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Densidade Mineral Óssea no Ballet Estudo comparativo entre adolescentes, bailarinas e sedentárias, relativizando a densidade mineral óssea a alguns factores nutricionais. Monografia realizada no âmbito da Disciplina de Seminário do 5.º ano da Licenciatura em Desporto e Educação Física, Opção Complementar de Desporto de Rendimento de Atletismo, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Orientador: Prof. Doutor José Augusto Rodrigues dos Santos Tânia Patrícia Amorim Fernandes Porto, Setembro de 2009

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Densidade Mineral Óssea no Ballet

Estudo comparativo entre adolescentes, bailarinas e sedentárias, relativizando a densidade mineral óssea a alguns factores nutricionais.

Monografia realizada no âmbito da Disciplina de

Seminário do 5.º ano da Licenciatura em

D e s p o r t o e E d u c a ç ã o F í s i c a , O p ç ã o

Complementar de Desporto de Rendimento de

Atletismo, da Faculdade de Desporto da

Universidade do Porto.

Orientador: Prof. Doutor José Augusto Rodrigues dos Santos

Tânia Patrícia Amorim Fernandes

Porto, Setembro de 2009

Fernandes, T. (2009). Densidade mineral óssea no ballet. Estudo comparativo

entre adolescentes, bailarinas e sedentárias, relativizando a densidade mineral

óssea a alguns factores nutricionais. Porto: T. Fernandes. Dissertação de

Licenciatura apresentada à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

Palavras-chave: OSSO; DENSIDADE MINERAL ÓSSEA; MASSA ÓSSEA;

BALLET CLÁSSICO; NUTRIÇÃO.

AGRADECIMENTOS

Este trabalho não teria sido possível sem a colaboração e o contributo

de um conjunto de pessoas e instituições. A todos manifesto a enorme

satisfação por ter sido alvo de tal disponibilidade e apoio.

Contudo, não posso deixar de registar os seguintes agradecimentos

especiais:

• Ao Prof. Doutor José Augusto Rodrigues dos Santos por ter aceite

este projecto, e pela sua constante disponibilidade na orientação,

e concepção deste estudo. Os seus conhecimentos e

experiências foram importantes para que este trabalho fosse

concluído.

• À Professora Margarida Valle por tudo que me ensinou sobre

ballet, e por ter disponibilizado as suas alunas para que

pudessem constituir a amostra.

• Às bailarinas, e minhas amigas, por terem manifestado grande

disponibilidade em colaborar neste estudo.

• Às alunas do 10.º A da Escola Secundária de Oliveira do Douro

pela grande simpatia e prontidão.

• Ao Gabinete de Recreação da FADEUP pela colaboração na

cedência do material necessário à realização dos testes.

• A todos os colaboradores do Departamento de Higiene e

Epidemiologia da Faculdade de Medicina da Universidade do

Porto.

iv

• Aos funcionários da biblioteca pela ajuda na pesquisa e

prodigiosa simpatia.

• Á minha família, em especial aos meus pais e avós pelo apoio,

compreensão e carinho, sem os quais não seria hoje quem sou.

Ao “Tio Nhó-Nhó” pelo auxílio no tratamento estatístico.

• A todos os meus amigos da FADEUP, especialmente à Marisa

(“base”), Sara, Miriam, Rafa, Rita, Marta, Bruno, Nuno e Ana, com

os quais partilhei bons e maus momentos, partilhando amizade e

histórias.

• Ao “Zézé” pelos momentos de gargalhadas, por ter estado

sempre presente e pelo constante apoio. Foi o primeiro a ouvir as

minhas dúvidas e incertezas, tendo a sua disponibilidade e

prontidão contribuído para vencer alguns obstáculos que foram

surgindo ao longo da realização deste trabalho.

A todos, o meu muito obrigada!

v

ÍNDICE GERAL

Pág.

Agradecimentos iv

Índice Geral vi

Índice de Quadros viii

Índice de Anexos ix

Resumo x

Abstract xi

Resumé xii

Lista de abreviaturas xiii

1 - INTRODUÇÃO 1

2 - REVISÃO DA LITERATURA 5

2.1. ESTRUTURA E FUNÇÃO ÓSSEA 6

2.2 INFLUÊNCIA DA ACTIVIDADE FÍSICA DA DENSIDADE

MINERAL ÓSSEA 13

2.2.1. Efeitos positivos da actividade física na densidade

mineral óssea 13

2.2.2. Efeitos negativos da actividade física na densidade

mineral óssea 16

2.3. NUTRIÇÃO E DENSIDADE MINERAL ÓSSEA 18

2.4. INFLUÊNCIA DA PRÁTICA DE BALLET CLÁSSICO NA

DENSIDADE MINERAL ÓSSEA 22

3 - OBJECTIVOS 25

3.1. OBJECTIVO GERAL 26

3.2. OBJECTIVOS ESPECÍFICOS 26

vi

4 - MATERIAL E MÉTODOS 27

4.1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA 27

4.2. METODOLOGIA

4.2.1. Avaliação da massa óssea 29

4.2.2. Avaliação dos hábitos alimentares 30

4.3. PROCEDIMENTOS ESTATÍSTICOS 30

5 - APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 32

6 - DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 41

7 - CONCLUSÕES 55

8 - SUGESTÕES 58

9 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 60

10 - ANEXOS 72

Anexo 1: Relatório DEXA

Anexo 2: Inquérito Semiquantitativo de Frequência Alimentar

vii

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro n.º 1 - Caracterização da amostra em função da idade (anos), tempo de prática (anos),

treinos por semana (n.º) e treino semanal (horas)

dos sujeitos.................................................................................................................................28Quadro n.º 2 - Médias, desvios-padrão, valores mínimo e máximo das variáveis idade, peso,

altura e IMC do Grupo de Controlo e do Grupo Experimental...................................................33Quadro n.º 3 - Médias, desvios-padrão, valores mínimo e máximo da variável DMO da coluna

lombar dos Grupos de Controlo e Experimental. Valor estatística inferencial de Mann-Whitney

para comparação entre grupos...................................................................................................34Quadro n.º 4 - Médias, desvios-padrão, valores mínimo e máximo da variável DMO da pélvis

dos Grupos de Controlo e Experimental. Valor estatística inferencial de Mann-Whitney para

comparação entre grupos...........................................................................................................35Quadro n.º 5 - Médias, desvios-padrão, valores mínimo e máximo da variável DMO total dos

Grupos de Controlo e Experimental. Valor estatística inferencial de Mann-Whitney para

comparação entre grupos...........................................................................................................35Quadro n.º 6 - Regressão entre a DMO da coluna lombar, pélvis e total com o IMC, peso e

altura, no Grupo de Controlo.......................................................................................................36Quadro n.º 7 - Regressão entre a DMO da coluna lombar, pélvis e total com o IMC, peso e

altura, no Grupo Experimental....................................................................................................37Quadro n.º 8 - Médias, desvios-padrão, valores mínimo e máximo das variáveis energia,

proteínas, cálcio, fósforo, fibra e vitamina D do Grupo de Controlo e do Grupo Experimental..38Quadro n.º 9 - Regressão entre a DMO da coluna lombar, pélvis e total com a energia,

proteínas, cálcio, fósforo, fibra e vitamina D, no Grupo de Controlo...........................................39Quadro n.º 10 - Regressão entre a DMO da coluna lombar, pélvis e total com a energia,

proteínas, cálcio, fósforo, fibra e vitamina D, no Grupo Experimental........................................40Quadro n.º 11 -Tipo de treino e cargas de treino de bailarinas profissionais.............................48Quadro n.º 12 -Tipo de treino e cargas de treino das bailarinas constituintes da amostra........48

viii

ÍNDICE DE ANEXOS

Anexo 1 - Relatório DEXA Anexo 2 - Inquérito Semiquantitativo de Frequência Alimentar

ix

RESUMO

Este estudo teve como objectivo comparar os valores de densidade

mineral óssea, relativizados ao consumo nutricional, entre um grupo de

bailarinas clássicas e um grupo de não praticantes. A amostra foi constituída

por 10 bailarinas (15, 60 ± 0,52 anos) e por 10 adolescentes femininas não

praticantes (15, 60 ± 0,52 anos). Para a avaliação da massa óssea foi utilizada

a absorciometria por raio X de dupla energia (DEXA), e para a avaliação

nutricional um inquérito semiquantitativo de frequência alimentar.

Os dados obtidos foram codificados e analisados através do programa

estatístico SPSS versão 16.0. Os procedimentos estatísticos utilizados foram a

média, desvio-padrão, e amplitude de variação, tendo sido aplicado o teste não

paramétrico de Mann-Whitney para comparar as médias, e a regressão linear

simples para determinar a associação entre diferentes variáveis.

Na comparação entre grupos foram encontradas diferenças

estatisticamente significativas (p<0,05) no que respeita ao peso corporal, índice

de massa corporal, consumo de cálcio, proteínas, fósforo e ingestão energética

total. Não foram encontradas diferenças significativas (p>0,05) entre os grupos

nas variáveis altura, consumo de vitamina D e fibras. Não houve uma

associação entre as variáveis nutricionais e antropométricas com os valores de

densidade mineral óssea obtidos (p>0,05), pelo que estes não podem ser

explicados pelas diferenças encontradas nas variáveis referidas.

Conclui-se que não existem diferenças na densidade óssea entre

praticantes de ballet e não praticantes, apesar da existência de diferenças

significativas entre os grupos no que respeita à nutrição e indicadores

antropométricos.

Palavras-chave: OSSO; DENSIDADE MINERAL ÓSSEA; MASSA ÓSSEA;

BALLET CLÁSSICO; NUTRIÇÃO.

x

ABSTRACT

The purpose of this study was to compare the bone mineral

density ,relativized the nutritional intake, between a group of ballet dancers and

a group of non ballet dancers. The sample was composed of 10 ballet dancers

(15, 60 ± 0.52 years old) and 10 female teenagers (15, 60 ± 0.52 years old). To

measure the bone mass, a dual energy x-ray absorptiometry (DEXA) was used.

For the dietary assessment a semiquantative food frequency questionnaire,

aimed at the verification of the nutrient ingestion related to bone health, was

applied.

The obtained data was codified and analyzed through the statistical

program SPSS version 16.0. The statistical procedures used were the median,

standard-deviation and the amplitude deviation. The Mann-Whitney non

parametric test was applied in order to compare the medians as well as the

linear regression that determined the association between different variables.

When comparing both groups, significant statistical differences were

found (p<0.05) as far as body weight, body mass index, calcium ingestion,

proteins, phosphorus and energetic ingestion are concerned. Less significant

differences were found (p>0.05) between groups regarding height, vitamin D

and fiber ingestion. There was no association between the variables with values

of bone mineral density (p>0.05). Therefore, these cannot be explained by the

differences in the nutrition and anthropometric indicators.

As a conclusion, there are no differences in bone density between ballet

dancers and non ballet dancers, despite the significant differences between

groups as regards to nutrition and anthropometric indicators.

Key-words: BONE; BONE MINERAL DENSITY; BONE MASS; CLASSIC BALLET; NUTRITION.

xi

RESUMÉ

Cette étude a eu pour objectif la comparaison entre les valeurs de

densité minérale osseuse entre un group de danseuses de ballet classique et

un group non danseuses. L’échantillon a été composé par 10 danseuses (15,

60 ± 0,52 ans) et par 10 adolescentes non danseuses (15, 60 ± 0,52 ans). Pour

mesurer la masse osseuse, l’absorptiométrie à rayons X biphotonique (DEXA) a

été employée. Pour l'évaluation nutritionnelle une enquête semi quantitative de

fréquence alimentaire a été mise en place, ayant en vue la vérification de

l'ingestion des nourrissants par rapport à la santé osseuse.

Les donnés obtenues ont été codifiés et analysés en utilisant le

programme statistique SPSS, version 16.0. Les procédures statistiques

utilisées ont été la moyenne, l’écart type et l’amplitude de variation. Le test non-

paramétrique de Mann-Whitney a été employé de façon à comparer les

moyennes et, pour déterminer l’association parmi les différents variables, la

régression linéaire.

En ce qui concerne le poids corporelle, l’indice de masse corporelle, la

consommation de calcium, protéines, phosphore et l’ingestion énergétique, des

différences significatives ont été trouvé dans la comparaison des groupes

(p<0,05). Des différences moins significatives ont été remarquées parmi les

groupes dans les variables hauteur, consommation de vitamine D et de fibres.

Il y a pas eu une association entre les variables et les valeurs de densité

minéral osseuse obtenus (p>0,05) puisque ceux ne peuvent être expliqués par

les différences trouvés dans les respectives variables.

Comme conclusion, on dirait qu’il n’existe pas des différences dans la

densité osseuse entre les danseuses de ballet et les non danseuses, malgré

les différences significatives entre les groupes par rapport à la nutrition et les

indicateurs anthropométriques.

MOTS-CLÉS : OSSEUSE ; DENSITÉ MINÉRALE OSSEUSE ; MASSE

OSSEUSE ; BALLET CLASSIQUE ; NUTRITION.

xii

LISTA DE ABREVIATURAS

% Percentagem

ADA Associação Americana de Dietética

CMO Conteúdo mineral ósseo

DMO Densidade mineral óssea

DEXA Dual-Energy X-ray Absorptiometry

FRS Força de reacção no solo

g Grama

g/cm2 Grama por centímetro quadrado

GC Grupo de controlo

GE Grupo experimental

HC Hormona do crescimento

IGF - 1 Insulin-like growth factor 1

IMC Índice de massa corporal

IMN Instituto de Medicina Norte Americano

Kg Quilograma

m Metro

Máx. Máximo

MI Membros inferiores

Min. Mínimo

MS Membros superiores

n.º Número

p Página

PC Peso corporal

PTH Hormona paratiróidea

QFA Questionário de frequência alimentar

RDA Recomendações diárias de alimentos

sd Desvio-padrão

SPSS Statistical Package for the Social Sciences

WHO World Health Organization

xiii

x Média

xiv

1 - INTRODUÇÃO

O ser humano sempre teve o impulso para dançar, para expressar aquilo

que só pode ser expressado pelo movimento. Este impulso despertou

diferentes formas de dança através da história, tendo sido na corte

Renascentista Europeia que nasceu o Ballet Clássico (Royal Academy of

Dance [RAD], 1993).

Esta forma de dança é uma arte que exige imenso ao corpo. Para se ser

bailarino é necessário força, coordenação, destreza, equilíbrio e leveza. Deste

modo, é necessário que os bailarinos treinem rigorosamente desde cedo e por

muitos anos (Grieg, 1994). A prática de ballet é uma forma de treino que

desenvolve capacidades de coordenação motora, agilidade, força muscular,

estabilidade dinâmica, flexibilidade e ritmo integradas em complexos padrões

neuromusculares (Oliveira, Azevedo & Cabri, 2008).

O ballet clássico é uma forma de arte em que a estética a par com o

talento, a técnica e a aptidão física são factores fundamentais de performance

(Vieira, 2007).

No entanto, é necessário ter em consideração que a nutrição e

actividade física adequadas são factores indissociáveis que contribuem para

um melhor desempenho físico dos praticantes de ballet, para a sua saúde,

presente e futura (Macieira, 2008). De facto, adequação, moderação, variedade

e equilíbrio são princípios que se enquadram tanto no planeamento alimentar

como no do treino físico.

Contudo, estes princípios nem sempre são praticados, podendo surgir

desequilíbrios (Abraham, 1996). Assim, Macieira (2008) afirma que as

exigências ambientais sobre a silhueta morfológica requerida em actividades

estéticas e artísticas como o ballet clássico, têm sido apontadas como um forte

precursor de distúrbios alimentares. O preconceito que a redução do peso

corporal traduz uma maior capacidade física, reconhecimento dos pares/

superiores e maior auto-estima, pode traduzir-se em comportamentos

alimentares pouco racionais e perigosos.

Neste sentido, a menor densidade óssea com consequente risco de

fracturas e a osteoporose em idade adulta são algumas consequências

1 - INTRODUÇÃO

2

resultantes de severas restrições alimentares e actividade intensa em idades

mais precoces.

No entanto, sendo o ballet clássico caracterizado como uma actividade

de impacto e sustentação do peso corporal (Tsai et al., 2001) umas das

consequências do treino deveria ser um ganho mais acentuado da densidade

mineral óssea (DMO) (Suzuki, 2000). De facto, as bailarinas são sujeitas a

treinos contínuos que envolvem impacto, recepção de saltos e mudanças de

posição com aplicação de força rápida, devendo estes aspectos contribuir para

um aumento da DMO.

Face a estes aspectos, consideramos o ballet uma actividade

interessante de ser estudada no âmbito da massa óssea, uma vez que tem

inerente factores que a podem influenciar positivamente e negativamente.

Assim, surge a questão: Será que existem diferenças na quantidade de massa

óssea de um grupo de bailarinas quando comparadas com adolescentes que

não praticam qualquer tipo de actividade física?

Para tentar encontrar resposta a esta questão, avaliamos a DMO da

coluna lombar, pélvis e do corpo total de dois grupos distintos: bailarinas e não

praticantes. Também foi avaliado o perfil de ingestão nutricional de ambos os

grupos com objectivo de averiguar em que medida a alimentação interfere na

massa óssea.

O presente trabalho encontra-se estruturado em dez capítulos.

Num primeiro capítulo, a introdução, é enunciado os propósitos e a

pertinência deste trabalho, bem como a justificação do ordenamento lógico das

partes.

No segundo capítulo, a revisão de literatura, tendo como finalidade

definir o estado actual da arte, explicitando os conceitos e as influências

teóricas que nos serviram de ponto de partida para a análise da questão que

queremos clarificar, obtendo-se, desta forma, um conhecimento mais

aprofundado do tema e daquilo que o circunda. Estruturamos a revisão de

literatura em quatro subcapítulos: o primeiro, refere-se à estrutura e função

óssea; o segundo à influência da actividade física na DMO; o terceiro diz

1 - INTRODUÇÃO

3

respeito à nutrição e DMO; e por fim, no quarto subcapítulo é referido a

influência da prática de ballet na DMO.

O capítulo seguinte consiste na elaboração dos objectivos do estudo.

O quarto capítulo diz respeito ao material e métodos utilizados,

mencionando a descrição e caracterização da amostra, a identificação da

metodologia utilizada, bem como os procedimentos estatísticos empregues.

De seguida, surge a apresentação e discussão dos resultados - quinto e

sexto capítulos, respectivamente - nos quais serão expostos os resultados de

forma objectiva, bem como os factores relevantes que completam a

interpretação e discussão.

A conclusão engloba uma apresentação sumária das conclusões do

trabalho, inerentes aos objectivos formulados, generalizando os resultados

obtidos.

De seguida, (oitavo capítulo) são dadas algumas sugestões para

posteriores investigações.

No nono capítulo figuram as referências bibliográficas das citações dos

textos. Por último, nos anexos (capítulo dez) estão representados o

questionário alimentar utilizado e os resultados da avaliação da massa óssea.

1 - INTRODUÇÃO

4

2 - REVISÃO DA LITERATURA

2.1. ESTRUTURA E FUNÇÃO ÓSSEA

O osso é um tecido conectivo que, juntamente com a cartilagem, forma o

sistema esquelético (Baron, 2001 citado por Matos, 2005), permitindo a

locomoção (Suzuki, 2000).

De acordo com Suzuki (2000) cada osso no sistema esquelético

funciona como um órgão individual, contudo, o tecido ósseo, a cartilagem, o

tecido conjuntivo denso, o epitélio, o sangue, o tecido adiposo e o tecido

nervoso são tecidos associados aos ossos.

Os ossos constituem uma base para o organismo uma vez que podem

assumir diferentes funções (Graaff, 2003). Assim, os ossos do esqueleto têm

como funções: i) sustentar o organismo, uma vez que é responsável pela

sustentação dos tecidos moles e fornecimento de pontes de fixação para os

músculos esqueléticos; ii) proteger os órgãos internos; iii) produzir movimento,

pois os músculos estão neles fixados e, quando estes se contraem, traccionam

os ossos produzindo movimento; iv) armazenamento e homeostasia mineral,

uma vez que o osso armazena diversos minerais, sobretudo cálcio e fósforo, os

quais são redistribuídos pelo resto do corpo, mediante as necessidades; v)

local de produção de células sanguíneas, pois em determinados ossos

desenrola-se o processo de hematopoiése, ou seja, a produção de células

sanguíneas através da medula óssea vermelha; vi) os ossos também

representam uma reserva de energia química fundamental devido ao

armazenamento de lípidos nas células da medula óssea amarela. Neste

sentido, Kanis (1994) conclui que o esqueleto humano desempenha funções a

nível mecânico, estrutural, de suporte e metabólico, funcionando como um

reservatório de cálcio (Civita, 1968).

De acordo com a sua forma os ossos podem ser classificados em quatro

categorias (Graaff, 2003):

i) ossos longos - ossos em que o comprimento predomina sobre a

largura e funcionam como alavancas. A maioria dos ossos do membro

superior e inferior pertencem a este tipo;

2 - REVISÃO DA LITERATURA

6

ii) ossos curtos - ossos cuja forma se aproxima a um cubo e são

encontrados no punho e no tornozelo onde eles transferem forças de

movimento;

iii) ossos planos - ossos que apresentam uma superfície larga para a

inserção de músculos ou protecção de órgãos subjacentes. Os ossos

do crânio, esterno, costelas e escápulas estão incluídos neste tipo de

caracterização;

iv) ossos irregulares - ossos que variam de forma e apresentam várias

superfícies para inserções musculares ou para articulações. Neste

grupo estão incluídas as vértebras e certos ossos do crânio.

Tal como referido anteriormente, este tipo de classificação baseia-se na

forma, contudo, para Suzuki (2000) os ossos podem ainda ser classificados

mediante a sua localização. Os ossos saturais são pequenos e encontram-se

entre as articulações de determinados ossos cranianos. Os ossos sesamóides

são igualmente pequenos e estão situados em tendões onde ocorre alguma

pressão, como o caso do pulso.

Para além das classificações referidas, o osso pode ainda ser

classificado como cortical ou compacto e como esponjoso ou trabecular

(Barnard, 1981).

O osso compacto é duro e denso, e é a porção externa protectora de

todos os ossos. O osso esponjoso, quando está presente, situa-se mais

profundamente ao osso compacto e é bastante poroso. Assim, a parte externa

do osso é formada por uma camada grossa de tecido calcificado, em cuja

diáfise está o canal medular onde a medula óssea hematopoiética está alojada.

Em direcção à metáfise e à epífise, o córtex vai ficando progressivamente mais

fino e o espaço interno preenche-se com uma rede de tecido trabeculado,

calcificado (osso trabecular ou esponjoso). Os espaços contidos nesse osso

trabecular são preenchidos por medula óssea, vasos sanguíneos e tecido

conjuntivo (Graaff, 2003). Sendo assim, e ainda de acordo com o mesmo autor,

o osso compacto tem função basicamente mecânica e de protecção, enquanto

que o osso trabecular tem principalmente função metabólica.

2 - REVISÃO DA LITERATURA

7

Os ossos constituem a parte mais sólida do organismo humano e da

maioria dos animais vertebrados. São, sobretudo, matrizes orgânicas

(especialmente fibras de colagénio) de tecido conjuntivo fibroso, o qual fornece

ao osso resistência e elasticidade, impregnado de sais minerais (componente

inorgânico), os quais atribuem ao osso dureza e rigidez (Graaff, 2003).

Os ossos são envolvidos por uma resistente membrana fibrosa

denominada periósteo, que é constituída por tecido conjuntivo denso e

irregular, vasos sanguíneos e nervos que passam pelo osso e por vários tipos

de células ósseas. Esta membrana é de extrema importância, pois apresenta

como funções a protecção, a nutrição, o crescimento em diâmetro dos ossos, o

seu reparo, e é o local de fixação dos ligamentos e tendões.

De acordo com Graaff (2003) existem cinco tipos principais de células

ósseas contidas no tecido ósseo. As células osteogénicas são responsáveis

por fornecer células formadoras de osso (osteoblastos) e células destruidoras

de osso (osteoclastos). Os osteoblastos são células formadoras de osso que

sintetizam e secretam substância fundamental desmineralizada. Os osteócitos

são células ósseas maduras, derivadas dos osteoblastos. Os osteócitos

mantêm o tecido ósseo saudável secretando enzimas e influindo no conteúdo

mineral ósseo. Os osteoclastos são células multinucleares grandes que

enzimaticamente decompõem o tecido ósseo, libertando cálcio, magnésio e

outros minerais para o sangue. Estas células são importantes no crescimento,

na moldagem e no reparo do osso. As células de revestimento ósseo são

derivadas dos osteoblastos, e, segundo Rocha, Baptista, Dechichi e Barbosa

(2006), estas células permanecem em repouso nas superfícies internas até

sofrer estimulação, diferenciando-se em osteoblastos.

Segundo Graaff (2003) o osso está a ser remodelado constantemente ao

longo da vida, sendo que a formação e a reabsorção óssea fazem parte de um

mecanismo de remodelação cujo objectivo é a substituição do osso velho por

osso novo (Matos, 2005 citado por Baron, 2001). Ainda de acordo com o

mesmo autor, no esqueleto de um adulto normal a formação óssea ocorre

apenas onde houve reabsorção prévia, sendo que a sequência de eventos se

dá na ordem: activação - reabsorção - formação.

2 - REVISÃO DA LITERATURA

8

Assim, de acordo com Parfitt (1982), o processo de formação óssea ou

osteogénese decorre em três etapas: a produção de matriz orgânica

extracelular ou esteóide, a mineralização da matriz com formação de osso e a

remodelação óssea com reabsorção seguida da formação de novo osso. Neste

sentido, podemos afirmar que a actividade dos osteoblastos, osteoclastos e

osteócitos é fundamental neste processo.

Por tudo que foi referenciado, podemos verificar que os dois grupos

celulares principais são os osteoblastos e os osteoclastos, sendo que a

interacção entre ambos e o seu equilíbrio são responsáveis pelo estado de

massa óssea num determinado momento (Branco, 1998), uma vez que o

crescimento e remodelação óssea dependem da actividade equilibrada destes

dois tipos de células. Os osteoclastos removem o tecido ósseo e os

osteoblastos depositam novo osso (Kottke & Lehmann, 1994).

Neste sentido, o processo de ossificação consiste na formação de osso,

tendo este processo início por volta da sexta ou sétima semana de vida

embrionária e continua ao longo da vida adulta (Suzuki, 2000). Assim, ao longo

da vida ocorre a reposição do osso, da mesma forma que se processa a

substituição do tecido ósseo velho por tecido novo, o que se denomina de

remodelação (Kottke & Lehmann, 1994). Assim, podemos verificar que a

remodelação óssea é um processo resultante de actividades de reabsorção

ósseas pelos osteoclastos e de formação óssea pelos osteoblastos.

Como já mencionado, os osteoblastos assumem uma importante função

óssea. De facto, estas células, tal como afirma Graaff (2003), assumem uma

função construtora ao depositarem cálcio e colagénio, permitindo o saudável

crescimento do osso. Contrariamente, os osteoclastos removem cálcio e

colagénio. Contudo, é importante citar que, tal como referem Kottke e Lehmann

(1994), quando existe a formação em excesso de um novo tecido, o osso torna-

se exageradamente espesso e pesado, podendo formar-se esporões devido à

deposição de cálcio, interferindo com o movimento das articulações. Por sua

vez, uma perda significativa de tecido ou cálcio torna os ossos bastante

flexíveis e frágeis.

2 - REVISÃO DA LITERATURA

9

Neste sentido, os mesmos autores sugerem que a criação do pico de

massa óssea, bem como a perda óssea, é o evento máximo da remodelagem

óssea mediada pelas células ósseas durante toda a nossa vida. Na infância e

adolescência a produção predomina sobre a reabsorção, enquanto que na

idade adulta os dois processos permanecem em equilíbrio. Este equilíbrio vai-

se alterando ao longo da vida, até que, num determinado momento, a

reabsorção predomina sobre a produção óssea (Pessoa, Lewin, Mendonça &

Branco, 1997). Assim, segundo Lisa e Gans (1998), na osteoporose pós-

menopáusica, e possivelmente na osteoporose senil, a reabsorção óssea

parece estar acima dos níveis normais, sem um aumento correspondente na

formação óssea, levando a uma perda na massa óssea total.

Segundo a WHO (1994), a osteoporose é considerada uma doença

sistémica do esqueleto, caracterizada por uma diminuição da massa óssea e

alterações da microarquitectura do tecido ósseo, originando uma redução da

resistência óssea e, consequentemente, um aumento do risco de fractura.

A WHO indica igualmente que por cada quebra de um desvio-padrão na

densidade normal, o risco de fractura aumenta entre 1,5 a 3 vezes. Assim,

propôs para diagnóstico da osteoporose uma classificação baseada na

densitometria, adoptando o valor de t-score como valor chave para interpretar

os resultados obtidos, a fim de padronizar e estabelecer critérios diagnósticos

precoces.

O padrão da normalidade baseia-se na densidade mineral de mulheres

brancas consideradas normais. Deste modo, segundo a WHO, são

considerados quatro estádios: i) Normal, quando a densidade mineral óssea

(DMO) não é inferior a um desvio-padrão; ii) Osteopenia, sempre que se

verifiquem valores de DMO entre -1 e 2,5 desvios-padrões; iii) Osteoporose, na

ocorrência de valores de DMO inferiores a 2,5 desvios-padrões e iv)

Osteoporose grave ou severa, quando os valores da DMO são abaixo de 2,5

desvios-padrões. Numa densitometria, o valor se z-score representa o padrão

da densidade média na mesma faixa etária.

Neste contexto, é importante citar que a massa óssea pode ser

mensurada em termos de conteúdo mineral ósseo (CMO), expresso em

2 - REVISÃO DA LITERATURA

10

gramas ou de DMO, expressa em gramas/cm2, que representa a relação entre

o CMO (g) e a área total (cm2) do local ósseo medido. Por conseguinte, a DMO

é dependente da quantidade de CMO (Nichols, Sanborn & Essery, 2007).

Durante os três primeiros anos de vida, o aumento da DMO é elevado,

com diminuição progressiva até ao início da puberdade. No término desta fase,

o aumento anual da DMO passa a representar um aumento gradual (Glastre,

Brailon, David, Cochat & Meunier, 1990). Quando o indivíduo atinge os 20-25

anos de idade a DMO estabiliza e atinge o pico de massa óssea, sendo

dependente em cerca de 70% a 80% de factores genéticos.

O declínio da DMO é uma consequência do envelhecimento e inicia-se

por volta dos 30-40 anos de idade, após o esqueleto ter atingido o pico da

massa óssea (Graaff , 2003). Assim, como o organismo perde

progressivamente a capacidade de regular o conteúdo mineral dos ossos,

estes perdem a densidade e tornam-se mais frágeis, dado que o organismo

requer um fornecimento adequado de cálcio e outros minerais para manter a

densidade dos ossos. Assim, a produção adequada de hormonas, tais como, a

paratiróidea (Kinyamu, Gallagher, Rafferty & Balhorn, 1998), a do crescimento

(Boot, Maria, Ridder, Krenning & Sabine, 1997; Khan et al., 1998), a calcitonina

(Petranick & Berg, 1997), o estrogénio (Boot et al., 1998; Khan et al., 1998;

Silva, Teixeira & Goldberg, 2003), bem como um provimento ajustado de

vitamina D para absorver o cálcio dos alimentos e incorporá-los nos ossos

(Nichols, Sanborn & Essery, 2007), é fundamental para manter os níveis de

DMO.

Neste sentido, tal como refere Graaff (2003), a perda óssea ao longo da

vida depende não só de factores genéticos, mas também de factores

hormonais, ambientais e nutricionais.

Assim sendo, Suzuki (2000) menciona que os aspectos mais

importantes na contribuição do crescimento ósseo normal no jovem, na

remodelação óssea no adulto e na recuperação de uma fractura óssea, são a

quantidade adequada de minerais como o cálcio, fósforo e magnésio, de

vitaminas A, C e D, de hormonas, como as de crescimento, sexuais e

paratiróides e, por último, a prática de actividade física.

2 - REVISÃO DA LITERATURA

11

Face à temática do nosso estudo, consideramos relevante aprofundar os

aspectos da DMO relacionada com a prática de actividade física.

2 - REVISÃO DA LITERATURA

12

2.2. INFLUÊNCIA DA ACTIVIDADE FÍSICA NA DENSIDADE MINERAL

ÓSSEA

2.2.1. Efeitos positivos da actividade física na densidade mineral óssea

A participação em actividades físicas apresenta numerosos efeitos

positivos (César, Pardini & Barros, 2001). Particularmente, a participação de

raparigas na actividade física poderá constituir um alicerce para uma vida

saudável em adulto (Blair & Brodney, 1999). Segundo os mesmos autores, os

benefícios da prática na adolescência são: redução do risco de desenvolver

doenças cardiovasculares, diabetes e obesidade.

Neste sentido, Nichols et al. (2007) acrescentam que a participação no

desporto e actividade física está também associada com a saúde óssea. Estes

autores verificaram no seu estudo que participantes adolescentes femininos

apresentam uma DMO maior quando comparadas com não atletas da mesma

faixa etária. Silva et al. (2003) também concluíram no seu estudo que os

ganhos de massa óssea são evidentes em atletas do sexo feminino como

resultado da actividade física quando comparado com outros grupos. Mais

tarde, em 2007, Nichols e seus colaboradores constataram que atletas do sexo

feminino apresentam um aumento na sua DMO cerca de 5-30% mais elevado

que valores de controlo, o que, se for mantido, poderá provocar uma redução

de 50-80% no risco de fracturas. De facto, segundo os mesmos autores, o

aumento da DMO ajudará a minimizar o risco de fracturas no futuro, pois, de

acordo com Blair e Brodney (1999), o aumento da DMO provoca um aumento

da massa muscular e equilíbrio, prevenindo quedas.

Neste sentido, Silva et al. (2003) afirmam que a adolescência torna-se a

fase mais importante para serem dados os estímulos do treino físico. De facto,

de acordo com Henderson, White e Eisman (1998) a prática de actividade física

nas fases de crescimento e desenvolvimento determinam ganhos de 7% a 8%

de massa óssea nos indivíduos adultos.

Assim, tal como sugerem Silva et al. (2003), o pico de massa óssea é

influenciado pela actividade física, e, neste sentido, quanto maior for o pico de

2 - REVISÃO DA LITERATURA

13

massa óssea, maior será a reserva óssea durante a fase adulta e a terceira

idade. Logo, é de extrema importância que o ganho mineral ósseo seja

optimizado, sobretudo, durante a puberdade (Bailay, Mckay, Mirwald, Crocker,

& Faulkner, 1999). De facto, de acordo com Bass (2000), as adolescentes

femininas que iniciem a prática de actividade física antes da puberdade

apresentam um maior efeito osteogénico. Esta ideia é partilhada por Boot e

seus colaboradores em 1997, tendo verificado num estudo efectuado que

durante a puberdade os incrementos de DMO foram mais elevados que após a

puberdade com a prática de actividade física.

Khan et al. (1998) apontam as fases II e III de Tanner como as fases

maturacionais em que a actividade física exerce um maior impacto no osso. De

facto, segundo Boot et al. (1997), as fases de Tanner têm uma associação

positiva com a DMO, sendo que esta vai aumentando com as fases. Os

benefícios do estímulo ósseo na adolescência, nomeadamente na puberdade,

prendem-se com o facto de nesta fase existir um aumento das concentrações

de hormona do crescimento (HC) e esteróides sexuais, tendo estes aspectos

uma influência positiva na DMO (Slooteweg, 1993). Boot et al. (1997) afirmam

igualmente que o estrogénio é um factor importante para o aumento da DMO

nas raparigas durante a puberdade. Este aspecto é comprovado pelo seu

estudo, mostrando que as raparigas que têm uma menarca precoce e

menstruação regular apresentam uma DMO mais elevada. Por outro lado,

segundo os mesmos autores, uma menarca tardia são factores de risco para

uma baixa DMO.

Neste sentido, e por tudo que foi referenciado, podemos constatar que a

prática de actividade física na adolescência, nomeadamente na puberdade, é

um factor muito importante para o ganho de massa óssea. No entanto, os

efeitos da prática sobre o tecido ósseo variam de acordo com o tipo e

intensidade do exercício (Drinkwater, 1994). De facto, as forças mecânicas

causadas pelo exercício induzem uma adaptação do tecido ósseo (Silva et al.,

2003). Contudo, a intensidade da carga imposta pelas forças gravitacionais

varia de acordo com o tipo de exercício realizado. Modalidades desportivas

podem ser classificadas em modalidades de baixo, moderado, alto e sem

2 - REVISÃO DA LITERATURA

14

impacto de acordo com a força de reacção do solo (FRS) relativa ao peso

corporal (PC) (Duncan et al., 2002). Os mesmos autores afirmam que os

exercícios com carga mecânica leve e moderada parecem não provocar

adaptações significativas na deposição de minerais. Ao contrário, praticantes

de modalidades desportivas de maior carga mecânica apresentam resultados

positivos. Assim, a prática de modalidades desportivas consideradas de alto

impacto promovem maior deposição de minerais no tecido ósseo.

Assim sendo, de acordo com Groothausen, Siemer, Kemper, Twisk e

Welten (1997), os desportos que envolvam saltos possuem uma FRS

aumentada até 4 vezes ou mais. Já desportos realizados em velocidades e

com rápidas mudanças de direcção multiplicam o PC de 2 a 4 vezes.

Adolescentes que praticam regularmente actividades com mais de 3PC, como

é o caso da dança, apresentam maior DMO do que crianças não praticantes

(Grimston, Willows & Hanley, 1993).

Segundo Henderson et al. (1998), a remodelação óssea, para além da

ingestão adequada de cálcio e da homeostasia sistémica hormonal, depende

fortemente da intensidade e periodicidade de forças mecânicas, opostas à

gravidade, aplicadas a nível ósseo, através da actividade muscular. Deste

modo, as células aumentam a produção de hormonas locais e de factores de

crescimento, incluindo um mediador da remodelação óssea.

Então, os mesmos autores afirmam que a actividade física promove

alterações no metabolismo ósseo de um modo directo, através da carga

mecânica, ou de forma indirecta, através de factores hormonais.

O tecido ósseo torna-se mais forte quando sofre impacto mecânico,

dado que se verifica um aumento na deposição de sais minerais e na produção

de fibras de colagénio (Suzuki, 2000). Por sua vez, o mesmo autor refere que a

ausência de estimulação mecânica origina o enfraquecimento do osso, através

da desmineralização e decréscimo do colagénio. A carga mecânica também

provoca um aumento na produção de calcitonina que inibe a reabsorção óssea

(Petranick & Berg, 1997).

Assim, as zonas do esqueleto que sofrem mais com as consequências

da actividade física revelam uma maior DMO (Silva et al., 2003), pois o

2 - REVISÃO DA LITERATURA

15

aumento da actividade física intensifica a tensão muscular. Neste sentido, os

mesmos autores relatam que o incremento da massa muscular se reflecte num

aumento de massa óssea, com evidente potencialização do processo de

formação óssea.

Por tudo que foi referenciado podemos constatar que o exercício físico é

um dos aspectos mais referidos na prevenção do decréscimo da DMO. De

facto, vários autores são unânimes em afirmar que a remodelação óssea

ocorre quando o osso está sujeito a uma sobrecarga física, portanto, são da

opinião que para haver estímulo na massa óssea é necessário o envolvimento

em actividades de impacto, ou em exercícios que estimulem a contracção

muscular de forma intensa para estimular as células osteoblásticas (Suzuki,

2000). Desta forma, o treino de força parece ter um impacto mais activo na

DMO do que o treino aeróbio, dado que desencadeia um efeito mais específico

sobre o osso (Chilibeck, Sale & Webber, 1995). De facto, segundo Silva et al.

(2003) o stress ocasionado pela contracção muscular gera tensão sobre o osso

no qual o músculo em contracção está inserido. Assim, actividades que

desenvolvam a força muscular parecem provocar maior deposição de minerais

no tecido ósseo.

Neste sentido, podemos concluir tal como é sugerido por Lanay, Willa, e

Pivarnik (2007) que actividades que tenham associado um elevado impacto e

uma componente de força parecem ter associado uma maior DMO do que

outras modalidades.

2.2.2. Efeitos negativos da actividade física na densidade mineral óssea

De acordo com Silva et al. (2003), também podem ocorrer reacções

negativas no tecido ósseo em resposta ao excesso de treino. O treino

exaustivo pode ocasionar desequilíbrio hormonal e consequente amenorréia. A

amenorréia em atletas do sexo feminino poderá afectar a remodelação óssea,

uma vez que existe uma deficiência nos níveis de estrogénio, provocando um

aumento na taxa de reabsorção óssea através da intensificação da acção

osteoclástica (Nichols et al., 2007). Assim, Mantonelli (2002) citado por Silva et

2 - REVISÃO DA LITERATURA

16

al. (2003) afirma que existe uma relação entre distúrbios menstruais e

diminuição da DMO devido a baixos níveis de estrogénio em atletas com

amenorréia. A amenorréia está associada a uma alta intensidade de treino, a

uma dieta restrita e a uma redução da gordura corporal (Gremion et al., 2001).

Neste sentido, Chilibeck et al. (1995) sugerem que durante a puberdade

nem todo o incremento de actividade física é benéfico para adolescentes no

que diz respeito ao desenvolvimento ósseo. Vários estudos (Silva et al., 2003;

Nichols et al., 2007; Drinkwater, 1994) demostram um menor conteúdo de

minerais nos ossos em adolescentes femininas que praticam desportos de alta

intensidade e que requerem o controlo do peso corporal.

Neste âmbito, alguns autores afirmam que as praticantes femininas de

actividade física intensa poderão desenvolver a “tríade da mulher

atlética” (Mantonelli, 2002; Torstveit & Sundgot, 2005). Esta tríade envolve três

processos: distúrbio alimentar, amenorréia e diminuição da DMO que poderá

conduzir à osteoporose. Assim, de acordo com os mesmos autores, tudo inicia-

se com o distúrbio alimentar, que leva a atleta a desenvolver o segundo

processo, a amenorréia. Por sua vez, a amenorréia provoca uma diminuição

dos níveis de estrogénio, conduzindo a uma diminuição da DMO.

2 - REVISÃO DA LITERATURA

17

2.3. NUTRIÇÃO E DENSIDADE MINERAL ÓSSEA

A alimentação fornece os nutrientes necessários à formação,

crescimento e reparação das células e tecido. Fornece ainda os constituintes

orgânicos necessários à produção de energia, bem como os nutrientes que

devem ser acumulados sob a forma de reservas próprias do organismo,

contribuindo para um metabolismo equilibrado (Peres, 1980).

O Instituto de Medicina Norte Americano (IMN) em conjunto com a

Associação Americana de Dietética (ADA) desenvolveu recomendações

nutricionais em termos de energia, proteínas, carboidratos e micronutrientes,

com base no sexo, idade e características individuais. As recomendações

diárias de alimentos (RDA) são valores de referência que estimam as

necessidades de ingestão de nutrientes que devem ser utilizadas para

assegurar a saúde dos indivíduos.

Neste sentido, factores dietéticos podem estar implicados na

modificação da saúde, sendo que a maioria dos estudos que relacionam a

DMO com dieta centralizam-se no estudo do cálcio, considerando o principal

mineral ósseo.

Williams (2002) sugere que uma dieta apropriada de cálcio é

fundamental para a manutenção da massa óssea. O cálcio é essencial para

todas as células do corpo, incluindo coração, nervos e músculos. Assim, é

importante que a necessidade de cálcio pelo corpo não seja maior do que a

quantidade oferecida na dieta alimentar diária. Mantido esse equilíbrio, o

organismo não precisa retirar a reserva de cálcio dos ossos. As funções

fisiológicas do cálcio têm preferência sobre a formação do tecido ósseo, daí o

perigo de descalcificação que pode ocorrer em desportistas de modalidades de

endurance se não tiverem um adequado nutricional de cálcio. No entanto, a

ingestão de cálcio por si só não é factor suficiente para uma boa saúde óssea,

pois o metabolismo do osso está fortemente dependente da acção controladora

das vitaminas D e K (Rodrigues dos Santos, 2002).

2 - REVISÃO DA LITERATURA

18

Na dieta que apresenta uma baixa quantidade de cálcio durante certo

período, o corpo pode deslocar parte desse mineral dos ossos pela acção de

hormonas, como o paratormona e a forma hormonal da vitamina D, de forma a

manter a quantidade adequada de cálcio na forma iónica.

Diversos estudos têm indicado que uma alta ingestão de cálcio conduz à

redução de perda óssea e risco de fracturas, incrementando desta forma a

competência mecânica do osso (Williams, 2002).

De facto, são vários os estudos que demonstram a importância do cálcio

para a saúde óssea. Merrilees et al. (2000); Teegarden et al. (1998) e Dawson-

Hughes, 1998) concluíram nos seus estudos que o grupo que apresentou uma

elevada ingestão de cálcio revelou valores superiores de massa óssea e DMO

em quase todos os locais anatómicos estudados, comparativamente ao grupo

de inferior ingestão.

Contudo, outros estudos referiram que a ingestão de cálcio tem um

maior impacto durante a puberdade (Nichols et al., 2007). Boot e os seus

colaboradores em 1997 mostraram nos seus estudos que o consumo de

óptimas quantidades de cálcio durante a infância está associada com uma

maior massa óssea. Assim, uma ingestão adequada de cálcio durante a

infância e adolescência é importante para a óptima mineralização do osso,

sendo este um período importante para o aumento da DMO (Williams, 2002).

Neste sentido, Bean (2004) recomenda que se inclua muito cálcio na

dieta das crianças em função dos ossos crescerem em longitude, largura e

forma durante esta fase, pois uma dieta pobre de cálcio resultaria na

reabsorção do mesmo para manter o bom funcionamento dos músculos e

nervos.

No entanto, outros estudos forneceram evidência que o crescimento

esquelético pré e pós pubertal é alcançado por actividades físicas regulares, e

que o óptimo alcance da DMO na adolescência pode não ser dependente de

uma alta ingestão de cálcio. De facto, Bronea (1997) concluiu que o ganho

maior em massa óssea nos locais que receberam carga pode ser alcançado

quando actividades de impacto moderado são combinadas com aumento da

dieta de cálcio. Assim, a evidência actual sugere que a melhor estratégia para

2 - REVISÃO DA LITERATURA

19

ossos fortes no final da infância passa pela actividade de impacto, combinada

com uma correcta ingestão de cálcio.

No entanto, o processo nutricional do organismo é muito mais complexo

do que à primeira vista pode parecer. São raros, se existir algum, os nutrientes

que são metabolizados por si só. Assim, o cálcio tem noutros nutrientes

factores coadjuvantes ou antagonistas da sua própria absorção. O fósforo é um

mineral importante para o metabolismo do cálcio (Rodrigues dos Santos, 2002).

De acordo com Szejnfeld (2000), o fósforo é o segundo mineral mais

abundante no organismo depois do cálcio. No organismo humano o fósforo

existe apenas como sal de fosfato, na forma de fosfato inorgânico ou é ligado a

outros minerais ou componentes orgânicos. Cerca de 80% a 90% do fósforo do

organismo combina-se para formar o fosfato de cálcio, usado no

desenvolvimento dos ossos e dos dentes.

Na mesma linha de raciocínio atrás expandido, existem duas vitaminas

fundamentais para a saúde do osso, vitamina K e D (Rodrigues Santos, 2002).

Em relação ao papel da vitamina K, não abordado neste estudo, ressalta

a sua importância na síntese da osteocalcina, uma proteína importante para a

síntese do osso extracelular (Anderson, Stender, Rondano, Bishop & Duckett,

1998). A vitamina D pela sua importância crucial na saúde do osso, exige

especiais cuidados nutricionais.

A vitamina D assume uma importante influência na manutenção da

massa óssea, pelo papel desempenhado na absorção do cálcio do intestino

delgado para o sangue (Graaff, 2003). As concentrações séricas diminuídas

desta vitamina parecem contribuir para a perda óssea pela diminuição da

absorção do cálcio, estimulando a secreção de hormona paratiróidea (PTH)

com aceleração da taxa de remodelação óssea. Por outro lado, a vitamina A

influencia o equilíbrio entre a formação e a reabsorção óssea, necessário para

o crescimento e fortalecimento do osso (Bean, 2004).

Relativamente à ingestão proteica, estudos experimentais sugerem que

estados de deficiência ou excesso proteico possam afectar negativamente o

balanço de cálcio e levar à redução da densidade e resistência óssea

(Williams, 2002). Acredita-se que a ingestão proteica influencie a síntese de HC

2 - REVISÃO DA LITERATURA

20

e produção hepática de IGF-1 (Insulin-like growth factor 1), levando a um

crescimento esquelético deficitário e contribuindo para o baixo pico de massa

óssea. O IGF-1 actua positivamente sobre a taxa de deposição óssea

periosteal, aumentando o diâmetro externo dos ossos longos, além de

influenciar o crescimento longitudinal do esqueleto e a massa óssea (Szejnfeld,

2000 citado por Oliva, 2006).

Assim, Nichols et al. (2007) referem que crianças e adolescentes têm

necessidade de aumentar os seus níveis proteicos para assegurar o

crescimento e o desenvolvimento de massa isenta de gordura e também

fornecer energia suficiente, caso contrário, a proteína poderá ser utilizada como

fonte de energia e não para a síntese dos tecidos musculares.

Relativamente ao flúor, Graaff (2003) afirma que este pode permitir um

aumento da DMO, uma vez que aumenta o número de osteoblastos e a

consequente formação óssea.

De uma forma geral, é aconselhado um elevado consumo de fibras

dietéticas, principalmente para as mulheres que são mais susceptíveis a prisão

de ventre. No entanto, os excessos podem ser perigosos uma vez que um

elevado consumo de fibras, embora possa contribuir para a saúde do intestino,

pode ocasionar perdas de estrogénio em valores 2 a 3 vezes superiores ao

normal. De acordo Kaiserauer et al (1989), este facto pode contribuir para a

diminuição da massa óssea.

Existem ainda outros factores alimentares que estão associados com a

massa óssea, tais como o zinco, vitaminas B6, B12, e C, uma vez que, por

exemplo, tanto a vitamina C como a B6 são co-factores para o adequado

metabolismo do colagénio e, deficiências destas vitaminas, podem ser factores

colaborantes na emergência de situações de osteoporose (Kanis, 1994 citado

por Silva, 2000), embora estes elementos nutricionais sejam menos

importantes que o cálcio, vitamina D e K.

2 - REVISÃO DA LITERATURA

21

2.4. INFLUÊNCIA DA PRÁTICA DE BALLET NA DENSIDADE MINERAL

ÓSSEA

Como já foi mencionado anteriormente, uma alimentação adequada e a

prática de actividades que tenham associado um elevado impacto e uma forte

componente de força, parecem ter associado uma maior DMO que outras

modalidades. Contudo, foi igualmente mencionado nesta revisão que também

podem ocorrer reacções negativas no tecido ósseo em resposta ao excesso de

treino e a um défice de certos nutrientes.

O ballet clássico é uma forma de arte onde o corpo é o instrumento de

expressão (Clarksin, 1988). Ao longo dos anos tem-se tornado uma actividade

cada vez mais exigente, quer em termos físicos quer em termos técnicos. A

prática de ballet é uma forma de treino que desenvolve capacidades de

coordenação motora, agilidade, força muscular, estabilidade dinâmica,

flexibilidade e ritmo integradas em complexos padrões neuromusculares

(Oliveira, Azevedo & Cabri, 2008).

O ballet clássico é uma forma de arte em que a estética a par com o

talento, a técnica e a aptidão física são factores fundamentais de performance

(Vieira, 2008), e, neste sentido, Amaral, Pacheco e Navarro (2008) salientam a

importância de esta actividade ser iniciada na infância (por volta dos 6 anos de

idade) para as bailarinas alcançarem elevados níveis de performance.

Assim, desde idade muito baixas que as bailarinas são sujeitas a

elevados volumes de treino tanto para conseguirem atingir um nível de

performance elevado como para manterem os valores de massa corporal a

níveis muito baixos e ainda alcançarem uma tipologia morfológica próxima da

que caracteriza as bailarinas de elite, ou seja, o tipo meso-ectomorfo (Angiosi,

2004 citado por Vieira, 2008).

Neste sentido, podemos verificar que a performance e a técnica são

aspectos importantes no ballet, no entanto, não são suficientes para um

bailarino. O ballet, sendo uma forma de arte, também requer um tipo de corpo

2 - REVISÃO DA LITERATURA

22

específico, conduzindo muitas vezes as jovens bailarinas a desequilíbrios

alimentares para alcançarem um corpo fino e delgado (Steinberg, Siev-ner,

Peleg, Dar, Masharawi & Hershkovitz, 2008).

Neste sentido, vários autores caracterizam as bailarinas como um grupo

que apresenta uma baixa percentagem de gordura, sendo susceptível o

desenvolvimento de irregularidades menstruais (atraso na menarca,

amenorréia) e osteopenia (Muñoz et al., 2004; Yannaloulia et al., 2004). Assim,

vários estudos demonstram que praticantes de ballet clássico apresentam uma

DMO mais baixa quando comparadas com grupos de controlo da mesma faixa

etária, aumentando a probabilidade de desenvolver osteoporose devido à

pobre alimentação e exercício intenso (Keay, Fogelman & Blake, 1997). Do

mesmo modo, Tsai et al. (2001) afirmam que nas bailarinas é comum um baixo

nível de cálcio e vitamina D, sendo que estes factores também afectam

negativamente a DMO.

No entanto, os mesmos autores caracterizam o ballet como sendo uma

forma de treino bastante dura e exigente, com momentos de alto impacto e de

sustentação do peso corporal. De facto, algumas actividades que enfatizam o

treino da bailarina são: os saltos (Petit Allegro, Allegro e Grand Allegro),

recepções ao solo a um pé (Sissone, Petit Jeté, Grand Jeté, Pas de Chat),

equilíbrios (Rises, Arabesque, Attitude, Retiré, Retiré Passé, Rond de Jambe en

l´air, Développé), e trabalho de pontas, sendo que Khan et al. (1998) referem

que todos estes aspectos provocam stresse mecânico nas estruturas ósseas.

Assim, de acordo com Tsai et al. (2001) as bailarinas podem atingir forças de

reacção três vezes superiores ao seu peso corporal, sendo esta carga

fundamental para o crescimento ósseo. É neste sentido que vários estudos

evidenciam influências positivas da prática de ballet na DMO (Bennell et al.,

2000; Kilicarslan et al., 2007; Lichtenbelt, Fogelholm, Ottenheijm e Westerterp,

1995; Matthews et al., 2005; William, Phil, Wong e Lam, 2005; Yannakoulia et

al., 2004).

Assim, por tudo que foi referenciado podemos constatar que existe

alguma controvérsia no que toca à influência da prática de ballet sobre a

densidade óssea. Uns estudos demonstram que a DMO é mais elevada em

2 - REVISÃO DA LITERATURA

23

bailarinas comparativamente a não praticantes, enquanto outros demonstram

que a DMO é mais baixa no grupo de bailarinas. Mas, por outro lado, ainda

existem estudos que demonstram que não existem diferenças entre o grupo de

não praticantes e bailarinas, apresentando estas últimas uma DMO similar

mesmo nas zonas de impacto (Tsai et al., 2001; Young, Formica, Szmukler &

Seeman, 1994). Para estes autores, existe um equilíbrio entre os factores que

influenciam positivamente a DMO e os que a influenciam negativamente, e,

portanto, não existe qualquer alteração na massa óssea. De facto, os autores

afirmam que, como é comum nas bailarinas a existência de distúrbios

alimentares e menstruais, é difícil predizer qual o equilíbrio entre os benefícios

da actividade e os efeitos nocivos dos distúrbios alimentares na DMO. Assim,

apesar de o ballet ser considerado uma actividade de impacto, é necessário ter

em consideração o efeito da alimentação na DMO, pois, como mencionado,

uma dieta inadequada é comum nas bailarinas, apresentando este aspecto um

efeito negativo na DMO.

É neste contexto que consideramos o ballet uma actividade interessante

de ser estudada, uma vez que envolve factores que podem influenciar a massa

óssea tanto positivamente (actividade de impacto; exige elevados níveis de

força muscular), como negativamente (dieta desequilibrada; treino excessivo e

intenso). Assim, propusemos fazer um estudo que permita verificar o estado de

saúde óssea de bailarinas adolescentes, relativizando os dados à ingestão

nutricional.

2 - REVISÃO DA LITERATURA

24

3 - OBJECTIVOS

3.1. OBJECTIVO GERAL

Comparar a densidade mineral óssea entre um grupo de bailarinas e um

grupo de não praticantes.

3.2. OBJECTIVOS ESPECÍFICOS

- Comparar os resultados obtidos entre os grupos de estudo (grupo de

Controlo e Grupo Experimental) no que diz respeito à DMO;

- Determinar se existem correlações entre a DMO com o peso, a altura e

o índice de massa corporal (IMC) dos sujeitos avaliados;

- Verificar e comparar o consumo energético e a quantidade ingerida de

cálcio, fósforo, proteínas, fibras e vitamina D nos grupos de estudo;

- Verificar se existem correlações entre a DMO com o consumo

energético, e quantidade ingerida de cálcio, fósforo, proteínas, fibras e

vitamina D.

3 - OBJECTIVOS

26

4 - MATERIAL E MÉTODOS

Pretendemos neste capítulo descrever os aspectos metodológicos

inerentes à realização deste estudo. Neste sentido, caracterizaremos a nossa

amostra, identificaremos os instrumentos utilizados que consideramos

necessários para a concretização do estudo, e, por último, descreveremos

todos os procedimentos estatísticos necessários à análise, codificação e

tratamento dos dados recolhidos.

4.1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

A amostra foi formada por 10 bailarinas do Estúdio de Dança Margarida

Valle e por 10 adolescentes do sexo feminino que não praticavam nenhuma

actividade física. Para cada participante da pesquisa foi entregue uma ficha de

identificação onde solicitava que estes referissem a idade, tempo de prática,

números de treino por semana e número de horas de treino semanal. Também

foi registado a altura e peso na ficha de identificação.

Os sujeitos foram divididos em função da prática (Grupo Controlo: Não

praticantes; Grupo Experimental: Bailarinas), estando evidenciadas as

características da amostra no quadro 1.

4 - MATERIAL E MÉTODOS

28

Quadro 1 - Caracterização da amostra em função da idade (anos), tempo de prática (anos), treinos por semana (n.º) e treino semanal (horas) dos sujeitos.

Grupo Controlo Grupo Experimental

N 10 10

x ± sd Min - Máx x ± sd Min - Máx

Idade 15, 60 ± 0,52 15 - 16 15,60 ± 0,52 15 - 16

Tempo prática 0 0 9,10 ± 2,29 4 - 11

Treinos semana (n.º) 0 0 5,60 ± 0,52 5 - 6

Treino semanal (horas) 0 0 11,20 ± 1,03 10 - 12

X, média; sd, desvio-padrão; Min., valor mínimo; Máx., valor máximo.

Como verificamos no quadro anteriormente apresentado, ambos os

grupos apresentam idades compreendidas entre os 15 e os 16 anos de idade.

No que respeita ao tempo de prática, verificamos no Grupo Experimental

que, em média, as bailarinas praticam ballet clássico há 9 anos, sendo que o

número de treinos varia entre os 5 e 6 semanais. Já o número de horas de

treino semanal varia entre as 10 e 12 horas.

Por seu lado, o Grupo de Controlo não pratica qualquer actividade física

regular.

4.2. METODOLOGIA

Todos os sujeitos da amostra realizaram testes para avaliar a densidade

óssea (DMO, g/cm2) e hábitos alimentares. A recolha de dados para o nosso

estudo decorreu no mês de Julho de 2009.

4.2.1. Avaliação da Massa Óssea

A absorciometria por raio X de dupla energia (DEXA - Dual-Energy X-ray

Absorptiometry) foi a técnica utilizada para a avaliação da massa óssea, tendo

sido aplicado a todos os sujeitos os procedimentos estandardizados para a

avaliação. Os exames foram realizados por um técnico na Faculdade de

Desporto da Universidade do Porto, efectuando-se a calibragem do

equipamento de acordo com as instruções do fabricante, antes da testagem.

Os avaliados ficaram em decúbito dorsal na mesa do aparelho com as

mãos ao lado do corpo, de forma que a haste móvel do aparelho percorresse

todo o corpo, descrevendo a estrutura óssea. Para além de avaliar a massa

óssea da coluna lombar, pélvis e corpo total, o DEXA também forneceu

informações relativamente à percentagem de gordura e massa isenta de

gordura (Anexo 1).

4 - MATERIAL E MÉTODOS

29

4.2.2. Avaliação dos Hábitos Alimentares

Para a avaliação dos hábitos alimentares foi utilizado um questionário

semi-quantitativo de frequência de consumo alimentar (QFA). Seguindo o

procedimento durante uma semana, cada sujeito anotou todos os alimentos

ingeridos nas refeições e entre elas, anotando as quantidades em medidas

padronizadas (Anexo 2).

O tratamento da informação contida nos registos alimentares foi

realizado através do programa Food Processor Plus® versão SQL (ESHA

Research, Salem, Oregon) no Serviço de Higiene e Epidemiologia da

Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

O programa informático Food Processor Plus® versão SQL (ESHA

Research, Salem, Oregon), usa como núcleo central dados provenientes de

tabelas de composição de alimentos analisadas pelo Departamento de

Agricultura dos Estados Unidos da América. Os conteúdos, em nutrientes, de

alimentos ou pratos culinários tipicamente portugueses foram acrescentados à

base original, utilizando dados da tabela de composição de Alimentos

Portugueses para alimentos crus e recorrendo a trabalhos nacionais e

internacionais que analisaram alimentos portugueses.

Neste sentido, foi feita a conversão dos alimentos nos seguintes

nutrientes: cálcio, proteínas, fósforo, fibras e vitamina D, dado que estes

nutrientes são particularmente relevantes na modulação da massa óssea.

4.3. PROCEDIMENTOS ESTATÍSTICOS

Os dados obtidos foram codificados e analisados através do programa

estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 16.0. Foi

realizada a estatística descritiva dos dados para a descrição da amostra e

variáveis, utilizando-se para tal a média (x), desvio-padrão (sd), os valores

máximo e mínimo.

4 - MATERIAL E MÉTODOS

30

Como a amostra do nosso estudo é reduzida, decidimos aplicar um teste

não paramétrico, tendo sido seleccionado o teste de Mann-Whitney para

comparar as médias.

Utilizou-se também a regressão linear simples para determinar a

influência de uma variável sobre outra.

Para todos os procedimentos estatísticos estabelecemos um nível de

significância de 5%.

4 - MATERIAL E MÉTODOS

31

5 - APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Neste capítulo serão apresentados, analisados e comparados os

resultados obtidos.

No momento da realização desta análise, tivemos em consideração o

nível de actividade física dos avaliados. Assim, a escolha dos grupos recaiu em

indivíduos que não efectuassem qualquer tipo de actividade física regular e

organizada (Grupo de Controlo - GC) e o Grupo Experimental (GE), ao qual

pertencem os sujeitos que praticam ballet clássico.

Com o presente protocolo experimental pretendeu-se efectuar um

estudo comparativo entre os dois grupos, no que diz respeito à DMO e hábitos

alimentares. Assim, numa primeira fase, procedemos à apresentação e análise

dos resultados obtidos relativamente à DMO da coluna lombar, da pélvis e do

valor total.

O quadro n.º 2 apresenta as características do GC (n=10) e do GE

(n=10), bem como as comparações entre as médias.

5 - APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

33

Grupo Controlo Grupo Experimental

N 10 10

x ± sd Min - Máx x ± sd Min - Máx P

Idade 15,60 ± 0,52 15 - 16 15,60 ± 0,52 15 - 16 1 ,000

Peso (Kg) 58,99 ± 7,56 46 - 70,20 50,00 ± 4,37 44,90 - 58,10 0,011

Altura (m) 1,60 ± 0,53 1,51 - 1,68 1,58 ± 0,06 1,50 - 1,69 0,471

IMC (Kg/m2) 22,98 ± 2,08 19,15 - 25 20,04 ± 1,32 16,49 - 21,08 0,005

X, média; sd, desvio-padrão; Min., valor mínimo; Máx., valor máximo; p, resultado da comparação (Mann-Whitney) entre o Grupo de Controlo e o Grupo Experimental, p≤0,05.

Quadro 2 - Médias, desvios-padrão, valores mínimo e máximo das variáveis idade, peso, altura e IMC do Grupo de Controlo e do Grupo Experimental.

Através da observação do quadro n.º 3, podemos constatar que não

existem diferenças entre o GC e o GE no que respeita à idade, sendo que esta

se situa entre os 15 e os 16 anos, tendo ambos os grupos a mesma média

(x=15,60). Deste modo, não existem diferenças estatisticamente significativas

entre os grupos no que respeita à idade.

No que diz respeito ao peso dos indivíduos, verificamos que o GE

apresenta um valor médio inferior (x=50,00 Kg) comparativamente ao GC

(x=58,99 Kg), existindo diferenças estatisticamente significativas entre os dois

grupos (p=0,011). O mesmo ocorre no que diz respeito à variável IMC,

apresentando o GE um valor médio inferior (x=20,04 Kg/m2), existindo

diferenças estatisticamente significativas entre os dois grupos (p=0,005). Por

sua vez, as médias relativamente à altura são muito semelhantes em ambos os

grupos, GE (x=1,58 m); GC (x=1,60 m). Deste modo, face à proximidade dos

valores médios da variável entre os grupos, não existem diferenças

estatisticamente significativas.

Os quadros abaixo figurados (quadro n.º3, 4 e 5) apresentam os

resultados das médias, desvios-padrão, valores mínimos e máximos da DMO

dos locais anatómicos mensurados, bem como o valor de p, ou seja, a

verificação ou não de diferenças estatisticamente significativas entre os dois

grupos criados.

5 - APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

34

Quadro 3 - Médias, desvios-padrão, valores mínimo e máximo da variável DMO da coluna lombar dos Grupos de Controlo e Experimental. Valor estatística inferencial de Mann-Whitney para comparação entre grupos.

Grupo N x ± sd Min - Máx P

DMO da coluna lombar (g/m2)

Controlo 10 1,01 ± 0,80 0,92 - 1,13

0,596

Experimental 10 0,99 ± 0,06 0,88 - 1,07

X, média; sd, desvio-padrão; Min., valor mínimo; Máx., valor máximo; p, resultado da comparação (Mann-Whitney) entre o Grupo de Controlo e o Grupo Experimental, p≤0,05.

Pela análise do quadro n.º 3, e no que respeita à DMO da coluna lombar,

podemos constatar que não existem diferenças significativas. O GC apresenta

uma média (x=1,01 g/m2) muito semelhante à média (x=0,99 g/m2) do GE, o

que resulta na não existência de diferenças significativas entre os grupos

(p=0,596).

O quadro seguinte revela os valores referentes à DMO da pélvis.

Procedendo-se à comparação entre as médias dos GC e do GE no

âmbito da DMO da pélvis, não detectamos a existência de diferenças

estatisticamente significativas (p=0,565), contudo, o GC (x=0,99 g/m2)

apresenta um valor médio superior ao valor médio do GE (x=0,92 g/m2).

De seguida procedemos à análise da DMO do corpo total.

5 - APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

35

Quadro 4 - Médias, desvios-padrão, valores mínimo e máximo da variável DMO da pélvis dos Grupos de Controlo e Experimental. Valor estatística inferencial de Mann-Whitney para comparação entre grupos.

Grupo N x ± sd Min - Máx P

DMO da pélvis (g/m2)

Controlo 10 0,99 ± 0,04 0,96 - 1,06

0,565

Experimental 10 0,92 ± 0,07 0,81 - 1,07

X, média; sd, desvio-padrão; Min., valor mínimo; Máx., valor máximo; p, resultado da comparação (Mann-Whitney) entre o Grupo de Controlo e o Grupo Experimental, p≤0,05.

Quadro 5 - Médias, desvios-padrão, valores mínimo e máximo da variável DMO total dos Grupos de Controlo e Experimental. Valor estatística inferencial de Mann-Whitney para comparação entre grupos.

Grupo N x ± sd Min - Máx P

DMO total

(g/m2)

Controlo 10 1,06 ± 0,45 1 - 1,12

0,405

Experimental 10 1,04 ± 0,05 0,96 - 1,13

X, média; sd, desvio-padrão; Min., valor mínimo; Máx., valor máximo; p, resultado da comparação (Mann-Whitney) entre o Grupo de Controlo e o Grupo Experimental, p≤0,05.

A comparação entre as médias da DMO total dos GC e do GE , revela a

ausência de diferenças estatisticamente significativas, apesar do GC (x=1,06 g/

m2) apresentar um valor médio ligeiramente superior ao valor médio do GE

(x=1,04 g/m2).

De seguida, procedemos à análise da regressão linear entre as

diferentes variáveis, no sentido de averiguar a influência de uma variável sobre

a outra. Neste sentido, os quadros n.º 6 e 7 apresentam os valores de

regressão obtidos entre as diferentes variáveis para o GC e GE,

respectivamente.

Ao comparar os valores de correlação obtidos entre as diferentes variáveis evidenciam-se resultados estatisticamente significativos (p <0,05) entre a altura e todos os indicadores de massa óssea. Por sua vez, a variável

Ao comparar os valores de regressão obtidos entre as diferentes variáveis

no GC, não se evidenciaram resultados estatisticamente significativos (p≥0,05)

em nenhuma variável, o que significa que a DMO da coluna lombar, pélvis e

total não podem ser explicadas pelo IMC, peso e altura.

5 - APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

36

Quadro 6 - Regressão entre a DMO da coluna lombar, pélvis e total com o IMC, peso e altura, no Grupo de Controlo.

IMC Peso Altura

DMO Coluna Lombar

F 0,015 0,003 0,049

p 0,906 0,958 0,831

DMO PélvisF 1,591 0,421 0,012

p 0,243 0,535 0,916

DMO TotalF 4,219 0,655 0,109

p 0,074 0,442 0,749

Estatisticamente significativo para p≤0,05; F - Regressão Linear

Como podemos constatar no quadro acima, também não existem

diferenças estatisticamente significativas no que respeita à regressão entre as

diferentes variáveis (p≥0,05) no GE, e, portanto, a DMO da coluna lombar,

pélvis e total não podem ser explicadas pelo IMC, peso e altura.

Uma vez efectuada a apresentação e análise dos resultados obtidos

relativamente à DMO da coluna lombar, da pélvis e do valor total, procedemos

à apresentação e análise dos valores obtidos relativamente aos hábitos

alimentares. Assim, o quadro abaixo figurado apresenta os resultados das

médias, desvios-padrão, valores mínimos e máximos dos diferentes nutrientes,

bem como o valor de p, ou seja, a verificação ou não de diferenças

estatisticamente significativas entre os dois grupos criados.

5 - APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

37

Quadro 7 - Regressão entre DMO da coluna lombar, pélvis e total com o IMC, peso e altura, no Grupo Experimental.

IMC Peso Altura

DMO Coluna Lombar

F 1,26 0,56 0,003

p 0,294 0,819 0,957

DMO PélvisF 0,008 0,789 0,962

p 0,933 0,401 0,356

DMO TotalF 2,596 0,573 0,138

p 0,146 0,471 0,72

Estatisticamente significativo para p≤0,05; F - Regressão Linear.

Pela análise do quadro n.º 8, podemos constatar a presença de

diferenças estatisticamente significativas (p<0,05) entre as variáveis energia,

proteínas, cálcio e fósforo, apresentando o GE uma média inferior ao GC

(respectivamente, 947 ± 109,36; 49,17 ± 6,08; 351,28 ± 117,63; 750 ± 188,73).

Por outro lado, não existem diferenças estatisticamente significativas

(p>0,05) entre os grupos no que respeita às quantidades ingeridas de fibra e

vitamina D. Contudo, relativamente ao consumo de fibras, o GE apresenta

uma média ligeiramente superior quando comparada com o GC (24,79 ± 8,47 e

24,43 ± 5,75, respectivamente), apresentando, por sua vez, uma média inferior

no que respeita ao consumo de vitamina D (10,35 ± 8,62).

5 - APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

38

Quadro 8 - Médias, desvios-padrão, valores mínimo e máximo das variáveis energia, proteínas, cálcio, fósforo, fibra e vitamina D do Grupo de Controlo e do Grupo Experimental.

Grupo Controlo Grupo Experimental

N 10 10

x ± sd Min - Máx x ± sd Min - Máx P

Energia

Energia (Kcal/dia) 2645,36 ± 208,7 1733,09-2367,38 947 ± 109,36 757,11-1154,02 0,001

Proteínas

Proteínas (g/dia) 109,45 ± 24,54 80,29-157,75 49,17 ± 6,08 39,99-56,92 0,001

Cálcio

Cálcio (mg/dia) 740,69 ± 143,07 586,83-1062,60 351,28 ± 117,63 153,66-508,44 0,001

Fósforo

Fósforo (mg/dia) 1437,97 ± 303,81 1028,19-1939,66 750 ± 188,73 445,86-1029,75 0,001

Fibra

Fibra (g/dia) 24,43 ± 5,75 9,22-28,36 24,79 ± 8,47 5,29-32,19 0,545

Vitamina D

Vitamina D (µg/dia) 15,83 ± 6,59 19,31-12,38 10,35 ± 8,62 4,91-9,61 1,001

X, média; sd, desvio-padrão; Min., valor mínimo; Máx., valor máximo; p, resultado da comparação (Mann-Whitney) entre o Grupo de Controlo e o Grupo Experimental, p≤0,05.

Os quadros seguintes (quadro n.º 9 e 10) mostram se as variáveis

nutricionais explicam ou não os valores encontrados para a DMO entre cada

um dos grupos analisados.

O quadro anterior apresenta a regressão entre as diferentes variáveis no GC. Através da sua análise podemos verificar que a DMO da coluna lombar, pélvis e total não são explicadas pelo consumo energético, proteínas, cálcio, fósforo, fibra e vitamina D, uma vez que o valor de prova (p) é superior a 0,05 para todas as variáveis. Por sua vez, no quadro seguinte figura a regressão entre as diferentes variáveis no GE, e, através da sua análise, podemos igualmente constatar que a DMO da coluna lombar, pélvis e total não podem ser explicadas pelo consumo energético, proteínas, cálcio, fósforo, fibra e vitamina D (p≥0,05).

5 - APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

39

Quadro 9 - Regressão entre a DMO da coluna lombar, pélvis e total, com a energia, proteínas, cálcio, fósforo, fibra e vitamina D, no Grupo de Controlo.

Energia Proteínas Cálcio Fósforo FibraVitamina

D

DMO Coluna Lombar

F 1,849 0,111 1,558 0,041 1,446 0,101

p 0,211 0,749 0,247 0,847 0,264 0,76

DMO PélvisF 0,074 0,481 0,134 0,948 0,001 0,025

p 0,793 0,508 0,724 0,359 0,987 0,878

DMO TotalF 0,576 0,083 0,231 0,121 0,001 0,001

p 0,471 0,781 0,644 0,736 0,995 0,991

Estatisticamente significativo para p≤0,05; F - Regressão Linear

5 - APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

40

Quadro 10 - Regressão entre a DMO da coluna lombar, pélvis e total com a energia, proteínas, cálcio, fósforo, fibra e vitamina D, no Grupo Experimental.

Energia Proteínas Cálcio Fósforo FibraVitamina

D

DMO Coluna Lombar

F 0,911 2,381 0,478 0,107 0,662 0,083

p 0,368 0,161 0,509 0,753 0,439 0,78

DMO PélvisF 3,544 0,005 0,479 1,509 2,385 0,647

p 0,097 0,944 0,508 0,254 0,161 0,444

DMO TotalF 2,795 0,808 0,197 0,087 0,461 0,367

p 0,133 0,395 0,669 0,775 0,516 0,561

Estatisticamente significativo para p≤0,05; F - Regressão Linear

6 - DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Este estudo teve como objectivo comparar os valores de DMO entre um

grupo de bailarinas clássicas e um grupo de não praticantes. Especificamente,

procuramos averiguar se existem diferenças significativas entre os grupos

relativamente à DMO da coluna lombar, pélvis e corpo total. Também

procuramos verificar e comparar o consumo energético, a quantidade ingerida

de cálcio, fósforo, proteínas, fibras e vitamina D, bem como averiguar se estas

variáveis podem explicar os valores encontrados para a DMO nas diferentes

regiões anatómicas mensuradas.

Na literatura está descrito que uma alimentação adequada e a prática de

actividades físicas de alto impacto com uma forte componente de força,

parecem terem associadas uma maior DMO que outras modalidades. Assim, é

suportado pela literatura que uma nutrição e actividade física adequadas são

factores indissociáveis que contribuem para um melhor desempenho dos

praticantes, bem como para a sua saúde óssea. De facto, estudos afirmam que

o acréscimo de DMO ocorre, em larga medida, durante a adolescência

(Mackelvie, Khan & Mckay, 2002), dependendo da alimentação e actividade

física (Teegarden et al., 1995).

Contudo, os resultados do nosso estudo revelaram a inexistência de

diferenças estatisticamente significativas entre praticantes de ballet clássico e

não praticantes no que respeita à DMO da coluna lombar, pélvis e corpo total.

Corroborando os nossos dados, Tsai et al. (2001) verificaram em amostras

idênticas às nossas (bailarinas, 16,3 ± 0,5 anos; não praticantes, 16,6±0,8

anos) que os valores médios da DMO da coluna lombar eram idênticos entre os

grupos. Paradoxalmente, o estudo de Tsai et al. (2001) verificou que o PC e

IMC eram significativamente diferentes entre os grupos. As razões aduzidas

por estes autores para justificarem a similitude da DMO entre os grupos residiu

no facto de que o baixo PC e baixo IMC das bailarinas serem compensados

pelos efeitos positivos da prática da actividade. Verifica-se, assim, a existência

6 - DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

42

de um equilíbrio entre os factores que influenciam positivamente a DMO

(actividade de impacto) e os que a influenciam negativamente (baixo IMC e

baixo PC).

Young et al. (1994) também evidenciaram a inexistência de diferenças na

DMO da coluna lombar e corpo total entre um grupo de bailarinas (idade

17±0,2 anos) e um grupo de controlo com a mesma idade, sugerindo a

existência de um equilíbrio entre os indicadores antropométricos

(potencialmente negativos) e os efeitos positivos das actividades de alto

impacto.

Assim, os estudos de Tsai et al. (2001) e Young et al. (1994) apontam no

sentido de que o eventual aumento da DMO em praticantes de ballet, induzido

pelas sessões de alto impacto mecânico, é contrariado pelo baixo PC e baixo

IMC que normalmente estão relacionados com carências nutricionais.

Os estudos atrás citados parecem apoiar os resultados obtidos no nosso

estudo, pois também encontramos diferenças estatisticamente significativas

relativamente ao PC (p=0,011) e IMC (p=0,005) entre os dois grupos. Contudo,

quando aplicada a regressão linear no sentido de averiguar se estas variáveis

podem explicar os valores obtidos na DMO, os resultados não foram

estatisticamente significativos, e, assim, não podemos concluir acerca da

relação directa entre os factores antropométricos (PC e IMC) e a DMO.

Por outro lado, Valentino et al. (2001) concluíram no seu estudo que

bailarinas não apresentavam uma DMO mais elevada que o GC, porque as

bailarinas evidenciavam irregularidades nos ciclos menstruais e uma menarca

tardia. Para estes autores, os efeitos positivos da prática são anulados pelos

distúrbios menstruais, resultando num efeito negativo na DMO. Contudo, não

podemos afirmar se estes resultados corroboram ou não com o nosso estudo,

pois não avaliamos os ciclos menstruais e idade da menarca.

Contrariando os nossos resultados surgem os estudos efectuados por

Bennell et al. (2000); Kilicarslan et al. (2007); Lichtenbelt, Fogelholm,

Ottenheijm e Westerterp (1995); Matthews et al. (2005); William, Phil, Wong e

Lam (2005); Yannakoulia et al. (2004), que concluíram que bailarinas clássicas

apresentam uma DMO da coluna lombar, pélvis e corpo total mais elevada que

6 - DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

43

os grupos de controlo. Estes autores justificam essas diferenças afirmando que

as bailarinas são sujeitas a um tipo de treino bastante duro e exigente, com

momentos de alto impacto e sustentação do PC, sendo estes aspectos

fundamentais para o crescimento ósseo.

De facto, sendo o ballet considerado uma actividade de impacto e que

exige elevados níveis de força (Khan et al., 1998; Tsai et al., 2001), umas das

consequências do treino deveria ser um ganho mais acentuado da DMO, e,

assim, seria de esperar que os resultados do nosso estudo revelassem valores

superiores no grupo experimental. No entanto, é importante também

considerarmos o efeito da alimentação na DMO, pois é comum observar nas

bailarinas distúrbios na sua dieta, apresentando este aspecto um efeito

negativo na DMO.

Neste sentido, é necessário considerar que no caso específico do ballet,

as exigências ambientais sobre a silhueta morfológica têm sido apontadas

como um forte precursor de distúrbios alimentares. E, de acordo com Macieira

(2008), os hábitos alimentares das bailarinas poderão traduzir-se em

comportamentos alimentares pouco racionais e perigosos. De facto, são vários

os estudos que apontam para uma maior prevalência de distúrbios do

comportamento alimentar na população de bailarinas face aos seus pares não

praticantes (Abraham, 1996; Braisted, Mellin, Gong & Irwin, 1985; Evers, 1987;

Shebendach & Golden, 1998). De acordo com Muñoz et al. (1998) e Tsai et al.

(2001) estes distúrbios alimentares apresentam repercussões a vários níveis,

inclusive a nível ósseo.

Analisando os resultados do nosso estudo no âmbito da nutrição,

podemos constatar que existem diferenças estatisticamente significativas entre

os grupos avaliados. O grupo de bailarinas (GE) apresenta um consumo

energético bastante inferior (x= 947 ± 109,36 Kcal) quando comparado com o

grupo de não praticantes (GC) (x= 2645,36 ± 208,7 Kcal), evidenciando-se

igualmente diferenças relevantes no que respeita ao consumo de cálcio

(p=0,001), proteínas (p=0,001) e fósforo (p=0,001), sendo os valores

superiores no grupo de controlo. Por outro lado, não se verificaram diferenças

6 - DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

44

estatisticamente significativas entre os grupos no que respeita ao consumo de

fibras e vitamina D (respectivamente, p=0,545; p=1,001).

Lichtenbelt et al. (1995) mostraram que as bailarinas apresentam uma

ingestão de cálcio menor que um grupo de controlo, não havendo, contudo,

qualquer relação entre a ingestão de cálcio com os valores de DMO

encontrados no estudo. Também Yannakoulia et al. (2004) sugerem que os

valores de cálcio não estão relacionados com a DMO, bem como a ingestão

calórica e de proteínas.

Contudo, Valentino et al. (2001) constataram que as bailarinas

apresentam um consumo energético bastante menor quando comparado com

um grupo de controlo, e que este factor estaria correlacionado com a DMO,

sendo que um baixo consumo energético poderá explicar uma diminuição dos

valores de DMO.

No que respeita ao consumo de fibras, fósforo e vitamina D não foram

encontrados estudos no ballet que relacionassem estes nutrientes com a DMO.

Relativamente ao nosso estudo, constamos que nenhuma variável

nutricional explica os valores encontrados para a DMO. De facto, quando

aplicada a regressão linear, e à semelhança do que acontece com o PC e IMC,

os resultados não são significativos (p>0,05), o que indica que a alimentação

também não é o factor responsável pelo não aumento na DMO. Assim, surge

a questão: quais os factores que explicarão uma DMO semelhante (e não

superior) entre os grupos apesar da componente de força e alto impacto

associado ao ballet?

Para responder a esta questão é necessário analisarmos com algum

cuidado o tipo e intensidade de treino a que as jovens bailarinas pertencentes

ao grupo experimental são sujeitas.

Existem várias escolas para o ensino do ballet clássico, sendo que todas

elas enfatizam as suas metodologias no treino progressivo. Assim, os

praticantes desta actividade deverão iniciar a sua prática na infância, existindo

uma evolução no processo de treino à medida que os estudantes vão

avançando na sua aprendizagem.

6 - DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

45

As bailarinas que participaram no nosso estudo são estudantes da Royal

Academy of Dance [RAD] (escola inglesa), e, para esta escola, o ensino do

ballet clássico envolve uma forte disciplina e uma abordagem sistemática. De

acordo com a RAD, o ensino de cada movimento da técnica clássica deverá

seguir uma progressão lógica para a sua forma mais avançada. Então, o treino

de ballet não assume a mesma intensidade ao longo da formação da bailarina,

existindo uma progressão e uma ordem que têm de ser cumpridas no ensino

da técnica. Assim, numa fase inicial (infância e início da adolescência) o treino

clássico assenta o seu ensino nas questões posturais (posições dos pés,

membros inferiores (MI) e membros superiores (MS)), não envolvendo

momentos de grande impacto. Os momentos de grande impacto e que exigem

elevados níveis de força surgem apenas mais tarde, quando elementos como

os exercícios de saltos (Petit Allegro, Allegro e Grand Allegro), recepções ao

solo a um pé (Sissone, Petit Jeté, Grand Jeté, Pas de Chat), equilíbrios (Rises,

Arabesque, Attitude, Retiré, Retiré Passé, Rond de Jambe en l´air, Développé),

e trabalho de pontas enfatizam o treino da bailarina. Assim, vemos que o tipo

de treino que poderá influenciar positivamente a DMO não faz parte de toda a

formação da bailarina, sendo este um aspecto que poderá justificar a

inexistência de diferenças estatisticamente significativas nos grupos avaliados

no nosso estudo, pois, de acordo com Alves e Lima (2008) a idade óptima para

potencializar o ganho ósseo ocorre no início da adolescência (por volta dos 10/

12 anos) devido ao aumento das concentrações de estrogénio e HC (Morris,

Naughton, Gibbs, Carlson & Wark, 1997). Também Cadogan, Blumsohn, Barker

e Eastell (1998) concluíram no seu estudo que no início da adolescência

assiste-se a uma aceleração do ganho de massa óssea, sendo a puberdade

um momento oportuno para serem dados estímulos ósseos. Assim, Kriska et al.

(1988) citado por Brandão e Vieira (1999) referem que a DMO não se associa à

actividade física recente, mas com o padrão de actividade física exercida no

início da adolescência. Neste sentido, tendo em consideração as

características do treino de ballet, provavelmente este não proporcionou às

6 - DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

46

bailarinas da nossa amostra os estímulos necessários para uma melhoria na

massa óssea no momento mais favorável ao ganho ósseo.

Todavia, não podemos esquecer que a actividade física não é o único

factor que pode ter uma influência na DMO, sendo que a alimentação também

assume igualmente um papel importante. Assim, uma dieta adequada durante

a adolescência também é importante para a óptima mineralização do osso

(Nichols et al., 2007). Neste sentido, apesar de termos registado o consumo

alimentar da amostra, não podemos saber quais eram os seus hábitos

alimentares no período fundamental para o ganho ósseo, e, portanto, não

podemos retirar nenhuma conclusão referente a este aspecto.

Por tudo referenciado, vemos que as características do treino de ballet na

infância poderão justificar o motivo pelo qual as bailarinas não apresentam uma

DMO mais elevada que o grupo de não praticantes. Todavia, já foram citados

estudos que mostram que bailarinas apresentam uma DMO mais elevada que

um grupo de controlo (Bennell et al., 2000; Kilicarslan et al., 2007; Lichtenbelt

et al.,1995; Matthews et al., 2005; William et al., 2005; Yannakoulia et al.,

2004), então, é importante analisarmos estes estudos de modo a

compreendermos os resultados por nós obtidos. Assim, numa análise mais

cuidada a estes estudos, verificamos que as amostras utilizadas eram

compostas por bailarinas profissionais, estando sujeitas a grandes volumes de

treino. De facto, tratando-se de profissionais que ambicionam um lugar numa

companhia de bailado, as cargas de treino diárias e semanais diferem bastante

das cargas de treino aplicadas às bailarinas da nossa amostra. Os quadros que

se seguem salientam essas diferenças.

6 - DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

47

6 - DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

48

Quadro 11 - Tipo de treino e cargas de treino de uma bailarina profissional

Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado

9h30 11h20 Ballet Ballet Ballet Ballet Ballet Ballet

11h30 12h30 Pontas Pontas Pontas Pontas Pontas Ballet

12h30 13h30 Almoço Almoço Almoço Almoço Almoço

13h30 15h00 Ballet Reportório Reportório Reportório Coreografia

15h30 17h00

Pas de Deux

BalletPas de Deux

Ballet Coreografia

Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado

9h30 11h20

11h30 12h30 Pontas

12h30 13h30

17h30 19h30 Ballet Ballet Ballet

19h30 21h30

Ballet/ Pontas

Ballet/ Pontas

Quadro 12 - Tipo de treino e cargas de treino das bailarinas constituintes da amostra

Através da análise dos quadros anteriormente apresentados, constatamos

grandes diferenças na intensidade de treino de bailarinas profissionais e das

bailarinas da nossa amostra, sendo que este aspecto poderá ser outro motivo

porque não foi encontrado no nosso estudo uma DMO mais elevada no GE. De

facto, e como já referido, os estudos que evidenciam uma DMO mais elevada

no grupo de bailarinas, utilizaram na amostra bailarinas profissionais com um

número de horas de treino semanal bastante elevado: 27 horas por semana

(Kilicarslan et al., 2007); 20/ 48 horas por semana (Lichtenbelt et al.,1995); 18

horas por semana (William et al.,2005); 25 horas por semana (Yannakoulia et

al., 2004). Outro aspecto relevante a salientar no treino de profissionais refere-

se à existência de um treino complementar à formação de ballet, o designado

cross-training (Minden, 2005). Assim, para além das aulas de ballet, existe um

treino adicional que tem como objectivo desenvolver capacidades condicionais

como a força, flexibilidade e resistência, sendo estes aspectos fundamentais

para uma óptima técnica clássica (Minden, 2005). De acordo com a mesma

autora, várias escolas e companhias de bailado profissionais incorporam nas

suas metodologias o treino de pilates, yoga, barra no chão e gyrotonic, e, todas

estas actividades poderão proporcionar impacto nas estruturas ósseas,

contribuindo igualmente para um aumento da DMO em bailarinas profissionais.

Relativamente à nossa amostra, as bailarinas não realizam qualquer tipo de

treino complementar, e a carga semanal de treino é bastante inferior, variando

entre as 10 e 12 horas. Talvez estes aspectos, aliados ao facto de as bailarinas

não serem sujeitas a actividades de grande impacto na idade óptima de ganho

ósseo, justifiquem uma DMO semelhante ao GC encontrada no nosso estudo.

No entanto, um outro aspecto que é necessário considerar e que também

poderá ser determinante no âmbito da massa óssea, relaciona-se com o facto

de bailarinas profissionais serem sujeitas a elevadas pressões para atingirem

um corpo ideal. De facto, o ballet profissional impõe aos seus praticantes

padrões estéticos muito exigentes, onde a imagem corporal assume um papel

fundamental (Vidal, 2007). De acordo com Warren (1988), esta ânsia de as

bailarinas manterem o seu corpo a um nível perfeito poderá conduzir a

restrições alimentares severas, e, tal como referem Benson, Geiger, Eiserman

6 - DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

49

e Wardlaw (1988), tais restrições poderão conduzir a graves problemas a nível

de saúde, tais como distúrbios menstruais, anemia e diminuição da densidade

óssea. É neste sentido que, como já referimos, diversos autores concluíram

nos seus estudos que o baixo PC e IMC (Tsai et al., 2001; Young et al., 1994),

e distúrbios menstruais (idade tardia da menarca e ciclos menstruais

irregulares) (Valentino et al., 2001), bem como um défice da ingestão calórica e

determinados nutrientes (Valentino, eta al., 2001) são aspectos que afectam

negativamente a DMO de bailarinas profissionais. Assim, a DMO de bailarinas

profissionais poderá ser menor quando comparada com um grupo de não

praticantes (Valentino et al., 2001), ou poderá ser igual (Tsai et al., 2001; Young

et al., 1994), uma vez que pode ocorrer um efeito compensatório, em que as

influências dos factores que interferem negativamente na DMO são anuladas

pelos efeitos positivos da intensidade de treino.

No nosso estudo também foram encontrados valores mais baixos no GE

para o PC, IMC, consumo energético, proteínas, cálcio e fósforo, e, posto isto,

surge a dúvida: será que no nosso estudo também existe um efeito

compensatório responsável pela inexistência de diferenças na DMO entre os

grupos avaliados? Através da regressão linear podemos constatar que as

variáveis anteriormente mencionadas não explicam os resultados obtidos na

DMO, e, portanto, não estamos na presença de um efeito compensatório como

é sugerido por diversos autores. Assim sendo, e tal como fomos referindo ao

longo da discussão, não podemos esquecer que as bailarinas da nossa

amostra não são profissionais, e, portanto, talvez não sejam sujeitas a

pressões severas para atingir o corpo ideal. De facto, de acordo com Dotti,

Fioravante, Balotta, Tozzi, Cannella & Lazzari (2005), as restrições alimentares

são mais visíveis à medida que a exigência vai aumentado. O estudo destes

autores evidenciou que a intensidade das restrições alimentares e

consequentes distúrbios alimentares aumentam com o nível de prática.

Thomas, Kell & Heatherton (2005) mostraram no seu estudo que a prevalência

de distúrbios alimentares nas bailarinas de escolas locais era de 12%, nas

bailarinas de escolas regionais passava para 18%, atingindo o seu máximo nas

bailarinas de escolas nacionais, com 30% de prevalência.

6 - DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

50

Neste sentido, apesar dos valores mais baixos encontrados no âmbito do

PC, IMC, consumo energético, proteínas, cálcio e fósforo, poderemos não estar

na presença de distúrbios sérios a ponto de afectarem negativamente a DMO.

E, assim, os resultados por nós obtidos poderão ser devidos exclusivamente a

diferenças no tipo e intensidade de treino, como já sugerido.

No entanto, face aos valores encontrados na nossa amostra no âmbito da

nutrição, consideramos pertinente uma análise mais cuidada, principalmente no

que respeita ao consumo energético das bailarinas (x= 947 ± 109,36 Kcal).

Para termos uma ideia mais precisa do consumo energético que a nossa

amostra apresenta, procedemos ao cálculo dos gastos energéticos do

metabolismo basal, utilizando as fórmulas de Harris e Benedict, que

consideram as variáveis sexo, altura, peso e idade (Rocha, 2003). Desta forma,

para a média de peso e altura das bailarinas da nossa amostra, a fórmula

propõe um gasto metabólico basal de 1350,42 Kcal/dia. Todavia, quando existe

a participação em actividades físicas, as necessidades energéticas são

maiores do que as necessárias para o metabolismo basal de um indivíduo

(Beals, 2001). Particularizando para jovens bailarinas, temos muito pouca

informação acerca das suas necessidades energéticas, sendo que o único

autor encontrado que aconselha uma aporte calórico para esta actividade é

Druss (1979) citado por Benson (1989), sugerindo que as bailarinas deverão

consumir 2000 Kcal diárias.

Neste sentido, devemos reflectir se o aporte calórico encontrado nas

bailarinas da nossa amostra é adequado ou não aos seus gastos energéticos.

E, de facto, não nos parece que o valor encontrado seja suficiente, pois a partir

do valor médio do gasto metabólico basal, se calcularmos as calorias diárias

necessárias baseadas no nível de intensidade física da amostra, constatamos

que o aporte calórico diário para as bailarinas deverá rondar as 2093 Kcal

diárias. Assim, constatamos que as 947 Kcal/dia são insuficientes para suprir

as necessidades energéticas das jovens bailarinas.

Analisando estudos realizados com bailarinas constatamos que estes

também evidenciam que as praticantes de ballet apresentam um consumo

energético muito baixo (Evers, 1987; Lichtenbelt et al., 1995; Valentino et al.,

6 - DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

51

2001). Hill & Davies (1999) citado por Vidal (2007) concluíram no seu estudo

que as bailarinas apresentam uma ingestão calórica diária de apenas 667 Kcal/

dia.

De acordo com Beals (2001) se o aporte energético não for adequado às

exigências nutricionais originadas pelo treino, a prática de actividade física

poderá afectar negativamente o metabolismo ósseo.

Relativamente ao nosso estudo, já referimos várias vezes que a nutrição

não está correlacionada com a DMO, no entanto, face aos valores alarmantes

por nós encontrados no que respeita ao consumo energético das jovens

bailarinas, talvez a inexistência de uma relação entre a DMO com a

alimentação seja apenas resultado do reduzido número amostral do presente

estudo. No entanto, se as bailarinas mantiverem este tipo de alimentação,

poderão ver a sua DMO a ser afectada inexoravelmente.

Assim, talvez num futuro, poderemos assistir a um efeito compensatório

como é sugerido por Tsai et al. (2001) e por Young (1994), pois, provavelmente,

a evolução no tipo de treino (inclusão de saltos mais complexos e um trabalho

de pontas mais acentuado) compensará os efeitos negativos da baixa ingestão

calórica que caracteriza a nossa amostra. Mas, por outro lado, como as

bailarinas da nossa amostra não são profissionais, provavelmente, não irão ser

sujeitas a grandes volumes de treino, e, desta forma, poderá nunca ocorrer um

equilíbrio entre os factores que poderão influenciar a DMO positivamente

(actividade de alto impacto e grandes volumes de treino), e os que a poderão

influenciar negativamente (défice calórico). Assim, se a nossa amostra mantiver

o tipo de alimentação actual, poderá desenvolver amenorréia, provocando esta

uma diminuição dos níveis de estrogénio, o que poderá conduzir a uma

diminuição da DMO. Neste sentido, as bailarinas poderão desenvolver a tríade

da mulher atlética uma vez que apresentam carências a nível nutricional.

Neste sentido, consideramos que seria interessante acompanhar o GE

para averiguar qual seriam as consequências do tipo de alimentação na DMO

no futuro, pois a amostra também apresenta défices nutricionais ao nível da

ingestão de cálcio e fósforo.

6 - DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

52

De facto, quando comparamos os valores da ingestão de cálcio do GE

com as RDA sugeridas pelo Instituto de Medicina Norte Americano, verificamos

que as bailarinas apresentam um consumo bastante inferior ao valor

recomendado (351,3 mg e 1200 mg, respectivamente). Williams (2002) refere

que o cálcio é essencial para todas as células do corpo, incluindo coração,

nervos e músculos. Assim, é importante que a necessidade de cálcio pelo

corpo não seja maior do que a quantidade oferecida na dieta alimentar diária.

Mantido esse equilíbrio, o organismo não precisa retirar a reserva de cálcio dos

ossos. As funções fisiológicas do cálcio têm preferência sobre a formação do

tecido ósseo, e, assim, as bailarinas da nossa amostra poderão sofrer uma

descalcificação se mantiverem o tipo de alimentação actual. Por outro lado, as

bailarinas apresentam uma ingestão diária de fósforo de 750 mg, sendo que o

valor recomendado é 1200 mg. Esta situação pode comprometer o crescimento

dos óssos, pois o fósforo combina-se para formar o fosfato de cálcio, crucial

para o desenvolvimento deste tecido (Williams, 2002).

A ingestão de proteínas e fibras também interfere no metabolismo ósseo;

no entanto, a nossa amostra não apresenta consumos preocupantes em

relação a estes nutrientes (49,2 g e 24,8 g, respectivamente), uma vez que os

valores encontrados assemelham-se aos recomendados pelo Instituto de

Medicina Norte Americano (46 g e 26 g, respectivamente). Também a ingestão

de vitamina D encontra-se dentro das recomendações diárias (10µ).

Podemos constatar que embora se tenha verificado um défice energético

e um défice nutricional de cálcio e fósforo, o GE do presente estudo apresenta

valores de DMO locus estudados idênticos ao GC. Podemos especular que o

défice energético e nutricional é circunstancial, e não corresponde a um perfil

estabilizado no tempo, já que, se tal verificasse, teria tido efeitos deletérios na

saúde do osso das bailarinas estudadas. Estamos em crer que a intensidade

dos impactos, o nível de treino, a quantidade de treino e o empenhamento

individual da nossa amostra não são de modo a criar um quadro de prática de

ballet suficientemente indutora de alterações no tecido ósseo.

6 - DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

53

Face ao exposto, consideramos importante salientar algumas limitações

do nosso estudo.

Para a avaliação da ingestão alimentar foi aplicado um questionário semi-

quantitativo de frequência de consumo alimentar, contudo, reconhece-se que

esta abordagem pode ter limitações, nomeadamente por ser uma medida que

depende do auto-relato, e, por isso, ser susceptível à distorção da ingestão

habitual (Leite, Padrão & Moreira, 2007). Por outro lado, não contemplamos no

nosso estudo a análise dos ciclos menstruais e idade da menarca, sendo que

estes aspectos, como é sugerido por vários autores, poderão interferir na DMO.

Assim, teria sido interessante avaliar estes aspectos, e tentar averiguar qual o

tipo de treino e alimentação da amostra durante o período óptimo para o ganho

ósseo.

Neste sentido, talvez fosse interessante contemplar em futuras

investigações a análise dos ciclos menstruais, treino e alimentação através da

realização de um estudo longitudinal que acompanhasse a evolução da massa

óssea e do processo de treino das bailarinas ao longo da puberdade e

adolescência.

Por último, importa referir que em investigações futuras se utilizem

amostras mais representativas das bailarinas da população portuguesa.

6 - DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

54

7 - CONCLUSÕES

O principal propósito deste estudo consistiu na comparação dos valores

de DMO entre um grupo de bailarinas clássicas e num grupo de controlo.

Através da análise dos resultados encontrados neste estudo podemos

retirar as seguintes conclusões:

- Não se verificaram diferenças estatisticamente significativas (p> 0,05) entre

os grupos no que respeita à densidade mineral óssea da coluna lombar,

pélvis e corpo total;

- Verificaram-se diferenças estatisticamente significativas (p< 0,05) entre as

médias dos valores do peso corporal e índice de massa corporal, sendo os

valores mais reduzidos no grupo experimental comparativamente ao grupo de

controlo;

- Não se verificaram diferenças estatisticamente significativas (p> 0,05) entre

as médias dos valores da altura;

- Verificaram diferenças estatisticamente significativas (p< 0,05) entre as

médias dos valores do consumo energético, sendo os valores mais reduzidos

no grupo experimental comparativamente ao grupo de controlo;

- Verificaram-se diferenças estatisticamente significativas (p< 0,05) entre as

médias dos valores do consumo de cálcio, fósforo e proteínas, sendo os

valores mais reduzidos no grupo experimental comparativamente ao grupo

de controlo;

- Não se verificaram diferenças estatisticamente significativas (p> 0,05) entre

as médias dos valores do consumo de vitamina D e fibras;

7 - CONCLUSÕES

56

- As variações dos valores de densidade mineral óssea encontrados em ambos

os grupos não são explicados pelo peso corporal nem pelo índice de massa

corporal;

- As variações dos valores de densidade mineral óssea encontrado em ambos

os grupos não são explicados pelo consumo energético, cálcio, proteínas,

fósforo, fibras e vitamina D.

7 - CONCLUSÕES

57

8 - SUGESTÕES

Considerando-se as limitações, delimitações e os resultados do nosso

estudo, seguem-se algumas sugestões para futuras investigações:

- Estudos similares envolvendo outras faixas etárias, nomeadamente a

puberdade e início da adolescência;

- Estudos similares envolvendo apenas um grupo (bailarinas), e analisar/

comparar a DMO em locais anatómicos de impacto (pélvis, coluna lombar)

com locais de não impacto (membros superiores);

- Estudos que procurassem averiguar qual a importância que o treino

complementar no ballet (cross-training) pode assumir no âmbito da massa

óssea, fazendo-se uma comparação entre um grupo de bailarinas que não

contemple na sua metodologia o cross-training, com outro que contemple;

- Estudos longitudinais que verifiquem o efeito do treino e da nutrição ao longo

do tempo, acompanhando também os ciclos menstruais e idade da menarca.

8 - SUGESTÕES

59

9 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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