12
EM FOCO Nova regras para o sector público ENTREVISTA Azevedo Rodrigues, Bastonário OROC VEJA MAIS EM NEGOCIOS.PT Este suplemento é da responsabilidade editorial do departamento comercial da Cofina Media, é parte integrante do Jornal de Negócios nº 2583, de 12 de setembro de 2013, e não pode ser vendido separadamente s + negócios mais. suplemento Desafios da Auditoria A ética e a confiança, as novas directivas europeias e a normalização contabilística dos sectores público e privado são temas em debate no XI Congresso dos Revisores Oficiais de Contas

Desafios da Auditoria

  • Upload
    votram

  • View
    215

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Desafios da Auditoria

E M F O CONova regras parao sector público

E N TRE VI STAAzevedo Rodrigues,Bastonário OROC

VEJA MAIS EM NEGOCIOS.PTEste suplemento é da responsabilidade editorial do departamento comercialda Cofina Media, é parte integrante do Jornal de Negócios nº 2583,de 12 de setembro de 2013, e não pode ser vendido separadamente

s+negócios mais.suplemento

Desafios da AuditoriaA ética e a confiança, as novas directivas europeias e a normalizaçãocontabilística dos sectores público e privado são temas em debateno XI Congresso dos Revisores Oficiais de Contas

Page 2: Desafios da Auditoria

II | Suplemento Comercial | Jornal de Negócios | Quinta-Feira, 12 de Setembro de 2013

Congresso dos ROC

Auditoria: Desafio e Confiança

O Congresso é, antes de mais, um espaço e um tempo de convívio – não se afigurando como tãofrequentes os momentos em que podemos distender-nos entre nós, confrontando as nossasansiedades e esperanças, reflectindo sobre como é possível encontrar felicidade na profissão,como conseguimos melhorar as nossas relações profissionais e trocar as nossas experiências,como observamos a Ordem e os progressos da nossa organização

Temos os nossos amigos e colegasestrangeiros, que nos trazemnovi-dades, ou aperfeiçoam o que já sa-bemosouvamossabendo,acercadaevoluçãodasnormasquepautamaorganizaçãoprofissional-podendoobter informação ou inferir comoas nossas vidas profissionais, e atéfamiliares,serãoafectadasnumfu-turo relativamente próximo: semsobressaltos, temos de ter a cons-ciênciadoqueteremosadiante,emsociedades, e desde logo a nossa,submetidas aesforços algumas ve-zes incomensuráveis, a restriçõesvariadas,acontençõeseconómicasque em certos casos nos assustam,à emergência de modelos de rela-cionamento transfronteiriço.

Uma vez que a profissão está,cadavez mais, voltadaparaas enti-dades públicas, háumajanelacomvistaparaoEstado,nassuasmúlti-plasformas,apelandoaquenosde-brucemossobreovaloracrescenta-do dos nossos serviços nacoisapú-blica–alargamentodabasedanos-sa actividade, cooperação com di-versas entidades assentes no reco-nhecimentodanossaindependên-cia e no modo como conseguimosrealizarumasériaerespeitadafun-ção.

Osempresários;semprepresen-tes na nossa vida profissional: va-mos, em mais esta oportunidade,ouvir as críticas, os aplausos, osconselhos daqueles com quemestamos permanentemente na

governação da economia – a nossacooperação,ademonstraçãodane-cessidade do nosso trabalho, a for-ma de superar as nossas divergên-cias,certosdequenãoqueremosserintrusos, por mera força legal, masemrazão de que o nosso trabalho éprocurado pelo valor que introdu-zimosnasempresas,grandesoupe-quenas,sobretudonestasondeaca-rênciade recursos que transporta-mos é, comfrequência, evidente.

AOrdemtemdedicadoumespe-cial carinho à formação, ao estudocontinuado–daíaalegriadepoder-mos estarcomindividualidades damaisfinaligaçãoàciênciaeàinova-ção, procurando, não aprendiza-gens específicas, mas a vivência deumaculturaafeiçoadaàsnossasne-cessidades e a uma mais francacompreensãodoambiente.Jáéin-tensa a nossa ligação aos colegas eamigoseàsorganizaçõesprofissio-naisdosoutrospaísesdelínguapor-tuguesa:continuamosaaprofundara troca de experiências, a entregaronossoconhecimentodanossaor-ganização em benefício da instau-ração de entidades que comun-guemdosmesmosinteresseseare-ceberprofissionaisquevêmcoope-rarnas nossas tarefas.

NuncanumCongresso faltaumlugar para a ética. Porque estamosdesconfortáveis? Não. O motivo é,tão-só,odequetemosnecessidadede cruzarexperiências com profis-sionaisesábiosdeoutrosdomínios,

confrontaros nossos procedimen-toscompadrões,reveranossapro-pensão aos comportamentos quefazemdenóselementossociaisquequeremos imprescindíveis, apuraro nosso sentido de julgamento, ali-nharosnossospontosdeconsenso– tudo isto, não por obrigação quenasce dos códigos, alguns escritos,mas pela indispensável convicçãode que apenas convenientementeorientadosfaremosjusaoconceitosocial que, por merecido, nos é de-vido. Astecnologiasdeinformaçãodeapoioàprofissãoacompanham-nos,tambémnestecongresso,ago-ra com tempo acrescido, para quepossamos obter informação sobrenovidadesousobreaperfeiçoamen-tosdosinstrumentosquejáutiliza-mos.

Será como que um intervaloaberto à digressão por quem vemtrazer-nosinformaçãosobrediver-sasfacetasdasnossasalfaias–umassofisticadas, outras simples, ondepodemos rever os nossos métodosdetrabalhoe,umavezmais,emdiá-logo com colegas, conseguirmos aevolução que cada um melhor en-tender.

Claro: teremos a oportunidadede escutar as sempre notáveis aná-lisesdonossoBastonário,queemsicorporizaonossopensamentoeex-pressão da Ordem, que nos lançaalertas, que nos avisa dos perigos etambémde boas coisas, esperamosequeremosmesmoosseusralhetes

–porissonoscomanda,fundadonanossa confiança e no respeito quetemos,tantoformalmentepelafun-ção, como substancialmente pelodenodado zelo e pela inesgotávelenergia carreados para a Ordem.Comemorámoscomassinaláveldi-gnidadeosquarentaanosdaOrdem,ainda vamos ter oportunidade devincarosdezanosdaSecçãoRegio-nal do Norte, daqui a dias temos oCongresso – inspirados na magna-nimidade da natureza que é Sintrae acolhidos pelo Centro OlgaCada-val–serãodoisdiasdereflexão,nãoisolada,comoficoudito,mascomosnossosparesemesmoosnossosfa-miliares: ao pensar na profissãosempre vem à mente a família, quesofrecomosnossasausênciasenoi-tes mal dormidas porque temos deresolver aqui ou ali, quase todos osdias, questões naqueles que nos so-licitamtrabalho, e que tambémde-pende dos, muitas vezes magros esempre sob contingência, resulta-dos do nosso labor.

Entre“DesafioeConfiança”pre-sentes como lema do nosso Con-gresso,estessãoalgunsdosdesafiosquepretendemospartilharcomto-dososquenosacompanharemnes-te evento.

A confiança resultará segura-mente do sucesso na resposta aosdesafios que teremos de vencer,num percurso que será difícil mas,também por isso mesmo, estimu-lante.

DAD O S - CH AVE

O quê?XI Congresso dos Revisores Oficiais deContas (ROC) sob o tema “Auditoria:Desafio e Confiança”

Quando?12 e 13 de Setembro

Onde?Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra

Quem?

Painel 1. Auditoria: Desafios futurosParticipações de Warren Allen,presidente do International Federationon Accountants (IFAC), André Kilesse,presidente de Fedération des ExpertsComptables(FEE) e Pino Messina,director de projectos especiais daAssociation of Chartered CertifiedAccountants (ACCA)

Painel 2. Desafio e Confiança noSector PúblicoParticipações de António GonçalvesMonteiro, presidente da Comissão deNormalização Contabilística (CNC),Miguel Soares de Oliveira, presidente doInstituto Nacional de Emergência Médica(INEM) e António Lobo Xavier, sócioresponsável pela área fiscal da MoraisLeitão, Galvão Teles, Soares da Silva

Painel 3. Desafio e Confiança nocontexto empresarialParticipações de António Simões, CEOda Sovena, Pedro Reis, presidente daAgência para o Investimento e ComércioExterno de Portugal (AICEP) e NunoAmado, presidente do Millennium BCP

Painel 4. Ciência e DesenvolvimentoParticipações de Maria de LurdesRodrigues, ex-ministra da Educação,António Cruz Serra, reitor daUniversidade Técnica de Lisboa (UTL) eJosé Marques dos Santos, reitor daUniversidade do Porto

Painel 5. Auditoria: CooperaçãoInternacionalParticipações de Martin Manuzi,director para a Região da Europa doInstitute of Chartered Accountants inEngland and Wales (ICAEW), JúlioSampaio, presidente da Ordem dosContabilistas e Peritos Contabilistas deAngola (OCPCA), João Mendes,presidente da Ordem Profissional dosAuditores e Contabilistas Certificados deCabo Verde (OPACC) e Mário Sitoe,bastonário da Ordem dos Contabilista eAuditores de Moçambique (OCAM)

Painel 6. Ética, Factor de ConfiançaParticipações de Rui Nunes, catedráticoda Universidade do Porto - Faculdadede Medicina, José Guilherme Xavier deBasto, membro da Comissão deAuditoria da Portugal Telecom eAntónio Magalhães, Revisor Oficial deContas

EditorialJosé Rodrigues de Jesus

Vice-Presidente da Ordem Revisores Oficiais de Contas

Page 3: Desafios da Auditoria

Publicidade

• Revisão Legal das Contas

• Auditoria às Demonstrações Financeiras

• Revisão limitada às Demonstrações Financeiras

• Procedimentos acordados

• Due Diligence

• Elaboração de dossiers fi scais de preços de transferência

• Relatórios de avaliação de entradas em espécie

• Certifi cação de pedidos de pagamento no âmbito de programas de incentivos comunitários

• Avaliação de empresas

• Elaboração de plano de negócios

• Estudos de estruturação de participações societárias

• Planeamento e estratégias de optimização fi scal

• Estudos de viabilidade económica e fi nanceira

R. Guerra Junqueiro, 447, 4150-389 Porto • PortugalTel.: + (351) 22 605 37 25 • Fax: + (351) 22 605 37 27

E-mail: [email protected]: [email protected]

Pires de Matos& Pinheiro TorresSociedade de Revisores Ofi ciais de Contas

www.piresdematosepinheirotorressroc.pt

COMPETÊNCIA • RIGOR • INDEPENDÊNCIA

Page 4: Desafios da Auditoria

.IV | Suplemento Comercial | Jornal de Negócios | Quinta-Feira, 12 de Setembro de 2013

J OSÉ AZEVEDO RODRI G U ES, BASTON ÁRI O DA OROC

“O revisorconstitui umbaluarte paraa confiança”

Em antecipação ao XI Congresso dos Revisores Oficiais de Contas, o bastonário da Ordem dos ROC,José Azevedo Rodrigues, reconhece os desafios que a profissão enfrenta, mas garante que a reputaçãoda classe não saiu afectada pela crise financeira

O lema deste XI Congresso é “Au-ditoria: Desafio e Confiança”. Quais os principais desafios que a auditoria enfrenta neste momen-to? Os desafios que se apresentam

aosectorsãoosmesmosdesempre,comoriscoacrescidodeascircuns-tâncias actuais ditarem uma preo-cupação mais premente por partedagestãodasempresasemapresen-tar resultados favoráveis. Este fac-to obriga a uma responsabilidadeacrescida por parte do Auditor dequestionarainformaçãodisponibi-lizada, fazendo uso da sua serieda-deedasuacapacidadetécnica.Nummomentoemqueatransparênciaeorigorsetornamelementosessen-ciaisàactuaçãodosagenteseconó-micos,éexigidoaoROCumamaioratenção para com os aspectos depermanência das empresas e dasinstituiçõesedassuastransforma-ções, possibilitando a transparên-cia no desenrolar da actuação dasorganizações e apontando-lhes asmelhorespráticasenquantoparcei-ro dagestão namanutenção de umclimade confiança.

Por que razão esta ênfase na palavra Confiança? Os casos recentes de pro-blemas com as contas de alguns ban-cos e grandes empresas internacionais terão abalado a credibilidade do sec-tor? Será preciso recuperar alguns prin-cípios éticos da profissão? Não é totalmente claro que o

contextoactualtenhainfluenciado

negativamenteograudeconfiançanagovernação das empresas. Con-tudo, areputação do ROC enquan-togrupoprofissionalparecenãotersidoafectadademodotãosignifica-tivopelacrisefinanceira.Oauditormanteve grande parte do grau deconfiança que lhe era depositadopelo público, ao responder asserti-vamenteàseriedadedosproblemassurgidos neste período.

Esteelementoderelevânciaedeconfiança no trabalho desenvolvi-do pelo auditor adquire, de formaóbvia e compreensível, princípio efundamento no cumprimento dasdirectrizesconstantesdocódigodeética que os auditores, enquantomembros de organismos perten-centes à IFAC, como é o caso daOROC em Portugal, assumiram ocompromisso de cumprir. Apardeelementos como os bons conheci-mentos técnicos e o profissionalis-mo do profissional, este torna-seumfactorfundamentalnaactuaçãona área da Auditoria. Contudo, talnão implique uma necessidade deos auditores reforçarem aqualida-de e aindependêncianasuaactua-çãobemcomooseucepticismopro-fissional.

Em concreto, um dos aspectos que tem sido mais debatido no sector é o da in-dependência dos auditores e da neces-sidade de rotação dos auditores. Qual a posição da OROC sobre estes temas? Defacto,umdoselementosfun-

damentais para a garantia de

confiançano trabalho de auditoriaéassegurarumaclaraindependên-cia do auditor perante a entidadeauditada, a qual pode ser afectadapor múltiplos factores, desde a fa-miliaridade,àauto-revisãoeainte-resses financeiros.

Contudo,aOrdemnãoestácon-vencida, nem existem bases objec-tivasdivulgadaseconhecidas,quearotaçãodosauditoresconstituaumelementorelevanteparaagarantiade independência. Até porque emmuitasinstituiçõessetemverifica-dosignificativasrotaçõesdosórgãosde administração, o que reduz ograude familiaridade comestes.

Tanto isto parece ser verdade,quemuitorecentementenosEsta-dos Unidos (país onde aproblemá-tica da auditoria mais tem sido de-batidaeregulamentada),foivotadopor grande maioria dos membrosda Câmara dos Representantesuma emenda ao Sarbanes-OxleyAct de 2002 paranão permitir queo PCAOB (Public Company Ac-counting Oversight Board) exija arotação obrigatóriados auditores.

Sendo os auditores eleitos emAssembleiaGeralpelosaccionistas,pensamos que tal disposição legal,mesmo que apresentada com sen-do de interesse público, podememdeterminadascircunstânciasreve-lar-se como um elemento de des-confiançadosprópriosaccionistas.

O Congresso distingue os desafios e a confiança dos sectores público e

empresariais. Quais as razões desta di-ferenciação? Há de facto especificida-des próprias de cada um dos sectores? Falando em confiança, este ter-

moéaplicávelcomigualrelevânciatanto no sector público como noempresarial. Tal porque aconfian-ça não se limita apena a uma cate-goriadestakeholders(investidores)massimamúltiplascategorias,faceaosimpactoseconómicosfinancei-ros, ambientais e sociais da activi-dade das entidades empresariais epúblicas. No que concerne aos de-safios, aqui já poderemos fazer al-gumadistinção. Historicamente, osector empresarial sempre apre-sentouuma“accountability”supe-rioràdosectorpúblico.Sómuitore-centementefoiimplantadoumsis-temadecontabilidadepatrimonialno sector público e ainda mais re-centemente foi requerida a inter-vençãodosrevisoresnafiscalizaçãodas contas de muitas entidades dosector público. Desta forma, nãoserádeestranharasmaioresdificul-dadessentidasnasentidadespúbli-casde“reporting”edeprestaçãodecontasque,felizmente,temvindoaevoluir de forma muito positiva.Estáemcurso,naComissãodeNor-malização Contabilística, um pro-cesso de adopção de normas inter-nacionais de contabilidade para osectorpúblico baseadas namesmaestruturaconceptualqueasdosec-tor privado e isso será decerto umpasso gigante naprestação de con-tas do sector público. E este é um

Congresso dos ROC

A OROC entendeque a proposta de‘liberalização’ dosdetentores decapital nassociedades deauditoria, onde emnossa opinião deveprevalecer oconceito de capitalhumano sobre ode capitalfinanceiro, podeconstituir um riscoreal para aexistência depressões por partedo accionista naequipa deauditoria.

Page 5: Desafios da Auditoria

.Jornal de Negócios | Quinta-Feira, 12 de Setembro de 2013 | Suplemento Comercial | V

(*) A “Abreu & Cipriano” reserva-se o direito de recusar aqueles serviços que, pela sua natureza, características, ou circunstâncias em que tenham de ser prestados, colidam ou possam colidir com as regras e

princípios de independência defi nidos no Estatuto da Ordem dos Revisores Ofi ciais de Contas e no Código de Ética e Deontologia Profi ssional dos Revisores Ofi ciais de Contas.

Prestamos os seguintes serviços profi ssionais(*):

Revisão Legal de Contas de Empresas e Entidades

Auditoria Financeira

Avaliação de Sistemas de Controlo Interno

Serviços de Garantia de Fiabilidade

Procedimentos Acordados

Intervenções no âmbito do Código das Sociedades Comerciais

Avaliação de Empresas

Estudos Económico-fi nanceiros

Formação em Contabilidade e Auditoria

Estudos e Pareceres

Consultadoria Financeira

Consultadoria Fiscal

MEMBRO DA OROC

http://www.acauditores.pt/Tel: +351 218 166 180 - Fax: +351 218 166 183 | Praça de Alvalade, 6 - 3.º D - 1700-036 LISBOA

E-mail: [email protected]

desafiorelevanteparatodaacomu-nidadeeemparticularparaosrevi-sores, sabendo nós do estado dascontaspúblicasnoactualcontexto,a gestão criteriosa dos parcos di-nheirospúblicos(entenda-sedeto-dos nós) deve constituir uma prio-ridadeaquetodoocidadãodevees-taratento. Acooperação daOrdemcomoGoverno(emparticularcomo Ministério das Finanças) e comentidadesdesupervisãoecontrolo,designadamente,TribunaldeCon-tas e Inspecção Geral de Finanças,poderá constituir um desafio queemmuitovenhaacontribuirparaatransparênciadas entidades e paraaconfiançadapopulaçãonosmem-bros de gestão dos organismos daadministraçãocentralelocal,inde-pendentemente da sua configura-ção jurídicaouformal.

Outro dos painéis foca a questão da cooperação internacional. Qual a im-portância deste tema e, em particular, da cooperação com os PALOP? No âmbito de actuação dos revi-

soresoficiaisdecontas,acooperação

internacionalconstituiabasedeso-brevivênciadaqualidadeecredibili-dadeprofissionais.Oâmbitodostra-balhos de auditoriaestásuportadopor normas emanadas internacio-nalmente e que suportam parte si-gnificativadoconhecimentodosau-ditores,paraalémdenormalizaremanível mundial os procedimentos eformade executartecnicamente ostrabalhos e o comportamento e for-madeestardosauditores.Asnormastécnicaseocódigodeéticasãoema-nadospeloIFAC(InternationalFe-derationofAccountants),organismode que aOrdem é membro pleno e,como tal, veículo em Portugal deadopçãodessenormativo.Aintegra-ção na Fédération des ExpertsComptables Européens (FEE) per-mite que a Ordem esteja tambémpermanentementeintegradacomassuascongénereseuropeias.

Anossahistóriaeespecificidadeslinguísticaeculturalleva-nosacon-siderar prioritário um relaciona-mentoprivilegiadocomospaísesdeexpressãoportuguesa(PALOP).Nopassado,onossoregimeestatutário

criavaalgunsobstáculosaesterela-cionamento,masnapropostadeLeiqueseencontraemcurso,forampornóspropostosajustamentosaomes-moparaquenofuturoimediatoissosejaumarealidade.Seiqueasnossaspropostasforambemacolhidasees-touconvencidodequecomasrecen-tescriaçõesdasordensprofissionaisempaísesdeexpressãoportuguesa,o relacionamento até ao momentojá existente, irá ser incrementado,em pleno respeito das respectivasidentidadeseespecificidadesnacio-nais.

A OROC tem sido bastante crítica da nova directiva europeia de contabilida-de. Porquê? AOROC entende que as altera-

ções propostas pretendem contri-buirparaaindependênciadosaudi-tores e para a melhoria da qualida-de dos serviços prestados porestesprofissionais, com a finalidade deproporcionarmais fiabilidade àin-formaçãodivulgadaedecontribuirpara a restituição da confiança nomercado.Parecemexistir,contudo,

algumas falhas na proposta apre-sentada, nomeadamente ao retiraraos Estados Membros autonomianadefinição de regras mais especí-ficas que respondam às caracterís-ticas dasuaregulamentação, àcul-turaeaofuncionamentodomerca-do interno, para além de ainda po-deremcontribuirparaodesinteres-seprofissional,paraafaltadeatrac-tividade para os jovens e, por fim,paraacontinuaçãodafortetendên-ciadeconcentraçãoqueactualmen-teseverificanomercadodeAudito-ria.Atítulodeexemplo,aOROCen-tende que apropostade ‘liberaliza-ção’ dos detentores de capital nassociedades de auditoria, onde emnossa opinião deve prevalecer oconceitodecapitalhumanosobreode capital financeiro, pode consti-tuir um risco real para a existênciade pressões porparte do accionistanaequipade auditoria.

Esteselementosderiscocontri-buem negativamente para a trans-parência, para a independência epara a confiança nos mercados,num momento em que estes são

valores imprescindíveis para a ac-tuação do revisor no actual quadroeconómico que vivemos.

Que resultados concretos se podem es-perar na sequência deste XI Congres-so? Os eventos desta natureza não

têmfinalidadesformativas,masso-bretudocomportamentais.Preten-demos que do evento resulte, porum lado, continuar a consolidar aboaimagemexternadaOrdemedarelevânciadaactividade de audito-ria e, por outro, um aumento daconsciencializaçãodosrevisoresdoseu papel na sociedade. Vivemostempos difíceis e, como tal, só comesforçosacrescidosnasnossascom-petências e na nossa ética podere-mosefectivamenteservistoscomoagentesdemudançadegarantesdeconfiança. Este é, aliás, o lema quegostaríamosquetodosnosrevísse-mos no futuro como resultado darealização do presente Congresso:O revisor constitui, no sector em-presarial e no sector público, umbaluarte paraaconfiança.

Pub

Page 6: Desafios da Auditoria

.VI | Suplemento Comercial | Jornal de Negócios | Quinta-Feira, 12 de Setembro de 2013

AN TÓN I O G ON ÇALVES M ON TEI RO, PRESI DEN TE DA COM I SSÃO DE N ORM ALI ZAÇÃO CON TABI LÍSTI CA

“É fundamental promover atransparência das Contas Públicas”Chegou o momento de se fazer um esforço sério de adopção das melhores práticas, optando por umsistema de contabilidade pública baseado nas normas internacionais que vierem a ser adoptadas naUnião Europeia

AntónioGonçalvesMonteiroé,des-de29deAbril,presidentedaComis-são de Normalização Contabilísti-ca. Menos de dois meses depois datomadadeposse,a17deJunho,con-cedeuaseguinteentrevistaàRevis-ta Auditores, o boletim oficial daOROC.

Assumiu recentemente a presidên-cia da Comissão de NormalizaçãoContabilística (CNC). Qual conside-ra sera sua principal missãoduran-te o mandato?Aminha principal missão para

estemandatoconsistiráemcriarascondiçõesparaqueaCNC,enquan-to entidade normalizadoradacon-tabilidade do sector empresarial edosectorpúblico,sejacapazdeexer-cer adequadamente as atribuiçõeslegaisqueonovodiplomaorgânicolhe confere. O modelo de normali-zação contabilísticaadoptado pelosector empresarial está alinhadocomoquesepraticanageneralida-de dos países europeus e não se es-peraqueasalteraçõesqueirãoocor-rer,emconsequênciadaadopçãodanovadirectivadacontabilidade,ve-nhamaconstituirumproblemadedifícilsolução.Ograndedesafioestáde facto ao nível do sector públicoemqueomodeloadoptadoestáde-sactualizado,estábaseadonoPlanoOficial de Contabilidade Pública eemquatroplanossectoriaiscomdi-ferentes graus de implementação.À semelhança do que aconteceucom o SNC, que seguiu de perto asIAS/IFRS, há que desenvolver umsistemacontabilísticoparaosectorpúblico que adopte como referen-cial o normativo internacional decontabilidadepública(IPSAS).Oes-sencialéqueasdiferentesentidadesreconheçam anecessidade damu-dança e se mostrem disponíveisparacolaborarcomaComissão.

ComaextinçãodaComissãodeNor-malização Contabilística da Admi-nistração Pública, a CNC viu acres-cidas as suas atribuições. Relativa-mente ao sector público qual é oprincipal objectivo a atingir?A Comissão de Normalização

Contabilística da AdministraçãoPública(CNCAP). Foi responsávelpelaelaboração do Plano Oficial deContabilidade Pública (POCP) e

pelos planos sectoriais aplicados àSaúde,Educação,SegurançaSocialeAdministraçãoLocal.TodosestesplanostiveramporbaseoPlanoOfi-cial de Contabilidade, normativoque,entretanto,foisubstituídopeloSistemadeNormalizaçãoContabi-lística (SNC). Impunha-se que em2010fosseefectuadaaadaptaçãodoPOCP ao SNC a fim de manter aconsistênciaentre os dois referen-ciais.Entretanto,entendeuoGover-no proceder à integração na CNCdas atribuições e competências denormalização contabilísticaparaosectorpúblico,tendosidoaprovadoem29dejunhode2012umnovore-gimejurídicodaorganizaçãoefun-cionamento daCNC.

Noâmbitodasnovascompetên-cias atribuídas a CNC passou a serresponsável pela emissão de nor-mas contabilísticas destinadas aosectorpúblico,tendoporreferênciaas Normas Internacionais de Con-tabilidade Pública (IPSAS) bemcomo contribuir para a sua imple-mentação e melhoria. Nestaalturaa Comissão está focada em três te-mas principais: discutir um docu-mento interno intitulado “LinhasOrientadoras para o Sistema deNormalizaçãoContabilísticaPúbli-co”, analisar experiências adquiri-das por outros países relativamen-te a reformas idênticas e acompa-nharostrabalhoseapolíticadehar-monizaçãocontabilísticadossiste-masdeContabilidadePúblicaaoní-veldaUnião Europeia.

Mas isso significa que em Portugalvai ocorrera breveprazouma refor-ma da Contabilidade Pública?Aquestãonãopodesercolocada

nesses termos. Háque reconhecerque o processo contabilístico quevem sendo adoptado (POCP paraorganismospúblicos,planosdecon-tassectoriaisparaSaúde,Educação,Segurança Social e AdministraçãoLocal, SNC ou IAS/IFRS para em-presas públicas e SNC-ESNL parafundaçõespúblicas)carecedeserre-formulado por não constituir umsistemacoerentebaseadoemprin-cípiosenormativosidênticos,estan-do claramente desactualizado.

Éfundamentalpromoveratrans-parênciadasContasPúblicas,garan-tirasuafiabilidadeecomparabilida-

Congresso dos ROC

Há quedesenvolverum sistemacontabilístico parao sector públicoque adopte comoreferencialo normativointernacionalde contabilidadepública.ANTÓNIO GONÇALVES MONTEIROPresidente da Comissãode Normalização Contabilística

deeoreforçodaconfiançaporpartedos cidadãos e de terceiros. Tais ob-jectivos só serão alcançáveis se forpossível levaracabo umaprofundareformado sistemacontabilístico,quedeverátercomoobjectivoapro-dução de informação financeirafiá-vel,verdadeira,completaequecon-tribuaparamelhoraragestãoeconó-mica, o controlo financeiro e aava-liaçãodaperformance.Aintroduçãoefectiva e generalizada da base deacréscimonorelatofinanceirovaiex-plicitarnovasrealidadesevaiobrigaraalteraroprocessodedecisão.Umareformadestanaturezademoraemmédia5a6anosepressupõeadispo-nibilidadeeaadequaçãoderecursosmateriais e humanos aafectaraumprojectodestadimensão.Estoucon-victo de que chegou o momento desefazerumesforçosérionosentidode se adoptaremmelhores práticas,optandoporumsistemadecontabi-lidade públicabaseado nas normasinternacionais que vierem a seradoptadasnaUniãoEuropeia.

AComissão Europeia já tomou posi-ção sobre asNormas Internacionaisda Contabilidade Pública elabora-das pela IFAC?Nofinaldoanode2012aComis-

sãoEuropeiadivulgouosresultadosde uma consulta pública realizadacom vista a avaliar as vantagense desvantagens da adopção dasIPSAS, tendo concluído com base

nas respostas obtidas que cerca de70% dos respondentes eram totalou parcialmente a favor e que ape-nas 28% eram claramente contra.PosteriormentenopassadomêsdeMarço de 2013 a Comissão produ-ziu um relatório em que identificaalgumas dificuldades e reconheceque na sua versão actual as IPSASnão podem ser implementadas naU.E., embora considere que serãosempreumreferencialindiscutível.

Dopontodevistapolíticoparecenãohaverdúvidasdequeocaminhoestátraçado tendo aComissão Eu-ropeia recomendado a adopção deEuropeanPublicSectorAccountingStandards (EPSAS), que são basea-das nas actuais IPSAS. AComissãoEuropeiaconsideraquedasactuais32 normas, 14 estão em condiçõesde seremadoptadas compequenasalterações,outras14deverãoserre-vistas e adaptadas, devendo as res-tantes4seremobjectodealteraçõessignificativas.

O SNC está em vigor desde 2010.Considera que a transição para oSNC foi conseguida com sucesso?Creio que todos temos de reco-

nhecerqueemgeralatransiçãoparaoSNCfoi,globalmente,bemconse-guida. Desde logo háque sublinharaapostaqueasordensprofissionaisfizeramnaformaçãodosseusmem-bros. O que acabo de referir nãosignifica que tudo está perfeito.

Page 7: Desafios da Auditoria

.Jornal de Negócios | Quinta-Feira, 12 de Setembro de 2013 | Suplemento Comercial | VII

DFK LISBOARua Ferreira Lapa, nº 16 - B, 1150-158 Lisboa, PortugalTel.: 351 21 324 34 90 | Fax: 351 21 342 01 48e-mail: [email protected]

DFK FARORua Dr. Manuel de Arriaga, nº 23 - A, 8000-334 Faro, PortugalTel.: 351 289 805 544 | Fax: 351 289 801 330e-mail: [email protected]

DFK & Associados – Sociedade de Revisores Oficiais de Contas

www.dfk.pt/

Confiança, rigor e compromisso

Pub

Ainda há que melhorar muito naqualidadedoconteúdodasdemons-traçõesfinanceiras(nãorarasvezesapresentadas sob forma“standari-zada” em que uma boa parte dascontas são apresentadas azero pornão serem aplicáveis à empresa) esobretudodoanexoquefrequente-mente contém notas insuficientes,outrasvezesdesnecessáriasoumes-monãoaplicáveis.Existe,ameuver,aindaalgumcaminho apercorrer!

Com a aprovação da Directiva daContabilidade os Estados Membrostêm até 2015 para alterar as suasnormas contabilísticas. Que altera-ções antecipa para o normativo na-cional em função da directiva?Nunca fui defensor da necessi-

dade de se procederàalteração dasdirectivasdacontabilidade,atépor-queelastinhamsidorevistasnãohámuito tempo. Defendo que a har-monizaçãosedevecentrarsobretu-do ao nível das médias e grandesempresas, aquelas que geralmenteoperamnomercadoeuropeuecon-sidero inadequado que aComissãoEuropeia se tenha envolvido deforma tão intensa num processo

normativo que envolve as micro eas pequenas empresas. Ameu versãoosgovernosnacionaisqueestãoem melhores condições de legislarsobre os pequenos operadores cu-jas características diferem de paísparapaís(umapequenaempresanaAlemanha é uma média empresaem Portugal). Há que reconhecerque em Portugal já havia sido feitoumimportanteprogressonoqueserefere à publicação e registo dascontas anuais pelo que a algumasdas novas disposições da directivajáfoidadasatisfação antecipada.

A Comissão de NormalizaçãoContabilísticavaiiniciarabrevepra-zoaavaliaçãodasalteraçõesquevaisernecessárioefectuarnonormati-vonacional.Todavia,tendoemcon-sideração que o SNC entrou em vi-gor só em 2010, convém preservaralgumaestabilidade e evitaraltera-ções ao actual normativo antes de2015.

Àsemelhançado que tem vindoaocorrernoutrospaíses,designada-mente em Inglaterra em que o Ac-counting Standards Board decidiusimplificarosnormativos,tambémemPortugal teremos de introduzir

algumasimplificaçãosobretudonoque respeita às pequenas e médiasempresas.

Voltando ao SNC, a par da sua en-trada em vigor foi igualmente publi-cado um conjunto de alterações aoCódigo do IRC. Considera que se as-sistiu, conforme se esperava, a umaefectiva separação entre a contabi-lidade e a fiscalidade? Estamosmais perto de um sistema dual,como alguns fiscalistas advogam?Háquereconhecerquecomaen-

tradaem vigor do SNC se assistiu aumacertaemancipação danorma-lização contabilística. Obviamenteque as demonstrações financeirascontinuam asero ponto de partidaparaoapuramentodoimpostoapa-gar,devendoascorrecçõesaoresul-tadocontabilísticoseremtodaselasefectuadas exclusivamente na de-claraçãofiscal.VamosaguardarpelareformadoIRCque,emboraeudes-conhecendonestaalturaoseucon-teúdo e o seu âmbito, espero venhaasernosentidodeumamaiorclari-ficaçãoesimplificação,nãointerfe-rindo, obviamente, com os norma-tivos contabilísticos.

Desde 1 de Janeiro de 2010 que osregistoscontabilísticossão efectua-dos em ambiente SNC. Que balançofaze recomendaçõesque sugere àsentidadespreparadorasdeDemons-trações Financeiras e aos revisoresoficias de contas?Devem ser feitos progressos no

sentidodamelhoriadaqualidadedoconteúdodasdemonstraçõesfinan-ceiras.Asduasordensprofissionaispodem dar um contributo impor-tantenestamatéria, sensibilizandoos seus membros paraque façam onecessário paramelhorarsensivel-mente aqualidade das divulgaçõesconstantes das demonstrações fi-nanceiras. Há que reconhecer quedificilmente os utilizadores dasdemonstrações financeiras com-preenderãoquepersistamcertotipodereservaspordesacordo,quecons-tam de relatórios de auditoria oucertificações legais de contas, quepoderiam ter sido evitadas caso ascontas tivessem sido ajustadas e ti-vesse sido dado cumprimento ade-quadoaosnormativostécnicoseéti-cosaplicáveis.Situaçõesouocorrên-cias destas não contribuem para oprestígio das profissões.

A meu versão os governosnacionais aquelesque estãoem melhorescondiçõesde legislar sobreos pequenosoperadores cujascaracterísticassão diferentesde país para país.ANTÓNIO GONÇALVES MONTEIROPresidente da Comissãode Normalização Contabilística

Pub

Page 8: Desafios da Auditoria

VIII | Suplemento Comercial | Jornal de Negócios | Quinta-Feira, 12 de Setembro de 2013

Congresso dos ROC

O ROC deve actuar com independência

Paulo Gil AndréManaging Partnerda Baker Tilly

Qualo papeldo Revisorde Contas?Apenasfiscalizaroutambémactuarcomoparceirodenegócio?

Nunca a credibilidade foi postatanto em causa. Os agentes econó-micosprocuraminformaçãotrans-parente, correcta e actualizada.NuncaopapeldoROCfoitãoimpor-tante.Oseupapelemprestacredibi-lidadeàinformaçãocontabilísticaefinanceiradas empresas. Mas paraque tal aconteçatambém os ROC’sdevemelesprópriosserveículosdecredibilidade, contribuindo paraoaumento daconfiançados agenteseconómicos.Etalsóseconseguenorestritorespeitodeumconjuntodevaloreseprincípios.OROCdeveac-tuar com total independênciapro-fissional, sem qualquer pressão oudependência externa, nomeada-mentedecarácterfinanceirooufun-cional.Sóassimpodeserobjectivoeterplenaliberdadedeformularasuaopinião.Tambémporestemotivoasuaremuneração deve ser justae oseutrabalhojustamentereconheci-do do ponto de vista financeiro.

Por outro lado, deve atender a umconjunto de aspectos de naturezaética, respeitar os requisitos deon-tológicosassociadosàsuaprofissão,estandoconscientequeasuaprofis-são é de interesse público (assumirasuaresponsabilidadesocial).Deveser íntegro e competente do pontodevistatécnico.OROCéumafontedeconhecimento,emparticularemdeterminadasáreas,nomeadamen-te em matérias contabilísticas, fi-nanceiras e fiscais. As transacçõestornaram-se mais complexas exi-gindo normativos contabilísticostambémmais complexos e sujeitosainterpretações subjectivos (justovalor). O dinheiro tornou-se umbemescassoemaiscaro.

O normativo fiscal continuain-felizmenteasofrerconstantesalte-rações e nuances que só quem comele está bem familiarizado, conse-gue perspectivar com plenitude osseus impactos. Portudo isto o ROCpodeterumpapelmuitoimportan-te navidafinanceiradas empresas.Através das suas recomendações e

sugestõespodecontribuirdeformamuitorelevanteparaumamaiorefi-ciência e controlo das operações,bemcomoparaumamaiorcredibi-lizaçãodainformação,activoqueto-dasasempresasdeveriammaximi-zar,nosdiasquecorrem.Masétam-bém,ecadavezmais,umespecialis-taemtemasdenegócio,sistemasdeinformação, organizacionais. Asuafunção obriga-o a acompanhar osseus clientes com regularidade, aperceber as operações e as transa-çõesdemaiorrelevânciaeriscoparao negócio. Aregularidade com queanalisaestasquestõeseadiversida-dedeempresasesectoresdeactivi-dade que acompanha, tornam-nonumagenteprivilegiadocomcapa-cidade para opinar sobre matériasque extravasam as suas restritascompetências.

O ROC é visto e também reco-nhecido por muitos dos seus clien-tes,comoalguémcomquemsepodepartilhar um problema, uma deci-são importante a tomar e a quemmuitas vezes se pedem opiniões e

conselhos (consultoria). O ROC émuitasvezesvistocomoum“médi-co de clínicageral”, aquem muitasempresas /gestores recorrem paraumprimeirodiagnósticodeumpro-blema que urge resolver. E o ROCpodeedeveassistirosseusclientes,analisando os temas em questãocom independência, partilhandocomestes os seus conhecimentos eexperiênciasobre situações simila-res, sem nuncapôr em causaques-tões de éticae confidencialidade dainformação. E deve estar tambématentoaeventuaisconflitosdeinte-resseeàeventualnecessidadedeen-volveroutros peritos, mais familia-rizados com os temas em questão.Enquantoconsultor,oROCdevees-tar consciente que o seu papel nãopodeinterferircomasuaposiçãodeórgãodefiscalização(quandoinves-tidodestaresponsabilidade),deven-do asuaopinião (certificação legaldascontaserelatóriodefiscalização)permanecerindependente,enãoserafectadapelasrecomendaçõesesu-gestõespartilhadaspeloROC.

Opinião

Jörgen Holmquist, presidente doInternational Ethics StandardsBoardforAccountants(IESBA)es-teve no final de Junho em Lisboa,para encontros com a Ordem dosRevisores Oficiais de Contas(OROC).

Areputaçãoeaconfiançanaprofis-sãodaauditoria vãoaumentarcasose verifiquem orientações mais efi-cazes?É evidente que a reputação da

profissãofoiafectadanegativamen-tepelacriseeconómicaefinanceira.Ao mesmo tempo, outros gruposprofissionaisforammuitomaisgra-vementecriticados,nomeadamen-te os banqueiros, as agências de ra-tingeatéosreguladores.Dadaagra-vidade dacrise e dos problemas, osprofissionaisdeauditoriareagiramrelativamente bem, mesmo tendosidoalvodecríticas.

Pensa que a ética constitui o pilarfundamental da profissão?Épartecentraldoqueaprofissão

éeumadassuasforças,talcomooé

paraosmédicosouqualquerprofis-sionalquetenhaassumidoumcom-promisso para agir de forma éticaem prol do interesse público. Masexistemoutroselementosdecarác-termaisgeral.Bonsconhecimentostécnicos, profissionalismo, seguirboas práticas de auditoria, sersériorelativamente ao trabalho, não po-demosdestacarumúnicofactor.

Poderiam as falhas verificadas naauditoria durante a última décadater sido evitadas, se os auditores ti-vessem encarado o código de éticanão apenas como uma declaraçãode princípios, mas prestado rele-vante atenção à sua substância?Édifícildizeraocerto.Existiram

efectivamente falhas na auditoria.Desconheço arealidade em Portu-gal,masnosEUAenaEuropaestasfalhasexistiram.Masdevemostam-bémnotarqueosprópriosbanquei-ros não anteciparam esses proble-mas,queosdesconheciam,osregu-ladores não os viram, os responsá-veispolíticoseoslegisladoresnãoosviram. Não se trataunicamente de

umaquestãodeéticaedocódigodeética, é também uma questão daqualidade geral da auditoria e dasnormassobosquaisosauditoresde-vemtrabalhar.Forampoucososca-sos,dequetenhaconhecimento,emqueasfalhasexistentessedeveramaofactodeosauditoresteremcons-pirado com agestão, agindo de for-ma fraudulenta ou criminosa.Tratam-se sobretudo de casos emque aauditorianão foi realizadadamelhor forma, não foi suficiente-menteaprofundada.

Num período de crise económica,comooqueexperienciamosemPor-tugal, quais são as questões éticascom as quais os auditores devemestar preocupados?Emperíodosdecriseexistesem-

preatentaçãoporpartedagestãodeapresentar melhores resultados fi-nanceiros do que os que realmenteexistem. Os auditores devem estarcientesdessefacto.Situaçõescomoactivos sobreavaliados, indícios deincertezasobre acontinuidade dasoperações, devem seranalisadas. A

boa auditoria acontece sobretudonos detalhes técnicos. Faz-se umbomtrabalhoquestionandoainfor-maçãoqueagestãodisponibilizoueissoéclaramenteaobrigaçãodopro-fissional.Osauditoresdevemrecor-dar-sequeasuaresponsabilidadeéparacomosaccionistaseosinvesti-dores. Fazemos auditorias porquequeremos que as pessoas confiemnas contas e estejamdispostas ain-vestirnas organizações paraas aju-dar acrescer. E paraque isso acon-teçatêmdeconfiarnascontasapre-sentadas,deconfiarnaauditoria.

Qualasuaopiniãoquantoàquestãoda rotação obrigatória dos audito-res?Alguns países já a implementa-

ram, mas existem outras soluções.No Reino Unido, por exemplo, foidecididoobrigarasentidadesapro-cederanovoconcursoparacontra-tação dos serviços de auditoriaemlugardarotaçãoobrigatória.NoCa-nadáoptaramporumasoluçãodis-tinta,solicitandoaoscomitésdeau-ditoriaquerevejamotrabalhodeau-ditoriaacadacinco anos paracon-cluíremsedevemmanterafirmadeauditoria ou fazer novo concurso.Alguns países têm há já bastantetempoaobrigatoriedadederotaçãodafirmade auditoriaimplementa-daeparecemquerermantê-la,casodaItália,outrospaísesjáativeramedecidiramabandoná-la.

J ÖRG EN H OLM QU I ST, PRESI DEN TE DO I ESBA

Fazemos auditoriasporque queremosque as pessoasconfiem nas contase estejam dispostaspor isso a investirnas organizaçõespara as ajudar acrescer

“A ética é parte centralda profissão de auditor”

Page 9: Desafios da Auditoria

Jornal de Negócios | Quinta-Feira, 12 de Setembro de 2013 | Suplemento Comercial | IX

Opinião

Anossaprofissão, que fez recente-mente 40 anos, tem como objecti-vo contribuir para o bem públicoatravés da credibilização da infor-mação financeira produzida pelasempresas paraos stakeholders: ac-cionistas,bancos,clientes,fornece-dores e pessoal, entre outros.

AprofissãodeRevisorOficialdeContassempresepautouporgran-des exigências nas áreas do conhe-cimentotécnico,docomportamen-to e dadedicação ao trabalho:

a) Temos um acesso à profissãoassente em provas de qualifi-cação profissional exigente emuito abrangente quanto àsmatérias objecto de exame;

b) Temos a nossa actividade

enquadrada e delimitada poruma série de Normas Nacio-naiseInternacionaisdeAudi-toria, de controlo de qualida-de, de ética e de independên-ciae até temos umaDirectivadaUniãoEuropeiadedicadaàRevisão Legaldas Contas;

c) TemosoControlodeQualida-de do trabalho dos revisoressistemático e permanente-mente avaliado e supervisio-nado pelo Conselho Nacionalde Supervisão de Auditoria;

d) Temosaexigênciadocumpri-mentodeumregulamentodeformaçãocontínuaqueobrigaà actualização permanentedos conhecimentos técnicos.

As PME´s Nacionais caracteri-zam-se porapresentarem:

a) Estruturas financeiras muitodependentesdofinanciamen-to bancário; e

b) Debilidades em algumas fun-çõesdagestão,nomeadamen-te na administrativa e finan-ceira,queconduzadecisõesdegestão pouco fundamentadaseminformação de gestão.

Todas as exigências atrás descri-tasfazemdoROCumprofissionalal-tamente qualificado para servir asPME´snoquerespeitaàproduçãodeinformação financeira de melhorqualidadeeparaosstakeholders,pro-piciando um ambiente de confian-ça favorável ao desenvolvimento

destasempresaseaosseusfinancia-dores. Acresce à competência téc-nica a experiência adquirida pelosRevisores Oficiais de Contas nomundodasempresasedosnegóciosque,semprenorespeitopelosprin-cípios de independênciae daética,podem assumir um papel de umparceiro privilegiado do Gestor daPME e contribuir para a melhoriados processos de gestão e da quali-dade da informação de gestão queapoia as decisões do empresário.Torna-se necessário sensibilizarempresáriosefinanciadoresparaautilidadedotrabalhodeROCeopa-peldeterminantequepoderáternodesenvolvimento sustentado des-tas empresas.

Luís Pinheiro Torres

Revisor Oficial de Contas,Partner da Pires de Matos& Pinheiro Torres SROC

Benefício do Revisor Oficialde Contas nas PME´s

Pub

Page 10: Desafios da Auditoria

X | Suplemento Comercial | Jornal de Negócios | Quinta-Feira, 12 de Setembro de 2013

Congresso dos ROC

Opinião

Numaeconomiacomoaportugue-sa em que não existe crescimentoeconómico,bempelocontrário,emque o mercado de capitais é limita-do e em que o acesso ao crédito écadavez mais difícil, o papel do Re-visorOficialdeContas(ROC)/Au-ditorécadavezmaiscrucial.Defac-to compete ao ROC dar a credibili-dadenecessáriaàinformaçãofinan-ceira que as empresas produzem edivulgam, garantindo aos diversosutilizadores dessainformação, queamesmafoiproduzidaisentadeer-ros materialmente relevantes ecomo tal pode serconfiável paraassuas decisões.

Énesteenquadramentomacro--económico, uma estagnação eco-nómica que tem levado a uma re-tracção significativa do mercado,que os desafios que se colocam àsempresas de auditoria assumemcontornoscadavezmaisrelevantes,sendo adequado pensar que a pro-fissão está, nestes últimos anos, apassar por alterações mais signifi-cativasdoqueaquelasquesofreunoúltimoséculo.Osmercadosexigemcada vez mais informação das em-presas, mais tempestivae de maiorcomplexidade.

Osnormativoscontabilísticoses-tão em constante mutação e para-digmas como o do custo histórico,foramsubstituídosporoutroscomoodofairvalue,muitomaiscomple-xos,numatentativadeaproximarovalordoscapitaispróprioscontabi-lísticos das empresas ao seu valorreal. Para conseguirem efectuar aauditoria de umas demonstraçõesfinanceiras,osauditorestêmagoraque ser especialistas em cada vezmais matérias. O tempo em que osacréscimos e diferimentos das em-presaseramasáreasdemaiorriscojá passou. Neste momento, emitiruma opinião de auditoria implicareunir uma equipa com conheci-mentos profundos de informática,impostos(quesãotambémcadavezmaiscomplexos),cálculoactuarial,sustentabilidade, avaliação de em-presas, instrumentos financeiros,

entre outros, paraalémdos conhe-cimentos de contabilidade. O au-mentodasexigênciastécnicaslevouaque sejacadavez mais difícil reu-nirnamesmapessoatodosestesco-nhecimentos, com a profundidadenecessária, sendo cadavez mais di-fícil para as pequenas empresas deauditoriateremcapacidadeparaau-ditar as grandes empresas e leva aqueaconcentraçãonasquatrogran-desauditoras,asBig4,sejacadavezmais umarealidade.

Osprazosparaemissãodosrela-tórios são cada vez menores, nãosendoestranhohaversituaçõesemque as opiniões de auditoria sãoemitidas poucos dias após o encer-ramento das contas por parte dasempresas. Isto obrigou a uma alte-ração nos procedimentos de audi-toria,ostrabalhosdistribuem-sedeforma mais uniforme ao longo doano, conduzindo a abordagens deauditoria muito mais centradas naanálise dos procedimentos de con-trolo instituídos pelas empresas eno modo como os mesmos opera-ram durante o ano, em detrimentode análises mais substantivas, masdifíceis de pôrempráticacomas li-mitações temporais existentes.

É igualmente percetível que asexigências regulatórias que nestemomento são colocadas aos ROCseàsempresassãosignificativamen-temaioresquenopassado.Osregu-ladores, no normal exercício dassuas funções, estão cada vez maisexigentes no conteúdo, qualidadedasdemonstraçõesfinanceirasenocontrolo do trabalho efectuado pe-los ROCs, exemplificado no núme-ro de controlos de qualidade que asSociedades de ROCs são submeti-dastodososanos.Estecontrolotemcontribuído para um aumento daqualidadedostrabalhosefectuados,sendocertoqueaqualidadedasau-ditoriasefectuadaemPortugalestáao melhornível, ousuperamesmo,aquilo que é efectuado nos paísesmais desenvolvidos.

Temsurgidoemalgunsfórunsaideia que o mercado de auditoria

estádominado anível mundial porquatroempresasequecomotalnãoexisteumaconcorrênciaadequada,peloqueurgiriatomarmedidasquepusessem termo a esta situação.Nadamais errado. De facto, apesardeomercado,empraticamenteto-dos os países, ser dominado pelasBig4,existedefactoentreelasumaconcorrênciabastante grande, quese temtraduzido nos últimos anos,em quedas acentuadas nos preçosdos serviços prestados em todos osmercados,incluindonoportuguês.Estaquedados preços dos serviçosseráinsustentávelaprazoepoderáeventualmente vir a constituir umfactorderiscoadicionalparaapro-fissão.

Apercepção que aconcorrêncianão é adequada e que os auditorestêmmuitaresponsabilidadenoses-cândalos financeiros que têm aba-lado os mercados mundiais nosúltimos anos, levou a que a UE

discutisse medidas que limitem aactuaçãodosauditoresepossamle-var a alterações, talvez profundas,nosseusmodelosdenegócio,esque-cendo não apenas que a responsa-bilidade dos escândalos não podeser assacada em exclusividade, oumesmodetodo,aosauditores(des-responsabilizandosobretudoasad-ministrações das empresas, mastambém os órgãos de fiscalizaçãodas empresas, tais como as Comis-sões de Auditoria e os próprios re-guladores e legisladores), tal comoo efeito de um aumento de custosque tais medidas vão necessaria-mentetrazeràsempresaseporcon-seguinte aos preços apraticar.

Ou seja, aos auditores exige-seagoraquefaçammaistrabalho,maiscomplexo, com mais valências téc-nicas,commaioresexigênciasregu-latórias,numambientemaishostil,emmenostempoeporpreçosmaisbaixos.Sãopoisvárioseenormesosdesafiosquesecolocamàprofissãoparaos próximos anos.

Masaprofissãotemsabidoadap-tar-se e reagir.

Àestagnaçãodomercadonacio-nal as auditoras têm reagido com oinvestimento noutras geografias,nomeadamenteemAngola,deondejá provém uma parte significativadasprestaçõesdeserviçosdasaudi-toras e onde tendencialmente seirão continuaraverificaros princi-pais investimentos nos próximosanos.

Àestagnação do mercado de au-ditoriaasempresas,sobretudoasdemaior dimensão, têm reagido comoaumentodolequedeserviçosqueprestam,sendonestemomentoso-ciedades de prestação de serviçosprofissionaisglobaiseabrangentese não apenas prestadores de servi-çosdeauditoria,criandoemsimul-tâneo procedimentos internos ro-bustosparagarantirasuaindepen-dência em relação às empresas au-ditadas,procedimentosessesqueosreguladores validam e aprovam eque os órgãos de fiscalização dasempresas igualmente validam ao

aprovarem caso acaso arealizaçãodesses serviços.

Ao aumento das exigências, asempresas têmrespondido comuminvestimentocadavezmaiornafor-maçãodoseucapitalhumano,comaadmissãodeespecialistasemcadavezmaisáreasecomocontínuore-juvenescimento dos seus quadrostraduzido na contratação sistemá-ticadosmelhoresalunosdasuniver-sidadesmaisprestigiadas.Ocontri-buto que as empresas de auditoriaprestam àsociedade em termos decriação de emprego (todos os anossó as Big 4 contratam mais de 500recém-licenciados com contratosde trabalho sem termo), de forma-ção e valorização profissional daspessoas que admitem e que maistardeentramnomercadodetraba-lho já devidamente treinadas, nãotemsido adequadamente valoriza-do pela sociedade nem pelas auto-ridades, sendo que este papel temsido fundamental no desenvolvi-mento de jovens quadros que acre-ditamosseremofuturodePortugal.

Os próximos anos vão ser segu-ramente de grandes desafios, masestoucertoqueestãocriadasascon-diçõesparaqueasauditoraspossamcontinuar a prestar os serviços dequalidade que têm prestado atéaqui,continuandoaforneceracon-fiança aos mercados, factor essen-cial parao seu adequado funciona-mento, contribuindo deste modopara o desenvolvimento económi-co e social do país.

Mas não tenhamos dúvidas queo mercado de auditoria daqui porumadécadaseráseguramentedife-rente daquele que é hoje. As gran-desempresascontinuarãograndesempresas.Mastenhosériasdúvidasque com todas as exigências que seirãocolocar,todasaspequenasain-da estejam no mercado nessa altu-ra,anãoserquetenhamoptadoporuma política de concentração e te-nham ganho a dimensão que lhespermitaconseguirterascompetên-ciasnecessáriasparaosdesafiosquese avizinham.

Jorge CostaPartner PwC

Auditoria – Desafio e Confiança

As exigênciasregulatórias queneste momentosão colocadas aosROCs e àsempresas sãosignificativamentemaiores que nopassado.

Page 11: Desafios da Auditoria

Publicidade

OpiniãoVítor Santos

Audit Partner da DFK &Associados, coordenando aárea de auditoria de Lisboa

“Compromissocom boas prácticasda profissão”O mercado de auditoria, à seme-lhança do que sucede com outrossectores, também tem vindo a sernegativamenteafectadopelaactualcrisefinanceiraeeconómica.Emsi-multâneo, e em consequênciades-te contexto adverso, inclusive cominsolvênciasinesperadas,estacrisetemvindoagerarcríticasnegativasque,emalgumassituações,questio-nammesmo aeficáciados serviçosde auditoria. Apercepção da eficá-ciadaauditoriadehojeestápenali-zadafaceàqueexistiasobreaaudi-toria antes da crise. Acomunidaderegulatória de auditoria, como umtodo, e os seus profissionais estãoperante o desafio de reforçaracre-dibilidade e apercepção dautilida-de daauditoriaem benefício do in-teresse público.

No plano europeu foi recente-menteaprovadaaDirectivadaCon-tabilidade 2013/34/EU (que subs-titui as anteriores 4.ª e 7.ª directi-vas)equetemporobjectivoacons-tituiçãodabasederegulamentação,nos países membros, do regimecontabilístico das sociedades co-merciais. Esta Directiva -- já sujei-taaalgumas críticas namedidaemquecolocaemcausaosesforçosrea-lizadosdeharmonizaçãoatravésdaadopçãodasnormasinternacionaisdecontabilidade--foidesenvolvidano pressuposto da redução da car-ga administrativa e simplificaçãodas pequenas e médias empresas,damelhoriadaqualidadeecompa-rabilidade das demonstrações fi-nanceirasprocurandoumadequa-doequilíbrioentreosinteressesdosdestinatáriosdasdemonstraçõesfi-nanceiras e o próprio custo dapro-duçãodessamesmainformação.Noque se refere àauditoriaencontra-seemcursooprocessodediscussão

das propostas apresentadas pelaComissão Europeia para a criaçãode um regulamento europeu doexercício daprofissão e danovadi-rectivadeauditoria.Contudo,tam-bémaquiseprevêqueoprocessodeadopção pelos estados membrosdesta nova regulamentação possanãoserumprocessopacífico.Estasalterações podem provocar aindaalgum excesso de regulamentaçãojustificado por um contexto de in-certezaquantoàsorientaçõesfutu-ras no que refere aos objectivos deharmonizaçãoousimplificaçãoemmatérias contabilísticas e de audi-toria. Neste contexto, sendo inegá-veisosmúltiplosdesafiosqueseco-locam à actividade, o principal de-safioquesecolocaaosprofissionaisde auditoria é o de poderem refor-çar, junto das instituições, das em-presas e da sociedade em geral, apercepção clara da importância edas vantagens inerentes aos resul-tadosdoexercíciodaauditoria.Estedesafio só será conseguido atravésde umforte compromisso dos pro-fissionais de auditoria com as boaspráticas do exercício da profissão,nomeadamente no cumprimentodosaspectosrelacionadoscomocó-digo de ética, no reforço da atitudecomqueencaramocepticismopro-fissional,naapostacontínuanafor-mação, nas ferramentas e metodo-logiasdetrabalho,nadiversificaçãode competências, entre outros fac-tores. Por último, de referir que aconcretização deste compromissoirá,provavelmente,trazernovosde-safiosaosintervenientesnestesec-tortaiscomoanecessidadedarees-truturação que poderá conduzir aalguma concentração nomeada-mente ao nível das pequenas e mé-dias firmas de auditoria.

Publicidade

Page 12: Desafios da Auditoria

XII | Suplemento Comercial | Jornal de Negócios | Quinta-Feira, 12 de Setembro de 2013

As profissões de interesse público,carecem de um regime legal que ascrieeenquadreasuaactuaçãoeor-ganização. Mas a sua afirmação eaceitação geral radica na circuns-tânciadeassuasfunçõesdaremres-postaarelevantesnecessidadesso-ciais.ÉoapeloparaaintervençãoeresponsabilizaçãodosROCnosvá-rios domínios, vindo dos agenteseconómicos públicos ou privados,vertidoounãoemimposiçõesdole-gislador ou das autoridades, queconfereaestaprofissãoamarcade-cisivadasuautilidade social.

De facto, os ROC existem há 41anos,atentaadatadasuacriaçãonalei, mas as necessidades a que estaprofissãoresponde,nomeadamen-te no campo daauditoriaàs contasedaopiniãoprofissionaleindepen-dente que as credibilize junto dequem as utiliza, têm uma origemmuitíssimo anterior, são do mo-mento presente e, cada vez mais,constituem uma exigência de mo-dernidade e de construção de umfuturo embases sólidas.

Em Portugal, quando se querdesqualificarmediaticamenteumaqualquer figura pública, especial-mentenodebatepolítico,rotula-seessapessoade ser um contabilista,ter uma mera visão contabilística,porcontraposição àsupostaerudi-çãoculturaleàsvistaslargasdeou-tros,doshomenspúblicosnãocon-tabilistas, ditos de visão abrangen-te… E, ironia dos tempos que cor-rem, o debate público português édominadoportemas…tãocontabi-lísticos!

Em intervenções e discussõesnos media, somos tantas vezesinundados por um rol de asneiras,meias verdades, e ignorância. Não

sãoprecisosos“swap”paracolocarde manifesto o desconhecimentoque por aí vai em matéria contabi-lísticae financeira. Não ao cidadãocomum, mas a certas personalida-des com responsabilidade, exigir--se-iaum pouco de mais de conhe-cimentoeculturacontabilísticaefi-nanceira,evitandoousodeexpres-sões como “défice”, “dívida”, “acti-vo”, “passivo”, “lucro”, “prejuízo”,“orçamento”,“balanço”,“saldo”,deformaporvezestãoligeiraedistor-cida, que emlugarde esclarecer, sóconfunde.

Chegados ao Portugal de 2013 eao país que todos desejamos paranós e para os nossos filhos, talveznuncacomoagoratantosefezsen-tir aimportânciadainformação fi-nanceiraqueemanadacontabilida-dee,sobretudo,daconfiançaqueto-dos temos de ter no conteúdo damesma.

Na era da informação, dos indi-cadores,dospainéis,dosprocessosdetomadadedecisãoemambientederiscoeincerteza,edaprópriafor-mação de opinião numa cidadaniaquesequeresclarecida,convémquetodos operemos com dados que sepretendemrelevantesefiáveis,por-que obtidos em tempo útil, verda-deiros e pertinentes. E os ROC as-sumemaquiumpapeldecisivo.

Nãoestamosnósnumasocieda-deemquesereclamacadavezmais“prestaçãodecontas”,de“boascon-tas”,comoexigênciaderesponsabi-lização a quem gere recursos quenão lhes pertencem?

Nãoouvimosreclamarrecorren-tementeprocedimentosdeaccoun-tability(ditoeminglês,mesmoporquem não trabalha em contas, atécaibem…)?

Dispordecontasauditadaséumdesiderato elementarparaumale-gal e saudável prestação de contasdos gestores junto dos sócios (do-nos do negócio).

Mas, mais alémdo cumprimen-to de disposições legais, enuncia-mos algumas das inúmeras vanta-gens que aapresentação e divulga-ção de informação financeira, se

devidamente auditada por umROC, proporcionaaumaempresa,potenciando asuavalorização:

• Transmite confiança a quem lêessainformação;

• Revelaaadopção de boas práti-cas;

• Integra um dos elementos deboagovernaçãodaempresa,pe-rante os detentores de capital edemais stakeholders;

• Alicerça a percepção pública dese estar perante uma entidadecumpridora;

• Reforça a capacidade em obtercrédito;

• Facilita a captação de mais in-vestidores;

• Faz baixar a notação de riscojunto dabanca, e, poressavia, ocusto do financiamento;

• Permite uma primeira ideia dovalordaempresajuntodeinves-tidores e parceiros de negócio;

• Viabiliza a comparabilidade in-formativadodesempenhorele-vante emestratégias de contra-tação e entrada em novos mer-cados;

• Constituirequisitodequalifica-ção para processos de licencia-mento;

• Éumelementocredibilizadornorelacionamento comentidadesdesupervisãoecomaautorida-de tributária;

• É requisito para candidatura eobtençãodeapoiosfinanceiros;

• É uma base adequada para ela-boração de planos de negóciocredíveis e consistentes;

• Éumsuporteindispensávelparaumqualquerprocessonegocial.Mascontarcomacolaboraçãode

umROC,oudeumaSROC,éacedera um leque de serviços de enorme

utilidade paraas entidades respec-tivas.Estamosperanteumaprofis-sãoquecontanoseucódigogenéti-co,pelaformaçãoobrigatóriadoseuregime público de acesso compro-vadamente exigente e selectivo, eaindapelariquezadumaexperiên-cia diversificada junto das entida-deseconómicas,comumacervodecompetências que lhe permite aju-daras entidades:

• Transmite confiança a quem lêessainformação;

• Em assistência qualificada emmatérias contabilísticas, finan-ceiras e fiscais;

• Na avaliação de sistemas e pro-cessosde(re)organizaçãointer-nos;

• Naavaliação de riscos;• Na elaboração de estudos, pla-

nos e diagnósticos;• Naformação;• Em aquisições de negócios, fu-

sões e cisões;• Emavaliaçõesdeentidadesene-

gócios;• Emcandidaturasouauditoriasa

programas comunitários;• Em auditorias e peritagens ao

abrigo de due dilligence.Numa comunidade ainda não

completamentelibertadeumacul-tura que sobrepõe muitas vezes aformaàsubstânciae que por vezesolhaparao ROC como umaexten-sãodumalegalidadeformalimpos-ta, surge cada vez mais com toda anaturalidade uma visão dos ROCque, agindo como auditores finan-ceiros ou como prestadores de ou-trosserviçoscompatíveiscomoseuregimeecompetências,lhesconfe-re o estatuto de autênticos agentesde criação de valor para as empre-sas e paraasociedade.

ROC: Um criador de valorVale a pena reflectir sobre o papel e a importância da profissão, realçando desde logo o interessepúblico intrínseco à auditoria financeira e o potencial que as valências profissionais dos ROC têmpara as empresas, enquanto factores de criação de valor

Congresso dos ROC

Estamos peranteuma profissão queconta no seucódigo genético,pela formaçãoobrigatória do seuregime público deacessocomprovadamenteexigente e selectivo,e ainda pelariqueza dumaexperiênciadiversificada juntodas entidadeseconómicas, comum acervo decompetências quelhe permite ajudaras entidades.

OpiniãoJoão Cipriano

ROC nº 631, Sócio da “Abreu & Cipriano, Auditores, SROC”