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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA Paraná - Brasil Junho 2018 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL DA DRAGAGEM DE APROFUNDAMENTO DA BAÍA DE PARANAGUÁ

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO TURISMO DE BASE … · Essa cartilha integra o material pedagógico, elaborado especificamente para dar suporte às Oficinas do Projeto de Desenvolvimento

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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO

TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA

Paraná - BrasilJunho

2018

PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL DA DRAGAGEM DE APROFUNDAMENTO DA

BAÍA DE PARANAGUÁ

SECRETARIA NACIONAL DE PORTOS DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA – SEP/PR

Execução: Parceiros: Empreendedor: Orgão

Licenciador:Financiamento dos Programas de Monitoramentos Ambientais:Coordenação:

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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO TURISMO DE BASE COMUNITÁRIAPROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL DA DRAGAGEM DE APROFUNDAMENTO DA BAÍA DE PARANAGUÁ

Paraná - Brasil

Junho 2018

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Esta publicação integra o Programa de Educação Ambiental do empreendimento em cumprimento a uma medida de mitigação exigida pelo licenciamento ambiental fede-ral, conduzido pelo IBAMA, por meio da Licença de Instalação (LI) nº 1144/2016.

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

REITORIASIDNEY LUIZ DE MATOS MELLO

VICE-REITORIAANTONIO CLAUDIO LUCAS DA NÓBREGA

COORDENAÇÃO GERALESTEFAN MONTEIRO DA FONSECA

COORDENAÇÃO EXECUTIVALEONARDO LIMA

COORDENAÇÃO DO PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTALJULIANA CERQUEIRA PAMPLONA SILVA

ESPECIALISTA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL E TURISMOLILIAN SODRÉ DE SÁ EARPELISA ALMEIDA RIBEIRO

COLABORAÇÃO:GIANNI QUEIROZKARIN CRISTINA CANEPARO

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO:DISARME GRAFICO

A partir da Lei Geral dos Portos (Lei 12.815/2013) ficou instituído que o Programa Nacional de Dra-gagem II seria implementado pela Secretaria de Nacional de Portos e pelo Ministério dos Trans-portes com atuação em diversas áreas. Dentre elas, a atividade de monitoramento ambiental.

Para este fim, foi firmado um Termo de Execu-ção Descentralizada (TED), ou seja, foi realizada a transferência de recursos do Ministério dos Trans-portes, Portos e Aviação Civil para a Universidade Federal Fluminense (UFF), no intuito de a univer-sidade executar o Gerenciamento e a Supervisão Ambiental para as obras de dragagem dos portos incluídos no Programa em referência.

Essa integração, além de ser uma ferramenta de interface entre os produtores de ciência e os for-muladores de políticas setoriais, proporciona me-canismos que podem fazer com que resultados de pesquisas científicas sejam considerados na formu-lação de planos e programas governamentais, bem como o contrário, que as demandas governamen-tais sejam percebidas pela comunidade científica.

Essa cooperação técnica entre o Ministério dos Transportes e a UFF está voltada ao atendimento das exigências definidas no âmbito do licencia-mento ambiental de obras públicas de dragagens portuárias, bem como o cumprimento da Resolu-ção Conama nº 454, que estabelece as diretrizes gerais e os procedimentos referenciais para o ge-renciamento do material a ser dragado em águas sob jurisdição nacional, fazendo-se necessária a contratação dos serviços de gerenciamento e monitoramento ambiental das áreas que serão dragadas e derrocadas, bem como dos locais de disposição do material dragado e derrocado.

Esta publicação foi desenvolvida no âmbito do TED para o Programa de Educação Ambien-tal, condicionante da Licença de Instalação n°1144/2016, emitida pelo IBAMA, para a Draga-gem de Aprofundamento do Canal de Acesso ao Porto de Paranaguá (PR).

Mais informações em: http://www.gap-uff.com.br/

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Apresentação ................................................................

Um convite para pensar o que representa o tal do “Turismo” ......................................

Tipos de Turismo ..........................................................

Entendendo o conceito de Desenvolvimento Sustentável ......................................

Desenvolvimento Turístico nos Destinos: Aspectos Interessantes a serem observados ...............

Reflexões sobre a Gestão de Destinos Turísticos ...................................................

1.

1.1.

2.

3.

4.

6

8

10

12

14

20

SUMÁRIO

5.

6.

6.1.

7.

Pinceladas sobre o Estado da Arte do Turismo de Base Comunitária .................................

Um pouco sobre Planejamento Turístico Estratégico .............................

Alguns métodos participativos para o seu planejamento estratégico ..........................

Informações Adicionais ................................................

Referências Bibliográficas ............................................

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APRESENTAÇÃO

Essa cartilha integra o material pedagógico, elaborado especificamente para dar suporte às Oficinas do Projeto de Desenvolvimento do Tu-rismo de Base Comunitária, componentes do Programa de Educação Ambiental (PEA) da Dra-gagem de Aprofundamento do canal de acesso ao Porto de Paranaguá e condicionante da Li-cença de Instalação nº 1144/2016 emitida pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

O PEA visa criar estratégicas que garantam a efetiva sensibilização das pessoas, dando prio-ridade às populações diretamente influenciadas pelo empreendimento, fundamentando a cons-trução do senso crítico que as provoque a refle-tir e compreender seu papel enquanto agentes no processo de melhoria da qualidade de vida, individual e coletiva.

As Oficinas de Capacitação em Desenvolvimen-to Sustentável do Turismo de Base Comunitária, realizadas em julho/agosto de 2018, foram sub-sidiadas por meio do levantamento de informa-ções coletadas em abril do mesmo ano. A equipe entrevistou lideranças comunitárias representa-tivas de 12 comunidades localizadas na área de influência do Porto de Paranaguá no intuito de compreender as diferentes realidades, poten-cialidades, características e atrativos turísticos,

consolidados e potenciais, de cada uma das lo-calidades visitadas. O trabalho foi desenvolvido presencialmente por meio da técnica de aplica-ção em campo “Diagnóstico Rápido Participa-tivo” nas seguintes comunidades, a saber: em Paranaguá, na Ilha do Teixeira; Rocio; Ilha dos Valadares; São Miguel; Europinha; Piaçaguera; Eufrasina e Amparo. Encantadas e Nova Brasília, situadas na Ilha do Mel. Já no município de An-tonina: Ponta da Pita e Portinho.

A maior parte destas localidades está inserida no Complexo Estuarino de Paranaguá (CEP), situado na costa sul do Brasil, no litoral paranaense. No eixo norte-sul encontram-se as baías das Laranjei-ras, de Guaraqueçaba e dos Pinheiros e no eixo les-te-oeste, as baías de Antonina e de Paranaguá. Esse complexo está separado do oceano pela presença da Ilha do Mel, onde todo este sistema conecta-se com o mar adjacente através de dois canais: o ca-nal da Barra Norte e o canal Barra Sul, mais conhe-cido como Canal da Galheta, localizado entre o sul da ilha e o continente (Pontal do Sul).

O CEP faz parte do Complexo Estuarino-Lagunar Paranaguá-Cananeia-Iguape, que é considerado um dos maiores estuários do mundo em termos de produção primária. Junto com a Serra do Mar, em 1999, esta região foi tombada pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade por abrigar os

últimos remanescentes da Floresta Tropical Pluvial Atlân-tica do Brasil. É um sistema de extrema importância para o ecossistema costeiro e para o desenvolvimento econômi-co e social do estado do Paraná, uma vez que constitui um espaço geográfico propício a instalações portuárias, indus-triais, atividades pesqueiras e turísticas.

Neste sentido, a presente cartilha tem por objetivo colaborar à promoção e valorização da biodiversidade, cultura e modo de vida nas colônias insulares e demais localidades contem-pladas pelo projeto, fortalecendo a identificação regional da atividade turística de base comunitária com a organização e o modo de vida peculiar de cada localidade.

Desenvolvimento Sustentável do Turismo de Base Comunitária Programa de Educação Ambiental da dragagem de aprofundamento da Baía de Paranaguá

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1UM CONVITE PARA PENSAR O QUE REPRESENTA O TAL DO “TURISMO”

Para imergir no complexo tema do “Desenvolvimento Turístico” e se-guir na busca por compreender o que ele pode vir a representar para cada Destino (seja ele consolidado ou potencial), precisamos ter cla-ro que, além de ser uma atividade geradora de empregos e benefícios econômicos para comunidade local, o turismo é bem mais do que isso! Ele tem um potencial singular para a valorização da comunidade dian-te da sua história, cultura, tradições e à natureza local. Assim, o desen-volvimento do turismo pode ajudar a reforçar e/ou resgatar a identida-de que cada destino guarda.

1 A Organização Mundial do Turismo (UNWTO /OMT) é uma agência especializada das Nações Unidas e a principal organização internacional no campo do turismo. Ela serve como um fórum global para questões de políticas turísticas e como fonte prática do know-how em turismo.A OMT desempenha um papel central e decisivo na promoção do desen-volvimento do turismo responsável, sustentável e universalmente acessível, dando particular atenção aos interesses dos países em desenvolvimento.

“O turismo compreende as atividades que realizam as pessoas durante suas viagens e estadas em lugares diferentes do seu entorno habitual, por um perío-do consecutivo inferior a um ano, com finalidade de lazer, negócios ou outras”.

Organização Mundial do Turismo1, 1994

“O turismo é uma atividade que envolve o deslo-camento de pessoas de um lugar para o outro. É uma mistura complexa de elementos materiais, que são os transportes, os alojamentos, as atra-ções e as diversões disponíveis, e dos fatores psi-cológicos, que seriam desde uma simples fuga, passando pela concretização de um sonho ou fantasia, até simplesmente a recreação, o des-canso e incluindo ainda inúmeros interesses so-ciais, históricos, culturais e econômicos”.

Fabíola Pereira, PUC – Campinas.

TURISMO

DESENVOLVIMENTO LOCAL

RELAÇÕES SOCIAIS

DESCANSO

FUGA

SATISFAÇÃOCULTURA

NATUREZA

HISTÓRIA

TROCA DE EXPERIÊNCIAS

FANTASIA

SONHO

RENDA

RECREAÇÃO

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1.1 TIPOS DE TURISMO

Entre outrosDe negócios

Da melhor idade

De consumo

Férias/Lazer

Cultural

Esportivo

Gastronômico

SERVIÇOS RELACIONADOS DIRETAMENTE AO TURISMO:

TRANSPORTEDeslocamentos aéreos, marítimos, terrestres

ACOMODAÇÃO

Pousadas, Hotéis, Resorts, Alber-gues, Campings, Aluguel de casas ou quartos por temporada, Cama & Café, entre outros

SERVIÇO DE ALIMENTAÇÃO (A&B)

Bares, Restaurantes, Lanchonetes, Tapiocarias, Cachaçarias, etc.

SERVIÇOS DE ENTRETENIMENTO

Centros culturais, museus, pas-seios (de barco, por trilhas, de bici-cleta, a pé, etc)

SERVIÇOS COMPLEMENTARES

Massagens, shows, lembrancinhas da viagem (Fotos personalizadas, roupas típicas, objetos, utensílios, Comida e Artesanato local, etc)

11Desenvolvimento Sustentável do Turismo de Base Comunitária

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Ao se pensar em Sustentabilidade é possível visualizar o uso racional dos recursos finitos da Terra, sem prejudicar as necessidades das ge-rações futuras, que também têm direito a um planeta habitável, um meio ambiente suficientemente preservado e equilibrado.

Para que aconteça o Desenvolvimento Sustentável, três aspectos necessitam ser considerados, sendo eles: ser uma atividade econo-micamente viável, socialmente justa e ecologicamente correta. Esse fenômeno é denominado Triângulo ou Tripé da Sustentabilidade.

ENTENDENDO O CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

2 Entende-se que há sustentabilidade quando os resultados de um em-preendimento ou negócio possuem, ao mesmo tempo, do lado econômi-co, rendimento suficiente para o custo da vida em sociedade; nos aspec-tos sociais, valores culturais e de justiça social na distribuição de custos e benefícios; e na dimensão ecológica, respeito à manutenção dos ecos-sistemas do planeta em longo prazo. Esse conceito também é conhecido como os 3 Ps (People, Planet and Profit) isto é, Pessoas, Planeta e Lucro.

O TRIPÉ DA SUSTENTABILIDADE

Transparência contábilGovernança corporativaPerfomance econômicaObjetivos financeiros

Políticas públicasInvestimento comunitário Condições de trabalho Saúde / NutriçãoDiversidadeDireitos humanosInvestimento social responsávelAnticorrupção e subornoSegurança

EnergiaÁguaGases do efeito estufaEmissõesRedução de desperdício / LixoReciclagemReprocessamento / ReusoLimpeza verdeAgricultura / Alimentos orgânicosBiodiversidade

ECONÔMICO SOCIAL

AMBIENTAL

SUSTENTABILIDADE

Programa de Educação Ambiental da dragagem de aprofundamento da Baía de Paranaguá

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DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO NOS DESTINOS: ASPECTOS INTERESSANTES A SEREM OBSERVADOS

No Modelo de Ciclo de Vida das Destinações Tu-rísticas, proposto por Butler (1980):

O ciclo de vida de um destino turístico é composto por seis etapas: exploração, envolvimento, desen-volvimento, consolidação, estagnação e declínio.

3OITO ELEMENTOS FUNDAMENTAIS DO MODELO:

• Dinamismo ou mudança;

• Processo;

• Capacidade ou limites de crescimento;

• Gatilhos (fatores que provocam mudanças no destino);

• Gerenciamento;

• Visão de longo prazo no planejamento;

• Componente espacial;

• Aplicabilidade universal.

CURVA DE BUTLER

Núm

ero

de tu

rist

as

Tempo

Rejuvenescimento

Limite crítico doselementos de capacidade

Desenvolvimento

Exploração

Envolvimento

Declínio

EstagnaçãoConsolidação

RenovaçãoCrescimentoreduzido

Estabilização

Declínio

Declínio imediato

Figura: Ciclo de vida de um destino turístico

BUTLER, R. W. The concept a tourist area cycle of evolu-tion: implications for management of resources. Univer-sity of Western Ontario Canadian Geographer, v. 24, n. 1, 1980, p. 5-12 (adaptado).

E cada etapa deste ciclo pode-se identificar a relação com algum tipo de impacto específico: econômico, ambiental e sociocultural.

Para uma melhor ilustração, os estágios são apresentados em um gráfico conhecido com “Curva de Butler”.

O ciclo de vida é uma ferramenta de análise im-portante para o setor do turismo, uma vez que possibilita conhecer o estágio de desenvolvi-mento de um destino turístico.

ALMEIDA, C.P., MENEZES, L.M., NUNES, L.O., SOUZA, M.V.S.; NASCIMENTO, S.M.S. Apresentação em PowerPoint elaborada para a disci-plina ministrada por ARENAS, P.A.R. Sociologia do Turismo. “Destino Turístico: Ciclo de Vida, Turista e Residentes”. Curso de Turismo da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (FACEM/UERN). Mossoró/RN, 2012, disponível em https://pt.slideshare.net/caahkowalczyk/sociologia-do-turismo

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Capacidade de Carga ou capacidade de suporte podem ser descritos basicamente como a capa-cidade que um determinado local possui para suportar o afluxo de visitantes e turistas sem per-der as características de sua originalidade ou ter ameaçada a sua integridade. A capacidade de

TIPOS DE CAPACIDADE DE CARGA TURÍSTICA

carga consiste no cálculo de um número máximo de visitas/dia que uma determinada área natural pode suportar. Se esse nível é ultrapassado, pode ocorrer a deterioração dos recursos, a diminuição da satisfação do visitante e impactos adversos so-bre a sociedade, cultura e economia locais.

AMBIENTAL O número máximo de visitantes que pode ser recebido antes de iniciados os possíveis danos ao meio ambiente.

ECONÔMICA O número máximo de visitantes que pode ser recebido antes que a localidade comece a sofrer problemas econômicos.

FÍSICA O número de visitantes que um lugar pode comportar fisicamente.

OPERACIONAL O número máximo de visitantes que pode ser atendido pela infraestrutura local.

PERCEPTIVA O número de visitantes que um lugar pode receber, antes que sua reputação comece a ser afetada de maneira negativa.

SOCIAL O número máximo de visitantes que um destino turístico pode receber, de modo a não causar perturbação social ou prejuízo cultural.

SAZONALIDADE

Para o desenvolvimento da atividade turística se faz necessário considerar o aspecto da sazonali-dade turística ou sazonalidade da demanda tu-rística. Esse é um fenômeno caracterizado pela instabilidade entre oferta e demanda em deter-minados períodos do ano. Para poder adaptar-se às condições diversas, se pode destacar o “Plane-

jamento Estratégico” como uma ferramenta fun-damental que permite a adequação dos serviços turísticos às condições típicas de cada estação do ano. Para a elaboração de estratégias que permi-tam atenuar os efeitos da sazonalidade, é impor-tante conhecer e compreender as dinâmicas da procura turística do destino.

CAPACIDADE DE CARGA OU CAPACIDADE DE SUPORTE

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Desenvolvimento Sustentável do Turismo de Base Comunitária Programa de Educação Ambiental da dragagem de aprofundamento da Baía de Paranaguá

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PROCESSO DE GENTRIFICAÇÃO

Espaços são considerados como territórios po-tenciais, por determinados grupos sociais e eco-nômicos. Gentrificação é um processo de trans-formação desses espaços. Isto faz com que haja uma especulação e ao longo do tempo, um au-mento do custo de vida local, o que consequen-temente acaba por afastar os moradores tradi-cionais daquele determinado território.

Os processos de gentrificação de comunida-des costeiras e insulares foram bastante co-muns nos últimos séculos. O processo fomen-ta conflitos sociais e de classes, normalmente embalados pela disputa entre os nativos, os tais grupos socioeconômicos, os turistas, os veranistas e os residentes permanentes. A gentrificação turística está intimamente rela-cionada a uma poderosa força de homogenei-zação e padronização do destino.

GENTRIFICAÇÃOTURÍSTICA

CorporaçõesMultinacionais

MoradoresInfluentes

Fluxos de Capital

Elites

Consumidores

PONTOS DE ATENÇÃO

Segurança Resíduos

Periferia/crescimento

desordenado

Especulação Imobiliária

Prostituição Tráfico

TURISMO

Desenvolvimento Sustentável do Turismo de Base Comunitária Programa de Educação Ambiental da dragagem de aprofundamento da Baía de Paranaguá

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REFLEXÕES SOBRE A GESTÃO DE DESTINOS TURÍSTICOS

A Gestão de Destinos tem evoluído como forma de dar resposta às ten-dências verificadas no setor do turismo. Face à globalização, o apareci-mento de novos destinos aumenta, bem como a competitividade entre os mesmos, surgindo a necessidade de implantação de novas aborda-gens e ferramentas de gestão e planejamento. Novos destinos são capa-zes, não só de aumentar os benefícios econômicos dos territórios, mas uma oportunidade de fazer uma gestão e planejamento eficazes.

4As tendências futuras apontam para três principais orientações es-tratégicas: satisfazer e atender as necessidades dos consumidores (estratégias de marketing centradas no consumidor e em diferentes nichos de mercado), gestão do destino (desenvolvimento regional, comunidades locais, e estruturas econômicas) e organização terri-torial (através de estruturas organizacionais inovadoras e parcerias pública-privadas). (Buhalis e Costa, 2006b; WTO, 2005).

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PINCELADAS SOBRE O ESTADO DA ARTE DO TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA

Destaca-se aqui como conteúdo didático, para dar embasamento ao tema, algumas referências relevantes para uma compreensão mais ampla e atualizada sobre Turismo de Base Comunitária. Há diferen-tes formas que podem ser escolhidas pela comunidade local, com o objetivo de alcançar uma gestão realmente produtiva do Turismo de Base Comunitária. Os agentes sociais mais aptos para desenvolverem de forma sustentável a gestão do destino turístico são os próprios re-presentantes das localidades nas quais o turismo está presente.

5“No entendimento de Hiwasaki (2006), o Tu-rismo Comunitário se traduz em quatro obje-tivos”, sendo eles:

Qualificação e Posse: refere-se à participação da comunidade no planejamento e gestão do turismo.

Conservação dos recursos, ou seja, o turismo deve impactar po-sitivamente na conservação dos recursos naturais e/ou culturais.

Desenvolvimento econômico e social, relacionado com a gera-ção de benefícios econômicos e sociais para a comunidade local.

Qualidade na experiência do vi-sitante, focada no compromisso de assegurar a ele uma expe-riência de qualidade e compro-metida com a responsabilidade social e ambiental.

O Turismo de Base Comunitária (TBC) busca uma vinculação situada nos ambientes naturais e culturais de cada lugar e requer desta forma uma menor dependência e necessidade de in-fraestrutura e serviços.

O TBC representa a promoção de atividades tu-rísticas em um modelo de desenvolvimento so-cialmente justo e ambientalmente responsável. O potencial do TBC abre a possibilidade de uma nova visão sobre o turismo.

TURISMO COMUNITÁRIO

Programa de Educação Ambiental da dragagem de aprofundamento da Baía de Paranaguá

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Neste sentido, Irving (2009), na tentativa de se delinear uma conceituação para o Turismo de Base Comunitária, apresenta algumas premissas que emergem como elementos centrais desta atividade:

Base endógena da iniciativa e desenvolvimento local. A ati-vidade resulta de uma demanda direta dos grupos sociais que residem no lugar turístico e que estabelecem com este território uma relação cotidiana de dependência material e simbólica. O protagonismo social - resultante do sentimento de pertenci-mento e do poder de inocência sobre o processo de decisão - assume uma condição essencial para este tipo de turismo.

Participação e protagonismo social no planejamen-to, implementação e avaliação de projetos turísticos. Quanto maior o envolvimento local e as estratégias de participação social no planejamento e implementação dos projetos, mais evidentes são os níveis de protagonismo so-cial e a sustentabilidade das iniciativas.

Escala limitada, impactos sociais e ambientais contro-lados. Parte-se da premissa que o turismo comunitário se desenvolva em escala limitada, a partir dos recursos locais. O processo de planejamento deve assegurar a “qualidade” ambiental e social do destino.

Geração de benefícios diretos à população local. Tais ini-ciativas devem assegurar que os recursos advindos do tu-rismo sejam reaplicados em projetos de melhoria de quali-dade de vida da própria população.

Afirmação cultural e interculturalidade. A valorização da cultura assume importância não como a configuração de um “produto”, mas com o objetivo de afirmação de iden-tidade e pertencimento. O intercâmbio de “quem está” e “quem vem” propicia a relação local-global e a prática da interculturalidade.

O “encontro” como condição essencial. O “encontro” entre identidades assume o sentido de compartilhamento e aprendizagem mútua. Atores locais e turistas são, simul-taneamente, agentes, sujeitos e objetos do processo, esta-belecendo uma relação de troca, interação, descoberta e retroalimentação.

Neste sentido, o diferencial do Turismo de Base Comunitária recai no entendimento da ativida-de turística como um subsistema interconecta-do com outros subsistemas, como educação, saúde e meio ambiente.

Assim, não está centrado somente na atividade turística, pois representa uma proposta de de-senvolvimento territorial sustentável que abran-ge as dimensões política, cultural, econômica e humana, da vida em sociedade.

TURISMO DE BASE

COMUNITÁRIA

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UM POUCO SOBRE PLANEJAMENTO TURÍSTICO ESTRATÉGICO

6Mundialmente, o turismo é conhecido como uma das maiores ati-vidades econômicas. Neste contexto, se faz necessário um planeja-mento turístico que deve maximizar os benefícios socioeconômicos e minimizar os custos, visando o bem estar da comunidade receptora e a rentabilidade dos empreendimentos do setor.

ALGUNS MÉTODOS PARTICIPATIVOS PARA O SEU PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

6.1

ANÁLISE SWOT

A análise SWOT é um importante instrumento utilizado para planejamento estratégico que consiste em recolher dados importantes que ca-racterizam o ambiente interno (forças e fraque-zas) e externo (oportunidades e ameaças).

Segundo a turismóloga, mestre em Meio Ambien-te e Desenvolvimento Regional e tutora do Portal Educação, Lis Damasceno, o planejamento turís-tico é fundamental, pois a partir dele que serão traçadas as estratégias para que o turismo gere o máximo de benefício para aquela localidade. “Sem planejamento turístico a sustentabilidade da atividade é comprometida e os aspectos nega-tivos se sobressaem aos positivos”.

Strengths (forças)

Vantagens inter-nas em relação

aos concorrentes.

Weaknesses (fraquezas)

Desvantagens in-ternas em relação aos concorrentes.

Threats (ameaças)

Aspectos exter-nos negativos

que podem por em risco a vanta-gem competitiva.

Opportunities (oportunidades)

Aspectos exter-nos positivos

que podem po-tenciar a vanta-

gem competitiva

EstratégicoTático

Operacional

Análise Swot

Ambi

ente

Inte

rno Am

biente Externo

Forças Oportunidades

AmeaçasFraquezas

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disso, dentro do inquérito também há uma preo-cupação no resgate dos sucessos, das conquis-tas e dos valores das pessoas que participam de qualquer tipo de sistema na organização.

Depois de definido o Tópico Afirmativo, ou seja, qual é o foco, o tema, o propósito da Investiga-ção Apreciativa, seguem-se as etapas:

INVESTIGAÇÃO APRECIATIVA

A Investigação Apreciativa é uma metodologia que parte do princípio de que existe algo maior que o indivíduo, o coletivo. A abordagem do in-quérito ou investigação visa emanar essa ver-dade coletiva das pessoas, fazendo com que as respostas construam uma realidade e que essa realidad, quando vislumbrada num futuro, pos-sa antecipar ações no momento presente. Além

DISCOVERY – DESCOBERTA: Na descoberta vai se investigar exatamente quais são os sucessos, em que essas pessoas tiveram conquistas, quais são seus principais valores e melhores qualida-des. Então, tudo é voltado para essa perspectiva de passado, de onde é extraído o melhor.

DREAM – SONHO: Faz com que esse grupo de pessoas visualize o melhor futuro, o futuro ideal, o futuro sonhado, o futuro positivo. Acredita-se que ao visualizar esse futuro positivo acaba fazendo com que, simultaneamente, você crie esse momento no presente.

DESIGN – PLANEJAMENTO: Depois de identifi-car o futuro ideal na fase anterior, agora é hora de planejar como alcançá-lo. Por isso, nessa fase da investigação apreciativa, serão pensadas ações de planejamento de mudanças que possi-bilitem que você chegue a esse futuro ideal.

DESTINY – DESTINO: Neste momento, come-çam a ser colocadas quais serão as primeiras ações para começar a concretizar esse futuro ideal. Ou seja, é hora de colocar a mão na massa e ver a mudança acontecer!

OPEN SPACE OU ESPAÇO ABERTO

Essa metodologia serve como estímulo para que as pessoas atuem de forma colaborativa, dinâmi-ca e auto-organizada, contando também com a participação ativa de todos, sendo ideal para lidar com situações complexas. Os temas a serem tra-balhados são listados pelos participantes. Esses tópicos são divididos e separados por salas (espa-ços) e cada sala será referente a um tema.

Dessa forma, quem tiver interesse em algum tema, deve ir até a sala destinada a ele. Nessa sala, será desenvolvida uma conversa apenas sobre esse tema e nada mais. As pessoas permanecem nos te-mas enquanto elas estiverem interessadas neles.

PARA REALIZAR O OPEN SPACE VOCÊ VAI PRECISAR DE:

• Um local amplo que possa ser separado entre os temas.

• Definir alguns facilitadores.

• Papel e caneta para escrever as ideias centrais.

O foco é manter o tópico de discussão interessan-te para cada um, dando liberdade para os parti-cipantes decidirem se o tema está adequado ou não para eles. Isso acaba estimulando a partici-pação e faz a conversa ser mais ativa, por isso é considerada uma dinâmica auto-organizada.

Os facilitadores (ou o facilitador) permanecem nas salas para acompanhar as conversas. Ao fim das discussões dos temas, os facilitadores ficam responsáveis por entregar o resultado das dis-cussões e demonstrá-las para todo o grupo.

29Desenvolvimento Sustentável do Turismo de Base Comunitária

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Essa é uma ferramenta de diálogo muito interes-sante para estimular e usar a inteligência coleti-va de um grupo grande. Consiste em criar “rodas de conversas” entre diversos grupos menores ao mesmo tempo. Em rodadas, as pessoas circu-lam entre esses grupos a fim de trocarem e apri-morarem as ideias, aumentando a conexão e a polinização delas. A ideia é estimular a conversa criativa e facilitar os insights dos participantes.

Os participantes ficam em círculos pequenos, todos sentados, assim criando vários grupos de conversa. A quantidade de círculos de conversa depende do número de participantes, mas é im-portante que tenhamos vários círculos com pes-soas discutindo e não somente um círculo grande.

Nesse modelo, os grupos devem discutir um tema central preestabelecido. Esse tema é dis-cutido em rodadas, usando perguntas diferen-tes para cada rodada para aprofundar cada vez mais. Entre cada rodada, os participantes tro-cam de grupo para falar com outras pessoas.

Uma pessoa fica na mesa para contar para as novas pessoas o que aconteceu na rodada an-

terior. O papel desse anfitrião é essencial para realmente aproveitar a inteligência coletiva do grupo maior. Para facilitar o processo, o anfitrião convida as pessoas para registrar as ideias e insi-ghts enquanto sugerem na conversa.

Os círculos de conversa devem conter poucas pessoas, para que todos tenham a chance de expressar suas opiniões. O ideal é ter no má-ximo cinco ou seis pessoas em cada grupo. Ao fim de 20 a 30 minutos, os participantes se mis-turam e trocam de círculo.

Como cada círculo teve um tipo de conversa e ideias diferentes, o foco é debater essas ideias e perceber quais delas são similares, quais se complementam e assim por diante.

WORLD CAFÉ

PARA REALIZAR A WORLD CAFÉ VOCÊ VAI PRECISAR DE:

• Um local com espaço amplo.

• Cadeiras para acomodar todos os participantes.

• Mesas para auxiliar na exposição da coleta de informação.

• Cartolina ou papel, lápis/caneta/pilot.

TÉCNICAS PARA TOMADA DE DECISÃO

AS DECISÕES PODEM SER TOMADAS POR:

• Unanimidade: Todos concordam com a decisão tomada;

• Maioria: > 50% dos presentes concordam;

• Pluralidade: Maior grupo decide, mesmo que não haja maioria;

• Ditadura: Alguém decide pelo grupo.

As técnicas para tomada de decisão em grupo envolvem a avaliação das alter-nativas apresentadas para resolver uma determinada questão. Elas podem aju-dar na classificação e priorização das melhores alternativas apresentadas.

Desta forma, deve-se determinar como o projeto será executado, controlado, monitorado e encerrado,levando em consideração todas as áreas de conheci-mento do projeto e como elas serão integradas e consolidadas através do Plano de Gerenciamento do Projeto.

ATRAVÉS DO PLANEJAMENTO, SEREMOS CAPAZES DE:

• Determinar os objetivos e como atingi-los;

• Eliminar ou reduzir incerteza;

• Aperfeiçoar eficiência dos processos;

• Obter um melhor entendimento dos objetivos;

• Antecipar os problemas futuros.

Para o sucesso do projeto é crucial que ele seja bem planejado e tenha um real envolvimento da equipe envolvida!

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COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA

Essa metodologia é que apoia o estabelecimen-to de relações de parceria e cooperação, em que predomina comunicação eficaz e com empatia. Enfatiza a importância de determinar ações à base de valores comuns. Quando usada como guia na coconstrução de acordos, a CNV pode tomar a for-ma de uma série de distinções, entre as quais:

Uma comunicação à base destas distinções ten-de a evitar dinâmicas classificatórias, domina-tórias e desresponsabilizantes, que rotulem ou enquadrem os interlocutores ou terceiros. Aque-les que se apoiam na comunicação não violenta (chamada também de comunicação empática) consideram que todas as ações estão originadas numa tentativa de satisfazer necessidades hu-manas, mas tentam fazê-lo evitando o uso do medo, da vergonha, da acusação, da ideia de fa-lha, da coerção ou das ameaças.

O ideal da CNV é conseguir que nossas neces-sidades, desejos, anseios e esperanças não sejam satisfeitos à custa de outra pessoa. Um princípio-chave da comunicação não violenta

• Distinção entre observações e juízos de valor

• Distinção entre sentimentos e opiniões

• Distinção entre necessidades (ou valores universais) e estratégias

• Distinção entre pedidos e exigências/ameaças

é a capacidade de se expressar sem usar julga-mentos de “bom” ou “mau”, do que está certo ou errado. A ênfase é posta em expressar sen-timentos e necessidades, ao invés de críticas ou juízos de valor.

Essas ferramentas de diálogos buscam ajudar a aperfeiçoar a forma como nos comunicamos e participamos de encontros em grupos, princi-palmente em ambientes cooperativos.

Elas ajudam a tornar possível a realização de reuniões e apresentações mais dinâmicas, com a participação de todos os integrantes e a geração de uma discussão mais aprofundada e colaborativa, com a cocriação de ideias e solu-ções. Quanto mais participações e engajamento ocorrer, melhor será o resultado final.

33Desenvolvimento Sustentável do Turismo de Base Comunitária

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INFORMAÇÕES ADICIONAIS

DEFINIÇÃO DE UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

A lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, em seu Art. 2o, define como Unidade de Conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente insti-tuído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção.

7TIPOS DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

PROTEÇÃOINTEGRAL

Estação EcológicaÁrea destinada à preservação da natureza e à realização de pes-quisas científicas, podendo ser visitadas apenas com o objetivo educacional.

Reserva Biológica

Área destinada à preservação da diversidade biológica, na qual as únicas interferências diretas permitidas são a realização de medi-das de recuperação de ecossistemas alterados e ações de manejo para recuperar o equilíbrio natural e preservar a diversidade bioló-gica, podendo ser visitadas apenas com o objetivo educacional.

Parque Nacional

Área destinada à preservação dos ecossistemas naturais e sítios de beleza cênica. O parque é a categoria que possibilita uma maior interação entre o visitante e a natureza, pois permite o desenvol-vimento de atividades recreativas, educativas e de interpretação ambiental, além de permitir a realização de pesquisas científicas.

Monumento Natural

Área destinada à preservação de lugares singulares, raros e de gran-de beleza cênica, permitindo diversas atividades de visitação. Essa categoria de UC pode ser constituída de áreas particulares, desde que as atividades realizadas nessas áreas sejam compatíveis com os objetivos da UC.

Refúgio da VidaSilvestre

Área destinada à proteção de ambientes naturais, no qual se objeti-va assegurar condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna. Permite diversas ativida-des de visitação e a existência de áreas particulares, assim como no monumento natural.

USO SUSTENTÁVEL

Área de ProteçãoAmbiental

Área dotada de atributos naturais, estéticos e culturais importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas. Geralmente, é uma área extensa, com o objetivo de proteger a diversidade biológica, ordenar o processo de ocupação humana e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais. É consti-tuída por terras públicas e privadas.

Área de RelevanteInteresse Ecológico

Área com o objetivo de preservar os ecossistemas naturais de impor-tância regional ou local. Geralmente, é uma área de pequena exten-são, com pouca ou nenhuma ocupação humana e com característi-cas naturais singulares. É constituída por terras públicas e privadas.

Programa de Educação Ambiental da dragagem de aprofundamento da Baía de Paranaguá

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USO

SUSTENTÁVEL

Floresta Nacional

Área com cobertura florestal onde predominam espécies nativas, visando o uso sustentável e diversificado dos recursos florestais e a pesquisa científica. É admitida a permanência de populações tradi-cionais que a habitam desde sua criação.

Reserva Extrativista

Área natural utilizada por populações extrativistas tradicionais onde exercem suas atividades baseadas no extrativismo, na agri-cultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte, assegurando o uso sustentável dos recursos naturais existentes e a proteção dos meios de vida e da cultura dessas populações. Permi-te visitação pública e pesquisa científica.

Reserva de FaunaÁrea natural com populações animais de espécies nativas, terres-tres ou aquáticas; adequadas para estudos técnico-científicos sobre o manejo econômico sustentável de recursos faunísticos.

Reserva deDesenvolvimento

Sustentável

Área natural onde vivem populações tradicionais que se baseiam em sistemas sustentáveis de exploração de recursos naturais de-senvolvidos ao longo de gerações e adaptados às condições ecoló-gicas locais. Permite visitação pública e pesquisa científica.

Reserva Particular doPatrimônio Natural

Área privada com o objetivo de conservar a diversidade biológica, permitida a pesquisa científica e a visitação turística, recreativa e educacional. É criada por iniciativa do proprietário, que pode ser apoiado por órgãos integrantes do SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação) na gestão da UC.

PROGRAMAS EXISTENTES NA REGIÃO

ICMS ECOLÓGICO

A partir de 1991, com a vigência da Lei Complementar nº 59, de 1º de outubro de 1991, iniciou-se a distribuição de 5% do ICMS a municípios que abrigam em seu território unidades de conservação, áreas de preservação ambiental ou mananciais de abastecimento público. Tratou-se de uma lei pioneira, com amplas repercussões sobre o desenvolvimento e a qualidade de vida dos cida-dãos. Tal lei recebeu o nome de ICMS Ecológico ou Lei dos Royalties Ecológi-cos, sendo aprovada pela Assembleia Legislativa do Estado do Paraná. Passou a ser um instrumento para beneficiar os municípios que priorizam saneamen-to básico e as unidades de conservação. Para se habilitarem, os municípios têm de apresentar documentos que comprovem a existência da UC, os limites territoriais e as restrições ao uso do solo. O repasse do ICMS Ecológico leva em consideração o percentual da área do município ocupada pela UC, sendo me-lhor remunerado pelas áreas que possuem maior restrições de uso, em função da necessidade de sua proteção ambiental.

MUNICÍPIO VERDE

O programa Município Verde promove a gestão ambiental com o intuito de conservar a biodiversidade através de instrumentos de controle de qualidade, estimulando a recomposição da flora, com o envolvimento dos municípios. É a implementação de ações de licenciamento, monitoramento e fiscalização das atividades que ocorrem no âmbito de cada município, como as ações de sanea-mento ambiental, a exemplo da coleta e acondicionamento do lixo (redução da produção), esgoto tratado, a água, drenagens e o controle de vetores, poluição sonora, a poluição visual, atmosférica, deficiência na arborização, entre outras.

PROGRAMA DERECUPERAÇÃO DABIODIVERSIDADE

MARINHA (REBIMAR)

O Programa de Recuperação da Biodiversidade Marinha, patrocinado pela Petrobras e pelo Programa Petrobras Ambiental, busca a recuperação da bio-diversidade marinha e dos estoques pesqueiros do litoral do Paraná. É reali-zado através de um conjunto de ações socioambientais que têm como base a utilização de Recifes Artificiais, e é benéfico tanto para os pescadores arte-sanais, que terão um incremento e diversificação de pescados, quanto para os ecossistemas marinhos, devido ao aumento da biodiversidade nos locais onde os recifes são instalados. O Programa realiza atividades junto às escolas, desenvolvendo cursos de capacitação para professores para instrumentalizá--los, por meio de material didático impresso e digital, a utilizarem os temas presentes no REBIMAR nos trabalhos em sala de aula.

Desenvolvimento Sustentável do Turismo de Base Comunitária Programa de Educação Ambiental da dragagem de aprofundamento da Baía de Paranaguá

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MODELOS DE ORGANIZAÇÕES SOCIAIS O Terceiro Setor é o conjunto de organizações privadas, sem fins lucrativos, que presta serviços de interesse público. É constituído por entidades não governamentais, com gestão própria e legalmente constituídas e que tem como objetivo gerar serviços para necessidades coletivas e o bem comum.

ASSOCIAÇÕESUnião de pessoas que se organizam para fins não econômicos. É importante dizer que, apesar da característica de não possuir fins econômicos, não há proibição legal ao desempenho de atividades econômicas pela entidade, desde que as mesmas sejam meios para atendimento de seus fins.

FUNDAÇÕESFundação é a instituição que se forma com patrimônio, para servir de utilidade pú-blica ou atuar em benefício da sociedade. As fundações se caracterizam por seus fins de caridade ou beneficentes e pelo fato de possuir, com a sua instituição, uma perso-nalidade patrimonial.

ONGSONG é a sigla de Organização Não Governamental. Trata-se de entidades de iniciativa social com fins humanitários, que são independentes da administração pública e que não têm finalidade lucrativa.

OSCIPS

As Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) são juridicamente conceituadas como pessoas jurídicas de direito privado, instituídas a partir de iniciati-vas particulares, que não têm fins lucrativos e que são capazes de desempenhar servi-ços sociais que o Estado não provê, mas que o poder público incentiva e fiscaliza.

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MALDONADO, C. O. Turismo rural comunitário na América la-

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Desenvolvimento Sustentável do Turismo de Base Comunitária Programa de Educação Ambiental da dragagem de aprofundamento da Baía de Paranaguá

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Mais informações sobre os assuntos tratados nesta cartilha po-

dem ser encontrados nos seguintes sítios (sites) na Internet:

http://www.jb.com.br/sociedade-aberta/noticias/2012/01/18/

sustentabilidade-tentativa-de-definicao/

http://sustentarte.org.br/novo/tripe-da-sustentabilidade/#.

WvOjTe8vzIU

https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Capacidade_de_carga_tur%-

C3%ADstica

https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Sazonalidade_tur%C3%ADstica

http://ria.ua.pt/bitstream/10773/3740/1/238183.pdf

https://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/4375223.pdf

http://ria.ua.pt/bitstream/10773/3740/1/238183.pdf

https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/biolo-

gia/planejamento-turistico-e-essencial-em-qualquer-ramo-da-

-atividade/7651

https://www.google.com.br/amp/s/www.treasy.com.br/blog/

planejamento-estrategico-tatico-e-operacional/amp/?sour-

ce=images

http://www.ivt.coppe.ufrj.br/caderno/index.php/caderno/arti-

cle/view/98

https://www.significados.com.br/swot/

https://blog.ipog.edu.br/saude/etapas-investigacao-apreciativa/

https://escritoriodeprojetos.com.br/tecnicas-de-tomada-de-de-

cisao-em-grupo

https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Comunicação_não_violenta

http://www.mma.gov.br/areas-protegidas/unidades-de-conser-

vacao/categorias

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9985.htm

http://www.iap.pr.gov.br/pagina-1369.html

https://bemditofeito.wordpress.com/2015/08/21/diferencas-en-

tre-ong-oscip-associacao-e-fundacao/

https://conceito.de/ong

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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO

TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA

Paraná - BrasilJunho

2018

PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL DA DRAGAGEM DE APROFUNDAMENTO DA

BAÍA DE PARANAGUÁ

SECRETARIA NACIONAL DE PORTOS DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA – SEP/PR

Execução: Parceiros: Empreendedor: Orgão

Licenciador:Financiamento dos Programas de Monitoramentos Ambientais:Coordenação: