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MÓDULO I ATIVIDADE A DISTÂNCIA III AUTONOMIA: É a liberdade que se apresenta a qualquer ser humano em direcionar sua vida conforme seu desejo. Sem, no entanto, deixar de seguir algumas regras comportamentais, valores familiares e sociais. Mas à medida que este vai se libertando de algumas amarras, sua independência de torna mais efetiva. Para Rousseau, não somos individualmente autônomos, apenas o somos como membros de um tipo especial de sociedade. Mas a concepção de autonomia de Rousseau é para Kant heterônoma. Para este, a lei moral não pode ser definida por qualquer ordem externa, nem pelo impulso da natureza em mim. Para que haja autonomia, a moralidade não pode estar fora da vontade racional do homem. CAPITAL CULTURAL: O conceito de capital cultural está intimamente ligado ao sucesso ou ao fracasso de cada individuo perante a sociedade. No âmbito da educação este se torna um problema social à medida que a escola estigmatizada o aluno que vem de classe menos favorecida, como desprovido de bagagem cultural. No entanto, esse é um preconceito errôneo que não deveria ser estendido a uma determinada classe social, pois como sabemos há pessoas com alto poder aquisitivo que, no entanto, não possui um capital cultural significativo. Segundo Bourdieu (1997, p. 86),

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AUTONOMIA:

É a liberdade que se apresenta a qualquer ser humano em direcionar sua vida conforme

seu desejo. Sem, no entanto, deixar de seguir algumas regras comportamentais, valores familiares e

sociais. Mas à medida que este vai se libertando de algumas amarras, sua independência de torna

mais efetiva.

Para Rousseau, não somos individualmente autônomos, apenas o somos como membros

de um tipo especial de sociedade.

Mas a concepção de autonomia de Rousseau é para Kant heterônoma. Para este, a lei

moral não pode ser definida por qualquer ordem externa, nem pelo impulso da natureza em mim.

Para que haja autonomia, a moralidade não pode estar fora da vontade racional do homem. 

CAPITAL CULTURAL:

O conceito de capital cultural está intimamente ligado ao sucesso ou ao fracasso de cada

individuo perante a sociedade. No âmbito da educação este se torna um problema social à medida

que a escola estigmatizada o aluno que vem de classe menos favorecida, como desprovido de

bagagem cultural. No entanto, esse é um preconceito errôneo que não deveria ser estendido a uma

determinada classe social, pois como sabemos há pessoas com alto poder aquisitivo que, no entanto,

não possui um capital cultural significativo.

Segundo Bourdieu (1997, p. 86),

A acumulação de capital cultural desde a mais tenra infância – pressuposto de uma

apropriação rápida e sem esforço de todo tipo de capacidades úteis – só ocorre sem demora

ou perda de tempo, naquelas famílias possuidoras de um capital cultural tão sólido que

fazem com que todo o período de socialização seja, ao mesmo tempo, acumulação. Por

consequência, a transmissão do capital cultural é, sem dúvida, a mais dissimulada forma de

transmissão hereditária de capital.

Infelizmente, é no interior da escola que se manifestam de maneira muito clara esses julgamentos, mas por

outro lado, sabemos que esta é dos mecanismos capazes de reverter essa realidade.

CAPITAL SOCIAL:

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O capital social não está somente ligado a questões meramente de relacionamentos com

pessoas de níveis elevados e beneficiar-se desse circulo por fazer deste.

Bourdieu (1998, p. 67) define o ‘capital social’ como:

o conjunto dos recursos reais ou potenciais que estão ligados à posse de uma

rede durável de relações mais ou menos institucionalizadas de

interconhecimento e de inter-reconhecimento mútuos, ou, em outros termos,

à vinculação a um grupo, como o conjunto de agentes que não somente são

dotados de propriedades comuns (passíveis de serem percebidas pelo

observador, pelos outros e por eles mesmos), mas também que são unidos

por ligações permanentes e úteis.

Diante dessa afirmação nos esclarece que as ligações estabelecidas entre os sujeitos ,

não se reduzem a relações objetivas dentro de um espaço geográfico, econômico ou social, mas que

estas terão que ser fundadas em trocas materiais cuja prática reconhece sua proximidade. E que o

capital social e o cultural se aproximam em termos de essência, sendo que um precisa do outro.

CIDADANIA :

É o exercício pleno de direitos e deveres civis, políticos e sociais. Sendo que estes

devem estar interligados, pois só dessa forma o exercício de uma cidadania se dará de maneira

equilibrada.

COLETIVIDADE AMBIVALENTE :

Partindo do pressuposto de que ambivalência significa “Situação pela qual um

pensamento, sentimento ou objeto possui duplos significados, valores, características, tanto no

sentido de se contradizerem, quanto no mero aspecto de poderem gerar especulações e

características das quais degeneram seu significado” podemos concluir, nesse sentido, que

coletividade ambivalente é pessoas de grupos sociais, etnias e gênero diferentes possam sofrer as

mesmas discriminações ou marginalização dentro de desses aspectos. E é importante ressaltar que,

quanto mais fator de exclusão lhes é direcionado, maior o impacto.

DEMOCRACIA :

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Segundo o dicionário Aurélio democracia significa Governo do povo; soberania

popular; doutrina ou regime político baseado nos princípios da soberania popular e da distribuição

eqüitativa do poder.

Para o filósofo político Norberto Bobbio “a democracia é um conceito dinâmico que

passa por transformações constantes”. Diante dessa afirmação é que podemos acreditar que nossa

sociedade se tornará mais democrática a medida que se conscientize de seu potencial de liberdade.

ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO :

O Artigo 1º da Constituição Federal de 1988 estabelece em seu parágrafo único que:

“todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente”.

Diante dessa afirmação, Estado Democrático de Direito garante o direito às liberdades civis e aos

direitos humanos. Ele é dito “de Direito” porque as garantias estão baseadas na utilização de um

sistema jurídico, de leis, que as mantém e as defende. Essa condição institucional do Estado é

permeada por uma série de garantias fundamentais que lhe dão base, como o direito de ir e vir.

MERITOCRACIA: (do latim meritum, “mérito” e do sufixo grego antigo κρατία (-cracía),

“poder”) é um sistema de gestão que considera o mérito, como aptidão, a razão principal para se

atingir posição de topo. As posições hierárquicas são conquistadas, em tese, com base no

merecimento e entre os valores associados estão educação, moral, aptidão específica para

determinada atividade. Constitui-se uma forma ou método de seleção e, num sentido mais amplo,

pode ser considerada uma ideologia governativa.

NARRATIVA HISTÓRICA :

É a uma exposição de fatos, uma narração. Esta pode se apresentar em qualquer gênero

textual (verbal ou não verbal) com tipologia narrativa. São fatos que se interligam longo de certo

tempo e possui elementos básicos na sua composição como: Fato – corresponde à ação que vai ser

narrada (o que); Tempo – em que linha temporal aconteceu o fato (quando); Lugar – descrição de

onde aconteceu o fato (onde); Personagens – participantes ou observadores da ação (com quem) e

Causa – razão pela qual aconteceu o fato (por que)

PLANO NORMATIVO:

Refere-se às regras, as quais variam de acordo com o tempo e a sociedade. Em algumas

sociedades antigas como Atenas, havia determinados grupos como mulheres, escravos e

estrangeiros estavam, normativamente, excluídos. Hoje no plano normativo brasileiro, que afirmam

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direitos e deveres iguais a todos os indivíduos, no entanto, já houve época em que havia distinção

de direitos ligados a classe social, gênero, etnia e formação.

POBREZA:

Em sentido genérico, é a carência de meios essenciais que garantam a sobrevivência. Em

sentido estrito, as necessidades básicas são as que se referem à manutenção da vida; em sentido

amplo, dependem do padrão de vida de cada comunidade. Assim, pode designar-se por pobre a

pessoa cuja carência a situa à beira da morte, ou a pessoa cuja nutrição, moradia e vestuário, embora

suficientes para a preservação da vida, têm qualidade inferior às da população em geral. A pobreza

se define segundo parâmetros temporais e espaciais diversos.

QUALIDADE DE VIDA:

É um conceito que emergiu das preocupações das ciências humanas e biológicas em

valorizar parâmetros mais amplos do que a melhoria na saúde ou o aumento da expectativa de vida

para medir as condições de vida das pessoas. De acordo com a OMS (1998), qualidade de vida é

“[...] a percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura e sistema de valores

nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”.

RENDA BÁSICA – “É uma renda paga pelo Estado, como direito de cidadania, a cada membro de

pleno direito ou residente da sociedade, inclusive se não querem trabalhar de forma remunerada, sem

levar em conta se é rico ou pobre ou, dito de outra forma, independentemente de quais possam ser as

outras fontes possíveis de renda, e sem importar com quem conviva”.

VIOLÊNCIA SIMBÓLICA :

O conceito de violência simbólica foi elaborado por Pierre Bourdieu, sociólogo francês,

para descrever o processo em que se perpetuam e se impõem determinados valores culturais.

Segundo ele, “Na medida em que seus efeitos tendem a ser mais psicológica, a violência simbólica

se diferencia da violência física, apesar de poder se expressar, em última instância, sob esta forma”.

A violência simbólica passa a ser naturalizada à medida que é colocada em prática e se legitima

através da cultura dominante. Isso fica evidente no interior das escolas pela discriminação sofrida

por grupo de alunos como indígenas, brasiguaios ou até mesmo aqueles que residem na zona rural

que trazem consigo seu linguajar peculiar e pelo fato de não ser considerada “a forma correta” de

expressão da língua. Ou seja, é o preconceito lingüístico propriamente dito sofrido por esses grupos,

inclusive, pelos professores.

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Aspectos para a compreensão da pobreza que vão além da renda per capita ou familiar.

Ao analisarmos a pobreza em sua essência percebemos que esta vai além de uma situação

social e econômica que impede o consumo das necessidades básicas. Pela falta de proteção do

Estado o pobre fica a mercê das mazelas mais impiedosa da sociedade, faltando-lhes: dignidade,

oportunidade, trabalho com remuneração justa, educação formal, enfim, é um circulo vicioso que os

condiciona a naturalização ou completa perca de esperança de sair desse emaranhado de

dificuldades.

A pobreza no Brasil ainda conta com outros agravantes que é a questão das etnias, da cor

da pele, das mães solteiras ou viúvas, as crianças e os idosos, a composição e estrutura familiar, e a

falta de esperança .

Streeten (1995, p.50) elaborou uma lista de “benefícios não materiais ou não facilmente

mensuráveis”, que segundo ele, são “considerados pelos pobres mais valiosos do que qualquer

melhoria material e mensurável” vejamos:

[...] boas condições de trabalho; a liberdade de escolher seu trabalho e as maneiras de

sustentar-se; autodeterminação, segurança e respeito de si; não ser perseguido, não ser

humilhado, não ser oprimido; não ter medo da violência e não ser explorado; a afirmação

de valores religiosos e culturais tradicionais; empoderamento [empowerment],

reconhecimento; ter tempo adequado para o lazer e formas satisfatórias de utilizá-lo; um

sentimento de que sua vida e seu trabalho têm um sentido; a oportunidade de participar

ativamente em grupos voluntários e em atividades sociais em uma sociedade civil

pluralista. [...] Nenhum legislador pode garantir que todas estas aspirações (ou até uma

maioria delas) sejam satisfeitas, mas políticas públicas podem criar as oportunidades para

sua realização .

Diante do exposto fica evidente que o pobre não se contenta em apenas receber uma

renda minúscula do governo, ele quer dignidade e oportunidade para se sentir vivo e capaz de se

auto-sustentar e sustentar sua família.

Portanto, pensar que pobre não gosta de trabalhar ou que não trabalha é uma forma

preconceituosa e insensível de olhar essa classe que historicamente vem sendo abandonada. Pensar

que pobre não trabalha é não querer enxergar a realidade, pois trabalha e de maneira penosa e na

forma mais desumana eu se pode permitir.

Referências

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FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 15ª ed. São

Paulo: Paz e Terra, 2000a. 

_____. Pedagogia do oprimido. 12ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Caderno Brasil Sem Miséria.

Brasília: MDS, 2014c. Disponível em: . Acesso em: 27 out. 2015.

BOURDIEU, Pierre. A escola conservadora: as desigualdades frente à escola e à cultura. In:

NOGUEIRA, Maria Alice; CATANI. Afrânio. (Org.). Escritos de educação. Petrópolis (RJ): Vozes,

1998.

BOURDIEU, Pierre; PASSERON, Jean-Claude. A reprodução: elementos para uma teoria do

sistema de ensino. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1990.

ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do Contrato Social. In: Os Pensadores. Trad. Lourdes Santos

Machado. São Paulo: Abril Cultural, 1973.

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1 A leitura e efetiva compreensão das informações do Módulo 1 passa pela conceituação de alguns

termos. Ao realizar a leitura do módulo (não deixe de ler a parte sobre o “Saiba Mais”), procure

fazer um glossário, indicando o significado das palavras e expressões. Abaixo constam expressões

e palavras significativas para a compreensão do Módulo 1 e você poderá incluir outras que julgar

importantes. (Valor: 7,0 pontos).

Lembre-se de indicar a autoria das informações, pois a conceituação depende de uma

determinada visão de mundo, homem e sociedade, portanto, não é genérica ou atemporal.