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Desenvolvimento integrado das
infra-estruturas de transporte
em Portugal
Setembro 2004
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
¸ndice.
¸ndice.
Página
Prefácio. ........................................................................................................................................... i
0. Sumário Executivo. .................................................................................................................... 1
1. O sector ferroviário nacional. .................................................................................................. 7
1. Introdução. .............................................................................................................................. 7
2. Enquadramento do sector ferroviário. .................................................................................. 7
2.1. Modelo organizacional do sector ferroviário. ......................................................................... 7
2.2. Infra-estrutura actual. ......................................................................................................... 9
2.3. Exploração da rede. ............................................................................................................ 11
2.4. Enquadramento comunitário. ................................................................................................. 11
3. Análise da infra-estrutura ferroviária nacional. ........................................................................ 12
3.1. Investimentos em curso. ......................................................................................................... 14
3.2. Financiamento. ................................................................................................................... 15
4. Transporte de passageiros (rede convencional). .................................................................... 15
4.1. Rede de suburbanos. ............................................................................................................. 16
4.1.1. Rede de suburbanos ferroviários de Lisboa e Porto. ................................................................ 17
4.1.2. Metro ligeiro do Porto. .................................................................................................................. 19
4.1.3. Projecto Metro ligeiro de superfície de Lisboa. ........................................................................ 20
4.1.4. Outras redes ligeiras e principais projectos em desenvolvimento. ............................................. 21
4.2. Rede de média/longa distância. .............................................................................................. 22
5. Projecto de alta velocidade. ............................................................................................. 23
5.1. Corredores de alta velocidade. ................................................................................................ 25
5.1.1. Linha Porto – Vigo. .................................................................................................................. 26
5.1.2. Linha Lisboa – Porto. ................................................................................................................. 27
5.1.3. Linha Lisboa – Madrid. ............................................................................................................... 28
5.1.4. Linha Aveiro – Salamanca (– Madrid). .................................................................................... 28
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
Página
5.1.5. Linha Évora – Faro (– Huelva). .......................................................................................... 30
5.2. Financiamento do projecto de alta velocidade. .................................................................. 31
6. Transporte de mercadorias. .............................................................................................. 32
6.1. Transporte de mercadorias: o potencial do sector ferroviário. ............................................ 35
6.2. Infra-estruturas relevantes. .......................................................................................... 36
7. Conclusões. ..................................................................................................................... 39
2. O sistema portuário nacional. .............................................................................................. 41
1. Introdução. .............................................................................................................................. 41
2. Uma breve caracterização dos portos nacionais. ................................................................. 43
3. Os problemas do sistema portuário nacional. ...................................................................... 49
4. O sucesso do porto de Sines e do sistema portuário nacional. ........................................... 55
5. Um novo panorama portuário nacional. .............................................................................. 62
6. Conclusões. ..................................................................................................................... 63
3. A TAP e o sector do transporte aéreo nacional. .................................................................. 65
1. Introdução. .............................................................................................................................. 65
2. O sector do transporte aéreo em Portugal. ...................................................................... 66
3. Análise da TAP como player determinante na organização do sector. ................................. 70
3.1. Retrospectiva da actividade da TAP. ................................................................................... 70
3.2. ˘reas de actividade da TAP. ......................................................................................................... 73
4. Perspectivas para a TAP e o sector aéreo nacional. ........................................................... 75
4.1. Condicionantes do transporte aéreo nacional. ........................................................................ 75
4.2. Evolução recente da actividade operacional da TAP. ................................................................ 76
4.3. Um possível posicionamento estratégico da TAP e do sector aéreo nacional. ........................ 79
4.4. A actividade de ground handling da TAP. .................................................................................. 88
4.5. A Unidade de Manutenção e Engenharia da TAP. .................................................................. 88
5. Conclusões. ..................................................................................................................... 90
¸ndice.
Página
4. Infra-estruturas aeroportuárias. ............................................................................................ 91
1. Introdução. .............................................................................................................................. 91
2. Uma breve caracterização da ANA – Aeroportos Nacionais, S.A. ......................................... 91
3. Cenários de evolução do tráfego aéreo. ............................................................................... 94
4. Interdependência entre infra-estruturas e meios de transporte. ............................................ 99
5. Privatização da ANA. ............................................................................................................... 108
6. Conclusões. ............................................................................................................................ 116
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
i
Prefácio.
É sabido que Portugal se encontra numa situação geográfica periférica relativamente ao cen-
tro da Europa mas privilegiada pela confluência de várias rotas internacionais, sendo comum
ouvir-se dizer que o nosso país tem todas as possibilidades de se tornar numa “porta de en-
trada” e de “saída” – isto é, uma ligação – entre a Europa e outros continentes.
Para isso, é urgente que seja desenvolvida uma estratégia coerente e integrada de infra-
estruturas de transportes, o que até hoje ainda não aconteceu.
Como entidade privada que é, mas preocupada com os destinos do país, o Grupo Banco Es-
pírito Santo, através do seu departamento de Research Sectorial decidiu levar a cabo a tare-
fa de estudar e apresentar uma estratégia de desenvolvimento integrado das infra-estruturas
de transportes no nosso país, que permitam a dinamização da actividade económica e refor-
cem o grau das nossas relações com o exterior, ajudando a potenciar, obviamente, o desen-
volvimento global e harmonioso do país, bem como o nível de bem estar da população.
É o resultado deste estudo, realizado por economistas não especialistas na matéria de trans-
portes, mas que estudaram e pesquisaram a fundo as questões dos transportes, que o leitor
tem agora em mãos.
Como responsável da Espírito Santo Research, não posso deixar de manifestar o meu pro-
fundo reconhecimento à equipa que tive a felicidade de coordenar e com quem tive a opor-
tunidade de trabalhar, desde o director do Research Sectorial, o Dr. Pedro Gonçalves, aos
elementos da equipa, os Drs. Manuel Reis, João Pereira Miguel e Artur Alves Pereira. Entre-
tanto, pelas vicissitudes e o dinamismo que marcam o dia-a-dia do mundo empresarial, a
composição da equipa do Research Sectorial alterou-se profundamente, tendo saído os Drs.
Pedro Gonçalves, Manuel Reis e João Pereira Miguel – que foram substituídos de forma a
assegurar e melhorar, se possível, o funcionamento de uma área jovem, criada há pouco
mais de um ano. A todos eles o meu agradecimento pela forma como, mesmo depois da sua
saída, contribuíram para o presente documento; seria, no entanto, injusto se não realçasse a
contribuição do elemento “resistente”, o Dr. Artur Alves Pereira, sem cuja acção e entrega
este trabalho não se teria, seguramente, tornado possível.
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
ii
Cumpre-me, igualmente, agradecer a todos quantos procederam à leitura do documento e o
enriqueceram com as suas sugestões. É o caso do novo director do Research Sectorial, o Dr.
Francisco Mendes Palma e do Dr. Miguel Malaquias Pereira, que vi com prazer juntar-se a
esta área; mas também do director do Research Económico, o Dr. Carlos Andrade, e dos
elementos da sua equipa, os Drs. Pedro Matos Branco, Maria Amélia Valverde, Tiago Lavra-
dor e Ivo Banaco.
Também ao Dr. João Ribeiro da Fonseca (Portugália), ao Dr. Casimiro Pires (ANA), ao Dr.
Brancaamp Sobral e ao Engº. Luís Miguel dos Reis Silva (REFER), ao Engº. Martins de Brito
(CP) e ao Engº. Arménio Matias (ADFER) estou profundamente agradecido pelos comentári-
os feitos e pelas sugestões apresentadas.
Quaisquer imprecisões ou erros que nas páginas seguintes sejam cometidos são, evidente-
mente, e em último caso, como coordenador e responsável por este projecto, da minha in-
teira responsabilidade.
Venha daí, caro leitor, e espero que não dê por mal empregue o seu tempo.
Lisboa, 24 de Setembro, 2004
Miguel Frasquilho
Director-Coordenador Espírito Santo Research
1
0. Sumário Executivo.
As infra-estruturas de transporte têm um tempo de vida útil bastante longo. O facto de exigi-
rem montantes de investimento bastante elevados – e que são pouco flexíveis – implica que
quaisquer erros cometidos na tomada de decisão saiam muito caros e tenham efeitos de
longo prazo nefastos.
As diferentes vias de comunicação visam assegurar a complementariedade e, em algumas
situações, a promoção de alternativas de transporte, pelo que este tipo de investimentos
tem efeitos colaterais que não podem ser desprezados, sob pena de virem a ocorrer custos
muito elevados.
O documento elaborado pela área de Research Sectorial da Espírito Santo Research, analisa
os principais projectos em curso para o sector dos transportes numa óptica integrada, sem-
pre no pressuposto que um sistema integrado é o que pode gerar maior eficiência
em termos globais e o que possibilita uma racionalização do investimento. Assim,
foram analisadas as perspectivas e cenários genéricos que se poderão colocar para os secto-
res ferroviário, aéreo e portuário nos próximos anos, e que, de forma integrada, poderão
contribuir para o aumento da competitividade da economia nacional. Dada a menor prepon-
derância (relativa) que os investimentos no sector rodoviário assumirão no futuro face ao
que até muito recentemente se passou, optámos por não analisar de forma detalhada o
sector rodoviário, apesar de ter presente os impactos decorrentes do PRN em vigor. Assim,
no primeiro capítulo serão abordadas as questões relacionadas com as infra-estruturas ferro-
viárias, em que a rede de alta velocidade tem um papel de destaque; seguidamente, no ca-
pítulo 2, tratar-se-á do desenvolvimento das infra-estruturas portuárias, aparecendo o pro-
jecto do porto de Sines como possível catalizador do crescimento do transporte marítimo (e
também ferroviário) no nosso país; no capítulo 3 são analisadas as questões relativas ao
transporte aéreo, com natural preponderância para a TAP, a maior transportadora nacional e
finalmente, no capítulo 4, dar-se-á destaque ao desenvolvimento das infra-estruturas aero-
portuárias, com destaque para a questão – tão na ordem do dia – da construção de uma
nova infra-estrutura aeroportuária em Portugal, bem como da possível privatiza-
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
2
ção/concessão a privados da actividade da actual gestora da maioria dos aeroportos nacio-
nais, a ANA.
•
A figura 0.1 mostra como, desde meados da década de 80 (mais precisamente 1988) até ao
ano passado, têm sido repartidos os investimentos realizados em infra-estruturas de trans-
portes em Portugal. É visível a grande primazia conferida ao sector rodoviário, com 60% do
investimento realizado a dirigir-se para a rodovia, cabendo quase 30% à ferrovia, 7% às in-
fra-estruturas aeroportuárias e pouco mais de 3% aos portos. É, no entanto, possível verifi-
car que recentemente (2002) a tendência se inverteu, com os investimentos a privilegiarem
o modo ferroviário – situação que se deverá manter no futuro. Vejamos porquê.
Figura 0.1. Investimentos em infra-estruturas de transportes, 1988-2003 (EUR milhões e
percentagem).
14 140
6 921
1 662860
23 583
Total Rodoviárias
Ferroviárias Aeroportuárias Portuárias TotalRede Nacional Rede Municipal Auto-estradas
4 456
6 592
3 093
28.0%
18.9%
13.1% 60.0%
29.3%7.0%
3.6% 100.0%
14 140
6 921
1 662860
23 583
Total Rodoviárias
Ferroviárias Aeroportuárias Portuárias TotalRede Nacional Rede Municipal Auto-estradas
4 456
6 592
3 093
28.0%
18.9%
13.1% 60.0%
29.3%7.0%
3.6% 100.0%
Fonte: Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Espírito Santo Research – Research Sectorial
Desde meados da década de 80 até 2001, Portugal investiu a um ritmo muito elevado em
infra-estruturas no sector rodoviário. Foi em 1985 que o primeiro Plano Rodoviário Nacional
(PRN) que se seguiu ao de 1945 (!) – uma iniciativa do Ministro Duarte Pacheco, que duran-
te 40 anos definiu as grandes directrizes da política rodoviária nacional... – viu a luz do dia,
tendo sido substituído pelo PRN 2000 (publicado em Diário da República em 1998 e alterado
em 1999 e em 2003).
0. Sumário Executivo.
3
A figura 0.2 evidencia que entre 1988 e 2001, cerca de 65% do investimento total realizado
em infra-estruturas no sector dos transportes foi canalizado para a rodovia, seguindo-se a
grande distância os investimentos no sector ferroviário com cerca de 24%, nas infra-
estruturas aeroportuárias (7%) e, por fim, nos portos (quase 4%).
Figura 0.2. Investimentos em infra-estruturas de transportes, 1988-2001 (EUR milhões e
percentagem).
12 692
4 726
1 414743
19 574
Rodoviárias Ferroviárias Aeroportuárias Portuárias Total
64.9%
24.1%7.2%
3.8% 100.0%
12 692
4 726
1 414743
19 574
Rodoviárias Ferroviárias Aeroportuárias Portuárias Total
64.9%
24.1%7.2%
3.8% 100.0%
Fonte: Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Espírito Santo Research – Research Sectorial
As razões para este fenómeno têm a ver, essencialmente, com o facto de este modo de
transporte apresentar uma série de vantagens comparativas face aos restantes modos com
os quais compete, nomeadamente, os reduzidos tempos de entrega porta-a-porta, a flexibili-
dade das rotas, a elevada fiabilidade ou a regularidade de serviços – o que, tudo resumido,
se traduz num superior nível do serviço prestado.
O ano de 2002 marcou a inversão da tendência até então verificada, com o investimento nas
infra-estruturas ferroviárias a suplantar, pela primeira vez, o investimento na rodovia (54%
contra 35%), situação que haveria de ser confirmada em 2003. A figura 0.3 mostra a repar-
tição dos investimentos em infra-estruturas rodoviárias nos dois últimos anos, sendo eviden-
te o contraste com o passado (figura 0.2).
Para esta inversão muito terão certamente contribuído os esforços que a Comissão Europeia
(CE) tem vindo a desenvolver no sentido de fomentar o transporte ferroviário e marítimo de
mercadorias, em detrimento da rodovia. É que a utilização desta como principal meio de
transporte de mercadorias poderá estar seriamente comprometida, tendo em conta os efei-
tos negativos gerados pelo forte crescimento registado nos últimos anos, estimando a CE
que, actualmente, os custos externos da congestão de infra-estruturas terrestres, de aciden-
tes e poluição ascendam a cerca de 4% do PIB da UE; isto para além de que cerca de 84%
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
4
das emissões de CO2 e 90% dos custos referentes a externalidades derivam do modo rodovi-
ário. Não espanta, pois, que a CE esteja cada vez mais empenhada em adoptar políticas re-
gulatórias que deverão combater as externalidades económicas geradas por este meio de
transporte.
Figura 0.3. Investimentos em infra-estruturas de transportes, 2002-2003 (EUR milhões e
percentagem).
1 444
2 197
248 119
4 008
Rodoviárias Ferroviárias Aeroportuárias Portuárias Total
36.0%
54.8%6.2% 3.0% 100.0%
1 444
2 197
248 119
4 008
Rodoviárias Ferroviárias Aeroportuárias Portuárias Total
36.0%
54.8%6.2% 3.0% 100.0%
Fonte: Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Espírito Santo Research – Research Sectorial
Mas, para além das directrizes definidas internacionalmente, também a introdução da rede
de alta velocidade projectada no interior do país e as respectivas ligações aos principais cen-
tros espanhóis deverá contribuir decisivamente para a consolidação da tendência de prepon-
derância dos investimentos no módulo ferroviário iniciada em 2002. A figura 0.4 mostra que,
de acordo com a informação mais recente, até 2018 a ferrovia absorverá cerca de 66% do
investimento total a realizar no sector do transportes, cabendo “apenas” cerca de 21% à ro-
dovia.
O investimento nas infra-estruturas portuárias, deverá corresponder, entre 2004 e 2018, a
pouco mais de 1% do montante total a aplicar nas infra-estruturas de transportes, o que re-
presenta uma redução relativamente aos mais de 3% registados, em média no passado. Mas
não deve ser esquecido que se encontra já em funcionamento o projecto de Sines, cuja base
de alargamento/influência (hinterland) a toda a Península Ibérica poderá ser, ao mesmo
tempo, o motor de crescimento do sistema portuário nacional e do sector ferroviário no que
se refere ao transporte de mercadorias. Para tanto, será necessário não só estabelecer as
ligações terrestres adequadas (em que as ligações projectadas para a rede de alta velocida-
de assumem um papel decisivo), mas também dotar o sistema de transportes de mercadori-
0. Sumário Executivo.
5
as de plataformas logísticas intermodais que permitam efectuar a transferência das mercado-
rias entre os diversos modos de transporte de forma eficiente, promovendo desta forma o
serviço porta-a-porta.
Figura 0.4. Investimentos projectados em infra-estruturas de transportes, 2004-2018* (EUR
milhões e percentagem).
Rede de AltaVelocidade
(AV)
RedeferroviáriaNacional
Rede deMetropolitano
MaterialCirculante e
Outros
Total dosector
Concessões Conservação Construção Outros Total dosector
Sectoraeroportuário
TransporteMaritimo efluvial
TransporteMultimodal
Total
Sector FerroviSector Ferroviááriorio Sector RodoviSector Rodoviááriorio
15 228
1 4491 060 21
3 129
9261 403 350
18 081
5 807
3 085355 82
27 410
56.0%5.3%
3.9% 0.8% 66.0%
5.1%
11.4%3.4%
1.3% 21.2%
11.3% 1.3% 0.3% 100.0%
Rede de AltaVelocidade
(AV)
RedeferroviáriaNacional
Rede deMetropolitano
MaterialCirculante e
Outros
Total dosector
Concessões Conservação Construção Outros Total dosector
Sectoraeroportuário
TransporteMaritimo efluvial
TransporteMultimodal
Total
Sector FerroviSector Ferroviááriorio Sector RodoviSector Rodoviááriorio
15 228
1 4491 060 21
3 129
9261 403 350
18 081
5 807
3 085355 82
27 410
56.0%5.3%
3.9% 0.8% 66.0%
5.1%
11.4%3.4%
1.3% 21.2%
11.3% 1.3% 0.3% 100.0%
* Não se encontra considerado o investimento em material circulante do sector aeronáutico e do sector público rodoviário. O
ano 2018 é considerado de forma a incorporar os projectos de alta velocidade e um possível novo aeroporto de Lisboa.
Fontes: Orçamento do Estado 2004, ANA, RAVE
No que diz respeito às infra-estruturas aeroportuárias, o relativamente elevado investimento
projectado até 2018 (cerca de 11% do total, por comparação com os cerca de 7% do passa-
do) têm por base, até esse horizonte temporal, o início da construção de um novo aeroporto
de Lisboa. Não é, no entanto, claro – como se demonstrará no capítulo específico – que a
construção de uma nova infra-estrutura aeroportuária seja, para já, uma prioridade nacional,
não só devido à introdução da rede de alta velocidade (com o inevitável “roubo” de tráfego
de passageiros ao transporte aéreo), como pelas obras em curso e projectadas nos principais
aeroportos do Continente (com destaque para o aeroporto da Portela), pela possível desloca-
lização de algum tráfego que hoje se concentra no aeroporto da capital, e pela sobrevivência
da maior transportadora aérea nacional, a TAP – que parece, agora, mais desafogada, com a
anunciada entrada no grupo Star Alliance – e a sua interligação e aprofundamento de parce-
rias com os outros operadores nacionais, com destaque para a Portugália, pela dimensão
que assume.
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
6
Em termos nacionais agregados, a solução passará, em nosso entender, pelo des-
envolvimento da intermodalidade entre todos os modos de transporte – marítimo,
ferroviário, rodoviário e aéreo –, com um fomento crescente dos dois primeiros.
7
1. O sector ferroviário nacional.
1. Introdução.
Neste primeiro capítulo iremos abordar o sector ferroviário nacional, nomeadamente, as ra-
zões para a actual situação de estagnação do sector no transporte de mercadorias, apresen-
tando algumas soluções que, do nosso ponto de vista, poderão tornar o sector ferroviário
uma alternativa competitiva e viável (ao contrário da situação actual) neste mercado, espe-
cialmente no apoio da actividade desenvolvida nos portos nacionais.
Abordaremos também o projecto de introdução da alta velocidade, analisando as opções to-
madas no desenho da futura rede ferroviária, os impactos que poderá ter para o país e as
medidas que deverão ser tomadas de forma a articular “a nova realidade ferroviária” com os
restantes sectores da economia.
2. Enquadramento do sector ferroviário.
2.1. Modelo organizacional do sector ferroviário.
A organização e a estrutura do sector ferroviário sofreram importantes desenvolvimentos nos
últimos anos.
Devido (i) à liberalização do sector dos transportes em curso no seio da União Europeia, (ii)
à maior participação de entidades privadas neste mercado, (iii) à racionalização e promoção
da eficiência (por forma a fazer face aos défices crónicos das empresas públicas de transpor-
tes), bem como (iv) à promoção da transparência na gestão destas empresas, a empresa CP
– Caminhos de Ferro Portugueses, EP, (que reunia dentro de si todas as actividades relacio-
nadas com o sector) foi cindida em duas entidades com diferentes competências, em 1997:
a Rede Ferroviária Nacional (REFER), EP – responsável pela gestão da infra-estrutura, e a
CP, responsável pela prestação de serviço público de transporte. Em 1999, surgiu um segun-
do operador ferroviário, a empresa FERTAGUS – Travessia do Tejo, Transportes SA, que ini-
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
8
ciou, em regime de concessão, a exploração da ligação ferroviária suburbana entre as mar-
gens Norte e Sul do rio Tejo, assegurando, presentemente, o transporte entre o Fogueteiro e
Lisboa.
Face a este novo modelo de organização do sector foram dadas competências de carácter
regulatório ao Instituto Nacional do Transporte Ferroviário (INTF), criado em 1998. É, pois,
nestas três vertentes que assenta o modelo organizacional do sector ferroviário português
(ver figura 1.1).
A própria lógica do sector dificulta o funcionamento do mercado em livre concorrência, visto
que existe uma infra-estrutura de rede (rede ferroviária) que, tal como acontece no sector
das telecomunicações fixas e da rede eléctrica, requer elevados volumes de investimento.
Desta forma, existe uma única rede disponível que poderá ser utilizada por um ou mais ope-
radores, conferindo ao gestor da infra-estrutura uma posição de monopolista, o que poderá
ser gerador de ineficiências, justificando-se assim a intervenção do Estado enquanto regula-
dor.
Figura 1.1. Modelo organizacional do sector ferroviário em Portugal.
Gestão de Infra-estruturas
(REFER)
Prestador de Serviço de Transporte
(CP, FERTAGUS)
Prestador de Serviço de Transporte
(CP, FERTAGUS)
ReguladorInstituto Nacional do Transporte Ferroviário
(INTF)
ReguladorInstituto Nacional do Transporte Ferroviário
(INTF)
Fonte: Espírito Santo Research - Research Sectorial
Tal situação vai assumir especial importância a partir do momento em que existam mais
operadores no mercado, e em que o Estado diminua a sua presença no sector (em que hoje,
se excluirmos a presença residual da FERTAGUS, é monopolista).
O regulador
O papel do INTF é, cada vez mais, fundamental para o normal funcionamento do mercado.
Este órgão tem como principais competências:
1. O sector ferroviário em Portugal.
9
• Regulação e Supervisão;
• Promoção da Segurança;
• Promoção da Qualidade;
• Fiscalização e Desenvolvimento;
• Contratação de Serviços Públicos;
• Relações Internacionais.
Operadores
Existem hoje dois operadores no sector ferroviário:
• A CP, que permanece o único operador no transporte de passageiros de média e longa
distância, internacional, no transporte ferroviário de mercadorias e detém uma quota si-
gnificativa no transporte público suburbano. A CP é detida exclusivamente por capitais
públicos;
• A FERTAGUS, que explora a ligação ferroviária suburbana Norte – Sul do rio Tejo em re-
gime de concessão, assegurando, presentemente, o transporte entre o Fogueteiro e Lis-
boa.
A gestão da infra-estrutura
No que respeita à gestão de infra-estrutura, ela encontra-se a cargo da REFER, e inclui, en-
tre outras tarefas:
• A construção, instalação e renovação da infra-estrutura ferroviária, compreendendo desi-
gnadamente o respectivo estudo, planeamento e desenvolvimento;
• O comando e controlo da circulação;
• A promoção, coordenação, desenvolvimento e controlo de todas as actividades relacio-
nadas com a infra-estrutura ferroviária.
Em 2000 foi criada a Rave, cuja missão consiste no desenvolvimento e coordenação dos tra-
balhos e estudos necessários para a formação de decisões de planeamento e construção,
financiamento, fornecimento e exploração de uma rede ferroviária de alta velocidade a insta-
lar em Portugal Continental e da sua ligação com a rede espanhola de igual natureza, funci-
onamento também como gestor desta infra-estrutura.
2.2. Infra-estrutura actual.
A rede ferroviária actual assenta nas seguintes infra-estruturas:
• rede principal (integrada na rede transeuropeia de transportes);
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
10
• rede complementar;
• rede secundária.
Fazem parte da rede transeuropeia as seguintes linhas:
• Linha do Minho: Porto – Braga – Valença;
• Linha do Norte: Lisboa – Entroncamento – Aveiro – Porto;
• Ligação Algarve: Lisboa – Faro;
• Linha Leste: Coimbra – Pampilhosa – Vilar Formoso.
A extensão ferroviária que liga Faro a Braga, é denominada por Eixo Atlântico, e a sua liga-
ção directa é assegurada pelo operador CP desde 2004.
Figura1.2. Mapa actual da rede ferroviária portuguesa.
Fonte: REFER
1. O sector ferroviário em Portugal.
11
Como se pode observar na figura 1.2, existem apenas 4 ligações internacionais entre Portu-
gal e Espanha: Valença do Minho, Vilar Formoso, Marvão e Elvas, sendo a ligação de Vilar
Formoso a que apresenta maior actividade.
2.3. Exploração da rede.
O transporte de passageiros está segmentado pelas redes de suburbanos e de média/longa
distância. A CP assegura o exclusivo da exploração no último mercado; quanto ao mercado
de suburbanos, e como já atrás foi referido, além da CP, conta com a FERTAGUS (operador
privado) na ligação entre as margens norte e sul do rio Tejo, assegurando a ligação Fogue-
teiro - Lisboa desde 1999. O transporte de mercadorias é totalmente assegurado pela CP. A
figura 1.3 retrata esta situação.
Figura 1.3. Actual exploração da rede ferroviária.
MercadoMercadoMercadoMercado OperadorOperadorOperadorOperadorOperadorOperadorOperadorOperador
Rede de SuburbanosRede de SuburbanosLisboaLisboa
PortoPorto
CP, FERTAGUSCP, FERTAGUS
CPCP
Rede de média/longa distânciaRede de média/longa distância
AlfaAlfa
IntercidadesIntercidades
InterregionaisInterregionais
RegionaisRegionais
CPCP
CPCP
CPCP
CPCP
Transporte deTransporte deTransporte deTransporte dePassageirosPassageirosPassageirosPassageiros
Transporte de Transporte de Transporte de Transporte de MercadoriasMercadoriasMercadoriasMercadorias Rede nacionalRede nacional CPCP
Fonte: Espírito Santo Research - Research Sectorial
2.4. Enquadramento comunitário.
O actual modelo de organização do sector ferroviário encontra-se enquadrado em termos
comunitários, tendo mesmo a sua implementação sido antecipada relativamente à obrigato-
riedade de transposição de Directivas Comunitárias.
„Pacote Ferroviário I‰
Em 2001 foram aprovadas as Directivas Comunitárias 2001/12/CE, 2001/13/CE, 2001/14/CE,
denominadas de forma global como “Pacote Ferroviário I”. Estas directivas, entretanto
transpostas para o direito nacional, prevêem:
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
12
• a criação de um organismo regulador;
• o estabelecimento de princípios e critérios de tarifação;
• a promoção da separação institucional de algumas funções;
• a liberalização de acesso ao transporte internacional de mercadorias na rede transeuro-
peia (TERFN)
„Pacote Ferroviário II‰
Este “pacote” integra uma série de legislação comunitária recentemente aprovada pelo Par-
lamento Europeu. Os principais avanços nesta nova legislação prendem-se com a liberaliza-
ção do sector ao nível do transporte de mercadorias e o aprofundamento do enquadramento
regulamentar comunitário.
A principal novidade relaciona-se com a liberalização do transporte nacional de mercadorias
a partir de Janeiro de 2007.
„Pacote Ferroviário III‰
Este conjunto de diplomas legislativos encontra-se ainda em discussão em sede comunitária.
Do conjunto de propostas salienta-se o reforço do mercado único no sector ferroviário com a
liberalização do transporte internacional de passageiros (proposta de directiva relativa à
abertura do mercado dos serviços internacionais de transporte de passageiros por caminho-
de-ferro, com horizonte temporal previsto para 2010).
3. Análise da infra-estrutura ferroviária nacional.
A rede ferroviária portuguesa tem uma extensão de cerca de 2 800 Km em todo o território,
maioritariamente distribuída no litoral (ver figura 1.2). Relativamente à Europa, verificamos
que Portugal tem um rácio linha ferroviária/habitante e linha ferroviária/km2 baixo (ver figura
1.4).
Tal como em outros países europeus, tem sido visível uma progressiva desactivação de li-
nhas ferroviárias em Portugal, acompanhado por um aumento da extensão da rede de auto-
estradas. No entanto, este fenómeno, que se fez sentir na generalidade dos países europeus
de forma mais intensa na década de 70 e 80, só teve lugar no nosso país a partir do final da
década de 80.
1. O sector ferroviário em Portugal.
13
Como anteriormente referimos (ver Capítulo 0. Introdução), a aposta estratégica de Portugal
em termos de desenvolvimento de infra-estruturas de transporte tem passado prioritaria-
mente pelo modo rodoviário em detrimento do modo ferroviário (ver figura 1.5).
Figura 1.4. Rede ferroviária por habitante e por Km2, Portugal e UE-15, 2003.
Rede ferroviária por habitanteRede ferroviária por habitanteRede ferroviária por habitanteRede ferroviária por habitante(Km/1 000 habitantes)
Rede ferroviária por KmRede ferroviária por KmRede ferroviária por KmRede ferroviária por Km2222
(Km/Km2)
0.27
0.49
Portugal MédiaUE
30
52
Portugal Média UE
-44.9% -42.3%
Fontes: European Union Road Federation, Espírito Santo Research - Research Sectorial
Figura 1.5. Evolução da rede ferroviária e de auto-estradas, Portugal e UE-15, 1990-1999.
Evolução da extensão de linhas ferroviárias, 1990Evolução da extensão de linhas ferroviárias, 1990Evolução da extensão de linhas ferroviárias, 1990Evolução da extensão de linhas ferroviárias, 1990----1999199919991999(taxa de crescimento média anual)(taxa de crescimento média anual)(taxa de crescimento média anual)(taxa de crescimento média anual)
Evolução da extensão de rede de autoEvolução da extensão de rede de autoEvolução da extensão de rede de autoEvolução da extensão de rede de auto----estradas, 1990estradas, 1990estradas, 1990estradas, 1990----1999199919991999(taxa de crescimento média anual)(taxa de crescimento média anual)(taxa de crescimento média anual)(taxa de crescimento média anual)
-2.5%
-0.3%
Portugal Média UE 14.8%
4.8%
Portugal Média UE Fontes: European Union Road Federation, Espírito Santo Research - Research Sectorial
De referir que até aqui, o investimento no modo ferroviário tem sido aplicado, numa percen-
tagem significativa, na manutenção e na melhoria da infra-estrutura existente (ao contrário
do que se tem verificado no modo rodoviário). No entanto, apesar deste esforço de investi-
mento na modernização da infra-estrutura ferroviária, a percentagem de linhas duplas e de
rede electrificada em Portugal continua aquém dos valores registados na Europa (ver figura
1.6), o que poderá contribuir negativamente para a competitividade deste modo de transpor-
te no nosso país. Mais: na UE-15, a rede electrificada representa cerca de 45% do total da
rede, ou seja, mais do dobro do valor que existe em Portugal. A diferença é também subs-
tancial se compararmos a percentagem de via dupla em alguns países europeus (45%) e em
Portugal (15%).
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
14
Figura 1.6. Percentagem de rede electrificada e em via dupla, Portugal e UE-15, 2003.
Rede electrificada (em % da rede ferroviária)Rede electrificada (em % da rede ferroviária)Rede electrificada (em % da rede ferroviária)Rede electrificada (em % da rede ferroviária)
22%
45%
Portugal Média UE
15%
45%
Portugal Média UE*
Via dupla (em % da rede ferroviária)Via dupla (em % da rede ferroviária)Via dupla (em % da rede ferroviária)Via dupla (em % da rede ferroviária)
* média de 9 países da UE
Fonte: Eurostat
Não obstante, existem outras áreas em que a infra-estrutura ferroviária portuguesa mantém
padrões tecnológicos bastante superiores à média da UE, como é o caso da Sinalização Fer-
roviária e Telecomunicações.
3.1. Investimentos em curso.
Os investimentos actualmente em curso na infra-estrutura ferroviária deverão permitir que o
modo ferroviário se mantenha competitivo face ao modo rodoviário, tanto no transporte de
passageiros como no transporte de mercadorias. Neste sentido, estão a ser canalizados, so-
bretudo, para a linha do Norte (em resultado da falta de manutenção desta linha durante
vários anos), uma fatia importante dos recursos destinados a este sector (ver figura 1.7).
Mais: as sucessivas fases de modernização da linha têm vindo a implicar custos bastante su-
periores aos projectados no final da década de oitenta.
Figura 1.7. Investimentos no sector ferroviário (EUR milhões).
AtéAtéAtéAté 2003200320032003 2004200420042004 2005200520052005 2006200620062006Eixo NorteEixo NorteEixo NorteEixo Norte----SulSulSulSul 754 96 44 27 Linha de Sintra e de CascaisLinha de Sintra e de CascaisLinha de Sintra e de CascaisLinha de Sintra e de Cascais 524 37 32 30 LinhaLinhaLinhaLinha dodododo NorteNorteNorteNorte 1 165 208 211 238 Outros projectosOutros projectosOutros projectosOutros projectos 909 188 104 80 TotalTotalTotalTotal 3 352 3 352 3 352 3 352 529 529 529 529 391 391 391 391 374 374 374 374
*
* Modernização da linha da Beira Baixa, Linha do Algarve e ligação Sines – Badajoz, entre outros
Fontes: OE 2004, REFER
Face ao volume de investimento projectado para a linha do Norte e face aos investimentos
que se projectam para a futura rede de alta velocidade, é necessário ter uma perspectiva
1. O sector ferroviário em Portugal.
15
integrada na modernização desta infra-estrutura, de forma a evitar o desperdício de recursos
públicos.
3.2. Financiamento.
Os investimentos em infra-estrutura ferroviária, efectuados pela gestora da infra-estrutura
(REFER), são financiados por capitais públicos, fundos comunitários (ambos inscritos no Or-
çamento do Estado) e por recurso ao endividamento (ver figura 1.8). No entanto, a conten-
ção orçamental dos últimos anos e a perspectiva de continuação de restrições orçamentais
para os próximos anos poderão contribuir para o incremento do recurso ao endividamento
por parte da REFER.
Figura 1.8. Fontes de financiamento dos projectos passados e em curso.
31%31%31%31%
69%69%69%69%
OEOEOEOE
Até 2003Até 2003Até 2003Até 2003
92%92%92%92%
8%8%8%8%
OEOEOEOE2004 2004 2004 2004 ---- 2006200620062006
Outras fontes de financiamento (essencialmente endividamento)
4. Transporte de passageiros (rede convencional).
O transporte ferroviário de passageiros (rede convencional) tem vindo a registar um decrés-
cimo sustentado ao longo dos últimos anos. Entre 1996 e 2002, o número de passageiros
transportados no modo ferroviário caiu cerca de 9.7% (ver figura 1.9).
Isto significa que, apesar de a mobilidade dos cidadãos ter vindo a aumentar, a ferrovia não
tem conseguido captar novos utentes. Tal facto pode ser relacionado, como já vimos, com o
crescimento das alternativas rodoviárias que, em conjunto com as crescentes facilidades na
aquisição de automóvel (a baixa das taxas de juro resultou num forte aumento da concessão
de crédito por parte das instituições financeiras), estimulam a utilização de transporte priva-
do. Disso se ressente também o transporte de passageiros rodoviários colectivos, mas de
forma menos pronunciada que o sector ferroviário (ver figura 1.10).
Fonte: OE 2004
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
16
Figura 1.9. Passageiros transportados no modo ferroviário (milhões)*, 1996-2002.
177 178 178 168
161 162 160
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
* Os dados apresentados nesta figura são ajustados à transferência da linha da Póvoa para o Metro do Porto
Fontes: CP, Espírito Santo Research - Research Sectorial
Figura 1.10. Taxa de motorização e passageiros transportados por transportes rodoviários
colectivos, 1996-2001.
277 297 315 335 337
1996 1997 1998 1999 2000
+25.3%+25.3%+25.3%+25.3%
Taxa de motorização (nÀ de automóveis ligeiros / 1 000 habitanteTaxa de motorização (nÀ de automóveis ligeiros / 1 000 habitanteTaxa de motorização (nÀ de automóveis ligeiros / 1 000 habitanteTaxa de motorização (nÀ de automóveis ligeiros / 1 000 habitantes)s)s)s)
347
2001
11151088
1120 1131 1133
1996 1997 1998 1999 2000
---- 5.6%5.6%5.6%5.6%
Passageiros transportados por transportes rodoviários colectivosPassageiros transportados por transportes rodoviários colectivosPassageiros transportados por transportes rodoviários colectivosPassageiros transportados por transportes rodoviários colectivos(milhões)(milhões)(milhões)(milhões)
1053
2001
277 297 315 335 337
1996 1997 1998 1999 2000
347
2001
277 297 315 335 337
1996 1997 1998 1999 2000
347
2001
Fontes: CP, Direcção-Geral dos Transportes Terrestres
4.1. Rede de suburbanos.
A concepção de uma rede suburbana eficiente deverá ter por base uma visão integrada de
um serviço público de transporte, centrada na intermodalidade entre os diversos modos de
transporte. Para tal, torna-se fundamental o desenvolvimento de Áreas Metropolitanas de
Transporte (AMT), que possam gerir de forma integrada os transportes urbanos e suburba-
nos. Este modelo de organização metropolitana tem vindo a ser aplicado em muitas cidades
por todo o mundo (com as competências das AMT a variarem caso a caso) com sucesso,
tornando a exploração mais eficiente (implicando menos custos para o ente público), e ge-
rando um maior grau de satisfação nos utentes. As questões-chave para um bom funciona-
mento de um sistema suburbano integrado de transportes públicos são elencadas na figura
1.11.
1. O sector ferroviário em Portugal.
17
Figura 1.11. Questões-chave para um funcionamento eficiente de um sistema de transportes
suburbano.
Principais Principais Principais Principais outputsoutputsoutputsoutputsPrincipais Principais Principais Principais outputsoutputsoutputsoutputs
• Melhoria dos resultados das empresas públicas de transportes.
• Aumento da eficiência na exploração (do lado dos proveitos e dos custos).
• Rendibilização do activo das empresas.
• Redução do esforço financeiro do Estado.
• Melhoria dos resultados das empresas públicas de transportes.
• Aumento da eficiência na exploração (do lado dos proveitos e dos custos).
• Rendibilização do activo das empresas.
• Redução do esforço financeiro do Estado.
• Criação da Autoridade Metropolitana de Transportes.
• Contratualização do serviço público de transporte.
• Integração de unidades/serviços partilhados.
• Desenvolvimento de um modelo de financiamento a longo prazo para o sector.
• Criação da Autoridade Metropolitana de Transportes.
• Contratualização do serviço público de transporte.
• Integração de unidades/serviços partilhados.
• Desenvolvimento de um modelo de financiamento a longo prazo para o sector.
• Promoção da intermodalidade.
• Desenvolvimento de novas soluções racionais de transporte.
• Aprofundar o conceito de rede, através de vias de comunicação circulares em complemento aos eixos radiais.
• Promoção da intermodalidade.
• Desenvolvimento de novas soluções racionais de transporte.
• Aprofundar o conceito de rede, através de vias de comunicação circulares em complemento aos eixos radiais.
• Racionalização do Racionalização do Racionalização do Racionalização do sistema global de sistema global de sistema global de sistema global de transportes públicostransportes públicostransportes públicostransportes públicos
• Captação de um maior Captação de um maior Captação de um maior Captação de um maior número de passageiros número de passageiros número de passageiros número de passageiros para o transporte públicopara o transporte públicopara o transporte públicopara o transporte público
• Prestação de um serviço Prestação de um serviço Prestação de um serviço Prestação de um serviço integrado de transporte integrado de transporte integrado de transporte integrado de transporte público em Lisboa, com público em Lisboa, com público em Lisboa, com público em Lisboa, com qualidade percepcionadaqualidade percepcionadaqualidade percepcionadaqualidade percepcionada
• Racionalização do Racionalização do Racionalização do Racionalização do sistema global de sistema global de sistema global de sistema global de transportes públicostransportes públicostransportes públicostransportes públicos
• Captação de um maior Captação de um maior Captação de um maior Captação de um maior número de passageiros número de passageiros número de passageiros número de passageiros para o transporte públicopara o transporte públicopara o transporte públicopara o transporte público
• Prestação de um serviço Prestação de um serviço Prestação de um serviço Prestação de um serviço integrado de transporte integrado de transporte integrado de transporte integrado de transporte público em Lisboa, com público em Lisboa, com público em Lisboa, com público em Lisboa, com qualidade percepcionadaqualidade percepcionadaqualidade percepcionadaqualidade percepcionada
Reestruturação das Reestruturação das Reestruturação das Reestruturação das empresas públicas no empresas públicas no empresas públicas no empresas públicas no sector dos transportessector dos transportessector dos transportessector dos transportes
Integração do sistema de Integração do sistema de Integração do sistema de Integração do sistema de transportes públicostransportes públicostransportes públicostransportes públicos
Desenvolvimento de Desenvolvimento de Desenvolvimento de Desenvolvimento de novas infranovas infranovas infranovas infra----estruturasestruturasestruturasestruturas
Fonte: Espírito Santo Research - Research Sectorial
4.1.1. Rede de suburbanos ferroviários de Lisboa e Porto.
São duas as redes suburbanas ferroviárias em Portugal: a rede suburbana de Lisboa e a rede
suburbana do Porto. Em Lisboa operam actualmente duas empresas – a CP e a FERTAGUS.
A CP assegura o serviço nas linhas de Sintra, Cascais, Azambuja e Sado; a FERTAGUS liga as
margens norte e sul do rio Tejo através da Ponte 25 de Abril (ver figura 1.12). Quanto ao
Porto, a CP detém o exclusivo da exploração do serviço ferroviário de transporte.
Figura 1.12. Rede de suburbanos ferroviários de Lisboa: linhas exploradas e operador.
Linhas exploradasLinhas exploradasLinhas exploradasLinhas exploradasLinhas exploradasLinhas exploradasLinhas exploradasLinhas exploradas
Linha de SintraLinha de Sintra
Linha de CascaisLinha de Cascais
Linha da AzambujaLinha da Azambuja
Linha do SadoLinha do Sado
Lisboa - FogueteiroLisboa - Fogueteiro
OperadorOperadorOperadorOperadorOperadorOperadorOperadorOperador
CPCP
FertagusFertagus
ComentáriosComentáriosComentáriosComentáriosComentáriosComentáriosComentáriosComentários
Exploração a cargo da CP – Caminhos de Ferro Portugueses (detida a 100% pelo Estado)
Exploração a cargo da CP – Caminhos de Ferro Portugueses (detida a 100% pelo Estado)
O contrato de concessão está actualmente em renegociação com vista à extensão do serviço a Setúbal, Praias do Sado e Azambuja
O contrato de concessão está actualmente em renegociação com vista à extensão do serviço a Setúbal, Praias do Sado e Azambuja
Fontes: CP, FERTAGUS
A estrutura empresarial da CP (maior operadora ferroviária em Lisboa), permite um grau de
autonomia considerável da operação suburbana de Lisboa (em consonância com o que se
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
18
passa no Porto), que é gerida através da USGL/CP – Unidade de Suburbanos da Grande Lis-
boa da CP, caracterizada na figura 1.13.
Figura 1.13. Caracterização das linhas da USGL/CP.
369 828369 828369 828369 828
11 948
44 263
106 292
207 325
Clientes/dia (2001) Taxa de utilização (2002)Extensão (Km)
133.5133.5133.5133.5TotalTotalTotalTotal
15.0%33.2Linha do Sado (Setúbal)
n.d.46.9Linha da Azambuja
26.8%26.4Linha de Cascais
24.8%27.0Linha de Sintra
369 828369 828369 828369 828
11 948
44 263
106 292
207 325
Clientes/dia (2001) Taxa de utilização (2002)Extensão (Km)
133.5133.5133.5133.5TotalTotalTotalTotal
15.0%33.2Linha do Sado (Setúbal)
n.d.46.9Linha da Azambuja
26.8%26.4Linha de Cascais
24.8%27.0Linha de Sintra
Fontes: USGL/CP, Espírito Santo Research - Research Sectorial
A USGL poderá ser o primeiro passo para uma eventual participação de entidades privadas
na exploração das linhas actualmente geridas por esta entidade, à semelhança do que já é
feito na ligação ferroviária Lisboa – Fogueteiro (exploração a cargo da FERTAGUS). Neste
mesmo sentido, encontra-se actualmente em discussão a eventual concessão ou privatização
deste serviço, de forma a possibilitar a participação de operadores de transportes neste mer-
cado e promover uma gestão mais eficiente na prestação do serviço público.
E, neste potencial cenário de participação de outras entidades na exploração do mercado de
suburbanos da CP, levanta-se, entre outras, a questão sobre o âmbito da conces-
são/privatização: Deverá a USGL ser concessionada/ privatizada em bloco ou linha a
linha?
A concessão/privatização em bloco, possibilita, por um lado, uma exploração integrada e glo-
balmente eficiente. Ao mesmo tempo, permite gerar uma escala maior ao introduzir maior
competitividade no concurso (suscitando o interesse dos operadores mais experientes). Por
outro lado, o modelo linha a linha poderá conferir uma maior celeridade ao processo, dada a
diferente situação em que se encontram as diversas linhas suburbanas, permitindo, ao mes-
mo tempo, testar o modelo de concessão/privatização a diferentes entidades privadas e em
diferentes momentos temporais. Assim, temos que
• a linha de Cascais é a que regista melhor performance operacional o que, associado ao
facto de se encontrar fisicamente destacada do resto da USGL, confere potencialidades
para ser a primeira linha a ser concessionada/privatizada. De notar que, esta linha já fora
anteriormente explorada por privados;
• a linha de Setúbal tem subjacentes algumas indefinições quanto ao seu futuro, em vir-
tude de poder vir a existir, a curto prazo, um operador privado (FERTAGUS) a assegurar
o transporte ferroviário entre Setúbal e Lisboa. Face a este cenário, e face às perspecti-
1. O sector ferroviário em Portugal.
19
vas de construção de uma nova travessia ferroviária sobre o Tejo (ver texto mais à fren-
te), o potencial da linha é neste momento uma incerteza.
Quanto às linhas de Sintra e da Azambuja, poderão beneficiar de uma progressiva inte-
gração antes de uma eventual concessão/ privatização.
No que se refere à rede de suburbanos do Porto, cuja operação ferroviária é assegurada
pela USGP /CP – Unidade de Suburbanos do Grande Porto da CP, é composta por 4 eixos
principais:
Porto – Aveiro
Porto – Marco
Porto – Guimarães
Porto – Braga
É expectável que a USGP venha a sofrer um processo semelhante ao da USGL, sendo as
questões levantadas para a USGL igualmente aplicáveis neste caso, numa óptica de raciona-
lização e prestação eficiente do serviço público de transporte (neste caso, entre o Metro do
Porto, Sociedade de Transportes Colectivos do Porto, USGP e operadores rodoviários priva-
dos).
4.1.2. Metro ligeiro do Porto.
O metropolitano ligeiro do Porto, projecto a cargo da Metro do Porto (empresa de capitais
públicos) é, actualmente, um dos maiores investimentos em curso no sector dos transportes
da União Europeia.
Este projecto, inaugurado no final de 2002, prevê dotar a Área Metropolitana do Porto de
setenta Km de extensão de linhas de metro, 66 estações e quatro linhas (ver figura 1.14). A
construção das infra-estruturas referidas foi adjudicada à empresa Normetro. De referir que,
o metropolitano ligeiro do Porto registou, nos primeiros 3 meses de actividade, o tráfego de
1 milhão de passageiros, evidenciando a importância que este modo de transporte tem na
mobilidade das cidades com maior grau de concentração da população.
As quatro linhas projectadas para a rede do metropolitano do Porto são:
Linha Azul - Senhor de Matosinhos/Estádio do Dragão;
Linhas Vermelha - Póvoa de Varzim/Estádio do Dragão,
Linha Verde - Trofa/Estádio do Dragão
Linha Amarela - Hospital de S.João/Santo Ovídeo.
Actualmente, apenas a Linha Azul se encontra em funcionamento, estando prevista ainda
para este ano a conclusão da Linha Vermelha, o que irá permitir efectuar a ligação entre a
Campanhã e Pedras Rubras.
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
20
Figura 1.14. Mapa da rede do metro ligeiro de superfície do Porto.
Sto. Ovídio
TrindadeEstádio do Dragão
S. João
Trofa
Póvoa de Varzim
Senhor de Matosinhos
Fontes: www.metro-porto.pt, Espírito Santo Research - Research Sectorial
A primeira fase do projecto do metro do Porto está concessionada à Normetro por um perío-
do de 5 anos após a conclusão (prevista para 2004) das seguintes ligações: Póvoa do Var-
zim, Vila do Conde, Trofa, Maia, Matosinhos, Porto e Gaia. Em 2011 poderemos vir a assistir
a um novo concurso para a exploração do sistema.
A segunda fase do projecto do metro do Porto, actualmente em curso, compreende a cons-
trução de uma extensão de 38 km de linha, o que irá permitir efectuar as ligações do Hospi-
tal de S. João à Maia, da Casa da Música a Gaia, da Rotunda da Boavista a Matosinhos e à
Exponor e do Estádio do Dragão a Gondomar. O financiamento desta fase do projecto prevê
o recurso a parcerias público-privadas, estimando-se que o investimento total ascenda a EUR
800 milhões.
4.1.3. Projecto Metro ligeiro de superfície de Lisboa.
O metro ligeiro de superfície de Lisboa (actualmente, em fase de projecto) prevê a constru-
ção de uma circular externa (ligação Algés–Lumiar) e de duas circulares internas (ligações
1. O sector ferroviário em Portugal.
21
Sta. Apolónia–Falagueira e Alcântara–Aeroporto–Gare do Oriente), estimando-se que o custo
total do projecto ascenda a cerca de EUR 1 000 milhões.
A 1ª fase deste projecto (ver figura 1.15) prevê a construção da ligação Algés-Falagueira,
estimando-se que as necessidades de investimento associadas ascendam a cerca de EUR
103 milhões. De referir que, num estudo a cargo de uma parceria entre a Carris e o
Metropolitano de Lisboa se estima que este trajecto venha a registar um tráfego de cerca de
86 000 passageiros por dia.
Os modelos de concessão e de financiamento bem como o estudo de viabilidade financeira e
económica do projecto para o metro de superfície de Lisboa não foram ainda definidos, no
entanto, as expectativas apontam para um forte envolvimento das autarquias e de capitais
privados. No entanto, o Governo ainda não se pronunciou quanto ao arranque (ou não) do
projecto, apesar de o início da operação estar apontado para 2006.
Figura 1.15. Metro ligeiro de superfície de Lisboa, 1ª fase do projecto.
1… Fase do projecto1… Fase do projecto1… Fase do projecto1… Fase do projecto
Restantes fasesRestantes fasesRestantes fasesRestantes fases
AeroportoAeroportoAeroportoAeroporto Gare do Gare do Gare do Gare do OrienteOrienteOrienteOriente
Sta.Sta.Sta.Sta.ApolóniaApolóniaApolóniaApolónia
AlgésAlgésAlgésAlgés AlcântaraAlcântaraAlcântaraAlcântara
FalagueiraFalagueiraFalagueiraFalagueira
Fontes: Espírito Santo Research - Research Sectorial
4.1.4. Outras redes ligeiras e principais projectos em desenvolvimento.
Para além dos projectos já anteriormente referidos, na figura 1.16 destacamos outros pro-
jectos de rede suburbana ferroviária, actualmente em desenvolvimento.
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
22
Figura 1.16. Projectos de rede suburbana ferroviária.
Metro Sul do Tejo Metro Sul do Tejo Metro Sul do Tejo Metro Sul do Tejo (MST)(MST)(MST)(MST)
Metro Sul do Tejo Metro Sul do Tejo Metro Sul do Tejo Metro Sul do Tejo (MST)(MST)(MST)(MST)
Metropolitano de Metropolitano de Metropolitano de Metropolitano de LisboaLisboaLisboaLisboa
Metropolitano de Metropolitano de Metropolitano de Metropolitano de LisboaLisboaLisboaLisboa
Metro do MondegoMetro do MondegoMetro do MondegoMetro do MondegoMetro do MondegoMetro do MondegoMetro do MondegoMetro do Mondego
MonocarrilMonocarrilMonocarrilMonocarrilde de de de OeirasOeirasOeirasOeiras
MonocarrilMonocarrilMonocarrilMonocarrilde de de de OeirasOeirasOeirasOeiras
Sistema concessionado por 30 anos, ao Consórcio MTS - Metro Transportes do Sul em 2002, com um investimento estimado em cerca de EUR 270 milhões.
A rede do MTS é composta por 3 linhas:Linha 1 - Corroios -CacilhasLinha 2 - Corroios -PragalLinha 3 - Cacilhas - Universidade
Sistema concessionado por 30 anos, ao Consórcio MTS - Metro Transportes do Sul em 2002, com um investimento estimado em cerca de EUR 270 milhões.
A rede do MTS é composta por 3 linhas:Linha 1 - Corroios -CacilhasLinha 2 - Corroios -PragalLinha 3 - Cacilhas - Universidade
Estão previstas as seguintes extensões da rede do Metropolitano de Lisboa:
Oriente – Aeroporto - Lumiar (2007): EUR 160 milhões
Baixa -Chiado/Santa Apolónia (2005/2006) EUR 133 milhões
Alameda/ S.Sebastião (2008) EUR 132 milhões
Estão previstas as seguintes extensões da rede do Metropolitano de Lisboa:
Oriente – Aeroporto - Lumiar (2007): EUR 160 milhões
Baixa -Chiado/Santa Apolónia (2005/2006) EUR 133 milhões
Alameda/ S.Sebastião (2008) EUR 132 milhões
Está inscrito, no mapa XV do Orçamento de Estado um investimento de cerca de EUR 244 milhões até 2006.
Está inscrito, no mapa XV do Orçamento de Estado um investimento de cerca de EUR 244 milhões até 2006.
Sistema de transportes monocarril (SATUO), com três fases planeadas:
1. Estação Paço de Arcos – Oeiras Parque/ Fórum (2004)
2. Fórum – Lagoas Park (2006)
3. Lagoas Park – Taguspark
As duas primeiras ligações representam um investimento de EUR 40 milhões.
Sistema de transportes monocarril (SATUO), com três fases planeadas:
1. Estação Paço de Arcos – Oeiras Parque/ Fórum (2004)
2. Fórum – Lagoas Park (2006)
3. Lagoas Park – Taguspark
As duas primeiras ligações representam um investimento de EUR 40 milhões.
Túnel do rio TejoTúnel do rio TejoTúnel do rio TejoTúnel do rio TejoTúnel do rio TejoTúnel do rio TejoTúnel do rio TejoTúnel do rio Tejo A concretização deste túnel visa assegurar a ligação entre as li nhas suburbanas ferroviárias das duas margens do rio Tejo (entre o MST e o Metropolitano de Lisboa)
A concretização deste túnel visa assegurar a ligação entre as li nhas suburbanas ferroviárias das duas margens do rio Tejo (entre o MST e o Metropolitano de Lisboa)
Metro Sul do Tejo Metro Sul do Tejo Metro Sul do Tejo Metro Sul do Tejo (MST)(MST)(MST)(MST)
Metro Sul do Tejo Metro Sul do Tejo Metro Sul do Tejo Metro Sul do Tejo (MST)(MST)(MST)(MST)
Metropolitano de Metropolitano de Metropolitano de Metropolitano de LisboaLisboaLisboaLisboa
Metropolitano de Metropolitano de Metropolitano de Metropolitano de LisboaLisboaLisboaLisboa
Metro do MondegoMetro do MondegoMetro do MondegoMetro do MondegoMetro do MondegoMetro do MondegoMetro do MondegoMetro do Mondego
MonocarrilMonocarrilMonocarrilMonocarrilde de de de OeirasOeirasOeirasOeiras
MonocarrilMonocarrilMonocarrilMonocarrilde de de de OeirasOeirasOeirasOeiras
Sistema concessionado por 30 anos, ao Consórcio MTS - Metro Transportes do Sul em 2002, com um investimento estimado em cerca de EUR 270 milhões.
A rede do MTS é composta por 3 linhas:Linha 1 - Corroios -CacilhasLinha 2 - Corroios -PragalLinha 3 - Cacilhas - Universidade
Sistema concessionado por 30 anos, ao Consórcio MTS - Metro Transportes do Sul em 2002, com um investimento estimado em cerca de EUR 270 milhões.
A rede do MTS é composta por 3 linhas:Linha 1 - Corroios -CacilhasLinha 2 - Corroios -PragalLinha 3 - Cacilhas - Universidade
Estão previstas as seguintes extensões da rede do Metropolitano de Lisboa:
Oriente – Aeroporto - Lumiar (2007): EUR 160 milhões
Baixa -Chiado/Santa Apolónia (2005/2006) EUR 133 milhões
Alameda/ S.Sebastião (2008) EUR 132 milhões
Estão previstas as seguintes extensões da rede do Metropolitano de Lisboa:
Oriente – Aeroporto - Lumiar (2007): EUR 160 milhões
Baixa -Chiado/Santa Apolónia (2005/2006) EUR 133 milhões
Alameda/ S.Sebastião (2008) EUR 132 milhões
Está inscrito, no mapa XV do Orçamento de Estado um investimento de cerca de EUR 244 milhões até 2006.
Está inscrito, no mapa XV do Orçamento de Estado um investimento de cerca de EUR 244 milhões até 2006.
Sistema de transportes monocarril (SATUO), com três fases planeadas:
1. Estação Paço de Arcos – Oeiras Parque/ Fórum (2004)
2. Fórum – Lagoas Park (2006)
3. Lagoas Park – Taguspark
As duas primeiras ligações representam um investimento de EUR 40 milhões.
Sistema de transportes monocarril (SATUO), com três fases planeadas:
1. Estação Paço de Arcos – Oeiras Parque/ Fórum (2004)
2. Fórum – Lagoas Park (2006)
3. Lagoas Park – Taguspark
As duas primeiras ligações representam um investimento de EUR 40 milhões.
Túnel do rio TejoTúnel do rio TejoTúnel do rio TejoTúnel do rio TejoTúnel do rio TejoTúnel do rio TejoTúnel do rio TejoTúnel do rio Tejo A concretização deste túnel visa assegurar a ligação entre as li nhas suburbanas ferroviárias das duas margens do rio Tejo (entre o MST e o Metropolitano de Lisboa)
A concretização deste túnel visa assegurar a ligação entre as li nhas suburbanas ferroviárias das duas margens do rio Tejo (entre o MST e o Metropolitano de Lisboa)
Metro Sul do Tejo Metro Sul do Tejo Metro Sul do Tejo Metro Sul do Tejo (MST)(MST)(MST)(MST)
Metro Sul do Tejo Metro Sul do Tejo Metro Sul do Tejo Metro Sul do Tejo (MST)(MST)(MST)(MST)
Metropolitano de Metropolitano de Metropolitano de Metropolitano de LisboaLisboaLisboaLisboa
Metropolitano de Metropolitano de Metropolitano de Metropolitano de LisboaLisboaLisboaLisboa
Metro do MondegoMetro do MondegoMetro do MondegoMetro do MondegoMetro do MondegoMetro do MondegoMetro do MondegoMetro do Mondego
MonocarrilMonocarrilMonocarrilMonocarrilde de de de OeirasOeirasOeirasOeiras
MonocarrilMonocarrilMonocarrilMonocarrilde de de de OeirasOeirasOeirasOeiras
Sistema concessionado por 30 anos, ao Consórcio MTS - Metro Transportes do Sul em 2002, com um investimento estimado em cerca de EUR 270 milhões.
A rede do MTS é composta por 3 linhas:Linha 1 - Corroios -CacilhasLinha 2 - Corroios -PragalLinha 3 - Cacilhas - Universidade
Sistema concessionado por 30 anos, ao Consórcio MTS - Metro Transportes do Sul em 2002, com um investimento estimado em cerca de EUR 270 milhões.
A rede do MTS é composta por 3 linhas:Linha 1 - Corroios -CacilhasLinha 2 - Corroios -PragalLinha 3 - Cacilhas - Universidade
Estão previstas as seguintes extensões da rede do Metropolitano de Lisboa:
Oriente – Aeroporto - Lumiar (2007): EUR 160 milhões
Baixa -Chiado/Santa Apolónia (2005/2006) EUR 133 milhões
Alameda/ S.Sebastião (2008) EUR 132 milhões
Estão previstas as seguintes extensões da rede do Metropolitano de Lisboa:
Oriente – Aeroporto - Lumiar (2007): EUR 160 milhões
Baixa -Chiado/Santa Apolónia (2005/2006) EUR 133 milhões
Alameda/ S.Sebastião (2008) EUR 132 milhões
Está inscrito, no mapa XV do Orçamento de Estado um investimento de cerca de EUR 244 milhões até 2006.
Está inscrito, no mapa XV do Orçamento de Estado um investimento de cerca de EUR 244 milhões até 2006.
Sistema de transportes monocarril (SATUO), com três fases planeadas:
1. Estação Paço de Arcos – Oeiras Parque/ Fórum (2004)
2. Fórum – Lagoas Park (2006)
3. Lagoas Park – Taguspark
As duas primeiras ligações representam um investimento de EUR 40 milhões.
Sistema de transportes monocarril (SATUO), com três fases planeadas:
1. Estação Paço de Arcos – Oeiras Parque/ Fórum (2004)
2. Fórum – Lagoas Park (2006)
3. Lagoas Park – Taguspark
As duas primeiras ligações representam um investimento de EUR 40 milhões.
Túnel do rio TejoTúnel do rio TejoTúnel do rio TejoTúnel do rio TejoTúnel do rio TejoTúnel do rio TejoTúnel do rio TejoTúnel do rio Tejo A concretização deste túnel visa assegurar a ligação entre as li nhas suburbanas ferroviárias das duas margens do rio Tejo (entre o MST e o Metropolitano de Lisboa)
A concretização deste túnel visa assegurar a ligação entre as li nhas suburbanas ferroviárias das duas margens do rio Tejo (entre o MST e o Metropolitano de Lisboa)
Metro Sul do Tejo Metro Sul do Tejo Metro Sul do Tejo Metro Sul do Tejo (MST)(MST)(MST)(MST)
Metro Sul do Tejo Metro Sul do Tejo Metro Sul do Tejo Metro Sul do Tejo (MST)(MST)(MST)(MST)
Metropolitano de Metropolitano de Metropolitano de Metropolitano de LisboaLisboaLisboaLisboa
Metropolitano deMetropolitano deMetropolitano deMetropolitano deLisboaLisboaLisboaLisboa
Metro do MondegoMetro do MondegoMetro do MondegoMetro do MondegoMetro do MondegoMetro do MondegoMetro do MondegoMetro do Mondego
MonocarrilMonocarrilMonocarrilMonocarrilde de de de OeirasOeirasOeirasOeiras
MonocarrilMonocarrilMonocarrilMonocarrilde de de de OeirasOeirasOeirasOeiras
Sistema concessionado por 30 anos, ao Consórcio MTS - Metro Transportes do Sul em 2002, com um investimento estimado em cerca de EUR 270 milhões.
A rede do MTS é composta por 3 linhas:Linha 1 - Corroios -CacilhasLinha 2 - Corroios -PragalLinha 3 - Cacilhas - Universidade
Sistema concessionado por 30 anos, ao Consórcio MTS – Metro Transportes do Sul em 2002 , com um investimento estimado em cerca de EUR 270 milhões.
A rede do MTS é composta por 3 linhas:Linha 1 - Corroios - CacilhasLinha 2 - Corroios - PragalLinha 3 - Cacilhas - Universidade
Estão previstas as seguintes extensões da rede do Metropolitano de Lisboa:
Oriente – Aeroporto - Lumiar (2007): EUR 160 milhões
Baixa -Chiado/Santa Apolónia (2005/2006) EUR 133 milhões
Alameda/ S.Sebastião (2008) EUR 132 milhões
Estão previstas as seguintes extensões da rede do Metropolitano de Lisboa:
Oriente – Aeroporto – Lumiar (2007) EUR 160 milhões
Baixa-Chiado / Santa Apolónia (2005/2006) EUR 133 milhões
Alameda / S.Sebastião (2008) EUR 132 milhões
Está inscrito, no mapa XV do Orçamento de Estado um investimento de cerca de EUR 244 milhões até 2006.
Está inscrito, no mapa XV do Orçamento de Estado um investimento de cerca de EUR 244 milhões até 2006.
Sistema de transportes monocarril (SATUO), com três fases planeadas:
1. Estação Paço de Arcos – Oeiras Parque/ Fórum (2004)
2. Fórum – Lagoas Park (2006)
3. Lagoas Park – Taguspark
As duas primeiras ligações representam um investimento de EUR 40 milhões.
Sistema de transportes monocarril (SATUO), com três fases planeadas:
1. Estação de Paço de Arcos – Oerias Parque / Fórum (2004)
2. Fórum – Lagoas Park (2006)
3. Lagoas Park - Taguspark
As duas primeiras ligações representam um investimento de EUR 40 milhões.
Túnel do rio TejoTúnel do rio TejoTúnel do rio TejoTúnel do rio TejoTúnel do rio TejoTúnel do rio TejoTúnel do rio TejoTúnel do rio Tejo A concretização deste túnel visa assegurar a ligação entre as li nhas suburbanas ferroviárias das duas margens do rio Tejo (entre o MST e o Metropolitano de Lisboa)
A concretização deste túnel visa assegurar a ligação entre as linhas suburbanas ferroviárias das duas margens do rio Tejo (entre o MST e o Metropolitano de Lisboa).
Fontes: OE 2004, www.mts.pt, Público, Diário Económico
4.2. Rede de média/longa distância.
Os serviços de transporte ferroviário de média e longa distância são assegurados pela Uni-
dade de Viagens Interurbanas e Regionais (UVIR) da CP, estando segmentados de acordo
com a distância, com a rapidez e com a capilaridade do serviço. Estão ainda a cargo da UVIR
alguns serviços adicionais, nomeadamente, o transporte “suburbano” de Coimbra (ver figura
1.17).
Figura 1.17. Serviços de transporte da rede de média e longa distância.
UVIRUVIRUVIRUVIRUVIRUVIRUVIRUVIR
Alfa Pendular (ligação Lisboa – Porto)Alfa Pendular (ligação Lisboa – Porto)
IntercidadesIntercidadesRápidosRápidosRápidosRápidosRápidosRápidosRápidosRápidos
InternacionalInternacional
InterregionalInterregional
RegionalRegional
Outros (suburbano de Coimbra e serviços especiais)Outros (suburbano de Coimbra e serviços especiais)
UVIRUVIRUVIRUVIRUVIRUVIRUVIRUVIR
Alfa Pendular (ligação Lisboa – Porto)Alfa Pendular (ligação Lisboa – Porto)
IntercidadesIntercidadesRápidosRápidosRápidosRápidosRápidosRápidosRápidosRápidos
InternacionalInternacional
InterregionalInterregional
RegionalRegional
Outros (suburbano de Coimbra e serviços especiais)Outros (suburbano de Coimbra e serviços especiais)
Fonte: CP
As receitas obtidas na rede de média e longa distância representam cerca de metade das
receitas totais de passageiros da CP, destacando-se o crescente peso do serviço Alfa – seg-
1. O sector ferroviário em Portugal.
23
mento que oferece o serviço de transporte mais rápido e que une as duas principais zonas
metropolitanas do país – que, em 2002, contribuiu com cerca de 12% das receitas totais de
passageiros, o que compara com apenas 5.5% em 1999. A figura 1.18 retrata esta situação.
Figura 1.18. Receitas de passageiros da CP por serviço de transporte (EUR milhares)
1999 2002 2003
Serviço suburbano 90,2 73,6 83,8
Serviço de média e longa distância 71,8 69,2 69,9
Dos quais: ALFA 8,9 17,6 n.d.
Outros média e longa distância 62,9 51,6 n.d.
Total 162,0 142,8 153,7
Fonte: CP, Espírito Santo Research – Research Sectorial
Esta situação assume especial importância no actual contexto, em que o projecto de alta ve-
locidade está a dar os primeiros passos em Portugal, pelo que, a construção de uma nova
infra-estrutura de alta velocidade deverá ser equacionada numa lógica de complementarida-
de com a rede convencional onde é, actualmente, prestado um serviço “rápido” de longa dis-
tância pela CP, e nunca numa lógica de competição.
5. Projecto de alta velocidade.
O projecto de alta velocidade poderá trazer grandes alterações no que se refere ao panora-
ma económico nacional, não só pela multiplicidade de empresas envolvidas ao longo de to-
das as fases de desenvolvimento, como pelo número de empregos criados mas também no
que se refere ao aumento da atractividade das cidades do interior face aos grandes centros
urbanos do país (estima-se que os tempos médios de viagem se venham a reduzir entre
50% e 70% com a introdução da alta velocidade). As figuras 1.19 e 1.20 retratam esta situ-
ação.
Refira-se que o traçado previsto para a rede ferroviária de alta velocidade em território naci-
onal, irá servir cerca de 56% dos concelhos, 81% da população e 81% das empresas, o
equivalente a uma área de influência que representa cerca de 87% do PIB nacional.
A figura 1.21 evidencia os impactos que o projecto de alta velocidade poderá ter no cresci-
mento da economia portuguesa, nomeadamente, no que se refere ao contributo que este
projecto terá para o PIB (estimado em cerca de 1 ponto percentual no longo prazo) e para a
criação de postos de trabalho.
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
24
Figura 1.19. Impactos sócio-económicos do projecto de alta velocidade.
Dotar o país de uma estrutura Dotar o país de uma estrutura Dotar o país de uma estrutura Dotar o país de uma estrutura ferroviária geradora de ferroviária geradora de ferroviária geradora de ferroviária geradora de
Racionalizar a rede ferroviária Racionalizar a rede ferroviária Racionalizar a rede ferroviária Racionalizar a rede ferroviária
Alinhar iniciativas nacionais Alinhar iniciativas nacionais Alinhar iniciativas nacionais Alinhar iniciativas nacionais com políticas da União com políticas da União com políticas da União com políticas da União EuropeiaEuropeiaEuropeiaEuropeia
• Ligar as principais cidades portuguesas, focando o tráfego onde a alta velocidade ferroviária tem mais vantagens competitivas (50 – 500 km), prestando maior qualidade de serviço.
• Novo paradigma no ordenamento do território decorrente da maior atractividade das cidades do interior, agora mais próximas dos grandes centros urbanos do litoral.
• Ligar as principais cidades portuguesas, focando o tráfego onde a alta velocidade ferroviária tem mais vantagens competitivas (50 – 500 km), prestando maior qualidade de serviço.
• Novo paradigma no ordenamento do território decorrente da maior atractividade das cidades do interior, agora mais próximas dos grandes centros urbanos do litoral.
• Articulação da rede ferroviária portuguesa com a rede espanhola, integrando Portugal na rede de AV europeia (interoperabilidade), com mais -valia directa em cidades do interior que serão servidas por esta infra -estrutura.
• Aumentar a competitividade dos portos portugueses, através de li gação ferroviária a Espanha e à Europa.
• Progressiva implementação da bitola europeia.
• Articulação da rede ferroviária portuguesa com a rede espanhola, integrando Portugal na rede de AV europeia (interoperabilidade), com mais -valia directa em cidades do interior que serão servidas por esta infra -estrutura.
• Aumentar a competitividade dos portos portugueses, através de li gação ferroviária a Espanha e à Europa.
• Progressiva implementação da bitola europeia.
• Redução dos custos ambientais (estimado em EUR 2.1 mil milhões), resultante do aumento da quota do transporte ferroviário.
• Concretizar a aposta no sector ferroviário como prioridade em te rmos de transporte, promovendo a segurança, rapidez e conforto, à luz dos princípio s defendidos na Política Comum de Transportes.
• Redução dos custos ambientais (estimado em EUR 2.1 mil milhões), resultante do aumento da quota do transporte ferroviário.
• Concretizar a aposta no sector ferroviário como prioridade em te rmos de transporte, promovendo a segurança, rapidez e conforto, à luz dos princípio s defendidos na Política Comum de Transportes.
ObjectivosObjectivosObjectivosObjectivos Concretização/ImpactosConcretização/ImpactosConcretização/ImpactosConcretização/Impactos
Dotar o país de uma estrutura Dotar o país de uma estrutura Dotar o país de uma estrutura Dotar o país de uma estrutura ferroviária geradora de impactos ferroviária geradora de impactos ferroviária geradora de impactos ferroviária geradora de impactos positivos na mobilidade das positivos na mobilidade das positivos na mobilidade das positivos na mobilidade das pessoas, aproximando aglomerados pessoas, aproximando aglomerados pessoas, aproximando aglomerados pessoas, aproximando aglomerados urbanos urbanos urbanos urbanos
Racionalizar a rede ferroviária numa Racionalizar a rede ferroviária numa Racionalizar a rede ferroviária numa Racionalizar a rede ferroviária numa lógica ibérica, permitindo um acesso lógica ibérica, permitindo um acesso lógica ibérica, permitindo um acesso lógica ibérica, permitindo um acesso mais fácil a Espanha e ao resto da mais fácil a Espanha e ao resto da mais fácil a Espanha e ao resto da mais fácil a Espanha e ao resto da Europa para passageiros e Europa para passageiros e Europa para passageiros e Europa para passageiros e mercadoriasmercadoriasmercadoriasmercadorias
Alinhar iniciativas nacionais com Alinhar iniciativas nacionais com Alinhar iniciativas nacionais com Alinhar iniciativas nacionais com políticas da União Europeiapolíticas da União Europeiapolíticas da União Europeiapolíticas da União Europeia
• Ligar as principais cidades portuguesas, focando o tráfego onde a alta velocidade ferroviária tem mais vantagens competitivas (50 – 500 km), prestando maior qualidade de serviço.
• Novo paradigma no ordenamento do território decorrente da maior atractividade das cidades do interior, agora mais próximas dos grandes centros urbanos do litoral.
• Ligar as principais cidades portuguesas, focando o tráfego onde a alta velocidade ferroviária tem mais vantagens competitivas (50 – 500 Km), prestando maior qualidade de serviço.
• Novo paradigma no ordenamento do território decorrente da maior da maior atractividade das cidades do interior, agora mais próximas dos grandes centros urbanos do litoral.
• Articulação da rede ferroviária portuguesa com a rede espanhola, integrando Portugal na rede de AV europeia (interoperabilidade), com mais -valia directa em cidades do interior que serão servidas por esta infra -estrutura.
• Aumentar a competitividade dos portos portugueses, através de li gação ferroviária a Espanha e à Europa.
• Progressiva implementação da bitola europeia.
• Articulação da rede ferroviária portuguesa com a rede espanhola, integrando Portugal na rede de AV europeia (interoperabilidade), com mais-valia directa em cidades do interior que serão servidas por esta infra-estrutura.
• Aumentar a competitividade dos portos portugueses, através de ligação ferroviária a Espanha e à Europa.
• Redução dos custos ambientais (estimado em EUR 2.1 mil milhões), resultante do aumento da quota do transporte ferroviário.
• Concretizar a aposta no sector ferroviário como prioridade em te rmos de transporte, promovendo a segurança, rapidez e conforto, à luz dos princípio s defendidos na Política Comum de Transportes.
• Redução dos custos ambientais (estimados em EUR 2.1 mil milhões), resultante do aumento da quota do transporte ferroviário.
• Concretizar a aposta no sector ferroviário como prioridade em termos de transporte, promovendo a segurança, rapidez e conforto, à luz dos principios defendidos na Política Comum dos Transportes.
ObjectivosObjectivosObjectivosObjectivos Concretização/ImpactosConcretização/ImpactosConcretização/ImpactosConcretização/Impactos
• Progressiva implementação da bitola europeia.
Fonte: “A Alta Velocidade em Portugal” , conferência promovida pela RAVE e pelo Diário Económico
Figura 1.20. Impacto da introdução da alta velocidade nos tempos médios de viagem.
De Lisboa para:De Lisboa para:De Lisboa para:De Lisboa para:De Lisboa para:De Lisboa para:De Lisboa para:De Lisboa para: Do Porto para:Do Porto para:Do Porto para:Do Porto para:Do Porto para:Do Porto para:Do Porto para:Do Porto para:
Rede convencional
Rede convencional Rede AVRede AV Redução de
tempo em %)
Redução de tempo em %)
Rede convencional
Rede convencional Rede AVRede AV Redução de
tempo em %)
Redução de tempo em %)
LisboaLisboa
PortoPorto
MadridMadrid
CoimbraCoimbra
--
3h003h00
9h399h39
1h551h55
--
1h191h19
2h502h50
0h500h50
--------
56%56%56%56%56%56%56%56%
71%71%71%71%71%71%71%71%
57%57%57%57%57%57%57%57%
3h003h00
--
--
1h051h05
1h191h19
--
2h562h56
0h290h29
56%56%56%56%56%56%56%56%
71%71%71%71%71%71%71%71%
--------
55%55%55%55%55%55%55%55%
De Lisboa para:De Lisboa para:De Lisboa para:De Lisboa para:De Lisboa para:De Lisboa para:De Lisboa para:De Lisboa para: Do Porto para:Do Porto para:Do Porto para:Do Porto para:Do Porto para:Do Porto para:Do Porto para:Do Porto para:
Rede convencional
Rede convencional Rede AVRede AV Redução de
tempo em %)
Redução de tempo em %)
Rede convencional
Rede convencional Rede AVRede AV Redução de
tempo em %)
Redução de tempo em %)
LisboaLisboa
PortoPorto
MadridMadrid
CoimbraCoimbra
--
3h003h00
9h399h39
1h551h55
--
1h191h19
2h502h50
0h500h50
--------
56%56%56%56%
71%71%71%71%
57%57%57%57%
3h003h00
--
--
1h051h05
1h191h19
--
2h562h56
0h290h29
56%56%56%56%56%56%56%56%
71%71%71%71%71%71%71%71%
--------
55%55%55%55%55%55%55%55%
56% 56% 56% 56%
71%71%71%71%
57%57%57%57%
Fontes: AT Kearney, CP, Espírito Santo Research - Research Sectorial
Figura 1.21. Impactos no tecido económico português do projecto de alta velocidade.
Aumentar a competitividade e Aumentar a competitividade e Aumentar a competitividade e Aumentar a competitividade e estimular a economiaestimular a economiaestimular a economiaestimular a economia
Desenvolver uma solução Desenvolver uma solução Desenvolver uma solução Desenvolver uma solução integrada de transportes a integrada de transportes a integrada de transportes a integrada de transportes a longo prazo, que permita longo prazo, que permita longo prazo, que permita longo prazo, que permita explorar de forma eficiente a explorar de forma eficiente a explorar de forma eficiente a explorar de forma eficiente a intermodalidadeintermodalidadeintermodalidadeintermodalidade
• Impacto estimado da construção da rede de AV pode atingir os 1.7 % do PIB (no pico de investimento), com um potencial de incorporação da indústria por tuguesa em cerca de 85% e criação de 90 000 postos de trabalho.
• Impacto estimado de longo prazo sobre o PIB de 1 ponto percentua l, em resultado da maior utilização de transporte e do aumento de qualidade global deste serviço.
• Aumento de competitividade de indústrias e comércio decorrente d e vias de comunicação mais eficientes.
• Impacto estimado da construção da rede de AV pode atingir os 1.7 % do PIB (no pico de investimento), com um potencial de incorporação da indústria por tuguesa em cerca de 85% e criação de 90 000 postos de trabalho.
• Impacto estimado de longo prazo sobre o PIB de 1 ponto percentua l, em resultado da maior utilização de transporte e do aumento de qualidade global deste serviço.
• Aumento de competitividade de indústrias e comércio decorrente d e vias de comunicação mais eficientes.
• Planificação de uma rede global de infra -estruturas e de serviços de transporte eficiente e que sirvam o interesse nacional.
• Avaliação de projectos, caso -a-caso, tendo em conta critérios de eficiência e, por outro lado, a relação custo/benefício global.
• Estimular a participação de capitais privados nos projectos, de forma a diminuir o esforço financeiro do Estado.
• Planificação de uma rede global de infra -estruturas e de serviços de transporte eficiente e que sirvam o interesse nacional.
• Avaliação de projectos, caso -a-caso, tendo em conta critérios de eficiência e, por outro lado, a relação custo/benefício global.
• Estimular a participação de capitais privados nos projectos, de forma a diminuir o esforço financeiro do Estado.
Aumentar a competitividade e estimular a Aumentar a competitividade e estimular a Aumentar a competitividade e estimular a Aumentar a competitividade e estimular a economiaeconomiaeconomiaeconomia
Desenvolver uma solução integrada de Desenvolver uma solução integrada de Desenvolver uma solução integrada de Desenvolver uma solução integrada de transportes a longo prazo, que permita transportes a longo prazo, que permita transportes a longo prazo, que permita transportes a longo prazo, que permita explorar de forma eficiente a explorar de forma eficiente a explorar de forma eficiente a explorar de forma eficiente a intermodalidadeintermodalidadeintermodalidadeintermodalidade
• Impacto estimado da construção da rede de AV pode atingir os 1.7 % do PIB (no pico de investimento), com um potencial de incorporação da indústria por tuguesa em cerca de 85% e criação de 90 000 postos de trabalho.
• Impacto estimado de longo prazo sobre o PIB de 1 ponto percentua l, em resultado da maior utilização de transporte e do aumento de qualidade global deste serviço.
• Aumento de competitividade de indústrias e comércio decorrente d e vias de comunicação mais eficientes.
• Impacto estimado da construção da rede de AV pode atingir os 1.7% do PIB (no pico de investimento), com um potencial de incorporação da indústria portuguesa em cerca de 85% e criação de 90 000 postos de trabalho.
• Impacto estimado de longo prazo sobre o PIB de 1 ponto percentual, em resultado da maior utilização de transporte e do aumento de qualidade global deste serviço.
• Aumento de competitividade de indústrias e comércio decorrente de vias de comunicação mais eficientes.
• Planificação de uma rede global de infra -estruturas e de serviços de transporte eficiente e que sirvam o interesse nacional.
• Avaliação de projectos, caso -a-caso, tendo em conta critérios de eficiência e, por outro lado, a relação custo/benefício global.
• Estimular a participação de capitais privados nos projectos, de forma a diminuir o esforço financeiro do Estado.
• Planificação de uma rede global de infra-estruturas e de serviços de transporte eficiente e que sirvam o interesse nacional.
• Avaliação de projectos, caso a caso, tendo em conta critérios de eficiência e, por outro lado, a relação custo/benefício global.
• Estimular a participação de capitais privados nos projectos, de forma a diminuir o esforço financeiro do Estado.
Fonte: “A Alta Velocidade em Portugal” , conferência promovida pela RAVE e pelo Diário Económico
De realçar o elevado peso estimado para a participação da indústria nacional no desenvolvi-
mento do projecto de alta velocidade (ver figura 1.22).
1. O sector ferroviário em Portugal.
25
Figura 1.22. Participação da indústria nacional no projecto de alta velocidade.
Sistema de Alta Velocidade 93%
Infra-estrutura 99%
Estudos e expropriações 99%
Obra civil - Plataforma 100%
Estações 97%
Energia 90%
Obra ferroviária 87%
Controlo-comando e sinalização 40%
Material circulante 34%
Manutenção 54%
Ambiente 94%
Exploração 71%
Clientes 75%
Fonte: Instituto de estudos de logística e gestão global do ISCTE
5.1. Corredores de alta velocidade.
A XIX Cimeira Luso-Espanhola que teve lugar na Figueira da Foz nos dias 7 e 8 de Novem-
bro, 2003 teve como principal resultado a definição dos 5 grandes corredores de alta veloci-
dade a serem desenvolvidos, identificados na figura 1.23:
Porto – Vigo
Lisboa – Porto
Lisboa – Madrid
Aveiro – Salamanca (- Huelva)
Évora – Faro (- Huelva)
Em relação aos corredores identificados mantém-se ainda a indefinição quanto ao tipo de
tráfego a ser efectuado, ou seja, se de passageiros, de mercadorias ou misto. A única refe-
rência a esta matéria aponta para que os canais Aveiro–Salamanca e Lisboa–Madrid venham,
no futuro, a possibilitar o transporte misto.
De realçar que foi também acordado entre os governos de Portugal e de Espanha que as li-
gações entre os portos de Lisboa, Setúbal e Sines a Madrid (que serão uma realidade com a
conclusão da construção do troço Elvas-Badajoz) venham a iniciar a sua exploração a partir
de 2007/2008, promovendo assim o transporte ferroviário de mercadorias dos portos nacio-
nais para os principais centros de consumo espanhóis.
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
26
Figura 1.23. Corredores de alta velocidade.
Rede de mercadoriasRede de passageiros
Fonte: RAVE
5.1.1. Linha Porto – Vigo.
A linha que assegurará a ligação ferroviária em alta velocidade do Porto a Vigo será o primei-
ro troço a ficar concluído, estando projectada a sua inauguração para 2009. O custo associa-
do à sua construção estima-se em cerca de EUR 1 367 milhões e deverá permitir que os pas-
sageiros efectuem este trajecto em apenas 38 minutos (ver figura 1.24). Actualmente, a úni-
ca alternativa a esta futura ligação é a via rodoviária, assegurada pela ligação de auto-
estrada de Porto a Vigo.
Figura 1.24.. Projecto de ligação ferroviária de alta velocidade Porto-Vigo.
Data de Data de Data de Data de construçãoconstruçãoconstruçãoconstrução
Data de Data de Data de Data de construçãoconstruçãoconstruçãoconstrução InvestimentoInvestimentoInvestimentoInvestimentoInvestimentoInvestimentoInvestimentoInvestimento Duração Duração Duração Duração
percursopercursopercursopercurso
Duração Duração Duração Duração percursopercursopercursopercurso
2006/20092006/2009 EUR 1 367 milhõesEUR 1 367 milhões 38 minutos38 minutos
Procura EstimadaProcura EstimadaProcura EstimadaProcura EstimadaProcura EstimadaProcura EstimadaProcura EstimadaProcura Estimada
2025(quota de mercado)
2025(quota de mercado)
Com Efeito de Com Efeito de Com Efeito de Com Efeito de Com Efeito de Com Efeito de Com Efeito de Com Efeito de RedeRedeRedeRede
Sem Efeito de Sem Efeito de Sem Efeito de Sem Efeito de RedeRedeRedeRede
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2.7 milhões(28.8%)
2.7 milhões(28.8%)
2.1 milhões(25.0%)
2.1 milhões(25.0%)
Data de Data de Data de Data de construçãoconstruçãoconstruçãoconstrução
Data de Data de Data de Data de construçãoconstruçãoconstruçãoconstrução InvestimentoInvestimentoInvestimentoInvestimentoInvestimentoInvestimentoInvestimentoInvestimento Duração Duração Duração Duração
percursopercursopercursopercurso
Duração Duração Duração Duração percursopercursopercursopercurso
2006/20092006/2009 EUR 1 367 milhõesEUR 1 367 milhões 38 minutos38 minutos
Procura EstimadaProcura EstimadaProcura EstimadaProcura EstimadaProcura EstimadaProcura EstimadaProcura EstimadaProcura Estimada
2025(quota de mercado)
2025(quota de mercado)
Com Efeito de Com Efeito de Com Efeito de Com Efeito de RedeRedeRedeRede
Sem Efeito de Sem Efeito de Sem Efeito de Sem Efeito de RedeRedeRedeRede
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2.7 milhões(28.8%)
2.7 milhões(28.8%)
2.1 milhões(25.0%)
2.1 milhões(25.0%)
Fonte: “A Alta Velocidade em Portugal” , conferência promovida pela RAVE e pelo Diário Económico
De notar que, para esta linha, as estimativas apontam para um rácio investimen-
to/passageiros transportados anualmente elevado (EUR 506), quando comparado com as
1. O sector ferroviário em Portugal.
27
restantes linhas projectadas (ver figuras 1.24, 1.26, 1.27, 1.28 e 1.29). O custo por quilóme-
tro da ligação ferroviária de alta velocidade Porto-Vigo ascende a cerca de EUR 12 milhões.
Figura 1.25. Tempos médios de viagem: Vigo-Madrid e Vigo-Porto.
O/DO/D
Vigo - MadridVigo - Madrid
Vigo - PortoVigo - Porto
Acessos actuaisAcessos actuais AV/ AviãoAV/ Avião
6h/ estrada1h/avião
6h/ estrada1h/avião
4h/AV1h/avião
4h/AV1h/avião
1h20 minutos/ estrada
1h20 minutos/ estrada 40 minutos/AV40 minutos/AV
O/DO/D
Vigo - MadridVigo - Madrid
Vigo - PortoVigo - Porto
Acessos actuaisAcessos actuais AV/ AviãoAV/ Avião
6h/ estrada1h/avião
6h/ estrada1h/avião
4h/AV1h/avião
4h/AV1h/avião
1h20 minutos/ estrada
1h20 minutos/ estrada 40 minutos/AV40 minutos/AV
Fontes: TAP, Ibéria, www.viamichelin.com
A construção de uma ligação de alta velocidade entre o Porto e Vigo poderá levar a uma po-
tencial captação de tráfego aéreo da Galiza para o aeroporto Francisco Sá Carneiro. No en-
tanto, a proximidade de Vigo a Madrid (ver figura 1.25), cujo aeroporto detém uma oferta
de destinos bastante mais diversificada, deverá fazer com que a deslocalização de tráfego
seja limitada, referindo-se apenas a alguns destinos turísticos específicos do aeroporto por-
tuguês.
5.1.2. Linha Lisboa – Porto.
A futura ligação ferroviária de alta velocidade Lisboa–Porto será, de acordo com as análises
já efectuadas, o troço que deverá captar maior valor de tráfego. As estimativas apontam
para que, em 2025, esta linha venha a efectuar o tráfego de cerca de metade do total de
passageiros deslocados nas linhas de Alta Velocidade (ver figura 1.26).
Figura 1.26. Projecto de ligação ferroviária de alta velocidade Lisboa-Porto.
Data de Data de Data de Data de construçãoconstruçãoconstruçãoconstrução
Data de Data de Data de Data de construçãoconstruçãoconstruçãoconstrução InvestimentoInvestimentoInvestimentoInvestimentoInvestimentoInvestimentoInvestimentoInvestimento Duração Duração Duração Duração
percursopercursopercursopercurso
Duração Duração Duração Duração percursopercursopercursopercurso
2006/20132006/2013 EUR 4 200 milhõesEUR 4 200 milhões 1 - 1 1/4 horas1 - 1 1/4 horas
Procura EstimadaProcura EstimadaProcura EstimadaProcura EstimadaProcura EstimadaProcura EstimadaProcura EstimadaProcura Estimada
2025(quota de mercado)
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Sem Efeito de Sem Efeito de Sem Efeito de Sem Efeito de RedeRedeRedeRede
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18.4 milhões(29.7%)
18.4 milhões(29.7%)
13.5 milhões(24.0%)
13.5 milhões(24.0%)
Data de Data de Data de Data de construçãoconstruçãoconstruçãoconstrução
Data de Data de Data de Data de construçãoconstruçãoconstruçãoconstrução InvestimentoInvestimentoInvestimentoInvestimentoInvestimentoInvestimentoInvestimentoInvestimento Duração Duração Duração Duração
percursopercursopercursopercurso
Duração Duração Duração Duração percursopercursopercursopercurso
2006/20132006/2013 EUR 4 200 milhõesEUR 4 200 milhões 1 - 1 1/4 horas1 - 1 1/4 horas
Procura EstimadaProcura EstimadaProcura EstimadaProcura EstimadaProcura EstimadaProcura EstimadaProcura EstimadaProcura Estimada
2025(quota de mercado)
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Com Efeito de Com Efeito de Com Efeito de Com Efeito de RedeRedeRedeRede
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Sem Efeito de Sem Efeito de Sem Efeito de Sem Efeito de RedeRedeRedeRede
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18.4 milhões(29.7%)
18.4 milhões(29.7%)
13.5 milhões(24.0%)
13.5 milhões(24.0%)
Fonte: “A Alta Velocidade em Portugal” , conferência promovida pela RAVE e pelo Diário Económico
Apesar do elevado custo da linha (cerca de EUR 14 milhões/km), as estimativas para o rácio
investimento/passageiros transportados anualmente é bastante reduzido (cerca de EUR
228/passageiro), pelo que, podemos concluir que esta linha poderá vir a concorrer directa-
mente com a alternativa rodoviária e com o transporte aéreo. Mais: o tráfego aéreo entre
Lisboa e Porto poderá mesmo vir a registar um decréscimo significativo após o início de ex-
ploração desta ligação, se tivermos em conta experiências semelhantes na Europa.
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
28
5.1.3. Linha Lisboa – Madrid.
A configuração da ligação ferroviária de alta velocidade entre Lisboa e Madrid prevê que esta
linha tenha um ponto de articulação na cidade de Évora e que a ligação à rede espanhola
seja efectuada em Badajoz. Esta situação poderá ser benéfica para a cidade alentejana dado
que, a partir dessa altura, o trajecto Évora-Lisboa terá um tempo de viagem de aproxima-
damente 40 minutos, significativamente inferior ao tempo de viagem utilizando os modos de
transporte alternativos (leia-se rodoviários). Poderemos mesmo vir a assistir à criação de di-
versos empreendimentos imobiliários em resultado do expectável aumento de população na
cidade alentejana.
Figura 1.27. Projecto de ligação ferroviária de alta velocidade Lisboa-Madrid.
Data de Data de Data de Data de construçãoconstruçãoconstruçãoconstrução
Data de Data de Data de Data de construçãoconstruçãoconstruçãoconstrução InvestimentoInvestimentoInvestimentoInvestimentoInvestimentoInvestimentoInvestimentoInvestimento Duração Duração Duração Duração
percursopercursopercursopercurso
Duração Duração Duração Duração percursopercursopercursopercurso
2006/20102006/2010 EUR 1 600 milhõesEUR 1 600 milhões 2 1/2 - 3 horas2 1/2 - 3 horas
Procura EstimadaProcura EstimadaProcura EstimadaProcura EstimadaProcura EstimadaProcura EstimadaProcura EstimadaProcura Estimada
2025(quota de mercado)
2025(quota de mercado)
Com Efeito de Com Efeito de Com Efeito de Com Efeito de RedeRedeRedeRede
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Sem Efeito de Sem Efeito de Sem Efeito de Sem Efeito de RedeRedeRedeRede
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6.3 milhões(53.7%)
6.3 milhões(53.7%)
5.3 milhões(48.0%)
5.3 milhões(48.0%)
Data de Data de Data de Data de construçãoconstruçãoconstruçãoconstrução
Data de Data de Data de Data de construçãoconstruçãoconstruçãoconstrução InvestimentoInvestimentoInvestimentoInvestimentoInvestimentoInvestimentoInvestimentoInvestimento Duração Duração Duração Duração
percursopercursopercursopercurso
Duração Duração Duração Duração percursopercursopercursopercurso
2006/20102006/2010 EUR 1 600 milhõesEUR 1 600 milhões 2 1/2 - 3 horas2 1/2 - 3 horas
Procura EstimadaProcura EstimadaProcura EstimadaProcura Estimada
2025(quota de mercado)
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6.3 milhões(53.7%)
6.3 milhões(53.7%)
5.3 milhões(48.0%)
5.3 milhões(48.0%)
RedeRedeRedeRede
Fonte: “A Alta Velocidade em Portugal” , conferência promovida pela RAVE e pelo Diário Económico
A ligação ferroviária de alta velocidade a Madrid terá uma extensão de cerca de 600 quiló-
metros e um custo aproximado por quilómetro de EUR 8.6 milhões, estimando-se que o rácio
investimento/passageiros transportados anualmente possa ascender a cerca de EUR 254,
valor semelhante ao da futura ligação Lisboa-Porto. No que se refere ao transporte de pas-
sageiros, as estimativas apontam para que, em 2025, cerca de 48% das pessoas que pre-
tendam efectuar o trajecto entre a capital espanhola e Lisboa optem por esta alternativa fer-
roviária. A figura 1.27 retrata esta situação.
5.1.4. Linha Aveiro – Salamanca (– Madrid).
A construção da ligação ferroviária de alta velocidade entre Aveiro e Salamanca deverá ar-
rancar numa fase posterior, estando projectada a sua conclusão para 2015 (ver figura 1.28).
Esta ligação tem como objectivos assegurar uma ligação do norte do país a Madrid e ao cen-
tro da Europa sem, no entanto, a necessidade de recorrer à ligação Lisboa-Madrid.
Figura 1.28. Projecto de ligação de alta velocidade Aveiro-Salamanca.
Data de Data de Data de Data de construçãoconstruçãoconstruçãoconstrução
Data de Data de Data de Data de construçãoconstruçãoconstruçãoconstrução InvestimentoInvestimentoInvestimentoInvestimentoInvestimentoInvestimentoInvestimentoInvestimento Duração Duração Duração Duração
percursopercursopercursopercurso
Duração Duração Duração Duração percursopercursopercursopercurso
2011/20152011/2015 EUR 2 177 milhõesEUR 2 177 milhões 1 1/4 horas1 1/4 horas
Procura EstimadaProcura EstimadaProcura EstimadaProcura EstimadaProcura EstimadaProcura EstimadaProcura EstimadaProcura Estimada
2025(quota de mercado)
2025(quota de mercado)
Com Efeito de Com Efeito de Com Efeito de Com Efeito de RedeRedeRedeRede
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Sem Efeito de Sem Efeito de Sem Efeito de Sem Efeito de RedeRedeRedeRede
Sem Efeito de Sem Efeito de Sem Efeito de Sem Efeito de RedeRedeRedeRede
2.2 milhões(40.2%)
2.2 milhões(40.2%)
1.8 milhões(35.0%)
1.8 milhões(35.0%)
Fonte: “A Alta Velocidade em Portugal” , conferência promovida pela RAVE e pelo Diário Económico
1. O sector ferroviário em Portugal.
29
Esta é, aliás, a razão pela qual algumas questões se levantam no que se refere à viabilida-
de/rendibilidade desta linha, das quais destacamos:
• O transporte de passageiros nesta linha deverá ascender a apenas cerca de 1/3 do tráfe-
go estimado para a ligação Lisboa–Madrid, pelo que, a exploração desta linha exclusiva-
mente no transporte de passageiros limita, em grande medida, a rendibilização da mes-
ma. Mais: a linha Aveiro – Salamanca apresenta um rácio investimento/ passageiros
transportados anualmente bastante elevado (EUR 989), o que vem confirmar as perspec-
tivas de reduzido tráfego de passageiros nesta linha;
• Uma ligação ferroviária de alta velocidade entre Portugal e a Europa, fugindo da centrali-
dade de Madrid, não deverá registar grandes volumes de tráfego tendo em conta que o
modo de transporte aéreo é o que regista uma maior procura pelos passageiros que pre-
tendam percorrer grandes distâncias (por exemplo Paris);
• O tráfego aéreo registado entre a cidade do Porto e Madrid - cerca de 6 voos diários, o
que representou em 2003 cerca de 180 mil passageiros embarcados – quando compara-
do com o registado entre Lisboa e Madrid - cerca de 14 voos diários e 670 mil passagei-
ros transportados anualmente –, vem de certa maneira, relativizar a necessidade de uma
ligação ferroviária de alta velocidade entre estas duas cidades.
• Como já anteriormente referimos, o Estado tem vindo a efectuar um esforço de moderni-
zação da rede ferroviária nacional. Com efeito, foi recentemente concluída a obra de mo-
dernização da linha da Beira Alta, pelo que, torna-se agora fundamental analisar qual o
grau efectivo de utilização desta linha no tráfego de mercadorias, e aferir da possibilida-
de de excesso de capacidade instalada (o que inviabilizaria a necessidade de efectuar
este tipo de tráfego através da ligação de alta velocidade Aveiro-Salamanca).
Será também importante avaliar a viabilidade de reconversão desta infra-estrutura, no-
meadamente, a mudança de bitola ibérica para bitola europeia. Tal processo terá que,
necessariamente, ser desenvolvido em consonância com as autoridades espanholas, de
forma a promover a interoperabilidade entre a rede ferroviária portuguesa e a rede fer-
roviária europeia. Isto porque, tendo em atenção as estimativas relativamente baixas de
tráfego de passageiros para esta nova linha, e se, em complemento, existe hoje capaci-
dade instalada excessiva no transporte de mercadorias (o que poderá apontar para níveis
reduzidos de tráfego de mercadorias numa futura linha mista de alta velocidade), este
investimento poderá vir a revelar-se desajustado.
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
30
No entanto, e apesar das questões acima referidas, a futura ligação ferroviária de alta velo-
cidade entre Aveiro e Salamanca, apresenta-se como uma forte ferramenta de combate à
desertificação do interior de Portugal: à semelhança da linha Lisboa – Madrid, esta futura
ligação poderá ter impactos económicos positivos no interior do país, nomeadamente, para a
cidade de Viseu, que passaria a ser servida pela rede de Alta Velocidade.
5.1.5. Linha Évora – Faro (– Huelva).
A construção da ligação ferroviária de alta velocidade Évora-Faro (- Huelva), actualmente
remetida para uma fase posterior do projecto de alta velocidade, é composta por 2 sub-
troços: a ligação Faro – Huelva e a ligação Évora – Faro.
Figura 1.29. Projecto de ligação de alta velocidade Évora-Faro (- Huelva).
Data de Data de Data de Data de construçãoconstruçãoconstruçãoconstrução
Data de Data de Data de Data de construçãoconstruçãoconstruçãoconstrução InvestimentoInvestimentoInvestimentoInvestimentoInvestimentoInvestimentoInvestimentoInvestimento Duração Duração Duração Duração
percursopercursopercursopercurso
Duração Duração Duração Duração percursopercursopercursopercurso
2013/20182013/2018 EUR 2 500 milhõesEUR 2 500 milhões 2 1/2 - 3 horas2 1/2 - 3 horas
Procura EstimadaProcura EstimadaProcura EstimadaProcura Estimada
2025(quota de mercado)
2025(quota de mercado)
Com Efeito de Com Efeito de Com Efeito de Com Efeito de RedeRedeRedeRede
Com Efeito de Com Efeito de Com Efeito de Com Efeito de RedeRedeRedeRede
Sem Efeito de Sem Efeito de Sem Efeito de Sem Efeito de RedeRedeRedeRede
Sem Efeito de Sem Efeito de Sem Efeito de Sem Efeito de RedeRedeRedeRede
2.5 milhões(20.0%)
2.5 milhões(20.0%)
1.6 milhões(13.0%)
1.6 milhões(13.0%)
Data de Data de Data de Data de construçãoconstruçãoconstruçãoconstrução
Data de Data de Data de Data de construçãoconstruçãoconstruçãoconstrução InvestimentoInvestimentoInvestimentoInvestimentoInvestimentoInvestimentoInvestimentoInvestimento Duração Duração Duração Duração
percursopercursopercursopercurso
Duração Duração Duração Duração percursopercursopercursopercurso
2013/20182013/2018 EUR 2 500 milhõesEUR 2 500 milhões 2 1/2 - 3 horas2025
(quota de mercado)
Com Efeito de Com Efeito de Com Efeito de Com Efeito de RedeRedeRedeRede
Sem Efeito de Sem Efeito de Sem Efeito de Sem Efeito de RedeRedeRedeRede
Sem Efeito de Sem Efeito de Sem Efeito de Sem Efeito de RedeRedeRedeRede
1.6 milhões(13.0%)
1.6 milhões(13.0%)
2025(quota de mercado)
2.5 milhões(20.0%)
2 1/2 - 3 horas
Fonte: “A Alta Velocidade em Portugal” , conferência promovida pela RAVE e pelo Diário Económico
O investimento necessário à construção dos dois sub-troços ascende a cerca de EUR 9 mi-
lhões por quilómetro (valores actualizados), no entanto, as estimativas para o rácio investi-
mento/passageiros transportados anualmente apontam para um valor bastante elevado (EUR
1 000), indiciando níveis de procura relativamente modestos (ver figura 1.29).
A futura ligação Faro-Huelva, para além de poder levar ao desenvolvimento de um novo pólo
turístico no interior de Portugal (aproveitando as potencialidades da barragem do Alqueva),
tem óbvias vantagens para o Algarve, ao ligar esta região do país a toda a Península Ibérica,
em especial a Madrid – mercado de elevado interesse para o sector turístico Algarvio tendo
em conta os níveis de concentração populacional e de rendimento per capita que caracteri-
zam a capital espanhola. No entanto, existe já uma ligação ferroviária em rede convencional
que assegura a ligação Lisboa - Faro, pelo que, a hipótese de reconversão desta linha para
alta velocidade deverá ser equacionada, estabelecendo-se a ligação a Madrid via Sevilha (do-
tando desta forma a Península Ibérica – e Portugal – de uma rede de alta velocidade em
condições de servir toda a costa Atlântica portuguesa).
No entanto, a futura ligação Faro-Madrid será composta por dois trajectos alternativos – Ma-
drid – Évora - Faro e Madrid – Sevilha - Faro–, que irão competir entre si, o que, tendo em
conta os montantes de investimento associados a este tipo de infra-estruturas, poderá reve-
lar-se numa estratégia desajustada. Mais: a construção de apenas um dos sub-troços referi-
1. O sector ferroviário em Portugal.
31
dos (Faro-Huelva ou Faro-Évora) deverá, à partida, assegurar o objectivo de ligação do Al-
garve a Madrid.
Uma última nota para o facto de a futura ligação Évora – Faro permitir rentabilizar também a
infra-estrutura Lisboa-Madrid, visto que acaba por gerar mais tráfego naquela linha.
5.2. Financiamento do projecto de alta velocidade.
O custo total associado ao projecto de alta velocidade ascende a cerca de EUR 12 mil mi-
lhões, sendo que a estrutura de financiamento da operação envolve a participação do Esta-
do, de Fundos Comunitário e de capitais privados. A figura 1.30 retrata este situação.
Figura 1.30. Fontes de financiamento do projecto de alta velocidade.
Fundos de coesão 30% - 40%
Feder 15% - 20%
Orçamento de Estado 10% - 20%
Banco Europeu de Investimentos 15% - 20%
Rede Transeuropeia de transportes (UE) 5% - 10%
Capitais privados 15% - 30%
Fontes: Ministério das Obras Públicas, Transportes e Habitação
Figura 1.31. Investimento/ passageiros transportados anualmente
111 137
280
228 254
506
9891000
X 4
X 4
X 2
111 137
280
228 254
506
9891000
X 4
X 4
X 2
111 137
280
228 254
506
9891000
X 4
X 4
X 2
Paris - Lyon TGV Atlantique TGV Mediterranne
Lisboa - Porto Lisboa – Madrid Porto - Vigo Aveiro -Salamanca
Évora – Faro (-Huelva)
Fontes: SNCF, Levinson, D.“The full cost of high-speed rail: an engeneering approach”; Collelo, J.D.”The development of high
speed network in France”; Espírito Santo Research - Research Sectorial
Ora, pela análise da figura 1.31, verificamos que os valores de investimento por passageiros
transportados anualmente diferem significativamente de linha para linha. Mais: as futuras
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
32
ligações Porto-Vigo, Aveiro-Salamanca e Évora-Faro (-Huelva) apresentam valores claramen-
te acima das restantes linhas de alta velocidade da amostra. Este critério, que reflecte o po-
tencial de procura em cada linha, leva-nos assim a concluir que os projectos mais interessan-
tes na óptica do investimento privado (leia-se, maior potencial de rentabilização) serão as
futuras ligações ferroviárias de alta velocidade entre Lisboa – Porto e Lisboa – Madrid.
6. Transporte de mercadorias.
Na última década, o modo rodoviário registou um forte crescimento, tanto a nível do trans-
porte de passageiros como no transporte de mercadorias. Esta situação é, aliás, claramente
evidenciada pela figura 1.32: apesar do aumento do grau de abertura da economia portu-
guesa, em grande parte devido ao estreitar das relações com os restantes Estados-Membros,
o tráfego de mercadorias efectuado através do modo ferroviário manteve-se estagnado no
que se refere à quantidade de toneladas transportadas.
No entanto, a análise das quotas de mercado do modo ferroviário na UE–15 (excluindo o
transporte marítimo), no que se refere ao transporte de mercadorias (ver figura 1.33), leva-
nos a concluir que, a realidade ferroviária portuguesa não difere muito da dos seus parceiros
comunitários.
Figura 1.32. Grau de abertura da economia portuguesa, PIB e transporte ferroviário de mer-
cadorias (toneladas), 1997-2002.
90
95
100
105
110
115
120
1997 1998 1999 2000 2001 200230%
35%
40%
45%
50%
PIB a preços constantes (1997=100)Escala da esquerda
Grau de abertura (em % PIB)*Escala da direita
9 281 9 075 9 046
9 265
8 966
9 309
1997 1998 1999 2000 2001 2002
CAGR = -0.3%
Fonte: INE
Não deixa de ser preocupante o facto de o modo ferroviário representar apenas 1% do trá-
fego de mercadorias com destino ao exterior (ver figura 1.34), quando cerca de 80% das
exportações portuguesas têm como destino Espanha.
Esta situação é, em parte, explicada pela opção pela bitola ibérica - incompatível com a bito-
la europeia utilizada, por exemplo, em França –, resultando na ausência de interoperabilida-
de e na redução substancial da competitividade do modo ferroviário vis-à-vis outros modos
1. O sector ferroviário em Portugal.
33
de transporte. O que, associado à existência de acessos rodoviários mais directos, promove
(cada vez mais) o recurso à rodovia na exportação dos produtos nacionais.
Figura 1.33. Quota de mercado das ferrovias no transporte de mercadorias, excluindo o
transporte marítimo (percentagem).
2,3
3,9
7
8,2
8,6
8,9
9,7
12,9
15,2
15,8
16
26,6
37,2
38,2
Grécia
Holanda
Irlanda
Itália
Dinamarca
Espanha
Reino Unido
Portugal
Alemanha
França
Bélgica
Finlandia
Austria
Suécia
Média UE = 13.8 Fonte: European Union Road Federation
Figura 1.34. Tráfego internacional de mercadorias intra UE15, por modo de transporte e por
destino.
78.4%
100%
12.6%3.4%
5.7%
Espanha França Itália Outros Total
78.4%
100%
12.6%3.4%
5.7%
Espanha França Itália Outros Total54.6% 61.6%
44.1%37.0%
1996 2002
1.2%1.0%
EUR 38.2 mil milhões
Rodoviário
Marítimo
Ferrovia 78.4%
100%
12.6%3.4%
5.7%
Espanha França Itália Outros Total
78.4%
100%
12.6%3.4%
5.7%
Espanha França Itália Outros Total54.6% 61.6%
44.1%37.0%
1996 2002
1.2%1.0%
EUR 24.3 mil milhões EUR 38.2 mil milhões
Rodoviário
Marítimo
Ferrovia
Fonte: INE
Conforme se pode verificar pela figura 1.35, para além de uma maior distância no percurso
da ligação internacional Sines – Elvas, o modo ferroviário atinge uma velocidade média de 38
Km/hora, um valor muito inferior ao objectivo comunitário para 2010, explicitado no Livro
Branco dos Transportes, de uma velocidade de média de 80 Km/hora na circulação de mer-
cadorias na rede transeuropeia de transportes ferroviários.
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
34
Figura 1.35. Tempos de percurso das ligações ferroviárias e rodoviárias internacionais.
340n.d.n.d.349Lisboa Lisboa Lisboa Lisboa –––– Vilar Vilar Vilar Vilar FormosoFormosoFormosoFormoso
Porto Porto Porto Porto –––– Vilar Vilar Vilar Vilar FormosoFormosoFormosoFormoso
Sines Sines Sines Sines –––– ElvasElvasElvasElvas
Sines Sines Sines Sines ---- MarvMarvMarvMarvããããoooo
235n.d.n.d.283
24637.9600379
283n.d.n.d.469
Distância (Km)Km/hTempo de Percurso (minutos)Distância (Km)
LigaLigaLigaLigaçãçãçãção Rodovio Rodovio Rodovio RodoviááááriariariariaLigaLigaLigaLigaçãçãçãção Ferrovio Ferrovio Ferrovio Ferroviááááriariariaria
340n.d.n.d.349Lisboa Lisboa Lisboa Lisboa –––– Vilar Vilar Vilar Vilar FormosoFormosoFormosoFormoso
Porto Porto Porto Porto –––– Vilar Vilar Vilar Vilar FormosoFormosoFormosoFormoso
Sines Sines Sines Sines –––– ElvasElvasElvasElvas
Sines Sines Sines Sines ---- MarvMarvMarvMarvããããoooo
235n.d.n.d.283
24637.9600379
283n.d.n.d.469
Distância (Km)Km/hTempo de Percurso (minutos)Distância (Km)
LigaLigaLigaLigaçãçãçãção Rodovio Rodovio Rodovio RodoviááááriariariariaLigaLigaLigaLigaçãçãçãção Ferrovio Ferrovio Ferrovio Ferroviááááriariariaria
Fonte: Ministério das Obras Públicas, Transportes e Habitação
Figura 1.36. Número de vagões transportados para o exterior, por fronteira.
Nº Vagões
Nº Vagões % do
total
% do total
527527
1,71,7
Nº Vagões
Nº Vagões % do
total
% do total
16 22216 222
54,554,5
Nº Vagões
Nº Vagões % do
total
% do total
10 01810 018
33,633,6
Nº Vagões
Nº Vagões % do
total
% do total
3 0003 000
10,110,1
Fonte: Renfe
De notar que, a exportação por via ferroviária, medida em número de vagões que atraves-
sam a fronteira é efectuada, na sua maioria, pela fronteira de Vilar Formoso (seguindo aliás,
1. O sector ferroviário em Portugal.
35
a tendência que se observa também no modo rodoviário, através da IP5 – que assegura a
ligação internacional de Portugal via Vilar Formoso). A figura 1.36 retrata esta situação.
No que se refere ao tipo de produtos transportados pelo modo ferroviário, verificamos que o
cimento, o carvão e a areia representam mais de 50% do total (ver figura 1.37). Mais: os 10
maiores clientes da CP são responsáveis por 73% do tráfego total de mercadorias.
Figura 1.37. Distribuição do tráfego ferroviário por tipo de mercadoria (2002).
CarvãoeCinzas
Cimento Areia Contentores Madeira ePasta
Pedra Minérios Cereais/Rações
Autos &Compo-nentes
Prod.Siderúrgicos
Outros Total
29.8%
21.3%8.2%
7.9%5.7%
4.2%
2.9%
8.2% 100%
3.5%3.4%
4.9%
Fonte: CP
6.1. Transporte de mercadorias: o potencial do sector ferroviário.
A atractividade e rentabilidade de uma solução ferroviária no transporte de mercadorias de-
penderá, em grande medida, da densidade e concentração de clientes bem como do tipo de
mercadoria envolvida. Neste sentido, o mercado de transporte de mercadorias contentoriza-
das (em que a densidade e concentração de clientes tende a ser mais elevada) apresenta-se
como a hipótese de maior rentabilidade e atractividade para o mercado da ferrovia. A figura
1.38 retrata esta situação.
No entanto, no transporte de carga a granel, a ferrovia apresenta um forte potencial de cap-
tura de quota de mercado, nomeadamente, no caso de cargas de elevado volume (que pela
sua natureza tornam inviável a opção rodoviária) e para trajectos de longa distância.
Por outras palavras, a ferrovia apresenta-se como uma opção viável no transporte de carga
a granel entre portos e clientes específicos, numa lógica de transporte ponto a ponto (em
não existe a necessidade de recorrer à distribuição capilar das mercadorias, quer na origem,
quer no destino).
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
36
Figura 1.38. Impacto das mercadorias, densidade e concentração de clientes no mercado de
transporte ferroviário.
Baixa Alta
Densidade/ concentração de clientesDensidade/ concentração de clientesDensidade/ concentração de clientesDensidade/ concentração de clientes
Tipo de cargaTipo de cargaTipo de cargaTipo de carga
Granel
Contentores Negócio pouco rentável para a ferrovia
Mercado da ferroviaMercado da ferroviaMercado da ferroviaMercado da ferrovia
Negócio pouco rentável para a ferrovia
Tráfegos principais da CP
(cimento, cinzas, areia)
Potencial ganho de quota de marcado nas mercadorias paletizadase contentores (clientes
multiproduto)
Fonte: Espírito Santo Research – Research Sectorial
O transporte de mercadorias entre grandes clientes e grandes áreas de consumo (como Lis-
boa e Porto) ou de fluxos em zonas de forte actividade industrial, poderá ser, igualmente,
um mercado potencial para a ferrovia. No entanto, o modo rodoviário é, actualmente, a so-
lução mais viável neste mercado devido, essencialmente, às vantagens que apresenta no
transporte de mercadorias porta-a-porta (fiabilidade, flexibilidade de rotas, número de
trajectos diários), especialmente no que diz respeito ao transporte de cargas paletizadas e
contentotirzadas. Para que a ferrovia se apresente como uma solução competitiva neste
mercado, será fundamental a construção de terminais de consolidação/desconsolidação de
cargas, bem como uma forte capacidade de distribuição capilar no destino.
6.2. Infra-estruturas relevantes.
A eficiência e o nível de competitividade do modo ferroviário no transporte de mercadorias
está, como anteriormente referimos, fortemente dependente da existência de infra-
estruturas terrestres que permitam a intermodalidade entre os diversos modos de transpor-
te, promovendo desta forma uma maior eficiência no serviço porta-a-porta. A figura 1.39
ilustra as ligações ferroviárias que deverão permitir que este modo de transporte se afirme
cada vez mais no mercado nacional (e internacional) de transporte de mercadorias, assu-
1. O sector ferroviário em Portugal.
37
mindo a construção e desenvolvimento das necessárias infra-estruturas de apoio a esta acti-
vidade.
Figura 1.39. Infra-estruturas ferroviárias relevantes.
InfraInfraInfraInfraInfraInfraInfraInfra--------estruturas estruturas estruturas estruturas estruturas estruturas estruturas estruturas ferroviárias para ferroviárias para ferroviárias para ferroviárias para ferroviárias para ferroviárias para ferroviárias para ferroviárias para transporte de transporte de transporte de transporte de transporte de transporte de transporte de transporte de mercadoriasmercadoriasmercadoriasmercadoriasmercadoriasmercadoriasmercadoriasmercadorias
Ligação ferroviária dos principais portos a Ligação ferroviária dos principais portos a Ligação ferroviária dos principais portos a Ligação ferroviária dos principais portos a EspanhaEspanhaEspanhaEspanha
Ligação ferroviária dos principais portos a Ligação ferroviária dos principais portos a Ligação ferroviária dos principais portos a Ligação ferroviária dos principais portos a Ligação ferroviária dos principais portos a Ligação ferroviária dos principais portos a Ligação ferroviária dos principais portos a Ligação ferroviária dos principais portos a EspanhaEspanhaEspanhaEspanhaEspanhaEspanhaEspanhaEspanha
Ligação ferroviária entre os principais Ligação ferroviária entre os principais Ligação ferroviária entre os principais Ligação ferroviária entre os principais portos nacionaisportos nacionaisportos nacionaisportos nacionais
Ligação ferroviária entre os principais Ligação ferroviária entre os principais Ligação ferroviária entre os principais Ligação ferroviária entre os principais Ligação ferroviária entre os principais Ligação ferroviária entre os principais Ligação ferroviária entre os principais Ligação ferroviária entre os principais portos nacionaisportos nacionaisportos nacionaisportos nacionaisportos nacionaisportos nacionaisportos nacionaisportos nacionais
Ligação NorteLigação NorteLigação NorteLigação Norte----Sul descongestionada Sul descongestionada Sul descongestionada Sul descongestionada Ligação NorteLigação NorteLigação NorteLigação NorteLigação NorteLigação NorteLigação NorteLigação Norte--------Sul descongestionada Sul descongestionada Sul descongestionada Sul descongestionada Sul descongestionada Sul descongestionada Sul descongestionada Sul descongestionada Ligação com outros meios de transporte, Ligação com outros meios de transporte, Ligação com outros meios de transporte, Ligação com outros meios de transporte, por intermédio de Plataformas por intermédio de Plataformas por intermédio de Plataformas por intermédio de Plataformas intermodaisintermodaisintermodaisintermodais
Ligação com outros meios de transporte, Ligação com outros meios de transporte, Ligação com outros meios de transporte, Ligação com outros meios de transporte, Ligação com outros meios de transporte, Ligação com outros meios de transporte, Ligação com outros meios de transporte, Ligação com outros meios de transporte, por intermédio de Plataformas por intermédio de Plataformas por intermédio de Plataformas por intermédio de Plataformas por intermédio de Plataformas por intermédio de Plataformas por intermédio de Plataformas por intermédio de Plataformas intermodaisintermodaisintermodaisintermodaisintermodaisintermodaisintermodaisintermodais
Fonte: Espírito Santo Research – Research Sectorial
Nesta matéria, realçamos o facto de, à excepção do porto de Aveiro (embora a respectiva
ligação à linha do Norte se encontre programada brevemente), os porto nacionais se encon-
trarem já ligados à rede ferroviária nacional. A operação de modernização da linha do Algar-
ve e o descongestionamento da linha do Norte - expectável depois da entrada em operação
da rede de alta velocidade –, deverão permitir o aumento das velocidades praticadas no
transporte de mercadorias, “aproximando”, cada vez mais, os portos nacionais dos respecti-
vos destinos. No entanto, será também imperativo, de forma a viabilizar o sistema portuário
nacional (como veremos no capítulo 2) e a ferrovia, efectuar as respectivas ligações ferroviá-
rias entre o nosso país e Espanha.
Neste sentido, e no que se refere às ligações ferroviárias a Espanha no Norte do País, as
operações de modernização da linha da Beira Alta estão já concluídas, estando, desta forma,
assegurada a ligação entre a linha do Norte e a fronteira de Vilar Formoso (promovendo o
transporte ferroviário de mercadorias dos portos de Leixões e de Aveiro com destino ao mer-
cado espanhol). A figura 1.40 retrata esta situação. No que se refere à nova ligação ferroviá-
ria de alta velocidade Aveiro – Salamanca, e tal como referimos anteriormente, não foi, até
agora, tomada uma decisão sobre a possibilidade de utilização desta linha para o transporte
de mercadorias.
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
38
No que diz respeito às ligações ferroviárias a Espanha no Sul do país, encontra-se já em fase
de construção o troço Sines – Casa Branca, estando prevista a construção de uma linha ex-
clusiva de mercadorias que irá ligar Évora a Badajoz, aproveitando o canal onde será cons-
truída a futura ligação ferroviária de alta velocidade entre Lisboa e Madrid (ver figura 1.40).
Figura 1.40. Ligações ferroviárias a Espanha.
Nova linhaLinhas actuais
Lisboa, Sines, Setúbal
Ligação ferroviária a Espanha a Norte do Tejo
Lisboa, Sines, Setúbal
Ligação ferroviária a Espanha a Norte do Tejo
Nova linhaLinhas actuais
Fonte: Espírito Santo Research – Research Sectorial
Esta ligação ferroviária, cujo investimento ascende a várias centenas de milhões de euros,
será de extrema importância na dinamização do Porto de Sines (bem como do porto de Se-
túbal), permitindo competir com outros portos ibéricos no que se refere ao abastecimento do
maior centro de consumo da Península Ibérica, Madrid.
A ligação ferroviária entre o Norte e o Sul do rio Tejo é também uma variável chave no esta-
belecimento da competitividade da ferrovia como modo de transporte de mercadorias alter-
nativo. Actualmente, são duas as alternativas de ligação ferroviária entre as margens do rio
Tejo: a ligação em Setil e a travessia ferroviária na ponte 25 de Abril (esta última sujeita a
restrições e a condicionamentos técnicos). Mais: face às perspectivas para o tráfego ferrovi-
ário de mercadorias, as ligações referidas apresentam capacidade para evitar estrangula-
mentos. No entanto, está a ser, actualmente, equacionada, por parte das autoridades com-
petentes, a possibilidade de construção de uma nova travessia ferroviária sobre o Tejo.
1. O sector ferroviário em Portugal.
39
Por último, será fundamental a conjugação das ligações ferroviárias referidas com a constru-
ção de plataformas logísticas intermodais (ver figura 1.41), permitindo a criação de uma ca-
deia de transporte eficiente no serviço porta-a-porta , em que o modo ferroviário se apre-
senta como uma alternativa viável no transporte de mercadorias.
Figura 1.41. Possível localização de plataformas intermodais.
AveiroAveiroAveiroAveiroAveiroAveiroAveiroAveiro
LisboaLisboaLisboaLisboaLisboaLisboaLisboaLisboa
RodoviaRodoviaRodoviaRodoviaRodoviaRodoviaRodoviaRodovia FerroviaFerroviaFerroviaFerroviaFerroviaFerroviaFerroviaFerrovia
A1 (Porto), A1 (Porto), A1 (Porto), A1 (Porto), A2 (Faro) eA2 (Faro) eA2 (Faro) eA2 (Faro) e
A6 (Espanha)A6 (Espanha)A6 (Espanha)A6 (Espanha)
A1 (Porto), A1 (Porto), A1 (Porto), A1 (Porto), A2 (Faro) eA2 (Faro) eA2 (Faro) eA2 (Faro) e
A6 (Espanha)A6 (Espanha)A6 (Espanha)A6 (Espanha)
Linha do NorteLinha do NorteLinha do NorteLinha do NorteLinha do Algarve e Linha do Algarve e Linha do Algarve e Linha do Algarve e futura ligação a futura ligação a futura ligação a futura ligação a
Badajoz (Badajoz (Badajoz (Badajoz ( ---- Madrid)Madrid)Madrid)Madrid)
Linha do NorteLinha do NorteLinha do NorteLinha do NorteLinha do Algarve e Linha do Algarve e Linha do Algarve e Linha do Algarve e futura ligação a futura ligação a futura ligação a futura ligação a
Badajoz (Badajoz (Badajoz (Badajoz ( ---- Madrid)Madrid)Madrid)Madrid)
FaroFaroFaroFaroFaroFaroFaroFaro
RodoviaRodoviaRodoviaRodoviaRodoviaRodoviaRodoviaRodovia
RodoviaRodoviaRodoviaRodoviaRodoviaRodoviaRodoviaRodovia FerroviaFerroviaFerroviaFerroviaFerroviaFerroviaFerroviaFerrovia
FerroviaFerroviaFerroviaFerroviaFerroviaFerroviaFerroviaFerrovia
A2 (Lisboa), A2 (Lisboa), A2 (Lisboa), A2 (Lisboa), Via do Infante Via do Infante Via do Infante Via do Infante
(Algarve)(Algarve)(Algarve)(Algarve)
A2 (Lisboa), A2 (Lisboa), A2 (Lisboa), A2 (Lisboa), Via do Infante Via do Infante Via do Infante Via do Infante
(Algarve)(Algarve)(Algarve)(Algarve)
Linha do Algarve Linha do Algarve Linha do Algarve Linha do Algarve futura ligação Faro ---- HuelvaHuelvaHuelvaHuelva
Linha do Algarve Linha do Algarve Linha do Algarve Linha do Algarve futura ligação Faro futura ligação Faro futura ligação Faro futura ligação Faro
---- HuelvaHuelvaHuelvaHuelva
A1 (Litoral)A1 (Litoral)A1 (Litoral)A1 (Litoral)IP5 (Espanha)IP5 (Espanha)IP5 (Espanha)IP5 (Espanha)
A1 (Litoral)A1 (Litoral)A1 (Litoral)A1 (Litoral)IP5 (Espanha)IP5 (Espanha)IP5 (Espanha)IP5 (Espanha)
Linha do NorteLinha do NorteLinha do NorteLinha do NorteAveiroAveiroAveiroAveiro ---- SalamancaSalamancaSalamancaSalamanca
ou Linha da Beira Alta ou Linha da Beira Alta ou Linha da Beira Alta ou Linha da Beira Alta (via (via (via (via PampilhosaPampilhosaPampilhosaPampilhosa ))))
Linha do NorteLinha do NorteLinha do NorteLinha do NorteAveiroAveiroAveiroAveiro ---- SalamancaSalamancaSalamancaSalamanca
ou Linha da Beira Alta ou Linha da Beira Alta ou Linha da Beira Alta ou Linha da Beira Alta (via (via (via (via PampilhosaPampilhosaPampilhosaPampilhosa ))))
PortoPortoPortoPortoPortoPortoPortoPorto
RodoviaRodoviaRodoviaRodoviaRodoviaRodoviaRodoviaRodovia FerroviaFerroviaFerroviaFerroviaFerroviaFerroviaFerroviaFerrovia
A1 (Litoral)A1 (Litoral)A1 (Litoral)A1 (Litoral)A3 (Braga)A3 (Braga)A3 (Braga)A3 (Braga)
A4 (Vila Real)A4 (Vila Real)A4 (Vila Real)A4 (Vila Real)IC1 (Viana do Castelo)IC1 (Viana do Castelo)IC1 (Viana do Castelo)IC1 (Viana do Castelo)
A1 (Litoral)A1 (Litoral)A1 (Litoral)A1 (Litoral)A3 (Braga)A3 (Braga)A3 (Braga)A3 (Braga)
A4 (Vila Real)A4 (Vila Real)A4 (Vila Real)A4 (Vila Real)IC1 (Viana do Castelo)IC1 (Viana do Castelo)IC1 (Viana do Castelo)IC1 (Viana do Castelo)
Linha do NorteLinha do NorteLinha do NorteLinha do NorteLinha do NorteLinha do NorteLinha do NorteLinha do Norte
AveiroAveiroAveiroAveiroAveiroAveiroAveiroAveiro
LisboaLisboaLisboaLisboaLisboaLisboaLisboaLisboa
RodoviaRodoviaRodoviaRodoviaRodoviaRodoviaRodoviaRodovia FerroviaFerroviaFerroviaFerroviaFerroviaFerroviaFerroviaFerrovia
A1 (Porto), A1 (Porto), A1 (Porto), A1 (Porto), A2 (Faro) eA2 (Faro) eA2 (Faro) eA2 (Faro) e
A6 (Espanha)A6 (Espanha)A6 (Espanha)A6 (Espanha)
A1 (Porto), A1 (Porto), A1 (Porto), A1 (Porto), A2 (Faro) eA2 (Faro) eA2 (Faro) eA2 (Faro) e
A6 (Espanha)A6 (Espanha)A6 (Espanha)A6 (Espanha)
Linha do NorteLinha do NorteLinha do NorteLinha do NorteLinha do Algarve e Linha do Algarve e Linha do Algarve e Linha do Algarve e futura ligação a futura ligação a futura ligação a futura ligação a
Badajoz (Badajoz (Badajoz (Badajoz ( ---- Madrid)Madrid)Madrid)Madrid)
Linha do NorteLinha do NorteLinha do NorteLinha do NorteLinha do Algarve e Linha do Algarve e Linha do Algarve e Linha do Algarve e futura ligação a futura ligação a futura ligação a futura ligação a Badajoz (Madrid)Badajoz (Madrid)Badajoz (Madrid)Badajoz (Madrid)
FaroFaroFaroFaroFaroFaroFaroFaro
RodoviaRodoviaRodoviaRodoviaRodoviaRodoviaRodoviaRodovia
RodoviaRodoviaRodoviaRodoviaRodoviaRodoviaRodoviaRodovia FerroviaFerroviaFerroviaFerroviaFerroviaFerroviaFerroviaFerrovia
FerroviaFerroviaFerroviaFerroviaFerroviaFerroviaFerroviaFerrovia
A2 (Lisboa), A2 (Lisboa), A2 (Lisboa), A2 (Lisboa), Via do Infante Via do Infante Via do Infante Via do Infante
(Algarve)(Algarve)(Algarve)(Algarve)
A2 (Lisboa), A2 (Lisboa), A2 (Lisboa), A2 (Lisboa), Via do Infante Via do Infante Via do Infante Via do Infante
(Algarve)(Algarve)(Algarve)(Algarve)
Linha do Algarve Linha do Algarve Linha do Algarve Linha do Algarve
---- HuelvaHuelvaHuelvaHuelva
Linha do Algarve Linha do Algarve Linha do Algarve Linha do Algarve futura ligação Faro futura ligação Faro futura ligação Faro futura ligação Faro
---- HuelvaHuelvaHuelvaHuelva
A1 (Litoral)A1 (Litoral)A1 (Litoral)A1 (Litoral)IP5 (Espanha)IP5 (Espanha)IP5 (Espanha)IP5 (Espanha)
A1 (Litoral)A1 (Litoral)A1 (Litoral)A1 (Litoral)IP5 (Espanha)IP5 (Espanha)IP5 (Espanha)IP5 (Espanha)
Linha do NorteLinha do NorteLinha do NorteLinha do NorteAveiroAveiroAveiroAveiro ---- SalamancaSalamancaSalamancaSalamanca
ou Linha da Beira Alta ou Linha da Beira Alta ou Linha da Beira Alta ou Linha da Beira Alta (via (via (via (via PampilhosaPampilhosaPampilhosaPampilhosa ))))
Linha do NorteLinha do NorteLinha do NorteLinha do NorteAveiro Aveiro Aveiro Aveiro ---- SalamancaSalamancaSalamancaSalamancaou Linha da Beira Alta ou Linha da Beira Alta ou Linha da Beira Alta ou Linha da Beira Alta (via (via (via (via PampilhosaPampilhosaPampilhosaPampilhosa))))
PortoPortoPortoPortoPortoPortoPortoPorto
RodoviaRodoviaRodoviaRodoviaRodoviaRodoviaRodoviaRodovia FerroviaFerroviaFerroviaFerroviaFerroviaFerroviaFerroviaFerrovia
A1 (Litoral)A1 (Litoral)A1 (Litoral)A1 (Litoral)A3 (Braga)A3 (Braga)A3 (Braga)A3 (Braga)
A4 (Vila Real)A4 (Vila Real)A4 (Vila Real)A4 (Vila Real)IC1 (Viana do Castelo)IC1 (Viana do Castelo)IC1 (Viana do Castelo)IC1 (Viana do Castelo)
A1 (Litoral)A1 (Litoral)A1 (Litoral)A1 (Litoral)A3 (Braga)A3 (Braga)A3 (Braga)A3 (Braga)
A4 (Vila Real)A4 (Vila Real)A4 (Vila Real)A4 (Vila Real)IC1 (Viana do Castelo)IC1 (Viana do Castelo)IC1 (Viana do Castelo)IC1 (Viana do Castelo)
Linha do NorteLinha do NorteLinha do NorteLinha do NorteLinha do NorteLinha do NorteLinha do NorteLinha do Norte
Fonte: Espírito Santo Research – Research Sectorial
7. Conclusões.
Os projectos em curso para o sector ferroviário deverão alterar o panorama do sistema naci-
onal de transportes, nomeadamente, no que se refere ao peso do modo ferroviário no trans-
porte de mercadorias em que a tendência de estagnação verificada nos últimos anos poderá
ser invertida. As ligações ferroviárias projectadas deverão permitir efectuar o tráfego de pas-
sageiros e de mercadorias entre o nosso país e os principais centros de consumo da Penínsu-
la Ibérica (leia-se, Madrid), através de um serviço porta-a-porta mais eficiente e de qualida-
de. No entanto, impõe-se uma futura articulação deste modo de transporte com o sistema
portuário nacional, com a rodovia e com a infra-estrutura aeroportuária, através da criação
de plataformas logísticas intermodais (possibilitando, desta forma, a transferência rápida e
eficiente dos passageiros e das mercadorias entre os diversos modos de transporte) que
permitam que o transporte ferroviário se afirme, cada vez mais, como uma alternativa viá-
vel/rentável no mercado de transporte de passageiros e de mercadorias.
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
40
41
2. O sistema portuário nacional.
1. Introdução.
Neste capítulo abordaremos a actual situação do sistema portuário nacional, apresentando
uma possível solução estratégica para tornar os portos portugueses mais eficientes e de
acordo com a importância crescente que se prevê que o meio de transporte marítimo venha
a ganhar.
Ao iniciarmos esta análise, e dada a posição privilegiada do nosso país em termos de locali-
zação – “porta de entrada” e/ou de “saída” do comércio europeu com várias outras zonas do
mundo –, o que é susceptível de conferir a Portugal uma posição de destaque em termos do
mercado de transbordo, pareceu-nos útil caracterizar, quer geograficamente, quer por modo
de transporte, as nossas relações comerciais com o exterior, bem como explicitar a tendên-
cia europeia (e mesmo mundial) quanto à utilização dos diferentes meios de transporte de
carga.
Figura 2.1. Comércio externo português em 2003 (EUR milhões e percentagem).
69 795
32 383
9 323
22 294
5 794
28 089
41 706
Total Sub -total UE Extra -UE Sub -total UE Extra -UE
Importações Exportações
100.0% 59.8% 77.3%
22.7%
40.2% 79.4%
20.6%
Fonte: INE
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
42
De acordo com os dados provisórios disponibilizados pelo INE para 2003 (ver figura 2.1), as
importações e as exportações possuem um peso no comércio externo português de 60% e
40%, respectivamente, representando as trocas com os países membros da UE-15 cerca de
80% do total (com destaque para a Espanha, responsável por quase metade das trocas en-
tre o nosso país e a Europa comunitária a 15 em termos de toneladas – valor que desce para
cerca de 32% caso analisemos o valor da mercadoria transportada).
Tendo em conta que os principais parceiros comerciais de Portugal são países da União Eu-
ropeia, não constitui surpresa que o principal modo de transporte utilizado nas exportações e
importações de mercadorias seja a rodovia (ver figura 2.2). O transporte rodoviário de mer-
cadorias apresenta, aliás, algumas vantagens face aos outros modos, de entre as quais po-
demos destacar: os reduzidos tempos de entrega porta-a-porta, a flexibilidade das rotas, a
elevada fiabilidade, a regularidade de serviços (o que, tudo resumido, se traduz num superi-
or nível do serviço prestado), e o facto de este ser o meio escolhido por excelência para o
transporte de mercadorias de elevado valor.
Figura 2.2. Comércio de Portugal com a UE-15 por modo de transporte em 2002 (percenta-
gem).
50.9%
38.9%
10.2%
71.3%
26.8%
1.9%
100.0%100.0%
Importações Rodoviário Marítimo Outros Exportações Rodoviário Marítimo Outros Fonte: INE
No entanto, a utilização da rodovia como principal meio de transporte de mercadorias pode-
rá estar seriamente comprometida, tendo em conta os efeitos negativos gerados pelo forte
crescimento registado nos últimos anos.
2. O sistema portuário nacional.
43
Na verdade, a Comissão Europeia (CE) estima que, actualmente, os custos externos da con-
gestão de infra-estruturas terrestres, de acidentes e poluição ascendam a cerca de 4% do
PIB da UE; em particular, sabe-se que cerca de 84% das emissões de CO2 e 90% dos custos
referentes a externalidades derivam do modo rodoviário. Não espanta, pois, que a CE esteja
cada vez mais empenhada em fomentar o transporte marítimo e ferroviário em detrimento
do rodoviário, adoptando políticas regulatórias que deverão combater as externalidades eco-
nómicas geradas por este meio de transporte.
Num futuro próximo, a solução poderá passar pelo desenvolvimento da intermodalidade en-
tre os modos de transporte marítimo, ferroviário, rodoviário e aéreo, fomentando uma cada
vez maior utilização dos dois primeiros.
2. Uma breve caracterização dos portos nacionais.
O sistema portuário português é composto por 9 portos1 (apresentados por ordem alfabéti-
ca): Aveiro, Faro, Figueira da Foz, Leixões, Lisboa, Portimão, Setúbal, Sines e Viana do Cas-
telo. No entanto, de entre estes, apenas Lisboa, Sines, Leixões e Setúbal apresentam um
nível relevante de actividade, representando mais de 90% do tráfego marítimo total de mer-
cadorias efectuado no nosso país (ver figura 2.12 e texto mais à frente). Apresentamos, a
seguir, uma breve caracterização dos quatro principais portos portugueses.
Porto de Lisboa
As actuais infra-estruturas existentes no porto de Lisboa permitem efectuar o tráfego de
todo o tipo de mercadorias; no entanto, tradicionalmente, o relevo vai para o tráfego de con-
tentores e granéis sólidos, que representam cerca de 46% e 38% do tráfego total, respecti-
vamente (ver figura 2.3). Nos últimos 10 anos, apenas o tráfego de carga contentorizada
contribuiu positivamente para a actividade do porto que, entre 1992 e 2003, registou uma
taxa de crescimento média anual para o tráfego de mercadorias de –1.4%. A quota do porto
de Lisboa a nível nacional neste tipo de tráfego ascende a cerca de 22%, o que lhe confere a
terceira posição no nosso ranking portuário.
É de referir que, no que diz respeito ao transporte de passageiros, o porto de Lisboa é cla-
ramente líder nacional, representando mais de 90% dos passageiros que desembarcam nos
portos portugueses, e tendo registado um crescimento anual de 8.6% entre 1992 e 2003
(ver figura 2.4). Mais: em 2003, de acordo com a Cruise Europe Association o porto de Lis-
1 Os portos cuja actividade única/largamente maioritária é a pesca escapam ao âmbito da análise aqui apresenta-
da, não se encontrando, por isso, aqui abrangidos.
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
44
boa foi o que mais navios de cruzeiro recebeu na Europa (264) seguido de S. Petersburgo
com 212 e Bergen com 192.
Figura 2.3. Tráfego de mercadorias efectuado no porto de Lisboa, 2003 (milhares de tonela-
das e percentagens).
12 471
5 759
4 790
1 452457
Total CargaContentorizada
GranéisSólidos
GranéisLíquidos
Carga GeralFraccionada
46.2%
38.4%
11.7%3.7%
100.0%
TCMA (92 -03) -1.4% +6.3% -1.3% -11.3% -2.6%
12 471
5 759
4 790
1 452457
Total CargaContentorizada
GranéisSólidos
GranéisLíquidos
Carga GeralFraccionada
46.2%
38.4%
11.7%3.7%
100.0%
TCMA (92 -03) -1.4% +6.3% -1.3% -11.3% -2.6%
Fonte: Administração portuária de Lisboa
Figura 2.4. Tráfego de navios de passageiros no porto de Lisboa.
0
50 000
100 000
150 000
200 000
250 000
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
0
50
100
150
200
250
300
Fonte: Administração portuária de Lisboa
NÀ de naviosNÀ de naviosNÀ de naviosNÀ de navios (escala da direita)(escala da direita)(escala da direita)(escala da direita)
NÀ de passageirosNÀ de passageirosNÀ de passageirosNÀ de passageiros (escala da esquerda)(escala da esquerda)(escala da esquerda)(escala da esquerda)
2. O sistema portuário nacional.
45
Este facto poderá estar relacionado com a crescente componente turística que vem caracte-
rizando a cidade de Lisboa. Em resultado desta realidade, os investimentos previstos para
este porto incluem a construção de um novo terminal de passageiros (que duplicará a capa-
cidade de recepção de passageiros do porto), cuja obra deverá estar concluída em
2006/2007, estimando-se que o seu custo possa ascender a cerca de EUR 30 milhões.
Porto de Sines
O porto de Sines é, actualmente, o principal porto nacional no tráfego de mercadorias, com
uma quota de mercado de 36%. As actuais infra-estruturas permitem efectuar o tráfego de
todo o tipo de mercadorias não possuindo, no entanto, qualquer terminal de passageiros. A
performance negativa do tráfego de granéis líquidos em Sines (ver figura 2.5), principal car-
ga movimentada neste porto – o que se encontra intimamente relacionado com o facto de
75% dos recursos energéticos do país serem movimentados a partir daí (crude, fuel oil e
gasóleo) – tem condicionado, em grande parte, o crescimento da actividade desenvolvida
neste porto que, entre 1992 e 2003, apresentou uma taxa de crescimento média anual de
apenas 0.44%.
Figura 2.5. Tráfego de mercadorias efectuado no porto de Sines, 2003 (milhares de tonela-
das e percentagens).
TCMA (92-03) 0.44% -0.64% 4.52% 14.89%
20 863
15 443
5 39624
Total Granéis líquidos Granéis sólidos Carga Geral
100.0% 74.0%
25.9%
0.1%
Fonte: Administração portuária de Sines
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
46
Articulado com o desenvolvimento recente do porto e com os investimentos em infra-
estruturas previstos, no médio e longo prazos, foi elaborado um master plan para a Zona
Industrial e Logística de Sines (ZILS) – plataforma industrial adjacente ao porto com cerca
de 2 mil hectares, dotada de bons acessos e infra-estruturas, cujo objectivo é apoiar o
transporte marítimo, ferroviário e rodoviário –, onde foram definidas áreas para a instalação
de actividades industriais, áreas de serviço, actividades logísticas e áreas reservadas. Actu-
almente, estão já instaladas na ZILS algumas empresas relevantes, como é o caso da Borea-
lis, Carbogal, CLS, EDP, Euroresinas, Ibera, Metalsines, Optimus, SCIAL, Shell, Petrogal, Re-
cipneu e Vodafone.
A Administração do Porto de Sines prevê ainda a criação de uma Zona de Actividades Logís-
ticas (ZAL), inserida na ZILS, cujo objectivo será potenciar os investimentos em curso no
porto. Na ZAL poderão vir a realizar-se operações logísticas de valor acrescentado sobre as
mercadorias como a consolidação ou a armazenagem, entre outras. Os dois grandes projec-
tos levados a cabo neste porto – o Terminal XXI (para tráfego de contentores) e o Terminal
de Gás Natural Liquefeito deverão permitir potenciar o crescimento da actividade portuária
em Sines (nomeadamente no primeiro caso) e, como tal, provocar alterações no panorama
do sistema portuário nacional.
Figura 2.6. Plano de investimentos no Terminal XXI.
CaracterCaracterCaracterCaracteríííísticassticassticassticas Fase 1Fase 1Fase 1Fase 1 Fase 3Fase 3Fase 3Fase 3
Cais (m)
Terrapleno (ha)
Gruas de cais
Quebra mar (m)
Capacidade (TEUs)
Emprego
Inicio de exploração
Fase 2Fase 2Fase 2Fase 2 Fase 4Fase 4Fase 4Fase 4
320
13.5
2
700
250 000
150
2003
550
23.5
5
1 050
600 000
350
2006/2007
750
30.0
7
1 350
900 000
500
2010
940
36.4
9/10
-
1 320 000
800
2015
EUR 131.5 MilhEUR 131.5 MilhEUR 131.5 MilhEUR 131.5 Milhõõõõeseseses EUR 97 MilhEUR 97 MilhEUR 97 MilhEUR 97 MilhõõõõesesesesTotalTotalTotalTotal
EUR 228.5 MilhEUR 228.5 MilhEUR 228.5 MilhEUR 228.5 Milhõõõõeseseses Fonte: Administração portuária de Sines
No que diz respeito ao Terminal XXI (ver figura 2.6), a parceria com a Autoridade Portuária
de Singapura (Port of Singapore Authority, PSA), que entrou em funcionamento em Maio de
2003, permitirá efectuar, em 2015, neste porto, o tráfego anual de TEU2 1.32 milhões, um
2 TEU – Truck equivalent unit = contentor de 20 pés (aproximadamente 6.6 metros).
2. O sistema portuário nacional.
47
valor superior ao total actualmente efectuado por todos os portos portugueses; já o Terminal
de Gás Natural Liquefeito, investimento da responsabilidade da concessionária Transgás
Atlântico (inaugurado em Janeiro de 2004) veio possibilitar a armazenagem de 240 mil m3 de
gás e a diversificação das fontes de abastecimento, o que se traduz numa redução do grau
de dependência do país relativamente a estas fontes.
Porto de Leixões
O porto de Leixões é o segundo principal porto nacional em termos de tráfego de carga, com
uma quota de mercado de 23%, tendo registado entre 1992 e 2003 uma taxa de crescimen-
to média anual de cerca de 1% (ver figura 2.7). Apesar de estar preparado para receber
todo o tipo de mercadorias (e também passageiros), os granéis líquidos constituem a activi-
dade de maior peso deste porto devido, essencialmente, ao fornecimento das refinarias da
Petrogal, Cepsa, Shell, BP e SVG. No entanto, tem sido o tráfego de contentores a compo-
nente que mais tem contribuído para a actividade desenvolvida em Leixões, apresentando
uma taxa de crescimento anual média nos últimos 10 anos ligeiramente inferior a 6%.
Figura 2.7. Tráfego de mercadorias efectuado no porto de Leixões, 2003 (milhares de tone-
ladas e percentagem).
TCMA(92-03) 1.05% -0.1% 5.85% 3.19% -6.44%
13 450
7 471
3 185
2 237
546 10
Total Granéis Líquidos CargaContentorizada
Granéis Sólidos Carga GeralFraccionada
Ro-Ro
-
55.6%100.0%
23.7%
16.6%
4.0% 0.1%
3.01%TCMA(92-03) 1.05% -0.1% 5.85% 3.19% -6.44%
13 450
7 471
3 185
2 237
546 10
Total Granéis Líquidos CargaContentorizada
Granéis Sólidos Carga GeralFraccionada
Ro-Ro *
-
55.6%100.0%
23.7%
16.6%
4.0% 0.1%
3.01%TCMA(92-03) 1.05% -0.1% 5.85% 3.19% -6.44%
13 450
7 471
3 185
2 237
546 10
Total Granéis Líquidos CargaContentorizada
Granéis Sólidos Carga GeralFraccionada
Ro-Ro
-
55.6%100.0%
23.7%
16.6%
4.0% 0.1%
3.01%TCMA(92-03) 1.05% -0.1% 5.85% 3.19% -6.44%
13 450
7 471
3 185
2 237
546 10
Total Granéis Líquidos CargaContentorizada
Granéis Sólidos Carga GeralFraccionada
Ro-Ro *
-
55.6%100.0%
23.7%
16.6%
4.0% 0.1%
3.01%
* Ro-Ro (Roll-on Roll-off): Transporte de mercadorias que se deslocam por meios próprios (camiões, automóveis) podendo ser
embarcadas ou desembarcadas sem a necessidade de gruas ou outros sistemas, em navios constituídos para esse efeito.
Fonte: Administração portuária de Douro e Leixões
Os investimentos actualmente previstos prendem-se com a necessidade de aumento da ca-
pacidade de navegabilidade do porto, de aumento da capacidade de movimentação de mer-
cadorias e de modernização de infra-estruturas (ver figura 2.8).
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
48
Figura 2.8. Principais investimentos previstos para o porto de Leixões.
ProjectoProjectoProjectoProjecto OrçamentoOrçamentoOrçamentoOrçamento ObjectivoObjectivoObjectivoObjectivo Data de conclusãoData de conclusãoData de conclusãoData de conclusão
Aprofundamento da bacia de rotação e do canal de acesso às docas interiores para fundos a 12m (Zh)
EUR 14 Milhões Aumento da capacidade de navegabilidade do porto
Jun. 05
EUR 10 Milhões Aumento de capacidade Fase de Projecto
n/d Eliminação do actual estrangulamento à passagem dos navios para as docas interiores
Fase de Projecto
Construção de um Terminal Multiusos no Molhe Sul
Construção de nova ponte móvel
Fonte: Administração portuária de Douro e Leixões
Porto de Setúbal
A quota do porto de Setúbal no mercado nacional de transporte marítimo de mercadorias
situa-se em 11%, o que confere a este porto a quarta posição do nosso ranking portuário.
Figura 2.9. Tráfego de mercadorias efectuado no porto de Setúbal, 2003 (milhares de tone-
ladas e percentagens).
TCMA(98-03)
-1.28% 0.07% -0.72% -4.54% -3.98% 19.67%
6 090
2 883
1 391
1 323
382 111
Total Graneis sólidos Carga fraccionada Graneis líquidos Carga ro-ro Cargacontentorizada
47.3%100.0%
22.8%
21.7%
6.3% 1.9%
Fonte: Administração portuária de Setúbal
As actuais infra-estruturas permitem o tráfego de todo o tipo de mercadorias, representando
os granéis sólidos e a carga fraccionada cerca de 70% do tráfego total (ver figura 2.9). De
2. O sistema portuário nacional.
49
destacar a posição de liderança deste porto no tráfego de carga Roll-on Roll-off (conhecido
na gíria como tráfego ro-ro), situação intimamente ligada à actividade desenvolvida pela
unidade produtiva da AutoEuropa, bem como a sua proximidade física de Setúbal (sensivel-
mente 10 km). No período em análise, o porto de Setúbal registou uma taxa de crescimento
média anual de –1.3%, sendo que, para esta evolução, apenas o tráfego de granéis sólidos e
carga contentorizada contribuíram positivamente.
Nos investimentos previstos para o porto de Setúbal incluem-se a reabilitação e relocalização
de edifícios, estudos de extensão dos cais do terminal roll-on roll-off existentes, a construção
de novas acessibilidades e a recuperação ambiental e funcional do Terminal Eurominas, en-
tre outros (ver figura 2.10).
Figura 2.10. Plano de investimentos para o porto de Setúbal, 2003-2006 (EUR milhares).
Plano de custosPlano de custosPlano de custosPlano de custos InvestimentosInvestimentosInvestimentosInvestimentos 2003200320032003 2004200420042004 2005200520052005 2006200620062006 TOTAL TOTAL TOTAL TOTAL
Porto de PescaPorto de PescaPorto de PescaPorto de Pesca Reabilitação do Edifício da Lota e dos Cacifos para aprestos marítimos no porto de Setúbal 400 400
Melhoria das condições ambientais no porto de Sesimbra / Relocalização dos edif. de apoio à pesca 150 316 466
Ordenamento do Porto de Sesimbra 748 634 1 382
Zona ComercialZona ComercialZona ComercialZona Comercial Preparação da Zona 1 do Terminal Multiusos 89 558 750 1 397
Expansão do Terminal Ro-ro para jusante 2 630 2 630
Extensão do Cais do Terminal Ro-ro para montante - 1… fase (Estudos) 400 400
Extensão do Cais do Terminal Ro-ro para montante - 2… fase (Obra) 2 516 14 258 16 774
Construção de acessibilidades e recuperação funcional da área industrial do Moinho Novo 250 250 250 750
Recuperação Ambiental e Funcional do Terminal Eurominas e Acessos Terrestres - 1…fase (Estudos) 600 600
Recuperação Ambiental e Funcional do Terminal Eurominas e Acessos Terrestres - 2… fase (Obra) 2 300 20 700 23 000
Segurança, Ambiente, Qualidade e Informação Relocalização do Trem Naval de combate à poluição e de reboques 837 5 304 6 140
Plano de Monitorização Ambiental dos Portos de Setúbal e Sesimbra 78 325 382 784
VTS - Instalação de um sistema AIS 120 120
Equipamento de Pilotagem 250 800 1 050
Sistema Integrado de Informação e Gestão Portuária 450 100 550
Recuperação das Acessibilidades Marítimas 500 1 500 1 500 3 500
Frente RibeirinhaFrente RibeirinhaFrente RibeirinhaFrente Ribeirinha Reabilitação da Estacada 3 350 1 100 1 100 2 550
Reabilitação do Edifício do Cais 3 2 500 2 500 5 000
Reabilitação dos Edifícios Sede da APSS,SA 500 500
Instalações de Apoio à Náutica de Recreio a montante do porto (ex-Sorefame) 4 025 4 025 8 050
TOTALTOTALTOTALTOTAL 1 067 1 067 1 067 1 067 9 635 9 635 9 635 9 635 21 874 21 874 21 874 21 874 43 467 43 467 43 467 43 467 76 043 76 043 76 043 76 043
Fonte: Administração portuária de Setúbal
3. Os problemas do sistema portuário nacional.
A evolução do tráfego portuário nacional nos últimos anos e as quotas de mercado dos por-
tos atrás referidos (ver figuras 2.11 e 2.12), permite chegar a três conclusões principais:
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
50
(i) O tráfego marítimo de mercadorias tem crescido de forma incipiente desde 1992
(TCMA(1992-2003) = 0.57%) isto é, há mais de 10 anos;
(ii) Os portos de Lisboa, Sines, Leixões e Setúbal representam 91.8% do total do tráfego
portuário nacional;
(iii) Qualquer futura estratégia de desenvolvimento do sistema portuário nacional terá, as-
sim, que ter como pontos-chave estes 4 portos.
Figura 2.11. Tráfego marítimo de mercadorias, 1992-2003 (milhares de toneladas e percen-
tagens).
10 000
20 000
30 000
40 000
50 000
60 000
70 000
80 000
90 000
100 000
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
-15%
-10%
-5%
0%
5%
10%
15%
Fonte: INE
Figura 2.12. Quotas de mercado dos portos no transporte de mercadorias, 2003.
Sines 36.22%Leixões 23.35%Lisboa 21.65%Setúbal 10.57% 91.80%91.80%91.80%91.80%Aveiro 5.15%Viana do Castelo 1.38%Figueira da Foz 1.39%Faro 0.27%Portimão 0.02% 100.00%100.00%100.00%100.00%
Fontes: INE, Administrações portuárias
Não deixa de ser paradoxal que, perante o elevado montante de investimentos realizado em
infra-estruturas portuárias nos últimos anos (ver secção 1 deste Capítulo), tenha existido
Tráfego de mercadorias (escala da esquerda) Variação anual
(escala da direita)
2. O sistema portuário nacional.
51
uma quase-estagnação no crescimento do tráfego marítimo nacional desde 1992. No entan-
to, é possível destacar nove factores que terão contribuído para esta situação:
• O facto de a gestão dos portos se encontrar maioritariamente nas mãos do Estado (a ex-
periência diz-nos que a gestão privada é geradora de maior competitividade/eficiência);
• A obrigatoriedade do pagamento do IVA na importação de mercadorias (no caso de mer-
cadorias com origem intra-comunitária é exigida a apresentação de documentação ou,
em alternativa, é exigida uma garantia bancária; no caso de mercadorias com origem ex-
tra-comunitária o IVA é pago adiantadamente (isto é, logo que a mercadoria chega, e
antes de ela ser vendida) ou é efectuada a correspondente garantia bancária com um
período médio de recuperação de 90 dias, o que não acontece em outros portos euro-
peus (como é o caso de Roterdão, Antuérpia ou Algeciras) e que, portanto, é desfavorá-
vel para o nosso país;
• As taxas portuárias praticadas nos portos nacionais não reflectem uma estratégia de
competitividade, sendo definidas com o objectivo prioritário de maximização do retorno
financeiro da estrutura portuária. Mais: estas têm vindo a sofrer consecutivos aumentos
nos últimos anos, apesar da estagnação que se tem vindo a registar no sistema portuário
nacional;
• A rigidez das leis laborais e o baixo nível de qualificação da mão-de-obra, uma situação
que não afecta apenas o sector portuário mas o país como um todo, são geradores de
barreiras à eficiência, à competitividade e à produtividade;
• A pilotagem obrigatória para todos os navios que se movimentam nos portos nacionais
representa uma desvantagem relativamente ao que se passa internacionalmente, em
que, dependendo das características das embarcações envolvidas, elas poderão efectuar
as manobras autonomamente.
• A burocracia existente (que se reflecte nas diferenças de documentação para os outros
Estados-membros da UE e na complexidade dessa mesma documentação);
• A incompatibilidade e o baixo grau de informatização dos sistemas de informação não
permitem a redução dos tempos despendidos com os procedimentos administrativos;
• As limitações na capacidade de movimentação e o tempo de imobilização das mercadori-
as (limitações ao nível das infra-estruturas, deficientes ligações terrestres e diferenças de
infra-estruturas entre portos);
• Os portos nacionais estão orientados para o transporte marítimo de longa distância, não
promovendo a rapidez no manuseamento das mercadorias, a redução dos tempos de es-
pera e dos tempos de manobras de entrada e saída de navios.
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
52
Assim, ao compararmos a situação do sistema portuário nacional com a verificada em Espa-
nha torna-se evidente que, a manter-se a evolução dos últimos anos no que se refere ao
desenvolvimento dos portos portugueses, juntamente com a não resolução dos problemas
que acabámos de identificar, o afastamento já hoje existente face aos portos espanhóis em
termos de tráfego de mercadorias (ver figura 2.13) tenderá a agravar-se.
Figura 2.13. Projecção do tráfego marítimo de mercadorias em Portugal e Espanha até
2015*.
0
100
200
300
400
500
600
700
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Milhões de toneladas
* Assumindo a manutenção das taxas de crescimento médias anuais dos últimos dez anos, isto é, de 0.57% em Portugal e de
3.76% em Espanha.
Estimativas: Espírito Santo Research – Research Sectorial
Por exemplo, o tráfego marítimo efectuado no porto de Algeciras – o principal porto espa-
nhol – é superior ao total efectuado em Portugal e tem registado uma taxa de crescimento
média anual de 6.5% – e se considerarmos apenas o tráfego de contentores esta taxa sobe
para 11.1% (ver figura 2.14)!. No porto de Barcelona – o segundo principal porto espanhol –
a situação repete-se: o tráfego marítimo total e de contentores têm registado, nos últimos
anos, taxas de crescimento médias anuais de 6% e 11.8%, respectivamente (ver figura
2.15).
É ainda de realçar que os investimentos previstos para o porto de Algeciras incluem a dupli-
cação da capacidade de movimentação de contentores e a construção de uma Zona de Acti-
vidades Logísticas e que, para o porto de Barcelona, está prevista a expansão da actual Zona
de Actividades Logísticas (de 68 para 140 ha) e o aumento da capacidade de movimentação
PortugalPortugalPortugalPortugal
EspanhaEspanhaEspanhaEspanha
2. O sistema portuário nacional.
53
de mercadorias, através da duplicação da superfície do porto (que envolve a construção de
cinco novos terminais e de uma nova entrada marítima).
Figura 2.14. Tráfego de mercadorias e de contentores no porto de Algeciras, 1994-2003.
30
35
40
45
50
55
60
65
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
Milh
ões de
ton
elad
asMilh
ões de
ton
elad
asMilh
ões de
ton
elad
asMilh
ões de
ton
elad
as
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
Milhões de T
EUs
Milhões de T
EUs
Milhões de T
EUs
Milhões de T
EUs
Fonte: Puerto Bahía de Algeciras
Figura 2.15. Tráfego de mercadorias e de contentores no porto de Barcelona, 1994-2003.
15
20
25
30
35
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
Milh
ões de
ton
elad
asMilh
ões de
ton
elad
asMilh
ões de
ton
elad
asMilh
ões de
ton
elad
as
0.2
0.6
1.0
1.4
1.8
Milhões de T
EUs
Milhões de T
EUs
Milhões de T
EUs
Milhões de T
EUs
Fonte: Puerto de Barcelona
As actuais estimativas da Comissão Europeia para o mercado europeu de transporte maríti-
mo de mercadorias apontam para que o crescimento do movimento de carga contentorizada
seja o maior de entre os tipos de carga mais importantes (granéis sólidos, granéis líquidos,
carga geral e contentores), com quase 40% entre 2002 e 2010 (ver figura 2.16). Estas pro-
jecções poderão encontrar uma justificação no facto de o tráfego de contentores ser, reco-
MercadoriasMercadoriasMercadoriasMercadorias (escala da esquerda)(escala da esquerda)(escala da esquerda)(escala da esquerda)
ContentoresContentoresContentoresContentores (escala da dir(escala da dir(escala da dir(escala da direita)eita)eita)eita)
Mercadorias (escala da esquerda)(escala da esquerda)(escala da esquerda)(escala da esquerda)
ContentoresContentoresContentoresContentores (escala da dire(escala da dire(escala da dire(escala da direiiiita)ta)ta)ta)
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
54
nhecidamente, a actividade que melhor dinamiza o desenvolvimento de um porto, permitin-
do a intermodalidade no transporte das mercadorias, o estabelecimento dos serviços porta-
a-porta, a redução dos tempos de manuseamento, dos prazos de entrega bem como do pe-
ríodo de estacionamento dos navios.
Figura 2.16 - Projecções de crescimento para o tráfego marítimo europeu por tipo de carga,
2002-2010 (%).
0 10 20 30 40
Granéis Sólidos
Granéis Líquidos
Carga Geral
Contentores
Fonte: Comissão Europeia
Figura 2.17. Tráfego marítimo nacional de contentores até 2015*.
0
500 000
1 000 000
1 500 000
2 000 000
2 500 000
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
TEUs
TEUs
TEUs
TEUs
Lisboa Leixões Sines Total * Assumindo as taxas de crescimento médias anuais dos últimos 10 anos nos portos de Sines, Lisboa e Leixões, e o esgotamen-
to da capacidade de movimentação prevista para Sines até 2015 (uma vez que se prevê que Lisboa e Leixões esgotem a sua
capacidade em 2004 e 2007, respectivamente).
Estimativas: Espírito Santo Research – Research Sectorial
2. O sistema portuário nacional.
55
Assim, e sendo conhecido que a carga e descarga de contentores apenas é efectuada, em
Portugal, nos portos de Sines, Lisboa e Leixões, apenas Sines se encontra em condições de
potenciar o tráfego nacional de contentores (ver figura 2.17), dada a actual falta de capaci-
dade e de espaço físico para a construção de novas infra-estruturas, tanto no porto de Lis-
boa como de Leixões, e os avultados investimentos que tal implicaria – pelo que parece pos-
sível poder-se concluir que uma futura estratégia de desenvolvimento do sistema portuário
residirá na potenciação da actividade portuária em Sines (até como forma de rendibilizar os
investimentos que desde os anos setenta têm sistematicamente sido feitos neste porto sem
resultados visíveis).
4. O sucesso do porto de Sines e do sistema portuário nacional.
Existem, contudo, riscos que devem ser enfrentados/resolvidos para que este caminho possa
ser seguido com sucesso.
Figura 2.18. Densidade populacional e PIB per capita em Espanha*, 2001.
Densidade populacional
Baixa: 0 - 50 hab./km2
Média: 50 - 100 hab./km2
Alta: mais de 100 hab./km2
0 – 15 000
15 000 – 17 500
17 500 – 20 000
20 000 – 22 500
22 500 – 25 000
PIB per capita (PPP)
* PPP (Purchasing Power Parity) = Paridade do Poder de Compra
Fontes: INE e Eurostat
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
56
O primeiro factor é a construção e desenvolvimento das necessárias infra-estruturas terres-
tres, nomeadamente a construção de Zonas de Actividades Logísticas (ZAL) e de Centros de
Transporte (CT) adequadamente localizados.
No caso particular de Sines, será fundamental o desenvolvimento das (ainda) incipientes li-
gações terrestres entre o porto e os principais centros de consumo ibéricos (cuja maior par-
te, como facilmente se compreende, se encontra em Espanha; a figura 2.18 retrata esta si-
tuação).
No que se refere às ZAL e aos CT, tem-se verificado uma redução dos custos logísticos e um
aumento da produtividade das empresas que neles se instalam (as unidades produtivas ins-
taladas na ZAL de Barcelona viram a sua produtividade média aumentar cerca de 20% de-
pois de terem aderido a este tipo de instalações).
Esta situação deriva das vantagens que a adopção deste tipo de infra-estruturas trazem para
as empresas – beneficiando do facto de estas estruturas serem construídas tendo em conta
as actividades aí a desenvolver–, para as localidades/regiões em que estas se inserem e para
o país como um todo, através da criação de novas oportunidades de negócio. Dentro das
vantagens que resultam da criação específica das ZAL e dos CT, destacam-se:
• A construção de vias de acesso adaptadas aos veículos que neles circulam;
• Os menores custos de aquisição de áreas de armazenamento, dado que os terrenos se
encontram já devidamente infra-estruturados;
• Uma melhor gestão dos riscos associados ao transporte de mercadorias e a respectiva
diminuição dos custos de distribuição promovendo o aumento de produtividade da distri-
buição e transporte;
• A existência de infra-estruturas de telecomunicações e adequadas larguras de banda;
• A existência de serviços de segurança, vigilância, manutenção e limpeza das instalações
e a provável atracção de serviços complementares como entidades bancárias e segura-
doras, serviços administrativos e restauração;
• A diminuição dos impactos ambientais, através da construção das infra-estruturas em
localizações especialmente criadas para esse efeito e cumprindo a legislação em vigor;
• A libertação de solos em zonas de maior pressão urbanística originada pela relocalização
das empresas do sector em zonas mais periféricas relativamente aos pólos de grande
concentração urbana;
• A proximidade física de outras empresas/sectores, facilitando o relacionamento entre en-
tidades e potenciando a existência de sinergias;
2. O sistema portuário nacional.
57
• A atracção de investimento directo estrangeiro e o aumento da competitividade regional,
criando novas oportunidades nas regiões mais afastadas dos principais centros económi-
cos (como Sines);
• A “óbvia” criação de emprego;
• O desenvolvimento de novas competências públicas a nível local e regional, nomeada-
mente, no que se refere à gestão das actividades de apoio a estas plataformas;
• A racionalização dos gastos públicos em infra-estruturas através de uma eficiente gestão
dos espaços e das necessárias ligações terrestres;
• O aumento da competitividade das empresas nacionais;
• A organização e o desenvolvimento do sistema logístico nacional baseado numa estraté-
gia de intermodalidade entre os diversos modos de transporte.
Figura 2.19. Centros de transporte rodoviário em Espanha, 2004. CidadeCidadeCidadeCidade DenominaçãoDenominaçãoDenominaçãoDenominação
ALICANTE SAGA
BADAJOZ CENTRO TRANSPORTES DE MERCANCIAS JEREZ DE LOS CABALLEROS
CIMALSA
ZAL - CILSA
ZONA FRANCA
PARC LOGISTIC DE LA ZONA FRANCABARCELONA CENTRE LOGISTIC
BENAVENTE CTB-CENTRO TRANSPORTES DE BENAVENTE BILBAO BIKAKOBO - APARCABISA
BILBAO ABANDOKO GELOTOKI INTERMODALA
BURGOS CENTRO TRANSPORTES
ADUANA DE BURGOSCACERES CENTRO TRANSPORTES DE MERCANCIAS DE NAVALMORAL DE LA MATA
CARTAYA CENTRO TRANSPORTES DE MERCANCIAS DE CARTAYACASTELLON GUMSA
GIJON CENTRO DE TRANSPORTES DE GIJONGUADALAJARA ZAL AZUQUECA
IRUN CENTRO DE TRANSPORTES DE IRUN - ZAISACTM-CENTRO TRANSPORTES MADRID
CTC-CENTRO TRANSPORTES COSLADACENTRO LOGISTICO DE ALMACENAMIENTO
CENTRO DE CONCENTRACION DE TRANSPORTES DE MERCANCIAS DE MADRIDMALAGA CTM MALAGA
OVIEDO CIUDAD DEL TRANSPORTE DE OVIEDOPAMPLONA CIUDAD DEL TRANSPORTE DE PAMPLONA
SANTANDER CIUDAD DE TRANSPORTES DE SANTANDER - CITRASA
SEVILLA CENTRO DE TRANSPORTES DE MERCANCIAS DE SEVILLA
VALENCIA CENTRO DE TRANSPORTES DE VALENCIAVALLADOLID CENTROLID
VITORIA CENTRO DE TRANSPORTES DE VITORIA - GASTEIZZARAGOZA CIUDAD DEL TRANSPORTE DE ZARAGOZA
MADRIDMADRIDMADRIDMADRID
BARCELONABARCELONABARCELONABARCELONA
Fonte: www.portugaltransportes.com
Na Europa, a localização das maiores áreas logísticas está intimamente relacionada com a
dimensão dos mercados bem como com as respectivas acessibilidades (a proximidade às in-
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
58
fra-estruturas de transporte é considerada uma variável chave), o que tem levado a que as
mais importantes áreas logísticas sejam as principais cidades e respectivas cinturas externas.
Em Espanha, o desenvolvimento de plataformas logísticas (ver figuras 2.19 e 2.20) torna
evidente (além de um grande distanciamento face a Portugal) uma clara estratégia de inter-
modalidade entre os portos e os restantes meios de transporte apoiada pelas necessárias
ligações rodoviárias/ferroviárias, o que tem permitido o desenvolvimento exponencial do ser-
viço porta-a-porta.
Em Portugal, a criação de plataformas logísticas/centros de transporte dotados de infra-
estruturas de transporte rodoviário/ferroviário/aéreo convenientemente ligados aos portos
nacionais que possibilitem a ligação aos principais centros de consumo da Península Ibérica
(ver figura 2.21), criará um forte potencial de crescimento do sistema portuário nacional,
sobretudo no que diz respeito ao caso do porto de Sines.
Assim, uma possível solução no caso da viabilização do projecto de Sines (e do sistema por-
tuário nacional) poderá passar pela construção de centros de transporte e respectivas liga-
ções terrestres no Norte, Centro e Sul do país (ver figura 2.21) que permitam efectuar a
consolidação e escoamento das mercadorias para os principais centros de consumo em Es-
panha.
Figura 2.20. Centros de transporte ferroviário e terminais intermodais em Espanha, 2004. CidadeCidadeCidadeCidade DenominaçãoDenominaçãoDenominaçãoDenominação
ALGECIRASALGECIRASALGECIRASALGECIRAS TERMINAL TECO
ALICANTE TERMINAL TECO
BARCELONABARCELONABARCELONABARCELONA MORROT-RENFE
BILBAO TERMINAL TECO
CORDOBA TERMINAL TECO
GRANADA TERMINAL TECOHUELVAHUELVAHUELVAHUELVA TERMINAL TECO
JEREZ DE LA FRONTERA TERMINAL TECOLEON TERMINAL TECO
LINARES TERMINAL TECOTERMINAL TECO
TTE. COMBINADO RENFEMALAGA TERMINAL TECO
MURCIA TERMINAL TECOMERIDA TERMINAL TECO
OVIEDO TERMINAL TECOPORT BOU TERMINAL TECO
SANTANDER TERMINAL TECOSEVILLA TERMINAL TECO
SILLA TERMINAL TECOTARRAGONA TERMINAL TECO
VALENCIAVALENCIAVALENCIAVALENCIA TERMINAL TECOVALLADOLID TERMINAL TECO
VIGOVIGOVIGOVIGO TERMINAL TECOVITORIA TERMINAL TECO
ZARAGOZA TERMINAL TECO
MADRIDMADRIDMADRIDMADRID
Fonte: www.portugaltransportes.com
2. O sistema portuário nacional.
59
Figura 2.21. Localização de plataformas logísticas/centros de transporte em Portugal.
PORTO PORTO PORTO PORTO LISBOALISBOALISBOALISBOA
PORTO PORTO PORTO PORTO SINESSINESSINESSINES
PORTO PORTO PORTO PORTO SETSETSETSETÐÐÐÐBALBALBALBAL
PORTO PORTO PORTO PORTO AVEIROAVEIROAVEIROAVEIRO
CT NORTECT NORTECT NORTECT NORTE
ZAL ZAL ZAL ZAL SINESSINESSINESSINES
CT CT CT CT MARATECAMARATECAMARATECAMARATECA
CT CT CT CT MADRIDMADRIDMADRIDMADRID
CT VIGOCT VIGOCT VIGOCT VIGO
PORTO PORTO PORTO PORTO LEIXLEIXLEIXLEIX››››ESESESES
CT CT CT CT VALVALVALVAL ¯̄̄̄ NCIANCIANCIANCIA
CT SULCT SULCT SULCT SUL
CT CT CT CT ALGECIRASALGECIRASALGECIRASALGECIRAS
CT CT CT CT Sul do TejoSul do TejoSul do TejoSul do Tejo
Ligações Rodo/Ferroviárias
CT – Centro de Transportes
ZAL – Zona de Actividades Logísticas
Ligações Rodo/Ferroviárias
CT – Centro de Transportes
ZAL – Zona de Actividades Logísticas Nota: a existência de um CT a Sul do Tejo poderá ser alterado com a construção de uma terceira travessia sobre o Tejo que
possibilite o tráfego ferroviário de mercadorias. Fonte: Espírito Santo Research – Research Sectorial
Figura 2.22. Possível localização de um centro de transportes a sul do Tejo.
LocalizaLocalizaLocalizaLocalizaçãçãçãção do CT Sul Tejoo do CT Sul Tejoo do CT Sul Tejoo do CT Sul Tejo Fonte: Espírito Santo Research – Research Sectorial
A zona da Península de Setúbal (ver figura 2.22) – possivelmente próximo da Marateca,
dado que se encontra no cruzamento das principais infra-estruturas rodoviári-
as/ferroviárias/aéreas de acesso ao Norte e Sul do país, e a Espanha (através do IP1, IC3,
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
60
IC11 e IC13), bem como pelo facto de a futura ligação ferroviária Sines-Elvas poder vir a ter
um ponto de articulação perto desta zona –, apresenta-se como uma potencial localização
para a consolidação de cargas provenientes da área metropolitana de Lisboa e Península de
Setúbal com as de Sines.
Um segundo factor de risco reside na concessão da exploração do Terminal XXI à PSA. A
este propósito, importa salientar o seguinte:
• A PSA é um dos maiores operadores mundiais no tráfego de contentores, pelo que o seu
envolvimento no Terminal XXI é um factor preponderante na evolução da actividade do
porto de Sines. É por esta razão que muito se questiona o tempo que passou entre a
conclusão do Terminal XXI e o recebimento do primeiro navio de contentores (mais de
um ano), bem como o número reduzido projectado de navios de contentores a efectuar
escala em Sines (apenas 2 ou 3 por semana até ao final do ano).
• Das cláusulas de rescisão do contrato de concessão celebrado destaca-se a obrigação da
Administração do porto de Sines na construção de determinadas infra-estruturas, bem
como a análise do tráfego de contentores no porto de Sines no final dos primeiros 5 anos
da concessão (ou seja, em 2006), elaborada pela PSA e que, caso venha a apontar para
a existência de um tráfego futuro reduzido, poderá igualmente levar à rescisão da con-
cessão. Se no primeiro caso o risco já deixou de existir (pois as obras já se encontram
concluídas), no segundo o risco mantém-se e estará dependente do que ocorrer até
2006 e também, obviamente, da análise entretanto efectuada pela PSA;
• O facto de não ser conhecida a estratégia de exploração do Terminal XXI por parte da
PSA, bem como qualquer intenção de venda da sua posição a terceiros será sempre um
risco que, do ponto de vista da Administração portuária de Sines e do Governo, será difí-
cil de controlar;
• A concessão à PSA do Terminal XXI por 30 anos vem afastar, neste horizonte temporal,
quaisquer possíveis concorrentes de efectuar tráfego de contentores através do porto de
Sines, situação que, no caso de a estratégia da PSA não resultar, poderá vir a prejudicar
a afirmação deste porto no tráfego mundial de contentores, com todas as consequências
negativas que daí advirão quer para a região, quer para o país.
Um terceiro e último factor de risco que identificámos tem um carácter mais geral e diz res-
peito à solução dos problemas do sistema portuário nacional que já atrás foram identificados
e à adopção de uma estratégia integrada para o seu desenvolvimento – o que se encontra,
em grande parte dependente da adopção de novas medidas legislativas por parte do Gover-
no, nomeadamente, no que se refere à gestão dos portos, ao pagamento do IVA, à pilota-
2. O sistema portuário nacional.
61
gem obrigatória, aos contratos de trabalho, à burocracia e às políticas tarifárias e estratégias
de investimento adoptadas pelas administrações portuárias nacionais.
Em particular nesta última matéria, é de realçar o facto de as políticas tarifárias das conces-
sões seguirem, actualmente, um modelo em que o grande objectivo é a maximização do re-
torno financeiro da estrutura portuária. Tal tem resultado numa política tarifária uniforme
para todos os portos (inimiga da concorrência, portanto) e desajustada do cenário europeu –
em que o cliente sabe logo à partida quanto irá pagar, e numa única factura, pelos serviços
portuários necessários ao embarque/desembarque das mercadorias, ao contrário do que se
passa em Portugal em que o cliente recebe várias facturas de diversas entidades!. Assim, a
competitividade, tanto a nível nacional como internacional (nomeadamente, com Espanha,
portos com os quais Portugal sofre uma maior concorrência) não é fomentada. E, como se
sabe, este é um factor preponderante na geração de ganhos de eficiência e de produtividade
que possibilitam, por sua vez, o estabelecimento de tarifários não uniformes e mais competi-
tivos.
Concluindo, os tarifários em Portugal deveriam ser definidos/decididos tendo por base uma
estratégia de competição global (o que não passa seguramente pela uniformização de tarifas
entre portos hoje existente), através de uma análise das tarifas praticadas pelos portos a
nível Ibérico/Europeu de forma a que importantes rotas de mercadorias passem pelos portos
nacionais, ao contrário do que se passa actualmente.
No entanto, a adopção, por si só, de políticas tarifárias fomentadoras da competitividade não
é suficiente, podendo ser acompanhadas por estratégias de investimento que permitam, a
médio e longo prazo a obtenção de verdadeiros ganhos de competitividade (ao contrário do
que se tem vindo a verificar, e que constitui um entrave ao crescimento dos portos portu-
gueses). Na situação actual, as diferentes administrações portuárias definem os investimen-
tos numa óptica de maximização do aumento do tráfego de mercadorias do respectivo porto
e da cobrança de taxas, não tendo em linha de conta as potencialidades/capacidades dos
portos, o que tem levado a investimentos que, no mínimo, poderão ser considerados pouco
adequados face às necessidades do sistema portuário nacional, tendo em conta os montan-
tes já despendidos no desenvolvimento dos portos e a estagnação que o tráfego de merca-
dorias tem vindo a registar na última década (ver secção 1 do presente Capítulo).
A solução poderá, pois, passar por considerar o sistema portuário nacional como um “único
porto” dotado de “terminais” localizados ao longo do país (e neste sentido, é de registar que
o Governo já fez saber que planeia constituir uma holding que passará a deter o controlo da
actividade de todos os portos), efectuando os investimentos adequados à realidade de cada
“terminal” e tendo em conta as suas potencialidades/capacidades como concorrente a nível
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
62
Ibérico e Europeu no tráfego marítimo de mercadorias. Voltaremos a este assunto nas sec-
ções seguintes.
5. Um novo panorama portuário nacional.
A resolução dos três factores de risco identificados deverá trazer alterações ao panorama
portuário nacional, sendo portanto assumido que estarão reunidas todas as condições para
que o projecto desenvolvido em Sines venha a ser bem sucedido.
Este sucesso implicará uma duplicação do tráfego total de contentores efectuado em Portu-
gal até 2015, altura em que a capacidade de movimentação de contentores no porto de Si-
nes será de TEU 1.32 milhões (isto é, o tráfego de contentores previsto para essa altura no
porto de Sines ultrapassará, por si só, o total hoje efectuado em todos os portos nacionais).
A administração portuária de Sines afirmou recentemente que cerca de 70% do tráfego de
contentores efectuado no Terminal XXI será de transhipment (transbordo), pelo que, os con-
tentores chegarão a Sines para posteriormente serem descarregados para navios feeder (na-
vios de menor dimensão que farão a entrega das mercadorias no destino final), não tendo,
desta forma, grande impacto no tráfego de contentores efectuado em Lisboa e Leixões, cujo
principal destino são os respectivos hinterlands (áreas de consumo). No entanto, os restan-
tes 30% (cerca de TEU 400 mil) destinados ao mercado português, poderão criar um efeito
de deslocalização deste tráfego para Sines, tendo em conta que esta percentagem represen-
tará, em 2015, cerca de 70% e 100% do tráfego total actualmente efectuado em Lisboa e
Leixões, respectivamente (ver figura 2.23).
Figura 2.23. Estimativas de tráfego de contentores no porto de Sines* e implicações nos por-
tos de Lisboa e Leixões.
Porto de Sines Porto de Sines Porto de Sines Porto de Sines TrTrTrTrááááfego de fego de fego de fego de contentorescontentorescontentorescontentores
70% 70% 70% 70% TranshipmentTranshipmentTranshipmentTranshipment
30% 30% 30% 30% HinterlandHinterlandHinterlandHinterland
2004200420042004 2006200620062006 2010201020102010 2015201520152015
Cap. Máxima 250 000 TEUs
Cap. Máxima 600 000 TEUs
Cap. Máxima 900 000 TEUs
Cap. Máxima 1 320 000 TEUs
75 000 TEUs 180 000 TEUs 270 000 TEUs 400 000 TEUs
13% Porto Lisboa
19% Porto Leixões 40% Porto Leixões
31% Porto Lisboa
68% Porto Leixões
46% Porto Lisboa
100% Porto Leixões
70% Porto Lisboa
Sem impacto no actual tráfego de contentores efectuado nos portos nacionais
* assumindo o esgotamento da capacidade de movimentação de contentores no porto de Sines.
Fonte: Espírito Santo Research – Research Sectorial
2. O sistema portuário nacional.
63
Parece, assim, poder ser questionada a continuação de investimentos quer em Lisboa, quer
em Leixões (ou mesmo noutro qualquer porto) com o intuito de possibilitar aumentos de ca-
pacidade de movimentação de contentores – podendo a solução passar pela adopção de
uma estratégia de investimento (ou, no limite, até mesmo desinvestimento, tendo em conta
o número elevado de portos e a muito reduzida actividade em alguns) baseada na especiali-
zação dos portos nacionais em tráfegos potenciados pelas suas características específicas.
A figura 2.24 ilustra os tráfegos dominantes e/ou propostos para cada um dos portos nacio-
nais. Da análise efectuada parece poder concluir-se que:
• O porto de Lisboa é, essencialmente, um porto turístico e apropriado para o tráfego de
granéis sólidos. Apesar de ser, actualmente, o principal porto no tráfego de contentores,
com o sucesso do Terminal XXI em Sines, esta actividade deverá ser progressivamente
reduzida e, no limite, mesmo abandonada, o que poderá possibilitar, por exemplo, a re-
cuperação da zona ribeirinha da capital do país através do desenvolvimento de projectos
imobiliários adequados;
• O porto de Sines se poderá focar tanto no tráfego de contentores, como de granéis sóli-
dos e líquidos;
• O porto de Setúbal poderá continuar a efectuar o tráfego roll-on roll-off apoiando a acti-
vidade desenvolvida pela Auto Europa, granéis sólidos e carga fraccionada;
• O porto de Leixões, a exemplo de Lisboa, poderá ver progressivamente reduzido o tráfe-
go de contentores, focando-se mais nos granéis sólidos e líquidos, e na carga fracciona-
da;
Nota: Como já anteriormente referimos, os restantes portos nacionais possuem uma muito reduzida rele-
vância para o panorama marítimo nacional, razão por que optámos por não os incluir na análise efectuada.
Aliás, em alguns casos a sua utilização para outros fins – quer marítimos, quer de outra natureza – poderá
mesmo revelar-se a estratégia mais adequada quer para as regiões em que se inserem, quer para o país.
No entanto, de entre estes, merece destaque a actividade desenvolvida no porto de Aveiro, baseada no
tráfego de carga fraccionada, área em que ocupa a segunda posição em termos nacionais. Contudo, a sua
proximidade de Leixões (cerca de 60 Kms por via marítima) bem como a sua reduzida quota de mercado
(cerca de 5%) poderá dificultar a justificação de futuros investimentos.
6. Conclusões.
Da análise acima efectuada resulta que, nos últimos anos, o sistema portuário nacional regis-
tou uma quase estagnação, o que sucedeu devido a problemas de legislação, às característi-
cas naturais específicas dos portos, a estratégias de investimento pouco adequadas face às
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
64
capacidades/potencialidades dos portos e à inexistência de uma rede de transportes que
permita o serviço competitivo porta-a-porta.
Figura 2.24. Tráfegos propostos e/ou dominantes para os principais portos nacionais.
Lisboa
Sines
Setúbal
Leixões
Contentores Roll on – Roll off Granéis Sólidos Granéis Líquidos Carga FraccionadaPassageiros
Fontes: INE, Administrações portuárias, Espírito Santo Research – Research Sectorial
Neste enquadramento, a oportunidade que se apresenta em Sines com a concessão à PSA
do Terminal XXI, através da criação de uma rede logística de criação de valor acrescentado
apoiada nos diversos meios de transporte, e que permita o alargamento do seu hinterland a
toda a Península Ibérica (não limitando, assim, a sua actividade ao transhipment) poderá
ser, em conjunto com a adopção de uma estratégia integrada adequada, o motor de inver-
são desta tendência.
Quanto a esta estratégia, ela poderá combinar opções de investimento baseadas na especia-
lização dos portos nacionais em tráfegos específicos com uma política de tarifas baseada
numa óptica de competição/concorrência com os portos Ibéricos/Europeus, o que tornará
necessário modificar a estrutura actualmente existente do sector portuário e efectuar altera-
ções legislativas que confiram maior competitividade/flexibilidade aos portos portugueses.
65
3. A TAP e o sector do transporte aéreo
nacional.
1. Introdução.
No presente capítulo pretende-se abordar o actual panorama do sector do transporte aéreo
nacional. Num mercado doméstico dominado por quatro companhias aéreas que, por ordem
alfabética, são Air Luxor, Portugália, SATA e TAP, é claramente esta última aquela que se
assume como principal player do sector de transporte aéreo em Portugal sendo, por isso
que, de forma natural, lhe é dado um ênfase acrescido, sobretudo no que se refere ao seu
posicionamento estratégico.
O sector do transporte aéreo nacional e internacional tem vindo a enfrentar uma série de
contrariedades durante os últimos anos, das quais se podem destacar (i) os ataques terro-
ristas de 11 de Setembro de 2001 (com todas as questões de insegurança daí decorrentes),
(ii) os problemas de saúde pública (pneumonias atípica e das aves) que afectaram o conti-
nente asiático, (iii) a desaceleração da economia mundial e, mais recentemente, (iv) a es-
calada do preço do petróleo.
Num mercado nacional com reduzida dimensão, a possibilidade de se caminhar para a exis-
tência de uma só companhia aérea nacional com dimensão relevante potenciaria o risco as-
sociado de grandes grupos internacionais poderem, com relativa facilidade, captar parte si-
gnificativa de quota de mercado.
Deste modo, face às actuais condicionantes do mercado aéreo global, não faz sentido que a
TAP tenha um posicionamento global de oferta, o que acarretaria riscos de asfixiamento das
restantes empresas que actuam no sector e os consequentes custos daí resultantes para os
diversos agentes económicos envolvidos.
O nosso objectivo é, assim, a partir de uma caracterização do mercado de transporte aéreo
no nosso país, apontar um posicionamento estratégico para a TAP que permita a cada um
dos operadores nacionais apresentar uma oferta segmentada que, para além de garantir a
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
66
respectiva sustentabilidade económica e financeira, sirva os interesses de Portugal enquanto
nação.
2. O sector do transporte aéreo em Portugal.
O mercado nacional de transporte aéreo é dominado por quatro companhias aéreas, sendo a
que mais se destaca a TAP, com aproximadamente 5.8 milhões de passageiros transportados
em 2003 (mais de metade do total, ver figura 3.1). De seguida aparecem a Air Luxor com 1
milhão de passageiros, a Portugália com 814 mil passageiros e, em quarto lugar, surge a
SATA com aproximadamente 700 mil passageiros. No total da economia, o sector do trans-
porte representa cerca de 1.3% do PIB em 2003 (ver figura 3.2).
A seguir apresentamos brevemente as quatro companhias nacionais de transporte aéreo
acima referidas.
Figura 3.1. Passageiros transportados pela TAP, Portugália, SATA e Air Luxor, 2003 (mi-
lhões).
10 700
2 376
1 000
710
814
5 800TAP
Portugália
Sata
Air Luxor
Outras *
Total
* Vôos charter, companhias aéreas regionais, etc.
Fontes: TAP, Portugália, SATA, Air Luxor, INAC (Instituto Nacional de Aviação Civil)
TAP A TAP apresenta uma oferta de médio e longo curso bastante diversificada, onde algumas
rotas se sobrepõem às suas parceiras nacionais.
4. Infra-estruturas aeroportuárias.
67
Figura 3.2. Peso do volume de negócios das operadoras comerciais de aeronaves no PIB,
2003 (percentagem).
1. 5%1. 5%1. 5%1. 5%Sec t or de t rans por t e aéreoSec t or de t rans por t e aéreoSec t or de t rans por t e aéreoSec t or de t rans por t e aéreo
Res t o da econom iaRes t o da econom iaRes t o da econom iaRes t o da econom ia
Fontes: Espírito Santo Research - Research Sectorial, INAC
Figura 3.3. Passageiros transportados pela TAP e resultados líquidos da companhia, 1996-2003.
-140
-120
-100
-80
-60-40
-20
0
20
40
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
4.0
4.5
5.0
5.5
6.0
Passageiros(m
ilhões)EU
Rmilhões
Resultado lResultado lResultado lResultado lííííquidoquidoquidoquido ((((escala da escala da escala da escala da esquerdaesquerdaesquerdaesquerda))))
Passageiros Passageiros Passageiros Passageiros transportados transportados transportados transportados
((((escala da direitaescala da direitaescala da direitaescala da direita))))
Fonte: TAP
Depois de vários anos a registar resultados francamente negativos, que chegaram a colocar
em perigo a viabilidade da empresa, em 2003, a TAP apresentou um desempenho positivo,
ainda que aquém do projectado, e fortemente influenciados positivamente por resultados
extraordinários. Paralelamente, tem-se verificado um aumento sustentado do número de
passageiros transportados. A figura 3.3 retrata estes dois fenómenos.
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
68
Portugália
A Portugália apresenta-se como uma companhia de âmbito regional que privilegia as ligações
dentro do território português e para diversos países da Europa Comunitária, nomeadamente
destinos em Espanha, França, Itália, Reino Unido, Suíça, Alemanha e Bélgica. Nos últimos
anos, a companhia tem vindo a estreitar relações com a TAP, o que é visível pelo aumento
do número de passageiros transportados em code share e pela celebração de um protocolo
para aumento das relações e análise de sinergias entre as duas companhias. Esta parceria
faz-se sentir nas rotas nacionais e europeias.
Reflectindo os diversos constrangimentos que vêm a afectar o sector, em 2003, a Portugália
apresentou resultados líquidos de EUR -4.5 milhões (EUR -14.4 milhões em 2002) e 814 mil
passageiros transportados (conforme se pode verificar na figura 3.4). Esta melhoria é supor-
tada pelo melhor desempenho ao nível dos resultados operacionais, rubrica em que se verifi-
cou uma recuperação de EUR 2.3 milhões entre 2002 e 2003 (EUR -8.5 milhões em 2002 e
EUR -6.2 em 2003).
Figura 3.4. Passageiros transportados pela Portugália e resultados operacionais da compa-nhia, 1996-2003.
-15
-10
-5
0
5
10
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
500 000
600 000
700 000
800 000
900 000
1 000 000
EUR m
ilhõe
s Passageiros
Resultados operacionais Resu ltados operacionais Resu ltados operacionais Resu ltados operacionais (escala da esquerda)(escala da esquerda)(escala da esquerda)(escala da esquerda)
Passageir os transpor tados Passageir os transpor tados Passageir os transpor tados Passageir os transpor tados ( escala da direita)(escala da direita)(escala da direita)(escala da direita)
Fonte: Portugália Air Luxor Fundada em 1988, a Air Luxor iniciou a sua actividade na área da aviação executiva, tendo
alargado posteriormente as suas operações à aviação comercial. Na actualidade, voa regu-
larmente para nove países no continente europeu e africano, para além de cobrir outras ro-
tas ao longo do ano mas com carácter sazonal. É de realçar que, para o desempenho opera-
4. Infra-estruturas aeroportuárias.
69
cional da companhia, é cada vez mais importante o serviço charter efectuado para uma mul-
tiplicidade de destinos a nível mundial.
A figura 3.5 mostra que o número de passageiros tem vindo a crescer sustentadamente ao
longo dos últimos quatro anos, o que terá influenciado o crescimento dos resultados líquidos
de 2002 para 2003 (ano em que foi atingido um valor de EUR 553 mil), tendo sido invertida
a tendência de decréscimo verificada no passado ao nível deste indicador.
Figura 3.5. Passageiros transportados pela Air Luxor e resultados líquidos da companhia, 2000-2003.
0
100
200
300
400
500
600
2000 2001 2002 2003
200 000
400 000
600 000
800 000
1 000 000
1 200 000
EUR m
ilhares Passageiros
Passageiros T ranspor tados Passageiros T ranspor tados Passageiros T ranspor tados Passageiros T ranspor tados (escala da direita)(escala da direita)(escala da direita)(escala da direita)
Resultados LíquidosResultados LíquidosResultados LíquidosResultados Líquidos(escala da esquerda)(escala da esquerda)(escala da esquerda)(escala da esquerda)
Fonte: Air Luxor
Figura 3.6. Passageiros transportados pela SATA e resultados líquidos da companhia, 2000-2003.
-12
-10
-8
-6
-4
-2
0
2
4
2000 2001 2002 2003
200000
300000
400000
500000
600000
700000
800000
EUR Milhões Passageiros
Passagei ros Passagei ros Passagei ros Passagei ros (escala da di rei ta)(escala da di rei ta)(escala da di rei ta)(escala da di rei ta)
Resul tado Líquido Resul tado Líquido Resul tado Líquido Resul tado Líquido (escala da esquerda)(escala da esquerda)(escala da esquerda)(escala da esquerda)
Fonte: SATA
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
70
SATA
A SATA é responsável pelas rotas para fora da Região Autónoma dos Açores, operando a ní-
vel regular para Lisboa, Porto, Funchal e Frankfurt. Paralelamente, apresenta serviços char-
ter para o Continente Americano (Estados Unidos e Canadá) e para a Europa (Paris, Viena,
Roma, Milão, Luxemburgo, Manchester, Zurique, entre outros).
Através da figura 3.6 constata-se uma evolução positiva quer em números de passageiros
transportados, quer ao nível dos Resultados Líquidos, tendo sido atingidos, em 2003, cerca
de 700 mil passageiros transportados e resultados líquidos de EUR 1.6 milhões.
3. Análise da TAP como player determinante na organização do sector.
3.1. Retrospectiva da actividade da TAP.
A TAP iniciou a sua actividade operacional na segunda metade da década de quarenta, com
o objectivo de assegurar ligações entre Portugal Continental e algumas cidades europeias,
tal como um conjunto diversificado de rotas destinadas a estabelecer a ligação com as anti-
gas colónias portuguesas, a comunidade emigrante na América Latina, e a ligação com os
arquipélagos da Madeira e dos Açores.
Em 15 de Abril de 1975 a TAP foi nacionalizada e, no início da década de oitenta, a empresa
defrontou-se com sérios problemas financeiros derivados, nomeadamente, do aumento do
seu passivo financeiro face à desvalorização do escudo em relação ao dólar e em conse-
quência dos encargos financeiros resultantes da renovação da sua frota de aviões.
Simultaneamente, há a realçar dois acontecimentos externos à companhia que em muito vie-
ram marcar o seu desempenho operacional: a quebra do tráfego de passageiros para as ex-
colónias, por via do processo de descolonização que se seguiu ao 25 de Abril de 1974, e o
início da desregulamentação do sector a nível europeu, com o consequente aumento da con-
corrência.
Deste modo, em 1980 a empresa já se encontrava numa situação económica e financeira
bem difícil, o que levou à assinatura de um acordo de saneamento financeiro com o Gover-
no. No entanto, apesar de todos os esforços envolvidos, e em consequência de sucessivos
resultados negativos acumulados, os capitais próprios da empresa mantiveram-se em níveis
negativos, pelo que, em 1994, e com o acordo da Comissão Europeia, foi atribuído um “pa-
cote” de ajudas por parte do Estado português (único accionista), designado como Plano Es-
tratégico e de Saneamento Económico-Financeiro (PESEF). Este programa de ajuda contem-
plava, nomeadamente, um aumento do capital social de EUR 898 milhões e a concessão de
4. Infra-estruturas aeroportuárias.
71
garantias bancárias até ao montante de EUR 2 644 milhões. Os principais resultados obtidos
consistiram na renovação da frota de aviões da companhia, com a diminuição do número de
aviões de longo curso e uniformização de toda a frota de médio curso, e a obtenção de re-
sultados positivos nos exercício de 1997 e 1998.
Figura 3.7. Evolução histórica da TAP, 1946-2003.
1946194619461946----1974197419741974 1975197519751975----1992199219921992 1993199319931993----1998199819981998
� Isolamento político do país�Estreita relação com as ex-colónias
� Independência das colónias portuguesas
� Instabilidade política após a revolução
1999199919991999----2003200320032003
�Desaceleração do crescimento económico
�Aumento do preço do fuel
� 11 de Setembro de 2001
ContextoContextoContextoContexto
� Lucro, crescimento �Prejuízo contínuo�Falência técnica
�Saneamento financeiro
� Lucro em 1997 e 1998
�Fortes prejuízos entre 1999 e 2001.
�Recente recuperação, apesar de abaixo do previsto no plano de reestruturação
�Processo de integração europeia
�Forte crescimento económico
Principais tópicosPrincipais tópicosPrincipais tópicosPrincipais tópicos �Propriedade mista (pública e privada) desde 1953
�Monopólio nas rotas coloniais�Fortes restrições regulatórias (ausência de concorrência)
�Nacionalização da TAP (100% capitais públicos)
�Quebra substancial do tráfego para as ex-colónias
� Início da desregulamentação a nível europeu (aumento da concorrência)
�Problemas laborais
�Novo redesenho da rede (2000)
� Integração no QFG e posterior colapso do Sair Group(interrupção do processo de privatização)
�Apresentação à Comissão Europeia de um Plano de Reestruturação para o período de 2001-2004
�PESEF (Plano de recuperação económica)
� Intensificação da concorrência
�Nova frota de médio curso
�Maior agressividade comercial
Resultados obtidosResultados obtidosResultados obtidosResultados obtidos
Fonte: Espírito Santo Research - Research Sectorial
Figura 3.8. Situação líquida da TAP SGPS, 1998-2003 (EUR milhões).
0
50
100
150
200
250
300
1998 1999 2000 2001 2002 2003
EUR m
ilhões
Forte deterioraForte deterioraForte deterioraForte deterioraçãçãçãção da Situao da Situao da Situao da Situaçãçãçãção o o o LLLLííííquidaquidaquidaquida
----93.5%93.5%93.5%93.5%
0
50
100
150
200
250
300
1998 1999 2000 2001 2002 2003
EUR m
ilhões
Forte deterioraForte deterioraForte deterioraForte deterioraçãçãçãção da Situao da Situao da Situao da Situaçãçãçãção o o o LLLLííííquidaquidaquidaquida
----93.5%93.5%93.5%93.5%
Fonte: TAP SGPS
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
72
Em 1997, a TAP foi membro fundador do Qualiflyer Group e estabeleceu um acordo com a
SairGroup no qual o principal accionista, a Swissair, se comprometia a adquirir uma partici-
pação mínima de 10% da companhia portuguesa. No entanto, as dificuldades financeiras
que começaram assolar a companhia helvética – e que acabariam por levar, aliás, à sua pos-
terior falência (em 2001) – fez com que os compromissos anteriormente estabelecidos tives-
sem ficado sem efeito. Esta decisão levou o accionista (o Estado português) a tentar encon-
trar uma solução alternativa para a capitalização da empresa.
A acumulação de sucessivos resultados negativos levou a que a TAP se tivesse aproximado
de uma situação de eminente falência técnica. Note-se que, entre 1998 e 2003, ou seja, em
apenas seis anos, a empresa viu ser destruído praticamente todo o seu valor, com a sua si-
tuação líquida a diminuir 93.5% (ver figura 3.8).
Por força das disposições comunitárias, o Estado português encontrava-se (e encontra-se)
limitado na ajuda financeira a conceder à empresa, nomeadamente, no que se refere a pos-
síveis aumentos de capital, sendo por isso necessário a autorização das autoridades comuni-
tárias em qualquer processo que implicasse o auxílio do Estado, mesmo enquanto accionista.
Assim, em Abril de 2001 a TAP apresentou à Comissão Europeia uma Plano de Reestrutura-
ção que enquadrava a acção estratégica para o período de 2001-2004. Entretanto, surgiram
os obstáculos já atrás referidos (ver secção 1 deste capítulo), de entre os quais se destacam
os atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001, e que não permitiram alcançar os ob-
jectivos propostos, nomeadamente no que se referia à obtenção de um equilíbrio financeiro
em 2002 (como ilustra a figura 3.9).
Figura 3.9. Resultados Líquidos previstos no Plano de Reestruturação e Resultados Líquidos
observados na TAP SGPS (EUR milhões).
2001 2002 2003 2004
Plano dePlano dePlano dePlano de reestruturareestruturareestruturareestruturaçãçãçãçãoooo
Resultados verificadosResultados verificadosResultados verificadosResultados verificados
2001 2002 2003 2004
Plano dePlano dePlano dePlano de reestruturareestruturareestruturareestruturaçãçãçãçãoooo
Resultados verificadosResultados verificadosResultados verificadosResultados verificados
Fonte: TAP SGPS
4. Infra-estruturas aeroportuárias.
73
Ao fim de quatro anos consecutivos a acumular resultados líquidos negativos (1999-2002),
em 2003, o Grupo TAP fechou o ano com um lucro de EUR 19.7 milhões (ver figura 3.10).
Ao nível operacional, o grupo atingiu um resultado de EUR 23.8 milhões, onde os custos
operacionais totalizaram EUR 1 277.6 milhões e os proveitos operacionais se cifraram em
EUR 1 301.4 milhões. Simultaneamente, com os resultados financeiros a atingirem o valor
negativo de EUR 24.7 milhões, atingiu-se o break even em termos operacionais (apenas EUR
–1.0 milhões). No entanto, para o conjunto dos resultados da companhia, há a realçar os
forte contributo da rubrica Resultados Extraordinários, onde cerca de EUR 19 milhões são
referentes a provisões para pagamentos de impostos no Brasil que não se vieram a revelar
necessários, explicando-se assim em grande medida os lucros finais apresentados pela com-
panhia.
Figura 3.10. Demonstração de resultados da TAP SGPS, 2003 (EUR milhões e percentagem).
-24.7
-1.0
19.71.41.920.2
23.8
21.2
ResultadosOperacionais
(1)(1)(1)(1)
ResultadosFinanceiros
(2)(2)(2)(2)
ResultadoCorrente
(3)=(1)+(2)(3)=(1)+(2)(3)=(1)+(2)(3)=(1)+(2)
ResultadosExtraordinários
(4)(4)(4)(4)
Resultadoantes deImpostos
(5)=(3)+(4)(5)=(3)+(4)(5)=(3)+(4)(5)=(3)+(4)
Impostos
(6)(6)(6)(6)
InteressesMinoritários
(7)(7)(7)(7)
ResultadoConsolidadoLíquido doExercício
(8)=(5)(8)=(5)(8)=(5)(8)=(5)----(6)+(7)(6)+(7)(6)+(7)(6)+(7) Fonte: TAP SGPS
3.2. ˘reas de actividade da TAP.
A actividade da TAP divide-se fundamentalmente por três aéreas distintas: (i) o transporte
aéreo, (ii) a manutenção e engenharia e (iii) o handling.
Pela figura 3.11 é visível que o transporte aéreo representa cerca de 80% dos proveitos con-
solidados da empresa, enquanto que a manutenção e engenharia e o handling representam
aproximadamente 6% e 5%, respectivamente. Note-se que, no último exercício de activida-
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
74
de, ao nível da rubrica Outros Proveitos Operacionais se verificou um crescimento assinalável
(aproximadamente 168%), em consequência, fundamentalmente, do desempenho das Lojas
Francas, representando já 10.7% dos proveitos operacionais totais.
Figura 3.11. Proveitos Operacionais da TAP SGPS, 2003 (EUR milhões e percentagem).
0 200 400 600 800 1000 1200 1400
Transporte aéreo
Handling
Manutenção eengenheiria
Outros proveitosoperacionais
Total
EUR milhões
1 301
139
78
51
1 033
167.8%
10.0%
-6.0%
-3.6%
VariaVariaVariaVariaçãçãçãção face a 2002o face a 2002o face a 2002o face a 2002
4.2%
0 200 400 600 800 1000 1200 1400
Transporte aéreo
Handling
Manutenção eengenheiria
Outros proveitosoperacionais
Total
EUR milhões
1 301
139
78
51
1 033
167.8%
10.0%
-6.0%
-3.6%
VariaVariaVariaVariaçãçãçãção face a 2002o face a 2002o face a 2002o face a 2002
4.2%
Fonte: TAP SGPS
Analisando a origem detalhada da receita voada (receita efectiva proveniente do transporte
aéreo) da TAP pode-se constatar que, como seria de esperar, Portugal representa o principal
mercado de captação de receitas da empresa (39.3% do total em 2002) surgindo, de segui-
da, o Brasil com 9.6%, França e Reino Unido, ambos com 7.4% da receita voada total.
Figura 3.12. Custos operacionais da TAP SGPS, 2003 (EUR milhões).
0 200 400 600 800 1000 1200 1400
Fornecimento eserviços externos
Custos com o pessoal
Outros custosoperacionais
Total
EUR milhões
1 278
213
396
669
6.6%
37.2%
5.8%
-12.0%
VariaVariaVariaVariaçãçãçãção face a 2002o face a 2002o face a 2002o face a 2002
0 200 400 600 800 1000 1200 1400
Fornecimento eserviços externos
Custos com o pessoal
Outros custosoperacionais
Total
EUR milhões
1 278
213
396
669
6.6%
37.2%
5.8%
-12.0%
VariaVariaVariaVariaçãçãçãção face a 2002o face a 2002o face a 2002o face a 2002
Fonte: TAP SGPS
4. Infra-estruturas aeroportuárias.
75
Por outro lado, ao nível da estrutura de custos operacionais tem-se registado alguma rigidez,
não se verificando o resultado desejado de redução de custos, o que levou a que um valor
de EUR 1 278 milhões de Custos Operacionais totais tivesse sido atingido em 2003 (ver figu-
ra 3.12). De forma desagregada, neste ano, a principal componente é o Fornecimento de
Serviços Externos com EUR 669 milhões, seguido dos Custos com o Pessoal com EUR 396
milhões. Os restantes EUR 213 milhões constituem diversos tipos de custos que suportam a
actividade operacional.
Após ter atingido um pico no número de efectivos no início da década de 90 com pouco mais
de 11 mil trabalhadores, na sequência da implementação do PESEF verificou-se uma diminu-
ição de cerca de quase 25% da força laboral da companhia entre 1992 e 1997. No entanto,
a TAP ficou muito longe de atingir o objectivo de 7 110 trabalhadores em 1997, denotando
algumas dificuldades para reduzir o seu quadro de pessoal.
Em Dezembro, 2003, a TAP tinha nos seus quadros 8 360 trabalhadores, encontrando-se a
maioria afecta ao transporte aéreo (34.9%), sendo o handling e a manutenção e engenharia
responsáveis por 28.2% e 19.8% do total, respectivamente (ver figura 3.13).
Figura 3.13. Quadro de Pessoal por área de empresa, Dezembro 2003 (em % do total).
OutrosOutrosOutrosOutros
35%35%35%35%
20%20%20%20%
28%28%28%28%
17%17%17%17% Transporte aTransporte aTransporte aTransporte aééééreoreoreoreo
ManutenManutenManutenManutençãçãçãçãoooo eeee engenheiriaengenheiriaengenheiriaengenheiriaHandlingHandlingHandlingHandling
35%35%35%35%
20%20%20%20%
28%28%28%28%
17%17%17%17% Transporte aTransporte aTransporte aTransporte aééééreoreoreoreo
ManutenManutenManutenManutençãçãçãçãoooo eeee engenheiriaengenheiriaengenheiriaengenheiriaHandlingHandlingHandlingHandling
Fonte: TAP SGPS
4. Perspectivas para a TAP e o sector aéreo nacional.
4.1. Condicionantes do transporte aéreo nacional.
Diversos factores relacionados com a procura e com a oferta, bem como factores geográfi-
cos, condicionam o transporte aéreo nacional.
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
76
Do lado da procura, podemos destacar o peso relativamente grande das rotas domésticas,
nomeadamente das regiões autónomas, que podem ajudar a aumentar a fidelização dos
passageiros portugueses às companhias aéreas nacionais e o respectivo poder de negocia-
ção com as agências de viagens. No entanto, o peso elevado do tráfego de entrada proveni-
ente do estrangeiro (inbound) atrai as companhias estrangeiras a aumentarem as frequên-
cias e, assim, limita a posição competitiva das companhias aéreas nacionais nas principais
rotas internacionais (trunk routes). Simultaneamente, a reduzida dimensão do segmento de
tarifas mais elevadas (premium) limita a rendibilidade médias das rotas domésticas.
Já no que se refere às condicionantes relacionadas com a oferta, a cobertura limitada de
destinos com voos directos possibilita às companhias estrangeiras competir pelo tráfego que
não tem ligação directa a partir dos aeroportos nacionais e, assim, aumentar a capacidade
nas principais rotas internacionais correspondentes. Igualmente condicionante em termos de
oferta do transporte aéreo surge a construção da plataforma de alta velocidade, que poderá
trazer implicações profundas nas rotas que unem as cidades de Lisboa, Porto, Faro e Madrid
(ver, para mais detalhes, o próximo capítulo).
Por último, podemos destacar dois factores de ordem geográfica que condicionam positiva-
mente o transporte aéreo nacional. Por um lado, a distância dos principais hubs (aeroportos
utilizados como centros de distribuição de tráfego aéreo internacional) europeus reduz o
número de concorrentes naturais para cada destino; por outro lado, a localização de Lisboa
relativamente aos restantes aeroportos europeus de maior dimensão, concede à TAP uma
vantagem nas exploração dos mercados brasileiro e africano.
4.2. Evolução recente da actividade operacional da TAP.
A actividade operacional da TAP tem vindo a recuperar da acentuada queda verificada em
2001, muito por força dos factores já anteriormente referidos. Tanto o número de PKO’s
(número potencial de passageiros multiplicado pelo número de quilómetros oferecidos),
como o número de PKU’s (número de passageiros transportados em cada rota multiplicados
pelo número de quilómetros voados) têm registado uma evolução positiva sustentada (ver
figura 3.14).
Deste modo, o load factor da TAP (taxa de ocupação face à oferta disponibilizada), após a
quebra verificada aos ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001, tem vindo igualmente
a recuperar, ainda que lentamente.
Uma análise da performance operacional da TAP em termos regionais permite constatar que,
no que se refere ao número de PKU’s, surge como principal mercado a Europa (com 39.2%
do total em 2003), seguida, como seria de esperar, das rotas do Atlântico Sul com 32.3%,
4. Infra-estruturas aeroportuárias.
77
onde o mercado brasileiro tem constituído uma das grandes apostas por parte da companhia
aérea nacional nos últimos anos. Em terceiro lugar, aparece o continente africano como área
geográfica de eleição em termos da actividade operacional, com 10.7% do número total de
PKU’s da TAP. A figura 3.15 retrata esta situação.
Figura 3.14. Evolução do número de PKO’s, PKU’s e Load Factor, 1999-2003.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
1999 2000 2001 2002 2003
Biliões
65
66
67
68
69
70
71
72
73
Percentagem
PKO's PKO's PKO's PKO's ( escala da esquerda)(escala da esquerda)(escala da esquerda)(escala da esquerda)
PKU's PKU's PKU's PKU's ( escala da esquerda)( escala da esquerda)( escala da esquerda)( escala da esquerda)
Load Factor Load Factor Load Factor Load Factor ( escala da direita)(escala da direita)(escala da direita)(escala da direita)
Fonte: TAP SGPS
Figura 3.15. PKU’s por sector de rede de linha (voos regulares), 2003 (valor e percentagem
do total).
0
1
2
3
4
5
Continente
Regiões
Autónomas
Europa
˘frica
Atl. Norte
Atl. Médio
Atl. Su
l
Biliões
0.7%
8.4%
39.2%
10.7%
6.5%
6.5%
32.3%
Fonte: TAP SGPS
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
78
Face à distribuição geográfica da oferta proporcionada pela TAP, e com o objectivo de, ano
após ano, ir maximizando a taxa de ocupação dos aparelhos utilizados nas diversas rotas
voadas, a companhia tem vindo não só a adequar os destinos oferecidos face à procura,
bem como a frequência desses destinos.
Figura 3.16. Evolução da aquisição de aviões que compõem a frota da TAP, 1988-2003
(número de aviões).
1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Total
2 1 1 12
22
7
9
5 1
5 38383838
2003 Fontes: IATA, TAP SGPS
No entanto, a adequação dos aparelhos utilizados ao serviço oferecido é de extrema impor-
tância. Por isso, a companhia aérea nacional tem vindo a desenvolver esforços no sentido de
remodelar a sua frota. No final de 2003, a TAP detinha 38 aviões – 28 destinados à operação
de médio curso e 10 destinados para as rotas de longo curso (ver figura 3.16).
A prova deste esforço de remodelação da frota de aviões de médio curso é o facto de a sua
idade média ser actualmente de 4.6 anos e a da frota no global ser de 6.7 anos (ver figura
3.17).
Figura 3.17. Composição da frota da TAP, 2003.
10101010282828286.76.76.76.738383838TotalTotalTotalTotal
2414.76A310A310A310A310
049.04A340A340A340A340
122.73A321/211A321/211A321/211A321/211
454.49A320/211 e 214A320/211 e 214A320/211 e 214A320/211 e 214
3135.116A319/111A319/111A319/111A319/111
AluguerAluguerAluguerAluguerTitularidadeTitularidadeTitularidadeTitularidadeIdade MIdade MIdade MIdade MéééédiadiadiadiaUnidadesUnidadesUnidadesUnidades
10101010282828286.76.76.76.738383838TotalTotalTotalTotal
2414.76A310A310A310A310
049.04A340A340A340A340
122.73A321/211A321/211A321/211A321/211
454.49A320/211 e 214A320/211 e 214A320/211 e 214A320/211 e 214
3135.116A319/111A319/111A319/111A319/111
AluguerAluguerAluguerAluguerTitularidadeTitularidadeTitularidadeTitularidadeIdade MIdade MIdade MIdade MéééédiadiadiadiaUnidadesUnidadesUnidadesUnidades
Fonte: TAP SGPS
4. Infra-estruturas aeroportuárias.
79
No entanto, esta renovação da frota terá que continuar a ser uma realidade, nomeadamen-
te, no que diz respeito à necessidade de adequar a dimensão dos aviões ao posicionamento
estratégico que a companhia virá a adoptar no seio do transporte aéreo nacional. A melhoria operacional da TAP pode ser igualmente constatada quando comparamos a evo-
lução do respectivo load factor em face de algumas companhias aéreas europeias que lhe
são similares em termos de dimensão e de produto oferecido. Assim, exceptuando a Swiss,
que se encontra nos seus primeiros anos de actividade, a TAP foi a que, de uma forma sus-
tentada, apresentou o maior crescimento – 4.1 pontos percentuais – (ver figura 3.18),
reflectindo uma maior eficiência na ocupação dos aviões ao serviço da companhia.
Figura 3.18. Evolução do Load Factor de algumas companhias aéreas pertencentes à Associ-
ation of European Airlines (AEA), 2001-2003.
40
45
50
55
60
65
70
75
Austrian
Cyprus
Airways
CSA
Czech
Finnair
Lot P
olish
Olympic
Swiss
TAP
Percen
tage
m
2001200120012001 2002200220022002 2003200320032003
Crescimento de 4.1 Crescimento de 4.1 Crescimento de 4.1 Crescimento de 4.1
pontos percentuais pontos percentuais pontos percentuais pontos percentuais
entre 2001 e 2003.entre 2001 e 2003.entre 2001 e 2003.entre 2001 e 2003.
Fontes: TAP SGPS, Association of European Airlines (AEA)
4.3. Um possível posicionamento estratégico da TAP e do sector aéreo nacional.
Em termos de perspectivas futuras no que diz respeito à evolução do número de passageiros
transportados a nível internacional, ou seja, ao dinamismo do lado da procura, a IATA (In-
ternational Air Transport Association) prevê um crescimento médio anual no período com-
preendido entre 2004 e 2006 de 4.2% (ver figura 3.19). Em termos regionais, o maior cres-
cimento deverá ocorrer nas rotas entre a América do Norte e América do Sul. Relativamente
à Europa, o segundo maior mercado da TAP, o tráfego aéreo deverá evoluir cerca de 4.7%
neste o período. No entanto, há a realçar que este sector se encontra ainda muito exposto a
factores externos totalmente imprevisíveis, como é o caso da evolução do actual contexto
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
80
político e militar e de todas as consequências que daí poderão advir em termos de segurança
mundial. É, pois, com algumas reservas que devem ser encarados alguns prognósticos quan-
to ao ritmo de crescimento deste sector tão importante para a economia mundial; para além
destas tendências e riscos, outros factores determinantes para a evolução do transporte aé-
reo a nível global – e naturalmente para a TAP – podem ser enumerados:
• A implementação das Liberdades Técnicas definidas pela Convenção de Chicago de 1994,
que implicará um aumento da liberalização do sector;
• Os contínuos ganhos de eficiência, quer em termos de redução de custos operacionais,
quer em custos de distribuição, traduzindo-se numa crescente pressão sobre os preços;
• A crescente importância do tráfego business (cujo a finalidade não é o turismo) para o
breakeven em rotas mais competitivas, com implicações na crescente dificuldade em
operar em algumas rotas, dado o fraco peso relativo de tráfego mais rico (que proporci-
ona a prática de tarifas mais elevadas) no mercado português;
• O desenvolvimento dos grandes hubs europeus reforça o enfoque das respectivas com-
panhias no tráfego de ligação, o que proporciona uma contínua deterioração da posição
das companhias nacionais no mercado português (dado o crescimento de outras compa-
nhias que efectuam tráfego de ligação); e
• A progressiva transferência do poder de fidelização (escolha do transportador) das agên-
cias para os clientes finais (particulares e empresas) por via da proliferação dos canais e
modos de venda, implicando um menor valor relativo da lealdade dos agentes em rela-
ção às companhias nacionais.
Figura 3.19. Evolução prevista do transporte aéreo internacional de passageiros (%), 2004-
2006.
0
2
4
6
8
Atlântico Norte
Trans-Pa
cifico
Europa-Oriente
Europa-M
édio Oriente
Europa-˘frica
Oriente-Pa
cifico Su
l
Américado
Norte-
Américado
Sul
Europa
Oriente
Américado
Sul
Percen
tagem
2004200420042004 2005200520052005 2006200620062006
Fonte: IATA
4. Infra-estruturas aeroportuárias.
81
Podemos, assim, considerar que a TAP se encontra numa encruzilhada estratégica. Ou seja,
face aos diversos factores que condicionam actualmente o mercado português e o mercado
de transporte aéreo internacional, e as tendências da própria indústria, é essencial a defini-
ção de qual o posicionamento estratégico a seguir pela maior transportadora aérea nacional,
cujas implicações serão decisivas para as restantes companhias portuguesas a operar no
sector.
As alternativas estratégicas baseiam-se, fundamentalmente, na permanência da política ac-
tual, mantendo um elevado risco de entrar em colapso financeiro, ou no posicionamento es-
tratégico como uma companhia de oferta segmentada com capacidade para fazer a ligação
entre a Europa, o Brasil e o Continente Africano, aproveitando as sinergias resultantes da
cooperação com as restantes companhias aéreas nacionais.
Devem ser entendidas as vantagens de ter uma companhia aérea que sirva de âncora ao
sector a nível nacional, e que apresente uma oferta segmentada de acordo com as suas
congéneres nacionais. Ou seja, que encare companhias como a Portugália, a SATA e a Air
Luxor, não como rivais mas como parceiras. Assim, numa situação destas, as vantagens para
os utilizadores, para a economia como um todo e para o país podem ser múltiplas, nomea-
damente:
• Oferecer um maior número de destinos (em voo directo ou em code-share – acordo en-
tre duas empresas por forma a incluir o código de uma companhia num voo operado
pela outra);
• Adequar os horários às necessidades dos passageiros nacionais. Nesta situação, para a
maximização da oferta de voos, é necessário adequar a frota de aviões. Em muitos ca-
sos, a dimensão dos aviões não é ajustada à procura, decorrendo daí uma deterioração
da margem comercial;
• Complementar a oferta de voos regulares para o reforço de destinos turísticos mais pro-
curados, sem restrição de horários. Nesta situação, o mercado brasileiro e africano será
determinante;
• Assegurar a facilidade de ligação aos principais centros de negócio;
• Melhorar a acessibilidade do país, tornando-o numa localização mais atractiva;
• Complementar a oferta com ligação regular aos principais mercados emissores de tráfego
turístico, com maior número de frequências. Para isso, a frota poderá ter necessidade de
ser adequada (diminuição da dimensão das aeronaves).
Assim, a proposta de valor a apresentar pela TAP poderá passar por:
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
82
• Ser uma companhia de referência no mercado português, nas principais comunidades
portuguesas residentes no estrangeiro e no segmento de turistas Portugal;
• Oferecer uma rede estruturada de destinos aéreos através de uma aliança estratégica
com um (vários) parceiro(s) internacional(ais), onde o preço oferecido seja mais compe-
titivo;
• Servir como polo de distribuição de passageiros entre a Europa, Brasil e África, potenci-
ando a posição de Portugal na Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Ou seja, a TAP poderá posicionar-se como uma companhia com oferta segmentada, com en-
foque nos destinos procurados pelos portugueses e europeus no Brasil e alguns países afri-
canos (nomeadamente os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, PALOP) obtendo,
assim, a primazia não só das necessidades do mercado português, mas também do mercado
europeu para efeitos de desenho da rede, ajustamento de horários e outras características
do serviço, em colaboração com as restantes companhias aéreas nacionais no sentido de
estas serem fontes de alimentação de passageiros europeus para as rotas dirigidas para o
continente africano e o Brasil.
Para alcançar estes objectivos estratégicos, a reestruturação do transporte aéreo da TAP de-
verá focalizar-se em três vectores: (i) reestruturação interna do transporte aéreo, (ii) articu-
lação TAP/PGA/SATA/Air Luxor e (iii) negociação e desenvolvimento de uma parceria estra-
tégica (todos estes vectores já conheceram alguns desenvolvimentos recentes).
(i) Reestruturação interna.
Em termos de reestruturação interna, abrem-se algumas oportunidades de melhoria ao nível
do transporte aéreo com possível impacto nos resultados financeiros e qualitativos:
• Melhoria ao nível do produto oferecido: introdução de alterações na rede TAP, potenci-
ando um maior nível de utilização da frota actual – neste sentido já foram inaugurados,
no Verão que passou, três novos destinos na Europa (Budapeste, Praga e Veneza) e, da
mesma forma, verificou-se o aumento da frequência de voos para o Brasil;
• Aumento da eficácia das vendas: redução de níveis de comissionamento em Portugal e
nos principais mercados, melhoria do posicionamento no segmento premium, entre ou-
tros;
• Renegociação de alguns contratos de fornecimento: handling, catering (serviço de refei-
ções prestado a bordo), serviços de tecnologias de informação e outros;
• Redução de custos estruturais: actualização da frota de longo curso, reestruturação da
política salarial e do número de colaboradores e outros – no final de 2004 a TAP deverá
4. Infra-estruturas aeroportuárias.
83
contar com 7920 trabalhadores (se o objectivo estabelecido for cumprido); no entanto, a
redução a efectuar nos próximos anos deverá ser mais profunda, de modo a colocar a
companhia aérea nacional em linha com o praticado pelas suas congéneres europeias
(ver figura 3.20).
Figura 3.20. Número de passageiros transportados por trabalhador, 2002.
40
240
440
640
840
1 040
1 240
1 440Alitalia
Austrian
Finn
air
Iberia
KLM
SAS
Swiss
TAP
NÀd
epa
ssag
eiros tra
nspo
rtado
s
por traba
lhad
or
MMMMéééédia aritmdia aritmdia aritmdia aritméééética das companhias atica das companhias atica das companhias atica das companhias aééééreas reas reas reas analisadasanalisadasanalisadasanalisadas
GAP de 28%
Fontes: Alitalia, Austrian Airlines, Finnair, Iberia, KLM, SAS, Swiss e TAP
(ii) Articulação TAP/Portugália/SATA/Air Luxor.
Ao nível do desenvolvimento de parcerias a realizar entre a TAP/Portugália/SATA e Air Luxor,
poderão abrir a porta a diversas oportunidades, nomeadamente:
• Possibilidade de eliminação de algumas sobreposições de rotas;
• Optimização do serviço prestado pela Portugália e pela Air Luxor para canalização dos
voos de longo curso; e
• Apesar da especificidade da oferta apresentada pela SATA (tendo como polo privilegiado
as deslocações entre ilhas, de e para os Açores), esta poderá ser igualmente compatibili-
zada como o serviço prestado pelas restantes companhias aéreas nacionais.
Tudo isto se poderá traduzir em múltiplas vantagens:
• Obtenção de massa crítica e sinergias através de uma eficiente cobertura geográfica;
• Partilha de serviços complementares;
• Optimização dos meios aéreos utilizados na rede utilizada;
• Especialização de redes e compatibilização de horários;
• Indução e canalização de tráfegos de rotas especificas entre a TAP a Portugália, a Air
Luxor e a SATA .
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
84
Figura 3.21. Principais companhias aéreas em número de passageiros e de PKU’s, 2001.
0.80.80.80.8PGAPGAPGAPGA0.90.90.90.9PGAPGAPGAPGA
10.310.310.310.349. TAP49. TAP49. TAP49. TAP5.45.45.45.4TAPTAPTAPTAP
........................6.046. 46. 46. 46. SpanairSpanairSpanairSpanair
........................6.243. 43. 43. 43. FinnairFinnairFinnairFinnair
15.039. 39. 39. 39. TurkishTurkishTurkishTurkish AirlinesAirlinesAirlinesAirlines9.433. 33. 33. 33. RyanairRyanairRyanairRyanair
23.029. SAS29. SAS29. SAS29. SAS9.932. 32. 32. 32. TurkishTurkishTurkishTurkish AirlinesAirlinesAirlinesAirlines
30.923. 23. 23. 23. SwissairSwissairSwissairSwissair15.924. KLM24. KLM24. KLM24. KLM
36.120. 20. 20. 20. AlitAlitAlitAlitáááálialialialia23.115. SAS15. SAS15. SAS15. SAS
41.318. 18. 18. 18. IberiaIberiaIberiaIberia24.513. 13. 13. 13. AlitaliaAlitaliaAlitaliaAlitalia
57.514. KLM14. KLM14. KLM14. KLM25.212. 12. 12. 12. IberiaIberiaIberiaIberia
73.910. US Airlines10. US Airlines10. US Airlines10. US Airlines34.610. 10. 10. 10. British AirwaysBritish AirwaysBritish AirwaysBritish Airways
81.79. 9. 9. 9. JapanJapanJapanJapan AirlinesAirlinesAirlinesAirlines42.49. Continental9. Continental9. Continental9. Continental
91.38. 8. 8. 8. LufthansaLufthansaLufthansaLufthansa43.08. 8. 8. 8. Air FranceAir FranceAir FranceAir France
92.77. Continental7. Continental7. Continental7. Continental43.07. 7. 7. 7. All Nippon AirwaysAll Nippon AirwaysAll Nippon AirwaysAll Nippon Airways
95.86. 6. 6. 6. Air FranceAir FranceAir FranceAir France44.26. 6. 6. 6. LufthansaLufthansaLufthansaLufthansa
103.45. 5. 5. 5. British AirwaysBritish AirwaysBritish AirwaysBritish Airways55.35. 5. 5. 5. NorthwestNorthwestNorthwestNorthwest AirlinesAirlinesAirlinesAirlines
117.74. 4. 4. 4. NorthwestNorthwestNorthwestNorthwest AirlinesAirlinesAirlinesAirlines56.14. US Airlines4. US Airlines4. US Airlines4. US Airlines
156.53. Delta Airlines3. Delta Airlines3. Delta Airlines3. Delta Airlines75.43. 3. 3. 3. UnitedUnitedUnitedUnited AirlinesAirlinesAirlinesAirlines
170.92. 2. 2. 2. AmericanAmericanAmericanAmerican AirlinesAirlinesAirlinesAirlines78.12. 2. 2. 2. AmericanAmericanAmericanAmerican AirlinesAirlinesAirlinesAirlines
187.61. 1. 1. 1. UnitedUnitedUnitedUnited AirlinesAirlinesAirlinesAirlines93.41. Delta Airlines1. Delta Airlines1. Delta Airlines1. Delta Airlines
PKUPKUPKUPKUÊÊÊÊs (mil milhs (mil milhs (mil milhs (mil milhõõõões)es)es)es)Companhias ACompanhias ACompanhias ACompanhias AééééreasreasreasreasPassageiros (milhPassageiros (milhPassageiros (milhPassageiros (milhõõõões)es)es)es)Companhias ACompanhias ACompanhias ACompanhias Aééééreasreasreasreas
0.80.80.80.8PGAPGAPGAPGA0.90.90.90.9PGAPGAPGAPGA
10.310.310.310.349. TAP49. TAP49. TAP49. TAP5.45.45.45.4TAPTAPTAPTAP
........................6.046. 46. 46. 46. SpanairSpanairSpanairSpanair
........................6.243. 43. 43. 43. FinnairFinnairFinnairFinnair
15.039. 39. 39. 39. TurkishTurkishTurkishTurkish AirlinesAirlinesAirlinesAirlines9.433. 33. 33. 33. RyanairRyanairRyanairRyanair
23.029. SAS29. SAS29. SAS29. SAS9.932. 32. 32. 32. TurkishTurkishTurkishTurkish AirlinesAirlinesAirlinesAirlines
30.923. 23. 23. 23. SwissairSwissairSwissairSwissair15.924. KLM24. KLM24. KLM24. KLM
36.120. 20. 20. 20. AlitAlitAlitAlitáááálialialialia23.115. SAS15. SAS15. SAS15. SAS
41.318. 18. 18. 18. IberiaIberiaIberiaIberia24.513. 13. 13. 13. AlitaliaAlitaliaAlitaliaAlitalia
57.514. KLM14. KLM14. KLM14. KLM25.212. 12. 12. 12. IberiaIberiaIberiaIberia
73.910. US Airlines10. US Airlines10. US Airlines10. US Airlines34.610. 10. 10. 10. British AirwaysBritish AirwaysBritish AirwaysBritish Airways
81.79. 9. 9. 9. JapanJapanJapanJapan AirlinesAirlinesAirlinesAirlines42.49. Continental9. Continental9. Continental9. Continental
91.38. 8. 8. 8. LufthansaLufthansaLufthansaLufthansa43.08. 8. 8. 8. Air FranceAir FranceAir FranceAir France
92.77. Continental7. Continental7. Continental7. Continental43.07. 7. 7. 7. All Nippon AirwaysAll Nippon AirwaysAll Nippon AirwaysAll Nippon Airways
95.86. 6. 6. 6. Air FranceAir FranceAir FranceAir France44.26. 6. 6. 6. LufthansaLufthansaLufthansaLufthansa
103.45. 5. 5. 5. British AirwaysBritish AirwaysBritish AirwaysBritish Airways55.35. 5. 5. 5. NorthwestNorthwestNorthwestNorthwest AirlinesAirlinesAirlinesAirlines
117.74. 4. 4. 4. NorthwestNorthwestNorthwestNorthwest AirlinesAirlinesAirlinesAirlines56.14. US Airlines4. US Airlines4. US Airlines4. US Airlines
156.53. Delta Airlines3. Delta Airlines3. Delta Airlines3. Delta Airlines75.43. 3. 3. 3. UnitedUnitedUnitedUnited AirlinesAirlinesAirlinesAirlines
170.92. 2. 2. 2. AmericanAmericanAmericanAmerican AirlinesAirlinesAirlinesAirlines78.12. 2. 2. 2. AmericanAmericanAmericanAmerican AirlinesAirlinesAirlinesAirlines
187.61. 1. 1. 1. UnitedUnitedUnitedUnited AirlinesAirlinesAirlinesAirlines93.41. Delta Airlines1. Delta Airlines1. Delta Airlines1. Delta Airlines
PKUPKUPKUPKUÊÊÊÊs (mil milhs (mil milhs (mil milhs (mil milhõõõões)es)es)es)Companhias ACompanhias ACompanhias ACompanhias AééééreasreasreasreasPassageiros (milhPassageiros (milhPassageiros (milhPassageiros (milhõõõões)es)es)es)Companhias ACompanhias ACompanhias ACompanhias Aééééreasreasreasreas
Fonte: IATA
Esta necessidade de uma maior colaboração entre as principais companhias aéreas nacio-
nais, é tanto mais evidente quando verificamos a dimensão marginal que a TAP tem em ter-
mos internacionais (ver figura 3.21). De facto, o mercado internacional de transporte aéreo é
claramente dominado pelas companhias norte-americanas, quer em número de passageiros,
quer em número de PKU’s e, em termos relativos, é visível a reduzida dimensão das compa-
nhias portuguesas (por exemplo, em número de passageiros, a TAP representa aproxima-
damente 1/5 da Iberia).
(iii) Negociação e desenvolvimento de uma parceria estratégica.
Com o objectivo de aumentar o leque de destinos oferecidos, a TAP tem vindo a intensificar
o estabelecimento de acordos comerciais e parcerias com outras companhias aéreas, possibi-
litando o reforço dos programas e destinos, a conveniência acrescida de horários, a rentabili-
zação de recursos físicos e humanos e a criação de poupanças decorrentes do aproveitamen-
4. Infra-estruturas aeroportuárias.
85
to de sinergias operacionais e de infra-estruturas. A figura 3.22 ilustra esta situação. Só em
2003 a TAP efectuou cerca de 671 voos em regime de code-share, destacando-se a Portugá-
lia como principal parceira com 327 ligações.
Figura 3.22. Acordos de cooperação e parcerias, 2003.
43SuiçaPortugália
5UcrâniaUkraine International
12Cabo VerdeTACV˘̆̆̆fricafricafricafrica
4MoçambiqueLAM
Até MarçoEUAAmerican AirlinesAtlAtlAtlAtlâââântico Nortentico Nortentico Nortentico Norte
35IlhasIbéria
28AlemanhaPortugália
EuropaEuropaEuropaEuropa
14AlemanhaIbéria
10AlemanhaDeutsch Bahn
3˘ustriaIbéria
30BélgicaPortugália
163EspanhaIbéria
9FinlândiaFinnair
24FrançaIbéria
21FrançaPortugália
4GréciaIbéria
4GréciaOlympic Airways
10HolandaPortugália
6HolandaIbéria
2IrlandaIbéria
8IrlandaBritish Midland
55ItáliaPortugália
6ItáliaIbéria
7LuxemburgoPortugália
21Reino UnidoBritish Midland
51Reino UnidoPortugália
13
14
69
NNNNÀÀÀÀ semanal de voossemanal de voossemanal de voossemanal de voos
Brasil
Ilhas
Continente e Ilhas
DestinoDestinoDestinoDestino
SATA
PortugáliaAtlAtlAtlAtlâââântico Sulntico Sulntico Sulntico Sul
Portugália
PortugalPortugalPortugalPortugal
CompanhiaCompanhiaCompanhiaCompanhiaSectorSectorSectorSector
43SuiçaPortugália
5UcrâniaUkraine International
12Cabo VerdeTACV˘̆̆̆fricafricafricafrica
4MoçambiqueLAM
Até MarçoEUAAmerican AirlinesAtlAtlAtlAtlâââântico Nortentico Nortentico Nortentico Norte
35IlhasIbéria
28AlemanhaPortugália
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14AlemanhaIbéria
10AlemanhaDeutsch Bahn
3˘ustriaIbéria
30BélgicaPortugália
163EspanhaIbéria
9FinlândiaFinnair
24FrançaIbéria
21FrançaPortugália
4GréciaIbéria
4GréciaOlympic Airways
10HolandaPortugália
6HolandaIbéria
2IrlandaIbéria
8IrlandaBritish Midland
55ItáliaPortugália
6ItáliaIbéria
7LuxemburgoPortugália
21Reino UnidoBritish Midland
51Reino UnidoPortugália
13
14
69
NNNNÀÀÀÀ semanal de voossemanal de voossemanal de voossemanal de voos
Brasil
Ilhas
Continente e Ilhas
DestinoDestinoDestinoDestino
SATA
PortugáliaAtlAtlAtlAtlâââântico Sulntico Sulntico Sulntico Sul
Portugália
PortugalPortugalPortugalPortugal
CompanhiaCompanhiaCompanhiaCompanhiaSectorSectorSectorSector
Fonte: TAP SGPS
Paralelamente, tem-se verificado um aumento da participação de diversas companhias aére-
as em alianças internacionais a nível global, apressando uma companhia aérea com a estru-
tura da TAP a desenvolver uma parceria similar. No actual contexto do sector de transporte
aéreo internacional destaca-se a Star Alliance, liderada pela Lufthansa, a Sky Team, liderada
pela Air France e KLM, e por último, a One World, em que se destacam a American Airlines,
a British Airways e a Iberia (ver figura 3.23).
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
86
Figura 3.23. Principais parcerias do sector de transporte aéreo mundial, 2003.
Fontes: Star Alliance, Skyteam, Oneworld
As vantagens da realização de uma aliança com um dos grandes agrupamentos de compa-
nhias aéreas europeias são diversas, quer em termos de proposta de valor global, quer de
objectivo estratégico ou de diversos vectores de criação de valor (ver figura 3.24).
Figura 3.24.Vantagens para a TAP resultantes da entrada em grupos de parceria aérea inter-
nacional.
Possibilitar a criação de um plano de negócio gerador de valor, com o objectivo de explorar mais eficazmente o mercado português através de um processo sustentável e isento de risco
Proposta de Proposta de Proposta de Proposta de valor globalvalor globalvalor globalvalor global
•Complementar o papel da Varig no Norte do Brasil•Evitar a hegemonia do Sky Team nas rotas de ˘frica
•Rebalancear o posicionamento competitivo nas trunk routes Portugal-Paris•Afastar concorrência nas rotas de ˘frica•Providenciar âmbito global à Wings (América do Sul e ˘frica)•Reforçar massa crítica para fortalecer posição negocial vis-à-vis as companhias maiores
•Alargar o mercado doméstico através da introdução de um segundo hub ibérico (Lisboa)•Complementar a cobertura na América Latina
FitFitFitFit estratestratestratestratéééégicogicogicogico
1.Vender destinos off-line em Portugal (via hub do parceiro)
2.Reduzir custos fixos redundantes3.Alavancar posicionamento da TAP para vender produtos LH em Portugal
4.Alavancar compras conjuntas/gestão integrada do aprovisionamento
5.Alavancar o posicionamento da LH para vender produtos da TAP na Alemanha
1. Vender destinos off-line em Portugal (via hub do parceiro)2. Alavancar posicionamento da TAP para vender produtos da AF em
Portugal3. Reduzir custos fixos redundantes4. Alavancar posicionamento da AF para vender produtos da TAP em
França5. Alavancar compras conjuntas/gestão integrada do aprovisionamento6. Alavancar posicionamento da KLM para vender produtos da TAP na
Holanda
1.Reduzir custos fixos redundantes2.Alavancar posicionamento da Ibéria para vender produtos da TAP em Espanha
3.Alavancar posicionamento da TAP para vender produtos da Iberia em Portugal
4.Alavancar compras conjuntas/gestão integrada do aprovisionamento
5.Vender destinos off-line em Portugal (via hub do parceiro)
Principais Principais Principais Principais driversdriversdriversdrivers de valorde valorde valorde valor
Fonte: Espírito Santo Research – Research Sectorial
4. Infra-estruturas aeroportuárias.
87
Recentemente, foi anunciada a intenção de integrar a TAP na Star Alliance, uma das três
maiores alianças de aviação comercial internacionais. A este respeito (como ilustra a figura
3.25), cumpre referir que de entre as opções equacionadas, a aliança que maior impacto te-
ria na redução do número de rotas voadas pela TAP, caso fosse escolhida, seria a OneWorld
(a aliança liderada pela British Airways e American Airlines e a que pertence a Iberia). Por
outro lado, a Star Alliance, agrupamento de empresas liderado pela Lufthansa (e a que per-
tence a brasileira Varig), é aquela que apresenta um menor grau de sobreposição de desti-
nos oferecidos, podendo assim haver uma maior complementaridade a nível operacional (isto
é, um menor risco envolvido).
Figura 3.25. Grau de sobreposição de destinos oferecidos consoante o parceiro estratégico
seleccionado pela TAP.
LuandaLuandaLuandaLuanda
BarcelonaBarcelonaBarcelonaBarcelona
SalvadorSalvadorSalvadorSalvador
SSSSããããoooo PauloPauloPauloPaulo
RecifeRecifeRecifeRecife
GenGenGenGenééééveveveve
MadridMadridMadridMadrid
LuxemburgoLuxemburgoLuxemburgoLuxemburgo
BissauBissauBissauBissau
FortalezaFortalezaFortalezaFortaleza
DakarDakarDakarDakar
NovaNovaNovaNova IorqueIorqueIorqueIorque
MaputoMaputoMaputoMaputo
RioRioRioRio dededede JaneiroJaneiroJaneiroJaneiro
LondresLondresLondresLondres
MilMilMilMilããããoooo
Munique/BerlimMunique/BerlimMunique/BerlimMunique/Berlim
ParisParisParisParis
RomaRomaRomaRoma
CaracasCaracasCaracasCaracas
AmsterdAmsterdAmsterdAmsterdããããoooo
BasileiaBasileiaBasileiaBasileia
BruxelasBruxelasBruxelasBruxelas
FrankfurtFrankfurtFrankfurtFrankfurt
ZuriqueZuriqueZuriqueZurique
CopenhagaCopenhagaCopenhagaCopenhaga
LuandaLuandaLuandaLuanda
BarcelonaBarcelonaBarcelonaBarcelona
SalvadorSalvadorSalvadorSalvador
SSSSããããoooo PauloPauloPauloPaulo
RecifeRecifeRecifeRecife
GenGenGenGenééééveveveve
MadridMadridMadridMadrid
LuxemburgoLuxemburgoLuxemburgoLuxemburgo
BissauBissauBissauBissau
FortalezaFortalezaFortalezaFortaleza
DakarDakarDakarDakar
NovaNovaNovaNova IorqueIorqueIorqueIorque
MaputoMaputoMaputoMaputo
RioRioRioRio dededede JaneiroJaneiroJaneiroJaneiro
LondresLondresLondresLondres
MilMilMilMilããããoooo
Munique/BerlimMunique/BerlimMunique/BerlimMunique/Berlim
ParisParisParisParis
RomaRomaRomaRoma
CaracasCaracasCaracasCaracas
AmsterdAmsterdAmsterdAmsterdããããoooo
BasileiaBasileiaBasileiaBasileia
BruxelasBruxelasBruxelasBruxelas
FrankfurtFrankfurtFrankfurtFrankfurt
ZuriqueZuriqueZuriqueZurique
CopenhagaCopenhagaCopenhagaCopenhaga
Longo curso
Longo curso
Longo curso
Longo curso
MM MMéé éé d
io curso
dio curso
dio curso
dio curso
Risco de eliminaRisco de eliminaRisco de eliminaRisco de eliminaçãçãçãção de um o de um o de um o de um hubhubhubhub nacionalnacionalnacionalnacional
LuandaLuandaLuandaLuanda
BarcelonaBarcelonaBarcelonaBarcelona
SalvadorSalvadorSalvadorSalvador
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Munique/BerlimMunique/BerlimMunique/BerlimMunique/Berlim
ParisParisParisParis
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CaracasCaracasCaracasCaracas
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BasileiaBasileiaBasileiaBasileia
BruxelasBruxelasBruxelasBruxelas
FrankfurtFrankfurtFrankfurtFrankfurt
ZuriqueZuriqueZuriqueZurique
CopenhagaCopenhagaCopenhagaCopenhaga
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BruxelasBruxelasBruxelasBruxelas
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LuxemburgoLuxemburgoLuxemburgoLuxemburgo
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FortalezaFortalezaFortalezaFortaleza
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NovaNovaNovaNova IorqueIorqueIorqueIorque
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LondresLondresLondresLondres
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CaracasCaracasCaracasCaracas
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BruxelasBruxelasBruxelasBruxelas
FrankfurtFrankfurtFrankfurtFrankfurt
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BasileiaBasileiaBasileiaBasileia
BruxelasBruxelasBruxelasBruxelas
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LuandaLuandaLuandaLuanda
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SalvadorSalvadorSalvadorSalvador
SSSSããããoooo PauloPauloPauloPaulo
RecifeRecifeRecifeRecife
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MadridMadridMadridMadrid
LuxemburgoLuxemburgoLuxemburgoLuxemburgo
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NovaNovaNovaNova IorqueIorqueIorqueIorque
MaputoMaputoMaputoMaputo
RioRioRioRio dededede JaneiroJaneiroJaneiroJaneiro
LondresLondresLondresLondres
MilMilMilMilããããoooo
Munique/BerlimMunique/BerlimMunique/BerlimMunique/Berlim
ParisParisParisParis
RomaRomaRomaRoma
CaracasCaracasCaracasCaracas
AmsterdAmsterdAmsterdAmsterdããããoooo
BasileiaBasileiaBasileiaBasileia
BruxelasBruxelasBruxelasBruxelas
FrankfurtFrankfurtFrankfurtFrankfurt
ZuriqueZuriqueZuriqueZurique
CopenhagaCopenhagaCopenhagaCopenhaga
- Destinos em que o número de frequências pode vir a diminuir significativamente.
- Destinos em que o número de frequências pode vir a diminuir significativamente.
######## - Voos „Non Stop‰ de elevada frequência (Médio curso mais de 2 voos diários, Longo curso mais de 1 voo diário.
######## - Voos „Non Stop‰ de baixa frequência.
Fonte: Espírito Santo Research - Research Sectorial
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
88
No entanto, esta associação pode acarretar alguns riscos, nomeadamente, no que se refere
à canibalização dos voos da TAP para o centro da Europa e, sobretudo, para os destinos
mais oferecidos pelas companhias europeias que já integram esta aliança (em especial
Lufthansa, Spanair, Austrian Airlines e SAS).
4.4. A actividade de ground handling da TAP.
A actividade de ground handling (ou handling) abrange um conjunto alargado de tarefas re-
lacionadas com a assistência a aviões e passageiros, incluindo as respectivas bagagens. É
usual a divisão do handling em três áreas: passageiros, placa e carga correio.
As directivas comunitárias obrigaram, no actual contexto, à abertura de um concurso para a
abertura deste mercado à concorrência, apontando para mecanismos de regulação e para
uma liberalização gradual do sector. Neste sentido, a solução preconizada passou pela priva-
tização da unidade de handling da TAP, uma vez que, a entrada a entrada de um novo ope-
rador teria como consequência uma eventual destruição da margem do mercado e, em con-
sequência, do valor da TAP Handling.
Assim, por concurso público internacional a TAP alienou um lote de 400 800 acções (50.1%)
da Sociedade Portuguesa de Handling , tendo o valor da transacção sido na ordem dos EUR
39 milhões.
4.5. A Unidade de Manutenção e Engenharia da TAP.
A Unidade (de negócios) de Manutenção e Engenharia presta serviços de manutenção e en-
genharia a aviões (airframe), motores e componentes, da frota da TAP e de terceiros, de
forma integrada ou pontual. Ao longo dos últimos anos, esta unidade tem vindo a apresentar
uma evolução sustentada da sua actividade que, no entanto, foi interrompida em 2002 em
consequência de algumas falências de companhias aéreas e da redução do tráfego aéreo.
Esta situação é retratada na figura 3.26. No que diz respeito aos clientes preferenciais, em
2002, contrariando a tendência que se vinha a verificar nos anos anteriores, a TAP voltou a
ser o principal cliente da empresa.
A estagnação da actividade da Unidade de Manutenção e Engenharia nas vertentes de airfra-
me (estrutura dos aviões), motores, módulos e componentes (como se pode constatar na
figura 3.27) deve-se, fundamentalmente, à limitação física das instalações do Aeroporto da
Portela que não permitem um crescimento operacional desta actividade ao longo dos próxi-
mos anos.
4. Infra-estruturas aeroportuárias.
89
Figura 3.26. Evolução dos proveitos, (EUR milhões) 1996-2002.
0
50
100
150
200
250
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
Trabalhos Trabalhos Trabalhos Trabalhos realizados realizados realizados realizados
paraparaparapara aaaa prprprpróóóópria pria pria pria TAPTAPTAPTAP
Trabalhos realizados Trabalhos realizados Trabalhos realizados Trabalhos realizados para outras companhiaspara outras companhiaspara outras companhiaspara outras companhias
Fonte: TAP Manutenção
Figura 3.27. Evolução do número de reparações de motores, módulos, aviões e componen-
tes, 1996-2002.
100
200
300
400
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
10 000
15 000
20 000
25 000
30 000
Número de motores e módulos (escala da esquerda)Número de motores e módulos (escala da esquerda)Número de motores e módulos (escala da esquerda)Número de motores e módulos (escala da esquerda)Número de aviões (escala da esquerda)Número de aviões (escala da esquerda)Número de aviões (escala da esquerda)Número de aviões (escala da esquerda)
Número de componentes (escala da d ire ita)Número de componentes (escala da d ire ita)Número de componentes (escala da d ire ita)Número de componentes (escala da d ire ita)
Fonte: TAP Manutenção
Assim, como forma de ultrapassar este obstáculo físico, poderia ser equacionada a possibili-
dade de haver uma aproximação entre a empresa de manutenção da TAP e as OGMA, o que
poderia passar pela simples utilização das instalações de Alverca pela TAP Manutenção ou
pela subcontratação da capacidade/recursos das OGMA pela TAP.
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
90
5. Conclusões.
O sector do transporte aéreo em Portugal não deverá continuar a ser pensado numa lógica
de uma só companhia aérea, a TAP. Não será certamente positivo para as companhias aére-
as, os passageiros, a actividade económica e, genericamente, o interesse nacional, que exis-
ta uma situação de monopólio; por isso, a estratégia a seguir pela principal companhia aérea
portuguesa, de acordo com as indicações do accionista Estado, poderá centrar-se numa es-
tratégia de estabelecimento de parcerias/colaborações com as outras companhias portugue-
sas e não numa lógica de crescimento por absorção/fusão com essas companhias. Há, as-
sim, que potenciar as mais-valias de cada operador, isto é, aproveitar o que cada uma sabe
fazer de melhor, inclusivamente o nome e reputação entretanto criados.
Neste sentido, a estratégia que poderá ser seguida pela TAP, com influencia determinante
em todo o sector, poderá continuar a privilegiar três vectores fundamentais: (i) reestrutura-
ção interna, (ii) desenvolvimento da parceria estratégica (já acordada com a StarAlliance) e
(iii) aproximação às diversas companhias aéreas nacionais numa lógica de segmentação
face às principais características de cada uma.
Assim, o que parece não fazer sentido é que a TAP continue a apresentar uma oferta
generalizada, numa lógica muitas vezes referida como “companhia de bandeira”; ao invés, a
maior companhia aérea nacional pode aproveitar a posição privilegiada de Portugal face à
Europa, Brasil e África, sem nos esquecermos dos países onde residem as principais
comunidades de emigrantes. Numa estratégia devidamente consertada entre TAP,
Portugália, SATA e Air Luxor, o nosso país pode, assim, posicionar-se como um autêntico
“hub” entre os três continentes anteriormente referidos.
91
4. Infra-estruturas aeroportuárias.
1. Introdução.
Neste capítulo abordaremos a actual situação do sistema aeroportuário nacional, situando-o
face às necessidades de desenvolvimento do país e à sua interligação com outras infra-
estruturas de transporte. Quer o sistema aeroportuário nacional, quer a empresa que o gere
– a ANA Aeroportos de Portugal S.A. – serão sucintamente apresentados e, em seguida, é
analisado o tráfego nos principais aeroportos, sendo conferido um especial (e natural) des-
taque ao tráfego do aeroporto da Portela, de longe o maior do país, procurando-se dar uma
ideia da sua potencial longevidade. Posteriormente, procuramos determinar o impacto que o
desenvolvimento das infra-estruturas identificadas nos capítulos anteriores, bem como a
evolução da transportadora aérea nacional (mais do que das outras transportadoras referi-
das no capítulo anterior) poderá ter ao nível da utilização dos aeroportos nacionais. Final-
mente, serão apontadas possíveis soluções para o desenvolvimento aeroportuário nacional e
as suas fontes de financiamento, identificando possíveis modelos de relacionamento com
privados.
2. Uma breve caracterização da ANA – Aeroportos Nacionais, S.A.
O sistema aeroportuário português é composto por 9 aeroportos3: Lisboa, Faro, Porto, Ponta
Delgada, Santa Maria, Horta, Flores, Madeira e Porto Santo. No entanto, de entre estes, de-
vemos destacar os aeroportos de Lisboa, Faro, Porto e Madeira (ver figura 4.1) que repre-
sentam quase 94% do total de passageiros transportados, sendo de destacar o forte peso do
aeroporto da capital no total do número de passageiros transportados nos principais aero-
portos portugueses, o mesmo acontecendo relativamente ao tráfego comercial (ver figura
4.2).
3 Trataremos apenas dos aeroportos concessionados à ANA e, sobretudo os do Continente, os mais relevantes
para o fim que nos propusemos atingir.
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
92
A ANA – Aeroportos Nacionais, S.A., assegura a gestão dos aeroportos do Continente e dos
Açores, encontrando-se a gestão dos aeroportos da Madeira e Porto Santo entregue à ANAM
(empresa detida pela ANA e pelo Governo Regional da Madeira). Neste trabalho analisare-
mos os aeroportos cuja concessão de exploração foi entregue à ANA, dando especial desta-
que aos aeroportos do Continente, uma vez que são estes os que mais interdependências
têm com as restantes infra-estruturas de transporte abordadas nos capítulos anteriores.
Figura 4.1. Rede de aeroportos nacionais e número de passageiros transportados, 2002.
0.00.00.00.0
-0.9
1.3
-3.1
5.1
-6.2
2.8
-5.0
1.5
-0.1
VariaVariaVariaVaria çãçãçãçã o o o o 02/0102/0102/0102/01
20 21720 21720 21720 217TotalTotalTotalTotal
183Porto Santo
2 242Madeira
30Flores
189Horta
68Santa Maria
775Ponta Delgada
2 633Porto
4 725
9 269
NNNNúúúú meromeromeromero de de de de Passageiros Passageiros Passageiros Passageiros
emememem 2002200220022002
((((milharesmilharesmilharesmilhares))))
Faro
Lisboa
AeroportoAeroportoAeroportoAeroporto
0.00.00.00.0
-0.9
1.3
-3.1
5.1
-6.2
2.8
-5.0
1.5
-0.1
VariaççãoVariaççãoVariaççãoVariaçção2002/20012002/20012002/20012002/2001
(%)(%)(%)(%)
20 21720 21720 21720 217TotalTotalTotalTotal
183Porto Santo
2 242Madeira
30Flores
189Horta
68Santa Maria
775Ponta Delgada
2 633Porto
4 725
9 269
NNNNúúúú meromeromeromero de de de de Passageiros Passageiros Passageiros Passageiros
emememem 2002200220022002
((((milharesmilharesmilharesmilhares))))
Faro
Lisboa
AeroportoAeroportoAeroportoAeroporto
0.00.00.00.0
-0.9
1.3
-3.1
5.1
-6.2
2.8
-5.0
1.5
-0.1
VariaVariaVariaVaria çãçãçãçã o o o o 02/0102/0102/0102/01
20 21720 21720 21720 217TotalTotalTotalTotal
183Porto Santo
2 242Madeira
30Flores
189Horta
68Santa Maria
775Ponta Delgada
2 633Porto
4 725
9 269
NNNNúúúú meromeromeromero de de de de Passageiros Passageiros Passageiros Passageiros
emememem 2002200220022002
((((milharesmilharesmilharesmilhares))))
Faro
Lisboa
AeroportoAeroportoAeroportoAeroporto
0.00.00.00.0
-0.9
1.3
-3.1
5.1
-6.2
2.8
-5.0
1.5
-0.1
VariaççãoVariaççãoVariaççãoVariaçção2002/20012002/20012002/20012002/2001
(%)(%)(%)(%)
20 21720 21720 21720 217TotalTotalTotalTotal
183Porto Santo
2 242Madeira
30Flores
189Horta
68Santa Maria
775Ponta Delgada
2 633Porto
4 725
9 269
NNNNúúúú meromeromeromero de de de de Passageiros Passageiros Passageiros Passageiros
emememem 2002200220022002
((((milharesmilharesmilharesmilhares))))
Faro
Lisboa
AeroportoAeroportoAeroportoAeroporto
Fonte: ANA, Espírito Santo Research - Research Sectorial
Figura 4.2. Tráfego de passageiros e comercial nos aeroportos concessionados à ANA, 2002.
17 792 9 369
4 726
2 633
1 063
To ta l L isboa Faro Porto Aço res
199 110
31
41
16
To ta l L isboa Faro Po rto A ço res
126 007 81 025
1 642 34 786
8 554
Tota l L isboa Faro Po rto A çores
13 939 11 287
357 2 295
Tota l L isboa Faro Porto Aço res
Tráfego de Passageiros, 2002(passageiros, milhares)
Carga Comercial, 2002(toneladas, milhares)
Movimentos Comerciais, 2002(milhares)
Correio Comercial, 2002(toneladas, milhares)
17 792 9 369
4 726
2 633
1 063
To ta l L isboa Faro Porto Aço res
199 110
31
41
16
To ta l L isboa Faro Po rto A ço res
126 007 81 025
1 642 34 786
8 554
Tota l L isboa Faro Po rto A çores
13 939 11 287
357 2 295
Tota l L isboa Faro Porto Aço res
Tráfego de Passageiros, 2002(passageiros, milhares)
Tráfego de Passageiros, 2002(passageiros, milhares)
Carga Comercial, 2002(toneladas, milhares)
Carga Comercial, 2002(toneladas, milhares)
Movimentos Comerciais, 2002(milhares)
Movimentos Comerciais, 2002(milhares)
Correio Comercial, 2002(toneladas, milhares)
Correio Comercial, 2002(toneladas, milhares)
Fonte: ANA
4. Infra-estruturas aeroportuárias.
93
Entre 2000 e 2002 a ANA apresentou resultados líquidos positivos, embora registando uma
tendência de descida, tendo passado de EUR 30.4 milhões para EUR 8.5 no período referido
(ver figuras 4.3. e 4.4.).
Figura 4.3. Demonstração de resultados da ANA, 2002 (EUR milhões)
195.6 110.4
85 .2 44.2
41.0 12 .3 19.6
0 .7 8 .5
P rove itos Custo dasVendas
EB ITDA Am ortizações EB IT Im postos Resu ltadoF inanceiro
ResultadoExtrao rd iná rio
ResultadoLíqu ido
195.6 110.4
85 .2 44.2
41.0 12 .3 19.6
0 .7 8 .5
P rove itos Custo dasVendas
EB ITDA Am ortizações EB IT Im postos Resu ltadoF inanceiro
ResultadoExtrao rd iná rio
ResultadoLíqu ido
85 .2 44.2
41.0 12 .3 19.6
0 .7 8 .5
P rove itos Custo dasVendas
EB ITDA Am ortizações EB IT Im postos Resu ltadoF inanceiro
ResultadoExtrao rd iná rio
ResultadoLíqu ido
Fonte: ANA
Figura 4.4. Evolução do resultado líquido da ANA, 2000-2002 (EUR milhões e percentagem)
30 .4
16.8
8 .5
2000 2001 2002
- 72.1%30.4
16.8
8 .5
2000 2001 2002
- 72.1%
Fonte: ANA
A rendibilidade do activo e dos capitais próprios tem apresentado uma evolução igualmente
pouco satisfatória: entre 2000 e 2002, a rendibilidade do activo decresceu 38%, tendo pas-
sado de 14.7% para 9.1% respectivamente; a rendibilidade dos capitais próprios experimen-
tou um movimento semelhante, tendo descido de 13.7% em 2000 para 3.7% em 2002.
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
94
3. Cenários de evolução do tráfego aéreo.
A evolução do tráfego aeroportuário encontra-se muito ligada com o crescimento económico
e com a crescente mobilidade que lhe está associada (ver figura 4.5). Nos últimos 30 anos, a
taxa de crescimento acumulada anual foi de aproximadamente 6.7%, tendo o número de
passageiros nos aeroportos portugueses passado, neste período, de aproximadamente 2.5
milhões para cerca de 20 milhões.
Figura 4.5. Evolução do tráfego aéreo de passageiros e crescimento anual do PIB, 1970-
2000 (EUR milhões e milhões de passageiros).
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
1970 1972 1974 1976 1978 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000
0
20
40
60
80
100
120
Passageiros (milhões, escala Passageiros (milhões, escala Passageiros (milhões, escala Passageiros (milhões, escala da esquer da)da esquer da)da esquer da)da esquer da)
Valor do PIB (EUR milhões, Valor do PIB (EUR milhões, Valor do PIB (EUR milhões, Valor do PIB (EUR milhões, pr eços constantes de 1995, pr eços constantes de 1995, pr eços constantes de 1995, pr eços constantes de 1995,
escala da d ire ita)escala da d ire ita)escala da d ire ita)escala da d ire ita)
TCMA (70-80) = 6.7%
TCMA (80-90) = 7.2%
TCMA (90-00) = 6.4%
TCMA (70- 00) = 6.8%TCMA (70- 00) = 6.8%TCMA (70- 00) = 6.8%TCMA (70- 00) = 6.8%
Fontes: INAC, Eurostat, Espírito Santo Research - Research Sectorial
Na última década, a evolução do tráfego de passageiros em Portugal evoluiu de forma diver-
sa da dos restantes países europeus. De facto, entre 1993 e 1999, a taxa de crescimento de
passageiros transportados foi significativamente inferior à média dos países seleccionados
para comparação na figura 4.6. No entanto, no período de 2000 a 2002 (ver figura 4.7), em
que, devido ao atentado de 11 de Setembro de 2001, o tráfego aéreo internacional experi-
mentou uma redução significativa, verifica-se que o principal aeroporto nacional (aeroporto
da Portela), apresentou uma evolução menos desfavorável quando comparado com congé-
neres europeus.
Ao nível interno, a evolução do tráfego aéreo nos três principais aeroportos nacionais, Porte-
la, Faro e Francisco Sá Carneiro, apresentaram para o período 1998-2002 uma evolução de
tráfego bastante diferenciada (ver figura 4.8): de facto, os aeroportos da Portela e Faro
4. Infra-estruturas aeroportuárias.
95
cresceram a pouco mais de 3% ao ano cada um, enquanto que o aeroporto da cidade do
Porto praticamente estagnou durante esse período.
Figura 4.6. Evolução anual do número de passageiros transportados em diversos países eu-
ropeus, 1993-1999 (%).
Pa ís
7.1
12.2
9.0
17.6
7.5
9.1
6.9
Portugal
Bé lgica
Dinamarca
Irlanda
Finl ândia
Espanha
Alemanha
10.310.310.310.3Média dos países comparáveis
Passageiros Transportados TCMA (1993-1999)Pa ís
7.1
12.2
9.0
17.6
7.5
9.1
6.9
Portugal
Bé lgica
Dinamarca
Irlanda
Finl ândia
Espanha
Alemanha
10.310.310.310.3
Pa ís
7.1
12.2
9.0
17.6
7.5
9.1
6.9
Portugal
Bé lgica
Dinamarca
Irlanda
Finl ândia
Espanha
Alemanha
10.310.310.310.3Média dos países comparáveis
Passageiros Transportados TCMA (1993-1999)Pa ís
7.1
12.2
9.0
17.6
7.5
9.1
6.9
Portugal
Bé lgica
Dinamarca
Irlanda
Finl ândia
Espanha
Alemanha
10.310.310.310.3 Fonte: Eurostat, Airports Council International (ACI), Espírito Santo Research - Research Sectorial
Figura 4.7. Evolução dos passageiros transportados, 2000-2002 (valores em índice).
99.699.7
98.2
100.0
100.0
99.1
97
98
99
100
101
2000 2001 2002
Por telaPor telaPor telaPor tela
Média *Média *Média *Média *
* Média aritmética dos seguintes seis aeroportos europeus: Londres (Heathrow e Gatwick), Paris (Charles de Gaulle), Frankfurt,
Madrid e Amsterdão.
Fontes: ACI, Espírito Santo Research - Research Sectorial
No que toca ao dimensionamento de uma infra-estrutura aeroportuária, ele encontra-se de-
pendente não só do volume de tráfego, mas também da (as)simetria diária desse mesmo
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
96
tráfego e da sua sazonalidade. Os três principais aeroportos nacionais registam sazonalida-
des e procuras diárias bastante diferenciadas, com o aeroporto Francisco Sá Carneiro a apre-
sentar os factores de ocupação (média anual dos passageiros transportados/valor máximo
de passageiros transportados) mais baixos (ver figuras 4.9 e 4.10).
Figura 4.8. Comparação nacional da evolução do tráfego de passageiros, 1998-2002 (milhões
de passageiros e percentagem).
PortelaPortela
FaroFaro
FSCFSC
-TCMA 1998-2002 (%)
3.33.33.33.3
0.40.40.40.4
3.13.13.13.1
PortelaPortela
FaroFaro
FSCFSC
-
3.33.33.33.3
0.40.40.40.4
3.13.13.13.1
7.978.67
9.40 9.36 9.37
2.58 2.83 2.94 2.77 2.63
4.064.52 4.71 4.66 4.73
1998 1999 2000 2001 2002
PortelaPortela
FaroFaro
FSCFSC
-TCMA 1998-2002 (%)
3.33.33.33.3
0.40.40.40.4
3.13.13.13.1
PortelaPortela
FaroFaro
FSCFSC
-
3.33.33.33.3
0.40.40.40.4
3.13.13.13.1
7.978.67
9.40 9.36 9.37
2.58 2.83 2.94 2.77 2.63
4.064.52 4.71 4.66 4.73
1998 1999 2000 2001 2002
Fonte: ANA, Espírito Santo Research - Research Sectorial
Figura 4.9. Sazonalidade do tráfego de passageiros, 2002 (milhões de passageiros).
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Oct Nov Dez
PortelaPortelaPortelaPortela
Francisco Sá CarneiroFrancisco Sá CarneiroFrancisco Sá CarneiroFrancisco Sá Carneiro
FaroFaroFaroFaro
PortelaPortela
FaroFaro
FSCFSC
Factor de Ocupação
70.3%
62.3%
58.2%
Meses
PortelaPortela
FaroFaro
FSCFSC
Meses
100%
100%
100%
100%
100%
100%
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Oct Nov Dez
PortelaPortelaPortelaPortela
Francisco Sá CarneiroFrancisco Sá CarneiroFrancisco Sá CarneiroFrancisco Sá Carneiro
FaroFaroFaroFaro
PortelaPortela
FaroFaro
FSCFSC
Factor de Ocupação
70.3%
62.3%
58.2%
Meses
PortelaPortela
FaroFaro
FSCFSC
Meses
100%
100%
100%
100%
100%
100%
PortelaPortela
FaroFaro
FSCFSC
Factor de Ocupação
70.3%
62.3%
58.2%
Meses
PortelaPortela
FaroFaro
FSCFSC
Meses
100%
100%
100%
100%
100%
100%
Fonte: ANA, Espírito Santo Research - Research Sectorial
4. Infra-estruturas aeroportuárias.
97
Figura 4.10. Sazonalidade média diária, 2002 (número de passageiros).
PortelaPortela
FaroFaro
FSCFSC
Factor de Ocupação
52.2%
37.9%
42.6%
Horas
PortelaPortela
FaroFaro
FSCFSC
Horas do dia
100 000
200 000
300 000
400 000
500 000
600 000
700 000
800 000
00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23
Porte laPorte laPorte laPorte la
Franc is co Sá Carne iroFranc is co Sá Carne iroFranc is co Sá Carne iroFranc is co Sá Carne iro
FaroFaroFaroFaro
PortelaPortela
FaroFaro
FSCFSC
Factor de Ocupação
52.2%
37.9%
42.6%
Horas
PortelaPortela
FaroFaro
FSCFSC
Horas do dia
100 000
200 000
300 000
400 000
500 000
600 000
700 000
800 000
00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23
Porte laPorte laPorte laPorte la
Franc is co Sá Carne iroFranc is co Sá Carne iroFranc is co Sá Carne iroFranc is co Sá Carne iro
FaroFaroFaroFaro
Fonte: ANA, Espírito Santo Research - Research Sectorial
Actualmente, a ANA tem em curso um forte programa de investimentos, que permitirá au-
mentar de forma significativa a capacidade dos três principais aeroportos nacionais (ver figu-
ra 4.11.). De acordo com informação tornada pública temos, para cada aeroporto a seguinte
situação:
• Portela – O programa de investimentos em curso, permitirá aumentar a actual capacida-
de do aeroporto de 11 milhões de passageiros/ano para aproximadamente 16 milhões
passageiros/ano. Se a este plano de investimentos juntarmos o plano de investimentos
que já se encontra previsto adicionalmente, poder-se-á obter um incremento de passa-
geiros/ano de 2 milhões, o que permitirá atingir uma capacidade expectável de 18 mi-
lhões de passageiros por ano;
• Francisco Sá Carneiro – O aeroporto da cidade do Porto, tem em curso um plano de in-
vestimentos que permitirá aumentar a sua capacidade futura para 6 milhões de passa-
geiros/ano; mais uma vez, se a este plano em curso juntarmos o plano adicional previs-
to, poderá ser atingida uma capacidade de 8 milhões passageiros/ano.
• Faro – O plano de investimentos em curso em Faro aumentará a capacidade do aeropor-
to em 2 milhões de passageiros, o que irá permitir movimentar 8 milhões de passagei-
ros/ano. Refira-se que o facto do aeroporto de Faro se inserir numa área de reserva pro-
tegida é fortemente limitativo do aumento da capacidade do aeroporto do Algarve.
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
98
Figura 4.11. Plano de investimentos da ANA e metas previstas em termos de passageiros.
8.0
8.0
18.018.018.018.0
Capacidade futura previsível total **
8.0
6.0
16.016.016.016.0
Capacidade Futura *
(M;ilhões de passageiros/ano)
470
5078.8%6.0Faro
22094.0%2.8FSC
20085.2%11.0Portela
Investimentos
(%)
Capacidade ActualAeroporto
8.0
8.0
18.018.018.018.0
8.0
6.0
16.016.016.016.0
470
5078.8%6.0Faro
22094.0%2.8FSC
20085.2%11.0Portela
Investimentos em curso
(EUR milhões)
Taxa de Ocupação
(%) (M;ilhões de passageiros/ano)(M;ilhões de passageiros/ano)
8.0
8.0
18.018.018.018.0
Capacidade futura previsível total **
8.0
6.0
16.016.016.016.0
Capacidade Futura *
(M;ilhões de passageiros/ano)
470
5078.8%6.0Faro
22094.0%2.8FSC
20085.2%11.0Portela
Investimentos
(%)
Capacidade ActualAeroporto
8.0
8.0
18.018.018.018.0
8.0
6.0
16.016.016.016.0
470
5078.8%6.0Faro
22094.0%2.8FSC
20085.2%11.0Portela
Investimentos em curso
(EUR milhões)
Taxa de Ocupação
(%) (M;ilhões de passageiros/ano)(M;ilhões de passageiros/ano)
* De acordo com o plano de investimentos em curso.
** Depois de efectuado o plano de investimentos adicionalmente previsto.
Fontes: ANA, Expresso, Diário Económico
De entre os aeroportos nacionais, o aeroporto de Lisboa é aquele em que a limitação de ca-
pacidade e o seu aumento mais tem sido objecto de discussão, tendo-se assistido, por parte
dos últimos governos a posições de avanço e recuo relativamente à necessidade de dotar a
capital nacional e o próprio país de uma nova infra-estrutura aeroportuária (matéria que
abordaremos mais à frente).
Tendo por base
• a recente evolução do tráfego aéreo no aeroporto da Portela (uma taxa de crescimento
de 2% ao ano entre 1999 e 2002);
• as previsões de entidades reconhecidamente entendidas na área da aviação/aeroportos
que apontam para um cenário central (designado como “Base”) de crescimento anual do
tráfego aéreo entre 3% e 4% (ponto médio: 3.5%) até 2030 (como é o caso da empre-
sa de consultoria Parsons);
• os investimentos em curso e previstos (a que já acima aludimos) que, face à informação
disponibilizada, poderão alargar a capacidade de tráfego da Portela para cerca de 18 mi-
lhões de passageiros/ano;
• e considerando que a capacidade de tráfego de passageiros prevista foi calculada tendo
por base elevados níveis de serviço, e que a experiência internacional demonstra que di-
versos aeroportos similares conseguem, com uma perda de qualidade de serviço negli-
genciável aumentar a capacidade do respectivo aeroporto em cerca de 10%–15% de
passageiros/ano (face aos 18 milhões acima apontados);
poder-se-á esperar que a Portela possa permitir movimentar um total de passageiros/ano
próximo dos 20 milhões, o que resultará numa vida útil do maior aeroporto do país em cerca
de 20 anos (a figura 4.12 apresenta este cenário, bem como os que resultariam unicamente
da realização dos investimentos em curso e adicionalmente dos que se encontram previstos
mas não iniciados). No entanto, devem ser considerados outros factores que poderão esten-
4. Infra-estruturas aeroportuárias.
99
der a vida do aeroporto da Portela para além dos cerca de 20 anos já referidos. É o que fa-
remos na secção seguinte.
Figura 4.12. Evolução do tráfego de passageiros no aeroporto da Portela, Cenário “Base”,
1998-2030 (milhões de passageiros/ano).
5
10
20
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030
TCMA (2002-2030)=3.5% *
TCMA (1999-2002)=2%-
Cenário Cenário Cenário Cenário BaseBaseBaseBase
15
25
30
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030
Limite de capacidade a 16 milhões de passageiros
Limite de capacidade a 18 milhões de passageiros
Limite de capacidade a 20 milhões de passageiros
5
10
20
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030
TCMA (2002-2030)=3.5% *
TCMA (1999-2002)=2%-
Cenário Cenário Cenário Cenário BaseBaseBaseBase
15
25
30
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030
Limite de capacidade a 16 milhões de passageiros
Limite de capacidade a 18 milhões de passageiros
Limite de capacidade a 20 milhões de passageiros
Fontes: ANA, Parsons, Espírito Santo Research - Research Sectorial
4. Interdependência entre infra-estruturas e meios de transporte.
A evolução do tráfego aeroportuário nos aeroportos nacionais encontra-se, evidentemente,
dependente do desenvolvimento das restantes infra-estruturas de transporte. A seguir, con-
sideramos três cenários que poderão ter impacto negativo no tráfego aeroportuário nos prin-
cipais aeroportos nacionais, dando especial atenção aos efeitos sobre o tráfego do aeroporto
de Lisboa.
1. Cenário “deslocalização” – Analisa-se neste cenário o potencial efeito de deslocaliza-
ção do tráfego aeroportuário da Portela que resultaria da construção de um segundo aero-
porto a desenvolver na região de Lisboa (por exemplo, em Sintra ou no Montijo, uma vez
que as possibilidades de expansão em Tires são muito limitadas, sobretudo por motivos físi-
cos – as serras que rodeiam o aeródromo).
O limite de capacidade do aeroporto da Portela poderá ser significativamente aumentado
através do desenvolvimento de um segundo aeroporto na região de Lisboa que permita relo-
calizar uma parte do tráfego que hoje se dirige para o aeroporto da Portela.
Do actual tráfego de passageiros do aeroporto da Portela verifica-se que 23.8% é composto
por voos domésticos de e para o Continente, com pouca sinergias de rede; logo, parte subs-
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
100
tancial deste voos, tal como acontece com a maior parte dos voos charter, poderá ser deslo-
calizada para o “tal” segundo aeroporto de Lisboa (ver figura 4.13). Retirando ao tráfego to-
tal a percentagem representativa deste tipo de voos, e admitindo a taxa de crescimento
anual de 3.5% até 2030 já atrás referida (e que não pode ser considerada conservadora ou
defensiva, pois é bem mais optimista do que os 2% ao ano registados entre 1999 e 2002),
podemos concluir que, este cenário considerado por si só (isto é, se considerarmos unica-
mente o desenvolvimento de uma segunda infra-estrutura aeroportuária para a cidade de
Lisboa dedicada a voos ponto-a-ponto e charter) poderia estender a vida útil do aeroporto
da Portela por um período de 3 a 4 anos face à actual previsão de capacidade (ver figura
4.14).
Figura 4.13. Desagregação do tráfego de passageiros no aeroporto da Portela por ori-
gem/destino, 2002 (número de passageiros e percentagem).
Tráfego com potencial de relocalização
Existe potencial de deslocalização de parte do tráfego do
aeroporto da Portela. Os voos domésticos do Continente,
Madeira e Açores, bem como os voos charter, poderão ser transferidos para Montijo ou Sintra, aumentando desta
forma a vida útil da Portela.
9 218 131 830 851
562 718565 681
237 608 7 021 273
Total Madeira Açores Porto Faro RestanteTráfego
9.0%
100%
6.1%6.1%
2.6% 76.2%
Tráfego com potencial de relocalização
Existe potencial de deslocalização de parte do tráfego do
aeroporto da Portela. Os voos domésticos do Continente,
Madeira e Açores, bem como os voos charter, poderão ser transferidos para Montijo ou Sintra, aumentando desta
forma a vida útil da Portela.
9 218 131 830 851
562 718565 681
237 608 7 021 273
Total Madeira Açores Porto Faro RestanteTráfego
9.0%
100%
6.1%6.1%
2.6% 76.2%
Fonte: ANA, Espírito Santo Research - Research Sectorial
2. Cenário “Alta Velocidade” – Analisa-se neste segundo cenário o efeito no tráfego ae-
roportuário nacional do desenvolvimento da infra-estrutura de Alta Velocidade (AV). Em
2003, o governo apresentou o plano de desenvolvimento de uma rede de comboios de AV
em Portugal, a qual foi objecto de uma análise detalhada no capítulo 1. A figura 4.15 recorda
a rede proposta, que ligará as principais cidades nacionais; nessa figura destacamos as cida-
des de Lisboa, Porto e Faro, onde se situam os principais aeroportos nacionais.
4. Infra-estruturas aeroportuárias.
101
Figura 4.14. Evolução do tráfego de passageiros no aeroporto da Portela, Cenários “Base” e
“Deslocalização”, 2002 (milhares de passageiros e percentagem).
5
10
15
20
25
30
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030
Limite de capacidade a 16 milhões de passageiros
Limite de capacidade a 18 milhões de passageiros
Cenário „Deslocalização‰4 anos
4 anos4 anos
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030
Cenário Base
TCMA (2002-2030)=3.5%
Limite de capacidade a 20 milhões de passageiros
5
10
15
20
25
30
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030
Limite de capacidade a 16 milhões de passageiros
Limite de capacidade a 18 milhões de passageiros
Cenário „Deslocalização‰4 anos
4 anos4 anos
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030
Cenário Base
TCMA (2002-2030)=3.5%
Limite de capacidade a 20 milhões de passageiros
Fonte: ANA, Parsons, Espírito Santo Research - Research Sectorial
Figura 4.15. Rede de Alta Velocidade projectada (apresentada em 2003).
L isboaL isboaL isboaL isboa ----PortoPortoPortoPorto
L isboaL isboaL isboaL isboa ----FaroFaroFaroFaro
PortoPortoPortoPorto ---- ((((V igoV igoV igoV igo )/(Aveiro ))/(Aveiro ))/(Aveiro ))/(Aveiro ) ----M adridMadridMadridMadridPortoPortoPortoPorto ----AveiroAveiroAveiroAveiro ----M adridMadridMadridMadrid
L isboaL isboaL isboaL isboa ----M adridMadridMadridMadrid
L isboaL isboaL isboaL isboa ----PortoPortoPortoPorto
L isboaL isboaL isboaL isboa ----FaroFaroFaroFaro
PortoPortoPortoPorto ---- ((((V igoV igoV igoV igo )/(Aveiro ))/(Aveiro ))/(Aveiro ))/(Aveiro ) ----M adridMadridMadridMadridPortoPortoPortoPorto ----AveiroAveiroAveiroAveiro ----M adridMadridMadridMadrid
L isboaL isboaL isboaL isboa ----M adridMadridMadridMadrid Fonte: MOPTH.
Exemplos internacionais demonstram que a introdução da AV teve impacto negativo no trá-
fego aéreo, tendo-se assistido, em alguns casos, a uma canibilização deste tráfego pela AV.
Foi o que sucedeu na ligação de TGV entre Paris e Londres, bem como a ligação de AVE en-
tre Madrid e Sevilha – as figura 4.16 e 4.17 mostram a forte redução do tráfego aéreo de
ligação entre as duas cidades nestes dois casos quando as ligações por alta velocidade (TGV
e AVE) foram implementadas.
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
102
Figura 4.16. Evolução do tráfego de passageiros entre Paris e Londres,1994-1998 (milhões
de passageiros).
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
1.4
1.6
1.8
2.0
1994 1995 1996 1997 1998
TGVTGVTGVTGV
AviãoAviãoAviãoAvião
Avião + TGVAvião + TGVAvião + TGVAvião + TGV
Introdução do TGV
De 1994 a 1998 as tarifas aéreas Paris-Londres reduziram-se entre
25% e 30%.
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
1.4
1.6
1.8
2.0
1994 1995 1996 1997 1998
TGVTGVTGVTGV
AviãoAviãoAviãoAvião
Avião + TGVAvião + TGVAvião + TGVAvião + TGV
Introdução do TGV
De 1994 a 1998 as tarifas aéreas Paris-Londres reduziram-se entre
25% e 30%.
Fontes: Comissão Europeia, AT Kearney
Figura 4.17. Evolução do tráfego de passageiros entre Madrid e Sevilha, 1990-1994 (número
de passageiros).
200 000
400 000
600 000
800 000
1 000 000
1 200 000
1 400 000
1 600 000
1990 1991 1992 1993 1994
TotalTotalTotalTotal
TGVTGVTGVTGV
AutomóvelAutomóvelAutomóvelAutomóvel
ComboioComboioComboioComboio Av iãoAv iãoAv iãoAv iãoAutocarroAutocarroAutocarroAutocarro
Introdução do AVE
200 000
400 000
600 000
800 000
1 000 000
1 200 000
1 400 000
1 600 000
1990 1991 1992 1993 1994
TotalTotalTotalTotal
TGVTGVTGVTGV
AutomóvelAutomóvelAutomóvelAutomóvel
ComboioComboioComboioComboio Av iãoAv iãoAv iãoAv iãoAutocarroAutocarroAutocarroAutocarro
Introdução do AVE
Fonte: Spain-US Chamber of Commerce.
É também possível estabelecer uma correlação entre o tempo de viagem em horas, a distan-
cia e a repartição expectável do tráfego de passageiros entre a AV e o avião, a partir da ex-
periência internacional. Na figura 4.18. apresentamos essa relação para um conjunto de ci-
dades, actualmente já ligadas por AV e avião, e uma possível repartição do tráfego nas liga-
4. Infra-estruturas aeroportuárias.
103
ções entre Lisboa, Porto, Faro e Madrid. Por exemplo, Lisboa dista do Porto cerca de 300
Kms, pelo que pode admitir-se que, com a introdução da AV, a repartição entre este modo
de transporte e o avião assemelhar-se-á ao que aconteceu na ligação Bruxelas–Paris (305
Kms). Neste caso, mais de 90% do tráfego entre as duas cidades é realizado por AV. É
igualmente de salientar que, sem surpresa, à medida que a distância entre duas cidades
aumenta o avião vai-se tornando progressivamente mais popular. Entre Paris e Nice, que
distam entre si quase 1000 kms, verifica-se praticamente o inverso da repartição de tráfego
entre AV e avião registada entre Bruxelas e Paris. Assim, com a introdução da AV, a ligação
aérea Lisboa–Faro seria a mais penalizada, seguida de perto por Lisboa–Porto; o tráfego aé-
reo entre Lisboa e Madrid, apesar de potencialmente menos afectado, seria ainda assim re-
duzido em cerca de 60%.
Figura 4.18. Repartição do tráfego de passageiros entre AV e avião.
0%
20%
40%
60%
80%
100%Bruxe las-Paris Paris-Lyon
Londres-P aris
Paris-Toulouse
Paris-N ice
0 1 2 3 4 5 6 7100%
80%
60%
40%
20%
0%
305 Km 430 Km
450 Km
830 Km
990 Km
Tempo de viagem (em horas)
Perce
ntag
em de de
sloc
açõe
s em
Alta
Veloc
idad
e
Perce
ntag
em de de
sloc
açõe
s em
Avião
Lisboa -Porto
300 Km
Lisboa-Madrid
550 Km
Paris-Amsterdão430 Km
Lisboa-Fa ro
200 Km
0%
20%
40%
60%
80%
100%Bruxe las-Paris Paris-Lyon
Londres-P aris
Paris-Toulouse
Paris-N ice
0 1 2 3 4 5 6 7100%
80%
60%
40%
20%
0%
305 Km 430 Km
450 Km
830 Km
990 Km
Tempo de viagem (em horas)
Perce
ntag
em de de
sloc
açõe
s em
Alta
Veloc
idad
e
Perce
ntag
em de de
sloc
açõe
s em
Avião
Lisboa -Porto
300 Km
Lisboa-Madrid
550 Km
Paris-Amsterdão430 Km
Lisboa-Fa ro
200 Km
Fontes: AlpTransit, MOPTH
Deve também referir-se que a escolha entre meios de transporte não se encontra apenas
dependente do tempo de deslocação (relacionado com a distância e a velocidade), ainda que
este seja o factor mais importante. Outros factores como o preço, o conforto, o serviço ou a
facilidade de estacionamento de viaturas influenciam a escolha entre meios de transporte.
Na figura 4.19 apresentamos os factores de escolha entre AV (X 2000) e avião (SAS) para os
passageiros que se deslocam entre Estocolmo e Gotemburgo, que distam entre si cerca de
480 kms (duração da viagem por AV: cerca de 3 horas). A favor da AV salientam-se a proxi-
midade da estação, a capacidade de trabalhar a bordo, o conforto e os horários (para além,
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
104
claro, do tempo de viagem); a favor do transporte aéreo, encontramos os horários e a fre-
quência de voos (sem contar, novamente, com o tempo de viagem).
Figura 4.19. Factores de escolha entre AV e avião na ligação Estocolmo–Gotemburgo.
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%
Preço
Tempo de V iagem
Frequência
Horários
Serviço
Conforto
Capacidade de trabalhar a bordo
Proximidade de estação/aeroporto
Estacionamento
% de inquiridos que escolhe cada factor (máximo três)
Air SASX 2000
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%
Preço
Tempo de V iagem
Frequência
Horários
Serviço
Conforto
Capacidade de trabalhar a bordo
Proximidade de estação/aeroporto
Estacionamento
% de inquiridos que escolhe cada factor (máximo três)
Air SASX 2000
Fontes: ACI, Airports Council International.
De tudo o que atrás foi exposto é possível concluir que a introdução da AV em Portugal po-
derá ter um efeito significativo ao nível da redução de tráfego aéreo de passageiros entre
Lisboa-Madrid, Lisboa-Porto, Porto-Madrid, Lisboa-Faro e Porto-Faro, sendo as ligações aére-
as entre Lisboa e o Porto, e entre Lisboa e Faro (ou Porto-Lisboa-Faro) as mais afectadas,
seguida da ligação entre Lisboa e Madrid. A figura 4.20 retrata esta situação.
Figura 4.20. Estimativa dos impactos da rede de AV no tráfego aéreo.
Lisboa-PortoLisboa-Porto
Custo (EUR)
82
220
300
Ligação
Lisboa-MadridLisboa-Madrid
Porto-(Lisboa)-MadridPorto-(Lisboa)-Madrid
Porto-(Vigo)-MadridPorto-(Vigo)-Madrid 300
Tempo (horas)
1h:15m
2h:50m
4h:05m
4h:30m
Alta Velocidade (AV)
Custo (EUR)
182
473
473
Tempo (horas)
50m
1h:10m
1h:05m
Avião
Lisboa-FaroLisboa-Faro
Canibalização AV/Avião
565 681
692 445
174 132
85%
65%
15%
Actuais
80 1h:20m 169 40m
237 608 85%
160 2h:35m 246 2h:00mPorto-Lisboa-FaroPorto-Lisboa-Faro
AV
678 257
572 639
36 845
338 365
Avião
119 692
308 344
208 786
59 711
Data de
Conclusão
2013
2010
2013
2013
2018
2018
Deslocações AV
797 949
880 983
245 630
Conclusão
398 076
Passageiros
Lisboa-PortoLisboa-Porto
Custo (EUR)
82
220
300
Ligação
Lisboa-MadridLisboa-Madrid
Porto-(Lisboa)-MadridPorto-(Lisboa)-Madrid
Porto-(Vigo)-MadridPorto-(Vigo)-Madrid 300
Tempo (horas)
4h:30m
Alta Velocidade (AV)
Custo (EUR)
182
473
473
Tempo (horas)
50m
1h:10m
1h:05m
Avião
Lisboa-FaroLisboa-Faro
Canibalização AV/Avião
565 681
692 445
174 132
85%
65%
15%
Actuais
80 1h:20m 169 40m
237 608 85%
160 246 2h:00mPorto-Lisboa-FaroPorto-Lisboa-Faro
AV
678 257
572 639
36 845
338 365
Avião
119 692
308 344
208 786
59 711
Data de
Conclusão
2013
2010
2013
2013
2018
2018
Deslocações AV
797 949
880 983
245 630
Conclusão
398 076
Passageiros
Lisboa-PortoLisboa-Porto
Custo (EUR)
82
220
300
Ligação
Lisboa-MadridLisboa-Madrid
Porto-(Lisboa)-MadridPorto-(Lisboa)-Madrid
Porto-(Vigo)-MadridPorto-(Vigo)-Madrid 300
Tempo (horas)
1h:15m
2h:50m
4h:05m
4h:30m
Alta Velocidade (AV)
Custo (EUR)
182
473
473
Tempo (horas)
50m
1h:10m
1h:05m
Avião
Lisboa-FaroLisboa-Faro
Canibalização AV/Avião
565 681
692 445
174 132
85%
65%
15%
Actuais
80 1h:20m 169 40m
237 608 85%
160 2h:35m 246 2h:00mPorto-Lisboa-FaroPorto-Lisboa-Faro
AV
678 257
572 639
36 845
338 365
Avião
119 692
308 344
208 786
59 711
Data de
Conclusão
2013
2010
2013
2013
2018
2018
Deslocações AV
797 949
880 983
245 630
Conclusão
398 076
Passageiros
Lisboa-PortoLisboa-Porto
Custo (EUR)
82
220
300
Ligação
Lisboa-MadridLisboa-Madrid
Porto-(Lisboa)-MadridPorto-(Lisboa)-Madrid
Porto-(Vigo)-MadridPorto-(Vigo)-Madrid 300
Tempo (horas)
4h:30m
Alta Velocidade (AV)
Custo (EUR)
182
473
473
Tempo (horas)
50m
1h:10m
1h:05m
Avião
Lisboa-FaroLisboa-Faro
Canibalização AV/Avião
565 681
692 445
174 132
85%
65%
15%
Actuais
80 1h:20m 169 40m
237 608 85%
160 246 2h:00mPorto-Lisboa-FaroPorto-Lisboa-Faro
AV
678 257
572 639
36 845
338 365
Avião
119 692
308 344
208 786
59 711
Data de
Conclusão
2013
2010
2013
2013
2018
2018
Deslocações AV
797 949
880 983
245 630
Conclusão
398 076
Passageiros
Fontes: ANA, AT Kearney, TAP, Top Atlântico
O impacto da introdução da AV será, pois, significativo sobre o tráfego aéreo dos três princi-
pais aeroportos nacionais. Detalhemos agora, mais em pormenor, o que poderá suceder com
4. Infra-estruturas aeroportuárias.
105
o caso que, como é sabido, concentra maiores atenções – o do aeroporto da Portela. De
acordo com a análise atrás efectuada e assumindo o cenário central de um crescimento anu-
al do tráfego aéreo de 3.5%, face aos níveis actuais, assistir-se-ia a uma redução do número
de passageiros de cerca de 70% à data da conclusão de todos os corredores de AV atrás re-
feridos (2018, altura em que está projectada a ligação de AV até Faro, ver Capítulo 1). Tal
significa que, dos pouco mais de 2 milhões e 300 mil passageiros das ligações de Lisboa para
o Porto, Faro e Madrid que nessa altura poderiam ser registados sem a existência da rede de
AV, somente cerca de 700 mil utilizariam o transporte aéreo (ver figura 4.21), o que alarga-
ria, por si só (isto é, sem contar com o cenário “deslocalização”), para mais 2-3 anos a lon-
gevidade do aeroporto da Portela face ao cenário “base”.
Figura 4.21. Estimativa dos impactos da rede de AV no tráfego aéreo.
A redução do tráfego aéreo
no aeroporto da Portela
aumentará a vida útil do
aeroporto.
2 322 639 1 626 105
696 535
AV
70%
30%
100%
Tráfego aéreo na
data de
conclusão dos
corredores
Tráfego aéreo
após a
introdução do AV
A redução do tráfego aéreo
no aeroporto da Portela
aumentará a vida útil do
aeroporto.
2 322 639 1 626 105
696 535
AV
70%
30%
100%
Tráfego aéreo na
data de
conclusão dos
corredores
Tráfego aéreo
após a
introdução do AV
Fontes: ANA, ACI, TAP, Top Atlântico,
A ligação Lisboa-Madrid em AV tem também um efeito negativo sobre os outros aeroportos
nacionais que merece ser analisado. A experiência internacional demonstra que se tem vindo
a assistir a um aumento significativo e sustentado dos passageiros que se deslocam a dis-
tancias superiores a 100 km para um determinado aeroporto. Dados da Comissão Europeia
revelam que, entre 1987 e 1994 (os dados mais recentes), o número de passageiros que
percorrem mais de 100 kms para um determinado aeroporto subiu, em média, de 27% para
33% do total (ver figura 4.22)
O aumento da distância que os passageiros percorrem até um aeroporto pode em grande
medida ser explicado pela crescente interligação entre o caminho de ferro e os aeroportos:
cada vez mais o meio de transporte preferido para chegar/partir a/de um aeroporto é o ca-
minho de ferro. A Comissão Europeia estima que em 2010 mais de 27% dos passageiros que
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
106
se deslocam para um aeroporto o façam através de caminho de ferro – sendo que em 1994
esse valor era de apenas 10.7% (ver figura 4.23).
Figura 4.22. Origem de passageiros por distância ao aeroporto (percentagem).
33%29%27%Mais de 100 Km
26%26%27%De 25 Km a 100 Km
41%45%46%Até 25 Km
199419921987D istância
33%29%27%Mais de 100 Km
26%26%27%De 25 Km a 100 Km
41%45%46%Até 25 Km
199419921987D istância
Fonte: European Commission, Directorate General of Transport
Assim, a ligação de AV entre Lisboa e Madrid (bem como a ligação Porto-Madrid) poderá
provocar alguma deslocalização de tráfego de passageiros para Madrid devido ao alargamen-
to da catchment area do aeroporto de Barajas.
Figura 4.23. Meio de transporte usado na deslocação de e para um aeroporto (%).
3.4%
2.8%
Bus
27 .1%
10.7%
Caminho de Ferro
16.3%12.5%40.7%2010
9.6%13.8%61.3%1994
OutrosTaxiCarroM odo transporte
3.4%
2.8%
Bus
27 .1%
10.7%
Caminho de Ferro
16.3%12.5%40.7%2010
9.6%13.8%61.3%1994
OutrosTaxiCarroM odo transporte
Fontes: European Commission, Directorate General of Transport
No Porto, é provável que a introdução da AV tenha um impacto significativo sobre o tráfego
do aeroporto desta cidade. Actualmente, cerca de 20% do tráfego de passageiros do aero-
porto do Porto tem como destino Lisboa. Num futuro próximo, e como já trás foi referido,
poder-se-á assistir a uma situação idêntica à que ocorreu entre Paris e Bruxelas na ligação
entre Lisboa e Porto (a distância das duas ligações, recorde-se, é sensivelmente a mesma).
Aí, a ligação aérea pela Air France foi substituída pelo aluguer permanente de dois vagons de
passageiros no Thalys.
3. Cenário “Evolução da TAP” – Existe uma relação significativa entre a evolução do trá-
fego da companhia aérea mais representativa e com maior quota de mercado, e o tráfego no
principal aeroporto nacional. A recente falência da Sabena e da Swissair, evidenciou o impac-
to que a principal companhia aérea de um país tem sobre o(s) aeroporto(s) nacional (ais). A
figura 4.24 retrata esta situação.
4. Infra-estruturas aeroportuárias.
107
A futura evolução da TAP, bem como das outras companhias aéreas nacionais (de entre as
quais se destaca a Portugália), é determinante para a evolução de tráfego nos aeroportos
nacionais, com maior destaque para o aeroporto da Portela.
Figura 4.24. Evolução do tráfego de passageiros nos aeroportos de Bruxelas e de Zurique na
sequência das falências da Sabena e da SwissAir.
(Out. 2001)
1988=100
-
50
100
150
200
250
300
350
1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
TCMA (88-02)=4.9%-
-
20
40
60
80
100
120
140
1998 1999 2000 2001 2002
1998=100---- 27%*27%*27%*27%*
(Out. 2001)
---- 15%*15%*15%*15%*
Falência da Sabena
(Out. 2001)
1988=100
-
50
100
150
200
250
300
350
1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
-
-
20
40
60
80
100
120
140
1998 1999 2000 2001 2002
1998=100---- 27%*
Falência da SwissAir
(Out. 2001)
---- 15%*
(Out. 2001)
1988=100
-
50
100
150
200
250
300
350
1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
TCMA (88-02)=4.9%-
-
20
40
60
80
100
120
140
1998 1999 2000 2001 2002
1998=100---- 27%*27%*27%*27%*
(Out. 2001)
---- 15%*15%*15%*15%*
Falência da Sabena
(Out. 2001)
1988=100
-
50
100
150
200
250
300
350
1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
-
-
20
40
60
80
100
120
140
1998 1999 2000 2001 2002
1998=100---- 27%*
Falência da SwissAir
(Out. 2001)
---- 15%*
* Note-se que ambas as companhias faliram pouco depois dos ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001; no entanto,
como já anteriormente se referiu, a generalidade da actividade dos aeroportos recuperou de 2001 para 2002, o que não suce-
deu nestes dois casos, o que pode ser atribuído à falência das duas companhias, pois deve notar-se que, de 2001 para 2002 a
queda do tráfego aéreo em Bruxelas e Zurique se acentua (ao contrário do que sucedeu em geral).
Fontes: Brussels International Airport Company, Flughafe Zurich AG.
O anúncio recente da entrada da TAP no grupo Star Alliance (liderado pela alemã
Lufthansa), é ao nível do tráfego aeroportuário nacional uma boa notícia. Como vimos no
capítulo anterior, este era o grupo aéreo que minimizava os efeitos sobre a actual rede da
TAP, potenciando adicionalmente sinergias importantes, nomeadamente no que diz respeito
aos voos para o Brasil e África. Pode, pois, concluir-se que o risco de redução do tráfego
aeroportuário, quer por uma eventual falência da TAP, quer pela aliança desta companhia
com um outro agrupamento com reflexos mais significativos sobre a rede da transportadora
aérea nacional (como por exemplo a One World, em que se insere a Iberia) diminuiu
bastante, tornando verosímeis os cenários de evolução dos aeroportos nacionais – e,
sobretudo do aeroporto da Portela – atrás traçados.
Da análise realizada, em que foram tomados como base os actuais cenários de evolução do
tráfego aéreo nacional, bem como o potencial de desenvolvimento da capacidade dos aero-
portos nacionais em geral, e da Portela em particular, e considerando os três cenários de
interdependências de infra-estruturas e meios de transporte, parece poder concluir-se que a
eventual construção de um novo aeroporto de Lisboa (seja ele na Ota, ou em qualquer outra
localização) não se encontra dentro das maiores prioridades das infra-estruturas de transpor-
tes a nível nacional. De facto, do que atrás foi exposto, parece poder retirar-se que com o
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
108
aumento da capacidade do aeroporto da Portela, e o desenvolvimento de um aeroporto se-
cundário na região de Lisboa, a par com a introdução da rede de AV no território nacional e
a sua ligação a Espanha, a longevidade do aeroporto da Portela poderá estar assegurada por
mais de 20 anos (podendo mesmo aproximar-se dos 30 anos, como vimos) – o que permitirá
adiar significativamente a necessidade temporal de desenvolver uma nova infra-estrutura
aeroportuária em Portugal.
5. Privatização da ANA.
Nesta secção analisaremos a potencial privatização da ANA, identificando os objectivos dos
investidores e do vendedor, o potencial “encaixe financeiro” e as acções a desenvolver por
forma a incrementar esse encaixe, nomeadamente ao nível das receitas non-aviation, aviati-
on e propriedade dos terrenos da Portela; por fim analisaremos alguns modelos de privatiza-
ção/concessão possíveis, discutindo sucintamente as suas vantagens e desvantagens.
Objectivos do investidor e do vendedor
Como sucede com qualquer privatização, também o modelo de privatização/concessão da
ANA terá que conjugar objectivos distintos dos investidores e do vendedor.
Assim, para as áreas abaixo identificadas, os objectivos do Estado português (o vendedor)
são:
Área Objectivos
Infraestrutura - Manter a integridade do sistema aeroportuário existente;
- Assegurar o desenvolvimento de uma nova infra-estrutura ae-
roportuária, se e quando necessária;
- Assegurar uma gestão especializada da infra-estrutura aeropor-
tuária.
Intervenção do Go-
verno
- “Objectivos políticos” vs. “Objectivos privados”;
- Manter o controlo parcial da ANA.
Desenvolvimento
da indústria
- Assegurar a integridade TAP/ANA;
- Melhorar a performance operativa e financeira da ANA.
Receita - Maximizar o “encaixe” financeiro;
- Obrigações do investidor face a uma eventual construção de um
novo aeroporto.
4. Infra-estruturas aeroportuárias.
109
Por seu lado, o investidor (comprador) deverá ter, nas áreas abaixo apontadas, os seguintes
principais objectivos:
Área Objectivos
Regulação - Clarificação do ambiente regulatório e do contrato de serviço
público;
- Identificação e enquadramento de receitas, incentivando quer o
aumento das receitas de aviation, quer as de non-aviation.
Processo - Processo simples e transparente;
- Processo de privatização adaptado ao tipo de negócio e tipo de
investidor.
Flexibilidade ope-
racional
- Flexibilidade e autonomia de gestão operacional, potenciando a
capacidade de criar valor do negócio.
Flexibilidade finan-
ceira
- O negócio aeroportuário necessita de fortes investimentos (a
flexibilidade financeira é um dos requisitos dos investidores);
- Capacidade de criar valor através de parcerias público-privadas.
„Encaixe‰ financeiro
Tendo por base um conjunto de privatizações de aeroportos recentemente efectuadas no
exterior e os actuais resultados da ANA, é possível balizar o valor de privatização da ANA,
que poderá variar, em função do tipo de transação – venda em bloco ou OPV –, entre EUR
372 e EUR 957 milhões (ver figura 4.25). Poderá, no entanto, existir um potencial de melhoria operativa e financeira da ANA, o que
teria naturais reflexos num aumento significativo do “encaixe” financeiro da ANA. Identificá-
mos três áreas de intervenção:
1. Receitas non-aviation – O peso das receitas de non-aviation da ANA é bastante redu-
zido face ao de outros aeroportos seleccionados comparáveis (ver figura 4.26). As receitas
non-aviation estão associadas às receitas de aluguer e exploração de espaços comerciais nos
aeroportos explorados/concessionados, aluguer de espaços de estacionamento, receitas de
publicidade, etc.
Verifica-se, tendo por base os relatórios e contas da ANA e dos aeroportos de Zurique, Co-
penhaga, Viena e Dublin, que a ANA apresenta face à média dos restantes uma diferença do
peso das receitas non-aviation no volume de negócios de mais de 18 pontos percentuais, o
que evidencia um potencial de melhoria muito significativo. De facto, a capacidade de a ANA
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
110
desenvolver o seu negócio de non-aviation para os níveis médios dos aeroportos compará-
veis poderá potenciar um aumento de EBITDA de EUR 40 milhões (ver figura 4.27).
Figura 4.25. Valor de privatização da ANA (EUR milhões).
14 .314 .314 .314 .3MMMM éééé d iad iad iad ia
100 .025.117 .52002Sydney
44.726.314 .32002Rome
40.02 .911 .22002Malta
% CapitalPassageiros
(milhões)
EV /EBITDADataAeroporto
14 .314 .314 .314 .3MMMM éééé d iad iad iad ia
100 .025.117 .52002Sydney
44.726.314 .32002Rome
40.02 .911 .22002Malta
% CapitalPassageiros
(milhões)
EV /EBITDADataAeroporto
7.47.47.47.4MMMM éééé d iad iad iad ia
% C apitalPassageiros
(milhões)
EV /EBITDADataAeroporto
39 .01.47.22000Aroporti di F irenze
85 .09.38.92000ASUR
27 .249 .46.32001Fraport
7.47.47.47.4MMMM éééé d iad iad iad ia
% C apitalPassageiros
(milhões)
EV /EBITDADataAeroporto
39 .01.47.22000Aroporti di F irenze
85 .09.38.92000ASUR
27 .249 .46.32001Fraport
TransaTransaTransaTransaçãçãçãção em B locoo em B locoo em B locoo em B locoTransaTransaTransaTransa çãçãçãção em OPVo em OPVo em OPVo em OPV
EV /EBITDA:
372372372372
7 .47 .47 .47 .4
957957957957
14 .314 .314 .314 .3
Va lor Accionista:(EUR milhões)
Nota: Os valores limites do valor accionista da ANA, de EUR 372 e EUR 957 milhões, foram obtidos a partir do EBITDA da ANA,
de EUR 85.19 milhões, e de cada um dos valores médios do rácio (Enterprise Value/EBITDA) apresentados, respectivamente
7.4% e 14.3%, assumindo a dívida da empresa referida no Relatório e Contas, de EUR 264 milhões. Daqui resulta que
Valor Accionista = EBITDA x (EV/EBITDA) – Valor da dívida.
Os rácios EV/EBITDA desta figura resultam de transações efectuadas recentemente no mercado.
Fontes: ANA, Bloomberg, Deutsche Bank
Figura 4.26. Receitas non-aviation da ANA e de outros aeroportos comparáveis selecciona-
dos, 2002 (EUR milhões, percentagem).
% R eceitas de Aviação % R eceitas de „non-avia tion‰
Volume de Negócios Aviação„Non-avia tion‰
66 .7%
33.3%100%
187.1 62 .2
124 .8
48 .3% 54.5% 51.9% 42.9% 25.5%
51.7% 45.5% 48.1% 57.1% 74.5%
Média da Amostra Zurique Copenhaga V iena Dublin
% R eceitas de Aviação % R eceitas de „non-avia tion‰
Volume de Negócios Aviação„Non-avia tion‰
66 .7%
33.3%100%
187.1 62 .2
124 .8124 .8
48 .3% 54.5% 51.9% 42.9% 25.5%
51.7% 45.5% 48.1% 57.1% 74.5%
Média da Amostra Zurique Copenhaga V iena Dublin
Fontes: ANA, Airport Magazine, Zurich Airport, Copenhagen Airport, Viena Airport, Dublin Airport
2. Receitas aviation – Também ao nível das receitas de aviation a ANA apresenta um dife-
rencial relativamente às melhores práticas do mercado, o que significa igualmente a existên-
cia um potencial de subida. A melhoria operacional da ANA para as melhores práticas dos
aeroportos comparáveis analisados poderá permitir um aumento de EBITDA em aproxima-
damente 24%, ou seja, EUR 20 milhões (ver figura 4.28).
4. Infra-estruturas aeroportuárias.
111
Figura 4.27. Impacto no EBITDA da ANA de um aumento das receitas non-aviation para o
nível médio dos aeroportos comparáveis (EUR milhões e percentagem).
Repartição actual do volume de negócios entre
aviation e non-aviatonRepartição „potencia l‰ do volume de negócios
entre aviation e non-avia tion
124.8
62.2
187.1
71.3
258.4
133.6
124.8
Aviação Non-Aviation Volume de
Negócios
Potencia l de
aumento
Receitas de
Non-aviation
Novo Volume
de Negócios
Non-Avia tion Aviação
100.0%33.3%
66.7%
51.7%
48.3%
100.0%
38%
71.3
40 .2
Aumento de Receitas Aumento de EBITDA
(valores EUR milhões)
EB ITDAEB ITDAEB ITDAEB ITDA
Margem EBITDA de
56 .41% *
Repartição actual do volume de negócios entre
aviation e non-aviatonRepartição „potencia l‰ do volume de negócios
entre aviation e non-avia tion
124.8
62.2
187.1
71.3
258.4
133.6
124.8
Aviação Non-Aviation Volume de
Negócios
Potencia l de
aumento
Receitas de
Non-aviation
Novo Volume
de Negócios
Non-Avia tion Aviação
100.0%33.3%
66.7%
51.7%
48.3%
100.0%
38%
71.3
40 .2
Aumento de Receitas Aumento de EBITDA
(valores EUR milhões)
EB ITDAEB ITDAEB ITDAEB ITDA
Margem EBITDA de
56 .41% *
* Assumiu-se uma margem de EBITDA correspondente à melhor prática de mercado dos aeroportos comparáveis seleccionados
(neste caso, o Copenhagen Airport).
Fontes: ANA, Airport Magazine
Figura 4.28. Impacto no EBITDA da ANA de um aumento das receitas aviation para o nível
da melhor prática dos aeroportos comparáveis (EUR milhões).
ANA Viena
(valores em EUR)
Receitas por passageiroReceitas por passageiroReceitas por passageiroReceitas por passageiro
8.69
10.40
ANA Copenhagen
(valores em EUR)
Custos por passageiroCustos por passageiroCustos por passageiroCustos por passageiro
ANA Copenhagen
(valores em percentagem)
Margem EBITDA Margem EBITDA Margem EBITDA Margem EBITDA
45.53
56.41
10.52
26.37
ANA Viena
(valores em EUR)
Receitas de aviaReceitas de aviaReceitas de aviaReceitas de aviaçãçãçãção por passageiroo por passageiroo por passageiroo por passageiro
7.02
11.32
Receitas de Receitas de Receitas de Receitas de „„„„nonnonnonnon----aviationaviationaviationaviation‰‰‰‰ por passageiropor passageiropor passageiropor passageiro
ANA Copenhagen
(valores em EUR)
Custos de pessoal por passageiroCustos de pessoal por passageiroCustos de pessoal por passageiroCustos de pessoal por passageiro3.96
3.89
1187714309
ANA Zurich
(valores em EUR)
NNNNúúúúmero de passageiros por efectivomero de passageiros por efectivomero de passageiros por efectivomero de passageiros por efectivoA ANA pode aumentar o seu EBITDA em
24%, ou seja, EUR 20 milhões.
150%
20%
24%
ANA Viena
(valores em EUR)
Receitas por passageiroReceitas por passageiroReceitas por passageiroReceitas por passageiro
8.69
10.40
ANA Copenhagen
(valores em EUR)
Custos por passageiroCustos por passageiroCustos por passageiroCustos por passageiro
ANA Copenhagen
(valores em percentagem)
Margem EBITDA Margem EBITDA Margem EBITDA Margem EBITDA
45.53
56.41
10.52
26.37
ANA Viena
(valores em EUR)
Receitas de aviaReceitas de aviaReceitas de aviaReceitas de aviaçãçãçãção por passageiroo por passageiroo por passageiroo por passageiro
7.02
11.32
Receitas de Receitas de Receitas de Receitas de „„„„nonnonnonnon----aviationaviationaviationaviation‰‰‰‰ por passageiropor passageiropor passageiropor passageiro
ANA Copenhagen
(valores em EUR)
Custos de pessoal por passageiroCustos de pessoal por passageiroCustos de pessoal por passageiroCustos de pessoal por passageiro3.96
3.89
1187714309
ANA Zurich
(valores em EUR)
NNNNúúúúmero de passageiros por efectivomero de passageiros por efectivomero de passageiros por efectivomero de passageiros por efectivoA ANA pode aumentar o seu EBITDA em
24%, ou seja, EUR 20 milhões.
150%
20%
24%
NOTA: Comparou-se a ANA com a melhor prática dos aeroportos similares (mais uma vez, o Copenhagen Airport).
Fontes: ANA, Airport Magazine, Zurich Airport, Copenhagen Airport, Viena Airport, Dublin Airport
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
112
3. Terrenos da Portela – Os terrenos da Portela representam uma fonte de valor muito
significativa da ANA/aeroporto da Portela; no entanto a sua propriedade não se encontra
completamente clarificada.
O processo e forma de expropriação dos terrenos onde se ergue, desde 1942, o aeroporto
da Portela, e o diferendo sobre a sua propriedade em caso de deslocalização do aeroporto,
motivou a abertura de um processo jurídico movido pela Câmara Municipal de Lisboa contra
o Estado Português, a ANA, a TAP e a NAV. Cabe aqui relembrar que a compra e expropria-
ção dos terrenos da Portela foi efectuada por Duarte Pacheco que, na altura, acumulava o
cargo de Ministro das Obras Públicas com o de Presidente da Câmara Municipal de Lisboa.
Daqui resultou que a propriedade dos terrenos do aeroporto da Portela tivesse sido repartida
entre o Estado e a Câmara Municipal de Lisboa, com a maior fatia a caber à Câmara (a per-
centagem na posse da ANA é residual, ascendendo a apenas 0.1%). A expropriação com
acordo foi o modo mais verificado (60.7%), seguido da compra (35.2%) e da expropriação
judicial (4.1%). A figura 4.29 retrata esta situação.
Figura 4.29. Propriedade dos terrenos da Portela (percentagem).
10010010010081.718.20.1TotalTotalTotalTotal
4.1
42.8
34.8
CMLCMLCMLCML
4.1--Expropriação judicial
60.717.9-Expropriação com acordo
35.20.30.1Compra
TotalTotalTotalTotalEstadoEstadoEstadoEstadoANAANAANAANA
10010010010081.718.20.1TotalTotalTotalTotal
4.1
42.8
34.8
CMLCMLCMLCML
4.1--Expropriação judicial
60.717.9-Expropriação com acordo
35.20.30.1Compra
TotalTotalTotalTotalEstadoEstadoEstadoEstadoANAANAANAANA
Fonte: ANA
Torna-se, pois, fundamental clarificar a propriedade dos terrenos da Portela antes de iniciar
um processo de privatização, qualquer que ele seja. O valor dos terrenos – que estimamos
possa representar, a preços actuais, cerca de EUR 965 milhões (ver figura 4.30) –, represen-
tará, em função da clarificação da sua propriedade um “encaixe” financeiro muito significati-
vo (isto é, o facto de se privatizar a ANA com ou sem terrenos envolve uma diferença muito
grande).
Modelo de privatização/concessão
Como já foi referido, o modelo de privatização/concessão a desenvolver para a privatização
da ANA deverá conciliar os interesses do vendedor e dos investidores. A seguir, apresenta-
mos alguns processos de privatização/concessão de aeroportos realizados, por forma a iden-
tificar as vantagens e desvantagens dos principais modelos de venda: venda em bloco, Ofer-
ta Pública de Venda (OPV), venda em bloco seguida de OPV e concessão.
4. Infra-estruturas aeroportuárias.
113
Figura 4.30. Valorização dos terrenos da Portela (EUR milhões).
3 217 1 930
1 287 322
965
Tota l T errenos Terreno não
comercializáveis
Terreno
comercializáve is
Custos de
Limpeza
Va lor tota l dos
terrenos
˘̆̆̆ rea dos Terrenosrea dos Terrenosrea dos Terrenosrea dos Terrenos
(em milhares de m2)
˘̆̆̆ rea dos Terrenosrea dos Terrenosrea dos Terrenosrea dos Terrenos
(em milhares de m2)6 4346 434 3 8603 860 2 5742 574
3 217 1 930
1 287 322
965
Tota l T errenos Terreno não
comercializáveis
Terreno
comercializáve is
Custos de
Limpeza
Va lor tota l dos
terrenos
˘̆̆̆ rea dos Terrenosrea dos Terrenosrea dos Terrenosrea dos Terrenos
(em milhares de m2)
˘̆̆̆ rea dos Terrenosrea dos Terrenosrea dos Terrenosrea dos Terrenos
(em milhares de m2)6 4346 434 3 8603 860 2 5742 574
Nota 1: Assumiu-se que apenas 40% dos terrenos são comercializáveis (a mesma percentagem da densidade urbanística da
zona da Expo).
Nota 2: Considerou-se um preço por m2 de EUR 500, e um custo de limpeza de EUR 50, de acordo com dados de mercado da
Confidencial Imobiliário.
Fontes: ANA, Confidencial Imobiliário
1. Venda em bloco.
Uma transação em bloco da ANA tem as seguintes vantagens e desvantagens:
Vantagem... ... obtida através de:
Potencial de valorização do blo-
co transacionado
- Maior capacidade do investidor em capturar os ganhos
operacionais e financeiros;
- Maior flexibilidade financeira que reduz o custo de in-
vestimento;
- “Prémio de controlo”.
Sinergias e „fit‰ estratégico - Atracção de investidor especializado com potencial de
aumento de know-how;
- Integração da ANA em alianças internacionais de ae-
roportos.
Aumento de capacidade de ges-
tão
- Um investidor especializado em gestão aeroportuária
permitirá maiores ganhos operacionais.
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
114
Desvantagem... ... resultado de:
Transferência do controlo para
uma única entidade
- Concentração de risco, com especial relevo na eventu-
al construção de um novo aeroporto.
Impacto no mercado de capitais - Não participação do publico em geral.
Como exemplo de transações recentes realizadas sob a forma de venda em bloco temos o
Aeroporto di Roma e o Sydney Airport.
2. Venda em OPV.
Uma transação em OPV da ANA, apresenta as seguintes vantagens e desvantagens:
Vantagem... ... obtida através de:
Assegura uma maior „base‰
accionista
- Participação do público em geral.
Maior „alinhamento‰ entre tra-
balhadores e empresa
- Participação de trabalhadores na OPV.
Menor exigência negocial - Disseminação dos accionistas e menor capacidade ne-
gocial.
Desvantagem... ... resultado de:
Maior risco de mercado - Os pequenos accionistas são mais sensíveis à evolução
dos mercados.
Maiores custos de transacção - Custo associado a uma OPV.
Maior prémio de incerteza face à
venda em bloco
- Nível de incerteza relativamente a um novo aeroporto
e enquadramento regulatório.
Como exemplo de transações recentes sob a forma de venda em OPV temos o Aeroporto di
Firenze e o Copenhagen Airport.
3. Venda em bloco seguida de OPV.
Uma transação em bloco seguida de uma OPV da ANA, apresenta as seguintes vantagens e
desvantagens:
4. Infra-estruturas aeroportuárias.
115
Vantagem... ... obtida através de:
Minimiza os efeitos negativos
de uma OPV ou venda em bloco
simples
- Assegura a entrada de um investidor estratégico e do
público em geral;
- Em termos de “encaixe” permite obter um prémio rela-
tivamente a uma OPV.
Maior retorno da segunda fase
(OPV)
- O investidor estratégico da primeira fase tipicamente
assume a gestão, potenciando a criação de valor na
empresa.
Flexibilidade no lançamento da
segunda fase
- O lançamento da OPV poderá ser gerido pelo Estado,
sobretudo em função da evolução dos mercados acci-
onistas.
Desvantagem... ... resultado de:
Complexidade do processo - Processo com duas fases para investidores com carac-
terísticas muito diversas.
Duração do processo - Processo por fases, logo com uma duração maior do
que aconteceria com a opção por uma só modalidade.
Risco da venda em OPV - O controlo accionista da empresa por parte de um in-
vestidor estratégico poderá tornar a fase de OPV pou-
co interessante.
Como exemplo de transações recentes sob a forma de venda em bloco seguida de uma OPV
temos o Aeropuerto del Sureste, em Espanha, e o Beijing Airport.
4. Concessão.
Uma concessão da ANA, apresenta as seguintes vantagens e desvantagens:
Vantagem... ...obtida através de:
O Estado pode manter a propri-
edade do activo
- Uma concessão tipo BOT (Build, Operate, Transfer)
assegura ao Estado a manutenção do activo (infra-
estrutura).
Definição do plano de investi-
mentos
- O contrato de concessão poderá definir níveis de ca-
pex a exigir ao concessionário.
Modelo com grande flexibilida-
de
- Uma concessão permite uma grande flexibilidade con-
tratual.
Desenvolvimento integrado das infra-estruturas de transporte em Portugal
116
Desvantagem... ...resultado de:
Complexidade do processo - Enquadramento jurídico e económico de uma conces-
são.
Como exemplo de concessão recente temos o Newcastle Airport.
É notório que cada uma das alternativas que acabámos de apresentar possui desvantagens e
vantagens; caberá, assim, ao Estado enquanto “vendedor” decidir qual o melhor modelo, de
acordo com as condicionantes atrás expostas, quando julgar ter chegado a altura certa para
realizar a operação.
6. Conclusões.
As previsões de crescimento para o tráfego aéreo de passageiros em Portugal atrás utiliza-
das e, nomeadamente, para o aeroporto da Portela, têm levado os especialistas deste sector
a equacionar a rápida necessidade de construção de um novo aeroporto para a capital do
país, devido às limitações de capacidade que este actualmente apresenta.
A verificar-se, esta situação implicaria um elevado esforço financeiro por parte do Estado
que, no entanto, poderia ser atenuada através da participação de capitais privados e pelo
possível encaixe financeiro que o processo de privatização da ANA – incluído no programa de
privatizações do actual Governo - traria para os cofres do Estado.
No entanto, tendo em conta que:
• os investimentos em curso e projectados para o aeroporto da Portela permitirão, por si
só, aumentar a sua capacidade de tráfego aéreo para próximo de 20 milhões de passa-
geiros por ano;
• o projecto de introdução da alta velocidade, à semelhança do verificado noutros países,
poderá gerar um efeito razoável de deslocalização de tráfego aéreo para este modo de
transporte;
• a construção de um segundo aeroporto na zona de Lisboa, dedicado a voos domésticos
de e para o Continente, poderia permitir relocalizar cerca de 24% do tráfego de passa-
geiros efectuado na Portela;
a longevidade do aeroporto da Portela poderá ser assegurada por mais de 20 anos (aproxi-
mando-se mesmo dos 30 anos, como vimos), levando a que a construção de uma nova in-
fra-estrutura aeroportuária possa não ser considerada uma prioridade nacional.
117
Director-Coordenador Miguel FrasquilhoMiguel FrasquilhoMiguel FrasquilhoMiguel Frasquilho [email protected]@[email protected]@bes.pt
Direcção Research Sectorial
Pedro GonçalvesPedro GonçalvesPedro GonçalvesPedro Gonçalves
Manuel ReisManuel ReisManuel ReisManuel Reis
João Pereira MiguelJoão Pereira MiguelJoão Pereira MiguelJoão Pereira Miguel
Artur Alves PereiraArtur Alves PereiraArtur Alves PereiraArtur Alves Pereira
[email protected]@[email protected]@bes.pt
[email protected]@[email protected]@bes.pt