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i [DECLARAÇÕES] Declaro que esta Tese é o resultado da minha investigação pessoal e independente. O seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia. O candidato, ____________________ Março de 2013 Declaro que esta tese/Dissertação / Relatório / Trabalho de Projecto se encontra em condições de ser apreciado pelo júri a designar. Os orientadores, ____________________ Lisboa, Março de 2013

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i

[DECLARAÇÕES]

Declaro que esta Tese é o resultado da minha investigação pessoal e independente. O seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia.

O candidato,

____________________

Março de 2013

Declaro que esta tese/Dissertação / Relatório / Trabalho de Projecto se encontra em condições de ser apreciado pelo júri a designar.

Os orientadores,

____________________

Lisboa, Março de 2013

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ii

Tese apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em Geografia e Planeamento Regional, realizada sob a orientação científica do Professor Doutor Jorge Umbelino e co-orientação do Professor Doutor

Carlos Costa.

Investigadora do e-Geo, UNL. Apoio financeiro da FCT.

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[RESUMO]

O planeamento turístico é uma actividade essencial para alcançar o desenvolvimento sustentável dos destinos turísticos. Os profissionais de planeamento turístico desenvolvem, no âmbito local, um conjunto de actividades para promover o desenvolvimento das comunidades envolvidas ao mesmo tempo que dinamiza o turismo local. Esta tese tem como principal objectivo analisar a relação entre a formação destes profissionais e a prática das suas funções no contexto laboral. Foram aplicados questionários em todos os cursos de turismo que formam profissionais que actuam na gestão e planeamento turístico e as informações recolhidas foram analisadas conjuntamente com as respostas do questionário aplicado junto aos planeadores que actuam nos municípios do Alentejo e Algarve. Entre os principais resultados obtidos, foi constatado que os cursos de turismo que formam os planeadores turísticos, em termos de conteúdo, estão adequados às funções, sendo, no entanto, necessário o desenvolvimento de mais actividades práticas e mais aproximação da realidade laboral.

Planeamento Turístico em Portugal: Abordagem relacional entre a

Formação Superior em Turismo e a efectivação do Planeamento a nível

Local.

PALAVRAS-CHAVE: Planeamento Turístico, Formação Superior, Planeamento

Local.

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iv

[ABSTRACT]

The tourism planning is an activity essential to achieving sustainable development of tourist destinations. The tourism planning professionals in the local level develop a number of activities to promote the development of the communities involved and the local tourism. This thesis has as main objective to analyze the relationship between the education of these professionals and the practice of their activities in the workplace. There were applied questionnaires to all tourism courses forming professionals working in tourism planning and management and the information gathered was analyzed together with the responses of the questionnaire addressed to the planners operating in Alentejo and Algarve regions. Among the main results, it was found that tourism courses that form the planners are appropriate in terms of content being, however, necessary to develop more activities and more practical approximation of reality work.

Tourism Planning in Portugal: Relationship between Tourism

Education and Local Planning.

KEY-WORDS: Tourism Planning, Tourism Education, Local Planning.

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Índice de Conteúdos Capítulo 1. Introdução 01 Capítulo 2. Planeamento Turístico

2.1 Introdução 05 2.2 Planeamento Turístico - uma abordagem teórico-conceptual 07

2.2.1 Cidade e Destino Turístico 11 2.3 Planeamento – Teoria e Conceito 18

2.3.1 O que é planear? 21 2.4 Planear o Turismo, por quê? 28 2.5 Os novos paradigmas da Gestão e Planeamento do Turismo 38 2.6 Funções de Planeamento 54

2.6.1 O turismo e a sua Contribuição para o Desenvolvimento Local

59

2.6.2 Modelos de Desenvolvimento, Qualidade e Competitividade do Turismo

61

2.7 Considerações Finais 70

Capítulo 3. Turismo em Portugal

3.1 Introdução 72 3.2 Caracterização do Turismo em Portugal 73 3.3 Gestão Estratégica e Organização do Turismo em Portugal 75

3.3.1 Gestão e Planeamento do Turismo no nível Nacional 77 3.3.2 Gestão e Planeamento do Turismo no nível Regional 78 3.3.3 Gestão e Planeamento do Turismo no nível Local 87 3.3.3 Outros Instrumentos de Planeamento do Turismo 88

3.4 Considerações Finais 92

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vi

Capítulo 4. Formação Superior em Turismo

4.1 Introdução 94 4.2 Educação e Formação 95

4.2.1 Formação Superior - uma proposta de Educação que deve ser voltada para o indivíduo?

96

4.2.2 Em torno dos conceitos de Qualificação Profissional e Competências

101

4.2.3 Educação e Currículo 103 4.2.4 Modelo e desafios da Educação sem fronteiras 104

4.3 Educação Superior em Turismo 116 4.3.1 O Turismo como Disciplina Científica 117 4.3.2 Conteúdos e Competências na área do Turismo 118

4.4 Enquadramento da Formação Superior em Turismo em Portugal 130 4.5 Relação entre o Planeamento e a Formação em Turismo em

Portugal 140

4.6 Considerações Finais 143 Capítulo 5. Metodologia

5.1 Introdução 145 5.2 Planeamento da Investigação 146 5.3 A Investigação Científica 148 5.3.1As Variáveis de Análise 151 5.3.2 A Problemática que define os Objectivos e Hipóteses 152 5.4 O Universo e Amostragem 155 5.5 Instrumento de Recolha de Dados 156 5.5.1 Instrumentos de Recolha de Dados: o Questionário 160

5.6 Considerações Finais 174 Capítulo 6. Análise e Discussão dos Resultados

6.1 Introdução 176 6.2 Uma breve caracterização das Regiões em análise 176 6.3 Apresentação e Discussão dos Resultados obtidos 187

6.3.1 Resultados dos inquéritos dos Cursos Superiores em Turismo

187

6.3.2 Resultados dos inquéritos dos Responsáveis pelo Planeamento Turístico nas Câmaras Municipais

201

6.3.3 Relação entre a Formação em Turismo e as Actividades Laborais do Planeador do Turismo

214

6.4 Considerações Finais 218 Capítulo 7. Nota Final 220 Referências 223 Anexos (Modelos dos Inquéritos aplicados) 248

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Índice de figuras

Figura 1. Participação da comunidade no processo de desenvolvimento

Figura 2. Fluxo do Planeamento

Figura 3. O Planeamento na Estrutura Organizacional do Turismo

Figura 4. Dimensão do processo de Planeamento e suas principais atribuições

Figura 5. Regiões de Turismo

Figura 6. Pólos Turísticos de Portugal

Figura 7. Objectivos para alcançar o Modelo de Desenvolvimento Sustentável

do Turismo

Figura 8. Sistema de Gestão Territorial

Figura 9. Territorialização da oferta de alojamento na Região (Norte)

Figura 10. Desenvolvimentos do Quadro Nacional de Qualificações no âmbito

do Ensino Superior

Figura 11. Organograma do Sistema de Ensino Superior Português de acordo

com os Princípios de Bolonha

Figura 12. Localização dos Cursos de Turismo analisados

Figura 13. Disciplinas de Entrada para os cursos superiores em Turismo ou

Gestão em Turismo

Figura 14. Disciplinas de Acesso para os cursos superiores em Turismo e

Gestão do Turismo, por sistema de ensino (%)

Figura 15. Disciplinas de entrada nos cursos superiores de Turismo e Gestão

do Turismo (públicos e privados), combinação das disciplinas (%)

Figura 16. Áreas que compõem os cursos superiores de Turismo e Gestão do

Turismo (Público e Privado/ Universidade e Politécnico) (%)

Figura 17. Disciplinas que compõem os cursos superiores em Turismo e

Gestão em Turismo, por sistema de ensino

Figura 18. Estrutura do Processo de Investigação da Tese

Figura 19. Desenvolvimento de um plano qualitativo

Figura 20. P1. No curso superior em turismo oferecido na instituição em que

trabalha, as disciplinas de planeamento turístico utilizam métodos de

ensino compostos por (%)

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Figura 21. P4. Existem parcerias estabelecidas entre o curso de turismo que

coordena e algumas entidades locais ou regionais de turismo, públicas

ou privadas, por exemplo no âmbito de protocolos para estágios

relacionados com actividades em gestão e planeamento do turismo? (%)

Figura 22. P5. É desenvolvida, através do curso de turismo que coordena,

alguma actividade de âmbito aplicado no domínio da gestão e

planeamento do turismo para um município, região ou país? - Quais?

(%)

Figura 23. P6. É desenvolvida, através do curso de turismo da sua instituição

de ensino, alguma actividade junto com a comunidade? - Quais?

Figura 24. P7. Existe algum factor diferenciador no curso que coordena em

relação aos demais que conhece? - Qual? (%)

Figura 25. P8. Na opinião que tem em relação à formação dos profissionais de

planeamento turístico, de um modo geral, qual (is) o (s) ponto (s) fraco

(s) da formação oferecida nos cursos superiores em turismo em

Portugal? (%)

Figura 26. P9. Na opinião que tem em relação à formação dos profissionais de

planeamento turístico, de um modo geral, qual (is) o (s) ponto (s) forte

(s) da formação oferecida nos cursos superiores em turismo em

Portugal? (%)

Figura 27. P2. Idade (%)

Figura 28. P5. Instituição onde obteve o seu grau de Licenciatura (%)

Figura 29. P5. Caso se aplique, indique o curso e a instituição onde obteve a

sua pós-graduação (%)

Figura 30. P6. Das actividades abaixo listadas, marque todas as opções que

foram desenvolvidas durante a sua formação

Figura 31. P6. Quais destas actividades em planeamento e gestão do turismo

estão incluídas nas suas funções profissionais? (%)

Figura 32. Representação conjunta das respostas da P2 (Quais as actividades

práticas em planeamento turístico realizadas no âmbito do curso de

turismo oferecido na sua instituição de ensino?), aplicada nos cursos de

turismo, e da P6 (Quais destas actividades desenvolve actualmente no

âmbito das actividades em gestão e planeamento do turismo designadas

para a sua função profissional?), aplicada aos profissionais de

planeamento nas Câmaras Municipais (%).

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Índice de tabelas

Tabela 1. Compromissos dos agentes turísticos com a sustentabilidade

Tabela 2. Variáveis de avaliação do Processo de Planeamento

Tabela 3. Elementos de recolha de dados relativos ao turismo

Tabela 4. Cronograma da Política Estratégica de Turismo em Portugal

(1992/2011)

Tabela 5. Portugal Continental, por NUTS

Tabela 6. Objectivos do QEQ e dos ECTS

Tabela 7. Quadro Europeu de Qualificações

Tabela 8. Síntese das figuras profissionais

Tabela 9. Áreas de conhecimento requeridas no trabalho (por ordem de

frequência)

Tabela 10. Perfis Profissionais

Tabela 11. Perfil das licenciaturas analisadas

Tabela 12. Vantagens e Desvantagens dos principais instrumentos de recolha

de dados

Tabela 13. Vantagens e Desvantagens das Entrevistas e Questionários

Tabela 14. Funções da Entidade Regional de Turismo do Alentejo, organizadas

segundo o processo de planeamento

Tabela 15. Funções da Entidade Regional de Turismo do Algarve organizada

segundo o processo de planeamento

Tabela 16. Frequência - P2. Quais as actividades práticas em planeamento

turístico realizadas no âmbito do curso de turismo oferecido na

instituição em que trabalha?

Tabela 17. P3. Classifique os conteúdos a seguir, de acordo com a realidade

vivida no curso que coordena (escala Likert)

Tabela 18. P6. Das actividades abaixo listadas, marque todas as opções que

foram desenvolvidas durante a sua formação

Tabela 19. P6. Quais destas actividades em planeamento e gestão do turismo

estão incluídas nas suas funções profissionais?

Tabela 20. P7. A lista abaixo contém alguns conteúdos ligados à actividade

turística. Marque as alternativas segundo a maior ou menor importância

que lhes reconhece no seu dia-a-dia laboral, sendo as opções.

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1

Capítulo 1

Introdução

O objectivo geral desta tese é relacionar as funções de planeamento turístico

ao nível local com a formação superior em turismo, em Portugal, de forma a

conhecer a coerência entre a formação e a actuação no mercado laboral.

A proposta desta investigação surgiu, inicialmente, da continuação da

investigação realizada pela investigadora no Mestrado em Gestão e

Desenvolvimento em Turismo, realizado na Universidade de Aveiro (UA), em

2006. Na dissertação de mestrado, que tinha como principal objectivo

identificar as principais razões que levavam os municípios brasileiros de

pequena e média dimensão a planear em turismo, ou não, surgiram algumas

ideias que vieram a ser consideradas para a tese de doutoramento.

Entre os principais problemas identificados no caso brasileiro, estava a

formação inadequada dos profissionais que exerciam as funções de

planeamento turístico. Por razões de ordem pessoal, o contexto brasileiro não

foi considerado para esta investigação. No entanto, com base em leituras

prévias e em conversas com diversos profissionais da área, a mesma

problemática encontrada no Brasil parecia ser pertinente na realidade

portuguesa. Foi assim decidido que a proposta de investigação seria

continuada mas aplicada à realidade de Portugal.

Por limitações financeiras e de tempo, foi também necessário fazer um recorte

geográfico na investigação. A proposta de analisar, simultaneamente, a

perspectiva dos cursos de turismo e a realidade das funções laborais no nível

local contou com a aplicação de questionários na totalidade dos cursos de

turismo portugueses que formam profissionais de planeamento turístico

(totalizando 33 cursos, com 82% de respostas obtidas), mas apenas foi

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aplicado aos profissionais actuantes nas Câmaras Municipais das regiões do

Alentejo e Algarve (total de 74, com 78% de de respostas obtidas).

Os resultados obtidos oferecem evidências empíricas e pistas futuras de

investigação, e pesquisas futuras podem ser alargadas a todo o país. Acredita-

se que a base desta investigação pode contribuir para a melhoria das

propostas educativas na área do turismo, bem como na própria estrutura da

gestão e planeamento turístico.

Como objetivos específicos foram considerados: a análise das principais

funções desempenhadas ao nível do planeamento turístico (Capítulo 2); a

contextualização do planeamento turístico português, identificando e

analisando os pontos relevantes das políticas públicas e de gestão,

planeamento turístico e ordenamento territorial que se encontrem associados

ou interfiram na efectivação do planeamento ao nível local (Capítulo 3); a

contextualização da formação superior em turismo em Portugal (Capítulo 4); a

identificação dos principais aspectos teóricos, práticos e metodológicos da

formação superior em turismo, destacando os aspectos relativos ao

desenvolvimento pessoal, bem como as necessidades sociais e de mercado

que interferem na prática do planeamento turístico municipal na área de estudo

(Capítulo 6).

A principal hipótese de trabalho é “A Educação Superior em Turismo está

relacionada com o desempenho das funções do Planeamento Turístico, no

âmbito local”.

Esse mesmo objetivo geral, com conotação de situação problemática, pode

constituir a pergunta de investigação, que norteia toda a pesquisa que é

desenvolvida: Existe uma relação entre as funções de planeamento em

turismo nos municípios portugueses e a formação dos profissionais

técnicos que actuam no planeamento do turismo nestes mesmos

municípios?

Para além destas, foram também trabalhadas outras hipóteses

complementares que contribuíram para atingir os objectivos desta tese, como:

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“A disciplina de planeamento turístico utiliza métodos de ensino compostos por

mais aspectos teóricos do que práticos”; “Não existe grande aproximação entre

os cursos de turismo e os organismos públicos responsáveis pela gestão e

planeamento local/regional do turismo em Portugal”; “Não há um significativo

envolvimento dos cursos de turismo com os organismos locais através de

desenvolvimento de atividades práticas de gestão e planeamento no nível

local”; “Os profissionais responsáveis pelo planeamento turístico nas Câmaras

dos Municípios do Alentejo e Algarve possuem pouca experiência na área em

que actuam”; “A maior parte dos profissionais que desempenham funções de

planeamento turístico possuem licenciatura”; “Durante a formação dos

profissionais responsáveis pelo planeamento turístico, as actividades práticas

desenvolvidas estão mais relacionadas com a elaboração de planos turísticos

ou de marketing”; “Nos municípios das regiões do Alentejo e Algarve o turismo

é gerido através de organismos/secretarias conjuntos com outras áreas”.

Os principais resultados obtidos apontam para uma aproximação entre aquilo

que é enfocado nos cursos de turismo que formam os profissionais de

planeamento turístico e aquilo que é requerido para a prática das suas funções

laborais. Entretanto, é verificado que, apesar de ser evidenciado um equilíbrio

entre os conteúdos teóricos e práticos, estes profissionais ainda precisam de

uma formação que contemple mais aspectos práticos importantes no contexto

do planeamento turístico, o que não somente possibilitará uma formação mais

sólida destes profissionais como uma actuação mais competente, quando

efectivamente estiverem no mercado.

Este primeiro capítulo é introdutório, sendo seguido do Capítulo 2, que aborda

aspectos teóricos e conceptuais sobre o planeamento turístico. A discussão do

planeamento na perspectiva do turismo, debatendo os principais conceitos, os

diferentes modelos e as funções de planeamento. Além disso, são também

discutidos os benefícios de planear um destino e quais as eventuais

consequências para os destinos que o não fazem.

O Capítulo 3 é dedicado ao turismo em Portugal, fazendo uma breve

caracterização e contextualizando os aspectos ligados à gestão e planeamento

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4

do turismo no país, como a estrutura de suporte e os instrumentos que a

viabilizam.

O Capítulo 4 é dedicado à discussão da formação superior em Turismo. São

apresentados os principais conceitos nessa área e o capítulo culmina com a

apresentação de conteúdos e competências na área de turismo, o que

especialmente interessou para o relacionamento entre a formação e a prática

do planeamento turístico.

No Capítulo 5 foram apresentados os aspectos metodológicos desta tese.

Trata-se de um capítulo que funciona como uma introdução ao trabalho

empírico, que possibilita aos leitores conhecerem quais as opções tomadas e

as justificações para tais escolhas. Nele foram apresentados os objectivos, o

problema, as variáveis, as hipóteses e discutidos os instrumentos de recolha e

análise de dados.

O Capítulo 6 incluí a análise e discussão dos resultados obtidos com a

aplicação dos questionários. Quando tal se justificava, esses resultados foram

também apresentados graficamente, facilitando a compreensão e o

acompanhamento da discussão textual.

Por fim, o Capítulo 7 apresenta as considerações finais, em forma de uma

síntese final do conteúdo que foi previamente apresentado e discutido ao longo

da tese.

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Capítulo 2

Planeamento Turístico

2.1 Introdução

Existe um grande reconhecimento nos domínios empresarial e governamental

acerca dos benefícios do planeamento para o aumento da competitividade,

sustentabilidade e alcance dos objectivos institucionais. O que há anos atrás

era considerado um “luxo” das grandes organizações, hoje representa uma

necessidade para enfrentar o cada vez mais complexo, competitivo e exigente

mercado. Planear deixa de ser luxo e passa a ser factor-chave para atingir

objectivos e metas e, em muitos casos, para manter-se, ou mesmo sobreviver,

no mercado.

Considerando as crises financeiras e sociais (envolvendo desde questões

políticas e religiosas a questões ligadas ao terrorismo ou pandemias de gripe)

que afectam fortemente a economia mundial, é verificado um declínio

económico que, inevitavelmente, impacta no turismo. Apesar de representar

um sector sólido e, até hoje, crescente, o turismo é igualmente um sector muito

competitivo. O que fazer para quem pretende manter-se no mercado, perante

este cenário? É coisa certa que, além de outras medidas, é necessário planear.

Como o objectivo desta tese é relacionar o planeamento turístico com a

formação superior em turismo, destacando aspectos relacionados com a

função do planeador, é importante compreender a actividade do planeamento,

como um todo, mas também os aspectos que tocam a formação em turismo.

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6

Na parte inicial deste capítulo será discutido o conceito e destacada a

importância do desenvolvimento local, apontado como um dos principais

objectivos do planeamento. Além disso, também se buscou debater como é

que o turismo pode contribuir para o alcance desse mesmo desenvolvimento,

sustentando que se trata de uma condição almejada. Nesse contexto, os

modelos de desenvolvimento e os aspectos relacionados com a

competitividade dos destinos configuram-se como ferramentas-chave para

delinear as formas de gestão do turismo, resultando em apostas particulares de

uma actividade turística que possibilita a promoção do desenvolvimento.

Justifica-se, portanto, perceber a ligação do planeamento com o território, a sua

definição e importância no contexto do turismo, ou seja, no que consiste, em

termos práticos, a actividade de planear. Por fim, as definições e teorias

apresentadas e discutidas irão também alicerçar a compreensão do que

constitui a função de um planeador na perspectiva do turismo.

Espera-se que, no final deste capítulo, o planeamento e a gestão turística

sejam compreendidos como actividades necessárias para possibilitar a

promoção do desenvolvimento deste sector, destacando que o planeamento é

a “arte” da organização das acções, espera-se, também, esclarecer como deve

decorrer o processo de planeamento e quais são as funções associadas ao

planeamento do turismo.

Este capítulo tem por base informações recolhidas em documentos científicos e

documentos publicados por organismos oficiais, recolhidos no âmbito nacional

e internacional. A discussão destes conteúdos permitirá que, no capítulo

posterior, sejam apresentados e analisados a gestão e o planeamento do

turismo em Portugal, contribuindo, de forma significativa, para o alcance do

objectivo geral desta tese, que, recordamos, é o de relacionar a efectivação do

planeamento na escala local com a formação dos profissionais que o exerce.

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7

2.2 Planeamento Turístico - uma abordagem teórico-conceptual

O turismo é reconhecido ao nível mundial como uma actividade

economicamente promissora e propulsora de desenvolvimento. Muitos destinos

encontram no turismo a oportunidade de gerar benefícios para toda a

comunidade. Todavia, o turismo, se não for adequadamente planeado, pode

ocasionar uma série de efeitos adversos, alguns deles irreversíveis.

Numa lógica de sustentabilidade e competitividade, o planeamento turístico

constitui uma actividade fundamental para os destinos, como forma de gerir o

produto (para os turistas), mas também para o desenvolvimento local (para os

residentes e empresas locais).

A contribuição do planeamento para a sustentabilidade dos destinos turísticos

explica-se na medida em que envolve a reflexão sobre a utilização dos espaços

e das dinâmicas locais, o que resulta em ambientes mais harmónicos, que

permitem uma articulação optimizada dos factores socioeconómicos,

ambientais, políticos e culturais.

Por exercer grande impacto na economia, o sector do turismo não pode

funcionar sem a presença das empresas, das populações e de diversas

organizações não-governamentais, mas também não dispensa a participação

do próprio Estado, que desempenha um papel de gestor e planeador,

essencialmente das atrações, infraestruturas e meios de transporte, sob pena

de não atingir os objectivos de desenvolvimento (Gunn e Var, 2002: 29).

No que concerne à intervenção do Estado no mercado turístico, mesmo

considerando o actual contexto, em que cada vez mais se verifica a redução do

papel dos poderes públicos na economia, ela justifica-se no sentido em que as

falhas do mercado requerem este tipo de intervenção estatal, nomeadamente

no que respeita à competitividade, aos direitos individuais, à redução de riscos

e incertezas, ao apoio a projectos, à promoção da formação especializada e à

produção de informação estatística (Matias, 2007: 298). Juntando a estas

intervenções os aspectos de infraestruturação e equipamento, podemos

reconhecer no Estado um verdadeiro co-produtor em turismo.

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Matias (2007: 329) defende que, em matéria de planeamento turístico, o

Estado necessita de intervir em dois planos, com um grau adequado de

descentralização decisória, a saber: administração central, onde ocorre o

planeamento de topo, de carácter macroeconómico; administração local, onde

é realizado o planeamento turístico de base, que tem impactes de carácter

microeconómico. É importante ter em conta que o planeamento turístico no

âmbito local é determinante e, devido às singularidades de cada local e região,

a gestão estratégica assegura melhores resultados quando realizada, pelo

menos, de forma partilhada com técnicos locais, devidamente qualificados, com

conhecimento da realidade local e da região na qual está inserido. É esse, aliás,

um dos principais pressupostos que fundamenta a componente empírica desta

tese, que mais adiante serão desenvolvidos.

As decisões de carácter económico também estão presentes no ambiente

público, embora a sua racionalidade seja composta de valores diferentes

daqueles que permeiam no ambiente empresarial, já que o primeiro tem como

principal objectivo o alcance do bem-estar social, enquanto o segundo objectiva

o lucro.

A ocupação de um determinado espaço não deve ser concebida apenas com

base nos retornos económicos gerados pelas actividades projectadas, mas

antes por um conjunto de factores que extrapolam o ambiente económico e

atingem aspectos ambientais, sociais e culturais, por exemplo. É o contexto em

que a comunidade e o seu bem-estar são os focos. Sobre esse aspecto,

Rezende e Castor (2005: 7) esclarecem que

partindo do pressuposto de que uma cidade tem um tecido social e

humano entrelaçado, que é o que lhe confere ‘convivialidade’, muitas

escolas de urbanismo contemporâneo abandonaram completamente

essa visão econômica e funcional da cidade organizada para gerar

economias e se concentraram em criar condições para a proliferação

de múltiplos enclaves sociais que favoreçam o convívio entre os

habitantes e ao mesmo tempo enfatizem a qualidade dos

ecossistemas; para essas tendências do pensamento urbanístico, o

importante é melhorar os sistemas de transporte coletivo para

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9

minimizar os tempos de viagem, aumentar o conforto e reduzir o

atrativo dos veículos individuais para deslocamento; reduzir ao

máximo possível a geração de lixo; controlar a geração e disposição

de efluentes; distribuir fisicamente de maneira adequada aos locais

de trabalho e de moradia. Talvez algumas ou muitas dessas

estratégias e soluções sejam menos racionais em termos puramente

econômicos do que outras, mas ainda assim seriam mais racionais

na ótica dos planejadores municipais ao lembrar que seu objetivo

final é a preservação e melhoria da qualidade de vida dos cidadãos.

Os conceitos de desenvolvimento local e regional são muito utilizados e

discutidos actualmente, comparando e relacionando com a ideia do global.

Dependendo da perspectiva, o desenvolvimento no âmbito local e global pode

assumir uma posição antagónica ou, ao invés, complementar-se.

Guibernau (1997) discute a lógica do local e do global como uma perspectiva

que surge num contexto de mundo globalizado, constituindo-se como um

processo pelo qual os eventos são transformados e modelados sob a influência

da expansão das conexões sociais que se estendem através do tempo e do

espaço. Ao mesmo tempo, os acontecimentos locais possuem um significado

diferente quando são distantes do tempo e do espaço percebidos em que

ocorrem. O local e o global confundem-se e formam uma rede em que os

elementos são transformados como resultado das suas interconexões. A

globalização expressa-se através da tensão entre as forças da comunidade

global e as da particularidade cultural, entre a segmentação de factores étnico-

culturais e as características homogéneas.

Fischer (2002) caracteriza o “local” partindo da “inércia” e, ao mesmo tempo, do

“movimento”. O “local”, numa primeira perspectiva, remete para a ideia de

estática, devida à configuração geográfica, já o “movimento” passa a ideia de

dinâmica e interacção num espaço global.

Entretanto, autores como Trevizan e Simões (2006: 9) apontam esse contraste

no que concerne à aparente dicotomia do global/local, ao afirmarem que o

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global e o local têm sido vistos como tendências opostas. A ideia da dinâmica

no contexto global teria surgido como resultado das crescentes mudanças

tecnológicas nos transportes e comunicações, permitindo minimizar os efeitos

das distâncias espaciais. No outro extremo, a lógica do local resguarda a

identidade e deve manter-se alerta em relação à ameaça de ter as suas

individualidades vitimadas pelo processo de globalização, assegurando, desta

forma, a sua identidade e o património, sejam materiais ou imateriais.

Numa outra abordagem, Trevizan e Simões (2006: 9, citando Hannerz, 1999:

51) discutem uma faceta diferente da concepção de global versus local,

destacando que, ao descobrir e dar vida às especificidades locais, pode-se

promover a atracção do global para o local, sem esquecer uma outra

perspectiva, a de que a cultura mundial pode ser encarada como um

entrelaçamento de culturas locais diversificadas.

A relação entre o território e as suas qualidades com todo o sistema produtivo

do turismo representa um referencial para a qualidade do desempenho deste

sector, sendo certo que uma alta percentagem de turistas tem uma percepção

de qualidade ligada ao aspecto geográfico, no sentido paisagístico e

sociocultural (Bercial e Timón, 2005:29).

No sistema turístico existem três vertentes territoriais: origem ou área emissora;

regiões de trânsito ou linhas de ligação; destino ou áreas receptoras, sendo

nestas últimas os locais onde ocorre o essencial da experiência turística, bem

como onde ocorrem os principais impactos e onde deve ser reunido o maior

esforço em termos de gestão e planeamento (Leiper, 1990).

A teoria de que a globalização é um fenómeno que, em algum horizonte

temporal, virá a uniformizar os lugares parece já ter reduzido a sua força. Num

sentido inverso e abordando o contexto do turismo, os lugares buscam cada

vez mais a manutenção das suas particularidades e diversidades porque são,

justamente, essas diferenças e originalidades que atraem os turistas. Como

ilustra Luchiri (1998:16, citado por Fratucci, 200: 128),

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as discussões sobre a questão global-local ou local-global

avançaram e já não se coloca com tanta certeza que a globalização

implica no fim do local, na destruição das diferenças e peculiaridades

locais: tanto as peculiaridades locais, os localismos, os regionalismos

emergiram deste global, quanto a própria globalização económica

passou a valorizar as diferenciações dos lugares, fazendo dessa

diferenciação um atractivo para o capital.

Actualmente, são cada vez menos destacadas as ameaças da globalização às

individualidades; ao contrário, estas individualidades tendem até mesmo a ser

reforçadas. Para além disso, a globalização hoje é vista como um factor que

complementa e se confunde com o lugar. Não existem, de facto, os lugares

isolados, mas um conjunto de lugares que formam o global (Castrovani, 2007:

3).,

Para Fischer (2004), a noção de “local” contém ideias complementares e

antagónicas. Sendo o “local” a referência espacial delimitada e podendo ainda

ser identificado como base, território ou micro-região indicado por outras

designações que sugerem constância ou uma certa inércia, por outro lado,

contém, também, o sentido de espaço abstracto de relações sociais e indica

movimento e interacção de grupos sociais que se articulam e se opõem em

torno de interesses comuns.

2.2.1 Cidade e Destino Turístico

O entendimento das diferenças entre destino turístico e cidade, assim como a

definição de destino turístico possibilitará uma discussão mais clara e objectiva

acerca do planeamento turístico nos destinos.

O turismo tem uma inquestionável relação com o território. De maneira primária,

o relacionamento destes conceitos pode ser feito apelando ao facto de que a

concretização de uma experiência turística exige uma deslocação e esta acção

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ocorre no contexto territorial. Para além desta tão óbvia ligação, é no território

que ocorrem as mudanças, os impactos físicos e a própria experiência turística.

Muitas vezes, também, são as características do território que motivam a

deslocação, tal como Vallbona e Costa (2006: 11) ilustram, ao afirmarem que

la actividad turística requiere de la existência de ciertos recursos que

tengam capacidad de atracción para el consumidor y puedan

satisfacer sus expectativas durante la experiencia turística.

Em 2011, cerca de 41% da população europeia vivia no meio urbano (Eurostat,

2012). Esta realidade exige que o olhar esteja atento às cidades, sobretudo

quando o assunto é planeamento de destinos turísticos. Reconhece-se a

fragilidade dos destinos não - urbanos, mas é o ambiente urbano que mais atrai

turistas e, por consequência, muito sofre com os efeitos negativos do turismo.

Assim sendo, o que vem a ser uma cidade?

Sabe-se que não há uma definição consensual, a começar por divergências

quantitativas quanto ao número de habitantes. Compreende-se que realidades

diferentes exigem posturas diversas, não sendo possível, por exemplo,

apresentar os mesmos critérios em países como o Brasil, com 180 milhões de

habitantes (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, 2009), e

Portugal, com 10,6 milhões de habitantes (Instituto Nacional de Estatística -

INE, 2011a).

Henriques (2003: 33) documenta o conceito da Comissão Europeia para definir

a cidade, ao afirmar que vê a cidade “como uma aglomeração mais ou menos

regular de edifícios e vias públicas, onde as pessoas podem viver e trabalhar, e

também onde há muitas actividades sociais, culturais, e tem, pelo menos,

10000 residentes”. A autora destaca que esta proposta de definição engloba

critérios como número de habitantes, tipo de actividades desenvolvidas por

esses mesmos habitantes (peso relativo de indivíduos que se dedicam ao

comércio e à indústria, em oposição aos que se dedicam à agricultura), nível de

concentração das suas habitações, entre outros, além de deixar implícita a

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confluência de várias dinâmicas no espaço, nomeadamente a económica,

social, cultural e política.

Em alinhamento com essa discussão, Henriques (2003:32-33) caracteriza os

centros urbanos e salienta a diferença entre estes e a própria cidade,

afirmando que

as áreas/centros urbanos podem apresentar várias dimensões,

desde grandes cidades a pequenos centros que dificilmente podem

ser chamados de cidade. Os perímetros fixados às áreas/centros

urbanos raramente coincidem com a cidade geográfica – entendida

enquanto forma de ocupação dos solos e entidade individualizada

com certa dimensão e densidade – onde se desenrola um conjunto

expressivo e diversificado de actividades várias indissociáveis do

modo de vida dos habitantes. Os perímetros são, regra geral,

menores que os limites administrativos ou de planeamento, embora

em áreas/centros urbanos de grande vitalidade económica e

demográfica a cidade geográfica ultrapasse os limites fixados pela

divisão administrativa ou política.

Henriques (2003: 33, citando Bonello, 1996) complementa que a cidade

ultrapassa a perspectiva geográfica, económica, sociológica ou histórica, uma

vez que nasce da interacção entre os indivíduos.

No âmbito das relações sociais, do território e da discussão acerca do sentido

de cidade, Fischer (2004) conclui, citando o autor Milton Santos, que

quando quisermos definir qualquer pedaço do território, devemos

levar em conta a interdependência e a inseparabilidade entre a

materialidade, que inclui a natureza e o seu uso, que inclui a acção

humana, isto é, o trabalho e a política.

No contexto do turismo, o destino nem sempre corresponde à limitação

geográfica ou política-administrativa de uma cidade, região ou país. Um destino

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turístico pode ser uma cidade ou um conjunto delas, sem que haja a

coincidência com delimitações de outra natureza. Portanto, ao tratar-se do

planeamento de cidades, deve-se ter em conta que este poderá ocorrer no

âmbito da gestão da própria cidade, em conjunto com outras cidades ou, pelo

contrário, numa menor escala, nos bairros ou atractivos turísticos. A

compreensão de destino é muito mais ampla e corresponde ao local que reúne

uma estrutura suficiente para fornecer uma experiência turística. Como

esclarece Valls (2006: 15), também citando outros autores,

as políticas de turismo encontram no destino a unidade básica de

gestão. Há uma série de características que o configuram e que

devem ser levadas em conta no momento de defini-lo. A primeira

delas é o espaço geográfico homogéneo, com características

comuns, capaz de suportar objectivos de planeamento. Numa

perspectiva muito restrita, vem-se identificando o destino como uma

localidade (Scaramuzzi, 1993) ou como um núcleo turístico, uma

área turística, um município, uma região ou qualquer espaço

geográfico (Sancho, 2002).

O mesmo autor complementa, ainda, que o conceito de destino turístico está

associado a qualquer unidade territorial que possua vocação de planeamento

assim como capacidade administrativa para a desenvolver.

Por outro lado, Valls (2006: 16) comenta que o conceito de destino turístico se

relaciona com uma versão já consolidada da oferta, condicionando a existência

de um destino turístico à presença de três elementos: grandes unidades

geográficas agrupadas ou áreas que disponham de atracções e serviços;

população que aumenta extraordinariamente durante a temporada turística,

graças aos transeuntes e visitantes; e economia dependente, numa

percentagem elevada, das transacções que os turistas realizam.

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Entretanto, a WTO (World Tourism Organisation) (2002) define destino turístico

como

un espacio físico en el que un visitante pasa al menos una noche.

Incluye productos turísticos tales como servicios de apoyo y

atractivos, así como los recursos turísticos a los que se puede

acceder haciendo un viaje de ida y vuelta en el día. Tiene unos

límites físicos y administrativos que definen su gestión e imágenes y

percepciones que determinan su competitividad en el mercado. Los

destinos turísticos locales incorporan a diversos grupos, entre los que

se cuenta a menudo la comunidad anfitriona, y pueden establecer

lazos y redes entre sí para constituir destinos mayores.

A definição da WTO é complexa e aproxima-se da definição apresentada por

Valls, englobando tanto os aspectos geográficos, como os aspectos

administrativos, sem, entretanto, vincular uns aos outros, isto é, o planeamento

e a gestão dos destinos turísticos podem ter uma afirmação geográfica

específica e não coincidente com limites definidos com outros propósitos.

Vallbona e Costa (2006: 12) chamam a atenção para o facto de as variações

territoriais dentro do sistema turístico apresentarem diferenças, a saber:

1. Espaço Turístico, definido como o lugar geográfico onde assenta a

oferta turística e onde pode ser encontrado o espaço de atracção (área

onde se concentram os elementos e atractivos que motivam a viagem);

o espaço complementar (onde estão localizadas as empresas turísticas);

e o espaço residencial (onde reside a população local);

2. Município Turístico, espaço delimitado por questões administrativas, o

que acaba por definir as competências dos agentes públicos locais no

que tange às políticas do turismo; apesar disso, na prática, o turismo

não compreende estas delimitações espaciais, podendo ir além dos

limites municipais ou, ao contrário, referenciar-se num âmbito inferior;

3. Destino Turístico, definido como um território para o qual o turista se

desloca ou, ainda, a concentração de instalações e serviços disponíveis

para satisfazer as necessidades dos turistas.

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É importante destacar que a actividade de planeamento e gestão é de tamanha

importância para a competitividade, qualidade e sustentabilidade do destino

turístico que está contemplada na sua própria definição. Outro ponto para o

qual se deve tomar a atenção é o risco de tornar o turismo demasiado

aproximado do campo económico e desprezar os factores interdisciplinares e

multidisciplinares (sociológicos, ambientais, culturais, etc.) que devem estar

presentes, inclusive, quando são tratados os conceitos. O destino turístico,

antes de constituir-se como tal, é composto por aspectos económicos mas

também de aspectos sociais, ambientais, históricos. Definir destino turístico

apegando-se, essencialmente, ao local que foi estruturado como produto pode

não levar em conta as outras dimensões que têm substancial importância.

No âmbito da classificação dos destinos turísticos, Valls (2006: 56-57) define

uma tipologia que pode ser estabelecida segundo:

1. A especialização do território, como, por exemplo: agroturismo, turismo

de neve, caça e pesca, turismo de saúde, turismo cultural, dentre outros;

2. A procedência do turista: local, regional, nacional e internacional;

3. A principal motivação genérica do turista: praia; rural/interior; património

e cultura; desporto; descanso; saúde e cuidados corporais; relações;

negócios; eventos; formação e informação; descobrimento e aventura.

4. A utilização do território: destino único, o que se utiliza como meta de

viagem; destino base, ponto de partida para excursões e visitas; destino

que constitui parte de um circuito que não requer unidade temática; e

destino de percurso temático, que tem a sua razão de ser por fazer parte

de uma unidade temática particular (citando Ejarque, 2003).

5. A exigibilidade de aplicação do plano: indicativa, obrigatória parcial ou

obrigatória total.

6. O grau de especialização: monoproduto – destinos especializados;

multiproduto - corresponde a destinos que dispõem de vários produtos

turísticos complementares;

7. A fase do ciclo de vida: emergente, desenvolvido, em expansão, maduro

ou em declínio;

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8. A importância da actividade turística no conjunto da economia: muito

baixa (menor que 4% do PIB), baixa (4-6% do PIB), média (6-8%),

elevada (8-10%), alta (10-12%) ou muito alta (acima de 12%);

9. O nível de desenvolvimento organizativo dos entes coordenadores, ou

seja, segundo as funções que realizam no nível estratégico e nos níveis

operacionais: estágio base, estágio médio ou estágio superior;

10. O grau de concentração da oferta, da procura e da distribuição:

monopolística, oligopolística ou fragmentada.

Então, longe de constituir um sinónimo de cidade, estado ou país, o conceito

de destino turístico é, como foi dito anteriormente, perfeitamente aplicável a um

lugar, uma ou mais cidades, estados ou países. O conceito é mais amplo e

flexível do que a definição de cidade e tem mais relação com a estrutura dos

produtos turísticos do que com a estrutura político-administrativa da unidade

geográfica, embora a capacidade de gestão e planeamento seja um factor

relevante.

Quando a cidade assume a capacidade de manter os seus próprios habitantes

e, além disso, de atrair turistas, são criados os alicerces para a constituição de

um destino turístico (Henriques, 2003: 43).

Há necessidade de ressaltar estas distinções, visto que, apesar de o

planeamento turístico aqui tratado se referir ao planeamento político e

submetido à ordem administrativa das cidades, regiões e países, é igualmente

necessário perceber a existência de outros níveis de planeamento, que se

interpõem e reflectem no desenvolvimento do destino, e não somente aqueles

institucionalizados nas escalas geográficas mais tradicionais.

Compreende-se, portanto, que a definição de cidade é complexa, porque

envolve diversos critérios, sejam objectivos, como o número de habitantes,

sejam subjectivos, como o tipo e a intensidade das relações humanas

existentes. No que concerne ao destino turístico, conclui-se que os parâmetros

de definição são ainda mais subjectivos e incluem uma abordagem da condição

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estrutural que possibilite uma experiência turística, independente da sua

dimensão ou organização política e social.

2.3 Planeamento – teoria e conceito

O início do planeamento contemporâneo está associado à Revolução Industrial.

Esse período foi marcado, entre outras coisas, pelo surgimento de inúmeros

problemas urbanos decorrentes do rápido aumento populacional ocasionado

pelo êxodo rural. Acreditava-se que os problemas tinham surgido das

estruturas das cidades não suportarem a crescente ocupação ocasionada pelo

crescimento populacional. Como resposta a estas dificuldades, o planeamento

no período pós-Revolução Industrial foi marcado por propostas e soluções

físico-espaciais. Com o final da Segunda Guerra Mundial, a sociedade esteve

novamente confrontada com problemas relacionados com as estruturas das

cidades; neste período pós-Guerra, houve a necessidade de reconstrução dos

espaços que se encontravam destruídos (Costa, 1996: 24) e isso implicava

reflexão e acções ponderadas.

Com a entrada na segunda metade do século XX, difundiu-se o planeamento

económico entre os países do bloco socialista e, um pouco mais tarde, entre os

países classificados como subdesenvolvidos, como forma de alcançar o

desenvolvimento e passando, então, o planeamento a ser considerado como

instrumento orientador das economias (Dias, 2003).

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Foi também no período pós-Segunda Guerra Mundial que o turismo se

expandiu rapidamente (Inskeep, 1993). Hughes (2004: 557) ilustra esta

afirmação, ao dizer que

na passada década de 1940, no rescaldo da Segunda Guerra

Mundial, o turismo foi estimulado para ajudar a restaurar a

normalidade social, por toda a Europa Ocidental. Contra o cenário de

fundo das profundezas traumáticas do conflito recente, a asserção de

que o turismo poderia fazer contribuição válida para a pacificação era

altamente credível. Ao que acrescentou rapidamente o mérito do

potencial económico do turismo, à medida que os países ocidentais,

no esforço de regenerarem suas economias destruídas pela guerra,

reagiam ao vigoroso crescimento pós-guerra do número de turistas.

Em muitas áreas foi encorajado o turismo de massas, sem uma reflexão prévia

e acções de planeamento, o que levou a importantes consequências sociais e

ambientais (Inskeep, 1993).

Entre as décadas de 1960 e 1970, o planeamento turístico ganhou espaço,

numa fase de grandes mudanças nesta actividade. Com o rápido crescimento

do mercado que marca este período, muitos destinos, com o intuito de alcançar

um rápido desenvolvimento social e económico, investiram no turismo e

acabaram por sentir relevantes impactos negativos, sobretudo no subsistema

ambiental. Além disso, o sedutor desenvolvimento económico e social foi alvo

de inúmeras críticas que acusavam o turismo de desagregar as economias

locais, criando empregos sazonais, com baixos salários e que exigiam pouca

qualificação (Costa e Buhalis, 2006: 193-194). A partir dos anos 70, as antigas

formas de planeamento começaram a ser questionadas. Neste período,

chegou-se à conclusão de que o planeamento é influenciado por situações

específicas de cada lugar, pela actuação política e das organizações e pela

capacidade de interceder nas decisões por parte de determinados grupos. Foi

a época em que se preconizaram intervenções mais específicas, relacionadas

com: melhoria da qualidade de vida em determinadas áreas geográficas e

envolvendo grupos sociais particulares; recuperação de unidades e grupos

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urbanos com características arquitectónicas bem identificadas; aumento e

melhoria das áreas de lazer, recreio e comércio; melhoria da acessibilidade, etc.

(Costa, 2001).

Na década de 1980, é a própria WTO quem relata a baixa qualidade do

desenvolvimento do turismo até aquele momento, visto que não ocorreu com o

devido planeamento, causando danos ao meio ambiente, além dos danos

sociais.

O desafio do planeamento do turismo era encontrar formas de ajustar a

organização territorial e, ao mesmo tempo, considerar os interesses dos

sectores privados. O modelo, conhecido por PASOLP (Product’s Analysis for

Outdoor Leisure Planning, desenvolvido por Baud-Bovy e Lawson), pioneiro

nesse domínio, propunha uma visão integrada e sustentável, além de noções

de planeamento estratégico e territorial, destacando a necessidade de

benefícios a longo prazo em todo o sistema turístico. Defendia-se, então, que o

turismo era capaz de gerar benefícios sem causar tantos danos aos destinos e

que o sucesso da actividade dependia da visão sustentada e sustentável.

Ainda nos anos 1980, um outro modelo, o “Alberta”, desenvolvido por Clare

Gunn, além da visão integrada e sustentável, introduziu a necessidade de um

inventário e análise detalhada do território e da participação do sector privado e

da população no processo. Nos anos 1990, Inskeep apresenta uma evolução

dos modelos de planeamento existentes e propõe a gestão e o planeamento

físico, social e económico. A partir de 2000, a literatura acerca do planeamento

evoluiu muito, acompanhando linhas de pensamento que defendiam a

necessidade da gestão e do planeamento com uma abordagem integral, de

forma a assegurar um turismo sustentável e competitivo (Costa e Buhalis, 2006:

195 -196).

Em síntese, (Inskeep, 1993; Costa, 1996; Gunn e Var, 2002) concluem que de

1980 em diante os modelos elaborados tenderam a considerar que o

planeamento turístico deve estar pautado por princípios de racionalidade e rigor

técnico e perspectivar-se num contexto de abrangência dos sectores públicos e

privados.

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2.3.1 O que é planear?

O planeamento é hoje reconhecido como actividade determinante para o

sucesso e sustentabilidade dos destinos turísticos. Entretanto, na prática,

apesar de o planeamento ser extremamente necessário para o turismo,

proporcionando diversos benefícios e constituindo um instrumento

imprescindível nas gestões com base no modelo de sustentabilidade, muitos

destinos ainda não implementam um processo de gestão e planeamento do

turismo ou fazem-no de forma inadequada.

O primeiro passo de qualquer processo de gestão é o planeamento e a gestão

do planeamento é o primeiro estágio para a tomada de decisão (Murphy e

Murphy, 2004:86).

Carvalho Jr. (2002: 1) define planeamento como

um esforço para dirigir a energia humana, objectivando uma

finalidade racionalmente predeterminada, ou seja, representa uma

ação coordenada de esforços para atingir um determinado objectivo”

e, para que seja alcançado, de facto, “é necessário que os agentes

sociais façam diagnósticos e previsões, procedam a

acompanhamentos e avaliações, e construam cenários sobre o

presente e o futuro com base na reflexão sobre o passado, nas

experiências presentes e nas expectativas de futuro.

Planear envolve reflectir previamente acerca das situações de forma a

assegurar o alcance dos objectivos pré-estabelecidos. Essa reflexão, no

entanto, pressupõe a aplicação de um conhecimento científico para resolver os

problemas e assegurar que os objectivos e metas serão atingidos (UNCRD,

2002: 52).

O turismo, por envolver sectores distintos e estratégicos, é uma actividade que

é principalmente planeada pelo sector público, mas com a participação do

sector privado e da comunidade. No entanto, a interferência pública varia

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conforme a importância do turismo para a economia de um país (Cooper et al,

2001).

A participação pública assume, assim, novos contornos face à necessidade de

reduzir custos, de planear de forma mais pragmática, de garantir o

estreitamento das relações entre o sector público e as organizações privadas e

de planear num novo contexto mundial, mais informado e mais democrático

(Costa, 1996)

Inskeep (1993) sublinha, ainda, que o planeamento turístico visa o benefício da

comunidade e que esta também deve estar envolvida no planeamento e

desenvolvimento de locais turísticos. A população residente, que conhece

melhor a localidade e a organização da sociedade, pode, por isso, dar um

contributo positivo para o desenvolvimento do turismo na região (WTO, 1998;

Gunn e Var, 2002).

O processo de planeamento do turismo reflecte o uso racional do território e

dos recursos, traduzindo o crescente interesse em controlar os impactos da

actividade (Vera, Palomeque, Marchena e Anton, 1997). O espaço não tem

apenas dimensão territorial e física, mas também importância demográfica,

económica, social, cultural e, por isso, o ordenamento do território afecta o

espaço e influencia a distribuição e a forma de organização das actividades

nele implantadas (Vieira, 2007).

Para Fonseca e Ramos (2006), o desenvolvimento territorial apresenta-se

perante uma nova realidade que exige respostas mais eficazes por parte dos

instrumentos de planeamento vigentes, a fim de que sejam assegurados o

desenvolvimento económico e social sustentado. Os autores defendem a

reformulação do conceito do planeamento convencional, utilizando uma visão

estratégica capaz de responder às complexidades dos fenómenos indutores de

incertezas e de mutações aceleradas.

O turismo é composto por três dimensões (Valls, 2006: 100): a dimensão

operacional, que envolve a prestação dos serviços; a dimensão de suporte, que

sustenta a operacional e se constitui através de processos intermediários entre

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estes e os estruturais; e a dimensão estrutural, que afecta as decisões

estratégicas, envolvendo as direcções e o conjunto da organização - no caso

dos destinos, são processos estruturais os relativos ao consenso e às decisões

estratégicas em matéria de marketing, de recursos humanos, de tecnologias,

de logística, de construção, de planeamento dos recursos financeiros, etc.

Na dimensão estrutural, inclui-se o processo de planeamento, que, por sua vez,

depende do reconhecimento e da articulação de outras três dimensões

(Carvalho Jr, 2002):

1. Técnica: visa o acesso a informações e conhecimentos

multidisciplinares para a elaboração de diagnósticos e prognósticos,

formulação e implementação de planos e programas; as funções de

planeamento são ligadas ao desenvolvimento e promoção de produtos

turísticos, integrando e articulando os recursos locais e desenvolvimento

e dinamização do turismo local, etc. (IQF, 2005);

2. Financeira: garante a execução das acções planeadas ao nível técnico;

3. Política: envolve a escolha de alternativas, uma vez que planear é um

acto político que implica tomar decisões sobre acções presentes e

futuras; sendo o planeamento uma actividade eminentemente política

(Henriques, 2003 citando Gunn, 1988; Carvalho Jr., 2002: 2), deverá ser

estratégico e integrador, orientado para a acção, proactivo e contínuo,

não sendo, portanto, uma mera elaboração de planos.

As informações relativas ao passado e ao presente são os alicerces para o

planeamento (pensar para o futuro), já que este processo tem bases racionais.

Reflectir sobre acontecimentos futuros envolve incertezas e,

consequentemente, riscos, pelo que quanto mais informações seguras sejam

reunidas e analisadas, menor risco envolverá o processo. As instituições de

investigação surgem, então, como importante fonte de informações e apoio à

tomada de decisão, fornecendo dados estatísticos, indicadores, índices, textos

analíticos, etc., fundamentais para a elaboração de diagnósticos, prognósticos

e montagem de cenários (Carvalho Jr., 2002: 3).

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Na figura 1, Carvalho Jr. (2002: 4) demonstra a importância das instituições

produtoras de informação, tanto no início do processo de planeamento como

no final, defendendo que a fase de avaliação do processo constitui um novo

diagnóstico e, portanto, um momento em que serão levantadas e analisadas

novas informações.

Figura 1

Fluxo do Planeamento

Fonte: Carvalho Jr., 2002: 4

Na fase de implementação, que implica a viabilização do planeamento, e a

concretização de uma visão sustentável, o destino deve contar com uma série

de facilitadores, entre eles: um coordenador da estrutura organizacional; o

observatório de turismo, para levantamento de informações que suportarão a

tomada de decisão; a imagem da marca, para identificação do destino entre os

stakeholders, assim como entre os seus clientes e concorrência; e o painel de

controlo integral, para acompanhar o processo estratégico (Valls, 2006:147).

Instituições de

Pesquisa

Concepção

Identificação do

Problema

(Diagnóstico,

Prognóstico,

Avaliação dos

riscos)

Instituições de

Pesquisa

Avaliação (novo

Diagnóstico)

Monitorização

Execução

Planeamento (Plano,

Programa, Projecto)

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25

O papel do coordenador do destino estabelece-se em dois níveis: estratégico,

que consiste na iniciativa de planeamento; e o operacional, nos domínios das

políticas e estratégias. Na dimensão estratégica serão tomadas decisões como

o modelo de desenvolvimento a ser seguido; bases de cooperação; valores.

Por outro lado, na dimensão operacional, as funções envolvem a

implementação do modelo de desenvolvimento. O seu papel operacional é

compreendido por quatro áreas de acção: o planeamento dos recursos

económico – financeiros; a criação de produto; comercialização e gestão da

marca; e o fomento das demais políticas (Valls, 2006: 149-151).

A visão estratégica do planeamento do desenvolvimento turístico permite

(Vieira, 2007, p. 50-51):

1. Orientar o destino turístico para alcançar a sua missão e objectivos

estratégicos;

2. Apoiar a gestão estratégica;

3. Obrigar a uma reflexão estratégica sobre o destino turístico e a sua

envolvente e as alterações que no decurso do tempo se vão verificando;

4. Obrigar a uma abordagem sistémica dos vários planos estratégicos,

unificando as decisões e o esforço da organização;

5. Mobilizar a estrutura administrativa para a missão e a visão de uma

forma proactiva;

6. Envolver toda a estrutura no mesmo processo e com os mesmos

objectivos;

7. Proporcionar meios de controlo e avaliação permanente da evolução dos

vários planos estratégicos (marketing, formação, etc.);

8. Definir objectivos estratégicos, financeiros ou outros, sempre

temporizados e quantificados de forma a possibilitarem a avaliação do

seu cumprimento e do desempenho dos responsáveis por esse

cumprimento;

9. Definir uma estratégia de diferenciação abrangente (mais do que apenas

a diferenciação do produto turístico compósito) e dos padrões de acção

que a definem quanto ao posicionamento no mercado, no confronto com

a concorrência, às relações com os clientes e os fornecedores, à

expansão de produtos e serviços, etc.

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26

Entretanto, apesar de reconhecida a necessidade do planeamento estratégico

em turismo, a verdade é que, à escala mundial, apenas 56% dos projectos e

planos estratégicos elaborados chegam a ser implementados e isso deve-se,

principalmente (Valls, 2006: 62, citando WTO, 1994): ao elevado custo do

processo de planeamento estratégico; à dificuldade de harmonização dos

interesses de todos os actores envolvidos; à percepção subjectiva do marco de

desenvolvimento por parte dos envolvidos; às condições particulares de cada

destino e de cada empresa, que desencadeiam contextos que distorcem, em

muitos casos, os critérios de planeamento; ao comodismo da inércia do não-

planeamento.

Outro impasse à efectivação do planeamento estratégico é que este tem a

necessidade de equilibrar, ao máximo, o carácter político e técnico, uma vez

que um plano mais aproximado do contexto técnico pode ser inviável por não

contemplar as necessidades das diferentes perspectivas. No entanto, um plano

essencialmente político pode agradar em demasia mas não possibilitar que os

objectivos de desenvolvimento possam vir a ser atingidos (Rezende e Castro,

2005: 13).

Num tempo actual, em que o planeamento tem evoluído de uma perspectiva

tradicional, estática e fragmentada, para uma dimensão estratégica, processual

e sistémica (Gunn, 1988), acrescentando valor à competitividade e

sustentabilidade dos destinos, tem surgido a necessidade de compreender em

que medida a formação dos técnicos em turismo tem acompanhado as

exigências inerentes ao novo paradigma do planeamento turístico.

Em forma de síntese, a figura 2 faz convergir as visões acima apresentadas,

nas quais o turismo é composto pelas dimensões operacional, de suporte e

estrutural, estando o planeamento dentro desta última. Nela é possível

identificar o planeamento dentro da estrutura organizacional do turismo.

Também se pode perceber, conforme a apresentação a seguir, a relação entre

a vertente técnica do planeamento (dimensão estrutural) e a educação e

formação (dimensão de suporte).

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Figura 2

O Planeamento na Estrutura Organizacional do Turismo

Fonte: Elaboração própria com base em diversos autores

A tabela 1 enumera variáveis que funcionam como parâmetros, no âmbito

técnico e político, para aferir a efectivação do planeamento nos destinos

turísticos. Ou seja, as variáveis identificadas representam quais os aspectos

que devem ser contemplados em cada uma das dimensões representadas. A

presente tese pretende apenas analisar o primeiro item da dimensão técnica, a

“equipa técnica com formação adequada”.

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Tabela 1

Variáveis de avaliação do processo de planeamento

Dimensão Técnica

Equipa técnica com formação adequada

Elaboração de planos e projectos de desenvolvimento turístico

Planeamento em longo prazo

Levantamento e compilação de informações da localidade e do entorno – inventário

Criação de dados estatísticos para dar suporte à investigação científica e à tomada de decisão

Implementação dos planos e projectos de desenvolvimento turístico

Participação da comunidade nas decisões

Envolvimento das instituições em empresas nos processos de decisão

Análise sistémica do destino turístico

Participação activa da cidade nas decisões nas Regiões de Turismo

Promoção e gestão da marca

Dimensão Política

Selecção do modelo de desenvolvimento a ser seguido

Leis, orientações e normas ligadas ao turismo

Prioridade do Turismo na agenda governamental

Fonte: Elaboração própria com base em diversos autores.

2.4 Planear o Turismo, por quê?

O planeamento é um dos principais instrumentos para viabilizar o alcance do

desenvolvimento, uma vez que somente através de uma gestão previamente

pensada e organizada é possível atingir determinados objectivos económicos e

sociais. Apesar de o desenvolvimento se constituir como um objectivo que é,

normalmente, pretendido para um local/região/país, assim como acontece, por

exemplo, com a sustentabilidade, é considerado, por muitos, uma utopia.

Sempre a ser seguido, mas nunca algo alcançável. A verdade é que, sem um

planeamento adequado, o desenvolvimento é um “sonho impossível”, pelo que

a sua promoção constitui um dos principais objectivos do planeamento turístico.

São muitas e diversificadas as abordagens ao conceito de desenvolvimento,

apesar de, actualmente, já se poder dizer que ganhou consistência e real

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significado. Muitas vezes foi (e ainda é) utilizado num campo seccional, como

quando, por exemplo, se fala do desenvolvimento económico, mas o conceito

de desenvolvimento constitui algo muito mais profundo e abrangente.

A tomada de consciência do conceito de desenvolvimento e a assunção da

“necessidade” de o alcançar emergiu sobretudo quando os países ricos

decidiram auxiliar as nações pobres nos processos de descolonização e,

consequentemente, pela necessidade de os novos Estados transformarem as

velhas burocracias em instrumentos de mudança social. Inicialmente, esta

ajuda aos países pobres deu-se através dos órgãos governamentais dos

países desenvolvidos e, posteriormente, ocorreu através de programas de

ajuda mútua e acordos bilaterais com recursos empregues em áreas como

educação, saúde, agricultura, comunicações e capacitação técnica (Fischer,

2004).

No âmbito local, Fischer (2002) destaca alguns dos problemas e barreiras

enfrentadas no que tange ao processo de desenvolvimento, a saber:

A descontinuidade política, que extingue muitas iniciativas ao fim do

mandato do gestor que as criou, além das interferências político-

partidárias locais, regionais e nacionais;

As dificuldades de articulação entre governos, entre governo e

sociedade e entre os próprios agentes sociais;

O facto de as estratégias de desenvolvimento serem construídas

externamente (nos meios governamentais ou através de representação

no segundo e terceiro sector – empresarial ou Organizações Não-

Governamentais - ONGs), o que reforça situações como serviços de má

qualidade, estruturas ineficientes e onerosas, obsolescência e

inadequação;

Fragilidades metodológicas dos tipos de intervenção em

desenvolvimento local, modismos e mimetismos;

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Estruturas de interesses na constituição de agências promotoras do

desenvolvimento local e consultores que substituem meios por fins, ao

adoptarem metodologias que se sobrepõem aos resultados e criam

dependência nas comunidades apoiadas;

Sobreposição de programas e projectos de diferentes instituições, sobre

os mesmos espaços, onerando as comunidades, que multiplicam

agendas e fragmentam esforços, para não perder oportunidades de

financiamento.

Neste contexto, as agências internacionais agregam um conjunto de princípios

de base para a estratégia de desenvolvimento sustentável que buscam a fim de

coordenar e tornar mais eficiente a empreitada rumo ao desenvolvimento

(Fischer, 2004):

Consideração das necessidades humanas, de modo a garantir efeitos

benéficos a longo prazo para grupos marginalizados;

Uma intenção de longo prazo amplamente compartilhada, dentro de

espaços e tempos relativamente delimitados;

Um processo global e integrado, que concilie objectivos económicos,

sociais e ambientais, com previsão de regulação e arbitragem, mediadas

por negociação.

A autora complementa que alguns estudos acerca do desenvolvimento no

Mundo, levados a cabo pelo Banco Mundial, apontam o futuro do

desenvolvimento de forma pessimista, o que não obsta a que tenham sido

traçadas algumas directrizes que estabelecem:

Os objectivos do desenvolvimento devem ser múltiplos e a qualidade de

vida inclui, além de rendimento, também saúde, educação e maior

participação na vida pública;

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31

As políticas de desenvolvimento são interdependentes e devem ter

medidas de acompanhamento;

O Estado tem um papel intransferível na gestão e regulação dos

processos de desenvolvimento.

Fernandes e Coelho (2002, citados por Almeida, 2006: 24) esclarecem que o

crescimento económico é uma medida quantitativa de incremento do Produto

Nacional Bruto (PNB) e/ou PNB per capita, sendo percebida uma mudança

económica, sem, porém, clarificar se houve ou não uma distribuição dos

recursos. No que se refere ao desenvolvimento económico, há uma indicação

de que o crescimento económico causou uma melhoria no padrão geral de vida

e no bem-estar da população de um país.

Por outro lado, o crescimento económico é determinado por factores como o

emprego, a energia e diversos recursos materiais que podem variar consoante

factores como a educação, a investigação e o desenvolvimento, bem como os

bens disponíveis para cada trabalhador (Bolwell e Weinz, 2008: 83). Pode-se,

então, concluir que não sendo o crescimento económico sinónimo de

desenvolvimento, o primeiro é componente importante na indução do segundo.

O termo “desenvolvimento” é designado como um processo de melhoria,

mudança, evolução, crescimento. Nesse sentido, serão discutidos

posteriormente os termos: desenvolvimento local, desenvolvimento sustentável

e desenvolvimento integrado, assim como os conteúdos teóricos relacionados.

François Perroux, economista francês destacado como teórico do

desenvolvimento, elaborou a teoria dos pólos de desenvolvimento que, no seu

início, foi formulada de forma ampla e, depois, destinada à análise regional

(Silva, Lima e Piffer, 1999). Para Perroux, a competição perfeita e o livre

mercado constituíam aspectos teóricos e, na realidade, existia um grupo de

unidades económicas poderosas que exerciam grande influência sobre o meio.

Desta forma, Perroux definiu o fenómeno da polarização e as suas

repercussões, ao concluir que o crescimento não surge em todos os lugares ao

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mesmo tempo, mas manifesta-se em pontos ou pólos de crescimento, com

intensidades variáveis. O seu crescimento transmite-se através de diversos

canais e com efeitos variáveis para o conjunto económico (Silva, Lima e Piffer,

1999).

Numa abordagem mais recente, Perroux considerou que os espaços

económicos foram reduzidos a três classificações básicas (Silva, Lima e Piffer,

1999):

1) o espaço económico que possuía características homogéneas, tal como um

espaço contínuo com características semelhantes de densidade, de estrutura

de produção, de nível de rendimento, entre outras;

2) o espaço económico definido como um campo de forças ou de relações

funcionais, no qual há trocas entre os espaços homogéneos, ou seja, que

consistem em centros (pólos) dos quais emanam forças centrípetas (de

atracção) e centrífugas (de repulsão); cada centro possui um campo de

actuação próprio, sendo o espaço ou região polarizada o lugar onde há

intercâmbio de bens e serviços, tendo a intensidade do intercâmbio interior um

nível superior, em cada um dos seus pontos definidos, em relação à

intensidade exterior;

3) o espaço económico como plano ou programa; apesar de não coincidir com

a região polarizada, tem como vocação a criação de regiões polarizadas novas,

de rendimento económico superior às antigas.

A partir das décadas de 60 e 70, Perroux procura distinguir pólo de crescimento

e de desenvolvimento (Leite, 1983, citado por Silva, Lima e Piffer, 1999):

Pólo de crescimento: corresponde a certos pólos que, mesmo motivando

o crescimento do produto e do rendimento, não provocam

transformações significativas nas estruturas regionais;

Pólo de desenvolvimento: são aqueles que conduzem a modificações

estruturais que abrangem toda a população da região polarizada.

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33

Matias (2007: 151 – 164) discute o mercado turístico à luz das teorias

económicas, numa perspectiva ampla. Da teoria clássica, explica as vantagens

absolutas de Smith (1776, citado por Matias, 2007: 152), destacando a

premissa de que cada país tende a especializar-se na produção para a qual se

encontra mais apto, assumindo que cada país deve concentrar-se naquilo em

que é mais competitivo. Entretanto, esta abordagem não contempla o contexto

do comércio internacional de um país que não possua vantagem absoluta na

produção de nenhum bem. David Ricardo complementa esta abordagem,

introduzindo os princípios das vantagens comparativas, no qual define a teoria

de que (Matias, 2007: 151 - 164):

cada país será levado a especializar-se, não nas produções em que

detém vantagem absoluta, mas sim naquelas em que detém maior

vantagem comparativa ou menor desvantagem comparativa.

Na prática, as características da teoria clássica podem ser verificadas no

turismo na tendência para a especialização dos países por produto, além de

permitirem explicar um grande número de trocas turísticas internacionais, já

que a diferença de custos é também factor determinante no turismo

internacional.

A teoria neoclássica do comércio internacional considera as vantagens

comparativas num ambiente de concorrência; entretanto, não pondera a

diferença entre os custos de produção, mas sim a diferença entre a abundância

dos factores de produção de cada país. Assim, a teoria neoclássica assenta no

pressuposto de que os países irão especializar-se na produção dos bens e

serviços que mais utilizarem os factores de produção de que dispõem em maior

quantidade (Matias, 2007: 155). Posteriormente, a teoria contemporânea

analisa o impacto da concorrência imperfeita, das economias de escala e da

diferenciação do produto na natureza e amplitude dos fluxos comerciais

internacionais (Matias, 2007: 158), incluindo a vertente da gestão empresarial,

além da recente teoria das vantagens competitivas de Michael Porter. A teoria

das vantagens competitivas, na realidade económica actual, vem assumindo

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cada vez mais importância no contexto económico e empresarial, visto que as

dotações iniciais de recursos das nações, por si só, não constituem factores

decisivos de desenvolvimento, como prega a teoria das vantagens

comparativas. Perante a realidade de um mundo globalizado, o foco sai da

localização dos recursos, que são facilmente acessíveis, mas no potencial de

crescimento da produtividade e, particularmente, no factor humano. Assim, são

as vantagens adquiridas as mais importantes, e não as já obtidas

anteriormente.

O modelo de Porter é baseado no conceito de cluster, onde há uma

proximidade geográfica (aglomeração) de empresas interconectadas ou

instituições associadas que, juntas, constituem uma mais-valia e um sentido de

complementaridade. Indo ao encontro desta teoria, Matias (2007: 163) define o

cluster turístico como

um grupo de atracções turísticas, infraestruturas, equipamentos e

outros serviços directa ou indirectamente relacionados com a

actividade turística e concentrados numa área geográfica

determinada.

Vale destacar que as vantagens comparativas podem determinar a vocação

turística de um destino; mas as vantagens competitivas, relacionadas com a

inovação e a qualidade, são hoje mais preponderantes quando o assunto é o

sucesso no mercado e o alcance do desenvolvimento. O tema competitividade

será aprofundado no subcapítulo que a discute no campo do turismo. Para já,

reconhecemos que estas teorias económicas evidenciam algumas das razões

pelas quais o desenvolvimento ocorre de forma mais expressiva em

determinados locais do que em outros.

O conceito de desenvolvimento endógeno foi proposto nos anos setenta do

século passado, negando a imitação dos modelos das sociedades industriais e

evidenciando a necessidade de se levarem em consideração as

especificidades de cada país e de cada local (Fischer, 2004 citando Sachs,

2001).

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35

Segundo Barros, Silva e Spínola (2006), o desenvolvimento de um determinado

espaço em consequência de factores exógenos é caracterizável no contexto do

desenvolvimento regional, o que sugere um planeamento centralizado de um

Estado Nacional, também conhecido por desenvolvimento “de cima para baixo”

(Garrido, 2002).

Por outro lado, o desenvolvimento local parte de factores internos, ou factores

endógenos, obedecendo a uma visão territorial (e não funcional) dos processos

de crescimento e de mudança estrutural, que parte de uma hipótese de que o

território não é apenas um mero suporte físico de objectos, actividades e

processos económicos, mas também que ele é um agente da sua própria

transformação (Barros, Silva, Spínola, 2006, citando Agnew e Duncan, 1989;

Giddens, 1991; Albalgi, 1999, citado por Lastres e Cassiolato, 2000). Portanto,

este modelo de desenvolvimento, também caracterizado como

desenvolvimento “de baixo para cima”, possui a intenção de promover as

potencialidades socioeconómicas próprias da localidade.

Se, por um lado, a abordagem de desenvolvimento “de cima para baixo”

propõe o desenvolvimento de um modo centralizador e partindo de esfera

superior, por outro lado, a abordagem do desenvolvimento “de baixo para cima”

considera “a coerência interna, aderência ao local e sintonia com o movimento

mundial dos fatores” (Amaral Filho, citado por Garrido, 2002).

No turismo, Almeida (2010: 167, citando OMT, 2004b: 4) conclui que a

combinação entre as abordagens “de cima para baixo” e “de baixo para cima” é

a mais adequada, justificando que a primeira abordagem tende a ser

substituída pela segunda em termos de flexibilidade e horizontalidade,

permitindo uma melhor interacção entre os intervenientes, coisa que a gestão e

planeamento centralizado não conseguem e muito menos se aproximam de

uma abordagem sustentável.

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Assim, Barros, Silva e Spínola (2006, citando Barquero, 2002) admitem que

os processos de desenvolvimento endógeno ocorrem graças à

utilização produtiva do potencial de desenvolvimento possibilitado

quando as instituições e mecanismos de regulação do território

funcionam eficientemente. A forma de organização da produção, a

estrutura familiar, a estrutura social e cultural e os códigos de

conduta da população condicionam os processos de

desenvolvimento favorecendo ou limitando a dinâmica econômica e,

em definitivo, determinam o rumo específico do desenvolvimento das

cidades e das regiões.

Na década de 1990, o foco do modelo de desenvolvimento endógeno era a

compreensão da variação do nível de crescimento entre as diferentes regiões e

nações, mesmo quando estas dispunham de condições produtivas

semelhantes, como capital financeiro, mão-de-obra ou tecnologia. Foram,

então, identificados factores de produção actualmente decisivos, como o capital

social, o capital humano1, o conhecimento, a pesquisa e desenvolvimento, a

informação e as instituições. Estes factores eram determinados dentro da

região e não de forma exógena, como até então era entendido, e concluiu-se

que as regiões que dispusessem destes factores em quantidade e qualidade ou

possuíssem condições de desenvolvê-los detinham melhores condições para

atingir um desenvolvimento acelerado e equilibrado (Souza Filho, 2009: 1).

Parente e Zapata (1998) apontam o desenvolvimento local integrado como uma

estratégia de intervenção social que busca, considerando os impactes da

globalização, novas alternativas de desenvolvimento, mais sustentáveis, mais

presentes, que respondam, no âmbito do espaço territorial, aos desafios do

1

O conceito de Capital Humano envolve os conhecimentos, habilidades e competências adquiridos através da educação e do treinamento. Esse conceito, discutido por Becker (1993), está relacionado com a temática discutida nesta tese, uma vez que é exatamente esta a ideia central da investigação: analisar o indivíduo na sua capacidade de actuação no contexto profissional das funções de gestão e planeamento do turismo.

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37

desemprego, da exclusão social, da cidadania e da melhoria de qualidade de

vida.

Então, o que se pretende através da inclusão social é a melhoria da qualidade

de vida das famílias, ou seja, uma comunidade mais organizada, com mais

participação nas estruturas do poder, o exercício da cidadania e da democracia

participativa, a utilização racional do meio ambiente e o resgate das

identidades culturais locais integradas num mundo globalizado (Parente e

Zapata, 1998).

Figura 3

Participação da comunidade no processo de desenvolvimento

Fonte: United Nations Centre for Regional Development (UNCRD), 2002: 01

Como ilustra a figura 03, o desenvolvimento perpassa os domínios sociais,

ambientais, económicos e políticos, assumindo que só através da participação

de todos os actores da comunidade é possível a sua promoção.

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38

2.5 Os novos paradigmas da gestão e planeamento do turismo

O modelo de desenvolvimento do planeamento estatal, no qual o Estado reúne

para si toda as decisões relativas ao processo de gestão e planeamento,

perdeu força à medida que a perspectiva dos Estados globalizados se foi

fortalecendo. Desde então, todo o processo vertical, tal como era gerido, a

partir do poder central do Estado, foi perdendo força e dando lugar a uma

perspectiva de desenvolvimento horizontal, com características mais

participativas e com foco na qualidade de vida.

Aliás, é o próprio conceito moderno de políticas públicas que nos remete para a

ideia da participação colectiva, uma vez que consiste num conjunto de acções

governativas conduzidas em prol do bem-estar dos indivíduos. Ora, quem

melhor sabe o que quer e precisa do que os próprios cidadãos?

A diferenciação surge, também, como uma necessidade num contexto cada

vez mais competitivo e exige a compreensão de que cada situação reúne as

suas próprias necessidades de planeamento e desenvolvimento.

Jafari (2001, citado por Weaver, 2004: 571) defende que a evolução do turismo

sofreu influências daquilo a que chama de “plataformas”. Numa outra obra,

Jafari (2005) e Jafari (2007) sistematizam as fases do processo evolutivo do

turismo, dividindo-o em cinco plataformas:

1. De defesa, na qual são evidenciados os factores positivos do turismo,

nomeadamente pelos chamados “grupos de interesse’”, que destacavam,

sobretudo, os benefícios económicos gerados pelo sector;

2. De precaução, que, em contraste com a plataforma anterior e com base

em investigações, se inicia num período em que são evidenciados os

malefícios que o turismo poderia trazer, essencialmente nos

subsistemas cultural e ambiental, além de questionar os benefícios

económicos venerados pela plataforma de defesa;

3. De adaptação, as plataformas anteriores apontavam os impactos

positivos e negativos do turismo; a plataforma adaptativa defende

formas alternativas de turismo, as que causam menos impactos nos

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ambientes naturais, culturais e sociais, além das modalidades de turismo

que gerem mais impactos positivos para a comunidade local;

4. De conhecimento, as discussões ocorridas nas plataformas anteriores

possibilitaram a consciência dos impactos que o turismo pode gerar,

sejam eles positivos ou negativos; apesar de aquelas apresentarem

visões limitadas sobre o todo (sistema turístico) contribuíram

significativamente para o desenvolvimento da teoria do turismo, além do

reconhecimento geral da dimensão, da importância e das implicações da

actividade turística; esta plataforma, também conhecida como científico-

cêntrica, ocupada geralmente pela comunidade científica e investigadora,

marca a formação do corpo científico de conhecimentos sobre o turismo,

além de uma abordagem mais sistémica do fenómeno;

5. De interesse público, na qual Jafari levanta o questionamento de se

estar a formar uma nova plataforma de desenvolvimento científico e

social do turismo; como principais indícios do surgimento desta nova

etapa, são apontadas as respostas a grandes acontecimentos mundiais,

como a SARS e o Tsunami na Ásia; a necessidade de reagir aos

ataques de “11 de Setembro”, nos EUA, ou de “11 de Março”, em

Espanha, veio confirmar esta ideia de Jafari, reforçando novas questões

no contexto das viagens e do turismo, sobretudo nos aspectos ligados à

segurança; trata-se de um momento em que surgem, globalmente,

elementos significativos de instabilidade política e social.

Considerando a realidade dinâmica, num contexto económico e social, por

vezes, demasiado complexo e instável, é necessário que as empresas e

governos estejam sempre preparados para responder de forma rápida e eficaz,

mas, ao mesmo tempo, é necessário que exista um alicerce que suporte e

oriente todas as acções e assegure que quer em tempos de crise, quer de

estabilidade e crescimento, a gestão seja adequada aos processos de

desenvolvimento. Por outras palavras, não existe um modelo de gestão ideal

ou formatos a serem copiados; na verdade, existe apenas um conjunto de

características que necessitam de ser discutidas e implementadas consoante

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cada realidade, devendo ser levados em consideração, no ambiente interno e

externo, factores ligados ao contexto económico, social, ambiental, cultural e

político. Dessa forma, poderão ser definidos modelos “ideais” de gestão

ajustados à cada realidade.

Rezende e Castor (2005: 72) esclarecem que, no contexto municipal, o modelo

de gestão está interligado ao sistema organizacional e à forma de conduzir os

serviços municipais, podendo o modelo adoptado influenciar significativamente

no desempenho das câmaras e dos serviços oferecidos. Nesse contexto, são

considerados quatro modelos de gestão:

autoritária, concentrada na figura do Presidente da Câmara Municipal

(eventualmente, envolvendo outros membros do Executivo), no qual as

decisões são tomadas sem a participação de outros funcionários ou da

comunidade;

democrática, onde deve prevalecer a soberania popular e a divisão

equitativa do poder, permitindo a consulta e participação;

participativa, havendo envolvimento popular ao nível da delegação de

tarefas e decisão, para além da consulta;

e, por fim, a situacional, utilizada em momentos específicos, quando o

Presidente da Câmara Municipal decide e impõe a aceitação e

cumprimento das determinações.

Apesar destes modelos bem definidos, não é incomum a utilização simultânea

de vários deles. Existem, no entanto, algumas linhas orientadoras que servem

para traçar, com base tanto em estudos científicos como em casos práticos,

quais seriam as características mais adequadas para estruturar um modelo de

gestão em determinadas áreas. Com o tempo e com a verificação da realidade,

muitas dessas linhas vão sendo modificadas ou aperfeiçoadas e,

consequentemente, a estrutura de gestão também se adapta às novas

realidades, com a finalidade de melhor atingir os objectivos propostos.

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41

Outro ponto a discutir é que a intensificação de cada factor relacionado com a

gestão do turismo também depende do contexto em que ocorre, podendo,

assim, ser mais ou menos participativo, mais ou menos centralizado, etc.

O modelo de gestão do turismo será mais adequado quanto mais satisfeitos

estiverem os turistas e a comunidade, uma vez que o planeamento e a gestão

eficazes impactam directamente na experiência turística e na qualidade de vida

dos residentes.

Dentre os aspectos norteadores do planeamento e gestão do desenvolvimento

do turismo mais discutidos e considerados de grande importância, na

actualidade, estão: i) o planeamento e a gestão estratégica; ii) participação da

comunidade; iii) as parcerias entre o sector público e privado; iv) modelo

integrado e; v) modelo de sustentabilidade territorial.

i) Planeamento e gestão estratégica

A gestão estratégica é um processo contínuo e interactivo que busca manter a

organização adequadamente integrada ao seu ambiente, de forma a assegurar

que as metas organizacionais possam ser alcançadas (Rezende e Castro,

2005: 25).

Seguindo esta lógica, vale destacar que a abordagem estratégica do

planeamento possui diferentes perspectivas (Baptista, 2003: 197):

clássica, inicialmente formula-se a estratégia e, posteriormente,

implementa-se a acção, seguindo a sequência de fases do planeamento;

processual, processo contínuo e pragmático de aprendizagem,

acidentes, políticas e compromissos de execução;

sistémica, encara o planeamento estratégico como enquadrado nas

estruturas sociais, económicas e políticas.

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42

Pode-se dizer, então, que o planeamento estratégico evoluiu de uma

perspectiva clássica, na qual o planeamento era idealizado e implementado

através da consecução de etapas ordenadas, para uma perspectiva processual,

incutindo a ideia de continuidade e de ligação entre as fases do planeamento;

por fim, a abordagem actual envolve uma “contextualização” do planeamento,

na qual se reconhece que não se trata de uma actividade isolada, mas inserida

num contexto social, económico e político e, portanto, influencia e é

influenciada por eles.

Gunn (1994: 21, citada por Firmino, 2007: 220) complementa a ideia acima

apresentada quando diferencia o planeamento convencional do planeamento

que denomina de interactivo:

Planeamento convencional, que se caracteriza pelo retorno da

informação, podendo haver alguma consulta; há interacção, desde o

início, com os agentes que implementam o plano, mas os interessados

não estão envolvidos até ao fim; assume-se que a melhor informação

conduz a melhores decisões; o especialista em planeamento é neutro;

há uma focalização na manipulação dos dados; o plano é o que

devemos fazer; o sucesso é medido pela concretização dos objectivos

do plano;

Planeamento interactivo, que inclui retorno da informação, consulta e

negociação; a interacção ocorre desde o início, no e através do

processo de planeamento, com um amplo leque de intervenientes do

sector de turismo; assume-se que a participação aberta conduz a

melhores decisões; quem planifica assume compromissos; há um

enfoque na mobilização de apoios; o plano é o que concordamos fazer;

o sucesso é medido pela concretização de acordos postos em prática e

que resultaram em mudança.

Aplicando a realidade do planeamento estratégico à actividade turística, a OMT

(1998, 2004b, citado por Almeida, 2010: 147) conclui que o planeamento

estratégico é menos abrangente do que o planeamento a longo prazo mas está

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mais orientado para as acções e, portanto, pode ser utilizado com eficácia nas

políticas e planeamento a longo prazo.

Enquanto o planeamento estratégico nos níveis nacional e regional possui uma

orientação para o desenvolvimento, é no nível local que a gestão e o

planeamento estratégico do turismo se aproximam mais da operacionalização,

englobando a organização da oferta dos produtos turísticos que inclui:

actividades turísticas, serviços/organização/gestão, infraestruturas,

equipamentos, recursos primários/atracções (Silva, 2009, citado por Almeida,

2010: 152).

O que se verifica é que o planeamento turístico tem evoluído de uma vertente

tradicional, estática, fragmentada e imediatista, para uma vertente estratégica,

processual, sistémica e de longo prazo (Gunn, 1988), o que acrescenta valor à

competitividade e sustentabilidade dos destinos.

ii) Participação da comunidade

A nova abordagem da gestão e do planeamento configura o papel do Estado

de forma mais flexível e descentralizada, envolvendo todos os interessados. O

processo de planeamento, para ser eficaz, deve traduzir os desejos e as

necessidades da comunidade residente, visto que é a esta que mais interessa

a conservação do ambiente físico e o desenvolvimento económico e social.

Desta forma, para assegurar que, de facto, os interesses da comunidade

residente estão sendo defendidos, bem como os rumos do desenvolvimento

local estão de acordo com as expectativas da comunidade, é muito importante

que a população faça parte da gestão e planeamento. Além disso, a

participação das comunidades pode: atrair investimentos de capitais locais,

reduzir os conflitos entre os interesses dos visitantes e os interesses locais e

contribuir para a autenticidade da comunidade (Baptista, 2003; Ateljevic, 2010;

Haugland, S.; Ness, Bjorn-Ove, Aarstad, 2011).

Outro benefício evidente é o fortalecimento do capital social, uma vez que, num

processo participativo, são reduzidas as divergências, já que se trata de um

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processo em que são discutidas ideias e, portanto, tem uma natureza

conciliadora.

Entretanto, Firmino (2007: 364) chega à mesma ideia por um outro caminho, ao

afirmar que uma das limitações do modelo actual de gestão estratégica resulta

do facto de

a política do turismo excluir a população residente no processo de

planeamento, partindo do pressuposto de que a população local tem

um papel pouco activo durante a estadia dos turistas.

Savati (2004: 17 – 18) explica que

as comunidades locais têm o direito de manter e controlar a sua

herança cultural e assegurar que o turismo não tenha efeito negativo

sobre ela. O turismo deve, então, respeitar os direitos e desejos dos

povos locais e prover a oportunidade para que amplos setores da

comunidade contribuam nas decisões e nas consultas sobre o

planejamento e a administração do turismo. Deve-se levar em

consideração as tradições locais nas construções, ou seja, é preciso

que o desenvolvimento arquitetonico seja harmónico com o ambiente

e a paisagem. O conhecimento e a experiência das comunidades

locais em manejo sustentável dos recursos podem trazer uma grande

contribuição para o turismo responsável. O turismo deve respeitar e

valorizar o conhecimento e as experiências locais, buscando

maximizar os benefícios para as comunidades e promover o

recrutamento, formação e emprego de pessoas do lugar.

Muitos autores incluem a participação da comunidade no processo de

planeamento e gestão do turismo como um indicador de sustentabilidade social

e a evidência de um processo não somente democrático, mas de inclusão

social (Nel e Binns, 2002: 185).

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Apesar de fundamental em termos de desenvolvimento, o planeamento

participativo encontra barreiras de dificuldades de implementação. Além de

aumentar os custos do processo de planeamento, a participação popular pode

tornar o processo mais lento, devido a divergência de interesses. Por vezes, o

choque de interesses pode provocar a pouca participação, bem como a

sensação de que a participação não resultará, realmente, numa gestão e

planeamento segundo os interesses da comunidade.

Sheehan e Lorn (2005: 717 - 718), ao investigarem o envolvimento dos

diversos actores (incluindo, principalmente, a própria comunidade) no processo

de planeamento e gestão dos destinos, enumeram algumas condições para

facilitar a colaboração, neste caso, dos residentes: os residentes devem

acreditar na interdependência dos envolvidos; os residentes devem beneficiar

com a colaboração; as decisões devem ser implementadas; deve ser

assegurado o envolvimento dos grupos - chave (Governo, Associações de

Turismo, Organização de Residentes, Agências Sociais e Grupos de Especial

Interesse); o mediador deve possuir experiência, recursos e autoridade; o

processo deve ser efectivamente para colaboração.

Também é importante estar atento ao facto de que, apesar das cidades de

maior dimensão estarem, de uma forma geral, mais organizadas política e

administrativamente, é nas cidades de pequena e média dimensão que a

comunidade reúne melhores condições de participar, devido a proximidade

entre os governantes e os cidadãos. Assim, as cidades de pequena e média

dimensão têm a oportunidade de desenvolver processos de planeamento e

gestão mais interactivos e atentos (Sanfeliu e Torné, 2004: 573).

É importante esclarecer, portanto, quem são os actores turísticos (Vieira, 2007:

37):

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Nível de

Intervenção Actores do Poder Público Actores Privados

Nacional

- Governo - Organismos do Governo - Grandes empresas públicas

- Grandes empresas de transporte

aéreo, ferroviário e rodoviário - Grandes grupos hoteleiros. Agentes

de viagens e operadores turísticos - Organizadores de grandes eventos - Associações empresariais e

profissionais de âmbito nacional

Regional

- Governos Regionais - Entidades Regionais de

Turismo

- Empresas de transporte rodoviário

regional e de transporte fluvial - Organizadores de eventos

desportivos, religiosos, etc. - Associações empresariais regionais

Local

- Câmaras Municipais - Empresas Municipais

- População - Hoteleiros autónomos - Restauração - Agentes de viagens independentes - Empresas de animação turística - Organizadores de eventos locais

(festas, feiras, romarias)

Conclui-se, portanto, que a participação da comunidade é um factor muito

importante para o desenvolvimento do turismo nas localidades. Se, por um lado,

cria condições favoráveis para a experiência turística, impactando na qualidade

e competitividade dos destinos, por outro, garante à comunidade local o direito

de decidir e participar dos rumos da sua localidade.

É interessante também destacar que, quanto mais forte for o capital social,

mais simples, eficaz e menos dispendioso (tempo e dinheiro) será o processo

que envolve a participação comunitária.

iii) Parcerias entre o sector público e o sector privado

Em muitas localidades, a eficiência na gestão pública deriva não somente do

aprimoramento das suas instituições, mas também do desenho de um modelo

que envolva o sector privado, a comunidade, entidades de classe e a academia,

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para uma gestão compartilhada. Cabe à administração local a responsabilidade

da liderança do processo de desenvolvimento turístico, orientando e balizando

o poder privado na execução de seus projectos e actividades económicas,

avaliando e controlando o impacto da actividade na comunidade e no meio

ambiente e assegurando a participação dos mais diferentes segmentos sociais

no processo de planeamento (Dias, 2003, citado por Salazar, 2004: 179).

Hall (2004: 633) aponta uma mudança significativa da postura do Estado no

novo contexto de um mundo globalizado. O declínio da influência do Estado e o

aumento da importância das alianças comerciais resulta num ambiente mais

competitivo que exige iniciativas mais fortes, incluindo as parcerias entre os

sectores público e privado.

Estas parcerias têm sido promovidas como o modelo adequado ao

desenvolvimento do turismo, uma vez que permitem uma maior aproximação

com a realidade do sector, envolvem uma parte com grandes interesses no

turismo (sector privado) e financiam parte dos investimentos (Costa, 1996;

Mihalic, 2009) Estas parcerias são vistas como um grande desafio para o

sector do turismo, uma vez que este envolve diversos subsistemas (Hall, 2004:

633, citando Jamal e Getz, 1995: 187). Firmino (2007: 226) defende que a

parceria entre os sectores público e privado tende a fortalecer a confiança entre

os parceiros.

iv) O modelo integrado

O turismo é formado por diversas partes que interagem entre si e que,

conjuntamente, compõem o sistema turístico. Nessa lógica, ao afectar uma das

partes, todo o sistema será igualmente afectado. Esta linha de raciocínio

permite a compreensão da abordagem sistémica e integrada. Ao gerir ou

planear o turismo, é necessário ter em conta todo o sistema e não apenas

actuar de forma parcial ou segmentada. Uma vez afectado o subsistema

económico, por exemplo, o subsistema social será afectado também (Beni,

1998).

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O planeamento do turismo, procurando a integração dos factores de

desenvolvimento, surgiu como consequência e reacção aos planos

excessivamente voltados para aspectos específicos, como o económico e o

físico. O reconhecimento da amplitude do turismo e a abrangência dos seus

factores, além do carácter interdisciplinar da actividade, tornaram

imprescindível o planeamento integrado nas localidades receptoras

(Ruschmann, 2006).

No período após Segunda Guerra Mundial, alguns autores, como o sociólogo

Karl Mannhein, influenciaram substancialmente a teoria e a prática do

planeamento. Foi verificado, através de diversos estudos, que uma das causas

da irracionalidade na trajectória das sociedades era o excesso de

especialização exigida à mão-de-obra, o que levava a que os especialistas

tivessem uma visão restrita que os impedia de perceber as reais dimensões da

realidade. Ao actuarem apenas sobre a sua área, estes especialistas faziam-no

sem avaliar as consequências nas restantes partes que compunham um

sistema ou realidade. A visão e o comportamento do especialista, numa macro

perspectiva, tornava-se irracional (Molina e Rodriguez, 2001).

Para estes autores, o especialista tende a encapsular a realidade à sua própria

perspectiva, identificando e manipulando as variáveis a partir de um único

ponto de vista (por exemplo, o económico). Lembram, também, que são

inúmeros os casos em que o espaço geográfico foi ocupado e os recursos

naturais explorados, ao mesmo tempo, pelo turismo e por certas actividades da

indústria de transformação (com desvantagem para o turismo), apesar de o

projecto e funcionamento interno de cada um, vistos separadamente, serem

coerentes. Porém, quando se integram e se relacionam afectam-se

mutuamente, porque não existe coerência no funcionamento conjunto. Neste

caso, prevalecem a especialização e a incapacidade de compreender a

situação como um todo (Molina e Rodriguez, 2001, citados por Almeida, 2006:

13).

Butler (1999) define o planeamento e desenvolvimento integrado do turismo

como o processo de o introduzir numa área de forma a que ele se funda com

os elementos já existentes de maneira harmoniosa e adequada, a fim de obter

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uma comunidade aceitável e um modo funcionalmente equilibrado, tanto em

termos ecológicos quanto humanos. Isto porque o planeamento e

desenvolvimento integrados têm ampla abrangência e integram todas as

formas de planeamento – económico, físico, social e cultural (Cooper et al,

2001). O planeamento do turismo deve ter como objectivo o desenvolvimento

integrado de todas as partes do sistema turístico2 e, para o sistema funcionar

mais efectivamente e trazer os benefícios desejados, deve ser planeado de

maneira integrada, com desenvolvimento coordenado de todos os

componentes do sistema (Inskeep, 1993).

Ejarque (2005: 366) relaciona, ainda, a gestão integral à qualidade e define que

o conceito “integral” refere-se à qualidade apreciada pela procura e engloba

tanto a qualidade da oferta no destino como os próprios agentes do sector de

turismo.

Alguns autores, como Cooper et al (2001), defendem que no contexto do

planeamento e desenvolvimento já estão incutidas as ideias de integração e

sustentabilidade, ou estes mais não poderiam promover do que o crescimento

económico.

O planeamento de um destino turístico ocorre dentro de um contexto, pelo que

devem ser considerados não somente os aspectos ligados à actividade turística,

mas também os que indirectamente a influenciam. Ou seja, dentro do

planeamento turístico serão considerados todos os aspectos do destino:

económicos, socioculturais, ambientais e político.

v) O modelo de sustentabilidade territorial

A concepção da ideia de sustentabilidade surge em confronto com um contexto

em que a prioridade é o aspecto económico, sem responsabilidade e

comprometimento, omitindo que a busca do crescimento económico, nestas

2 Beni (1998) define sistema como “o conjunto de procedimentos, doutrinas, idéias ou princípios

logicamente ordenados e coesos, com a intenção de descrever, explicar ou dirigir o funcionamento de um

todo” e coisa que se aplica à actividade turística, que é considerada como um sistema aberto, composto

por partes interdependentes.

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condições, afecta os aspectos sociais, culturais e ambientais. Em oposição a

esta situação, o conceito de sustentabilidade surge como forma de defender a

integridade física e social das localidades (Beni, 1998).

Os princípios do desenvolvimento sustentável podem ser identificados nos

diferentes subsistemas (Marques e Bissoli, 2000; Jimenéz, 2006:4):

1. Sustentabilidade ambiental, a conservação do ambiente, de forma a

que este não se deteriore ou venha a sofrer danos irreversíveis;

2. Sustentabilidade sociocultural, a conservação dos valores, cultura e

da identidade da comunidade;

3. Sustentabilidade económica, desenvolvimento economicamente

eficiente, recursos geridos de tal maneira que possam manter gerações

futuras; a sustentabilidade económica pressupõe uma economia

consolidada, com efeitos do desenvolvimento positivos e duradouros.

No contexto específico da sustentabilidade turística, Marques e Bissoli (2000)

consideram os campos:

1. Económico, a abordagem da estrutura económica, e dos seus impactos

na actividade turística; as estruturas da oferta e procura turística; o nível

dos preços, a rentabilidade económica, a diversificação e especialização

do produto, a sazonalidade e a competitividade do destino;

2. Sociocultural, abordagem de questões como o rendimento da

população, a qualidade de vida dos habitantes, a integração e coesão

social, comportamento, valores, tradição, equilíbrio populacional,

educação, saúde, trabalho, segurança;

3. Ambiente, considerando o património natural e a biodiversidade, o

urbanismo, planeamento e construção, as paisagens, a atmosfera, a

energia, a geração de resíduos, os patrimónios histórico e cultural.

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Os preceitos da sustentabilidade devem ser aplicados em todos os aspectos do

sistema turístico, já que todos os factores estão interrelacionados e possuem

um limite de “utilização”. A sustentabilidade ambiental, em particular, refere-se

à utilização dos recursos de forma a que sejam mantidos e/ou preservados

para as gerações futuras. A preocupação com a utilização dos recursos para as

próximas gerações parte do pressuposto de que esses recursos não pertencem

apenas à população actual, mas também às próximas gerações.

A importância do desenvolvimento sustentável para o turismo é evidenciada

quando se considera, por exemplo, que o desenvolvimento depende de

atracções e actividades relacionadas com o ambiente natural ou o património

histórico e cultural das localidades. Se estes recursos são degradados ou

destruídos a área turística não atrairá mais visitantes ou, então, o turismo não

será bem-sucedido. Os turistas procuram, geralmente, destinos que tenham um

alto nível de qualidade ambiental, pois apreciam visitar locais que são

atractivos, limpos e não poluídos. Também é importante assegurar que tanto os

residentes como as áreas turísticas não sofram com a deterioração do

ambiente e consequentes problemas sociais (Inskeep, 1993; Ateljevic, 2010;

Pender e Sharpley, 2005).

Brito e Silva (2005), ao relacionarem o planeamento e o turismo, destacam que

a actividade turística utiliza os recursos naturais e histórico-culturais e que

estes recursos podem ser modificados nas suas características ou mesmo

esgotados. A Organização Mundial de Turismo (WTO, 1998) defende que o

planeamento do turismo deve ser direccionado no sentido de trazer benefícios

socioeconómicos para a sociedade, ao mesmo tempo, que assegura a

sustentabilidade do sector turístico.

Em suma, o princípio da sustentabilidade está ligado a todo o sistema turístico,

assim como a todos os agentes envolvidos e, portanto, cada um possui os seus

compromissos, tal como esquematiza Quintana (2006: 225-226) (Tabela 2):

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Tabela 2

Compromissos dos agentes turísticos com a sustentabilidade

Acções que os Governos devem realizar a favor do Desenvolvimento Turístico Sustentável

Trabalhar conjuntamente com os empresários no estabelecimento de políticas sustentáveis;

Proporcionar uma política de incentivos que favoreça o crescimento equilibrado;

Elaborar um programa de avaliação de impactos sobre os destinos turísticos;

Controlar a capacidade de carga dos destinos turísticos;

Criar auditorias de qualidade ambiental;

Incluir o turismo nos planos de governo.

Papel das Comunidades Locais no Desenvolvimento Sustentável

Proporcionar interacções culturais entre a comunidade local / visitantes;

Proporcionar serviços ao visitante;

Potencializar os produtos locais;

Tomar decisões acerca das elaborações dos projectos;

Tomar iniciativas a respeito das acções;

Proteger normas culturais.

O que deve fazer a Indústria Turística

Eliminar o uso de herbicidas;

Desenvolvimento equilibrado do uso do solo, da água e das florestas;

Tratamento adequado dos resíduos sólidos e líquidos;

Adoptar técnicas energéticas eficientes;

Realizar práticas de marketing verde;

Minimizar riscos de intoxicações;

Proporcionar um guia de informações aos turistas, com a finalidade de os orientar para um comportamento responsável;

Incorporar valores a favor do meio ambiente nos processos de decisão empresarial;

Criar as suas próprias auditorias ambientais.

O que podem fazer os Turistas

Escolher destinos com responsabilidades ambientais;

Integrar-se nas comunidades locais;

Realizar actividades que causem baixo impacto ao destino;

Apoiar as actividades de conservação do meio ambiente.

O que podem fazer as ONGs

Participar dos Comités de controlo ambiental;

Criar acções de apoio ao desenvolvimento sustentável;

Controlar os impactos das comunidades locais.

Fonte: Quintana, 2006: 225-226

Quintana (2006: 226 – 227) observa, ainda, que o modelo de crescimento

baseado na sustentabilidade deve ser abrangente e conter as premissas:

Ecologicamente aceitável, que seja respeitoso com o entorno e reduza

os impactos negativos;

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Socialmente justo, no qual toda a população beneficia da actividade

turística e agrega valor às populações locais;

Economicamente viável, que sirva para incrementar o nível económico,

a criação de empregos e a qualidade de vida da população local;

Durável, economicamente viável a longo prazo, planeado e bem gerido,

que não implique a massificação e tenha um baixo impacto;

Respeite o meio ambiente, adoptando a capacidade de carga dos

espaços naturais e culturais, minimizando os efeitos da sazonalidade;

Integrado e diversificado, adaptado à realidade local, com utilização de

empresas locais e que não gere dependência exclusiva do turismo;

Participativo, com a inclusão de todos os actores e o envolvimento da

comunidade local.

Esta abordagem integra os modelos anteriores e reafirma a ideia de que a

sustentabilidade deve englobar todas as áreas, assim como todos os agentes,

já que a actuação é sistémica e os efeitos seccionais afectam o todo. Defende-

se, aqui, a sustentabilidade no turismo atribuindo responsabilidades a todos,

assim como os benefícios que serão alcançados devem favorecer a todos.

Além disso, o turismo sustentável está associado ao conceito de

competitividade, uma vez que a saturação de um destino, por questões

ambientais ou por excesso de procura, traduz uma ameaça para esse destino e

pode constituir uma oportunidade para outros (Baptista, 2003: 64).

Salienta-se, ainda, que, dentre as vantagens do turismo sustentável para o

desenvolvimento local, destaca-se (Quintana; 2006: 229): melhoria da

compreensão dos impactos turísticos no ambiente, na cultura e no

comportamento humano; segurança de uma distribuição mais justa dos custos

e benefícios; geração de empregos locais no sector de turismo e em outros

sectores; estímulo ao comércio local; captação de recursos e injecção de novos

investimentos na economia local; diversificação da economia; estímulo a

melhorias nas redes de transporte, comunicação e outras infraestruturas;

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criação de áreas de lazer que podem ser utilizadas pela população local e

pelos visitantes; destaque de importância dos recursos naturais e culturais.

2.6 Funções de planeamento

Compreender o papel do planeador e conhecer as principais actividades por

ele desempenhadas constitui um passo importante para atingir o objectivo geral

desta tese, já que se trata de traçar o perfil do planeador, enumerar as funções

para as quais ele deve estar apto e, a partir desta análise, tornar possível a

identificação, compreensão e relacionamento entre os conhecimentos,

habilidades e competências fundamentais que o planeador deve receber na

sua formação.

Esta metodologia constitui uma forma eficaz de assegurar uma formação

profissional baseada nas competências: partir da análise das actividades

diárias laborais e, posteriormente, elaborar um plano de formação profissional.

Recordamos, de qualquer modo, que o objectivo desta tese não é a elaboração

de um plano de formação, mas antes apenas estabelecer a relação entre a

função de planeamento turístico e as formações existentes, em Portugal, neste

domínio.

Por outras palavras, considerada a necessidade de um planeamento eficaz

para atingir os objectivos propostos pelas organizações, é necessário

desempenhar, de forma eficiente, um conjunto de funções ligadas ao

planeamento e à gestão. Pressupõe-se que, para desempenhá-las

adequadamente, seja necessário reunir conhecimentos teóricos e experiências

práticas que possibilitarão que o profissional adquira e desenvolva habilidades

e competências. Para tanto, é necessário conhecer a fundo quais as

actividades que competem ao profissional responsável pelo planeamento

turístico.

Em todo o Mundo, as actividades turísticas geram cerca de 225 milhões de

empregos directos e indirectos, o que corresponde entre 6 e 7% da totalidade

de empregos (Panrotas, 2010, citando OMT, 2010).

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55

No entanto, o emprego no turismo reúne uma série de especificidades já

apresentadas por diversos estudos. Desempenhar funções no sector de

alojamentos, em lazer e entretenimento, agência de viagens, entre outros,

significa trabalhar principalmente nos períodos habituais de férias e de

descanso. Além disso, outras questões proporcionam desencanto pela área,

como o impacto da sazonalidade, que gera muitos empregos temporários, a

remuneração geralmente pouco atractiva e os horários por turnos, que

provocam alta rotatividade nas empresas e dificuldade em manter os padrões

de qualidade dos serviços.

Ao realizar uma análise das carreiras profissionais e emprego na área do

turismo, considerada a diversidade de oportunidades de emprego disponíveis

neste ramo de actividade, bem como a capacidade de criar novos empregos,

Ladkin (2008: 589) considera como ponto de partida o treinamento e

desenvolvimento do capital humano, o que se relaciona directamente com as

áreas de educação e turismo.

O autor considera, portanto, que para compreender as carreiras e profissões

em turismo é necessário compreender, anteriormente, as características do

mercado de trabalho, a natureza do emprego e a dimensão do turismo. Apesar

disso, reconhece a dificuldade em dimensionar e definir o mercado de trabalho,

de uma forma geral, considerando o tamanho absoluto e diversidade, e mais

complicado, ainda, quando consideradas especificamente as funções da

actividade turística. As divergências são relativas ao próprio conceito de

turismo, aliadas à diversidade organizacional e empregatícia, à dinâmica do

mercado, diversidade ocupacional, baixos salários, alto índice de jovens nas

ocupações, alta mobilidade e baixa especificidade de habilidades (Ladkin, 2008:

590).

Jones e Haven-Tang (2005: 8, citando Baum, 1997) compartilham da ideia

acima e resumem os indicadores de análise dos recursos humanos

internacionais no sector do turismo às seguintes referências: tendências

demográficas; mercado de trabalho e habilidades profissionais; imagem e

percepções do emprego em turismo; remuneração; rotatividade no trabalho;

atitudes em relação à educação e treinamento; políticas e práticas de recursos

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56

humanos. Os mesmos autores afirmam que, embora existam áreas com

características comuns nestes aspectos citados, alguns factores, como, por

exemplo, as habilidades em sectores operacionais de linha de frente, têm

compreensão subjectiva e a percepção de “falta de habilidade” pode diferir

quando comparamos um país desenvolvido com um país em desenvolvimento.

No âmbito do recrutamento, os autores destacam que, nos países

desenvolvidos, o contraste entre o nível educacional e as necessidades do

sector de turismo resulta numa dificuldade derivada do baixo limiar de entrada

face ao preparo profissional; nos países em desenvolvimento, as necessidades

educacionais, técnicas e linguísticas do turismo acabam por ser determinantes

na (im)possibilidade de ingresso de profissionais.

A globalização exerceu influências na gestão dos recursos humanos,

modificando o mercado de trabalho em turismo. A oferta de trabalho pouco

remunerada para as pessoas com baixo nível educacional foi reduzida, ao

mesmo tempo que aumentou a oferta de trabalho, também mal remunerada,

para as pessoas com níveis educacionais mais elevados, criando uma nova

relação entre o trabalho disponível e o perfil da procura existente (Pender e

Sharpley, 2005: 94).

De uma forma genérica, a oferta de emprego na área de turismo é classificada

como de baixa remuneração, sendo a procura composta por trabalhos que

exigem poucas habilidades, maioritariamente preenchida por mulheres (Baum,

2001; Wood, 1997; Pender e Sharpley, 2005; Ladkin, 2008). Os aspectos

negativos estão geralmente focados nas exigências físicas do trabalho, em

funções que exigem profissionais pouco qualificados, mas disponíveis para

multiactividade, num alto nível de absentismo, além da componente da

sazonalidade e/ou do regime de part-time (Jones e Haven-Tang, 2005; Pender

e Sharpley, 2005, Ladkin, 2008).

Os profissionais que trabalham em regime de part-time tendem a não

considerar o emprego em turismo como uma opção para longo prazo e, por

conseguinte, não investem no desenvolvimento de habilidades, competências e

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57

qualificações nas áreas relacionadas com a sua função (Jones e Haven-Tang,

2005: 9; Pender e Sharpley, 2005: 92).

Considerada uma actividade económica tão diversificada e de difícil delimitação,

que inclui profissionais do sector de alojamento, até restauração, transportes,

atracões turísticas, eventos, serviços de informação turística, etc., é importante

ressaltar que os empregos em turismo não são somente aqueles em que o

profissional está em contacto directo com o turista. Também estão incluídas

funções que, apesar de não resultarem de um contacto com o turista, são

actividades essenciais para que a actividade funcione, como, por exemplo,

estabelecimentos de ensino, ONGs, repartições públicas, dentre outros (Riley,

M.; Ladrink, A.; Szivas, E., 2002:12, Ladlik, 2008: 591).

É no ambiente de suporte e estrutural que estão os profissionais fora da linha

operacional, como os ligados à gestão pública sectorial. Nos diferentes níveis

territoriais, estes profissionais possuem distintas responsabilidades, tal como a

regulação, o ordenamento e planeamento, a gestão estratégica, a promoção, a

formação, a produção e prestação de informação.

Pela natureza das funções referidas, a maioria destes profissionais detém

formação superior, sendo direccionados para o sector a partir de formações

mais generalistas como a Economia/Gestão, o Direito, a Geografia ou a

Sociologia (Umbelino e Pais, 2006: 216).

Os profissionais inseridos no âmbito da gestão pública possuem um perfil

distinto do observado entre os profissionais de turismo, em geral. Normalmente,

estes cargos são ocupados com recurso a concursos públicos ou por indicação.

Dependendo da condição de ingresso e também de aspectos políticos, é, ainda

assim, mais estável e permite desenvolvimento de carreira profissional ou, em

outras situações, com prazo previsto e possibilidade de renovação.

O Instituto para Qualidade na Formação (IQF) (2005: 118-119) evidencia que

há um conjunto de profissionais da administração pública capaz de viabilizar

projectos turísticos integrados e sustentáveis de maior valor acrescentado para

o desenvolvimento de um turismo de qualidade. Ainda o IQF (2005: 119),

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58

defende que o profissional do sector de turismo, de uma forma geral, deve ser

capaz de criar serviços e produtos turísticos integrados com outros recursos

onde estão inseridos, para além de ser responsável por actividades como o

planeamento, a concepção, o desenvolvimento e a promoção de produtos com

interesse turístico, a fim de incrementar, fomentar e promover o turismo na

região. O trabalho deste profissional deve ser entendido de modo articulado

com todos os demais que também estejam ligados ao sector. Este profissional

deve reunir competências para desempenhar o papel de técnico de turismo e

ser capaz de: analisar e compreender os mercados, identificando as tendências

de evolução do mercado turístico nacional e internacional, novas motivações,

novas necessidades, inovações no produto, estudo da viabilidade de

investimento em novos pacotes turísticos; definir e operacionalizar estratégias

de marketing e promoção de produtos turísticos com reforço das competências

em estratégia, marketing e vendas (IQF, 2005: 119).

As actividades laborais envolvem muitas competências das áreas de gestão e

marketing. Compreende-se, portanto, que o profissional de planeamento tenha

um conjunto de actividades inerentes à sua função que extrapolam a ideia de

que o planeador elabora e implementa um plano. Essa lógica contém uma ideia

envolvente do ambiente teórico e desvaloriza um conjunto de actividades que

viabilizam a “gestão pensada” e são, de facto, desempenhadas. Incluem-se,

aqui, actividades executadas antes do processo formal de elaboração do plano

de desenvolvimento turístico normalmente descrito, além de actividades

concretizadas durante e após a fase de implementação.

A figura 4 cruza a abordagem de Carvalho Jr. (2002) acerca das dimensões do

planeamento, com a perspectiva de Valls (2006), na qual são apresentadas as

principais funções em cada uma das dimensões que compõem o processo de

planeamento.

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59

Figura 4

Dimensão do processo de Planeamento e suas principais atribuições

Fonte: Elaboração própria a partir de Carvalho Jr., 2002 e Valls, 2006.

2.6.1 O turismo e a sua contribuição para o desenvolvimento local

O turismo é uma opção económica interessante para a promoção do

desenvolvimento (Ejarque, 2005: 145). Contudo, deve-se ressaltar que, assim

como qualquer outra actividade, o turismo também pode acarretar impactes

negativos e, nesse sentido, o planeamento é uma importante ferramenta para

alcançar, em determinados destinos, os resultados positivos esperados do

turismo.

Dimensão

Política

Dimensão

Técnica

Dimensão

Financeira

Escolha do modelo

de desenvolvimento

Definição dos

principais objectivos

e estratégias

Tomada de decisões

estratégicas com

base nas

informações

disponíveis

Elaboração do plano turístico:

levantamento de informações/

Elaboração de diagnósticos e

prognósticos/ Elaboração de objectivos e

metas/ Implementação/ Controlo e

avaliação

Processo de envolvimento da comunidade

e do sector privado

Marketing: concepção, incremento,

fomento, promoção e venda do destino;

análise e compreensão dos mercados e do

consumidor; identificação de tendências

de evolução do mercado; motivação;

necessidades; inovação de produtos;

estudo de viabilidade de investimentos;

definição e operacionalização de

estratégias de marketing

Financiamentos públicos

de projectos

Financiamentos privados

de projectos públicos

Financiamentos em

parceria público-privado

Financiamentos com

fundos comunitários

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60

Como já discutido, o desenvolvimento está directamente ligado à qualidade de

vida e envolve factores relacionados como o acesso à saúde e à educação,

segurança, infraestruturas e rendimentos. O turismo é uma actividade

económica capaz de gerar muitos e diversos empregos e, por conseguinte,

rendimentos que terminarão por se reflectir na saúde e educação.

No entanto, há-de levar-se em conta que o termo “qualidade de vida” é muito

amplo. Se, por um lado, significa que, ao existir qualidade de vida, tanto as

pessoas vivem com boas condições como são alcançados os objectivos do

planeamento regional e urbano, por outro lado, pode também dizer-se que,

com qualidade de vida, os habitantes têm acesso a alternativas de emprego,

serviços médicos e educacionais, serviços públicos essenciais, um conjunto

significativo de opções comerciais, culturais e de recreio. O conceito de

“qualidade de vida” engloba, portanto, um conjunto de condições de vida

materiais, económicas, sociais e ecológicas que são consideradas

fundamentais para alcançar uma vida adequada e feliz. Estas questões

admitem alguma variabilidade de entendimento, visto que enquadram aspectos

culturais, económicos e sociais que são próprios do local em questão (UNCRD,

2002: 09 -10).

No que se refere à segurança e infraestruturas, pode considerar-se que, por

intermédio do turismo, há uma preocupação acrescida em manter a segurança

dos destinos, além de os dotar de condições apropriadas e atraentes, o que

acaba por beneficiar turistas e residentes.

Como bem ilustra Matias (2007: 197), o impacto do desenvolvimento

económico nos destinos turísticos beneficia todos os envolvidos e, num

raciocínio virado para o mercado, poderemos então dizer que o factor

«desenvolvimento económico» influencia o turismo quer pelo lado da oferta

quer pelo lado da procura: a) do lado da oferta o crescimento económico é

sinónimo de investimento em criação de equipamentos e infraestruturas

turísticas, sendo o inverso igualmente verdadeiro, ou seja, em períodos de

recessão económica os agentes tendem a investir menos; b) do lado da

procura, o crescimento económico corresponde a criação de riqueza e também

ao aumento do emprego e do rendimento dos indivíduos e, consequentemente,

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61

a uma maior propensão para o consumo de bens e serviços de turismo.

Também aqui em caso de recessão económica acontece ao contrário.

Na mesma linha de pensamento, Martins (2004) também aponta o Turismo

como uma opção de desenvolvimento. De um lado, a orientação para a oferta,

considerando que esta primeira opção prioriza o sector privado e, portanto, os

lucros e o retorno de investimentos. Já a segunda opção, pautada no sector

público, tem preocupações com o uso adequado dos recursos, com a

conservação e preservação, com a coordenação e compatibilização de

interesses. Por fim, o autor defende que a melhor política de desenvolvimento é

uma mistura entre as duas vertentes, que apresentarão, obviamente, variações,

consoante as orientações políticas, ideológicas e económicas de cada destino

turístico.

A promoção do desenvolvimento nos destinos pode ser afectada por diversos

factores característicos da actividade turística, como cita Costa (2001): forte

sazonalidade, grande dependência em relação a determinados mercados e

produtos, despesas médias baixas, crescimentos negativos, forte concentração

geográfica ao longo da linha da costa, estrutura organizacional fraca e, em

particular, a estrutura regional e local do turismo, além de pouca tradição e

conhecimento na área de planeamento do sector, dentre outros. Devido a isso,

destaca-se a importância de medidas que promovam o turismo de forma mais

equilibrada, tendo em vista que, de outra forma, os malefícios podem superar

os benefícios trazidos para os locais turísticos.

2.6.2 Modelos de Desenvolvimento, Qualidade e Competitividade do

Turismo

O desenvolvimento pode ser promovido segundo diferentes modelos que, em

algumas situações, podem ser não apenas distintos, mas divergentes. Ainda

antes desta discussão, no entanto, releva analisar os temas da competitividade

e sustentabilidade dos destinos turísticos, já que estes estão directamente

relacionados com os tipos de desenvolvimento. Por outro lado, a

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62

competitividade e sustentabilidade são factores que moldam as opções de

planeamento e gestão do turismo, condicionam as suas propostas de acção e

consistem em importantes indicadores de eficiência na actividade de planear.

A competitividade pressupõe a existência de uma oposição, ou adversário, e

pode estar associada aos domínios organizacionais, mas também aos

territórios e às pessoas (Costa, Rita e Águas, 2004: 138).

Contudo, quando se fala em competitividade em turismo, a ideia mais presente

é de competição e concorrência entre empresas, sendo que o estudo da

competitividade entre destinos turísticos surge da aplicação das teorias dos

contextos industriais e empresariais. No campo da competitividade empresarial,

há um conjunto de características que determinam uma maior vantagem de

uma unidade em relação a outra, e o turismo não é excepção.

Dwyer e Kim (2003) definem a competitividade aplicada aos destinos turísticos

como a performance geral de um destino face a outros e apontam quatro

factores fundamentais no âmbito da competitividade: a performance

económica, a sustentabilidade, a satisfação do visitante e a estratégia de

acção.

Firmino (2007: 163) destaca três ideias relacionadas com a competitividade,

que julga essenciais e complementares entre si: (1) a atractividade de um

destino; (2) a competitividade genérica dos destinos do país em apreço; (3) a

sustentabilidade do modelo de crescimento e a inerente definição do modelo no

turismo.

É interessante notar que a abordagem conceptual da competitividade entre

destinos turísticos envolve aspectos referentes ao ambiente interno, por

exemplo, a sustentabilidade, mas também questões relativas ao ambiente

externo, como a satisfação do visitante, o que aproxima esta abordagem à

competitividade da que se verifica no ambiente empresarial.

A competitividade em turismo depende do desempenho de todos os

componentes que integram o produto turístico, e não apenas que as empresas

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63

e instituições estejam coordenadas de maneira harmoniosa, dinâmica e

comprometida.

Apesar de muitas análises apresentarem avaliações isoladas de indicadores, a

competitividade só pode ser mensurada numa perspectiva integral, uma vez

que os indicadores se influenciam mutuamente e criam um ambiente único,

mais ou menos competitivo (World Economic Forum - WEF, 2011a).

O produto turístico é um composto de actividades e, assim sendo, quando o

turista compra a sua viagem ele pretende, para além da experiência no destino,

uma prestação de serviços gerada por um conjunto de empresas. Desta forma,

o turista não tem a visão segmentada dos componentes da viagem, mas uma

visão global de produto que possibilitará a sua experiência turística. Essa visão

integral é mais facilmente percebida nas abordagens de Sistema Turístico,

onde há uma melhor compreensão do funcionamento dos distintos

componentes.

Como discutiremos mais adiante, os modelos de desenvolvimento do turismo

incluem diversas variáveis que deverão ser ajustadas à realidade de cada país

ou região e que reflectirão o tipo de política e de turismo desejado.

Na disputa global entre mercados turísticos, a qualidade é factor decisivo para

a escolha (atracção) dos turistas que os buscam. Além disso, essa experiência

exprime a percepção do turista acerca do destino e exige uma preocupação,

estratégia e decisões por parte dos profissionais, bem como uma intervenção

sistémica, envolvendo todas as dimensões e os stakeholders (Manente e

Furlan, 1998; Go e Govers, 2000 citados por Campos, Mendes e Silva, 2006).

Aplicando as abordagens económicas apresentadas, Matias (2007:163) conclui

que, com base no modelo de Porter, a competitividade não pode ser

comparada entre países mas entre os destinos turísticos, ou produtos

turísticos, dada a tendência para a concentração destes em áreas geográficas,

onde se reúnem empresas que se interrelacionam, formando um cluster

turístico.

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Assim sendo, o sucesso do mercado turístico, baseado no modelo de cluster,

tem, cada vez menos, dependência das vantagens comparativas preexistentes

e, cada vez mais, dependência das vantagens competitivas criadas por meio

do processo de produção turística, a saber: alteração dos processos de

produção; melhorias no marketing ou nas formas de distribuição; melhoria da

qualidade da oferta turística; melhoria da qualidade e da produtividade dos

factores envolvidos (Matias: 2007: 164).

Ritchie e Crouch (1993: 35 – 36) exemplificam como vantagens comparativas

no âmbito da competitividade dos destinos turísticos: o clima, a paisagem, a

flora, a fauna; por seu lado, as vantagens competitivas, referem-se aos

recursos criados, como: infraestrutura turística, festivais e eventos, qualidade

da gestão, competência dos trabalhadores, políticas governamentais.

Quando está em causa a competitividade dos destinos, é preciso ter em

consideração que mesmo que estes possuam vocação para o turismo, isso, por

si só, não é determinante de sucesso. É preciso que os destinos estejam

voltados para aspectos importantes para se tornarem e manterem competitivos,

nomeadamente, a qualidade e a inovação. Além disso, a competência dos

profissionais envolvidos na gestão e planeamento do turismo é um factor

competitivo fundamental.

A vantagem competitiva decorre, portanto, da combinação de factores como

tecnologia, recursos financeiros, talentos, capital social e capital psicológico

(Cunha et. al, 2010:45).

O modelo criado por Porter (1990), que aborda a competitividade entre

produtos ou empresas, considera que, para ser competitivo, é preciso manter

uma elevada capacidade de inovação, além de assegurar a sua qualidade.

Quando Porter se refere aos factores de produção como o trabalho, a terra, o

capital, os recursos naturais e o conhecimento científico, defende, entretanto,

que mão-de-obra abundante, barata e não-qualificada, assim como a

abundância de algumas matérias-primas, já não são constituídas como

vantagem competitiva em muitas actividades económicas. No contexto do

turismo, considerando a característica de que o produto turístico é, na verdade,

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um agregado de vários produtos, a competitividade envolve o sector económico

de forma mais ampla, já que, para ser competitivo, é preciso que exista

dinamismo entre as empresas e os produtos. Já nos destinos turísticos, a

competitividade não depende apenas das qualidades e limitações para a

atracção dos turistas, mas também de factores de produção e de

regulamentação favoráveis à actividade (Matias, 2007: 161).

É evidente o aumento da competitividade entre destinos turísticos, ao nível

global, assim como a necessidade de olhar o mercado de forma estratégica e

sustentável. Num mercado dinâmico e com inúmeras opções, não possui mais

destaque e procura aquele que oferece essencialmente o melhor preço, por

exemplo, mas aquele que disponibiliza um leque de opções que,

conjuntamente, irá atrair e satisfazer melhor o cliente. Esse facto é aplicável ao

mercado como um todo e com o turismo não funciona de modo diferente. Para

ser competitivo, é necessário estar atento ao funcionamento do mercado e,

muito mais do que reagir às suas mudanças, antever essas mudanças e,

criativamente, criar oportunidades e/ou soluções.

A competitividade possui ligação directa com a qualidade e essa ligação é

facilmente perceptível, na medida em que há o foco na satisfação do cliente,

hoje considerado um ponto crucial para o sucesso das organizações.

Nesta mesma linha de análise, Campos et. al (2006) consideram a cultura

voltada para a qualidade, em que também se incluem os destinos turísticos,

como uma condição na actual conjuntura organizacional e mercadológica. Os

autores destacam, ainda, características inerentes ao novo perfil de

consumidor, mais informado, exigente e questionador, como uma grande

marca actual das alterações sofridas e que se reflectem no mercado com um

referencial para maior nível de competitividade.

Numa análise mais especificamente dirigida ao Turismo, Henriques (2003,

citando Ashworth e Voogd, 1990) destaca critérios para aferir a competitividade

dos destinos, sublinhando que estes critérios afectam a escolha dos

consumidores, a saber:

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Custos e benefícios monetários, como incentivos de investimento,

taxas reduzidas, custos de vida, descontos;

Custos e benefícios em termos de tempo, como duração da

viagem, tempo de espera para obter informação, admissão,

permissão, acesso a transportes públicos, etc.;

Custos e benefícios no lugar, como ruas cénicas, laços de

vizinhança, sinalética adequada, lugares acessíveis;

Custos e benefícios psíquicos, como sentimento de segurança

pessoal, média de crimes, graffiti ofensivos, aprovação de colegas,

amigos e familiares.

Por outro lado, Fayous et al. (citado por Valls, 2006: 28) consideram que, para

a estrutura turística ser competitiva, devem ser considerados os elementos que

compõem o produto turístico:

Segmentação e profissionalismo;

Desenvolvimento e introdução de novas tecnologias (tanto em marketing

como em operações);

Questões de segurança;

Situações sociopolíticas de interesse nacional e internacional;

Surgimento de um grande número de destinos e de forças qualitativas

dos destinos maduros;

Crescimento da competição nos níveis regionais e local e delegação do

poder central nas instâncias supranacionais;

Globalização das empresas, receitas e mercados;

Privatização de actividades tradicionalmente vinculadas às esferas

públicas.

Enquanto Henriques (2003) mede a competitividade segundo a perspectiva do

turista (o consumidor), Fayous et. al (2006) abordam o tema direccionando a

atenção para os componentes da estrutura turística. Entretanto, ambas as

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abordagens confluem num mesmo ponto, na excelência da experiência turística

como factor-chave para aumentar a competitividade dos destinos.

Nesse contexto, a qualidade constitui um elemento essencial para aumentar a

competitividade dos destinos e, dentro destes, pode-se considerar que a

qualificação profissional é fundamental para atingir um serviço de excelência3.

Para identificar um serviço de qualidade são considerados alguns critérios

relacionados com os recursos humanos: profissionalismo e habilidades;

atitudes e comportamento; flexibilidade; credibilidade. Apesar de estes critérios

estarem relacionados com os recursos humanos, são igualmente relevantes

para a qualidade dos serviços em turismo, se considerarmos que a qualidade é

determinante em termos de competitividade e, por sua vez, que os recursos

humanos são decisivos para a qualidade do produto turístico (Pender e

Sharpley, 2005: 92).

Considerando que o turismo utiliza o espaço, ou seja, o destino turístico, a

qualidade desse destino será sentida pelo turista no contexto da qualidade

integral. Ou seja, a qualidade do turismo num determinado local inclui a

qualidade dos serviços prestados, mas também a qualidade dos atractivos, da

hospitalidade, a qualidade de toda a oferta.

Como destacam Bercial e Timón (2005: 35 - 36), a qualidade deve ser

compreendida como ferramenta de gestão, retroalimentação e melhoria dos

destinos em todas as suas fases, pelo que defendem a implantação de

processos de certificação como forma de regular os padrões de qualidade, que

podem ocorrer com amparo de organismos ligados ao sector de turismo, ou

criados e implementados pelos próprios agentes do sector e aplicados tanto

nas empresas como nos destinos turísticos.

Outro ponto importante é perceber que a qualidade não deve ser vista apenas

como uma questão de gestão estratégica, envolvendo uma abordagem técnica,

mas também uma questão cultural, induzindo a conduta de discussão, debate e

desenvolvimento. No contexto organizacional, já é incutida a cultura da

3 No caso desta investigação, a adequada formação do profissional de planeamento

turístico pode ter impacto na qualidade do próprio destino turístico.

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qualidade, envolvendo as dimensões da sustentabilidade e competitividade. No

âmbito dos destinos, contudo, é praticamente inexistente, seja em termos

conceptuais ou operacionais (Campos et. al, 2006).

Bercial e Timón (2005: 29) defendem que a oferta de um turismo de qualidade

não significa necessariamente a oferta de um turismo caro, mas uma nova

forma de organizar os serviços tendo em vista a satisfação dos clientes e a

adequação daquilo que é oferecido com as suas expectativas e necessidades,

a fim de manter uma posição competitiva no mercado.

O WEF (2011a:4) conceptualiza a competitividade como um conjunto de

instituições, políticas e factores que determinam o nível de produtividade de um

determinado país que, por conseguinte, determina o nível de prosperidade

sustentável que pode ser ganho numa dada economia. Ou seja, as economias

mais competitivas tendem a produzir mais rendimentos para os seus cidadãos.

No contexto mundial, este organismo definiu 12 pilares relativos à

competitividade económica, a saber: instituições; infraestruturas; ambiente

macroeconómico; saúde e educação primária; educação superior e

treinamento; eficiência no mercado; eficiência no mercado laboral;

desenvolvimento do mercado financeiro; tecnologia; dimensão do mercado;

sofisticação dos negócios; inovação.

No ranking de competitividade global, Portugal ocupa, em 2010-2011, a 46ª

posição, perdendo três posições (era 43º) com relação ao ano anterior (WEF,

2011a: 15). Os destaques positivos são nos quesitos infraestruturas, inovação,

educação superior e aspectos tecnológicos, enquanto os negativos incidiram,

principalmente, em aspectos como a eficiência do mercado laboral e no

ambiente macroeconómico (WEF: 2011a:22).

O WEF também publica, bianualmente, o Relatório de Viagens em Turismo que

aborda a competitividade entre 130 países, especificamente na área do turismo.

O relatório é justificado pela aproximação mundial, por intermédio da

globalização e, através do turismo, há o estímulo ao desenvolvimento,

aceleração de investimentos locais e geração de emprego. No entanto, a

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69

competitividade neste sector está a crescer e, além disso, existem ocorrências

mundiais que afectam negativamente o sector, como pandemias e terrorismo.

Nessas condições, é importante conhecer o que é preciso fazer para promover

o turismo e o desenvolvimento (Bolwell e Weinz, 2008: 27)

O Índice de Competitividade no Sector de Viagens e Turismo (Travel and

Tourism Competitiveness Index - TTCI) mede os factores e políticas que

tornam mais atractivo o desenvolvimento do sector, em diferentes países. São

englobados 14 factores de competitividade que podem ser agrupados em três

categorias, referentes ao sector de Viagens e Turismo: rede de regulação do

sector; infraestrutura e ambiente de negócios; recursos humanos, culturais e

naturais – a saber: políticas e regulações; sustentabilidade ambiental;

segurança; saúde e higiene; priorização do sector de viagens e turismo; infra-

estrutura aeroportuária; infraestrutura de transportes; infraestrutura de turismo;

infraestrutura de informação e comunicação; competitividade dos preços;

recursos humanos; afinidade em relação às viagens e turismo; recursos

naturais; recursos culturais (Bolwell e Weinz, 2008: 22; WEF, 2011b: 32).

É importante ressaltar que os indicadores vão além dos facilmente perceptíveis

pelos turistas, como a sustentabilidade ambiental, segurança e preços, sendo

também incluídos factores relacionados com o ambiente político e empresarial,

como legislações e regulações no sector e ambiente de negócios. Na verdade,

a avaliação da competitividade do turismo também ocorre de forma integral,

respeitando a condição sistémica do turismo, uma vez que estes outros

quesitos irão igualmente provocar impactes em diversos outros componentes

da oferta do turismo, na sustentabilidade, eficácia, lucro e promoção do

desenvolvimento.

De entre os países mais competitivos no sector de turismo, estão: Suíça,

Alemanha, França, Áustria, Austrália, Suécia, Estado Unidos, Reino Unido,

Espanha, Canadá e Singapura. Portugal ocupa a 18ª posição (WEF, 2011:17).

Entre os factores mais relacionados com a competitividade nos diferentes

países, são citados: estabilidade política e alto nível de segurança; segurança

dos investimentos do sector, adoptando leis e regulações favoráveis;

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manutenção de altos níveis de saúde e higiene entre os cidadãos e turistas;

implementação e monitorização das legislações ambientais (Bolwell e Weinz,

2008: 28).

Neste sentido, Matias (2007: 163) esclarece que

a competitividade de um destino não depende apenas de factores como as

limitações/facilidades concedidas à entrada dos turistas, mas também das

características qualitativas dos factores de produção e da regulamentação

da actividade das empresas. Nesta medida, a existência de empresas

turísticas ou de regiões que competem entre si para atrair a procura (como

acontece, por exemplo, entre Algarve e o Sul de Espanha), permite o

desenvolvimento da criatividade, inovação e diversificação dos destinos

turísticos em causa.

Muitos autores defendem que a chave da competitividade no sector de turismo

está na qualidade da prestação dos serviços, visto que o turismo é

essencialmente composto por serviços. Contudo, sendo certo que a prestação

de um serviço de qualidade é fulcral no que tange a satisfação do cliente, não é

possível conceber que todo o sistema turístico (e, portanto, toda a estrutura

que o suporta) se resume aos serviços prestados.

A percepção do turista irá perpassar por todos os aspectos envolvidos na

experiência turística e, assim sendo, são importantes tanto aqueles que fazem

linha de frente e que estão directamente em contacto com o turista, como

aqueles que possibilitam e melhoram esta experiência. A qualidade representa

um factor crucial na competitividade dos destinos, traduzida em preparo,

coerência, harmonia e sustentabilidade em todo o sistema turístico.

2.7 Considerações Finais

A evolução dos modelos de planeamento, assim como os tipos de abordagens

ao destino apresentados neste capítulo, levam a crer que as opções de gestão

que mais respeitam e beneficiam todos os envolvidos com o turismo são as

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71

abordagens que reúnem características integradoras, participativas e

sustentáveis. Também são essas as características que podem, de facto,

fomentar o desenvolvimento local, destacando o princípio da equidade e o

fortalecimento do capital social, uma vez que há o compromisso com o

envolvimento de todos, com a durabilidade dos efeitos positivos e com o bem-

estar social.

Uma proposta pautada nestes princípios permitirá que o destino tenha um

planeamento que alcance aquilo que, de facto, se pretende, quando se decide

planear: racionalidade da utilização dos recursos, com a finalidade de alcançar

um melhor aproveitamento e benefícios. No caso do planeamento de destinos

turísticos, os benefícios entrelaçam-se nos campos da sustentabilidade

ambiental, social e económica.

Além disso, o planeamento potencia a competitividade, seja através dos

princípios da sustentabilidade ou, ainda, de algo que o turista, como

consumidor, cada vez mais exigente, espera na sua experiência turística: a

qualidade. A qualidade ambiental, a qualidade dos serviços, a qualidade das

actividades de lazer e entretenimento: a qualidade do produto global. A

qualidade é um factor fundamental para o sucesso dos destinos turísticos e só

pode ser assegurada através da gestão e do planeamento sustentável.

Os planeadores desempenham funções ligadas à gestão e ao planeamento do

destino com o objectivo de assegurar uma actividade turística que cause

menos impactos negativos e, numa melhor hipótese, que os benefícios dos

impactos positivos sejam mais importantes do que os efeitos dos impactos

negativos e, assim, se justifique e valide o turismo no destino. Considerada

esta responsabilidade, o planeador deve estar apto para melhor desempenhar

as suas funções.

Foram descritas as principais funções ligadas ao planeamento turístico,

verificando-se que a maioria se relaciona com as áreas da gestão e marketing.

A temática será retomada parcialmente no capítulo 4, onde é discutido o tema

“Formação Superior em Turismo”.

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72

Capítulo 3

Turismo em Portugal

3.1 Introdução

A estrutura política e de gestão do turismo em Portugal tem vindo a evoluir de

forma notável nos últimos anos, sendo que, talvez, a medida mais visível desta

realidade talvez tenha sido a criação do Turismo de Portugal, em 2007. Esta

solução integradora da Administração Pública do Turismo interfere tanto na

estrutura do organismo público quanto em todo o sistema turístico e afecta,

directa ou indirectamente, todas as questões relacionadas com os modelos de

desenvolvimento sectorial.

Apesar da importância do processo histórico do turismo português, este

capítulo não pretende analisá-lo de uma forma exaustiva, contendo-se num

objectivo muito menos ambicioso que apenas pretende contextualizar o turismo

em Portugal, abordando informações que permitam caracterizar esta actividade,

designadamente em Portugal Continental, assim como delinear a estrutura

organizacional do turismo e o seu actual funcionamento.

Uma reflexão ampla da actividade turística fundamenta os pressupostos da

relação entre o planeamento e a formação superior em turismo e, desta forma,

fornece meios para conhecer o grau de relação entre estes dois aspectos,

objectivo primordial desta investigação.

Apesar de a proposta da investigação empírica, de que mais adiante

trataremos, estar concentrada em apenas duas regiões portuguesas, Algarve e

Alentejo, releva-se a importância de contextualizar o turismo português como

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73

um todo. O objectivo de relacionar as funções específicas da actividade

turística com a formação que lhes é exigida melhora a compreensão de

questões ligadas com a gestão e planeamento do turismo em Portugal e, dessa

forma, ajuda a compreender a estrutura de gestão da actividade turística nos

diferentes níveis. A limitação do estudo aos municípios destas duas regiões

(Alentejo e Algarve) é apenas uma necessidade prática para a viabilização

desta investigação. É justificada, ainda, pelo facto de que, submetidas ao

mesmo regime legal, as competências associadas ao desempenho laboral na

escala regional são similares, além de fornecerem subsídios para considerar o

contexto local.

Espera-se, com esta análise, atingir o objectivo específico de contextualizar o

planeamento turístico português, identificando e analisando os pontos

relevantes das políticas públicas e de gestão, planeamento turístico e

ordenamento territorial que se encontrem associados ou interfiram na

efectivação do planeamento ao nível local.

3.2 Caracterização do Turismo em Portugal

O turismo é um dos sectores mais importantes da economia portuguesa, com

um peso significativo na economia global nacional – cerca de 9,2% de

participação no consumo privado do PIB (Produto Interno Bruto) (Turismo de

Portugal, 2011b). Outros dados do Turismo de Portugal (2011b) confirmam a

importância do turismo na economia portuguesa, ao apontarem que, em 2008,

o emprego no sector representou 8,2% do total de empregos.

Relativamente ao contributo do turismo para a Balança de Pagamentos, em

Portugal, dados do INE (2011b: 23) apontam que, em 2010, as receitas

turísticas alcançaram 7611 milhões de euros e as despesas turísticas atingiram

2953 milhões de euros, o que resulta num saldo positivo de 4658 milhões de

euros.

Apesar da instabilidade internacional, principalmente na área económica e

financeira, segundo dados do INE (Turismo de Portugal, 2010), após uma

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74

ligeira queda do turismo no ano de 2009, em 2010 foi retomado o crescimento

no número de hóspedes. No entanto, ficou abaixo do crescimento mundial

divulgado pela OMT que, em 2010, registou um percentual de crescimento

mundial de 6,7% no número de chegadas internacionais (OMT, 2011).

Em 2006, as projecções do PENT (Plano Estratégico Nacional de Turismo)

apontavam para um forte aumento da contribuição do turismo para a economia

nacional, com expectativa de crescimento de 5% ao ano, em número de

turistas, alcançando os 20 milhões de turistas em 2015, e 9% de crescimento

anual das receitas, atingindo, também nesse ano de 2015, cerca de 15 mil

milhões de euros. As regiões de Lisboa, Algarve e Porto eram apontadas como

as que mais contribuiriam para esse crescimento, sendo que o Alentejo seria a

região com maior contribuição relativa, atingindo crescimentos anuais de cerca

de 11% (PENT, 2006: 6).

No entanto, a realidade mostrou-se diferente e tanto o cenário internacional, já

citado, como as dificuldades económicas, financeiras e políticas do ambiente

interno perturbaram o cenário esperado. Na verdade, no período de 2006 a

2010, apesar dos excepcionais desempenhos dos primeiros anos, o turismo

português cresceu apenas 2,3% em relação ao número de turistas.

De qualquer modo, Portugal é um país com inequívoca vocação de oferta

turística, recebendo, anualmente, cerca de 13 milhões de turistas (nacionais e

estrangeiros) (INE, 2011b).

Apesar de possuir um território de pequena dimensão, quando comparado com

os principais países receptores de turistas à escala global, apresenta uma

oferta turística diversificada. Também em termos populacionais, Portugal

possui uma população diminuta, com cerca de 10,5 milhões de habitantes (INE,

2012), mas este facto não impediu o País de reunir um legado cultural rico e

uma atractiva e longa história.

No campo socioeconómico, Portugal possui um bom nível de qualidade de vida,

com alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), ocupando o 40º lugar no

ranking mundial, entre 169 países, o que o classifica como país de “muito alto

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75

desenvolvimento humano” (PNUD, 2010). Sob outro ponto de vista, Portugal é

o país com mais baixo IDH da Europa Ocidental (Observatórios das

Desigualdades, 2009: 1).

Em termos económicos, Portugal enfrenta, desde 2008, uma grave crise

interna, com origem em razões próprias mas também no impacto de motivos

internacionais, que se estendeu estruturalmente aos sectores social e político.

O desemprego atingiu níveis muito elevados.

Neste período apelou-se exaustivamente, por exemplo, para que os

portugueses consumam produtos nacionais como forma de dinamizar a

economia interna, o que também inclui os produtos turísticos.

Além do potencial do turismo em gerar emprego e rendimentos, é reconhecido

que ele gera um forte e rápido efeito multiplicador na economia, requerendo

menos investimento específico do que a maior parte das actividades

económicas. Daí que se veja no turismo uma das soluções para esta

conjuntura de crise.

3.3 Gestão Estratégica e Organização do Turismo em Portugal

Não se pretendendo realizar um percurso histórico acerca das políticas de

turismo em Portugal, por se entender que este não se constitui como um

objectivo nesta tese, mas reconhecendo a necessidade de contextualizar estas

políticas para compreender o desenrolar das actuais acções e o modelo de

gestão e planeamento vigente, apresenta-se, no quadro abaixo, uma síntese

com alguns destaques das políticas de turismo em Portugal entre 1992 e 2011

(Tabela 4).

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76

Tabela 4

Cronograma da Política Estratégica de Turismo em Portugal (1992/2011) – alguns destaques

Período Acções

1992-1995 - ICEP (Investimento e Comércio Externo de Portugal) promove a

imagem de Portugal;

- Crença no funcionamento automático do mecanismo do multiplicador e

lógica de continuidade nos tipos de apoios financeiros às empresas e no

funcionamento das 19 Regiões de Turismo;

- Volume de chegadas de turistas crescente.

1996-2002 - Lógica de continuidade nos tipos de apoios financeiros às empresas e

no funcionamento das 19 Regiões de Turismo;

- Promoção externa permanece como função do Estado, mas em

parceria com o sector privado;

- Volume de chegadas de turistas sempre crescente;

- Expo 98 e respectivos ganhos de visibilidade.

2002-2004 - Contratualização com entidades privadas da promoção turística

internacional;

- Governo assume formalmente o turismo como prioridade nacional;

- Redução no volume de chegadas de turistas em 2002;

- Euro 2004 e respectivos ganhos de visibilidade;

- Criação do Ministério do Turismo e do Instituto de Turismo de Portugal

(ITP).

2006-2011 - Fim do Ministério do Turismo;

- Reestruturação do papel e da área de actuação das administrações

regionais de Turismo, com a criação das Entidades Regionais de

Turismo (ERT);

- Turismo de Portugal com a competência de promoção do turismo

nacional e apoio às ERT; ERT assumem gestão do Turismo Regional.

Fonte: Firmino, 2007: 240-241, com actualização pessoal dos dados a partir do ano de

2004.

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77

Numa avaliação resumida, destaca-se alguma instabilidade nas formas de

organização e gestão da Administração Pública do Turismo, que se tem

encaminhado no sentido de uma concentração de estruturas (e.g. Turismo de

Portugal) e numa visível dificuldade de protagonismo das Entidades Regionais.

3.3.1 Gestão e Planeamento do Turismo no nível Nacional

O turismo é considerado “como um factor estratégico de desenvolvimento da

economia portuguesa e está fortemente empenhado na criação e consolidação

de estruturas públicas fortes, modernas e dinâmicas, preparadas para

responder aos desafios que o turismo enfrenta” (Preâmbulo do Decreto – Lei nº

67/ 2008, de 10 de Abril).

A legislação turística definiu a necessidade de criar um único organismo central,

responsável pela Política de Turismo Nacional — o Turismo de Portugal, I. P.

—, e de reformular as anteriores regiões de turismo. Deixaram de existir 29

Estruturas Regionais e Locais de Turismo, dando espaço, em Portugal

Continental, a uma organização estruturada com base nas cinco Áreas

Regionais e seis Pólos Turísticos (Turismo de Portugal, 2010: 18).

A organização, a gestão e o planeamento do turismo em Portugal passou a

ocorrer por intermédio do Turismo de Portugal, Instituto integrado no Ministério

da Economia (nas suas várias designações). Apesar de autores como Cooper

(2001) considerar que o modelo de organização da gestão do turismo num país

reflecte a importância dada ao sector, as várias soluções políticas encontradas

no passado recente, em Portugal, nunca significaram, objectivamente, um

ganho ou perda de notoriedade no reconhecimento da importância deste sector

no nosso País.

O Turismo de Portugal é responsável pela promoção, valorização e

sustentabilidade da actividade turística e tem como missão: qualificar e

desenvolver as infra-estruturas turísticas; desenvolver a formação de recursos

humanos; apoiar o investimento no sector; coordenar a promoção interna e

externa de Portugal como destino turístico; regular e fiscalizar os jogos de

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fortuna e azar (sítio Internet do Turismo de Portugal, consultado em 2009). São,

portanto, responsabilidades do Turismo de Portugal (sítio Internet do Turismo

de Portugal, consultado em 2011):

propor linhas estratégicas e planos de concretização para o

desenvolvimento do turismo; garantir a transparência do mercado e

dos serviços prestados aos turistas; qualificar os profissionais e

melhorar a qualidade dos serviços turísticos; consolidar a imagem de

Portugal como um destino com grande diversidade paisagística e

cultural e rico em experiências; representar Portugal nas

organizações internacionais de turismo; gerir instrumentos de apoio

financeiro ao sector turístico; mobilizar os agentes públicos e

privados para a implementação do PENT; acompanhar a actividade

dos casinos e bingos e combater o jogo clandestino e ilegal.

3.3.2 Gestão e Planeamento do Turismo no nível Regional

O anterior modelo de gestão regional do turismo (pré-2008) era questionado

por ser inadequado ou ineficiente, dado, por exemplo, não cobrir todo o

território português ou por haver sobreposição de funções, fosse com a

hierarquia superior, de nível nacional, fosse com o nível local.

Firmino (2007: 248), por exemplo, ainda chama a atenção para o facto de que

algumas das atribuições formais das antigas Regiões de Turismo ficavam

comprometidas por falta de recursos financeiros, técnicos e humanos. Além

disso, o autor aponta como um ponto fraco o elevado número de Regiões que

existia num território tão pequeno como Portugal.

O actual modelo de Gestão Regional dividiu Portugal em ERTs que têm como

principais objectivos: contribuir para o alcance dos objectivos da Política

Nacional de Turismo; dinamizar e potencializar os recursos turísticos;

monitorizar a oferta turística (Turismo de Portugal, 2009).

O modelo estatístico regional na União Europeia estabeleceu uma classificação

comum para os Estados-Membros, as chamadas NUTS (Nomenclaturas das

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Unidades Territoriais para Fins Estatísticos), que foi desenvolvida desde o

início dos anos 70 mas só em 2003 adquiriu uma base legal. Segundo essa

classificação, as NUTS possuem 3 níveis regionais, de acordo com um número

mínimo e máximo do tamanho da população das regiões. No caso da estrutura

do País não corresponder a nenhum dos 3 níveis regionais, torna-se

necessário identificar um nível adicional que não possui, funcionando apenas

para fins estatísticos e não tendo, portanto, qualquer função administrativa

(Eurostat, 2008: 5-6).

Em Portugal Continental, os três níveis estatísticos são assim representados e

servem de base para a gestão e organização do turismo no país visto que as

NUTS II coincidem com as Entidades Regionais de Turismo (tabela 5):

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Tabela 5

Portugal Continental, por NUTS

Nível 1 Nível 2 Nível 3

Portugal Continental Norte Minho – Lima

Cávado

Ave

Grande Porto

Tâmega

Entre-Douro e Vouga

Douro

Alto Trás-os-Montes

Algarve Algarve

Centro Baixo Vouga

Baixo Mondego

Pinhal Litoral

Pinhal Interior Norte

Dão-Lafões

Pinhal Interior Sul

Serra da Estrela

Beira Interior Norte

Beira Interior Sul

Cova da Beira

Oeste

Médio Tejo

Lisboa Grande Lisboa

Península de Setúbal

Alentejo Alentejo Litoral

Alto Alentejo

Alentejo Central

Baixo Alentejo

Lezíria do Tejo

Fonte: Eurostat, 2008: 6

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Considerando a realidade de dispersão, sobreposição de poder e

desorganização do sector, foi proposta e implementada uma nova estrutura

organizacional do turismo, com base na já existente divisão administrativa do

território, a divisão em NUTS II.

O Decreto-Lei n.º 67/2008, de 10 de Abril, redefine a estrutura organizacional

do turismo em Portugal e, para efeitos de planeamento, divide o Continente em

cinco áreas regionais que coincidem com as unidades territoriais utilizadas para

fins estatísticos, as NUTS II (Figura 5): Norte; Centro; Lisboa e Vale do Tejo;

Alentejo; Algarve.

Figura 5

Regiões de Turismo

Norte

Centro

Alentejo

Lisboa e Vale do Tejo

Algarve

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São, ainda, criados Pólos de Desenvolvimento Turístico (Figura 6), que são

integrados nas áreas regionais supracitadas, a saber (sítio Internet do Turismo

de Portugal, consultado em 02 de Dezembro de 2008):

1. Douro:

Unidade territorial do Douro — Alijó, Armamar, Carrazeda de Ansiães,

Freixo de Espada à Cinta, Lamego, Mesão Frio, Moimenta da Beira,

Murça, Penedono, Peso da Régua, Sabrosa, Santa Marta de Penaguião,

S. João da Pesqueira, Sernancelhe, Tabuaço, Tarouca, Torre de

Moncorvo, Vila Real e Vila Nova de Foz Côa;

2. Serra da Estrela:

Unidade territorial da serra da Estrela — Fornos de Algodres, Gouveia e

Seia;

Unidade territorial da Beira Interior Norte) — Almeida, Celorico da Beira,

Figueira de Castelo Rodrigo, Guarda, Manteigas, Meda, Pinhel, Sabugal

e Trancoso;

Unidade territorial da Cova da Beira — Belmonte, Covilhã e Fundão;

3. Leiria – Fátima

Unidade territorial de Leiria-Fátima — Alcobaça, Batalha, Leiria, Marinha

Grande, Nazaré, Ourém (que inclui Fátima), Pombal e Porto de Mós;

4. Oeste:

Unidade territorial do Oeste — Alenquer, Arruda dos Vinhos, Bombarral,

Cadaval, Caldas da Rainha, Lourinhã, Óbidos, Peniche, Sobral de Monte

Agraço e Torres Vedras;

5. Litoral Alentejano:

Unidade territorial do Litoral Alentejano — Alcácer do Sal, Grândola,

Odemira, Santiago do Cacém e Sines;

6. Alqueva — Terras do Grande Lago, Alandroal, Barrancos, Portel,

Reguengos de Monsaraz, Moura e Mourão.

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Alqueva Litoral Alentejano Leiria – Fátima Oeste Serra da Estrela Douro

Figura 6

Pólos Turísticos de Portugal

Os Pólos de Desenvolvimento foram criados sob a óptica de desenvolvimento

da oferta de turismo internacional (Douro, Litoral Alentejano, Oeste4) e numa

óptica de desenvolvimento nacional (todos os Pólos); tratou-se de uma criação

que pretendia diversificar a oferta e reduzir a dependência face às três

principais regiões de turismo nacionais, assim como dar resposta às principais

motivações de procura, possibilitando a melhoria de imagem do país,

4 Também o Porto Santo, na Madeira.

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dinamizando o turismo nacional e fortalecendo a economia regional (PENT,

2006: 83).

Vale esclarecer que, para efeitos da divisão de Portugal em ERT, tendo por

base a divisão inicial das NUTS (de 1999), a Região de Lisboa e Vale do Tejo

agregou os municípios integrantes das sub-regiões do Oeste, do Médio Tejo e

da Lezíria do Tejo, tal como na composição das CCDR (Comissão de

Coordenação do Desenvolvimento Regional). Com o intuito de evitar que as

citadas sub-regiões fossem prejudicadas no âmbito da distribuição dos fundos

do Quadro Comunitário de Apoio (IV), estas sub-regiões foram deslocadas, em

2006, para outras NUTS II. Assim, a Lezíria do Tejo passou a integrar, para

este fim de gestão de financiamentos, a região Alentejo, que será um dos

objectos de estudo do trabalho empírico desta Tese; no entanto, para fins de

ordenamento do território e acompanhamento do turismo, esta sub-região, tal

como o Oeste e o Médio Tejo, continuam a pertencer à região de Lisboa e Vale

do Tejo, pelo que não será incluída na nossa recolha e análise de informação.

A organização em ERTs e Pólos não é consensual (Fonseca, 2009; Baptista,

2003). Por exemplo, Céu (2008: 35) acredita que a gestão do turismo seria

mais beneficiada com regiões que coincidissem perfeitamente com as cinco

regiões de Portugal Continental e apenas será neutralizada caso as Entidades

Regionais e os Pólos que as integram sejam capazes de trabalhar

conjuntamente. Também António Fonseca Ferreira, ex-Presidente da CCDR-

LVT (Lisboa e Vale do Tejo), considera que a criação de Pólos dentro das

Regiões de Turismo, bem como Agências Regionais para promoção destas

regiões no exterior, é pouco racional e conveniente para um país com as

dimensões de Portugal (Fonseca, 2009: 22). O actual Governo, pela voz da

Secretária de Estado Cecília Meireles, também já deu sinais de algum sentido

crítico em relação ao actual modelo de gestão regional do turismo (Jornal

Expresso, 2012).

O modelo organizacional do turismo, constituído em 2008, tinha, entre outras

finalidades, a de assegurar que os órgãos regionais de turismo tivessem

capacidade de se autofinanciar, estimulando o envolvimento dos agentes

privados e estabelecendo parcerias com o Turismo de Portugal, para que fosse

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possível o desempenho de actividades e projectos na esfera central. Por outro

lado, a reestruturação da disposição das entidades públicas regionais fazia-se

necessária com o intuito de dar os devidos suportes para o Turismo de

Portugal, assegurando a implementação da política nacional de turismo. Esta

nova organização surge para dar sentido ao modelo de gestão, ao nível

regional e local, visto que o modelo até então vigente era disperso, aleatório e

incoerente (sítio Internet do Turismo de Portugal, consultado em 18 de

Setembro de 2008).

São atribuições das ERTs (Decreto – Lei nº 67/ 2008, de 10 de Abril):

Colaborar com os órgãos centrais e locais com vista à prossecução dos

objectivos da política nacional que for definida para o turismo;

Promover a realização de estudos de caracterização das respectivas

áreas geográficas, sob o ponto de vista turístico e proceder à

identificação e dinamização dos recursos turísticos existentes;

Monitorizar a oferta turística regional, tendo em conta a afirmação

turística dos destinos regionais;

Dinamizar e potencializar os valores turísticos regionais.

Apesar de se reconhecer que cada ERT se apresentava num estágio

específico de maturidade, foram atribuídas a todos estes organismos regionais

as mesmas funções: promoção do mercado interno; incremento do produto

turístico; apoio ao sector empresarial no desenvolvimento de projectos de

investimento e requalificação (Turismo de Portugal, 2010: 18).

Aos Pólos de Desenvolvimento Turístico eram atribuídas competências para

valorizar o turismo e o aproveitamento sustentado dos recursos turísticos nas

suas respectivas áreas, estando, assim, de acordo com as orientações e

directrizes da Política Nacional de Turismo. Além disso, os Pólos de

Desenvolvimento podem criar uma entidade dinamizadora e interlocutora junto

dos órgãos centrais de turismo (Turismo de Portugal, 2008).

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Como já antes referido, a bondade dos argumentos e critérios utilizados na

constituição e formatação das competências das ERTs e Pólos nem sempre se

revelou consensual. Ao contrário, muitas dúvidas e críticas foram sendo

lançadas, ao ponto de, apenas quatro anos volvidos, se tornar natural a

necessidade da sua revisão, independentemente da diversidade das opiniões

sobre esta matéria e das consequentes soluções propostas.

No âmbito da linha de pensamento em que é definida a sustentabilidade como

modelo de desenvolvimento do turismo português, são apresentados os

seguintes objectivos (Figura 7):

Figura 7

Objectivos para alcançar o modelo de desenvolvimento sustentável do turismo

Fonte: Turismo de Portugal, 2010: 33

Os objectivos a serem alcançados pelos organismos regionais de turismo são

válidos e compatíveis com o modelo seleccionado, que se pretende seja

sustentável. São contempladas as principais variáveis (sociais, económicas e

ambientais) onde o turismo pode incidir positivamente: geração de emprego,

dinamizar as empresas e a actividade como um todo, preservação da cultura e

do meio ambiente.

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87

Por outro lado, apesar do reconhecimento de que as acções decorrem no nível

local, a definição de objectivos talvez ganhasse com uma abordagem

geograficamente mais ampla, definindo-se uma postura estratégica mais eficaz

e adequada para alcançar os resultados pretendidos.

Também é importante referir que é prevista, por Lei (Decreto – Lei nº 67/ 2008,

de 10 de Abril), a abertura de postos de turismo, no nível local, sendo estes

sujeitos à gestão das ERTs.

O mesmo diploma legal estipula, em relação ao acesso aos programas

públicos de financiamento na área de turismo através de fundos

exclusivamente nacionais, que este está condicionado à participação dos

municípios nas respectivas Entidades Regionais de Turismo. Esta iniciativa

constitui-se como um factor positivo, uma vez que, apesar da autonomia

municipal, há um estímulo à criação das ligações em teias regionais que,

posteriormente, estão interligadas no nível nacional. Esta ligação em rede dá

coerência ao modelo seleccionado, bem como aumenta as oportunidades de

sucesso da proposta de desenvolvimento do turismo no país.

3.3.3 Gestão e Planeamento do Turismo ao nível Local

É no nível local que o turismo ocorre e é nesse nível que se verificam os

primeiros impactos turísticos. As acções de gestão e planeamento que se

elaboram nos níveis superiores têm por objectivo promover o sucesso do

turismo no seu nível mais inferior, o local (Cooper et al, 2001; Inkeep, 1993;

Costa, 1996; Beni, 1998; Hall, 2002; Gunn, 2002). Apesar disso, cada uma das

hierarquias superiores de gestão e planeamento do turismo possui as suas

próprias responsabilidades, que possibilitarão que os municípios alcancem o

sucesso das suas actividades de forma sustentável e sustentada.

Em Portugal, como foi evidenciado durante a apresentação das atribuições das

ERT, a legislação prevê, através da participação dos municípios nestas

estruturas regionais, uma efectiva articulação entre estes dois níveis de

administração.

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Um exemplo que poderá acrescentar dados à questão acima apontada é o

facto de a Entidade Regional de Lisboa e Vale do Tejo ter delegado na

Associação Turismo de Lisboa todas as suas atribuições e competências

relativas ao território dos municípios de Lisboa, Cascais, Oeiras, Sintra e Mafra

(Turismo de Lisboa, 2009: 7). A proposta foi apresentada pelos representantes

da Câmara Municipal de Sintra, do Turismo do Estoril, da Câmara Municipal de

Mafra e Associação do Turismo de Lisboa, que também são membros da

Entidade Regional. Com a aprovação, foram transferidos os recursos

financeiros e humanos para esta associação (Turismo de Lisboa, 2009: 7).

Assim, a gestão turística dos municípios acima citados fica concentrada num

único organismo.

As situações variam muito de município para município, principalmente de

acordo com a importância do turismo para a economia local. Desta forma, a

organização e o funcionamento do turismo com base local será melhor

abordada após a investigação empírica.

Os municípios turísticos portugueses desenvolvem, com frequência, planos de

desenvolvimento do turismo. Como será visto no tópico seguinte, os Planos

Directores Municipais (PDM), documento obrigatórios nos municípios, muitas

vezes a área de turismo numa abordagem mais voltada para a componente

física e territorial.

Os planos de desenvolvimento turístico que incluem uma proposta de reflexão

do turismo sob o ponto de vista sistémico constituem uma importante

ferramenta para o desenvolvimento sustentável nas localidades. Contudo, este

tipo de documento não é obrigatório e observa-se que nem todos os municípios

reconhecidamente turísticos reúnem recursos humanos e financeiros para o

implementar. Muitos destes municípios não possuem, sequer, o conhecimento

da sua própria oferta turística.

Algumas iniciativas interessantes estão a ser levadas a cabo, como a proposta

alentejana de enviar uma equipa da ERT para alguns municípios turísticos para

realização do diagnóstico local (Turismo do Alentejo, 2011a; Turismo do

Alentejo, 2011b; Turismo do Alentejo, 2011c) Melhor seria que esta tarefa

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89

tivesse uma origem genuinamente local, mas não deixa de ser uma importante

acção para que estes municípios conheçam e possam reflectir a sua oferta

turística.

3.3.4 Outros instrumentos de Planeamento do Turismo

Na perspectiva do Ordenamento do Território, é possível, ainda considerar

outros instrumentos, como programas, planos e projectos que prevêem acções

na área do turismo.

Figura 8

Sistema de Gestão Territorial

Fonte: Elaboração própria, a partir da Lei nº 48/98, de 11 de Agosto, na sua versão

actual

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90

É conveniente observar que o Programa Nacional de Política de Ordenamento

do Território (PNPOT), enquanto expoente máximo das Políticas Nacionais do

Ordenamento do Território, prevê objectivos dentro da área do turismo, como,

por exemplo (Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e do

Desenvolvimento Regional, 2007; CCDR Norte, 2008):

1. O aproveitamento sustentável do potencial turístico de Portugal às

escalas nacional, regional e local;

2. A promoção de modelos de desenvolvimento de turismo para cada um

dos destinos turísticos;

3. A definição de mecanismos de articulação entre o desenvolvimento das

regiões com elevado potencial turístico e as políticas de ambiente e

ordenamento do território.

Esta ligação inclui, ainda, como medidas prioritárias (Ministério do Ambiente,

do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional, 2007; CCDR

Norte, 2008)

1. A elaboração de um Plano Estratégico Nacional de Turismo (já

elaborado);

2. Elaboração de Planos Sectoriais de Turismo que definam as linhas

orientadoras dos modelos de desenvolvimento pretendidos para as

áreas com maiores potencialidades de desenvolvimento turístico (ainda

não concretizados).

No nível regional, o PROT (Plano Regional de Ordenamento do Território) é o

documento que instrumentaliza o processo de planeamento, por região, com

base territorial (CCDR Algarve, 2007), o que permite a reflexão da actividade

em cruzamento com o território de suporte.

Um exemplo de territorialização do turismo é apresentado na figura 9, partindo-

se, neste caso, da visualização da oferta de estabelecimentos hoteleiros com

base no território.

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91

Figura 9

Territorialização da oferta de alojamento na Região (Norte)

Fonte: CCDR Norte, 2008.

No nível local, os Planos Municipais de Ordenamento de Território variam na

área e na escala de intervenção e podem ser (Ministério do Planeamento e da

Administração do Território, 1990):

1. Os planos intermunicipais de ordenamento do território;

2. Os planos municipais de ordenamento do território: Planos Directores

Municipais (PDM), que abrange todo o município; Planos de

Urbanização, abrangendo áreas urbanas e urbanizáveis, áreas não

urbanizáveis intermédias ou envolvente; Planos de Pormenor, sobre

área de intervenção que são, em princípio, subáreas do PDM e dos PU.

O Plano Director Municipal é considerado um instrumento de referência para

elaboração de outros planos e programas, a saber: demais planos municipais

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de ordenamento do território; para o estabelecimento de programas de acção

territorial; para o desenvolvimento das intervenções sectoriais da administração

do Estado no território do município (Câmara Municipal de Lisboa, 2010).

Pela importância deste instrumento de gestão e planeamento local, tem

elaboração obrigatória e com participação popular. Nele são previstas a

ocupação, uso e transformação do território municipal pelos sectores de

actividades desenvolvidas nos municípios, bem como a programação das

realizações e dos investimentos. O PDM deve estar de acordo com as

directrizes dos documentos hierarquicamente superiores, regional e nacional,

sendo este instrumento operacionalizado através do PU e PP (Câmara

Municipal de Lisboa, 2010).

Em situações de municípios com importância turística, o Turismo de

Portugal integra a Comissão de Acompanhamento, apoiando, assim, os

trabalhos de elaboração do PDM (Turismo de Portugal, 2011a).

3.4 Considerações Finais

O turismo constitui uma actividade fundamental para a economia portuguesa,

com cerca de 11% de participação no consumo do PIB nacional. Portugal pode,

no entretanto, atrair ainda mais turistas e, consequentemente, aumentar as

vantagens económicas e sociais promovidas pela actividade.

Contudo, como visto no capítulo 3, o turismo acarreta também impactes

negativos que podem ser minimizados através de uma adequada gestão e

planeamento. A proposta de gestão portuguesa é um modelo de

desenvolvimento baseado nos princípios da sustentabilidade e competitividade.

A identificação deste modelo e do cenário da actividade nas regiões e

principais destinos são fundamentais para qualquer estudo sobre a realidade

do turismo local.

Não sendo objectivo deste trabalho realizar uma análise aprofundada do

sistema de ordenamento do território vigente em Portugal, a sua contribuição

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93

para esta tese é a abordagem simplificada das formas de gestão e

planeamento do turismo nos diferentes níveis administrativos. Foi apresentado

o Plano Estratégico Nacional de Turismo e a estrutura organizacional que dele

emanou. No entanto, reconhece-se que ao nível local não foram apresentados

e discutidos em profundidade os modelos vigentes para a gestão e

planeamento do turismo, uma vez que há muitas disparidades de município

para município.

É importante destacar que a reestruturação da organização do turismo

português se preocupou, de forma positiva, com o modelo de gestão

hierárquico, em que houvesse pouca sobreposição de poderes (com excepção

do caso dos Pólos de Desenvolvimento do Turismo, cuja identidade não

resultou bem esclarecida). No entanto, verificou-se uma tendência para

preocupações locais no nível regional, o que pode vir a gerar sobreposição de

atribuições e acções, caso não haja harmonia entre os diferentes níveis de

gestão.

Actualmente, estão previstas mais alterações no modelo de gestão das regiões

portuguesas, nomeadamente no que diz respeito aos pólos turísticos. No

então, ainda não há detalhes suficientes para a inclusão e discussão desse

novo contexto do turismo português.

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94

Capítulo 4

Formação Superior em Turismo

4.1 Introdução

Os recursos humanos constituem o centro da prestação de serviço, pelo que a

qualidade da formação dos profissionais implica directamente no valor dos

serviços prestados. Esta constatação aplica-se ao turismo, em geral, e, da

mesma forma, às funções específicas de gestão e planeamento do turismo. Ao

relacionar directamente a formação e a qualidade dos serviços, evidencia-se a

importância da educação no mercado de trabalho, o que esclarece a razão pela

qual a discussão em torno do processo educativo (incluindo princípios,

conteúdos, metodologias e práticas) é tão importante e presente. Releva dizer-

se que este reconhecimento da importância da educação para o turismo não

transforma a sua análise num objectivo central desta tese; é nosso

entendimento que se trata de um valor muito importante, mas de natureza

instrumental.

Numa altura em que há um importante processo de mudança na educação,

com grandes debates acerca das direcções a serem tomadas, torna-se

necessário compreender, essencialmente, até que ponto deve a educação

estar voltada para o mercado, tornando pertinente a sua investigação no

contexto específico dos vários profissionais, neste caso dos que se ocupam da

gestão e planeamento turístico.

Assim, o principal objectivo deste capítulo é debater a formação superior em

turismo e, mais especificamente, aquela que é realizada em Portugal, o que

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95

possibilitará, posteriormente, a compreensão e o relacionamento da formação

com a prática do planeamento turístico, o principal objectivo desta tese.

Neste capítulo, serão abordadas algumas questões teóricas relacionadas com

a formação superior, nomeadamente as abordagens educacionais, bem como

serão debatidos os conceitos de qualificação, competências, educação versus

formação, a educação no modelo europeu comum, currículo e competência em

turismo, entre outros. Posteriormente, será apresentada e analisada a

investigação realizada junto dos cursos de turismo em Portugal.

A fim de apresentar a realidade dos cursos com presença nas áreas de gestão

e planeamento do turismo, foi realizada uma análise, que permitiu conhecer o

perfil desses cursos.

Este capítulo pretende atingir os objectivos específicos de: contextualizar a

formação superior em turismo em Portugal; identificar os principais aspectos

teóricos, práticos e metodológicos da formação superior em turismo,

destacando os aspectos relativos ao desenvolvimento pessoal, bem como as

necessidades sociais e de mercado que interferem na prática do planeamento

turístico municipal.

4.2 Educação e Formação

O novo contexto profissional e as novas exigências do mercado de trabalho,

aliados a grandes dificuldades no ambiente económico e financeiro, têm, nos

últimos anos, estimulado discussões acerca da proposta de formação superior.

Se, por um lado, há quem defenda que os profissionais devem ter uma

formação superior mais voltada para o mercado de trabalho, o que implica mais

concentração nas competências profissionais e maior preparo para o

desenvolvimento do seu ofício, por outro lado, há quem defenda que a melhor

formação superior é aquela que possibilita a autonomia ao profissional e,

portanto, a formação mais adequada seria aquela que mantém o foco no

desenvolvimento das competências sociais e pessoais, ao mesmo tempo em

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que promove indirectamente a formação profissional (Zafarian, 2003; Werner,

2006; Perrenoud, 2000)

A educação pressupõe um percurso de desenvolvimento pessoal ao longo da

vida. É um processo que se inicia desde a infância e tanto ocorre no ambiente

de educação formal como em contexto familiar e informal. A educação não é

mais do que o desenvolvimento de competências pessoais e sociais que

permitam que cada indivíduo possa conviver adequadamente no seu ambiente

social e, numa fase posterior, na vida adulta, venha também a desenvolver

competências profissionais. Na formação superior (tendo a formação como

componente da educação), é promovido o desenvolvimento das competências

profissionais e, em simultâneo, das competências pessoais e sociais. Trata-se,

no fundo, de uma questão de enfoques e de gestão de equilíbrios nos objetivos

pedagógicos (Zarifian, 2003; Salgado, 2007; Perrenoud, 2000)

Parece haver um ponto de convergência quando se compreende que os

processos devem ter por base quatro pilares, a saber: aprender a conhecer,

aprender a fazer, aprender a viver em comum e aprender a ser (Salgado, 2007).

Para este debate, interessa compreender as propostas de formação superior e,

numa fase posterior, qual o contexto actual do mercado de trabalho e quais as

implicações para o indivíduo e para as empresas dessas propostas de

formação.

4.2.1 Formação Superior - uma proposta de Educação que deve ser

voltada para o indivíduo?

É evidente a acelerada mudança no sistema de ensino, sobretudo, na

formação de nível superior, onde, além de uma oferta mais diversificada e mais

acessível, também são verificadas mudanças nas propostas educacionais.

As novas características do ambiente socioeconómico, com cada vez mais

dinamismo e competitividade, acabaram por influenciar, também, o ambiente

educacional, exigindo uma reflexão acerca das propostas de ensino. Hoje,

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quem conclui um curso de formação superior já não tem garantia de emprego,

como acontecia há poucas décadas atrás. Actualmente, o profissional precisa

de “algo mais”, para além do diploma, para obter um emprego, para sobressair

e para alcançar a sua realização profissional (Pacheco, 2005; Maranhão, 2001;

Ladkin, 2008).

A globalização também modificou e influenciou o ensino superior, exigindo a

reestruturação dos cursos face às novas necessidades. Se na Europa há uma

pressão para o ajustamento da educação no espaço comum, com a principal

finalidade de garantir a mobilidade dos docentes e discentes, o restante do

mundo também acaba por sentir esta necessidade de reformulação dos cursos

e reestruturação, para um modelo que facilite a comparabilidade e,

consequentemente, a mobilidade e a empregabilidade (Zarifian, 2003; Pacheco,

2005; Formica, 1996).

Estas novas variáveis inseridas no contexto educacional estimulam e, em

momentos, determinam novos rumos, originando reflexões e debates

fundamentalmente acerca da essência da formação superior e do objectivo do

ensino neste nível.

A percepção do indivíduo como centro do processo educativo pressupõe ter

como parâmetro o ser humano e compreender a sua formação como um

processo de conhecimento e realização individual, mais abrangente do que a

formação voltada exclusivamente para o mercado (Ramos, 2002).

No outro extremo, há quem defenda uma formação superior que garanta a

empregabilidade e, portanto, tenha uma grande preocupação com as

necessidades imediatas do mercado, preparando, desta forma, os indivíduos

para ocuparem postos de trabalho. Para os defensores desta abordagem

educacional, o estudante procura, através da obtenção do diploma, a inserção

no mercado de trabalho e uma “prova” desta constatação seria, pelo inverso, a

baixa procura tendencial dos cursos com pouca aceitação no mercado de

trabalho.

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De facto, esta realidade pode ser constatada com relativa facilidade. No

entanto, é preciso reflectir acerca de algumas questões: não estaria, desta

forma, a educação superior a confundir-se com a formação profissional? Não

estaria o mercado a fundir as propostas nestes diferentes âmbitos educacionais?

Estarão os estudantes cientes da abordagem da formação voltada para o

mercado em detrimento de uma proposta de desenvolvimento pessoal?

Estas são algumas das muitas questões que poderiam ser levantadas acerca

do tema e acerca das diversas propostas de formação. Ramos (2002: 27)

esclarece e defende o seu ponto de vista, que se baseia numa formação

centrada no sujeito, na qual:

(…) o processo de formação humana pressupõe o desenvolvimento

do indivíduo como particularidade e generalidade, ou seja, como ser

social individual, que reúne em si o modo de existência subjetivo da

sociedade pensada e sentida para si, do mesmo modo que também

na efetividade ele existe tanto como intuição e gozo efetivo do modo

de existência social, quanto como uma totalidade de exteriorização

de vida humana. Dessa forma, esse processo visa promover a

possibilidade de o Homem desenvolver-se e apropriar-se do seu ser

de forma global, de todos os seus sentidos e potencialidades como

fonte de gozo e de realização. Sob o modo de produção capitalista,

os sentidos humanos foram subjugados à lógica da propriedade

privada, que atrela o gozo e a realização à posse dos objetos como

capital – valorizáveis e geradores de lucro – ou como meio de

subsistência socialmente determinado – destinados à satisfação de

necessidades de diversas ordens. Igualmente, as potencialidades

humanas – físicas, intelectuais e emocionais – foram alienadas do

Homem e apropriadas pela classe capitalista como mercadoria força

de trabalho.

Uma proposta de formação na qual o indivíduo deixa de ser o centro do

processo e passa a ser apenas um formando, não com um fim em si mesmo,

mas por necessidades do mercado, é considerada pela autora como uma

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evolução voltada para o ambiente externo. Neste modelo de formação, as

pessoas perdem o sentido da educação para desenvolvimento e realização

pessoal e passam a ser formadas para ocupar um posto de trabalho, perdendo

as rédeas do processo educativo ao qual se submetem. O indivíduo passa a

ser formado para o mercado e para desenvolver, principalmente, competências

profissionais, e não mais como assumindo o principal objectivo de desenvolver

competências que lhe confiram mais consciência de si e da sociedade e,

consequentemente, mais independência.

Como já se deixou expresso anteriormente, as recentes abordagens

educacionais, voltadas para o mercado de trabalho aliado à educação para a

cidadania e para o desenvolvimento pessoal, contrastam com os modelos

tradicionais de educação que focavam essencialmente o indivíduo. Na nova

ordem educacional, a educação está atenta à lógica do mercado, bem como o

sistema económico à lógica da educação, a fim de que a Escola se torne

competitiva e auto-sustentável (Maranhão, 2001).

Houais e Villar (2001, citado por Mota, 2005: 36) definem:

1. Educação (p. 1110): acto ou processo de educar; qualquer estágio

desse processo; aplicação dos métodos próprios para assegurar a

formação e o desenvolvimento físico, intelectual e moral de um ser

humano, pedagogia, didáctica, ensino; conjunto desses métodos,

pedagogia, instrução, ensino; conhecimento, desenvolvimento resultante

desse processo, preparo;

2. Formação (p. 1372): acto, efeito ou modo de formar, construir, criação,

construção, constituição; maneira como uma pessoa é criada, origem,

educação; conjuntos de conhecimento habilidades específicos a um

determinado campo de actividade prática ou intelectual; conjunto dos

cursos concluídos e graus.

A educação inclui, para além de conteúdos que concorrem para a formação

profissional, outros aspectos com a finalidade do desenvolvimento pessoal,

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100

enquanto que a formação está mais centrada no campo profissional. É

importante frisar que, em Portugal, é comum a utilização do termo “formação”

como indicação da “educação” no nível superior, sendo, portanto, comum a

referência de “formação superior” para os cursos de nível universitário.

Vale destacar a abordagem de Salgado (2007: 34), que reafirma esta

perspectiva, aproximando e integrando os conceitos de educação e formação,

quando aponta que

(…) a educação e a formação têm sido objecto de preocupações em

todas as sociedades e culturas tendo em consideração o lugar

determinante que ocupam na organização e na estruturação social,

numa perspectiva dicotómica, com a educação a assumir um

significado mais global, remetendo para todas as dimensões do agir

humano onde a formação contém um significado mais especifico e

mais próximo do processo produtivo. […] Em termos genéricos, a

educação é vista como um processo natural e espontâneo, inerente à

existência humana, e resulta da aquisição cumulativa de saberes e

competências de um sujeito, em situação de contacto com o seu

meio habitual. Também é diversificada, enquanto processo, porque

acontece em todas as idades e tem lugar em múltiplos contextos,

mediante a acção de diversos agentes formativos.

Como afirma Hegarty (1999: 6, citado por Salgado, 2007: 36),

formar é também educar, e vice-versa. Os dois conceitos possuem

características comuns mas a relação entre eles é complexa (…) o

equilíbrio depende de uma linha ténue que se estabelece entre o

desenvolvimento pessoal e a eficiência profissional.

Ao citar Adam Smith, em a Riqueza das Nações, Ramos (2002: 31) destaca a

conveniência de quase toda a população obter os conhecimentos essenciais

(ler, escrever, contar e rudimentos de geografia e mecânica), admitindo a

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dualidade do poder da educação que tanto pode libertar quanto aprisionar,

conforme os processos. No caso da proposta de Smith (Ramos, 2002: 31),

a educação dos trabalhadores pobres teria por função discipliná-los

para a produção, proporcionando à maioria da população somente o

mínimo necessário para fazer do trabalhador um cidadão passivo

que, apesar de tudo, tivesse alguns poucos direitos.

4.2.2 Em torno dos conceitos de Qualificação Profissional e competências

Historicamente, a educação para o trabalho moldou, desde a Revolução

Industrial, os indivíduos a partir da infância, facilitando, assim, o

comprometimento com uma profissão básica e a geração de pouca capacidade

crítica. Contudo, a tendência para a universalização de técnicas básicas entre

as indústrias de ramos diferentes foi exigindo a necessidade do domínio de

conhecimentos e destrezas para que os trabalhadores se pudessem inserir em

qualquer profissão. Desta forma, as escolas passaram a assumir não somente

o papel de socialização, mas também de transmissão do saber técnico, o que

remetia para as escolas não apenas o papel de disciplinar, mas também o de

transmitir o domínio de um ofício (Pacheco, 2005; Maranhão, 2001; Ladkin,

2008; Ramos, 2002; Zarifian, 2003).

O acto de se qualificar estava relacionado com os métodos de análise

ocupacional, referindo-se a relação entre as características do posto de

trabalho e o perfil ocupacional do trabalhador, buscando, desta forma, o tipo de

qualificação que o indivíduo deveria ter para ocupar aquele cargo. Neste

processo, na óptica do posto de trabalho, a qualificação estava relacionada

com o saber acumulado que seria expresso através da execução das tarefas a

ele designadas. Já na óptica do trabalhador, mesmo não apresentando as

qualificações adequadas, poderia vir a obtê-las através de cursos de formação

profissional (Ramos, 2002).

Voltando a Mota (2005, e ainda citando Houais e Villar, 2001), os conceitos de

qualificação e qualificar, no contexto deste trabalho, surgem do seguinte modo:

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1. Qualificação (p. 2345): acto ou efeito de qualificar; conjunto de atributos

que habilitam alguém ao exercício de uma função, cabedal;

2. Qualificar (p. 2345): considerar qualificado, apto, idóneo ou demonstrar

que possui qualidade; indicar a qualidade de, classificar, considerar.

Os conceitos de qualificação e de qualificar estão associados ao de qualidade

e, neste caso, a reunião de qualidades individuais. É preciso estar atento ao

facto de que, quando há referência a um indivíduo qualificado, há uma relação

directa com a educação e/ ou a formação adquirida ao longo da vida e, de uma

forma geral, o diploma (ou certificado) representa o atestado destas

qualificações.

Nesta perspectiva, tal como salienta Yorke e Knight (2003: 7), existe um

conjunto de objectivos – competências, conhecimentos e atributos pessoais –

que torna os graduados mais aptos a empregar-se e a obter sucesso na sua

ocupação, que pode trazer benefícios para eles próprios, para a empresa, para

a comunidade e para a economia.

Assim, Zafarian (2003) define que, enquanto a qualificação envolve os recursos

adquiridos pelo indivíduo por intermédio da formação ou do exercício de

atividades profissionais, tal como o conhecimento, as habilidades e o

comportamento, por exemplo, a competência consiste na utilização prática

desses mesmos recursos.

Em síntese, possuir competência implica ser capaz de mobilizar os próprios

recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações, etc.) para solucionar,

com pertinência e eficácia, uma série de situações (Perrenoud, 2000).

Ainda o mesmo autor, defende que a descrição das competências deve partir

da análise de situações, das acções e, posteriormente, da derivação do

conhecimento. O autor cita o contexto da formação profissional, na qual deve

haver uma análise da situação de trabalho de uma dada profissão e só depois

a elaboração de um referencial de competências, que fixa os objectivos da

formação (Perrenoud, 2000: 20).

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103

A primeira grande crise socioeconómica que atinge o mundo neste século

serve para acentuar os problemas relacionados com o emprego, reafirmando a

importância de o indivíduo reunir competências para se conseguir manter no

emprego ou regressar ao mercado de trabalho em novas funções. As duas

hipóteses educacionais não se encerram apenas nas competências individuais,

mas num conjunto de variáveis internas (controláveis) e externas

(incontroláveis). Diante desta nova conjuntura, o que se pode afirmar é que se

verifica a necessidade do investimento individual em qualificação (e/ou

diferenciais), sendo esta a variável de controlo, de forma a aumentar a própria

empregabilidade (Zafarian, 2003).

Mas o que significa “ser empregável”? Qual a importância da formação

profissional, do desenvolvimento de competências, da experiência e do

desenvolvimento pessoal no âmbito do mercado laboral? Que implicações tem

o currículo no desempenho das funções profissionais?

4.2.3 Educação e Currículo

Os recursos humanos são o centro da prestação dos serviços, pelo que o

preparo dos profissionais para o desempenho das suas funções é fundamental,

na perspectiva da organização, para a qualidade e competitividade e, na

perspectiva pessoal, para o sucesso profissional e, em muitos casos, para a

realização pessoal (Baum, 2001; OMT, 2002)

Neste contexto, é interessante abordar o conceito de capital humano que,

segundo Ostrom (2000), consiste no conhecimento e nas habilidades que os

indivíduos trazem para as suas actividades e é formado, de forma consciente,

através da educação e treinamento e, inconscientemente, através da

experiência. Sendo assim, o capital humano é criado por intermédio da

mudança pessoal através das capacidades e habilidades que possibilitam que

se actue de forma distinta (Coleman, 2000; Fidgeon, 2010).

O conhecimento, as habilidades e o desenvolvimento de competências

ocorrem, informalmente, no decorrer da vida, ao longo das experiências vividas

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104

de cada indivíduo e, formalmente, através do acompanhamento de um projecto

educacional, o que nos remete para a ideia do currículo.

Pacheco (2005) evidencia o conflito e a necessidade de conceituar e distinguir

o currículo e a instrução. Para o autor, o currículo consiste na orientação de

ensino, indicando o que deve ser aprendido. Já a instrução relaciona-se com

aquilo que deveria ser aprendido, correspondendo aos instrumentos e recursos,

através de modelos, métodos e técnicas de instruir.

Em relação aos conceitos de currículo e didáctica, enquanto o currículo está

ligado ao estudo dos processos e práticas pedagógicas institucionalizados, a

didáctica relaciona-se com os estudos dos elementos substantivos e nucleares

do currículo, tais como os objectivos, conteúdos, actividades, recursos,

avaliação. Este esclarecimento torna-se importante, visto que é comum a

associação do currículo ao conteúdo, ao programa dos processos de formação,

bem como a associação da didáctica ao processo de implementação dos

mesmos (Pacheco, 2005).

Ainda o mesmo autor, conclui que o currículo é um termo mais abrangente e

engloba questões institucionais e funções internas, como o quadro normativo

definidor do trabalho dos professores, e as funções externas, a relação da

escola com a sociedade, constituindo, assim, os parâmetros institucionais de

decisão e justificação do projecto educativo. Por outro lado, mesmo

reconhecendo que este é um conceito menos estável, o autor indica que a

didáctica corresponde à planificação, realização e avaliação do processo de

ensino – aprendizagem.

4.2.4 Modelo e desafios da Educação sem fronteiras

No contexto da globalização e, posteriormente, da criação de grandes blocos

económicos, como é o caso da União Europeia, é natural que, numa

determinada altura, os países tenham sentido a necessidade de adaptação de

aspectos importantes do ambiente social, como forma de viabilizar alguns dos

principais objectivos que levaram a esta aproximação. Se a aproximação entre

os países europeus possibilita, por exemplo, maior competitividade no mercado

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105

global, por outro, exige uma série de adaptações por parte dos países

signatários. Princípios como a livre circulação de estudantes e profissionais no

espaço comum europeu necessitaram de reflexão e actuação num contexto

muito mais complexo do que simplesmente eliminar as fronteiras físicas

(Benelux Bologna Secretariat, 2010).

Em 1999, 29 países europeus assinaram a declaração de Bolonha, na qual era

estabelecido como objectivo a estruturação da educação superior europeia, de

forma coerente e coesa, até 2010. Em 2007, após a assinatura do Comunicado

de Londres, 46 países europeus já faziam parte deste processo (Benelux

Bologna Secretariat, 2010: 13).

Na fase do debate intergovernamental, houve convergência e as propostas

tornaram-se muito homogéneas. À medida que houve avanço para os níveis

nacionais e locais, cada país desenvolveu a sua própria legislação adaptada ao

processo de Bolonha, levando em consideração as diferenças e estruturas,

assim como diferenças na realidade social e política (Munar, 2007).

Quando o projecto completou uma década, os ministros europeus na área de

educação reconheceram que o espaço educacional europeu ainda não era

uma realidade totalmente conseguida. Foram, por isso, estabelecidas novas

prioridades para a década seguinte, além de reflectidas as acções realizadas

até então pelos países signatários (Benelux Bologna Secretariat, 2010: 13).

São assinalados progressos decisivos no âmbito da utilização dos créditos

(1998), a evolução para o sistema de ECTS (European Credit Transfer and

Accumulation System) (1999) e, posteriormente, a acumulação desses créditos

ao longo do percurso educativo (2003). Já no que respeita à organização

educacional em ciclos educativos (1998), destaca-se o conceito de educação

ao longo da vida (2001), e o desafio maior que é a estruturação dos Quadros

Nacionais de Qualificação (QNQ) (2009) (European Commission, 2002).

Não é possível, actualmente, abordar a educação superior deixando de lado

esta nova realidade que afecta não somente a relação entre os futuros

profissionais e o mercado, mas também introduz inúmeras e significativas

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106

alterações no ensino em toda a Europa, de forma a torná-los coerentes e

compatíveis e possibilitando, assim, dentre outras coisas, facilitar a mobilidade

docente e discente.

O processo de Bolonha teve o ano de 2010 como prazo final de adaptação dos

cursos e trouxe consigo um conjunto de soluções e vantagens, mas também

críticas relativas à introdução de uma nova realidade nas instituições de ensino

superior e na vida dos estudantes e dos profissionais.

Vale, portanto, destacar que o sistema criado para tornar a rede educacional

transparente e compatível, no âmbito da graduação e da pós-graduação, está

baseado nas habilidades gerais e académicas, conteúdos e conhecimentos

básicos, sistema de acumulação de créditos (ECTS) e nos métodos de ensino,

de aprendizagem, avaliação, desempenho e qualidade (European Commission,

2002: 5-6).

Com “Bolonha”, foi reconhecida a importância do debate dos conceitos de

educação/formação, envolvendo os académicos, os licenciados e os

empregadores, ou seja, a visão da educação/formação sob a perspectiva de

cada um dos envolvidos (European Commission, 2002). É também destacado

neste documento que as contribuições por parte desses diferentes pontos de

vista se complementam umas às outras, permitindo a discussão de

competências académicas e profissionais ajustadas à perspectiva da

empregabilidade, da formação activa da cidadania e do desenvolvimento

pessoal.

A proposta de uma educação “aproximada ao mercado” suscita dúvidas e

problemas, causa ânimo e esperança. Com argumentos a favor e contra no

que diz respeito às propostas de curso, objectivos e filosofias mas desperta,

igualmente, o maior receio provocado pelo termo “globalização”, o receio da

homogeneização, da perda de características próprias, da produção

(educacional) em escala industrial. Em outras palavras, que a educação venha

a ser apenas uma “commodity” (Formica, 1996)

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107

Contudo, esta ideia é refutada por Munar (2007). O autor acredita que estes

novos contornos no ambiente educacional nos remetem para o fenómeno da

globalização, sem, no entanto, serem sinónimos de estandardização, como

evidenciado no ponto de encontro entre o global e o local.

Para ilustrar tal constatação, destaca-se o trabalho da jornalista Carla Aguiar,

ao entrevistar diversos professores ligados a universidades e institutos

politécnicos em diferentes partes do país. O retrato da realidade portuguesa é

que a mudança está a acontecer, mas com uma preocupação maior em

cumprir as metas acordadas em termos de duração e estrutura dos cursos, não

havendo uma reflexão estruturada e global sobre a matéria (Aguiar, 2009).

Em conjunto com a proposta de fazer convergir os projectos educacionais nos

países aderentes, surgiu a necessidade de criar novos instrumentos e

terminologias, como o ECTS - o sistema de acumulação e transferência de

créditos que viabiliza a mobilidade- o suplemento do diploma e a Estrutura de

Qualificação Europeia (EQF), dentre outros instrumentos, como, por exemplo, o

modelo de apresentação curricular denominado Europass5 (Munar, 2007: 75).

Na perspectiva de Sellin (2007: 6, citando o Comunicado de Helsínquia, 2006),

a Comissão Europeia e o Conselho dos Ministros da Educação têm grandes

expectativas em relação ao QEQ (Quadro Europeu de Qualificação),

considerando que exercerá uma acção positiva, por exemplo: no aumento da

mobilidade para formação inicial e fins laborais; no aumento da

comparabilidade das qualificações; no fornecimento de melhores estatísticas

comparativas ao Eurostat6 no campo da educação e formação; no aumento da

transparência dos sistemas de educação, formação e qualificação nacionais;

no aumento da competitividade e da coesão social no espaço comum europeu.

5 Curriculum Vitae com base nas competências e qualificações, num modelo

uniformizado e compreensível em todo espaço europeu http://europass.cedefop.europa.eu/europass/home/hornav/Introduction.csp 6 Serviço Oficial de estatística da União Europeia (http://epp.eurostat.ec.europa.eu/portal/page/portal/about_eurostat/corporate/introduction)

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108

É interessante observar os instrumentos QEQ e ECTS, segundo os seus

objectivos, como forma de compreender a contribuição de cada um deles para

este novo modelo educacional (tabela 6):

Tabela 6

Objectivos do QEQ e dos ECTS

Instrumentos

Objectivos

QEQ

ECTS

Transparência

Maior transparência das

qualificações e

aprendizagem ao longo da

vida

Maior transparência dos

títulos do ensino superior

Promoção do

espaço europeu

Tornar a Europa até 2010

a economia baseada no

conhecimento mais

dinâmica e competitiva

Atractividade

internacional do ensino

superior na Europa

Mobilidade

Explicitamente sem

relação directa nos

documentos analisados

Promoção da mobilidade

estudantil;

Desenvolvimento de

currículos internacionais.

Comparabilidade Comparabilidade das

qualificações

Comparabilidade dos

programas de estudo

Transferibilidade

(transferência,

acumulação)

Transferibilidade das

qualificações

Transferibilidade dos

pontos de crédito

Reconhecimento/

Validação

Reconhecimento e

validação da

aprendizagem não formal

e informal

Facilita o reconhecimento

académico

Cooperação

Promoção da cooperação

e reforço da base de

confiança entre os

respectivos actores

Promoção da cooperação

e da base de confiança

entre os estabelecimentos

de ensino superior

Fonte: adaptado de Dunkel e Le Mouillour, 2008: 207.

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109

Os créditos ECTS representam o volume de trabalho por um ano/semestre

num determinado curso (Dunkel e Le Mouillour, 2008), sendo regulado, por

convenção europeia, que 60 créditos equivalem ao volume de trabalho de um

estudante a tempo inteiro durante um ano lectivo. Noutra perspectiva, cada

crédito ECTS corresponde de 25 a 30 horas de um curso a tempo inteiro que

contabiliza um total de 1500 a 1800 horas anuais. Desta forma, o volume de

trabalho e o tempo de aprendizagem estimado são os dois princípios que

compõem o sistema de créditos (Dunkel e Le Mouillour, 2008: 217).

Por outro lado, Bjornavold e Coles (2007) acreditam que o meio mais adequado

para coordenar os cursos de diferentes países é através dos QNQ. Devido à

importância para o desenvolvimento do QEQ, os QNQ são instrumentos

indispensáveis para a viabilização da política europeia de consolidação do

espaço europeu comum na área da educação, por constituírem um meio de

assegurar a comparabilidade das qualificações nacionais.

Bjornavold e Coles (2007: 228) definem os Quadro de Qualificações como

(…) uma seriação de qualificações de acordo com um conjunto de

critérios de definição dos níveis de aprendizagem alcançados (No

âmbito nacional, um QNQ é considerado) um instrumento concebido

para a classificação de qualificações segundo um conjunto de

critérios para níveis específicos de aprendizagem atingidos, visando

integrar e coordenar os subsistemas nacionais de qualificações e

melhorar a transferência, o acesso, a progressão e a qualidade das

qualificações em relação ao mercado de trabalho e à sociedade civil.

Dentre os principais objectivos dos QNQ, estão (Bjornavold e Coles, 2007: 229,

citando Coles, 2006):

Estabelecer normas de âmbito nacional para os resultados das

aprendizagens (competências);

Fomentar a qualidade da educação e da formação através da regulação;

Funcionar como matriz da correlação entre qualificações;

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110

Promover o acesso à aprendizagem e, no âmbito desta, a transferência

e a progressão.

O QEQ possui oito níveis de qualificações (Tabela 7), especificando, de forma

resumida, características pessoais e profissionais, entre outras. O nível 1

corresponde à conclusão da escolaridade obrigatória, ao passo que o nível

mais elevado, o 8, corresponde à conclusão de uma tese de doutoramento.

Nota-se que o foco é nos resultados de aprendizagem e estes são mensurados

com base nos conhecimentos, aptidões e competências adquiridos (Sellin,

2007: 6).

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Tabela 7

Quadro Europeu de Qualificações

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É importante atentar nos conceitos fundamentais inseridos no QEQ, no qual os

referenciais se baseiam nos conhecimentos teóricos e/ou factuais; as aptidões

podem englobar as cognitivas (pensamento lógico, intuitivo e criativo) e as

práticas (destreza manual e uso de métodos, materiais, ferramentas e

instrumentos; competência, conceito associado ao nível de responsabilidade e

autonomia) (Sellin, 2007: 17).

O QNQ funciona no sentido de garantir os níveis de qualidade, validação e

orientação, através de um ponto de referência nos sistemas de qualificação.

Desta forma, os QNQ são instrumentos para viabilizar a comparabilidade das

qualificações entre sistemas e quadros de referência nacionais e sectoriais. Na

sequência da aprovação e implementação do QEQ, actualmente, os Estados-

membros estão em fase de implementação e consolidação deste instrumento

ao nível nacional.

No âmbito do Estado português, o Sistema Nacional de Qualificações (SNQ)

engloba todas as entidades do sistema de ensino, sobretudo o ensino superior.

Vale destacar a criação da Agência Nacional para a Qualificação (ANQ), em

2007, reunindo as competências da Direcção-Geral de Formação Vocacional

(Ministério da Educação) e do Instituto para a Qualidade na Formação

(Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social) (DGES, 2011).

Considerada a necessidade de adequar o ensino superior português à ordem

educacional definida em Bolonha, foram tomadas medidas legislativas e

políticas que permitiram a realização desta reforma e enquadramento no QNQ

(DGES, 2011). A reestruturação do ensino superior, conforme os parâmetros

estabelecidos em Bolonha, iniciou-se em 2005, ajustando-o à criação do

Espaço Europeu para o Ensino Superior. Posteriormente, foi alterada a Lei de

Bases do Sistema Educativo e definido o quadro genérico de qualificações,

organizado em 3 ciclos de estudo. Este modelo já vigora em Portugal desde

2009/2010. Numa fase seguinte, foram definidos os descritores genéricos de

qualificação, por ciclo, tendo por base as competências adquiridas. Em 2006, o

sistema português de ensino superior foi submetido à avaliação internacional,

do que resultou um relatório com recomendações da OCDE (Organização para

Cooperação e Desenvolvimento Económico), publicado em 2007. Também

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114

neste ano foi apresentado o quadro orientador e os princípios de orientação do

sistema de ensino. (DGES, 2011) (Figura 10).

Figura 10

Desenvolvimentos do Quadro Nacional de Qualificações

no âmbito do Ensino Superior

Fonte: DGES, 2011

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115

Markowitsch e Luomi-Messerer (2007: 47) apontam que a orientação para as

competências surge de uma interpretação incorrecta do QEQ, concentrada no

que os formandos são capazes de fazer e deixando de lado duas outras

variáveis importantes: os saberes e aptidões.

Acerca da hierarquia profissional, a quarta coluna na tabela do QEQ (tabela 7)

descreve as responsabilidades e autonomia nos níveis educacionais, fazendo

referência aos contextos funcionais ou organizacionais e o modo como estes

podem ser identificados no mundo do trabalho (Markowitsch e Luomi-Messerer,

2007).

Em relação à hierarquia da aquisição de aptidões ou desenvolvimento de

competências, o QEQ tem foco nos resultados de aprendizagem, em forma de

indicadores como conhecimentos, aptidões e competências. Apesar de não ser

o objectivo, o QEQ permite a descrição individual de aptidões e competências,

aproximando-o de uma hierarquia de aquisição ou a sua classificação, podendo

esta última ser no nível técnico ou em termos de conteúdo. Entretanto, para a

especificação técnica ou de conteúdos são necessárias análises do ambiente

do trabalho, tal como apresentada no modelo VQTS (sistema de transferência

de qualificações profissionais), no qual são determinadas competências e o seu

desenvolvimento, tomando por base as actividades profissionais investigadas.

Como explicam Markowitsch e Luomi-Messerer (2007: 55 - 57), neste modelo,

desenvolvido no âmbito do projecto Leonardo da Vinci, várias vezes premiado,

“Vocational qualification transfer system” (VQTS), são determinadas

competências e o seu desenvolvimento com base em actividades profissionais

empíricas investigadas. Estas competências e as suas fases de

desenvolvimento são formuladas em relação ao processo de trabalho. Uma

matriz de competências representa as tarefas centrais (domínios de

competência), numa área profissional especial, e a progressão do seu

desenvolvimento (fases de desenvolvimento das competências) de forma

estruturada num quadro. Com a ajuda desta matriz de competências, as fases

de desenvolvimento a atingir, no quadro de uma formação, ou as fases já

percorridas por uma pessoa num determinado momento podem ser

organizadas num perfil de competências. Este instrumento pode ser utilizado,

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116

nomeadamente, para comparar as qualificações entre si e, provavelmente,

também para facilitar a classificação em quadros de qualificação.

O modelo VQTS foi desenvolvido entre 2004 e 2006 e tem como objectivos: a

transferência vocacional de competências; transferir e reconhecer as

competências adquiridas no treinamento vocacional e educacional, assim como

as competências adquiridas no ensino não-formal e informal; desenvolvimento

de qualificações; composição de perfil de trabalho; melhoria da visibilidade das

diferenças das qualificações (VQTS, 2010).

Como parte do modelo VQTS, é proposta a descrição estruturada das

competências, o que inclui a elaboração de uma matriz relativa ao trabalho

numa área ocupacional específica. Esta matriz de competências é elaborada

com base no debate que envolve especialistas da área em questão, na qual

são temas centrais as competências de trabalho para determinados campos

vocacionais (VQTS, 2010).

4.3 Educação Superior em Turismo

Assim como em outras áreas, o profissional de turismo deve reunir um conjunto

de conhecimentos, habilidades e competências específicos para que seja

possível um adequado desempenho das suas funções, sendo que, no caso da

presente investigação, essas funções são as de planeamento turístico. Esta

matéria remete para o principal objectivo desta tese, que é relacionar as

funções de planeamento ensinadas nas Escolas de Ensino Superior em

Portugal com a sua prática nos destinos turísticos, a fim de conhecer os níveis

de interacção efectivamente verificados.

Em relação à área de planeamento turístico, os profissionais com formação

superior em turismo reúnem, teoricamente, as competências técnicas,

cognitivas, sociais e relacionais que traduzem o perfil adequado ao

desempenho das funções que com ele se relacionam (IQF, 2005). Sem

prejuízo disso, é importante reflectir e compreender o contexto em que esse

ensino, de facto, se realiza.

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117

4.3.1 O Turismo como Disciplina Científica

Apesar dos grandes avanços na área de turismo, muitas são os debates em

torno da legitimidade do turismo como disciplina científica. Estes debates

acabam por enveredar por temas como a interdisciplinaridade e

multidisciplinaridade, o que dá margem a muitas das divergências. Grandes

acontecimentos mundiais que afectaram a indústria do turismo também o

evidenciaram, no início do século XXI, ocasionando o que muitos autores

nomeiam de consciência ou interesse público. (Jafari, 2005:1; Hall, Williams e

Lew, 2004, OMT, 2002).

Na década de sessenta do século passado, por exemplo, o turismo vivenciou

um crescimento enquanto objecto de estudo autónomo, matéria de estudo de

diplomação, graduação e pesquisa, impulsionado por factores como o aumento

do número de turistas ao nível global, a partir do final da Segunda Guerra

Mundial; o aumento da oferta turística, que ocasionou a expansão dos serviços

turísticos como companhias aéreas, redes hoteleiras, operadoras de viagem; e

da especialização dos voos comerciais (Airey e Tribe, 2005).

Toda a segunda metade do século XX foi de grande progresso para o turismo,

que hoje se apresenta como uma das principais indústrias mundiais; assume

uma enorme importância ao nível global e o seu rápido desenvolvimento

impulsionou a criação de um corpo doutrinal interdisciplinar que pretende

abordar o turismo no seu planeamento e desenvolvimento, além de nas suas

diversas fases e níveis, sejam estes locais, regionais ou internacionais (Jafari,

2005).

Jafari (2005) afirma que o turismo é hoje considerado por muitos como uma

área legítima e importante para a investigação e que os estudos e debates

acerca do turismo no passado, no presente e no futuro contribuem para um

turismo mais sustentável e sustentado, gerando benefícios para todos os

envolvidos, sejam eles as empresas privadas, agências públicas, os turistas, os

residentes, etc. Numa análise ao processo de evolução do turismo como

ciência, o autor aponta que o turismo possui hoje quase todas as propriedades

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118

e ferramentas geralmente associadas aos campos de investigação mais

desenvolvidos.

Hall et al (2004:28), numa reflexão acerca da revisão da geografia anglo-

saxónica elaborada por Johnston (1991, citado por Hall et al, 2004: 28),

identificam as características essenciais de uma disciplina, a saber:

1. Uma presença bastante firme nas universidades e escolas superiores,

incluindo a nomeação de cargos docentes;

2. Estruturas formais de associações académicas e departamentos

universitários;

3. Vias para publicações académicas, em termos de livros e revistas.

Em analogia ao turismo, Hall et al (2004: 29) concluem que o conjunto de

características referido é, no período actual, amplamente aplicável ao turismo,

em escala global, com expansão significativa nos três itens abordados por

Johnston a partir da década de setenta do século passado.

Existem vários outros autores que validam a ideia de o turismo se configurar e

afirmar como disciplina científica e com características interdisciplinares e

multidisciplinares (Airey e Tribe, 2008, Jafari, 2005; Hall et al, 2004; Tribe, 1997;

OMT, 2002).

Na abordagem discutida por Tribe (1997: 638), no actual contexto de evolução,

expansão e profundidade das investigações em turismo, a sua credibilidade

académica e a sua força nos âmbitos económico, social e político reforçam a

exigência de mais conhecimento e produção de ciência no contexto turístico.

4.3.2 Conteúdos e Competências na área do Turismo

Apesar de o objectivo central desta tese se situar próximo, não é nosso

propósito elaborar uma proposta de modelo curricular para a formação superior

em turismo. De qualquer modo, a literatura e o mercado de trabalho

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119

reconhecem competências fundamentais para o exercício das profissões, pelo

que a sua apresentação e discussão possibilitarão a posterior reflexão acerca

das propostas curriculares dos cursos superiores em turismo com foco na

gestão e planeamento.

As características de multidisciplinaridade e interdisciplinaridade têm marcado

fortemente a forma como os cursos de turismo são estruturados, os tipos de

pesquisa, as características dos professores, a saída profissional, dentre outros.

É muito comum, por exemplo, cursos com perspectivas muito amplas, o que

aumenta o número de opções de saídas profissionais. Por outro lado, essas

opções curriculares diminuem o foco da formação (Hobson, 1995; Hjalager,

2003; Busby, 2003).

O rápido crescimento da oferta de cursos de turismo despertou o interesse

académico nesta área. Investigadores de diferentes disciplinas aplicaram os

seus conhecimentos e metodologias, consubstanciando a característica da

multidisciplinaridade do turismo. Além disso, a própria constituição da

actividade turística estimula que os académicos que se interessam por ela

recorram a mais de uma disciplina de base, o que lhes determina uma

condição de natural interdisciplinaridade (Airey, 2008:43 in Airey e Tribe¸

Hobson, 1995; Mayaka e Akama, 2005; Busby, 2003).

Airey (2008:44) defende que a oferta de cursos de turismo é essencialmente

profissionalizante e orientada para as empresas, facto que justifica a grande

procura dos estudantes por estes cursos. No entanto, o autor evidencia que a

excessiva ligação à prática profissionalizante não irá fornecer mais do que uma

reflexão acerca do mundo do trabalho; um grande distanciamento do sector de

turismo das práticas de investigação e produção de novo conhecimento é um

aspecto negativo para a educação em turismo, pelo que a aposta deverá situar-

se algures num ponto entre estes dois extremos.

Airey e Tribe (2008:58, citando Bums, 1992) destacam as orientações da

educação em turismo voltadas para a necessidade e para o mercado. A

proposta de orientação voltada para a necessidade visa desenvolver o currículo

em turismo no contexto social, cultural e económico do destino no qual está

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120

inserido, levando em conta, também, as necessidades dos estudantes, bem

como da indústria do turismo. Compartilhando desta posição e atentos aos

efeitos da globalização, Lewis e Tribe (citado por Airey e Tribe, 2008: 58)

defendem a necessidade do currículo da educação em turismo reflectir

“singularidade, cultura e história”, ou seja, estar relacionado com a realidade

local.

A dificuldade de entendimento entre os cursos de turismo e as empresas é

evidenciada por desajustes detectados no mercado de trabalho. Muitos

profissionais com formação dentro e fora da área de turismo são recrutados e

só depois treinados nas habilidades específicas que não foram desenvolvidas

nos seus programas de estudo. Esta situação permite que Cooper e Westlake

(1998, citado por Molina e Cervera 2008: 61) concluam que os cursos de

turismo (ou todos aqueles que para ele queiram concorrer) precisam

demonstrar eficiência, flexibilidade e responsabilidade para com os

stakeholders.

Barreto, Tomio, Sgrott e Pimenta (2004) defendem que a academia é um lugar

para reflexão e não deve voltar-se para o aspecto técnico das profissões,

deixando esta condição para os cursos profissionalizantes; na opinião destes

autores, os cursos de turismo devem promover o pensamento crítico e analítico

da actividade turística, proporcionando uma visão sistémica e holística. Sendo

assim, os autores diferenciam as funções na indústria turística e na pesquisa

científica ao referir que

trabalhar ou ser profissional de turismo é desempenhar alguma

função dentro dos vários componentes da oferta turística, prestando

serviços para equipamentos turísticos, ou fazendo parte da

superestrutura jurídica administrativa responsável pelo planejamento,

execução e controle da dita oferta, pela criação de atrativos ou pela

utilização dos existentes, sejam eles naturais ou culturais. Já estudar

turismo é lançar um olhar, a partir de alguma disciplina específica,

sobre o fenômeno turístico e suas implicações, as relações entre o

turista e a população visitada, os impactos da chegada de

contingentes de não residentes no meio ambiente no seu sentido

amplo, que abrange natureza e cultura.

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121

Um outro facto que também pode ser citado é a diversidade de áreas

profissionais de algum modo relacionados com o turismo, as quais, muitas

vezes, se distanciam muito em termos de formação e actuação, como, por

exemplo, o planeador em turismo e um profissional que desenvolva actividade

na área de Alimentos e Bebidas. Muitas instituições de ensino optam por

oferecer um conjunto base de disciplinas e, a partir de uma determinada altura,

convidam à opção por disciplinas da área profissional a seguir. Se estruturada

de forma adequada, esta é uma forma de oferecer a diversidade de propostas

dentro da complexa área do turismo, considerando, também, a viabilidade

financeira dos cursos.

No âmbito mais restrito do objectivo desta tese, deve ter-se em consideração

quais os conhecimentos, habilidades e competências imprescindíveis para um

profissional que desenvolve funções na área de gestão e planeamento turístico.

Antes de confrontar a situação da formação superior nesta área, é pertinente

destacar que o IQF (2005, p.119), analisando a necessidade da criação de

serviços e produtos turísticos integrados, reconhece a necessidade da

existência de uma função no sector de turismo que seja responsável pelo

planeamento, concepção, desenvolvimento e promoção de produtos com

interesse turístico, de forma a incrementar, fomentar e promover o turismo da

região, função essa que deve desenvolver trabalho de forma articulada com as

de outros profissionais de áreas correlacionadas ao turismo. O IQF considerou,

portanto, que a efectivação da gestão e planeamento do turismo ainda carece

de melhor quadro de referência e desenvolvimento.

Para o desempenho desta função, o IQF (2005: 119) defende que o

profissional deve reunir competências como: análise e apreensão dos

mercados (identificação das tendências de evolução do mercado turístico

nacional e internacional, novas motivações, novas necessidades, inovação no

produto, estudo da viabilidade de investimento em novos pacotes turístico);

definição e operacionalização de estratégias de marketing e promoção de

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122

produtos turísticos com reforço das competências em estratégia, marketing e

vendas.

Além disso, o mesmo Instituto complementa que, para actividades relativas ao

desenvolvimento regional, são necessários, ainda, conhecimentos de economia

local, produtos e serviços disponíveis ou a desenvolver, além de marketing,

política ambiental e ordenamento de território. Também fundamentais para a

concepção de produtos turísticos locais e regionais são os conhecimentos em

etnografia, história, cultura, património, ambiente e actividades culturais e

artesanais locais.

No que se refere às competências sociais e relacionais, o profissional deve

possuir capacidade para desempenhar a função de facilitador dos agentes

locais e regionais, dinamizador entre agentes, gestor de parcerias, de

comunicação, dos saberes interpessoais, de cooperação e negociação (IQF,

2005).

Em suma, o IQF (2005: 119) define como competências para o desempenho de

actividades profissionais no âmbito do planeamento e desenvolvimento turístico:

Conhecimentos da actividade turística, suas actividades e tendências de

mercado;

Conhecimentos dos diversos tipos de turismo (rural, ambiental,

gastronómico, cultural,etc.)

Conhecimentos dos diversos produtos turísticos;

Conhecimentos da economia local, regional e nacional;

Conhecimentos de política ambiental e de ordenamento do território;

Conhecimentos de desenvolvimento sustentável;

Conhecimentos de marketing territorial;

Conhecimentos de marketing turístico;

Conhecimentos de etnografia, história, cultura, património, gastronomia

e artesanato;

Conhecimentos em gestão de projectos e análise da sua viabilidade

económica;

Conhecimentos de gestão da procura turística;

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123

Conhecimentos de promoção e divulgação de produtos turísticos;

Capacidades de facilitação, cooperação;

Capacidade de dinamização e gestão de parceiras;

Capacidade de negociação;

Capacidade de comunicação.

Rezende e Castor (2005: 18-19) definem a figura do gestor como uma função

ou um papel e não um cargo ou profissão, e afirmam que as habilidades

requeridas para a função estão compreendidas em três grandes competências:

recursos humanos; serviços, processos ou actividades ou projectos; e recursos

diversos, como, por exemplo, domínio dos aspectos tecnológicos, financeiros,

materiais, gestão do tempo, etc.

As habilidades técnicas podem vir a ser adquiridas na formação do profissional,

através de cursos académicos ou similares, estando estas relacionadas com as

metodologias a serem empregues, as ferramentas e recursos tecnológicos. As

habilidades de serviços são relacionadas com a experiência profissional

adquirida ao longo do desempenho da função, englobando funções de

administração, de processos, procedimentos, idiomas, etc. Já as habilidades

humanas ou relacionais são adquiridas ao longo da vida social e pessoal de

cada indivíduo, da educação, cultura, filosofia de vida e com os

relacionamentos pessoais e corporativos (Rezende e Castor, 2005: 18-19).

O currículo em turismo enfrenta dois desafios fundamentais: a escolha de quais

os aspectos do turismo que serão estudados; e quais os conhecimentos que

serão utilizados para a abordagem destes aspectos (Tribe, 2008a: 79).

Airey e Tribe (2008: 78) definem currículo “como um programa completo de

experiências educacionais, organizadas como um curso de graduação. As suas

partes constituintes envolvem diversos módulos ou disciplinas, os quais, por

sua vez, podem ser especificados como uma série de conteúdos de curso.

Com isso, propõe-se um conceito mais amplo de espaço curricular, para captar

tanto o que é ensinado quanto o que é excluído.

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124

Tribe (2008a: 84), baseado na proposta de diversos autores (Tyler, Eraut, Goad

e Smith, Rowntree, Manwaring e Elton), sugere uma sequência para

elaboração do projecto curricular: estabelecimento do fundamento lógico;

realização da pesquisa de mercado e consultas de mercado; definição dos

propósitos e objectivos; estabelecimento da estrutura modular; selecção dos

módulos; definição dos resultados de aprendizagem por módulos; definição da

estratégia de ensino e aprendizagem; desenvolvimento do sistema de

validação, avaliação, revisão e aperfeiçoamento. Para avaliação, o autor

sugere que sejam respondidas questões relativas à coerência do currículo, à

amplitude, ao equilíbrio, à integração entre os diversos módulos, à progressão

de conteúdos.

Com base num estudo apresentado no Reino Unido, em 2000, no qual são

definidos os padrões de referência para os cursos de turismo, Tribe (2008a: 86

- 87) relaciona as seguintes áreas básicas de estudo: conceitos e

características do turismo como área de estudo académico e aplicado;

natureza e características dos turistas; estrutura e interacções da indústria do

turismo; papel do turismo nas comunidades e ambientes afectados.

Com base nesta proposta, a comunidade académica, com o aval da Quality

Assurance Agency (QAA – Agência de Garantia de Qualidade, para a

Educação Superior), definiu as directrizes de conteúdo para os cursos de

turismo (Airey e Tribe, 2008a: 36).

Tribe (2008a: 86-87) analisa esta abordagem atribuindo-lhe como principal

ponto forte o equilíbrio dos enfoques, não sendo demasiado profissionalizante

ou científico, além do facto de que o conhecimento disciplinar, as comunidades,

os ambientes e a ética terem recebido o devido valor. Como ponto fraco, o

autor destaca que a teoria e a metodologia não estão em primeiro plano, bem

como o risco da limitação da oferta curricular por parte das instituições de

ensino, podendo causar a homogeneização dos cursos.

Tribe (2008b: 90 – 91) desenvolveu uma proposta curricular na área de turismo

que abrange quatro domínios principais: actuação profissional, reflexão

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125

profissional, reflexões sobre cultura geral e acções relativas à cultura geral.

Com esta estrutura, o autor considera que

os profissionais filosóficos seriam graduados que prestariam serviços

eficientes e efetivos em turismo, os quais procurariam entendimento

abrangente do fenómeno turístico enquanto também cumpririam o

papel da gestão para o desenvolvimento de um mundo turístico mais

amplo, no qual esses serviços são prestados. […] Assim, por

exemplo, o marketing de um local de destino ou de uma atração

turística, bem como a gestão de um hotel ou de um restaurante,

envolvem atuações profissionais. Os propósitos e objectivos da

atuação profissional são definidos como preparação para a

efetividade no trabalho. No aspecto da reflexão profissional do

espaço curricular de Tribe, enfatiza-se a reflexão, a avaliação e a

modificação das habilidades e do conhecimento da indústria do

turismo. O desenvolvimento do conhecimento individual ou pessoal é

estimulado, uma vez que se trata do conhecimento desenvolvido com

base na experiencia e na atuação no mundo.

Stergiou (2008: 391) considera que Airey e Tribe contribuíram muito no campo

curricular do turismo, confirmando a natureza profissionalizante da oferta regida,

fundamentalmente, por objectivos empresariais, gerenciais e instrumentais. O

mesmo autor (2008: 391 - 392) acredita haver sólidos argumentos a favor da

educação profissionalizante em turismo, visto que esta atende, pelo menos no

curto prazo, às necessidades dos empregadores, estudantes e educadores; por

outro lado, o autor reconhece a existência de outros factores importantes,

definindo a educação com cunho profissionalizante como imediatista. Neste

contexto, argumenta, ainda, que a educação deve ter uma proposta para

atender às necessidades futuras, ultrapassando a abordagem da prática

profissionalizante rumo a um projecto educacional que estimule a competência

profissional.

De acordo com Tribe (2002c), o profissional filosófico é formado com um

currículo abrangente que atende às necessidades do mercado de trabalho, do

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126

público final e também ao bem-estar económico e social, desempenhando as

suas funções de forma activa e, ao mesmo tempo, agindo de forma crítica.

A proposta resultante da investigação de Stergiou (2008) sustenta-se numa

educação superior em turismo que ultrapasse a proposta de educação para a

indústria e emprego imediato ou se apegue, simplesmente, a factos e

realidades existentes. Assim, a educação em turismo, segundo a sua

perspectiva, deve envolver numa aprendizagem baseada em pesquisa, nas

actividades apoiadas pelos pares, na utilização criteriosa de estudos de caso,

em exercícios e projectos em grupo e trabalhos de conclusão de curso. No

entanto, o autor considera um equívoco que, tratando-se da educação em nível

superior, os elementos profissionalizantes, ensino de habilidades e

desenvolvimento de competências sejam desprezados em detrimento das

exigências individuais e sociais relativas à busca de aprendizagem e

conhecimento para a efectividade do trabalho (Stergiou, 2008: 397).

No que toca à educação em turismo, Munar (2007: 72, citando Airey, 2006)

acredita que o grande crescimento neste sector deve-se a um conjunto de

mudanças estruturais na educação superior, a saber: o contexto do

desenvolvimento da educação vocacional; a compreensão da educação como

forma de manter uma vantagem competitiva; a tomada de consciência, por

parte dos estudantes, do aumento do potencial de empregabilidade, consoante

o seu nível de estudo; um conjunto de políticas que promoveu a competição

entre as instituições de ensino superior; reconhecimento, por parte das

instituições de ensino, de que o curso de turismo é um meio fácil de aumentar o

número de estudantes quando comparado com outros cursos; além do grande

crescimento da actividade turística por todo o mundo.

Salgado (2007:169, citando King, 1994: 271) define que o objectivo do curso

superior de turismo é preparar para uma carreira que começa no nível de

supervisão e progride até ao de gestão e que, entretanto, não prepara

especificamente para um sector do turismo mas para a função de supervisão e

gestão. Na tabela 8, são apresentadas as principais funções dos profissionais

de turismo e respectivos cargos profissionais ocupados no sector público.

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127

Tabela 8

Síntese das figuras profissionais

Subsector Funções Figuras Profissionais

Sector Público Administração Turística Técnico de análise de projectos

Promoção Turística Promotor de turismo

Informação Turística Recepcionista/ técnico de informação

turística

Fonte: Salgado (2007: 197) citando Ferreira (1991: 24-25) (adaptado)

Churchward et al. (2002: 78, citado por Salgado, 2007: 202) examinaram o

conteúdo de cada profissão do turismo, num esforço para determinar a relação

da indústria turística com a formação profissional, tendo identificado que as

áreas de conhecimento mais valorizadas pelos profissionais estão associadas

à gestão do turismo (tabela 9).

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128

Tabela 9

Áreas de conhecimento requeridas no trabalho (por ordem de frequência)

Posição Variável Frequência

N=153

1 Marketing 61

2 Recreio e Lazer 50

3 Negócios e Finanças 42

4 Economia 27

5 Gestão de Recursos Humanos 18

6 Administração Hoteleira 17

7 Planeamento Regional e Urbano 15

8 Educação 14

9 Tecnologias de Informação

Geografia

13

13

10 Transportes 7

11 Sociologia

Psicologia

6

6

12 Antropologia 4

13 Agricultura e Desenvolvimento

Agrário

3

14 Ciência Política

Direito

2

2

15 Ecologia 1

Fonte: Salgado, 2007: 202, citando Churchward et al., 2002:81

Com a finalidade de adequar o ensino em turismo, em Espanha, às exigências

de Bolonha, em especial a mobilidade e a empregabilidade, a ANECA (Agência

Nacional de Evaluación de la Calidad y Acreditación) (2004: 185-205, citado

por Salgado, 2007: 223) desenvolveu um documento intitulado de “Título de

Grado en Turismo”, no qual articula os conteúdos em blocos de matérias que

se relacionam com a lista de competências necessárias para uma graduação

em turismo.

Este documento, pioneiro na transição do modelo anterior ao contexto

acordado com o Tratado de Bolonha, reconhece a diversidade do mercado

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129

laboral em turismo e, portanto, a complexidade que isso implica no âmbito da

formação, ora tendendo ao generalismo, ora tendendo à especialização. No

entanto, o relatório sugere que o mercado pede, de forma crescente,

formações mais especializadas, sendo, contudo, possível encontrar desde

ofertas formativas com primeiros ciclos mais generalistas, seguidos dos

segundos ciclos mais especializados, como o caso da França, até ofertas mais

flexíveis que oferecem uma vasta opção de disciplinas para o aluno seleccionar

o perfil desejado, como o caso do Reino Unido (Aneca, 2004: 59).

A Aneca reconhece, também, a mudança no mercado do turismo, que passa a

valorizar o profissional com formação em gestão e planeamento do turismo e a

considerar estas áreas como de “perfis básicos”. Em outras palavras, considera

que qualquer profissional de turismo deve ter conhecimentos nestas áreas e

afirma que (Aneca, 2004: 67)

por otra parte, es común a todos los perfiles [profissionais] formar un

gestor: gestor de empresas y gestor de planificación (turística o de

actividades o de recursos). Es cierto que el primer perfil ha ido

repitiéndose en los otros planes de estudios y tiene una larga

tradición docente, respaldada por la experiencia de las Diplomaturas

y Licenciaturas de empresariales, mientras que el segundo perfil

queda diluido dentro de numerosos campos del saber y sin práctica

anterior porque es una especialidad que también ha entrado

recientemente en el mundo universitario y laboral.

Uma adequada compreensão das diversas actividades que compõem o turismo,

enquanto um dos principais fenómenos globais, é necessária para o

planeamento curricular e desenvolvimento de curso; por um lado, Airey (2008:

372) acredita que, apesar das tentativas de diferenciação, os currículos dos

cursos de turismo permanecem muito semelhantes. Por outro, Salgado (2007:

298) conclui que

os planos curriculares dos cursos são diversificados, mas,

normalmente, incluem um conjunto de cadeiras nucleares no domínio

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130

da gestão: contabilidade, gestão financeira, gestão comercial,

marketing e gestão de recursos humanos, bem como cadeiras

específicas da área hoteleira: gastronomia, enologia, gestão de

alojamentos, animação turística; legislação do turismo; e inclui

cadeiras de base e/ou complementares, como línguas estrangeiras,

informática, matemática, direito ou economia.

Esta abordagem acaba por confirmar que os cursos de turismo estão inclinados

para o aspecto profissionalizante, ficando isso ainda mais evidente nos cursos

que dedicam períodos para colocação profissional na indústria do turismo

(Airey, 2008: 372).

No caso de Portugal, o turismo possui significativa importância no sistema de

ensino superior, apresentando uma grande diversidade de objectivos e saídas

profissionais dos cursos. Na perspectiva da oferta formativa, Salgado (2007:

343) defende que os planos curriculares devem abordar de forma equilibrada

as Ciências Sociais e as Ciências Empresariais, além das línguas estrangeiras

e do conhecimento em turismo, bem como outras áreas importantes para a

orientação curricular do curso.

4.4 Enquadramento da Formação Superior em Turismo em Portugal

A organização do sistema de ensino no nível superior em Portugal conta com

uma rede de instituições públicas (35) e privadas (94) com um total de 400 mil

alunos, num sistema organizado conforme a figura 11 (DGES, 2011).

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131

Figura 11

Organograma do Sistema de Ensino Superior Português de acordo

com os Princípios de Bolonha.

Fonte: DGES, 2011

Em relação ao nível educacional, aquele que interessa a este estudo e que

será analisado de forma mais aprofundada é a licenciatura, tanto do ensino

politécnico, como universitário. A maioria dos cursos de turismo em Portugal é

oferecida pelos Institutos Politécnicos, através das licenciaturas (1º ciclo) ou

mestrados (2º ciclo), com a possibilidade de vir a cursar os dois ciclos de modo

integrado. O primeiro ciclo apresenta, habitualmente, uma abordagem mais

generalista, enquanto no segundo ciclo são apresentados conteúdos e

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132

desenvolvidas competências de carácter mais especializado (Salgado, Martins

e Gomes, 2011).

Como já foi antes referido, um dos objectivos específicos desta investigação é

a contextualização da formação superior em turismo em Portugal, tendo em

vista a relação entre as funções de planeamento turístico ao nível local com a

formação superior em turismo, de forma a conhecer os níveis de interacção

entre escola - destino, bem como a capacidade de actuação dos profissionais

formados para exercerem funções de planeamento. Desta forma, o que

julgamos necessário reunir e analisar acerca do ensino superior em Portugal é:

1) A forma como está organizado o ensino superior em Portugal – uma

vez que esta informação ajuda a compreender o papel do profissional formado

nestes cursos, situa a pesquisa e contextualiza o ensino superior;

2) A oferta formativa na área de turismo, neste nível de ensino –

identificando geograficamente as instituições de ensino, o plano de estudos,

bem como outras informações relevantes relativas à formação ou saída

profissional.

Da definição dos perfis profissionais em turismo para os quais é exigível

formação de nível superior, destacamos as referências incluídas na tabela 10.

Tabela 10

Perfis Profissionais

Sub-áreas Perfil Subsistema Prescritores dos principais actos

Turismo Técnico de Turismo

(generalista)

Universidade

e Politécnico

Coordenação e operacionalização

de actividades/ operações turísticas

em instituições públicas e privadas

Técnico de Turismo

(especialista)

Universidade

e Politécnico

Concepção, organização e gestão

de operações turísticas

especializadas

Fonte: adaptado de Salgado (2007: 347), citando Gonçalves et. al. (2005: 6).

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133

A crescente oferta dos cursos de turismo pelo mundo, e mais especificamente

em Portugal, surge em resposta à progressiva importância da actividade no

contexto económico. A qualificação dos recursos humanos em turismo surge,

desta forma, como resposta às crescentes necessidades do mercado de

trabalho.

Apesar do reconhecimento da necessidade de novos profissionais qualificados

no mercado, são muitas as dúvidas acerca da sua adequada formação no

contexto educacional e, no caso desta tese, no contexto educacional português

no nível da educação superior em turismo.

Do total de 74 cursos superiores de turismo portugueses (considerando o

ensino público e privado, universitário e politécnico (Direcção-Geral do Ensino

Superior, 2011), foram analisados os cursos que incluíam na saída profissional

o desempenho de actividades nas autarquias, actividades de consultoria,

gestão ou planeamento do turismo. Os cursos analisados foram 33, o que

totaliza 44,6% de toda a oferta formativa do ensino superior.

Do total destas 33 licenciaturas, a maioria integra-se no ensino politécnico

público, sendo certo que todos os subsistemas têm presença neste ensino

sectorial (tabela 11).

Tabela 11

Perfil das Licenciaturas analisadas

Tipo de ensino Público Privado

Universitário 5 3

Politécnico 15 10

Total 20 13

Fonte: Elaboração própria com base na Direcção-Geral do Ensino Superior, 2011

Quanto à localização destes cursos, na região Norte foram identificados 12; na

região Centro, 11; na região do Alentejo, 3; na região de Lisboa e Vale do Tejo,

5; e na região do Algarve foram identificados 2 cursos (Figura 12)

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134

Figura 12

Localização dos Cursos de Turismo analisados

Fonte: Elaboração própria, a partir de dados da DGES, 2011 e websites das

instituições.

As disciplinas mais frequentes para acesso aos cursos analisados são

Português, Geografia, História e Economia (Figura 13)

1 UNIV

1 UNIV

1 POLITEC

2 POLITEC

1 POLITEC

1 UNIV

1 POLITEC

1 UNIV

1 POLITEC

1 POLITEC

3 POLITEC

2 UNIV

3 POLITEC

1 UNIV

6 POLITEC

1 POLITEC

2 POLITEC

1 POLITEC

1 UNIV

2 POLITEC

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135

Figura 13

Disciplinas de acesso aos cursos superiores em Turismo ou Gestão em Turismo

Fonte: Elaboração própria, a partir dos websites das instituições.

Uma análise mais detalhada mostra alguns dados curiosos quando se

consideram o sistema público e privado, isoladamente. No sistema público de

ensino, a disciplina de Geografia é a mais requisitada, seguida do Português,

Economia e História. No ensino particular, a Língua Portuguesa é,

expressivamente, a mais exigida. É seguida de Geografia que, apesar de ser a

segunda disciplina tem, praticamente, a mesma percentagem que no ensino

público. Na verdade, a força dada à Língua Portuguesa como disciplina de

acesso no ensino privado é razão da menor frequência da inclusão de outras

disciplinas, como mostra a Figura 14.

Em termos concretos, as disciplinas mais solicitadas no ensino público, por

ordem de importância são: Geografia, Português, Economia, História,

Matemática e Inglês. Já no ensino privado são: Português, Geografia, História,

Economia, Matemática e Inglês.

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136

Figura 14

Disciplinas de acesso aos cursos superiores em Turismo e Gestão do Turismo, por sistema de ensino (%)

Fonte: Elaboração própria, a partir dos websites das instituições.

Por outro lado, considerando a combinação de três disciplinas, seja no ensino

público ou privado: 33% dos cursos consideram o conjunto de disciplinas

Português/Geografia/História como disciplinas de entrada; 22%

Economia/Português/Geografia. Estes dois grupos representam as disciplinas

de entrada de mais da metade dos cursos analisados (Figura 15).

Estes dados permitem concluir que, no que respeita às condições de ingresso,

e sem prejuízo de outras referências, os cursos possuem uma abordagem mais

voltada para as ciências sociais e humanas, nomeadamente para a Geografia.

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137

Figura 15

Disciplinas de entrada nos cursos superiores de Turismo e Gestão do Turismo (públicos e privados), combinação das disciplinas (%)

Fonte: Elaboração própria, a partir dos websites das instituições.

Para a análise dos planos de estudo destes cursos foi elaborado um

agrupamento das disciplinas, que resultou do seguinte modo: ciências sociais e

humanas; ciências económicas e empresariais; novas tecnologias; idiomas

estrangeiros; turismo – gestão e planeamento; turismo – outras; outras.

Nas ciências sociais e humanas foram incluídas disciplinas como: Geografia,

História, Comunicação, Sociologia, Psicologia. Em ciências económicas e

empresariais, disciplinas como: Gestão, Economia, Recursos Humanos,

Marketing. Nas novas tecnologias foram reunidas disciplinas como: Matemática

e Ciência da Informação. Em idiomas estrangeiros foram considerados todos

os idiomas oferecidos, excepto o Português. A disciplina “Português” foi

considerada no contexto da “Comunicação” e, portanto, em ciências sociais e

humanas. No bloco de disciplinas do “Turismo – Gestão e Planeamento” foram

envolvidas as disciplinas de Gestão, Planeamento, Marketing, Consultoria e

Gestão de Projectos. No grupo das disciplinas de “Turismo – outras” foram

incluídas todas as disciplinas específicas de turismo, mas que não estavam

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138

relacionadas com a área de Gestão e Planeamento do Turismo. Em “outras”

foram incluídas disciplinas ligadas à “Metodologia Científica”, “Estágio

Supervisionado”, disciplinas de Acompanhamento de Monografia, entre outras

que não se enquadravam nas categorias já citadas.

Considerando os planos curriculares da totalidade dos cursos e os grupos

disciplinares antes referidos e constantes na Figura 16, as disciplinas gerais do

Turismo representam 23% do curso e as disciplinas específicas de Gestão e

Planeamento 18%. No entanto, quando consideradas as outras áreas, os

“idiomas estrangeiros” representam 19%; as “ciências económicas e

empresarias” representam 16%; as “ciências sociais e humanas”, 10%; e as

“outras”, 7% (ver figura 16). Observa-se, assim, que o peso das ciências

sociais e humanas é muito maior enquanto disciplinas de acesso,

principalmente quando consideradas em conjunto , do que como parte dos

planos de estudos. Em sentido inverso, os idiomas estrangeiros e as disciplinas

ligadas à Gestão e Planeamento do Turismo e à Economia e Gestão

Empresarial têm maior presença nos planos de estudos do que como disciplina

de acesso a estes cursos.

Figura 16

Áreas que compõem os cursos superiores de Turismo e Gestão do Turismo (Público e Privado/ Universidade e Politécnico) (%)

Fonte: Elaboração própria, a partir dos websites das instituições.

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139

Em termos da análise comparada dos sistemas politécnico e universitário, é

relevante destacar uma maior preponderância no primeiro dos “idiomas

estrangeiros” e das “ciências sociais e humanas”, enquanto que no segundo se

evidenciam as disciplinas gerais do turismo e as de “Turismo – Gestão e

Planeamento” (Figura 17).

Figura 17

Disciplinas que compõem os cursos superiores em Turismo e Gestão em Turismo, por sistema de ensino

Fonte: Elaboração própria, a partir dos websites das instituições.

Verifica-se, assim, que em Portugal os cursos de turismo com saídas

profissionais para a gestão pública e/ou áreas que envolvam gestão e

planeamento do turismo possuem um foco de formação na área de turismo:

gestão e planeamento e nas ciências económicas e empresariais para além de

grupos abrangentes como turismo: outras áreas e idiomas estrangeiros. Estes

dados significam que apesar de as disciplinas de entrada estarem

concentradas na área de “ciências humanas e sociais”, estes cursos possuem

planos de estudos com outras orientações, o que demonstra incoerência, mas

suposta vantagem face às oportunidades e desafios profissionais. Entendendo-

se as razões desta situação, não pode deixar de se evidenciar o potencial de

dificuldades e conflitualidades decorrentes da incoerência entre os perfis de

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140

ingresso dos alunos e a expectativa em relação às competências que lhes são

solicitadas durante o ensino.

4.5 Relação entre o Planeamento e a Formação em Turismo em Portugal

A tendência, nos anos mais recentes, tem ido no sentido de uma maior

aproximação entre os cursos superiores e o mercado. No caso do turismo,

essa aproximação tem-se dado de diversas formas e apresentando vantagens

tanto do lado académico (docentes, discentes e os próprios cursos), como do

lado do mercado (empresas, instituições públicas, privadas, turistas e

comunidade).

Em Portugal, para além de estruturas curriculares e orientações pedagógicas

mais dirigidas às necessidades dos meios empresariais e profissionais, é

possível identificar alguns casos concretos desse novo papel social da

Academia. Um exemplo disso é a Idtour, empresa spin-off da Universidade de

Aveiro que, através das actividades desenvolvidas principalmente no âmbito da

investigação e consultoria (gestão e planeamento do turismo), procuram

fomentar a partilha de conhecimentos entre a sociedade e a universidade (Idtur,

2011).

Outro exemplo é a Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, na qual

foi criado o Centro de Estudos em Turismo (CESTUR), uma associação com o

objectivo de realizar, promover e patrocinar actividades científicas, educativas e

culturais na área de turismo que venham a contribuir no domínio técnico-

científico para o turismo nacional, assim como a organização de formações e

encontros científicos na área de turismo. Através desta actuação fora dos

limites do ensino, a associação pretende agregar valor ao docente e discente

da instituição, além de promover benefícios também para os demais envolvidos

(Cestur, 2011).

Estas situações, dentre outras mais que seria possível destacar em Portugal e

no Mundo, demonstram possibilidades de aproximação entre dois ambientes

que vinham (vêm?) revelando pouca capacidade de diálogo e interacção. De

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141

um lado o meio académico, baseado na reflexão e nos conhecimentos teóricos

e, do outro, o “mundo profissional”, baseado na experiência, na vivência da

realidade. Como em tantas outras situações, o resultado sai fortalecido com a

cooperação mútua e quando a Universidade se aproxima do mercado,

beneficia os seus alunos e o seu corpo docente com a experiência vivida.

Quando o mercado abre as portas para a Universidade, beneficia-se do

conhecimento e ajuda a proporcionar melhor formação para os futuros

profissionais.

Os exemplos acima citados desenvolvem actividades relacionadas com a

gestão e planeamento do turismo, a saber: avaliações de mercado,

certificações de destinos, elaboração de relatórios estatísticos e estudos

analíticos, dentre outras actividades.

Um estudo desenvolvido pelo investigador brasileiro Carlos Silveira procurou

relacionar a formação superior com o planeamento turístico, com recorte na

cidade de Curitiba (Brasil). O autor investigou o contexto dos cursos de turismo,

focando as disciplinas relacionadas com o planeamento do turismo, na

tentativa de definir um perfil dos docentes, dos cursos e das metodologias

utilizadas, bem como conhecer a importância do profissional de turismo no

contexto das actividades do planeamento (Silveira, 2007).

Silveira, Gândara e Medaglia (2008) constatam que o planeamento turístico é

uma das principais saídas profissionais promovidas pelos cursos de turismo no

Brasil. Além de haver mercado profissional nesta área, há uma resposta

académica, uma vez que os cursos de turismo brasileiros possuem a disciplina

de planeamento, mesmo quando esta não é a principal saída profissional do

curso. O facto é justificado pela importância da disciplina para a compreensão

do contexto do turismo.

Outro estudo sobre a temática, intitulado “A municipalização do turismo e a

qualificação dos recursos humanos”, desenvolvido na Escola Superior de

Turismo e Hotelaria (ESTH) da Guarda, no projecto “Observatório Nacional de

Educação em Turismo”, em 2009, produziu uma reflexão interessante no

contexto da relação entre a formação dos profissionais de turismo e a prática

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142

das funções em gestão e planeamento em instituições públicas, ao nível local.

Esta é uma investigação também muito aproximada dos objectivos desta tese,

uma vez que, assim como aqui proposto, relaciona a educação com o

desempenho laboral nas autarquias portuguesas.

Interessa, assim, apresentar os seguintes dados relevantes e transversais com

o tema da presente tese (Salgado et al., 2011: 10-14):

1) Considerando o vínculo contratual com a entidade empregadora, a maior

parte dos recursos humanos da área de turismo nas autarquias

portuguesas (67,8%) possui um contrato de quadro; por outro lado, uma

percentagem significativa (21,5%) possui contratos a termo resolutivos e

4,6% de Estágios Profissionais – uma vez que a maioria dos

funcionários municipais de turismo consta no quadro de efectivos, é

possível deduzir que há uma preocupação com o turismo ao ponto de

manter, no mínimo, 1 funcionário desempenhando funções

especificamente nesta área em, pelo menos, 2/3 dos municípios

respondentes;

2) Em relação à formação académica destes profissionais, 55,6%

possuíam formação superior, dos quais 11% ainda possuía pós-

graduação e 3,3% mestrado. Apesar deste número significativo de

profissionais com formação superior, é de destacar, pela inversa, que o

turismo, em muitas autarquias, tem funções desempenhadas por

profissionais com habilitações ao nível do 12º ano (26,4%);

3) As categorias profissionais correspondem, principalmente, a “Técnico

Superior de Turismo”, “Técnico de Turismo”, “Técnico Profissional de

Turismo”, “Auxiliar Técnico de Turismo”;

4) Relacionando as habilitações académicas com as categorias

profissionais, 72,4% referiram existir correspondência entre as funções e

as habilitações académicas pessoais, enquanto 24,6% afirmaram que

não.

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143

Apesar da importância de compreender a relação entre a formação dos

profissionais e as funções desempenhadas em gestão e planeamento em

turismo, com especial relevo no caso de Portugal, não há estudos

aprofundados que permitam reflectir a complexidade desta área e a diversidade

das funções profissionais por ela requeridas, o que pode implicar directamente

na qualidade do turismo do país.

Os resultados obtidos no estudo citado de Salgado et al (2011) correspondem

à expectativa em termos de profissionalização e qualificação dos serviços

prestados nos municípios. Contudo, é relevante, ainda, aprofundar algumas

questões no âmbito da relação entre a formação académica e as funções

laborais desempenhadas.

4.6 Considerações Finais

A formação superior sofreu recentemente uma reforma importante, no contexto

europeu e nacional. A introdução de novos conceitos como o de educação ao

longo da vida ou de ECTS surgiram no sentido de aproximar a educação

oferecida nos diferentes países da UE e criar bases para a mobilidade.

O receio da uniformização dos cursos não é confirmado e, inclusive, a análise e

reforma espanhola, pioneiras na área do turismo, apontam para sistemas de

ensinos diferentes entre os países, assim como propostas de cursos também

diferentes.

Em relação aos critérios de admissão nos Cursos Superiores em Turismo, em

Portugal, as disciplinas mais exigidas são Português, Geografia e História, o

que concentra a entrada na área das ciências sociais e humanas. Contudo,

quando analisados os planos curriculares dos cursos, verifica-se que estes

estão bastante voltados para as ciências empresarias, uma vez que

aproximadamente 1/3 das disciplinas dos cursos analisados se inserem nas

categorias de “ciências económicas e empresariais” ou “turismo-gestão e

planeamento”. Este facto permite concluir que estes cursos de turismo são

coerentes com as propostas de saída profissional, mas incoerentes em relação

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144

às disciplinas de ingresso, o que cria relevantes dificuldades nos processos de

ensino e aprendizagem. Talvez se possa sugerir uma maior concentração em

disciplinas como Economia, o que apesar de ter alguma relevância como

disciplina de ingresso, é menos solicitada do que a História, o que seria uma

decisão relevante para o percurso académico e para o próprio desempenho

profissional dos diplomados.

Por fim, são apresentados alguns estudos que relacionam o planeamento

turístico com o ensino superior. No caso brasileiro, o estudo realizado junto das

instituições de ensino superior aponta a importância da disciplina que aborda o

“Planeamento do Turismo”, ao ponto de ser obrigatória no plano de estudos,

mesmo nos cursos de turismo em que a saída profissional não inclui a área de

gestão e planeamento.

No caso português, o estudo realizado junto das Câmaras Municipais constata

que os profissionais responsáveis pelo turismo, na sua maioria, possuem

cursos superiores e estes profissionais afirmam que a sua formação está

relacionada com as funções profissionais desempenhas. É esta informação que

se pretende analisar mais aprofundadamente nos capítulos seguintes desta

tese.

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145

Capítulo 5

Metodologia

5.1 Introdução

Uma investigação bem estruturada exige um planeamento dos passos

metodológicos, considerando as opções disponíveis dentro das possibilidades

do investigador. Portanto, a apresentação de um capítulo metodológico é

fundamental para a sistematização das informações, tanto para o próprio

investigador como para um eventual leitor.

Nos capítulos anteriores foram tratados os aspectos teóricos relacionados com

a temática central desta tese. No capítulo 2, foi discutido o Planeamento

Turístico; no capítulo 3, debatido o Planeamento Turístico aplicado à realidade

portuguesa; e no Capítulo 4, a Educação Superior em Turismo. Este corpo

teórico forneceu bases para a elaboração dos questionários aplicados aos

profissionais responsáveis pela gestão e planeamento nos municípios, assim

como os questionários aplicados aos cursos de turismo que formam estes

mesmos profissionais.

Este capítulo tem como principal objectivo descrever os procedimentos

metodológicos utilizados nesta investigação. Serão defendidas as opções da

discussão teórica relacionando-as com a proposta de investigação empírica.

Além disso, serão apresentados os objetivos geral e específicos, o problema e

as hipóteses, as variáveis e os instrumentos de recolha de dados.

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146

5.2 Planeamento da Investigação

Antes de iniciar a discussão metodológica, é interessante revisitar a estrutura

desta tese, que pode ser ilustrada conforme a figura 18:

Figura 18

Estrutura do Processo de Investigação da Tese

Componente Empírica

Análise e discussão dos resultados

Referencial Teórico

Aplicação de questionários

aos responsáveis pelo

turismo nas Câmaras

Municipais das regiões do

Alentejo e Algarve

Aplicação de questionários

aos coordenadores dos

cursos de Turismo que

formam gestores e

planeadores de turismo

Planeamento Turístico Formação Superior em

Turismo

Relação entre o Planeamento

Turístico e a Formação Superior

em Turismo

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147

No referencial teórico foram discutidas duas grandes áreas científicas que,

apesar de muito distantes no contexto académico ou profissional, encontram

convergências em pelo menos um ponto, a relação entre a Formação Superior

com as Funções de Planeamento, o principal objetivo desta tese (Figura 18).

Quando abordámos teoricamente o Planeamento Turístico, realizámos uma

discussão conceptual e teórica de forma a possibilitar o tratamento do principal

ponto de interesse - uma abordagem mais operacional envolvendo as funções

de planeamento.

Na abordagem da outra grande área científica, a Formação Superior em

Turismo, mais uma vez sentimos a necessidade de discutir conceitos relativos

à educação, apresentar alguns modelos vigentes, alguns pontos de vista

acerca das suas vantagens e desvantagens, até chegar à Educação Superior

em Turismo. Apesar de não ambicionarmos uma discussão exaustiva desta

temática, uma vez que tal não se constituiu como um objectivo desta tese,

aquilo que pode ser chamado de contextualização funciona como suporte para

a discussão da Formação Superior em Turismo em Portugal, no contexto dos

cursos que formam os profissionais de gestão e planeamento turístico.

Reconhece-se que não são apresentados estudos exaustivos acerca das duas

temáticas e justifica-se este facto:

1. Por se tratarem de duas grandes áreas temáticas que, pela natureza,

complexidade e quantidade de informações associadas, isoladamente,

representam estudos com conteúdos para teses integrais;

2. A análise exaustiva de cada uma destas áreas temáticas não constitui a

proposta desta investigação que, por isso, se concentrou na discussão

das temáticas associada aos objetivos definidos.

É importante destacar que a natureza da investigação, que envolve dois

questionários distintos e em quantidades diversas, inviabilizou a realização de

análises estatísticas mais aprofundadas. Alguns métodos e técnicas requeriam

um número maior de questionários, algo impossível face ao universo da

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148

pesquisa previamente selecionado, a qual, por sua vez, se relaciona com as

limitações de tempo e recursos financeiros. Pode-se considerar, portanto, a

componente empírica desta investigação como uma base ou piloto para outras

investigações, seja para todo o País seja para outras realidades, o que

permitiria a aplicações de métodos quantitativos mais expressivos.

5.3 A Investigação Científica

O conceito de ciência está alicerçado no rigor da investigação, que só é

possível de ser alcançado através da utilização de métodos, técnicas e

linguagens adequadas, enfatizando características como fiabilidade e

objectividade, que conferem o carácter científico e a validade da investigação

(Gil, 1999; Pardal e Lopes, 2011).

O rigor é determinante para que o conhecimento tenha validade científica, pelo

que a elaboração de uma metodologia de investigação inadequada

compromete os resultados obtidos (Coutinho, 2011; Silvestre e Araújo, 2012;

Freixo, 2011).

Um conhecimento classificado como científico, contudo, não pode ser

necessariamente considerado verdadeiro, uma vez que a ciência tem por base

a probabilidade de ocorrência e não a certeza absoluta. As ciências sociais

(área que inclui o turismo) constituem uma área caracterizada pela

aproximação e não pela precisão, uma vez que têm por base de investigação

as relações humanas (Coutinho, 2011).

Algumas características específicas desta área adicionam alguma

complexidade no que respeita ao rigor científico. Trata-se de uma área

relacionada com o comportamento humano, o que implica na impossibilidade

de prever situações, quantificar fenómenos e, portanto, dificuldade em analisar

e apresentar os dados. Além disso, há a possibilidade de os resultados serem

influenciados pelas perspectivas próprias do investigador (Gil, 1999).

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O processo de conhecimento evoluiu a partir de dois caminhos distintos: o

indutivo, que parte da observação dos fenómenos até formular princípios gerais;

o dedutivo, que parte da formulação e análise dos princípios gerais (teoria) e

reafirma os objectivos até chegar ao caso particular (Almeida: 2006 citando

Dencker, 2000).

De uma forma geral, as etapas de uma investigação são: formulação do

problema; revisão das investigações e literaturas existentes; definição dos

conceitos, variáveis e hipóteses; selecção do método de investigação; coleta

de dados; análise dos dados; elaboração da escrita (Gil, 1999).

A pesquisa científica pode ser classificada de diferentes formas, e dentre elas,

segundo o objectivo empírico, é possível identificar as seguintes tipologias (Gil,

1999; Dencker, 2000):

1. Exploratória, que tem como principal objectivo desenvolver, esclarecer

e modificar conceitos e ideias que irão suportar outras investigações;

pode ser feita através da formulação de problemas mais precisos ou

hipóteses pesquisáveis e é indicada para abordar temas pouco

investigados; utiliza como métodos de recolha de dados o levantamento

bibliográfico, a análise documental, entrevistas não-padronizadas e

estudos de caso; é de baixa dificuldade por, usualmente, não utilizar

técnicas quantitativas de recolha de dados;

2. Descritiva, que apresenta como principal objectivo a descrição das

características de determinada população ou fenómeno, ou mesmo o

estabelecimento de relações entre variáveis; utiliza técnicas

padronizadas de recolha de dados, como o questionário e a observação

sistemática; é comum, também, que este tipo de pesquisa pretenda

analisar características de um determinado grupo ou conhecer a opinião,

atitudes e crenças de uma população;

3. Explicativa, tenta explicar os factores que venham a contribuir ou

determinar a ocorrência dos fenómenos; é classificada como um tipo de

investigação mais aprofundada e complexa, uma vez que tenta explicar

a realidade; é considerada a base do conhecimento científico.

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150

Esta investigação pode ser classificada como um estudo descritivo, na medida

em que pretende tratar a relação entre as variáveis envolvidas (“Formação

Superior em Turismo” e “Planeamento Turístico” nas Câmaras Municipais das

regiões Alentejo e Algarve, Portugal); e, simultaneamente, explicativa, por

tentar identificar factores que contribuem para diagnosticar a realidade do

planeamento turístico local em Portugal.

Além disso, pode ser classificada como investigação aplicada, uma vez que

está voltada para a resolução de um problema prático sem, no entanto,

pretender generalizar os resultados (Coutinho, 2011: 37, citando Charles, 1998;

Wiersma, 1995).

Na investigação em Ciências Sociais podem ser, também, consideradas duas

grandes perspectivas metodológicas, classificadas segundo a obtenção e

tratamento de dados: a quantitativa e a qualitativa. No entanto, o processo de

investigação, por si só, não pode ser considerado quantitativo ou qualitativo,

mas sim os paradigmas adoptados pelo investigador e a natureza do seu

problema (Dencker, 2000).

Coutinho (2011: 24) define a perspectiva quantitativa como uma pesquisa que

tem por base a análise de factos e fenómenos observáveis e a

medição/avaliação de variáveis comportamentais e/ou socioafectivas passíveis

de serem medidas, comparadas e/ou relacionadas no decurso do processo de

investigação empírica. Em termos metodológicos, a autora aponta que esta

perspectiva está baseada no modelo hipotético-dedutivo, na qual o investigador

considera que os problemas sociais possuem soluções objectivas que podem

ser alcançadas com a utilização de métodos científicos.

Esta ideia é sintetizada por Silvestre e Araújo (2012), que definem o enfoque

quantitativo como o método de pesquisa em que a recolha, análise de dados e

teste de hipóteses se baseia em análises estatísticas. Nesta abordagem,

portanto, há um contexto de neutralidade do investigador associado à

objectividade e ao rigor científico, com bases estatísticas, que reconhece na

perspectiva quantitativa uma característica mais científica.

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151

Por outro lado, a perspectiva qualitativa surge em resposta à pretensa

esperança exagerada na objectividade da análise dos indivíduos. Qualquer

investigação não embasada nos preceitos da investigação quantitativa ou na

utilização de instrumentos de recolha e análise de dados com base estatística

pode ser enquadrada como investigação qualitativa. Ou seja, este tipo de

investigação utiliza descrições e observações não-numéricas que não utilizam

os recursos de quantificação e medidas (Pardal e Lopes, 2011; Coutinho, 2011;

Silvestre e Araújo, 2012).

É interessante ter em consideração que os estudos estatísticos são entendidos

como sendo apresentações que tanto podem consistir na simples análise de

dados, por exemplo, através de tabelas de frequências ou como a aplicação de

técnicas de análise muito mais aprofundadas (Pardal e Correia, 2003).

Do ponto de vista da pesquisa qualitativa, mais importante do que o impacte

das técnicas é a relevância dos significados, contrastando, assim, o foco da

generalização dos resultados na pesquisa quantitativa com a evidência da

particularização no caso da pesquisa com base qualitativa (Coutinho, 2011: 27).

5.3.1 As Variáveis de Análise

As variáveis são “atributos que reflectem ou expressam um conceito ou

constructo e pode assumir diferentes valores, opondo-se ao conceito de

‘constante’” (Coutinho, 2011: 67).

Nessa perspectiva dos atributos, no caso desta investigação, as variáveis

consideradas são: o “Planeamento Turístico”, a variável dependente (principal

fenómeno a ser analisado); e a “Formação Superior em Turismo”, a variável

independente. Pretende-se conhecer a relação entre a “Formação Superior em

Turismo” e o “Planeamento Turístico”, ou seja, relacionar aspectos da formação

do profissional de turismo com as funções de planeamento nas Câmaras

Municipais. Pretende-se relacionar a variável dependente, o “Planeamento

Turístico”, com a variável independente, a “Formação Superior em Turismo”, a

fim de conhecer o grau de interacção entre elas.

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152

Em relação a cada uma das variáveis, pretende-se:

1. Formação Superior em Turismo: conhecer se o técnico de turismo

tem, ou não, formação superior em turismo; conhecer características do

curso de turismo frequentado;

2. Planeamento Turístico: identificar as funções desempenhadas no

âmbito das Câmaras Municipais.

No que se refere à classificação das variáveis, estas podem ser classificadas

como escala (Pestana e Gageiro, 2008: 36-37):

1. Nominal (atributos ou qualidades – categorização de elementos);

2. Ordinal (referente a diferentes graus do mesmo atributo, diferenciando

apenas em termos de graus, mas respeitando uma ordem);

3. De intervalo (utiliza os números para classificar elementos, de forma a

que diferença entre os números corresponda à diferença nas

quantidades do atributo medido e sendo o zero um valor arbitrário e sem

indicação de ausência do atributo);

4. De rácio (difere da anterior porque o zero, neste caso, representa a

ausência do atributo).

Os autores afirmam que as variáveis nominais e ordinais são classificadas

como qualitativas, enquanto as variáveis de intervalo e de rácio são de

natureza quantitativa. A variável dependente “Planeamento Turístico” e a

variável independente, a “Formação Superior em Turismo”, são nominais e,

portanto, podem ser consideradas como de natureza qualitativa.

5.3.2 A Problemática que define os Objectivos e a Hipóteses

O problema consiste na situação a ser analisada e pode ser traduzido naquilo

que é chamado de pergunta de partida, ou mesmo através do objectivo geral.

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A função da determinação de ambos é a orientação da investigação, dando

coerência, foco e delimitando o estudo (Silvestre e Araújo, 2012; Coutinho,

2011).

Esta investigação pretende analisar a coerência entre a formação superior do

profissional de turismo e as funções de planeamento turístico ao nível local,

tendo como situação problemática a relação existente neste domínio, ou a falta

dela, nos profissionais que exercem as funções de planeamento nos

municípios portugueses. Portanto, o objectivo geral é relacionar as funções de

planeamento turístico ao nível local com a formação superior em turismo em

Portugal, de forma a conhecer a coerência entre a formação e a actuação no

mercado laboral.

Esse mesmo objetivo geral, com conotação de situação problemática, pode

constituir a pergunta de investigação, que norteia toda a pesquisa que é

desenvolvida: Existe relação entre as funções de planeamento em turismo

nos municípios portugueses e a formação dos profissionais técnicos que

actuam no planeamento do turismo nestes mesmos municípios?

É importante referir que esta investigação pretende analisar a capacidade de

actuação tendo por base a formação em turismo. É evidente que muitos

profissionais possuem condições de desempenhar estas funções tendo

adquirido os conhecimentos, habilidades e competências necessários em

outros cursos e/ou através de experiências profissionais, mas estas situações

não serão consideradas.

Como objetivos específicos que possibilitam o alcance do objectivo geral,

foram definidos:

1. Analisar as principais funções desempenhadas ao nível do planeamento

turístico (Capítulo 2);

2. Contextualizar o planeamento turístico português, identificando e

analisando os pontos relevantes das políticas públicas e de gestão,

planeamento turístico e ordenamento territorial que se encontrem

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associados ou interfiram na efectivação do planeamento ao nível local

(Capítulo 3);

3. Contextualizar a formação superior em turismo em Portugal (Capítulo 4);

4. Identificar os principais aspectos teóricos, práticos e metodológicos da

formação superior em turismo, destacando os aspectos relativos ao

desenvolvimento pessoal, bem como as necessidades sociais e de

mercado que interferem na prática do planeamento turístico municipal

(Capítulo 6).

A investigação tem recorte geográfico em Portugal Continental, centrando-se

na análise dos municípios portugueses localizados nas regiões do Alentejo e

Algarve. Por outro lado, serão analisados todos os cursos de formação superior

em turismo com saídas profissionais para área da gestão e planeamento

turístico.

Considerando as variáveis “Formação Superior em Turismo” (X) e

“Planeamento Turístico” (Y) é possível determinar as hipóteses, (Silvestre e

Araújo, 2012):

H1, onde X influencia Y:

H1 A Educação Superior em Turismo está relacionada com o desempenho

das funções do Planeamento Turístico, no âmbito local.

Além desta hipótese principal, são ainda consideradas:

H2 A disciplina de planeamento turístico utiliza métodos de ensino

compostos por mais aspectos teóricos do que práticos.

H3 Não existe grande aproximação entre os cursos de turismo e os

organismos públicos responsáveis pela gestão e planeamento

local/regional do turismo em Portugal.

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H4 Não há um significativo envolvimento dos cursos de turismo com os

organismos locais através do desenvolvimento de actividades práticas de

gestão e planeamento no nível local.

H5 Os profissionais responsáveis pelo planeamento turístico nas

Câmaras dos Municípios do Alentejo e Algarve possuem pouca

experiência na área em que actuam.

H6 A maior parte dos profissionais que desempenham funções de

planeamento turístico possui licenciatura.

H7 Durante a formação dos profissionais responsáveis pelo planeamento

turístico, as atividades práticas desenvolvidas estão mais relacionadas

com a elaboração de planos turísticos ou de marketing.

H8 Nos municípios das regiões do Alentejo e Algarve o turismo é gerido

através de organismos/secretarias conjuntos com outras áreas.

5.4 Universo e Amostragem

Em termos gerais, reconhece-se que o método de selecção de uma amostra

pode seguir um princípio aleatório (probabilístico) ou dirigido (não-

probabilístico). As principais diferenças entre estes dois métodos incidem nos

custos, no tempo necessário e na precisão dos resultados (Reis et. al, 2008:

39).

O primeiro método apresenta maior vantagem em termos de confiabilidade dos

resultados obtidos, mas também desvantagens como a necessidade de mais

recursos(tempo e dinheiro), bem como a dificuldade na obtenção das listagens

de base para definição da amostra. Outro factor negativo a referir é o risco de

uma alta taxa de não-respostas, que acaba por determinar a necessidade de

novas tentativas de resposta, facto que encarece ainda mais o processo de

investigação (Reis et. al, 2008: 39).

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O segundo método não permite a generalização dos resultados da investigação

mas tem, no entanto, a vantagem de reduzir o custo e o tempo necessário para

aplicação. Este método configura-se adequado em estudos em que: se pratica

uma primeira experiência ou primeira fase de um estudo mais alargado; a

maior preocupação é aperfeiçoar um questionário; ou quando é impossível

utilizar qualquer tipo de amostragem aleatória (Reis et. al, 2008: 39).

No caso desta tese, a problemática da definição do objecto de estudo limitou-

se ao domínio territorial de aplicação, isto é, à escolha entre a totalidade dos

municípios portugueses ou apenas algumas regiões. Como já antes referido,

devido a limitações de tempo e recursos financeiros a opção recaiu sobre duas

regiões: Algarve e Alentejo.

Se admitirmos que este tese poderia ser aplicável a Portugal como um todo,

pode-se considerar que a decisão pela análise destas duas regiões ocorreu de

forma não-probabilística intencional; no caso do Algarve, devido ao facto de

constituir a principal região receptora de turistas do país; já o Alentejo foi

seleccionado por ser uma região que, apesar de apresentar um relativo baixo

fluxo turístico actual vem desenvolvendo um interessante trabalho na gestão do

turismo regional e demonstra um elevado potencial de crescimento da procura.

Conclui-se, assim, que são regiões turísticas fortemente contrastadas entre si,

o que é uma vantagem para a validação dos resultados, para além de servirem

a conveniência de uma razoável proximidade em relação à residência da

autora.

Considerando apenas as regiões analisadas, foram aplicados questionários na

totalidade dos municípios, não sendo, portanto, utilizado qualquer método de

amostragem neste domínio.

As unidades estatísticas a serem utilizadas são os indivíduos responsáveis

pela gestão e planeamento turístico dos municípios localizados nas regiões

turísticas do Alentejo e Algarve.

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157

5.5 Instrumentos de Recolha de Dados

Fortin (2003) define que os instrumentos de recolha de dados associados à

investigação qualitativa são a observação, a entrevista e o registo, o que leva a

considerar que os outros instrumentos de recolha de informações podem

determinar a sua classificação como quantitativa.

As opiniões sobre esta matéria são diversas, mas têm evoluído no sentido de

se considerar que, nas ciências sociais, têm predominado as investigações em

que se utiliza uma combinação dos métodos quantitativo e qualitativo (Coutinho,

2011; Freixo, 2011; Pardal e Lopes, 2011).

Destacamos a observação de Pardal e Lopes (2011: 22), quando afirmam que

a investigação qualitativa não deixa de o ser por usar dados

numéricos e socorrer-se da matemática no seu trabalho. O simples

uso de dados quantitativos não justifica a associação de uma

qualquer investigação a investigação quantitativa. É o quadro de

análise e o modelo de leitura da informação, mais do que qualquer

técnica, que melhor permite a caracterização de uma investigação.

A tabela 12, apesar de não exaustiva, reúne as principais diferenças entre os

dois tipos de investigação.

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158

Tabela 12

Comparação entre a investigação quantitativa e qualitativa

Quantitativa Qualitativa

Preocupação com a explicação causal de

fenómenos

Preocupação com a compreensão dos

acontecimentos. Valorização dos

significados.

Ênfase em modelos matemáticos na

recolha e tratamento dos dados

Diversidade de modelos de recolha e

tratamento dos dados, incluindo

quantificação

Ênfase no produto da investigação Ênfase no processo de investigação

Objectividade: distanciamento do objeto

de estudo

Subjectividade: compreensão do

fenómeno

Preocupação com a neutralidade Valorização da sensibilidade do

investigador

Amostra probabilística Amostra não-probabilística

Amostra representativa Amostra não representativa

Abordagem superficial Abordagem aprofundada

Análise estatística Análise de conteúdo

Fonte: Fontin, 2003; Pardal e Lopes, 2011: 26; Dencker, 2000

A figura 19 evidencia um modelo de investigação desenvolvido de forma

qualitativa. É importante destacar o conjunto de instrumentos de recolha de

dados e, no que respeita à análise, apesar de prever a redução dos dados,

categorização e teste de hipóteses, ainda assim, deve ser classificado como

um estudo qualitativo. Coutinho (2011:191) sugere, portanto, nesta figura, o

conjunto de fases que orientam uma pesquisa de natureza qualitativa.

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159

ANÁLISE DE DADOS

Redução dos dados

Organização dos dados

Categorização

PLANO DE TRABALHO

Sujeitos

Local

Duração

HIPÓTESES DE TRABALHO

Problema a deslindar

Questões a investigar

Gerar teorias

RECOLHA DE DADOS

Entrevistas

Relatos orais

Observação

Figura 19

Desenvolvimento de um plano qualitativo

Fonte: Coutinho (2011:191 adaptado de Wiersma, 1995:218).

Segundo os autores consultados, a tese que agora apresentamos pode ser

classificada como um estudo quantitativo. Primeiro, pelo instrumento de recolha

de dados seleccionado, o questionário. Segundo, porque, apesar da

impossibilidade de utilizar técnicas estatísticas mais avançadas, foi utilizada a

criação de tabelas de frequências e a apresentação gráfica com percentagens

de resposta, por exemplo.

A utilização de bases estatísticas mais avançadas para a análise dos dados

somente seria possível com a aplicação de um número maior de questionários,

o que não foi o caso desta investigação. Assim, utilizou-se a recolha de dados

através de questionário, realizando, depois, a tabulação e a apresentação dos

dados, sobretudo, com base nas percentagens das respostas e respectivos

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160

gráficos. Desta forma, não se trata de uma análise puramente subjectiva e de

base não-numérica, apenas não foi possível utilizar outros métodos estatísticos

de análise.

Por possuir perguntas abertas e fechadas, transcorrendo pelo método de

análise qualitativa e quantitativa, pode-se considerar que esta tese se baseia

numa abordagem mista.

5.5.1 Instrumento de Recolha de Dados: o Questionário

O instrumento de recolha de dados deve ser selecionado na dependência dos

objetivos de cada investigação. Entre os principais instrumentos de recolha de

dados nas Ciências Sociais encontram-se (Fontin, 2003; Silvestre e Araújo,

2012; Dencker, 2000):

Inquérito por entrevista, que consiste num processo de interacção

onde uma ou mais pessoais assumem o papel de entrevistador (lendo

as perguntas) e uma, ou mais, o papel de entrevistados, apresentando

as perguntas um grau de estruturação previamente definida, a fim de

obter informações de pesquisa. Pode ser realizada face a face ou por

telefone, sendo esta última menos dispendiosa, porém mais impessoal.

Formulário, que consiste no controlo da observação, relacionando os

elementos a serem observados e efectuando o registo.

Inquérito por questionário, instrumento respondido pelos entrevistados

que reúne questões sistemáticas e ordenadas, envolvendo as variáveis

de investigação. Neste tipo de inquérito, são os entrevistados que leem

as questões e escrevem as respostas.

A tabela 13 apresenta as principais vantagens e desvantagens das entrevistas

e dos questionários:

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161

Tabela 13

Vantagens e Desvantagens das Entrevistas e Questionários

Instrumentos de recolha

de dados

Vantagens Desvantagens

Questionário Pode ser aplicado a um

grande número de pessoas;

Anonimato;

Uniformidade das respostas,

o que facilita a tabulação e

análise dos dados;

Possibilidade de analisar

informações objectivas e

subjectivas;

Mais baratos do que as

entrevistas;

Pode cobrir uma grande área,

uma vez que pode ser

enviado pelo correio.

Baixa taxa de respostas;

Perguntas pré-estabelecidas

e sem possibilidade de

flexibilização.

Entrevista Maior flexibilidade na

formulação de questões;

Adequação das questões ao

indivíduo;

Taxas de respostas mais

elevadas.

Mais dispendiosas;

Necessidade de mais tempo

para recolha e análise de

dados;

Necessidade de

competências específicas

para a aplicação;

Dificuldade em comparar as

entrevistas.

Fontes: Fontin, 2003, Denker, 2000; Silvestre e Araújo, 2012.

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162

Optou-se pela utilização do questionário enviado através de correio electrónico,

uma vez que o número de Instituições de Ensino e de Câmaras Municipais é

grande e disperso. Esta opção também reduz o tempo necessário para a

recolha dos dados, assim com o custo desta fase da investigação.

Por outro lado, a desvantagem da baixa taxa de respostas foi neutralizada por

acções específicas associadas ao envio do questionário por correio electrónico,

como as ligações telefónicas directamente aos destinatários bem como, no

caso das Câmaras Municipais, visita aos stands dos municípios na Bolsa de

Turismo de Lisboa (2012). Ambos os questionários tiveram períodos de

aplicação de Novembro de 2011 a Abril de 2012.

Como o questionário foi o instrumento de recolha de dados utilizado nesta

investigação, este será abordado de forma mais aprofundada neste capítulo.

Num questionário, é possível elaborar diferentes tipos de perguntas (Dencker,

2000; Fontin, 2003): fechadas, ou com alternativas fixas, quando as respostas

são limitadas às alternativas apresentadas; abertas, quando o entrevistado tem

a liberdade de responder como desejar; semi-abertas, quando dispõe de

perguntas fechadas mas com a opções de resposta aberta.

Dentro dos modelos de perguntas fechadas, podem ser consideradas (Dencker,

2000; Fontin, 2003):

Dicotómicas, na qual é respondido “sim” ou “não”;

Escolha múltipla, na qual podem ser seleccionadas uma série de

respostas;

Perguntas encadeadas, ou pergunta-filtro, quando a resposta da

questão seguinte está condicionada à questão anterior;

Perguntas com escala, que pretende medir graus como, por exemplo,

os graus de satisfação.

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163

A tabulação dos dados é realizada segundo o tipo de resposta dada, podendo

ser (Dencker, 2000; Fontin, 2003):

Tabulação simples, quando só há uma possibilidade de resposta;

Tabulação de respostas múltiplas, na qual é possível indicar mais do

que uma resposta à pergunta;

Tabulação de perguntas encadeadas, onde a primeira pergunta é feita

de forma generalizada, mas a segunda somente a um grupo específico e

a análise é feita em função das duas perguntas;

Tabulação de perguntas em aberto, na qual as respostas são feitas de

forma livre e, para análise, devem ser categorizadas e tabuladas de

forma simples ou múltipla;

Perguntas com escalas, estabelecer uma pontuação que permita

avaliar a resposta de forma numérica, como, por exemplo, a escala de

Likert;

Tabulação por grupos separados, através da separação da amostra

em grupos com características semelhantes e relevantes;

Tabulação electrónica, recorrendo à utilização de programas

estatísticos.

Uma vez que utilizámos a escala de Likert, é importante esclarecer que esta

consiste na proposição de opções de resposta com igual número de

possibilidades positivas e negativas e uma opção neutra, atribuindo,

posteriormente, um valor a cada opção de resposta. Às respostas positivas são

atribuídos valores maiores do que às respostas negativas. Ao obter as

respostas, deverão ser somados os valores obtidos e analisados os resultados.

(Fontin, 2003).

Uma vez que o objectivo principal desta tese é relacionar a “Formação Superior

em Turismo” com as funções de “Planeamento Turístico” ao nível local, de

forma a conhecer os níveis de interacção entre Escola - Destino, bem como a

capacidade de actuação dos profissionais formados para exercerem funções

de planeamento, foi necessário recolher informações sobre o Ensino Superior

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164

em Turismo (Q1) e das práticas das funções de Planeamento no âmbito das

Câmaras Municipais (Q2).

Q1: Questionário aplicado aos responsáveis pelos Cursos de Turismo

(Anexo 1)

O questionário 1 foi aplicado junto das instituições de ensino superior que

oferecem cursos de turismo que, entre as saídas profissionais, tenham

explicitado o profissional de planeamento turístico.

A lista disponibilizada no sítio Internet da Direcção-Geral do Ensino Superior

(2011) reúne um total de 74 cursos de turismo. Desse total, foram contactados

os coordenadores de 33 cursos de turismo com base na requisito “saída

profissional para desempenho de funções de planeamento turístico”.

O questionário tem como principal objectivo recolher informações sobre o

conteúdo e a metodologia de ensino associado ao Planeamento Turístico, para

que este seja relacionado com as informações obtidas no questionário 2

(aplicado às Câmaras Municipais de Turismo).

O questionário é composto por 9 perguntas, dentre as quais:

2 são fechadas com resposta única;

4 são fechadas com respostas dicotómicas mas com possibilidade de

explicitar o porquê de responder “sim” e incluindo a possibilidade de

listar “outras”;

1 pergunta é fechada com respostas múltiplas;

e 2 perguntas são abertas.

A pergunta 1 (No curso superior em turismo oferecido na sua instituição

de ensino, a disciplina de planeamento turístico utiliza métodos de ensino

compostos por) pretende conhecer de que forma os conteúdos da disciplina

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165

de Planeamento Turístico são ensinados no âmbito do curso de turismo em

questão. Trata-se de uma pergunta de escolha única, fechada mas com

conteúdo escalar, em que as opções são: Somente por aspectos teóricos; Mais

aspectos teóricos do que práticos; Equitativamente aspectos teóricos e práticos;

Mais aspectos práticos do que teóricos; Somente aspectos práticos.

Esta pergunta também procura responder à H2 A disciplina de planeamento

turístico utiliza métodos de ensino compostos por mais aspectos teóricos

do que práticos.

A pergunta 2 (Quais as actividades práticas em planeamento turístico

realizadas no âmbito do curso de turismo oferecido na instituição em que

trabalha?) é classificada como fechada de múltipla escolha e pretende

identificar se algumas funções do planeamento turístico são praticadas no

âmbito do ensino superior em turismo. Esta questão é, posteriormente,

relacionada com as funções desempenhadas pelos planeadores, conforme

será explicitado mais adiante. Entre as opções de respostas, encontram-se

aquelas identificadas na revisão da literatura, além da opção aberta para definir

“outras”:

1. Elaboração de inventário turístico;

2. Elaboração de planos de marketing;

3. Elaboração de diagnósticos e prognósticos;

4. Elaboração de planos de desenvolvimento turístico;

5. Estudo de viabilidade de produtos turísticos;

6. Análise de tendências de mercado;

7. Actividades de sensibilização e/ou consciencialização da comunidade

com relação ao turismo;

8. Processo de envolvimento da comunidade e do sector privado;

9. Apoio técnico aos municípios ou regiões de turismo na área de gestão e

planeamento do turismo;

10. Implementação do plano de desenvolvimento do turismo;

11. Controlo e avaliação do plano de desenvolvimento do turismo.

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166

A pergunta 3 (Classifique os conteúdos a seguir, de acordo com a

realidade encontrada no seu curso. A depender da forma como o

conteúdo for leccionado, marque: 1 - somente com bases teóricas; 2 -

mais com base teórica do que prática; 3 - equilíbrio entre a componente

teórica e a prática; 4 - mais prático do que teórico; 5 - somente teórico.

Caso o conteúdo não seja leccionado no seu curso, marque 0 – não se

aplica) trata-se de uma pergunta fechada com resposta única. Com esta

pergunta, pretende-se compreender se os conteúdos identificados como

fundamentais, identificados na revisão da literatura, possuem uma abordagem

mais teórica ou prática.

É interessante perceber que, apesar de esta questão ser apresentada como

uma única questão, ela solicita uma classificação (resposta única) graduada de

um conjunto de conteúdos associados à disciplina.

As perguntas de 4 a 7 são fechadas e dicotómicas, com opção de resposta

aberta, em caso de a resposta ser positiva.

A pergunta 4 (Existem parcerias estabelecidas entre o curso de turismo

que coordena e algumas entidades locais ou regionais de turismo,

públicas ou privadas, por exemplo no âmbito de Protocolos para estágios

relacionados com actividades em gestão e planeamento do turismo?) tem

como objectivo identificar se existe algum tipo de ligação entre o curso de

turismo e as instituições que desenvolvem actividade no mercado turístico.

Também é objectivo desta questão confirmar ou não a hipótese H3 Não existe

grande aproximação entre os cursos de turismo e os organismos

públicos responsáveis pela gestão e planeamento local/regional do

turismo em Portugal.

A pergunta 5 (É desenvolvida, através do curso de turismo que coordena,

alguma actividade de âmbito aplicado no domínio da gestão e

planeamento do turismo para um município, região ou país?) procura

conhecer se o curso desempenha alguma actividade prática de planeamento, o

que indica uma maior ou menor aproximação do curso ao mercado. Essa

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167

questão também tem como objectivo testar a hipótese H4 Há pouco

desenvolvimento de atividades práticas de gestão e planeamento no nível

local por parte dos cursos de turismo.

A pergunta 6 (É desenvolvida, através do curso de turismo da sua

instituição de ensino, alguma actividade junto com a comunidade?) tem

como objectivo conhecer a interacção do curso de turismo com a comunidade.

A pergunta 7 (Existe algum factor diferenciador no curso que coordena em

relação aos demais que conhece?) foi realizada no intuito de obter alguma

característica ou actividade do curso de turismo em questão com relação aos

demais cursos.

As perguntas 8 e 9 são perguntas abertas. A pergunta 8 (Relativamente à

formação dos profissionais de planeamento turístico, de uma forma geral,

qual (is) o(s) ponto(s) fraco(s) da formação oferecida nos cursos

superiores em turismo?) procura conhecer os pontos fracos da formação dos

cursos de turismo, de uma forma geral, enquanto que a pergunta 9

(Relativamente à formação dos profissionais de planeamento turístico, de

uma forma geral, qual (is) o(s) ponto(s) forte(s) da formação oferecida nos

cursos superiores em turismo?) procura saber os pontos fortes. Estas

perguntas foram realizadas a fim de complementar as informações sobre o

perfil dos cursos de turismo, sob a perspectiva daqueles que os estão a gerir.

Q2: Questionário aplicado aos Responsáveis pela Gestão e Planeamento

do Turismo nas Câmaras Municipais (Anexo 2)

O questionário 2 foi aplicado aos responsáveis pela gestão e planeamento do

turismo nas Câmaras Municipais. Foi feito um levantamento dos emails,

através do site da Associação Nacional dos Municípios Portugueses e,

posteriormente, no site de cada município o email do órgão/departamento

responsável pelo turismo.

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Na região do Alentejo foram contactados, por correio electrónico, 58 municípios.

Na região do Algarve foram contactados 16 municípios. Um dos municípios

declarou não possuir responsável técnico pelo planeamento turístico, pelo que

apenas foi possível considerar um total de 15 municípios algarvios. Através do

Q2 foi possível recolher informações para: conhecer as principais funções de

planeamento desempenhadas no âmbito das funções profissionais; conhecer o

perfil académico e profissional do técnico responsável pelo planeamento

turístico; recolher informações para, posteriormente, relacionar as funções

desempenhadas pelo técnico responsável com a Formação Superior em

Turismo que, em Portugal, forma estes quadros profissionais com as propostas

formativas nesta área.

O Q2 está dividido em duas partes: a primeira procura reunir informações

pessoais acerca do profissional, enquanto a segunda foca os aspectos relativos

ao desempenho da actividade laboral.

A primeira parte é composta por 6 questões, das quais 3 são abertas e 3 são

fechadas, sendo que 2 são de resposta com alternativa única e 1 de múltiplas

alternativas.

A questão 1 pede para identificar o sexo (questão dicotómica de escolha única:

feminino ou masculino) e a questão 2 a idade do técnico respondente do

inquérito (questão aberta mas que, na tabulação, foi agrupada).

A questão 3 (Quantos anos de experiência profissional possui na área de

gestão e planeamento do turismo?), pergunta fechada de única escola,

pretendia conhecer o tempo de experiência dos profissionais técnicos afectos

nas Câmaras Municipais. As opções de resposta foram: menos de 1 ano; de 1

a 5 anos; de 5 a 10 anos; mais de 10 anos.

As questões 4 e 5 são abertas e buscam identificar o grau de instrução dos

entrevistados (questão 4), assim como a instituição onde esse grau foi

conferido (questão 5). Na tabulação, estas respostas foram agrupadas.

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169

A questão 6 (Das actividades abaixo listadas, marque todas as opções que

foram desenvolvidas durante a sua formação superior) é fechada, de

múltipla escolha e com opção de resposta aberta. Dentre as opções, estão:

1. Elaboração de inventário turístico;

2. Elaboração de planos de marketing;

3. Elaboração de diagnósticos e prognósticos;

4. Elaboração de planos de desenvolvimento turístico;

5. Estudo de viabilidade de produtos turísticos;

6. Análise de tendências de mercado;

7. Actividades de sensibilização e/ou consciencialização da comunidade

em relação ao turismo;

8. Processo de envolvimento da comunidade e do sector privado;

9. Apoio técnico aos municípios ou regiões de turismo na área de gestão e

planeamento do turismo;

10. Implementação do plano de desenvolvimento do turismo;

11. Controlo e avaliação do plano de desenvolvimento do turismo;

12. Outra (s). Qual (is)?

A segunda parte contém 8 questões, das quais 4 são abertas, 3 são fechadas

com alternativa única de resposta e 1 fechada com opção de múltiplas

respostas. Esse grupo de perguntas está relacionado especificamente com o

local de trabalho e as funções desempenhadas por estes profissionais.

As questões de 1 a 3 são abertas. A questão 1 pede que seja identificada a

Entidade que o profissional está ligado; na questão 2, o cargo que o

profissional ocupa; e na questão 3, o Departamento ou Organismo ao qual

está ligado. Estas questões pretendem reunir informações sobre o contexto de

trabalho dos profissionais de planeamento turístico ligados às Câmaras

Municipais.

A questão 4 (Tempo que ocupa o cargo) procura identificar a experiência

deste profissional naquela função e locais específicos. Trata-se de uma

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170

pergunta de resposta única e entre as opções estão: Menos de 1 ano; de 1 a 5

anos; de 5 a 10 anos; mais de 10 anos.

A pergunta 5 (No seu município existe um órgão especificamente

responsável pela gestão e planeamento do turismo?) foi elaborada com o

objectivo de conhecer como o Turismo é visto dentro desses órgãos públicos e

se está associado à alguma outra área em específico. Trata-se de uma

pergunta fechada e de resposta única (“sim”, “não”, “não sei”).

A pergunta 6 (Quais destas actividades desenvolve actualmente no âmbito

das actividades em gestão e planeamento do turismo designadas para a

sua função profissional?) é uma pergunta fechada e de opção de respostas

múltiplas:

1. Ordenamento territorial e urbanismo;

2. Elaboração de inventário turístico;

3. Elaboração de planos de marketing;

4. Elaboração de diagnósticos e prognósticos;

5. Elaboração de planos de desenvolvimento turístico;

6. Estudo de viabilidade de produtos turísticos;

7. Análise de tendências de mercado;

8. Concepção, incremento e fomento de destinos turísticos;

9. Promoção e venda de destinos turísticos;

10. Processo de envolvimento da comunidade e do sector privado com o

turismo;

11. Implementação do plano de desenvolvimento do turismo;

12. Controlo e avaliação do plano de desenvolvimento do turismo;

13. Consultadoria na área de gestão, marketing ou planeamento turístico;

14. Inspecção e certificação de qualidade dos destinos turísticos;

15. Outros. Quais?

É importante ter em atenção que as respostas são semelhantes às opções

oferecidas na questão 6, da primeira parte deste mesmo questionário. No

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171

entanto, na primeira parte pretendia-se saber se estas actividades fizeram

parte da formação destes profissionais, enquanto nesta questão se pretende

conhecer se essas actividades fazem parte das funções como planeador do

turismo.

As respostas dadas à questão 6 foram inseridas numa tabela de frequência, na

qual é possível identificar tanto o valor absoluto como o valor relativo das

respostas dadas e identificar as funções mais desempenhadas por estes

profissionais.

A questão 7 (Abaixo seguem listados alguns conteúdos da área de turismo.

Marque as alternativas segundo a maior ou menor importância do

conteúdo no seu dia-a-dia laboral, sendo a opção 1 – sem qualquer

importância; 2 – pouca importância; 3 – importante; 4 – Muito importante;

5 – fundamental importância) procurou apresentar um conjunto de conteúdos

da área do turismo, identificados através da literatura, e classificar, sob a

perspectiva do profissional de planeamento turístico, a sua importância no

âmbito das funções que desempenha. Trata-se de uma questão fechada, com

opção de múltiplas escolhas, entre elas:

1. Contextualização da actividade turística;

2. Tendências de mercado;

3. Tipos de Turismo;

4. Produtos turísticos;

5. Economia local, regional e nacional;

6. Política ambiental;

7. Ordenamento do território;

8. Desenvolvimento sustentável;

9. Marketing territorial;

10. Marketing turístico;

11. Etnografia;

12. História;

13. Cultura e património;

14. Gastronomia e artesanato;

15. Gestão de projectos e análise da sua viabilidade económica;

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172

16. Gestão da procura turística;

17. Promoção e divulgação de produtos turísticos;

18. Dinamização e gestão de parceiras;

19. Negociação;

20. Comunicação.

As respostas da questão 7 foram tabuladas através da média ponderada das

respostas obtidas, o que permite criar uma tabela em ordem decrescente de

importância destes mesmos conteúdos.

Por fim, a questão 8 (Caso exista algum conteúdo que não esteja acima

listado mas que julgue ter importância no seu dia-a-dia laboral, por favor

refira indicando o seu grau de importância) procura complementar a

questão anterior, dando a opção, em forma de pergunta aberta, de identificar e

classificar algum conteúdo que o profissional julgue importante mas que não

constava na lista criada com base na revisão bibliográfica. Os resultados desta

questão foram tabulados e inseridos com os demais apresentados na pergunta

anterior.

Compreendendo a relação entre a formação superior em turismo e as

funções de planeamento local.

Como anteriormente apresentado, o objectivo geral desta tese é relacionar as

funções de planeamento turístico ao nível local com a formação superior em

turismo em Portugal, de forma a conhecer a capacidade de actuação dos

profissionais formados para exercerem funções de planeamento.

Após a aplicação dos dois questionários, foi realizada uma análise mais ampla

e considerando, de forma conjunta, as respostas obtidas.

No que se refere ao objectivo geral desta tese, foram consideradas,

principalmente, a questão 2 do questionário aplicado aos cursos de turismo

(Quais as actividades práticas em planeamento turístico realizadas no

âmbito do curso de turismo oferecido na sua instituição de ensino?) e a

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questão 6 da segunda parte do questionário aplicado aos profissionais de

planeamento que exercem funções nas Câmaras Municipais (Quais destas

actividades desenvolve actualmente no âmbito das actividades em gestão

e planeamento do turismo designadas para a sua função profissional?). .

Fontin (2003) explica que os estudos correlacionais possuem o objectivo de

relacionar variáveis e consistem num estudo inicial descritivo-correlacional,

com o intuito de relacionar e descrever as relações entre as variáveis; seguido

de um estudo correlacional, de natureza explicativa e que busca determinar a

natureza das relações entre as variáveis; verificação de modelos teóricos,

adequando o modelo teórico aos dados empíricos. Contudo, a autora destaca

que um dos pressupostos do estudo correlacional é que a amostra deve ser

grande e representativa, porque só assim é possível a exploração das relações

entre as variáveis.

Como não foi possível realizar técnicas estatísticas mais aprofundadas, pelas

razões já anteriormente explicitadas, optou-se pela criação de um gráfico onde

constam as curvas com as respostas das duas questões acima, de forma a

permitir a visualização e análise dos resultados. Nota-se que, apesar de

apresentarem algumas possibilidades de resposta distintas, nesta parte da

análise foram mantidas apenas as opções que estão disponíveis em ambas as

questões.

Por um lado, a questão aplicada aos cursos de turismo procura evidenciar se

as actividades práticas do planeamento, identificadas na revisão da literatura,

são, de facto, trabalhadas durante a formação. Por outro lado, a questão

aplicada aos profissionais de planeamento local procura confirmar se estas

actividades fazem realmente parte das funções destes mesmos profissionais.

Por não ter representatividade cientificamente comprovável, este estudo não

pode ser considerado como um retrato da realidade portuguesa, nesta matéria,

mas pode uma primeira representação para a realização de um estudo mais

abrangente.

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174

5.6 Considerações Finais

As informações apresentadas neste capítulo compreendem a estrutura

metodológica da investigação realizada e que auxiliam no entendimento da

proposta desta tese.

Foram apresentados e explicados não somente as razões da discussão e a

estrutura dos conteúdos teóricos, mas também, detalhadamente, a abordagem

metodológica utilizada, os objetivos de investigação e resultados esperados.

A presente tese pode ser classificada como um estudo descritivo e explicativa.

Foram definidas as variáveis “Formação Superior em Turismo” e “Planeamento

Turístico” de forma a instrumentalizar o objectivo geral que é relacionar as

funções de planeamento turístico ao nível local com a formação superior em

turismo em Portugal, de forma a conhecer a coerência entre a formação e a

actuação no mercado laboral. Desta forma, busca-se compreender se existe

coerência entre as funções de planeamento em turismo nos municípios

portugueses e a formação dos profissionais técnicos que actuam no

planeamento do turismo nestes mesmos municípios, sendo esta a pergunta de

partida.

Foram aplicados dois diferentes questionários. O primeiro, aplicado a todos os

cursos de turismo que incluíam o planeador de turismo como saída profissional,

tem como principal objectivo recolher informações sobre o conteúdo e a

metodologia de ensino associado ao Planeamento Turístico. O segundo

questionário, aplicado a todos os municípios da região do Algarve e Alentejo,

tem como objectivo conhecer as principais funções de planeamento

desempenhadas no âmbito das funções profissionais; conhecer o perfil

académico e profissional do técnico responsável pelo planeamento turístico.

Ambos os questionários tinham também como objectivo a recolha de

informações para relacionar as funções desempenhadas pelo técnico

responsável que ocupam funções nestas Câmaras com a Formação Superior

em Turismo que, em Portugal, forma estes quadros profissionais com as

propostas formativas. Este capítulo explicou, portanto, os métodos de recolha

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175

de dados e é, portanto, fundamental para que seja compreendida a análise que

segue no capítulo 6.

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176

Capítulo 6

Análise dos Resultados

6.1 Introdução

Após a apresentação do método de recolha de dados, o presente capítulo visa

apresentar e discutir os resultados da investigação empírica. Esta fase

envolveu a aplicação de dois questionários distintos: o primeiro, com os

profissionais responsáveis pela gestão e planeamento do turismo nas Câmaras

Municipais da região do Alentejo e Algarve; o segundo, com os responsáveis

pelos cursos de turismo portugueses que formam profissionais para o

desempenho dessas mesmas funções.

Assim, inicialmente será feita uma breve caracterização das regiões

analisadas. Esta caracterização serve apenas para situar o leitor nas

conjunturas encontradas nas regiões quando foi realizada esta investigação,

destacando a situação do turismo nas regiões do Alentejo e Algarve e o

contexto da gestão do turismo destas mesmas regiões.

Posteriormente, são apresentadas as análises dos resultados obtidos com a

aplicação dos questionários e a análise da hipótese de investigação.

6.2 Uma breve caracterização das Regiões em análise

Como o recorte geográfico desta investigação envolve as regiões portuguesas

do Alentejo e Algarve, faz-se necessária uma breve caracterização das

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177

mesmas em termos turísticos, apresentando os dados mais relevantes relativos

tanto à procura quanto às informações organizacionais e da oferta.

Alentejo

O ano de 2011 foi o melhor ano de sempre para o turismo no Alentejo. A região

recebeu cerca de 620 mil turistas (Turismo de Portugal, 2013), vindos,

maioritariamente, de Portugal (77% das dormidas). A região apresenta grande

crescimento no número de dormidas (6,1%), ficando, neste indicador, atrás

somente dos Açores (INE, 2012). Apesar disso, em termos turísticos é a região

com menor número de turistas estrangeiros e menor capacidade média de

alojamento (7,6%), menor estada média (1,7 dias) e menor ocupação média

(28,3%) (INE, 2011b).

Por outras palavras, o Alentejo é hoje uma região com pouca expressividade

em termos turístico mas que revela um grande potencial, além de estar

paulatinamente a progredir na estruturação do seu produto.

O Alentejo tem investido na promoção e imagem da região, em diferentes

meios de comunicação e promoção, tanto dentro de Portugal como fora do

país. Em 2011, por exemplo, foi proposta a criação de uma marca que está a

ser trabalhada e que está associada ao segmento do “Turismo Cultural, o

Alentejo Património do Tempo” (Esteves, 2011: 30). Também foi proposta uma

associação da região com o Turismo Gastronómico, através da marca “Alentejo

Bom Gosto” (Silva, 2011: 3), para além da proposta de outras rotas turísticas,

totalizando 10 rotas alentejanas, até 2015. Também se tem mantido uma

agenda com diversos eventos no sentido de promover e atrair mais turistas.

Por outro lado, a região tem estado envolvida em momentos que se julgam

estratégicos para a promoção do Alentejo, nomeadamente, a Bolsa de Turismo

de Lisboa (BTL), bem como em outros países como Brasil, Espanha (FITUR –

Feira Internacional de Turismo en España), Alemanha, Bélgica. Os eventos

seleccionados buscam, de uma forma geral, promover os destinos, apontando

o que há de melhor em cada um deles. A maioria está relacionada com

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aspectos culturais e gastronómicos. Há também um estímulo às boas práticas

e, anualmente, a Entidade Regional distingue os melhores com o prémio

“Turismo do Alentejo” nas categorias: Melhor empreendimento turístico;

Animação Turística; Melhor Turismo Rural; Melhor Enoturismo; Melhor evento;

Melhor Gastronomia; Melhor projecto público; Comunicação Alentejo; Melhor

Operador Incoming (Turismo do Alentejo, 2011a).

No sentido de estruturar o produto, são realizadas acções que procuram o

envolvimento do tecido empresarial para captar investimentos ou melhorar os

meios já existentes, como, por exemplo, o convite ao sector privado para

conhecer e se envolver nas acções de turismo da região do Alentejo. Outra

acção fundamental para apoiar a gestão pensada é o Observatório do Turismo,

liderado pela Universidade de Évora. Este organismo tem realizado o

levantamento de dados e monitorizado e divulgado os principais dados

relativos ao turismo no Alentejo, com destaque para a Conta Satélite do

Turismo para a região. Esta acção, além de levantar dados para o suporte da

gestão e do planeamento, também envolve a universidade (grupos

académicos) com o Turismo. Em 2011, o Observatório realizou o primeiro

inquérito para conhecer o perfil do turista que visita a região (Turismo do

Alentejo, 2011a).

Em relação à acessibilidade aérea, o novo Aeroporto de Beja representa uma

possibilidade de incrementar o turismo no interior alentejano. Segundo a ERT

do Alentejo, foi definida uma estratégia de captação de ligações aéreas com

base em um conjunto de produtos turísticos com potencial de comercialização,

ou seja, pautado pela definição de quais os mercados que poderiam ser

promovidos e seleccionando agentes turísticos, operadores e outros parceiros

para operacionalizar a estratégia (Turismo do Alentejo, 2011a).

Em termos de planeamento, forma identificadas algumas acções de

diagnóstico como, por exemplo, um projecto denominado “Conhecer para agir”,

no qual os dirigentes e técnicos de turismo procuraram conhecer a oferta

turística regional no âmbito das actividades de promoção, estruturação do

produto e do apoio ao empresário e ao investimento. A proposta deste projecto

é visitar e analisar a oferta turística local e, posteriormente, disponibilizar um

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179

relatório técnico com a caracterização do local, bem como os constrangimentos

identificados e as possíveis soluções (Turismo do Alentejo, 2011b).

Analisando este projecto sob outra perspectiva, é possível questionar os

benefícios destes relatórios caso os municípios não possuam Recursos

Humanos capacitados, reconheçam o benefício de planear o turismo ou

possuam recursos financeiros destinados a dar continuidade a esta iniciativa.

Uma outra iniciativa que fortalece este reconhecimento e coesão regional é o

Encontro anual dos técnicos de turismo.

A gestão regional do turismo no Alentejo possui uma forte visão estratégica,

facto que pode ser reconhecido seja através das acções implementadas ao

longo desses anos de gestão regional institucionalizada, seja através dos

prémios recebidos em 2010: Melhor Destino Nacional (World Travel Market –

WTM); Melhor Região de Turismo Nacional, pela Publituris Portugal Travel

Awards; Medalha de Ouro e Mérito Turístico, pela Secretaria de Estado do

Turismo (Turismo do Alentejo, 2010: 05).

Sobre os problemas relacionados com o turismo no Alentejo, o presidente da

ERT, António Ceia da Silva, aponta: a infraestrutura de apoio e atendimento,

com grande parte da oferta encerrada ao público; falta de ligação em rede do

sistema de informação regional; a baixa taxa de permanência média dos

turistas; falta de sistematização da oferta. O presidente confirma, ainda, a

importância do mercado português no turismo alentejano, onde 70% dos

turistas são portugueses com tendência a aumentar ainda mais (Alfaia e

Domingos, 2011: 30-31).

Numa abordagem mais operacional, a ERT do Alentejo definiu as suas funções

no âmbito da gestão e planeamento turístico (Turismo do Alentejo, 2009), aqui

agrupadas segundo a fase do processo de planeamento, a saber:

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180

Tabela 14

Funções da Entidade Regional de Turismo do Alentejo, organizadas segundo o processo de planeamento

Fase do Planeamento Actividade desenvolvida

Diagnóstico Identificar e gerir os principais produtos turísticos regionais.

Elaboração de planos

turísticos/ marketing

Promover a realização de estudos de caracterização das

respectivas áreas geográficas, sob o ponto de vista turístico, e

proceder à identificação e dinamização dos recursos turísticos

existentes;

Promover a realização de estudos e de projectos de investigação

que contribuam para a caracterização e a afirmação do sector

turístico regional;

Definir e implementar uma estratégia turística para a área regional

de turismo;

Colaborar com os órgãos centrais e locais com vista à prossecução

dos objectivos da política nacional que for definida para o turismo;

Participar na elaboração de todos os instrumentos de gestão

territorial que se relacionem com a actividade turística;

Elaborar e executar planos de dinamização e gestão para os

principais produtos turísticos;

Definir e executar uma estratégia regional de promoção turística

dirigida ao mercado interno;

Definir e implementar uma estratégia regional de comunicação e

marketing turístico;

Criar e gerir postos de turismo na área regional de turismo, de

forma autónoma ou em parceria com os municípios;

Apoiar e organizar eventos com conteúdo turístico;

Participar na definição da estratégia nacional de promoção interna;

Participar na execução da estratégia nacional de promoção

externa, através de entidades em que participe e que sejam

reconhecidas pelo Turismo de Portugal, I. P.;

Avaliação

Recomendação

Criar e gerir um observatório da actividade turística, visando

acompanhar a implementação da estratégia turística regional e

avaliar o desempenho do sector turístico regional;

Implementação

Monitorização

Monitorizar a oferta turística regional, tendo em conta a afirmação

turística dos destinos regionais;

Dinamizar e potencializar os valores turísticos regionais;

Fonte: Adaptada a partir do Turismo do Alentejo, 2009

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181

Na área do planeamento turístico, a ERT do Alentejo reúne competências para

definir e implementar uma estratégia turística para a área regional de turismo,

reunindo as condições para a sua implementação. Foi considerada necessária

a promoção dos estudos e de projectos de investigação que contribuam para a

caracterização e a afirmação do sector turístico regional, como o Observatório

do Turismo (já anteriormente citado). No entanto, o foco das propostas está

voltado para a promoção regional, o que pode suscitar dúvidas como, por

exemplo: Como comercializar um produto ainda pouco estruturado e que

sequer possui um diagnóstico turístico?

Apesar da reflexão acima identificada, ainda verificamos algumas dificuldades

ao nível das bases do planeamento. O levantamento e discussão de

informações a fim de levar ao diagnóstico do destino, por exemplo, deveria ser

realizado anteriormente à definição de meios de promoção. Por outro lado, é

constatada uma influência positiva no papel de gestão estratégica dos

municípios, apoiando projectos municipais de desenvolvimento turístico, bem

como a definição objectiva da participação dos players, com mais ou menos

importância, no processo de discussão da gestão e planeamento do turismo.

Algarve

Ao contrário do Alentejo, na região do Algarve os estrangeiros representam a

maioria dos turistas, totalizando 71% das dormidas. A estada média é de 4,6

dias (ficando atrás somente da Madeira, que tem 5,1), a ocupação média de

41,1% (ficando atrás de Madeira, 48,2%, e Lisboa, 44,3%) (INE, 2011b). A

região do Algarve recebeu, em 2012, cerca de 2.9 milhões de turistas (Turismo

de Portugal, 2013).

Desde a criação da Entidade Regional de Turismo do Algarve, alguns projectos

voltados para o turismo foram idealizados e/ou implementados. O Manual de

Qualidade, por exemplo, foi elaborado para garantir a qualidade dos serviços

nos postos de turismo da região. No entanto, não foi identificada nenhuma

proposta concreta ou acção no sentido de implementar um Sistema de

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Qualidade nos destinos Algarvios, numa perspectiva regional (Turismo do

Algarve, 2011b: 15).

Outra iniciativa, que começou em 2010, conhecida como Ciclo de Debates, tem

como objectivo a promoção de debates acerca de temáticas do turismo

pertinentes à realidade algarvia, tendo presente a participação de entidades

públicas e privadas. Temas como Oportunidades para o Turismo, Turismo

acessível, Turismo de nicho e Legislação Turística foram discutidos por

especialistas e empresários da área (Turismo do Algarve, 2010).

Numa síntese dos temas discutidos em 2010, o Turismo do Algarve (2011c)

chegou a diversas conclusões, de entre as quais merece destaque a posição

de gestor regional com perspectiva estratégica. Apesar de definir como suas

competências os papéis de gestão e planeamento numa abordagem

estratégica e integradora da região turística, a ERT ainda está muito focada na

promoção turística. Essa tendência promocional foi questionada, por exemplo,

no documento “Alinhamento do Plano Regional do Algarve com o PENT”7, e

7 O “Alinhamento do Plano Regional de Turismo do Algarve com o PENT” foi elaborado

em colaboração dos diversos agente regionais, a saber: Entidade Regional de Turismo

do Algarve (ERTA) e Associação de Turismo do Algarve (ATA); Entidades públicas

locais com responsabilidade pela gestão local, gestão do património natural, cultura e

formação; – Entidades e Associações Regionais e Nacionais ligadas ao Turismo;

Empresas de hotelaria, promoção de empreendimentos turísticos; e Operadores

turísticos (Turismo do Algarve, 2009: 2). O projecto estratégico foi proposto para 7

áreas de implementação distintas: Desenvolvimento de acessibilidades; Qualificação

dos recursos físicos; Qualificação da oferta e do serviço dos agentes; Animação,

eventos e conteúdos; Recursos Humanos; Promoção; Evolução da ERTA para DMO

(Destination Management Organisation) (Turismo do Algarve, 2099: 29). É

interessante destacar que um dos projectos de intervenção, a proposta de “Evolução

da ERTA para DMO” previa a necessidade de uma visão mais estratégica e sistémica

por parte do Organismo Regional de Turismo do Algarve As competências da Entidade

Regional deviam evoluir de uma actuação enfocada na promoção para uma proposta

de gestão integral do destino, onde a promoção seja mais uma das competências,

dentre outras de carácter estruturantes do destino.

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183

um sinal desta mudança do padrão de actuação pode ser verificada nas

conclusões dos debates.

Dentre diversas forças, fraquezas, oportunidades e ameaças associadas aos

produtos turísticos algarvios, o Turismo do Algarve (2011c) propõe, conduz e

encomenda estudos específicos, mobiliza o trade e envolve parceiros nas

discussões do turismo regional, identifica a região do Alentejo como possível

parceiro regional, apela à necessidade de sensibilização e envolvimento da

comunidade local, reconhece a necessidade de mobilização dos municípios

algarvios. Por outro lado, o Plano de actividades 2011 (Turismo do Algarve,

2011a) tem uma proposta de actuação com fortes perspectivas de marketing,

com uma actuação mais aproximada do marketing empresarial.

A análise do Plano de actividades evidencia tais características. Inicialmente, é

feita uma caracterização da procura, sendo apresentados os números relativos

à procura, receitas, estada média, números relativos ao golfe e comparação

com outros mercados, estatísticas referentes à actuação dos postos de

informação turística, dentre outros. Posteriormente, é apresentada uma análise

da satisfação do cliente com o atendimento específico dos postos de

informação turística.

O Plano parte, então, para apresentação dos eixos de actuação. Apesar do

diagnóstico apresentado pelo PENT identificar como produtos estratégicos os

segmentos “Sol e Mar” e “Golfe” e, como produtos em desenvolvimento, os

segmentos “Turismo de Negócios”, “Resorts integrados e Turismo Residencial”,

“Turismo Náutico” e o “Turismo de Natureza”, a ERTA, considerando que estes

segmentos já possuem destaque e que há “vocação” regional, decide

considerar o desenvolvimento de outros produtos complementares, sugerindo:

Turismo de Natureza, Saúde e Bem-estar, Turismo Cultural e Gastronomia.

Vale aqui relembrar que o PENT (Turismo de Portugal, 2006: 77) identificou a

contribuição de cada produto turístico prioritário, por região. O segmento “Sol e

Mar” é o que mais contribui, sendo classificado como de 1º nível. No segundo

nível de contribuição encontra-se o “Turismo de negócios”; no 3º nível o

“Turismo de Golfe”; no 4º nível o “Turismo náutico”, “Resorts Integrados e

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Turismo Residencial” e o “Turismo Náutico”. Os segmentos “Turismo de

Natureza”, “Touring” e “Gastronomia e Vinhos”, definidos pelo Turismo do

Algarve como produtos a serem desenvolvidos, não possuem qualquer nível de

contribuição (ao menos significativo) nesta classificação definida pela PENT.

Em relação às acções propostas, é prevista a elaboração do “Plano Estratégico

para a Promoção do Turismo Acessível”, o apoio ao investimento no turismo da

região e a dinamização de projectos relevantes para a economia local, dar

continuidade ao Barómetro da ERTA e ao Ciclo de debates, acções de

formação. Na área do Marketing, serão realizadas acções promocionais dos

produtos estratégicos prioritários e complementares. No que se refere à Gestão

da Qualidade, a ERTA comprometeu-se, em 2011, a certificar os postos de

informação turística algarvios e a alargar esta proposta para o sector da

restauração (Turismo do Algarve, 2011c).

Não foram identificadas acções especificamente estruturantes, seja dos

produtos já existentes, seja dos novos produtos considerados pela região.

Apesar de propor um papel mais estratégico no nível regional, não ficou

evidente uma liderança regional forte que possibilitasse orientar os municípios

algarvios e, ao mesmo tempo, promover a coesão e sinergia regional. Foi

identificada uma vertente promocional muito forte mas desproporcional às

funções de gestão e planeamento regional.

A tabela 15 classifica as competências da ERT do Algarve, definidas pela

própria, segundo as fases do planeamento. É possível notar que existem

propostas de actuação da entidade como gestora regional do turismo com uma

abordagem mais integral e não apenas especializada na promoção turística.

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Tabela 15

Funções da Entidade Regional de Turismo do Algarve organizada segundo o processo de planeamento

Fase do Planeamento Actividade desenvolvida

Diagnóstico Realizar estudos de caracterização do Algarve sob o ponto de vista turístico

e proceder à identificação e ao fomento da gestão sustentável dos recursos

turísticos;

Identificar os produtos turísticos regionais, tendo em conta a desejável

cooperação e complementaridade com os de outras entidades regionais de

turismo;

Promover a realização de estudos e investigação, do ponto de vista turístico,

com vista à dinamização e valorização da oferta;

Elaborar itinerários turísticos da Região e proceder à sua divulgação;

Colaborar nos inventários de monumentos, palácios, casas antigas e outros

elementos do património cultural com interesse turístico e proceder à sua

divulgação;

Elaborar e divulgar o inventário gastronómico da Região.

Elaboração de planos

turísticos/marketing

Definir uma estratégia para o sector turístico, coerente com as orientações

do Plano Nacional para o Turismo;

Elaborar os planos de acção promocional de turismo em consonância com a

nova dinâmica de gestão definida no Decreto -Lei n.º 67/2008, de 10 de

Abril;

Reforçar a promoção no mercado interno através de acções de grande

visibilidade e impacte, com vista ao aumento da procura e consolidação da

imagem do destino;

Propor a classificação de sítios e locais de interesse para o turismo;

Promover conferências, congressos, seminários, colóquios ou outras formas

de debate, sob temas considerados de interesse para o turismo;

Promover a oferta turística e colaborar com os órgãos centrais e locais de

turismo com vista à promoção da região;

Fomentar a divulgação do património natural, arquitectónico e cultural,

assim como o estímulo à tradição local em matéria de artesanato,

gastronomia e criação artística, desde que assumam relevância do ponto de

vista turístico;

Dinamizar os postos de turismo na óptica da disponibilização de informação,

vendas e apoio ao turista;

Elaborar o Plano Regional da Turismo do Algarve, no quadro das grandes

opções definidas pelo Governo, bem como as suas revisões bienais, a

submeter à assembleia-geral para aprovação;

Elaborar os planos de promoção turística do Algarve, a submeter à

assembleia-geral para aprovação;

Aprovar as medidas destinadas a fomentar o investimento, construção e

melhoria do alojamento turístico da região, bem como de todos os demais

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empreendimentos de interesse para o seu desenvolvimento;

Promover a realização de seminários, exposições, concursos, certames,

festas, feiras, eventos culturais e desportivos e outras manifestações de

interesse para o turismo, e ainda elaborar calendários das manifestações

turísticas da Região;

Promover a elaboração e a edição de publicações destinadas à divulgação

da Região;

Organizar, divulgar e manter actualizado o inventário da produção de

artesanato, bem como a relação dos artesãos em actividade;

Divulgar o património natural da Região;

Criar e manter serviços e postos de turismo, para atendimento público;

Participar, através da emissão de pareceres, na elaboração, implementação

e revisão de planos de ordenamento territorial;

Participar, através da emissão de pareceres, na elaboração e revisão dos

PDM dos municípios integrantes da Turismo do Algarve;

Deliberar sobre a concessão e forma de subsídios a manifestações

destinadas a promover o desenvolvimento turístico da região;

Participar na concepção e nas decisões relativas aos sistemas de incentivos

e dos fundos destinados ao desenvolvimento turístico local e regional;

Participar, através da emissão de pareceres, no licenciamento ou

autorização de empreendimentos e actividades com impactes na dinâmica

da oferta turística local e regional, através dos mecanismos legais, em

concertação com as entidades locais, regionais e supra -regionais;

Participar na gestão de fundos financeiros através da emissão de pareceres,

quando solicitados, a candidaturas de projectos relacionados, directa ou

indirectamente, com o turismo, tendo em consideração a dotação e a

capacidade da região, o conhecimento de desempenho das diversas áreas

de actividades turística na região, as condicionantes e outros factores que

influenciem a aprovação dos projectos;

Participar e acompanhar o registo de alojamento turístico e alojamento local

disponível nos termos da legislação aplicável e proceder à sua divulgação.

Avaliação e Recomendação Avaliar o desempenho e política de turismo de destinos concorrentes, na

óptica do desenvolvimento da estratégia para o mercado interno;

Implementação

Monitorização

Implementar mecanismos que permitam a operacionalização eficaz do

Plano Regional de Turismo, decorrente do alinhamento com a estratégia

identificada na alínea anterior;

Monitorizar e avaliar conjuntamente as dinâmicas da contratualização com a

consequente adaptação do modelo em função dos resultados;

Monitorizar e avaliar o desempenho da actividade turística regional em

cooperação com entidades do sector;

Acompanhar as actividades turísticas da região e promover a correcção das

anomalias ou propor às entidades responsáveis as medidas adequadas;

Fonte: Adaptado a partir do Turismo de Algarve, 2009.

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187

Até meados de 2011, foram apresentados e desenvolvidos pela ERT do

Algarve alguns projectos, tais como: o Alinhamento do Plano Regional de

Turismo do Algarve com o PENT; a implementação do Sistema de Gestão de

Qualidade nos Postos de Turísticos, visando a melhoria da qualidade dos

serviços prestados; Realização de um Plano de Acção (2011) onde é feito um

diagnóstico regional, análise da concorrência, análise do desempenho dos

Postos de Turismo instalados em território nacional e no estrangeiro, avaliação

da satisfação do turista; além da apresentação das actividades a serem

realizadas ao longo do ano, que envolvem promoção, formação, sensibilização

(debates de temas), actividades promocionais específicas por produto regional

prioritário, dentre outros (Turismo do Algarve, 2011).

6.3 Apresentação e Discussão dos Resultados obtidos

Como referido anteriormente, a pesquisa empírica envolveu a aplicação de dois

questionários: o primeiro, aplicado aos cursos de turismo em Portugal que

definem a função de planeador e gestor do turismo como uma das

possibilidades profissionais do aluno que o conclui; o segundo, aplicado aos

profissionais responsáveis pelo planeamento turístico ligados às Câmaras

Municipais de Turismo das regiões Alentejo e Algarve. Ambos estes

questionários são apresentados em anexo. O objectivo principal foi relacionar

os resultados obtidos nos dois inquéritos aplicados, de forma a melhor

compreender a relação entre a formação superior em turismo e a planeamento

turístico municipal em Portugal.

6.3.1 Resultados dos inquéritos dos Cursos Superiores em Turismo

O capítulo 4 discutiu a Formação Superior em Turismo em Portugal e, entre o

total de 74 cursos, foram identificados 33 que consideravam as funções de

gestão e planeamento em autarquias como uma possibilidade de saída

profissional. Este número representa 44,6% da oferta formativa no Ensino

Superior em turismo, em Portugal.

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188

Foram enviados 33 questionários, através do email, e obtidas 27 respostas

válidas, o que representa 82% do universo. As respostas foram recepcionadas

entre 29 de Novembro de 2011 e 07 de Março de 2012.

Ao analisar estas respostas, pretende-se estabelecer um perfil do ensino

nestes cursos relacionados com as actividades de gestão e planeamento, bem

como recolher dados para conhecer a relação entre a formação superior dos

profissionais responsáveis pelo planeamento turístico e a capacidade de

actuação no âmbito do planeamento turístico local em Portugal.

A pergunta 1 (No curso superior em turismo oferecido na sua instituição de

ensino, a disciplina de planeamento turístico utiliza métodos de ensino

compostos por), 70% das respostas apontam que a oferta formativa envolve,

equitativamente, aspectos teóricos e práticos; 26% mais aspectos teóricos do

que práticos; 4% (valor relativo igual a 1), mais aspectos práticos do que

teórico (Figura 20).

O conjunto de possibilidades de respostas incluíam duas situações extremas,

“somente aspectos teóricos” e “somente aspectos práticos”. Nenhum dos

responsáveis de curso respondeu uma destas duas alternativas.

Numerando de 1 a 5 (escala de Likert), onde o valor 1 é atribuído para a opção

“somente aspectos teóricos”, o valor 2 para “mais aspectos teóricos do que

práticos”, 3 para “equitativamente aspectos teóricos e práticos”, 4 para “mais

aspectos práticos do que teóricos” e 5 para “somente aspectos práticos”, é

possível chegar a uma média de 2,78 na escala de 0 a 5. Assim, é possível

concluir que, apesar de a maioria dos respondentes apontar para um curso

com “equitativamente aspectos teóricos e práticos”, essa resposta tende mais

para os aspectos teóricos do que para os práticos.

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Figura 20

P1. No curso superior em turismo oferecido na instituição em que

trabalha, as disciplinas de planeamento turístico utilizam métodos de

ensino compostos por (%):

As respostas obtidas para a pergunta 2 (Quais as actividades práticas em

planeamento turístico realizadas no âmbito do curso de turismo oferecido na

instituição em que trabalha?) estão representadas na tabela de frequência

(Tabela 16). As actividades que envolvem elaboração de inventários, planos,

tendências, diagnósticos e prognósticos são apontadas como as mais

desenvolvidas nos cursos em questão. Por outro lado, as actividades que

requerem um maior acompanhamento e envolvimento com as comunidades

locais são as menos contempladas pelos cursos, como: sensibilização da

comunidade, implementação, avaliação e controlo de planos turísticos.

É possível considerar a classificação das actividades citadas em quatro fases:

1) Actividades que antecedem a elaboração do plano: Actividades de

sensibilização e/ou consciencialização da comunidade em relação ao

turismo; Estudo de viabilidade de produtos turísticos;

2) Elaboração de planos/marketing: Análise de tendências de mercado;

Elaboração de diagnósticos e prognósticos; Elaboração de inventário

0 10 20 30 40 50 60 70 80

Somente aspectos teóricos

Mais aspectos teóricos do que práticos

Equitativamente aspectos teóricos epráticos

Mais aspectos práticos do que teóricos

Somente aspectos práticos

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190

turístico; Elaboração de planos de desenvolvimento turístico; Elaboração

de planos de marketing;

3) Actividades a serem desenvolvidas após a elaboração do plano:

Controlo e avaliação do plano de desenvolvimento do turismo;

Implementação do plano de desenvolvimento do turismo;

4) Actividades processuais e de suporte: Apoio técnico aos municípios ou

regiões de turismo na área de gestão e planeamento do turismo;

Processo de envolvimento da comunidade e do sector privado.

Desta forma, é possível observar que as principais actividades práticas

desenvolvidas no contexto formativo destas instituições contemplam,

essencialmente, o item 2. Ou seja, há uma concentração de actividades que

envolvem a elaboração de planos turísticos, de marketing, análise de mercado,

diagnóstico e prognóstico. Por outro lado, verifica-se a deficiência nas demais

actividades do processo de planeamento.

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191

Tabela 16 – Frequência

P2. Quais as actividades práticas em planeamento turístico realizadas no

âmbito do curso de turismo oferecido na instituição em que trabalha?

Actividades Práticas Valor

Absoluto

Valor

Relativo

(%)

Elaboração de inventário turístico 22 81,5

Análise de tendências de mercado 21 77,8

Elaboração de planos de desenvolvimento turístico 19 70,4

Elaboração de diagnósticos e prognósticos 18 66,7

Elaboração de planos de marketing 16 59,3

Apoio técnico aos municípios ou regiões de turismo na

área de gestão e planeamento do turismo 15 55,6

Estudo de viabilidade de produtos turísticos 15 55,6

Actividades de sensibilização e/ou

consciencialização da comunidade com relação ao

turismo

12 44,4

Processo de envolvimento da comunidade e do

sector privado 12 44,4

Implementação do plano de desenvolvimento do

turismo 8 30,0

Controlo e avaliação do plano de desenvolvimento

do turismo 8 30,0

Outra (s). Qual (is)? 2 7,4

A pergunta 3 solicita que o docente classifique os conteúdos acima citados,

segundo as características do curso que coordena, sendo possível responder:

0 – caso não se aplique; 1 - somente com bases teóricas; 2 - mais com base

teórica do que prática; 3 - equilíbrio entre a componente teórica e a prática; 4 -

mais prático do que teórico; 5 - somente teórico. Todos os respondentes

atribuíram respostas com classificação de 1 a 5, o que significa que todos os

conteúdos apresentados fizeram parte das suas formações no nível superior.

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192

A tabela 17 apresenta o conteúdo e a sua respectiva classificação, segundo a

escala de Likert. Considerando todas as disciplinas conjuntamente, o valor

obtido é de 2,81, o que significa que está próximo de um conjunto de

disciplinas com equilíbrio entre a componente teórica e prática, tendendo para

o lado teórico.

Do total de 20 diferentes conteúdos, apenas quatro atingiram o valor 3 ou

superior, o que reforça a tendência para a equidade entre os aspectos teóricos

e práticos sendo, contudo mais voltada para o lado teórico. Os conteúdos que

obtiveram mais componentes práticas foram: Produtos Turísticos; Gestão de

projectos e análise da sua viabilidade económica; Dinamização e gestão de

parcerias; Comunicação. Já aqueles que mais se aproximaram da perspectiva

teórica foram: História e Política Ambiental.

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193

Tabela 17

P3. Classifique os conteúdos a seguir, de acordo com a realidade vivida

no curso que coordena (escala Likert)

Conteúdo

Classificação média

na escala de Likert

(0 a 5)

Contextualização da actividade turística 2,81

Tendências de Mercado 2,77

Tipos de turismo 2,78

Produtos turísticos 3,07

Economia local, regional e nacional 2,59

Política ambiental 2,48

Ordenamento do território 2,63

Desenvolvimento sustentável 2,84

Marketing territorial 2,67

Marketing turístico 2,92

Etnografia 2,73

História 2,38

Cultura e património 2,89

Gastronomia e artesanato 2,96

Gestão de projectos e análise da sua viabilidade económica 3,00

Gestão da procura turística 2,89

Promoção e divulgação de produtos turísticos 2,81

Dinamização e gestão de parcerias 3,00

Negociação 2,77

Comunicação 3,15

Total do curso 2,81

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194

A questão 4 pretende conhecer se existe algum tipo de ligação entre o curso de

turismo e as instituições que desenvolvem actividade no mercado turístico.

Esta pergunta permite perceber as ligações entre os cursos e a realidade

turística. A Figura 21 apresenta os principais agentes envolvidos nas parcerias

com os cursos de turismo analisados. Como principais parceiros são apontados:

as Entidades Regionais de Turismo (23%), os Municípios Turísticos (19%) e os

Operadores Turísticos (17%). Por outro lado, apenas 3% possuem parcerias

para estágios com este tipo de instituições.

A hipótese 3 (H3) está associada à pergunta 4 (P4), na qual H3 considera que

“Não existe grande aproximação entre os cursos de turismo e os organismos

públicos responsáveis pela gestão e planeamento local/regional do turismo em

Portugal”. No entanto, conforme as respostas obtidas na P4, entre as parcerias

estabelecidas entre os cursos de turismo analisados e outros organismos

externos, verificou-se um baixo percentual de parcerias, apesar de a maior

parte delas se dá justamente com as Entidades Regionais de Turismo (23%) e

com os Municípios (19%). Desta forma, H3 é confirmada.

Figura 21

P4. Existem parcerias estabelecidas entre o curso de turismo que

coordena e algumas entidades locais ou regionais de turismo, públicas

ou privadas, por exemplo no âmbito de protocolos para estágios

relacionados com actividades em gestão e planeamento do turismo? (%)

14

3

3

4

6

10

17

19

23

0 5 10 15 20 25

Outras

Associações de Desenvolvimento

Estágios

Empresas de Animação Turística

Hoteis

Empresas de consultoria

Operadores turisticos

Municipios

Entidades Regionais de Turismo

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195

A pergunta 5 procura conhecer as actividades aplicadas que se praticam no

âmbito destes cursos de turismo, ou seja, a proximidade do curso com o

mercado do turismo (P5. É desenvolvida, através do curso de turismo que

coordena, alguma actividade de âmbito aplicado no domínio da gestão e

planeamento do turismo para um município, região ou país? - Quais?).

As actividades mais desenvolvidas são aquelas que envolvem o nível municipal

(33%), seguida da opção “Outras”, que representa 27%. Dentre as opções

“Outras”, foram citadas, com igual frequência (valor absoluto 1): Avaliações do

potencial turístico do território; Desenvolvimento de actividades com

golfe/resorts; Desenvolvimento de actividades com hotéis; Desenvolvimento de

actividades com instituições ambientais; Desenvolvimento de um Observatório

Regional do Turismo; Empreendedorismo; Planos de marketing; Projecto de

Unidade Curricular.

A hipótese 4 (H4) procura confirmar se “Não há um significativo envolvimento

dos curso de turismo com os organismos locais através de desenvolvimento de

atividades práticas de gestão e planeamento no nível local” e está associada à

pergunta 5 (P5). Segundo as respostas obtidas na P5, verifica-se que 33%

desenvolvem atividades relacionadas com o município, o que representa cerca

de 1/3 das respostas. Trata-se de um número significativo de cursos a

desenvolver atividades práticas de gestão e planeamento com organismos

municipais na área do turismo, o que torna falsa a hipótese levantada.

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196

Figura 22

P5. É desenvolvida, através do curso de turismo que coordena, alguma actividade de âmbito aplicado no domínio da gestão e planeamento do

turismo para um município, região ou país? - Quais? (%)

A questão 6 tem como objectivo conhecer o envolvimento do curso com a

comunidade local. As respostas foram, em termos percentuais (Figura 23):

Participação e organização de eventos (ex: Conferências, Feiras) (25,7%);

Relações/parcerias com instituições ou empresas (22,9%); Seminários e

Workshops (17,1%); Estudos e Projectos (11,4%); Visitas de estudo (8,6%);

Fórum (5,7%); Componente lectiva (2,9%); Dinamização de recursos e

atrativos turísticos (2,9%); Turismo temático (2,9%).

Curiosamente, todas as actividades referidas como parte do envolvimento do

curso com a comunidade local estão relacionadas com a realização de eventos,

estudos e projectos. Não foi citada nenhuma actividade, por exemplo, de

sensibilização da comunidade para o turismo, uma das funções do profissional

de turismo na área da gestão e planeamento.

Outra actividade importante no âmbito do turismo, o seu debate comunitário

como opção económica, que deve ser conduzida por profissionais de gestão e

planeamento, não é referida. Apesar de poderem estar incluídas nos “Fora”,

apenas 5,7% das respostas indicam envolvimento com esta actividade.

0 5 10 15 20 25 30 35

Análise Produtos e Serviços Turísticos

Desenv. de estudos e projectos

Desenv. de actividades - internacional

Desenv. de actividades - regional

Desenv. de actividades - municipal

Desenv. de outras actividades

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197

Figura 23

P6. É desenvolvida, através do curso de turismo da sua instituição de

ensino, alguma actividade junto com a comunidade? - Quais?

Quando perguntado aos responsáveis dos cursos, na questão 7, quais eram os

factores diferenciadores dos demais cursos (Figura 24), a maior parte aponta

para os estágios curriculares nacionais e internacionais (16,3%); integração

dos alunos em projectos de investigação (14,3%); e a componente prática do

curso (12,2%). Apenas 4,1% dos cursos acredita que o seu corpo docente é

um factor diferenciador, sendo esse o menor percentual de resposta obtido

nesta questão. Entretanto, como vimos, na questão 4, apenas 3% afirmam

possuir parcerias para estágios nos domínios da gestão e planeamento

turístico.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Outras actividades

Visitas de estudo

Seminários e Workshops

Participação e organização de eventos (ex:…

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198

Figura 24

P7. Existe algum factor diferenciador no curso que coordena em relação

aos demais que conhece? - Qual? (%)

A Figura 25 ilustra os principais pontos fracos apontados pelos coordenadores

dos cursos investigados no que respeita às funções de planeamento turístico. A

maioria dos coordenadores (56%) acredita que a articulação entre as

componentes práticas e teóricas é deficiente; 12%, a docência não

especializada/adequada às necessidades do curso; 12% apontam a fraca

relação com as autarquias e empresas; 8% consideram a desadequação dos

conteúdos programáticos; 8% as fragilidades em algumas áreas do

conhecimento; e, por fim, 4% a fraca oferta de estágios remunerados/não

remunerados.

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18

Outros factores diferenciadores

Corpo docente

Empreendedorismo

Visitas de estudo

Componente de gestão

Participação e organização de eventos

Componente lectiva

Relações/parcerias com instituições

Componente prática

Integração de alunos em proj investigação

Estágios nacionais e internacionais

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199

Figura 25

P8. Na opinião que tem em relação à formação dos profissionais de

planeamento turístico, de um modo geral, qual(is) o(s) ponto(s) fraco(s) da

formação oferecida nos cursos superiores em turismo em Portugal? (%)

Por outro lado, quando abordados sobre os pontos fortes relacionados com a

formação destes mesmos profissionais, os coordenadores dos cursos

investigados apontaram (Figura 26): Oferta curricular multidisciplinar adequada

às necessidades actuais (54%); Forte componente teórica (17%); Boa

articulação entre as componentes teóricas e práticas (13%); Articulação com

entidades externas (4%); Adequação dos conteúdos programáticos (4%);

Existência de bibliografia adequada às necessidades actuais (4%); Diversidade

da oferta formativa (4%).

0 10 20 30 40 50 60

Articulação deficiente entre ascomponentes teórica e prática

Desadequação dos conteudosprogramáticos

Docencia não especializada/adequadaàs necessidades do curso

Fraca oferta de estágiosremunerados/não remunerados

Fraca relação com as autarquias eempresas

Fragilidades em algumas áreas doconhecimento

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200

Figura 26

P9. Na opinião que tem em relação à formação dos profissionais de

planeamento turístico, de um modo geral, qual(is) o(s) ponto(s) forte(s) da

formação oferecida nos cursos superiores em turismo em Portugal? (%)

Ou seja, se, por um lado, a desarticulação entre os aspectos teóricos e práticos

é considerada como a maior deficiência na formação em turismo em Portugal,

por outro, o maior ponto forte é a oferta formativa multidisciplinar adequada às

necessidades do mercado. Na perspectiva dos coordenadores dos cursos

investigados, os cursos possuem um perfil equitativamente teórico e prático,

tendendo para o teórico.

No contexto da gestão e planeamento do turismo, as actividades mais

desenvolvidas durante a formação dos profissionais nestas instituições são

referentes à elaboração de planos turísticos e de marketing ou actividades

relativas às fases de diagnóstico do turismo, como: análise de viabilidade e

análise de tendências de mercado. Por outro lado, as actividades que exigem

maior contacto com a comunidade (e com a realidade), ou um

acompanhamento de médio e longo prazo, como actividades de sensibilização

da comunidade ou implementação de planos turísticos, são menos

desenvolvidas no ambiente académico.

0 10 20 30 40 50 60

Articulação com entidades externas

Boa articulação entre as componentesteórica e prática

Adequação dos conteudosprogramáticos

Existência de bibliografia adequada àsnecessidades atuais

Forte componente teórica

Diversidade da oferta formativa

Oferta curricular multidisciplinaradequada às necessidades atuais

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201

Verifica-se, também, uma fragilidade na relação com o mercado quando, por

exemplo, as parcerias para estágios profissionais são apontadas como a mais

fraca relação destes cursos. Apesar dessa realidade, os coordenadores

acreditam que estes mesmos estágios constituem a maior mais-valia nas suas

instituições.

Compreende-se que haja a dificuldade em desenvolver determinados tipos de

actividades que requerem mais envolvimento dos alunos com as realidades.

Mas, por outro lado, estes mesmos alunos precisarão de aplicar estas funções

no contexto profissional, pelo que seria mais conveniente que a sua realização

pela primeira vez (envolvendo mais risco) fosse efectuada num contexto mais

descomprometido e com acompanhamento.

6.3.2 Resultados dos inquéritos dos Responsáveis pelo Planeamento

Turístico nas Câmaras Municipais

O questionário 2 (anexo II) foi aplicado aos profissionais responsáveis pela

gestão e planeamento do turismo das Câmaras Municipais das regiões do

Alentejo e Algarve.

Foram enviados 74 questionários a todas as Câmaras Municipais das Regiões

do Alentejo (58) e Algarve (16), mas um município algarvio afirmou não haver

profissional responsável pela gestão e planeamento do turismo, de forma que o

total corrigido passou a ser de 73 municípios. Foram obtidas 57 respostas, o

que representa 78% do universo. Se considerarmos as sub-regiões, dos 15

municípios algarvios foram obtidas 11 respostas (73%), enquanto 46

municípios alentejanos (79%) responderam, o que significa que os resultados

estão equilibrados dentro das duas regiões analisadas.

O questionário está dividido em duas partes: a primeira busca informações

relativas às características dos responsáveis técnicos ligados à gestão e

planeamento do turismo nas Câmaras Municipais, tendo em vista a definição

do seu perfil; a segunda parte está relacionada com as funções que estes

profissionais exercem.

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202

Na parte 1, na tentativa de delinear um perfil deste tipo de profissionais,

verifica-se que este é predominantemente do sexo feminino (74%) (P1. Sexo).

Tem idade compreendida entre 31 e 40 anos (53%) seguida da faixa etária de

41 a 50 anos (19%), o que significa que 72% dos profissionais da área nestas

regiões possuem entre 31 e 50 anos (Figura 27) (P2. Idade).

Figura 27

P2. Idade (%)

Em relação à experiência (P3. Quantos anos de experiência profissional

possui na área de planeamento e gestão do turismo?), cerca de 38%

afirmaram ter mais de 10 anos a desenvolver estas funções, 26% entre 5 e 10

anos de experiência e 30% de 1 a 5 anos de experiência. Apenas 6%

afirmaram ter menos de 1 ano de experiência. Verifica-se, portanto, que 64%

destes profissionais possuem mais de 5 anos de experiência na área da gestão

e planeamento turístico.

A hipótese 5 (H5) está relacionada com a pergunta 3 (P3). A hipótese

levantada é que “Os profissionais responsáveis pelo planeamento turístico nas

Câmaras dos Municípios do Alentejo e Algarve possuem pouca experiência na

0 10 20 30 40 50 60

20 a 30 anos

31 a 40 anos

41 a 50

acima dos 50 anos

N/R

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203

área em que actuam”. No entanto, esta hipótese não se confirma, conforme os

resultados apresentados acima.

No que respeita ao nível de instrução (P4. Qual o seu nível de instrução?), a

maioria (63%) afirmou possuir licenciatura, seguido por pós-graduados (21%) e

mestres (16%). Na pergunta 5, foi solicitada a indicação de qual a instituição e

o curso frequentados (P5. Caso se aplique, indique o curso e a instituição

onde obteve o seu grau de…)

A hipótese 6 (H6) está relacionada com a pergunta 5 (P5) considerando que “a

maior parte dos profissionais que desempenham funções de planeamento

turístico possuem licenciatura”. Conforme as respostas obtidas, esta hipótese é

confirmada já que 63% dos responsáveis pelo planeamento turístico nos

municípios analisados são licenciados e outros têm, até, graduação mais

elevada.

A Figura 28 reúne as instituições frequentadas pelos profissionais inquiridos,

demonstrando a concentração em instituições das próprias regiões analisadas.

No que se refere aos cursos, apenas 13% frequentaram um curso fora da área

do turismo (Sociologia e Relações Internacionais).

Figura 28

P5. Instituição onde obteve o seu grau de Licenciatura (%)

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18

Esc Sup Educação de Portalegre

Esc Sup Tecnologia e Gestão de Beja

Esc Sup Tecnologia e Gestão de Bragança

Esc Sup Tecnologia e Gestão de Portalegre

Fac Ciências Sociais e Humanas - UNL

Instituto Politécnico de Tomar

Instituto Superior de Ciências Educativas

Instituto Superior de Línguas e Adm

Instituto Superior de Novas Profissões

Universidade de Évora

Universidade do Algarve

Universidade Lusíada

NS/NR

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204

As pós-graduações também foram feitas, maioritariamente, em instituições das

regiões analisadas, com destaque para a Universidade do Algarve e a

Universidade de Évora. E com relação aos cursos, todos possuíam relação

com o turismo ou com a economia e desenvolvimento local.

Figura 29

P5. Caso se aplique, indique o curso e a instituição onde obteve a sua

pós-graduação (%)

No que se refere ao grau de mestrado (P5. Caso se aplique, indique o curso

e a instituição onde obteve o seu grau de Mestrado), como foi referido

anteriormente, 16% dos profissionais inquiridos indicaram possuir este grau

académico. As instituições frequentadas foram ISCTE (25%), Universidade de

Aveiro (25%) e Universidade de Évora (50%). Quanto ao tipo de cursos, 25%

estava ligado à área do turismo, 25% a outras áreas e 50% dos inquiridos não

respondeu à questão.

Na questão 6, de escolha múltipla, os profissionais foram questionados acerca

da sua formação relacionada com o desempenho da função de gestão e

planeamento do turismo (P6. Das actividades abaixo listadas, marque todas

0 5 10 15 20 25 30

Fac Ciências Sociais e Humanas - UNL

INESLA/ISCTE

ISSS

Universidade Católica Portuguesa

Universidade de Évora

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Universidade do Algarve

Universidade Lusofona

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205

as opções que foram desenvolvidas durante a sua formação) (Tabela 18).

É possível identificar uma concentração nas actividades de elaboração dos

planos turísticos, como a elaboração dos planos de desenvolvimento turístico

(70,8%) e planos de marketing (70,8%), enquanto as actividades que devem

ocorrer antes e após a elaboração destes documentos são contempladas

menos vezes, como o caso da implementação do plano de desenvolvimento

turístico (25%) e o controlo e avaliação do plano de desenvolvimento turístico

(27,1%).

Para analisar a respostas dos profissionais, será utilizada a mesma

classificação usada na análise do questionário dos cursos de turismo, a saber:

1. Actividades que antecedem a elaboração do plano: Actividades de

sensibilização e/ou consciencialização da comunidade com relação ao

turismo; Estudo de viabilidade de produtos turísticos;

2. Elaboração de planos turísticos/ marketing: Análise de tendências de

mercado; Elaboração de diagnósticos e prognósticos; Elaboração de

inventário turístico; Elaboração de planos de desenvolvimento turístico;

Elaboração de planos de marketing;

3. Actividades a serem desenvolvidas após a elaboração do plano:

Controlo e avaliação do plano de desenvolvimento do turismo;

Implementação do plano de desenvolvimento do turismo;

4. Actividades processuais e de suporte: Apoio técnico aos municípios ou

regiões de turismo na área de gestão e planeamento do turismo;

Processo de envolvimento da comunidade e do sector privado.

Assim como respondido pelos coordenadores de cursos, a formação dos

profissionais com funções em planeamento contemplou, maioritariamente,

actividades de Elaboração de planos. As actividades menos praticadas durante

a formação são as de implementação e controlo e avaliação dos planos de

desenvolvimento turístico.

A hipótese 7 (H7) está relacionada com a pergunta 6 (P6) e procura

compreender se “Durante a formação dos profissionais responsáveis pelo

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206

planeamento turístico as atividades práticas desenvolvidas estão mais

relacionadas com a elaboração de planos turísticos ou de marketing”. Pela

experiência pessoal da investigadora, era esta a tendência dos cursos de

turismo, o que se verificou ser verdadeira.

Tabela 18

P6. Das actividades abaixo listadas, marque todas as opções que foram desenvolvidas durante a sua formação

Actividades Valor

Absoluto

Valor

Relativo

(%)

Elaboração de planos de desenvolvimento turístico 34 70,8

Elaboração de planos de marketing 34 70,8

Elaboração de diagnósticos e prognósticos 28 58,3

Elaboração de inventário turístico 28 58,3

Análise de tendências de mercado 28 58,3

Actividades de sensibilização e/ou consciencialização

da comunidade em relação ao turismo 24 50,0

Processo de envolvimento da comunidade e do sector

privado 24 50,0

Estudo de viabilidade de produtos turísticos 20 41,7

Apoio técnico aos municípios ou regiões de turismo na

área de gestão e planeamento do turismo 17 35,4

Controlo e avaliação do plano de desenvolvimento do

turismo 13 27,1

Implementação do plano de desenvolvimento do

turismo 12 25,0

Total 48 100

NS/NR 9

Total 57

A Figura 30 fornece uma perspectiva gráfica desta realidade. Ao visualizar que

quanto mais afastado do centro da figura, maior a percentagem de

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207

desenvolvimento da actividade, é possível identificar que as actividades de

elaboração de planos turísticos e de marketing são as que apresentam, de

facto, as percentagens mais relevantes.

Figura 30

P6. Das actividades abaixo listadas, marque todas as opções que foram desenvolvidas durante a sua formação (%)

Na parte 2 do questionário, a primeira pergunta solicitava a identificação da

Câmara Municipal na qual o profissional exercia as suas funções. Não existe a

intenção de divulgar estes dados, pelo que a pergunta foi feita meramente por

razões de controlo.

Na pergunta 2 (P2. Cargo que ocupa), a grande maioria ocupa o cargo de

Técnico Superior em Turismo (45,6%), seguido dos Chefes de

Divisão/Gabinete (19,3%).

0

20

40

60

80

Actividades desensibilização e/ou

consciencialização da…

Análise de tendências demercado

Apoio técnico aosmunicípios ou regiões de

turismo na área de gestão…

Controlo e avaliação doplano de desenvolvimento

do turismo

Elaboração de diagnósticose prognósticos

Elaboração de inventárioturístico

Elaboração de planos dedesenvolvimento turístico

Elaboração de planos demarketing

Estudo de viabilidade deprodutos turísticos

Implementação do planode desenvolvimento do

turismo

Processo de envolvimentoda comunidade e do sector

privado

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208

Na pergunta 3, foi solicitada a identificação do Departamento ou Organismo ao

qual o profissional está ligado (P3. Departamento ou Organismo ao qual está

ligado), sendo possível identificar que 53,8% estava num departamento que

associava o Turismo à Cultura; 23,1% associava o Turismo às actividades

económicas, ao planeamento ou ao desenvolvimento local; e 17,3% trabalham

num Departamento exclusivamente dedicado ao turismo.

Em relação à sua permanência no cargo (P4. Há quanto tempo ocupa o

cargo), 41,8% está de 1 a 5 anos, 27,3% há mais de 10 anos e 18,2% de 5 a

10 anos, o que indica que a maioria desses profissionais (45,5%) tem mais de

5 anos de experiência.

A questão 5 procura identificar se o município possui um organismo

exclusivamente para o turismo (P5. No seu município existe um órgão

especificamente responsável pelo planeamento e gestão do turismo?).

Conclui-se que, nas duas regiões analisadas, 57,4% não possui um organismo

exclusivamente voltado para o turismo, enquanto 42,6% afirma que há, indo de

encontro às respostas da questão 3.

A hipótese 8 (H8) está relacionada com a pergunta 5 (P5), na qual se pretendia

verificar se “nos municípios das regiões do Alentejo e Algarve o turismo é

gerido através de organismos/secretarias conjuntos com outras áreas”. A

resposta dos profissionais responsáveis pela gestão e planeamento do turismo

indica que a maioria dos municípios destas regiões (57,4%) não possui uma

unidade orgânica exclusivamente dedicada ao turismo, pelo que esta hipótese

é confirmada.

Na pergunta 6, os profissionais responsáveis pela gestão e planeamento

ligados às Câmaras Municipais foram convidados a responder quais das

actividades listadas faziam parte das suas funções (P6. Quais destas

actividades em planeamento e gestão do turismo estão incluídas nas

suas funções profissionais?). Note-se que as actividades listadas são

propositadamente semelhantes às referenciadas no questionário aplicado aos

cursos de turismo, com a finalidade de, posteriormente, se cruzarem os dados

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209

da oferta formativa com os da prática da função de gestão e planeamento do

turismo.

A actividade mais citada foi “Processo de envolvimento da comunidade e do

sector privado com o turismo” (75,5%) (Tabela 17), mas esta actividade fez

parte da formação de apenas 50% dos entrevistados (segundo os mesmos

profissionais). Por outro lado, na perspectiva dos cursos superiores em turismo,

apenas 44% deles contempla esta actividade.

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210

Tabela 19

P6. Quais destas actividades em planeamento e gestão do turismo estão incluídas nas suas funções profissionais?

Actividades Valor

Absoluto

Valor

Relativo

(%)

Processo de envolvimento da comunidade e do sector privado com o

turismo 40 75,5

Promoção e venda de destinos turísticos 38 71,7

Elaboração de inventário turístico 37 69,8

Elaboração de planos de desenvolvimento turístico 29 54,7

Implementação do plano de desenvolvimento do turismo 25 47,2

Concepção, incremento e fomento de destinos turísticos 22 41,5

Elaboração de diagnósticos e prognósticos 21 39,6

Estudo de viabilidade de produtos turísticos 21 39,6

Análise de tendências de mercado 19 35,8

Elaboração de planos de marketing 18 34,0

Controle e avaliação do plano de desenvolvimento do turismo 17 32,1

Consultoria na área de gestão, marketing ou planeamento turístico 3 5,7

Inspecção e certificação de qualidade dos destinos turísticos 3 5,7

Ordenamento territorial e urbanismo 2 3,8

Elaboração de materiais promocionais 1 1,9

Licenciamento de empreendimentos turísticos 1 1,9

Registo de estabelecimentos de alojamento local 1 1,9

Total 53 100

NS/NR 4

Total 57

A figura 31 ilustra a função do planeador turístico sob outra perspectiva.

Através desse gráfico, é possível identificar as actividades e o seu efectivo

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desempenho no contexto profissional. Quanto mais distante do centro da figura,

maior a percentagem de desempenho destas funções. Actividades como

“Elaboração de materiais promocionais”, “Consultoria na área de gestão,

marketing ou planeamento turístico” e “Registo de estabelecimentos de

alojamento local” são praticamente nulas. Por outro lado, a “Promoção e venda

de destinos turísticos”, “Processo de envolvimento da comunidade e do sector

privado com o turismo” e “Elaboração de inventário turístico” apresentam uma

percentagem elevada de desempenho entre os municípios analisados.

Figura 31

P6. Quais destas actividades em planeamento e gestão do turismo estão

incluídas nas suas funções profissionais? (%)

A Tabela 20 reúne os conteúdos do dia-a-dia laboral e a classificação da sua

importância no desempenho da função do planeador do turismo, na óptica

destes mesmos profissionais (P7. A lista abaixo contém alguns conteúdos

0

20

40

60

80

Análise de tendências demercado

Concepção, incremento efomento de destinos

turísticosConsultoria na área degestão, marketing ouplaneamento turístico

Controle e avaliação doplano de desenvolvimento

do turismo

Elaboração de diagnósticose prognósticos

Elaboração de inventárioturístico

Elaboração de materiaispromocionais

Elaboração de planos dedesenvolvimento turístico

Elaboração de planos demarketing

Processo de envolvimentoda comunidade e do sector

privado com o turismo

Promoção e venda dedestinos turísticos

Registo deestabelecimentos de

alojamento local

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ligados à actividade turística. Marque as alternativas segundo a maior ou

menor importância que lhes reconhece no seu dia-a-dia laboral, sendo as

opções). O entrevistado foi convidado a marcar dentre as seguintes opções: 1-

Sem qualquer importância; 2- Pouca importância; 3- Importante; 4- Muito

importante, 5- Fundamental importância. Por fim, foi utilizada a escala de Likert

para ordenar os conteúdos laborais por ordem de importância.

Segundo os planeadores, os principais aspectos a serem considerados no

desempenho das suas funções estão relacionados com os conteúdos das

áreas da Comunicação, Cultura e Marketing. Assim como foi evidenciado na

questão anterior, a promoção turística é apontada como uma das principais

actividades desenvolvidas no âmbito da actividade de gestão e planeamento

turístico. Por outro lado, as consideradas menos importantes estão

relacionadas com a “Política ambiental” e a “Contextualização da actividade

turística”.

Se confrontamos estes dados com as principais actividades desenvolvidas no

âmbito das funções de gestão e planeamento, onde há destaque para a

promoção e marketing e elaboração de planos turísticos e de marketing é

possível perceber uma associação entre os conteúdos apontados e as

actividades desenvolvidas.

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213

Tabela 20

P7. A lista abaixo contém alguns conteúdos ligados à actividade turística. Marque as alternativas segundo a maior ou menor importância que lhes

reconhece no seu dia-a-dia laboral, sendo as opções.

Actividade

Classificação média na

escala de Likert (0 a 5)

Comunicação 4,4

Cultura e património 4,4

Promoção e divulgação de produtos turísticos 4,4

Gastronomia e artesanato 4,3

Dinamização e gestão de parceiras 4,2

Desenvolvimento sustentável 4,1

Produtos turísticos 4,1

Economia local, regional e nacional 4,1

História 4,1

Marketing turístico 4,0

Marketing territorial 3,9

Etnografia 3,8

Tipos de Turismo 3,8

Gestão da procura turística 3,8

Tendências de Mercado 3,7

Ordenamento do território 3,7

Negociação 3,6

Gestão de projectos e análise da sua viabilidade económica 3,5

Contextualização da actividade turística 3,3

Política ambiental 3,2

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214

6.3.3 Relação entre a Formação em Turismo e as Actividades Laborais do

Planeador do Turismo

O principal objectivo desta tese é relacionar a formação superior em turismo

com as actividades de planeamento turístico desempenhadas no âmbito

municipal.

Nos tópicos acima, foram apresentados os resultados obtidos com a aplicação

de um questionário junto dos coordenadores dos cursos que formam

planeadores em turismo e de um outro aplicado junto dos responsáveis pelo

planeamento turístico dos municípios algarvios e alentejanos. No entanto, para

alcançar o objectivo geral desta tese, é preciso ter uma visão conjunta entre o

lado daqueles que formam os profissionais e o lado daqueles que actuam no

mercado, a fim de conhecer se há uma coerência entre estas duas

perspectivas.

A Figura 32 apresenta os resultados da pergunta 2, do questionário aplicado

aos coordenadores de curso (Quais as actividades práticas em planeamento

turístico realizadas no âmbito do curso de turismo oferecido na sua instituição

de ensino?) assim como as respostas da pergunta 6, do questionário aplicado

aos profissionais (Quais destas actividades desenvolve actualmente no âmbito

das actividades em gestão e planeamento do turismo designadas para a sua

função profissional?).

Esta figura permite analisar a hipótese de trabalho proposta:

H1 A Educação Superior em Turismo está relacionada com o desempenho

das funções do Planeamento Turístico, no âmbito local.

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215

Figura 32

Representação conjunta das respostas da P2 (Quais as actividades

práticas em planeamento turístico realizadas no âmbito do curso de

turismo oferecido na sua instituição de ensino?), aplicada nos cursos de

turismo, e da P6 (Quais destas actividades desenvolve actualmente no

âmbito das actividades em gestão e planeamento do turismo designadas

para a sua função profissional?), aplicada aos profissionais de

planeamento nas Câmaras Municipais (%).

Assim, considerando as hipóteses e os resultados obtidos com os

questionários, não há uma concordância exacta entre o que é ensinado e

aquilo que é requerido no dia-a-dia laboral da função de planeamento. No

contexto educativo há uma maior valorização da “Análise de tendências de

mercado” em relação com o que é realizado no ambiente laboral. Por outro

lado, há uma desvalorização excessiva de actividades como “Implementação

do plano de desenvolvimento turístico” e “Processo de envolvimento da

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Actividades práticas emplaneamento turísticorealizadas no âmbito do cursode turismo

Funções de planeamento egestão do turismodesempenhadas nas CâmarasMunicipais

Q2

Q6

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216

comunidade e do sector privado com o turismo” por parte dos cursos de

turismo.

As demais actividades parecem ter uma importância relativamente similar, o

que permite identificar, ainda assim, alguma coerência entre a formação e a

prática destas actividades.

Numa análise global, confirma-se a hipótese de que há uma relação entre a

educação em turismo e a prática do planeamento turístico nos municípios (H1),

sem, contudo, deixar de se reconhecer que existem alguns desajustamentos

visíveis entre o que é ensinado e a função profissional do planeador em turismo.

6.4 O perfil da Formação Superior em Turismo e dos Profissionais de

Planeamento Turístico

Os cursos superiores de turismo em Portugal, de uma forma geral, possuem

uma componente equitativamente teórica e prática. Em relação às actividades

práticas do planeamento turístico, é verificado que a maior parte delas está

relacionada com a elaboração de planos turísticos e de marketing, ficando de

fora outros tipos de actividades relacionadas com o planeamento turístico. É

também interessante relembrar que nos planos curriculares da totalidade dos

cursos de turismo em Portugal, os grupos disciplinares as disciplinas

específicas de Gestão e Planeamento representam 18%.

Tal como evidenciado na revisão da literatura, o planeamento turístico envolve

diversas actividades, desde a sensibilização dos stakeholders, levantamento e

diagnóstico da situação até as fases de implementação e constante

acompanhamento das situações em questão.

O envolvimento com a comunidade não demonstrou ser um ponto alto na

formação em turismo, evidenciando deficiências tanto no desenvolvimento de

actividades práticas durante a formação, como em termos de conteúdos para

discussão teórica. Negligenciar actividades como a sensibilização da

comunidade, implementação, avaliação e controlo de planos turísticos durante

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a formação dos profissionais que actuarão futuramente na área da gestão e

planeamento do turismo pode comprometer aspectos já anteriormente

discutidos, como os relacionados com a sustentabilidade social, ambiental,

cultural e económica, bem como a própria viabilidade dos planos elaborados.

Verificou-se que, apesar de ainda residuais, existem algumas parcerias entre

os cursos e os organismos públicos responsáveis pela gestão e planeamento,

sejam essas parcerias em forma de estágios ou de apoios em organização de

eventos; como foi muito citado, a formação mais aproximada da realidade dá

maior capacidade ao profissional para actuar com competência. Entretanto, há

que levar em conta se estas actividades realmente contribuem de forma

expressiva para a formação nesta área específica – por exemplo, fornecer

apoios a eventos não suporta uma função de planeamento turístico, mas sim

de organização de eventos.

Por outro lado, em menor quantidade há interesse visível em aproximar os

cursos do mercado através do desenvolvimento de actividades diversas, como

a avaliação do potencial turístico do território; Desenvolvimento de actividades

com golfe/resorts; Desenvolvimento de actividades com hotéis;

Desenvolvimento de actividades com instituições ambientais; Desenvolvimento

de um Observatório Regional do Turismo; Empreendedorismo; Planos de

marketing; Projecto de Unidade Curricular.

Em relação aos profissionais que actuam nas Câmaras Municipais sendo

responsáveis pela área do planeamento turístico, foi possível estabelecer que o

perfil é maioritariamente composto por mulheres, com idade entre 31 e 50 anos

e com mais de 5 anos de experiência nas funções que exercem, ocupando

funções de Técnicos Superiores em Turismo em órgãos ou departamentos que

tratam do turismo juntamente com outras áreas.

Nas suas formações, estes profissionais confirmam o que foi exposto através

da investigação junto dos cursos. O foco das actividades formativas estava na

elaboração de planos turísticos e de marketing, enquanto as demais

actividades tiveram pouca relevância no contexto formativo. Curiosamente, a

função mais citada pelos profissionais de planeamento turístico foi o “Processo

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de envolvimento da comunidade e do sector privado com o turismo”, uma

função pouco contemplada nos cursos de turismo.

6.6 Considerações Finais

Os cursos de turismo portugueses que formam planeadores turísticos possuem

uma organização formal equitativamente teórica e prática, mas tendem a uma

abordagem sobretudo teórica. Concentram as actividades na área de

elaboração de planos turísticos e planos de marketing e outras actividades

relacionadas. De uma forma geral, e como poderia ser esperado, as

actividades práticas tendem a ser menos trabalhadas no ambiente académico

do que as actividades que apenas exigem reflexão e discussão.

Quando considerada a hipótese de trabalho de que há uma relação entre a

formação e a prática do planeamento, verificou-se a confirmação da hipótese,

identificando, entretanto, que é necessário fazer ajustes na formação desses

profissionais.

É compreensível que o ambiente académico nem sempre consiga ser o mais

adequado para o ensino de actividades de cunho sobretudo prático, mas, se a

proposta de formação inclui o desempenho específico de determinadas

funções laborais, estes futuros profissionais devem estar aptos para tal e não

para entrarem no ambiente profissional para ainda necessitarem de fazer

novas experiências.

Além disso, acredita-se que os resultados obtidos, apesar de fiáveis, se

submetidos a um estudo ainda mais aprofundado poderiam debater-se com

outras questões preocupantes. Com base em experiências pessoais da

investigadora, acredita-se que muitos alunos concluem a sua formação sem

nenhum contacto com a realidade do mercado na área de planeamento

turístico e que muitas das actividades consideradas como “práticas” pelos

coordenadores de curso são, na realidade, actividades sem qualquer ligação

com o ambiente real.

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Nessa perspectiva, sugere-se que sejam realizados mais estudos nesta área,

no sentido de melhorar tanto a oferta formativa como o desempenho das

funções dos profissionais de planeamento e a qualidade do turismo, como um

todo.

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220

Capítulo 7

Nota Final

O planeamento é uma actividade essencial para que seja possível promover e

optimizar o desenvolvimento através do turismo. Somente através da gestão

racional é possível proporcionar uma actividade turística responsável e

sustentável, melhorando os benefícios por ela gerada.

No que se refere aos processos de desenvolvimento, os modelos de gestão

que envolvem todos os stakeholders e nos quais o foco está na qualidade e na

sustentabilidade têm-se mostrado mais adequados às comunidades turísticas.

Ou seja, têm proporcionado mais qualidade de vida e maiores benefícios

sociais e económicos às comunidades. Mas é interessante ressaltar que estes

modelos que proporcionam mais benefícios para o destino são, da mesma

forma, mais interessantes para os turistas. A base da gestão e planeamento

sustentável acaba por proporcionar a oferta de um produto de maior qualidade

e, portanto, essencialmente mais competitivo no mercado turístico.

Dentro deste contexto e do objectivo da tese, foi importante compreender as

funções desempenhadas pelos profissionais de gestão e planeamento dos

destinos, a fim de alcançar esses objectivos de desenvolvimento,

sustentabilidade e gestão do negócio turístico. Numa análise mais aprofundada,

compreendeu-se que as funções estão mais associadas às áreas da gestão e

do marketing, tanto na perspectiva da formação dos profissionais, como no

efectivo desempenho das funções nos destinos.

A pesquisa empírica foi desenvolvida de forma a analisar as duas perspectivas

da mesma situação. Por um lado, a formação recebida pelos profissionais de

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gestão e planeamento, auscultada através de um questionário junto aos

cursos de turismo. Por outro lado, as funções desempenhadas pelos

profissionais de planeamento turístico no dia-a-dia do seu desempenho laboral,

conhecidas através de um inquérito aos responsáveis por esta matéria nos

municípios das regiões do Alentejo e Algarve. Na perspectiva dos cursos, a

realidade da formação turística destes profissionais incide numa abordagem

equilibrada entre a componente teórica e prática. Entretanto, o que é

considerado como abordagem prática refere-se, muitas vezes, à elaboração de

planos turísticos e de marketing e não exactamente a um contacto mais

próximo com as realidades locais. Sugere-se que, em novas investigações,

sejam identificadas quais e como são realizadas as actividades práticas no

âmbito da formação destes profissionais.

Esta preocupação surge porque há indícios de que alguns cursos podem

considerar a simples elaboração de planos turísticos, mesmo num contexto

fictício, como uma atividade prática, quando, na verdade, se trata de um

exercício essencialmente teórico e distante da realidade em que estes

profissionais terão que pensar e actuar. Compreende-se a dificuldade em

desenvolver certas atividades dentro do ambiente académico, como o número

de alunos das turmas, a limitação de tempo e de outros recursos disponíveis,

não sendo este ponto, contudo, o foco desta discussão.

A reflexão aqui proposta envolve a capacidade de actuação destes

profissionais, considerando o contexto formativo a que tiveram acesso. Fica

evidente, apesar de se reconhecer o benefício de um maior detalhe, que estes

profissionais possuem carência de formação num contexto mais real, com

aproximação das comunidades turísticas.

A aproximação entre os cursos de turismo que formam os profissionais de

planeamento turístico deveria ocorrer através de parcerias entre os organismos

municipais e regionais e os cursos em questão. Evidentemente, reconhece-se

a dificuldade, muitas vezes encontrada, em estabelecer estes tipos de

parcerias, uma vez que envolvem esferas distintas que, em princípio,

apresentam objectivos institucionais divergentes. Mas vale a pena evidenciar e

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insistir nesse tipo de parcerias institucionais que, no final, beneficiarão tanto a

instituição de ensino, como os alunos, os destinos e a comunidade.

Os alunos poderiam contar com uma formação mais sólida, com base em

modelos reais, mas num contexto em que há um certo controlo dos riscos,

através do acompanhamento por parte dos docentes e de outros profissionais

afectos às Câmaras Municipais e outras instituições relevantes. A proposta é

colocar os futuros profissionais em campo, para conhecer de perto as funções

que poderão vir a desempenhar.

Já os destinos turísticos beneficiariam durante este tipo de formação, por

poderem contar com o apoio de docentes e discentes no desenvolvimento de

algumas actividades, como o inventário turístico, apoio nas análises

diagnósticas, sensibilização da comunidade, apoio em questões ambientais,

etc.

Por outro lado, estes mesmos destinos poderiam contar, futuramente, com o

trabalho de profissionais mais bem preparados para as funções de

planeamento turístico, uma vez que haviam contado, na sua formação, com as

importantes reflexões académicas e conteúdos teóricos, mas também

experienciado a realidade concreta das comunidades turísticas.

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www.turismodoalentejo-ert.pt/newsletter/abril2011.pdf [Último acesso em 12

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março de 2011. Disponível em: www.turismodoalentejo-

ert.pt/newsletter/marco2011.pdf [Último acesso: 12 de Julho de 2011].

Turismo do Alentejo (2011c) Santiago do Cacém acolhe “Conhecer para agir”.

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Turismo do Algarve (2011a) Plano de Actividades 2011. Disponível em:

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Nichos. Ciclo de Debates Turismo do Algarve 2011. Disponível em:

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Panrotas (2010) OIT reconhece papel do turismo na geração de empregos.

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Disponível em: www.turismodoalentejo-ert.pt/newsletter/abril2011.pdf

[Último acesso em 12 de Julho de 2011].

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248

Anexos

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249

Anexo I

Questionário aplicado aos responsáveis pelos Cursos de Turismo

Questionário

Cursos de Turismo

Este questionário é parte integrante da investigação realizada no e-GEO,

Centro de investigação da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

(FCSH), da Universidade Nova de Lisboa e tem o apoio da Fundação para

a Ciências e a Tecnologia (FCT). Tem como objectivo principal conhecer

os métodos de ensino na área de planeamento turístico, bem como a

capacidade de actuação dos profissionais formados nos cursos

superiores de turismo.

Neste questionário constam apenas 9 questões e a estimativa do tempo

necessário para respondê-lo é de cerca de 10 minutos. Conto com o seu

apoio para reunir as informações necessárias para a conclusão desta

investigação. Será garantida a confidencialidade das informações

fornecidas.

Agradeço antecipadamente a colaboração,

Msc. Ericka Amorim

Page 259: DECLARAÇÕES · 3.3 Gestão Estratégica e Organização do Turismo em Portugal 75 3.3.1 Gestão e Planeamento do Turismo no nível Nacional 77 3.3.2 Gestão e Planeamento do Turismo

250

1. No curso superior em turismo oferecido na sua instituição de ensino, a

disciplina de planeamento turístico utiliza métodos de ensino compostos:

1 – Somente por aspectos teóricos

2 – Mais aspectos teóricos do que práticos

3 – Equitativamente aspectos teóricos e práticos

4 - Mais aspectos práticos do que teóricos

5 - Somente aspectos práticos

Caso o seu curso tenha alguma componente prática, responda a

questão 2. Caso não haja, passe para a questão 3.

2. Quais as actividades práticas em planeamento turístico realizadas no

âmbito do curso de turismo oferecido na sua instituição de ensino?

Elaboração de inventário turístico

Elaboração de planos de marketing

Elaboração de diagnósticos e prognósticos

Elaboração de planos de desenvolvimento turístico

Estudo de viabilidade de produtos turísticos

Análise de tendências de mercado

Actividades de sensibilização e/ou consciencialização da comunidade

com relação ao turismo

Processo de envolvimento da comunidade e do sector privado

Apoio técnico aos municípios ou regiões de turismo na área de gestão e

planeamento do turismo

Implementação do plano de desenvolvimento do turismo

Controle e avaliação do plano de desenvolvimento do turismo

Outra (s). Qual (is)?

3. Classifique os conteúdos a seguir, de acordo com a realidade

encontrada no seu curso. A depender da forma como o conteúdo for

leccionado, marque 1 - somente com bases teóricas; 2 - mais com

base teórica do que prática; 3 – equilíbrio entre a componente teórica e

a prática; 4 – mais prático do que teórico; 5 . somente teórico. Caso o

conteúdo não seja leccionado no seu curso, marque 0 – não se aplica.

Contextualização da actividade turística

Tendências de mercado

Tipos de Turismo

Produtos turísticos

Page 260: DECLARAÇÕES · 3.3 Gestão Estratégica e Organização do Turismo em Portugal 75 3.3.1 Gestão e Planeamento do Turismo no nível Nacional 77 3.3.2 Gestão e Planeamento do Turismo

251

Economia local, regional e nacional

Política ambiental

Ordenamento do território

Desenvolvimento sustentável

Marketing territorial

Marketing turístico

Etnografia

História

Cultura e património

Gastronomia e artesanato

Gestão de projectos e análise da sua viabilidade económica

Gestão da procura turística

Promoção e divulgação de produtos turísticos

Dinamização e gestão de parceiras

Negociação

Comunicação

4. Existe alguma parceria estabelecida entre o curso de turismo e alguma

entidade local ou regional de turismo no âmbito de actividades em

gestão e planeamento do turismo?

Sim. Qual (is)?

Não

Não sei

5. É desenvolvida, através do curso de turismo da sua instituição de ensino,

alguma actividade no âmbito da gestão e planeamento do turismo para

um município, região ou país?

Sim. Qual (is)? Listar…

Não

Não sei

6. É desenvolvida, através do curso de turismo da sua instituição de ensino,

alguma actividade junto com a comunidade?

Sim. Qual (is)? Listar…

Não

Não sei

7. Existe algum factor diferencial no seu curso em relação aos demais?

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252

Sim. Qual (is)

Não

Não sei

8. Relativamente à formação dos profissionais de planeamento turístico, de

uma forma geral, qual (is) o(s) ponto(s) fraco(s) da formação oferecida

nos cursos superiores em turismo?

9. Relativamente à formação dos profissionais de planeamento turístico, de

uma forma geral, qual (is) o(s) ponto(s) forte(s) da formação oferecida

nos cursos superiores em turismo?

Page 262: DECLARAÇÕES · 3.3 Gestão Estratégica e Organização do Turismo em Portugal 75 3.3.1 Gestão e Planeamento do Turismo no nível Nacional 77 3.3.2 Gestão e Planeamento do Turismo

253

Anexos II

Questionário aplicado aos Responsáveis pela Gestão e Planeamento do

Turismo nas Câmaras Municipais

Questionário

Responsável pela Gestão e Planeamento do Turismo nas Câmaras

Municipais

Este questionário é parte integrante da investigação realizada no e-GEO,

Centro de investigação da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

(FCSH), da Universidade Nova de Lisboa e tem o apoio da Fundação para

a Ciências e a Tecnologia (FCT). Tem como objectivo principal conhecer a

relação entre a formação superior em turismo e a prática das funções de

planeamento no contexto das Câmaras Municipais de Turismo.

Neste questionário constam apenas 13 questões e a estimativa do tempo

necessário para respondê-lo é de cerca de 10 minutos. Conto com o seu

apoio para reunir as informações necessárias para a conclusão desta

investigação. Será garantida a confidencialidade das informações

fornecidas.

Agradeço antecipadamente a colaboração,

Msc. Ericka Amorim

Parte 1. Informações relativas à formação pessoal

1. Sexo

Feminino

Page 263: DECLARAÇÕES · 3.3 Gestão Estratégica e Organização do Turismo em Portugal 75 3.3.1 Gestão e Planeamento do Turismo no nível Nacional 77 3.3.2 Gestão e Planeamento do Turismo

254

Masculino

2. Idade ___

3. Quantos anos de experiência profissional possui na área de gestão e

planeamento do turismo?

Menos de 1 ano

De 1 a 5 anos

De 5 a 10 anos

Mais de 10 anos

As questões 4 e 5 devem ser respondidas pelos profissionais que

concluíram o curso superior (bacharelo e/ou licenciatura). Caso não

tenha concluído o curso superior, passa para a questão 6

4. Qual o seu nível de instrução?

Bacharelato

Licenciatura

Pós-graduação

Mestrado

Doutoramento

5. Caso se aplique, indique o curso e a instituição onde obteve o seu grau

de

Bacharelato

Licenciatura

Pós-graduação

Mestrado

Doutoramento

6. Das actividades abaixo listadas, marque todas as opções que foram

desenvolvidas durante a sua formação superior

Elaboração de inventário turístico

Elaboração de planos de marketing

Elaboração de diagnósticos e prognósticos

Elaboração de planos de desenvolvimento turístico

Estudo de viabilidade de produtos turísticos

Análise de tendências de mercado

Actividades de sensibilização e/ou consciencialização da comunidade

com relação ao turismo

Processo de envolvimento da comunidade e do sector privado

Apoio técnico aos municípios ou regiões de turismo na área de gestão e

planeamento do turismo

Page 264: DECLARAÇÕES · 3.3 Gestão Estratégica e Organização do Turismo em Portugal 75 3.3.1 Gestão e Planeamento do Turismo no nível Nacional 77 3.3.2 Gestão e Planeamento do Turismo

255

Implementação do plano de desenvolvimento do turismo

Controle e avaliação do plano de desenvolvimento do turismo

Outra (s). Qual (is)?

Parte 2. Informações relativas ao trabalho

Justificação: as perguntas que seguem estão relacionadas ao cargo e as

funções exercidas no âmbito da gestão e planeamento do turismo.

1. Entidade:

2. Cargo que ocupa:

3. Departamento ou Organismo ao qual está ligado:

4. Tempo que ocupa o cargo:

Menos de 1 ano

De 1 a 5 anos

De 5 a 10 anos

Mais de 10 anos

5. No seu município existe um órgão especificamente responsável pela

gestão e planeamento do turismo?

Sim

Não

Não sei

6. Quais destas actividades desenvolve actualmente no âmbito das

actividades em gestão e planeamento do turismo designadas para a sua

função profissional?

Ordenamento territorial e urbanismo

Elaboração de inventário turístico

Elaboração de planos de marketing

Elaboração de diagnósticos e prognósticos

Elaboração de planos de desenvolvimento turístico

Estudo de viabilidade de produtos turísticos

Análise de tendências de mercado

Concepção, incremento e fomento de destinos turísticos

Promoção e venda de destinos turísticos

Processo de envolvimento da comunidade e do sector privado com o

turismo

Implementação do plano de desenvolvimento do turismo

Page 265: DECLARAÇÕES · 3.3 Gestão Estratégica e Organização do Turismo em Portugal 75 3.3.1 Gestão e Planeamento do Turismo no nível Nacional 77 3.3.2 Gestão e Planeamento do Turismo

256

Controle e avaliação do plano de desenvolvimento do turismo

Consultadoria na área de gestão, marketing ou planeamento turístico

Inspecção e certificação de qualidade dos destinos turísticos

Outros. Quais?

7. Abaixo seguem listados alguns conteúdos da área de turismo. Marque

as alternativas segundo a maior ou menor importância do conteúdo no

seu dia-a-dia laboral, sendo a opção 1 – sem qualquer importância; 2 –

pouca importância; 3 – importante; 4 - Muito importante; 5 – fundamental

importância.

Contextualização da actividade turística

Tendências de mercado

Tipos de Turismo

Produtos turísticos

Economia local, regional e nacional

Política ambiental

Ordenamento do território

Desenvolvimento sustentável

Marketing territorial

Marketing turístico

Etnografia

História

Cultura e património

Gastronomia e artesanato

Gestão de projectos e análise da sua viabilidade económica

Gestão da procura turística

Promoção e divulgação de produtos turísticos

Dinamização e gestão de parceiras

Negociação

Comunicação

8. Caso exista algum conteúdo que não esteja acima listado mas que

julgue ter importância no seu dia-a-dia laboral, favor referir indicando o

seu grau de importância.