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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA FLORESTAL DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DE COLHEITA E TRANSPORTE EM UMA EMPRESA DO SETOR FLORESTAL Relatório de Estágio DANILO BOANERGES SOUZA SANTA MARIA, RS, BRASIL 2011

DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DE COLHEITA E …w3.ufsm.br/laserg/images/1508110939_Relatorio_Estagio_Danilo.pdf · Ao meu supervisor de estágio, ... durante o estágio supervisionado

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA FLORESTAL

DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DE COLHEITA E

TRANSPORTE EM UMA EMPRESA DO SETOR

FLORESTAL

Relatório de Estágio

DANILO BOANERGES SOUZA

SANTA MARIA, RS, BRASIL

2011

DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DE COLHEITA E TRANSPORTE EM UMA

EMPRESA DO SETOR FLORESTAL

DANILO BOANERGES SOUZA

Relatório apresentado ao Curso de Engenharia Florestal da Universidade

Federal de Santa Maria, como parte das exigências da disciplina

EFL 1001 – Estágio Supervisionado em Engenharia Florestal

Orientador: Prof. Dr. Airton dos Santos Alonço

Supervisor: Eng. Ftal., Jarbas Edesio Perrelli

Santa Maria, RS, Brasil

2011

Universidade Federal de Santa Maria

Centro de Ciências Rurais

Curso de Graduação em Engenharia Florestal

A Comissão Examinadora, abaixo assinada,

aprova o Relatório de Estágio

DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DE COLHEITA E TRANSPORTE EM

UMA EMPRESA DO SETOR FLORESTAL

elaborado por

Danilo Boanerges Souza

como parte das exigências da disciplina

EFL 1001 – Estágio Supervisionado em Engenharia Florestal,

e como requisito parcial para obtenção do grau de

Engenheiro Florestal

COMISSÃO EXAMINADORA:

____________________________

Airton dos Santos Alonço, Dr., Eng. Agrícola

(Presidente/Orientador)

____________________________

Jarbas Edesio Perrelli, Eng. Ftal., (MWV Rigesa Ltda)

(Supervisor)

____________________________

Otávio Dias da Costa Machado, M. Sc., Eng. Agrícola (IFRS - Bento Gonçalves) (Membro)

____________________________

Gustavo José Bonotto - Eng. Agrônomo (EMATER-RS)

(Membro)

Santa Maria, 11 julho de 2011

AGRADECIMENTOS

A força suprema, que cada religião designa por um nome diferente.

Agradeço a minha mãe Maria Helena Martins e aos meus irmãos Wagner e Deisi pelo amor e

força, e por sempre me apoiarem durante todo curso.

Ao meu orientador Professor Airton dos Santos Alonço pela oportunidade e confiança

depositada.

A empresa MWV Rigesa, pela oportunidade de estágio e confiança em meu trabalho.

Ao meu supervisor de estágio, Eng. Ftal., Jarbas Perrelli pelo apoio dispensado mesmo antes

de ser supervisor oficial. E ao Eng. Ftal., Luciano Knop supervisor nos primeiros meses de

estágio.

Aos Gerentes Altair, Aldo, Ronaldo e Edson Jaremtchuk.

A todo o pessoal do setor de colheita e logística pela receptividade, colaboração e amizade.

Aos meus colegas da manutenção Osmar, Cesar, Novak e Cleber, pelas conversas e amizade.

Ao José Carlos Droczak, pela amizade e pelo acompanhamento nas atividades de campo.

Aos amigos da classe dos estagiários, Paula, Letícia, Dayanne, Fabrício e Murilo.

Ao Romildo, Silvia e sua Família pela amizade e pelo cuidado durante todo o período de

estágio.

A todos que me esqueci de agradecer aqui, meu muito obrigado.

RESUMO

Trabalho de Conclusão de Curso

Curso de Graduação em Engenharia Florestal

Universidade Federal de Santa Maria

DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DE COLHEITA E TRANSPORTE EM

UMA EMPRESA DO SETOR FLORESTAL

Autor: Danilo Boanerges Souza

Orientador: Prof. Dr. Eng. Agrícola Airton dos Santos Alonço

Supervisor: Eng. Ftal., Jarbas Edésio Perrelli

Data e Local: Santa Maria, 11 de julho de 2011

O objetivo deste relatório foi descrever as atividades acompanhadas e desenvolvidas

durante o estágio supervisionado no setor de Suprimento e Logística da MWV Rigesa -

Divisão Florestal, em Três Barras/SC. Em um primeiro momento foram acompanhadas todas

as atividades relacionadas à Colheita e Transporte Florestal, com visitas constantes as áreas de

produção. Posteriormente foram desenvolvidas atividades práticas, principalmente no

acompanhamento diário da produtividade dos operadores e controle do transporte de cargas.

A primeira teve como objetivo dar subsídios para os posteriores treinamentos, através do

acompanhamento da produtividade dos operadores e estratificação dos mesmos em grupos

com diferentes prioridades. Foram criados quatro grupos diferentes, a partir do desvio-padrão

da média de produtividade. A segunda mediu a eficiência de transporte de cargas, esta ficou

em 89% do tempo diário de transporte. A empresa busca no mercado um sistema

informatizado de rastreamento de frota para substituir o atual sistema. Concomitante a essas

atividades foi realizado o acompanhamento da produtividade do Harvester marca Valmet®,

modelo 941 em comparação ao Trator Harvester CAT 320C com cabeçote marca Log Max®,

modelo 7000 no sistema full-tree de colheita. A produtividade Harvester ficou abaixo da

expectativa e da meta da empresa.

Palavras-chave: Colheita Florestal. Transporte Florestal. Produtividade.

ABSTRACT

TRAINEESHIP REPORT

FOREST ENGINEERING COURSE

FEDERAL UNIVERSITY OF SANTA MARIA

DESCRIPTION OF ACTIVITIES OF HARVESTING AND TRANSPORT

IN A COMPANY'S FOREST SECTOR

Author: Danilo Boanerges Souza

Adviser: Prof. Dr. Eng. Agrícola Airton dos Santos Alonço

Supervisor: Eng. Ftal., Jarbas Edesio Perrelli

Place and date defense: Santa Maria, July 11, 2011

The objective of this report was to describe the activities developed and accompanied

during the internship supervised in the field of Logistics and Supply MWV Rigesa - Forestry

Division in Três Barras/SC. At first all were accompanied by activities related to Forest

Harvesting and Transport, with constant visits to production areas. Later, developers practical

activities, mainly in the daily monitoring of worker productivity and control of cargo

transportation. The first aimed to provide input for further training, by monitoring the

productivity of operators and stratify them into groups with different priorities. We created

four different groups, from the standard deviation of the average productivity. The second

measured the efficiency of cargo transportation; this was in 89% of daily time of transport.

The company seeks to market a computerized system for tracking fleet to replace the current

system. Concurrent with these activities was carried out to monitor the productivity of the

harvester Valmet ® brand, model 941 as compared to CAT 320C Harvester Tractor head with

Log Max ® brand, model 7000 system in full-tree harvesting. Harvester productivity was

below expectations and the company's goal.

Keywords Forest Harvesting. Transportation Forest. productivity

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Produtividade média dos operadores de Processamento ........................................ 25

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Feller-buncher marca Tigercat®, modelo 860C ..................................................... 12

Figura 2 – Skidder marca Tigercat®, modelo 635 D ............................................................... 13

Figura 3 – Escavadeira marca Caterpillar®, modelo CAT 320 CL com cabeçote marca Log

Max®, modelo 7000 ................................................................................................................. 15

Figura 4 – Cabeçote Multiprocessador acoplado em uma Escavadeira marca Caterpillar®,

modelo CAT 320 CL. ............................................................................................................... 16

Figura 5 - Escavadeira marca Caterpillar®, modelo CAT 312C ............................................. 18

Figura 6 – Média dos operadores de processamento de madeira no mês de maio. .................. 24

Figura 7 – Ciclo de Transporte ................................................................................................. 27

Figura 8 – Eficiência de transporte de madeira no período de 08/04 a 08/05. ......................... 28

Figura 9 - Harvester marca Valmet®, modelo 941 e a Escavadeira marca Caterpillar®,

modelo CAT 320 CL com cabeçote marca Log Max®, modelo 7000. .................................... 30

Figura 10 – Produtividade Semanal média: Harvester marca Valmet®, modelo 941.e

Escavadeira modelo CAT 320 CL com cabeçote marca Log Max®, modelo 7000. ............... 31

GLOSSÁRIO

Arraste: retirada da madeira do interior do talhão até a estrada.

Caminhão Bi-trem: conjunto formado por cavalo-mecânico (caminhão) e dois semi-

reboques.

Carreador: ramal da estrada aberto dentro do talhão para diminuir a distância de arraste.

Carregamento: ato de colocara madeira em determinado compartimento de um meio de

transporte.

Cavaco: estilha ou lasca de madeira.

CERFLOR: Programa Brasileiro de Certificação Florestal, desenvolvido pelo INMETRO.

Derrubada: ato de se abater uma árvore.

Descascar: ato de retirar a casca.

Desgalhamento: retirada dos galhos das árvores.

Destopar: corte transversal realizado na base da árvore para emparelhar a mesma.

Disponibilidade mecânica: aptidão de uma máquina para encontra-se em perfeitas condições

de uso, durante um dado intervalo de tempo.

EPI: equipamento de proteção individual.

Empilhamento: ato de formar pilhas.

Escaneamento de mercado: levantamento das necessidades do mercado e das oportunidades

para venda de madeira.

Fueiro: proteção lateral do reboque do caminhão que mantêm a carga de madeira presa.

Goal: é a meta diária de produtividade a ser alcançada pelos operadores, estipulada em

toneladas por hora de madeira.

Logabilidade: refere-se à inclinação da rampa do terreno, tem critérios definidos, porém sua

classificação é feita de forma subjetiva pelo operador.

Modal: relativo a modo ou forma com que são conjugados as máquinas e equipamentos da

colheita ou transporte.

Talhão: área de plantio que geralmente não ultrapassa 50 ha, totalmente contornada por

estradas ou aceiros.

Toragem ou traçar: seccionamento do tronco em toras.

ANEXO

Anexo A - Formulário de Apontamento da Produção.............................................................35

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 1

2 OBJETIVOS ....................................................................................................................................... 2

2.1 Objetivo Geral ................................................................................................................................. 2

2.2 Objetivos Específicos....................................................................................................................... 2

3 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA ................................................................................................. 3

3.1 A Empresa MWV Rigesa, Celulose, Papel e Embalagem Ltda. ................................................. 3

3.2 O Programa de estágio .................................................................................................................... 4

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................................... 5

4.1 Colheita Florestal e Transporte Florestal ..................................................................................... 5

4.2 Sistemas de Colheita Florestal ....................................................................................................... 6

4.3 Colheita e Transporte Florestal no Brasil ..................................................................................... 7

4.3.1 Colheita Florestal ........................................................................................................................... 7

4.3.2 Transporte Florestal........................................................................................................................ 8

5 PRINCIPAIS ATIVIDADES ACOMPANHADAS NO ESTÁGIO............................................... 9

5.1 Colheita e Transporte Florestal na MWV Rigesa/Divisão Florestal .......................................... 9

5.2 Atividades de Colheita e Transporte Florestal ........................................................................... 11

5.2.1 Derrubada ..................................................................................................................................... 11

5.2.2 Arraste .......................................................................................................................................... 13

5.2.3 Processamento .............................................................................................................................. 14

5.2.4 Carregamento ............................................................................................................................... 17

5.2.5 Transporte .................................................................................................................................... 18

5.2.6 Manutenção Mecânica e Disponibilidade Mecânica .................................................................... 19

5.2.7 Segurança e Meio Ambiente ........................................................................................................ 21

5.2.8 Análise Produtiva ......................................................................................................................... 22

6 PRINCIPAIS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO ESTÁGIO ............................................. 24

6.1 Análise da Produtividade dos Operadores de Processamento da Colheita Florestal .............. 24

6.2 Análise e Controle do Transporte Florestal ................................................................................ 26

6.3 Análise entre a produtividade do Harvester marca Valmet®, modelo 941 e a Escavadeira

marca Caterpillar®, modelo CAT 320 CL com cabeçote marca Log Max®, modelo 7000 ......... 29

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................... 33

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 34

ANEXO ................................................................................................................................................ 35

1

1 INTRODUÇÃO

A formação de povoamentos florestais no Brasil começou no início do século passado

no estado de São Paulo, com vistas a produzir dormentes para estradas de ferro da extinta

Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Porém, até a década de 60, este setor era pouco

expressivo na economia brasileira, pois havia poucas indústrias e as fontes de abastecimento

não eram seguras.

Este cenário começou a mudar a partir dos incentivos governamentais criados pelo

antigo IBDF (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal). Estes estímulos para

reflorestamentos tinham a intenção de criar uma base florestal no país e reduzir o corte

indiscriminado de florestas nativas.

Com o impulso proporcionado pelos incentivos e os investimentos privados, vários

segmentos ligados ao setor florestal tiveram um crescimento significativo nas décadas

subsequentes. Dentre estes segmentos, o ramo de Celulose e Papel teve destaque.

Concomitantemente a esse crescimento, foram necessários investimentos na parte

operacional do setor florestal, principalmente na área produtiva: a colheita florestal. Conforme

o setor foi se desenvolvendo, a mecanização de suas atividades tomou impulso. Foram

necessários equipamentos adaptados à realidade florestal. Primeiramente, buscou-se a

adaptação de equipamentos agrícolas, mas com a necessidade de aumento da produtividade,

segurança e redução de custos, as empresas tiveram que desenvolver equipamentos florestais.

Atualmente, existe no mercado uma diversidade de empresas e equipamentos para a

área florestal, sendo possível criar vários modais de colheita. Houve com isso um acréscimo

na produtividade e na qualidade do produto final. Integrado a isso, a segurança e a ergonomia

dessas máquinas deu conforto na execução das tarefas e exigiu um maior conhecimento

técnico e habilidade dos operadores.

Hoje em dia, o setor florestal vem se adaptando a uma nova realidade, com o advento

de um novo paradigma, a sustentabilidade econômica, social e ambiental de suas atividades.

O respeito ao meio ambiente, à legislação ambiental e, principalmente, ao ser humano trouxe

a necessidade de adaptar técnicas de operação e equipamentos a essa nova realidade.

2

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Descrever as atividades acompanhadas e desenvolvidas durante o período de estágio

na MWV Rigesa – Divisão Florestal.

2.2 Objetivos Específicos

Descrever a estrutura e as atividades acompanhadas no setor de suprimento e

Logística;

Acompanhar a produtividade dos operadores do processamento de madeira com vistas

a treinamentos futuros;

Analisar a eficiência do tempo de transporte de madeira das frentes de colheita;

Comparar as médias de produtividade do Harvester marca VALMET®, modelo 941 e

a Escavadeira marca Caterpillar®, modelo CAT 320 CL com cabeçote marca Log

Max®, modelo 7000 no sistema full-tree;

3

3 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA

3.1 A Empresa MWV Rigesa, Celulose, Papel e Embalagem Ltda.

Em Valinhos, está localizada a matriz da Rigesa, cujas atividades tiveram início em

1942. Em 1953, após dez anos de sua fundação, a Rigesa passa a pertencer ao grupo

americano Westvaco. E como resultado da fusão, em 2002, entre as empresas Mead e

Westvaco, a matriz da Rigesa passa a ser a MeadWestvaco Corporation, uma produtora

global, líder em embalagens, com sede em Stamford, CT.

À primeira fábrica de Valinhos somaram-se as fábricas de papel de Três Barras, SC, e

sua Divisão Florestal, Blumenau, SC, e Pacajus, CE. Aos primeiros colaboradores, juntaram-

se milhares de funcionários, que hoje somam aproximadamente 2.300 no país.

A auto-suficiência em todas as etapas do processo produtivo é o resultado da

verticalização da empresa. É isto que garante o mais absoluto controle, da procedência da

matéria-prima à qualidade do produto final.

Tudo começa na Divisão Florestal de Três Barras, em atividade desde 1958. Ali a

Rigesa é auto-suficiente no plantio de Pinus geneticamente superior, num trabalho

supervisionado por engenheiros técnicos especializados.

São 54 mil hectares, 23 mil deles de preservação nativa, comportando um total de 50

milhões de árvores plantadas dos gêneros Pinus sp. e Eucalyptus sp.. A preocupação com o

meio ambiente é constante. A empresa destaca-se no Brasil por suas atividades de

reflorestamento, extração de madeira, critérios para plantação, e também devido à qualidade

de suas sementes e ao melhoramento genético de suas árvores.

Em 2009, a empresa passa a ter suas embalagens certificadas pela cadeia de custódia

CERFLOR, Programa Brasileiro de Certificação Florestal, desenvolvido pelo INMETRO.

A matéria-prima proveniente da Divisão Florestal é transformada em papel, na fábrica

de papel da empresa, também situada no município de Três Barras. Esta fábrica, inaugurada

em 1974, com capacidade produtiva de aproximadamente de 650 mil toneladas/dia, atua

também na exportação de papel para diversos países.

4

3.2 O Programa de estágio

O programa de estágio da MWV Rigesa oferece vagas em diversas áreas dentro da

Fabrica de Papel e de sua Divisão Florestal. Dentro da Unidade Florestal são ofertadas vagas

de estágio nos departamentos de Pesquisa, Silvicultura, Segurança e Meio Ambiente, e

Suprimento e Logística.

O período de estágio foi de 10/01 à 29/06. Durante o primeiro mês foi realizado um

rodízio dentro de todas as áreas da unidade florestal. Depois de deste período foram

acompanhadas as atividades dentro do setor de suprimento e logística, posteriormente com um

maior entrosamento com a equipe foram sugeridas algumas atividades para ser desenvolvidas.

Fazem parte do programa de estágio, atividades de integração com os estagiários da

Fábrica de Papel, com uma visita programada a indústria onde se conhece todo o processo de

fabricação do papel e uma visita as áreas de produção, plantio e pesquisa da unidade florestal.

A apresentação das atividades fica a cargo dos próprios estagiários.

Em conjunto com as atividades de estágio é realizado um programa de aplicação de

ferramentas de gestão administrativa. Quinzenalmente eram realizadas apresentações, onde

eram expostas nossas experiências na aplicação de ferramentas de gestão nas atividades

diárias da empresa. O programa foi dividido em quatro módulos: Gestão de Pessoas, Gestão

de Processos, Gestão de Projetos e Custos e Estratégia e Liderança.

5

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1 Colheita Florestal e Transporte Florestal

A colheita florestal pode ser definida como o conjunto de atividades realizadas no

maciço florestal com o objetivo de preparar e deslocar a madeira até o local de transporte.

Dentro das empresas florestais, é a parte de maior importância sob o ponto de vista técnico-

ecônomico, já que agrega valor à madeira. Outro fator importante é que essas atividades,

juntamente com o transporte florestal, correspondem a aproximadamente 50% a 70% dos

custos da produção de madeira para o consumidor final, fato que torna imprescindível a

otimização desses processos (MACHADO et al., 2008).

A colheita florestal geralmente é composta pelas atividades de derrubada, arraste,

processamento e carregamento. Essas atividades ou suas variantes são integradas entre si,

formando o sistema de colheita florestal. Esses sistemas podem variar de acordo com a

topografia, tipo de floresta, uso final da madeira, máquinas, equipamentos e recursos

disponíveis (MACHADO et al., 2008). Quanto menor a movimentação das árvores e madeira

durante as atividades, maior será a produtividade.

Posteriormente as atividades de colheita, a logística é responsável pela continuação do

fluxo da produção. Segundo Goebel (1996) logística é o “conjunto de todas as atividades de

movimentação e armazenagem necessárias, de modo a facilitar o fluxo de produtos do ponto

de aquisição da matéria-prima até o ponto de consumo final”.

As principais atividades da logística florestal são o planejamento do transporte e da

infraestrutura na área de colheita. As atividades de colheita e logística estão estreitamente

ligadas. Cabe à colheita florestal disponibilizar o produto e à logística planejar seu transporte

e distribuição.

Para o transporte florestal, deve-se buscar o melhor modal de transporte na região de

colheita. O modal, diz respeito ao conjunto de equipamentos utilizados para realizar o

transporte. As vias de acesso às áreas de colheita vão determinar essa escolha. As principais

vias utilizadas são as estradas, rios, ferrovias e aéreas.

6

4.2 Sistemas de Colheita Florestal

Segundo Machado et al. (2008), o sistema de colheita pode ser definido como “

conjunto de atividades, integradas entre si, que permitem o fluxo constante de madeira,

evitando-se os pontos de estrangulamento, levando os equipamentos à sua máxima

utilização”. Segundo a classificação proposta Machado (1984) os principais sistemas de

colheita são:

Sistema de toras curtas (cut-to-length): a árvore é processada no local de derrubada em

forma de pequenas toras com menos de seis metros de comprimento. Normalmente é

composto pelo conjunto de máquinas “Harvester + Forwarder”. A primeira derruba e processa

e a segunda baldeia a madeira de dentro do talhão até a estrada principal para ser transportada.

Sistema de árvores inteiras (full-tree): a árvore é derrubada e arrastada até a margem

das estradas e carreadores, onde é processada. As máquinas que compõe este sistema são

“Feller-Buncher + Skidder + processador”. A primeira derruba e o Skidder arrasta as árvores

para posterior processamento.

Existem outros sistemas, porém os mesmos são pouco utilizados. Sistema de

cavaqueamento (chipping), Sistema de árvores completas (whole-tree) e o Sistema de toras

compridas (tree-length).

Os principais equipamentos utilizados nestes dois sistemas são descritos de forma

simplificada abaixo.

Harvester: é uma máquina capaz de operar como cortadora e processadora de árvores

(desgalhamento, destopamento, traçamento e descascamento), quando ajustada para estes

tipos de operação. Esta máquina multi-função, é sensível às condições da floresta, pois a

produtividade pode ser afetada pelo tamanho do tronco, volume removido por unidade de

área, espaçamento das árvores remanescentes, forma do tronco, quantidade de galhos e tipo de

terreno. O uso do harvester é indicado para o sistema de toras curtas, pois realiza todo o

processamento da árvore no campo.

Feller-buncher: A principal característica dessa máquina é o corte realizado com

garras que permitem ao equipamento segurar a(s) árvore(s) já cortada(s) enquanto realiza o

corte de outras. O movimento dessas garras é feito por acionamento hidráulico. O elemento de

corte pode ser uma serra de corrente, uma serra circular ou lâminas (tesouras).

Forwarder: esta máquina é utilizada no baldeio de madeira, ou seja, na retirada da

mesma de dentro do talhão. Para isso ela possui uma caixa de carga e um carregador

7

hidráulico. O carregador tem uma capacidade de carga que varia de 300 a 1800 kg por ciclo

de carregamento e descarregamento, com alcance de 3 a 12 metros.

Skidder: é um trator comumente empregado no baldeio de árvores em florestas

tropicais, devido ao elevado peso das toras. Esta máquina realiza o transporte da árvore

desgalhada, para posterior processamento à margem do carreador ou pátio intermediário.

Processador: Esta máquina tem como finalidade desgalhar, traçar e eventualmente

descascar feixes de árvores. O cabeçote é acoplado a uma máquina escavadeira, sendo

geralmente utilizado no sistema de toras curtas associados ao Feller-buncher.

4.3 Colheita e Transporte Florestal no Brasil

4.3.1 Colheita Florestal

Nos primórdios, as atividades de reflorestamento no Brasil praticamente não

utilizavam máquinas. E os poucos equipamentos utilizados eram adaptados de atividades

agrícolas. Neste período, os sistemas amplamente utilizados foram manuais e

semimecanizados, sendo que os mesmos utilizam grande número de mão-de-obra, o que torna

as operações onerosas e com alto risco de acidentes (MACHADO et al., 2008).

Esse cenário começou a mudar a partir da década de 70, do século passado, quando

teve início um processo de modernização das operações de colheita florestal. Basicamente,

esse processo foi impulsionado pela produção de maquinário pela indústria nacional,

diminuindo o valor desses equipamentos. Outro fator importante que esses novos

equipamentos trouxeram foi um aumento significativo da produtividade (MACHADO et al.,

2008).

As primeiras máquinas de porte leve e médio foram produzidas nesta época. Entre

esses equipamentos podem ser citados as motosserras profissionais, o mini Skidder, Skidders

e autocarregáveis. Porém, esse processo de modernização somente se intensificou na década

de 90. Vários fatores impulsionaram esse processo, os mais importantes foram a abertura do

mercado nacional às importações, a necessidade de aumentar a eficiência e diminuir os custos

e a procura por máquinas mais ergonômicas.

Atualmente, as grandes empresas do setor florestal no Brasil utilizam largamente

máquinas florestais com as mais modernas tecnologias. Porém, no cenário nacional, nem

todas as empresas tem recursos suficientes para adquirir equipamentos. É o caso das médias

8

empresas que ainda utilizam equipamentos adaptados e mão-de-obra especializada. E também

das pequenas empresas que geralmente utilizam métodos rudimentares e mão-de-obra

desqualificada (MACHADO et al., 2008).

O futuro do setor reserva grandes desafios. Entre os mais importantes, estão a

qualificação da mão-de-obra para operação de máquinas de alta tecnologia, a garantia de

assistência técnica e reposição de peças, já que grande parte dos equipamentos são importados

e, adequação das atividades a procedimentos ambientalmente corretos (MACHADO et al.,

2008).

4.3.2 Transporte Florestal

Existe uma diversidade de modais de transporte dentro do ramo florestal. Entre os

principais estão o transporte aéreo, rodoviário, hidroviário e ferroviário. Dentre estes, o mais

difundido no Brasil é o rodoviário, pela grande malha viária existente no país.

Machado (1984) comenta que o transporte florestal principal, aquele realizado das

áreas de colheita até o consumidor, é praticamente representado pelo caminhão. Essa situação

pouco se alterou no passado, mantendo-se a predominância do transporte rodoviário, com

algumas empresas transportando parte da sua madeira por ferrovias e por transporte fluvial,

mais restrito à Região Amazônica.

O transporte rodoviário de madeira utiliza principalmente caminhões de médio e

grande porte. No caso específico de veículos de transporte florestal, o fator que mais contribui

para o aumento do custo operacional é o desgaste prematuro causado pelas estradas florestais,

o que acarreta maior consumo de pneus e de peças (LEITE & SOUSA, 2003).

Além disso, é de extrema importância a escolha correta dos equipamentos a serem

utilizados para o transporte da madeira, conforme as suas características e as leis rodoviárias.

Assim, são evitados transtornos e atrasos na entrega do material ao seu destino. Uma das

maneiras de diminuir o custo em percursos longos tem sido a utilização de veículos com

maior capacidade de carga (BERGER, 2003).

9

5 PRINCIPAIS ATIVIDADES ACOMPANHADAS NO ESTÁGIO

5.1 Colheita e Transporte Florestal na MWV Rigesa/Divisão Florestal

Todo processo de Colheita Florestal começa com o estabelecimento do

Macroplanejamento. O Macroplanejamento consiste na avaliação de toda base florestal da

empresa, com o objetivo de estabelecer quais talhões serão colhidos. Os principais critérios

para escolha dos talhões é a idade de corte e a distância da área com relação à Fábrica de

Papel Três Barras (FPTB).

O Macroplanejamento é realizado a partir do cruzamento dos dados contidos no FRIS

(Forestry Resouces Information System). Este programa faz o gerenciamento das informações

de toda área florestal da empresa, é a base de dados de toda divisão florestal. Nele estão

contidos os talhões, ano de plantio, espécie, volume de madeira esperado, entre outras

informações. Assim, podem ser estabelecidos a partir do período de rotação médio de 16 anos,

os talhões que podem ser cortados no ano e a expectativa de produção dos mesmos.

O passo seguinte é a elaboração do Microplanejmento. Este consiste no planejamento

em nível de talhão, sendo que nesta etapa são analisados os locais de colheita, indicando as

melhores formas de conduzir as operações de colheita e transporte florestal. Também deve ser

planejada a logística da área, com a definição da área de expedição de cargas, refeitório,

banheiros móveis, transporte dos colaboradores, alimentação e adequação dos alojamentos em

caso de áreas distantes.

Um dos fatores mais importantes, antes de iniciar o processo de colheita, é

conscientizar a comunidade próxima a respeito das consequências do início dos trabalhos.

Para isso, são realizadas reuniões com a comunidade apresentando a empresa, esclarecendo os

impactos causados pela colheita e transporte na região, e das formas que a empresa busca

mitigar os mesmos.

Entre os principais impactos estão os atoleiros em épocas de chuva e o pó em tempo

seco. O transito constante de caminhões de grande porte, também altera a rotina nas

comunidades locais. A empresa realiza a sinalização das estadas e orienta todos os motoristas,

além de realizar a recuperação e molhar as estradas.

O dimensionamento da produção é feito através da programação de vendas de toros e

da necessidade de suprimento da FPTB. O limite de produção é estabelecido pela

disponibilidade mecânica das máquinas e pelo Removal. O Removal consiste no limite de

10

volume de madeira que pode ser colhida por ano. Este limite é estabelecido pelo IMA

(Incremento Médio Anual) das florestas da empresa.

A Divisão Florestal da MWV Rigesa adota o sistema de árvores inteiras (full-tree),

sendo que este sistema se configura pela derrubada das árvores e transporte das mesmas para

a margem da estrada ou carreadores onde são processadas.

O sistema full-tree é o mais adequado para processamento de madeira em diversos

sortimentos, conforme a demanda de clientes de toros e para suprimento da FPTB.

Este sistema é composto pelas atividades de derrubada, arraste, processamento e

carregamento. Como atividade auxiliar, o guincho tem suas funções desempenhadas apenas

em períodos chuvosos, para rebocar caminhões e laminar estradas. As atividades são

desempenhadas em três turnos diários, sendo que os operadores realizam rodízio entre esses

turnos, ficando uma semana em cada um.

O processamento às margens da estrada ou carreador evita que a madeira processada

dentro do talhão tenha que ser baldeada. Assim o carregamento é realizado nas estradas

principais, secundárias (aceiros) ou carreadores (ramais). As vias principais são preparadas

previamente por empresas terceirizadas, fato que viabiliza o transporte mesmo em condições

climáticas adversas.

Outra providência tomada durante os períodos críticos é a mudança para as chamadas

“áreas de emergência”. Estas áreas são escolhidas dentro das fazendas, tendo como premissas

principais a topografia plana ou levemente ondulada e a proximidade com a estrada principal.

Dependendo da evolução da situação, a frente de colheita é deslocada para áreas próximas da

fábrica, diminuindo a distância de transporte e aumentando a circulação de caminhões.

O sistema de transporte é totalmente baseado no modal rodoviário. A escolha é

determinada pela grande malha viária existente na região. A empresa é responsável pela

manutenção das vias internas da fazenda. Porém, para viabilizar a trafegabilidade e como

forma de uma relação amigável com as comunidades lindeiras ás frentes de corte, acaba

efetuando a recuperação e manutenção das estradas vicinais por onde trafega o transporte de

madeira.

A empresa atua num raio de 150 km em torno da FPTB, isso inclui áreas do norte de

Santa Catarina e Sul do Paraná. O raio de atuação é definido pela distância de transporte, já

que este item é responsável por boa parte dos custos de produção.

Todo transporte de madeira para suprimento da Fábrica de Papel é terceirizado. Este

fenômeno é muito comum dentro do setor de transporte florestal. O transporte de toros fica a

11

cargo do cliente, sendo assim cada um escolhe o melhor tipo de caminhão. Porém, existe uma

preferência por caminhões maiores por terem maior capacidade de trafegar em estradas

florestais.

5.2 Atividades de Colheita e Transporte Florestal

5.2.1 Derrubada

A derrubada é a primeira atividade da colheita florestal, consequentemente, tem

influência na realização das operações subsequentes. Consiste em cortar e depositar as árvores

no solo em forma de feixes. Os sistemas semimecanizado e mecanizado são os mais

utilizados.

O sistema semimecanizado utiliza a motosserra como máquina de corte, porém outras

etapas do processo continuam manuais. Este sistema foi amplamente utilizado no passado,

mas com a mecanização florestal deu espaço para operações mais seguras e eficientes.

Continua sendo empregado em pequenas empresas ou na execução de trabalhos em áreas

onde não é possível a utilização de maquinários pesados.

O processo de colheita da Divisão Florestal é totalmente mecanizado. As atividades de

derrubada em áreas especiais (APP) são realizadas de forma semimecanizada por equipes de

terceiros. A partir do TAC (Termo de Ajuste de Conduta), assinado em 2009, a empresa

ganhou autorização para retirar os plantios existentes em APP. Esta autorização só foi

possivel pelo comprometimento da empresa em recuperar e demarcar estas áreas.

Dentro do setor de colheita florestal da MWV Rigesa, a atividade de derrubada é

executada principalmente pelo Feller-buncher marca Tigercat®, modelo 860C1 (Figura 1).

Esta máquina possui um cabeçote de disco, que consiste basicamente em um motor

hidráulico, que faz girar um disco de metal com dentes em seu perímetro e acionar os braços

acumuladores.

1 A citação de marcas não representa propaganda ou aprovação das mesmas.

12

Figura 1 – Feller-buncher marca Tigercat®, modelo 860C

Este trator florestal de esteira também possui um sistema de derrubada direcionada em

seu cabeçote. O motor Wirst, acoplado ao cabeçote, faz com que o mesmo possa girar em seu

eixo, diminuindo a necessidade do trator virar na hora do tombamento das árvores.

A atividade deste equipamento consiste em cortar, acumular e tombar várias árvores

no solo, formando feixes para o posterior arraste. O número de árvores por feixe varia

conforme a declividade do terreno, trator de arraste, diâmetro das árvores e umidade do solo.

O sentido de queda das árvores é definido pelo microplanejamento, as árvores devem ficar no

sentido da área de estaleiramento para facilitar um arraste em linha reta.

A derrubada pode ser realizada sem restrições com qualquer condição meteorológica,

porém pode haver uma diminuição da produtividade. Existem apenas restrições da rampa

(declividade) máxima de trabalho e em terrenos com excesso de umidade.

Como máquina reserva da atividade de derrubada, a empresa possui o Feller-buncher

de sabre, da marca Caterpillar®. Esta máquina consiste em uma Escavadeira Hidráulica

modelo CAT 320 CL, adaptada com um cabeçote de corte Valmet®. Possui uma

produtividade e uma capacidade de acumular árvores menores que o equipamento anterior.

13

5.2.2 Arraste

O arraste consiste na atividade de extração das árvores de dentro do talhão até as

estradas ou carreadores. O arraste implica que uma parte, ou toda, da carga esteja apoiada no

solo.

A eficiência do arraste pode ser medida através de sua produtividade por hora. A

produtividade do arraste está diretamente influenciada pelo volume arrastado por ciclo, pela

distância de arraste, topografia do terreno e tipo de solo. Os estaleiros de processamento

devem ser planejados para que se tenha uma distância máxima de arraste de 200m. Em

talhões muito grandes, devem ser construídos carreadores para diminuir esta distância.

O estaleiro deve ser formado em um ângulo de 90° em relação com a estrada. A

distância do estaleiro para a estrada deve estar em torno de 11 m, para que possa haver espaço

para madeira processada.

O arraste, dentro do setor de colheita, é executado pelo Skidder marca Tigercat®,

modelo 635 D (Figura 2) com tração 6x6. Este trator articulado de pneus possui, em sua parte

traseira, uma garra telescópica. Esta máquina florestal tem uma grande capacidade produtiva e

uma melhor tração no deslocamento dentro do talhão, o que possibilita trabalhar em diversas

áreas.

Figura 2 – Skidder marca Tigercat®, modelo 635 D

14

Para que haja uma maximização da produção deste equipamento, os feixes de árvores

devem ser padronizados conforme a topografia e tipo de solo. Assim, evitam-se movimentos

de remontagem de feixes. A remontagem dos mesmos pode “trançar” as árvores, o que

dificulta a atividade de processamento.

Não existem restrições para o trabalho do arraste em condições meteorológicas

adversas, porém pode haver diminuição de produtividade pela menor tração do equipamento.

O operador deve evitar trafegar no mesmo trilho repetidamente, principalmente em solo

úmido. Assim, diminui-se a compactação do solo nessas áreas.

A atividade de arraste possui o Skidder marca Caterpillar®, modelo CAT 525, com

tração 4x4, como máquina reserva. Esta máquina tem um tamanho e capacidade produtiva

menor em relação ao primeiro equipamento.

5.2.3 Processamento

O processamento da madeira conceitualmente refere-se às operações de desgalhar,

destopar, traçar e descascar as árvores. Esta atividade pode ser semimecanizada (motosserra)

ou mecanizada (processador e harvester).

A atividade de processamento, dentro da empresa, é dividida em três operações:

desgalhar, destopar e traçar. A operação de descascamento da madeira é realizada dentro da

FPTB, no caso da celulose.

São utilizados dois tipos de máquinas para processamento. Os cabeçotes harvesters,

marca Log Max®, modelos 750 e 7000 (Figura 3), e o cabeçote multiprocessador marca

MSU, modelo GF 1295 (Figura 4), acoplados a uma Escavadeira Hidráulica marca

Caterpillar®, modelo CAT 320 CL.

15

Figura 3 – Escavadeira marca Caterpillar®, modelo CAT 320 CL com cabeçote marca Log

Max®, modelo 7000

Os cabeçotes harvesters têm as características principais definidas por um conjunto-

motriz de alta mobilidade e boa estabilidade. Podem utilizar sistema de rodado de pneus em

tandem ou esteiras. Atualmente, a maior parte das empresas tem optado por equipamentos

com esteiras, por entenderem que estes aplicam menor pressão contra o solo, diminuindo a

compactação mecânica (LIMA & LEITE, 2008).

A operação com este equipamento consiste em buscar a árvore no estaleiro, destopar a

base, nunca ultrapassando 40 cm e movimentar a árvore pelos rolos dentados para desgalhar.

Então se inicia a toragem e empilhamento, conforme a finalidade da madeira.

16

Figura 4 – Cabeçote Multiprocessador acoplado em uma Escavadeira marca

Caterpillar®, modelo CAT 320 CL.

No caso do processador múltiplo, não é possível realizar um desgalhe uniforme, já que

o equipamento processa várias árvores de uma única vez. Também não é possível fazer o

processamento de toros. As mesmas são processadas pelo cabeçote harvester que devolve para

o estaleiro o restante da árvore para ser processada posteriormente pelo processador múltiplo.

A operação de processamento com este equipamento consiste em tracionar o feixe de

árvores através de um carro movimentado por um motor hidráulico sobre o trilho da torre.

Este movimento retira parte dos galhos. O feixe é seguro por duas garras frontais e duas

traseiras. O corte do feixe é realizado por um sabre acionado hidraulicamente.

Segundo Szymczak (2010), este cabeçote requer menor investimento para sua

aquisição que os atuais cabeçotes harvesters, possuindo peças simples e poucos comandos

elétricos, o que torna sua manutenção simples e de menor custo.

Alguns parâmetros mínimos de qualidade devem ser respeitados durante o

processamento. O operador deve observar as dimensões dos toros (comprimento e diâmetro),

sendo que estas não podem exceder a janela máxima e mínima. Outro fator importante é a

organização do estaleiro, pois a qualidade do mesmo vai influenciar no tempo de

17

carregamento dos caminhões. Estes parâmetros são essenciais para a qualidade da madeira

serrada e as atividades subsequentes.

Toda madeira com diâmetro maior que 8 cm e comprimento maior que 1,5 m deve ser

processada e transportada. Madeira com diâmetro menor que isso é considerada resíduo e

pode ser deixada no campo, para posteriormente ser processado por picador, pois o cavaco é

utilizado como biomassa para a caldeira da FPTB.

5.2.4 Carregamento

O carregamento refere-se ao ato de colocar a madeira processada nos caminhões que

irão transportar a mesma. O carregamento da madeira, na MWV Rigesa, é realizado na

margem das estradas ou carreadores.

O carregamento deve ser planejado de tal forma que libere áreas nas margens das

estradas para novo estaleiramento. Concomitantemente, deve equilibrar o carregamento de

caminhões de celulose e toros. Outro fator importante durante o carregamento é “levar a área

limpa”, ou seja, não deixar madeira. Isso evita serviços posteriores de catação.

Durante o carregamento, os caminhões de toros, em um primeiro momento, têm

preferência devido à organização dos estaleiros. Quando do processamento das árvores, o

primeiro estaleiro, formado pelo processo próximo à margem da estrada, é de toros, portanto,

para acessar o estaleiro de celulose, que fica por último, o operador deve liberar a margem da

estrada.

Alguns fatores influenciam no rendimento do carregamento, e entre os principais estão

a capacidade da grua, comprimento dos toros, volume do feixe, organização do estaleiro e

tempo de ciclo da grua.

Os principais itens de segurança, durante o carregamento, são respeitar a capacidade

de carga da grua, pelo risco de perder madeira, não fazer o carregamento por cima da cabine

do caminhão, o motorista deve permanecer fora do veiculo durante o carregamento, respeitar

o limite dos fueiros do caminhão e não carregar madeira com tamanho menor que 1, 5 m para

celulose e toros anormais (tortos e bifurcados)

A MWV Rigesa utiliza como carregadores Escavadeiras marca Caterpillar®, modelo

CAT 312C (Figura 5) adaptadas com uma grua. Este tipo de máquina opera facilmente em

solos com baixa capacidade de suporte. Porém, com uma mobilidade menor em relação a

similares com pneus.

18

Figura 5 - Escavadeira marca Caterpillar®, modelo CAT 312C

O carregamento deve buscar uniformizar o tamanho dos feixes e manter uma

constância durante a operação. Quando o operador buscar a madeira no estaleiro deve evitar

reorganizar o feixe batendo o mesmo contra o solo, movimento este conhecido como

“chuveirinho”, que é um item importante de qualidade e deve ser observado pelo operador.

5.2.5 Transporte

O transporte de madeira, nas áreas de produção da MWV Rigesa, é totalmente

terceirizado. O suprimento da Fabrica de Papel é realizado por três empresas de transporte da

região. O rodízio dos caminhões é realizado conforme a demanda de madeira para

carregamento, porém o planejamento desse rodízio deve atingir a meta diária de madeira

posta na fábrica.

Outro fator importante na terceirização das transportadoras é a diminuição do número

de prestadores de serviço. Com esse processo, busca-se melhorar a gestão do transporte.

Antigamente, o número de prestadoras de serviço era muito grande e a negociação do valor de

19

frete (R$/tonelada/Km) era muito díficil. Com a abertura de licitação, poucas empresas

puderam reduzir os valores de frete e competir.

Mesmo com a necessidade de aumentar a eficiência do transporte de madeira, deve-se

respeitar a legislação referente a essa modalidade de transporte. Dentre as principais, estão o

limite de carga por eixo de veículo, não ultrapassar altura da carga além dos fueiros do

caminhão, amarrar a carga adequadamente e observar a disposição da carga.

A circulação dos caminhões dentro da área de colheita, prioritariamente deve seguir a

definição do microplanejamento dos talhões. Neste documento, são definidos os melhores

caminhos para circulação dos caminhões vazios e carregados. Assim, o fluxo de caminhões

dentro da fazenda torna-se constante, permitindo uma maior eficiência da atividade de

carregamento.

Basicamente, os caminhões utilizados pelas empresas de transporte são bitrens. Estes

caminhões têm uma capacidade de carga aproximada de 37 t, e peso total carregado em torno

de 57 t. Sua utilização se deve a um aumento da eficiência, já que sua maior capacidade de

carga diminui o número de ciclos de transporte necessários, para cumprir a meta diária de

suprimento da fábrica.

5.2.6 Manutenção Mecânica e Disponibilidade Mecânica

Segundo Fontes & Machado (2008), “O objetivo das atividades de manutenção é

assegurar a capacidade produtiva das máquinas, mantendo-as em perfeitas condições de uso,

de forma a obter um retorno ótimo dos investimentos efetuados”.

A manutenção preventiva está relacionada à programação da manutenção, buscando

uma rotina da mesma. Esta rotina funciona para levantar possíveis falhas no equipamento,

evitando que as mesmas tornem-se mais graves. Assim as quebras são diminuídas ou evitadas,

com redução dos gastos e paradas de produção.

As máquinas da Divisão Florestal têm a manutenção preventiva contratada do

representante oficial da marca no país. São os casos dos equipamentos da Caterpillar® e

Tigercat®.

A PESA®, representante da Caterpillar® no Brasil, realiza, a cada 250 horas de

trabalho da máquina, sua manutenção preventiva. São realizados testes de rotina, bem como,

análise em laboratório do óleo do equipamento. A análise serve para detectar a presença de

elementos químicos em quantidade fora do normal, assim são descobertos desgastes fora do

20

comum que evidenciam possíveis quebras. E a cada 1000 horas é realizada uma revisão geral

da máquina.

A LATIN®, representante Tigercat® no Brasil, realiza, a cada 1000 horas, a revisão

dos equipamentos florestais. A cada revisão realizada, são feitas várias recomendações à

MWV Rigesa sobre o equipamento, como troca de peças e realização de serviços diversos.

A manutenção corretiva é realizada, quando existe uma quebra do equipamento. A

mesma pode ser realizada a campo, pelo mecânico responsável da frente de colheita ou na

sede em casos mais graves. Em cada turno de trabalho do setor de colheita existe um

mecânico responsável no campo em cada frente de colheita. Este possui um veículo adaptado

para dar suporte a pequenos reparos feitos no campo.

O apoio necessário para os consertos em campo é dado pelo caminhão oficina. Este

veículo está equipado com peças para pequenos reparos, como quebra de mangueiras e troca

de pequenas peças e sensores. Na falta de peças ou necessidade de apoio, entra em ação uma

importante ferramenta: o rádio de comunicação. Através dele, os mecânicos ficam em contato

com a sede e podem solicitar peças ou apoio. Também se pode realizar o controle dos

equipamentos que estão operando, em conserto ou aguardando o mesmo.

A empresa também possui, na sede, mecânicos e técnicos em mecânica em regime de

horário comercial e turno, para dar apoio às atividades de manutenção. Além disso, possui um

almoxarifado com estoque de materiais de consumo e peças de reposição.

A disponibilidade mecânica das máquinas da Divisão Florestal está em torno de 92%

para os equipamentos novos como os Feller-buncher e os Skidders. Para os equipamentos

com maior tempo de uso, esta disponibilidade está na média de 85%.

O treinamento é um importante fator juntamente com a manutenção preventiva na

redução de custos dentro da área produtiva da empresa. A empresa desenvolve um

cronograma anual para treinamento dos operadores. Durante o mesmo, são reforçados

conceitos ligados ao uso adequado dos equipamentos, técnicas de operação e segurança e

meio ambiente.

A empresa possui um encarregado específico para o treinamento. Busca-se, com esse

trabalho, aumentar a produtividade, diminuir custos de manutenção e atingir a excelência em

segurança e meio ambiente.

21

5.2.7 Segurança e Meio Ambiente

São considerados como fatores primordiais no desempenho de qualquer atividade

dentro da empresa. A empresa possui um departamento exclusivo para cuidar da Segurança,

Saúde e Meio Ambiente da Divisão Florestal.

A empresa exige de todos os funcionários o uso correto dos Equipamentos de Proteção

Individual (EPI’s) e habilitação para desempenhar as atividades específicas. A empresa possui

os padrões mínimos de segurança descritos em norma interna (MCO 031), que é balizada

pelas normas dos órgãos competentes. Além disso, as áreas de Meio Ambiente e Segurança

são auditadas periodicamente pelo selo CERFLOR e por auditoria interna da MWV Rigesa.

Outro fator importante na área de segurança foi a mecanização das atividades

florestais. O número de acidentes dentro da empresa é inversamente proporcional ao avanço

da mecanização dentro de suas atividades. Os novos equipamentos já trazem uma tecnologia e

ergonomia adaptada às atividades florestais.

Esses novos equipamentos trazem bancos adaptáveis e com sistemas para amortecer o

impacto do trafego dentro dos talhões. Sistemas de ar-condicionado nas cabines. Sistemas

computadorizados para controlar a produção e os sistemas mecânicos. Possuem material

rodante e estrutura reforçada para trafegar dentro dos talhões.

A área de Meio Ambiente é de fundamental importância, já que a empresa busca em

suas atividades a sustentabilidade econômica, social e ambiental. Principalmente nas

atividades de colheita que, se desempenhadas de forma incorreta, podem gerar um maior

impacto no meio ambiente. Pode ser citado como exemplo o aumento da erosão e da

compactação do solo, e o avanço sobre as áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal.

Assim, existe uma busca permanente em aperfeiçoar as técnicas de operação.

A preocupação da MWV Rigesa com Meio Ambiente pode ser medida pela sua busca

em adequar-se à legislação ambiental através do TAC com o Ministério Público de Santa

Catarina e a certificação alcançada junto o selo CERFLOR.

Quanto à segurança, existe um programa de relatos de quase acidentes. Os operadores

da MWV Rigesa e empresas terceirizadas devem preencher uma quota mensal de relatos de

risco ocorridos durante o desempenho de suas funções. Este programa tem a intenção de

prevenir e conscientizar da necessidade de se fazer análise de risco. Toda semana ocorrem

reuniões, onde são discutidos os principais relatos, as ações a serem adotadas na semana

seguinte e o acompanhamento da participação dos colaboradores.

22

5.2.8 Análise Produtiva

A análise produtiva de todo sistema de Colheita da Divisão Florestal está concentrada

em dois instrumentos básicos. O primeiro instrumento utilizado é o relatório de produção

diária. Este relatório é alimentado a partir das informações apontadas manualmente pelos

operadores.

Como todo sistema alimentado por apontamento manual, está passível de erro, o que

torna as informações em alguns momentos duvidosas. Neste relatório, estão contempladas as

informações de produtividade, produção, talhão e região, distância de arraste, condições do

terreno (logabilidade), quantidade de horas de operação e de reparos, entre outros itens.

Estas informações são essenciais para o planejamento da produção. A partir deste

relatório, pode ser acompanhado o desempenho mensal de cada frente de produção e o

cumprimento ou não das metas.

O planejamento da produção é realizado a partir do cruzamento da capacidade de

produção da empresa e das necessidades de suprimento da fábrica e da venda de toros. A

capacidade de produção da empresa é determinada pelo número de máquinas e pelo IMA

(Incremento Médio Anual) de suas florestas. A venda de toros é determinada pelo

escaneamento do mercado realizado todos os meses. Já a necessidade de suprimento da

fábrica depende do planejamento da produção de papel da mesma.

A partir dessas informações é determinada a necessidade de compra de matéria-prima

de terceiros ou da contratação de empresas terceirizadas para trabalhar no processamento de

madeira dentro de áreas da empresa.

O outro instrumento de análise utilizado é o sistema balança. Este sistema consiste em

um software que recebe e gerencia toda informação referente a suprimento de madeira da

FPTB. Por este sistema, pode ser analisado e planejado o suprimento em médio prazo. A

partir dele, podem ser obtidos o volume de madeira entregue, número de cargas, tempo de

descarga, hora de chegada dos caminhões, etc. Porém, para uma análise completa dos ciclos

de transporte, devem ser cruzados estes dados com os provenientes da medição (controle de

transporte) em cada fazenda.

Este cruzamento é feito de forma manual através de planilhas no Excel®. Desta forma,

o processo se torna lento e perde a instantaneidade tão importante para decisões na área de

logística de transporte. As informações do ciclo de transporte basicamente se restringem ao

23

horário de saída da fábrica, chegada ao campo, liberação para carregar, saída do campo e

chegada na fábrica, fechando o ciclo de transporte.

24

6 PRINCIPAIS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO ESTÁGIO

6.1 Análise da Produtividade dos Operadores de Processamento da Colheita Florestal

A produtividade dos operadores de todas as máquinas é disponibilizada diariamente no

relatório de produção (PLANOP). A produção é apontada manualmente pelos operadores em

formulário individual. Sendo lançada nos sistema no final do terceiro turno. Sendo assim, fica

disponível apenas no dia seguinte para análise. Esta informação vem discriminada por

operador, região, talhão, máquina entre outras informações.

Dentro das atividades de Colheita Florestal da MWV Rigesa o Processamento de

madeira tem o maior estrangulamento do fluxo de produção. Consequentemente deve ter a

maior atenção e controle da produção e produtividade de seus operadores.

Com a intenção de acompanhar a evolução mensal da produtividade de cada operador

e comparar com as metas diárias dos mesmos, foram criados gráficos individuais e a média

mensal de cada um. Foi acompanhada a evolução de cada operador no período de três meses.

Este acompanhamento teve o intuito de dar subsídio ao planejamento de futuros

treinamentos e à tomada de decisão dos supervisores de colheita.

Na Figura 6 é apresentado um gráfico produto do acompanhamento mensal da

produtividade dos operadores.

Figura 6 – Média dos operadores de processamento de madeira no mês de maio.

Os gráficos foram disponibilizados individualmente para os operadores para que os

mesmos acompanhassem sua produtividade. Não houve a intenção de comparar os

25

operadores, e sim buscar quais deles necessitariam de maior treinamento e atenção. O material

também serviu como referência nas reuniões de produção.

Na Tabela 1 são apresentadas as médias mensais dos três meses da atividade de

processamento de todas as frentes de colheita. Foi considerado que em três meses todos os

operadores já teriam suas médias uniformes, já que em apenas um mês de acompanhamento

as mesmas poderiam estar prejudicadas por problemas mecânicos, fator de produção, etc.

Tabela 1 – Produtividade média dos operadores de Processamento

Operadores Março Abril Maio Média Desvio da

Média

1 27,5 30,0 32,5 30,5 0,6

2 30,3 31,4 28,6 30,1 0,2

3 27,4 25,1 25,2 25,6 -4,3

4 19,8 23,6 22,9 22,3 -7,6

5 34,2 37,2 35,4 35,8 5,9

6 25,9 31,1 28,5 29,2 -0,7

7 29,7 27,7 23,0 26,8 -3,1

8 35,1 34,0 29,4 32,2 2,3

9 29,4 32,8 28,5 30,3 0,4

10 32,0 30,7 30,3 30,8 0,9

11 24,7 26,9 23,9 25,2 -4,7

12 33,2 28,9 34,2 31,2 1,3

13 31,0 30,9 33,6 32 2,1

14 34,4 34,0 33,5 33,9 4,0

15 30,1 32,5 31,6 31,6 1,7

16 30,8 30,5 28,0 29,7 -0,2

17 35,5 33,2 31,8 33,2 3,3

18 33,3 30,3 27,2 28,4 -1,5

19 33,1 35,0 32,7 33,2 3,3

20 22,0 23,8 25,5 24,1 -5,8

21 32,2 30,6 33,9 32 2,2

22 31,7 30,8 30,0 30,6 0,7

23 33,9 29,4 30,4 30,8 0,9

24 25,9 28,3 26,5 27,1 -2,8

Vermelho: Abaixo de um desvio-padrão da média, Amarelo:

Dentro do desvio-padrão, porém abaixo da média, Azul: Dentro

do desvio-padrão e acima da média, Verde: Acima de um desvio-

padrão da média.

Foram estabelecidos critérios para estratificação dos operadores em grupos. A partir

desta estratificação podem ser criadas estratégias diferenciadas no treinamento, com metas e

programas de treinamento distintos.

26

Analisando a tabela, nota-se que a maioria dos operadores está dentro do desvio-

padrão da média, formando um grupo relativamente homogêneo. Porém, esta análise é

simplista e não leva em conta outros fatores.

O critério de estratificação foi estabelecido através do desvio padrão da média de

produtividade de todos os operadores. O grupo que esta abaixo de um desvio-padrão da

média, tem prioridade de treinamento, e deve ter um acompanhamento prolongado. Os grupos

subsequentes terão níveis de treinamento diferenciados. O desvio-padrão da média ficou em

3,3, e o CV% em 10,9%.

O tempo de acompanhamento e forma de treinamento ficará a critério do encarregado

da área. Após os treinamentos dos operadores, os valores já obtidos servirão de parâmetro

para as devidas comparações e para medir a eficiência do próprio treinamento.

Como sugestão para futuras análises ou comparações, outros fatores devem ser

levados em conta como máquina, idade do operador, área de produção, tempo de experiência,

entre outros. Uma alternativa é a análise multivariada desses dados.

6.2 Análise e Controle do Transporte Florestal

O suprimento de madeira da FPTB é o principal objetivo da Divisão Florestal da

MWV Rigesa. Juntamente com a venda de toros, mudas e sementes são responsáveis pelas

receitas desta Unidade.

O transporte florestal é terceirizado, sendo as empresas contratadas por licitação e seu

valor definido por contrato. Este processo melhorou a gestão do transporte e reduziu os

custos. Fator que é de extrema importância, já que o transporte é responsável por boa parte

dos custos de produção no setor florestal.

O contrato estabelece o volume de madeira que as transportadoras devem movimentar.

A empresa se compromete em disponibilizar um volume mínimo de transporte que possa

viabilizar economicamente as transportadoras. Não sendo possível isso, deve existir uma

compensação por parte da MWV Rigesa às transportadoras.

A eficiência do sistema de transporte pode ser medida diretamente pela meta diária de

madeira a ser transportada. Esta é estabelecida pelo volume e tipo de cavaco (Pinus e

Eucalipto) consumido pela FPTB.

27

Atualmente, existem duas frentes de colheita. A primeira está localizada na Fazenda

Mello, município de Antonio Olinto/PR e a segunda, na Fazenda Ruthes, município de

Itaiópolis/SC.

Para analisar melhor a eficiência de transporte, foi necessário acompanhar o ciclo de

transporte (Figura 7). Para isso foram confrontadas as tabelas de controle de chegada e saída

de caminhões do campo e da fábrica. Foram criados parâmetros de tempo de deslocamento

dos caminhões vazios e carregados das frentes de colheita. Também foram controlados os

tempos de carregamento e de descarregamento dos veículos.

Figura 7 – Ciclo de Transporte

As duas tabelas em conjunto formam uma planilha de controle de transporte. Os

valores que ultrapassassem os parâmetros estimados, mais um acréscimo de 15% de tolerância

no tempo são considerados anormais. O tempo excedente foi descontado do tempo diário de

transporte.

Os caminhões de transporte estão distribuidos em regime de turno (18 h) ou em

horário comercial (9h). Aos caminhões de turno foi dado um peso de 1 e aos caminhões do

comercial, de 0,5.

28

A eficiência individual de cada caminhão foi medida diminuindo as paradas e atrasos

do tempo total. O somatório do tempo real foi dividido pelo tempo ideal. A eficiência total

diária foi calculada através da fórmula Hunt (1995) adaptada.

E%: ( Ei/Di) * 100

Onde:

E%: Eficiência diária do transporte

Ei: Eficiência individual do caminhão

Di: Disponibilidade de caminhões no dia

A eficiência foi medida entre os dias 08/04 e 08/05 e os dados são apresentados na

Figura 8.

Figura 8 – Eficiência de transporte de madeira no período de 08/04 a 08/05.

A eficiência de transporte ficou com uma média de 89%, no período medido.

Considerando-se o ano da frota e principalmente dos reboques, pode-se considerar a eficiência

satisfatória. Porém, se for analisar por outro enfoque, nem todos os atrasos e paradas são

causados por falha mecânica.

Para esse tipo de análise, uma simples planilha no Excel® não traria as respostas de

forma satisfatória e, principalmente, a tempo de corrigi-las, já que a planilha é preenchida

29

com as informações do dia anterior. Principalmente porque o controle de caminhões no

campo é feito de forma manual.

Com vistas a informatizar os controles de frota e eficiência de transporte, iniciou-se

um processo de busca no mercado de empresas e sistemas, que possam disponibilizar estes

dados de forma rápida, satisfatória e economicamente viável.

Atualmente, a empresa está analisando, conjuntamente com as transportadoras, os

sistemas e orçamentos apresentados. A aquisição terá que ser realizada pelas transportadoras,

porém as informações serão divididas por ambas as partes. Para as transportadoras, essas

informações servirão para otimização e gestão interna da frota. Para a MWV Rigesa, no

planejamento e coordenação do transporte nas frentes de colheita.

Basicamente, são dois os sistemas que satisfazem as necessidades de controle de

transporte. No primeiro sistema, as informações do rastreamento contidas no computador de

bordo do caminhão são enviadas via frequência de celular. O sistema tem um menor

investimento, porém as informações nem sempre conseguem ser enviadas de forma imediata,

pela baixa cobertura de celular na região.

O segundo sistema tem o envio de informações por satélite, e possui uma eficiência

muito alta, não sofre com a falta de cobertura, abrangendo toda a região. Contudo, tem um

investimento mais alto o que pode inviabilizar economicamente sua aquisição, seja qual for a

empresa.

6.3 Análise entre a produtividade do Harvester marca Valmet®, modelo 941 e a

Escavadeira marca Caterpillar®, modelo CAT 320 CL com cabeçote marca Log Max®,

modelo 7000

O principal objetivo desta análise foi observar a produtividade do Harvester 941, da

Valmet®, no sistema de full-tree, comparando o mesmo com a Escavadeira CAT 320 CL com

cabeçote marca Log Max® (Figura 9), modelo 7000, principal equipamento utilizado para o

processamento de madeira. Este acompanhamento foi realizado com vistas a futuras

aquisições.

30

Figura 9 - Harvester marca Valmet®, modelo 941 e a Escavadeira marca Caterpillar®, modelo CAT 320

CL com cabeçote marca Log Max®, modelo 7000.

A oportunidade surgiu pela terceirização de parte da produção da atividade de

processamento de madeira. A empresa contratada utiliza esta máquina florestal no

processamento de madeira. Esta linha de Harvesters pertence atualmente à Komatsu Forest®.

A linha de Harvesters 941 é a maior em termos de tamanho e potência da Komatsu

Forest®. Tem peso aproximado de 23500 Kg, conta com motor de 204 KW de potência,

capacidade de levante do cabeçote de 16, 3 KN e diâmetro de corte do cabeçote de 700 mm.

O Harvester tem a finalidade de cortar e processar árvores dentro da floresta.

Normalmente, são utilizados no sistema cut-to-length, onde a árvore é processada dentro do

talhão. São máquinas florestais projetadas para desempenhar esta função, por isso

normalmente têm um maior valor de investimento para sua aquisição.

A Escavadeira CAT 320C, com cabeçote Log Max®, tem um peso total de

aproximadamente 22500 Kg, um motor de 103 KW de potência. O cabeçote tem diâmetro

máximo de corte de 650 mm.

Este modelo é uma adaptação, sendo o cabeçote adaptado ao braço hidráulico da

escavadeira. Comumente é chamado de trator Harvester. Tem menor valor de investimento na

sua aquisição, menor velocidade de deslocamento e menor mobilidade que o modelo anterior,

por possuir esteiras e não ser articulado. Adapta-se muito bem ao sistema full-tree, que não

exige grandes deslocamentos da máquina.

O consumo de combustível dos Harvesters de pneus varia 10 à 19 l/h. No caso dos

Tratores Harvesters esse consumo costuma ser maior variando na faixa de 14 à 25 l/h

31

(COHEITA FLORESTAL, 2011). O consumo varia dependendo do modelo e da situação de

trabalho, topografia, ajustes mecânicos, etc.

A produtividade de cada máquina foi obtida a partir do apontamento manual da

produção por parte dos operadores. Foi utilizado para isso um formulário específico (Anexo

A). A produtividade foi medida em todos os turnos de trabalho. Através dos valores diários,

foram criadas médias semanais de produtividade para as posteriores comparações.

Como forma de complementar o estudo, foram medidos 60 ciclos de operação, através

de um estudo de tempos e movimentos. Um ciclo consiste em pegar a árvore, processar e

arrumar a madeira no estaleiro. Tempo foi medido com cronômetro de mão. Vale ressaltar

que essa medida não contempla as horas paradas, simplesmente o tempo fechado de operação.

A produtividade obtida pelo apontamento manual dos operadores das duas máquinas

está exposta na Figura 10.

Figura 10 – Produtividade Semanal média: Harvester marca Valmet®, modelo 941.e Escavadeira

modelo CAT 320 CL com cabeçote marca Log Max®, modelo 7000.

A produtividade medida através da cronometragem dos ciclos de operação do

Harvester ficou em 33,7 t/h e 35,9 t/h no Trator Harvester.

32

O Harvester Valmet® 941 não atingiu as expectativas de produtividade. A mesma

cresceu durante as semanas. Porém, nunca atingiu a meta (goal) de produtividade da empresa.

Espera-se uma produtividade maior para compensar o maior valor de aquisição deste modelo.

Um diferencial do Harvester sobre o Trator Harvester seria sua maior mobilidade,

contudo isso não foi suficiente para aumentar a produtividade do mesmo. No sistema de

árvores inteiras, não há grandes deslocamentos entre estaleiros. Fato que viabiliza utilizar

equipamentos com esteiras e diminui o desgaste do material rodante.

Vale salientar que os operadores utilizados no teste são considerados de excelente

qualidade de operação e de boa produtividade média. Na Tabela 1, os operadores da Rigesa

são identificados pelos números 9, 10 e 12. Porém, os operadores do Harvester tem maior

tempo de operação no sistema cut-to-length que no sistema testado.

Este estudo, de forma alguma, buscou descrever qual dos dois modelos teria uma

melhor viabilidade econômica. Para uma melhor avaliação, deve-se comparar preço de

aquisição, valor de depreciação, consumo de combustível, disponibilidade mecânica e

manutenção mecânica.

33

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Analisando os três principais trabalhos realizados durante o período de estágio podem

ser feitas algumas considerações:

1) É necessário o estabelecimento de critérios estatísticos na definição de

treinamentos, e na avaliação dos mesmos, porém os mesmos devem levar em conta

outros critérios além da produtividade;

2) Juntamente com a otimização dos processos, busca pela redução de custos, o

aumento da eficiência do processo produtivo, deve-se buscar controles

informatizados dos mesmos, que isolem ao máximo a interferência humana nos

apontamentos, fonte essa de inúmeros erros, o que força a um constante

acompanhamento;

3) Deve-se sempre que possível buscar uma visão global de todos os fatores na

tomada de decisão, na escolha de novos equipamentos vários critérios devem ser

analisados;

34

REFERÊNCIAS

COLHEITA DE MADEIRA. Nas operações florestais, a economia de combustível conta.

Curitiba, 2011. Disponível em: http://www.colheitademadeira.com.br/informativos. Acesso

em: 10 jul. 2011.

BERGER, R. Minimização de Custos de Transporte Florestal com a utilização da

Programação Linear. Curitiba: Revista Árvore, v. 33, n. 1, 53-62 p. 2003.

FONTES, J. M.; MACHADO, C. C. Manutenção Mecânica. In: Colheita Florestal / Carlos

Cardoso Machado (Editor). Viçosa: UFV, 2º Edição., p. 261-309, 2008. 501p. il.

GOEBEL, D. Logística - Otimização do Transporte e Estoques na Empresa. Rio de

Janeiro: ECEX/IE/UFRJ – Curso de Pós-Graduação em Comércio Exterior Estudos em

Comércio Exterior, v. 1, n. 1, jul/dez 1996.

HUNT, D. Farm Power and machinery management. Ames: Iowa State University Press,

1995. 292 p.

LEITE, A. M. P.; SOUSA, R.A.T.M. Impactos técnico- econômicos, sociais e ambientais

provenientes da construção e manutenção de estradas. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO

SOBRE COLHEITA E TRANSPORTE FLORESTAL, 6., 2003, Belo Horizonte. Anais...

Viçosa: SIF/UFV, 2003. p. 333-343.

LIMA, J. S. S.; LEITE, A. M. P. Mecanização. In: Colheita Florestal / Carlos Cardoso

Machado (Editor). Viçosa: UFV, 2º Edição., p. 43-65, 2008. 501p. il.

MACHADO, C. C. et al. O Setor Florestal Brasileiro e a Colheita Florestal. In: Colheita

Florestal / Carlos Cardoso Machado (Editor) Viçosa: UFV, 2º Edição., p.15-42, 2008. 501p.:

il.

MACHADO, C.C. Planejamento e controle de custos na exploração florestal. Viçosa,

Imprensa Universitária, 1984. 138p.

SZYMCZAK D. Avaliação da Atividade de Processamento de Madeira De Pinus taeda.

Relatório de Estágio - Curso de Engenharia Florestal. Santa Maria: UFSM. 2010.

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ANEXO

Anexo A – Formulário de Apontamento da Produção

RELATÓRIO DIÁRIO DE PRODUÇÃO

Processo de: ( ) árvores inteiras ( ) Celulose ( ) Madeira APP

Prefixo Horimetro Inicial Horimetro Final Operador Turno Data

Saída Sede:

Chegada Campo: Saída

Campo:

Chegada Sede:

Talhão/Região Número de árvores

Tora

Grossa Tora Fina Celulose

Hora Ínicio

Hora Fim Tipo Serviço Descrição do

Problema

Hora Ínicio

Hora Fim Tipo Serviço Descrição do

Problema

CONSUMOS

Horimetro: Quant. Litros Descrição

Assinatura Responsável pela área

Data:

TIPO DE SERVIÇO

1 Corte ou Processo

75 Chuva

3 Manut. Corretiva Escavadeira

80 Transporte Região

4 Manut. Corretiva Cabeçote

85 Deslocamento Campo

10 Verificação Diária

90 Demontração/ Visita

15 Manut. Preventiva Escavadeira

95 Treinamento

16 Manut. Preventiva Cabeçote

96 Auditoria de segurança

20 Abastecimento/ Lubrificação

97 Encalhado

40 Aguardando Peças/ Mecânico

98 Reunião

50 Refeição

99 Troca de Turno

51 Café da Manhã

100 Limpeza

52 Ginástica Laboral

101 Outros (descreva)

65 Manut. Conjunto de Corte