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O Itaú Cultural apresentou, entre novembro de 2011 e janeiro de 2012, a 11ª edição do programa Ocupação, dedicada ao Ballet Stagium, uma das mais importantes companhias de dança do Brasil. Com curadoria de Edgard Duprat, Carlos Gardin e Pedro Markun, a exposição rememora os 40 anos de história do grupo, criado e coordenado pelos bailarinos Décio Otero e Marika Gidali.
Citation preview
1
1
1
2
Por que dançar?
Onde dançar?
Para quem dançar?
2
Itaú Cultural revela ao público, na 11ª edição do programa Ocupação, a
trajetória de uma das principais companhias de dança do Brasil, o Ballet Sta-
gium, que completou 40 anos de atividade em outubro de 2011. A exposição,
com curadoria de Edgard Duprat, Carlos Gardin e Pedro Markun, traz cen-
tenas de registros audiovisuais coletados por Duprat ao longo da história do
grupo, entre ensaios, viagens, apresentações e a vivência dos bailarinos. O
projeto cenográfico, criado por Gardin, em parceria com Marcelo Larrea,
não poderia ser outro, em se tratando de uma companhia autentica-
mente mambembe: o interior de um ônibus. Outros elementos com-
põem a expografia: a sala de ensaio, primeiro ambiente do percur-
so, espaço sagrado para todo bailarino, lugar de experimentação,
disciplina e aprendizado; e as praças e arquibancadas, afir-
mação de que todo artista tem de ir aonde o povo está
Criado e ainda hoje coordenado pelos bailarinos Marika
Gidali e Décio Otero, o Ballet Stagium foi escola, direta
ou indiretamente, de toda uma geração de bailarinos
brasileiros em atividade atualmente. Pioneiro na
concepção de uma dança com as feições da nossa
arte e cultura, representativa das pessoas e das
assimetrias territoriais brasileiras, o grupo é
um exemplo de dedicação e perseverança
no meio artístico. Desde seu início, rom-
peu fronteiras, tanto físicas quan-
to estéticas, ao desbravar o país,
nutrindo-se do que vivenciava e
contribuindo para a democra-
tização da dança, ao se apre-
sentar não só em teatros,
mas em qualquer lugar,
bastando apenas es-
tender o tecido que
fazia as vezes de
palco Esta
publicação,
3
Itaú Cultural
que oferece ao público uma extensão do que é apresentado na exposição – bem
como no site (itaucultural.org.br/ocupacao) –, abre espaço para que profissio-
nais que fizeram (ou ainda fazem) parte dessa trajetória deem seu depoimento
e façam reflexões sobre os aspectos que permeiam a história do Stagium: sua
filosofia, resumida nas perguntas-chave por que dançar?, onde dançar? e para
quem dançar?; seu caráter vanguardista, ao apresentar temáticas e práticas
nunca antes vistas na dança brasileira; os bailarinos, cenógrafos, músi-
cos e figurinistas que colaboraram nos vários projetos; além da capaci-
dade excepcional de manutenção e sobrevivência da companhia
Uma galeria de fotos de autoria do fotógrafo Emidio Luisi, que re-
gistrou grande parte dos espetáculos ao longo dos anos, mostra
imagens dos bailarinos em cena, muitas vezes desafiando os
limites do corpo e da gravidade. Um infográfico, especial-
mente concebido para este momento, pretende mostrar
com palavras e conceitos a enorme teia de referências
que compõe o processo criativo do Stagium e reitera
a influência que o grupo exerceu sobre o que foi e
ainda é feito na dança brasileira A Ocupa-
ção é mais uma das iniciativas do Itaú Cultural
para recuperar e preservar a memória ar-
tística brasileira. Criado em 2009, o pro-
grama apresentou exposições de Nel-
son Leirner, Chico Science, Zé Celso,
Regina Silveira, Abraham Palatnik,
Rogério Sganzerla, Paulo Le-
minski, Haroldo de Campos,
Flávio Império e Cildo Mei-
reles, além de apoiar a
digitalização, organiza-
ção e edição de acer-
vos desses artistas,
ação que se repe-
te com o Ballet
Stagium
Sumário
Texto institucional 2
Nunca antes na dança brasileiraUm tempo que não se extingue Helena Katz 10
Utopia
Um balé brasileiro Sonia Sobral 24
Depoimentos 32
Apresentação Marika Gidali 8
FilosofiaUm modo de viver Oswaldo Mendes 18
Gente Todas as gentes do Stagium Cássia Navas 30
Bailarinos 38
8
É muito emocionante, neste momento, escrever algo para a exposição dos 40
anos do Stagium. Parece que tudo começou ontem. Vamos tentar recordar um
pouco: nós nos conhecemos no Teatro Municipal do Rio de Janeiro
em 1956. Foi uma antipatia mútua. Mesmo assim tivemos
a experiência de dançar juntos em uma coreografia
de Leonide Massine e Igor Schwezoff que, na
verdade, não foi nada má Voltei para
São Paulo e criei coreografias para tea-
tro convidada por Claudio Petraglia
[então diretor da TV Cultura] e pelo
diretor teatral Ademar Guerra.
Este mais tarde se juntaria a nós
na fundação do Ballet Stagium.
Décio continuou a dançar no
Rio de Janeiro por mais al-
guns anos. Depois foi para
a Europa a convite de
Serge Golovine, tendo
participado de várias
companhias importantes
na Suíça e na Alemanha
Resultado dessa pre-
liminar: tive uma experi-
ência fundamental em téc-
nicas teatrais e Décio vol-
tou com grande vivência da
Europa. Reencontramo-nos
em Curitiba para dar aulas
no Curso do Teatro Guaíra. O
momento foi histórico: paixão à
primeira vista! Resultado, casamen-
to! Logo depois, em 1971, criamos o
Ballet Stagium Só pensávamos em dan-
çar, coreografar e juntar mais bailarinos com o
intuito de formar um grupo. Várias experiências
aconteceram, como quando Claudio Petraglia escolheu o
grupo para participar do programa Convite à Dança, na TV Cul-
tura. Ao terminar, propusemos, junto com a bailarina Geralda Bezerra,
continuar o grupo que passaria a ser o Ballet Stagium A luta começou,
pois vários pontos deveriam ser resolvidos. A parte filosófica principalmente,
Apresentação
9
que resultaria na estética das coreografias. Sobrevivência, que levaria às viagens
pelo Brasil. Discutir conteúdo das coreografias com a análise e a pesquisa do mo-
mento social muito complicado da década de 1970 As viagens
acabaram nos mostrando um Brasil problemático, mas mara-
vilhoso, que excitava a criatividade: origens, paisagens,
raízes e pessoas simples e dançantes. Enfim, tudo
novo e instigante. Nascimento de brasilidade.
Coreografias escritas para ser entendidas
por todos; simples, criativas, ricas em
movimentação. Aprofundamos o es-
tudo da dança-teatro, e ao mesmo
tempo nos recusamos a qual-
quer estilo imposto, mistu-
rando tudo sem preconceitos
São 40 anos de desafios,
conquistas, derrotas, prê-
mios e mais prêmios...
Porém, o prêmio maior e
o mais importante é sem
dúvida a formação de
multiplicadores, cada um
com sua leitura sobre o
próprio trabalho O
Stagium continua na re-
sistência, abrindo vários
caminhos e possibilidades a
todos. Éramos três: eu, Décio
e Geralda; somos hoje centenas
de bailarinos e seis filhos, tam-
bém envolvidos na dança, cada um
de uma maneira diferente. Nosso fi-
lho Edgard Duprat, que por vários anos
trabalhou ao nosso lado em várias funções,
inclusive a de bailarino, registrou e registra to-
das as ações do Stagium, salvando assim um gigan-
tesco acervo de acontecimentos Só temos a agradecer
a Deus por ter nos dado a oportunidade de viver cada segundo
desses 40 anos sempre em plenitude; e por saber que contribuímos para
que outros sonhadores pudessem mergulhar nos caminhos da cultura. Certa-
mente alguma coisa ficará para o futuro, mesmo que seja somente a história.
Marika Gidali
10
N u n c a
a n t E s
na
d A n ç a
b r a s i l e i R a
Helena Katz
Um tempo que não se extingue
12
Foram 40 anos muito especiais, que
começaram em pleno AI-5 e viram a
ditadura se transformar em demo-
cracia e a globalização se instalar em
um país com distorções sociais tão
gigantes quanto o seu tamanho. E
nele construíram não somente a sua
história, mas uma nova história para
toda a dança: no Brasil do século XX,
o Ballet Stagium divide o que existiu
em antes e depois Em tempos
de obsolescência programada por um
consumismo desenfreado, o que não
se apresenta como novidade tende a
não durar. Ou a ser invisibilizado por
um conjunto de fatores associados,
que, no caso da dança, estão relacio-
nados com a deficiência na sua educa-
ção e com o silenciamento da mídia.
Sem acesso ao que acontece e acon-
teceu, porque rareiam cada vez mais
as oportunidades de se encontrar com
essas informações, tendemos a pen-
sar o mundo a partir de nós mesmos –
com todos os riscos aí implicados
A importância de uma exposição para
celebrar os 40 anos do Ballet Stagium
aumenta ainda mais quando se tem
clareza desse contexto. Trazer à luz
um pouco do tanto que o Stagium
vem fazendo tem sabor de construção
de cidadania em um campo que não
cultiva a sua memória. Espalha-se a
esperança de que algumas utopias
podem dar certo. A do Stagium var-
reu o país como exemplo de um tipo
de artista que dedica a vida a fazer o
que escolheu, com ou sem boas con-
dições para levar seu trabalho adiante
Foi o Stagium a primeira compa-
nhia de dança a percorrer todo o ter-
ritório brasileiro, costurando-o com
seus espetáculos, palestras, aulas e
workshops. Bandeirantes desbrava-
dores em um tempo em que não exis-
tiam as condições atuais de financia-
mento para a circulação, aculturavam
a proposta béjartiana de fazer a dança
de seu tempo à sua maneira, sempre
educando aqueles com quem entra-
vam em contato Era um tempo em
que as informações não podiam ser
googladas tampouco youtubadas. A
solidez dos rastros que iam produzin-
do era o que contava nessa teia que foi
sendo construída em um movimento
de auto-organização: das premissas
do balé para o encontro com a cultu-
ra e a diversidade brasileira; dos es-
petáculos para se comunicarem com
todos para a necessidade de formali-
zar um processo de educação de sen-
sibilidades; deste para a urgência em
atuar na educação mais diretamente;
e dessa percepção para a identificação
de que seria indispensável atuar na
formação dos professores. A mesma
filosofia transbordando de uma para
outra iniciativa. Muito antes da época
das contrapartidas, o Stagium dilatou
o alcance social de seu trabalho artís-
tico, desenvolvendo projetos pedagó-
gicos na Fundação Estadual para o
Bem-Estar do Menor (Febem) [atual
Fundação Casa], nas escolas públicas
– eco na educação do que já faziam
quando buscavam se apresentar fora
dos teatros, seja dançando nas areias
ribeirinhas das populações do Rio
São Francisco, no Parque Nacional do
13
Xingu, seja desfilando em escola de
samba, ou se apresentando em pre-
sídios, hospitais, quadras, pátios etc
Ano após ano, suas missões ex-
ploratórias iam tecendo um novo per-
fil para a dança no Brasil. Os lugares
eram os mais distintos, mas a missão
era a mesma: mostrar como fazer uma
dança que falasse um “português”
que todos entendessem Nos
anos 1970, esse “português” era não
somente o corpo formado na técnica
do balé, mas sobretudo certo modo
de pensar a dança como uma lingua-
gem artística que fala de algo. Fala
sobre acontecimentos, sentimentos e
emoções; é uma dança que comunica
para mobilizar, com a sua proposta,
quem a vê. Aí está o chão que susten-
ta o balé moderno, tão bem enraizado
entre nós, um enraizamento no qual o
Ballet Stagium tem papel de destaque
Décio Otero costurou um jeito seu
de fazer a dança falar sobre qualquer
que seja o assunto eleito. Nos tempos
da ditadura, os temas que escolhia
mobilizavam multidões. Espetácu-
los do Stagium eram possibilidades
de encontrar e reconhecer outras vo-
zes silenciadas pelo mesmo medo de
uma repressão violenta e assassina.
Tornavam visíveis – para aqueles
que não conseguiam torná-las audí-
veis – as questões que mais impor-
tavam. Nessa época, não se assistia
a um espetáculo do Stagium: você se
filiava ao que lá estava sendo mostra-
do. Era uma senha de pertencimento
Um sobrevoo pelo seu repertório
evidencia o foco no que acontecia no
Brasil e no restante da América Lati-
na. Hoje, contudo, o significado dessa
postura, infelizmente, mal pode ser
dimensionado por quem não o viveu.
Ocorreu um percurso que merece re-
flexão: as danças até então feitas por
Décio Otero e Marika Gidali antes do
Stagium transformaram-se no pas-
sado das outras danças, que logo co-
meçaram a gestar. Elas ainda se dese-
nhavam em Dessincronia, Impressions
e Alegretto, todas de 1971, seu primei-
ro ano de existência, mas em seguida
deram lugar a Diadorim (1972), Das
Terras de Benvirá (1975), Quebradas
do Mundaréu (1975), Mulheres Argen-
tinas (1977), Kuarup ou a Questão do
Índio (1977), Dança das Cabeças (1978),
Coisas do Brasil (1978), A Mi América
(1979), Santa Maria de Iquique (1982),
Estatutos do Homem (1983), Missa dos
Quilombos (1984), Pantanal (1986), Cé-
sio 137 (1987), Que Saudade, Elis! (1988)
e A Floresta do Amazonas (1989)
Depois da abertura do país à demo-
cracia, a inserção do Stagium muda,
mas seu compromisso permanece:
Sair pro Mar (1990), Shamaim (1992),
Choros – os Estudos Brasileiros (1993),
Anjos da Praça (1995), Pátio dos Mi-
lagres (2001), Stagium Dança Chico
Buarque (2005), Mané Gostoso (2010)
e Adoniran (2011) Décio Otero
e Marika Gidali foram apurando o
ponto da mistura entre dança, teatro e
música e acabaram por transformá-lo
na sua marca. Esse é o eixo principal
do legado do Stagium, que irrigou o
país e fez moderno o Brasil, produ-
zindo outro tipo de “corpo nacional”,
14
diferente do proposto no Ballet do
Theatro Municipal do Rio de Janeiro
e, como ele, ligado à questão do nacio-
nalismo que atravessa a nossa moder-
nidade Algumas das proposições
do Stagium na configuração do balé
moderno no Brasil foram: um
jeito de ocupar o espaço, distribuin-
do nele as sequências de frases, que
foram ganhando tamanhos e formas
variadas de inserção. Nelas, o final
em pose foi sendo retrabalhado, o que
tem um valor simbólico importante,
por indicar o reprocessamento da li-
nhagem em balé clássico da qual tanto
Décio quanto Marika vieram; a
utilização de materiais triviais (jor-
nais, fios, retalhos, cordas etc.) para
cenografia e figurinos, colaborando
para aproximá-los ainda mais de um
Brasil que não tinha familiaridade
com a dança e que, com o Stagium,
encontrava uma linguagem mostrada
em imagens que “falavam português”;
o uso da música como um maestro
que assegura o pulso dos movimen-
tos. E, quando tal modo de produzir
a trilha sonora é marcado pela música
popular, ela também opera como mais
uma plataforma de acesso; uma
compreensão de teatro como espaço
de representação de personagens, que
se traduz em caracterizações gestuais
e no emprego de adereços que os su-
blinham Com esses, em meio a
outros traços, o Stagium vai refinando
a sua habilidade em construir danças
que falam sobre temas. Décio torna-se
o mestre da dança narrativa moderna
que continua a se espalhar pelo Bra-
sil Sem desvendar o que esses
40 anos gestaram artisticamente com
o nome Stagium, não se compreende o
país hoje, em termos de dança. Todos
os que estão, agora, fazendo algo com
dança, saibam ou não, devem alguma
coisa ao Ballet Stagium. Quando isso
ficar claro para a maioria, um pouco
da dívida que temos com quem pa-
vimentou um caminho que pôde se
pluralizar em tantas outras rotas co-
meçará a ser paga.
15
Helena Katz
é professora no Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica e no Curso Comunicação das Artes do Corpo, na PUC/SP,
professora na Escola de Dança da UFBA e crítica de dança do
jornal O Estado de S. Paulo.
Começamos eu, Décio e Geralda na Sarandi querendo dançar. Era só isso no começo. A vontade de dançar. Não sabíamos aonde ia chegar.”
Marika Gidali
17
Oswaldo Mendes
Filosofia
Um modo de viver
“O renascimento da dança como
forma de cultura e de vida é parte
de uma luta mais geral por um
modo novo de vida, por um novo
regime econômico e político, por um
homem novo. A escolha existe – é
preciso repetir sempre – e nós somos
responsáveis por ela: civilização do
confronto ou civilização do coral.”
Roger Garaudy
19
A dança não é apenas uma arte, mas
um modo de viver.” O filósofo Roger
Garaudy resumia assim seu pensa-
mento no livro Danser sa Vie, publi-
cado em 1973, na França, quase ao
mesmo tempo que, no Brasil, dois
bailarinos se lançavam à louca aven-
tura que é, ainda, criar e manter uma
companhia de dança sem o apoio de
nenhuma forma de mecenato, público
ou privado, permanente. Nada poderia
sugerir longevidade a um projeto que
não contava senão com a vontade e a
determinação de seus criadores. Não
sobram exemplos de companhias de
dança, mesmo no tal mundo desenvol-
vido, que tenham se mantido, stricto
sensu, com suas próprias pernas. Por
que, então, isso seria possível aqui,
num país em que a dança, privilégio de
poucos, vivia trancafiada em guetos e
redomas? As reflexões desse pensador
francês respondem à surpresa que é
uma companhia independente, como
o Ballet Stagium, existir há tanto tem-
po Agora, convidado a escrever
sobre esses 40 anos de história, recor-
ro ao prefácio que escrevi para o livro
que registraria os 25 anos do Stagium
e que, por razões que não interessam
neste momento, acabou não sendo
publicado. Percebi que, passados 15
anos, não há o que tirar nem pôr no
que se refere a conceitos e objetivos,
que permanecem intocados. Marika e
Décio insistem em fazer da dança, e do
Stagium, um modo de vida. Por isso,
e por acompanhar a sua trajetória an-
tes mesmo de outubro de 1971, sempre
me desinteressaram as observações
críticas e/ou acadêmicas pautadas na
discussão puramente estética desse
trabalho. Mais que a arte, o Stagium
perseguiu a vida. Ele sempre enten-
deu que, como dizem as palavras de
Garaudy, “a dança só reencontra seu
grande estilo quando é a expressão,
ou a esperança, de uma vida coletiva,
como de fato foi, há milênios, nas so-
ciedades não ocidentais”. Daí a incom-
preensão daqueles poucos que torciam
o nariz à dança do Stagium por sua
preocupação às vezes ostensivamente
política, como nos obscuros anos 1970,
e sempre social, a partir do reconheci-
mento da sua identidade. Acontece que
ao Stagium nunca interessou apenas a
qualidade da sua dança – e nenhuma
outra companhia radicalizou tanto a
preparação física e intelectual de seus
bailarinos –, mas, sim, a razão de dan-
çar, o que dançar e para quem dançar.
Isso fez do Stagium a mais brasileira
das nossas companhias. Porque, tam-
bém, ele foi atrás do seu público, for-
mou plateias, aprendeu a ser brasilei-
ro. Entre fazer carreira internacional
e embrenhar-se pelo Brasil adentro,
escolheu a opção menos glamourosa e
mais difícil. Ao som da nossa melhor
música popular, dançou em todos os
palcos do país, nos grandes teatros e
em beira de rio, morros, praças e fave-
las. A marca de seu pioneirismo está
20
nos grupos e companhias surgidos nas
suas pegadas e que elevaram a dança
no Brasil a um patamar de excelência.
“Lições de perseverar”, assim Helena
Katz sintetizou com precisão poética
esses 40 anos, ao constatar “o silencia-
mento da mídia” sobre o Stagium, que,
ela diz, dividiu a história da dança bra-
sileira em antes e depois de 1971, ano
em que Marika Gidali e Décio Otero
fundaram a companhia que dirigem
até hoje É esse o Stagium que
sempre me apaixonou. É esse Stagium
de rosto definido, com traços de uma
identidade assumida, que inspira esse
meu depoimento. Eu sei, é um depoi-
mento parcial, de alguém comprome-
tido com o Stagium há mais de quatro
décadas. Entretanto, o que nos une não
é apenas o afeto de uma convivência
quase familiar, e sim, principalmente,
a cumplicidade de uma identificação
ideológica. Por isso convido o leitor a
percorrer a história do Stagium não
apenas com os olhos embriagados pela
beleza das imagens e das conquistas
obtidas. Que o (re)conhecimento dessa
história, espero, possa ajudar os que
virão depois de nós, como queria Ber-
tolt Brecht, a entender os tempos difí-
ceis que vivemos e a saber que se pode
construir um sonho. Se o registro do
sonho possível que é o Stagium cum-
prir minimamente esse objetivo, valeu
a pena conhecê-lo Entretanto,
Marika e Décio não construíram sozi-
nhos essa história. Tantos foram, e são,
os seus companheiros de viagem e de
sonho que nomeá-los aqui seria impos-
sível, além do risco de omissões imper-
doáveis. Talvez se faça justiça a todos ao
sintetizar essas muitas contribuições na
lembrança de um personagem emble-
mático da história do Stagium: o diretor
de teatro Ademar Guerra (1933-1993).
Amigo e parceiro de Marika em espetá-
culos memoráveis nos anos 1960, como
Oh, que Delícia de Guerra!, Marat/Sade,
Missa Leiga, O Burguês Fidalgo e Hair,
Ademar foi o primeiro a dizer a ela e ao
Décio que, se quisessem viver a dança,
teriam de criar suas próprias condi-
ções de trabalho, com uma escola e uma
companhia permanentes. A influên-
cia de Ademar Guerra, entretanto, foi
muito além. Antes que alguns concei-
tos como o de teatro-dança (ou dança-
-teatro, como preferir) surgissem, eles
já estavam presentes nos seus trabalhos
com o casal. Basta lembrar o balé A In-
fanticida Marie Farrar, criado por Mari-
ka sobre um poema de Bertolt Brecht,
com participação da atriz Aracy Bala-
banian. Ou os balés criados e dançados
por Décio e Marika na série Convite à
Dança, da TV Cultura, no início de 1971.
A contribuição intelectual e prática de
Ademar para uma dança com forte tea-
tralidade seria, entretanto, minimizada
pelo diretor, característica marcante de
sua modéstia. Para desmenti-lo, recor-
ro a uma carta que ele escreveu a Ma-
rika e Décio, em 1975, após a estreia de
Quebradas do Mundaréu (versão para
balé da peça Navalha na Carne, de Plínio
Marcos). Na carta, ele dizia que seu tra-
balho no Stagium estava terminado (o
que não era verdade), pois “a consciên-
cia teatral foi assimilada”. Modesto, ele
concluía:
21
“Eu não tentei ensinar nada. Não passei técnica nenhuma a vocês. Apenas tentei,
e acho que consegui, passar essa automatização. Até pela minha presença física. O
fato de eu existir dentro do grupo dava a ilusão a todos de que eu realmente tinha
ensinado a eles (bailarinos) a serem atores. Eu não fiz isso. E sabia que não podia
fazer, mas deixei que eles acreditassem porque essa confiança abria as portas
da procura que eles mesmos tinham vontade de fazer. Me vendo na coxia eles
lembravam que era necessário interpretar os seus personagens e dar senti-
do interior aos seus passos. Sem isso, representar em dança torna-se algo
bobo, é apenas uma novidade, uma frescura, um modismo sem sentido.
Se um bailarino dançar bem, ele pode ser perfeito. Mas se ele dan-
çar de verdade, totalmente, pode parecer loucura, mas é um fato, a
pele dele muda de cor conforme o passo, os músculos mudam de
consistência, ficam mais suaves, adquirem nuances impercep-
tíveis a olho nu mas concretíssimas para quem assiste. Não
sei explicar, só posso afirmar que a Marika para mim tem a
pele branquíssima quando dança Eurídice e, sem mudar a
maquiagem, ela fica morena, de pele gasta e escura em
Navalha na Carne. E agora? Sou louco? Eu vejo isso,
juro por Deus. Esse subjetivismo da dança existe
no teatro também. Portanto, não basta querer
representar, não basta se propor a representar.
É necessário que a representação seja uma
necessidade natural e inconsciente no in-
térprete para que isso aconteça. Marika,
pela vizinhança com o teatro, já fazia
isso a maior parte do tempo. Não
sempre. Mas já fazia. Ela ainda se-
parava balés. Os de dançar, os de
interpretar. Na verdade, era
uma atriz técnica apenas.
Não natural. Entendem
a sutileza?”
Oswaldo Mendes é ator e dramaturgo. Escreveu Bendito Maldito – uma Biografia de Plínio Marcos
e foi editor dos jornais Última Hora e Folha de S.Paulo e da revista Visão.
Recebeu os prêmios APCA e Jabuti de 2009.
Nascemos na ditadura. Só podíamos ser um grupo
focado no social. Começamos brigando pelas
coisas e pelas pessoas.”
Marika Gidali
Utopia
Sonia Sobral
25
Quando propus os nomes Décio Otero
e Marika Gidali para a Ocupação do
Itaú Cultural, foram aceitos imedia-
tamente. Parti de uma antiga e per-
sistente sensação de que tudo o que
acontece até hoje na dança no Brasil
teve direta ou indiretamente influên-
cia do Ballet Stagium. Desde então,
perguntei a cada bailarino que encon-
trei qual a importância do Stagium
para eles, e minha tese se confirmava
a cada resposta dada Comecei
a estudar sua história e, a partir daí,
não parei de me surpreender
com o tanto de picadas que
eles abriram para o cam-
po da dança. Considero
a oportunidade de co-
ordenar essa exposição
um ponto alto na minha
carreira de gestora cultural.
Essa realização é um prazer e uma
obrigação. Nosso intuito, que vai ao
encontro do objetivo da Ocupação, é
de que as novas gerações percebam
que seus professores e a maioria dos
criadores da atualidade foram in-
fluenciados de forma decisiva por
esse grupo. Muitas das frentes inau-
guradas por eles são praticadas hoje
sem que se saiba que Marika, Décio
e seus companheiros próximos as
fizeram, pela primeira vez, décadas
atrás Conheci o Stagium como
plateia e como aluna há uns 25 anos,
quando ingressei na dança. Havia 15
anos de seu início e ainda faziam uma
Um Balé brasileiro
“O Stagium pavimentou o seu
próprio caminho.”Marika Gidali
revolução diária. Eles representaram
o talho na mesmice (expressão retirada
de O Brasil Descobre a Dança Descobre
o Brasil, Helena Katz, DBA, 1994). O
que faziam e como faziam não se pa-
recia com nada que estava sendo feito
por aqui. Penso que o Stagium tem
a vocação do Brasil, uma sabedoria
que parte da natureza das coisas. O
grupo dançou, com a mesma afei-
ção e profissionalismo, nos grandes
teatros do país assim como nos seus
cantos mais recônditos. Não havia
dentro e fora, tudo pertencia.
Sem produtores especia-
lizados ou editais de
circulação, aprendia-se
fazendo. A experiência
de trabalhar no Stagium
profissionalizou muita
gente Tudo registrado
por Edgard Duprat, filho de Marika
e à época bailarino da companhia, que
ganhou, de Décio, uma câmera su-
per-8 e passou a filmar espetáculos,
viagens e bastidores. Ainda bem, por-
que agora esse material é preciosida-
de histórica. Desde o primeiro balé, a
plateia, ao chegar ao local de apresen-
tação, assistia à companhia se aque-
cendo para o espetáculo. O objetivo
era mostrar a rotina e a preparação de
um bailarino, assim como aproximar
artista e público. Se hoje isso parece
banal não o era há 40 anos. Foram
eles que apresentaram o linóleo para
a dança brasileira. Décio Otero, au-
26
tor de mais de 70 balés só para o Sta-
gium, muitas vezes assinou as trilhas
sonoras das suas criações. O uso de
música popular brasileira em balés e
a colagem de música popular e erudi-
ta tornaram-se uma marca do artista.
Outra fonte importante foi a literatu-
ra e a história do Brasil Criaram
o famoso curso intensivo nas férias de
janeiro. Durante um mês, bailarinos
de todo o Brasil se encontravam na
sede da companhia, na Rua Augusta,
em São Paulo. Além de oferecer ensi-
no de excelência, tratava-se de criar
um ponto de encontro e de reconhe-
cimento entre bailarinos
dos quatro cantos do
Brasil. A pro-
pósito, não havia
grupo no país com
elenco de tantas
cidades diferen-
tes. Não era comum,
numa mesma compa-
nhia, ter bailarinos de Ma-
naus, São Paulo, Recife, Fortaleza,
Belém, João Pessoa , Teresina etc
Convidavam artistas, pesquisadores
e jornalistas para ministrar palestras
na sede da companhia. Citarei al-
gumas palestras às quais eu mesma
assisti e que jamais teria visto não
fosse o Stagium nos aproximar de
seus autores: Maria Bonomi, Mau-
rício Kubrusly, Marilena Ansaldi
e Helena Katz. Essa ação vinha da
convicção de que a formação de um
bailarino deveria ser maior do que a
técnica aprendida na sala de aula, em
ensaios e no palco. Pode-se dizer que
ali era um centro cultural Que
se saiba: é a primeira companhia que
entende a dança como dispositivo
educacional. Assim, dançam e ensi-
nam, já na década de 1970, em regiões
com pouquíssimo acesso ao ensino e à
arte. A partir dos anos 1990, portan-
to muito antes da moda da promoção
social e da invenção da contrapartida,
estruturam projetos como Dança a
Serviço da Educação, Projeto Escola,
Professor Criativo, Projeto Escolas
Vão ao Teatro, SOS Criança, Proje-
to Stagium-Febem e Projeto Joani-
nha Décio e Marika
já tinham uma carreira
destacada, apoiada
numa formação ri-
gorosa, antes de se
encontrar, e isso se
refletiu na qualida-
de técnica e artística
do grupo. Criaram um
balé brasileiro, ou talvez
seja mais correto dizer um balé mes-
tiço. O grande interesse pelo Brasil e
pelo restante da América Latina, suas
questões culturais, sociais, ambien-
tais e políticas, foi tratado como dança
por Décio. O encontro da dupla com
Ademar Guerra – primeiramente
com Marika, que desde os anos 1960
coreografava seus espetáculos – le-
vou o diretor teatral a dirigir alguns
espetáculos do Stagium ao lado de
Décio. Esta seria mais uma singula-
ridade: a mistura das técnicas clássi-
ca e moderna com o teatro, proposta
27
pela primeira vez Foram eles também os primeiros a lutar pela desti-
nação de verba pública e privada para a dança. Tiveram um fundamen-
tal patrocínio da Klabin Papel e Celulose na pessoa de Vera Lafer en-
tre 1990 e 1997, que evitou o fechamento da escola e da companhia.
As inúmeras viagens pelo país, primeiramente de ônibus e posterior-
mente de avião, com apoio da Varig, e depois novamente de ônibus,
espalharam um modo de compreender a dança e fazê-la. Vê-los
era contundente. Ao mesmo tempo tudo o que eles viam e co-
nheciam do país entrava no seu modo de fazer mestiçando
ainda mais sua linguagem Essa experiência criou uma
escola de espectadores para a dança praticamente em
todo o país. É incontável a quantidade de pessoas que
assistiu à dança pela primeira vez com o Stagium
O que os move, desde o princípio, são as pessoas,
este país, este continente. Seus valores são hu-
manistas, por isso seguem realizando com di-
nheiro ou não Eu jamais imaginaria,
enquanto fazia minhas aulas de balé mor-
rendo de medo da Marika, que 25 anos
depois eu voltaria a subir as escadas
da sede na Rua Augusta para dizer
a eles que o Itaú Cultural gostaria
muitíssimo de lhes prestar uma
homenagem. A emoção deles
me tocou como quando os vi
pela primeira vez. Espero
que todos desfrutem da
exposição e com ela
aprendamos ainda
mais sobre nós
mesmos.
Sonia Sobralé gerente de Artes Cênicas do Itaú Cultural
Os professores da rede pública são os meus eleitos. Trabalho
para o professor renascer com o despertar do corpo e da criatividade. Nesse momento,
a menina dos meus olhos é a companhia, porque ela
corre risco, é a minha maior preocupação.”
Marika Gidali
30
GenteCássia Navas
31
Que gente é essa que viaja sem cessar
por mais de 40 anos, levando arte aos
quatro cantos? É a gente do Stagium,
seus diretores, artistas, professores,
alunos – gente de dança Rostos,
nomes, gestos sucedem-se ao longo de
uma trajetória ímpar na cultura brasi-
leira, estruturando as feições da com-
panhia Se hoje juntos
pudessem estar, teríamos
uma dança de celebra-
ção, grande e poderosa.
Uma dança da história
do Stagium, de renasci-
mento-morte, começo-fim,
continuidade-ruptura, resis-
tência e coragem, para sagrar o tem-
po cotidiano, constelando aqui todos
os solos da cena por onde a compa-
nhia passou – um imenso Kuarup
Para a gente do Stagium sempre foi
proposto um combate – para além da
dança há muito a fazer. Desde sempre,
Décio Otero e Marika Gidali desafiam
Cássia Navas
é professora de dança da
Unicamp
todos ao seu redor, pois, se para eles a
dança pode em si se bastar, devemos
ir além: ser gente da dança em busca
de uma cidadania ampliada, gente de
muitas faces e habilidades, lutando
por uma arte plural em um país plural
Em face dessa arte matizada de
Brasil, estiveram todas as plateias do
Stagium, que vendo a compa-
nhia (uma vez, duas vezes,
muitas vezes) trouxeram
para si os vários conte-
údos da modernidade
brasileira São 40
anos de estética, ética e
afeto. Nesse período o Sta-
gium nos fez gente melhor, olhando
passado e presente, na construção
de um tempo que colheremos no fu-
turo, quando mais uma vez (daqui
há 10, 20 ou outros 40 anos) sere-
mos chamados para, através da arte,
rever-fazer história Evoé, Stagium!
Todas as suas gentes o saúdam.
Todas as gentes do Stagium
32
“Não há como rever minha vida sem
a presença do Stagium tatuada em
mim. Nas salas do Stagium aprendi o
que é disciplina, respeito à profissão,
aos colegas. Aprendi que é preciso ou-
sar e, mais ainda, mostrar o fruto do
trabalho em cada esquina possível de
se pisar com a certeza inabalável do
poder da dança, do teatro, da música,
enfim, da arte. Juntei-me a eles quan-
do tinha 16 anos e fiquei para sem-
pre. Hoje, além da companhia, vejo o
Stagium servir de exemplo, com suas
atitudes de solidariedade, irmandade
e crença absoluta na importância da
dança na vida das pessoas. Os proje-
tos sociais falam por si. Não é sempre
que uma companhia no Brasil come-
mora 40 anos de estrada. Ainda há
muito o que aprender e desfrutar com
o Stagium. Minha gratidão e amor,
para sempre.”
Clarisse Abujamra é coreógrafa, bailarina e atriz
DEP OIMENTOS
“Tive a felicidade de estar no palco
com Marika Gidali, Ademar Guerra e
Bertolt Brecht! Guardei o Stagium no
meu coração e fiquei da plateia acom-
panhando de perto todos esses anos.”
Aracy Balabanian é atriz
“Meu aperfeiçoamento artístico deve-se
aos estudos rigorosos com Marika
Gidali durante cinco anos de minha
adolescência, quando participei de
seu grupo Amigos da Dança. A práti-
ca da dança, porém, ficou em segundo
plano quando resolvi seguir forma-
ção acadêmica em psicologia. Aos 30
anos, já com três filhas e uma carreira
promissora, voltou-me o desejo impe-
rativo de dançar. Procurei Marika e
Décio no Ballet Stagium, que me con-
vidaram para participar da criação de
Kuarup. Fui também convidada para
dançar com o grupo no Parque Na-
cional do Xingu, experiência trans-
formadora: causou-me um profundo
impacto emocional e modificou meus
valores estéticos. A essas vivências
com Marika e Décio devo em grande
parte meu respeito e minha dedicação
à arte da dança. Disciplina rigorosa,
aliada à criatividade, e o imenso pra-
zer de compartilhar emoções com o
público foram aprendidos nas aulas,
nos ensaios e nas apresentações com
o Ballet Stagium.”
Marília de Andrade é bailarina
“Tive a sorte de acompanhar o cresci-
mento – e até de participar um tiqui-
nho dele – dessa companhia brasilei-
ra. Ou melhor: Brasileira. Sim, letras
grandes para saudar o nascimento de
um sotaque inconfundível e até inédi-
to por aqui. Que sorte!
Maurício Kubrusly é jornalista
33
“Cheguei ao Stagium em 1980. Era então uma menina bailarina cheia de so-
nhos. Ali aprendi a exercitar meu ofício com dignidade, a questionar e criticar
a realidade com responsabilidade e esperança, a conhecer meu país e a buscar
um mundo melhor para todos por meio da arte a qual tanto me dedico des-
de criança... Valores como solidariedade, fraternidade e colaboratividade fo-
ram os que aprendi com Marika, Décio e todos os companheiros, amigos até
hoje, dessa companhia artística que mudou o panorama da dança no Brasil e
no mundo. Sou eternamente grata por ter integrado, aprendido e efetivamente
participado com minha arte.”
Tatiana Cobbett é dançarina, cantora e compositora
“Comecei minha carreira profissio-
nal de bailarina no Ballet de Câmara
Stagium. Essa companhia estava em
seu início, pouco mais de dois anos
de existência, e já gozava de enorme
prestígio. Eu, que nem pensava que
a dança seria a minha profissão, fa-
zia um curso de férias na escola do
Ballet Stagium e fui convidada pela
Marika para fazer parte do grupo.
Aos 19 anos, lancei-me naquela aven-
tura de cruzar o Brasil e além, nas
pontas dos pés (e de barco, avião, car-
roça, ônibus, Kombi), que aqueles vi-
sionários, Marika e Décio, ofereciam
a quem quisesse segui-los. Dançar
onde houvesse alguém: praças, ruas,
clubes, cinemas e até palcos! Dois
anos intensos de aprendizado pessoal
e profissional que me nutriram pela
vida toda.”
Mônica Mion é bailarina
“Que privilégio acompanhar esses
40 anos de jornada ao lado de Décio e
Marika. Parece que foi ontem que eles
se encontraram em Curitiba e traçaram
seus primeiros planos desbravadores,
que mudaram os rumos da dança no
Brasil. Já em São Paulo, a convite da TV
Cultura, participei do programa Convite
à Dança. Dançar vários estilos, sempre
dirigida por Marika e Décio, foi o come-
ço do meu despertar para uma dança
mais abrangente e emocionante. Com a
colaboração do diretor Ademar Guerra
nos trabalhos do Stagium descobri que
bailarina e atriz não poderiam mais se
separar. Além de tudo isso, viajar o Bra-
sil inteiro, a América Central, o México,
a Argentina, os Estados Unidos... Tive
a oportunidade de conhecer o povo, a
cultura e as estruturas sociais. A dan-
ça do Ballet Stagium foi se modifican-
do, rasgando corações. Olho para trás
e digo: não teria conseguido viver sem
tudo isso. Agradeço a Marika e Décio
o que fizeram e fazem por mim e por
todas as plateias do mundo.”
Geralda Bezerra de Araújo é bailarina
“Marika. Décio. Heroicos. Ilumina-
dos. Luz na escuridão.”
Marilena Ansaldi é bailarina, coreógrafa, autora,
produtora e atriz
34
“Tenho certeza de que o destino ja estava se programando para receber Marika,
antes mesmo de ela ter nascido, pois nossos pais – Buci (Elizabeth) e Bela – se co-
nheceram numa escola de dança muito popular em Budapeste, Hungria, no co-
meço dos anos 1930, que frequentavam assiduamente. Quando éramos crianças,
nossos pais, para nos divertir, faziam demonstrações de charleston, black-button,
suingue, quick step, bolero, valsa e tango, ritmos populares da época. Na verdade,
os dois foram, até o fim de suas vidas, verdadeiros e ótimos bailarinos, um fato que
influenciou especialmente Marika Eu, sendo a mais velha, fui matriculada
numa escola de balé clássico, mas Marika tinha de esperar a idade mínima para po-
der ser aceita. Os planos de nossos pais para as duas futuras melhores bailarinas
do mundo foram interrompidos pela Segunda Guerra Mundial e pela perseguição
nazista aos judeus. Sobrevivi à guerra por milagre e fiquei doente por muito tempo.
Assim, minha carreira, que eu nem havia iniciado, terminou sem dramas, pois eu
jamais tive talento para o balé. Mas Marika sim. Ela me imitava sem mesmo ir à
escola, e como me imitava! Flexível, persistente, dedicada, ela mesma foi forjando a
grande artista que viria a ser Devo registrar que o apoio de nossos orgulhosos
pais jamais lhe faltou, nem o meu aplauso e torcida, bem como a de nosso irmão
Peter. Passamos a ser os maiores admiradores e fãs, primeiro da bailarina Mari-
ka Gidali, depois, do novo membro da família, Décio, e por fim do Ballet Stagium.
Nossos pais, quando vivos, tinham uma cadeira cativa em todas as apresentações,
às quais jamais faltaram Esses 40 anos de vida do Stagium são a prova de que
a persistência e a dedicação da infância de Marika permanecem e se tornam cada
vez mais fortes na luta por um ideal, e na resistência em todos os momentos. Prova
disso é que Marika e Décio aprenderam não apenas a sobreviver, mas a sobreviver
com dignidade em todas as situações.”
Agnes (Ines) Gidali Buchwald é irmã de Marika Gidali, integra a equipe do Ballet Stagium
“Sou suspeito, confesso. Conheci o Stagium em 1984, por causa de três bailari-
nas que vi dançando lindas, leves e soltas, numa casa noturna. Casei com uma
delas, Tatiana Cobbett, mas antes disso passei a acompanhar a trupe liderada
por Marika e Décio por vários cantos deste país. Assisti às montagens de vá-
rios espetáculos inesquecíveis, como Pantanal, que tive o privilégio de ver ain-
da sem a música de Egberto Gismonti. Outros elencos entraram no Stagium, e
acabei fazendo bons amigos. Viva a persistência!”
Paulo Markun é jornalista
35
“A Marika significa para mim o momento da adolescência, em que você está na
corda bamba. Num período de ditadura, com falta de perspectiva, comecei a
fazer dança com ela. Eu a vejo uma educadora como poucas. Ela nos colocava o
exercício da vocação. Estimulava em todos nós aprendizes a construção de um
instinto de vida. Sempre foi um símbolo que eu persegui mesmo quando me se-
parei dela. Era muito raro o trabalho híbrido, e por isso mesmo brasileiro, que
eles faziam. Dança das Cabeças e Xingu são obras notáveis. Eu a levarei sempre
no meu coração.”
Ivaldo Bertazzo é coreógrafo
“Celebrar 40 anos de um trabalho contínuo na arte da dança, que surgiu do
sonho de dois grandes artistas, Décio Otero e Marika Gidali, é algo muito im-
portante. Ainda mais quando fazemos uma reflexão sobre a trajetória dessa
companhia e constatamos que serviu e continua a servir de exemplo, pela com-
petência artística, pela formação de uma sólida escola, por uma persistência
diária diante das inúmeras dificuldades. E, além disso, pela criatividade em
articular conteúdos e temas relevantes de nossa cultura por meio de gestos e
movimentos de sua dança, levada a tantos lugares dentro e fora do Brasil. Hoje,
ao recordar meus primeiros dias no Ballet Stagium, vejo-me como uma jovem
cheia de entusiasmo, admiração e respeito por ambos e pela dança da com-
panhia. Com o orgulho de ter pertencido a esse grupo, posso dizer que esses
sentimentos não só permaneceram, mas a eles agreguei outros. Nunca perdi a
sensação de ser parte, talvez por ter sido sempre acolhida ao procurá-los, por
ter tido o apoio em outros passos da minha carreira. À minha alegria deste ins-
tante adiciono o meu muito obrigada a você, Décio, e a você, Marika, por todos
os momentos e preciosos ensinamentos recebidos!”
Julia Ziviani é bailarina e atua na Cia. Dançaberta, Campinas (SP)
“Tenho muito respeito pela Marika
e pelo Décio. Acho que por causa
do Stagium ainda existe dança em
São Paulo. É surpreendente como
eles conseguem se manter há 40
anos, sem estabilidade e segurança
financeira.”
Ruth Rachou é bailarina, atriz , coreógrafa, diretora e professora de dança
36
“Stagium... saber dança em dilatação,
que salta para o invisível e que conhe-
ce pelo contato direto as coisas e os
acontecimentos. Submersão em todas
as coisas passadas, presentes e futu-
ras. Espalhando o que se oculta nas
profundidades do tempo, revelando
em forma de gesto, de encantação e de
oráculo uma verdade essencial, de es-
paço/tempo. Assim, toda dança que se
brinda é, ao mesmo tempo, do Stagium
e dos outros, já que o homem é, inteira-
mente, eu e outro, um modo de práxis
fundamentalmente social. A própria
história tecida de forma poética.”
Fábio Villardié bailarino
“O Ballet Stagium foi fundamental na minha formação. No início dos anos
1970, ainda muito moleque, assumi a produção da primeira turnê da compa-
nhia pelo Brasil. Vale lembrar que naquela época não existiam leis de incentivo,
celulares, e-mails e muito menos redes sociais. Parte da nossa comunicação
com as cidades era feita por telefone e até rádio amador – acho que muita gente
não tem a menor ideia do que é isso. Com a direção da Marika Gidali e do Décio
Otero, nós nos embrenhamos pelo Brasil adentro e isso foi fundamental para
balizar futuras turnês de grupos de dança e de teatro. Se o Ballet Stagium é
fundamental na história da dança brasileira, com certeza também o é para um
bando de brasileiros que, como eu, passou por essa oficina de formação de ma-
lucos e bons profissionais das artes cênicas de nosso país.”
Celso Curi é produtor, administrador cultural e crítico de teatro
“Ao voltar de uma turnê pela Alemanha,
fui apresentado por Marilena Ansaldi
aos diretores de um grupo de balé que
dançava periodicamente num progra-
ma na TV Cultura de São Paulo, Mari-
ka Gidali e Décio Otero. Com o convite
de ambos para pertencer ao grupo que
tinham recentemente formado, vislum-
brei a possibilidade de dançar profis-
sionalmente. Assim começou o Ballet
Stagium, e fui parte do elenco fundador
do grupo. Dancei por dois anos com eles,
atuando em diversas capitais brasileiras.
Para mim foi um crescimento artístico
fenomenal, pois o grupo era formado
pela nata do balé de São Paulo. Com Dé-
cio, comecei, de fato, a entender a neces-
sidade de aprimorar minha atuação tan-
to técnica como artística, em ensaios mi-
nuciosos. Adquiri bastante experiência
dançando um repertório eclético ao lado
de bailarinos e coreógrafos que muito
contribuíram para minha carreira. Te-
nho imenso orgulho de ter sido parte da
história dessa companhia.”
Pedro Paulo Kraszczuké bailarino
37
Cenógrafos, Figurinistas, Iluminadores e Músicos
Todas as coreografias exibidas em vídeo no espaço expositivo são de autoria de Décio Otero, exceto a
coreografia Duetto composta em 1977 por Ismael Guiser para Décio Otero e Marika Gidali.
O diretor Ademar Guerra tem presença direta ou indireta em todo o percurso e nas criações do Ballet Stagium.
Trilhas sonoras especialmente compostas: Almeida Prado, André Abujamra, Aylton Escobar, Egberto Gismonti, Isaías e os Chorões, Marcelo Petraglia,
Milton Nascimento e William Sena.
Figurinos: Ana Maria Stekelman, Carlos Gardin, Clodovil Hernandes, Darcy Penteado, Domingos
Fuschini, Donna M. Larsen, Fabio Brando, Fabio Villardi, João Elias Júnior, João Santa Ella Júnior, Leda Senise, Lois Bewley, Luiz A. Martins, Luiz Rossi, Marcio Tadeu, Maria Bonomi, Marika Gidali, Murilo Solla, Ney
Galvão, Oscar Arraiz, Patrício Bisso e Ugo Castellane.
Cenários: Ademar Dornelles, Ana Maria Stekelman, Darcy Penteado, Fabio Brando, Fabio Villardi, Jussara
Gomes, Luiz Rossi, Marcio Tadeu, Marco Antonio Silva, Marcos Weinstock e Maria Bonomi.
Iluminação: Décio Otero, Domingos Quintilhiano, Edgard Duprat, Erondino Loretto, Giba, Guilherme
Bonfante, Inezito, Jean Carlo, Jeanzinho, Marcial Perez, Oswaldo Vieira e Romulo Righi.
38
B A I L A R I N O S
Ademar Dornelles • Adriana Almeida • Adriana Bonfati • Adriana Roda
• Aguinaldo Bueno • Aleksandro Pereira • Alessandra Gidali Jannuzzi •
Alessandra Lia • Alicia Rosado • Amanda Santos • Amarildo Cassiano •
Ana Claudia Bjornberg • Ana Lúcia Coutinho • Ana Maria Mondini • Ana
Paula Camolese • Ana Paula Tavares • Ana Paula Tavernaro • Andrea
Maciel • Anette Leite • Angela Borges • Anton Garcez • Antônio Carlos
Sousa • Arnaldo Batista • Áurea Ferreira • Beatriz Cardoso •Bernardette
Miranda • Bernot Sanches • Bete Oliveira • Camila Lacerda • Carla Kubrusly
• Carlos Campos • Carlos Demitre • Catherine Kodama • Chu-Fa-Ching •
Cida Borges • Clarisse Abujamra • Clarita Colombiana • Claudia Lisboa •
Claudia Mendonça • Claudio Garrido • Claudio Ribeiro • Cleide Milane •
Cleusa Dias • Cleusa Fernandes • Daniel James • Décio Otero • Delphino Nunes
• Danielle Guimarães • Denise Almeida • Denise Gaiolli • Denise Panessa •
Denise Maçãs • Dino Brasil • Djair Alexandre Goes / Djha • Dora Mendez
• Doris Giesse • Edgar Dias • Edgard Duprat • Edílson Ferreira • Edinaldo
Nascimento • Eduardo Augusto / Sô • Eduardo Fraga • Eduardo Mascheti
• Elaine Piavone • Eliana Karim • Elizabeth Oliveira • Elsa Mochen • Ethel
Marcelino Dias • Eugênio Gidali • Everson Rocha Nascimento • Fabio Villardi
• Felipe Vinicius • Fernando Lee • Flávia Costa • Flávio Coelho • Franco André
/ Frank Ejara • Gabriela Hernandez • Geralda Bezerra • Geraldo Lachine •
Glaucia Fonseca • Graciela Rodriguez • Gustavo Leite • Helena Bastos • Henrique
Belling • Hugo Lavrac • Idovar Stahl • Igor Vieira • Iracity Cardoso • Isa Kokay
• Ismenia Rogich • Ivaldo Bertazzo • Jaime Amaral • Jane Blauth • Jessica Fadul
• Ji Von Shin • João Carlos Fucci • Joffre Santos • John Santos • Jordana Paulista
Belém • Jorge Lima • Jorge Luiz Fernandes • José Antonio Abac • José Luis da
Silva • José Luiz Sultan • Juan Castiglionne • Juan José Soares • Julia Ziviani •
39
Juliana Figueredo • Jurandir Rodrigues • Kátia Castanheira • Kaká da Boa Morte
• Kênia Genaro • Lalo Fleytas • Liliane Benevento • Lívio Lima • Lorena Merlino •
Lúcia Weber • Luciana Madeira • Luciana Porta • Lucianita Farah • Luis Arrieta
• Manuel Messias • Marcelo Jannuzzi • Marcelo Mike • Marcelo Pereira • Márcia
Freire • Márcio Morais • Márcio Rongetti • Marcos Palmeira • Marcos Veniciu •
Maria Clara Merchan • Maria Eduarda Gonçalves • Maria Emília Clark • Maria
Helena Alemany • Maria Vidal • Maria José Sommer • Marika Gidali • Marilda
Fontes • Marília Oswald de Andrade • Marina Athié • Marina Costa • Marina
Ricci • Marina Salgado • Mário Alves • Mário Enio • Mário Jarry • Michelle
Briseno • Michelle Calegari • Miguel Trezza • Mílton Carneiro • Mílton Coatti
• Mônica Mion • Nádia Luz • Nestor Ragadali • Noeli Praxedes • Olivia Maciel
• Osmar Zampieri • Pamela Hutchinson • Patricia Sardá • Patty Brown • Paula
Perillo • Paulo Magalhães • Paulo Barreto • Paulo Vinícius • Penha Pietra • Pedro
Paulo Kraszczuk • Poti Ara Bolzan • Rafael Carrion • Renata Botta • Renata
Colin • Renata Drumond • Renée Bolehovsky • Ricardo Gomes • Ricardo Ordonez
• Ricardo Iazetta • Rober Tainan • Roberta Botta • Roberta Maziero • Roberto
Aguiar • Roberto Amorim • Roberto Fazenda • Ron Sequoio • Rubens Pires •
Sebastião Freitas • Sérgio Cruz • Sérgio Marchal • Sheyla Silva • Sidney Campos
• Silvana Lenke • Silvana Marquina • Sílvia Altiere • Sílvia Antunes • Sílvio
Dufrayer • Simone Coelho • Solange Lucatelli • Soren Niewelt • Susuki Tamin •
Suzanna Yamauchi • Tama Rivero • Tania Tonezzer • Tânia Wolkof • Tatiana
Cobbett • Tatiana Portela • Tatiana Rocha • Thaís Ferreira da Graça • Tony Abbott
• Ulisses Nogueira• Umberto Silva • Vahram Asdurian • Valéria Magalhães •
Vanderley Falcão • Vanessa Guillén • Vinicius Rodrigues Anselmo • Vivian Araújo
• Viviani Ribeiro • Wagner Alvarenga • Wladimir Reche • Wellerson Minucci
• Xica Timbó • Yann Seabra • Yasser Guillén • Yolanda Gidali • Zetta Casalena
40
ficha técnica
Ocupação Ballet Stagium
Coordenação-geral e organizaçãoNúcleo de Artes Cênicas
Sonia SobralCristina Espírito Santo
Bebel de Barros
ConcepçãoEdgard DupratCarlos Gardin
CuradoriaEdgard DupratCarlos GardinPedro Markun
CenografiaCarlos Gardin
Marcelo Larrea
Coordenação de pesquisaPaula PerilloAssessoria
Rejane de Abreu Perillo
Edição de imagensEdgard Duprat
Assistência de montagemDiego Cesário
FinalizaçãoHiperaktv
Desenvolvimento de site de depoimentosPedro Markun
ProduçãoYolanda Gidali
FotosEmidio Luisi
Grupo de pesquisa do Ballet Stagium
Ademar DornellesDécio Otero
Marika GidaliOswaldo Mendes
ImagensAcervo Ballet Stagium
Edgard Duprat
Produção do site OcupaçãoDuanne Ribeiro
AgradecimentosAdemar Guerra (in memoriam),
família Plínio Marcos, Fausto Fuser, Maria Bonomi, Mario de Aratanha,
Tania Quaresma, A Gazeta de Vitória, A Tribuna (Santos), A Tribuna
(Vitória), Diário Catarinense, Diário de Notícias (São Paulo), Diário Popular
(Pelotas), Elo – Jornal Interno do Governo de Indaiatuba, Gazeta de Santo Amaro, Gazeta do Tatuapé, Gazeta de Vitória, IstoÉ, Jornal de
Brasília, Jornal do Brasil, Tribuna de Araraquara, Tribuna de Vitória, TV
Cultura de São Paulo, TV Sesc e TV Uniban
O Ballet Stagium agradece a:Ministério da Cultura,
Sesc SP, Secretaria de Estado da Cultura e Sesi SP
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Publicação
Concepção e coordenação de conteúdoNúcleos de Artes Cênicas e Comunicação do Itaú Cultural
Coordenação editorialNúcleo de Comunicação
Produção editorialLara Daniela Gebrim
Maria Clara Matos
Direção de arteEstevan Pelli
Jader Rosa
Projeto gráfico e designEstevan Pelli
EdiçãoMarco Aurélio Fiochi
Paula FazzioRoberta Dezan
RevisãoCiça Corrêa
Nelson ViscontiPolyana Lima
ImagensEmidio Luisi
BibliografiaKATZ, Helena. O Brasil descobre a dança descobre o Brasil. São Paulo: DBA,
1994. OTERO, Décio. Stagium, as paixões da dança. São Paulo: Hucitec, 1999.
___________, GIDALI, Marika. Singular e plural. São Paulo: Senac, 2001.Ballet Stagium – www.stagium.com.br
AgradecimentoHelena Katz
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