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DESENVOLVIMENTO FÍSICO E PSICOMOTOR NA 1a INFÂNCIA Fundamentos psiconeurológicos do desenvolvimento

Desenvolvimento físico e psicomotor na 1a infância

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DESENVOLVIMENTO FÍSICO E PSICOMOTOR NA 1a INFÂNCIA

Fundamentos psiconeurológicos do desenvolvimento

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Conceitos básicos

A partir da concepção, o organismo humano possui uma “lógica biológica”, a qual implica numa organização interna e num calendário maturativo;

O desenvolvimento psicomotor está sujeito a uma série de leis biológicas estreitamente relacionadas ao calendário maturativo;

O desenvolvimento psicomotor não é apenas uma mera realidade biológica, pois está aberto à interação e à estimulação do meio.

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O crescimento físico é um processo altamente organizado, ocorre de maneira contínua e paulatina e não aos saltos e pode ser comparado a um foguete espacial sem tripulação com trajetórias prefixadas dirigidas por sistemas e controles internos; O mais importante controle interno são os chamados Processos de Recuperação – através do controle genético e de mecanismos corretores há uma tendência do organismo a recuperar o caminho perdido quando um problema desvia o crescimento de sua trajetória prevista. Exemplo: quando o tamanho corporal previsto para o feto é maior que o espaço do útero da mãe este nascerá menor que o previsto e continuará a crescer fora do útero até alcançar o tamanho previsto;

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Problemas que podem desviar a trajetória do desenvolvimento: naturais/internos (gestações múltiplas) ou ambientais/externos (desnutrição e uso de drogas);

Tendência secular do crescimento: processo influenciado por fatores externos – aceleração que se observa em alguns aspectos do crescimento quando se comparam dados coletados em períodos de tempo muito distantes (séculos) – mudança na idade em que termina o crescimento da altura dos indivíduos; idade da menarca (primeira menstruação). Esta aceleração deve-se a melhorias nas condições de vida, na alimentação, no tratamento das doenças, etc;

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Os fatores externos têm influência importante, mas limitada devido à margem de reação ou variação de reação: o que a herança genética prevê não é um valor fixo e fechado. Exemplo: a altura não é prevista em forma de um valor absoluto - há uma margem de poucos centímetros a mais e a menos em que deverá se situar a altura final;

Aspectos do meio que podem influenciar o crescimento: rotinas da vida cotidiana (alimentação, hábitos de sono e repouso, exercícios, estado de saúde, etc); influências psicológicas (“nanismo por privação”- crescimento anormalmente baixo na estatura e peso devido a privações afetivas prolongadas) – somente um diagnóstico profundo é capaz de revelar se há algum outro elemento determinante dessas características;

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A curva do desenvolvimento

O crescimento é normal quando os valores se situam dentro do padrão de variação esperado, quando não deixa de ocorrer e nem é interrompido de maneira irrecuperável – a curva de crescimento e cada indivíduo deve ser coerente consigo mesma – as pessoas pequenas não tem exatamente o mesmo ritmo de crescimento das pessoas maiores;

Dimorfismo sexual: outro aspecto típico da curva de crescimento – são as diferenças entre o crescimento masculino e feminino – as meninas adiantam-se em relação aos meninos quanto à cronologia do crescimento – meninas entram na puberdade antes dos meninos, o que as fazem crescer mais rápido que eles, mas depois os meninos as alcançam e as ultrapassam na curva de crescimento;

Teto de crescimento: meninas – de 14 (16) a 18 anos; meninos – de 16 (18) a 20 anos;

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O crescimento pré-natal

O crescimento tem sua própria lógica endógena, pois o crescimento intra-uterino ocorre seguindo uma determinada seqüência de eventos que se repetem em todos os seres humanos – etapa embrionária e fetal;

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Etapa embrionária da 2a até a 8a semana de fecundação. Neste período

muitos embriões não prosperam e são descartados pelo próprio organismo, pois qualquer anomalia provoca abortos espontâneos. É a etapa em que ocorrem os processos de:

morfogênese – progressiva diferenciação das partes do corpo: cabeça, ombros, braços, pernas, etc) e

histogênese (diferenciação das células em tecidos especializados – tecido epitelia e nervoso). No final desta etapa, tem-se uma criatura com cabeça, braços, pernas, coração com batimento, sistema nervoso capaz de algumas reações rudimentares. Tamanho: aprox. 3 centímetros;

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Etapa fetal Nesta etapa o crescimento ocorre com muita

velocidade. O corpo termina de se formar (a cabeça é tão grande quanto o corpo e essa desproporção vai se corrigindo aos poucos). O feto pára de crescer assim que ocupa todo o espaço disponível no útero (entre o 8º e 9º meses de gestação). Devido aos processos de recuperação, os fetos que tenham que suspender o seu crescimento por falta de espaço continuarão a crescer após o nascimento até recuperar a curva de seu crescimento;

Em relação ao crescimento do embrião e do feto, ocorre o duplo efeito da lógica interna e das influência externas:

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Quanto às influências externas, o organismo humano é sensível a várias influências como a desnutrição, a exposição à radiação, a ingestão de drogas e certas doenças da mãe como a rubéola e a toxoplasmose. A rubéola e a radiação têm maior influência no período embrionário pois afetam os órgãos e tecidos no momento de sua constituição.

Nas mulheres não-imunizadas, se a rubéola é contraída no início da gestação, a taxa de malformações congênitas no nascituro pode ser estimada em cerca de 20%, sendo mais elevada se a doença é conhecida no 1º mês e caindo bastante no 2º e 3º meses para no 4º mês de gestação ser comparável à observada na população em geral.

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O nascimento e a 1a infância No processo do parto, a ocorrência mais relevante

que pode comprometer o crescimento físico é a anoxia neonatal – dificuldade respiratória no momento da passagem à respiração aérea independente por parte da criança, geralmente relacionado a problemas no cordão umbilical;

A dificuldade respiratória decorrente da anoxia acarreta uma absorção insuficiente de oxigênio, que é um elemento essencial para a sobrevivência dos neurônios. As anoxias mais graves deixam seqüelas na forma de atrasos maturativos, lentidão no desenvolvimento psicomotor, etc;

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Reflexos básicos ao nascer

Reflexo de sucção: capacidade inata de sugar que é ativada semrep que um objeto entra em contato com os lábios da criança;

Reflexo de enraizamento: quando a bochecha do bebê é estimulada ele tende a girar a cabeça levando a boca até a direção do estímulo;

Reflexo palmar (grasping): quando se coloca um objeto em contato com a palma da mão da criança, esta fecha-a com força, agarrando-se ao objeto;

Reflexo de Moro: conseqüência de uma mudança brusca de estimulação que produz um sobressalto (barulho forte, sensação de cair) e manifesta-se como uma reação de susto (abre os braços jogando-os para trás e fechando-os sobre si mesmo como se fosse um abraço);

Reflexo de marcha: se segurarmos um bebê pelas axilas e colocarmos as plantas de seu pé em uma superfície lisa e plana, a criança começa a movimentar as pernas como se estivesse caminhando.

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O crescimento do cérebro

O cérebro é a base física de todos os processos psíquicos. No nascimento, as partes mais maduras do cérebro são as mais internas, ou seja, as mais próximas da conexão do cérebro com a medula – aí encontra-se o controle dos automatismos como os reflexos. A parte mais evoluída do cérebro é o córtex que se encontra pouco desenvolvida no recém-nascido. O desenvolvimento do cérebro dependerá do processo de telencefalização - desenvolvimento progressivo do centro para a periferia;

A conduta do recém - nascido está repleta de automatismo e movimentos incontrolados. Á medida em que vai ocorrendo o processo maturativo (do centro para a periferia) que o elemento automático vai se transformando em voluntário e o incontrolado em controlado;

A maturação que ocorre no interior do cérebro tem uma relação estreita com a evolução do controle postural e do autocontrole motor. Exemplo: a criança controla mais cedo o movimento dos braços, pois as partes do cérebro que controlam esse movimentos amadurecem antes das que controlam os movimentos das pernas;

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As bases do desenvolvimento psicomotor Psicomotricidade - área relacionadas às implicações psicológicas

do movimento e da atividade corporal na relação do organismo com o meio em que se desenvolve - Relações psiquismo-movimento e movimento psiquismo;

Na Psicomotricidade há componentes maturativos relativos ao calendário maturativo cerebral e componentes relacionais que se relacionam ao fato de que é através de seus movimento e ações que a criança entra em contato com pessoas e objetos com os quais se relaciona de forma construtiva;

A meta do desenvolvimento psicomotor é o controle do próprio corpo - este controle envolve um componente externo ou práxico (a ação) e um componente interno ou simbólico (a representação do corpo e de suas possibilidades);

Nos 2 primeiros anos de vida o desenvolvimento psicomotor transforma a criança num ser que não controla e coordena os próprios movimentos a um ser que possui movimentos controlados e coordenados, que controla a posição do próprio corpo e dos segmentos corporais mais importantes (braços, pernas, tronco e que é capaz de andar e correr;

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O progressivo domínio do controle postural ocorre segundo duas leis fundamentais: a lei céfalo-caudal e a lei próximo-distal;

Lei céfalo-caudal - as partes do corpo que estão mais próximas da cabeça são controladas antes;

Lei próximo-distal - as partes que estão mais próximas do eixo corporal são controladas antes das que se encontram mais afastadas do eixo;

O controle das partes mais afastadas do eixo corporal (punhos e dedos) não ocorre na 1a infância, sendo atingido nos anos pré-escolares e posteriores;

“Psicomotricidade fina” - relacionado à coordenação motora de pequenos gestos; é muito especializada e complexa. Ex: movimento de pinçar. “Psicomotricidade grossa” - relacionado à coordenação motora de grandes grupos musculares envolvidos na locomoção, equilíbrio e controle postural global;

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Marcos maturativos controle da cabeça: 3-4 meses; coordenação olho-mão: 3-4 meses; posição sentada: 4-5 meses com apoio e 6-7 meses

sem apoio; locomoção antes de andar: 8 meses; manter-se em pé: 9-10 meses com apoio e 12

meses sem apoio; caminhar com apoio: 10-11 meses com 2 pontos de

apoio e 11-12 meses com 1 ponto de apoio; andar: 12-14 meses; correr: até 18 meses; pequenos saltos: 20-21 meses