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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E NATURAIS DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E ECOLOGIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM OCEANOGRAFIA DENY OLIVEIRA DE CARVALHO DETECÇÃO REMOTA DE MATERIAL PARTICULADO EM SUSPENSÃO NA REGIÃO DA BAÍA DO ESPÍRITO SANTO VITÓRIA 2013

DETECÇÃO REMOTA DE MATERIAL PARTICULADO EM … · transporte de nutrientes e poluentes. A complexidade do transporte e distribuição do MPS, dificultam o estudos através de cruzeiros

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E NATURAIS

DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E ECOLOGIA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM OCEANOGRAFIA

DENY OLIVEIRA DE CARVALHO

DETECÇÃO REMOTA DE MATERIAL PARTICULADO EM

SUSPENSÃO NA REGIÃO DA BAÍA DO ESPÍRITO SANTO

VITÓRIA 2013

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DENY OLIVEIRA DE CARVALHO

DETECÇÃO REMOTA DE MATERIAL PARTICULADO EM

SUSPENSÃO NA REGIÃO DA BAÍA DO ESPÍRITO SANTO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Oceanografia do Departamento de Oceanografia e Ecologia da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito final para obtenção do título de Bacharel em Oceanografia. Orientador: Prof. Dr. Julio Tomás Aquije Chacaltana Coorientador: MSc. Gregório Luiz Galvão Teixeira

VITÓRIA 2013

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RESUMO

Águas costeiras são caracterizadas por elevada turbidez, devido à presença de

partículas suspensas de origem mineral ou orgânica, denominadas Material

Particulado em Suspensão (MPS). Estas partículas, provenientes principalmente de

aporte fluvial e ressuspensão, têm relação direta com a ecologia dos ecossistemas,

já que afetam diretamente a produtividade primária, crescimento de recifes, e

transporte de nutrientes e poluentes. A complexidade do transporte e distribuição do

MPS, dificultam o estudos através de cruzeiros oceanográficos e modelagem

numérica. Diversos estudos tem mostrado a possbilidade de detectar o MPS através

do sensoriamento remoto, com a vantagem de se obter dados sinóticos a um baixo

custo operacional. O presente trabalho teve como objetivo a quantificação do MPS

na Baía do Espírito Santo (BES), através do sensoriamento remoto. Foi gerado um

algoritmo empírico através de regressão linear entre dados da banda 1 do sensor

MODIS, e dados in situ obtidos em campanhas de monitoramento ambiental. Foi

encontrado coeficiente de determinação r²=0,71 entre os dados, corroborando a

viabilidade do uso de dados MODIS no estudo do MPS. No entanto, foi evidenciada

a necessidade de um maior conjunto de dados representativos das variações

ambientais da BES. Os mapas de concentração de MPS permitiram identificar

padrões de distribuição em diferentes condições meteoceanográficas, confirmando

a aplicabilidade dos dados com resolução espacial de 250 m mesmo em áreas

pequenas como a BES.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Representação gráfica do ângulo sólido. ................................................. 10

Figura 2 – Representação gráfica da radiância. ....................................................... 11

Figura 3 - Contribuições do sinal detectado remotamente:a-luz espalhada pela

atmosfera;b-luz refletida especularmente pela superfície da água; c-luz emergente

da superfície da água. Fonte: IOCCG (2000). ........................................................... 13

Figura 4 - Baía do Espírito Santo e regiões adjacentes. Datum: WGS-84. .............. 20

Figura 5 – Mapa faciológico da região da Baía do Espírito Santo. Fonte: Albino et al.

(2001). ....................................................................................................................... 21

Figura 6 – Pluviosidade média mensal na região da Grande Vitória, entre os anos

de 1925 e 2000. Fonte: Albino et al. (2004). ............................................................. 22

Figura 7 – Localização dos pontos de coleta de água. Datum: WGS-84. ................ 25

Figura 8 – Fluxograma descrevendo o processamento dos dados de satélite. ........ 27

Figura 9 – Fluxograma descrevendo a geração dos mapas de concentração de

MPS. ......................................................................................................................... 29

Figura 10 – Sólidos suspensos totais (SST), como função da reflectância obtida por

sensoriamento remoto. .............................................................................................. 31

Figura 11 – Mapas de MPS (mg/L) gerados através de imagens MODIS. Mapa

superior: 02/02/2011, mapa inferior: 04/02/2011. ...................................................... 35

Figura 12 - Mapas de MPS (mg/L) gerados através de imagens MODIS. Mapa

superior: 24/08/2011, mapa inferior: 26/08/2011 ....................................................... 36

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 6

2 OBJETIVOS ......................................................................................................... 8

2.1 HIPÓTESE......................................... ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.

2.2 OBJETIVO GERAL ....................................................................................... 8

2.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................... 8

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................... 9

3.1 CONCEITOS FÍSICOS .................................................................................. 9

3.1.1 Radiação Eletromagnética ..................................................................... 9

3.1.2 Quantificação da Radiação .................................................................... 9

3.2 ABSORÇÃO E ESPALHAMENTO ............................................................. 11

3.3 SENSORIAMENTO REMOTO DA COR DO OCEANO .............................. 11

3.3.1 Propriedades Ópticas Inerentes e Aparentes ..................................... 14

3.4 CONSTITUINTES OPTICAMENTE SIGNIFICANTES DA ÁGUA DO MAR15

3.4.1 Material Particulado Em Suspensão .................................................... 16

3.5 SENSOR MODIS ......................................................................................... 17

3.5.1 Dados MODIS......................................................................................... 17

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 18

5 ÁREA DE ESTUDO ........................................................................................... 20

5.1 LOCALIZAÇÃO ........................................................................................... 20

5.2 GEOMORFOLOGIA .................................................................................... 21

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5.3 ASPECTOS METEOROLÓGICOS ............................................................. 22

5.4 CLIMA DE ONDAS ..................................................................................... 23

6 METODOLOGIA ................................................................................................ 24

6.1 DADOS IN SITU .......................................................................................... 24

6.2 DADOS DE SATÉLITE ............................................................................... 26

6.3 GERAÇÃO DO ALGORITMO ..................................................................... 27

6.4 QUANTIFICAÇÃO DO MPS........................................................................ 28

7 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 30

7.1 ALGORITMO ............................................................................................... 30

7.2 APLICAÇÃO DO ALGORITMO .................................................................. 33

8 CONCLUSÃO .................................................................................................... 37

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 38

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INTRODUÇÃO1

Águas costeiras geralmente são caracterizadas por elevada turbidez, principalmente

em mares rasos e desembocaduras de rios e estuários. A turbidez é causada por

uma variedade de partículas, de origem mineral ou orgânica. O conjunto dessas

partículas é chamado de Material Particulado em Suspensão (MPS), ou Sólidos

Suspensos Totais (SST) (IOCCG, 2008).

A parte mineral do MPS é proveniente principalmente de descargas fluviais e erosão

costeira, que fornecem quantidades consideráveis de sedimentos, que tendem a se

acumular na plataforma. A ação de ondas de vento e correntes de maré na

plataforma interna tende a ressuspender os sedimentos (SOULSBY, 1997),

elevando a carga de partículas em suspensão e levando a uma alta turbidez na

coluna d’água.

Altas concentrações de MPS geram consequencias ecológicas diretas. A turbidez

elevada impede a penetração de luz poucos metros abaixo, afetando a

produtividade primária (MAY et al., 2003), e o crescimento de corais (McLAUGHLIN

et al., 2003), tendo influencia direta na saúde dos ecossistemas. Outro fator

importante é sua relação com o transporte de poluentes adsorvidos às partículas

minerais, e a dinâmica de nutrientes (MAYER et al., 1998; STÅHLBERG et al.,

2006).

A complexidade do transporte e distribuição do MPS dificultam observações

representativas por cruzeiros e estudos por modelagem numérica. Somente

observações com levantamentos aéreos e dados de satélite permitem analisar seus

padrões de distribuição e variabilidade temporal. Se fazem necessárias então,

observações de alta resolução espacial e temporal para mapear a distribuição e

analisar os mecanismos de transporte do MPS (IOCCG, 2008).

Em águas costeiras e continentais o espalhamento da luz por materiais em

suspensão freqüentemente domina o espectro de reflectância em relação à água

pura e absorção dos pigmentos fotossintéticos. O efeito mais marcante do aumento

da concentração de sedimentos suspensos é o aumento da luz refletida em

comprimentos de onda superiores a 500 nm (MOBLEY, 1994; HAN, 1997). Essa

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característica permite detectar os sedimentos em suspensão através do

sensoriamento remoto orbital. A vantagem é a obtenção de informações sinóticas a

um baixo custo operacional.

Diversos autores têm quantificado o MPS através de relações empíricas entre a

reflectância de sensoriamento remoto e medições in situ da concentração de sólidos

suspensos (MILLER e McKEE, 2004; RODRIGUEZ e GILBES, 2009). Esta técnica

tem sido aplicada satisfatoriamente na delimitação e quantificação do MPS em

diversas regiões do mundo.

Apesar de inúmeros estudos demonstrando a possibilidade de se detectar

remotamente o MPS, alguns fatores podem limitar a aplicabilidade da técnica. As

limitações mais comuns são as resoluções espacial e temporal dos sensores

orbitais. Por exemplo, os sensores AVHRR e SeaWiFS apresentam resolução

espacial de 1 km, adequada para o estudo de fenômenos de mesoescala, mas

geralmente muito baixa para estudos em baías e estuários. Por outro lado, os

sensores da série TM e ETM+ que possuem resolução espacial de 30 m, estão à

bordo do satélite Landsat, com período de revisita de aproximadamente 16 dias,

insuficiente para capturar os processos costeiros de menor período.

O lançamento dos satélites Terra e Aqua, em 1999 e 2002 respectivamente,

carregando a bordo o sensor MODIS, trouxe a possibilidade de aliar uma razoável

resolução espacial (duas bandas com 250 m e cinco bandas com 500 m) a um

período de revisita diário.

A grande importância ambiental do MPS, aliada à escassez de dados in situ e

estudos para a região do Espírito Santo, corroboram a utilidade do sensoriamento

remoto como ferramenta para a caracterização dos padrões de distribuição do

mesmo. Além disso, as características do sensor MODIS, com bandas de média

resolução no espectro do vermelho e revisita diária, potencializam a possibilidade de

uso em estudos de MPS em baías e águas costeiras.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Quantificar o material particulado em suspensão (MPS) na Baía do Espírito Santo

através do sensoriamento remoto.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Gerar um algoritmo empírico de quantificação do MPS na Baía do ES;

Avaliar a eficácia do algoritmo quanto a quantificação e identificação dos

padrões de distribuição do MPS.

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3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 CONCEITOS FÍSICOS

Serão apresentados neste tópico alguns fundamentos físicos e matemáticos básicos

necessários à compreensão do sensoriamento relativo ao presente trabalho.

3.1.1 Radiação Eletromagnética

A radiação eletromagnética (REM) possui uma natureza dupla, se comportando

tanto como quanta discretos de radiação quanto como onda eletromagnética. Pela

descrição quântica a radiação se propaga como fótons, pacotes de energia sem

massa, liberados por mudanças atômicas ou moleculares de estado (MARTIN,

2004).

As ondas eletromagnéticas se propagam no vácuo com uma velocidade constante

c. Para caracterizar a REM se utiliza o comprimento de onda λ, que é a distância

entre duas cristas sucessivas da onda. A relação entre a velocidade e o

comprimento de onda se dá por

C=λν (Eq. 1)

onde ν é a frequência em hertz.

O conjunto contínuo de todos os tipos de REM ordenados segundo seu

comprimento de onda se chama espetro eletromagnético. Os comprimentos de onda

no espectro variam de comprimentos de onda menores que µm até

comprimentos de onda maiores que µm.

3.1.2 Quantificação da Radiação

Para entender o conceito de quantificação da radiação é necessário antes

compreender a definição de alguns conceitos físicos: ângulo sólido, irradiância,

intensidade radiante, radiância.

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O ângulo sólido é um ângulo cônico subentendido por uma área superficial A

ligada ao centro de uma esfera de raio r, e tem unidade de esferorradiano (sr).

= A/ (Eq. 2)

Figura 1 - Representação gráfica do ângulo sólido.

A energia radiante Q, é a energia transportada pela radiação eletromagnética,

sendo a medida da capacidade de realizar trabalho, aquecer um objeto ou causar

mudança de estado na matéria. Sua unidade é o Joule (j).

O fluxo radiante , é a taxa de variação da quantidade de energia radiante Q

trocada no tempo. Sua unidade é Joule por segundo, ou Watt (W).

(Eq. 3)

A irradiância E, é definida como a densidade de fluxo radiante incidente sobre uma

superfície, vindo de todas as direções. Logo, pode ser representada pela unidade

Watt/m².

E=

(Eq. 4)

A intensidade radiante I, é o fluxo radiante ao longo de um cone infinitesimal em

uma direção dada por seu ângulo sólido, cuja unidade é Watt/esferorradiano (W/sr).

I=

(Eq. 5)

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A radiância L, é a intensidade radiante que atravessa uma unidade de projeção da

área dA perpendicular à direção considerada, sendo quantificada em termos de

(W/sr)/ m². A Figura 2 ilustra o conceito de radiância.

L=

(Eq. 6)

Figura 2 – Representação gráfica da radiância.

3.2 ABSORÇÃO E ESPALHAMENTO

Outros conceitos importantes são o de absortância e espalhamento. A absortância

espectral é definida pela razão entre a quantidade de energia radiante absorvida

pelo objeto e o total de energia incidente para um dado comprimento de onda. O

espalhamento é a interação do fóton com algum componente do meio, de modo a

mudar sua direção.

Basicamente, há dois modelos matemáticos que descrevem o espalhamento:

quando as partículas são muito menores que o comprimento de onda da radiação

incidente, o espalhamento é denominado espalhamento Rayleigh, ou molecular;

para partículas com tamanho comparável, ou maior que o comprimento de onda da

radiação o espalhamento é denominado espalhamento Mie.

3.3 SENSORIAMENTO REMOTO DA COR DO OCEANO

A radiação visível é capaz de penetrar substancialmente na coluna d’água, atingindo

profundidades consideráveis em condições claras. Essa característica permite a

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obtenção das propriedades ópticas das camada superficial e subsuperficial do

oceano através do sensoriamento remoto (BROWN et al., 2005).

O sensoriamento da cor do oceano tem como objetivo a obtenção de informações

qualitativas e quantitativas dos compostos presentes nos corpos d’água, para isso

utiliza as faixas do visível e infravermelho próximo do espectro eletromagnético. A

REM proveniente do sol interage com os corpos d’água e retorna em direção à

atmosfera, sendo captada por sensores passivos(IOCCG, 2000).

O sinal detectado remotamente recebe contribuições: da luz espalhada pela

atmosfera; da luz refletida especularmente pela superfície do corpo d’água; e da luz

emergente da superfície da água após sofrer retroespalhamento no interior do corpo

d’água; estas contribuições estão ilustradas na Figura 3. Para o sensoriamento

remoto da cor do oceano somente a luz emergente da superfície da água é

importante, sendo as outras contribuições consideradas ruídos e demandando

correções (IOCCG, 2000). De acordo com Morel (1980), mais de 80% da luz que

chega ao sensor pode ter origem atmosférica.

Tanto a radiância emergente do corpo d’água quanto a proveniente da reflexão

especular na superfície são atenuadas pela atmosfera em direção ao satélite,

devido à transmitância difusa, causada pelo espalhamento Rayleigh (molecular) e

pelo espalhamento Mie (aerossóis). O espalhamento molecular apresenta maiores

contribuições nos menores comprimentos de onda, já o causado por aerossóis atua

em ondas mais longas, principalmente na faixa do vermelho de 0,63 a 0,69 µm

(GORDON et al. 1988).

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Figura 3 - Contribuições do sinal detectado remotamente:a-luz espalhada pela atmosfera;b-luz

refletida especularmente pela superfície da água; c-luz emergente da superfície da água. Fonte:

IOCCG (2000).

As técnicas de correção atmosférica geralmente se baseiam no fato de que a

radiância que deixa a água se aproxima de zero no infravermelho próximo. As

propriedades ópticas da atmosfera são inferidas a partir do sinal detectado pelo

sensor nesta faixa do espectro, e os resultados extrapolados para a região do visível

através de modelos de transferência radiativa (GORDON e WANG, 1994). Essa

estimativa permite calcular os ruídos atmosféricos do sinal, e posteriormente a

radiância na faixa do visível que deixa a água. Em águas turvas a suposição de que

a radiância no infravermelho próximo é zero pode não ser verdadeira, podendo

superestimar os ruídos.

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3.3.1 Propriedades Ópticas Inerentes e Aparentes

O desafio do sensoriamento remoto é relacionar o sinal remotamente detectado às

propriedades ópticas da água. As propriedades ópticas de larga escala da água são

divididas em dois grupos: inerentes e aparentes.

As propriedades ópticas inerentes da água dependem unicamente do meio, ou seja,

da natureza e quantidade de substâncias presentes no meio. Segundo Mobley

(1994) as propriedades inerentes mais importantes para óptica hidrológica são: o

coeficiente de absorção a, que é a absortância por unidade de distância no meio; e

o coeficiente de espalhamento b, que é o espalhamento por unidade de distância no

meio. Ambos com dimensões [ ].

As propriedades óticas aparentes dependem tando do meio (propriedades

inerentes) quanto da distribuição angular do campo de luz. As propriedades

aparentes mais importantes para o presente estudo são descritas a seguir como

definidas por Mobley (1994).

A cor intrínseca de um corpo d’água depende das variações espectrais de sua

reflectância (R), definida como a razão entre a irradiância ascendente ( ) e

descendente ( , para uma determinada profundidade (z) e comprimento de onda

(λ).

R(λ ,z)=

(Eq. 7)

No sensoriamento remoto é comum usar o parâmetro de reflectância de

sensoriamento remoto ( ) ao invés da reflectância (R). Os dois estão fortemente

relacionados, a diferença, no entanto, é o uso da radiância ascendente (L), ao invés

da irradiância ascendente.

( ; λ)=

(Eq. 8)

A reflectância de sensoriamento remoto é uma medida de quanto da luz

descendente incidente na superfície da água retorna à superfície na direção ( ),

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para ser detectada por um radiômetro na direção oposta, e tem unidade . A

profundidade z=a indica que é quantificada na camada de ar imediatamente

acima da superfície da água.

3.4 CONSTITUINTES OPTICAMENTE SIGNIFICANTES DA ÁGUA DO MAR

A água marinha pura possui baixa reflectância em todo o espectro visível e

infravermelho, isso se deve ao alto coeficiente de espalhamento entre 400 nm e

600 nm. O espalhamento da luz é maior na faixa do azul e decresce

exponencialmente em direção ao vermelho. O coeficiente de absorção é muito baixo

em todo o visível, mas apresenta um comportamento inverso ao do espalhamento,

sendo mínimo na região do azul e aumentando gradativamente na região do

vermelho e intensamente na região do infravermelho próximo (MOBLEY, 1994).

Além das propriedades da água pura, as propriedades ópticas dos corpos d’água

naturais são influenciadas pela carga de compostos dissolvidos e particulados. Os

componentes mais importantes podem ser divididos em três grupos (IOCCG, 2000):

Fitoplâncton: compreende o fitoplâncton e outros organismos microscópicos.

A denominação se deve à maior influência dos pigmentos fotossintéticos. O

fitoplâncton possui alto coeficiente de absorção nas faixas do azul e vermelho,

e baixo coeficiente de espalhamento em todo o espectro visível (MOBLEY et

al., 2004);

Material inorgânico em suspensão: Considera-se aqui somente o material de

natureza sedimentar, já que este domina o sinal retroespalhado pelo conjunto

de partículas em suspensão (MOBLEY, 1994); Segundo Han (1997), o

sedimento em suspensão possui alto coeficiente de absorção na faixa do azul,

que decresce para os maiores comprimentos de onda. E aumenta a

reflectância da água entre 500 e 900 nm, com este efeito mais pronunciado

entre 600 e 700 nm.

Substâncias orgânicas: são as substâncias orgânicas dissolvidas e o material

particulado orgânico, que apresentam propriedades ópticas similares. O

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material orgânico possui alto coeficiente de absorção na faixa do azul, que

decresce de forma exponencial para maiores comprimentos de onda, e baixo

coeficiente de espalhamento em todo o espectro visível.

Dada a diversidade desses materiais Morel e Prieur (1977) dividiram ás águas

marinhas em Caso 1 e Caso 2. Nas águas de Caso 1 o fitoplâncton domina as

propriedades ópticas da água e os outros constituintes covariam com ele. Já nas

águas do Caso 2 predominam o material inorgânico em suspensão ou as

substâncias orgânicas, independentemente do fitoplâncton. Apesar da sua menor

abrangência espacial, as águas do Caso 2 são importantes por ocorrer em regiões

costeiras, que recebem descargas fluviais, e suportam diversas atividades

humanas.

3.4.1 Material Particulado Em Suspensão

Todos os corpos d’água naturais contêm uma carga de materiais suspensos

composta de materiais orgânicos e inorgânicos. Esse material suspenso é diverso

tanto em origem quanto em composição e inclui partículas minerais de origem

terrígena, plâncton, detritos, cinza vulcânica, particulas autigênicas resultantes de

reações químicas e partículas de origem antropogênica (BUKATA et al., 1995).

Segundo Mobley (1994), material particulado é todo material retido por um filtro de

malha 0,4 µm na filtragem de uma amostra de água. Esse limite é determinado mais

pela capacidade de distiguir visualmente o material retido no filtro do que por

propriedades químicas. Isso se deve ao fato de que 0,4 µm ou 400 nm ser o menor

comprimento de onda visível, impedindo a microscopia óptica de distinguir partículas

menores.

A concentração de partículas inorgânicas em águas costeiras é geralmente maior do

que no oceano aberto, isso se deve principalmente ao aporte terrígeno e à

ressuspensão do leito marinho por ondas e correntes (PICKARD e EMERY, 1990).

Já a grande concentração de partículas orgânicas (plancton e detritos orgânicos) se

deve ao grande aporte de nutrientes em águas costeiras.

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3.5 SENSOR MODIS

O sensor MODIS (Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer), é um

espectroradiômetro à bordo dos satélites científicos da NASA (National Aeronautics

and Space Administration), Terra e Aqua. Ambos os satélites estão em uma órbita

heliossíncrona, circular, quase polar, a 705 km de altitude, com período de revisita

diária (MODIS WEB, 2013).

O sensor possui resolução radiométrica de 12 bits em 36 bandas espectrais, tais

bandas estão contidas no espectro eletromagnético entre os comprimentos de

ondas de 0,4 a 14,4 µm. O sensor possui duas bandas com resolução espacial de

250 m, cinco bandas com resolução de 500 e as demais 29 bandas com resolução

de 1km (MODIS WEB, 2013). A Tabela descreve as características das bandas 1 e

2 do sensor MODIS.

Tabela 1 – Especificações das bandas 1 e 2 do sensor MODIS.

Banda Resolução especial(m) Largura de banda (nm)

1 250 620 - 670

2 250 841 - 876

3.5.1 Dados MODIS

Diversos projetos disponibilizam gratuitamente produtos MODIS, entre eles: Level 1

and Atmosphere Archive and Distribution System (LAADS); Land Processes

Distributed Active Archive Center (LP DAAC); e Ocean Color Web. Estes dados

servem aos mais variados propósitos e podem ser encontrados em diferentes níveis

de processamento.

Os dados nível 0 (L0) são os dados brutos adquiridos pelo sensor. Os dados nível 1

(L1) são os dados brutos radiometricamente calibrados. Os dados nível 2 (L2) são

os dados L1 atmosfericamente corrigidos, gerando produtos de reflectância de

superfície. Dados nível 3 (L3) são dados L2 espacialmente reamostrados em uma

projeção, passando geralmente por reamostragem temporal (composição,

promediação) (VERMOTE et al., 2011).

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4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A principal abordagem utilizada na detecção do MPS através de sensoriamento

remoto são algoritmos empíricos, que se baseiam na relação entre a reflectância e a

concentração de sólidos suspensos.

Algumas vantagens dos algoritmos empíricos são sua simplicidade, possibilidade de

derivação mesmo com um número limitado de dados, e facilidade de implementação

e validação. Apesar da simplicidade matemática, estes algoritmos geram resultados

estáveis, considerando que os valores não extrapolem a equação. Estes algoritmos

no entanto, são limitados por sua aplicabilidade regional, sendo as relações

empíricas válidas apenas para dados com propriedades estatísticas idênticas aos

dados utilizados na determinação do algoritmo (IOCCG, 2008).

Miller e McKee (2004), avaliaram o uso de dados do sensor MODIS no estudo de

águas costeiras no Golfo do México. Usando a banda 1 (620-670 nm) do sensor

MODIS (resolução espacial de 250m) os autores encontraram boa correlação

(r²=0,89) entre a reflectância obtida remotamente e medidas in situ de MPS. Os

autores concluiram que as resoluções temporal e espacial do sensor são ideais para

estudos do transporte do MPS em águas costeiras, principalmente baías e

estuários.

Miller e colaboradores (2005) compararam dados modelados de potencial de

ressuspensão de fundo e imagens de reflectância obtidas por sensoriamento remoto

na baía de Pontchartrain em Nova Orleans, EUA. Usando dados da banda 1 do

sensor MODIS e um modelo de ressuspensão por vento, os autores encontraram

boa concordância entre as imagens de MPS e os padrões de potencial de

ressuspensão. Os padrões e orientação dos gradientes de MPS se mostraram

alinhados à direção do vento, e as concentrações de MPS relacionadas com a

velocidade dos ventos.

Spielgas e colaboradores (2006), utilizaram dados da banda 1 do sensor MODIS e

de modelo hidrodinâmico para monitorar o transporte de MPS durante uma

dragagem na Baía de Pakri, Golfo da Finlândia. Os autores encontraram razoavel

correlação linear entre os dados de MPS obtidos em campo e a reflectância obtida

remotamente (r²=0,58), e consideraram satisfatória a comparação entre os dados de

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modelo e de satélite, concluindo que o sensor MODIS pode ser aplicado no

monitoramento do MPS em áreas costeiras.

Kuster e colaboradores (2008), avaliaram o potencial de uso da banda 1 do sensor

MODIS para o monitoramento do MPS no Mar Báltico. Os autores encontraram forte

correlação linear entre a reflectância obtida remotamente e os dados de MPS

obtidos in situ (r²=0,86), e concluíram que os dados do sensor MODIS são uma

ferramenta efetiva para mapear plumas provenientes de atividades de dragagem

portuária, tanto espacial quanto temporalmente.

Rodríguez e Gilbes (2009), usando dados do sensor MODIS, medidas de campo

usando espectroradiômetro e medidas de concentração in situ, estimaram

concentrações de MPS para a Baía de Mayagüez em Porto Rico. Foi encontrada

uma boa correlação entre a reflectância medida em campo em 645 nm e medidas

de concentração do MPS in situ (r²=0,73), e também entre a reflectância medida em

campo e a reflectância obtida usando a banda 1 do sensor MODIS (r²=0,88). Os

autores consideraram os resultados satisfatórios, porém ressaltaram a necessidade

de mais coletas in situ para validação dos dados, além da avaliação de possível

contaminação por efeitos atmosféricos não corrigidos.

Doxaran e colaboradores (2009) usaram uma razão das bandas 1 e 2 dos sensores

MODIS Aqua e Terra para estudar a dinâmica sedimentar do estuário Gironde na

França. Os autores encontraram forte correlação linear entre a reflectância obtida

por sensoriamento remoto e dados in situ, com r²=0,76 para o MODIS Terra e

r²=0,82 para o MODIS Aqua, e concluíram que os dados obtidos remotamente

podem ser usados na quantificação do MPS.

No Brasil, Ferreira e colaboradores (2009) desenvolveram algoritmos empíricos para

a estimativa da concentração de MPS na Bacia Potiguar, litoral do RN. Usando a

radiância normalizada no comprimento de onda de 551 nm obtida pela banda 12 do

sensor MODIS, e dados de MPS coletados in situ, foi encontrada boa correlação

linear (r²=0,72) e polinomial de quarto grau (r²=0,77). Os autores testaram ainda um

algoritmo semi-analítico, e concluíram que algoritmos empíricos representam melhor

os valores encontrados in situ.

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5 ÁREA DE ESTUDO

5.1 LOCALIZAÇÃO

A área de estudo abrange a região da Baía do Espírito Santo e adjacências, entre

as latitudes aproximadas de 20°12’S e 20°24’S, e longitudes 40°20’S e 40°08’S

conforme mostra a Figura 4.

Figura 4 - Baía do Espírito Santo e regiões adjacentes. Datum: WGS-84.

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5.2 GEOMORFOLOGIA

Geomorfologicamente, pode-se dividir a região litorânea de Vitória em duas baías,

sendo elas: a Baía de Vitória, composta por uma porção insular granítica circundada

pelo estuário da Baía de Vitória e Canal da Passagem; e a Baía do Espírito Santo,

correspondendo à enseada e à zona submersa adjacente à Praia de Camburi,

localizada na porção continental de planície marinha/fluvial quaternária (ALBINO et

al., 2001).

A Figura 5 mostra a distribuição faciológica da plataforma continental interna e da

Baía do Espírito Santo, determinada a partir de dados de composição textural.

Segundo Albino et al. (2001) são encontrados três grupos de diferente composição:

mais próximo ao continente predomina o material litoclástico; mais externamente

encontra-se material litobio/biolitoclástico; e na região marinha são encontradas

areias bioclásticas, observando-se afinamento do diâmetro rumo à costa.

Figura 5 – Mapa faciológico da região da Baía do Espírito Santo. Fonte: Albino et al. (2001).

O sedimento de natureza litoclástica é proveniente das cargas fluviais do Canal da

Passagem e Baía de Vitória, o primeiro recebe contribuição do rio Santa Maria, já o

segundo além do Santa Maria, recebe contribuição dos rios Bubu, Itanguá, Marinho

e Aribiri.

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5.3 ASPECTOS METEOROLÓGICOS

O clima da área de estudo é classificado como pseudo-equatorial, a partir da

classificação de Koppen (1948) isto é, clima quente e úmido com maior

percentagem de chuvas no período de primavera e verão, com estações mais secas

no período de outono e inverno, entretanto podendo haver precipitações geradas

por frentes polares.

Em Vitória as médias anuais de precipitação estão entre 1300 e 1400 mm, com 80%

de umidade média relativa, sendo verificados nos meses de verão com chuvas

intensas e prolongadas em decorrência da atuação do Sistema Tropical Atlântico

que atua ao longo de todo ano inteiro e tende à instabilidade no verão (ALBINO et

al. 2004). A Figura 6 apresenta a pluviosidade média mensal entre 1925 e 2000.

Figura 6 – Pluviosidade média mensal na região da Grande Vitória, entre os anos de 1925 e 2000.

Fonte: Albino et al. (2004).

Em relação ao regime de ventos, predominam os ventos dos quadrantes NE-E e

SW-SE, o primeiro de maior frequência associado aos ventos alísios, enquando o

segundo de maior intensidade associado à entrada de frentes frias (ALBINO et al.,

2004).

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5.4 CLIMA DE ONDAS

Piumbini (2009), avaliou o clima de ondas superficiais de gravidade na região do

Oceano Atlântico adjacente ao estado do Espírito Santo, Brasil, usando dados de

re-análise de onda de 45 anos do European Center for Medium-range Weather

Forecast – ECMWF. Os resultados para o clima de ondas de 45 anos, chamado de

clima geral, mostram que há uma predominância de ondas provenientes do

quadrante SE (90° a 180°). Este mesmo comportamento direcional das ondas é

encontrado no clima sazonal, a exceção ocorre no clima do verão onde a

predominância das ondas é do quadrante NE (0° a 90°). As alturas significativas

(Hs) mais frequentes do clima geral está na faixa de 1m a 2m e os períodos médios

(Tm) na faixa de 7s a 8s. As climatologias de verão e outono apresentam Hs típicas

na faixa de 1,0m a 1,5m, já as de inverno e primavera apresentam Hs típicas na

faixa de 1,5m a 2,0m. Os Tm típicos da climatologia de verão e primavera

encontram-se na faixa de 7s a 8s, e os de outono e inverno entre 8s a 9s.

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6 METODOLOGIA

O presente trabalho se baseia no estabelecimento de uma relação linear entre

medidas in situ da concentração de material particulado em suspensão (MPS), e

dados de reflectância ( ) da banda 1 do sensor MODIS.

6.1 DADOS IN SITU

Os dados de campo foram obtidos junto ao Instituto Estadual do Meio Ambiente

(Iema), e foram coletados durante a execução dos programas de Monitoramento

diário da concentração de sólidos suspensos na Baía do Espírito Santo

(CEPEMAR/VALE, 2011b; CEPEMAR/VALE, 2011c; CEPEMAR/VALE, 2011d) e

Monitoramento da qualidade da água na Baía do Espírito Santo (CEPEMAR/VALE,

2011a; CEPEMAR/VALE, 2012).

As amostragens de água foram realizadas em superfície, através de coletas

pontuais, e a determinação dos sólidos suspensos totais (SST) foi realizada por

método de filtragem seguindo procedimento descrito em Standard Methods for the

Examination of Water and Wastewater-2540 D (APHA, 2005). A Tabela 2 apresenta

as coordenadas e datas das estações de coleta, e a Figura 7 apresenta um mapa

com a localização dos pontos utilizados no trabalho, estando os pontos utilizados na

geração do algoritmo enumerados de 1 a 15 e os utilizados para validação

nomeados de V1 a V4.

Tabela 2 – Coordenadas e datas dos dados de campo utilizados. Datum: WGS-84.

Ponto Sólidos Suspensos Totais (mg/L) Data Latitude Longitude

1 13 26/01/2011 -20º16’48,2401” -40º15'38,2741"

2 11 26/01/2011 -20º17'32,2724" -40º16'06,2084"

3 11 26/01/2011 -20º19'27,1271" -40º15'06,2181"

4 27 21/09/2011 -20º18'37,2071" -40º15'09,9539"

5 46 21/09/2011 -20º18'37,3794" -40º14'45,8214"

6 12 14/07/2011 -20º17'13,7498" -40º15'50,4076"

7 16 14/07/2011 -20º18'04,7453" -40º15'05,6592"

8 16 14/07/2011 -20º20'12,9619" -40º15'50,4146"

9 26 14/07/2011 -20º17'21,7938" -40º15'08,2444"

10 36,5 28/03/2012 -20º21'59,7859" -40º17'08,8155"

11 11 12/07/2011 -20º21'59,7859" -40º17'08,8155"

12 17 12/07/2011 -20º14'12,9833" -40º12'21,3520"

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13 14 24/06/2011 -20º17'43,4309" -40º15'16,2093"

14 12 24/06/2011 -20º17'20,9457" -40º15'04,0319"

15 10 24/06/2011 -20º18'42,9517" -40º14'26,0416"

V1 20 02/02/2011 -20º16'55,1039" -40º15'29,0915"

V2 20 02/02/2011 -20º17'28,1530" -40º16'22,5838"

V3 18 02/02/2011 -20º18'13,5077" -40º16'02,5795"

V4 18 02/02/2011 -20º18'05,4293" -40º14'56,4254"

Figura 7 – Localização dos pontos de coleta de água. Datum: WGS-84.

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6.2 DADOS DE SATÉLITE

Dois produtos gerados a partir de dados do sensor MODIS Aqua foram utilizados no

presente trabalho. O produto MYD02QKM é disponibilizado gratuitamente na

plataforma LAADS Web (http://ladsweb.nascom.nasa.gov/), e contém dados

calibrados de radiância e reflectância das bandas 1 e 2 do sensor MODIS, com

resolução espacial de 250m e nível de processamento L1B. O produto MYD09GA é

disponibilizado gratuitamente na plataforma Reverb| ECHO

(http://reverb.echo.nasa.gov/), e contém dados de reflectância atmosfericamente

corrigida das bandas 1 a 7 do sensor MODIS com resolução espacial de 500m no

nível de processamento L2G, e indicadores de qualidade na resolução de 1km,

incluindo flags de nuvens. As imagens foram adquiridas para dias correspondentes

às coletas de campo, sendo que os dois produtos passaram por processamentos

distintos, descritos abaixo e ilustrados na Figura 8.

Os indicadores de qualidade do produto MYD09GA foram reprojetados na projeção

WGS-84 e recortados para a área de interesse utilizando o software MODIS

Reprojection Tool v.4.1, gerando mapas indicadores de qualidade, com os flags

representados na forma de bits.

As imagens de reflectância das bandas 1 e 2 do produto MYD02QKM foram

georreferenciadas no software ENVI 4.8, utilizando a rotina MODIS Georeference e

reprojetadas na projeção WGS-84. A correção atmosférica foi realizada utilizando a

rotina Dark Subtract, segundo metodologia proposta por Rodriguez e Gilbes (2009)

modificada do método Dark Object Subtract (CRANE, 1971; CHAVEZ,1988), que

consiste em identificar o menor valor de reflectância da banda 2 e subtrair de toda a

banda 1. Após o processamento são obtidas imagens de reflectância de superfície.

Os mapas contendo indicadores de qualidade foram visualizadas no software ENVI

4.8. A partir das coordenadas dos pontos de coleta, foi feita a navegação manual, e

através dos flags, os pixels de interesse foram avaliados quanto a presença de

nuvem, sombra, e contaminação continental, sendo descartados os pontos que

apresentaram qualquer contaminação.

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As imagens de reflectância de superfície foram visualizadas no software ENVI 4.8. A

partir das coordenadas dos pontos selecionados no passo anterior foi feita a

navegação manual e retirados os valores de reflectância.

Figura 8 – Fluxograma descrevendo o processamento dos dados de satélite.

6.3 GERAÇÃO DO ALGORITMO

Para a geração do algoritmo foi realizada uma regressão linear entre os valores de

sólidos suspensos totais (SST) e de reflectância ( ). Para avaliar a eficácia do

modelo foi calculado o coeficicente de determinação (r2).

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Para a validação foram utilizados dados in situ não incorporados na geração do

algoritmo, sendo calculados o coeficiente de determinação (r2), e o erro médio

quadrático (RMSE) entre os valores modelados e medidos.

6.4 QUANTIFICAÇÃO DO MPS

A geração dos mapas de concentração de MPS foi realizada no software ENVI 4.8

utilizando as imagens MYD02QKM. Após processamento de acordo com o descrito

no item 6.2, nuvens e continente foram mascarados usando um valor empírico de

threshold da banda 2. O algoritmo foi aplicado utilizando a função Band Math,

gerando mapas de concentração de MPS em mg/L. A Figura 9 ilustra o

procedimento usado na geração dos mapas.

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Figura 9 – Fluxograma descrevendo a geração dos mapas de concentração de MPS.

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7 RESULTADOS E DISCUSSÃO

7.1 ALGORITMO

Após o processamento das imagens, foram obtidos os valores de reflectância

correspondentes aos pontos amostrados em campo. A Tabela 3 apresenta os

valores obtidos e o comparativo com os dados in situ.

Tabela 3 – Valores de reflectância obtidos a partir de sensoriamento remoto, e valores de SST

correspondentes.

Ponto (645 nm) SST in situ (mg/L)

1 0.034638 13

2 0.036427 11

3 0.03467 11

4 0.051212 27

5 0.065888 46

6 0.027819 12

7 0.045086 16

8 0.033424 16

9 0.031283 26

10 0.050691 36,5

11 0.022975 11

12 0.037253 17

13 0.032158 14

14 0.032681 12

15 0.034278 10

A partir de regressão linear entre a concentração de sólidos suspensos totais (SST)

e a reflectância obtida por sensoriamento remoto (Figura 10), obteve-se a seguinte

equação:

SST=830,2* -13,008 (Eq. 9)

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Figura 10 – Sólidos suspensos totais (SST), como função da reflectância obtida por sensoriamento

remoto.

A correlação entre os dados apresentou coeficiente de determinação r2=0,71. A

validação, apresentada na Tabela 4, foi realizada comparando o SST estimado pela

equação com o SST in situ, e mostrou r2=0,84, e a raiz do erro médio quadrático

RMSE=4,71 mg/L.

Tabela 4 – Dados utilizados na validação do algoritmo, e parâmetros estatísticos calculados.

SST in situ (mg/L) SST estimado (mg/L) r2 RMSE (mg/L)

20 15.98 0,84 4,71

20 15.72

18 14.98

18 14.28

Observando a Figura 10, nota-se que conforme o esperado a apresentou

tendência de aumento proporcional à concentração de SST, com boa correlação

(r2=0,71). No entanto, poucos pares de dados representativos de reflectâncias acima

de 0,04 e abaixo de 0,03 foram encontrados, o que pode reduzir a

representatividade do algoritmo nesses casos.

A validação, mostra boa correlação entre as variáveis simuladas e amostradas em

campo (r2=0,84). No entanto observa-se que o algoritmo tendeu a subestimar os

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valores de SST, gerando um RMSE de 4,71 mg/L, erro próximo ao encontrado por

Rodriguez e Gilbes (2009).

Rodriguez e Gilbes (2009), apontam limitações encontradas na validação de seus

algoritmos, que resultaram em subestimação das concentrações mais altas.

Segundo os autores alguns fatores podem explicar esse fato, entre eles: pequeno

número de dados representativos de altas concentrações de MPS; possibilidade de

o sensor remoto não detectar o MPS em concentrações muito baixas; presença de

sinal do fundo; e a ocorrência de contaminação pelo pixel adjacente, quando

continente ou nuvens são computados na área do pixel.

Por se tratar de um algoritmo empírico, é difícil analisar a fonte e estimar a

contribuição dos diferentes tipos de erro. No entanto, verificam-se algumas fontes

de erro que podem afetar a correlação dos dados: possíveis erros no

georreferenciamento; diferença entre a concentração de SST no ponto de coleta e

na área do pixel (62500 m2); diferença de tempo entre a coleta de campo e a

passagem do satélite. Spielgas et al. (2006), apontaram essas fontes de erro como

possíveis causas de um menor coeficiente de determinação em seu algoritmo.

Erro aleatórios podem ser minimizadas através de um maior conjunto de dados,

com maior resolução espacial e amplitude de valores, gerando um algoritmo mais

robusto, que poderia ser aplicado com maior confiabilidade tanto em águas claras

quanto altamente turvas.

O algoritmo de quantificação de MPS desenvolvido por Miller e McKee (2004),

apresentou correlação mais significativa (r2=0,89), ao longo de uma grande gama de

valores de SST (tanto águas claras como altamente turvas). A robustez do algoritmo

se deve ao grande número de dados e à variabilidade dos ambientes amostrados,

reiterando a necessidade de um grande conjunto de dados representativos das

diversas condições ambientais da área de estudo, fator limitante devido à escassez

de dados in situ. Também deve-se considerar o rigor metodológico dos autores, que

utilizaram somente dados coletados em um intervalo de 30 minutos da passagem do

satélite, e avaliaram a acurácia do geoposicionamento das imagens através de

vetores de alta resolução, corrigindo possíveis erros no georreferenciamento.

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A boa correlação entre os dados orbitais e in situ indica que o método de correção

atmosférica foi eficaz, tendo em vista a grande variabilidade de condições

atmosféricas ao longo do período de amostragem. Miller e McKee (2004), também

consideraram o método efetivo, principalmente considerando a simplicidade da

aplicação.

Apesar do pequeno número de pares de dados, limitado pela baixa disponibilidade

de dados in situ e pela contaminação das imagens por nuvens, a correlação entre

os valores de SST e foi considerada significativa tendo em vista os trabalhos

supracitados. Mesmo contando com apenas quatro pares de dados, a validação

permitiu avaliar a correlação entre os dados estimados e medidos, e corroborou a

eficácia do algoritmo. No entanto, é clara a necessidade de um maior conjunto de

dados, e de uma melhor distribuição espacial da malha amostral para obter um

algoritmo mais robusto, capaz de gerar melhores estimativas.

7.2 APLICAÇÃO DO ALGORITMO

A partir da aplicação do algoritmo em quatro imagens obtidas no ano de 2011, foram

gerados mapas de distribuição do MPS. A Figura 11 apresenta mapas de MPS

gerados para dois dias do mês de fevereiro (02/02/2011 e 04/02/2011), e a Figura

12 apresenta mapas de MPS gerados para dois dias do mês de setembro

(24/08/2011 e 26/08/2011).

As imagens de fevereiro foram obtidas durante atividades de dragagem no Porto de

Tubarão. No entanto, não é possível distinguir uma pluma sedimentar característica.

A concentração de MPS é homogênea em toda a BES, tendo valores variando entre

15 a 18 mg/L no dia 02/02 e 20 a 30 mg/L no dia 04/02, aproximadamente.

Externamente à baía observa-se uma maior concentração de MPS em relação às

regiões adjacentes, causada provavelmente pelo aporte sedimentar da Baía de

Vitória e Canal da Passagem. A maior concentração de MPS e maior alcance do

mesmo na imagem do dia 04, sugerem uma maior agitação marinha.

Entre os dias 24 e 26 de agosto de 2011 foi documentada forte ressaca no litoral

brasileiro, com ondas de S-SE atingindo cerca de 2,5 m (CPTEC, 2013). A forte

agitação marinha e consequente ressuspensão de sedimentos fica clara nos mapas

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de MPS, que apresentaram valores variando entre 25 e 50 mg/L, aproximadamente,

no interior da BES. Os valores mais elevados são encontrados próximo à costa, e

também no centro da BES, indicando possivelmente uma pluma causada pela

atividade de dragagem na região do Porto de Tubarão.

A direção de entrada de ondas de S-SE atinge toda a região da praia de Camburi,

criando uma situação heterogênea de distribuição do MPS, com concentrações

diminuindo em direção ao oceano, diferentemente do encontrado nas imagens de

fevereiro. Nota-se também uma maior concentração de MPS na região oeste da

BES, provavelmente associada à maior concentração de sedimentos finos

provenientes do Canal da Passagem.

Ressalta-se nestas imagens a estimativa de valores negativos de MPS. Isso se

deve a uma possível subestimação dos valores devido à falta de dados

representativos de baixos valores de reflectância, já comentada anteriormente.

A imagem do dia 02/02/2011 mostra uma possível sobrestimação de valores nos

pixels adjacentes à praia de Camburi. Isso pode ser causado por dois fatores:

contaminação por pixels adjacentes, ou sinal de reflectância do fundo marinho,

devido à baixa profundidade. A influência do sinal de fundo na estimativa do MPS,

pode ser facilmente evitada excluindo regiões de águas rasas. Segundo Moreno-

Madrinan et al.(2010) a utilização de dados de regiões com mais de 2,4m de

profundidade geram resultados satisfatórios. Observa-se que quase a totalidade da

BES possui batimetria superior a 3 m, sendo que somente os pixels muito próximos

à costa podem causar este efeito, devendo ser ignorados.

A contaminação por pixels adjacentes, também foi encontrada no entorno de

nuvens, e nas proximidades de embarcações de grande porte que não foram

detectadas pelo threshold utilizado para mascarar nuvens e continente. Como não

foi aplicado nenhum tipo de correção para este erro, deve-se analisar com

parcimônia as áreas sucetíveis a contaminação.

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Figura 11 – Mapas de MPS (mg/L) gerados através de imagens MODIS. Mapa superior: 02/02/2011,

mapa inferior: 04/02/2011.

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Figura 12 - Mapas de MPS (mg/L) gerados através de imagens MODIS. Mapa superior: 24/08/2011,

mapa inferior: 26/08/2011

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8 CONCLUSÃO

O algoritmo gerado foi considerado satisfatório, sendo encontrada uma boa

correlação entre os dados de SST in situ e a reflectância obtida remotamente, o que

corrobora a viabilidade do uso de dados MODIS para estudos de MPS. Apesar

disso, fica evidente a necessidade de um maior número de dados representativos

das variações ambientais da BES e de uma melhor validação, de modo a tornar o

algoritmo mais robusto.

Os mapas de concentração permitiram identificar padrões de distribuição do MPS

em diferentes condições meteoceanográficas, confirmando a aplicabilidade de

imagens com resolução espacial de 250 m mesmo em uma áreas relativamente

pequenas como a BES. Evidencia-se que durante a entrada de sistemas frontais, as

concentrações naturais de MPS podem chegar a valores muito superiores aos

encontrados durante atividades de dragagem.

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9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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sedimentação marinha e praial do litoral de Vitória, ES. Relatório final da

pesquisa Fundo de amparo à ciência e a tecnologia (FACITEC) – Prefeitura de

Vitória,198.2506/2000. 2001.

ALBINO, J.; VALE, C. C.; GOMES, R. C. Modelagem, monitoramento, erosão e

ocupação costeira – MMOC/ES, INSTITUTO DO MILÊNIO – RECOS. Relatório

Final. UFES. 2004.

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Washington: American Public Health Association, 2005.

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