Debate virtual cansa jovens, diz psicóloga

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  • 8/19/2019 Debate virtual cansa jovens, diz psicóloga

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    ab B8  cotidiano   H  H H   DOMINGO, 13 DE MARÇO DE 2016

    DESÃO PAULO

    Enquantoadultos pensamem desativar suas contas deFacebook, adolescentes bra-sileirosjápoucousamarede.

    Parte migrou ou está mi-grando para o Snapchat e oInstagram (que pertence aoFacebook), redes sociais decompartilhamento de vídeosefotos.“Émaisinstantâneoevisual,enãoháotrabalhodeescrever longos textos”,diz apsicólogaAndreaJotta,doNú-cleo de Pesquisas da Psicolo-gia e Informáticada PUC-SP.

    ParaAndrea,osadolescen-tes são mais educados vir-tualmente e sabem diferen-ciararedesocialdavidarealquando se trata dos debateson-line. “Os mais novos sa-bem que é diferente, que fa-ce a face você desenvolvemais o assunto, e que na in-ternet issojá enche, satura”,afirma. “Já os mais velhostêm a tendência de dar con-tinuidade às relaçõesque vi-vem presencialmente.”

    Fábio Malini, do laborató-riodeciberculturadaUniver-sidade Federal do EspíritoSanto, diz que os adolescen-tes“sabem queali as conver-sasnãosãodeluta.Sãodeflu-

    xo, muito mais para brincardo que para entrar no nívelda discussão intelectual.”

    Eleressaltaqueojovemes-tá em processo de aprendiza-gem e formação vocabular eque isso o afasta dos debatespolíticosemespaçospúblicos.

    O texto de uma criança“viralizou”nosEUAem2013:“Tenho 13 anos e nenhumamigo meu usa Facebook”,eraseu título. Em 2015, a au-tora publicou outro texto:“Tenho15anosetodosmeusamigos usam Facebook”.

    Apesarda mudança de há-bito, a autora relatava menorforçadoFacebookfrenteaou-tras redes sociais em sua ge-

    ração. O debate sobre a eva-são de jovens da rede socialtomouforçanosEUA.EstudosmostraramqueousodoFace-book diminuiu entre jovens,apesarde ainda serlíder.

    Andreadizquenãohápes-quisas no Brasil sobre o usodessa redeentre jovens, masquea tendência é a mesma.

    A paulistana Marina, 13,tinha 11 anos quando criousua conta no Facebook. Nomeio do ano passado, po-rém, parou de usá-la. “Sãomeus pais que usam”, afir-ma. “Enjoou, não mudounada. Nenhum amigo usa,então deixei de usar.” Elatem contas de Instagram e

    Snapchat. Conversa comamigos via WhatsApp.

    Sua amiga Carolina, 14,afirmanuncatercriadocon-ta no Facebook. “Parece serbom para saber da vida dosoutros, mas deve ser meiocansativo”, afirma.

    QUEMSÃOELES?

    A exposiçãotambém can-sa. É o caso da publicitáriaTatiana Vecchia,24, quede-sativou sua conta no anopassado. “Um dia olhei pa-ra meu Facebook e vi que ti-nha 1.300 amigos. Parei pa-ra pensar: quem são essaspessoas?”,relata.“Via váriascoisasquenão queriaacom-panhar. Eu também me ex-punha para elas.”

    Hoje, a única rede socialqueusaéoInstagram—redu-ziuseus800seguidorespara100. “Perco as coisasno mo-mento em que acontecem,masacabodescobrindomaiscoisas por meiodo diálogo.”

    O artista Rafael Amamba-hy,27,outrosemFacebook,dizacharquesuageraçãoémais“analógica”, desacostumadaalidarcomtudoacontecendosimultaneamentenumapági-na. (JULIANAGRAGNANI)

    Novasgeraçõesaderema aplicativose redessociaismais visuaisqueo Facebook,comoo

    SnapChate o Instagram

    Para especialista, adolescentes sabem diferenciar o virtual do real em debates na rede melhor que os mais velhos

    Debate virtual cansa jovens, diz psicólogaMarcus Leoni/Folhapress

    A publicitariaTatianaVecchia,24, quese cansoudo Facebooke desativoua conta

    Danilo Verpa/Folhapress

    Rafael Amambahy, 27, achaquesuageração é ‘analógica’