Decisao_10280722150201193

Embed Size (px)

Citation preview

  • 7/24/2019 Decisao_10280722150201193

    1/25

    S1-C4T2

    Fl. 2

    1

    1

    S1-C4T2MINISTRIO DA FAZENDA

    CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAISPRIMEIRA SEO DE JULGAMENTO

    Processo n 10280.722150/2011-93

    Recurso n Voluntrio

    Acrdo n 1402-001.277 4 Cmara / 2 Turma Ordinria

    Sesso de 4 de dezembro de 2012

    Matria AUTO DE INFRAO - IRPJ

    Recorrente COMPAR COMPANHIA PARAENSE DE REFRIGERANTES

    Recorrida FAZENDA NACIONAL

    ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURDICA - IRPJ

    Ano-calendrio: 2007

    BENEFCIO FISCAL. REDUO DO IRPJ. FRUIO. O benefcio fiscalde reduo do IRPJ, fundamentado no artigo 1 da Medida Provisria n2.199-14/2001, com as alteraes promovidas pela Lei n 11.196/2005, cujaexpedio do laudo constitutivo do direito ocorreu aps o ano-calendriosubsequente ao de incio de operao do projeto beneficiado, tem termoinicial de fruio no ano-calendrio de expedio do laudo.

    SUBVENO PARA INVESTIMENTO. CRDITOS PRESUMIDOS DEICMS. EXISTNCIA DE VINCULAO E SINCRONISMO.CARACTERIZAO - Os valores correspondentes ao benefcio fiscal dereduo de ICMS, decorrentes da obteno de crditos presumidos, que

    possuam vinculao, ainda que indireta, com a aplicao dos recursos embens ou direitos referentes implantao ou expanso de empreendimentoeconmico, caracterizam como subveno para investimento, podendo ser

    excluda na determinao do lucro real.PIS/COFINS. BASE DE CLCULO. SUBVENES. O PIS e a COFINStem como base de clculo o valor do faturamento (receita bruta) mensalauferido pela pessoa jurdica, sendo irrelevante o tipo de atividade exercidaou a classificao contbil adotada para suas receitas. As subvenes obtidasdo poder pblico, tais como os crditos presumidos de ICMS,independentemente de sua classificao contbil, so receitas dosubvencionado, devendo, portanto, integrar a base de clculo da contribuio.

    Recurso Voluntrio Provido em Parte.

  • 7/24/2019 Decisao_10280722150201193

    2/25

    Processo n 10280.722150/2011-93Acrdo n. 1402-001.277

    S1-C4T2Fl. 3

    2

    Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.

    Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em darprovimento parcial ao recurso para cancelar a exigncia referente ao IRPJ e CSLL incidentessobre as subvenes. Por maioria de votos, manter a exigncia do PIS e da Cofins, vencidos osConselheiros Carlos Pel e Moiss Giacomelli Nunes da Silva.. Tudo nos termos do relatrio evoto que passa a integrar o presente julgado.

    (assinado digitalmente)Leonardo Henrique Magalhes de Oliveira - Relator

    (assinado digitalmente)Leonardo de Andrade Couto - Presidente

    Participaram da sesso de julgamento os conselheiros: Antnio Jos Praga deSouza, Carlos Pel, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moises Giacomelli Nunes da Silva,Leonardo Henrique Magalhes de Oliveira e Leonardo de Andrade Couto.

    Relatrio

    COMPAR COMPANHIA PARAENSE DE REFRIGERANTES recorre aeste Conselho contra a deciso proferida pela DRJ em primeira instncia, que julgou

    procedente a exigncia, pleiteando sua reforma, com fulcro no artigo 33 do Decreto n 70.235de 1972 (PAF).

    Adoto o relatrio da deciso recorrida (verbis):

    Versa o presente processo sobre o(s) Auto(s) de Infrao de fls. 545-577, relativo(s)ao Imposto de Renda Pessoa Jurdica-IRPJ, Contribuio para o Programa deIntegrao Social-PIS, Contribuio para Financiamento da Seguridade Social-COFINS e Contribuio Social Sobre o Lucro Lquido-CSLL, ano(s)-calendrio2007, com crdito total apurado no valor de R$ 19.956.622,77, incluindo o principal,

    a multa de ofcio e os juros de mora, atualizados at 29/07/2011.De acordo com a fatos narrados pela autoridade lanadora, o sujeito passivo incorreuna(s) seguinte(s) infrao(es):

    - Contabilizao imprpria de subvenes, com reflexos na apurao do IRPJ,CSLL, PIS e COFINS

    - Reduo indevida de IRPJ.

    Para fundamentar a infrao a autoridade lanadora descreve que:

    001 - SUBVENES - CONTABILIZAO IMPRPRIA

    [...] verificamos a contabilizao de recursos transferidos da conta n2.1.04.01.0022-0 - ICMS Normal e Outros, do grupo Impostos/Taxas/Contribuiesdo Passivo Circulante para a Conta n 2.4.02.01.0002-4 -Incentivo do ICMS, do

    sub-grupo Reservas de Capital, do grupo Reservas Patrimoniais pertencente ao

  • 7/24/2019 Decisao_10280722150201193

    3/25

    Processo n 10280.722150/2011-93Acrdo n. 1402-001.277

    S1-C4T2Fl. 4

    3

    Patrimnio Liquido tais recursos no transitaram pela Conta de Resultado. Naparte "B" do Livro LALUR, bem como na DIPJ, no consta registro de ajuste doLucro Lquido do Exerccio relativo a estes recursos, portanto, referidos recursosno foram oferecidos a tributao.

    [...] o contribuinte apresentou cpia do Projeto de Reduo do ICMS - Reviso eProrrogao do Beneficio Fiscal datado de agosto de 2003 e cpia dos Decretosestaduais que concedem Crdito Presumido de 95% do ICMS apurado.

    [...] a Secretaria de Estado de Desenvolvimento, Cincia e Tecnologia encaminhou-nos cpia do projeto que subsidiou a concesso de incentivos fiscais e planilhas que

    foram base para convalidao do benefcio fiscal por meio do Decreto n 2.667 de15/12/2006 e cpia do requerimento da Compar a essa Secretaria, onde solicitaque seja restabelecido o crdito presumido de 95%, calculado sobre o ICMSapurado, correspondentes as sadas dos produtos fabricados pela requerente no

    Estado do Par. [...] o projeto encaminhado o mesmo "Projeto de Reduo doICMS - Reviso e Prorrogao do Beneficio Fiscal datado de agosto de 2003"entregue pela fiscalizada.

    A verso primitiva do Projeto de Reduo do ICMS, que no foi disponibilizado aesta fiscalizao, teve concesso de benefcios fiscais atravs do Decreto rt3.857/99 posteriormente novo Projeto de Reduo do ICMS - Reviso e

    Prorrogao do Benefcio Fiscal, de agosto de 2003, teve concesso de benefciosformalizado atravs do Decreto n 507/2003, que veio a ser alterada pelos Decretosnos 1.594/2005, 2.036/2006. O Decreto n 2.667/2006 concede crdito presumidode 95% sobre o ICMS apurado a partir de data de publicao ocorrida em18/12/2006. Os Decretos citados neste pargrafo so do Governo do Estado do

    Par.

    O contribuinte comprovou aquisio de bens para o parque fabril em valorescompatveis com o benefcio recebido do ICMS, entretanto, o Projeto no vincula adestinao dos valores advindos da reduo do ICMS aquisio de bens oudireitos para implantao ou expanso do empreendimento econmico. Assim, noh vinculao entre o incentivo e a aquisio de bens, isto , o contribuinte no estobrigado a qualquer contrapartida em aquisio de bens e direitos para usufruir doincentivo fiscal do ICMS. A falta de vinculao exclui a possibilidade de que osvalores da reduo do ICMS gozem do beneficio previsto no artigo 443 do RIR/99,enquadrando-se no inciso I do artigo 392 do mesmo diploma legal.

    Desta forma o contribuinte infringiu a legislao tributria, por contabilizarsubvenes diretamente em conta de Patrimnio Lquido, sem transitar pelo

    Resultado do Exerccio, tampouco lanou o valor da referida subveno nasAdies da ficha 09A -Demonstrao do Lucro Real - PJ em Geral da DIPJ do anocalendrio 2007 como tambm deixou de lanar nas Adies da ficha 17 - Clculoda Contribuio Social sobre o Lucro Lquido.

    [...]

    002 - EMPRESAS INSTALADAS NA REA DA SUDAM. REDUO.INOBSERVNCIA DOS REQUISITOS LEGAIS

    O contribuinte informou na Declarao de Informaes Econmico-Fiscais daPessoa Jurdica - DIPJ do ano calendrio de 2007:

    a) Ficha 28 - Atividades Incentivadas - PJ em Geral:001. Beneficio Fiscal - Reduo de 75% Projeto - Modernizao Ato Concessrio- PROT. 59431/0667/03-36 Prazo de Vigncia - 01/01/2003 a 31/12/2012

  • 7/24/2019 Decisao_10280722150201193

    4/25

    Processo n 10280.722150/2011-93Acrdo n. 1402-001.277

    S1-C4T2Fl. 5

    4

    002. Beneficio Fiscal - Reduo de 75% Projeto Modernizao Ato Concessrio Laudo Constitutivo 104/2004 Prazo de Vigncia - 01/01/2004 a 31/12/2013.

    b) Ficha 12A - Clculo do Imposto de Renda sobre o Lucro Real - PJ em Geral:

    Linha 10. (-) Iseno e Reduo do Imposto = R$ 1.178.909,92.Solicitado a apresentar ato de reconhecimento de iseno/reduo do IRPJ para oano calendrio de 2007, o contribuinte manteve-se silente. O Servio de Orientaoe Anlise Tributria - SE0RT da Delegacia da Receita Federal em Belm -

    DRF/BEL enviou-nos Memorando SEORT/DRFB/BEL N 076/2011 encaminhandocpia do Parecer 0378/2011 de 13/04/2011, e Despacho Decisrio de mesma dataque indefere o "Pedido de Reconhecimento do Direito ao Beneficio de Reduo do

    Imposto de Renda e Adicionais no Restituveis, calculados com base no Lucro daExplorao formulado por COMPAR COMPANHIA PARAENSE DEREFRIGERANTES.

    Desta forma o contribuinte infringiu a legislao tributria, ao utilizar

    indevidamente Reduo de 75% do Imposto de Renda no ano calendrio de 2007.

    [...]

    Sobre a exigncia principal foi aplicada a multa de ofcio de 75 %.

    O sujeito passivo tomou cincia do lanamento em 25/08/2011 (fls. 546, 554, 563 e572) e apresentou sua impugnao em 26/09/2011 (fls. 583-618, 1779-1808, 2957-2989, 4163-4191), na qual alegou em sntese que:

    Da subveno para investimento

    1. Em 2003, apresentou o Projeto de Reduo de ICMS Reviso eProrrogao de beneficio Fiscal, pretendendo a prorrogao e a ampliao de

    beneficio fiscal anteriormente concedido pelo Estado do Par. O pleito tinha comofundamento a necessidade de expanso no atendimento do mercado consumidorlocal, tanto por meio do aumento de sua produo, como atravs de uma maioreficincia no processo de distribuio

    2. O projeto - que se centrava na concesso de crditos presumidos nassadas internas e interestaduais de seus produtos, alm de crdito compensatrio emrazo de prejuzos acumulados at aquela data - fundava-se nas disposies dos art.2, 3 e 4 da Lei n 6.489/02, de onde se extrai que a principal finalidade dosincentivos concedidos pelo Estado do Par era a consolidao, modernizao eampliao da indstria, comrcio e prestao de servios locais

    3. O projeto previa um crescimento da utilizao da mo-de-obra ao longode seis anos. Previa tambm investimentos em imobilizaes fixas, destinados renovao de bens depreciados

    4. As subvenes recebidas tiveram sua utilizao fiscalizada pelaComisso de Poltica de Incentivos ao Desenvolvimento Scio-Econmicos doestado do Par e foram registradas nos livros fiscais da impugnante, constituindoreserva de capital at sua efetiva utilizao, de modo a no afetar o resultado daempresa e, conseqentemente, no distribuir lucros indevidos aos scios

    5. Parte significativa dos recursos foi concentrada em aquisies ereposies de bens e direitos em operao, tais como: veculos equipamentos paraeventos promocionais mquinas, equipamentos e instalaes industriaisequipamentos para processamento de dados e vasilhames e embalagens

  • 7/24/2019 Decisao_10280722150201193

    5/25

    Processo n 10280.722150/2011-93Acrdo n. 1402-001.277

    S1-C4T2Fl. 6

    5

    6. Os investimentos realizados igualaram as subvenes recebidas. O quedemonstra o comprometimento da impugnante com o projeto

    7. O benefcio fiscal recebido culminou na expanso da participao

    impugnante no mercado consumidor local, gerando empregos, aumento nas vendas eelevao no recolhimento de tributos

    8. Apresenta por amostragem as Notas Fiscais que confirmam a mutao doseu ativo permanente, em conformidade com as subvenes recebidas

    9. Considerando o exguo tempo para levantamento dessas notas fiscais,requer a juntada posterior de novos documentos

    10. A subveno para investimento diferencia-se da subveno para custeiopelo fato daquela ter por objetivo capitalizar a empresa privada subvencionada.Nesse sentido o julgamento do Recurso n 145121. proferido pela Stima Cmara doPrimeiro Conselho de Contribuintes, em 20/09/2006, em que, atravs de um estudo

    semntico da palavra subveno, define-a como auxilio em pecnia, sem cartercompensatrio, dos poderes pblicos ao ente privado

    11. A subveno para investimento no pressupe a aplicao dos recursosrecebidos no ativo permanente da pessoa jurdica e podem ser destinadas a aumentaro capital de giro da empresa

    12. Verificada a inteno do subvencionador em conceder recursos aosinvestimentos da impugnante e efetivada a aplicao da subveno nosinvestimentos previstos para a expanso do empreendimento econmico, inconteste,ento, o enquadramento do recebimento da subveno art. 38, 2, do Decreto-Lein 1.598/77 e Art. 443 do RIR/99

    13. Os bens adquiridos foram expressamente previstos no projeto, emespecial, no Quadro II.4, relativo Imobilizaes Fsicas Existentes, e no QuadroIII.5, relativo Depreciao, Amortizao, Manuteno e Seguros do Ativo

    Imobilizado, em sua maioria, destinados a reposio de bens diretamente ligados operao, tendo por fim ltimo o aumento do atendimento do mercado consumidorlocal, por meio do aumento da produtividade e uma maior eficincia na produo edistribuio

    14. A mera comprovao que os investimentos recebidos foram aplicados embens de capital, como bem demonstrou as decises citadas e o Parecer NormativoCST n 112/78, afasta qualquer tentativa de enquadramento das subvenesrecebidas do Estado do Par no Art. 392, I, do RIR/99, pois, plenamente identificada

    a inteno do ente Pblico em subvencionar e a efetiva e especfica aplicao dasubveno nos investimentos previstos para a expanso do empreendimentoeconmico

    15. A regularizao do projeto perante a Comisso da Poltica de Incentivosao Desenvolvimento Scio-Econmico do Par ver ofcios recebidos eesclarecimentos prestados caracterizam o benefcio fiscal como subveno parainvestimento

    Da reduo do IRPJ

    16. Em 2003, apresentou projeto junto Agncia de Desenvolvimento daAmaznia pretendendo o reconhecimento do direito iseno de 75% do Imposto de

    Renda e Adicionais no restituveis, por 10 (dez) anos, calculado com base no lucroda explorao dos produtos, nos termos definidos no art. 1, 4, da MedidaProvisria n 2.199-14/2001, e Decreto n 4.212/2002, art. 2, inciso VI, alnea h

  • 7/24/2019 Decisao_10280722150201193

    6/25

    Processo n 10280.722150/2011-93Acrdo n. 1402-001.277

    S1-C4T2Fl. 7

    6

    17. Nos termos dessa legislao, a Impugnante tem at o ano de 2013 para terseu projeto negado pela Administrao, possuindo at essa data, por fora do prprioart. 1, 1 da Medida Provisria n 2.199-14/2001, amplo direito iseno

    18. A iseno foi concedida por prazo certo (dez anos) e sob condioonerosa (instalao, modernizao, ampliao ou diversificao). Tal argumentoconforma-se com a exceo ao princpio da plena revogabilidade isencional (art.178, do CTN), razo pela qual no pode ser alterada, revogada ou limitada pelademora na anlise do projeto apresentado

    19. Encontrando-se o benefcio de iseno vinculado proposta deinvestimento do contribuinte (art. 178 do CTN), bvio que a implantao eoperao do empreendimento deve gozar, desde logo, do beneficio de sua iseno doImposto de Renda, como determina o art. 1, 1 da Medida Provisria n 2.199-14/2001, sendo a aprovao do benefcio ato meramente declaratrio

    20. Ainda que se entenda ser a aprovao do projeto requisito indispensvel

    ao gozo da iseno, mesmo assim no se poderia admitir que essa anlise poderiademorar indefinidamente, pois, mesmo submetido administrao em 2003, at o

    presente momento no recebeu a contribuinte qualquer resposta. Um totaldesrespeito ao artigo 24 da Lei n 9.784/99, inciso LXXVIII, do art. 5 e art. 37,ambos da Constituio Federal

    Da impossibilidade de tributao do PIS e COFINS

    21. O crdito presumido de ICMS no se constitui receita, seja do ponto devista contbil, seja do ponto de vista econmico-financeiro, porquanto se destinamunicamente ao subvencionamento de atividade incentivada

    22. Quando do recebimento dos valores relativos s vendas de seus produtos

    o contribuinte suporta, sobre o montante ingressado na contabilidade a tal ttulo, aincidncia do PIS e COFINS

    23. O STJ j se posicionou no sentido que os crditos concedidos de ICMSno se caracterizam receita, porquanto no inexiste incorporao ao patrimnio dasempresas

    24. O TRF da 4 Regio tambm j se pronunciou no sentido que os crditospresumidos de ICMS, concedidos pelos Estados-Membros, no se constituemreceitas ou faturamento da empresa, base de clculo das contribuies PIS eCOFINS, mas verdadeira renuncia fiscal, com o intuito de incentivar odesenvolvimento de determinados setores da economia

    25. No caso da impugnante, o crdito presumido, constitui-se tpicasubveno para investimento, devendo ser registrada diretamente na conta de reservade capital, sem trnsito pelo resultado

    Por fim, a recorrente ainda pede:

    1. O reconhecimento da autenticidade dos documentos acostados defesa,nos termos do art. 356, IV, CPC

    2. Realizao de percia, caso haja dvidas sobre as declaraes, registros edemonstraes financeiras.

  • 7/24/2019 Decisao_10280722150201193

    7/25

    Processo n 10280.722150/2011-93Acrdo n. 1402-001.277

    S1-C4T2Fl. 8

    7

    A deciso recorrida est assim ementada:

    DECISES ADMINISTRATIVAS. EFEITOS. As decises administrativas em casosconcretos no se constituem em normas gerais. Inaplicvel, portanto, a extenso de

    seus efeitos, de forma genrica, a outros casos.

    DECISES JUDICIAIS. EFEITOS. As decises judiciais, com efeito inter partes,no podem ser aplicadas a outros casos.

    DILIGNCIA/PERCIA. A realizao de diligncia/percia no se presta produo de provas que o sujeito passivo tinha o dever de trazer colao juntocom a pea impugnatria.

    SUBVENO PARA INVESTIMENTO. CRDITOS PRESUMIDOS DE ICMS.INEXISTNCIA DE VINCULAO E SINCRONISMO. DESCARACTERIZAO -Os valores correspondentes ao benefcio fiscal de reduo de ICMS, decorrentes daobteno de crditos presumidos, que no possuam vinculao com a aplicao

    especfica dos recursos em bens ou direitos referentes implantao ou expansode empreendimento econmico, no se caracterizam como subveno parainvestimento, devendo ser computados na determinao do lucro real.

    BENEFCIO FISCAL. REDUO DO IRPJ. FRUIO. O benefcio fiscal dereduo do IRPJ, fundamentado no artigo 1 da Medida Provisria n 2.199-14/2001, com as alteraes promovidas pela Lei n 11.196/2005, cuja expedio dolaudo constitutivo do direito ocorreu aps o ano-calendrio subsequente ao deincio de operao do projeto beneficiado, tem termo inicial de fruio no ano-calendrio de expedio do laudo.

    BASE DE CLCULO. SUBVENES. O PIS tem como base de clculo o valor dofaturamento (receita bruta) mensal auferido pela pessoa jurdica,sendoirrelevanteo tipo de atividade exercida ou a classificao contbil adotada para suas receitas.

    As subvenes obtidas do poder pblico, tais como os crditos presumidos de ICMS,independentemente de sua classificao contbil, so receitas do subvencionado,devendo, portanto, integrar a base de clculo da contribuio.

    (...)

    Impugnao Improcedente. Crdito Tributrio Mantido.

    Cientificada da aludida deciso, a contribuinte apresentou recurso voluntrio,no qual contesta os fundamentos da DRJ e, ao final, requer o provimento. Transcreve-se a

    sntese das alegaes recursais:

    IV - AS RAZES DE MRITO QUE IMPEM O CANCELAMENTO DASEXIGNCIAS ORA QUESTIONADAS

    Conforme ser demonstrado a seguir, a deciso de primeira instncia que legitimouo lanamento formulado pela Receita Federal Brasil merece ser reformada,

    porquanto as subvenes recebidas do Estado do Par atravs dos Decretos ns.507/2003, 1.594/05 e 2.667/2006, alm de devidamente fundamentadas no InteressePblico, foram concedidas com base em "Projeto de reduo de ICMS - Reviso eProrrogao de benefcio Fiscal" submetido pela Recorrente ao Estado visando aexpanso no atendimento do mercado consumidor do Par, tanto por meio do

    aumento de sua lucratividade, como atravs de uma maior eficincia em produo edistribuio.

  • 7/24/2019 Decisao_10280722150201193

    8/25

    Processo n 10280.722150/2011-93Acrdo n. 1402-001.277

    S1-C4T2Fl. 9

    8

    Tais objetivos, que se encontravam em total consonncia com a Lei n 6.489/02 eDecreto n 5.615/02 (regulamento), buscavam a recuperao da Recorrente junto aomercado consumidor local, duramente seviciado nos ltimos anos em razo daconcorrncia desleal praticada por O empreendimentos margem da lei, que alm de

    no cumprir com suas obrigaes fiscais e trabalhistas, pem em risco a sade dosconsumidores com a comercializao de produtos de pouca qualidade e nenhumcontrole sanitrio.

    Por conseguinte, pretende a Recorrente demonstrar o pleno enquadramento dassubvenes recebidas do Estado do Par nos ditames do 2, art. 38, do Decreto-Lein 1.5984 e art. 443 do RIR/995, pois, comprovada a pr-inteno do Estado emtransferir capital para a iniciativa privada visando o interesse pblico, e respeitadoesse interesse com o direcionamento pr-acordado dos recursos recebidos,CARACTERIZADA SE ENCONTRA A SUBVENO DE INVESTIMENTO.

    O que se constata da anlise da deciso ora recorrida, que esta ANALISOU as

    PROVAS ACOSTADAS AOS AUTOS, na medida em que DISTORCEELEMENTOS FTICOS APRESENTADOS NA IMPUGNAO, EDESCONSIDERA O ENQUADRAMENTO CONTBIL DE BENSADQUIRIDOS PELA IMPUGNANTE NO PERIODO AUTUADO.

    Ademais, a DECISO RECORRIDA IGNOROU O TEXTO DAS NORMASEDITADAS PELO ESTADO DO PAR, no atentou para a inteno especfica doEstado em subvencionar a modernizao, o desenvolvimento, e a consolidao daindstria local.

    Exemplo disso a afirmao de que o Decreto Estadual n 2.667/2007 que concedeuo benefcio fiscal Recorrente exige para a manuteno do benefcio fiscal apenas o

    cumprimento da legislao que rege a matria, no havendo "nenhuma outracontrapartida exigida da recorrente para o recebimento dos crditos de ICMS.Tampouco h qualquer vnculo expresso, direto ou indiretamente, entre o projetoapresentado pela recorrente ( f l . 112-186) e o Decreto que concedeu o benefcio ( fl . 93-113J\ o que levaria concluso de que os benefcios fiscais recebidos pelaRecorrente no podem ser enquadrados como subveno de investimento, (grifonosso).

    ENTENDIMENTO DEMONSTRADO ENCONTRA-SE EQUIVOCADO,porquanto o Decreto 2.667/2007 constitui a formalizao da concesso do benefcio Recorrente. As finalidades da concesso dos benefcios ficais e as obrigaes a queestaro sujeitos os beneficirios esto previstos na Lei n 6.489/2002. que dispe

    sobre a Poltica de Incentivos ao Desenvolvimento Scio Econmico do Estado doPar, regulamentada pelo Decreto 5.615/2002.

    Ambas as legislaes foram amplamente debatidas pela Recorrente em suaImpugnao Fiscal e a seguir tambm sero mais uma vez discutidas. Os artigos 2o,3o e 4o da Lei n 6.489/02 esclarecem que os objetivos e fins pretendidos peloEstado do Par na concesso do benefcio Recorrente eram "(-) a consolidao,no Estado do Par, de processo de desenvolvimento econmico moderno ecompetitivo (...)", atravs de benefcio ESPECFICO para as empresas que"promovam inovao tecnolgica"modernizao ou diversificao deempreendimentos ou de estabelecimentos j existentes e a aquisio de mquinas eequipamentos de gerao mais moderna do que os j possudos, operando no

    Estado.Em seguida, a deciso recorrida analisa o projeto apresentado pela Recorrente,segundo o qual, para atingir o objetivo - o aumento de sua capacidade de produo e

  • 7/24/2019 Decisao_10280722150201193

    9/25

    Processo n 10280.722150/2011-93Acrdo n. 1402-001.277

    S1-C4T2Fl. 10

    9

    maior atendimento do mercado consumidor local - a empresa props (i) elevar onvel da produo (ii) introduzir uma linha de produo que apresentasse maiorlucratividade operacional (iii) elevar a mo-de-obra e (iv) renovar parte do ativoimobilizado. E em seguida conclui que "(...) a primeira vista, pode-se concluir que o

    benefcio fiscal em questo no tinha por finalidade a expanso do empreendimentoeconmico, mas, sim, o auxilio empresa na consecuo de seus objetivos sociais,em especial na melhora dos nveis de produtividade.

    Neste ponto, importante mencionar que ao prever a introduo de uma linha deproduo que apresentasse maior lucratividade operacional, o Projeto visava umamaior eficincia da empresa, com a elevao da sua produo e o aumento do nvelde utilizao da sua capacidade instalada.

    Ora, aps os investimentos no parque fabril, necessitava a empresa dar vazo a estaproduo, razo pela qual, os investimentos em eficincia e distribuio (vasilhames,veculos, freezers e materiais promocionais) destinavam-se a ampliar o seu mercado

    consumidor, expandindo assim o empreendimento.Julgadores, data maxima venia, flagrante a concluso a que se chega: o aumento donvel de produo, com o conseqente aumento do nvel de utilizao de suacapacidade instalada, juntamente com o aumento da mo-de-obra e a renovao de

    parte do seu ativo imobilizado, constituem sem sombra de dvidas, EXPANSODO EMPREENDIMENTO ECONMICO!!

    Afirma ainda a deciso que "(...) o recorrente, ao tempo da apresentao do projeto,apresenta trinta por cento de sua capacidade ociosa e que o projeto propunha autilizao de toda a capacidade produtiva da empresa, atravs da elevao de sua

    produo (de 920.000 hl/ano para 1.100.000hl/ano) e da destinao de 15% de sua

    capacidade instalada para introduzir uma linha de produo que apresentasse maior \lucratividade operacional (fis. 61-63). De onde tambm se conclui que no haviaqualquer inteno do subvencionado de expandir o empreendimento econmico,mas, somente, de melhorar a eficincia de sua capacidade produtiva.7'''' E aduzainda, que no h que se falar que "o aumento da mo h Ou % trata de umaexpanso do empreendimento econmico porque o incremento esperado, de 5 ~empregados, destinava-se a atender o aumento da produo dentro da capacidadeindustria j instalada.

    Ora, se a inteno do Estado era, justamente, investir na modernizao,dinamizao, diversificao e consolidao da indstria local, COMO QUE AINTRODUO DE TCNICAS E BENS VISANDO A IMPLANTAO DE

    UMA LINHA DE PRODUO MAIS LUCRATIVA, QUE AUMENTARIAM APRODUO E O ATENDIMENTO DO MERCADO CONSUMIDOR DARECORRENTE, no pode ser considerada a expanso do empreendimento?

    Esqueceu-se a deciso Recorrida de confirmar as alegaes da fiscalizao quanto natureza dos gastos efetuados pela Recorrente com seu ativo no perodo fiscalizado.Realizada essa confrontao, teria atentado para o fato de que, sendo amodernizao e consolidao de sua indstria um dos objetivos pretendidos doEstado do Par, as aquisies da Recorrente de "Veculos", "Vasilhames", "Mq. eEquip.", e "Equipamentos para eventos promocionais", entre outros, destinavam-seSIM expanso e consolidao da Recorrente junto ao mercado consumidor local.

    O simples fato de no ter havido o aumento do parque fabril da Recorrente emmetros quadrados no significa que no houve a expanso do empreendimentoeconmico. Ao CONTRRIO, o aumento da produo atravs da compra demquinas e equipamentos, com a utilizao integral de sua capacidade instalada,

  • 7/24/2019 Decisao_10280722150201193

    10/25

    Processo n 10280.722150/2011-93Acrdo n. 1402-001.277

    S1-C4T2Fl. 11

    10

    juntamente com a compra de vasilhames para o envasamento da produo e acompra de novos veculos para a distribuio destas bebidas em um mercadoconsumidor maior, DEMONSTRAM QUE HOUVE SIM A EXPANSO DOEMPREENDIMENTO ECONMICO.

    COMO J DITO, A EXPANSO DO EMPREENDIMENTO ECONMICOCARACTERIZOU-SE PELOS INVESTIMENTOS EM DISTRIBUIO, POIS.TRATANDO-SE DE UMA INDSTRIA DE BEBIDAS, PRODUO SEMVASILHAMES OU VECULOS QUE PERMITAM A VENDA EDISTRIBUIO NO MERCADO CONSUMIDOR INVIABILIZAM AOPERAO DA EMPRESA.

    Desta forma, como a fiscalizao e os julgadores de prir- ira Estncia NOLEVARAM EM CONTA AS NORMAS QUE TUTELARAM O BENEFCIO ePOUCO ANALISARAM O PROJETO DE INVESTIMENTOS aprovado pelo Par,A AFIRMAO DESENCONTRADA DA DECISO de que "o projeto no

    previa,. forma alguma, a expanso do empreendimento instalado8" se torma atcompreensvel, assim como o enquadramento em "custos" dos valores despendidoscom vasilhames (investimento da Recorrente em um ativo utilizado noacondicionamento do produto comercializado).

    Aqui, vale trazer colao trecho do voto proferido pelo Ministro Felix Ficher nojulgamento do Recurso Especial n 184.156, segundo o qual, "o princpio dapersuaso racional ou livre convencimento (...) exige fundamentao concreta,calcada na prova dos autos, observadas as regras jurdicas pertinentes e as daexperincia comum aplicveis. A convico pessoal, subjetiva, do magistrado,aliceradas em aspectos outros que no os acima indicados, no se prestam parasupedanear uma deciso.'"' Nessa linha, O VALOR INVESTIDO NA REPOSIO

    DE VECULOS, visivelmente utilizados na EXPANSO DA DISTRIBUIO dosprodutos comercializados, de uma empresa que estava MODERNIZANDO EAMPLIANDO A SUA PRODUO, no PODE SER DESCONSIDERADOPARA FINS DE INVESTIMENTO NO ATIVO IMOBILIZADO, COM FEZ OJULGADOR DE PRIMEIRA INSTNCIA, BASEADO EM SUA CONVICOPESSOAL E SUBJETIVA.

    Sobre o tema, julgando questo similar relativa ao reconhecimento de despesas naapurao do Lucro Real, rechaou o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais avalidade de interpretaes pessoais da fiscalizao como critrio vlido para adesqualificao de despesas:

    "IRPJ - CUSTO, DESPESAS OPERACIONAIS E ENCARGOS Comprovadonos autos que os custos e as despesas glosados estavam intrinsicamenterelacionados com as atividades da recorrente, no tem aplicao ao casoconcreto as restries constantes do art. 13,1 e II, da Lei 9.249/95. O rol dehipteses-insertas no pargrafo nico do art. 25, da IN SRF n 11/96 no exaustivo. Recurso provido."

    Pecou a deciso Recorrida, PORTANTO, PELA AUSNCIA DE ANLISE DASPROVAS CARREADAS AOS AUTOS, especialmente aquelas destinadas ademonstrar AONDE FORAM INVESTIDOS os valores obtidos com o BENEFCIOFISCAL.

    Por fim, a Recorrente considera imprudente a afirmao contida na deciso de que"os valores auferidos por meio do benefcio integraram o capital de giro daempresa (...)10",pois, como restou exposto no item III. 1.2, alm dos investimentosda Recorrente em "bens e direitos em operao", que superaram em 2007 o

  • 7/24/2019 Decisao_10280722150201193

    11/25

    Processo n 10280.722150/2011-93Acrdo n. 1402-001.277

    S1-C4T2Fl. 12

    11

    montante de R$ 4.000.000,00 (quatro milhes de reais), a Recorrente tambm fezinvestimentos em seu imobilizado, que em 2007 foram de R$ 1.445.332,06 (ummilho, quatrocentos e quarenta e cinco mil, trezentos e trinta e dois reais e seiscentavos).

    Ou seja, OS INVESTIMENTOS realizados pela Recorrente PRATICAMENTE SEIGUALARAM FINANCEIRAMENTE AOS INCENTIVOS recebidos pelo Estadodo Par, o que, por si s, demonstra seu comprometimento com o Projetoapresentado, valendo ressaltar que o fato de no terem se igualado ou superado osincentivos recebidos em nada descaracteriza a subveno de investimento, atmesmo porque nos anos anteriores estes investimentos foram maiores que osincentivos recebidos.

    Alm disso, consoante se observa do "Demonstrativo das Mutaes no PatrimnioLquido" da Recorrente, os valores relativos s subvenes, antes de sua aplicaoespecfica, foram registrados em Reserva de Capital. NO AFETANDO O

    RESULTADO da empresa, e NO SENDO DISTRIBUDO COMO LUCROS aosseus scios, como determina a legislao, do que decorre a improcedncia doentendimento da Ia Turma da DRJ/BEL.

    Ser tambm demonstrado no curso deste recurso, que a iseno parcial do Impostode Renda glosada pela Receita Federal para o ano de 2007, tendo sida requerida hmais de 05 (cinco) anos pela Recorrente, pode ser plenamente utilizada, pois, no

    pode esta ficar aguardando indefinidamente uma resposta por parte dos rgosresponsveis.

    Por fim, demonstrar-se- que tais valores recebidos pela Recorrente a ttulo desubvenes de investimento no constituem receita tributvel para fins de incidncia

    do PIS e da COFINS, conforme sistemtica prevista nas Leis 10.637/02 e 10.833/03.(...)

    o relatrio.

  • 7/24/2019 Decisao_10280722150201193

    12/25

    Processo n 10280.722150/2011-93Acrdo n. 1402-001.277

    S1-C4T2Fl. 13

    12

    Voto

    Conselheiro Leonardo Henrique Magalhes de Oliveira, Relator.

    O recurso tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade.

    Trata-se de Lanamento de Ofcio procedido pela Receita Federal do Brasilde valores alegadamente no recolhidos pela Recorrente, para a cobrana de:

    (i) IRPJ e CSLL em razo da no adio ao lucro real de subvenes deICMS requeridas e concedidas pelo Estado do Par atravs dos Decretos 507/2003, 1.594/05 e

    2.667/2006, no ano de 2007

    (ii) IRPJ em razo da alegada utilizao indevida de benefcio fiscal deiseno requerido no ano de 2003, para o ano de 2007, supostamente sem o respectivo atoconcessrio

    (iii) PIS e COFINS em funo da no tributao pela COMPAR dos valoresdas subvenes de ICMS requeridas e concedidas pelo Estado do Par atravs dos Decretos507/2003,1.594/05 e 2.667/2006, no ano de 2007

    Passo analise das matrias recorridas.

    IRPJ E CSLL NATUREZA DA SUBVENO

    A recorrente contesta a incluso ao resultado do ano-calendrio de 2007, dosvalores transferidos da Conta n 2.1.04.01.0022-0 ICMS Normal e Outros, do PassivoCirculante, para a Conta n 2.4.02.01.0002-4 Incentivo do ICMS, da Reserva de Capital,totalizados mensalmente no quadro folha 457. Para tanto, aduz que estes recursos seenquadram no conceito de benefcio fiscal destinado a projetos de expanso deempreendimentos econmicos (subveno para investimento), nos termos do art. 443 doDecreto n 3.000/99 Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99), Verbis.

    Seo IV

    Subvenes para Investimento e Doaes

    Art.443. No sero computadas na determinao do lucro real as subvenes parainvestimento, inclusive mediante iseno ou reduo de impostos concedidas comoestmulo implantao ou expanso de empreendimentos econmicos, e as doaes,

    feitas pelo Poder Pblico, desde que (Decreto-Lei n 1.598, de 1977, art. 38, 2, eDecreto-Lei n 1.730, de 1979, art. 1, inciso VIII):

    I- registradas como reserva de capital que somente poder ser utilizada paraabsorver prejuzos ou ser incorporada ao capital social, observado o disposto noart. 545 e seus pargrafos ou

  • 7/24/2019 Decisao_10280722150201193

    13/25

    Processo n 10280.722150/2011-93Acrdo n. 1402-001.277

    S1-C4T2Fl. 14

    13

    II- feitas em cumprimento de obrigao de garantir a exatido do balano docontribuinte e utilizadas para absorver supervenincias passivas ou insuficinciasativas.

    Grifei.Fiscalizao, por sua vez, entendeu que o benefcio fiscal NO se

    enquadrava no conceito de subveno para investimento porque o projeto apresentado novincula a destinao dos valores advindos da reduo do ICMS aquisio de bens ou direitos

    para implantao ou expanso do empreendimento econmico.

    A respeito das subvenes recebidas pela pessoa jurdica para financiamentodas atividades normais e para a realizao de investimentos, assim se posicionou aadministrao tributria no Parecer Normativo CST n 112, de 29/12/78:

    [...]

    2 - CONTEDO DAS SUBVENES

    [...]

    2.3 - A amplitude e generalidade atribuda ao termo SUBVENO pela Lei n4.506/64 confirmada pelo 2 do art. 38 do Decreto-lei n 1.598/77 ao distinguira iseno ou reduo de impostos como formas de subveno. Tecnicamente, nalinguagem oramentria, a iseno ou reduo de imposto jamais poderiam serintituladas de subveno.

    2.4 - Outra dificuldade na interpretao da expresso "subvenes correntes para

    custeio ou operao" decorreu exatamente do fato de a matria ter sido abordada"pela metade". Se o dispositivo legal tivesse tratado das subvenes, semacrescentar-lhes qualquer complemento restritivo, mesmo que nos detivssemos na

    pesquisa da Lei 4.320/64, logo perceberamos a amplitude do conceito face s suasfontes e partiramos, ento, para a pesquisa em outros campos. A Cincia Contbil,por exemplo, tem condies de nos oferecer um conceito que possa abrigar toda aextenso atribuda s SUBVENES pelo texto legal, sob o ngulo da modificao

    produzida no patrimnio da empresa beneficiria. o que fez o Parecer NormativoCST n 142/73, ao incluir as SUBVENES como integrantes de recursos pblicosou privados no exigveis. esta uma caracterizao, sem dvida nenhuma, denatureza tcnico-contbil. O patrimnio da empresa beneficiria enriquecido comrecursos vindos de fora sem que isto importe na assuno de uma divida ou

    obrigao. como se os recursos tivessem sido carreados pelos prprios donos daempresa com a condio de no serem exigidos nem cobrados, originados, pois, dochamado CAPITAL PRPRIO, ao contrrio do CAPITAL ALHEIO ou deTERCEIROS, que sempre exigvel e cobrvel. Se preferirmos, contudo, umconceito jurdico, eis o que diz DE PLCIDO E SILVA, em seu vocabulrio

    jurdico: Juridicamente, a subveno no tem o carter nem de paga nem decompensao, mera contribuio pecuniria destina da a auxilio ou em favor deuma pessoa, ou de uma instituio, para que se mantenha, ou para que execute os

    servios ou obras pertinentes a seu objeto." Em resumo, SUBVENO, sob ongulo tributrio para fins de imposio do imposto de renda s pessoas jurdicas, um auxilio que no importa em qualquer exigibilidade para o seu recebedor.

    2.5 - Delineada a espinha dorsal do mandamento legal, fcil fica a tarefa deanalisar os complementos qualificativos acrescentados s SUBVENES pela Lei4.506/64. Esses complementos, para fins de interpretao, podem ser assim

  • 7/24/2019 Decisao_10280722150201193

    14/25

    Processo n 10280.722150/2011-93Acrdo n. 1402-001.277

    S1-C4T2Fl. 15

    14

    esquematizados: 1) quanto sua natureza, as subvenes sero CORRENTES 2)quanto sua finalidade, as subvenes sero para CUSTEIO OU OPERAO.

    Abandonando, por enquanto, o complemento que qualifica a subveno quanto sua natureza, vamos tentar estabelecer os contornos da SUBVENO que se

    destina ao CUSTEIO ou OPERAO. SUBVENO PARA CUSTEIO ouSUBVENO PARA OPERAO so expresses sinnimas. SUBVENO PARACUSTEIO a transferncia de recursos para uma pessoa jurdica com a finalidadede auxili-la a fazer face ao seu conjunto de despesas. SUBVENO PARAOPERAO a transferncia de recursos para uma pessoa jurdica com a

    finalidade de auxili-la nas suas operaes, ou seja, na consecuo de seusobjetivos sociais. As operaes da pessoa jurdica, realizadas para que alcance as

    suas finalidades sociais, provocam custos ou despesas, que, talvez por seremsuperiores s receitas por ela produzidas, requerem o auxilio de fora, representadopelas SUBVENES. O CUSTEIO representa, portanto, em termos monetrios, oreflexo da operao desenvolvida pela empresa. Dai porque julgamos as expressescomo sinnimas.

    2.6 - Retomando o qualificativo da subveno quanto sua natureza, o tributaristaJOS LUIZ BULHES PEDREIRA, em sua obra IMPOSTO DE RENDA, jdistinguia as SUBVENES PARA CUSTEIO ou OPERAO das SUBVENES

    PARA INVESTIMENTO. Esta dicotomia, salvo melhor juzo, abriga sob o enfoqueteleolgico, todos os tipos de SUBVENO e veio a ser consagrada pelo D.L.1.598/77. A SUBVENO PARA CUSTEIO OU OPERAO uma

    SUBVENO corrente ou comum. J a SUBVENO PARA INVESTIMENTO uma SUBVENO especial. Neste caso a utilizao do adjetivo "corrente" noart. 44 da Lei 4.506/64 teve, apenas, a finalidade de destacar o carter denormalidade prprio das subvenes para custeio ou operao.

    [...]

    3.6 - H, tambm, uma modalidade de reduo do Imposto sobre a Circulao deMercadorias (ICM), utilizada por vrios Estados da Federao como incentivofiscal, que preenche todos os requisitos para ser considerada como SUBVENOPARA INVESTIMENTO. A mecnica do benefcio fiscal consiste no depsito, emconta vinculada, de parte do ICM devido em cada ms. Os depsitos mensais,obedecidas as condies estabelecidas, retornam empresa para serem aplicadosna implantao ou expanso de empreendimento econmico. Em alguns casos quetivemos oportunidade de examinar, esse tipo de subveno sempre previsto em lei,da qual consta expressamente a sua destinao para investimento o retorno das

    parcelas depositadas s se efetiva aps comprovadas as aplicaes no

    empreendimento econmico e o titular do empreendimento o beneficirio dasubveno.

    3.7 - oportuna a advertncia para o risco de generalizar as concluses do itemanterior para todos os casos de retorno do ICM. O contribuinte dever ter ocuidado de examinar caso por caso e verificar se esto presentes todos os requisitosexigidos. Um retorno de ICM, por exemplo, como prmio ao incremento das vendas,em relao s de perodo anterior, acima de determinado percentual, no ser uma

    subveno para investimento.

    [...]

    [grifou-se]Da leitura do Parecer Normativo CST n 112/1978, pode-se concluir que:

  • 7/24/2019 Decisao_10280722150201193

    15/25

    Processo n 10280.722150/2011-93Acrdo n. 1402-001.277

    S1-C4T2Fl. 16

    15

    A subveno, em matria tributria, um auxilio concedido aocontribuinte, seja na forma de transferncia de recursos, seja pelaiseno ou reduo de impostos, que no importa em qualquerexigibilidade ao seu recebedor

    A subveno para custeio aquela auxilia o contribuinte a cumprirsuas obrigaes com custos e despesas. A subveno para operao a que auxilia o contribuinte a atingir seus objetivos sociais, sendoa primeira espcie da segunda

    As subvenes para custeio ou operao so subvenes ordinrias,ao passo que a subveno para investimento uma subvenoespecial, estando, portanto, condicionada a regras especficas

    A subveno para investimento a transferncia de recursos parauma pessoa jurdica com a finalidade de auxili-la na aplicaoespecifica em bens ou direitos para implantar ou expandirempreendimentos econmicos

    A classificao dos recursos como subveno para investimento,para efeitos tributrios, exige uma perfeita sincronia entre ainteno do subvencionador e a ao do subvencionado, atravs daefetiva e especfica aplicao da subveno, por parte do

    beneficirio, nos investimentos previstos de implantao ouexpanso do empreendimento econmico projetado

    Nem toda iseno, ou reduo, de imposto pode ser classificadacomo subveno para investimento, tais como aquelas em que ovalor desembolsado, em razo do benefcio fiscal, passa a integraro capital de giro da empresa, dele dispondo o beneficirio damaneira que lhe prouver.

    A recorrente esclareceu, ainda no curso do procedimento fiscal (fl. 22), que obenefcio fiscal foi concedido por meio do Decreto n 2.667/2006 do Governo do Estado doPar (fl 134-136), por sua vez originado do Projeto de Reduo de ICMS Reviso eProrrogao do Beneficio Fiscal (fls. 93-113). Em sua impugnao volta a repetir o

    argumento.O Decreto n 2.667/2006 concedeu ( recorrente), por prazo de 8 anos e

    efeitos a partir de 18/12/2006, crdito presumido de 95%, calculado sobre o ICMS apurado,correspondente s sadas dos produtos fabricados no Estado do Par pela empresa (art. 1).

    Dos fatos trazidos pelas partes, pode-se concluir que o lanamento dizrespeito adio ao resultado dos crditos presumidos de ICMS recebidos pelarecorrente no curso do ano-calendrio 2007, crditos concedidos por meio do DecretoEstadual n 2.667/2006.

    O Ofcio n 613/2011-GS/SEDECT (fl. 137), a Secretaria de Estado deDesenvolvimento, Cincia e Tecnologia do Estado do Parapresentou o pedido proposto pelarecorrente para restabelecimento do crdito presumido de ICMS de 95% (fl. 138), baseado no

  • 7/24/2019 Decisao_10280722150201193

    16/25

    Processo n 10280.722150/2011-93Acrdo n. 1402-001.277

    S1-C4T2Fl. 17

    16

    Projeto de Reduo de ICMS Reviso e Prorrogao do Beneficio Fiscal (fls. 93-113,152-226).

    o Projeto de Reduo de ICMS Reviso e Prorrogao do Beneficio

    Fiscal (fls. 93-113) esteja vinculado ao benefcio fiscal, ainda assim seria possvel suacaracterizao como subveno para investimento. Explica-se:

    O Projeto apresentado tinha por objetivo melhorar o nvel de eficinciaoperacional, atravs do aumento de produtividade (fl. 80). Para atingir este objetivo aempresa se props:

    1. Elevar, em seis anos, seu nvel de produo de 920.000 hl/ano para1.100.000 hl/ano (fls. 61-62)

    2. Destinar, ainda, 15% de sua capacidade instalada de envasamento

    para introduzir uma linha de produo que apresentasse maiorlucratividade operacional (fl. 62)

    3. Elevar, em seis anos, a mo de obra empregada na produo de 761para 800 empregados (fl. 71)

    4. Renovar parte do ativo imobilizado, depreciado pelo uso (fl. 80)

    Ao contrrio do entendimento da deciso recorrida, pode-se sim concluir queo beneficio fiscal em questo tinha por finalidade a expanso do empreendimento econmico, ena melhora dos nveis de produtividade, da se tratar de subveno para investimento,

    conforme asseverado nos memoriais do contribuinte (verbis).

    (... ) as subvenes recebidas do Estado do Par atravs dos Decretos n 507/2003 e1.594/2005, alm de devidamente fundamentadas no Interesse Pblico, foramconcedidas com base em Projeto de Reduo de ICMS Reviso e Prorrogao deBenefcio Fiscal, submetido pela Recorrente ao Estado visando a expanso noatendimento do mercado consumidor do Par, tanto por meio do aumento de sua

    produtividade, como atravs de uma maior eficincia em produo e distribuio.

    Tais objetivos se encontravam em total consonncia com a Lei n 6.489/2002, quedispe sobre a Poltica de Incentivos ao Desenvolvimento Scio Econmico doEstado do Par, regulamentada pelo Decreto 5.615/2002, a qual esclarece que os

    objetivos e fins pretendidos pelo Estado na concesso do benefcio Recorrenteeram (...) a consolidao, no Estado do Par, de processo de desenvolvimentoeconmico moderno e competitivo (...), atravs de benefcio ESPECFICO para asempresas que promovam inovao tecnolgica, modernizao oudiversificao de empreendimentos ou de estabelecimentos j existentes e aaquisio de mquinas e equipamentos de gerao mais moderna do que os j

    possudos, operando no Estado.

    Importante mencionar que atravs de Projeto aprovado pelo Estado do Par no anode 1999 a Recorrente modernizou seu parque fabril e no ano de 2003 apresentou oProjeto de Reduo de ICMS Reviso e Prorrogao de Benefcio Fiscal , vezque o problema da empresa no era mais a modernizao da fbrica, masMELHORAR O NVEL DE EFICINCIA OPERACIONAL ATRAVS DO AUMENTO DEPRODUTIVIDADE E, CONSEQUENTEMENTE, EXPANSO DOEMPREENDIMENTO ECONMICO.

  • 7/24/2019 Decisao_10280722150201193

    17/25

    Processo n 10280.722150/2011-93Acrdo n. 1402-001.277

    S1-C4T2Fl. 18

    17

    Isso significava ELEVAR SUA PRODUO, com o consequente AUMENTO DO NVELDE UTILIZAO DE SUA CAPACIDADE INSTALADA, realizando INVESTIMENTOS

    ESPECIALMENTE EM VASILHAMES E EM SUA ESTRUTURA DE DISTRIBUIOESPECIALMENTE EM VECULOS, que permitiriam a venda e distribuio destaproduo em um maior mercado consumidor, ocorrendo, desta forma, AEXPANSO DO EMPREENDIMENTO ECONMICO.

    Para tanto, previa: (i) um crescimento da mo-de-obraao longo de 06 (seis) anos -FLS. 33 DO PROJETO - Quadro II.3 Mo-de-Obra necessria a ProduoProgramada (ii)a renovao de parte do ativo imobilizadodepreciado pelo uso -FLS. 42 DO PROJETO- Quadro II.4 do Projeto Imobilizaes Fixas Existentese Quadro II.5 do Projeto Depreciao, amortizao, manuteno e seguros do ativoimobilizado, o que dispensaria novas imobilizaes fixas e (iii) a utilizaointegral de sua capacidade instalada, vez que operava com uma capacidade ociosa

    de 30% - FLS. 23 DO PROJETO- 2.5 Programa Anual de Produo e Vendas.

    Com base em tais premissas, a utilizao do benefcio centrou-se na aquisio ereposio de bens de direitos em operao, assim resumidas em comparaocom as imobilizaes fixas existentes no ano de 2003 (CONFORME FLS. 43 DOPROJETO):

    Bens e Direitos emOperao

    Valor dasAquisies em 2007

    Valor Depreciado em 2003

    Veculos R$ 3.487.518,66 R$ 5.921.803,21Equipamentos para

    Eventos Promocionais R$ 1.028.090,31 R$ 888.965,01Mquinas e

    EquipamentosIndustriais

    R$ 535.142,00 R$ 6.854.815,41

    Vasilhames eEmbalagens

    R$ 20.288.784,17 R$ 11.907.858,75

    TOTAL R$ 25.339.535,14 R$ 25.573.442,38

    Veja, que OS INVESTIMENTOS REALIZADOS PELA RECORRENTE SOMENTE NOANO DE 2007 QUASE SE EQUIVALERAM FINANCEIRAMENTE S IMOBILIZAESFIXAS EXISTENTES NO ANO DE 2003.

    Destaca-se, ainda, que paralelamente aos investimentos realizados em bens edireitos em operao, a Impugnante manteve programa de investimentos em seuImobilizado: bens e direitos em operaes: R$ 11.940.295,19 e bens e direitosem andamento: R$ 1.445.332,06.

    Com efeito, levando-se em conta o valor dos incentivos fiscais recebidos no ano de2007 (R$ 19.043.515,55) em comparao com os investimentos realizados embens e direitos em operao (quadro explicativo) eno seu imobilizado (acimadestacados), conclui-se que OS INVESTIMENTOS QUASE SE IGUALARAMFINANCEIRAMENTE AOS INCENTIVOS RECEBIDOS DO ESTADO DO PAR, O QUEPOR SI S DEMONSTRA O COMPROMETIMENTO DA RECORRENTE COM O

    PROJETO APRESENTADO.

  • 7/24/2019 Decisao_10280722150201193

    18/25

    Processo n 10280.722150/2011-93Acrdo n. 1402-001.277

    S1-C4T2Fl. 19

    18

    Neste ponto, importante ressalvar que o fato dos investimentos no ano de 2007 noterem se igualado ou superado o incentivo recebido, em nada descaracteriza asubveno de investimento, at mesmo porque nos anos anteriores estesinvestimentos foram maiores que os incentivos recebidos, conforme se verifica

    atravs dos documentos juntados no Processo Administrativo n10280.722993/2009-75.

    O aumento da produo atravs da compra de mquinas e equipamentos, coma utilizao integral de sua capacidade instalada, juntamente com a compra devasilhames para o envasamento da produo e a compra de novos veculos paraa distribuio destas bebidas em um mercado consumidor maior,DEMONSTRAM QUE HOUVE SIM A EXPANSO DO EMPREENDIMENTO

    ECONMICO.

    Sendo assim, havendo a inteno do Estado do Par em conceder recursos parainvestir na modernizao, dinamizao, diversificao e consolidao da

    indstria local, somado ao fato de ter a Recorrente aplicado, efetiva eespecificamente, a subveno nos investimentos previstos no Projeto deReduo de ICMS Reviso e Prorrogao de Benefcio Fiscal para a expansodo empreendimento econmico, inconteste o enquadramento dos valores porela recebidos no ano de 2007 como SUBVENO DE INVESTIMENTO.

    Sublinhe-se que as subvenes recebidas pela Recorrente se encontram emconsonncia com o entendimento deste Conselho Administrativo de RecursosFiscais, assim como, com o que prescreve o 2 do artigo 38 do Decreto-Lei1.598/77 e artigo 443 do RIR/99, vez que houve a efetiva e especfica aplicaoda subveno nos investimentos para a expanso do empreendimentoeconmico previstos no Projeto de Reduo de ICMS.

    O que se constata da anlise da deciso recorrida que esta NO ANALISOU ASPROVAS ACOSTADAS AOS AUTOS, j que aduz que o benefcio fiscal em questonotinha por finalidade a expanso do empreendimento econmico, o que restouafastado no Recurso Voluntrio e demonstrado acima. Alm disso, IGNOROU OTEXTO DAS NORMAS EDITADAS PELO ESTADO DO PAR E TAMPOUCO ANALISOUO PROJETO DE INVESTIMENTOS DA RECORRIDA, no atentando para a intenoespecfica do Estado em subvencionar a modernizao, o desenvolvimento e aconsolidao da indstria local. (...)

    (Os grifos so do original).

    Uma vez comprovado que a contribuinte ao tempo que aumentou suaproduo/produtividade tambm realizou aquisies de ativos em valor acima das subvenesrecebidas, consoante registrado no Balano Contbil do ano de 2007 transcrito na DIPJ daempresa (fl. 519), h que se concluir que os valores foram mesmos destinados a investimentos.

    Nesse sentido so as recentes decises deste Conselho. Vejamos:

    SUBVENES PARA INVESTIMENTO. CARACTERIZAO. CRDITOSPRESUMIDOS DE ICMS. As subvenes para investimento in casu,correspondentes a crditos presumidos de ICMS diferenciam-se das subvenesde custeio, to somente, na medida em que as primeiras so concedidas com o fito

    de estimular investimentos regionais ou setoriais, operados mediante instalao ouexpanso inclusive qualitativa de empreendimentos econmicos. Ao contrriodo quanto aduzido pelo Parecer Normativo CST n 112/78, a caracterizao de

  • 7/24/2019 Decisao_10280722150201193

    19/25

    Processo n 10280.722150/2011-93Acrdo n. 1402-001.277

    S1-C4T2Fl. 20

    19

    dado benefcio fiscal como subveno para investimento no pressupe aaplicao direta e exclusiva das cifras subvencionadas a projeto predeterminado .

    No mais, para tais fins, irrelevante a anlise das contrapartidas impingidas aocontribuinte, postas, pelo ente outorgante, como pr-condies fruio da

    benesse. Acrdo 1101-00.661 de 31/01/2012.

    INCENTIVOS FISCAIS. REDUO DO ICMS A RECOLHER. SUBVENOPARA CUSTEIO. NO CARACTERIZAO. O incentivo fiscal concedido peloPoder Pblico mediante restituio do ICMS, lanado diretamente em conta dopatrimnio lquido, e tendo como contrapartida a realizao de investimentos emativo fixo, implantao ou expanso de empreendimento econmico com a

    gerao de novos empregos diretos e indiretos, absoro de nova tecnologia deproduto e/ou de processo, subsume-se como subveno para investimentos e, porconseguinte, descabe a sua tributao. Os incentivos concedidos pelo Estado da

    Bahia, consistentes em reduo do ICMS a recolher pela via do financiamento delongo prazo, com descontos pela antecipao, ou do crdito presumido, cujos

    valores so mantidos em contas de reserva no patrimnio liquido, no secaracterizam como subveno para custeio a que se refere o art. 392 do RIR/99.Acrdo 9101-01.239 de 21/11/2011.

    SUBVENO PARA INVESTIMENTO. AUSNCIA DE TRIBUTAO.REQUISITOS. COMPROVAO. NECESSIDADE. Se o contribuinte alega que osincentivos fiscais concedidos pelo Poder Pblico so, caracterizadamente,

    subvenes para investimentos, a ele incumbe aportar aos autos comprovao deque, uma vez contabilizados em conta representativa de reserva de capital, osrecursos auferidos foram integralmente destinados execuo do projetohabilitado. Acrdo 1302-00.404 de 11/01/2010

    Concluo, pois, por cancelar a exigncia deste item dos auto de infrao doIRPJ, e CSLL.

    SUBVENES TRIBUTAO DO PIS e COFINS

    Em litigio o termo inicial do benefcio da reduo do IRPJ.

    Aduz a recorrente que em 2003 apresentou projetojunto Agncia deDesenvolvimento da Amaznia pretendendo o reconhecimento do direito iseno de 75% doImposto de Renda e Adicionais no restituveis, por 10 (dez) anos, calculado com base no lucroda explorao dos produtos, nos termos definidos no art. Io, 4 da Medida Provisria n2.199-14/2001, e Decreto n 4.212/2002, art. 2o, inciso VI, alnea "h", para a produo de

    bebidas refrigerantes no alcolicas destinados ao atendimento do mercado da Amaznia legal.

    Afirma que (...) o ato administrativo de iprovao do projeto mencionadono Art. Io da Medida Provisria n 2.199- 14/2001, que reconhece o direito iseno deempresa que preencheu os requisitos para o gozo do benefcio, de acordo com os prpriosditames da lei, no constitutiva daquele direito, tendo efeito meramente declaratrio dodireito iseno, que nasceu da incidncia da Lei ...De toda sorte, ainda que se entenda ser aaprovao do projeto requisito indispensvel ao gozo da iseno, mesmo assim no se poderiaadmitir que essa anlise poderia demorar indefinidamente, pois, mesmo submetido administrao em 2003, at o presente momento, mesmo tendo efetuado os investimentosdescritos no projeto, no recebeu a contribuinte qualquer resposta em total desrespeito ao

  • 7/24/2019 Decisao_10280722150201193

    20/25

    Processo n 10280.722150/2011-93Acrdo n. 1402-001.277

    S1-C4T2Fl. 21

    20

    artigo 24 da Lei n. 9.784/99, inciso LXXVIII, do art. 5 e art. 37, ambos da ConstituioFederal.

    Quanto a matria, a deciso recorrida est assim fundamentada:

    (...) permissivo legal que concedeu o beneficio fiscal, o artigo 1 da MedidaProvisria n 2.199-14, de 24 de agosto de 2001, com as alteraes promovidas pelaLei n 11.196, de 21 de novembro de 2005, determinou, expressamente, em seu

    pargrafo 2, que a reduo do imposto comea frui a partir do ano-calendrio deexpedio do laudo constitutivo do direito na hiptese da data de expedio destelaudo ser posterior ao ano-calendrio subseqente ao de incio de operao do

    projeto beneficiado.

    (...)

    MP n 2.199-14 [Modificado]

    Art. 1oSem prejuzo das demais normas em vigor aplicveis matria, a partir doano-calendrio de 2000, as pessoas jurdicas que tenham projeto protocolizado eaprovado at 31 de dezembro de 2013 para instalao, ampliao, modernizaoou diversificao enquadrado em setores da economia considerados, em ato do

    Poder Executivo, prioritrios para o desenvolvimento regional, nas reas deatuao das extintas Superintendncia de Desenvolvimento do Nordeste - Sudene eSuperintendncia de Desenvolvimento da Amaznia - Sudam, tero direito reduo de 75% (setenta e cinco por cento) do imposto sobre a renda e adicionais,calculados com base no lucro da explorao. (Redao dada pela Lei n 11.196, de2005)

    1oA fruio do benefcio fiscal referido no caput deste artigo dar-se- a partir do

    ano-calendrio subseqente quele em que o projeto de instalao, ampliao,modernizao ou diversificao entrar em operao, segundo laudo expedido pelo

    Ministrio da Integrao Nacional at o ltimo dia til do ms de maro do ano-calendrio subseqente ao do incio da operao. (Redao dada pela Lei n11.196, de 2005)

    2oNa hiptese de expedio de laudo constitutivo aps a data referida no 1o, afruio do benefcio dar-se- a partir do ano-calendrio da expedio do laudo.[grifou-se]

    Rechaa-se, portanto, de antemo todos os argumentos no sentido de antecipar oincio de fruio do benefcio fiscal, pois a legislao tributria que outorga a

    iseno ou a reduo de imposto deve ser interpretada literalmente (art. 111, I,CTN).

    (...)

    No julgamento desta matria cumpre aplicar o disposto na Sumula 2 doCARF: O CARF no competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de leitributria.

    O pargrafo 2o. acima transcrito e grifado no comporta outra interpretao,O beneficio dar-se a partir do ano-calendrio da expedio do Laudo.

    Ora, a contribuinte ingressou com o projeto em 2003. Logo, se o laudo nofoi expedido no prazo regular ou razovel, caberia prejudicada ingressar com as medidaslegais ou judiciais cabveis. Inadmissvel a pretenso da contribuinte de que estaria acobertada

  • 7/24/2019 Decisao_10280722150201193

    21/25

    Processo n 10280.722150/2011-93Acrdo n. 1402-001.277

    S1-C4T2Fl. 22

    21

    com a iseno at 2013, apenas pelo protocolo do processos, sendo que a lei determinaexpressamente que a iseno depende do laudo.

    SUBVENES TRIBUTAO DO PIS e COFINS

    A recorrente contesta a exigncia do PIS e da COFINS sobre o valor dassubvenes, por entender que o crdito presumido de ICMS no se constitui receita, sob o

    ponto de vista contbil e/ou econmico-financeiro, porquanto se destina unicamente aosubvencionamento da atividade incentivada.

    A meu juizo nesta parte, a deciso recorrida no merece reparos, conformefundamentos a seguir transcritos:

    (...)

    A respeito destas contribuies, assim dispe a Lei n 9.718/98, com as alteraesintroduzidas pelo art. 2 da Medida Provisria n 1.807/99 (atualmente MedidaProvisria n 2.158-35, de 2001):

    Art. 2 As contribuies para o PIS/PASEP e a COFINS, devidas pelaspessoas jurdicas de direito privado, sero calculadas com base no seufaturamento, observadas a legislao vigente e as alteraes introduzidas poresta Lei.

    Art. 3 O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde receitabruta da pessoa jurdica.

    1 Entende-se por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela

    pessoa jurdica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e aclassificao contbil adotada para as receitas.

    2 Para fins de determinao da base de clculo das contribuies a que serefere o art. 2, excluem-se da receita bruta:

    I - as vendas canceladas, os descontos incondicionais concedidos, o Impostosobre Produtos Industrializados - IPI e o Imposto sobre Operaes relativas Circulao de Mercadorias e sobre Prestaes de Servios de Transporte

    Interestadual e Intermunicipal e de Comunicao - ICMS, quando cobradopelo vendedor dos bens ou prestador dos servios na condio de substitutotributrio

    II - as reverses de provises operacionais e recuperaes de crditosbaixados como perda, que no representem ingresso de novas receitas, oresultado positivo da avaliao de investimentos pelo valor do patrimniolquido e os lucros e dividendos derivados de investimentos avaliados pelocusto de aquisio, que tenham sido computados como receita

    III - os valores que, computados como receita, tenham sido transferidos paraoutra pessoa jurdica, observadas normas regulamentadoras expedidas pelo

    Poder Executivo (revogado pelo art. 93, V, da Medida Provisria n 2.158-35, de 24/08/2001)

    IV - a receita decorrente da venda de bens do ativo permanente.

    [grifou-se]Conforme se depreende dos dispositivos transcritos, a COFINS e o PIS tm como

    base de clculo o valor do faturamento (receita bruta) mensal auferido pela pessoa

  • 7/24/2019 Decisao_10280722150201193

    22/25

    Processo n 10280.722150/2011-93Acrdo n. 1402-001.277

    S1-C4T2Fl. 23

    22

    jurdica, sendo irrelevante o tipo de atividade exercida ou a classificao contbiladotada para suas receitas, observadas as excluses permitidas no 2 do art. 3daquela lei.

    Cabe ressaltar tambm que a Lei n 10.637/02 e a Lei n 10.833/03, ao institurem aincidncia no-cumulativa dessas contribuies, definiram as bases de clculodaquelas contribuies nos mesmos termos constantes da Lei n 9.718, de 1998, qualseja, a receita bruta da venda de bens e servios e todas as demais receitas auferidas

    pela pessoa jurdica.

    Assim, conclui-se que a base de clculo da COFINS e do PIS para o tipo de empresaora em anlise a totalidade da receita bruta mensal por ela auferida, ou seja, com

    base nas disposies supra transcritas, tem-se que a base de clculo daquelascontribuies ser formada no somente pelas receitas de vendas, mas tambm pelasreceitas financeiras (rendimentos, juros e descontos condicionais obtidos) e poroutras receitas operacionais, podendo as operaes efetivadas pela contribuinteserem enquadradas na ltima modalidade.

    Questo que importa saber, agora, se a subveno obtida a partir da concessoespecfica de crditos presumidos de ICMS uma receita do subvencionado.

    Nesse passo, traz-se baila o enfoque contbil, do Conselho Federal deContabilidade, que, por meio da Resoluo CFC n 922, de 2001, definiu:

    (...)

    CONSIDERANDO a deciso da Cmara Tcnica no Relatrio n 59, de 28 denovembro de 2001 resolve:

    Art. 1 - Aprovar a Norma Brasileira de Contabilidade NBC T 10.16 -

    Entidades que recebem subvenes, contribuies, auxlios e doaes.Art. 2- Esta Resoluo entra em vigor a partir da data de sua publicao.

    NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE NBC T 10 DOS ASPECTOSCONTBEIS ESPECFICOS EM ENTIDADES DIVERSAS NBC T 10.16 -

    ENTIDADES QUE RECEBEM SUBVENES, CONTRIBUIES,AUXLIOS E DOAES 10.16.1 - DISPOSIES GERAIS 10.16.1.1 - Estanorma estabelece critrios e procedimentos especficos de avaliao eregistro contbil dos componentes patrimoniais, includas as informaesmnimas que devero constar das notas explicativas, das entidades querecebem aportes de qualquer natureza.

    10.16.1.2 - As entidades abrangidas so aquelas que recebem aportesfinanceiros de qualquer natureza, como subvenes, contribuies, auxlios edoaes, bem como direitos de propriedade de bens mveis e imveis.

    10.16.1.3 - Aplicam-se a essas entidades os Princpios Fundamentais deContabilidade, bem com as Normas Brasileiras de Contabilidade e suas

    Interpretaes Tcnicas e Comunicados Tcnicos, editados pelo ConselhoFederal de Contabilidade.

    10.16.1.4 - As entidades em causa devem observar, no que lhes couber, osordenamentos constantes das seguintes normas: NBC T 10.4 - Fundaes

    NBC T 10.18 - Entidades Sindicais e Associaes de Classe NBC T 10.19 -

    Entidades sem Finalidade de Lucros e NBC T 4 - Da Avaliao Patrimonial,mormente os seus itens 4.2.7.2 e 4.2.7.3.

  • 7/24/2019 Decisao_10280722150201193

    23/25

    Processo n 10280.722150/2011-93Acrdo n. 1402-001.277

    S1-C4T2Fl. 24

    23

    10.16.1.5 - Subvenes so as transferncias derivadas da lei oramentria econcedidas por rgos do setor pblico a entidades, pblicas ou privadas,com o objetivo de cobrir despesas com a manuteno e o custeio destas,caracterizadas ou no pela contraprestao de bens e servios da

    beneficiria dos recursos. As subvenes subdividem-se em:a)sociais - aquelas destinadas a entidades, pblicas ou privadas, sem

    finalidade lucrativa, de natureza assistencial, mdica, educacional oucultural, com vista a estimular a prestao de servios essenciais, em

    suplementao iniciativa privada

    b)econmicas - as transferncias destinadas a empresas, pblicas ouprivadas, de natureza industrial, comercial, agrcola ou pastoril, e inclusivepara a cobertura de dficits de manuteno das empresas pblicas.

    10.16.1.6 - Contribuies so as transferncias derivadas da lei oramentriae concedidas por entes governamentais a autarquias e fundaes e a

    entidades sem fins lucrativos, destinadas aplicao em custeio emanuteno destas, sem contrapartida direta do beneficirio dos recursos embens e servios, ou determinadas por lei especial anterior, para oatendimento de investimentos ou inverses financeiras.

    10.16.1.7 - Auxlios so as transferncias oriundas da lei oramentriadestinadas a atender a despesas de capital de entes pblicos ou de entidades

    privadas sem fins lucrativos.

    10.16.1.8 - Doaes so transferncias gratuitas, em carter definitivo, derecursos financeiros ou do direito de propriedade de bens mveis e imveis,com as finalidades de custeio, investimentos e imobilizaes, sem

    contrapartida do beneficirio dos recursos.10.16.1.9 - Consoante legislao especfica, os rgos governamentais

    somente podem efetuar doao do direito de propriedade de bens mveis.

    10.16.1.10 - As entidades privadas podem efetuar doaes de recursosfinanceiros ou do direito de propriedade de bens mveis e imveis.

    10.16.2 - REGISTRO CONTBIL

    10.16.2.1 - As transferncias a ttulo de subveno que correspondam ouno a uma contraprestao direta de bens ou servios para a entidadetransferidora, devem ser contabilizadas como receita na entidaderecebedora dos recursos financeiros.

    10.16.2.2 - As transferncias a ttulo de contribuio, mesmo que nocorrespondam a uma contraprestao direta de bens ou servios para aentidade transferidora, devem ser contabilizadas como receita na entidaderecebedora dos recursos financeiros.

    10.16.2.3 - Os auxlios ou contribuies para despesas de capital devem sercontabilizados diretamente em conta especfica de Reserva de Capital, no

    Patrimnio Lquido. De igual modo, os auxlios ou contribuies devem sercontabilizados em conta especfica, designativa da operao, no PatrimnioSocial das entidades que se sujeitam s normas contbeis mencionadas noitem 10.16.1.4.

    10.16.2.4 - As doaes financeiras para custeio devem ser contabilizadas emcontas especficas de receita. As doaes para investimentos e imobilizaes,que so consideradas patrimoniais, inclusive as arrecadadas na constituio

  • 7/24/2019 Decisao_10280722150201193

    24/25

    Processo n 10280.722150/2011-93Acrdo n. 1402-001.277

    S1-C4T2Fl. 25

    24

    da entidade, devem ser contabilizadas no Patrimnio Lquido ou Social,conforme seja o caso especfico da pessoa jurdica beneficiria datransferncia.

    10.16.2.5 - As transferncias a ttulo de subvenes, contribuies, auxlios edoaes devem ser contabilizadas em contas de compensao, pelo valortotal dos recursos recebidos, enquanto perdurar a responsabilidade daentidade beneficiria dos recursos.

    10.16.2.6 - As transferncias a ttulo de subvenes, auxlios, contribuies edoaes para custeio ou capital devem ser registradas mediante documentohbil e contabilizadas em contas especficas na entidade beneficiria dosrecursos.

    10.16.3 - NOTAS EXPLICATIVAS S DEMONSTRAES CONTBEIS

    10.16.3.1 - As demonstraes contbeis devem ser acompanhadas de notas

    explicativas que contenham, alm dos dados compulsrios determinados emoutros atos normativos contbeis, as seguintes informaes:

    a) os critrios de apurao das receitas e de constituio de reservas,especialmente as pertinentes a subvenes, doaes, auxlios e contribuies

    b) as subvenes, os auxlios e as contribuies governamentais recebidos, aaplicao dos recursos e as responsabilidades decorrentes dessastransferncias, inclusive quanto prestao de contas correspondente,

    perante o rgo concedente dos recursos e c) a evidenciao dos recursos ebens recebidos sujeitos a restries ou vinculaes por parte dos doadores.[grifou-se]

    A teor do que dispe a Resoluo do Conselho Federal de Contabilidade, assubvenes recebidas das entidades pblicas devem ser consideradas como receitado subvencionado.

    Nem se diga que o recebimento de crditos presumidos de ICMS no pode serconsiderado como receita por no haver a transferncia econmica do recurso, vezque a transferncia da disponibilidade jurdica do direito (crdito de ICMS) motivosuficiente para a realizao da receita. No caso, parcela do crdito de ICMS do entetributante foi transferida ao contribuinte na forma de crdito presumido.

    De efeito, levando-se ainda em considerao que no h na legislao de regncia damatria nenhum dispositivo que permita a excluso da hiptese pretendida (crditos

    presumidos de ICMS) da base de clculo destes tributos, no h razo para deixar deconsiderar a referida subveno fiscal de crditos presumidos de ICMS como receitatributvel.

    A recorrente ainda alega que, quando do recebimento dos valores relativos s vendasde seus produtos, j suportou, sobre o montante ingressado na contabilidade a talttulo, a incidncia do PIS e COFINS.

    Ocorre que a exao vergastada tem fato gerador distinto da tributao j efetuadapelo sujeito passivo. A primeira, decorrente do receita da subveno concedida peloEstado-Membro, a segunda, da venda das mercadorias. Razo porque no h de sefalar em duplicidade de tributao.

    Outrossim, a classificao contbil da subveno custeio, operao ouinvestimento - irrelevante para a exao das contribuies do PIS e da COFINS.Isto porque todas essas subvenes se coadunam, de um ou de outro modo, com areceita bruta conceituada como acrscimo de patrimnio, cuja universalidade foi

  • 7/24/2019 Decisao_10280722150201193

    25/25

    Processo n 10280.722150/2011-93Acrdo n. 1402-001.277

    S1-C4T2Fl. 26

    confirmada pelo art. 3, 1, da Lei n 9.718, de 1998, para determinao da base declculo das contribuies. O mesmo se dando com relao incidncia do PIS eCofins, no cumulativos, sobre as receitas decorrentes das subvenes obtidas.Importa notar que tais valores integram a base de clculo das referidas contribuies,

    por fora do disposto, quanto primeira, no art. 1, da Lei n. 10.833, de 2003, equanto segunda, no art. 1, da Lei n. 10.637, de 2002, a seguir reproduzidos:

    DA COBRANA NO-CUMULATIVA DO PIS E DO PASEP

    Art. 1 A contribuio para o PIS/Pasep tem como fato gerador o faturamentomensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurdica,independentemente de sua denominao ou classificao contbil.

    1 Para efeito do disposto neste artigo, o total das receitas compreende areceita bruta da venda de bens e servios nas operaes em conta prpria oualheia e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurdica.

    (...)DA COBRANA NO-CUMULATIVA DA COFINS

    Art. 1 A Contribuio para o Financiamento da Seguridade Social -COFINS, com a incidncia no-cumulativa, tem como fato gerador o

    faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pelapessoa jurdica, independentemente de sua denominao ou classificaocontbil.

    1 Para efeito do disposto neste artigo, o total das receitas compreende areceita bruta da venda de bens e servios nas operaes em conta prpria oualheia e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurdica.

    (...)

    (Os grifos so do original)

    Portanto, cabvel a incidncia do PIS e Cofins sobre os valores recebidos attulo de subveno seja para custeio, seja para investimento.

    CONCLUSO

    Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recursovoluntrio, apenas para excluir a tributao do IRPJ e CSLL sobre as subvenes.

    (assinado digitalmente)Leonardo Henrique Magalhes de Oliveira