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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DO ÚNICO OFÍCIO DA COMARCA DE VIÇOSA – ALAGOAS. Autos sob o nº 0001410-83.2012.8.02.0053 Ação penal (Art. 297 c/c 304 do CPB) Autor: Justiça Pública Ré: Luana Karollyne de Almeida Pereira LUANA KAROLLYNE DE ALMEIDA PEREIRA, já qualificada nos autos da ação penal em epígrafe, por conduto deste Advogado, legalmente habilitado mediante instrumento procuratório em anexo, vem mui respeitosamente à presença de Av. Prof. Arthur Ramos, nº 113, Salas 04/05, 1º Andar, Centro, Pilar/AL, CEP: 57.150-000 Empresarial Dilma Albuquerque Fone/Fax: + 55 (82) 3265-3343 e-mail: [email protected]

DEFESA PRELIMINAR - VIÇOSA - LUANA KAROLLYNE - CRIME DE FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DO

ÚNICO OFÍCIO DA COMARCA DE VIÇOSA – ALAGOAS.

Autos sob o nº 0001410-83.2012.8.02.0053

Ação penal (Art. 297 c/c 304 do CPB)

Autor: Justiça Pública

Ré: Luana Karollyne de Almeida Pereira

LUANA KAROLLYNE DE ALMEIDA

PEREIRA, já qualificada nos autos da ação penal em epígrafe, por conduto

deste Advogado, legalmente habilitado mediante instrumento procuratório

em anexo, vem mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência,

apresentar tempestivamente sua regular DEFESA PRELIMINAR nos

termos da legislação vigente, de acordo com a redação do Art. 396 do

Código de Processo Penal – CPP, consubstanciado nos motivos fáticos e

substratos jurídicos expostos a seguir:

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I. DOS FATOS

A ré responde à presente ação penal pela

prática, em tese, dos crimes capitulados nos arts. 297 e 304 ambos do

Código Penal – CP, conforme narrativa constante na exordial acusatória de

fls. 02/03 recebida em 17 de julho de 2012, conforme decisão exarada às

fls. 04.

Narra à denúncia oferecida pelo douto

representante do Parquet Estadual que no dia 18 de maio de 2012, por

volta das 16h00min, na Av. Firmino Maia, centro desta urbe, a denunciada

LUANA KAROLLYNE DE ALMEIDA PEREIRA, usou cédula de identidade falsa,

em nome de MARIA HELENA GOMES, com a finalidade de retirar cartão

bancário na agência dos Correios deste município.

Com efeito, a acusada, confessou perante a

autoridade policial que forneceu uma foto 3x4 sua para que fosse

confeccionado o aludido documento público falso, possibilitando a retirada

do cartão bancário também produzido com informações falsas e que

provavelmente seria utilizado para obtenção de vantagens ilícitas

mediante fraude.

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Passo seguinte, na ótica do órgão acusador

restou comprovada a materialidade delitiva nos depoimentos prestados no

inquérito policial fls. 09/10 e 11; pelo auto de apresentação e apreensão

fls. 10; pelas fotocópias de fls. 12/13; corroborada pela confissão

espontânea da increpada perante a autoridade policial fls.12.

Por fim, conclui o autor da ação que a

acusada, praticou o crime tipificado no art. 297 c/c 304 todos do CP,

denunciando LUANA KAROLLYNE DE ALMEIDA PEREIRA, como incursa nas

penas dos delitos supramencionados, requerendo o recebimento e

autuação da denúncia, a citação da ré para apresentar sua defesa escrita,

a designação de audiência de instrução e julgamento com a posterior

condenação da mesma por ser medida de inteira Justiça.

II. DO MÉRITO

II. I. Preliminarmente da ausência do exame de corpo de

delito

É bem sabido por todos, que quando ocorre

uma infração penal que deixa vestígios materiais, deve a autoridade

policial, tão logo tenha conhecimento da sua prática, determinar a

realização do exame de corpo de delito, conforme preconiza o Art. 6º, VII

do CPP, fato que não ocorreu no caso em testilha.

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Por outra banda, como ensina Guilherme de

Souza Nucci1 o “Exame de corpo de delito: é a verificação da prova da

existência do crime, feita por peritos, diretamente, ou por intermédio de

outras evidências, quando os vestígios ainda que materiais,

desaparecem”.

Neste sentido, no presente caso, e

coadunando com a disposição trazida pelo art. 158 do CPP, temos que a

prática dos delitos capitulados na denúncia, por serem infrações que

deixam vestígios, é necessário e indispensável, o mencionado exame,

uma vez que, sem a realização deste, além de cercear a atuação da ampla

defesa e do contraditório, pode ocorrer nulidade processual, nos termos

dispostos no art. 564, III, b do vigente Código de Processo Penal.

Assim, temos que em determinados crimes

que exigem prova técnica específica e, por vezes, complexa, não há

viabilidade em se considerar formada a materialidade pela simples

inquirição de testemunhas como vislumbra a denúncia. Pois bem, é o que

ocorre em grande parte dos casos de falsidade documental. Como poderia

uma testemunha afirmar ter visto o documento e ser ele falso? A

testemunha é leiga e não examinou satisfatoriamente o que viu.

Neste sentido, TJSP formou entendimento

que:

1 Código de processo penal comentado, p. 382.Av. Prof. Arthur Ramos, nº 113, Salas 04/05, 1º Andar, Centro, Pilar/AL, CEP: 57.150-000

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“A falsidade documental é crime que

deixa vestígio, portanto, indispensável o

exame de corpo de delito, a teor do art.

158 do CPP, que, na hipótese, não pode

ser suprido pela prova oral produzida,

pois ainda presentes os documentos já

que as receitas foram juntadas aos autos”

(Apelação com revisão 436.600-3/4

Atibaia, 6º C. Rel. Ribeiro dos Santos,

09.06.2005, v. u. JUBI 109/05).

Nesse pensar, no momento atual, há de se

arguir nulidade processual, no tocante a ausência do exame de corpo de

delito, com arrimo nos arts. 563, 564, III, b, e 565 do CPP, visto que resulta

em prejuízo para a defesa, bem como, a mesma não deu causa, também

não concorreu para tal formalidade.

II. II. Do direito

Diante de tudo que fora exposto até o

presente momento, considerando os fatos e analisando os documentos

juntados aos autos, não podemos chegar à outra conclusão senão a da

inocorrência de conduta delituosa por parte da acusada. É o que

pretendemos demonstrar a seguir.

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A denunciada no inquérito policial confessa à

prática delituosa. Mas, devemos salientar que os fatos interessantes aos

autos, possivelmente, demonstram a inocorrência de ação delituosa, ou no

mínimo, a desclassificação dos delitos.

No que tange à materialidade do delito,

realmente não ficou demonstrado através de provas concretas a

falsificação ocorrida na carteira de identidade, documento público

verdadeiro, descrito na denúncia de fls. 02/03, por outro lado, faz-se

necessárias algumas observações a respeito.

De início, levanta-se a questão concernente a

idoneidade da alteração do documento. Será abordado a seguir que tal

alteração não era capaz de iludir as pessoas em razão da fragilidade do

método utilizado, o fornecimento da simples fotografia.

A única testemunha arrolada pela acusação,

Sr. Juarez Alves Correia, em seu depoimento às fls. 10/11 relata que: “se

encontra de plantão na data de hoje, quando suspeitaram de uma garota

que havia entrado várias vezes na agência dos Correios nesta Cidade;

que, resolveram fazer a abordagem na referida garota e com ela foi

encontrado uma identidade em nome de MARIA HELENA GOMES; que, os

policiais foram até a agência dos Correios e após conversar com

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funcionários, os mesmos disseram que a referida senhora, havia tentado

pegar um cartão em nome de MARIA HELENA GOMES, não obtendo êxito;

que a jovem foi definitivamente identificada pelo nome de LUANA

KAROLLYNE DE ALMEIDA PEREIRA”.

Tal declaração é de extrema importância.

Senão vejamos.

De acordo com a lição do Professor Júlio

Fabbrini Mirabete2, temos que: “É indispensável, por fim, que haja

imitação da verdade, que a falsificação seja idônea para iludir um número

indeterminado de pessoas. O documento falsificado deve apresentar-se

com a aparência de verdadeiro, seja pela idoneidade dos meios

empregados pelo agente, seja pelo aspecto de potencialidade do dano.

Não há falsificação se o documento não pode enganar se não imita o

verdadeiro, se não tem a capacidade de, por si mesmo, iludir o homo

medius. A falsificação grosseira, reconhecida facilmente, perceptível icti

oculi, que faz sentir, desde logo que o agente não teve cuidado de imitar a

verdade, não configura o crime de falso, embora possa servir de meio

para prática de outro delito”.

De modo igual, o superior Tribunal de Justiça

– STJ entende que:

2 Manual de direito penal, vol. 3, p. 235 e 236.Av. Prof. Arthur Ramos, nº 113, Salas 04/05, 1º Andar, Centro, Pilar/AL, CEP: 57.150-000

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“A adulteração reconhecida como

grosseira não configura por si, o falsum

(ou o crime de uso do falsum), podendo,

isto sim, ser meio ou instrumento para a

prática de outro crime”. (STJ, HC 24.853-

BA, 5ª T. Rel. Felix Fischer, 16.12.2003 v.

u. DJ 09.02.2004, p.194).

Com a clareza da lição do renomado

professor e analisando a declaração da testemunha acima citada, dá-se

outro enfoque aos fatos discutidos nos autos.

A testemunha é policial militar, conforme se

nota em sua qualificação, bem como, manteve contato direto com

funcionários dos Correios. Constata-se, assim, que se trata de pessoa sem

conhecimento técnico para reparar uma falsificação ou alteração

documental mais primorosa, podendo ser considerada pessoa de

conhecimento médio, ou seja, o homo medius.

Considerando tal circunstância, de ser o

depoente pessoa leiga, com pequeno, ou quase inexistente conhecimento

em matéria de falsificação e alteração de documentos, tem-se que a

testemunha foi categórica ao afirmar que percebeu a possibilidade de ter

havido uma falsificação (alteração), o que qualquer leigo, como ela, diria

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diante da fragilidade do método utilizado, que se resumiu na simples

substituição da fotografia da vítima sem maiores técnicas, conforme relato

no bojo da peça investigativa.

Em verdade o meio utilizado não foi capaz ou

idôneo para iludir a inteligência e a pouca experiência da testemunha e

dos funcionários dos Correios.

Em casos como o tal, a jurisprudência já se

pronunciou a respeito, corroborando ainda mais com o entendimento de

que em alterações facilmente perceptíveis ao crime do art. 297 do Código

Penal. Vejamos algumas decisões:

“Para ser punível, a falsidade deve ser

capaz de enganar o homem e inteligência

e capacidade estritamente comuns (TJSP,

mv, RJTJSP 80/417)”. (Código Penal

Comentado, Celso Delmanto, pág. 451, 3ª

edição, 1991).

O próprio Supremo Tribunal Federal – STF, já

se manifestou sobre o tema nos seguintes moldes:

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“Não configura o crime a falsidade

grosseira facilmente perceptível”. (STF,

RTJ 108/156; TJSP, RJTJSP 75/317; 74/333;

74/351; RT 543/348).

Portanto, Excelência, não há que se

comentar aqui em condenação da acusada pela prática do crime previsto

no art. 297 do Código Penal dada a fragilidade da alteração efetuada no

documento público, tão facilmente perceptível diante dos olhos de todos,

conforme acima mencionado, e igualmente, por não haver sido realizado o

exame de corpo de delito no documento apreendido.

Mesmo em se admitindo que a alteração do

documento de identidade da vítima teve capacidade para enganar uma

pessoa normal, há que considerarmos que o crime supostamente

praticado pelo réu não se trata daquele capitulado pela Justiça Pública.

Vejamos o que nos ensina o já citado mestre

Júlio Fabbrini Mirabete3: “Constitui o crime de falsa identidade e não o

de falsidade material a alteração no documento subtraído pelo agente

com a simples substituição da fotografia da vítima pela sua, desde que

passe a utilizá-lo (RT 405/118; 434/352; 473/311; 498/286; 504/321;

539/325; 634/284; RJTJSP 9/612; 45/387; 46/324; RF 240/335)”.

3 Manual de direito penal, vol. 3, p. 275.Av. Prof. Arthur Ramos, nº 113, Salas 04/05, 1º Andar, Centro, Pilar/AL, CEP: 57.150-000

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Além dos já citados julgados informados pelo

autor, traremos outros para embasar nosso entendimento. Vejamos:

“FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO

– Não caracterização – Cédula de

identidade – Colocação de fotografia em

substituição à original – Documento

verdadeiro e não forjado – Falsa

identidade configurada – Recurso não

provido”. (Apelação criminal nº 156.715-

3, São Paulo, Relator Des. Gomes de

Amorim. 18/04/94, in JTJ 157/301).

No corpo do acórdão de onde se retira a

ementa acima, cabe-nos trazer algumas considerações levantadas pelo

Eminente Desembargador Gomes de Amorim, informando-nos que a

simples troca de fotografia em documento verdadeiro não caracteriza o

crime de falsificação de documento.

Não bastasse isso, mesmo em se admitindo o

uso daquele documento pela ré, verifica-se que a falsificação do mesmo

consistiu na colocação da fotografia deste em substituição à original, com

evidente propósito de retirar um cartão depositado na agência dos

Correios desta Cidade.

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Portanto, data máxima vênia, não se

configurou, pois, o crime do art. 297 do Código Penal, já que não há

provas e/ou indícios de que o documento em nome de MARIA HELENA

GOMES era verdadeiro e não forjado, tendo sido, apenas, adulterado

quanto à fotografia, pelo que o delito a ser reconhecido é o de falsa

identidade. “(RT, vols. 405/119, 434/352, 504/39 e 590/334, RJTJESP, ed.,

Lex, vols. 91/463, 92/479 e 95/408)”. “(Apelação criminal nº 156.715-3,

São Paulo, Relator Des. Gomes de Amorim. 18/04/94, in JTJ 157/303)”.

Destarte, o caso discutido nos autos não traz

diferença alguma ao que vemos acima. O documento de identidade

possivelmente é verdadeiro. Não houve falsificação, apenas ocorreu à

atribuição de falsa identidade para retirada de um bem.

Desta feita, não podemos comentar no crime

de falsidade de documento, mas apenas o crime previsto no art. 307 do

Código Penal (Falsa Identidade). Traremos à baila outros julgados sobre o

tema:

“FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO

– Desclassificação para falsa identidade –

Acusado que substitui em carteira de

identidade subtraída a fotografia da

vítima pela sua – Deferimento de revisão –

Inteligência dos arts. 297 e 307 do CP. A

substituição, em documento subtraído

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pelo agente, da fotografia da vítima pela

sua, passando a utilizá-lo como se, se

tratasse a si próprio, não configura o

crime de falsidade documental, mas o de

falsa identidade”. (RT 603/335-6, Relator

Des. Álvaro Cury v.u. Rev. 31.156-3,

09/10/84 no mesmo sentido: Delmanto,

pág. 468).

“FALSIDADE DOCUMENTAL – Falsificação

de documento particular – Adulteração –

Acusado que encontra a carteira de

identidade profissional da vítima e nele

apõe sua fotografia, passando a utilizá-la

– Documento, contudo, verdadeiro, e não

forjado – Desclassificação para o delito do

art. 307 do CP – Apelação provida –

Inteligência dos arts. 298 do referido

Código de 383 do CPP. Se o documento

adulterado é verdadeiro, e não forjado,

apenas trocada a fotografia do mesmo,

que o acusado substitui pela própria, com

a intenção de mudar sua identidade, o

delito a ser punido é o do art. 307, e não

o do art. 298, do CP”. “(RT 612/316,

Relator Jarbas Mazzoni – Ap. 42.762-3,

22/04/86)”.

“FALSA IDENTIDADE – SUBSTITUIÇÃO DE

FOTOGRAFIA EM CÉDULA DE IDENTIDADE –

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FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO –

Quem é encontrado na posse de cédula

oficial de identidade pertencente a

outrem, na qual foi substituído o retrato

original pelo seu próprio, pratica o crime

de falsa identidade, e não de falsificação

de documento público”. “(RF 240/335,

Rel. Felizardo Calil, Ap. 112.565,

08/11/71)”.

Devemos salientar que conjuntural

processual vigente não houve criação de documento falso, mas apenas a

troca da fotografia constante na cédula de identidade de MARIA HELENA

GOMES, ocorrendo à falsa identidade.

II. III. Do concurso de falsificação e uso de documento falso

Verifica-se que a peça vestibular desta ação

penal, imputou a ré o cometimento das condutas delituosas expostas nos

arts. 297 e 304 do CP.

Naturalmente, a prática desses dos dois

delitos pelo mesmo agente implica no reconhecimento de um autêntico

crime progressivo, ou seja, falsifica-se algo para depois usar (crime-meio e

crime-fim).

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Todavia, na lição de Guilherme de Souza

Nucci4, “deve o sujeito responder somente pelo uso de documento falso

(art. 304 do CP). No mesmo prisma, Sylvio do Amaral, Falsidade

documental, p.179”.

Assim, em restando desabrigadas todas as

teses expostas, requer que seja considerado o concurso de crimes para

então, mensurar a penar da ré, somente, pelo cometimento do delito

capitulado no art. 304 do CP.

III. DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, requer-se a Vossa

Excelência o seguinte:

(a) o recebimento desta defesa preliminar,

para julgar improcedente o pedido de condenação da ré, absolvendo-a das

acusações contidas na peça inicial com base no art. 386, III e VII do Código

de Processo Penal, tendo em vista a flagrante verificação de falsificação

grosseira facilmente perceptível, ou a inexistência de prova suficiente

para a condenação;

4 Código de processo penal comentado, p. 1.123.Av. Prof. Arthur Ramos, nº 113, Salas 04/05, 1º Andar, Centro, Pilar/AL, CEP: 57.150-000

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(b) que seja deferida a produção da prova

pericial, qual seja: o exame de corpo de delito nos documentos

apreendidos, sob pena de nulidade processual conforme preconiza o art.

564, III, b do CPP;

(c) outrossim, em não entendendo Vossa

Excelência dessa maneira, requer-se a desclassificação do delito descrito

no art. 307 do Código Penal para aquele estampado no art. 307 do mesmo

diploma legal, conforme argumento supra, levando-se ainda em

consideração as circunstâncias atenuantes do fato;

(d) ad fine, acaso Vossa Excelência não

defira os pedidos anteriores, requer em relação ao concurso de crimes que

seja considerado apenas o delito capitulado no Art. 304 do CP para fins de

aplicação da pena, com isto Vossa Excelência ofertará demonstração da

mais lídima aplicação da Justiça ao caso concreto.

Nesses termos, pede e aguarda deferimento.

PILAR/AL, 17 de janeiro de 2013.

Av. Prof. Arthur Ramos, nº 113, Salas 04/05, 1º Andar, Centro, Pilar/AL, CEP: 57.150-000Empresarial Dilma Albuquerque

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VICTOR CAVALCANTE

OAB/AL 7.757

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