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DESENVOLVENDO HABILIDADES DE LEITURA...Em seu livro “Jornalismo opinativo”, José Marques de Melo (2003) afirma que há dois centros de interesse em torno dos quais o discurso

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DESENVOLVENDO HABILIDADES DE LEITURA: Em foco, marcas linguísticas da

argumentação

Autora: Jussara Valentini Casagrande1

Orientadora: Alcione Tereza Corbari2

Resumo

Tendo sido observada durante a prática pedagógica grande dificuldade de o aluno ler, entender e analisar estratégias de argumentação presentes nos textos, decidiu-se elaborar e aplicar em turmas de 8as séries do Colégio Estadual Padre Pedro Canísio Henz um roteiro de leitura, com explicações e atividades, focando algumas construções argumentativas, explícitas ou implícitas, presentes em títulos de notícias e manchetes de jornais. Pretendeu-se com essa atividade contribuir para a formação de leitores críticos capazes de perceber a linguagem como forma ativa de ação sobre o mundo, dotada de intencionalidade (KOCH, 2000), e também preparar o estudante para o reconhecimento das marcas linguísticas da argumentação, presentes em maior ou menor grau em todo texto. Com a realização da intervenção pedagógica, concluiu-se que, ao final do trabalho, os educandos estavam mais críticos e conscientes de que existem muitas formas de se expressar o mundo extralinguístico e que a escolha das palavras depende da intenção e da posição de quem as escreve.

Palavras-chave: Leitura; argumentação; títulos de notícias.

1 Introdução

Este artigo tem por objetivo apresentar os resultados da aplicação do projeto

de intervenção pedagógica Desenvolvendo habilidades de leitura: em foco, as

1Pós-graduada em Educação Especial pela ESAP – Instituto de Estudos Avançados e Pós-graduação

e em Didática e Metodologia do Ensino pela UNOPAR – Universidade Norte do Paraná, graduada em Letras pela UNIOESTE, professora de Língua Portuguesa do Colégio Estadual Padre Pedro Canísio Henz. 2Mestre em Letras pela UNIOESTE, doutoranda em Letras e Linguística pela UFBA, professora do

Curso de Letras da UNIOESTE, campus de Cascavel.

marcas linguísticas da argumentação em 8as séries do Colégio Estadual Padre

Pedro Canísio Henz, bem como apresentar o referencial teórico que o fundamentou.

O referido projeto foi pensado e desenvolvido com o objetivo de contribuir

para sanar a grande dificuldade de o aluno ler, entender e analisar as estratégias de

argumentação presentes em textos diversos com os quais interage. Tais problemas

foram observados durante a prática pedagógica nas séries em que se fez a

intervenção, quando se percebeu que boa parte dos alunos não compreendia o que

liam, conseguiam apenas reconhecer as palavras escritas, sem, no entanto,

entender o significado delas num contexto e, ainda, perceber intenções envolvidas

no “projeto de dizer” (KOCH, 2003) do produtor, realidade comum no ensino básico.

Buscando, então, desenvolver nos alunos a compreensão crítica para torná-

los leitores reflexivos, foi necessário repensar a prática pedagógica no que se refere

à leitura, investindo em atividades desafiadoras, que gerassem polêmica,

inquietação e instigassem os alunos a participar mais, envolver-se mais com as

situações de seu entorno, do contexto socioeconômico, político e cultural de que

participam, o que passa pelo seu letramento.

Assim sendo, chegou-se ao problema de pesquisa, qual seja: como o

professor pode contribuir efetivamente para que a dificuldade de leitura das

estratégias argumentativas seja minimizada, de forma a colaborar para a

compreensão crítica das realidades sociais e para a interação ativa do aluno em

situações comunicativas diversas?

Uma das formas pensadas de se promover essa participação ativa foi

justamente o desenvolvimento de atividades de leitura que permitissem aos alunos

perceber a linguagem como forma de interação e ação no mundo. Para tanto, a

exploração de estratégias de argumentação presentes nos textos se fez necessária,

já que “a interação social por intermédio da língua caracteriza-se fundamentalmente

pela argumentatividade” (KOCH, 2000, p. 19).

Nessa perspectiva, foi imprescindível a revisão da prática pedagógica, como

sugerem as Diretrizes Curriculares da Educação Básica:

[...] trata-se de propiciar o desenvolvimento de uma atitude crítica que leve o aluno a perceber o sujeito presente nos textos e, ainda, tomar uma atitude responsiva diante deles. Sob esse ponto de vista, o professor precisa atuar como um mediador, provocando os alunos a realizarem leituras significativas. Assim, o professor deve dar condições para que o aluno

atribua sentidos a sua leitura, visando a um sujeito crítico e atuante nas práticas de letramento da sociedade (PARANÁ, 2008, p. 71).

Tomando por base essas orientações e considerando as dificuldades

observadas em relação ao ensino e aprendizagem de leitura de estratégias

argumentativas no Colégio Estadual Padre Pedro Canísio Henz, decidiu-se trabalhar

com 8as séries um projeto de leitura focando algumas estratégias de argumentação,

explícitas ou implícitas, presentes em títulos de notícias e manchetes de jornais.

A relevância do projeto se justifica justamente por propiciar o

desenvolvimento de leitores críticos e conscientes das possibilidades que a língua

oferece para a interação em diversos contextos comunicativos. Conforme postula

Koch (2000), cabe ao professor conscientizar o aprendiz da existência, em cada

texto, de diversos níveis de significação e de marcas linguísticas de argumentação

presentes nos textos. “Isto é, cumpre mostrar-lhe que, além da significação explícita,

existe toda uma gama de significações implícitas, muito mais sutis, diretamente

ligadas à intencionalidade do emissor” (KOCH, 2000, p. 160).

Pretendeu-se, então, promover atividades que levem a uma “intelecção mais

aprofundada do texto” (KOCH, 2000, p. 161), o que implicou preparar o aluno para o

reconhecimento das marcas de argumentação, presentes em todos os textos, em

maior ou menor grau.

No intuito de promover tais atividades, foi elaborado e aplicado em turmas

de 8as séries roteiro de leitura com foco em estratégias argumentativas presentes em

títulos de notícias de jornais, contribuindo para a formação de leitores conscientes

dos diversos níveis de significação e, em consequência, para a compreensão crítica

das realidades sociais e para sua interação ativa em situações comunicativas

diversas.

O trabalho proposto se iniciou com a elaboração do material didático cujo

enfoque recaiu sobre as marcas linguísticas de argumentação, implícitas ou

explícitas, presentes em textos do gênero jornalístico. Mais especificamente,

pretendeu-se observar tais marcas na construção de títulos de notícias de jornal,

uma vez que estes orientam a leitura de acordo com a posição tomada pelo jornal a

respeito do fato veiculado. A preparação desse material tomou como aporte teórico,

principalmente os estudos de Koch (2000, 2003).

Após a aplicação das atividades, observou-se que os alunos estavam mais

atentos às estratégias argumentativas e às funções das palavras no contexto

jornalístico, não mais lendo de maneira ingênua, mas percebendo a intencionalidade

que permeia o texto.

2 Linguagem x argumentação

Os estudos relativos à argumentação retomam a antiguidade grega e têm

seguido diferentes perspectivas teóricas que vão como a Retórica, Lógica, Dialética,

Pragmática, Semântica Argumentativa, entre outras.

Este trabalho tomou com pressuposto a ideia de que a argumentatividade se

acha inscrita sistematicamente no interior da própria língua, de modo que o uso da

linguagem é inerentemente argumentativo, conforme explica Koch (2000). Nessa

perspectiva,o ato de argumentar é compreendido como o ato linguístico

fundamental.

Para essa autora, a argumentação é intrínseca ao homem enquanto dotado

de razão e vontade, que avalia, julga, critica e forma juízo de valor e que também,

pelo discurso, tenta influenciar os outros com sua opinião. Koch (2000) afirma ainda

que o discurso que se pretende “neutro” contém também uma ideologia: a da sua

própria objetividade.

É comum pensar que a argumentatividade é característica apenas dos

textos chamados dissertativos ou argumentativos. Contudo, segundo Koch (2000, p.

20) “também nos textos denominados narrativos e descritivos, a argumentatividade

se faz presente em maior ou menor grau”.

Partindo desse norte teórico, pode-se dizer quea argumentação constitui

atividade estruturante de todo e qualquer discurso, de forma que a

argumentatividade é intrínseca a todo gênero discursivo, inclusive àqueles ditos

“neutros”, como é caso, por exemplo, de textos informativos publicados no jornal.

Mesmo nesse contexto, são mobilizados meios linguísticos diversos para levar o

interlocutor a determinada conclusão em detrimento de outras.

3 Jornalismo informativo x argumentação

Em seu livro “Jornalismo opinativo”, José Marques de Melo (2003) afirma

que há dois centros de interesse em torno dos quais o discurso jornalístico se

apresenta: a informação, cujo interesse é saber o que se passa, e a opinião, cujo

interesse é saber o que se pensa sobre o que foi informado.

No jornalismo informativo, o jornalista apresenta, registra o fato, a notícia e

informa à sociedade que tem interesse em saber o que acontece. Essa categoria

tem como prioridade a notícia, mas outros gêneros, como a nota, a reportagem e a

entrevista também fazem parte desse grupo.

Já no jornalismo opinativo, o profissional da imprensa ou o leitor reage

diante dos fatos, expondo e transmitindo opiniões e, desta forma, atuam como

formadores de opinião. Os gêneros que marcam essa categoria são: o editorial, o

artigo de opinião, a carta do leitor, a carta ao leitor, a resenha e outros.

Embora existam nos jornais espaços próprios para manifestação da opinião,

grande parte dos estudiosos da área da Linguística e Comunicação tem observado

que a argumentação não está restrita aos textos que participam desse último grupo.

Muitas vezes, a opinião, que sempre representa interesses, não se limita aos

espaços próprios, mas se infiltram, se misturam aos outros textos, muitas vezes

chegando ao leitor de forma dissimulada e, dessa maneira, direcionando a leitura e

influenciando a opinião do leitor, pois sabe-se que não há texto sem intenção, nem

leitura sem atribuição de sentido.

O principal gênero jornalístico é a notícia. Nela se encontram características

textuais buscadas pela imprensa, tais como a objetividade, a neutralidade e a

clareza nas informações. Nessa perspectiva, o produtor deveria relatar os fatos

jornalísticos de forma real e de maneira a não deixar dúvidas sobre a tão preciosa e

propalada imparcialidade jornalística, que é, na verdade, um mito.

Citelli (1998) critica em seu livro o mito da neutralidade jornalística, tomando

para análise uma revista americana que se apresentava como aquela que não

persuadia, mas informava. A revista usava o mito da neutralidade tentando passar

uma imagem de respeitabilidade e credibilidade junto aos leitores, uma vez que a

persuasão é relacionada a alguns qualificativos, como fraude, engodo e mentira.

Ainda o autor afirma que, mesmo que a revista refletisse a mais completa

imparcialidade nas publicações de suas notícias, não estaria isenta do ato

persuasivo, pois “generalizando um pouco a questão, é possível afirmar que o

elemento persuasivo está colado ao discurso como a pele ao corpo” (CITELLI, 1998,

p. 6).

Sendo assim, é inegável que, com maior ou menor grau, a intencionalidade

está presente em todo o discurso e de forma alguma o texto jornalístico estaria

isento de intencionalidade.

Na notícia, a não neutralidade pode ser encontrada já no título, quando são

usados elementos diversos com o objetivo de direcionar a leitura e a opinião do

leitor, conforme se defende no decorrer deste trabalho.

4 Marcas de argumentação em títulos de notícia

Há textos em que as pistas da orientação argumentativa ficam mais

evidentes, como é o caso dos artigos de opinião e os editoriais, por exemplo. Porém,

em outros tipos de textos, ditos “neutros”, como a notícia e a reportagem, a

argumentatividade também se faz presente, conforme referenciado acima.

Assim, podemos dizer que, de forma ampla, a notícia também é um texto

opinativo, pois é escolhida, organizada e construída de acordo com a ideologia do

jornal que a publica. Portanto, não são tão objetivas e imparciais como pode parecer

ao leitor ingênuo, pois representam e veiculam interesses. Qualquer escolha feita

pelo jornal tem o intuito de orientar a leitura e direcionar a opinião do leitor e, para

isso, utilizam-se estratégias argumentativas.

Tais estratégias manifestam-se nos textos jornalísticos por meio de uma

série de marcas ou pistas. São essas marcas linguísticas da argumentação que se

pretendeu observar na abordagem didática proposta pelo projeto.

Serão observadas tais marcas na construção do título da notícia de jornal,

uma vez que representam parte significativa na orientação dos sentidos e

direcionam a leitura de acordo com a posição tomada pelo jornal a respeito do fato

veiculado. Assim, mesmo sem considerar o texto como um todo, é possível propor

um trabalho com vistas à observação da orientação argumentativa do texto.

São índices de argumentação, por exemplo, a escolha lexical de forma geral,

os operadores argumentativos que introduzem os enunciados, o tempo/modo verbal

escolhido, os elementos modalizadores atualizados, o conteúdo topicalizado (tópico

x foco),dentre outras estratégias linguísticas.

A seção seguinte é dedicada à abordagem de algumas dessas estratégias,

as quais foram explicadas no material didático proposto. O intento não é fazer uma

revisão teórica de cada uma deles, mas exemplificar como podem orientar a

construção do(s) sentido(s) do texto.

4.1 Uso de sintagmas nominais

Como exemplo do uso de sintagmas nominais na orientação da

interpretação cita-se a forma como Bruno e Elisa Samudio foram referenciados em

jornais ao redor do mundo após ter sido divulgada a possível participação do goleiro

no desaparecimento de Elisa Samudio. Vejam-se algumas abordagens:

(A) “Goleiro brasileiro suspeito de assassinar mulher desaparecida se entrega” (CNN). (B) “Preso goleiro do Flamengo por desaparecimento de amante” (EL PAÍS) (C) “Goleiro Bruno, monstro atrás das grades” (ANSA). (Disponível em: Folha.com. Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/ 763881-vejarepercussao-internacional-do-caso-envolvendo-o-goleiro-bruno.shtml)

No texto produzido pela CNN, vemos que há uma precaução em relação à

classificação do goleiro. O jornal não afirma que o goleiro é culpado, mas pauta-se

em investigação policial e diz ser “suspeito” da ação relatada. Com relação à Elisa

Samudio, o jornal a nomina de “mulher desaparecida”. Com isso, não enfoca a

relação que tinha com Bruno. Aqui ela aparece como vítima apenas.

Já na manchete apresentada por El País, há uma preocupação de localizar

socialmente quem é Bruno (“goleiro do Flamengo”). Nesse caso, não há juízo de

valor negativo sobre ele; sequer é dito que é suspeito, embora o fato de ter sido

preso dê condições para o leitor inferir que é suspeito de algum crime. Com relação

à Elisa, esta é referenciada como “amante”. No contexto social de que participam as

pessoas referenciadas, há uma conotação negativa ligada a esse termo. Logo, Elisa

não é retratada como uma vítima apenas, como ocorre na manchete (A). Em geral, o

fato de se relacionar com um homem casado resulta em desqualificação da mulher.

Por fim, o texto (C) não traz informações sobre a vítima. Com relação a

Bruno, faz um julgamento decisivo quanto à sua culpa, mesmo antes de ter sido

julgado pela justiça. Há, aí, um forte posicionamento do jornal e uma orientação

argumentativa muito mais marcada do que nas manchetes (A) e (B).

4.2 Uso de verbos

A orientação argumentativa também pode ser observada a partir do uso de

verbos. Dentre outras coisas, o verbo é usado para descrever ações. Mas um

mesmo fato pode ser apresentados de forma diferente, conforme a intenção de

quem noticia. Observe, por exemplo, as manchetes abaixo, que relatam a ação da

polícia em sequestro que terminou com a morte do sequestrador.

(A)

Fonte: Folha UOL. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/mundo/ 787282-policia-entra-em-onibus-onde-ex-agente-mantem-dez-turistas-refens-nas-filipinas.shtml>

(B)

Fonte: Folha UOL. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/mundo/ 787293-policia-encerra-sequestro-de-turistas-em-onibus-ha-relato-de-vitimas.shtml>

(C)

Fonte: Folha UOL. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/mundo/ 787327-policia-mata-ex-agente-que-sequestrou-onibus-com-turistas-nas-filipinas.shtml>

Em (A), a ação focada qualifica a polícia como bem preparada. Nesse caso,

omite-se o fato de o ex-agente ter sido morto pela polícia; também não se faz

menção ao fato de reféns terem sido mortos. Na manchete (B), a polícia aparece

como negociadora. Esse é o foco de atenção, deixando para segundo plano a

possibilidade de o evento ter resultado em mortes. Já em (C), enfoca-se o fato de a

polícia ter matado o sequestrador, a ação final do evento. E não é citado o fato de

ter havido outras vítimas.

4.3 Uso de adjetivos

De forma geral, pode-se dizer que os adjetivos são dispensáveis, no sentido

de que, sem eles, a frase continua tendo sequência sintática, como se pode

observar nessas duas manchetes, que “informam” sobre o mesmo fato:

(A)

Fonte: Jornal do Brasil. Disponível em: <http://www.jb.com.br/rio/noticias/ 2010/11/15/jovem-e-baleado-apos-participar-da-parada-gay/>

(B)

Fonte: Jornal do Brasil. Disponível em: <http://www.jb.com.br/rio/noticias/ 2010/11/19/apos-agressao-a-jovem-gay-exercito-diz-que-nao-tolera-homofobia/>

Observa-se que, na manchete (A), optou-se por não qualificar o jovem,

embora se tenha explicitado que participava de passeata gay. Já em (B), o fato de

ser gay foi evidenciado, na medida em que se usou o adjetivo para qualificar o

substantivo “jovem”.

Além disso, há que se observar que o adjetivo usado poderia ter sido outro,

como na manchete abaixo:

(C)

Fonte: Blog das Loka. Disponível em: <http://daslokabrasil.blogspot.com/ 2010/11/jovem-homossexual-e-baleado-por.html>

De forma geral, a comunidade homossexual prefere ser assim referenciada,

ao invés de ser nominada como “gay”, que carrega um sentido pejorativo. Assim, a

escolha do jornal entre os adjetivos “gay” e “homossexual” também revela intenções,

de se enfatizar ou não o sentido pejorativo.

4.4 Operadores argumentativos

Conforme Koch (2003, p. 30-40), os operadores argumentativos indicam a

força argumentativa dos enunciados, o sentido para o qual apontam; introduzem no

enunciado conteúdos semânticos adicionais, conteúdos que ficam à margem da

discussão (pressupostos); as marcas que os introduzem são os marcadores de

pressuposição. São vários os operadores argumentativos citados pela autora, os

quais assumem funções diversas no texto. Vejam-se alguns deles.

(A) Operadores que assinalam o argumento mais forte de uma escala

orientada no sentido de determinada conclusão: até, mesmo, até mesmo, inclusive.

Ou de escala subtendida: ao menos, pelo menos, no mínimo.

Fonte: Estado de Minas. Disponível em: <http://www.em.com.br/app/noticia/politica /2011/02/06/interna_politica,208090/corruptos-roubam-ate-dinheiro-que-ia-para-flagelados.shtml>

O operador “até” presente no exemplo acima orienta para um argumento

mais forte que leva à seguinte conclusão: os políticos corruptos roubam tanto que

têm coragem de roubar até o dinheiro que iria ajudar pessoas desabrigadas, que

estão passando por grande dificuldade. Conclusão a que se quer que o leitor

chegue: a corrupção não considera qualquer limite moral.

Fonte: AcheiUSA. Disponível em: <http://acheiusa.com/acheiusa/asp/noticias/noticia-

ultimas-anteriores.asp?cd_n=6573>

Nesse exemplo, o operador “pelo menos” nos mostra que, se a seleção

principal, que deveria ser a mais talentosa, não está ganhando os jogos dos quais

participa, a seleção Sub-20 está representando bem o Brasil e vencendo as partidas

que joga. Ou seja, esta tem se apresentado melhor do que aquela.

(B) Operadores que somam argumentos a favor de uma mesma conclusão

(isto é, argumentos que fazem parte de uma mesma classe argumentativa): e,

também, ainda, nem(=e não), não só...mas também, tanto...como, além de..., além

disso..., a par de ..., etc.

Fonte: G1. Disponível em: <http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL1312480-5603,00-ALEM+DE+DESUMANA+TORTURA+NAO+FUNCIONA+DIZ+NEUROCIENCIA. html>

Nesse caso, se quer que o leitor chegue à conclusão de que a tortura não

deve ser usada. Assim, são relacionadas duas orações que levam à mesma

conclusão. O operador “além” é responsável por introduzir uma dessas orações –

Além de (ser) desumana. Há que se observar que, colocada em primeiro plano, a

oração introduzida por esse elemento acaba dando maior relevo para o fato de a

tortura ser desumana, o que leva à conclusão pretendida mais facilmente do que o

fato de “não funcionar”.

(C) Operadores que introduzem uma conclusão relativa a argumentos

apresentados em enunciados anteriores: portanto, logo, por conseguinte, pois, em

decorrência, consequentemente, etc.

Fonte: Estadão. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/noticias/economia,nao-ha-limite-de-tempo-portanto-nao-me-cobrem-diz-lula,344645,0.htm>

O operador “portanto” deixa clara a conclusão a que Lula quer que se

chegue: se não há limite de tempo, também não há necessidade de se ficar

cobrando pressa. As aspas são usadas pelo jornal para demarcar a polifonia e, com

isso, não se responsabiliza pelo conteúdo dito. Porém, o fato de essas estarem

figurando no título também deve ser tomado como significativo para a orientação de

sentidos.

(D) Operadores que introduzem argumentos alternativos que levam a

conclusões diferentes ou opostas: ou, ou então, quer...quer, seja...seja, etc.

Fonte: Gazeta do Sul. Disponível em: <http://www.gaz.com.br/gazetadosul/noticia/ 272383-consciencia_ou_entao_nova_sinaleira.html>

Nesse exemplo, o operador argumentativo “ou” indica que se deve escolher

entre a consciência na direção e a instalação de um semáforo, sendo que a resposta

dada leva a conclusões diferentes.

Assim, se a escolha for pela consciência na direção, o uso de semáforo será

desnecessário. Por outro lado, se a escolha for pela instalação do semáforo, infere-

se que a consciência na direção foi preterida. Trata-se de argumentos excludentes,

pois a escolha de um implica na renúncia do outro.

Pode-se dizer que o jornal apresenta a “consciência” como uma melhor

escolha, e a “sinaleira” como uma forma de punição, de regulação, que seria

desnecessária caso fossem tomadas atitudes conscientes.

(E) Operadores que estabelecem relações de comparação entre elementos,

com vistas a uma dada conclusão: mais que, menos que, tão... como, etc.

Fonte: Correio do Povo. Disponível em: <http://www.correiodopovo.com.br/Noticias/ ?Noticia=256538>

Nesse exemplo, o operador “mais que...” estabelece uma comparação entre

os elementos, levando a uma conclusão. Todos sabem que AIDS e a tuberculose já

mataram e ainda matam muitas pessoas. Porém, o álcool, apesar de ser um produto

de livre comércio e de consumo comum, mata muito mais. Ou seja, a conclusão a

que se quer que o leitor chegue é que o álcool é um produto muito perigoso, que

precisa ser combatido.

(F) Operadores que introduzem uma justificativa ou explicação relativa ao

enunciado anterior: porque, que, já que, pois, etc.

Fonte: Notícias da Bahia. Disponível em: <http://www.noticiasdabahia.com.br/colunas. php?cod=1942>

Aqui o operador justifica que o time venceu “porque” o treinador tem mais

tarimba, mais experiência e preparou melhor sua equipe e, portanto, mereceu a

vitória.

(G) Operadores que contrapõem argumentos orientados para conclusões

contrárias: mas (porém, contudo, todavia, no entanto, etc.), embora (ainda que,

posto que, apesar de (que), etc.).

Fonte: D24AM. Disponível em: <http://www.d24am.com/multimidia/videos/noticias/ amazonas/balanco-da-pm-aponta-reducao-no-indice-de-violencia-no-entanto-numero-de-homicidios-cresceu/13800>

Nesse caso, o operador “no entanto” contrapõe os argumentos, visto que, se

houve redução no índice de violência, era de se esperar que houvesse também

redução no número de homicídios. Mas o que ocorreu foi o contrário: o número de

homicídio aumentou. Nesse sentido, o operador argumentativo “no entanto” orienta

para uma conclusão contrária da esperada.

(H) Operadores que têm por função introduzir no enunciado conteúdos

pressupostos: já, ainda, agora, etc.

Fonte: Recargas Celular. Disponível em: <http://recargascelular.net/noticia-sms-ainda-e-o-mais-eficaz-aponta-pesquisa/>

Nesse caso, o operador “ainda” recupera um conteúdo pressuposto: o SMS

era o instrumento de comunicação mais eficaz. A partir dessa ideia, diz-se que,

apesar de haver meios mais modernos de comunicação, ele ainda se destaca no

mundo das comunicações. Assim, o operador argumentativo em questão é

responsável também por introduzir uma ideia de continuidade.

(I) Operadores que se distribuem em escalas opostas, isto é, um deles

funciona numa escala orientada para a afirmação total e o outro, numa escala

orientada para a negação total. Às vezes, tais operadores são morfologicamente

relacionados, como é o caso de um pouco e pouco.

Fonte: TV Padre Cícero. Disponível em: <http://www.tvpadrecicero.com.br/exibir_ noticia.php?id=2526>

Nessa manchete, o operador argumentativo “toda” denota a grande

extensão territorial atingida pelo apagão, dando ao fato noticiado uma importância

superior. O seu apagamento do enunciado deixaria menos enfática a falta de

eficácia do governo.

4.5 Modalização

A modalização é uma das estratégias linguísticas que revelam o

posicionamento de quem enuncia, ou, nas palavras de Koch (2003, p. 47), sinaliza

“o modo como aquilo que se diz é dito” e funciona “como indicadores das intenções,

sentimentos e atitudes do locutor em relação ao seu discurso” (KOCH, 2000, p. 138).

Assim, por meio de certas palavras, como obviamente, é evidente,

possivelmente, acho que, penso que, talvez, pode, deve etc. o produtor do texto

apresenta sua interpretação com relação ao que diz e, ainda, se compromete ou não

com o conteúdo dito.

Vejam-se alguns exemplos:

(A)

Fonte: Folha UOL. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/mundo /881770-grupo-de-brasileiros-deve-chegar-a-recife-amanha-a-tarde.shtml>

(B)

Fonte: Paraná Online. Disponível em: <http://www.pron.com.br/editoria/ mundo/news/425136/?noticia=BRASILEIROS+RESGATADOS+NO+PERU+CHEGAM+AMANHA>

Ambas as manchetes mostram um produtor que confia na veracidade da

notícia dada. Porém, em (A), é usado o verbo modal “dever”, enquanto em (B) faz-se

uma afirmação. Ao usar o modalizador, o produtor do texto se exime de qualquer

responsabilidade sobre a veracidade da notícia; assim, se distancia do conteúdo da

informação. Já em (B), há um engajamento maior do produtor com a notícia dada, o

que pode ser justificado pelo fato de o avião já ter, no momento da publicação da

notícia, partido do Peru.

4.6 Tempo/modo verbal

O tempo/modo verbal escolhido também é uma forma de modalizar o

discurso. Por exemplo, ao recorrer ao presente do indicativo, como em O vereador

desviou dinheiro destinado às creches, o produtor do texto faz uma afirmação e se

compromete com o que diz. A mesma frase poderia ser dita usando-se o futuro do

pretérito (composto): O vereador teria desviado dinheiro destinado às creches.

Nesse caso, há uma tentativa do produtor em eximir-se de responsabilidades pelo

conteúdo enunciado.

Observam-se os enunciados abaixo:

(A)

Fonte: Folha da Região. Disponível em: <http://www.folhadaregiao.com.br/ Materia.php?Canal=Arquivo&id=256916>

(B)

Fonte: Tribuna do Maranhão. Disponível em: <http://www.tribunado maranhao.com.br/noticia/governo-arruda-desviou-mais-de-r-100-milhoes-4305.html>

Na manchete (A), o verbo “ter” está no futuro do pretérito do indicativo,

comumente usado pelo produtor que não quer se comprometer com o conteúdo

expresso. Ao recorrer a esse tempo/modo verbal, o jornal não se compromete com

o que escreve, apenas informa um fato que pode ou não ter acontecido. Por outro

lado, na manchete (B), ao usar o verbo “desviar” no pretérito perfeito do indicativo, o

jornal se compromete com a veracidade do fato noticiado.

4.7 Polifonia/aspas

Segundo definição de Koch (2003), “o termo polifonia designa o fenômeno

pelo qual, num mesmo texto, se fazem ouvir „vozes‟ que falam de perspectivas ou

ponto de vista diferentes com as quais o locutor se identifica ou não” (KOCH, 2003,

p. 63, grifo da autora). Conforme a autora, no caso da notícia, em geral, com essa

estratégia, o jornalista não se compromete, não assume a responsabilidade pelo fato

noticiado: quem afirma é alguém, alguma fonte autorizada, enfim, uma voz

introduzida no discurso.

Dentre os recursos de expressão da polifonia, destacamos o uso de aspas,

frequentemente atualizado como forma “de manter distância do que se diz,

colocando-o „na boca‟ de outros o que pretende dizer” (KOCH, 2003, p. 63, grifos da

autora).

Às vezes, a referência à voz do outro fica evidente quando se usam certos

verbos, como diz, afirma, fala que etc., como ocorre no exemplo abaixo:

Fonte: Folha UOL. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ ult91u470569.shtml>

Nesse caso, recorre-se ao uso do verbo dizer e, ainda, ao uso de aspas, que

explicita que o jornalista não é autor do enunciado em destaque, mas que este foi

dito pelo próprio Correa, nessas mesmas palavras.

Em outros casos, essa referência à voz do outro não conta com os verbos

citados acima ou similares, como é o caso deste título:

Fonte: H News. Disponível em: <http://www.hnews.com.br/2011/03/lider-budista-culpa-prepotencia-humana-por-tragedia-no-japao/>

Nesse caso, o jornalista recorre aos usos das aspas para dizer que a

expressão não é de sua responsabilidade.

4.8 Tópico e foco

Conforme Azeredo (2008), tópico é a parte inicial da frase declarativa

padrão, é a unidade de informação sobre a qual se faz uma declaração. Já foco

refere-se à parte final da frase declarativa padrão, é a informação acrescentada, é a

novidade do enunciado.

Veja como Azeredo (2008, p. 94) exemplifica a utilização do recurso em

estudo com os seguintes enunciados:

a) Os manifestantes ocuparam a praça durante cinco horas. Tópico Foco

b) A praça foi ocupada pelos manifestantes durante cinco horas. Tópico Foco c) Durante cinco horas, os manifestantes ocuparam a praça. Tópico Foco

Em geral, é topicalizada a informação a que se quer dar destaque, como

ocorre nos exemplos abaixo:

Fonte: O Globo. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/esportes/mat/ 2011/03/08/roma-rescinde-contrato-com-adriano-923964423.asp>

Nesse caso, ao topicalizar o nome do time italiano, o jornal tem a intenção

de mostrar que a decisão de rescindir o contrato do jogador partiu do Roma.

Fonte: R7. Disponível em: <http://esportes.r7.com/futebol/noticias/adriano-rescinde-contrato-com-a-roma-20110308.html>

Já no título acima, ao topicalizar o nome do jogador, o jornal tem a intenção

de mostrar que a decisão foi tomada pelo jogador.

5 Proposição didática: relato de experiência com o ensino fundamental

As ações de implementação pedagógica na escola iniciaram-se com a

apresentação do projeto de intervenção pedagógica e da produção didático-

pedagógica para a direção, equipe pedagógica, corpo docente e agentes

educacionais I e II do Colégio Estadual Padre Pedro Canísio Henz, com o objetivo

de sociabilizar e levar ao conhecimento de todos o tema abordado na produção

elaborada pela professora PDE, bem como o plano de execução do projeto.

O próximo passo foi apresentar a produção didático-pedagógica para os

alunos, expondo a importância da participação deles para o sucesso do projeto.

Nas primeiras aulas, foi apresentado o tema As marcas linguísticas da

argumentação e questionado se eles sabiam identificar algumas dessas marcas.

Percebeu-se que havia muita dificuldade por parte dos alunos em reconhecê-las.

Essa dificuldade em ler, entender e analisar as estratégias de argumentação

presentes nos textos já havia sido observada pela professora durante a prática

pedagógica nas turmas em que se fez a implementação, o que a levou a elaborar no

seu projeto PDE um roteiro de leitura, com explicações e atividades, focando

algumas estratégias de argumentação, explícitas ou implícitas, presentes em títulos

de notícias de jornais.

O resultado dessa observação foi o ponto de partida para iniciar o trabalho.

Primeiramente, pautando-se em Koch, foi explicado para os alunos que a linguagem

é, fundamentalmente, uma forma de ação sobre o outro, sobre o mundo, ação essa

que é movida por uma intencionalidade. Portanto, toda linguagem está a serviço de

uma ideologia, de modo que a linguagem sempre traz indícios de argumentatividade.

Após deixar claro que a argumentatividade, em maior ou menor grau,

perpassa todos os gêneros discursivos, já que todos são movidos por um “projeto de

dizer”, conforme analisa Koch (2000), passamos a analisar os títulos de notícias de

jornais. As explicações feitas constam no material didático.

Foi necessário também definir título de notícia de jornal. Também se

explicou que, na notícia, a orientação argumentativa pode ficar evidente já no título,

visualizada por meio dos elementos linguísticos selecionados. A escolha das formas

de dizer atualizadas no título segue o intuito de orientar e direcionar a leitura; nesse

contexto, são estratégias argumentativas que visam não só à informação, mas

também à orientação de opiniões.

Quando se iniciou a leitura dos títulos de notícia, os estudantes puderam

observar como vários jornais intitulavam o mesmo fato de forma diferente e como as

palavras podiam realmente direcionar a opinião dos leitores de acordo com a

intenção de cada jornal. Eles ficaram impressionados e empolgados com a leitura e

os exercícios propostos.

Passou-se, então, à análise dos títulos de notícias, observando como os

sintagmas nominais escolhidos para referenciar/nominar pessoas ou fatos podem

revelar o posicionamento do jornal e direcionar a opinião do leitor. Os alunos

gostaram de fazer tais observações e relataram que nunca tinham prestado atenção

nessas estratégias usadas pelos jornais.Na sequência, eles realizaram análises de

algumas manchetes, registrando como a escolha das palavras pode revelar as

intenções.

As análises feitas foram lidas para a turma e houve troca de ideias e debates

sobre como foram feitas as leituras.

Na sequência, propôs-se analisar como a escolha dos verbos pode, nos

títulos de notícias, direcionar a opinião conforme a intenção de quem noticia. Após

as análises conjuntas, os alunos fizeram os exercícios propostos e depois

apresentaram para a turma suas conclusões.

Dando continuidade ao trabalho, foi analisado também como o uso dos

adjetivos revelam intenções do jornal. Dessa mesma forma, foi analisado também

como os operadores argumentativos, a modalização, os tempos/modos verbais, a

polifonia, as aspas e, por fim, como a organização sintática tópico e foco podem

revelar o posicionamento de quem enuncia e a intenção de direcionar a leitura

conforme seus interesses.

Após concluir as atividades de leitura, análise e exercícios propostos pelo

material didático, foram levados para a sala de aula jornais para que os alunos

fizessem uma análise de textos reais, contemplando as estratégias abordadas

durante a aplicação do projeto, a fim de avaliar se os objetivos propostos foram

atingidos.

Concluiu-se que, ao final das atividades, os alunos estavam mais críticos e

conscientes de que existem muitas formas de se dizer algo e que a escolha das

palavras depende da intenção e da posição de quem as escreve.

6 Conclusão

Tendo em vista o objetivo deste artigo de apresentar os resultados obtidos

com a aplicação do projeto de intervenção pedagógica na escola intitulado

Desenvolvendo habilidades de leitura: em foco, as marcas linguísticas da

argumentação, bem como o referencial teórico que o fundamentou, conclui-se que

este trabalho atingiu sua proposta inicial.

No que tange aos resultados obtidos com a aplicação do projeto, eles estão

devidamente expostos no item “5” deste trabalho, dos quais se depreende que é

possível, com a aplicação do material didático, contribuir para a formação de leitores

mais críticos capazes de perceber a linguagem como forma ativa de ação sobre o

mundo dotada de intencionalidade, e, em consequência, de compreender

criticamente as realidades sociais e de interagir ativamente em situações

comunicativas diversas.

Já o aporte teórico que orientou os trabalhos foi devidamente exposto nos

itens de “1” a “4”, onde se ressaltou principalmente que a argumentação está

presente em todo e qualquer discurso, até mesmo naqueles intitulados neutros,

como a notícia, enfocando-se os títulos desta.

Nesse sentido, o item “3” deste artigo diferenciou o jornalismo informativo do

jornalismo opinativo e explicou que, embora a teoria afirme que somente a este

cumpre emitir opinião, na prática visualiza-se que em ambos há a intencionalidade e

a argumentatividade, motivo pelo qual se conclui que a imprensa não é neutra e que

ela exprime seus posicionamentos sutilmente.

Finalizando a fundamentação teórica, demonstrou-se no item “4” deste

trabalho que os veículos de comunicação expressam seus pareceres e orientam o

leitor por meio das marcas linguísticas da argumentação, tais como a escolha

lexical, os operadores argumentativos, a escolha do tempo e do modo verbal, entre

outros recursos.

Oportunamente, ressalta-se que o trabalho desenvolvido deve ser tomado

como parte de uma ação pedagógica mais ampla, interessada em explicitar os

vários níveis de significação do texto. Tal ação deve ser uma prática constante na

abordagem da leitura, especialmente na disciplina de Língua Portuguesa.

Além disso, observa-se a necessidade de o trabalho aqui apresentado

progredir da análise de títulos para a análise da notícia em sua integralidade,

considerando que o estudo das partes do texto só tem sentido se este é considerado

como um todo significativo e relacionado, tanto cotextual quanto contextualmente.

Referências

AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss da língua portuguesa. 2. ed. São Paulo: Publifolha, 2008.

CITELLI, Adilson. Linguagem e persuasão. 12. ed. São Paulo: Ática, 1998. KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. Argumentação e linguagem. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2000. _____. A inter-ação pela linguagem. 8. ed. São Paulo: Contexto, 2003. MELO, José Marques de. Jornalismo opinativo: gêneros opinativos no jornalismo brasileiro. 3. ed. Campos do Jordão: Mantiqueira, 2003. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação do Paraná. Diretrizes curriculares da educação básica. Curitiba: SEED, 2008.

Fonte de coleta dos recortes citados

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