Defensoria - Extincao Adolescente Doenca Mental

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Comarca de UberlndiaComarca de UberlndiaVara da Infncia e JuventudeAutos n. 0702.10.084672-5Representado: Weverson Ricardo Barbosa de SouzaMMa Juza,A Defensoria Pblica do Estado de Minas Gerais requereu a extino do presente feito pelo fato do adolescente Weverson Ricardo Barbosa de Souza sofrer de transtornos mentais (fls. 65/67).A rigor, a alegao da Dra. Defensora Pblica no sentido de que o adolescente incapaz de cumprir qualquer espcie de medida socioeducativa, j que no possui condies de extrair os objetivos ressocializantes e reestruturantes de sua personalidade, oriundos da aplicao da medida.H de se ressaltar, ainda, que, segundo a douta Defensora Pblica, pelo fato do adolescente sofrer de transtornos mentais, deve o mesmo ser submetido ao devido tratamento e no internado no CSEU em caso de procedncia da representao, j que este no o local adequado ao tratamento de doentes mentais, tampouco colocado em outra medida de meio aberto.Contudo, verifica-se que no assiste razo Defensoria Pblica, pelos motivos a seguir:O artigo 112, 3, do ECA, estatui que os adolescentes portadores de doena ou deficincia mental recebero tratamento individual e especializado, em local adequado s suas condies.Percebe-se pela legislao menorista que, praticado o ato infracional por adolescente portador de doena mental, tem-se o oferecimento da representao, segue-se toda a instruo processual, ao final, caso a MM. Juza julgue procedente a representao, pode-se determinar que o adolescente seja inserido na medida socioeducativa de liberdade assistida associada ao acompanhamento ambulatorial psiquitrico, psicopedaggico e familiar.O STJ reconhece, de maneira expressa, que adolescente portador de transtorno mental pode ser submetido a medida socioeducativa de liberdade assistida associada ao acompanhamento ambulatorial psiquitrico, psicopedaggico e familiar:HABEAS CORPUS. PROCESSO PENAL. ESTATUTO DA CRIANA E DO ADOLESCENTE. RETARDO MENTAL LEVE. TRATAMENTO PSIQUITRICO. NECESSIDADE. MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE INTERNAO. CARTER MERAMENTE RETRIBUTIVO. ILEGALIDADE. ORDEM CONCEDIDA. 1. Nos termos do 1 do art. 112 do ECA, a imposio de medida socioeducativa dever considerar a capacidade de seu cumprimentopeloadolescente,nocasoconcreto. 2. O paciente no possui capacidade mental para assimilar a medida socioeducativa, que, uma vez aplicada, reveste-se de carter retributivo, o que incompatvel com os objetivos do ECA. 3. Ordem concedida para determinar que o paciente seja inserido na medida socioeducativa de liberdade assistida associada ao acompanhamento ambulatorial psiquitrico, psicopedaggico e familiar.(STJ. 6 T. HC n 88043/SP. Rel. Min. OG Fernandes. J. em 14/04/2009. DJ 04/05/2009). HABEAS CORPUS ESTATUTO DA CRIANA E DO ADOLESCENTE. MENOR QUE POSSUI COMPROMETIMENTO DAS FACULDADESMENTAIS. NECESSIDADE DE TRATAMENTO PSIQUITRICO. MEDIDA SCIOEDUCATIVA DE INTERNAO. CARTER MERAMENTE RETRIBUTIVO. ILEGALIDADE.1. A internao de menor portador de distrbio mental, incapaz de assimilar a medida scio-educativa, possui carter meramente retributivo, o que no se coadunada com os princpios do Estatuto da Criana e do Adolescente. Precedente. 2. Ordem concedida para determinar que o Paciente seja inserido em medida scio-educativa de liberdade assistida, concomitante com acompanhamento ambulatorial psiquitrico, psicopedaggico e familiar." (HC 47178/SP, 5 Turma, da minha relatoria, DJ de 27/11/2006).Nesse sentido pacfico na doutrina e jurisprudncia que, para o clculo do prazo prescricional da pretenso socioeducativa, em que a medida foi aplicada sem termo final, como ocorre no caso em tela, far-se- uso do prazo mximo em abstrato de durao da medida de internao, que, luz do disposto no art. 121, 3, do Estatuto da Criana e do Adolescente, de 3 (trs) anos.Nesse sentido, o entendimento do Superior Tribunal de Justia:EMENTA. PENAL. ESTATUTO DA CRIANA E DO ADOLESCENTE. INTERNAO SEM PRAZO DETERMINADO. EXTINO DA PUNIBILIDADE PELO INSTITUTO DA PRESCRIO REGULADO NO CDIGO PENAL. POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. PRAZO PRESCRICIONAL REDUZIDO NA METADE. PRESCRIO NO IMPLEMENTADA. FALTA DE INTERESSE DE AGIR. NO OCORRNCIA. RECURSO DESPROVIDO.I. O entendimento que prepondera nesta Corte o de que a prescrio se aplica s medidas socioeducativas, atravs da aplicao subsidiria das regras do Cdigo Penal para o clculo do prazo prescricional.II. De acordo com uma interpretao sistemtica da Lei n. 8069/90, deve se considerar o prazo de 03 (trs) anos, fixado no art. 121,3, do referido diploma legal, que o limite imposto pelo legislador para a permanncia em medida socioeducativa de internao.III. Verificado que o menor, poca da prtica delitiva, contava com menos de 21 (vinte e um) anos de idade, o prazo prescricional de 8 anos (art. 109,IV, do CP) reduzido de metade, isto , para 4 anos (art. 115, do CP).IV. Hiptese em que no se vislumbra o transcurso do prazo de 4 anos entre nenhuma das causas interruptivas da prescrio.V. Incabvel a hiptese de falta de interesse de agir, eis que atos infracionais distintos, acarretam procedimentos independentes com imputao de medidas socioeducativas diversas, no aplicada de modo cumulativo.VI. Recurso desprovido. (STJ - REsp 1187090/RS - Rel. Ministro GILSON DIPP (1111) rgo Julgador T5 - QUINTA TURMA - J. 14/04/2011. P. 11/05/2011).De acordo com o art. 109, IV, do Cdigo Penal, a prescrio se d em oito anos para crimes com pena mxima superior a dois anos e inferior a quatro anos, como no presente caso, que a pena de, no mximo, trs anos.O art. 115 do mesmo diploma legal estabelece que o prazo para prescrio ser reduzido de metade quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de vinte e um anos. Assim, o prazo para ocorrer a prescrio, no caso em tela, de 4 anos (quatro) anos, e no 01 (um) ano, como alega a douta Defensora Pblica.Verifica-se, que em relao ao ato infracional anlogo ao crime descrito no art. 121, 2, incisos I, III e IV, do Cdigo Penal, praticado pelo socioeducando Deivid, tem-se que a sentena foi proferida em 13 de agosto de 2008, com trnsito em julgado em 24 de junho de 2009 (fl. 03).E como a partir do trnsito em julgado da sentena, que ocorreu em 24 de junho de 2009, at a data em que o socioeducando Deivid deu incio ao cumprimento da medida socioeducativa, que ocorreu em 16 de maio de 2011, no transcorreu o perodo de 4 (quatro) anos, no h assim que se falar em prescrio.Diante do exposto, requer o Ministrio Pblico o prosseguimento da execuo da medida socioeducativa imposta, haja vista a inexistncia de prescrio, com conseqente indeferimento do pedido formulado pela doutora defensora pblica.Uberlndia, 03 de agosto de 2011EPAMINONDAS DA COSTAPromotor de Justia