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DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIAREVISÃO E REDAÇÃO
SESSÃO: 029.2.53.O
DATA: 06/03/08
TURNO: Matutino
TIPO DA SESSÃO: Extraordinária - CD
LOCAL: Plenário Principal - CD
INÍCIO: 10h32min
TÉRMINO: 11h56min
DISCURSOS RETIRADOS PELO ORADOR PARA REVISÃO
Hora Fase Orador
Obs.:
CÂMARA DOS DEPUTADOSAta da 029ª Sessão, em 06 de março de 2008
Presidência dos Srs. ...................................................................
...................................................................
...................................................................
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...................................................................
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...................................................................
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...................................................................
...................................................................
ÀS 10 HORAS E 32 MINUTOS COMPARECEM À CASA OS SRS.:
Arlindo Chinaglia
Narcio Rodrigues
Inocêncio Oliveira
Osmar Serraglio
Ciro Nogueira
Waldemir Moka
José Carlos Machado
Manato
Arnon Bezerra
Alexandre Silveira
Deley
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I - ABERTURA DA SESSÃO
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - A lista de presença registra na
Casa o comparecimento de 247 Senhoras Deputadas e Senhores Deputados.
Está aberta a sessão.
Sob a proteção de Deus e em nome do povo brasileiro iniciamos nossos
trabalhos.
II - LEITURA DA ATA
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Fica dispensada a leitura da ata da
sessão anterior.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Passa-se à leitura do expediente.
O SR. ..........................................................., servindo como 1° Secretário,
procede à leitura do seguinte
III - EXPEDIENTE
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Finda a leitura do expediente,
passa-se às
IV - BREVES COMUNICAÇÕES
Concedo a palavra ao ilustre Deputado Arnaldo Jardim.
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O SR. ARNALDO JARDIM (PPS-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o setor agropecuário volta a movimentar as
cidades do interior, criando empregos e elevando compras de máquinas e
implementos agrícolas, pulverizando prosperidade nos rincões deste País. Após 3
anos, sofrendo com embargos fitossanitários, barreiras tarifárias e depreciação dos
preços dos produtos agrícolas, o campo se recupera e avança.
Entretanto, o momento não é de euforia, mas de corrigir os erros do passado
e sedimentar os passos para um futuro promissor. Nesse contexto, acredito, o
principal desafio está na formulação de estratégia nacional para o agronegócio,
incorporando questões como infra-estrutura logística, câmbio valorizado,
transgênicos e negociações internacionais.
Boa parte desse sucesso deve ser creditada ao homem do campo, à sua
extraordinária capacidade de resistir às intempéries, sempre fiel à perseverança de
tirar da terra a principal riqueza do País e nela semear a esperança de tempos
melhores. A recuperação dos preços dos principais produtos da pauta agrícola
nacional reflete a demanda internacional aquecida.
Diretor da FRENCOOP Nacional — Frente Parlamentar do Cooperativismo,
não posso deixar de registrar meu entusiasmo com a atuação das cooperativas de
crédito rural, que não deixaram de investir e acreditar na retomada do agronegócio
brasileiro.
Entre elas, destaco em especial a SICOOB Central COCECRER —
Cooperativa Central de Crédito Rural do Estado de São Paulo, que, no dia 22 de
fevereiro, realizou cerimônia para marcar a inauguração oficial da nova sede, em
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Ribeirão Preto. O evento teve a presença de autoridades da região, lideranças do
agronegócio, membros do SICOOB, BANCOOB e diretores de cooperativas filiadas.
A COCECRER integra 26 cooperativas de crédito rural associadas, que
empregam mais de 1.200 funcionários e, por meio das operações financeiras,
viabilizam a produção de 71.747 agricultores. As associadas possuem, juntas, 147
Postos de Atendimento Cooperativo — PACs.
Em 2007, emprestaram cerca de R$170 milhões em operações de crédito, em
parceria com o BANCOOB, ou seja, aumento de 62% em relação a 2006. Na
poupança cooperada, foram depositados R$23 milhões. O volume de captação de
depósitos, junto aos associados, ultrapassou R$1,8 bilhão e a centralização
financeira total, junto ao BANCOOB, alcançou R$8 bilhões.
De acordo com o próprio Presidente da SICOOB Central COCECRER, José
Oswaldo Galvão Junqueira, a mudança de São Paulo para Ribeirão foi uma decisão
conjunta com todo o grupo. Segundo ele, "a mudança para Ribeirão Preto foi natural,
por ser um grande centro de negócios do interior do Estado”.
Gostaria também de cumprimentar toda a Diretoria da COCECRER, que junto
com o Presidente Maninho, teve muito coragem de trabalhar, para que a mudança
da sede para Ribeirão Preto ocorresse; o Gerente Financeiro Paulo Zamai; o
Diretor-Executivo David Andrade, o Diretor-Operacional Henrique Castilhano Vilares
(Presidente da CREDICONAI), e o Diretor-Administrativo Ismael Perina Júnior
Aproveito a ocasião para também registrar recente encontro com o Presidente
do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, para tratar das novas medidas tributárias
adotadas pelo Governo federal. Na ocasião, dispus-me a elaborar projeto de lei para
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reverter o processo que inclui a incidência de 0,38% do Imposto sobre Operações
Financeiras (IOF) sobre a movimentação das cooperativas e do setor rural.
Minha preocupação foi mitigar as perdas do setor cooperativo, em especial ao
setor rural, diante da mudança nas regras da cobrança do IOF, que deixaram o
crédito mais caro para os cooperados. A Receita Federal fez uma elevação sobre os
empréstimos da pessoa física superior à cobrança da extinta Contribuição Provisória
sobre Movimentação Financeira (CPMF).
Antes, o cooperado pagava 0,38% de CPMF quando retirava o dinheiro. Com
a mudança, a cooperativa continua recolhendo o mesmo percentual, no entanto,
esse valor será destinado ao IOF no momento da liberação do empréstimo. Outra
preocupação é relativa ao fato de que as cooperativas também serão oneradas
quando necessitarem adquirir crédito de terceiros.
Dentro do cenário das cooperativas de crédito agrícola, muitos se rendem ao
sistema cooperativo pelos seus ideais, outros pelos seus benefícios, mas todos
ficam sujeitos a aprender a prática da doutrina cooperativa, alicerçados em valores
humanos, cunhados pela vontade e consciência dos homens em progredir e
construir um horizonte mais justo, sustentável e com oportunidades para todos.
Diante desse contexto, uma de suas características é possuir baixo índice de
inadimplência entre os associados, atendimento personalizado e adequado ao
potencial interesse do associado. O princípio das cooperativas é desenvolver
programas de assistência financeira e prestação de serviço aos cooperados, com a
finalidade de oferecer adequado atendimento às suas necessidades nos diferentes
elos da cadeia produtiva, contribuindo para torná-los independentes de outras
instituições financeiras públicas e privadas.
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Apesar de possuir longo caminho a ser percorrido no mercado financeiro
nacional, é notório que, ao passar dos anos, as cooperativas, como a SICOOB
Central COCECRER, vem rompendo barreiras e criando seu espaço no seio
financeiro e econômico do País, trazendo consigo a construção de uma sociedade
mais responsável, participativa, voltada para o bem comum e com ganhos em
escala.
Essa realidade inconteste é fruto do princípio de não buscar o lucro financeiro,
símbolo do capitalismo e objeto fim de muitas instituições, mas, sim, os benefícios
individuais e coletivos que possam agregar qualidade de vida através de um modelo
eqüitativo de renda com valores e princípios incontestáveis que enaltecem os
sentidos de democracia, humanismo e irmandade entre os povos.
Por tudo isso, reitero o meu compromisso com a Agenda Legislativa do
Cooperativismo, o conjunto de propostas que orientam a ação de Parlamentares
compromissados com o setor.
No Congresso Nacional, os debates serão calorosos, e são muitos os
desafios que teremos de enfrentar nos próximos anos, que só serão superados com
muita cooperação e espírito público. Para isso, é importante que a Organização das
Cooperativas do Brasil (OCB), a Organização das Cooperativas de São Paulo
(OCESP) e as lideranças do setor cooperativista ajudem na mobilização, participem
e colaborem na elaboração de leis capazes de assegurar o crescimento sustentável
da atividade no Brasil.
Como a agenda do agronegócio brasileiro é complexa e extensa, a questão
de foco é crucial, e a soma de forças faz com que o reclame seja uníssono. Também
não podemos esquecer que o conceito de sustentabilidade saiu da esfera teórica e
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chega com toda a força ao cotidiano dos negócios, obrigando produção, meio
ambiente e responsabilidade social a caminharem juntos na expansão do
agronegócio.
Todos esses desafios reforçam a convicção de que o agronegócio precisa se
organizar para cobrar as iniciativas prometidas e exigir determinação dos
governantes para defender a nossa “galinha dos ovos de ouro”.
Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.
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O SR. EMANUEL FERNANDES (PSDB-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, hoje, 6 de março, faz 7 anos que o Governador Mário Covas morreu, em
pleno exercício do cargo.
Figura de expressão nacional, ocupou um lugar na Câmara dos Deputados,
onde foi exemplo de Parlamentar. Para mim, foi particularmente um exemplo, porque
por seu intermédio acabei entrando na vida pública.
Ficam aqui as minhas lembranças, a saudade do grande Mário Covas.
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A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (PT-RS. Sem revisão da oradora.) - Sr.
Presidente, Deputado Inocêncio Oliveira, Sras. e Srs. Deputados, com muita alegria,
registro a entrega do Prêmio Carlota Pereira de Queirós a uma série de mulheres
lutadoras do Brasil, ontem nesta Casa.
Carlota de Queirós foi a primeira mulher Parlamentar brasileira, tendo
assumido seu mandato em 1932.
De maneira especial, destaco a concessão desse prêmio, in memoriam, a
Olga Benário Prestes. Com essa escolha, a Câmara dos Deputados, que é parte do
Estado brasileiro, fez justiça a uma figura histórica que se dedicou de forma
inigualável à luta em defesa dos povos no mundo.
Muitos das senhoras e dos senhores conhecem a história de Olga Benário
Prestes como a esposa de Luiz Carlos Prestes, o nosso Cavaleiro da Esperança.
Olga Benário Prestes, porém, foi escolhida pela Internacional Socialista para trazer
Luiz Carlos Prestes ao Brasil em segurança, na década de 30. Tendo cumprido sua
missão, produziu uma relação de muito amor não apenas por ele, mas pelo povo
brasileiro, pela nossa gente.
E a História do Brasil marca com pesar o momento em que ela, então grávida
de sua filha Anita Leocádia, foi entregue ao La Coruña, navio de bandeira nazista.
De origem judaica, Olga Benário Prestes veio a morrer por causa da intolerância
contra a comunidade judaica, contra o povo judeu.
Quando homenageamos Olga Benário Prestes, buscamos ressaltar a sua
força. Ontem, na entrega do prêmio, tive a oportunidade de ler — e gostaria de
deixá-la registrada nos Anais desta Casa — a carta com que se despediu da filha
Anita Leocádia e de Luiz Carlos Prestes, escrita no cárcere nazista. Nessa carta,
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permeada de grande amor pela família, pela Nação brasileira e pelas causas que
abraçou, disse ela ter orgulho de sua vida e saudou o viver.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a homenagem a Olga Benário Prestes
é também uma homenagem à luta das mulheres do mundo.
Olga Benário Prestes assumiu conscientemente uma causa, viveu por ela e
morreu em razão da intolerância de muitos à sua descendência judaica e à sua
condição de comunista.
Orgulha-nos a sua história. E, em nossa vida e em nossas lutas, nós,
mulheres, muito nos espelhamos e nos inspiramos na história de bravas guerreiras,
como Olga Benário Prestes.
Orgulha-me ter sido autora da sugestão acatada pela Casa, especialmente
pela bancada feminina, em momento tão importante da história do Brasil, para
resgatar estas 2 figuras históricas: Carlota de Queirós, a primeira mulher
Parlamentar, e Olga Benário, que chegou ao Brasil em 1934 e se dedicou às lutas
do povo brasileiro por justiça.
Muito obrigada, Sr. Presidente.
CARTA A QUE SE REFERE A ORADORA
Queridos:
Amanhã vou precisar de toda a minha força e de toda a minha vontade. Por
isso, não posso pensar nas coisas que me torturam o coração, que são mais caras
que a minha própria vida. E por isso me despeço de vocês agora. É totalmente
impossível para mim imaginar, filha querida, que não voltarei a ver-te, que nunca
mais voltarei a estreitar-te em meus braços ansiosos. Quisera poder pentear-te,
fazer-te as tranças — ah, não, elas foram cortadas. Mas te fica melhor o cabelo
solto, um pouco desalinhado. Antes de tudo, vou fazer-te forte. Deves andar de
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sandálias ou descalça, correr ao ar livre comigo. Sua avó, em princípio, não estará
muito de acordo com isso, mas logo nos entenderemos muito bem. Deves
respeitá-la e querê-la por toda a tua vida, como o teu pai e eu fazemos. Todas as
manhãs faremos ginástica... Vês ? Já volto a sonhar, como tantas noites, e esqueço
que esta é a minha despedida. E agora, quando penso nisto de novo, a idéia de que
nunca mais poderei estreitar teu corpinho cálido é para mim como a morte.
Carlos, querido, amado meu: terei que renunciar para sempre a tudo de bom
que me destes ? Conformar-me-ia, mesmo se não pudesse ter-te muito próximo, que
teus olhos mais uma vez me olhassem. E queria ver teu sorriso. Quero-os a ambos,
tanto, tanto. E estou tão agradecida à vida, por ela haver me dado a ambos. Mas o
que eu gostaria era de poder viver um dia feliz, os três juntos, como milhares de
vezes imaginei. Será possível que nunca verei o quanto orgulhoso e feliz te sentes
por nossa filha?
Querida Anita, Meu querido marido, meu garoto: choro debaixo das mantas
para que ninguém me ouça pois parece que hoje as forças não conseguem
alcançar-me para suportar algo tão terrível. É precisamente por isso que esforço-me
para despedir-me de vocês agora, para não ter que fazê-lo nas últimas e difíceis
horas. Depois desta noite, quero viver para este futuro tão breve que me resta. De ti
aprendi, querido, o quanto significa a força de vontade, especialmente se emana de
fontes como as nossas.
Lutei pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo. Prometo-te agora, ao
despedir-me, que até o último instante não terão porque se envergonhar de mim.
Quero que me entendam bem: preparar-me para a morte não significa que me
renda, mas sim saber fazer-lhe frente quando ela chegue. Mas, no entanto, podem
ainda acontecer tantas coisas... Até o último momento, manter-me-ei firme e com
vontade de viver. Agora vou dormir para ser mais forte amanhã.
Beijos pela última vez.
Olga."
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - A Presidência solicita aos Srs.
Parlamentares presentes nas diferentes dependências da Casa que venham ao
plenário para que possamos atingir o quorum regimental e dar início à Ordem do
Dia, que possui um único item, o Projeto de Lei nº 1.990, de 2007, que regulamenta
o reconhecimento informal das centrais sindicais.
O acordo é votar o projeto de lei na terça-feira, mas a sessão extraordinária
deve ter pauta. Então, o projeto está na pauta. Em seguida, às 14h, haverá sessão
de debates. Haverá 2 sessões hoje com o mesmo painel.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao Deputado
Dr. Talmir.
O SR. DR. TALMIR (PV-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e
Srs. Deputados, venho à tribuna registrar o aniversário de 103 anos do Rotary Club
e solicitar a transcrição nos Anais da Casa de texto do Presidente do Rotary Club de
Presidente Prudente a respeito do transcurso da data e do trabalho realizado pela
entidade.
O Rotary, a maior organização mundial de voluntários, com clubes femininos
e mistos, ajudou a erradicar a poliomielite no mundo e desenvolve um trabalho
fantástico. Neste ano, o objetivo rotariano é ajudar a diminuir o aquecimento global.
A entidade promove ainda maravilhoso intercâmbio cultural por meio dos
jovens. E sou testemunha disso, porque minha filha foi para o exterior por intermédio
do clube, e recebi em casa diversos filhos da família rotariana, que também são
considerados como meus.
Portanto, Sr. Presidente, registro os 103 anos deste clube fundado pelo Sr.
Paul Harris.
Muito obrigado.
TEXTO A QUE SE REFERE O ORADOR
A História do Rotary
O primeiro clube de prestação de serviços foi fundado no dia 23 de fevereiro
de 1905, quando o Advogado Paul Harris reuniu-se com três amigos em um
pequeno escritório no centro de Chicago. Eles queriam reavivar durante a virada do
século o espírito de amizade conhecido em suas cidades natais. Mais pessoas
foram convidadas a juntar-se ao grupo à medida que o clube tornou-se mais
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conhecido. Ele foi denominado "Rotary", já que o local onde os sócios reuniram-se
era rotativo — cada vez no escritório de um deles.
Inicialmente formado por razões de companheirismo, o primeiro Rotary Club
rapidamente evoluiu passando a aproveitar as habilidades e recursos dos sócios
para prestar serviços à comunidade. No final de 1905, o Rotary Club de Chicago
tinha 30 sócios. Três anos depois, um segundo clube foi estabelecido em São
Francisco, na Califórnia, EUA. No ano seguinte, 3 outros clubes foram estabelecidos
na Costa Oeste dos Estados Unidos e um quarto em Nova Iorque. Em poucos anos
outros grupos inspiravam-se no exemplo do Rotary para formar seus próprios
clubes.
A primeira convenção do Rotary realizou-se no Congress Hotel, em Chicago,
durante o mês de agosto de 1910. A Associação Nacional de Rotary Clubs foi
organizada nessa época com 16 clubes participantes. O fundador do Rotary, Paul
Harris, foi eleito o primeiro Presidente da associação.
O crescimento internacional do Rotary.
Durante o ano rotário de 1911/12, a associação tornou-se internacional devido
ao estabelecimento de um Rotary Club em Winnipeg, Manitoba, no Canadá. Pouco
depois, o Rotary cruzava o Oceano Atlântico para estabelecer clubes na Inglaterra,
Irlanda e Irlanda do Norte. A Associação Nacional de Rotary Clubs tornou-se, assim,
a Associação Internacional de Rotary Clubs em 1912, para, em 1922, adotar o nome
de Rotary International (RI). Antes de chegar a seu vigésimo aniversário, o Rotary já
contava com quase 200 clubes, e mais de 20.000 sócios ao redor do mundo.
O primeiro Rotary Club na América Latina foi organizado em Havana, Cuba,
em 1915.
O primeiro clube da Ásia foi estabelecido em Manila, nas Filipinas, em 1919.
Em 1921, pela primeira vez foram organizados Rotary Clubs na Europa
continental (Madri, Espanha), África (Joanesburgo, África do Sul) e Austrália
(Melbourne).
Trabalhando pela paz.
Ao passo que o Rotary crescia, aumentava também o alcance de suas
atividades. Durante a 1ª Guerra Mundial, o Rotary descobriu novas maneiras de
servir, ou seja, por meio de arrecadações para trabalhos de assistência e auxílio em
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situações de emergência. Em 1917, o então Presidente do RI Arch Klumph propôs o
estabelecimento de um fundo de dotações, que, em 1928, se tornou a Fundação
Rotária. A fundação fez sua primeira doação humanitária (US$500,00), em 1930, à
International Society for Crippled Children.
Após a 2ª Guerra Mundial, muitos clubes que haviam sido desativados
durante o conflito foram restabelecidos e deram início a novos projetos de prestação
de serviços, que incluíam auxílio a refugiados e prisioneiros de guerra.
A delegação do Rotary International, composta de 49 rotarianos, foi a maior
entre todas as organizações não-governamentais na conferência de fundação das
Nações Unidas, realizada em 1945, em São Francisco. Uma conferência
patrocinada pelo Rotary em Londres, em 1943, serviu como inspiração para a
criação da Organização para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO),
estabelecida pela ONU em 1946.
A Fundação Rotária experimentou crescimento modesto até 1947, quando
rotarianos fizeram doações significativas em memória de Paul Harris, falecido em
janeiro de 1947. No mesmo ano, a fundação inaugurava seu primeiro programa de
bolsas de estudos, enviando 18 estudantes a 7 países diferentes.
Atualmente, mais de 1.300 estudantes viajam ao exterior como bolsistas do
Rotary a cada ano.
Dois dos programas do Rotary para jovens, o Rotaract e o Interact, foram
formados durante a turbulenta década de 60. O Interact Clubs (para jovens de 14 a
18 anos de idade) e o Rotaract Clubs (para pessoas de 18 a 30 anos) funcionam sob
a supervisão e liderança de seus Rotary Clubs patrocinadores e dão aos jovens a
oportunidade de prestar serviços à comunidade além de desenvolver sua
capacidade de liderança e promover paz e compreensão mundial. Prestar serviços
aos jovens continua a ser uma importante ênfase do Rotary.
O Rotary hoje.
O empreendimento mais ambicioso do Rotary, anunciado em 1985, foi o
Programa PolioPlus — uma abrangente campanha cujo objetivo era a erradicação
da pólio até 2005, ano do centenário do Rotary. Conduzido com a cooperação de
governos nacionais e agências não-governamentais como a Organização Mundial
da Saúde e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o PolioPlus é um
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paradigma de cooperação dos setores públicos e privado na luta contra uma
doença. O PolioPlus ajuda programas de erradicação da poliomielite em níveis
regional e nacional, oferecendo vacinas, vigilância e mobilização social. Até o ano
2005 — data em que o mundo estaria livre da poliomielite — as contribuições de
rotarianos à erradicação mundial da pólio terão atingido meio bilhão de dólares.
A partir de sua admissão ao Rotary em 1987, as mulheres são o grupo de
crescimento mais rápido do Rotary, gradualmente ocupando posições de liderança
na organização. Mais de 1.900 mulheres são presidentes de clube, e esse grupo
está rapidamente assumindo posições de liderança regional. Hoje em dia,
aproximadamente 1,22 milhões de homens e mulheres em suas profissões,
participam de mais de 31.600 clubes ao redor do mundo.
O Rotary continua a crescer internacionalmente. Após o colapso da Cortina
de Ferro, Rotary Clubs que haviam sido desativados durante a 2ª Guerra Mundial
foram restabelecidos na Europa Central e Ocidental. Em 1990, pela primeira vez
foram formados Rotary Clubs na Rússia e, em seguida, em outras antigas repúblicas
soviéticas. A Armênia, antigamente parte da União Soviética, é uma opção recente
ao mundo rotário com o estabelecimento do Rotary Club de Yerevan em 1996.
Os distritos brasileiros.
O sistema administrativo de Rotary International, dividindo o mundo rotário em
distritos, isto é, territórios englobando certo número de Rotary Clubs, remonta da
Convenção de 1915 em São Francisco, Califórnia. Obviamente, ao tempo da
fundação dos primeiros clubes na América do Sul, eles estariam em zona não
distritada. Só em 1927 foram criados 2 distritos com os Rotary Clubs da
Ibero-América. Ficaram o Brasil, o Uruguai e a Argentina agrupados no Distrito 63,
durante os anos rotários 1927/28 e 1928/29 sob, respectivamente, as governadorias
do uruguaio Donato Caminara e do argentino Cupertino Dei Campo.
No ano rotário 1929/30, já os Rotary Clubs brasileiros passaram a compor o
Distrito 72 que abrangia todo o nosso País. Essa posição permaneceu, sem
alteração, sob a responsabilidade de um só governador a cada ano, até 1938,
quando o distrito foi dividido em 4 seções sob a administração geral de um
governador e a colaboração de 3 assistentes. Cada um deles respondia por uma das
seções. Sob as condições primitivas daquela época não era possível uma
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assistência satisfatória aos clubes, enormemente distantes e impossibilitados de
comunicação eficiente entre si. É, pois, fácil imaginar a força da disposição ao servir
e a determinação que sustinha o caráter dos companheiros que se prontificavam
assumir a governadoria do Distrito 72, mesmo dividido em 4 seções.
Embora, pois, inoportuno neste breve relato, a enumeração de todos os
Governadores de distritos rotários, permito-me homenagear, citando os nomes,
aqueles que mais se destacaram entre os 10 primeiros: Edmundo de Carvalho
(1929/30), do Rotary Club de São Paulo; Miguel Arrojado Lisboa (1930/31), Samuel
Augusto Leão de Moura (1931/32), do Rotary Club de Santos; Lauto Borba
(1933/34) do Rotary Club de Recife; Armando de Arruda Pereira (1935/36) do Rotary
Club de São Paulo e Luis Dias Lins (1938/39), do Rotary Club do Recife, auxiliado
por 3 assistentes.
A partir do ano rotário 1939/40, as 4 seções do Distrito 72 passaram a
constituir-se nos Distritos 26, 27, 28, 29. Em 1943, o Distrito 28 se desdobrou,
acrescentando ao Brasil o Distrito 41. Os desdobramentos se sucederam à medida
que aumentava o número de Rotary Clubs. Em 1944, já éramos 6 distritos, em 1947,
7: 26, 27, 28, 29, 41, 43 e 72 novamente, que permaneceram ainda durante
1948/49. Em 1949, o Rotary International recenseou os distritos mudando- lhes a
numeração e continuamos com 7 distritos sob o números: 117, 118, 119, 120,
121,123 e 124, até o ano de 1951. Em 1952, novo desdobramento, e passamos a
ser 8 distritos; em 1954, 9, em 1956, 10; em 1958, 12; desde o ano anterior com
outra série de numeração: passamos para a centena quatrocentos. Após 11 anos,
em 1969, continuaram a acontecer os desdobramentos: passamos a 14 distritos. Em
1970, 15; em 1971, 18; em 1973, 19; em 1974, 20; em 1977, 22; em 1981, 24; em
1985, 26; em 1986, 27; em 1988, 28; em 1989, 29; em 1990, 31; em 1991, 34, e, em
1992, 36, que, há 2 anos, receberam no final da numeração, um zero, passando
assim à designação numérica do milhar. Somos, pois, hoje detentores de 45,57%
dos distritos rotários na região da SACAMA.
Diretores brasileiros.
Em 1957 o Brasil já ocupava o 3° lugar no mundo em número de Rotary
Clubs. No entanto, apenas 3 brasileiros haviam, até então, servido no Conselho
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Diretor do Rotary International, enquanto que o Canadá e a Inglaterra, colocados
abaixo, há anos mantinham um diretor permanente.
Por outro lado, ocupando o primeiro lugar na SACAMA (mais de 34% de toda
a região), os demais países participantes da região já haviam tido 21 diretores. É
que perdurava para a SACAMA, o critério discriminante da nomeação do diretor pelo
Conselho Diretor do Rotary International. O companheiro Nicolau Filizola,
engenheiro, do Rotary Club de São Paulo, elaborou, então, um trabalho
profundamente persuasivo, baseado em dados estatísticos incontestáveis,
demonstrando a iniqüidade de tratamento dado ao rotarismo brasileiro, terminando
por sugerir o zoneamento da SACAMA para a indicação rotativa dos diretores.
Trabalhando com os números de clubes, de rotarianos e de distritos, concluiu que a
região seria dividida em 3 zonas e que o Brasil participaria em 2 delas: ao sul (zona
I) com a Argentina e Uruguai e no centro (zona 2) com Paraguai, Peru, Chile e parte
da Bolívia.
Embora tenhamos conseguido, depois de trabalho exaustivo de propagação e
convicção do trabalho de Nicolau Filizola em toda a Ibero-América, por ele próprio,
Eurico Branco Ribeiro, Adalbeno Bueno Neto e outros, aprovar o zoneamento da
SACAMA, só nos foi possível indicar diretores por intermédio de Comissão de
Seleção na Convenção de 1962, em Los Angeles.
Posteriormente, conseguimos, ainda por trabalho de Filizola, isolar o Brasil na
Zona 2 entre 3 zonas. Mais tarde, em 1972, conseguimos a divisão da SACAMA em
5 zonas, cabendo ao Brasil as de números 2 e 4. Assim, tínhamos um diretor
permanente durante 4 anos em cada qüinqüênio. No último Conselho de Legislação,
em 1991, conseguimos, afinal, 6 zonas para a SACAMA, e o Brasil detentor de 3
delas: as Zonas 2, 4 e 6. A partir, pois, de 1993/94 teremos permanentemente um
diretor no Conselho Diretor de Rotary International.
Eis a relação dos diretores brasileiros: Miguel Arrojado Lisboa, (1931/33);
Armando de Arruda Pereira (1937/39 e 1941/42); Lauro Borba, (1947/49); Ernesto
Imbassahy de Mello, (1954/56 e 1974/75); Raimundo de Oliveira Filho, (1966/68);
Walter Koch - o 11º indicado por comissão - (1972/74); Alberto Pires do Amarante
(1975/77); Paulo Viriato Corrêa da Costa, (1978/80 e 1989/90); Archimedes
Theodoro, (1980/82); Guido Arzua, (1983/85); Mário de Oliveira Antonino, (1985/87);
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João Lauro Klieman, (1988/90); Genival de Almeida Santos, (1990/92); Gerson
Gonçalves, (1993/95) e José Alfredo Pretoni (1995/97).
Brasileiros presidentes do Rotary International: Armando Arruda Pereira,
(1940/41), Ernesto Imbassahy de Mello (1975/76) Paulo Viriato Corrêa da Costa
(1990/91).
Serviços.
Por tudo o que ficou dito, não há como negar o crescimento e a expansão do
Rotary no Brasil. Mas caberia a alguém estranho ao Rotary, que se dispuser a ler
esta visão brevíssima da sua história, perguntar: e o que resultou, para o Brasil,
dessa trabalhosa evolução nacional de um braço de entidade internacional?
O pequeno âmbito deste trabalho, de horizonte e pretensão domésticos, não
comporta a enumeração dos benefícios advindos dessa extensão. Nem mesmo
teríamos "engenho e arte" para reunir o quanto de bem há espalhado pelo Rotary e
rotarianos.
Mesmo para estes, capazes de entender, como serviço, a inspiração que a
ação rotária instila na comunidade, não há espaço aqui, para enumerar a fração
mais humilde do "serviço" rotário até hoje realizado em nosso País.
Aponte-se, para que tal indagação não fique em suspenso, apenas algumas
das muitas e muitas realizações rotárias que permanecem, desde a implantação, a
testemunhar o espírito de Rotary: o Colégio Rio Branco, um dos mais conceituados
estabelecimentos de ensino do País; o Lar-Escola Rotary que abriga quase mil
menores, ministrando-lhes instrução e orientação profissional; as inúmeras
fundações, espalhadas pelo Brasil, oferecendo bolsas de estudo e assistência
social; a contribuição para o Programa PolioPlus, que — já se pode afirmar —
extinguiu a poliomielite no País e baixou extraordinariamente a incidência e as
conseqüências da coqueluche, do sarampo, do tétano, da tuberculose e da difteria;
as inumeráveis bolsas de pós e pré-graduação oferecidas a jovens brasileiros, no
exterior; os "edifícios Rotary" que se erguem em tantas cidades brasileiras,
enriquecendo-lhes o patrimônio urbanístico; hotéis, hospitais, escolas, asilos,
creches, construídos e mantidos por promoções de Rotary Clubs. Até um banco
comercial de expressão nacional nasceu da iniciativa e promoção de rotarianos e
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continua a servir à economia brasileira, incorporado ao Banco BAMERINDUS do
Brasil S.A., ao qual deu origem.
E o que dizer da Fundação Rotária pelo que já verteu e continua a oferecer a
brasileiros, instilando-lhes a condição de cidadãos do mundo? Companheiros
rotarianos, meditem sobre a potencialidade de serviços diretos e indiretos que o seu
próprio Rotary Club possui e acrescentem-lhe as do 1.892 demais Rotary Clubs
brasileiros multiplicadas pelas respectivas idades e criatividades.
Vocês sentirão avolumar-se o orgulho que sentem de serem rotarianos e,
também, a responsabilidade e a determinação que lhes cabe no serviço rotário
perante o Brasil e perante a humanidade!
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O SR. VANDERLEI MACRIS (PSDB-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, faço coro a outros companheiros para anunciar que logo mais, às 11h,
ocorrerá na Igreja São Bento, em São Paulo, missa em homenagem ao grande
estadista Mário Covas.
É importante lembrar a história desse homem que foi tão importante para o
Brasil e que neste plenário travou grandes batalhas nacionais.
Na condição de Governador de São Paulo, Mário Covas deu inestimável
contribuição à Nação. Com efeito, na sua gestão, antes mesmo da lei que definiu
parâmetros de gastos públicos, a Lei de Responsabilidade Fiscal, demonstrou ter
espírito público, ser afeito à gestão pública e provou que é possível administrar o
País a partir das premissas que imprimiu ao Governo do Estado de São Paulo.
É importante que Mário Covas seja lembrado por este Parlamento. Eu, que fui
seu Líder na Assembléia de São Paulo durante 2 anos e também presidi aquela
Casa durante seu Governo, dou um testemunho efetivo no sentido de que o homem
público Mário Público Mário Covas é, efetivamente, parte da História brasileira, a
qual será escrita por aqueles que entrarem na vida pública para transformar o seu
ritmo, o seu objetivo, o seu rumo político, utilizando-se, para isso, dos ensinamentos
de Mário Covas.
É a minha homenagem a Mário Covas.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - A Presidência se associa às
homenagens que o Estado de São Paulo e o País prestam ao grande homem
público Mário Covas.
Fui seu colega aqui na Câmara. Acompanhei a sua trajetória no Senado
Federal e no Governo do Estado de São Paulo. Trata-se de uma referência de
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homem público sério, correto, decente, honesto, que pautou sua vida pela defesa da
democracia e dos princípios essenciais à melhora da qualidade de vida do povo
brasileiro.
Minhas homenagens póstumas ao querido e dinâmico político brasileiro Mário
Covas.
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O SR. LOBBE NETO (PSDB-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,
Sras. e Srs. Deputados, venho à tribuna trazer uma notícia triste para a região
central do Estado de São Paulo, especificamente para a cidade de Ribeirão Bonito,
a qual teve como uma de suas lideranças o Dr. Blota Júnior e onde eu fui o
Deputado Estadual mais votado.
Fiquei sabendo que ontem a Câmara Municipal de Ribeirão Bonito cassou o
mandato do Prefeito Rubens Gayoso Júnior, do PT, em razão de problemas
administrativos.
É lamentável o que aquela comunidade está sofrendo com a cassação do
Prefeito do PT Rubens Gayoso. Mais uma vez, um Prefeito do município é cassado.
Sou solidário, portanto, com a população de Ribeirão Bonito, que, neste
momento, infelizmente, perde novamente seu Prefeito em razão da cassação do seu
mandato.
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O SR. MANATO (Bloco/PDT-ES. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,
Sras. e Srs. Deputados, em primeiro lugar, registro que ontem, na sede do PDT
Nacional, aqui em Brasília, com a presença de todos os Deputados Federais e
Senadores, dos Presidentes Regionais, dos Líderes na Câmara dos Deputados e no
Senado Federal, junto com o Ministro Carlos Lupi, o PDT chegou à conclusão de
que, primeiro, S.Exa. deve e vai continuar no Ministério do Trabalho, porque está
desenvolvendo grandes feitos ali, como prova, por exemplo, o fato de nunca antes
ter havido tantos empregos formais, com carteira assinada, no País. Além disso, os
programas sociais estão sendo executados a contento. Portanto, o Ministro tem toda
a confiança da bancada do PDT no Congresso Nacional.
Em segundo lugar, informo a nossa decisão de que, a princípio, o Ministro
também continuará presidindo o PDT. É importante que, neste momento, S.Exa.
continue direcionando o partido. Se, a posteriori, entendermos que o acúmulo de
funções está sobrecarregando o seu trabalho no Ministério, voltaremos a discutir o
tema, mas não por causa das infundadas denúncias feitas por pessoas
despreparadas que querem enlamear o PDT e o Ministro Carlos Lupi.
O PDT jamais foi envolvido em qualquer tipo de corrupção. Portanto, não
aceita esse tipo de desconfiança. E as pessoas que querem tirar o Ministro de lá não
o estão criticando porque houve desvio de verba, mas porque acumula a
Presidência do partido e o Ministério.
Portanto, o Ministro tem total apoio da bancada do PDT.
Sr. Presidente, na segunda-feira a bancada capixaba esteve reunida na
Federação da Indústria do Espírito Santo — eu estava presente — com os
produtores de álcool, segmento que fatura mais de 2,5 bilhões, é responsável por
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milhares de empregos no nosso Estado e alavanca a sua economia, gerando e
pagando impostos.
A Medida Provisória nº 413, que em breve será por nós apreciada, precisa de
alguns ajustes para não prejudicar esse grande setor do nosso Estado, que tanta
receita e empregos produz.
Para que possamos estar cientes da importância da reforma tributária e do
quanto ela mexe com o Estado do Espírito Santo, saindo na frente, o Governador
Paulo Hartung convocou toda a bancada para, na segunda-feira, às 11h, no Palácio
Anchieta, discutir com a equipe técnica do Governo do Estado o que é bom e o que
é ruim para o Espírito Santo. Precisamos saber o que o Estado perde e o que
ganha, para termos consciência do que é a reforma tributária e votarmos com o
adequado conhecimento da matéria.
É importante unificar e diminuir os impostos e reduzir a burocracia, mas não
podemos aceitar prejuízo para um Estado em crescimento como o Espírito Santo,
que tem a perspectiva de, em 2010, tornar o Brasil auto-suficiente em gás — e, se já
é auto-suficiente em petróleo, em grande parte, é graças à contribuição capixaba.
Precisamos ter consciência e compensar o Espírito Santo pelas perdas que
pode sofrer. Para tratar desse tema, vamos fazer uma reunião técnica de trabalho,
na qual nos conscientizaremos do que vai acontecer nos próximos dias na Câmara
dos Deputados.
Faço, por fim, um apelo aos colegas no sentido de que nos unamos para dar
um jeito nas medidas provisórias. Estamos aqui, cada vez mais, querendo trabalhar,
mas, infelizmente, as malditas medidas provisórias trancam a pauta e, por isso,
acabamos não podendo fazer o que deveríamos.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
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O SR. LUIS CARLOS HEINZE (PP-RS. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, colegas Parlamentares, lamentamos a suspensão da sessão do
Congresso Nacional na qual votaríamos, nesta manhã, o Orçamento Geral da União.
A Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento
Rural, a Frente Parlamentar da Agricultura e a Frente Cooperativista vinham
trabalhando especificamente pela recomposição do orçamento relativo à política de
garantia de preços.
Isso é extremamente importante. Afinal, já estamos no mês de março, e a
colheita foi iniciada tanto na Região Sul, como no Centro-Oeste. Os produtores
precisam do dinheiro que já deveria estar disponibilizado pelo Orçamento da União.
Mais uma vez, porém, a votação da proposta orçamentária foi protelada.
Dessa forma, na próxima terça-feira, vamos fazer uma convocação dos
Deputados da bancada da agricultura e da Frente Parlamentar Cooperativista,
independentemente de coloração partidária, no sentido de defender os interesses
dos produtores rurais brasileiros.
É preciso de o Orçamento seja votado o mais breve possível, até porque o
Presidente ainda levará 30 dias para sancioná-lo. No ano passado, recebemos os
recursos nos meses de fevereiro e março, no início da colheita.
Deputado Celso Maldaner, no seu Estado, Santa Catarina, no meu Estado,
Rio Grande do Sul, no Mato Grosso, na Bahia, enfim, em todo o País, os produtores
estão aguardando os recursos oriundos da votação do Orçamento. Por isso, o
Deputado Valdir Colatto, Presidente da Frente Parlamentar da Agricultura, o
Deputado Zonta, Presidente da Frente Parlamentar Cooperativista, e o Deputado
Onyx Lorenzoni, Presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e
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Desenvolvimento Rural vão fazer uma convocação, para que todos os
Parlamentares, independentemente de partido, estejam presentes na terça-feira de
manhã, na Liderança do Governo, para fazermos justa e legítima pressão, a fim de
defendermos os milhares de produtores rurais que aguardam ansiosamente a
votação do Orçamento da União.
Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.
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O SR. MAURO BENEVIDES (Bloco/PMDB-CE. Pronuncia o seguinte
discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, telespectadores da TV Câmara,
no Cariri, com antecipação de um ano, tiveram início as festividades relativas ao
transcurso do centenário de nascimento do grande poeta popular Patativa do
Assaré, que tive o privilégio de conhecer em 1974, quando disputava pela primeira
vez um mandato senatorial e dele recebi estimulante apoio através de versos
recitados em comícios e outros eventos assemelhados.
Aliás, em todas as oportunidades em que me deslocava ao sul do Estado,
buscava localizá-lo a fim de ouvir aquelas produções plenas de sentimento e arte,
qualidades que o fizeram admirado até no exterior. De sensibilidade incomparável e
sempre evidenciada de forma criativa e singular, Patativa do Assaré marcou época
no Nordeste brasileiro.
O atual Reitor da Universidade Regional do Cariri, Plácido Cidade Nuvens,
assumiu a incumbência de patrocinar uma série de eventos alusivos à festa
centenária, como a reedição dos livros que, a exemplo do tradicional Cante lá que
eu canto cá, celebrizaram esse vate de notável inspiração, a ponto de torná-lo ídolo
de sucessivas gerações.
Enquadrando os estudos que estão sendo aprofundados no âmbito da URCA,
estabeleceu o magnífico Reitor, entre as diretrizes programáticas dos debates que
serão levados a efeito a partir de agora, o tema O porquê das comemorações de
seus 100 anos, motivando alunos, professores, intelectuais e entidades de caráter
cultural a se juntarem no objetivo de transformar o acontecimento em algo capaz de
projetar ainda mais a figura de Patativa do Assaré.
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Tendo convivido com o poeta durante longa fase de sua existência
nonagenária, Plácido Nuvens muito divulgou a sua obra, obtendo, inclusive, a
publicação do primeiro livro, em 1978, por intermédio da Editora Vozes, com enorme
repercussão nos variados recantos do País.
Aliás, os caririenses sabem reprisar, com absoluta precisão, os versos iniciais
do citado livro, assim concebidos:
“Poeta, cantô da rua,
Que na cidade nasceu,
Cante a cidade que é sua,
Que eu canto o sertão que é meu.”.
Registro, pois, a iniciativa da URCA e com ela me solidarizo, na expectativa
de que o Ministério da Cultura ofereça decidido apoio a cometimento de
extraordinário conteúdo literário, capaz de perenizar a memória de alguém que se
vinculou tão intrinsecamente à alma da população do polígono das secas.
Sr. Presidente, neste momento em que, às vésperas do seu centenário de
nascimento, homenageio Patativa do Assaré, desejo também registrar o transcurso,
neste sábado, do centenário do grande cearense João de Deus Girão. Líder político
no Município de Morada Nova, no Ceará, ali exercitou intensa atividade política,
representada por 4 mandatos de Vereadores e o exercício da Presidência do nosso
partido, o PMDB, na defesa de cujas teses permaneceu sempre com muito
empenho, decisão e extraordinária coerência.
Homenageio, portanto, também o grande cearense João de Deus Girão, que
liderou a política de Morada Nova por vários anos, com a maior dignidade, à frente
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do seu clã e, sobretudo, de aguerrido grupo de correligionários, que formaram o
antigo MDB e lutaram pela normalização política constitucional do País.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
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O SR. MARCELO TEIXEIRA (PR-CE. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, há 35 anos, o Ministro da Educação Jarbas Passarinho prestou um
serviço à cultura brasileira com a criação da Universidade de Fortaleza — UNIFOR,
onde me graduei engenheiro civil.
Aproveito a oportunidade para prestar uma homenagem à UNIFOR, por seu
aniversário, na pessoa de seu chanceler Airton Queiroz.
Sr. Presidente, quero também registrar os festejos do Pau da Bandeira, que
se iniciam em Missão Velha. A Festa de São José, padroeiro do município, foi
antecipada para o dia 9.
Solicito a V.Exa. que autorize a divulgação desse discurso no programa A Voz
do Brasil.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
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O SR. ZONTA (PP-SC. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs.
Deputados, quero cumprir uma missão que me cabe, que é a de homenagear as
mulheres pelo seu dia, por intermédio de todas as nossas colegas Deputadas e
também de minha esposa, Elvita, que tolera minha ausência.
Temos de comemorar o avanço, o desprendimento e a presença
indispensável das mulheres em nossas vidas.
Parabéns a todas as mulheres, em especial à minha esposa.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
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O SR. EUGÊNIO RABELO (PP-CE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, considero o grande acontecimento
administrativo da semana que passou o lançamento nacional, pelo Presidente Lula,
do Programa Territórios da Cidadania.
Destaco o auspicioso fato de ter esse programa destinado ao Estado do
Ceará recursos da ordem de R$632,1 milhões para investimentos, este ano, nos 3
territórios da cidadania que ali serão beneficiados: Itapipoca, Inhamuns Crateús e
Sertão Central.
Os recursos já estão definidos e orçados pelo Governo Federal e serão
aplicados em ações de apoio a atividades produtivas, de cidadania e
desenvolvimento social e em infra-estrutura, dando cobertura a regiões que mais
precisam e integrando ações dos Governos Federal, Estaduais e Municipais.
Defensor convicto de políticas de desenvolvimento local, só me resta aplaudir a
iniciativa, que atingirá 60 territórios em todo o Brasil nesta etapa do programa.
Feito o registro, passo a abordar outro assunto, Sr. Presidente.
Sras. e Srs. Deputados, na passagem do Dia Internacional da Mulher, são
referências obrigatórias em todas as manifestações de homenagem que se fazem
no País inteiro a firmeza e a tenacidade com que elas estão conquistando cada vez
maior espaço na sociedade e no mercado de trabalho.
No entanto, apesar de todos os avanços, as mulheres ainda sofrem, aqui e
ali, diversos tipos de discriminação, como salários mais baixos que os pagos aos
homens, violência doméstica, jornada excessiva de trabalho e discriminação no
desenvolvimento da carreira profissional.
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No Brasil, o marco histórico dos avanços femininos foi a conquista, em 1932,
do direito de votar e ser votada. A partir daí, foram muitos os progressos
conquistados pelas mulheres.
E, hoje, quando homenageamos a mulher mãe, a mulher esposa, a mulher
trabalhadora, não podemos esquecer aquela que, pela primeira vez na história do
Brasil, ocupa a Presidência do Supremo Tribunal Federal, bem como as mulheres
que estão à frente de tribunais regionais e estaduais, as magistradas da primeira
instância, as Governadoras, as Prefeitas, as Secretárias Municipais e Estaduais, as
Ministras de Estado e as dirigentes de importantes órgãos federais, estaduais e
municipais. Isso apenas para falar no setor público, pois, no mundo dos negócios,
surgem e se projetam executivas, consultoras e até dirigentes de grandes
corporações.
A todas elas e, muito especialmente, às Vereadoras, às Deputadas Estaduais
e Distritais e às eminentes Deputadas e Senadoras com as quais convivemos no
Congresso Nacional, às mulheres operárias, às que exercem toda e qualquer função
na cidade e no campo, às que cumprem tarefas técnicas e administrativas no setor
público, rendo minha homenagem pelo muito que estão fazendo para termos um
Brasil melhor e uma sociedade mais humana e feliz.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
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A SRA. LÍDICE DA MATA (Bloco/PSB-BA. Sem revisão da oradora.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ocupo a tribuna para saudar o 8 de março, Dia
Internacional da Mulher, data que simboliza os anos de luta das mulheres no sentido
de afirmar sua igualdade de gênero.
E, neste ano de 2008, a Câmara pode fazer muito, ao aprovar projetos que
integram a agenda de luta das mulheres por oportunidades iguais.
A principal pauta feminina para o ano de 2008, um ano eleitoral, é eleger um
maior número de Vereadoras e Prefeitas. Para tanto, a participação dos partidos,
dos dirigentes políticos, dos Deputados Federais e dos Prefeitos é fundamental na
construção de uma chapa em cada município brasileiro que incorpore os 30% de
mulheres, integrando esse nosso desejo de sairmos da sub-representação em que
estamos situadas no Brasil.
Com menos de 10% de representação na Câmara dos Deputados, clamamos
por maior participação na política. E, para alcançar esse objetivo, contamos com a
colaboração dos Srs. Parlamentares, mas, acima de tudo, convocamos as mulheres
brasileiras a se integrarem a essa batalha política para que a nossa representação
seja modificada, transformada pela base, e elegermos, em 2008, um grande número
de Prefeitas e de Vereadoras.
Muito obrigada, Sr. Presidente.
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O SR. MIRO TEIXEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. MIRO TEIXEIRA (Bloco/PDT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.)
- Sr. Presidente, deveríamos votar hoje o Projeto nº 1.990-B, que veio do Senado,
mas, ontem à noite, houve acordo para que a votação da matéria ficasse para a
próxima terça-feira.
Temos aqui uma realidade política — a de que o projeto não será votado hoje
— e uma exigência regimental, pois a sessão extraordinária necessariamente tem
Ordem do Dia. Assim, o projeto tem de figurar na pauta, porque se trata de sessão
deliberativa.
Posso encaminhar à Mesa, já de comum acordo com a Liderança do
Governo, requerimento para retirada do projeto da Ordem do Dia de hoje ou para
adiamento da votação.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Já há requerimento nesse sentido
sobre a mesa.
O SR. MIRO TEIXEIRA - Além disso, Sr. Presidente, alguns Deputados se
encontram envolvidos na discussão do Orçamento e estão intranqüilos porque não
sabem se devem ou não vir para o plenário.
Assim, se ninguém se opuser, sugiro que esta sessão seja convertida em
sessão de debates, uma vez que a discussão da matéria não ultrapassará o
momento do seu anúncio, como combinado por todos os Líderes na sessão de
ontem à noite. Dessa forma, oficializaremos a real situação ora vivida e haverá maior
tranqüilidade para trabalhar o Orçamento.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Agradeço a V.Exa. a sugestão,
mas só pode haver sessão extraordinária com projeto incluído na pauta.
O Presidente Arlindo Chinaglia e a Mesa quiseram demonstrar a importância
desse acordo, fazendo com que o projeto constasse em pauta, ainda que, por
votação simbólica, o Plenário decidisse não votá-lo na sessão de hoje. Como a
matéria tranca a pauta — trata-se de um projeto de lei com urgência constitucional
—, não se pode votar nenhuma outra proposta.
Assim que houver quorum, votaremos o requerimento e encerraremos a
sessão da manhã. A convocação de sessão extraordinária visa à votação de
matéria. Retirada a matéria da Ordem do Dia, não há mais sessão. Nós nos
reuniremos à tarde em uma sessão de debates, e será mantido o painel.
Peço aos Parlamentares que venham ao plenário porque, atingido o quorum
de 257 Srs. Deputados, votaremos o requerimento de retirada de pauta da matéria
e, imediatamente, encerraremos a sessão.
O SR. MIRO TEIXEIRA - Sr. Presidente, de quem é o requerimento que está
sobre a mesa?
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Os Líderes anunciaram que está
para chegar à mesa.
O SR. MIRO TEIXEIRA - Eu encaminharei um.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Agradeço a V.Exa., nobre
Deputado Miro Teixeira.
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O SR. JOÃO LEÃO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Tem V.Exa. A palavra.
O SR. JOÃO LEÃO (PP-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, amanhã, o Presidente Lula subirá o morro e
lançará o PAC nas favelas do Rio de Janeiro, tornando esse um dia histórico. Além
de ser Dia Internacional das Mulheres, o Presidente da República lançará o PAC nas
favelas do Rio de Janeiro. A cidade está de parabéns.
O Partido Progressista se sente honrado por seu Ministro Márcio Fortes, que
teve a idéia, fez os projetos e participará no Rio de Janeiro desse lançamento
excepcional. Vamos abrir as favelas do Rio de Janeiro e levar educação e
segurança para suas comunidades.
O Partido Progressista sente-se feliz pelo dia de amanhã e por lá estar o
Ministro Márcio Fortes, ao lado do Presidente Lula, lançando esse programa, que
será uma revolução na segurança do Rio de Janeiro.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao Sr.
Deputado Daniel Almeida.
O SR. DANIEL ALMEIDA (Bloco/PCdoB-BA.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs.
Deputados, o Dia Internacional da Mulher tem como referência e origem a luta das
mulheres da indústria têxtil. Como todos sabemos, no século XIX, mulheres foram
perseguidas, agredidas e violentadas quando lutavam por seus direitos. Tratava-se
de operárias do setor têxtil, minha categoria de origem. Sou trabalhador desse setor
e, por isso, meu orgulho é maior ao falar da luta dessas operárias, que, na trajetória
de resistência contra a discriminação e a exploração, têm esse marco constituindo a
referência do dia 8 de março.
Sr. Presidente, gostaria de lembrar de lutadoras históricas como Olga
Benário, que lutou pela liberdade e pela democracia na esperança de um Brasil livre
e democrático; Carlota Pereira de Queiroz, primeira mulher a ocupar espaço neste
Parlamento — só em 1932 foi possível termos a presença da mulher no Parlamento
brasileiro; Joana Angélica e Maria Quitéria, que na Bahia lutaram em defesa da
liberdade, em defesa da independência do Brasil e da Bahia.
Sr. Presidente, as mulheres ocupam grandes espaços na política pelo mundo
afora. No Chile e na Argentina a mulher está presente no posto central daquelas
nações, mas no Brasil temos que caminhar muito. Neste Parlamento, a presença
das mulheres ainda é muito pequena, elas representam apenas 8,9% do total de
Parlamentares. Mas na minha bancada, há algum tempo, a presença delas é
expressiva. Na Legislatura passada, éramos 12 Deputados, 5 dos quais mulheres.
Na atual, somos 13 Parlamentares, sendo 5 mulheres, na nossa bancada. Liderada
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agora pela Deputada Jô Moraes, torna-se prestigiada pelo papel político que S.Exa.
desempenha no exercício de suas atividades.
Quero lembrar também que o espaço das mulheres ainda é conquistado com
muita luta, muita briga, muito sacrifício. A discriminação está presente em todos os
setores: o salário é diminuto, a tripla jornada das mulheres existe, há muito
preconceito, exploração da mídia, exploração sexual. As nossas jovens vivem em
situação de abandono.
O sistema carcerário ainda não as trata com o devido respeito, como mostram
os casos recentemente denunciados Brasil afora.
Neste dia, mais do que nunca é necessário afirmarmos a luta das mulheres e
da sociedade brasileira para superar as discriminações e as desigualdades.
Homenageio todas as mulheres, que continuam batalhando para ter um espaço
justo, legítimo, adequado, e um tratamento igualitário na sociedade brasileira.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, também quero homenagear os
trabalhadores da construção civil da Bahia, que estão em greve há 15 dias. Faço um
apelo aos patrões no sentido de que, na sessão do Tribunal Regional do Trabalho
que será realizada logo mais, ao meio-dia, busquem o entendimento, reconheçam e
valorizem o trabalho dos operários da construção civil de Salvador e da nossa
querida Região Metropolitana.
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O SR. ANDRÉ DE PAULA (DEM-PE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, inauguramos a segunda Sessão Legislativa
desta Legislatura, voltados para o importante significado que ela deve traduzir para o
Congresso Nacional, em especial, para a Nação brasileira.
O ano de 2008 assinala uma data histórica para democracia brasileira: nele
se comemora os 20 anos da promulgação da Constituição de 1988. A Constituição
cidadã, assim imortalizada nas palavras do saudoso Deputado Ulysses Guimarães,
resultado do processo constituinte de 1987, materializa um dos fatos mais
marcantes da história política recente do Brasil.
Em alusão à data, sabemos, inclusive, que a Câmara dos Deputados
inaugura intenso período de comemorações, promovendo durante todo o ano
programação que propõe reproduzir, após 2 décadas, o significado e a importância
da Constituição democrática de 1988.
Pernambuco, que reverencia ao lado de todos os Estados brasileiros a
importância da comemoração, tem, no entanto, motivação particular para lembrar a
data e saudá-la.
Há exatos 20 anos, por força de dispositivo constitucional, nosso Estado
recuperou uma porção histórica de suas terras: reanexou o Arquipélago de
Fernando de Noronha ao seu espaço territorial.
Sr. Presidente, não é preciso descer a detalhes para concluir o que
representa, para Pernambuco, ter sob os seus domínios territoriais o conjunto de 21
ilhas e ilhotas que perfazem o Arquipélago de Fernando de Noronha, considerado
pela UNESCO, em 2001, como Patrimônio Mundial Natural.
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É, de fato, Sras. e Srs. Deputados, um patrimônio inestimável, e, de forma
responsável, Pernambuco vem se incumbindo da tarefa de preservá-lo.
A idéia de reanexar Fernando de Noronha nasceu em março de 1987, em
meio aos intensos debates travados na Assembléia Constituinte.
Emenda do Deputado pernambucano José Moura deu vez e voz aos
propósitos de Pernambuco de ver reincorporado o então território federal.
Quem participou dos trabalhos da Constituinte, testemunhou o enorme
esforço e a árdua luta encampada por José Moura para assegurar a reincorporação
da ilha ao seu Estado mãe.
Foram fundamentais também o apoio incondicional da bancada
pernambucana e a disposição do Governo do Estado, à época comandado por
Miguel Arraes.
Sr. Presidente, durante os trabalhos da Assembléia Constituinte, a idéia de
transformar todos os territórios federais em Estados prosperava de maneira
unânime, quase sem resistência. A única exceção ficava por conta de Fernando de
Noronha, que permaneceria com a União. Graças à iniciativa do Deputado José
Moura e à união das forças políticas de Pernambuco, porém, a idéia não avançou.
José Moura faz questão de lembrar que, entre os episódios marcantes da
campanha pernambucana em defesa da reanexação, tem destaque o memorável
discurso pronunciado pela então Deputada Cristina Tavares, na ocasião combalida
pela luta contra o câncer que posteriormente veio a lhe tirar a vida.
As palavras pronunciadas, desta tribuna, pela Deputada Cristina Tavares, fiéis
ao estilo combativo e corajoso que esta Casa conheceu e admirou, garantiram que,
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no segundo turno, o Plenário reafirmasse a tese pernambucana pela reanexação,
acolhendo a emenda no texto constitucional.
A luta encampada por Pernambuco era muita justa. Havia razões de sobra
para essa reivindicação. De um lado, uma dívida histórica remanescia. Em represália
aos movimentos revolucionários de 1817, a Revolução Pernambucana e a
Confederação do Equador de 1824, Pernambuco foi reduzido de 266.012 para
98.281 quilômetros quadrados, perdendo terras para Bahia e outros Estados. Seria,
então, uma oportunidade única para reparação.
De outro lado, falava mais alto o forte laço de Noronha com o nosso Estado. A
ilha, a rigor, sempre nos pertenceu. Data de 1700 a carta régia que tornou Noronha
uma dependência da então próspera Capitania de Pernambuco. Assim permaneceu
até 1877, quando sua administração foi transferida para o Ministério da Justiça. Com
a Proclamação da República, convidado para Ministro da Justiça, o Barão de
Lucena, que deixaria o Governo de Pernambuco para assumir o Ministério, exigiu
como condição para aceitar o cargo: o retorno de Fernando de Noronha aos
domínios de Pernambuco, o que ocorreu em 1891.
Em 1938, em plena ditadura Vargas, a ilha voltou aos domínios federais
transformada, primeiro, em presídio político e colônia correcional e, em seguida,
durante a 2ª Guerra Mundial, Território Federal Militar. A separação formal, porém,
nesses 2 momentos da história não abalou os sólidos vínculos de
pernambucanidade sempre presentes na ilha — sentimento, inclusive, que se traduz
no estado de espírito percebido claramente no noronhense. Mas, enfim, a
reanexação veio com a nova Constituição.
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Sr. Presidente, a reincorporarão Noronha para nós, pernambucanos, não
representava só uma questão de direito, era, sobretudo — e aqui lanço mão das
palavras do poeta João Cabral de Melo Neto — “nos mapas que o mutilaram” fazer
justiça ao espírito de luta de um povo que, tendo sido republicano antes mesmo que
o Brasil, pagou caro por seu idealismo e por sua índole libertária.
Felizmente, esse idealismo, que não se esmorece, ao contrário, se acentua a
cada geração de novos pernambucanos, encontrou, na inteligência privilegiada e na
competente ação parlamentar de José Moura, a força que nos permite celebrar hoje
os 20 anos de reanexação do santuário ecológico de Fernando de Noronha.
Parabéns a todos os pernambucanos, noronhenses ou não, pelo transcurso
desta importante data.
Era o que tinha a dizer.
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O SR. CLEBER VERDE (Bloco/PRB-MA. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Sras. e Sras. Deputados, registro a realização do I Encontro Estadual do
Partido Republicano Brasileiro, amanhã, em São Luís, a partir das 14h, no Rio Poty
Hotel, no qual estarão reunidos 10 Prefeitos e 168 diretórios, cada um com a sua
executiva, debatendo o tema Os Republicanos e o Municipalismo.
Na oportunidade, vamos apresentar a proposta do Partido Republicano para o
desenvolvimento dos municípios maranhenses de forma muito especial.
Entendemos que esse encontro partidário terá um significado importante para o
Maranhão, tendo em vista que vai tratar de um assunto de suma importância para os
municípios daquele Estado. Vale mencionar que contaremos com a presença de
autoridades do nosso partido, em âmbito nacional, como o Presidente Nacional do
partido, Vítor Paulo, que certamente vai honrar o encontro, os Deputados Federais,
a bancada de Senadores, enfim, toda a cúpula do partido.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, registro que, no dia 8 de março,
comemora-se o Dia Internacional das Mulheres. Parabenizo todas as mulheres, em
nome da Ministra do Tribunal Superior do Trabalho, Kátia Arruda, a primeira
nordestina a tomar posse, no dia 27, no cargo de Ministra do Tribunal Superior do
Trabalho. Portanto, em nome da Ministra Kátia Arruda, cumprimento todas as
mulheres que têm trabalhado em favor do crescimento do País, colocando a mulher
no patamar que realmente merece, com dignidade e respeito.
Muito obrigado.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Como há muitos Parlamentares
inscritos, serei rígido com o tempo e só autorizarei mais 1 minutos antes de desligar
o microfone. O tempo também será reduzido de 5 para 3 minutos.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao nobre
Deputado Gonzaga Patriota.
O SR. GONZAGA PATRIOTA (Bloco/PSB-PE. Pronuncia o seguinte
discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, nessa semana, aconteceu no
Município de Belém do São Francisco, no Estado de Pernambuco, um manifesto de
moradores do Ibó que interditaram a ponte sobre o Rio São Francisco, com uma
série de reivindicações.
Na realidade, Sr. Presidente, esse povo é vítima de 40 anos de isolamento,
em função do desvio da BR-116 por Petrolina. Agora, há centenas de
desempregados com o suposto progresso da construção da ponte e a conseqüente
suspensão das balsas de transporte fluvial.
Dessa forma, o mínimo que se pode ser feito é que o Departamento Nacional
de Infra-Estrutura Terrestre — DNIT atenda às reivindicações da comunidade do Ibó,
cujas principais são: seguimento da passarela de pedestre ao longo do trecho
urbano; alargamento do acostamento da BR até o Km 2; construção de rótulas e
avenidas paralelas; obras de escoamento das águas das ruas próximas à rodovia;
retirada de macambira e substituição por placas de cimento ao longo do trecho
urbano; construção de lombadas, escadarias de acesso e cruzamento da rodovia
com atenção também para portadores de necessidades especiais; desapropriação
com indenização dos proprietários de residências e pontos comerciais próximos à
rodovia; alongamento da passagem subterrânea e construção de passarela para
pedestre; reparo das rochas duras nas casas provenientes da obra; iluminação da
rodovia ao longo do trecho urbano; devolução do Mercado do Produtor (canteiro de
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obras) em perfeito estado de conservação; e construção e melhoramento do canal
do Riacho do Ibó, soterrado pela construção do aterro.
Como é prontamente percebido, Sr. Presidente, todas as reivindicações são
justas e devem receber por parte do DNIT as melhores acolhidas.
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O SR. DÉCIO LIMA (PT-SC. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente,
Sras. e Srs. Deputados, pela primeira vez na história do País, vivemos um período
de crescimento econômico. Isso, nobres colegas, tem um impacto positivo sobre a
arrecadação, o que favorece à tramitação da reforma tributária, permitindo à União,
finalmente, reduzir a carga tributária e ressarcir eventuais prejuízos dos entes
federados sem que as contas públicas venham a se desequilibrar.
Precisamos criar condições para fortalecer os avanços, acelerando ainda
mais o crescimento econômico e o abrandamento das desigualdades sociais e
regionais. Logo, Sr. Presidente, a exigência de uma revisão geral no complexo
sistema tributário brasileiro é iminente.
A reforma tributária suprimirá os empecilhos para uma produção mais
eficiente e menos árdua, reduzirá a carga fiscal que incide sobre produtores e
consumidores, incitará a formalização e admitirá o progresso mais equilibrado de
Estados e municípios.
O problema da base tributária do País é peculiarmente proeminente no que
diz respeito aos tributos indiretos sobre bens e serviços. A norma atual envolve altos
custos burocráticos para as empresas averiguarem e pagarem seus impostos, além
de um enorme contencioso com os fiscos.
Não é por acaso, Sr. Presidente, que o Banco Mundial expôs um trabalho que
revela o Brasil como recordista mundial em tempo gasto pelas empresas para o
cumprimento das obrigações tributárias.
O favorecimento às importações; a organização ineficiente da estrutura
produtiva e o aumento do custo dos investimentos e das exportações são distorções
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na economia resultantes das incidências cumulativas que alcança hoje quase 2% do
PIB.
Como uma empresa leva 48 meses para compensar o ICMS pago na compra
de uma máquina e 24 meses para compensar o PIS/COFINS, o custo deste
investimentos é altamente elevado, devido ao longo prazo de recuperação dos
créditos dos impostos pagos sobre bens e serviços.
Temos ainda o problema do ICMS, que é de competência estadual e
apresenta 27 diferentes legislações, com uma enorme variedade de alíquotas e
critérios de apuração. O problema mais grave, no entanto, é a guerra fiscal, através
da qual um Estado reduz o ICMS para atrair investimentos para seu território, o que
passou a gerar uma série de distorções altamente prejudiciais ao crescimento do
País.
E para finalizarmos, temos a tributação excessiva da folha de salários, o que
resulta não apenas da contribuição previdenciária e do FGTS, como também do
financiamento de programas que não têm qualquer relação com o salário dos
trabalhadores, como as ações do Sistema S e a Educação Básica, que é financiada
pela contribuição para o salário educação; isso tudo traz uma série de impactos
negativos para a economia brasileira, piorando as condições de competitividade das
empresas nacionais e estimulando a informalidade que resulta em uma baixa
cobertura da Previdência Social.
Sras. e Srs. Deputados, se conseguirmos simplificar o sistema, tanto no
âmbito federal quanto do ICMS, acabando com a guerra fiscal, unificando as 27
legislações estaduais, trazendo assim impactos positivos para o investimento e
eficiência da economia, implementar medidas de desoneração tributária; corrigir as
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distorções dos tributos sobre bens e serviços que prejudicam o investimento, a
competitividade das empresas nacionais e o crescimento, estaremos provocando
mudanças essenciais ao desenvolvimento do País.
Com essa proposta, beneficiam-se as empresas, os trabalhadores, os
Estados e os municípios, fazendo com que o Brasil tenha um modelo federativo
justo, equilibrado e eficaz. E a União, mesmo assumindo o custo da reforma, ao final
da transição, estará com uma situação fiscal mais sólida que anteriormente.
Era o que tinha a dizer.
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O SR. ROBERTO BRITTO (PP-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero ocupar esta tribuna para prestar minha
homenagem às mulheres pelo dia 8 de março, o Dia Internacional da Mulher. Um dia
marcado por conquistas e lutas, travadas por guerreiras do mundo inteiro, pela
igualdade, pela dignidade e o respeito.
Já podemos constatar, hoje, os avanços no sentido de garantir cada vez mais
direitos às mulheres no mundo. Porém, as desigualdades entre os sexos continuam
e ainda estão longe de acabar.
Por tudo isso, destaco a atuação da bancada feminina desta Casa, que com
muita garra trabalhou pela aprovação da Lei Maria da Penha, um verdadeiro marco
na defesa dos direitos das mulheres.
Coloco-me, aqui, à disposição dessa bancada, como aliado nessa luta por
melhorias para a vida das mulheres brasileiras e a construção de uma sociedade
mais justa e igualitária, o que pressupõe enfrentar um problema grave que,
infelizmente, há muito permeia a sociedade brasileira: a violência contra a mulher.
Parabenizo a ação da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, na
figura da Ministra Nilcéa Freire, que numa ação conjunta com 17 Ministérios e
Secretarias Especiais, no período de 2005 a 2007, implantou a Política Nacional de
Combate à Violência contra as Mulheres. Tal ação permitiu a ampliação, em todo o
País, do número de Delegacias Especializadas no Atendimento à Mulher em
Situação de Violência, Casas Abrigos, Centros de Referência, Defensorias Públicas
da Mulher, além da criação de Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a
Mulher.
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Ressalto ainda o lançamento do Segundo Plano Nacional de Políticas para as
Mulheres, ontem, no Palácio do Planalto, que tem como um dos principais objetivos
a participação política das mulheres nos espaços de poder e de decisão e a
promoção da cultura, comunicação e mídias não discriminatórias.
Essas ações só mostram que a busca por dias melhores não tem sido em
vão. Mulheres de luta, guerreiras, como as do meu Município, Jequié, no Estado da
Bahia, estão de parabéns por todos os dias em que estão presentes em nossas
vidas.
A todas, desejo feliz Dia Internacional da Mulher.
Muito obrigado.
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O SR. VALDIR COLATTO (Bloco/PMDB-SC. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, solicito a V.Exa. seja publicado nos Anais da Casa o Ofício nº 45, de 28
de fevereiro de 2008, do Presidente de Partido, Deputado Michel Temer,
encaminhado ao Advogado-Geral da União Dr. José Antônio Dias Toffoli, pedindo a
regularização fundiária dos quilombos do Brasil.
O Presidente Michel Temer solicita ao Ministro que crie nova regulamentação
destinada aos assentamentos dos quilombos no Brasil, que passam por grandes
conflitos e trazem transtornos a todos.
O Sr. Ministro confirmou que está procedendo à revisão do processo,
cessando todas as ações em andamento até que a nova regulamentação seja
emitida pelo Governo, o que deverá acontecer nos próximos 60 dias.
Sr. Presidente, com essa manifestação, espero trazer tranqüilidade ao povo
brasileiro.
OFÍCIO A QUE SE REFERE O ORADOR
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(INSERIR DOCUMENTO DETAQ DE PÁGINAS 57 A 57-C)
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Com a palavra, pela ordem, a
nobre Deputada Sandra Rosado.
A SRA. SANDRA ROSADO (Bloco/PSB-RN. Pela ordem. Sem revisão da
oradora.) - Sr. Presidente, depois de amanhã, dia 8, vamos comemorar o Dia
Internacional da Mulher. Como hoje é a nossa última sessão da semana, vamos
assim dizer, quero aproveitar para parabenizar a bancada feminina da Casa e, por
intermédio dessas valorosas Deputadas, abraçar todas as mulheres do Brasil.
As mulheres brasileiras vêm lutando com sacrifício para vencer obstáculos.
São mulheres negras, índias, brancas, trabalhadoras, desempregadas, que vivem na
área rural ou na área urbana. Elas precisam de maior respeito e dedicação por parte
desta Casa, para que realmente sejam atendidas as nossas reivindicações.
A Lei Maria da Penha foi um avanço, mas precisamos ainda de muito mais.
Precisamos que esta Casa tenha maior número de mulheres. Precisamos que as
mulheres ocupem espaço junto à Mesa desta Casa. Precisamos que as mulheres
realmente ocupem espaço de poder conquistado nas urnas, democraticamente, para
que possamos fazer valer nosso direito não somente de reivindicação, como de
conquista.
Muito obrigada, e um abraço a todas as mulheres do Brasil.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Com a palavra o nobre Deputado
Paulo Rubem Santiago.
O SR. PAULO RUBEM SANTIAGO (Bloco/PDT-PE. Sem revisão do orador.)
- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, de maneira muito breve, tratarei de um
assunto fundamental, objeto de proposta de emenda constitucional enviada a esta
Casa pelo Presidente Lula: a reforma tributária.
Dedico-me a esse tema há quase 20 anos, desde o exercício do meu primeiro
mandato como Vereador, em Recife. Depois exerci 2 mandatos de Deputado
Estadual, e agora estou no segundo mandato de Deputado Federal.
Imagina-se que, com a reforma tributária, de maneira simples, haverá a
transformação da natureza dos impostos e das contribuições incidentes no Brasil.
Por meio da transformação na alíquota, cada imposto incide sobre os respectivos
fatos geradores no comércio, na prestação de serviço, na indústria e nas demais
atividades econômicas. Imagina-se também que, com a reforma tributária, teremos a
construção da justiça fiscal, por meio da qual aqueles que têm mais renda,
patrimônio e ativos serão onerados de maneira progressiva, diferentemente dos que
têm menor renda familiar, dos que não têm patrimônio, dos que praticamente
trabalham para assegurar a sua sobrevivência e a da sua família.
Vivemos um paradoxo. O principal imposto da estrutura de arrecadação
tributária brasileira, o ICMS dos Estados, é indireto, não é pago pelo empresário do
comércio, pelo prestador de serviços, pelo atacadista, mas sim pelo consumidor
final, que se submete às mesmas alíquotas cobradas do grande empresário e da
grande empresa, quando, por exemplo, ambos vão ao balcão de uma loja comprar
uma geladeira, um ar-condicionado, um ventilador.
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A reforma tributária que está sendo anunciada não responde a nenhuma
dessas questões essenciais para a construção da justiça fiscal no Brasil. Não
estamos rediscutindo impostos e contribuições, mas sim retirando contribuições que
hoje, constitucionalmente, devem ir de forma explícita para o financiamento da
Seguridade Social. E vamos incorporá-las ao Imposto sobre Valor Agregado federal,
cuja destinação arrecadatória será o Tesouro Nacional.
Pasmem, Sras. e Srs. Deputados! Esse tem sido um dos graves problemas
do financiamento da Seguridade Social. As receitas oriundas até ontem da CPMF,
da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido e do PIS/COFINS não eram
administradas diretamente na própria conta da Seguridade Social e sim pelo
Tesouro. Daí o desvio de recursos da Seguridade para a formação do superávit
primário, como muito bem explicitou a Profa. Denise Gentil, do Instituto de Economia
da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ela estudou a questão, denunciou-a e
publicou-a em sua tese de doutorado.
E mais: uma proposta autêntica e justa de reforma tributária não mexe apenas
nos impostos e contribuições, nas alíquotas e na divisão fiscal entre os entes da
Federação. Uma verdadeira proposta de reforma tributária vem acompanhada de um
sistema eficaz de proteção do tributo contra a sonegação, a esperteza fiscal dos
mais ricos e, acima de tudo, o crime organizado na área tributária.
Também não vejo na proposta de emenda constitucional nenhuma
preocupação com a proteção do tributo. Vamos discutir a matéria, porque é
estratégica, mas não se pode trocar 6 por meia dúzia.
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O SR. SILAS CÂMARA (Bloco/PSC-AM. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, já que se aproxima o Dia Internacional da Mulher, quero registrar meu
reconhecimento e minhas congratulações. Quero deixar meu abraço a todas as
mulheres guerreiras do Estado do Amazonas, particularmente a todas as
manauaras, aquelas que nasceram na cidade de Manaus.
Ao fazer isso, registro minha homenagem à minha mãe, D. Terezinha Duarte
Câmara, que tem 75 anos de idade. Embora com pouca cultura, minha mãe tem sido
um esteio para a nossa família, um exemplo de vida, que ensina como viver com
dignidade, honra e trabalho não apenas aos seus filhos, mas a todos que em torno
de si vivem.
Quero deixar meus cumprimentos também às Deputadas Federais presentes
nesta Casa e às demais Deputadas do Brasil.
Uma nação só é justa quando todos são reconhecidos de forma igual,
principalmente as mulheres brasileiras, que têm muito a colaborar com a nossa
Nação.
Muito obrigado.
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O SR. PINTO ITAMARATY (PSDB-MA. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, no mês em que se comemora o Dia
Internacional da Mulher, quero fazer uma homenagem antecipada e merecida à
Exma. Sra. Kátia Magalhães Arruda, ex-Presidenta do Tribunal Regional do
Trabalho no Maranhão. O Senado Federal aprovou a indicação dessa magistrada
para compor o Tribunal Superior do Trabalho (TST), no cargo de Ministra togada, na
vaga decorrente de aposentadoria do Ministro Gelson de Azevedo. Aproveito para
homenagear todas as mulheres brasileiras pelo seu dia.
A indicação recebeu parecer favorável da Comissão de Constituição e Justiça
e de Cidadania (CCJC), que aprovou por unanimidade o voto do Relator, Senador
Tasso Jereissati (PSDB/CE). A Juíza Kátia Magalhães Arruda será a primeira mulher
nordestina a ocupar o cargo de Ministra do Tribunal Superior do Trabalho.
Um excelente trabalho foi desenvolvido pela Sra. Kátia Magalhães Arruda à
época em que presidiu o Tribunal Regional do Trabalho (TRT/MA). A magistrada é
defensora da celeridade no acesso à Justiça, da melhoria na qualidade dos serviços
prestados ao cidadão e da responsabilidade social. Desejo-lhe sucesso e acredito
na sua nomeação pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Que outras mulheres a
tenham como exemplo de vitória.
Aproveito também a oportunidade para destacar a realização, em São Luís,
do Seminário Internacional para Revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio
Itapecuru. O objetivo dos trabalhos é debater e analisar propostas de revitalização
da Bacia do Itapecuru. O rio tem aproximadamente 1.500 quilômetros de extensão,
corta mais de 52 cidades maranhenses e é responsável por 75% do abastecimento
de água na Capital maranhense.
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O Rio Itapecuru encontra-se bastante assoreado e com as coberturas
vegetais ciliares degradadas em quase todo o seu percurso. A forma como vem
sendo praticada a agricultura naquele e nos demais municípios maranhenses, sem
qualquer preocupação com a destruição dos recursos naturais, tem contribuído para
esse processo de devastação.
A iniciativa de discutir a situação desse importante rio maranhense partiu do
Governo do Estado, em parceria com a Agência Brasileira de Cooperação (ABC),
vinculada ao Ministério das Relações Exteriores, e também com a participação das
Universidades Federal e Estadual do Maranhão e de organizações
não-governamentais e agentes de movimentos sociais. A atividade reunirá
representantes de organizações nacional e internacional.
A ação é fundamental para reverter a crítica situação em que se encontra o
Rio Itapecuru. De acordo com os estudos, caso não haja imediata interferência para
recuperação da Bacia do Itapecuru, dentro de 5 anos São Luís sofrerá um colapso
no abastecimento de água.
As medidas de preservação do Itapecuru apresentadas pelo Governo do
Estado não priorizam individualmente vertentes ligadas ao meio ambiente, à saúde,
à área social, à educação, mas estão concebidas de forma a se completarem.
O Seminário Internacional para Revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio
Itapecuru é um importante projeto para beneficiar as comunidades.
Para se ter uma idéia, a bacia é formada por 36 municípios, todos
posicionados abaixo das 20 cidades de maior Índice de Desenvolvimento Humano.
A população estimada é de 944.716 habitantes (IBGE 2005). Ocupa a segunda
maior área territorial, com 54.300 quilômetros, com predomínio do Bioma Cerrado,
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que possui apenas 29% da vegetação nativa remanescente, 500 mil hectares de
áreas sem vegetação, 900 quilômetros de cursos d'água desprotegidos e 40% do
território suscetíveis à erosão.
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O SR. PROFESSOR SETIMO (Bloco/PMDB-MA. Pronuncia o seguinte
discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, após a eleição do novo
Presidente da Comissão de Educação, Deputado João Matos, do PMDB de Santa
Catarina, peço atenção especial para a Conferência Nacional de Educação Básica, a
ser realizada no próximo mês.
Ressalto a necessidade de iniciarmos os debates sobre a reforma
universitária. Nessa Conferência, marcada para os dias 14, 15, 16, 17 e 18 de
março, em Brasília, serão instituídos os parâmetros para a construção de um
sistema de ensino integrado, de modo a envolver municípios, Estados e União.
É natural que se pense na reestrutura do ensino superior também, quando se
quer definir novos alicerces para a educação básica. A Comissão de Educação e
Cultura tem papel fundamental na mediação dos debates nesse encontro,
oportunidade em que serão debatidos temas como: o incentivo às parcerias entre os
sistemas de ensino público e privado e movimentos sociais organizados, tendo como
um dos instrumentos o financiamento da educação; a ampliação do acesso às
instituições de ensino, assim como garantias de permanência de crianças, jovens e
adultos; a democratização da gestão e da qualidade social da educação; a inclusão
e a diversidade na educação básica: a formação e valorização profissional. Todos
esses temas servirão de alicerce para a construção do Sistema Nacional Articulado
de Educação, que possibilitará a inclusão social através da educação e estimulará a
valorização da cultura brasileira.
Muito obrigado.
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O SR. SIMÃO SESSIM (PP-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, amanhã, sexta-feira, 7 de março de 2008, será
um dia muito importante para a história política do Estado do Rio de Janeiro. O
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, desembarcará no território
fluminense com a missão de, ao lado do Governador Sérgio Cabral, dar início às
obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) nas favelas cariocas do
Complexo do Alemão, de Manguinhos e da Rocinha.
Com isso, o Rio de Janeiro assume a vanguarda nas obras desse importante
projeto do Governo Federal, que vão transformar o Estado fluminense num enorme
canteiro de esperança de cidadania e dignidade para milhões de pessoas, cujas
famílias ainda sobrevivem de maneira precária e, por isso mesmo, marginalizadas.
Até porque, durante décadas e décadas, os municípios do entorno da Capital,
principalmente a minha querida Baixada Fluminense, foram relegados à simples
posição de cidades-dormitórios, com pouco ou quase nenhum investimento.
Não podemos esquecer que o crescimento desordenado das cidades fez com
que muitas regiões, por este País afora, ainda hoje possuam índices de distribuição
de água abaixo de 50% nas casas e também na área de coleta de esgoto — em
torno desses mesmos números —, como bem lembrou recentemente o Ministro das
Cidades, Márcio Fortes. Para S.Exa. — e nós concordamos plenamente com ele —,
é inadmissível que em pleno século XXI ainda encontremos situações como as que
vivenciamos nos dias de hoje na maioria esmagadora das cidades brasileiras.
Finalmente agora, com o PAC, projeto que deverá consumir em todo o País
cerca de R$ 503 bilhões até 2010, a população começa a receber obras de suma
importância para a melhoria de sua qualidade de vida. Os benefícios começam com
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programas sociais, passando pela construção de casas, escolas convencionais e
profissionalizantes, creches, unidades de saúde, áreas de lazer, abastecimento de
água potável, redes de tratamento de esgoto, drenagem e pavimentação de ruas,
entre outros.
A área de infra-estrutura social e urbana, como habitação e saneamento, é a
mais importante de todo o projeto idealizado pelo Governo do Presidente Lula, para
o qual devem ser investidos em torno de R$ 170 bilhões até 2010, pelo seu potencial
de geração de empregos, distribuição de renda e riqueza, impacto positivo na
melhoria da qualidade de vida da população de menor renda.
Para termos um pequeno exemplo da importância do projeto do Governo
Federal, inclusive como grande gerador de renda a partir de agora, somente na
Capital fluminense mais de 16 mil trabalhadores já haviam feito inscrições para
disputar uma das 4.600 vagas que estão sendo abertas nas obras do PAC, nas
favelas do Complexo do Alemão, de Manguinhos e da Rocinha.
Mas esses benefícios não serão privilégio apenas da Capital fluminense, já que
o PAC também deverá gerar outros 20 mil empregos diretos em cidades da Região
Metropolitana, a exemplo da Baixada Fluminense, que tenho o orgulho de
representar nesta Casa do povo.
É verdade o que Presidente Lula afirma: que o seu Governo está
desenvolvendo, certamente, a política mais ousada para investimentos em
saneamento básico do País. O Governo Federal também passa a estabelecer uma
relação que podemos chamar de cidadã com os Prefeitos brasileiros, facilitando,
com isso, a vida dos Chefes do Executivo Municipal. Assim, as cidades começam a
ganhar mais importância no cenário político brasileiro.
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Como bem frisou o Vice-Governador e Secretário Estadual de Obras, nosso
prezado amigo Luiz Fernando Pezão, o Rio de Janeiro caminha, agora, para se
tornar referência nacional em urbanização de favelas. Os projetos são de longo
prazo e vão garantir sensível avanço em setores importantes da sociedade
brasileira, como habitação popular e saúde, por exemplo.
Sr. Presidente, o Programa de Aceleração do Crescimento, na área de
infra-estrutura, não visa somente atender às necessidades de crescimento da
economia, como bem salientou a Ministra Chefe da Casa Civil da Presidência da
República, Dilma Rousseff. Visa também atender às demandas da população menos
beneficiada, por meio de parcerias entre os Governos Federal, Estadual e Municipal,
de forma a assegurar que a maioria do povo brasileiro tenha acesso às condições
mínimas que lhes garantam melhor qualidade de vida.
Era o que tinha a dizer.
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O SR. BARBOSA NETO (Bloco/PDT-PR. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, parabenizo a Polícia Civil do meus Estado e a
Polícia Federal, que nas últimas semanas apreenderam diversos carregamentos —
mais de 4 toneladas — de entorpecentes provenientes do Paraguai, nas estradas do
Paraná.
Muito me agradam a política e o programa de combate às drogas
desenvolvidos no País nos últimos anos. Em 2007 houve inúmeras notícias de
apreensão de grandes carregamentos de entorpecentes em São Paulo, Brasília,
Paraná, Santa Catarina, além de diversas operações da polícia no combate à
produção de drogas no Brasil, com várias incursões e prisões realizadas na região
do “círculo da maconha”, em Pernambuco. Tudo isso foi coroado com a captura do
megatraficante internacional Juan Carlos Abadia, que há anos se escondia no Brasil.
No ano passado ele foi capturado e encarcerado pela nossa polícia.
Não restam dúvidas de que as drogas foram um dos grandes males do século
passado, e há o grande risco de o problema continuar neste século que se inicia.
Por isso, precisamos bater de frente com a questão e combater esse mal com todas
as nossas forças.
Apesar das apreensões, as prisões ainda são poucas — raramente os
mandatários são capturados — e as penas não são suficientemente rígidas. Por
exemplo: no último mês, em Itaipulândia, no Paraná, foram apreendidas 3 toneladas
de maconha, e ninguém foi preso. Temos de atingir diretamente os cabeças das
organizações, como foi feito no caso de Abadia, e aplicar penas mais severas em
relação ao tráfico de drogas. Precisamos acabar de vez com as brechas
encontradas na legislação. Elas permitem que os traficantes, os grandes arquitetos
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que estão por trás desses crimes, se safem de penas mais rígidas. Devemos
reforçar nossas fronteiras, especialmente aquelas de maior risco, como as do Norte,
dos nossos portos e, especialmente, da região fronteiriça com o Paraguai, como Foz
do Iguaçu, no Paraná.
Foz é um município importantíssimo! Porém, tem registrado índices de
violência cada vez mais altos. Em recente pesquisa, a cidade foi enquadrada como
uma das 10 mais perigosas do País. Isso é reflexo direto do elevado fluxo de drogas.
Sabemos que o tráfico de drogas é uma das mães da violência e da
corrupção. O negócio é extremamente lucrativo — por isso, é sedutor. O mercado
consumidor é enorme. Na maioria das vezes, a pessoa não consegue controlar o
vício e sempre está à procura do produto. Este é relativamente fácil de ser
comercializado, produzido e até mesmo transportado.
Parabenizo as nossas polícias pelo belo trabalho que têm executado. Reitero,
entretanto, que o combate não deve vir só delas. Precisamos intensificar as
campanhas educacionais de combate aos entorpecentes, assim como os programas
de reabilitação. Esse mercado afasta-se cada vez mais das favelas e das
comunidades pobres, envolvendo jovens de classe média no tráfico e consumo. A
polícia tem combatido o problema com exemplaridade. Porém, o primeiro passo para
evitar ações mais drásticas de nossas forças de segurança deve ser dado em casa e
pelas políticas públicas do Governo Federal.
Tenho certeza de que estamos caminhando nessa direção. O Brasil é um país
de proporções continentais. Conseqüentemente, essas ações demoram algum
tempo para se firmarem. Entretanto, sei que essa é a aspiração de todos os
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brasileiros, e ela entra em consonância com os desejos e ações do Governo
Federal. Com calma e dedicação venceremos essa batalha.
Antes de encerrar, Sr. Presidente, informo que há pouco fui recebido pelo
Ministro das Telecomunicações, Senador Hélio Costa, em seu gabinete. Estou
tentando levar os telecentros a alguns distritos da zona rural do meu Estado.
Muito obrigado.
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O SR. ADEMIR CAMILO (Bloco/PDT-MG. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, acompanhei o Deputado Barbosa Neto em
audiência no gabinete do Ministro Hélio Costa para discussão da Medida Provisória
nº 418, que visa regulamentar as chamadas Zonas de Processamento de
Exportação.
Na oportunidade, ainda Senador, o Ministro Hélio Costa foi um dos que
defenderam o projeto. Na reta final, S.Exa. sensibilizou o Presidente Lula para que
enviasse ao Congresso Nacional a referida medida provisória.
Vamos fazer, em Minas Gerais, uma grande discussão, da qual participará o
Ministro Hélio Costa, pois em minha cidade, Teófilo Otoni, o parque foi construído.
Agradeço ao Ministro Hélio Costa a iniciativa desse grande projeto dos
telecentros, que promoverão a inclusão da população de Minas Gerais.
Muito obrigado.
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O SR. MAX ROSENMANN (Bloco/PMDB-PR. Pronuncia o seguinte discurso.)
- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, na condição de Deputado do Parlamento
do MERCOSUL, apresentamos moção para esclarecer as dúvidas que pesam sobre
o recente embargo à importação de carne bovina brasileira, determinado pela União
Européia no dia 1º de fevereiro de 2008.
Oficialmente, as vendas estão suspensas, porque em janeiro o Brasil
entregou uma lista de fazendas aptas a vender para a Europa — o número era
superior ao esperado pelos europeus —, em acordo assinado com produtores do
País. Eles previam cerca de 300 fazendas, mas receberam 2.681 propriedades.
Em novo encontro, na semana passada, Brasil e União Européia voltaram a
discutir o assunto. Uma missão técnica européia virá ao País na próxima semana
inspecionar algumas propriedades.
Os produtores brasileiros, porém, afirmam que por trás dessa questão
existem interesses protecionistas de fazendeiros da Irlanda e da Escócia contra a
carne brasileira, mais barata.
Segundo informações de entidades representantes de produtores brasileiros,
o Acordo Sanitário e Fitossanitário, do qual o Brasil é signatário desde a sua criação,
dispõe que medidas sanitárias devem ser aplicadas para proteger a vida e a saúde
animal e vegetal dentro do território dos países-membros. Entretanto, em momento
algum cita que tais medidas devem proteger interesses de grupos de produtores ou
empresas que se sentem prejudicadas pela livre concorrência no comércio
internacional.
De acordo com as entidades que representam nossos produtores, tem-se
tornado comum a União Européia utilizar medidas sanitárias como pretexto para
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estabelecer embargos econômicos desproporcionais às irregularidades encontradas
no sistema de rastreabilidade bovina brasileiro.
Segundo eles, essas medidas foram concebidas e permanecem em franco
desenvolvimento para serem aplicadas como ferramenta de promoção da segurança
sanitária, garantindo assim a saúde humana, e não para serem usadas para
proteger grupos econômicos.
De qualquer forma, os próprios produtores admitem que houve problemas na
implantação do sistema de rastreabilidade brasileiro. Ademais, o próprio Ministro da
Agricultura, Reinhold Stephanes, afirmou ter havido exportação de carne não
rastreada.
Na nossa avaliação, o que está em jogo neste momento não é encontrar
culpados, mas sim fazer com que cada setor envolvido assuma a sua
responsabilidade no processo.
O Governo, por meio do Ministério da Agricultura e das autoridades sanitárias,
tem a responsabilidade de fiscalizar; e os produtores e frigoríficos, de cumprir o
acordo de rastreamento. Essas responsabilidades são pagas com o dinheiro de
quem compra a carne brasileira ou dos impostos que recolhemos.
Não há dúvida de que os europeus, em matéria de comércio internacional,
não são santos. A história mostra que a maioria dos navios piratas era pilotada por
ingleses, espanhóis, holandeses, nunca por brasileiros. Nessa escola, somos meros
aprendizes de feiticeiro. O que não pode haver é irresponsabilidade. Não se pode
brincar com um tema tão sério, que envolve o emprego de dezenas de milhares de
pessoas, e também, é claro, a saúde humana.
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Por mais que os produtores brasileiros tenham razão em criticar o
protecionismo europeu, é preciso considerar que o cliente tem o direito de saber
sobre a procedência do que está comprando, principalmente se isso estiver previsto
em contrato. Além disso, não podemos nos dar o luxo de entrar nesse tipo de briga
com os europeus.
E não nos parece que se trate apenas de protecionismo, pois, segundo
consta, somente a Irlanda e a Escócia seriam parcialmente beneficiadas. Mas esses
países não têm produção suficiente para concorrer com o Brasil e atender à
necessidade de importação de carne da Europa, que é muito maior. O fato é que
não podemos dar margem a que os europeus venham puxar nossas orelhas.
No Brasil, tanto os produtores e frigoríficos quanto — e principalmente — o
Governo, por intermédio do Ministério da Agricultura e das autoridades sanitárias,
têm de fazer sua lição de casa com rigor, a fim de que não haja espaço para
medidas protecionistas travestidas de proteção sanitária. Não podemos brigar com o
cliente, porque senão ele vai embora comprar de outro. Esse é um princípio básico
do comércio, que também tem de ser observado no caso.
Por isso, na qualidade de Deputado do Parlamento do MERCOSUL,
apresentaremos moção para pedir informações precisas sobre essa polêmica.
Queremos verificar o que realmente aconteceu e os interesses envolvidos. Até
porque o MERCOSUL, como bloco econômico emergente, tem peso significativo e
pode cobrar com autoridade da União Européia uma postura justa em relação à
carne produzida por seus países-membros.
Queremos que a União Européia explique ao MERCOSUL por que tomou
essas medidas e se elas são justificáveis perante as regras do comércio
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internacional. Mas também desejamos saber do Governo Federal que medidas de
fiscalização sanitária foram tomadas para rastrear a carne bovina brasileira. Aos
produtores também deve ser dada a oportunidade de explicar o que ocorreu e
detalhar os termos do acordo, que acabou servindo de pretexto para o embargo.
Como bem definiram técnicos ligados à área agropecuária no Paraná, a
melhor política a ser adotada nessa questão é a de que “o cliente tem razão”.
Deve-se procurar resolver o problema na base da negociação e não do conflito ou
da medição de forças com a União Européia, que, queiramos ou não, é um cliente
que não podemos dispensar.
Nossa preocupação, na condição de Parlamentar brasileiro e Deputado do
Parlamento do MERCOSUL, é garantir que não haja qualquer ameaça em relação
ao desenvolvimento de nossa indústria da carne e aos milhares de empregos que
ela gera no País.
Sr. Presidente, peço a V.Exa. que autorize a divulgação do meu
pronunciamento no programa A Voz do Brasil.
Muito obrigado.
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O SR. SÉRGIO MORAES (PTB-RS. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,
é com pesar que venho a esta Casa registrar o falecimento do Presidente da
Fórmula Truck, Aurélio Batista Félix, esta noite, no Estado do Rio Grande do Sul, na
cidade de Passo Fundo.
Ele proporcionou grandes espetáculos nos melhores e maiores autódromos
do nosso País. Aurélio era um particular amigo e está sendo velado em Santos, São
Paulo, para onde me deslocarei daqui a pouco.
Registro a perda desse brasileiro que encantou milhares e milhares de fãs
nos autódromos do Brasil e da América Latina. Por isso, externo nosso lamento à
família enlutada e aos amigos.
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O SR. ELIENE LIMA (PP-MT. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras.
e Srs. Deputados, farei a leitura de carta aberta dos servidores do IBAMA, intitulada
Crise na gestão ambiental é a principal causa da alta no desmatamento.
Diz ela:
“O anúncio de que o desmatamento na Floresta
Amazônica está aumentando, conforme dados divulgados
pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe),
tornou-se o principal destaque do noticiário ambiental no
início do ano. Segundo estimativa do Inpe, 7.000 km2 de
floresta, o que equivale a 4,7 vezes a área da cidade de
São Paulo, foram derrubados no último trimestre.
Diante do lamentável fato, a opinião pública
nacional e internacional voltou a cobrar do governo
brasileiro explicações, sem que lhe fossem oferecidas
respostas claras ou mesmo apresentadas alternativas
para solucionar o problema.
O que se percebe atualmente é uma enorme
desarticulação entre os diferentes atores governamentais
responsáveis por combater o desmatamento. A crise
instalada é agravada, ainda mais, pelas divergências
existentes no Ministério do Meio Ambiente, pois enquanto
a ministra Marina Silva afirma que o combate ao
desmatamento é apenas um caso de polícia, o
secretário-executivo Capobianco defende que ‘quem
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desmatou e manteve 50% da flora antes dessa data
[Medida Provisória 1.511/96] está legal’.
Também é preciso considerar os recentes e
significativos acontecimentos que prejudicaram bastante a
gestão ambiental no país. Não é simples coincidência o
fato de que estes dados surgem agora, após um semestre
de retrocessos, desencadeados pela reforma
administrativa — imposta pelo MMA ao IBAMA —
promovendo, cada vez mais, o sucateamento do Órgão.
Conforme denunciaram os servidores durante a
campanha contra a MP 366/07, a divisão do IBAMA
acarretou uma situação de crise institucional sem
precedentes, tais como o aumento da burocracia, a
instauração de conflitos de competência e o desperdício
de recursos públicos (como os previstos para alugar,
desnecessariamente, um prédio privado para ser a sede
do Instituto Chico Mendes).
Durante a tramitação da MP toda a manifestação
dos servidores do IBAMA era rebatida pelas autoridades
do MMA como se tratando de mera ‘questão
coorporativa’. No entanto, infelizmente, a malfadada
reforma administrativa do MMA já se revela com
resultados danosos para todo o país, passando-se a
traduzir, de fato, em dados concretos e lamentáveis.
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Sendo assim, os servidores lotados no IBAMA e no
Instituto Chico Mendes cobram medidas para fortalecer a
gestão ambiental brasileira.
Hoje, o que se vê é um total abandono e intensa
desvalorização dos servidores federais que atuam na
execução da Política Nacional de Meio Ambiente. Basta
dizer que, de 2002 a 2007, cerca de 30% dos servidores
ingressos por meio de concurso público para Analista
Ambiental do IBAMA pediram demissão do Órgão por
conta da baixa remuneração e por falta de condições de
trabalho, optando por outras carreiras do serviço público,
a exemplo da Polícia Federal, Fiscal Agropecuário e dos
Poderes Judiciário e Legislativo.
A remuneração dos servidores da Carreira de
Especialista em Meio Ambiente caiu da 21ª posição no
ranking dos cargos federais, em setembro de 2002, para a
67ª, em 2007.
O salário inicial da Carreira teve reajuste de
somente 1% durante todo este período, concedido em
2003 para todos os servidores públicos federais.
Comparada com a remuneração inicial da Carreira de
Fiscais Agropecuários, que apresenta atividades
semelhantes às dos Especialistas Ambientais, enquanto
aquela passou de R$ 2.197,98 em 2002 para os atuais
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R$5.195,98, esta apenas aumentou de R$2.548,38 para
R$ 3.277,44 — isso se considerarmos a gratificação de
desempenho conquistada pelos servidores após uma
intensa luta, em 2006. Ressalta-se que a gratificação
depende, principalmente, dos resultados da avaliação
institucional.
Carreiras com atividades semelhantes à dos
Especialistas Ambientais recebem ainda adicionais por
localidade (áreas de fronteira e regiões inóspitas) e por
penosidade (natureza das atividades), o que não
acontece com a mesma, em uma prova evidente de que
os servidores da área ambiental não são valorizados.
Além disso, o MMA continua ignorando todas as
propostas dos servidores no sentido de cumprir os
acordos assinados para a reestruturação da Carreira,
destacando-se o realinhamento das tabelas salariais de
nível médio, o reajuste de todas as tabelas da Carreira e
as gratificações específicas (atividade ambiental;
localidade/atividades de risco e; titularidade).
Passados nove meses da reforma administrativa
imposta ao IBAMA os presidentes das duas instituições
continuam interinos e não apresentaram para os
servidores de ambos os órgãos, até o momento, quais
seriam as diretrizes e prioridades de cada um deles, o que
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significa que a atuação do IBAMA se encontra bastante
comprometida e que o Instituto Chico Mendes é, de fato,
um órgão que não saiu do papel. Prova disto é o Acordo
de Cooperação Técnica celebrado entre os dois Institutos
(publicado no DOU de 23/11/07), em que fica comprovada
a total dependência estrutural e funcional do Instituto
Chico Mendes em relação ao IBAMA, além das Portarias
Conjuntas. Com isso, cai por terra mais uma das
afirmações utilizadas durante a tramitação da MP 366/07
pela ministra Marina Silva e o secretário-executivo João
Paulo Capobianco, de que a reforma administrativa do
IBAMA havia sido planejada pelo MMA durante os quatro
primeiros anos de sua gestão.
Para citar um sério exemplo desta
pendência/confusão institucional, hoje os servidores dos
dois Órgãos não sabem como proceder nas ações de
fiscalização relativas às Unidades de Conservação — se
os autos devem ser lavrados por servidores do IBAMA ou
do Instituto Chico Mendes —, considerando que até a
presente data não foi publicada Portaria contendo a
designação de servidores para as atividades de
fiscalização do novo Instituto, como preconiza o parágrafo
1º do art. 70 da Lei de Crimes Ambientais.
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Há ainda a inacreditável situação dos Escritórios
Regionais do IBAMA. De acordo com o Decreto 6.099, de
27/04/07, 139 escritórios foram extintos para dar lugar a
60 bases operativas. Esta determinação, no entanto, não
foi levada a termo e, até o presente momento, o
funcionamento de todos estes escritórios encontra-se
prejudicado e indefinido, causando uma enorme
insegurança aos servidores.
A situação de sucateamento das unidades do
IBAMA em todo país é flagrante, como a própria imprensa
vem relatando em diversas reportagens. São cargos
ocupados por ‘indicados políticos’ sem o conhecimento
técnico necessário, falta de segurança no trabalho,
prédios depredados, carros sem condições de locomoção,
exíguo número de servidores, falta de perspectiva de
novos concursos e, como novidade, encontra-se ainda a
ausência de proteção policial para as operações de
fiscalização, conforme ocorrido no Estado de Rondônia.
Antes da ‘reforma administrativa’ o IBAMA contava
com apenas 1.891 servidores aptos a realizar atividades
de fiscalização. Destes, no entanto, cerca de 800 atuavam
de fato na fiscalização de campo, enquanto os demais
estavam atuando em outras áreas, inclusive na
administrativa. Com a redistribuição de servidores do
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IBAMA para o Instituto Chico Mendes esta realidade
piorou e este número caiu para aproximadamente 500.
Contudo, mesmo considerando os 1.891 fiscais, a
desproporção é alarmante. Para todo o Estado do
Amazonas, estavam designados 79 servidores, ou seja,
um servidor para cada 19.882,86 km2 do Estado — o que
equivale a uma área quase quatro vezes maior que o
território do Distrito Federal.
É fácil, portanto, perceber que o aumento do
desmatamento na Amazônia é conseqüência de uma
série de medidas desastrosas tomadas pelo MMA,
agravando ainda mais a crise em um Órgão que já
enfrentava inúmeros reveses operacionais, além do
descaso habitual de autoridades daquele ministério, que
se alienam das dificuldades enfrentadas pelo IBAMA. É
preciso afirmar que a atribuição primeira pela fiscalização
ambiental no país cabe ao IBAMA e não à Polícia Federal,
que atua somente como parceira nas operações de
combate aos crimes ambientais.
O que se percebe, no entanto, diante das
declarações das autoridades do MMA, é que o papel do
IBAMA vem sendo sistematicamente omitido e até mesmo
negado, confirmando a tendência de enfraquecimento e
sucateamento do órgão que está em curso na gestão da
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ministra Marina Silva, fato este denunciado pelos
servidores nos últimos anos. É lamentável, portanto,
constatar que as autoridades do MMA, por não terem feito
‘o dever de casa’, agora, procurem ‘bodes expiatórios’
dentro do governo para se eximirem de suas
responsabilidades.
Os servidores entendem que o caos ambiental
instalado somente será revertido quando o Estado definir
o meio ambiente como prioridade na prática, e não
apenas no discurso.
Diante disto, os servidores responsabilizam a atual
gestão do Ministério do Meio Ambiente, nas pessoas da
ministra Marina Silva e do secretário-executivo João
Paulo Capobianco, pela gravidade da atual situação e
reivindicam mudanças emergenciais para a condução e
definição de uma nova gestão ambiental responsável e
que, realmente, signifique melhorias para o país.
Brasília, fevereiro de 2008.”
Em nome do Sr. João Batista, Presidente da Associação dos Servidores do
IBAMA, e da Sra. Almira, Secretária-Geral da Associação em meu Estado, trago ao
Congresso Nacional a realidade constante nessa carta que os servidores do IBAMA
do Estado de Mato Grosso nos entregaram.
Muito obrigado.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Antes de conceder a palavra ao
ilustre Deputado Luiz Couto, informo que o Líder Vinicius Carvalho, que espera
pacientemente sua vez, fará uma Comunicação de Liderança.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao Sr.
Deputado Luiz Couto.
O SR. LUIZ COUTO (PT-PB. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras.
e Srs. Deputados, hoje na Paraíba será lançado o Programa Territórios da
Cidadania, recentemente criado pelo Presidente Lula.
Nesta semana, foram contemplados 2 territórios da Mata Norte e da Mata Sul.
Os recursos servirão para levar o desenvolvimento àquelas regiões.
Quero parabenizar Marenilson Batista, do Ministério do Desenvolvimento
Agrário, por mais essa ação, que revela a importância desses territórios para o
desenvolvimento do nosso Estado. É uma prova de que teremos maior distribuição
de renda, geração de emprego e dignidade para todos.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
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O SR. WALDIR MARANHÃO (PP-MA. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a história aeroespacial brasileira se confunde
com a criação do Centro de Lançamento de Alcântara — CLA, que neste ano
completa 25 anos. Para marcar a data, será realizada uma série de atividades a
partir desta sexta-feira. Elas se encerram em fevereiro do próximo ano. Trata-se de
justa lembrança do jubileu de prata de uma instituição que está ligada ao
desenvolvimento tecnológico do Maranhão e do País.
É certo que há muito o que fazer. O Brasil precisa ter uma política de
tecnologia espacial para aproveitar as potencialidades e as possibilidades do CLA.
É por isso que considero oportuna a notícia de que o País definiu sua entrada
no Global Precipitation Measurement — GPM internacional e está trabalhando em
projetos de desenvolvimento de sensores e do Satélite GPM-Brasil, que deverá ser
desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.
O GPM é um programa internacional, chefiado pela NASA e pela Agência
Espacial Japonesa (JAXA), que organiza uma rede de informação de satélites sobre
o monitoramento global de precipitação.
A idéia é que seja criada uma constelação de satélites e de receptores de
várias nações para que possam disponibilizar os dados de precipitação global de
forma instantânea e com alta definição. Na reunião que será realizada nesta semana
em Búzios, no Rio de Janeiro, o Brasil deve definir a formalização da sua entrada no
GPM internacional.
Também estão sendo feitos estudos geotécnicos na região em que deverá ser
instalado o sítio de lançamento do Ciclone. Ainda em 2008 devem ser concluídos
todos os trabalhos técnicos em relação ao foguete.
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É também oportuna a informação do Presidente da Agência Espacial
Brasileira, Miguel Henze, de que Tribunal de Contas da União — TCU deve iniciar
nos próximos dias a análise da licitação para construção do Centro Espacial de
Alcântara — CEA, que ficará no perímetro do Centro de Lançamento de Alcântara.
Miguel Henze disse que, assim que for liberada pelo TCU, o Governo Federal dará
continuidade à licitação proposta em julho de 2007.
Henze também comunicou que já estão sendo negociadas as obras para o
porto em Alcântara, de responsabilidade da Secretaria Especial de Portos, que está
sob o comando de Pedro Brito.
Estão sendo feitos estudos geotécnicos na região em que deverá ser
instalado o sítio de lançamento do Ciclone e concluídos todos os trabalhos técnicos
em relação ao foguete.
Henze também comunicou que já estão sendo negociadas as obras para o
porto em Alcântara. A Secretaria Especial de Portos está responsável pelo projeto.
Sobre a instalação do sítio da ACS, Henze disse que a área já foi demarcada, mas
que aguarda a formalização por parte do Governo, que deve sair por decreto
presidencial.
De acordo com o Coronel Nilo Andrade, que dirige o Centro de Lançamento,
essas mudanças são fundamentais para que o Brasil possa competir no mercado
mundial de tecnologia aeroespacial.
Andrade garantiu, em entrevista aos jornais do Maranhão, que o CLA está em
processo de capacitação e modernização de suas instalações e sistemas para ter
condições de prestar serviços a clientes nacionais e internacionais.
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Essa preocupação se faz necessária, devido à grande competitividade e
seletividade do mercado de lançamento de foguetes.
No ano passado, fiz várias considerações sobre a importância do Centro de
Lançamento de Alcântara e do programa espacial brasileiro. Avalio que o tema deve
ser analisado num programa de governo a longo prazo, que não se resuma apenas
a um mandato presidencial. Portanto, o CLA é um investimento do Brasil no futuro.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Alcântara, cidade centenária,
testemunhou um horrível acidente no seu Centro de Lançamento em 2003, que
mostrou ao mundo fracasso e destruição. O lamentável episódio resultou na morte
de pelo menos 2 dezenas de pesquisadores brasileiros, mas motivou o Governo
Federal a ter a firme determinação de permitir sua restauração para que possamos
emprestar à sociedade e ao mundo nossas vantagens comparativas, por termos
uma base de lançamento de foguetes. Certamente, ela emprestará à consciência
nacional a possibilidade de investigações científicas, a fim de que possamos, neste
mundo contemporâneo, agregar valores, conhecimentos e oportunizar para nosso
mercado de trabalho a inserção cada vez maior de pessoas qualificadas para o
programa aeroespacial brasileiro.
Portanto, externo ao nosso Tenente-Coronel-Aviador Nilo Andrade, que
coordena aquele trabalho, a compreensão do seu papel social.
Como todo bom brasileiro, vejo que é preciso não só dotar Alcântara do seu
centro, mas também humanizar as comunidades quilombolas, como afirmou o
Deputado Domingos Dutra.
Quero também me associar mais ainda ao Deputado Ribamar Alves, que
defendeu a criação da Frente Parlamentar em Defesa de Alcântara.
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A defesa do Centro de Lançamento certamente fará com que ele seja cada
vez mais humanitário, com estruturas de portos e academias, a fim de que
possamos permitir a inclusão social daquele povo.
Comemoramos 25 anos de uma experiência exitosa, concebida na época por
um maranhense: o nosso Presidente Sarney. Ele compreendeu que o Maranhão
tinha capacidade. A tecnologia certamente vai dar igualdade de condições para se
desenvolver um programa aeroespacial.
Sr. Presidente, concluo dizendo que, da mesma forma que estamos
apostando na reforma tributária, apostarei que este Plenário vislumbrará a
possibilidade de pautarmos na Ordem do Dia a reforma universitária do ensino
brasileiro.
Congratulo-me com o Deputado Eduardo Campos, que, na condição de
Presidente da Comissão de Constituição e Justiça, colocará na Ordem do Dia da
Comissão tudo o que priorizar a educação. Os projetos que tramitam naquela
Comissão deverão tratar inicialmente de questão ligada à educação.
Ao homenagear as mulheres pelo seu dia, meu caro Deputado Vicentinho, é
preciso olhar mais uma vez para a reforma universitária, pilar de sustentação da
nossa sociedade.
Muito obrigado.
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O SR. CELSO MALDANER (Bloco/PMDB-SC. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, peço a V.Exa. que abra uma exceção e me conceda um tempo um
pouco maior. Afinal de contas hoje é um dia especial para mim: estou comemorando
26 anos de matrimônio.
Ao homenagear minha esposa, Rosimar Maldaner, de Maravilha, Santa
Catarina, homenageio todas as mulheres pelo Dia Internacional da Mulher.
Sras. e Srs. Deputados, venho a esta tribuna manifestar meu apoio à
proposta de expansão da FERROESTE, que vai ligar o oeste de Santa Catarina ao
sudoeste do Paraná.
No dia 8 de fevereiro, sexta-feira, estivemos reunidos na sede da ACIC —
Associação Comercial e Industrial de Chapecó para conhecer o projeto de expansão
da ferrovia. Ele defende a inclusão no Plano de Aceleração do Crescimento — PAC
da ligação ferroviária entre os Portos de São Francisco e Itajaí, em Santa Catarina, e
de um ramal que atenda ao oeste catarinense, fortalecendo a posição da
FERROESTE como projeto de integração dos Estados do Sul.
Segundo dados preliminares apresentados pelo Diretor-Presidente da
FERROESTE, Samuel Gomes dos Santos, e pela Secretaria de Infra-Estrutura de
Santa Catarina, aproximadamente 5 toneladas de produtos são transportadas por
caminhões, o que aumenta os custos de produção, tendo em vista que a indústria de
carne de frango e de suínos do oeste catarinense é alimentada pelo milho e pela
soja produzidos em Mato Grosso do Sul e no oeste e sudoeste do Paraná. Sessenta
e cinco por cento do transporte das cargas nacionais são feitos por caminhões. Com
a construção do ramal ferroviário, esses números poderão baixar. Isso vai
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possibilitar melhorias no transporte e na qualidade de vida dos caminhoneiros, que
poderão, mais freqüentemente, estar com suas famílias.
A extensão da FERROESTE para o sudoeste do Paraná e o oeste de Santa
Catarina é determinante para a integração e o desenvolvimento econômico e social
de nossas regiões e Estados. A ligação do oeste de Santa Catarina com os Estados
do Paraná e de Mato Grosso do Sul representa o progresso e o desenvolvimento, ou
melhor, a antecipação de dias melhores para todos os catarinenses. Seremos mais
competitivos na logística da produção, principalmente na exportação de nossos
produtos industrializados.
A FERROESTE foi criada em 15 de março de 1986, por iniciativa de
agricultores e empresários de Cascavel, para escoar a produção da região oeste. A
ferrovia foi construída de 1991 a 1994, em parceria com 2 batalhões do Exército
Brasileiro, ao custo de 363 milhões de dólares — recursos exclusivos do Estado do
Paraná. A linha férrea possui 248 quilômetros, que ligam Guarapuava a Cascavel —
o centro-oeste ao oeste do Paraná.
Com o início das obras, a FERROESTE foi transformada em empresa de
economia mista vinculada à Secretaria dos Transportes, por ser o Estado do Paraná
o seu maior acionista.
O traçado da ferrovia abrange regiões que apresentam condições de preço e
desempenho de produção competitivos. Sua área de influência atinge o oeste e o
sudoeste do Paraná, o Estado de Mato Grosso do Sul e as regiões produtoras de
grãos e cereais da Argentina e do Paraguai. A FERROESTE representa também
importante caminho para a integração do sudoeste do Paraná e o oeste de Santa
Catarina à América do Sul, contribuindo para conectar as nossas regiões ao
subcontinente, por meio de projetados corredores ferroviários entre o Atlântico e o
Pacífico, via Paraguai, Bolívia, e da Província de Misiones.
Muito obrigado.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao nobre
Deputado Vinicius Carvalho, para uma Comunicação de Liderança, pelo PTdoB.
O SR. VINICIUS CARVALHO (PTdoB-RJ. Como Representante. Sem revisão
do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, há algumas questões pontuais
e, posso dizer, até cronológicas.
O Corpo de Fuzileiro Navais completará 200 anos amanhã, dia 7 de março.
Rendo homenagem a todos os fuzileiros navais, especialmente aos que integram a
Força de Paz da ONU, no Haiti. Eles contribuem muito para a permanência da
soberania em nosso País.
Aproveito a oportunidade para registrar que, no próximo dia 9, participarei da
IV Jornada da Cidadania, que será realizada no Rio de Janeiro.
A Jornada da Cidadania é um evento social realizado em parceria com o
Governo do Estado do Rio de Janeiro, órgãos da Secretaria de Ação Social e
profissionais liberais, que disponibilizam parte do seu dia e do seu conhecimento
para levar à população carente o resgate da dignidade da pessoa humana.
Neste domingo, a partir de 10h da manhã, estaremos no Conjunto Quitungo,
em Brás de Pina, no Rio de Janeiro. Contaremos com o apoio da Secretaria
Estadual do Trabalho, da Fundação Leão XIII, do DETRAN, de orientadores jurídicos
da Universidade do Rio de Janeiro, supervisionados pelo Prof. Edvaldo Araújo, e
também de profissionais técnicos em citologia, que farão exames de prevenção de
câncer do colo de útero, sob a supervisão da Profa. Kátia Padilha.
Juntamente com a Profa. Kátia Padilha e com o Prof. Lucas, estive, na última
terça-feira, com o Ministro José Gomes Temporão, a fim de apresentar projeto para
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implantação de curso superior tecnológico de Citotecnologia. Foi sugerida a sua
inserção no Catálogo Nacional dos Cursos Superiores de Tecnologia.
Sabemos da importância da prevenção do câncer do colo de útero. Por isso,
engajamo-nos nessa luta, juntamente com a Profa. Kátia Padilha, para levar adiante
essa solicitação, pois o câncer do colo de útero é o segundo responsável pela morte
de mulheres em nosso País — o primeiro é o câncer de mama.
Rendo, nesta oportunidade, homenagem a todas as mulheres, às nossas
Deputadas, às nossas assessoras, especialmente à minha mãe e à minha esposa,
pela passagem do Dia Internacional da Mulher, em 8 de março.
Muito obrigado. Fiquem com Deus.
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O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Concedo a palavra ao Deputado
Silvio Torres.
O SR. SILVIO TORRES (PSDB-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,
Sras. e Srs. Deputados, presto homenagem ao Governador Mário Covas. Hoje
completam 7 anos de sua morte. Está sendo realizada missa em São Paulo, no
Mosteiro São Bento, como já foi lembrado anteriormente.
Trata-se de momento de grande reflexão para todos nós, não apenas por tudo
aquilo que fez Mário Covas pelo nosso Estado e pelo nosso País, pela diferença que
fez na política brasileira, mas também pela falta que fazem homens da mesma
têmpera, da mesma integridade, da mesma coragem e da mesma determinação.
Deixo registrada essa homenagem com a convicção de que a sua história,
marcada na trajetória política do Brasil, é também a história do nosso partido, o
PSDB. E é nele que devemos mirar-nos para tomar as nossas atitudes e decisões.
Registro também, Sr. Presidente, a passagem do Dia Internacional da Mulher.
Presto homenagem a todas aquelas que, na sociedade, nos mais diversos
segmentos e setores, ajudam a fazer do Brasil uma nação mais solidária, mais
humana e mais competente.
Finalmente, registro nova decepção com a decisão do COPOM, tomada
ontem, de manter a taxa básica de juros, a Taxa SELIC, no mesmo patamar:
11,25%. Esse percentual mantém-se inalterado desde setembro do ano passado.
Foi sinalizada sua manutenção para o mês de abril.
A queixa e a crítica das diversas entidades, dos vários setores da sociedade
brasileira, manifestadas por meio do Presidente da FIESP, do Presidente da CNI e
das centrais sindicais, concentram-se no fato legítimo e correto de que não há razão
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para continuarmos sendo o país que paga a maior taxa de juros do mundo.
Acabamos de ultrapassar a Turquia, recentemente.
Isso tem reflexos de diversas naturezas. Entre eles, ressalto o fato de que,
com a taxa de juros nesse patamar, passamos a atrair especuladores estrangeiros,
no momento em que os Estados Unidos baixaram a sua taxa de juros. Essa entrada
de dinheiro especulativo, por sua vez, valoriza ainda mais a nossa moeda e faz com
que o dólar baixo tire a competitividade da nossa indústria, que já enfrenta grande
concorrência no comércio mundial.
Além disso, Sr. Presidente, a elevação das taxas de juros para o consumidor,
ocorrida em janeiro, considerada a grande demanda por eletrodomésticos,
automóveis etc., faz com que as pessoas, na realidade, comprometam o seu
orçamento, transferindo renda para o setor financeiro, para a especulação
financeira.
Registro, portanto, nossa grande preocupação com a política conservadora
que vem sendo adotada. Ela não mais se justifica como cautela e chega a ser uma
política covarde. O Brasil tem tudo para começar a crescer, a partir do momento em
que conseguir conter os gastos públicos, investir em infra-estrutura e diminuir
impostos. Mas isso terá de ser feito de comum acordo com uma política monetária
consciente e sensível aos problemas brasileiros.
O Sr. Inocêncio Oliveira, 2º Vice-Presidente, deixa
a cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. Arlindo
Chinaglia, Presidente.
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O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Com a palavra o Deputado Frank
Aguiar.
O SR. FRANK AGUIAR (PTB-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, estamos no alvorecer de um novo ano
legislativo, que nos aponta o caminho de contínuo progresso na busca de um
trabalho legislativo de excelência.
Nós, que somos os representantes do povo, temos imensa responsabilidade.
Por meio do mandato que nos foi dado, retratamos nesta Casa os anseios populares
daqueles que nos elegeram. Não somos donos dos nossos atos. Somos, em
verdade, intermediários entre o povo e as prerrogativas que nos são atribuídas.
Somos um instrumento e não um fim em si mesmo.
O ano de 2007 se foi e levou consigo o registro do nosso trabalho voltado
para relevantes temas nacionais. Faço questão de mencionar um deles: a cultura.
Na condição de Relator do Plano Nacional de Cultura e integrante da
Comissão de Educação e Cultura, pudemos sentir a relevância que essa temática
tem para a consolidação dos valores nacionais. As gerações futuras necessitam
dessa preservação.
Alguns projetos de lei de nossa autoria direcionaram-se nesse sentido, em
especial o que trata da proteção aos direitos autorais no Brasil.
A escolha de temas relacionados à cultura não foi feita à toa. Nós, artistas,
percebemos o quão importante é a valorização das nossas manifestações culturais.
Tivemos a alegria de percorrer todo este País continental, tendo contato com o
público e sentindo a diversidade que existe em nosso solo multicultural.
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Se eu tivesse de resumir o ano de 2007 numa palavra, diria, sem medo de
errar: “aprendizado”.
Durante o ano passado tivemos a exata dimensão do compromisso de
assumir o cargo de Deputado Federal. Muito mais do que isso, tivemos a certeza de
que nesta Casa existem Congressistas imbuídos de um fantástico espírito público,
estadistas em gestos e palavras, que muito fazem pelo País.
Nesse ambiente, vi brotar um entusiasmado desejo de percorrer a trilha da
política partidária com P maiúsculo. E é essa a nossa proposta maior para o ano de
2008.
Vemos, com tristeza, boa parte da comunidade brasileira afastar-se das
decisões políticas por acreditar que elas não são tomadas levando-se em
consideração suas vontades. Esse é um rumo muito perigoso!
A população não pode dar as costas para a atividade política. Ela está na
essência de cada um de nós e foi o mais fantástico instrumento de estruturação da
vida em sociedade.
Em tempos não tão remotos, várias pessoas perderam a vida por lutarem pela
abertura que temos hoje. Muito sangue foi derramado para que a democracia
brasileira fosse alcançada. Muitas lágrimas rolaram com a finalidade de implementar
neste País uma casa que representasse legitimamente o interesse popular.
Não é justo que depois disso as pessoas simplesmente se afastem do
processo de tomada de decisões e, principalmente, de formulação de leis e
fiscalização das ações emanadas dos demais Poderes. “Todo poder emana do povo
e em seu nome será exercido”, diz a nossa Constituição Federal. Nesse cenário,
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preferimos acreditar que as promessas da democracia lançadas nesta Casa pelo
Deputado Ulysses Guimarães não foram atiradas ao vento.
Em 2008, precisamos resgatar, por meio de nossas ações, a esperança
popular.
Os brasileiros devem ter em mente a grandeza deste País e a importância de
suas posições para o funcionamento da engrenagem democrática.
Estou falando do resgate da vontade do brasileiro de se mobilizar para
acompanhar a votação de um projeto de lei relevante. Temos de adotar uma postura
que cause orgulho ao nosso eleitorado, a ponto de este se sentir verdadeiramente
motivado a participar do processo de fiscalização que tanto exercemos nesta Casa,
em relação aos demais Poderes da República.
O povo precisa enxergar a política partidária como um palco em que ele é o
ator principal.
Não podemos esmorecer. A juventude não pode pensar que a arena política é
suja, escorregadia ou insegura. O futuro deste País depende necessariamente do
ingresso de bons quadros no cenário político. Nesse ponto, o divisor de águas é um
só: honestidade e vontade. Essas são 2 formidáveis ferramentas para mudar o rótulo
enraizado na mente de muitos em relação a nós, Deputados.
Não podemos recuar quanto às nossas esperanças. Os sonhos que
carregamos na mente são a força mais poderosa que pode existir, capaz de mudar
os rumos de nossas vidas e até mesmo o mundo.
Exatamente por pensar dessa forma é que sinto orgulho de estar nesta Casa,
pois sei que pelo tapete verde da Câmara dos Deputados passaram, passam e
passarão muitas almas iluminadas, dispostas a fazer mais e mais pelo Brasil.
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É preciso que a sociedade se sinta verdadeiramente representada aqui.
Como já disse, esta é a Casa do povo. Isso só será possível quando respeitarmos a
vontade dos nossos eleitores, afastando-nos de interesses particulares. Estou certo
de que o resgate do espírito público é uma medida plenamente alcançável.
Os debates acalourados são fundamentais, mas não podem ensejar
discórdias. A visão de coletividade deve sempre ser alçada a um patamar maior, em
vez de prevalecer o individualismo. Aqui é uma arena legislativa. Daqui nascem as
leis, e nós somos o seu destinatário. Elas não podem ser feitas sob encomenda.
Temos de dar a elas um cunho de legitimidade. Daí a razão de sempre estar
solicitando audiências públicas sobre temas relevantes para o debate popular.
Por meio da adoção de uma postura altiva em relação à política partidária e
ao desempenho do mandato parlamentar, poderemos ver novamente nossas
crianças fazendo planos para ingressarem na política, sem que os críticos olhos de
quem as ouve recrimine tal decisão.
Andando pelo caminho da honestidade e da vontade, poderemos construir
biografias das quais nos orgulharemos e que certamente serão imortalizadas pela
justiça que a história sempre faz.
Por isso, no início do ano legislativo, estamos dispostos a percorrer a trilha do
trabalho, sempre carregando no peito a pretensão de não fazer nada que nos
envergonhe no futuro. Com essa postura, munidos dessa mentalidade, veremos,
muito em breve, o povo reagir orgulhoso diante do nosso chamamento.
Passo a abordar outro assunto.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em 8 de março o mundo comemora o
Dia Internacional da Mulher. E não o faz por um gesto de caridade ou gratidão, mas
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como sincera e merecida homenagem a todas as mulheres que, ao longo dos
tempos, souberam caminhar unidas na direção de um alvorecer de grandes
conquistas e também, naturalmente, de responsabilidades.
A data foi escolhida para lembrar um trágico evento ocorrido no ano de 1857,
nos Estados Unidos. Na ocasião, operárias de uma fábrica de tecidos, na cidade de
Nova Iorque, fizeram uma grande greve. Elas ocuparam a fábrica, reivindicando
melhores condições de trabalho. Naquele período, as mulheres trabalhavam 16
horas diárias nas fábricas, chegavam a ganhar até um terço do salário de um
homem para executar o mesmo tipo de trabalho, e a elas era imposto tratamento
indigno dentro do ambiente de trabalho.
Essa manifestação foi reprimida de forma covarde e por meio de extrema
violência. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada.
Morreram carbonizadas aproximadamente 130 tecelãs, num ato repugnante que
impõe a todos nós o maior repúdio possível. O ato praticado pelas mãos de homens
contra as mulheres nada mais é do que um coletivo atentado à vida de inocentes.
Muitos anos depois, em 1910, durante uma conferência na Dinamarca, ficou
decidido que o 8 de março passaria a ser o Dia Internacional da Mulher. Em 1975,
por meio de decreto, a data foi oficializada pela ONU.
Hoje, desta tribuna, procuro tocar os corações de cada um dos senhores, na
tentativa de retratar que essa data, além do marco histórico já narrado, consagra
uma bandeira fincada por Getúlio Vargas no seio do Brasil: a valorização da mulher
como peça fundamental na luta pelas conquistas políticas.
O mundo da política, árido por sua própria essência, seco, até mesmo rude,
necessita da presença feminina. Precisamos dessa feminilidade para trazer mais
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sutileza aos debates partidários. Necessitamos da sua intuição na hora de tomar a
decisão mais acertada. A sensibilidade é muito importante na estrutura política,
como pedra de toque das relações humanas durante os embates políticos.
Precisamos do bom senso que só as mulheres sabem ter, da serenidade no
momento do conflito, da forma tão sincera de aconselhar. Mas, além dessas naturais
características que tornam o sexo feminino tão especial, também devemos dar
espaço ao outro lado da moeda. Refiro-me à bravura da mulher que fala alto, que
luta por aquilo em que acredita e que se dispõe a partir para o confronto de idéias.
Refiro-me à mulher guerreira, consciente da importância do seu papel no centro do
poder.
Nos dias de hoje não há mais que se falar da mulher como sendo um sexo
frágil ou fraco. Pelo contrário, o que temos são mulheres fortes, lutadoras,
vencedoras e dignas do nosso respeito e admiração.
A participação política da mulher não ocorreu por meio de boas ações de
homens caridosos. Ela se deve, no Brasil e no mundo, a incansáveis batalhas
ideológicas, que enfrentaram as armas do preconceito, do machismo arcaico e
coronelesco e, principalmente, da ignorância.
Durante muitos anos as mulheres ficaram encarceradas ideologicamente,
presas por algemas maldosas de quem acreditava que o lugar delas não era no
poder.
A Nova Zelândia foi o primeiro país a conceder às mulheres o direito ao voto,
no ano de 1893. Na Austrália, isso ocorreu em 1902. Na Europa, o primeiro país em
que as mulheres obtiveram o direito ao voto foi a Finlândia, em 1906. Na Inglaterra,
em 1866, John Stuart Mill, famoso jurista, economista e filósofo, eleito no ano
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anterior para o Parlamento inglês, apresentou emenda que dava o direito à mulher
inglesa, mas foi derrotado. Apesar da derrota, poucos anos depois as eleições
municipais tiveram a participação das mulheres.
Em 1916, nos Estados Unidos, pelo Estado de Montana, foi eleita a primeira
mulher para o Congresso: a Deputada Jeannette Rankin. A ela coube levar avante a
proposta do voto a todas as americanas, aprovada pelo Congresso dos Estados
Unidos em 1919 e ratificada em 1920. Foi a 19ª emenda à Constituição que proibiu a
discriminação política com base no sexo.
Na América Latina, o primeiro país que concedeu o voto às mulheres foi o
Equador, em 1929. Na Argentina, só após a posse de Juan Domingo Perón, em
1946, começou a campanha pelo voto feminino, por meio de sua esposa Evita, que
se empenhou por essa conquista, aprovada pelo Congresso em 23 de setembro de
1947.
No Brasil, com o advento da Revolução de 30, o Presidente Getúlio Vargas,
liderança maior do nosso partido, instituiu o Código Eleitoral, disciplinando que era
eleitor o cidadão maior de 21 anos, sem distinção de sexo.
Em 3 de maio de 1933, na eleição para a Assembléia Nacional Constituinte, a
mulher brasileira, pela primeira vez, em âmbito nacional, poderia votar e ser votada.
E coube à médica paulista Carlota Pereira de Queiroz a primazia de ser eleita a
primeira deputada brasileira. Ela havia se notabilizado como voluntária na
assistência aos feridos durante a Revolução Constitucionalista.
Nas eleições de 3 de outubro de 1950, elegeu-se Deputada Federal Ivete
Vargas, do PTB de São Paulo. Era a única mulher na Câmara Federal. Contava
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apenas com 23 anos de idade. Foi reeleita mais 4 vezes, mas cassada pelo Regime
Militar, em 1969. Voltou à Câmara Federal em 1983.
Nas eleições de 3 de outubro de 1990, por voto direto, as mulheres
conquistariam seu lugar no Senado Federal. Foram eleitas Senadoras: Júnia Marise,
do PRN de Minas Gerais, e Marluce Pinto, do querido PTB de Roraima.
Diante desse histórico, perguntamos: o que nos reserva o futuro? O horizonte
aponta para um alvorecer cativante.
A Argentina é comandada por uma mulher: Cristina Kirchner. Ao lado, nossos
irmãos chilenos têm Michelle Bachelet, a primeira mulher presidenta daquele país.
Nos Estados Unidos, Hillary Clinton compete pela indicação à presidência da maior
potência do planeta, pelo Partido Democrata.
Contudo, senhoras e senhores, não nos podemos dar por satisfeitos.
Tomemos como termômetro as eleições de 2006.
Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral, nesse ano houve somente 2
candidatas à Presidência da República, em um total de 7 candidaturas: Ana Maria
Teixeira Rangel e Heloísa Helena. Aos Governos Estaduais candidataram-se
somente 26, o que representa 12,68% do total de candidaturas. Em 9 Unidades da
Federação não houve nenhuma candidatura feminina ao Governo: Acre, Amapá,
Amazonas, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Sergipe e
Tocantins. Houve 35 candidatas ao Senado Federal, o que representa 15,91% do
total de candidaturas. É pouco! Tivemos 652 candidaturas de mulheres à Câmara
dos Deputados, o que representa 12,66% do total. Precisamos de mulheres do PTB
Mulher na Casa. Já as candidaturas de mulheres às Assembléias e Câmara
Legislativas somaram 1.784, o que representa 14,22%.
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Portanto, senhores e senhoras, é preciso incentivar cada vez mais a
participação política das mulheres, de modo que elas assumam a posição de serem
peça chave nas tomadas de decisões dentro do centro de poder político do País.
Deixo aqui o meu abraço, o meu aplauso, as minhas homenagens às
mulheres presentes, tanto às loiras quanto às morenas, tanto às altas quanto às
baixas, tanto às bravas quanto às mais serenas. Parabéns, simplesmente, por
serem assim: mulher!
Era o que tinha a dizer.
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O SR. MARCELO SERAFIM (Bloco/PSB-AM. Pronuncia o seguinte discurso.)
- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a reforma tributária que chega ao
Congresso Nacional, e sobre a qual já estamos nos debruçando, traz avanços
significativos para a economia brasileira. Segundo explicou o Ministro Guido
Mantega aqui nesta Casa Legislativa, a proposta de emenda à constituição não
recria a CPMF e veta aumento de carga tributária na adoção do Imposto sobre Valor
Agregado (IVA), que vai substituir tributos federais e estaduais que incidem sobre a
produção, como PIS, COFINS, CIDE e ICMS.
A proposta, Sr. Presidente, também prevê a criação de um fundo nacional de
desenvolvimento regional que vai compensar os Estados que perderem arrecadação
com o fim do ICMS. Assim como o Ministro, acredito que ainda neste ano tenhamos
toda a reforma concluída.
Sr. Presidente, estamos satisfeitos com essa proposta. Como disse o Prefeito
de Manaus, Serafim Correa: a reforma é uma verdadeira obra de engenharia
política. Concordo em gênero, número e grau, já que a proposta do Executivo
mantém o IPI, fortalecendo a Zona Franca de Manaus.
Sras. e Srs. Parlamentares, consideramos uma grande conquista da Zona
Franca de Manaus, porque a proposta de reforma tributária prima pela manutenção
do IPI. O imposto consolida-se como grande diferencial em favor da Zona Franca de
Manaus e, nesse sentido, nosso apoio e luta para que a PEC permaneça dessa
forma.
Sr. Presidente, o Prefeito Serafim Correa, quando esteve em Brasília na
condição de Vice-Presidente da Frente Nacional de Prefeitos, uma das entidades
municipalistas, para uma reunião com o Ministro Guido Mantega e o Secretário de
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Política Econômica do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, parabenizou a equipe
do Presidente Lula pela solução encontrada diante de uma questão controversa e
complexa.
Segundo Serafim Correa, o resultado de tal engenharia é uma reforma de
pontos consensuais que permitirá, sem sombra de dúvida, um avanço significativo
na economia brasileira.
O prefeito da Capital do Amazonas, ao fazer um balanço sobre a reunião,
teve a oportunidade também de referir-se às ponderações feitas pelos
representantes das entidades municipalistas. A principal delas diz respeito à
reivindicação para que o Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) passe a
ser arrecadado pelos municípios. Serafim Correa ouviu do Ministro Mantega que,
diante da resistência do Ministério do Desenvolvimento Agrário, iria buscar uma
solução favorável aos municípios.
Feito esse registro, conclamo os nobres pares para que possamos dar a
devida atenção e o devido avanço à reforma tributária. Temos um belo material nas
mãos.
Sr. Presidente, a proposta tenta corrigir um evidente quadro de distorções.
Mas, enfim, podemos ter a melhor legislação do mundo em matéria tributária, mas
se ela não for aplicada efetivamente, será praticamente inócuo. Nesse sentido, neste
momento, caros colegas, a reforma tributária depende de todos e de cada um de
nós, Parlamentares.
Por ora, são essas as considerações.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
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O SR. SANDES JÚNIOR (PP-GO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, os nobres Ministros do nosso Supremo Tribunal
Federal têm uma tarefa das mais difíceis, mas que pode, dependendo da opinião da
corte jurídica mais importante do País, mudar a vida de muitas pessoas.
No momento em que uso esta tribuna, os 11 Ministros do STF se debruçam
em torno da polêmica de permitir pesquisas com células-tronco. Eles vão se
posicionar contra ou a favor da Ação Direta de Inconstitucionalidade — ADIN movida
pelo ex-Procurador-Geral da República Claudio Fonteles contra o art. 5º da Lei de
Biossegurança, de 2005. A regulamentação prevê que embriões congelados há 3
anos ou mais sejam doados para pesquisas, caso os genitores autorizem.
A ação do ex-Procurador da República, conforme os senhores puderam
acompanhar, foi proposta com base no art. 5º da Constituição Federal, sobre a
inviolabilidade do direito à vida.
Na verdade, a polêmica fez o STF convocar, em abril de 2007, a primeira
audiência pública de sua história, com a participação de cientistas contrários e
favoráveis às pesquisas com embriões. Quase um ano depois, os Ministros divulgam
seu parecer. A ação de Fonteles foi proposta com base no art. 5º da Constituição
Federal, sobre a inviolabilidade do direito à vida.
As células-tronco são células que têm a capacidade de diferenciar-se em
diferentes tecidos humanos. Segundo os especialistas, Sr. Presidente, existem as
células-tronco totipotentes ou embrionárias, que conseguem dar origem a qualquer
um dos 216 tecidos que formam o corpo humano; as pluripotentes, que conseguem
diferenciar-se na maioria dos tecidos humanos, e as células-tronco multipotentes,
que conseguem diferenciar-se em alguns tecidos apenas.
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Os pesquisadores estão brigando por uma coisa aparentemente simples.
Quando a criança nasce, o cordão umbilical, fonte de células-tronco melhor do que a
medula espinhal, vai para o lixo. Os cientistas e pesquisadores querem que se
façam bancos públicos de cordões umbilicais, apesar de não saberem se as células-
tronco neles existentes têm mesmo a capacidade de diferenciar-se em outros
tecidos e, caso tenham, em que tecidos poderão diferenciar-se.
No entanto, como já não se discute mais que o cordão umbilical é a melhor
fonte de células para tratamento da leucemia e de inúmeras outras doenças
hematológicas e como se estima em praticamente 100% a chance de encontrar uma
amostra compatível num grupo de 10 a 12 mil amostras de cordões, a criação desse
banco estaria plenamente justificada.
E como funcionariam esses bancos de cordão umbilical, Srs. Deputados?
Quando uma pessoa tem leucemia, é preciso procurar um doador compatível;
e se tenta achá-lo na família do doente, por exemplo, numa irmã ou num primo que
possa doar a medula óssea. Às vezes, o paciente tem a sorte de conseguir; às
vezes, não, e entra numa fila à espera desse doador compatível; um adulto que
esteja disposto a doar sua medula.
Imagine, porém, que existam bancos de cordão umbilical com células-tronco
boas para o tratamento da leucemia. Se houver 12 mil, 15 mil amostras, certamente
será encontrada uma compatível, o que tornará desnecessária a procura de um
parente para doação. O processo é semelhante ao dos bancos de sangue, com a
diferença de que o sangue tem menos combinações possíveis.
Em relação à pesquisa sobre células-tronco embrionárias, é preciso fecundar
um óvulo — o que é feito in vitro, não dentro do útero materno — e esperar
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multiplicar algumas vezes para obter a célula-tronco. Isso criou um debate, a meu
ver, descabido, que é o debate do abortamento, como se estivesse sendo feito um
pequeno abortamento in vitro.
Ora, se pegarmos um adolescente que foi parar num hospital depois de um
acidente de moto e através de vários exames for constatada sua morte cerebral, se
a família estiver de acordo, estamos autorizados a retirar o coração e outros órgãos
para transplantá-los numa pessoa que precise. A sociedade não só aceita esse ato
da medicina como o considera louvável. No entanto, qual foi o princípio que orientou
esse procedimento? O sistema nervoso tinha deixado de funcionar, não havia mais
condição humana e a vida era apenas vegetativa. Agora, se pegarmos um óvulo,
esperarmos que se multiplique em poucas células, nas quais não existe o menor
esboço de sistema nervoso central, considerar isso um atentado contra a vida não
parece, no mínimo, uma coisa do outro mundo.
Por fim, Sr. Presidente, entendo que nesse debate em relação às células-
tronco embrionárias existe muito desentendimento e desinformação, porque a
proposta é usar os embriões que sobram nas clínicas de fertilização e vão para o
lixo.
Sinceramente, torço para que o Supremo Tribunal Federal se posicione hoje a
favor da vida, mas da melhor condição de vida daqueles que podem, no futuro, ter o
que nós poderíamos chamar efetivamente de vida.
Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.
Agradeço a atenção a mim dispensada pelos nobres pares desta ilustre Casa.
Muito obrigado.
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A SRA. REBECCA GARCIA (PP-AM. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, na semana passada, tivemos a grata satisfação
de ver nosso País ter uma produção cinematográfica aplaudida por um corpo de
jurados no Festival de Berlim. Tropa de Elite, lançado recentemente no País, tem
muitas versões sobre um mesmo enredo: o mundo das drogas e a corrupção
policial, duas partes de um mesmo todo. Uma história fatídica e real que atravessa
paredes e janelas dos lares brasileiros. E as vítimas, somos todos nós.
Apesar da recepção majoritariamente negativa que teve na mídia
internacional — a produção brasileira chegou a ser chamada de fascista pela revista
americana Variety —, Tropa de Elite desbancou os favoritos Sangue Negro, de Paul
Thomas Anderson, e a comédia Happy-Go-Lucky, de Mike Leigh. A produção
também foi alvo de críticas no Brasil, por conta da maneira como trata temas
polêmicos como a violência policial no combate ao crime, a responsabilidade dos
compradores de drogas e a suposta hipocrisia das passeatas de paz organizadas
pela classe média. Diversas vezes, o diretor José Padilha e o protagonista Wagner
Moura tiveram que se defender da acusação de fascismo e apologia à violência no
filme — a ponto de o ator, ainda em outubro, já se dizer cansado de responder às
mesmas críticas.
Contudo, faço das palavras do diretor meu pensamento a respeito da
produção. Independentemente de se gostar ou não de Tropa de Elite, o importante é
o debate que o filme teria causado: a discussão que põe em lados opostos aquele
que produz o produto e aquele que o usa, além do aparelhamento e preparo de
nossa polícia, nossa sociedade, seus males e sua hierarquia militar, exaurida pela
ausência de planos concretos na área de segurança pública.
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Será que podemos nos recordar do PAC da Segurança, tão alardeado há
poucos meses? Quais os reais objetivos e as respostas que temos tido ao longo
deste tempo?
O filme, que já é sucesso no Brasil, mostra corrupção, violência e assassinato
em meio à ação de um esquadrão da polícia do Rio no combate a narcotraficantes
armados nas favelas da cidade. E o sucesso está justamente em quebrar fronteiras
entre a verdade que se faz presente no dia-a-dia do povo carioca e as mentiras que
são criadas, forjadas por números que muitas vezes pouco significam para a Nação.
Sr. Presidente, esse filme também representa o retrato poderoso das
concessões que a polícia faz para sobreviver e fazer seu trabalho. Como é possível
um soldado obter o sustento de sua família com um salário próximo de mil reais? Em
que condições estamos delegando nossos homens para enfrentar o crime
organizado? Não podemos pensar que ele glorifica os métodos duvidosos desses
policiais. Não se trata de um filme de recrutamento de criminosos fascistas. Trata-se
de uma grande interrogação colocada na mente de todos nós. O que faremos para
mudar essa realidade?
Solicito que este discurso seja divulgado pelo programa A Voz do Brasil e
pelos demais órgãos de comunicação da Casa.
Muito obrigada.
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O SR. AUGUSTO CARVALHO (PPS-DF. Pronuncia o seguinte discurso.) -
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, num samba dos mais antigos, ouvia-se
cantar que “pra quem não tem pra onde ir, qualquer caminho é caminho”. E essa
canção me vem à lembrança quando vejo, com desalento, esse ziguezagueamento
de que se valem as lideranças das centrais sindicais para conseguir, a qualquer
custo, que o trabalhador continue a arcar com a pesada carga tributária de hoje.
Isso, eles somente conseguirão se esta Casa aceitar o alvitre do Senado, que
impediu fosse aprovada minha emenda, exatamente a que impede seja o imposto
sindical cobrado de forma obrigatória, mas, sim, se aceito pelo trabalhador.
Apanhadas no pé de apoio, essas lideranças ainda não se deram conta de
que nenhum assalariado, Brasil afora, consegue saciar a fome pantagruélica de
nosso Fisco. Por isso, o mais correto é batalhar para sua redução e não por seu
aumento.
Assim, e querendo se esconder por trás de medidas que seriam benéficas
aos trabalhadores, lançaram, com estrépito, mas sem público, uma campanha que
pretendia a redução da jornada de trabalho. Em seguida, distribuíram faixas pedindo
a ratificação das Convenções nºs 151 e 158 da Organização Internacional do
Trabalho, a OIT.
Vejam, Sras. e Srs. Parlamentares, como, na sua ânsia por recursos públicos,
esse pessoal anda como que perdido.
Desta tribuna, já examinei a proposta da redução da jornada de trabalho,
entendendo ser mais que justa, por um argumento essencial: o índice de
produtividade, em nossa economia, que cresceu mais que os custos de produção.
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Essa redução da jornada é viável, sem que traga qualquer prejuízo ao setor
produtivo de nossa economia.
Deixo de lado, para o próximo discurso, a questão da Convenção nº 151, que
cuida, em especial, da situação sindical dos servidores públicos. De qualquer forma,
na qualidade de Constituinte, estive junto com os que defenderam, para esses
servidores, o direito de sindicalização e de greve.
A Convenção nº 158 tem outra história. Resta-me lamentar que os líderes
sindicais se esqueçam exatamente dos trabalhadores e não os chamem para o
debate sobre a matéria e, mais que isso, sobre a forma como resolver a questão.
Ainda como recomendação, a Convenção nº 158, foi aprovada em 1963 e se
transformou, enfim, em convenção, em 1982. É uma história, assim, que já se
veicula nos meios sindicais há quase meio século. O Brasil ratificou-a em 1995, mas
denunciou o acordo junto à OIT no ano seguinte. E o fez, vale observar, diante da
pressão das confederações empresariais.
Sucede que antes desse ir-e-vir, a Constituição já contemplara a questão,
apenas pedindo, para sua regulamentação, uma lei complementar. De fato, o
primeiro inciso de seu art. 7º define os direitos de todos os trabalhadores urbanos e
rurais do País, expressando que um desses direitos é o da relação de emprego
protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei
complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos.
Veja-se que a proteção contra a demissão imotivada já existe em nossa
Carta. E ali se pede uma lei complementar que deverá definir uma indenização, além
de outros direitos.
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Perguntamos: quando essas lideranças vieram, nesse quase meio século,
discutir a fundo o problema com os trabalhadores que querem representar? Quando,
depois da promulgação de nossa Carta, buscaram a aprovação de muitos projetos
de lei, regulamentando a matéria, já praticamente todos arquivados, por decurso de
prazo e mais?
Fosse outra a situação de nosso ordenamento jurídico, no particular, essa luta
pela ratificação da Convenção nº 158 seria uma grande bandeira de luta. Agora, é
mais uma cortina de fumaça, para que se a divulgue como algo novo e avançado,
quando há 20 anos esse direito dos assalariados está inscrito na Constituição da
República. Por trás dessa cortina de fumaça, acertam com o Governo — e
exatamente o Governo de um grande líder sindical — uma cobrança de contribuição
que obrigue, em definitivo, os trabalhadores a seu pagamento, por cima dessa
imensa carga tributária que o povo brasileiro suporta — e rejeita.
É da regulamentação desse dispositivo constitucional que cuido, com a
elaboração de um projeto de lei que resgate e atualize as demais proposições. As
lideranças sindicais podem entender que é esse o caminho mais válido, se é que, de
fato, interessa-lhes seguir qualquer caminho que beneficie o mundo do trabalho.
Grato pela atenção.
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O SR. EDSON DUARTE (PV-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o que está acontecendo entre Colômbia,
Equador e Venezuela é da nossa conta, é do nosso interesse. Houve uma invasão a
um território livre no nosso continente, e essa é uma violência inaceitável.
Embora a Colômbia e a Venezuela, em diversas ocasiões, tenham trocado
farpas, jamais pensaríamos numa invasão e muito menos em guerra.
Na verdade, temos fortes indícios de ter havido uma orientação dos Estados
Unidos para a invasão ao Equador e o massacre aos guerrilheiros das FARC. O
Pentágono não estava satisfeito com os resultados positivos nas negociações das
FARC com Hugo Chávez. Oito prisioneiros haviam sido libertados e se anunciava a
libertação de outros 30. Como as operações estavam dando certo, a imagem de
Chávez como negociador crescia na América Latina e no mundo.
Invadir um país soberano numa ação policialesca, com alta tecnologia, é
típico da CIA e dos mentores norte-americanos, seguidores da ideologia de Rambo.
Além disso, ter uma guerra a mais no planeta seria um grande negócio para
os norte-americanos em todos os sentidos. A começar pelo comercial — eles são os
maiores vendedores de armas do mundo.
A invasão colombiana tinha como objetivo assassinar Raúl Reyes, o principal
interlocutor das FARC e responsável pela libertação dos reféns. A ex-Senadora
Ingrid Betancourt, do PV colombiano, era uma das pessoas que seriam libertadas.
Agora, nossa esperança diminui. Mas o PV internacional não vai recuar. No Dia
Internacional da Mulher, 8 de março, o PV no Brasil fará manifestação pública pela
libertação da senadora.
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Neste momento, é necessário que a Colômbia peça desculpas formais ao
Equador pela invasão do seu território. Nenhum país latino aceita a invasão. O
Governo brasileiro já se posicionou nesse sentido. Quanto à imprensa, ela deveria
parar urgentemente de publicar matérias de incentivo à guerra. Com a guerra
ganham os de sempre: os vendedores de armas e os que querem a América Latina
sob o controle dos Estados Unidos.
Obrigado.
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O SR. JOSÉ CHAVES (PTB-PE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é consenso entre empresários, especialistas e
estudiosos em geral que o sistema tributário brasileiro é extremamente complexo e
penaliza os mais pobres.
Por outro lado, carrega em sua estrutura contradições inerentes a um Estado
que se notabilizou pelo objetivo de arrecadar cada vez mais, independentemente do
crescimento da atividade econômica.
Quer dizer: chova ou faça sol, cresça ou não o Produto Interno Bruto, a
arrecadação tributária jamais pode se reduzir.
Essa volúpia arrecadatória intensificou-se nesses 20 anos de vigência da
Constituição de 1988, numa evolução explosiva, única no cenário mundial.
Com efeito, Sr. Presidente, em 1947, nossa carga tributária era de 13,8% do
PIB; nos anos do Presidente Kubitschek, manteve-se estável em 16,4%; e, em 1988,
quando da promulgação da nova Constituição Federal, atingia 22,4% do PIB.
No período do Presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), a carga
tributária passou de 29,4% para 35,8%, um crescimento nominal de cerca de 40%.
Durante o Governo do Presidente Lula, a carga tributária se situou em cerca
de 37%, um aumento nominal de 3,3%, sinal positivo de sua desaceleração, em
comparação com os períodos anteriores.
O Presidente FHC até que tentou emplacar uma reforma tributária, porém ela
foi torpedeada pelas forças que, historicamente, se aproveitam da nossa bagunça
tributária.
Sras. e Srs. Deputados, embora pareça forte a expressão “bagunça
tributária”, não há outro qualificativo para um sistema que congrega mais de 60
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tributos e que seu imposto mais importante � o ICMS � tenha 27 legislações
estaduais e 44 alíquotas diferentes.
Ademais, excelências, não se desconhece o fato de o conjunto de tributos
recair mais sobre o consumo, tornando insuportável a vida das famílias, sobretudo
as mais pobres.
Os Governos, em todos os níveis, até que se esforçam para corrigir esse
quadro — diga-se, corrigir em seu favor: de 1988 até agora, a disposição legiferante
deles já editaram nada menos que 3 milhões e 600 mil normas, equivalentes a 15
mil por mês ou 500 por dia.
Por todas as razões expostas e outras de menor profundidade e importância,
é bem-vinda a reforma tributária do Presidente Lula, para que esta Casa e o Senado
Federal acolham a PEC nº 233, com boa vontade e olhos no futuro do Brasil, mas
alterando-a e aperfeiçoando-a, se for o caso. Para isso que fomos eleitos e
ostentamos um mandato popular.
De minha parte, ao lado de outros companheiros, procurarei contribuir para
que a proposta tramite com maior brevidade possível, tendo o cuidado de lutar para
a redução da carga de impostos que recaem sobre o consumo e, reitero, sobre os
menos favorecidos.
Por outro lado, estarei atento à questão da cobrança das taxas de ocupação,
foros e laudêmios incidentes sobre os chamados “terrenos de marinha acrescidos”.
O Governo Lula tem enorme sensibilidade ante cenários desfavoráveis ao
nosso crescimento, verdade que não se põe em dúvida.
Na oportunidade em que se espera radical mudança no nosso sistema de
tributos, o Governo deve voltar suas vistas para essa esdrúxula penalização de
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milhares de famílias em todo o País, obrigadas a recorrer à Justiça para reverter
cobranças como o SPU pratica, que mais se assemelha a achaques tributários.
Imagine, Sr. Presidente, que terrenos de marinha e acrescidos de cidades
como Recife, Rio de Janeiro, Santos e Salvador, entre outras, estão sendo
reavaliados absurdamente, e têm redundado na cobrança de enfiteuse e foro em
valores extorsivos e fora de qualquer propósito.
A não ser que tal cobrança objetive viabilizar o autofinanciamento do Serviço
do Patrimônio da União (SPU), possivelmente deficitário.
Darei toda atenção a esse instrumento tão fora de moda, quanto a chamada
guerra fiscal. No período que antecedeu a nova Constituição, até que ainda era
justificada; depois, não. Converteu-se numa prática condenável que, encobrindo
objetivos obscuros, devasta a receita tributária dos Estados, que, em seguida,
culpam o Governo Federal por seus problemas mais comuns: atraso no pagamento
do funcionalismo, atraso no pagamento de fornecedores. O caos se instala, e o
próximo Governador que se vire. Isso tem de acabar, como tem repetido o
Presidente Lula.
Faço votos de que o Presidente Lula consiga agora o que não conseguiu em
2003, com a PEC 41, tampouco o Presidente FHC, com a PEC nº 175, de 1995.
O Brasil necessita escapar do círculo vicioso arrecada mais, gasta mais;
gasta mais, arrecada mais.
Segundo o Ministro Mantega, purificado o sistema tributário, a taxa de
crescimento do PIB brasileiro se elevará em um delta de, no mínimo, 0,5% ao ano.
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E o Ministro tem razão, porque essa purificação envolve redução do número
de tributos e simplifica o sistema, favorecendo a administração das empresas e o
funcionamento da própria economia.
É uma previsão otimista do Ministro Guido Mantega, que o Congresso
Nacional tem a responsabilidade de checar.
Não podemos, Sr. Presidente, deixar de aproveitar o atual momento de
crescimento e de afirmação do Brasil no contexto internacional, no qual já desponta
superando a Rússia, Índia e China na preferência de grandes investidores.
Façamos a reforma tributária, antes que sejamos prejudicados no cenário de
um mercado globalizado, onde práticas tributárias mais leves e inteligentes nos
garantirão situação competitiva privilegiada.
Não fiquemos paralisados por nossa própria preguiça e falta de vontade
política.
Era o que tinha a dizer.
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O SR. VALADARES FILHO (Bloco/PSB-SE. Pronuncia o seguinte discurso.) -
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, trago um cumprimento de respeito e de
admiração às mulheres do Brasil, na reverência anual que destaca a trajetória
histórica, sempre de lutas, pela afirmação de direitos solapados ao longo do tempo.
E começo por abraçar as bravas representantes das mulheres neste Parlamento,
onde questões relevantes têm aflorado na discussão democrática, que é própria
desta Casa de mandatários do povo.
No curso da história das sociedades modernas, a luta das mulheres valoriza
cada conquista, cada avanço, cada posição que restaura a dignidade feminina.
Sabe-se, por isso mesmo, que nada em defesa do reconhecimento das mulheres
resultou de favores ou benemerências, mas de lutas, verdadeiras batalhas que se
arrastaram até que fossem acolhidas nos textos legais.
Na França e em outras partes do mundo as mulheres exibiram as suas
consciências, contribuindo para a internacionalização das reivindicações, a partir da
identidade das demandas. O feminismo, na melhor acepção, tornou-se uma
bandeira, tomou as ruas, afirmou compromissos, cobrou respeito e conquistou
avanços marcantes.
Foram muitas as conquistas, diversos foram os avanços, mas ainda há
necessidade de lutar, para que temas tabus, muitos deles de origem doutrinária
religiosa, sejam vencidos pela clareza que supera as dúvidas, como a luz que vence
as trevas. Isto não quer significar interferência nos destinos dos povos, que
competem, soberanamente, a cada sociedade, mas, de outro lado, não deve
enfraquecer a luta libertária por direitos, na construção permanente da cidadania.
Cidadania não tem prazo de validade, mas, ao contrário, é um esforço de
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superação, que atualiza, aprimora e consolida os ganhos políticos que marcam a
marcha afirmativa das mulheres.
O Brasil tem na sua história capítulos singulares, em defesa de direitos para a
mulher, quebrando a rigidez dos preconceitos, alicerçados na formação patriarcal da
nossa sociedade. Foram décadas de rebeldia, questionamentos, enfrentamentos,
para que o arcabouço legal do País trocasse o seu anacronismo pela modernização
das práticas democráticas. Democracia, vale repetir, não é um rótulo, um decalque,
alguma coisa postiça na vida das sociedades, mas uma prática diária, modelar, a dar
proteção exemplar aos mais legítimos anseios sociais, que a nutrem.
É preciso, portanto, manter a vigilância, refletir, criticamente, sobre temas
ligados às lutas femininas, trabalhando para prestar todos os esclarecimentos ao
conjunto da sociedade brasileira, formando uma opinião pública associada aos
mesmos interesses de valorização e de dignidade da vida, vista em todos os seus
aspectos.
A melhor homenagem que a mulher deve receber, em todo o mundo, é ter
compreendida a sua luta, o seu esforço, nos diversos papéis que cumpre. Não há
por que departamentalizar a vida das mulheres, seccionando partes de um conjunto
que, sendo harmonioso, funciona por inteiro, íntegro e indivisível, como expressão
de vida, ao lado do homem, vencendo os desafios recorrentes da sobrevivência.
O Brasil tem muito, ainda, por fazer, em termos de reparação histórica das
injustiças que o tempo acumulou, como um legado do atraso nas relações sociais.
Há, inegavelmente, uma disposição franca, que ganha visibilidade na mídia, em
defesa de conquistas e avanços em prol da mulher. Da mesma forma como há,
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indisfarçadamente, reações de intolerância, que se põem como obstáculos, alguns
intransponíveis, que retardam o aprimoramento do sistema jurídico nacional.
A hora presente, que se vale do repertório de lutas do passado, e de uma
agenda atualizada de interesses femininos, é de soma, realimentando a coragem,
que sempre foi o melhor dos atributos das lutas das mulheres brasileiras. Que este
dia sirva, além das homenagens, de reflexão, de discussão temática, de diálogo,
para seguir adiante com o ideário que, mais do que glorificar, faz justiça às mulheres
de todo o Brasil.
Cumprimento, mais uma vez, as excelentíssimas colegas desta Casa,
mulheres brasileiras que pela inteligência e trabalho engrandecem o País. Saúdo as
mulheres sergipanas, igualmente merecedoras de todos os aplausos, pelos
exemplos que dão às novas gerações e pelo que constroem para o futuro.
Era o que tinha a dizer. Meu muito obrigado e minhas felicitações a todas as
mulheres brasileiras.
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O SR. LUIZ BITTENCOURT (Bloco/PMDB-GO. Pronuncia o seguinte
discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a comunidade científica e
milhares de portadores de doenças hoje incuráveis aguardam com ansiedade o
julgamento marcado para a tarde desta quarta-feira no Supremo Tribunal Federal.
Onze Ministros votarão contra ou a favor da Ação Direta de
Inconstitucionalidade — ADIN, movida pelo ex-Procurador-Geral da República
Cláudio Fonteles, contra o art. 5º da Lei de Biossegurança, de 2005. A
regulamentação prevê que embriões congelados há 3 anos ou mais sejam doados
para pesquisas, caso os genitores autorizem.
A ação de Cláudio Fonteles foi proposta com base no art. 5º da Constituição
Federal, sobre a inviolabilidade do direito à vida. A polêmica fez o STF convocar, em
abril de 2007, a primeira audiência pública de sua história, com a participação de
cientistas contrários e favoráveis às pesquisas com embriões. Quase 1 ano depois,
os Ministros devem divulgar seu parecer.
Desde a realização da audiência pública, 2 estudos científicos publicados
reforçaram o coro dos pesquisadores contrários ao uso de embriões. Uma equipe
japonesa, conduzida por Shinya Yamanaka, da Universidade de Kyoto, e outra
norte-americana, liderada por James Thomson, da Universidade de Wisconsin,
conseguiram fazer células da pele humana agirem como células-tronco
pluripotentes. Em ambos os casos, a reprogramação foi conseguida a partir da
inserção de genes nas células por meio de um retrovírus.
Há cerca de 3 semanas, o grupo conduzido por Yamanaka anunciou outro
feito: os cientistas conseguiram reprogramar as células-tronco adultas sem risco de
gerar tumores, um obstáculo comum nesse tipo de pesquisa.
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Na opinião de Claudia Batista, professora do Instituto de Ciências Biomédicas
da Universidade Federal do Rio de Janeiro — UFRJ, os estudos comprovam que
insistir nas células-tronco embrionárias é um erro. Segundo ela, é muito difícil
controlar a proliferação das células embrionárias, por isso tantos cientistas estão
migrando para as pesquisas com células adultas induzidas, muito mais promissoras.
Para a Profa. Cláudia Pereira, as descobertas são importantes, mas não
diminuem a importância das pesquisas com células embrionárias. De acordo com
ela, nenhum cientista sério pode dizer que existe uma célula adulta com a mesma
versatilidade da célula embrionária.
Se os Ministros do STF vetarem as pesquisas com células embrionárias, as
clínicas de reprodução assistida do País terão que lidar com um problema prático: o
que fazer com os milhares de embriões abandonados pelos genitores ou sem
viabilidade de implantação?
Segundo o ginecologista e obstetra Eduardo Motta, um dos diretores da
Clínica Huntington, de São Paulo, nem todas as famílias são favoráveis à doação
para terceiros. Segundo afirmou, há o temor, por exemplo, de que os filhos venham
a encontrar os irmãos e, eventualmente, até se casem sem saber do parentesco.
Eduardo Motta relata que muitos casais se recusam a pagar a taxa de
manutenção, de aproximadamente R$500,00 ao ano, e desaparecem, transferindo a
responsabilidade para as clínicas, que são impedidas de descartar os embriões.
Não há dúvida de que se trata de um tema bastante polêmico, que merece
um debate aprofundado e envolve o conjunto da sociedade. A questão é
multidisciplinar e abarca aspectos éticos, sem contar a sua repercussão no universo
religioso.
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É de se esperar que o Supremo Tribunal Federal decida de forma sábia e
equilibrada sobre a utilização de células embrionárias em pesquisas genéticas,
principalmente no sentido de resguardar os interesses da sociedade e garantir a
esperança de cura de portadores de enfermidades ainda não curáveis.
Era o que tinha dizer, Sr. Presidente.
Muito obrigado.
O Sr. Arlindo Chinaglia, Presidente, deixa a cadeira
da presidência, que é ocupada pelo Sr. Manato, 1º
Suplente de Secretário.
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O SR. PRESIDENTE (Manato) - Concedo a palavra à Sra. Deputada Lucenira
Pimentel.
A SRA. LUCENIRA PIMENTEL (PR-AP. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, não poderia deixar de prestar esta singela
homenagem pelo Dia Internacional da Mulher a todas as mulheres de nosso Brasil e
também a todas as funcionárias desta Casa.
Outrossim, permita-me, Sr. Presidente e nobres pares, dirigir-me
especialmente às mulheres amapaenses por um momento aqui desta tribuna.
Homenageio as mulheres de todas as classes de atividades e sociais
amapaenses: mães, donas de casa, militares, garis, ruralistas, motoristas de táxis e
ônibus, médicas, odontólogas, parteiras, gestoras e servidoras públicas, domésticas,
lavadeiras, artesãs, juízas, advogadas, promotoras, educadoras, ribeirinhas,
extrativistas, enfermeiras, pastoras, prisioneiras, jovens, idosas e mulheres dos
Parlamentos.
Tu és forte, incansável, sábia, criadora, guerreira, estrutural, sensível, serena,
equilibrada, semeadora e procriadora de seres...
Tu és admirável em tuas ações e busca sempre por dias melhores...
A ti, mulher, a todas as mulheres, não só pelo dia 8 de março, mas por ontem
e pelo amanhã, o meu reconhecimento e meu carinhoso abraço.
Era o que tinha a dizer.
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O SR. CIRO NOGUEIRA (PP-PI. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, embora o Dia Internacional da Mulher caia,
neste ano, em um sábado, eu não poderia deixar de vir a esta tribuna para registrar
minha homenagem às mulheres e, como costumo fazer, render uma especial
homenagem às de minha família: irmã, filhas, minha sogra, ex-Deputada Federal
Miriam Portela, minha esposa, Iracema, e minha mãe, D. Eliane.
Aliás, minha mãe, Eliane, simboliza o perfil da mulher brasileira, que não se
deixa abater pelas circunstâncias, ao contrário, tira lições das adversidades para
seguir em frente, com coragem e determinação.
D. Eliane, sempre tendo que viver com políticos, ao lado de meu pai, Ciro
Nogueira (que já ocupou uma cadeira neste Parlamento), de alguma maneira,
parece ter um mecanismo que lhe permite ver adiante dos fatos. É símbolo da
admirável intuição feminina... Aquele que subestima os poderes femininos, aliás,
desconhece a força que as mulheres têm.
Lamentavelmente, muitos as subestimam em variados aspectos, e há aqueles
que realmente as discriminam. Apesar de constituírem mais da metade da
população brasileira, não têm plenamente respeitados os seus direitos.
Por isso, ainda temos que nos referir ao dia 8 de Março principalmente como
um momento para se refletir sobre as desigualdades entre homens e mulheres,
aproveitando para pensar no que podemos fazer para ajudar a reverter esse quadro.
A Síntese dos Indicadores Sociais 2007, do IBGE, apontou que o número de
mulheres chefes de família cresceu 79% entre 1996 e 2006, passando de 10,3
milhões para 18,5 milhões nesse período. A despeito dessa inserção da mulher no
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mercado de trabalho, elas ganham, na maior parte (37,2%), menos da metade do
salário dos homens.
Entretanto, esses números confirmam que elas estão em ascensão, e é o que
nos permite acreditar que a justiça ainda há de prevalecer em se tratando da
garantia dos direitos femininos. Nossa luta deve ser pelo fim da violência doméstica,
pelo fim do tráfico de mulheres e dos salários mais baixos apenas em razão do
gênero. O respeito às mulheres, no dia-a-dia, é a melhor homenagem que podemos
fazer.
Obrigado.
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O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (PR-PE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, desde o dia 21 último, a Mesa Diretora desta
Casa recebeu comunicação do Senado Federal (Ofício nº 87, de 2008), informando
sobre a aprovação do projeto de minha autoria, de 25 de fevereiro de 2003, que
altera o Decreto-Lei nº 5.452 (Consolidação das Leis do Trabalho), impedindo a
exigência de comprovação de experiência prévia por tempo superior a 6 meses para
acesso ao primeiro emprego.
Na Câmara, todas as Comissões pertinentes se pronunciaram a favor,
reconhecendo a justiça e oportunidade da medida, que alguns analistas da mídia já
começam a chamar de Lei Inocêncio. Foi essa a atitude unânime das Comissões de
Trabalho, de Administração e Serviço Público e de Constituição e Justiça e de
Cidadania. Vejo, finalmente, que o Senado, que o recebera em 2006, aprovou-o,
encaminhando à sanção.
Na justificação desse projeto de lei, mostrei que as pretensões de candidatos
no mercado de trabalho, sua rejeição até, vêm provocando frustrações, além de
alijar pessoas capazes, tecnicamente formadas e academicamente qualificadas,
mas que nunca tiveram acesso ao mercado de trabalho, que ficam marginalizados.
Ora, se o mercado é restrito e continua a dar prevalência aos que são tecnicamente
qualificados, têm já experiência prévia nas suas profissões, os novos profissionais
emergentes ficarão sempre marginalizados, quer nas empresas privadas, quer nas
empresas públicas dos três estamentos — federal, estadual e municipal.
Ao jovem, então, recém-saído de uma escola técnica profissional, de uma
faculdade ou de cursos profissionalizantes oferecidos pelos Sistemas S, as portas
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continuariam fechadas. E essa situação não pode perdurar, pois veremos o
constrangimento de aumentar, a cada ano, a legião dos profissionais marginais.
Estatísticas do IPEA comprovam essa marginalização mais acentuada nas
faixas etárias de 15 a 17 anos; de 18 a 24 anos e de 25 a 29 anos, quando a força
de trabalho é mais produtiva.
A mídia impressa nacional vem-se debruçando sobre esse fenômeno comum
nas grandes cidades e também nas cidades de médio porte em todo o País.
O Grande Recife, para citar apenas um exemplo, tem na atualidade 305 mil
desempregados, segundo divulgou o DIEESE (Jornal do Commercio, de Recife, em
2 de março de 2008). As empresas permanecem durante meses com vagas abertas,
mantida a exigência de experiência prévia, o que é uma contradição num mercado
de trabalho de oferta. Isso se verifica, também, na região do Agreste de Pernambuco
para empregos de nível médio — supervisores de produção e gerentes de produção.
São salários médios que variam entre 1.500 e 2.500 reais que o mercado
disponibiliza.
O Presidente do Sindicato da Indústria do Vestuário — SINDIVEST, Sr. Fredi
Maia, informa que empresas de Caruaru, Santa Cruz do Capibaribe e Toritama, em
Pernambuco enfrentam problemas pela falta de mão-de-obra qualificada e
experiente. Eis aí o nó górdio da questão, que o projeto de lei de minha autoria
pretende superar, estabelecendo que o empregador não exigirá do candidato a
emprego comprovação de experiência prévia por tempo superior a 6 meses no
mesmo tipo de atividade.
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Fico lisonjeado com a referência que a mídia me fez de autor da Lei
Inocêncio, que, se sancionada — como espero —, terá seguramente uma enorme
repercussão econômica e social em todo o Brasil.
Obrigado a todos.
O Sr. Manato, 1º Suplente de Secretário, deixa a
cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. Arlindo
Chinaglia, Presidente.
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O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Apresentação de proposições.
Os Senhores Deputados que tenham proposições a apresentar queiram
fazê-lo.
APRESENTAM PROPOSIÇÕES OS SRS.:
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V - ORDEM DO DIA
PRESENTES OS SEGUINTES SRS. DEPUTADOS:
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O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - A lista de presença registra o
comparecimento de 272 Senhoras Deputadas e Senhores Deputados.
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O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Passa-se à apreciação da matéria
sobre a mesa e da constante da Ordem do Dia.
Item 1.
Projeto de Lei nº 1.990-B, de 2007
(Do Poder Executivo)
Discussão, em turno único, das Emendas do
Senado Federal ao Projeto de Lei nº 1.990-A, de 2007,
que dispõe sobre o reconhecimento formal das centrais
sindicais para os fins que especifica, altera a
Consolidação das Leis do Trabalho — CLT, aprovada
pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e dá
outras providências. Pendente de pareceres das
Comissões: de Trabalho, de Administração e Serviço
Público; de Finanças e Tributação; e de Constituição e
Justiça e de Cidadania.
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O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Sobre a mesa requerimento no
seguinte teor:
“Sr. Presidente, requeiro, nos termos dos arts. 117,
VI, c/c 101, I, a, 1, e 83, § único, II, c, do Regimento
Interno da Câmara dos Deputados, a retirada de pauta da
Ordem do Dia das emendas do Senado Federal ao PL
1.990/07”.
Assina o Deputado Miro Teixeira.
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O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Em votação.
Para encaminhar, concedo a palavra ao nobre Deputado Vicentinho, autor do
requerimento, que falará a favor da matéria.
O SR. VICENTINHO (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,
também subscrevi esse requerimento, em razão do acordo que realizamos ontem,
durante os debates, com todos os partidos.
É de bom alvitre cumprirmos esse acordo, porque muitos Parlamentares
diretamente interessados no assunto não estão presentes. O mais importante,
portanto, é cumprirmos o acordo. Dessa forma, na próxima terça-feira votaremos a
matéria, após realizarmos o bom debate. Daí o apoio ao requerimento.
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O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Em votação o requerimento.
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O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Os Srs. Deputados que o aprovam
permaneçam como se encontram. (Pausa.)
APROVADO.
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O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Antes de encerrar a sessão,
informo que, conforme todos já sabem, por não ter havido acordo em relação ao
Orçamento, ele acabou não sendo votado na sessão do Congresso Nacional de
hoje.
Tenho conversado com o Presidente do Senado Federal, Garibaldi Alves
Filho. A nossa intenção é convocar nova sessão do Congresso Nacional para
terça-feira à noite ou quarta-feira de manhã, a fim de votarmos o Orçamento. Então,
que todos estejam preparados para estar presentes a essa votação.
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VI - ENCERRAMENTO
O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Nada mais havendo a tratar, vou
encerrar a sessão.
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145
O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - COMPARECEM MAIS OS SRS.:
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DEIXAM DE COMPARECER OS SRS.:
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 029.2.53.O Tipo: Extraordinária - CDData: 06/03/2008 Montagem: 4176
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O SR. PRESIDENTE (Arlindo Chinaglia) - Encerro a sessão, convocando para
hoje, quinta-feira, dia 6 de março, às 14h, a seguinte
ORDEM DO DIA
(Debates e trabalho de Comissões.)
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 029.2.53.O Tipo: Extraordinária - CDData: 06/03/2008 Montagem: 4176
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(Encerra-se a sessão às 11 horas e 56 minutos.)