHIDA, T., WATANABE, K., TAKAHASHI, H., 1999, “Attenuation

behaviour of tuffaceous sandstone and granite during microfracturing”,

Geophys J. Int, v.139, pp. 395-409.

XU P., YANG T. Q., ZHOU H.M., 2004, “Study of the Creep Characterisrics and Long-

term Stability of Rock Masses in the High Slopes of the TPG Ship Lock, China”.

International Journal of Rock Mechanics and Mining Sciences, v41, n.3.

YANG, C. H., LI, T.J., 1994, “The strain rate dependent mechanical properties of

marble and its constitutive relation”, Proceedings of the International

Conference on Computational Methods in Structural and Geotechnical

Engineering, Hong Kong, pp. 1350-1354.

ZANG, A., WAGNER, C.F., STANCHITS, S., DRESEN, G., ANDRESEN, R.,

HAIDEKKER, 1998, “M.A.Source Analysis Of Acoustic Emissions In Aue

Granite Cores Under Symmetric And Asymmetric Compressive Loads”,

Geophys.J.Int, v.135, pp.1113-1130.

120

ZHAO, J., LI, H. B., WU, M. B., LI T. J.,.1999, “Dynamic uniaxial compression tests on

a granite”. International Journal of Rock Mechanics and Mining Sciences, v.36,

pp. 273-277.

ZORLU K., ULUSAY R., OCAKOGLU F., FOKCEOGLU C., SONMEZ H., 2004,

“Predicting Intact Rock Properties of Selected Sandstones Using Petrographic

Thin-Section Data”, International Journal of Rock Mechanics and Mining

Sciences, v41, n.3.

121

Apêndice 1

0

2

4

6

8

10

0 5 10 15 20 25 30

Pressão Confinante σ 3 (MPa)

Def

orm

ação

Vol

umét

rica

(10

-3)

CP 06

CP 9A

CP 07

Figura A.1. Compressão Hidrostática em alguns CPs do arenito A.

0

2

4

6

8

10

12

14

0 5 10 15 20 25Pressão Confinante σ 3 (MPa)

Def

orm

ação

Vol

umét

rica

(10

-3)

CP17CP20

CP14

Figura A.2. Compressão Hidrostática em alguns CPs do arenito B.

122

0

1

2

3

4

5

6

7

8

0 10 20 30 40 50

Pressão Confinante σ 3 (MPa)

Def

. Vol

umét

rica

(10

-3)

CP 25

Figura A.1. Compressão Hidrostática no CP25 do calcissiltito.

123

0

20

40

60

80

100

120

140

-5 -3 -1 1 3 5 7 9

Deformação Volumétrica (10-3)

Tens

ão D

esvi

ador

a (M

Pa)

CP22(ax)σ3=15MPa

CP 05 (lat)

CP 07(ax)σ3=20MPa

CP05(ax)σ3=10MPa

CP05(vol)CP22(lat) CP22(vol)

CP 07(lat) CP 07(vol)

Figura A.4.Curvas dos ensaios triaxiais das amostras saturadas com água do arenito A.

124

0

20

40

60

80

100

120

-3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8

Deformacao Volumétrica (10 -3)

Tens

ão D

esvi

ador

a (M

Pa)

CP06(ax)σ3=20MPa

CP21(ax)σ3=15MPa

CP06 (vol)CP06 (lat)

CP21(lat)

CP21(vol)

Figura A.5. Curvas dos ensaios triaxiais das amostras saturadas com óleo OB-9 do arenito A.

125

0

20

40

60

80

100

120

140

-1 -0,5 0 0,5 1 1,5 2

Deformação axial (10 -3)

Tens

ão D

esvi

ador

a (M

Pa)

CP4A (ax)σ3=7,5MPa

CP2A (ax)σ3=25MPa

CP2A (lat) CP2A (vol)

CP4A (lat)CP4A (vol)

Figura A.5. Curvas dos ensaios triaxiais das amostras saturadas com fluído da formação e óleo OB-9 do arenito A.

126

0

5

10

15

20

25

30

35

-5 -3 -1 1 3 5 7 9 11 13

Deformação axial (10 -3)

Tens

ão D

esvi

ador

a (M

Pa)

CP14 (ax)σ3=11MPa

CP20 (ax)σ3=20MPa

CP18 (ax)σ3=5MPa

CP14(lat) CP14(vol)

CP20 (lat) CP20 (vol)

CP18 (lat) CP18 (vol)

Figura A.7. Curvas dos ensaios triaxiais das amostras saturadas com fluído da formação e óleo diesel do arenito B.

127

0

20

40

60

80

100

120

-4 -2 0 2 4 6 8 10Deformação (10 -3)

Tens

ão (M

Pa)

CP25 (ax)σ3=40MPa

CP25 (vol) CP25 (lat)

Figura A.8. Curvas dos ensaios triaxiais das amostras saturadas com óleo OB-9 do calcissiltito.

128

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

0 5000 10000 15000 20000 25000Tempo (s)

Def

orm

ação

axi

al (1

0 -3

) def.axial

σ1=4,40MPa

Figura A.9. Ensaio de fluência do CP16 saturado com o fluido da formação e óleo diesel do arenito B.

129

3,7

3,9

4,1

4,3

4,5

4,7

4,9

3000 5000 7000 9000 11000 13000 15000 17000

Tempo (seg)

Def

orm

ação

(10

-3)

def. axial

σ1=31,7MPa

Figura A.10. Ensaio de fluência do CP25 saturado com óleo OB-9 do calcissiltito.

130

0

0,5

1

1,5

2

2,5

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4

Deslocamento pistão (mm)

Traç

ão (M

Pa)

D14D16

D15

D17

Figura A.11. Ensaios diametrais do arenito B.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

0 500 1000 1500 2000Deslocamento pistão (mm)

Traç

ão (M

Pa)

D21

D19D18

D20

Figura A.12. Ensaios diametrais do calcissiltito.