103
2º CICLO DE ESTUDOS MESTRADO EM ENSINO DE GEOGRAFIA NO 3º CICLO DO ENSINO BÁSICO E NO ENSINO SECUNDÁRIO De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no desempenho escolar do aluno – um estudo de caso em turmas de 7º e 8º anos na Escola Eugénio de Andrade Jéssica Fabiana Santiago Valente M 2020-2021

De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

2º CICLO DE ESTUDOS MESTRADO EM ENSINO DE GEOGRAFIA NO 3º CICLO DO ENSINO BÁSICO E NO ENSINO SECUNDÁRIO

De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no desempenho escolar do aluno – um estudo de caso em turmas de 7º e 8º anos na Escola Eugénio de Andrade

Jéssica Fabiana Santiago Valente

M 2020-2021

Page 2: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

Jéssica Fabiana Santiago Valente

De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no desempenho escolar do aluno – um estudo de caso em turmas de 7º e 8º anos na Escola Eugénio de Andrade

Relatório realizado no âmbito do Mestrado em Ensino de Geografia no 3º Ciclo do

Ensino Básico e no Ensino Secundário, orientada pela Professora Doutora Fátima

Loureiro de Matos e pela Professora Doutora Helena Cristina Fernandes Ferreira

Madureira.

Faculdade de Letras da Universidade do Porto

2020-2021

Page 3: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no
Page 4: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

Jéssica Fabiana Santiago Valente

De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no desempenho escolar do aluno – um estudo de caso em turmas de 7º e 8º anos na Escola Eugénio de Andrade

Relatório realizado no âmbito do Mestrado em Ensino de Geografia no 3º Ciclo do

Ensino Básico e no Ensino Secundário, orientada pela Professora Doutora Fátima

Loureiro de Matos e pela Professora Doutora Helena Cristina Fernandes Ferreira

Madureira.

Membros do Júri Professor Doutor (escreva o nome do/a Professor/a)

Faculdade (nome da faculdade) - Universidade (nome da universidade)

Professor Doutor (escreva o nome do/a Professor/a)

Faculdade (nome da faculdade) - Universidade (nome da universidade)

Professor Doutor (escreva o nome do/a Professor/a)

Faculdade (nome da faculdade) - Universidade (nome da universidade)

Classificação obtida: (escreva o valor) Valores

Page 5: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

Dedico este relatório à minha mãe,

que foi o meu maior apoio nesta longa caminhada.

Page 6: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

2

Sumário

Declaração de honra ..................................................................................................................... 4

Agradecimentos ............................................................................................................................ 5

Resumo .......................................................................................................................................... 7

Abstract ......................................................................................................................................... 8

Índice de Figuras ........................................................................................................................... 9

Índice de Quadros ....................................................................................................................... 10

Índice de Gráficos ........................................................................................................................ 11

Lista de abreviaturas e siglas ....................................................................................................... 13

Introdução ................................................................................................................................... 14

1. A qualidade e a ergonomia do espaço de estudo na aprendizagem ....................................... 17

1.1. Espaço físico ....................................................................................................................... 18

1.2. Qualidade do ambiente ...................................................................................................... 19

1.2.1. Temperatura ................................................................................................................ 19

1.2.2. Iluminação ................................................................................................................... 21

1.2.3. Ruído ............................................................................................................................ 23

2. Estudo de caso ......................................................................................................................... 25

2.1. Caraterização da escola em estudo .................................................................................... 25

2.2. Metodologia ....................................................................................................................... 28

2.2.1. Caraterização da amostra ............................................................................................ 28

2.2.2. Inquérito por questionário .......................................................................................... 31

2.2.3. Mapa mental ................................................................................................................ 32

3. Apresentação e análise dos dados obtidos .............................................................................. 34

3.1. Análise do inquérito por questionário................................................................................ 34

3.1.1. Análise dos inquéritos por questionário de 7ºano ...................................................... 34

3.1.2. Análise dos inquéritos por questionário de 8ºano ...................................................... 54

3.2. Análise dos mapas mentais ................................................................................................ 70

3.3. Análise em função do desempenho escolar ....................................................................... 73

3.3.1. Análise do desempenho escolar de 7ºano .................................................................. 74

3.3.2. Análise do desempenho escolar de 8ºano .................................................................. 77

Considerações Finais ................................................................................................................... 81

Referências Bibliográficas ........................................................................................................... 84

Page 7: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

3

Anexos ......................................................................................................................................... 89

Anexo 1 – Inquérito por questionário aplicado ........................................................................ 90

Anexo 2 – Pedido do mapa mental ........................................................................................... 93

Anexo 3 – Mapas mentais ......................................................................................................... 95

Page 8: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

4

Declaração de honra

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado

previamente noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As

referências a outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam

escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se devidamente indicadas no

texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de referenciação.

Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito

académico.

Porto, junho 2021

Jéssica Fabiana Santiago Valente

Page 9: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

5

Agradecimentos

Finalizado este Relatório de Estágio não posso deixar de agradecer a algumas pessoas

que, de forma direta ou indireta, me ajudaram neste percurso tão marcante da minha

vida pessoal e profissional.

Agradeço a orientação e o auxílio que a minha orientadora, Professora Doutora Fátima

Matos, me disponibilizou durante a elaboração deste Relatório. Agradeço pelas

preciosas contribuições dadas durante todo o processo. Os seus conhecimentos

fizeram grande diferença no resultado deste trabalho.

Agradeço, também, à minha coorientadora, Professora Doutora Helena Madureira

pelo apoio e incentivo.

À Professora Doutora Elsa Pacheco que, apesar de não ser minha orientadora, sempre

se mostrou prestável e disponível para ajudar, mesmo com o seu escasso tempo.

Um agradecimento muito especial à minha orientadora cooperante, a Professora Ana

Paula Salgado, pela confiança, por sempre se mostrar disponível para me ajudar, pelo

auxílio incondicional, pela dedicação e exigência. Obrigada por todas as ideias, por

todos os conhecimentos transmitidos, por todos os ensinamentos e por todos os

conselhos. Tornou esta experiência muito mais enriquecedora.

Às minhas colegas do núcleo de estágio que sempre me apoiaram. Passámos bons

momentos juntas. Obrigada pelos risos e boas energias. À Sónia pelas viagens de

metro e pela mega motivação. À Helena pelo apoio e pelas sugestões de melhoria. Em

especial, à Carina por todas as tardes de chamadas, confidências, trocas de ideias e

ajuda mútua.

À Olinda, a minha querida professora do secundário, com quem mantenho o contacto

e que tem sempre uma palavra amiga e carregada de energia para me dar.

Às minhas amigas, Amélia e Beatriz Cardoso por estarem sempre disponíveis para me

ajudar.

Às minhas gémeas preferidas, Márcia e Marisa pela motivação, incentivo e elogios

constantes.

À Cristiana, minha prima, que sempre me incentivou e sempre se mostrou disponível

para me ajudar.

Page 10: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

6

Por fim, o meu maior agradecimento vai para a minha mãe e para a minha irmã por

serem os meus maiores pilares e por estarem sempre do meu lado. Por nunca me

deixarem desistir e por sempre me darem força para continuar.

Page 11: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

7

Resumo

O presente estudo, inserido na unidade curricular de Iniciação à Prática Profissional do

Mestrado em Ensino de Geografia no 3º Ciclo do Ensino Básico e Secundário tem como

principal propósito aferir se o ambiente e o espaço de estudo do aluno interferem no

seu desempenho escolar. Mais especificamente procurar-se-á fazer uma análise

comparativa entre a qualidade e ergonomia do espaço de estudo e o sucesso na

aprendizagem.

Trata-se de um estudo pertinente face ao contexto atual de E@D que determinou o

estudo em casa a 100%. Assim a importância do conforto, da dimensão e das

caraterísticas do espaço de trabalho do aluno deverá constituir um ponto de interesse

e estudo nas suas implicações diretas ou indiretas no rendimento escolar do mesmo.

Este constitui, pois, um estudo atual e com interesse para os diversos atores da

Educação.

Assim sendo, o presente estudo divide-se em duas partes. A primeira integra um

enquadramento teórico baseado numa revisão bibliográfica sobre o tema, em que se

explora as questões relacionadas com o conforto térmico, visual, acústico e

ergonómico.

A segunda parte integra o enquadramento empírico com a apresentação e análise dos

resultados obtidos obedecendo a uma metodologia mista (quantitativa e qualitativa)

com recurso a um estudo de caso, uma vez que se pretende chegar a uma conclusão

que se aproxime da realidade em estudo. A técnica utilizada, residiu na aplicação de

inquéritos por questionários a uma amostra de 58 alunos (41% do 7ºano, 59% do

8ºano) que frequentam a Escola Básica Eugénio de Andrade, em Paranhos, no

presente ano letivo e análise documental dos mapas mentais construídos pelos alunos.

Após realizada a análise dos dados recolhidos podemos afirmar que, de facto, a

envolvente do espaço de estudo interfere no desempenho e no rendimento do aluno.

Palavras-chave: espaço, ambiente, ergonomia, estudar, aluno

Page 12: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

8

Abstract

This study, which is part of the Initiation to Professional Practice course of the Master's

in Geography Teaching in the 3rd Cycle of Basic and Secondary Education, has as its

main purpose to assess whether the students environment and study space get involve

in his school performance. More specifically, a comparative analysis will be made

between the study space quality and ergonomics and learning success.

This is a pertinent study given the current context of Distance Education (E@D) that

has stated the full time home study. So, the student's workspace comfort, size and

characteristics should be a point of interest and study in its direct or indirect

implications on his academic performance. Thus, this study is up to date and with

interest to the various education actors.

This study is divided into two parts. The first integrates the theoretical framework

based on the subject literature review. This review is related to the problem in which

the study fits, exploring issues related to the concepts of thermal, visual, acoustic and

ergonomic comfort.

The second part integrates the empirical framework with the analyses of the results

obtained, obeying a mixed methodology (quantitative and qualitative) whose research

is characterized by a case study, since the aim is to reach a conclusion that is close to

the reality under study. The data collection, results from a questionnaires to a sample

of students and documental analysis from the mental maps drawn by them. The

sample consisted of 58 students (41% of 7th grade and 59% of 8th grade) attending

the Eugénio de Andrade Elementary School, in Paranhos, in the current school year.

After the analysis of the data collected, it is possible to state that, in fact, the

environment of the study space interferes with student performance and

achievement.

Key-words: space, environment, ergonomics, study, student

Page 13: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

9

Índice de Figuras

FIGURA 1 – ESCOLA BÁSICA EUGÉNIO DE ANDRADE .............................................................................. 25

FIGURA 2 – LOCALIZAÇÃO DAS ESCOLAS QUE FAZEM PARTE DO AGRUPAMENTO ......................................... 26

FIGURA 3 - A ENTRADA DE CADA UM DOS PAVILHÕES (A, B, C E D) .......................................................... 28

FIGURA 4 – EXEMPLOS DE DESENHOS DO EXERCÍCIO MAPA MENTAL REFERENTE AO INTERIOR DA CASA ........... 72

Page 14: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

10

Índice de Quadros

QUADRO 1 – MÉDIA DOS NÍVEIS DE AVALIAÇÃO DOS ALUNOS DE 7ºANO, POR ESPAÇO DE ESTUDO EM FUNÇÃO DO

NÚMERO DE ALUNOS ................................................................................................................ 53

QUADRO 2 – MÉDIA DOS NÍVEIS DE AVALIAÇÃO DOS ALUNOS DE 8ºANO, POR ESPAÇO DE ESTUDO EM FUNÇÃO DO

NÚMERO DE ALUNOS ................................................................................................................ 70

QUADRO 3 – MÉDIA DOS NÍVEIS DE AVALIAÇÃO DOS ALUNOS QUE PARTILHAM O QUARTO COM OUTRO FAMILIAR

E DOS QUE TÊM UM QUARTO INDIVIDUAL. .................................................................................... 74

QUADRO 4 – MÉDIA DOS NÍVEIS DE AVALIAÇÃO DOS ALUNOS QUE ESTUDAM EM AMBIENTE SILENCIOSO, COM

MÚSICA E/OU COM RUÍDO ......................................................................................................... 75

QUADRO 5 – MÉDIA DOS NÍVEIS DE AVALIAÇÃO DOS ALUNOS QUE MANIFESTAM CONFORTO COM A ILUMINAÇÃO

E DAQUELES QUE MANIFESTAM DESCONFORTO SOBRE A MESMA VARIÁVEL ........................................ 75

QUADRO 6 – MÉDIA DOS NÍVEIS DE AVALIAÇÃO DOS ALUNOS QUE MANIFESTAM CONFORTO COM A

TEMPERATURA E DAQUELES QUE MANIFESTAM DESCONFORTO SOBRE A MESMA VARIÁVEL ................... 76

QUADRO 7 – MÉDIA DOS NÍVEIS DE AVALIAÇÃO DOS ALUNOS QUE MANIFESTAM CONFORTO ERGONÓMICO E

DAQUELES QUE MANIFESTAM DESCONFORTO SOBRE A MESMA VARIÁVEL .......................................... 76

QUADRO 8 – MÉDIA DOS NÍVEIS DE AVALIAÇÃO DOS ALUNOS QUE CONTROLAM O TEMPO DURANTE O ESTUDO E

DAQUELES QUE NÃO CONTROLAM O TEMPO SOBRE A MESMA VARIÁVEL ............................................ 77

QUADRO 9 – MÉDIA DOS NÍVEIS DE AVALIAÇÃO DOS ALUNOS QUE PARTILHAM O QUARTO COM OUTRO FAMILIAR

E DOS QUE TEM UM QUARTO SÓ INDIVIDUAL. ............................................................................... 77

QUADRO 10 – MÉDIA DOS NÍVEIS DE AVALIAÇÃO DOS ALUNOS QUE ESTUDAM EM AMBIENTE SILENCIOSO, COM

MÚSICA E/OU COM RUÍDO ......................................................................................................... 78

QUADRO 11 – MÉDIA DOS NÍVEIS DE AVALIAÇÃO DOS ALUNOS QUE MANIFESTAM CONFORTO COM A

ILUMINAÇÃO E DAQUELES QUE MANIFESTAM DESCONFORTO SOBRE A MESMA VARIÁVEL ...................... 78

QUADRO 12 – MÉDIA DOS NÍVEIS DE AVALIAÇÃO DOS ALUNOS QUE MANIFESTAM CONFORTO COM A

TEMPERATURA E DAQUELES QUE MANIFESTAM DESCONFORTO SOBRE A MESMA VARIÁVEL ................... 79

QUADRO 13 – MÉDIA DOS NÍVEIS DE AVALIAÇÃO DOS ALUNOS QUE MANIFESTAM CONFORTO ERGONÓMICO E

DAQUELES QUE MANIFESTAM DESCONFORTO SOBRE A MESMA VARIÁVEL .......................................... 79

QUADRO 14 – MÉDIA DOS NÍVEIS DE AVALIAÇÃO DOS ALUNOS QUE CONTROLAM O TEMPO DURANTE O ESTUDO E

DAQUELES QUE NÃO CONTROLAM O TEMPO SOBRE A MESMA VARIÁVEL ............................................ 80

Page 15: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

11

Índice de Gráficos

GRÁFICO 1 – A) CORPO DOCENTE; B) CORPO NÃO DOCENTE .................................................................... 27

GRÁFICO 2 – A PERCENTAGEM DE RAPAZES E DE RAPARIGAS POR TURMA E, AINDA, A PERCENTAGEM DE ALUNOS

REPETENTES, TAMBÉM POR TURMA (NO CASO DE HAVER) ............................................................... 29

GRÁFICO 3 –7ºANOS – A) IDADES DOS ALUNOS; B) SEXO DOS ALUNOS ...................................................... 30

GRÁFICO 4 – 8ºANOS – A) IDADES DOS ALUNOS; B) SEXO DOS ALUNOS ..................................................... 31

GRÁFICO 5 – A) ESPAÇO RESIDENCIAL; B) TIPOLOGIA DA RESIDÊNCIA; C) PERCENTAGEM DO NÚMERO DE PESSOAS

QUE RESIDEM COM O INQUIRIDO; D) PERCENTAGEM DE ALUNOS QUE PARTILHA O QUARTO .................. 35

GRÁFICO 6 – DIVISÃO DA HABITAÇÃO ESCOLHIDA PARA ESTUDAR/ FAZER OS TPC ....................................... 37

GRÁFICO 7 – LOCAIS DE ESTUDO NA DIVISÃO QUARTO ........................................................................... 38

GRÁFICO 8 – LOCAIS DE ESTUDO NA DIVISÃO SALA ................................................................................ 39

GRÁFICO 9 – LOCAIS DE ESTUDO NA DIVISÃO COZINHA ........................................................................... 39

GRÁFICO 10 – LOCAIS ONDE COSTUMA ESTUDAR/ FAZER OS TPC NO CENTRO DE ESTUDOS ......................... 40

GRÁFICO 11 – COMO O ALUNO COSTUMA ESTUDAR/ FAZER OS TPC: ....................................................... 41

GRÁFICO 12 – RUÍDO NO ESPAÇO DE ESTUDO: ...................................................................................... 43

GRÁFICO 13 – ILUMINAÇÃO NO ESPAÇO DE ESTUDO: ............................................................................. 44

GRÁFICO 14 – TEMPERATURA NO ESPAÇO DE ESTUDO (HABITACIONAL) .................................................... 45

GRÁFICO 15 – TEMPERATURA NO ESPAÇO DE ESTUDO, NO CENTRO DE ESTUDOS ........................................ 46

GRÁFICO 16 – CONFORTO NO ESPAÇO DE ESTUDO ................................................................................. 47

GRÁFICO 17 – GESTÃO DO TEMPO DE ESTUDO ...................................................................................... 48

GRÁFICO 18 – USO DO COMPUTADOR E TABLET: ................................................................................... 49

GRÁFICO 19 – USO DO TELEMÓVEL E OUTROS EQUIPAMENTOS ELETRÓNICOS: ........................................... 49

GRÁFICO 20 – FORMA DE ESTUDAR .................................................................................................... 50

GRÁFICO 21 – O QUE ACHAM DO ESPAÇO DE ESTUDO ............................................................................ 51

GRÁFICO 22 – O QUE O ALUNO MUDAVA NO SEU ESPAÇO DE ESTUDO (CASA/CENTRO DE ESTUDOS) .............. 52

GRÁFICO 23 – (IN)SATISFAÇÃO DOS ALUNOS QUANTO À DIMENSÃO DO SEU ESPAÇO ................................... 52

GRÁFICO 24 - A) ESPAÇO RESIDENCIAL; B) TIPOLOGIA DA RESIDÊNCIA; C) PERCENTAGEM DO NÚMERO DE

PESSOAS QUE RESIDEM COM O INQUIRIDO; D) PERCENTAGEM DE ALUNOS QUE PARTILHA O QUARTO ...... 54

GRÁFICO 25 – DIVISÃO DA HABITAÇÃO ESCOLHIDA PARA ESTUDAR/ FAZER OS TPC ..................................... 56

GRÁFICO 26 - LOCAIS DE ESTUDO NA DIVISÃO QUARTO .......................................................................... 56

GRÁFICO 27 – LOCAIS DE ESTUDO NA DIVISÃO SALA .............................................................................. 57

GRÁFICO 28 – LOCAIS DE ESTUDO NA DIVISÃO COZINHA ......................................................................... 58

GRÁFICO 29 – LOCAIS ONDE COSTUMA ESTUDAR/ FAZER OS TPC NO CENTRO DE ESTUDOS ......................... 59

Page 16: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

12

GRÁFICO 30 – COMO O ALUNO COSTUMA ESTUDAR NO ESPAÇO HABITACIONAL ......................................... 59

GRÁFICO 31 - COMO O ALUNO COSTUMA ESTUDAR NO CENTRO DE ESTUDOS ............................................ 60

GRÁFICO 32 – RUÍDO NO ESPAÇO DE ESTUDO: ...................................................................................... 61

GRÁFICO 33 – ILUMINAÇÃO NO ESPAÇO DE ESTUDO: ............................................................................. 62

GRÁFICO 34 – TEMPERATURA NO ESPAÇO DE ESTUDO (HABITACIONAL) .................................................... 63

GRÁFICO 35 – TEMPERATURA NO ESPAÇO DE ESTUDO, NO CENTRO DE ESTUDOS ........................................ 63

GRÁFICO 36 – CONFORTO NO ESPAÇO DE ESTUDO ................................................................................. 64

GRÁFICO 37 – GESTÃO DO TEMPO DE ESTUDO ...................................................................................... 65

GRÁFICO 38 – USO DO COMPUTADOR E TABLET: ................................................................................... 66

GRÁFICO 39 – USO DO TELEMÓVEL E OUTROS EQUIPAMENTOS ELETRÓNICOS: ........................................... 67

GRÁFICO 40 – FORMA DE ESTUDAR .................................................................................................... 67

GRÁFICO 41 – O QUE ACHAM DO ESPAÇO DE ESTUDO ............................................................................ 68

GRÁFICO 42 – O QUE O ALUNO MUDAVA NO SEU ESPAÇO DE ESTUDO (CASA/CENTRO DE ESTUDOS) .............. 69

GRÁFICO 43 – (IN)SATISFAÇÃO DOS ALUNOS QUANTO À DIMENSÃO DO SEU ESPAÇO ................................... 69

Page 17: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

13

Lista de abreviaturas e siglas

EBEA ...................................................................... ESCOLA BÁSICA EUGÉNIO DE ANDRADE

TPC ........................................................................ TRABALHOS DE CASA

Page 18: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

14

Introdução

O presente relatório foi desenvolvido ao longo do ano letivo 2020/2021, na Unidade

Curricular de Iniciação à Prática Profissional, do Mestrado em Ensino em Geografia no

3º ciclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário, na Faculdade de Letras da

Universidade do Porto. A experiência letiva decorreu na Escola Básica Eugénio de

Andrade (EBEA), com a lecionação a turmas dos 7º, 8º e 9º anos de escolaridade, que

permitiu uma melhor iniciação à prática educativa.

O objetivo principal deste estudo passou por investigar de que forma o ambiente e o

espaço de estudo interferem no desempenho escolar do aluno, mais concretamente,

verificar se a qualidade e a ergonomia do espaço de estudo interferem na

aprendizagem do aluno. Para concretizar este objetivo foi colocada a seguinte questão

de partida: Será que as condições em que o aluno estuda influenciam o seu

desempenho escolar? Além do objetivo principal foram ainda realçados dois objetivos

secundários, mais especificamente: avaliar se o espaço de estudo do aluno tem

relevância no seu desempenho escolar e analisar se de acordo com o ambiente em que

o aluno estuda os seus resultados e o seu aproveitamento são melhores. Partindo

desta base delinearam-se os objetivos específicos orientadores que estão presentes ao

longo deste estudo de caso:

- Avaliar de que forma a existência de um espaço próprio para o aluno estudar, tem

impacto na sua aprendizagem/desempenho escolar;

- Avaliar de que forma a organização e o conforto do espaço de estudo tem impacto

na sua aprendizagem/desempenho escolar;

- Avaliar de que forma o ambiente envolvente do espaço de estudo tem impacto na

sua aprendizagem/desempenho escolar;

- Avaliar de que forma o ruído do espaço onde o aluno estuda tem impacto na sua

aprendizagem/desempenho escolar;

- Avaliar se a forma como o aluno estuda interfere na sua

aprendizagem/desempenho escolar;

- Avaliar se a existência de um espaço próprio para o aluno estudar facilita a sua

aprendizagem/desempenho escolar.

Page 19: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

15

Estes objetivos foram fundamentais para o desenvolvimento do estudo e para

responder à pergunta inicial.

Para esse fim desenvolve-se uma metodologia dividida em três etapas. Na primeira, foi

fundamental desenvolver um enquadramento teórico de referência. A bibliografia

consultada permitiu dar resposta às questões orientadoras do estudo e assim

desenvolver o capítulo “A qualidade e a ergonomia do espaço de estudo na

aprendizagem” realçando a importância que a ergonomia e a antropometria têm no

espaço físico e consequentemente no ser humano. Permitiu, também, compreender a

importância da qualidade do ambiente, mais concretamente evidenciando as variáveis

temperatura, iluminação e ruído.

A segunda parte deste estudo refere-se à investigação concretizada em contexto de

estágio, desenvolvido na EBEA. Esta aplicação metodológica foi muito importante para

compreender os objetivos definidos no início do estudo. Assim, com o intuito de reunir

os dados necessários para a concretização dos objetivos deste trabalho, recorreu-se a

uma amostra de 58 alunos, 41% dos quais do 7º ano e 59% do 8º ano, aos quais foi

aplicado um inquérito por questionário. Este inquérito incidiu sobre as variáveis

estudadas no capítulo 1, ou seja, ruído, luz, temperatura e conforto no espaço de

trabalho, mais especificamente, no espaço destinado ao estudo de forma a aferir se,

efetivamente, o espaço de estudo e a sua envolvente são fatores que influenciam o

desempenho escolar. Além deste método recorreu-se ainda a uma amostra mais

reduzida, apenas composta por 20 alunos, para se proceder à aplicação de um pedido

de um mapa mental que consistia em os alunos desenharem o espaço referente ao seu

espaço habitacional de acordo com a sua memória. Este exercício teve como objetivo

perceber qual o conhecimento que os alunos tinham do seu espaço quotidiano.

A terceira parte deste estudo centra-se na análise dos dados recolhidos. No caso dos

inquéritos por questionário esta análise é realizada através da aplicação do programa

Microsoft Excel 2012, no caso dos mapas mentais esta análise é realizada tendo por

base essencialmente a observação dos mesmos. Posteriormente, tentar-se-á cruzar os

dados de modo a aferir se os alunos com melhores condições em termos do espaço

físico e qualidade do ambiente têm níveis de classificação superiores aos outros.

Page 20: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

16

Tentar-se-á, ainda, averiguar se as classificações dos alunos que frequentam o Centro

de Estudos são superiores às dos alunos que só estudam no seu espaço habitacional.

Saliente-se, por fim, que não existem muitos estudos relativos à avaliação do impacto

do conforto do espaço doméstico dedicado ao estudo, na aprendizagem dos alunos. A

maioria dos estudos existentes, avaliam o impacto do conforto das salas de aula das

escolas ou dos espaços de trabalho, no rendimento escolar ou profissional. Assim, o

nosso estudo, pretende ser um contributo para o conhecimento entre as

características do espaço doméstico dedicado ao estudo e a aprendizagem dos

estudantes.

Page 21: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

17

1. A qualidade e a ergonomia do espaço de estudo na

aprendizagem

De acordo com Rech, Peiter e Ferreira (2019), “[o] ambiente, hábitos diários e os

espaços que envolvem o ser humano, estão relacionados com a ergonomia, podendo

influenciar a qualidade de vida, quanto ao surgimento de comprometimentos

posturais” (p.1). Assim sendo, o espaço físico é um fator a valorizar, no sentido em que

poderá interferir no sucesso do processo de aprendizagem, mais concretamente, o

espaço habitacional e o espaço dedicado ao estudo, influenciando direta ou

indiretamente a aprendizagem do aluno. Uma vez que na amostra selecionada o

espaço de estudo coincide em 93% com o espaço habitacional, é pertinente

compreender a sua importância. Como se pode confirmar no estudo de Matos (2001),

“[a] habitação é, sem dúvida, uma necessidade básica, uma vez que todos almejamos

um alojamento condigno, tratando-se, aliás, de um dos direitos consagrados na

Constituição da República Portuguesa” (pp. 23-24). O acesso à habitação é

fundamental à sobrevivência quotidiana, permitindo o abrigo contra os elementos

naturais, o conforto e a possibilidade de uma vida familiar. Estar abrigado é muito mais

do que simplesmente estar numa casa. É estar numa casa com determinadas

condições. Implica conforto e espaço suficiente para a família (Matos, 2001). A

qualidade e conforto interior da habitação é fundamental para o bem-estar da

população, principalmente das crianças e jovens, uma vez que passam grande parte do

tempo em casa. Como qualquer outro abrigo, a casa “(…) tem exigências funcionais

consequentes das necessidades humanas, devendo atuar como um filtro do ambiente

natural, modificando o frio excessivo, (…) a humidade elevada (…)” (Monteiro,

1996/97, p. 8). Além disso, a casa é um espaço de construção da personalidade

individual, de socialização, de integração social, de trabalho e ocupação dos tempos

livres (Matos, 2001).

Constata-se, pois, que o espaço habitacional é um fator a ser valorizado, pois, pode

influenciar de sobremaneira o desempenho escolar dos alunos. Além disso, outra

variável muito importante é, também, a qualidade do ambiente de estudo, isto é, a

envolvente do espaço onde o aluno estuda que também poderá influenciar o seu

Page 22: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

18

aproveitamento escolar. Se, por exemplo, o espaço físico for silencioso, bem iluminado

e com boa qualidade do ar, os alunos encontrar-se-ão mais confortáveis, podendo ver

e ouvir melhor e, desse modo, reduzir os momentos de distração.

1.1. Espaço físico

O espaço físico é muito importante para o ser humano, sobretudo quando nos

reportamos ao seu espaço habitacional onde convive e se relaciona com os familiares

mais próximos, onde passa bastante tempo do seu dia, muito mais agora, devido às

circunstâncias impostas pela pandemia do Covid-19, que determinaram o teletrabalho

e aulas online. Assim, o espaço físico deverá estar adaptado às suas necessidades quer

ergonómicas, quer antropométricas. Senão vejamos, segundo Couto (1995), “(…)

ergonomia é um conjunto de ciências e tecnologias que procura a adaptação

confortável e produtiva entre o ser humano e seu trabalho, basicamente procurando

adaptar as condições de trabalho às características do ser humano.” (p. 11). Por outro

lado, a antropometria trata das medidas físicas do corpo humano, não esquecendo,

porém, a enorme variedade de dimensões, de tipos físicos e mesmo de proporções

que o corpo humano apresenta.

Uma das grandes aplicações de medidas antropométricas na ergonomia é na dimensão

do espaço de trabalho/estudo. Aqui são consideradas diversas variáveis como a

postura, o tipo de atividade a realizar e todo o mobiliário presente. É sobretudo desta

última que resultam diversos níveis de interface entre o corpo humano e as

componentes físicas do espaço. O mais comum é entre o ser humano e a cadeira ou o

sofá. O assento ou forma de sentar é provavelmente um dos comportamentos

humanos mais importantes, dado que muitas pessoas chegam a passar mais de 20

horas por dia na posição sentada e deitada (Añez, 2000). Na verdade, a postura é,

frequentemente, determinada pela natureza da tarefa a executar (Dul &

Weerdmeester, 2012). Daí o interesse mais particular pela ergonomia com relação ao

assento ou forma de sentar e das suas implicações nos níveis de concentração quando

se adota uma posição/postura confortável ou desconfortável. “A posição sentada

apresenta vantagens sobre a postura ereta. O corpo fica melhor apoiado em diversas

Page 23: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

19

superfícies: piso, assento, encosto, braços da cadeira, mesa. Portanto, a posição

sentada é menos cansativa (…)” (Dul & Weerdmeester, 2012, p. 27).

Além disso, a organização do espaço físico pode incentivar a aprendizagem (Cruz,

2008) visto que, segundo Castro (2000) “[a] organização do espaço também se

mostrou importante para o aumento da produtividade dos alunos” (p. 10).

Neste sentido, o espaço físico precisa de responder às necessidades de conforto

ergonómico do ser humano visto que o conforto é “(…) a resposta básica e satisfatória

das necessidades do nosso corpo relativamente ao espaço onde se insere.” (Amorim,

2017, p. 81).

1.2. Qualidade do ambiente

“Os fatores ambientais desempenham um grande papel na forma como as pessoas

percebem e usam o espaço (…)” (Hegde, Boucher, & Lavelle, 2018, p. 2). “Os estímulos

do ambiente no qual o indivíduo se insere são captados pelos seus sentidos (…)”

(Amorim, 2017, p. 49) o que possibilita definir, relativamente à conexão conforto-

espaço, três constituintes do conforto: temperatura, iluminação e ruído. Assim, a

qualidade do ambiente pode influenciar direta ou indiretamente o rendimento do

aluno e, neste estudo, a análise foi realizada tendo em consideração essencialmente

essas três variáveis, isto é, a temperatura, a iluminação e o ruído. Estas estão

interligadas com o conceito de conforto. No entanto este último é difícil de ser

definido com rigor, dado que para além das variáveis já apresentadas inclui também a

idade, o género, a organização do espaço e até mesmo questões de carácter social.

A temperatura está ligada com o conforto térmico, a iluminação associada ao conforto

visual e o ruído relacionado com o conforto acústico.

1.2.1. Temperatura

A temperatura é a variável climática mais percetível num espaço (Mueller, 2007), pois

ainda que seja percecionado de forma diferente por cada indivíduo, certas

temperaturas dão “(…) a sensação de conforto, enquanto outras se tornam

desagradáveis (…)” (ibidem, p.52). Mas, “(…) para que a temperatura seja agradável ou

Page 24: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

20

não (...)” (ibidem, p.52), existem muitos fatores associados, tanto físicos (outras

condições térmicas de isolamento) como humanos (idade, género, vestuário, peso e

altura) (Soares, 2017). De acordo com Santos e Fialho (1997) a presença de

temperaturas elevadas num espaço, sendo ele fechado ou não, afeta a produtividade.

O mesmo acontece no caso de as temperaturas serem muito baixas. Na verdade,

perturbações no conforto térmico são acompanhadas de alterações funcionais que

atingem todo o organismo. O calor excessivo proporciona cansaço e sonolência, que

por sua vez reduz a prontidão de resposta e aumenta a tendência a falhas. Todavia,

num ambiente muito frio, o organismo requer a produção de calor para evitar o

arrefecimento do corpo, aumentando assim a atividade corporal, o que diminui a

atenção e a concentração, afetando a execução do trabalho (Siqueira, Oliveira, &

Vieira, 2008).

Segundo um estudo realizado por Monteiro (1996/97) ao conforto térmico do edifício

da FLUP,

(…) cerca de 82% dos estudantes consideraram as salas excessivamente quentes, e, destes, 90% afirmaram já se ter sentido física e/ou mentalmente perturbados. Dores de cabeça, sonolência, dificuldade de concentração, quebras de tensão, alterações na visão e lassidão física, foram sintomas mencionados, recorrentemente pelos estudantes inquiridos” (p. 7).

Assim sendo, para poder existir produtividade no estudo, a temperatura deve estar

adaptada ao espaço para poder existir conforto térmico. Por conseguinte, o conforto

térmico “(…) diz respeito a uma condição mental do ser humano, o qual expressa

satisfação com o ambiente térmico que o rodeia (…)” (Soares, 2017, p. 39), isto é, o

conforto térmico é entendido como o estado de espírito que reflete a satisfação com o

ambiente térmico que envolve a pessoa (Soares, 2017).

Para desencadear mecanismos de atenuação do sobrearrefecimento ou sobreaquecimento interno do organismo, o Homem necessita de esforço. A disponibilidade energética do organismo não é ilimitada e, estes desvios energéticos [tiritar, fazer exercício, transpirar, acelerar o ritmo cardíaco e respiratório, etc], para compensar perdas ou ganhos excessivos de calor, traduzem-se numa diminuição da capacidade de desempenho de certas tarefas (Monteiro, 1996/97, pp. 12-13) como a concentração, por exemplo.

Se as temperaturas interiores forem muito elevadas, superiores a 25oC, associadas a

uma humidade também elevada (acima dos 80%), podem desencadear estados de

Page 25: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

21

stress térmico graves, situação que provoca, lassidão física e perda de capacidade de

atenção (Monteiro, 1996/97).

1.2.2. Iluminação

Cada espaço possui caraterísticas individuais de uso e o conforto de quem o ocupa,

depende da quantidade de luz adequada. Por sua vez, a iluminação de qualquer

espaço deve, preferencialmente, ser feita por luz natural, uma vez que esta

proporciona uma melhor qualidade ao ambiente e fomenta o conforto visual. Ter

conforto visual significa que o nível de iluminação é apropriado ao trabalho a ser

desempenhado sem ter de forçar a visão.

Corbella e Yannas (2003) asseguram que o olho humano se adapta melhor à luz natural

do que à luz artificial. Portanto, a iluminação natural é a preferencial para o uso no

ambiente de trabalho, porém, por vezes o seu uso torna-se muito limitado e, assim

sendo, é aconselhável que se utilizem luzes artificiais para obter a iluminação

desejada. Entende-se por iluminação natural aquela que é proporcionada pela

existência de janelas ou de superfícies envidraçadas, porém, é de salientar que a

entrada de luz solar através destas superfícies deverá ser controlada de modo a evitar

encandeamento no ambiente de estudo (Pais, 2011). “O encandeamento é, de todos

os problemas, o que causa mais desconforto visual. (…) Este desconforto é

proporcionado por excesso de [iluminação] no campo de visão.” (Pais, 2011, p. 35).

Nascimento (2008) afirma que o ofuscamento também ocorre quando uma parte do

ambiente no campo visual é muito mais clara que a restante, causando, assim, uma

grande perturbação na visão.

A iluminação no ambiente de estudo é, pois, um aspeto importante no rendimento do

aluno e, por isso, deve ser uniformemente distribuída e difusa (Siqueira, Oliveira, &

Vieira, 2008). De acordo com Bestetti (2014) “(…) ambientes mal iluminados para

qualquer tipo de trabalho podem causar cansaço visual.” (p. 608).

Verdussen (1978), refere ainda que o ambiente com uma iluminação adequada

oferece benefícios à saúde do ser humano como o aumento da memória, raciocínio

lógico e eficiência.

Page 26: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

22

A escassez de luz impede a visão, mas o excesso de luminosidade, também afeta o sentido da visão, impedindo a focagem e causando desconforto, fadiga visual e dor. O nível de iluminação recomendado para espaços interiores oscila, entre 300-600 lux (Monteiro, 1996/97, p. 10).

Além disso, a iluminação deve apresentar uma aceitável reprodução de cor. De acordo

com um estudo realizado por Küller et al (2006) a luz e a cor influenciam os estados de

humor dos indivíduos e Blanco (2007) acrescenta, ainda, que a cor também tem

interferência no rendimento da realização das tarefas, estimulando reações

psicológicas positivas, como o interesse visual. Saliente-se, ainda, que, uma boa

iluminação no ambiente também contribui para aumentar a satisfação, melhorar a

produtividade e reduzir a fadiga.

Ainda relativamente às cores do espaço, Mueller (2007) afirma que, realmente, as

cores influenciam o ser humano. No seu estudo é possível verificar-se que diferentes

autores citados concordam que as cores, efetivamente, influenciam o ser humano,

porém estes têm perspetivas desiguais. Para Thompson (2003) as cores têm

significados diferentes – “(…) o vermelho e o laranja são estimulantes, amarelo é

alegre, azul e verde são relaxantes” (citado por Mueller, 2007, p. 58). Para Lang (1996)

“(…) as cores claras tendem à aproximação, avanço; as cores sombrias e escuras

tendem ao retrocesso, à desistência” (citado por Mueller, 2007, p. 58). Nos estudos de

Torrice e Engelbrecht (2003) verifica-se que estes autores sugerem que os sistemas

humanos são persuadidos pelas cores e pelos tons das mesmas e, inclusive,

mencionam algumas cores e indicam o que cada cor influencia. Por exemplo, estes

autores declaram que:

• o vermelho influencia a atividade motora;

• o verde influencia a habilidade de comunicação;

• o azul influencia o olfato, a visão e a audição;

• o violeta influencia atividades não verbais (Mueller, 2007).

Mueller ainda adiciona a informação que, de acordo com o estudo de Engelbrecht

(2003) “(…) ambientes monocromáticos são considerados negativos, enquanto

ambientes coloridos são considerados positivos.” (p. 58). O ambiente monocromático

pode proporcionar distração e, consequentemente, falta de concentração e

Page 27: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

23

inquietação. Todavia, a presença de cor no espaço estimula o cérebro e, por sua vez,

ajuda a manter o foco na atividade a realizar (Mueller, 2007).

Além desta importância que a cor desempenha no ser humano, também influencia de

forma significativa nos aspetos associados à iluminação quer seja ela natural ou

artificial. Por exemplo, a utilização de cores claras “pode aumentar a produtividade (…)

e também pode reduzir as ocorrências de ofuscamento e fadiga visual.” (Mueller,

2007, p. 60).

1.2.3. Ruído

“Enquanto o som pode ser definido como uma sensação captada pelo sentido da

audição, segundo determinadas condições objetivas, o ruído é o termo usado para

designar qualquer som indesejável (…)” (Dittz, 2004, p. 26). Deste modo, “(…) devemos

definir ruído como todo o som indesejado presente em um ambiente para a execução

de uma determinada atividade.” (Castro, 2000, p. 181). Assim sendo, de acordo com o

estudo de Dittz (2004) a definição de ruído pode ser objetiva, mas também subjetiva,

isto é, em termos objetivos, “(…) a magnitude do ruído é um aspecto determinante,

assim como a duração e a própria forma de geração do som.” (p. 47). Em termos

subjetivos existem inúmeras variáveis envolvidas, por exemplo: “o que é som para

uma pessoa pode ser ruído para outra; [o que é considerado] som em um determinado

momento, em outro, [já pode ser considerado] ruído (…)” (Dittz, 2004, p. 26). Esta

definição subjetiva depende das condições de cada pessoa, ou seja, depende do seu

humor, gosto, cultura, estado de saúde e, sobretudo, da atividade que estiver a

desempenhar naquele momento (Dittz, 2004).

Assim, sabe-se que, na verdade, o nível de ruído excessivo afeta muito o dia a dia das

pessoas, sobretudo quando é necessário existir o mínimo ruído possível, visto que um

espaço com mais silêncio proporciona uma maior concentração. Todavia, “(…)

sabemos que o ruído é necessário ao ser humano, já que mesmo um ambiente

excessivamente silencioso causa sensações de insegurança e até de medo.” (Bestetti,

2014, p. 608).

Page 28: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

24

Os ruídos “quando são muito intensos ou constantes tendem a produzir um aumento

da sensação de cansaço e desgaste” (Siqueira, Oliveira, & Vieira, 2008, p. 20). Contudo,

as consequências do ruído variam de indivíduo para indivíduo. De acordo com Eniz

(2004), estudos sobre os efeitos do ruído no desempenho demonstram que o ruído

pode dar origem a um decréscimo no desempenho, sendo que os seus efeitos

dependem do tipo de ruído e da tarefa que está a ser realizada (citado por Branco,

2013).

Uma boa acústica ambiental é fundamental na captação da informação. Mesmo sendo

visível que o ruído dificulta o rendimento escolar, os resultados das pesquisas

relacionados com a acústica e a aprendizagem revelam que um “bom som” é

fundamental para um bom desempenho escolar (Mueller, 2007). Um bom ambiente

acústico é fundamental para manter um elevado nível de satisfação e produtividade

(Lucas, 2011). Conforme afirma Basso e Martucci (2002) o conforto acústico no espaço

construído pode ser definido como “(…) a condição em que o usuário não tenha perda

da inteligibilidade da palavra e garantia de um repouso dentro de condições ideais.” (p.

286). Sabendo que a inteligibilidade da palavra pode ser definida de diferentes formas,

pode ser através da comunicação entre duas pessoas, ou através de algum aparelho ou

de algum dispositivo (Basso & Martucci, 2002).

A utilização de “música ambiente” ou a execução de atividades em espaço aberto

podem melhorar o aproveitamento no geral, pois o ruído ambiente não tem

significado, enquanto o ruído dentro de um espaço (por exemplo, mistura de vozes),

tem significado e interfere mais na capacidade de concentração (Castro, 2000).

Page 29: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

25

2. Estudo de caso

2.1. Caraterização da escola em estudo

Para o desenvolvimento deste relatório e de modo a serem percetíveis as

decisões tomadas e o contexto em que se desenrolou esta investigação, considera-se

pertinente efetuar uma breve análise e caraterização sobre a escola, onde se

desenvolveu este trabalho, bem como, sobre as seis turmas selecionadas. Como

referido na introdução, o nosso estágio decorreu na escola sede do Agrupamento de

Escolas Eugénio de Andrade durante o ano letivo 2020/2021 (figura 1).

Figura 1 – Escola Básica Eugénio de Andrade

Este Agrupamento é composto por quatro escolas: a Escola Básica Eugénio de Andrade

(EBEA), a Escola Básica Augusto Lessa, a Escola Básica de Costa Cabral e a Escola Básica

do Covelo (figura 2).

A EBEA está situada na freguesia de Paranhos, na área oriental do concelho do Porto.

Situa-se próxima de infraestruturas fundamentais que facilitam a sua acessibilidade a

toda a comunidade escolar: próxima da Autoestrada A20 (Via de Cintura Interna),

Page 30: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

26

próximo da linha 204 do autocarro STCP e de uma das estações da linha D (linha

amarela) do metro do Porto (estação Salgueiros) (figura 2).

Figura 2 – Localização das escolas que fazem parte do Agrupamento

De acordo com o Anexo I do Projeto Educativo (2017-2021) o agrupamento tem um

total de 1117 alunos, 751 (67%) integram o pré-escolar e o 1º ciclo (divididos por 37

turmas) e 366 (33%) constituem o 2º e 3º ciclo (distribuídos por 26 turmas). Do total

de alunos sabe-se que 777 (70%) dos mesmos residem na freguesia de Paranhos e 339

(30%) residem em outras freguesias.

Do corpo docente total, só 29% são professores do 3º ciclo, estando os restantes

distribuídos pelos outros níveis de ensino, incluindo Educação Especial (gráfico 1.a). O

corpo não docente conta 63 pessoas, sendo que 13% são Terapeutas da Fala e 11%

Intérpretes de Língua Gestual Portuguesa (ILGP) (gráfico 1.b).

Page 31: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

27

Gráfico 1 – a) corpo docente; b) corpo não docente

Em relação ao edificado de construção do “tipo Brandão” este distribui-se por vários

pavilhões1:

Pavilhão A – conta com oito salas de aula e um laboratório de ciências

experimentais; Pavilhão B – tem seis salas de aula, uma de informática, um laboratório

de ciências experimentais, uma sala museu de Biologia e Geologia e um gabinete de

Matemática. O Pavilhão C – dispõe de oito salas de aula, um gabinete do Serviço de

Psicologia e Orientação; Pavilhão D – conta com nove salas de aula, dois gabinetes

destinados a sessões de terapia da fala, uma sala de museu de surdos, uma sala de

produção de materiais didáticos para a educação bilingue de alunos surdos (este

pavilhão é centrado nos recursos para o ensino bilingue dos alunos surdos). Conta,

também, com um pavilhão gimnodesportivo com galeria e um pavilhão polivalente

com dois pisos (AEEA, 2017-2021).

1 Apenas são mencionadas as salas, laboratórios, museus e gabinetes de cada pavilhão.

29%

21%21%

18%

6%5%

3º ciclo

Educadoras

2º ciclo

Ed. Especial

1º ciclo

Apoio Educativo

a)

56%

17%

13%

11%3%

AssistenteOperacional

AssistenteTécnico

Terapeuta daFala

ILGP

Psicóloga

b)

Page 32: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

28

Figura 3 - A entrada de cada um dos Pavilhões (A, B, C e D)

Esta escola não foi intervencionada pelo plano nacional “Parque Escolar” e, como tal, o

seu espaço físico já se encontra desadequado às necessidades dos alunos atuais.

Desde sempre que, “esta escola e o Agrupamento são reconhecidos como uma

referência na educação bilingue dos alunos surdos” (AEEA, 2017-2021, p. 6).

2.2. Metodologia

2.2.1. Caraterização da amostra

Este estudo foi concebido nas turmas regidas pela orientadora cooperante. A

experiência de lecionar realizou-se no 3º ciclo do Ensino Básico.

Page 33: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

29

Para proceder à análise para este ensaio foram selecionadas seis turmas do 3º ciclo do

Ensino Básico, mais especificamente 7ºX, 7ºY, 8ºW, 8ºK, 8ºWS e 8ºKS 2. Deste

modo a amostra em análise é composta por um total 58 alunos, mais especificamente

24% raparigas e 17% rapazes de 7ºano e 28% raparigas e 31% rapazes de 8º ano.

Gráfico 2 – A percentagem de rapazes e de raparigas por turma e, ainda, a percentagem de

alunos repetentes, também por turma (no caso de haver)

No caso dos 7ºanos (7ºX e 7ºY) as idades variam entre os 12 e os 16 anos (gráfico

3.a). Em relação ao sexo pode constatar-se, observando o gráfico 3.b), que 58% dos

inquiridos são do sexo feminino e 42% do sexo masculino, ou seja, existe uma

discrepância entre os dois sexos com alguma evidencia e que contrasta com a

tendência escolar em Portugal nos Ensinos Básico e Secundário pois, regra geral,

existem mais alunos do sexo masculino do que do sexo feminino3. Estas turmas são

compostas, na totalidade, somente por alunos portugueses.

2 Estes não são os nomes originais das turmas, com o intuito de garantir o anonimato. 3 Ver informação contida no portal do Ministério de Educação: https://infoescolas.mec.pt/3Ciclo/

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

7ºX 7ºY 8ºW 8ºK 8ºWS e 8ºKS

%

Rapazes Raparigas repetentes

Page 34: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

30

Gráfico 3 –7ºanos – a) idades dos alunos; b) sexo dos alunos

No caso dos 8ºanos (8ºW, 8ºK, 8ºWS e 8ºKS) as idades dos inquiridos estão

compreendidas entre os 13 e os 16 anos, correspondendo a maioria à idade de 14 anos

(53%) (gráfico 4.a). Em relação ao sexo pode constatar-se, que 53% dos inquiridos são

do sexo masculino e 47% do sexo feminino (gráfico 4.b), ou seja, existe uma pequena

discrepância entre os dois sexos, contudo esta está de acordo com a tendência escolar

em Portugal nos Ensinos Básico e Secundário pois, geralmente existem mais alunos do

sexo masculino do que do sexo feminino4. Estas turmas, além dos alunos portugueses

contém, ainda, alunos provenientes do Brasil, Espanha, Suíça e Timor. As turmas

8ºWS e 8ºKS são duas turmas formadas exclusivamente por alunos surdos, sendo

um deles de origem israelita5, não dominando a língua portuguesa nem a inglesa, o

que implica a presença de um tradutor na sala de aula.

4 Ver informação contida no portal do Ministério de Educação: https://infoescolas.mec.pt/3Ciclo/ 5 Este aluno não integra esta amostra devido à sua família, não ter permitido a sua participação no trabalho.

0

20

40

60

80

100

12 13 14 15 16

%

idades

a)

0

20

40

60

80

100

feminino masculino

%

sexo

b)

Page 35: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

31

Gráfico 4 – 8ºanos – a) idades dos alunos; b) sexo dos alunos

2.2.2. Inquérito por questionário

Para a realização deste estudo recorreu-se à aplicação do inquérito por questionário,

sendo considerado o método mais correto, pois segundo Quivy e Champenhoudt

(1992) a utilização do inquérito por questionário é particularmente adequado à “(…)

análise de um fenómeno social que se julga poder aprender melhor a partir de

informações relativas aos indivíduos da população em questão” (p. 191). Deste modo,

o inquérito por questionário constitui uma ferramenta valiosa de recolha de

informação no sentido em que possibilita investigar o comportamento e a frequência

de certas variáveis antecipadamente definidas na construção do modelo de análise

numa dada população previamente selecionada.

A escolha deste método, deve-se ao facto de se poder quantificar um conjunto de

dados, relacionados com o comportamento, valores ou opiniões dos inquiridos e, por

conseguinte, permitir análises de correlação (Quivy & Champenhoudt, 1992).

Considera-se o inquérito por questionário, um trabalho delicado e, por isso, a

composição deste tipo de recolha de dados requer alguma cautela, conforme refere

Bell (1997) “[a] formulação das perguntas não é tão fácil como pode parecer, sendo

também necessário conduzir cuidadosamente o inquérito por forma a garantir que

todas as perguntas signifiquem o mesmo para todos os inquiridos.” (p. 27).

Este instrumento de recolha de dados tem de estar obrigatoriamente relacionado com

a questão de partida do estudo, e, inclusive, tem de ir ao encontro dos objetivos que

acompanham o trabalho.

0

20

40

60

80

100

13 14 15 16

%

idades

a)

0

20

40

60

80

100

masculino feminino

%

sexo

b)

Page 36: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

32

Na elaboração dos inquéritos por questionários teve-se presente as normas

consideradas importantes para a construção deste método, detalhadamente ao nível

da apresentação, estrutura e linguagem.

2.2.3. Mapa mental

Os mapas mentais são desenhos criados a partir das observações emotivas, da

experiência humana no lugar e não se baseiam em informações rigorosas e

precisamente estabelecidas, porque, “a razão objetiva, (...) se refere à existência

humana mesmo que esta não possa ser expressa em categorias de quantidade”

(Holzer & Holzer, 2006, p. 202). A existência é intercalada por símbolos.

“Nos últimos trinta anos a representação espacial obteve uma significativa inclusão nas

propostas pedagógicas, principalmente no que se refere à disciplina de Geografia”

(Richter, 2011, p. 117), o que significa que, atualmente, “(…) o uso e a construção do

mapa estão muito próximos do processo de ensino-aprendizagem de Geografia (…)”

(Richter, 2011, p. 117).

Os mapas mentais são produções da imagem percebida/vivida, da perceção de cada

indivíduo. Os mapas mentais revelam como o lugar é compreendido e vivido. Além

disso, os mapas mentais proporcionam ao seu autor “(…) incluir elementos subjetivos

que, na maioria das vezes, não estão presentes nos mapas tradicionais. Essa

característica torna mais rica essa representação de próprio punho, por incluir

contextos que podem ampliar a compreensão do espaço.” (Richter, 2011, p. 126).

O processo de desenvolvimento mental passa por etapas que se realizam, mais cedo

ou mais tarde, em função das experiências e do meio onde o indivíduo adquire

informações que refletem diretamente na perceção.

O mapa mental tem como objetivo, avaliar o nível da consciência espacial dos alunos,

ou seja, entender como compreendem o lugar onde vivem. Neste trabalho, pretendeu-

se perceber, através do mapa mental desenhado pelos alunos, a organização do

espaço onde estudam, para se tentar aferir as suas caraterísticas físicas e de conforto.

Page 37: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

33

Para este parâmetro utilizou-se como base a metodologia Kozel (2007) adaptada, que

visa descodificar a mensagem dada nos desenhos elaborados por aqueles que

vivenciam experiências num determinado espaço.

A aplicação deste exercício que integra, também, parte da metodologia deste trabalho,

foi importante dado que

o uso dos mapas mentais nas atividades escolares abre a possibilidade para que o professor de Geografia observe e reconheça como os estudantes integram a realidade e os elementos do cotidiano com os conteúdos científicos a partir de diferentes escalas geográficas, e identifique

suas leituras e interpretações do espaço (Richter, 2011, p. 135).

Page 38: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

34

3. Apresentação e análise dos dados obtidos

Neste capítulo vão ser analisados os resultados dos inquéritos por questionário

realizados aos alunos, de onde recolhemos informações bastante importantes para

responder à nossa questão de partida.

Assim, os dados recolhidos nas dezassete questões fechadas (inquérito aos alunos)

foram tratados, através da aplicação do programa Microsoft Excel 2012 e serão

apresentados graficamente como suporte de apoio da análise.

Os dados recolhidos na única questão de resposta aberta, foram igualmente tratados,

recorrendo à mesma aplicação.

3.1. Análise do inquérito por questionário

Com uma amostra composta por seis turmas diferentes, optou-se pelo seguinte

método de análise:

1. Para o 7º ano, os dados dos inquéritos das duas turmas serão

agrupados de forma a permitir uma análise comparativa mais

sustentada. Tal se deve ao facto de que, face ao objetivo de comparar

os níveis de avaliação finais a Geografia, dos alunos que frequentam o

centro de estudo e os que não frequentam, verificou-se que, após

recolhidos os resultados, que numa das turmas só existia um aluno

nessa situação. Assim, a análise por turma seria menos conclusiva.

2. Para o 8ºano o processo de análise será idêntico ao de 7º ano, uma

vez que a situação é exatamente a mesma.

3.1.1. Análise dos inquéritos por questionário de 7ºano

Como mencionado anteriormente, sabe-se que a amostra de 7ºano é composta por 24

alunos.

Como se pode observar no gráfico 5.a), a grande maioria dos inquiridos reside em

apartamentos (67%), dado estarmos numa área da cidade onde esta tipologia

habitacional predomina. Na verdade, nos espaços urbanos de grande dimensão, como

é o caso da cidade do Porto, o perfil do edificado, é composto, em grande parte, por

edifícios mais altos e com mais alojamentos, particularmente nas freguesias da coroa

Page 39: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

35

envolvente ao centro da cidade, como é o caso da freguesia de Paranhos, onde se

insere este agrupamento (Câmara Municipal do Porto, 2018). Praticamente todos os

restantes inquiridos residem em moradias unifamiliares (29%).

Quanto à tipologia do alojamento, 58% dos alunos afirma residir num T3, (gráfico 5.b)

isto é, um espaço residencial com 3 quartos. Quanto à dimensão do núcleo familiar

38% é constituído por 3 pessoas (gráfico 5.c). Contudo se se somar as percentagens

dos alunos que residem em famílias com 5 e 6 pessoas obtém-se um total de 34%, que

associado aos 4% de alunos que habitam um T5, leva-nos a colocar a seguinte questão:

será que com tantos indivíduos a residir no mesmo espaço o aluno tem um espaço de

estudo individualizado? Através dos dados do gráfico 5.d) pode concluir-se que,

efetivamente, existe uma percentagem considerável de alunos que partilha o quarto

com um outro familiar (42%), o que muito possivelmente significa que estes alunos

não dispõem de um espaço apenas destinado a si próprios para poderem estudar.

Gráfico 5 – a) espaço residencial; b) tipologia da residência; c) percentagem do número de

pessoas que residem com o inquirido; d) percentagem de alunos que partilha o quarto

0

20

40

60

80

100

apartamento moradia outra situação(instituição)

%

espaço onde vive

a)

0

20

40

60

80

100

3 4 5 6

%

nº de pessoas

c)

0

20

40

60

80

100

T2 T3 T5

%

nº de quartos

b)

58%

42%não

sim

d)

Page 40: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

36

Como referimos no capítulo/ponto 1 deste relatório, a escolha do local de estudo,

pode interferir no rendimento do aluno. No gráfico 6 podemos observar quais os locais

do espaço habitacional mais escolhidos pelos alunos para esse efeito. O quarto é,

notoriamente, o local mais referido pelos alunos (52%), muito, provavelmente, porque

é neste espaço, que possuem a sua secretária, os seus materiais/ ferramentas e é o seu

espaço de estar. A sala é, o segundo espaço mais mencionado, pelos alunos para

estudar (36%), certamente porque não dispõem de um espaço individualizado, dado o

elevado número de pessoas que partilham a habitação, tendo de dividir o quarto com

outros membros. Assim, sendo, de forma a conseguir estar mais concentrado, cada

indivíduo ocupa um espaço diferente, de modo a que possam ter a sua privacidade

para estudar. Pode-se também, colocar a hipótese de o aluno procurar a sala, por ser

um espaço mais amplo ou mais confortável, para estudar de forma mais relaxada.

Contudo, convém salientar que, a sala é, normalmente, o espaço de convívio familiar,

onde se encontra um conjunto de equipamentos, como o televisor, por exemplo, e o

aluno, pode cair na tentação de o ligar durante o período de estudo, o que pode

causar, maiores níveis de desconcentração.

A cozinha surge como um dos espaços menos escolhido para estudar (9%). Tratando-

se, de um espaço de confeção de refeições, onde a presença dos pais, é mais

frequente, sobretudo, em determinadas horas do dia, podemos colocar a hipótese de

o aluno procurar este espaço para poder ter o apoio, dos progenitores/tutores, no seu

estudo.

Page 41: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

37

Gráfico 6 – Divisão da habitação escolhida para estudar/ fazer os TPC

Relativamente, ao local mais escolhido pelos alunos para estudar no seu quarto

(gráfico 7), verifica-se. que, 52% selecionaram a secretária, sendo, naturalmente, o

local mais funcional e confortável para o fazer. O segundo local mais preferido para

estudar é a cama (39%). É uma percentagem com algum impacto, se tivermos em

atenção, o facto do nosso cérebro, associar o ato de sentar ou deitar na cama à

sensação de conforto e ao ambiente de sono, o que consequentemente pode provocar

um aumento da vontade de dormir, situação que, por sua vez, poderá diminuir a

concentração do aluno. Por último, o tapete/ chão, também é um dos locais escolhidos

para estudar. Por norma não é o espaço mais adequado para essa atividade, pois, mais

uma vez, o nosso cérebro associa à posição de deitado, às sensações de descontração

e sono.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

No quarto Na sala Na cozinha Outro

%

espaço preferencial para estudar (em casa)

Page 42: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

38

Gráfico 7 – Locais de estudo na divisão quarto

Quanto aos locais mais escolhidos pelos alunos para estudar na sala (gráfico 8). É

notório que o local mais selecionado é a mesa (69%), dado ser, esse espaço o sítio mais

apropriado para estudar, uma vez que, o aluno, pode colocar tudo o que precisa para

estudar disposto sobre a mesa, sendo, igualmente, o local, adequado para escrever. O

segundo local mais preferido pelos alunos para estudar é o sofá (25%). É uma

percentagem com pouco impacto, contudo é um local que deveria ser evitado (tal

como a cama) pois automaticamente o corpo relaxa e associa essa sensação de mais

conforto ao sono, logo pode diminuir a concentração.

52%

39%

9%

Na secretária

Na cama

No chão/ tapete

Page 43: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

39

Gráfico 8 – Locais de estudo na divisão sala

Conforme podemos observar, no gráfico 9, o local mais escolhido pelos alunos para

estudar na cozinha, é a mesa (75%), local que, lhe permite colocar todo o material

necessário e permite-lhe possivelmente aproveitar quando um dos

progenitores/tutores, está a preparar as refeições para pedir auxílio, no seu estudo. O

outro local escolhido para estudar, na cozinha, é o balcão (25%), que também, lhe

possibilita dispor o seu material.

Gráfico 9 – Locais de estudo na divisão cozinha

69%

25%

6%

Na mesa

No sofá

No chão/ tapete

75%

25%

Na mesa

No balcão

Page 44: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

40

Relativamente aos locais onde o aluno costuma estudar no Centro de Estudos existem

duas possibilidades: ou numa sala comum ou numa sala individual.

Observando o gráfico 10 verifica-se que, na sala comum, o local mais selecionado é a

mesa comum com 79% o que significa que, o aluno além de estudar na mesma sala

que outros alunos, também, partilha a mesa de estudo com outros alunos. Esta

situação, pode ser positiva, visto que proporciona entreajuda, contudo, também pode

ser prejudicial, uma vez que, pode afetar o rendimento do aluno tendo em conta que a

probabilidade de distração será maior. Ainda na sala comum, também se observa uma

pequena percentagem de alunos que estudam numa mesa individual (14%). Esta

opção, pode contribuir para a redução da desconcentração, dado que o aluno, não se

encontra tão próximo dos seus colegas. Apesar de ter pouca representatividade, a

opção de sala individual e consequente mesa individual também, foi assinalada. Muito

naturalmente esta é a opção mais apropriada à concentração, rendimento e

desempenho do aluno.

Gráfico 10 – Locais onde costuma estudar/ fazer os TPC no Centro de Estudos

No gráfico 11.a) é possível observar como estuda o aluno quando realiza essa atividade

no espaço habitacional. Constata-se que a maioria (81%) estuda sozinho, não tendo o

apoio dos progenitores/tutores, enquanto os restantes (19%) têm os pais a cooperar e

a ajudar no seu estudo, auxiliando-os a ultrapassar eventuais dificuldades ou dúvidas.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Numa mesa comum Numa mesa individual Numa mesa

Numa sala comum Numa sala à parte

%

Page 45: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

41

Relativamente aos alunos que frequentam Centro de Estudos, gráfico 11.b), verifica-se

que, as diferentes formas de estudo dos alunos apresentam, um peso praticamente

igual, ainda que, o estudo acompanhado pelo professor seja ligeiramente superior

(com 36%).

Gráfico 11 – como o aluno costuma estudar/ fazer os TPC:

a) em casa; b) no Centro de Estudos

A análise da variável ruído, do espaço de estudo na habitação (gráfico 12.a) permite

constatar que 41% dos alunos considera o mesmo silencioso, o que, à partida, poderá

ser considerado um fator positivo pela associação que é feita entre silêncio e

concentração, como vimos no ponto 1.2.3 do capítulo 1.

Observa-se ainda que 31% dos alunos afirma ouvir música durante o seu estudo. Esta

atitude aproxima-se do salientado por Mueller (2007) quando refere que um “bom

som” envolvente é fundamental para a aprendizagem e para um bom desempenho

escolar. Depreende-se daqui, obviamente, que a opção da música por parte do aluno

esteja associada a algo que lhe transmite bem-estar e que poderá potenciar a sua

concentração, até, eventualmente, contra outro tipo de ruídos indesejáveis ou

perturbadores. Além de que ouvir música melhora o humor, e, só por isso, pode

contribuir para encarar o estudo com uma atitude mais positiva (Schäfer, Sedlmeier,

Städtler, & Huron, 2013).

Existe ainda uma percentagem considerável de alunos que afirma estudar com ruído

de fundo, como por exemplo a televisão (22%), e com outras pessoas a conversar na

0

20

40

60

80

100

sozinho com os pais

%

como estuda

a)

0

20

40

60

80

100

com oprofessor

sozinho com os colegas

%

como estuda

b)

Page 46: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

42

envolvente (6%). Ambas as situações não parecem propiciar as condições mais

benéficas para a concentração que o estudo exige. Como já referido anteriormente, o

aluno opta muitas vezes por colocar música, para tentar combater esses ruídos6.

A análise da variável ruído, do espaço de estudo no Centro de Estudos (gráfico 12.b)

permite constatar que 45% dos alunos estuda num espaço onde predomina o ruído de

outras pessoas a conversar na envolvente. Esta situação, pode facilitar perda de

concentração7, contudo, há alunos, que conseguem ter mais capacidade de

concentração, em ambientes com algum ruído, do que em ambientes silenciosos. Além

de que, provavelmente, esse ruído é consequência do facto de estudarem numa sala

comum, com outros alunos, como vimos acima.

Acresce ainda dizer que 25% dos alunos assegura estudar nesse espaço a ouvir música

individualmente, o que muito provavelmente será uma tentativa de minimizar a

audição do ruído envolvente perturbador da concentração necessária para estudar.

Estranhamente, 15% dos alunos dizem que, neste mesmo espaço, têm como ruído de

fundo um canal de televisão. Atendendo à função que desempenham, os Centros de

Estudos, não deveriam possuir televisão, muito menos, ligada, situação que não

compreendemos. Será que não incentiva à distração/desconcentração ou será que

existe alguma função pedagógica que se desconhece?

Apenas 15% dos alunos considera que estuda num espaço silencioso no Centro de

Estudos o que é um fator positivo quando associado à concentração, aprendizagem,

rendimento e desempenho escolar mais profícuo.

6 Ver Ensino, disponível em: https://canaldoensino.com.br/blog/como-estudar-com-barulho-e-de-forma-eficiente 7 Idem, ib.

Page 47: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

43

Gráfico 12 – ruído no espaço de estudo:

a) habitação; b) Centro de Estudos

Da comparação da variável ruído nos dois espaços em análise (gráfico 12 a e b) infere-

se com facilidade que o peso que o silêncio tem, no espaço casa, só se encontra

paralelo com o peso das pessoas a conversar no Centro de Estudos. Tendo presente

que a análise recai sobre a envolvente do aluno no seu momento de estudo, estas

duas situações literalmente opostas, poderão trazer conclusões finais também

bastante diferenciadas.

Pela análise da variável iluminação, no espaço habitacional, gráfico 13 é possível

constatar que 86% dos alunos consideram que o espaço onde estudam dispõe de boa

iluminação e somente 14% se referem a esta como deficiente. Verdussen (1978)

afirma que um ambiente com uma iluminação adequada oferece benefícios à saúde do

ser humano, como o aumento da memória, raciocínio lógico e eficiência. Além disso,

uma boa iluminação no ambiente, também, contribui para aumentar a satisfação e

melhorar a produtividade. Em conformidade com o estudo de Bestetti (2014) apenas

14% podem sofrer cansaço visual devido ao ambiente mal iluminado.

Em relação à iluminação, no Centro de Estudos, todos os alunos consideram que o

espaço tem boa iluminação. Como afirma Siqueira, Oliveira e Vieira (2008) a

iluminação no ambiente de estudo é um aspeto importante no rendimento do aluno e,

pelos dados obtidos, este elemento, não parece constituir um fator negativo, neste

espaço de estudo.

0 20 40 60 80 100

Pessoas a conversar

Ruído de fundo (ex:televisão)

Música (do próprio)

Silencioso

%

a)

0 20 40 60 80 100

Silencioso

Ruído de fundo (ex:televisão)

Música (do próprio)

Pessoas a conversar

%

b)

Page 48: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

44

Gráfico 13 – iluminação no espaço de estudo:

a) habitação; b) Centro de Estudos.

Relativamente à variável temperatura, no espaço habitacional, o gráfico 14 permite

observar que, no período de calor, 36% dos alunos considera o seu espaço de estudo

quente. Todavia, 64% dos alunos considera este fresco. Ainda que cada indivíduo reaja

corporalmente à temperatura ambiente de forma diferenciada, empiricamente pode-

se afirmar que a temperatura deverá estar adaptada ao espaço para existir

produtividade. Nem o calor excessivo, nem o frio excessivo são condições favoráveis

ao estudo, podendo alterar a capacidade de resposta mental e motora do aluno, como

vimos no capítulo 1.

Ainda no gráfico 14, mas agora no período de frio, pode-se observar que 73% dos

alunos considera o espaço quente. Este valor é bastante significativo e reflete a

existência de condições térmicas favoráveis ao aluno e que torna o espaço de estudo

mais confortável. Contudo, 27% dos alunos considera o espaço frio, não tendo,

portanto, reunidas estas condições.

0 20 40 60 80 100

má iluminação

boa iluminação

%

ilum

ina

ção

a)

0 20 40 60 80 100

má iluminação

boa iluminação

%

ilum

ina

ção

b)

Page 49: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

45

Gráfico 14 – temperatura no espaço de estudo (habitacional)

Após uma análise geral dos dois períodos é possível verificar-se que a variável

temperatura é um fator muito falível em termos de análise visto que cada ser humano

sente de forma diferenciada o calor e o frio. Ainda assim, nota-se que na habitação

existe uma maior preocupação no período de inverno em manter o espaço aquecido,

tornando-o mais confortáveis.

No que concerne ao Centro de Estudos, observando o gráfico 15, é possível constatar-

se que, no período de calor, 46% dos alunos consideram que o mesmo se encontra

quente e 54% considera fresco. Já no período de frio 38% dos alunos sente-se

confortável em termos de temperatura, mas 62% parece considerar o espaço frio.

Muito provavelmente terão um melhor rendimento no estudo aqueles em que esta

variável não trouxer desconforto e afetar diretamente a atividade corporal no seu

todo.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

quente fresco quente frio

período calor período frio

%

Período de calorPeríodo de calor Período de frio

Page 50: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

46

Gráfico 15 – temperatura no espaço de estudo, no Centro de Estudos

Após uma análise geral dos dois períodos é possível verificar que a variável

temperatura em termos de espaço de estudo do aluno no Centro de Estudos é mais

equilibrada ainda que no período de temperaturas mais baixas, a sensação de frio se

saliente mais neste espaço.

Em termos de conforto ergonómico os valores são muito semelhantes tanto no espaço

casa como no Centro de Estudos. Observando o gráfico 16, pode constatar-se que

grande parte dos alunos considera que estuda numa posição confortável (86% e 85%,

respetivamente), o que significa que estes alunos estudam numa postura que lhes

proporciona mais conforto. Assim, é possível afirmar que muito provavelmente o

espaço está adaptado às suas medidas, ou seja, o espaço responde às necessidades de

conforto ergonómico do ser humano.

Contudo, existe uma pequena percentagem (14% e 15%) que considera que estuda

numa posição desconfortável. Como referimos no ponto 1.1 do capítulo 1, uma má

postura, pode contribuir para uma menor qualidade do tempo de estudo,

desencadeando mais cansaço físico e dor postural. Pode, também, acontecer que o

próprio espaço físico não esteja adaptado às medidas antropométricas do aluno e,

consequentemente, também não responde às necessidades de conforto ergonómico

do mesmo.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

quente fresco quente frio

período calor período frio

%

período de calor período de frio

Page 51: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

47

Gráfico 16 – conforto no espaço de estudo

Relativamente à gestão do tempo de estudo do aluno quer no espaço habitacional,

quer no Centro de Estudos (gráfico 17), verifica-se que, em ambos os espaços os

valores são semelhantes. Na verdade, a maioria dos alunos não controla o tempo

quando estuda. Contudo, a ausência de controlo de tempo é mais notória no Centro

de Estudos (77%) do que em casa (62%).

Assim sendo, é possível afirmar que no espaço habitacional os alunos têm uma maior

preocupação em gerir o seu tempo de estudo (38%). Possivelmente esta preocupação

da gestão do tempo, mais evidente no espaço habitacional, deve estar associado ao

facto de os alunos estudarem sozinhos sem qualquer tipo de controlo por parte de

outrem e, como tal, acabam por se ver obrigados a disciplinarem-se e a planear um

tempo para se dedicar ao estudo.

Ao contrário do que acontece no Centro de Estudos, onde geralmente, existe um

professor ou alguém que faz a gestão do tempo nesse mesmo espaço e, como tal, o

aluno já não precisa de ter tanta preocupação com esse facto.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

estudo numaposição

confortável

estudo numaposição

desconfortável

estudo numaposição

confortável

estudo numaposição

desconfortável

em casa no centro de estudos

%

Page 52: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

48

Gráfico 17 – gestão do tempo de estudo

Em termos de uso de dispositivos como o computador ou o tablet (gráfico 18.a)

verifica-se que, no espaço casa estes são muito utilizados como apoio ao estudo (48%),

contudo existe também uma elevada percentagem (42%) que utiliza esses mesmos

dispositivos como fonte de distração, o que pode ser prejudicial uma vez que o foco no

estudo irá diminuir. Apenas 10% dos alunos não utiliza estes dispositivos durante o

estudo como forma de distração ao mesmo.

Contrariamente, no Centro de Estudos (gráfico 18.b) verifica-se que dispositivos como

o computador ou tablet numa percentagem elevada (57%) nem sequer são utilizados

durante o período de estudo. Ainda assim, quando recorrem a estes aparelhos, a

maioria refere que o faz como auxílio ao estudo (29%). Neste espaço, apenas 14% dos

alunos utiliza estes dispositivos como distração ao estudo.

Em ambos os espaços se verifica uma percentagem considerável de alunos que utiliza

estes dispositivos como apoio ao estudo o que é muito positivo visto que, atualmente

existem muitas aplicações úteis que auxiliam o estudo de diversas matérias, sendo

muitas vezes, mais interativas que os manuais escolares.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

não controlo otempo

controlo o tempo não controlo otempo

controlo o tempo

em casa no centro de estudos

%

Page 53: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

49

Gráfico 18 – uso do computador e tablet:

a) em casa; b) no Centro de Estudos

Relativamente ao uso de telemóvel e outros equipamentos eletrónicos é possível

constatar-se, que, dentro do espaço casa, a maioria dos alunos (56%) utiliza esses

equipamentos como distração ao estudo ao contrário do que acontece no Centro de

Estudos (gráfico 19 a e b), existindo a mesma percentagem de alunos (36%) que

afirmam utilizar os mesmos como apoio ao estudo ou não os utilizam. Contudo, é de

assinalar que 28%, usam estes equipamentos como distração ao estudo.

Gráfico 19 – uso do telemóvel e outros equipamentos eletrónicos:

a) no espaço habitacional; b) no Centro de Estudos

48%

42%

10%

uso como apoio ao estudo

uso como distração

não uso computador nem tablet

a)

56%

38%

6%

uso como distração

uso como apoio ao estudo

não uso telemóvel nem outros equipamentos

a)

57%29%

14%

não uso computador nem tablet

uso como apoio ao estudo

uso como distração

b)

36%

36%

28%

uso como apoio ao estudo

não uso telemóvel nem outros equipamentos

uso como distração

b)

Page 54: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

50

Em relação à forma de estudar os alunos tinham duas opções de escolha: a correta ou

a desorganizada. Através do gráfico 20 é possível constatar que 75% dos alunos

considera que estuda de forma correta. Contudo, os restantes 25% afirmam que

estudam de forma desorganizada. Essa desorganização, muito possivelmente, deve-se

à falta de espaço para estudar ou, eventualmente, à falta de acompanhamento.

Ironicamente, verifica-se que destes 25% que afirmam estudar de forma

desorganizada, 13% frequentam o Centro de Estudos. Portanto, levanta-se a seguinte

questão: se o aluno está a frequentar um Centro de Estudos e o mesmo está a ter um

custo para o Encarregado de Educação os professores desse espaço não deveriam

orientar a organização do estudo dos seus educandos?

Gráfico 20 – forma de estudar

A última questão visou obter a opinião dos alunos quanto ao seu espaço de estudo. Os

dados do gráfico 20 mostram que 58% dos alunos considera o seu espaço de estudo

ideal. Todavia 29% afirma que esse espaço poderia ser melhor. Importa, porém, referir

que 8% destes frequenta o Centro de Estudos pelo que a sua opinião recai sobre esta

instituição e não sobre o seu espaço habitacional (gráfico 21).

75%

25%

correta desorganizada

Page 55: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

51

Gráfico 21 – o que acham do espaço de estudo

Por último, analisando a única questão de resposta aberta, relativa ao que o aluno

mudava no seu espaço de estudo. É possível afirmar que 50% dos alunos referem que

não mudavam nada no seu espaço de estudo (gráfico 22), o que, de certo modo está

em concordância com a questão anterior, uma vez que a maioria considerou o espaço

como o ideal, demostrando, assim, que estão satisfeitos com o mesmo. Contudo, 25%

dos alunos afirmam que gostariam de ter mais espaço e, curiosamente, 21% destes

nem sequer partilha o quarto com outro familiar (gráfico 23). Ter um computador,

uma secretária ou ter mais apoio por parte de alguém, são também, algumas das

razões assinaladas, o que demostra uma certa preocupação com a necessidade de ter

instrumentos que lhes, proporcione uma aprendizagem melhor.

58%29%

13%

o ideal podia ser melhor é indiferente

Page 56: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

52

Gráfico 22 – o que o aluno mudava no seu espaço de estudo (casa/Centro de Estudos)

Gráfico 23 – (in)satisfação dos alunos quanto à dimensão do seu espaço

Para finalizar a análise, efetuamos a média das classificações de modo a aferir se, o

espaço de estudo do aluno e a envolvente do mesmo interferem ou não no seu

desempenho escolar.

É de salientar que, de forma a garantir sigilo total dos alunos, o número destes será

apresentado em forma de percentagem.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

nada ter maisespaço

ter umcomputador

melhor

ter maisajuda

estarsozinho

ter umasecretária

%

0 20 40 60 80 100

partilha quarto mas disse que estavasatisfeito com a dimensão do espaço

partilha quarto e disse que precisava demais espaço

não partilha quarto contudo disse queprecisava de mais espaço

não partilha quarto contudo disse queestava satisfeito com a dimensão do espaço

%

Page 57: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

53

Quadro 1 – média dos níveis de avaliação dos alunos de 7ºano, por espaço de estudo em

função do número de alunos

% de alunos

Frequenta o centro de estudos 54% 3,7

Estuda em casa 46% 3,3

Apesar das condições pouco habituais que o Centro de Estudos dispõe, os alunos que

frequentam este espaço têm, efetivamente, em média, melhores resultados. É de

salientar que, nesta amostra existem mais alunos que frequentam o Centro de Estudos

do que alunos que estudam em casa, contudo, a diferença dos resultados obtidos, em

média, é pouco significativa, pois apresenta uma disparidade de apenas 4 décimas

(quadro 1).

Claro que colocar os seus educandos num Centro de Estudos, é uma opção dos

Encarregados de Educação, muitas vezes, para que possam ter um maior

acompanhamento escolar e não estarem em casa sozinhos, entregues a si próprios.

Contudo, parece-nos pertinente, colocar a seguinte questão: Será que compensa ao

Encarregado de Educação estar a pagar por este serviço quando não existem melhorias

substanciais de classificação? Acrescentando, ainda, o facto de a maioria dos alunos se

queixar do ruído proveniente de pessoas a conversar na envolvente, da temperatura e

de o espaço poder ser melhor organizado.

Além disso, os estudantes para consolidarem a aprendizagem, precisam de espaços

individuais (Silva P. M., 2011) e a maioria destes alunos que frequenta o Centro de

Estudos nunca dispõe de um espaço exclusivamente dedicado a si.

Page 58: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

54

3.1.2. Análise dos inquéritos por questionário de 8ºano

Como mencionado anteriormente, sabe-se que a amostra do 8ºano é composta por 34

alunos.

Como se pode observar no gráfico 24.a), tal como se verificou na amostra de 7º ano, a

grande maioria dos inquiridos reside em apartamentos (68%), residindo os restantes

em moradias unifamiliares (32%).

Quanto à tipologia da residência, existe um certo equilíbrio das percentagens, variando

entre os 30% para os T2 e os 36% para os T3 (gráfico 24.b).

Quando questionados sobre o número de indivíduos que residem na habitação, a

maioria aponta para 4 pessoas (39%, gráfico 24.c). Contudo se somarmos as

percentagens dos alunos que residem com 5, 6 e 7 pessoas obtém-se um total de 41%

que associado aos 33% de alunos que habitam um T4, leva-nos a questionar, que estes

alunos vivem numa casa que indicia sobrelotação, podendo não dispor de um espaço

de estudo individualizado. Através do gráfico 24.d) pode concluir-se que, apesar de

predominar os alunos que não partilham quarto com um outro familiar (56%), existem

44% de alunos que partilham o quarto com um outro familiar, sendo um indicador,

que nos permite aferir que estes alunos não dispõem de um espaço unicamente

destinado a eles para estudar.

Gráfico 24 - a) espaço residencial; b) tipologia da residência; c) percentagem do número de

pessoas que residem com o inquirido; d) percentagem de alunos que partilha o quarto

0

20

40

60

80

100

apartamento moradia

%

espaço onde vive

a)

0

20

40

60

80

100

T2 T3 T4

%

nº de quartos

b)

Page 59: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

55

Dado que, a escolha do local de estudo é um fator que influencia o rendimento do

aluno, verifica-se que, segundo os dados do gráfico 25, o quarto é o local mais

frequente para estudar (44%), tal como sucedeu para os alunos do 7º ano. Esta

situação, acontece porque é aí que tem as condições funcionais e materiais para o

fazer. A sala é, o segundo espaço mais frequente com 35% das respostas, certamente,

porque não dispõem de um espaço individualizado para o fazer, ou porque procura um

espaço mais amplo, com outras condições funcionais que lhe permite estudar de

forma mais relaxada. Contudo, como já salientamos acima, trata-se do espaço de

convívio familiar e de recepção das visitas, onde se encontram diversos equipamentos,

como o televisor, entre outros, que podem ser motivo de desconcentração,

sobretudo se estiverem ligados. A cozinha surge como um dos espaços menos

escolhido para estudar (19%), as razões para tal facto, serão as mesmas já referidas

quando analisamos os resultados para os alunos do 7º ano.

0

20

40

60

80

100

2 3 4 5 6 7

%

nº de pessoas

c)

56%

44% não

sim

d)

Page 60: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

56

Gráfico 25 – Divisão da habitação escolhida para estudar/ fazer os TPC

Quanto aos locais preferidos para estudar no seu quarto, a secretária é, tal como se

verificou com os alunos do 7º ano, o local mais referido (73%, gráfico 26), sendo,

obviamente, o local mais apropriado para o fazer, seguindo-se a cama (21%), esta

pelas razões já evocadas anteriormente, não é de todo o local mais adequado para

estudar. Situação semelhante, ocorre, no caso dos 6% que estudam no tapete/ chão.

Gráfico 26 - Locais de estudo na divisão quarto

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

No quarto Na sala Na cozinha Outro

%

espaço preferencial para estudar (em casa)

73%

21%

6%

Na secretária

Na cama

No chão/ tapete

Page 61: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

57

Em relação aos que estudam na sala (gráfico 27), mais uma vez, o local mais

selecionado é a mesa (85%), que pelas mesmas razões referidas para secretária, é o

sítio mais apropriado para estudar. O segundo local mais escolhido, é o sofá (11%), que

tal com a cama, deveria ser evitado, pois inconscientemente o corpo relaxa e associa

essa sensação de mais conforto ao sono, reduzindo a concentração.

Gráfico 27 – Locais de estudo na divisão sala

Relativamente aos que estudam na cozinha (gráfico 28), o local mais frequente é a

mesa (64%), que neste caso, tem uma funcionalidade semelhante às que referimos

para a secretária, além de, poder contar com o auxílio dos progenitores, nas tarefas

escolares, quando estes se encontrem a preparar as refeições. O balcão, é o sítio

menos frequente com apenas 36% das respostas.

85%

11%

4%

Na mesa

No sofá

No chão/ tapete

Page 62: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

58

Gráfico 28 – Locais de estudo na divisão cozinha

Em relação aos locais onde o aluno costuma estudar no Centro de Estudos, verifica-se

que, no caso da sala comum, as duas opções para estudar apresentam percentagens

iguais (40%, gráfico 29) o que significa que o aluno, além de partilhar a sala, também

divide a mesa de estudo, com outros alunos. Ambas as opções têm vantagens pois

podem proporcionar uma maior entreajuda, contudo, também pode ser prejudicial

visto que podem reduzir o rendimento do aluno, por favorecer a desconcentração.

A sala e mesa individual, ainda que com um peso menor, foi selecionada por 20% dos

alunos, situação que consideramos mais apropriada à concentração, rendimento e

desempenho do aluno.

64%

36%

Na mesa

No balcão

Page 63: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

59

Gráfico 29 – Locais onde costuma estudar/ fazer os TPC no Centro de Estudos

No gráfico 30 é possível observar como estuda o aluno quando realiza essa atividade

no espaço habitacional, a maioria estuda sozinho (73%), os restantes 27%, têm o apoio

de outros familiares (pais ou irmãos) ou de outros indivíduos (amigos, namorado e

madrinha).

Gráfico 30 – como o aluno costuma estudar no espaço habitacional

No caso do Centro de Estudos (gráfico 31), as opções mais frequentes são estudar

sozinho ou com o auxílio do professor, sendo esta ligeiramente superior, com 36%.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Numa mesa Numa mesa individual Numa mesa comum

Numa sala à parte Numa sala comum

%

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

sozinho pais irmão amigos madrinha namorado

familiar outro

%

como estuda

Page 64: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

60

Gráfico 31 - como o aluno costuma estudar no Centro de Estudos

A análise da variável ruído, do espaço de estudo na habitação, (gráfico 32.a) permite

constatar que 40% dos alunos considera o mesmo silencioso, o que poderá ser

considerado um fator positivo pela associação que habitualmente é feita entre silêncio

e concentração. Observa-se ainda que 29% dos alunos afirma ouvir música durante o

seu estudo. Existe ainda uma percentagem considerável de alunos que afirma estudar

com outras pessoas a conversar na envolvente (17%) e com ruído de fundo, como, por

exemplo, a televisão (14%). Estes resultados, são muito semelhantes aos obtidos pelos

alunos do 7º ano, ainda que aqueles que estudam em espaços com algum tipo de

ruído seja ligeiramente superior.

A análise da variável ruído, no Centro de Estudos (gráfico 32.b) permite constatar que

50% dos alunos estuda num espaço onde predomina o ruído de outras pessoas a

conversar na envolvente. Situação, que não será estranha ao facto de a maioria

partilhar a sala com outros. Contudo, não pudemos deixar de salientar que se trata, de

um aspeto que pode perturbar a concentração e diminuir o rendimento do tempo de

estudo. Acresce ainda dizer que 33% dos alunos assegura estudar nesse espaço a ouvir

música individualmente, o que muito possivelmente será uma tentativa de reduzir a

audição do ruído envolvente mais perturbador para a concentração necessária no

cumprimento das tarefas escolares. Saliente-se que, 17% dos alunos diz que, neste

mesmo espaço, têm como ruído de fundo um canal de televisão, situação, que, como

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

sozinho com o professor com os colegas

%

como estuda

Page 65: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

61

vimos, também foi assinalada, pelos alunos do 7º ano. Uma vez mais nos

interrogamos, acerca da funcionalidade pedagógica desta situação e das suas

consequências, na distração dos alunos.

Surpreendentemente nenhum aluno considera que estuda num espaço silencioso.

Tratando-se de um serviço que tem custo acrescido para o Encarregado de Educação e

dadas as funções que desempenha, aparentemente, o mesmo não reúne as condições

mínimas necessárias para os utilizadores deste espaço.

Gráfico 32 – ruído no espaço de estudo:

a) habitação; b) Centro de Estudos

Da comparação da variável ruído nos dois espaços em análise (gráfico 32 a e b)

depreende-se com facilidade que o peso que o silêncio tem, no espaço habitacional, só

tem paralelo com o peso das pessoas a conversar no Centro de Estudos. Tendo

presente que a análise incide sobre a envolvente do aluno no seu momento de estudo,

estas duas situações completamente opostas, poderão trazer conclusões finais

também bastante diferenciadas principalmente quando se verifica que esta situação é

muito semelhante à que encontramos nos alunos do 7º ano.

Pela análise da variável iluminação, no espaço habitacional, gráfico 33 é possível

constatar que 94% dos alunos consideram que o espaço onde estudam dispõe de boa

iluminação e apenas 6% se referem a esta como deficiente. Uma vez mais estes valores

vão no seguimento do estudo Verdussen (1978) que afirma que um ambiente com

uma iluminação adequada oferece benefícios à saúde do ser humano, como o

0 20 40 60 80 100

Ruído de fundo (ex:televisão)

Pessoas a conversar

Música (do próprio)

Silencioso

%

a)

0 20 40 60 80 100

Silencioso

Ruído de fundo (ex:televisão)

Música (do próprio)

Pessoas a conversar

%

b)

Page 66: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

62

aumento da memória, raciocínio lógico e eficiência. Além disso, uma boa iluminação

no ambiente também contribui para aumentar a satisfação e melhorar a

produtividade. E, segundo Bestetti (2014) somente estes 6% podem sofrer cansaço

visual devido ao ambiente mal iluminado.

Em relação à iluminação, no Centro de Estudos, 75% dos alunos considera que o

espaço tem boa iluminação. Como afirma Siqueira, Oliveira e Vieira (2008) a

iluminação no ambiente de estudo é um aspeto importante no rendimento do aluno e,

pelo que se verifica, neste espaço apesar de predominar o espaço bem iluminado

existe ainda uma percentagem considerável que considera o espaço mal iluminado

(25%).

Gráfico 33 – iluminação no espaço de estudo:

a) habitação; b) Centro de Estudos.

Relativamente à variável temperatura, no espaço habitacional, o gráfico 34 permite

observar que, no período de calor, 50% dos alunos considera o seu espaço de estudo

quente. E, igualmente, 50% dos alunos considera este fresco. Analisando agora o

período de frio, pode-se observar que 68% dos alunos considera o espaço quente, o

que reflete a existência de condições térmicas favoráveis ao aluno e que torna o

espaço de estudo mais confortável. Contudo, 32% dos alunos considera o espaço frio,

não tendo, portanto, reunidas estas condições.

0 20 40 60 80 100

má iluminação

boa iluminação

%

ilum

ina

ção

a)

0 20 40 60 80 100

com má iluminação

com boa iluminação

%

ilum

ina

ção

b)

Page 67: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

63

Gráfico 34 – temperatura no espaço de estudo (habitacional)

No que concerne ao Centro de Estudos, observando o gráfico 35, é possível apurar-se

que, no período de calor, 50% dos alunos consideram que o mesmo se encontra

quente e 50% considera fresco. Já no período de frio 25% dos alunos sente-se

confortável em termos de temperatura, mas 75% parece considerar o espaço frio.

Muito possivelmente terão um melhor rendimento no estudo aqueles em que esta

variável não trouxer desconforto e afetar diretamente a atividade corporal no seu

todo.

Gráfico 35 – temperatura no espaço de estudo, no Centro de Estudos

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

quente fresco quente frio

Período de calor Período de frio

%

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

quente fresco quente frio

Período de calor Período de frio

%

Page 68: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

64

Como vimos no ponto 1.2.1 do capítulo 1, cada indivíduo reage corporalmente à

temperatura ambiente de forma diferenciada, o que condiciona, a sua sensação de

conforto, contudo, uma temperatura muito alta ou muito baixa, tem consequências

nefastas, nomeadamente, na capacidade de concentração.

Em termos de conforto ergonómico os valores dos dois espaços apresentam algumas

diferenças. Observando o gráfico 36, pode constatar-se que no espaço habitacional a

totalidade dos alunos considera que estuda numa posição confortável, o que significa

que estudam numa postura que lhes proporciona mais conforto. Assim, é possível

afirmar que, muito possivelmente, o espaço está adaptado às suas medidas, ou seja, o

espaço responde às necessidades de conforto ergonómico do ser humano.

Relativamente ao Centro de estudos existe um equilíbrio nas percentagens de alunos

que considera que estuda numa posição confortável e numa posição desconfortável

(ambos 50%). Sabe-se que uma má postura no período de estudo perturba a qualidade

do mesmo. Logo, muito possivelmente, no período de estudo, estes alunos não têm

cuidado com a postura e como tal, acabam por sentir mais cansaço físico e dor

postural, prejudicando, a sua saúde e o desempenho escolar.

Gráfico 36 – conforto no espaço de estudo

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

estudo numaposição

confortável

estudo numaposição

desconfortável

estudo numaposição

confortável

estudo numaposição

desconfortável

em casa no centro de estudos

%

Page 69: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

65

Quanto à gestão do tempo de estudo, quer no espaço habitacional, quer no Centro de

Estudos (gráfico 37), verifica-se que, no primeiro caso, a maioria dos alunos não

controla o tempo quando estuda (68%) enquanto 32% o faz, olhando para o relógio.

No segundo caso existe um equilíbrio de percentagens (50%). Estas situações,

demostram que o planeamento do tempo de estudo, não está presente nas

preocupações dos alunos. Contudo, é importante realçar, que cada disciplina, terá

uma dificuldade diferente para cada aluno, portanto, gerir o tempo é fundamental

para que a aprendizagem seja bem sucedida, sobretudo para os alunos, que

estudam sozinhos, ou que têm mais dificuldades.

Gráfico 37 – gestão do tempo de estudo

Em termos de uso de dispositivos como o computador ou o tablet verifica-se,

observando o gráfico 38.a), que no espaço casa estes aparelhos são muito utilizados

como apoio ao estudo (47%), contudo existe, também, um grupo de alunos (35%) que

utiliza esses mesmos dispositivos como distração. O uso deste tipo de aparelhos, para

este efeito, é prejudicial dado que o foco no estudo irá reduzir.

Contrariamente, no Centro de Estudos (gráfico 38. b) observa-se que a maioria dos

alunos (60%) recorre a dispositivos como o computador ou tablet como auxílio no

estudo e, apenas 20% ou utiliza estes dispositivos como distração ou não os utiliza.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

não controlo otempo

controlo o tempo não controlo otempo

controlo o tempo

em casa no centro de estudos

%

Page 70: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

66

Como já referimos, para os alunos do 7º ano, a utilização destes dispositivos como

ferramentas de apoio ao estudo é proveitoso, dado que, atualmente existem muitas

aplicações e softwares úteis, para uma aprendizagem, mais apelativa e motivadora de

uma geração que é muito tecnológica.

Gráfico 38 – uso do computador e tablet:

a) em casa; b) no Centro de Estudos

Relativamente ao uso de telemóvel e outros equipamentos eletrónicos é possível

constatar-se, observando os gráficos 39 (a e b), que a maioria dos alunos (56% e 40%)

utiliza esses equipamentos como distração ao estudo. No entanto, no caso do Centro

de Estudos, também 40% dos alunos não utiliza nenhum equipamento eletrónico

durante a atividade estudar.

Em relação à utilização destes equipamentos como auxílio ao estudo, no espaço

habitacional, essa percentagem é mais notória (41%). Contudo, no Centro de estudos

este parâmetro também tem uma percentagem com alguma evidência (20%).

47%

35%

18%

uso como apoio ao estudo

uso como distração

não uso computador nem tablet

a)

60%20%

20%

uso como apoio ao estudo

uso como distração

não uso computador nem tablet

b)

Page 71: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

67

Gráfico 39 – uso do telemóvel e outros equipamentos eletrónicos:

a) no espaço habitacional; b) no Centro de Estudos

Em relação à forma de estudar é possível constatar que 74% dos alunos considera que

estuda de forma correta (gráfico 40). Contudo, os restantes 26% afirmam que estudam

de forma desorganizada. Essa desorganização, muito possivelmente, poderá estar

relacionada com a falta de um espaço, individualizado para estudar ou,

eventualmente, à falta de acompanhamento. Mais uma vez, se nota que os alunos não

têm grande preocupação com o planeamento do seu estudo.

Gráfico 40 – forma de estudar

56%

42%

2%

uso como distração

uso como apoio ao estudo

não uso telemóvel nem outros equipamentos elétronicos

a)

74%

26%

correta desorganizada

40%

40%

20%

uso como distração

não uso telemóvel nem outros equipamentos elétronicos

uso como apoio ao estudo

b)

Page 72: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

68

A última questão visou obter a opinião dos alunos quanto ao espaço de estudo (gráfico

41). 65% dos alunos consideram o seu espaço de estudo ideal. Todavia 21% afirma que

esse espaço poderia ser melhor, sendo que 12% destes frequenta o Centro de Estudos

pelo que a sua opinião recai sobre esta instituição.

Gráfico 41 – o que acham do espaço de estudo

Por último, os resultados expressos no gráfico 42, permite-nos afirmar que 53% dos

alunos não mudaria nada no seu espaço de estudo. Contudo, 18% dos alunos afirma

que a principal coisa que mudaria no seu espaço de estudo era ter mais espaço. Ainda

outros 18% dos alunos menciona que gostaria de ter mais ajuda durante a atividade de

estudo. Por fim, 12% dos alunos afirmam que gostaria de estar sozinhos, o que,

possivelmente, poderá estar associado ao facto de partilharem o quarto e, por isso,

não dispõem de um espaço individual e, como tal, possivelmente é, também, uma das

razões para estes mencionarem que gostariam de usufruir de mais espaço (gráfico 43).

65%

20%

15%

o ideal podia ser melhor é indiferente

Page 73: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

69

Gráfico 42 – o que o aluno mudava no seu espaço de estudo (casa/Centro de Estudos)

Gráfico 43 – (in)satisfação dos alunos quanto à dimensão do seu espaço

Para finalizar a análise, calculamos a média das classificações de modo a averiguar se,

o espaço de estudo do aluno e a envolvente do mesmo interferem ou não no seu

desempenho (quadro 2).

É de ressaltar que, de forma a garantir sigilo total dos alunos, o número destes será

apresentado em forma de percentagem.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

nada ter mais espaço ter ajuda estar sozinho

%

0 20 40 60 80 100

partilha quarto mas disse que estavasatisfeito com a dimensão do espaço

partilha quarto e disse que precisava demais espaço

não partilha quarto contudo disse queprecisava de mais espaço

não partilha quarto contudo disse queestava satisfeito com a dimensão do espaço

%

Page 74: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

70

Quadro 2 – média dos níveis de avaliação dos alunos de 8ºano, por espaço de estudo em

função do número de alunos

% de alunos

Frequenta o centro de estudos 12% 3,3

Estuda em casa 88% 3,4

Nesta amostra os alunos que estudam em casa têm, em média, melhores resultados

ainda que muito ligeiros, comparativamente aos que estudam no Centro de Estudos.

Saliente-se que a percentagem de alunos que estuda em casa é bastante superior à

dos alunos que estuda no Centro de Estudos. Apesar de pouco evidente, os resultados

superiores dos alunos que estudam em casa podem resultar do apoio proveniente de

outro familiar no seu estudo.

3.2. Análise dos mapas mentais

Neste ponto do nosso relatório, pretendemos a partir dos desenhos efetuados pelos

alunos, visualizar as caraterísticas do espaço onde estudam, de modo a complementar

a análise realizada a partir das respostas aos inquéritos.

No seguimento de Richter (2011) uma primeira análise que pode ser efetuada sobre

as representações concebidas pelos alunos refere-se à delimitação espacial mostrada

nos mapas mentais dado que a delimitação da área geográfica presenteia a dimensão

do conhecimento espacial que o aluno possui sobre a sua área geográfica.

Os mapas mentais exibem componentes e contextos pertinentes à análise, sendo esta

procedente de diversos resultados/processos temporais e espaciais. Assim sendo, ao

interpretar as informações contidas nas representações, a seleção da escala de análise

possibilitará que seja notada a inclusão e a organização dos objetos que ligam o

espaço.

É de ressaltar que, devido à Pandemia do Covid-19 e ao consequente confinamento, as

escolas tiveram que voltar a fechar, regressando-se ao estudo em casa, circunstância

que determinou que a amostra inicial fosse reduzida para 20 alunos, ou seja, apenas

Page 75: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

71

34% da amostra inicial participou nesta fase da análise. Saliente-se que esta parte da

pesquisa, foi composta por um único exercício. O mapa mental proposto aos alunos

consistia em que estes desenhassem a área referente ao interior da casa.

Observando a totalidade dos mapas mentais verifica-se que vários alunos, para além

de identificarem cada divisão, incluíram, também, o mobiliário respetivo,

demonstrando, assim, a importância que este desempenha no seu dia a dia e,

inclusive, como referências espaciais, identificadores da funcionalidade de cada divisão

(figura 4). Saliente-se, por exemplo, o pormenor do desenho da sala, com tapete,

sofás, mesa com cadeiras, lareira, televisão ou o dos quartos, com a cama, televisão,

mesinhas de cabeceira, mas estranhamente, nem sempre está representada, uma

secretária ou mesa de estudo.

Alguns alunos, também, tiveram a preocupação de identificar, as diferentes divisões,

segundo os ocupantes, por exemplo, “o meu quarto e da minha irmã”; “o quarto dos

meus pais”; “escritório da Leonor”; “escritório da mãe da Leonor”; “canto dos gatos” e

“o quarto da gata mimi”.

Outra caraterística a salientar, refere-se à dimensão com que representam as

diferentes divisões, com uma escala, mais ou menos proporcional, à dimensão que

terão na habitação e à função que desempenham. Assim, as salas apresentam, em

praticamente, todos os desenhos uma dimensão maior que os quartos e cozinha.

Não podemos deixar de salientar que no mapa mental o seu autor, regista,

normalmente, os elementos do espaço com que mais se identifica, ou elementos dos

quais mais faz uso no seu dia a dia ou porque tem uma relação de afetividade. Por

estas razões, percebe-se que, as divisões mais utilizadas, como a sala ou o quarto,

aparecem em todos os desenhos, enquanto que, as cozinhas, em alguns desenhos, não

estão representadas.

Page 76: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

72

Figura 4 – Exemplos de desenhos do exercício mapa mental referente ao interior da casa

Nesta compilação de cinco mapas mentais (figura 4 e anexo 3) destaca-se, sobretudo,

a alínea C da figura 4, dado que este foi elaborado por um aluno surdo. O seu desenho,

demonstra um conhecimento espacial do seu espaço geográfico mais apurado do que

os restantes, isto é, nota-se que este aluno tem muito presente na memória os mais

pequenos pormenores que constituem o seu espaço habitacional. Desse modo,

acreditamos que são exatamente os indivíduos com alguma restrição ao nível de algum

dos sentidos que, normalmente desenvolvem mais outras competências espaciais.

Page 77: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

73

Além disso, o facto um número significativo de alunos terem incluído vários detalhes

do seu espaço habitacional poderá querer dizer que, realmente, a disposição do

mobiliário e a organização do mesmo lhes proporciona conforto e que, muito

provavelmente, o mobiliário encontra-se adaptado às suas medidas antropométricas.

3.3. Análise em função do desempenho escolar

Depois de retiradas as primeiras conclusões é necessário cruzar cada uma das variáveis

– partilha de quarto, ruído, iluminação, temperatura, conforto ergonómico e, ainda,

gestão do tempo de estudo – com a média das classificações com o intuito de

possibilitar responder à segunda parte do objetivo principal. Assim sendo,

pretendemos responder de que forma o ambiente e o espaço de estudo poderão

interferir no desempenho escolar do aluno. Esta abordagem será feita nos mesmos

parâmetros tanto para os alunos de 7ºano como para os alunos de 8ºano.

Primeiramente, proceder-se-á ao cálculo da média das classificações dos alunos

obtidas no 2º período, seguidamente o valor percentual dos alunos que partilham

quarto, assim como, dos alunos que tem um quarto só para si.

Em segundo lugar, recorremos, novamente, ao cálculo da média das classificações,

mas, desta vez, tendo por base os alunos que estudam com ruído e os que preferem

estudar em ambiente silencioso. Deste modo, para analisar esta variável efetuámos a

seguinte divisão das variáveis: ambiente silencioso, com música, e ruído (associação

das variáveis pessoas a conversar e ruído de fundo).

Em terceiro lugar, uma vez mais, efetuámos o cálculo da média das classificações dos

alunos, mas desta vez, tendo em consideração aqueles que manifestam conforto com

a iluminação e os que manifestam desconforto.

Em quarto lugar, procedemos ao cálculo da média das classificações dos alunos tendo

por base se estes manifestam conforto ou desconforto com a temperatura.

Inicialmente analisámos o período de calor e o período de frio, contudo, neste ponto,

apenas consideramos o período de frio, visto que, os níveis de avaliação utilizados para

se efetuar os cálculos foram os de 2º período e, como tal, esse momento enquadra-se,

Page 78: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

74

em termos climáticos, no período em que se apresentam as temperaturas médias mais

baixas ao longo do ano letivo.

Em quinto lugar, através do cálculo da média das classificações dos alunos,

demonstraremos se os mesmos manifestam conforto ou desconforto ergonómico.

Por fim, procedemos ao cálculo da média das classificações dos alunos tendo por base

se estes controlam ou não o seu tempo de estudo.

Como mencionado, anteriormente, esta análise foi realizada com base nos resultados

do 2º período e, esse mesmo foi praticamente passado em casa devido ao

confinamento. Assim sendo, o foco da análise será o espaço habitacional.

É de salientar que, uma vez mais, de forma a garantir o sigilo total dos alunos, o seu

número será apresentado em valor percentual.

3.3.1. Análise do desempenho escolar de 7ºano

Relativamente à partilha do quarto verifica-se que mais de metade da amostra de

7ºano não partilha o quarto com outro familiar. Ainda assim, tal facto parece não ter

grande peso na média das classificações. Na verdade, quando comparamos com os

alunos que partilham o seu quarto, a diferença é pouco significativa, pois apresenta

uma disparidade de apenas 3 décimas abaixo (quadro 3). Ainda assim, é notório que os

alunos que têm um espaço só para eles obtêm resultados um pouco melhores.

Quadro 3 – média dos níveis de avaliação dos alunos que partilham o quarto com outro

familiar e dos que têm um quarto individual.

% de alunos

Partilha o quarto 38% 3,3

Não partilha o quarto 63% 3,6

Em termos da variável ruído é curioso constatar que os 25% dos alunos que optam por

estudar com música de fundo são aqueles que obtêm os melhores resultados, como se

pode observar na média das classificações, (média mais elevada (4,0) (quadro 4)).

Seguidos daqueles que o fazem em silêncio com 3,6. Tal facto aproxima-se da teoria de

Page 79: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

75

Mueller (2007) pois este refere que um “bom som” envolvente é fundamental para a

aprendizagem e para um bom desempenho escolar.

Observa-se ainda que os alunos que estudam com outro tipo de ruídos apresentam

uma média inferior (3,2) pelo que pudemos inferir que, ruídos perturbadores não

serão as condições mais benéficas para a concentração que por vezes o estudo exige.

Quadro 4 – média dos níveis de avaliação dos alunos que estudam em ambiente silencioso,

com música e/ou com ruído

% de alunos

Ambiente silencioso 29% 3,6

Com música 25% 4,0

Ruído 46% 3,2

Em relação à variável iluminação observa-se que a quase totalidade dos alunos se

considera confortável com a iluminação que dispõe no seu espaço de estudo (88%).

Associado a este conforto na iluminação temos ainda visível uma média de

classificações superior em 6 décimas, àqueles que não o possuem (quadro 5). Deste

modo, nota-se que os alunos que se sentem confortáveis com a iluminação durante o

estudo têm melhores classificações, o que vem ao encontro da teoria de Verdussen

(1978) quando afirma que um ambiente com uma iluminação adequada aumenta a

memória, o raciocínio lógico e a eficiência.

Quadro 5 – média dos níveis de avaliação dos alunos que manifestam conforto com a

iluminação e daqueles que manifestam desconforto sobre a mesma variável

% de alunos

Manifesta conforto sobre a iluminação 88% 3,6

Manifesta desconforto sobre a iluminação 13% 3,0

No que diz respeito à variável temperatura, no período de frio, observa-se que grande

parte da amostra considera confortável a temperatura no seu espaço de estudo. Em

termos de média das classificações, é evidente, pois apresenta 7 décimas de diferença

Page 80: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

76

(quadro 6). Deste modo, nota-se que os alunos que se sentem confortáveis com a

temperatura durante o estudo têm melhores classificações, ou seja, de facto, verifica-

se que a existência de condições térmicas favoráveis ao aluno torna o espaço de

estudo mais confortável e como tal, a aumenta a sua produtividade.

Quadro 6 – média dos níveis de avaliação dos alunos que manifestam conforto com a

temperatura e daqueles que manifestam desconforto sobre a mesma variável

% de alunos

Manifesta conforto sobre a temperatura 75% 3,7

Manifesta desconforto sobre a temperatura 25% 3,0

Relativamente ao conforto ergonómico observa-se que quase a totalidade da amostra

considera possuir conforto ergonómico no seu espaço de estudo. Em termos de média

das classificações, a diferença entre as duas hipóteses é pouco significativa, apresenta

3 décimas de diferença (quadro 7). Ainda assim, apesar de não ser muito evidente,

nota-se que os alunos que dispõem de conforto ergonómico durante o estudo, isto é,

estes alunos estudam numa postura que lhes proporciona mais conforto, têm

melhores classificações. Deste modo, é muito provável que, na verdade, o espaço

esteja adaptado às medidas antropométricas do aluno, ou seja, certamente o espaço

responde às necessidades de conforto ergonómico do aluno.

Quadro 7 – média dos níveis de avaliação dos alunos que manifestam conforto ergonómico e

daqueles que manifestam desconforto sobre a mesma variável

% de alunos

Manifesta conforto ergonómico 83% 3,6

Manifesta desconforto ergonómico 17% 3,3

Em relação à gestão do tempo de estudo observa-se que grande parte dos alunos

afirma não controlar o tempo de estudo. Em termos de média das classificações, a

diferença entre as duas hipóteses é muito pouco significativa, apresenta somente 1

décima de diferença (quadro 8). Curiosamente, apesar de não ser muito evidente,

Page 81: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

77

nota-se que os alunos que não controlam o tempo de estudo têm melhores

classificações.

Quadro 8 – média dos níveis de avaliação dos alunos que controlam o tempo durante o

estudo e daqueles que não controlam o tempo sobre a mesma variável

% de alunos

Controla o tempo de estudo 38% 3,4

Não controla o tempo de estudo 63% 3,5

3.3.2. Análise do desempenho escolar de 8ºano

Relativamente à partilha do quarto verifica-se que mais de metade dos discentes do

8ºano não partilha o quarto com outro familiar. No entanto, tal facto parece não ter

grande peso na média das classificações. Na verdade, quando comparamos com os

alunos que partilham o seu quarto, a diferença é pouco significativa, pois apresenta

uma discrepância de apenas 2 décimas abaixo (quadro 9). Porém, curiosamente, ao

contrário do que se verificou no caso de 7ºano, os alunos que partilham o quarto com

outro familiar obtêm melhores resultados. Apesar destes alunos dividirem com outro

familiar o espaço de estudo, durante o confinamento, esta situação, pode ter sido uma

mais valia, ao promover a entreajuda, permitindo que se motivassem, fomentando a

capacidade de aprendizagem.

Quadro 9 – média dos níveis de avaliação dos alunos que partilham o quarto com outro

familiar e dos que tem um quarto só individual.

% de alunos

Partilha o quarto 44% 3,4

Não partilha o quarto 56% 3,2

Em termos da variável ruído observa-se que a maioria dos alunos estuda num

ambiente silencioso e são, também, esses que obtêm melhores resultados, como se

pode verificar na média das classificações, (média mais elevada (3,5) (quadro 10)), o

Page 82: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

78

que se aproxima dos estudos que firmam que, realmente, o silêncio é um fator

positivo no momento de estudar dado que o mesmo proporciona uma maior

concentração que é fundamental no desempenho do aluno.

Observa-se, ainda, que os alunos que estudam com ruído apresentam uma média

inferior (3,1) o que nos pode levar a deduzir que, ruídos perturbantes não serão as

condições mais benéficas para a concentração que o estudo exige.

Quadro 10 – média dos níveis de avaliação dos alunos que estudam em ambiente silencioso,

com música e/ou com ruído

% de alunos

Ambiente silencioso 44% 3,5

Com música 32% 3,4

Ruído 24% 3,1

Em relação à variável iluminação observa-se que quase a totalidade dos discentes se

considera confortável com a iluminação que dispõe no seu espaço de estudo (94%).

Relacionado a este conforto com a iluminação temos uma média de classificações

superior em 4 décimas, àqueles que não o possuem (quadro 11). Deste modo, tal

como se assinalou no 7ºano, nota-se que os alunos que se sentem confortáveis com a

iluminação durante o estudo têm melhores classificações. Circunstância que, está de

acordo com a teoria de Verdussen (1978) quando assegura que um ambiente com uma

iluminação adequada aumenta a memória, o raciocínio lógico e a eficiência.

Quadro 11 – média dos níveis de avaliação dos alunos que manifestam conforto com a

iluminação e daqueles que manifestam desconforto sobre a mesma variável

% de alunos

Manifesta conforto sobre a iluminação 94% 3,4

Manifesta desconforto sobre a iluminação 6% 3,0

No que diz respeito à variável temperatura, no período de frio, observa-se que a

maioria dos alunos considera confortável a temperatura no seu espaço de estudo. Em

Page 83: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

79

termos de média das classificações, apesar de não existir uma discrepância tão notória

como no 7º ano, assiste-se a uma diferença de 4 décimas (quadro 12). Assim sendo,

nota-se que os alunos que se sentem confortáveis com a temperatura durante o

estudo alcançam melhores classificações, ou seja, de facto, uma vez mais se constata

que a existência de condições térmicas favoráveis ao aluno torna o espaço de estudo

mais confortável e como tal, aumenta a sua produtividade.

Quadro 12 – média dos níveis de avaliação dos alunos que manifestam conforto com a

temperatura e daqueles que manifestam desconforto sobre a mesma variável

% de alunos

Manifesta conforto sobre a temperatura 71% 3,5

Manifesta desconforto sobre a temperatura 29% 3,1

Relativamente ao conforto ergonómico observa-se que a totalidade dos estudantes

considera possuir conforto ergonómico no seu espaço de estudo. Assim, quanto à

média das classificações, não podemos realizar uma comparação, uma vez que não

temos alunos que manifestem desconforto (quadro 13). Assim, é provável que, o

espaço esteja adaptado às medidas antropométricas do aluno, respondendo às

necessidades de conforto ergonómico do aluno.

Quadro 13 – média dos níveis de avaliação dos alunos que manifestam conforto ergonómico

e daqueles que manifestam desconforto sobre a mesma variável

% de alunos

Manifesta conforto ergonómico 100% 3,4

Manifesta desconforto ergonómico 0%

Em relação à gestão do tempo de estudo observa-se que grande parte dos alunos

afirmam não controlar o tempo de estudo.

Em termos de média das classificações, a diferença entre as duas hipóteses é pouco

notória, apresenta apenas 2 décimas de diferença abaixo daqueles que controlam o

tempo (quadro 8). Ainda assim, nota-se que os alunos que controlam o tempo de

Page 84: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

80

estudo têm melhores classificações. Situação, ligeiramente, diferente da encontrada

no 7º ano.

Quadro 14 – média dos níveis de avaliação dos alunos que controlam o tempo durante o

estudo e daqueles que não controlam o tempo sobre a mesma variável

% de alunos

Controla o tempo de estudo 32% 3,4

Não controla o tempo de estudo 68% 3,2

Page 85: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

81

Considerações Finais

O contexto da Pandemia Covid-19 e o consequente confinamento que circunscreveu o

estudo ao espaço casa, chamou a atenção, para a importância que o conforto, a

dimensão e as caraterísticas deste espaço, podem ter sobre o rendimento escolar dos

alunos.

Neste relatório, procuramos avaliar de que forma o espaço e o ambiente de estudo

têm impactos no rendimento escolar de uma amostra de alunos, do 7º e 8º anos da

Escola Básica Eugénio de Andrade.

Apesar das limitações, inerentes, à metodologia utilizada, nomeadamente, o facto de a

amostra ser relativamente pequena e limitada, a uma determinada faixa etária,

pudemos inferir que, o espaço de estudo e o ambiente do mesmo interferem no

desempenho e no rendimento escolar do aluno.

Na verdade, com a análise realizada, às diferentes componentes ambientais de

conforto, do espaço de estudo, apartir dos dados obtidos dos inquéritos efetuados,

conseguimos então responder à nossa questão de partida, confirmando-se que,

efetivamente, as condições em que o aluno estuda influenciam o seu desempenho

escolar. Portanto, variáveis como a partilha do quarto, ruído, iluminação, temperatura

e conforto ergonómico, de facto, interferem no rendimento do aluno.

O facto de os alunos possuírem um espaço individualizado pode ser muito vantajoso

uma vez que, proporciona uma maior concentração e é fundamental para o

desempenho escolar do aluno. Aliás, vimos que, no caso do 7ºano, os alunos que

dispõem de um espaço individual são os que apresentam melhores resultados. Porém,

como verificamos para o 8º ano, os alunos que partilham o espaço de estudo são

aqueles que apresentam melhores resultados. Esta situação, revela que os espaços

partilhados também podem ter um elevado poder de aumentar a motivação dos

alunos e proporcionar uma maior entreajuda e, desta forma aumentar, também, a

capacidade de aprendizagem, visto que alunos motivados têm maior destreza de

aprendizagem e, como tal, o seu desempenho e rendimento escolar também aumenta.

Um espaço que dispõe de silêncio, música ambiente ou música colocada por opção

própria é considerado um fator positivo tanto na concentração como no

Page 86: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

82

aproveitamento do estudo. Contrariamente, o ruído é um elemento que afeta o

rendimento escolar, fomentando assim um decréscimo no desempenho escolar.

Verificamos que, na verdade, é assim que ocorre dado que, no caso do 7ºano, os

alunos que apresentam melhores resultados são aqueles que ouvem música e os

alunos que exibem resultados inferiores são os que mencionam que o seu espaço de

estudo dispõe de ruídos incômodos. No caso do 8ºano os alunos que exibem melhores

resultados são aqueles que dispõem de silêncio durante o estudo e, tal como no

7ºano, os alunos que apresentam resultados inferiores são os que mencionam que o

seu espaço de estudo dispõe de ruídos perturbantes.

A iluminação no ambiente de estudo é, realmente, um aspeto importante no

rendimento do aluno. Um ambiente bem iluminado fomenta o aumento da memória,

da eficiência e da produtividade e os dados confirmam este facto, dado que, tanto no

caso do 7º como no do 8º ano são os alunos que consideram o espaço bem iluminado

que apresentam melhores resultados.

Um espaço de estudo que dispõe de conforto térmico, aumenta a produtividade e o

desempenho escolar. Os dados obtidos, confirmam que, realmente, a temperatura

influencia o rendimento acadêmico, visto que em ambos os níveis de escolaridade, os

alunos que apresentam melhores resultados são aqueles que manifestam conforto

com a temperatura no seu espaço de estudo. Concluímos, assim, que os alunos que

usufruem de conforto térmico têm mais produtividade no estudo.

Além de todas estas variáveis, que proporcionam conforto físico e mental, cruciais ao

rendimento do estudo, o espaço físico e o que este oferece, nomeadamente, o

mobiliário e a sua organização, também, são muito importantes visto que influenciam

a produtividade e a, aprendizagem. Pudemos constatar isso através do conforto

ergonómico. Apuramos que, realmente, os alunos que dispõem de conforto

ergonómico durante o estudo apresentam melhores classificações. Logo, é provável

que, o espaço esteja adaptado às medidas antropométricas do aluno, ou seja, o espaço

responde às necessidades de conforto ergonómico do aluno.

Organizar o tempo, fazer escolhas em função do tempo disponível e estruturar a

aprendizagem em função das prioridades e do que é possível em cada momento são

Page 87: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

83

exigências próprias do quotidiano de qualquer aluno. Mas como vimos, os alunos

demonstram pouca preocupação com a gestão do seu tempo de estudo, situação que,

é crucial para uma maior produtividade do mesmo, sobretudo para os que estudam

sozinhos. Como pudemos constatar as classificações dos alunos que controlam o

tempo de estudo e os que não o fazem apresentam diferenças muito pouco

significativas. Perante isto, e tendo em conta que estamos na presença de discentes,

em idades, com pouca maturidade e autonomia, parece-nos, fundamental, que os

educadores, ajudem os seus educandos a elaborar um horário de estudo. Este deverá

funcionar como um guia para levar o aluno a trabalhar com regularidade e se

autodisciplinar, sendo esta uma vantagem fundamental para o sucesso nos estudos.

Saliente-se por fim, que o nosso relatório, não retrata a realidade de todos os alunos,

dado que apenas se focou num conjunto reduzido, acreditamos que poderá haver

condições muito mais graves, quanto ao conforto do espaço de estudo, do que as

retratadas neste relatório, principalmente, no caso dos alunos de famílias

socioeconomicamente mais vulneráveis. Contudo, pensamos que com este trabalho

demos um contributo para um melhor conhecimento entre as características do

espaço doméstico dedicado ao estudo e a aprendizagem dos alunos, numa altura em

que todos tivemos que permanecer em casa.

Page 88: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

84

Referências Bibliográficas

AEEA. (2017-2021). Anexo I - Projeto Educativo . Paranhos.

AEEA. (2017-2021). Projeto Educativo. Paranhos.

Amorim, J. C. (2017). Reflexões sobre o conceito de conforto na habitação. Dissertação

de Mestrado Integrado em Arquitetura, Faculdade de Ciências e Tecnologia da

Universidade de Coimbra, Coimbra.

Añez, C. R. (2000). Antropometria na Ergonomia. Obtido de

http://segurancanotrabalho.eng.br/ergonomia/11.pdf

Ashrae Standard. (2010). Thermal Environmental Conditions for Human Occupancy.

Obtido de https://www.techstreet.com/ashrae/standards/ashrae-55-

2013?ashrae_auth_token=&gateway_code=ashrae&product_id=1868610

Basso, A., & Martucci, R. (2002). Uma visão integrada da análise e avaliação de

conjuntos habitacionais: aspectos metodológicos da pós-ocupação e do

desempenho tecnológico. Em P. Habitare, & A. K. Abiko (Ed.), Avaliação Pós-

ocupação: Métodos e Técnicas Aplicados à Habitação Social (Vol. 1, pp. 268-

293). São Paulo: Coletânea Habitare ANTAC. Obtido de

http://www.habitare.org.br/publicacao_coletanea1.aspx

Bell, J. (1997). Como realizar um projeto de investigação. (G. Valente, Ed., & M. J.

Cordeiro, Trad.) Lisboa: Editora Gradiva. Obtido de

https://soclogos.files.wordpress.com/2014/09/como-realizar-um-p-de-

investigac3a7ao-bell.pdf

Bestetti, M. T. (2014). Ambiência: espaço físico e comportamento. Revista Brasileira de

Geriatria e Gerontologia, 17(3), 601-610.

Blanco, M. A. (2007). O conforto luminoso como fator de inclusão escolar do portador

de baixa visão nas escolas públicas regular do Distrito Federal. Dissertação de

Mestrado, Universidade de Brasília, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo,

Brasília. Obtido de

Page 89: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

85

https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/2948/1/2007_MonicaAndreaBlanc

o.PDF

Branco, E. R. (2013). O ruído nas escolas. Dissertação de Mestrado, Faculdade de

Medicina da Universidade de Coimbra, Coimbra.

Câmara Municipal do Porto. (2018). Habitação e Dinâmicas Urbanísticas: Relatório de

Caracterização, e Diagnóstico, Revisão do PDM. Porto.

Castro, F. M. (2000). A importância do esapço no processo de ensino. Pós Revista do

Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo FAUUSP, 176-189.

Corbella, O., & Yannas, S. (2003). Em busca de uma arquitetura sustentável para os

trópicos - Conforto Ambiental (2ª ed.). Rio de Janeiro: Editora Revan. Obtido de

https://arquiteturapassiva.files.wordpress.com/2015/09/em-busca-de-uma-

arquitetura-sustentc3a1vel-para-os-trc3b3picos.pdf

Couto, H. A. (1995). Ergonomia aplicada ao trabalho: Manual técnico da máquina

humana (Vol. I). Belo Horizonte: Ergo.

Cruz, U. M. (2008). O arranjo físico do espaço escolar como fator influenciável da

aprendizagem discente. Cruz das Almas.

Dittz, C. T. (2004). Novas tecnologias de informação e comunicação no ensino-

aprendizagem de conforto luminoso em arquitetura e urbanismo. Dissertação

de Mestrado, Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia

Civil, Arquitetura e Urbanismo, Campinas SP.

Dul, J., & Weerdmeester, B. (2012). Ergonomia Prática (3ª ed.). (I. Iida, Trad.) São

Paulo: Editora Blucher. Obtido em 06 de maio de 2021, de

https://books.google.com.br/books?hl=pt-

PT&lr=&id=vQK5DwAAQBAJ&oi=fnd&pg=PA9&dq=conforto+ergon%C3%B4mic

o&ots=_3kbuenMww&sig=3mU84izEWCeFI4mHPXfDMAvvc0M#v=onepage&q

=conforto%20ergon%C3%B4mico&f=false

Hegde, A. L., Boucher, T. M., & Lavelle, A. D. (2018). College & Research Libraries. How

do you work? Understanding user needs for responsive study space design, 79.

Page 90: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

86

Holzer, W., & Holzer, S. (2006). Cartografia para crianças: qual é o seu lugar?

Fortaleza.

Kozel, S. (2007). Perspetivas metodológicas. Da perceção e cognição à representação.

São Paulo.

Küller, R., Tonello, G., Ballal, S. G., Laike, T., & Mikellides, B. (15 de novembro de 2006).

The impact of light and colour on psychological mood: a cross-cultural study of

indoor work environments. Ergonomics, 49(14). Obtido de

https://www.researchgate.net/publication/6746144_The_impact_of_light_and

_colour_on_psychological_mood_A_cross-

cultural_study_of_indoor_work_environments

Lucas, H. P. (2011). Fatores determinantes para a construção sustentável de escolas.

Lisboa.

Matos, F. L. (2001). A Habitação no Grande Porto - Uma perspectiva geográfica da

evolução do mercado e da qualidade habitacional desde finais do séc. XIX até

ao final do milénio.

Monteiro, A. (1996/97). O edifício da FLUP é um edifício doente? Algumas reflexões

sobre o conforto bioclimático em espaços interiores. Revista da Faculdade de

Letras-Geografia, XII-XIII(1), 5-38. Obtido de

https://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/1595.pdf

Mueller, C. M. (2007). Espaços de ensino-aprendizagem com qualidade ambiental: o

processo metodológico para elaboração de um anteprojeto. São Paulo:

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.

Nascimento, D. N. (2008). Avaliação do uso das imagens HDR no estudo de iluminação.

Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Arquitetura, Artes e

Comunicação, São Paulo. Obtido de https://www.faac.unesp.br/Home/Pos-

Graduacao/Design/Dissertacoes/danielanascimento.pdf

Pais, A. M. (2011). Condições de iluminação em ambiente de escritório: Influência no

conforto visual. Dissertação de Mestrado, Universidade Técnica de Lisboa,

Page 91: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

87

Lisboa. Obtido de

https://www.repository.utl.pt/bitstream/10400.5/3048/1/Microsoft%20Word

%20-%20Tese%20dEFINITIVA2.pdf

Quivy, R., & Champenhoudt, L. V. (1992). Manual de Investigação em Ciências Sociais.

Lisboa: Gradiva.

Rech, M., Peiter, F. G., & Ferreira, R. M. (04-06 de dezembro de 2019). Abordagem

Ergonômica em Espaços Educacionais: Estudo de Caso em um Laboratório de

Informática Universitário em Guarapuava-PR. Ponta Grossa, Brasil.

Richter, D. (2011). O mapa mental no ensino de Geografia. Concepções e propostas

para o trabalho docente. São Paulo: Cultura Académica.

Santos, M. (1985). Espaço & Método (Vol. 3). São Paulo: Edusp.

Santos, N., & Fialho, F. (1997). Manual de análise ergonómica do trabalho. Curitiba:

Gênesis Editora.

Schäfer, T., Sedlmeier, P., Städtler, C., & Huron, D. (2013). The psychological functions

of music listening. Frontiers in Psicology, 4 (artigo 511). Obtido de

https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fpsyg.2013.00511/full

Silva, H. S., & Santos, M. O. (2011). O significado do conforto no ambiente residencial.

Cadernos Proarq, pp. 136-151.

Silva, P. M. (2011). A influência do digital na criação de espaços de aprendizagem de

alta qualidade. O espaço como agente de mudança. Universidade Fernando

Pessoa, Porto.

Siqueira, G. R., Oliveira, A. B., & Vieira, R. G. (2008). Revista Brasileira em Promoção da

Saúde. Inadequação ergonómica e desconforto das salas de aula em instituição

de ensino superior do Recife-PE, 21(1), pp. 19-28.

Soares, M. M. (2017). Conforto Térmico do Espaço Público. Dissertação de Mestrado,

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Departamento de

Engenharia Civil, Porto. Obtido de https://repositorio-

aberto.up.pt/handle/10216/107175

Page 92: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

88

Verdussen, R. (1978). Ergonomia - A racionalização humana do trabalho. Rio de

Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora S/A.

Page 93: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

89

Anexos

Page 94: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

90

Anexo 1 – Inquérito por questionário aplicado

Este questionário surge no seguimento de um estudo realizado sobre o tema “De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no desempenho escolar do aluno – um estudo de caso em turmas de 7º e 8º anos na Escola Eugénio de Andrade” a inserir no relatório de estágio do Mestrado em Ensino em Geografia. É de salientar que este questionário é anónimo e confidencial e o teu contributo é essencial. A resposta a todas as perguntas é fundamental.

INFORMAÇÕES DO ALUNO

1. Idade: __________

Em cada questão assinala com um “x” a resposta que mais se adequa. 2. Género: Feminino _____ Masculino _____

3. O espaço onde vivo regularmente é…

1. Moradia própria

2. Apartamento próprio

3. Outra situação Qual?

4. Dimensão da casa: 4.1 A minha casa tem…

1. 1 quarto

2. 2 quartos

3. 3 ou mais quartos No caso de serem mais de 3, quantos quartos?

4.2 Partilho o quarto com alguém:

1. Sim

2. Não

5. Costumo fazer os TPC…

1. Em casa

1. No quarto

1. Na secretária

2. Na cama

3. No chão/ tapete

2. Na sala

1. Na mesa

2. No sofá

3. No chão/ tapete

3. Na cozinha

1. Na mesa

2. No balcão

3. Outra

4. Outro Qual?

2. No centro de estudos 1. Numa sala à parte

Page 95: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

91

(___ vezes por semana) 2. Numa sala comum

1. Numa mesa individual

2. Numa mesa comum

3. Outra situação

3. Outro local Qual?

6. Quando estudo/faço os TPC em casa, faço-o…

1. Sozinho

2. Com os meus pais

3. Com o(s) meu(s) irmão(s)

4. Outro Qual?

7. Quando estudo/faço os TPC no centro de estudos, faço-o…

1. Sozinho

2. Com os meus colegas

3. Com um(a) professor(a)

4. Outro Qual?

8. Ambiente do espaço onde fazes os TPC/estudas. 8.1 A nível de ruído do espaço é:

Em casa No centro de

estudos

1. Silencioso

2. Com música (do próprio)

3. Com pessoas a conversar

4. Com ruído de fundo (televisão, eletrodomésticos a funcionar)

8.2 A nível da luz do espaço é:

Em casa No centro de

estudos

1. Com boa iluminação

2. Com má iluminação

8.3 A nível da temperatura o espaço é:

Em casa No centro de estudos

1. No período de calor

Quente

Fresco

2. No período de frio

Quente

Frio

8.4 Ao nível do conforto:

Em casa No centro de

estudos

1. Estudo numa posição confortável

2. Estudo numa posição desconfortável

Page 96: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

92

8.5 Ao nível da gestão do tempo:

Em casa No centro de

estudos

1. Controlo o tempo em que estudo/ faço os TPC, olhando para o relógio

2. Não controlo o tempo

8.6 Ao nível do uso de computador e tablet:

Em casa No centro de

estudos

1. Uso como apoio ao estudo

2. Uso como distração

3. Não uso computador nem tablet

8.7 Ao nível do uso de telemóvel e outros equipamentos eletrónicos:

Em casa No centro de

estudos

1. Uso como apoio ao estudo

2. Uso como distração

3. Não uso telemóvel nem outros equipamentos eletrónicos

9. Sinto que a forma como estudo/faço os TPC é…

1. A correta

2. Desorganizada

10. Sinto que o espaço onde estudo/faço os TPC é…

1. O ideal

2. Podia ser melhor

3. É indiferente

11. O que mudavas no teu espaço de estudo? (ex: teres mais espaço, estares sozinho, teres

ajuda…) ______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

Obrigada pela colaboração!

Jéssica Santiago Valente

Page 97: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

93

Anexo 2 – Pedido do mapa mental

Exercício de consolidação do tema

“estudos e representações”

Agrupamento de Escolas Eugénio de Andrade

Disciplina de Geografia 7ºe 8ºano – exercício de consolidação

Ano Letivo: 2020/2021

Page 98: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

94

Olá alunos

A tarefa de hoje consiste em desenhar 1 mapa mental (o espaço que vos rodeia de acordo com a vossa memória). O mapa que têm de desenhar é referente à vossa casa. EXEMPLO DE UM MAPA MENTAL DA MINHA CASA:

NO FIM SÓ TENS DE TIRAR UMA FOTO E MANDARES PARA A TUA

PROFESSORA!

BOM TRABALHO!

Page 99: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

95

Anexo 3 – Mapas mentais

Page 100: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

96

Page 101: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

97

Page 102: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

98

Page 103: De que forma o ambiente e o espaço de estudo interferem no

99