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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO VEGETAL HERBERT TORRES DETERMINAÇÃO DA ÁGUA FACILMENTE DISPONÍVEL PARA MUDAS DE EUCALIPTO EM CONDIÇÕES DE VIVEIRO ALEGRE, ES 2012

Determinação da água facilmente disponível para mudas de eucalipto em condições de viveiro

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Page 1: Determinação da água facilmente disponível para mudas de eucalipto em condições de viveiro

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO VEGETAL

HERBERT TORRES

DETERMINAÇÃO DA ÁGUA FACILMENTE DISPONÍVEL

PARA MUDAS DE EUCALIPTO EM CONDIÇÕES DE

VIVEIRO

ALEGRE, ES

2012

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HERBERT TORRES

DETERMINAÇÃO DA ÁGUA FACILMENTE DISPONÍVEL

PARA MUDAS DE EUCALIPTO EM CONDIÇÕES DE

VIVEIRO

ALEGRE, ES

2012

Dissertação apresentada ao programa de Pós-

graduação em Produção Vegetal do Centro de

Ciências Agrárias da Universidade Federal do

Espírito Santo, como requisito parcial para a

obtenção do título de Mestre em Produção

Vegetal.

Orientador: Prof. Dr. José Eduardo Macedo

Pezzopane

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HERBERT TORRES

DETERMINAÇÃO DA ÁGUA FACILMENTE DISPONÍVEL

PARA MUDAS DE EUCALIPTO EM CONDIÇÕES DE VIVEIRO

Dissertação apresentada à Universidade Federal do Espírito Santo, como parte das exigências do Programa de Pós-graduação em Produção Vegetal, para obtenção do título de Mestre em Produção Vegetal.

Aprovada em 24 de janeiro de 2012. COMISSÃO EXAMINADORA ______________________________________ Prof. Dr. José Eduardo Macedo Pezzopane Centro de Ciências Agrárias – UFES

(Orientador) ______________________________________

Prof. Dr. Roberto Avelino Cecílio Centro de Ciências Agrárias – UFES

(Membro interno) ______________________________________

Prof. Dr. Sidney Sára Zanetti Centro de Ciências Agrárias – UFES

(Membro externo)

Page 4: Determinação da água facilmente disponível para mudas de eucalipto em condições de viveiro

DEDICATÓRIA

Dedico esta dissertação a Deus e a todos os que colaboraram com meus

aprendizados e que incentivaram minha formação acadêmica; seja reconhecendo

meu esforço e dedicação, seja criticando ou orientando, permitindo que eu chegasse

onde estou e acreditando que ainda posso ir além.

Em especial:

aos meus amados pais, Eliana e Rogério, que sempre incentivaram meus estudos e

me apoiaram incondicionalmente;

à minha amada irmã, Danniele, pelo carinho e apoio;

à minha tia Natalícia, pela constante motivação para continuidade dos meus

estudos;

à minha amada namorada, Marcela, pela compreensão e apoio nos momentos

difíceis;

aos meus amigos de infância Hudson e Rafael, pela amizade e conselhos nos

momentos que mais precisei.

Page 5: Determinação da água facilmente disponível para mudas de eucalipto em condições de viveiro

“As grandes ideias surgem da observação de pequenos detalhes”

Augusto Curry

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar a Deus, pelo dom da vida e pela constante presença na minha

vida, sempre auxiliando minhas escolhas e iluminando meu caminho e por ter me

permitido alcançar mais uma vitória na minha vida acadêmica.

Aos meus amados pais, exemplos de vida, pelo amor incondicional, educação

exemplar concedida, e por sempre acreditarem nos meus sonhos.

À minha amada irmã, Danniele, fonte de amor e felicidade constante na minha vida.

À minha amada namorada, pelo companheirismo, amor, paciência e apoio nos

momentos dedicados à elaboração desta dissertação.

Ao meu orientador Professor Dr. José Eduardo Macedo Pezzopane, pelos

importantes ensinamentos científicos, pelo apoio, paciência e compreensão, além da

amizade construída durante todo esse período.

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Espírito Santo (FAPES), pela

concessão da bolsa de estudos.

Ao viveiro Du Campo, pela doação das mudas de eucalipto.

Ao Professor Dr. Sidney Sára Zanetti, pelos ensinamentos de grande valia que

colaboraram de forma significativa para execução deste estudo, pela sua paciência e

disponibilidade.

Ao programa de Pós-graduação em Produção Vegetal, do Centro de Ciências

Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo (CCA-UFES), pela oportunidade

concedida.

A todos os professores do Programa de Pós-graduação em Produção Vegetal que

contribuíram para meu crescimento profissional.

Ao amigo João Vitor Toledo pela constante ajuda e conselhos prestados durante

todos os momentos deste estudo.

À doutoranda Talita Miranda Teixeira Xavier, pelos conselhos e ajuda durante o

mestrado.

Aos bolsistas de iniciação cientifica Vanêssa e Yan, pela ajuda nos dias de

avaliações e momentos que precisei me ausentar.

E aos demais colegas de Pós-graduação, que de alguma forma contribuíram significativamente para elaboração deste estudo.

Muito obrigado!

Page 7: Determinação da água facilmente disponível para mudas de eucalipto em condições de viveiro

LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Vista externa da casa de vegetação localizada no distrito de Rive, município de Alegre – ES...........................................................................................26

Figura 2 - Vista geral do experimento e o sistema de irrigação utilizado no período de aclimatação das mudas..............................................................................................27

Figura 3 - Caracterização da temperatura do ar (T), da umidade relativa do ar (UR) e do déficit de pressão de vapor (DPV) no interior da casa de vegetação em Alegre-ES, no período de 11 de junho a 11 de agosto de 2011............................................34

Figura 4 - Caracterização da radiação fotossinteticamente ativa (RFA), da radiação global (Rg) e da evapotranspiração de referência (ET0) no interior da casa de vegetação em Alegre-ES, no período de 11 de junho a 10 de agosto de 2011.........35

Figura 5 - Influência da umidade do substrato na matéria seca total (MST), da parte aérea (MSPA), da folha (MSF) e da raiz (MSR) em clone de Eucalyptus urophylla x Eucalyptus grandis conduzido em tubete aos 102 dias de idade, em Alegre ES......37

Figura 6 - Acúmulo quinzenal da matéria seca total (MST), da parte aérea (MSPA), da folha (MSF) e da raiz (MSR) em um clone de Eucalyptus urophylla x Eucalyptus grandis conduzido em tubete, em Alegre-ES no período de 11/06 a 10/09/2011......40

Figura 7 - Influência da umidade do substrato na área foliar (AF), diâmetro (D) e altura (H) de clones de Eucalyptus urophylla x Eucalyptus grandis conduzido em tubete aos 102 dias de idade, em Alegre - ES...........................................................41

Figura 8 - Influência da umidade do substrato na lâmina total consumida (LTC) em um clone de Eucalyptus urophylla x Eucalyptus grandis conduzido em tubete aos 102 dias de idade, em Alegre ES...............................................................................43

Figura 9 - Caracterização da radiação fotossinteticamente ativa (RFA), temperatura do ar (T), déficit de pressão de vapor (DPV) e frequência de irrigação de um clone do híbrido de Eucalyptus urophylla x Eucalyptus grandis conduzido em tubete, (A) dia de céu claro, 01/08/2011, e (B) um dia nublado 05/08/2011................................44

Figura 10 - Evapotranspiração da cultura (ETc) da cultura do eucalipto na fase de produção de mudas de um clone de Eucalyptus urophylla x Eucalyptus grandis conduzido em tubete dentro de casa de vegetação, em Alegre ES..........................45

Page 8: Determinação da água facilmente disponível para mudas de eucalipto em condições de viveiro

LISTA DE SIGLAS

ABRAF - Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas

AFD - Água Facilmente Disponível (%)

AF - Área Foliar (cm2)

ATM - Atmosfera

CC - Capacidade de Campo (%)

CO2 - Dióxido de Carbono

D – Diâmetro (mm)

DPV - Déficit de Pressão de Vapor (kPa)

ea - Pressão Parcial de Vapor (kPa)

es - Pressão de Saturação de Vapor (kPa)

ET0 - Evapotranspiração de Referência (mm d-1)

ETc - Evapotranspiração da Cultura (mm d-1)

FAO - Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação

H – Altura (cm)

ha - Hectare

HGEX - Radiação global do exterior da casa de vegetação (MJ m-2 d-1)

HGIN - Radiação global do interior da casa de vegetação (MJ m-2 d-1)

Kc - Coeficiente de Cultura

MCRA - Máxima Capacidade de Retenção de Água (%)

MSF - Matéria Seca da folha (g)

MSPA - Matéria Seca da Parte Aérea (g)

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MSR - Matéria Seca da Raiz (g)

MST - Matéria Seca Total (g)

O2 - Oxigênio

PMP - Ponto de Murcha Permanente (%)

Rn - Saldo de Radiação (KJ m-2 s-1)

Rs - Radiação global (MJ m-2 d-1)

T – Temperatura (°C)

UR - Umidade Relativa do ar (%)

Page 10: Determinação da água facilmente disponível para mudas de eucalipto em condições de viveiro

RESUMO

A escassez de informações referentes ao consumo hídrico de mudas de espécies

florestais dificulta o planejamento e o manejo da irrigação em viveiros comerciais

que, na maioria das vezes, leva a adoção de critérios subjetivos, acarretando

estresse hídrico, principalmente pelo excesso de água, que além de provocar o

desperdício de água, causa perdas de mudas por doenças, em virtude do excesso

de umidade do ambiente. O presente trabalho teve como objetivo estudar a

influência da umidade do substrato na produtividade de mudas de um clone do

híbrido Eucalyptus urophylla x Eucalyptus grandis sob condições de viveiro e

determinar o Kc durante a etapa de produção de mudas, bem como estabelecer

critérios de fácil aplicação para o manejo de irrigação em viveiros destinados a

produção de mudas de eucalipto. O estudo foi realizado em casa de vegetação

instalada na área experimental do Centro de Ciências Agrárias da Universidade

Federal do Espírito Santo, localizada no município de Alegre-ES. O delineamento

experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com cinco níveis de umidade

do substrato, sendo 90, 80, 70, 60 e 50% em relação à máxima capacidade de

retenção de água (MCRA) e três repetições. A unidade experimental foi composta

inicialmente por 36 plantas. Os tratamentos foram aplicados em função do

monitoramento da quantidade de água contida no substrato por meio de pesagem

das unidades experimentais, e na reposição da fração de água perdida por

evapotranspiração. Para acompanhar o desenvolvimento e crescimento das mudas

foram avaliados os seguintes parâmetros morfológicos: altura, diâmetro do coleto,

área foliar, matéria seca da folha, da parte aérea, da raiz e total. Os dados

experimentais obtidos foram submetidos à análise de variância, e quando

significativa, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey ao nível de

significância de 5%. Os resultados encontrados neste estudo indicam que a água

está facilmente disponível para mudas de um clone do híbrido Eucalyptus urophylla

x Eucalyptus grandis até o nível de 70% da MCRA, o valor encontrado de Kc é 1,25

e o método de controle da irrigação por meio de pesagens revela ser aplicável em

casas de vegetação.

Palavras – chave: Água facilmente disponível. Eucalipto. Coeficiente de cultura.

Viveiro.

Page 11: Determinação da água facilmente disponível para mudas de eucalipto em condições de viveiro

ABSTRACT

The paucity of information consumption regarding the water seedlings of forest

species complicates the planning and management of irrigation in commercial

nurseries most often leads to adoption of subjective criteria, leading to water stress,

mainly due to excess water, which besides causing waste of water, causes loss of

seedling diseases, due to excess humidity. The present work aimed to study the

influence of substrate moisture on the productivity of seedlings of a hybrid clone of

Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla under nursery conditions and determine

the Kc during the stage of seedling production and establish criteria for the easy

management of irrigation in nurseries for the production of eucalyptus. The study was

conducted in a greenhouse installed in the area of the Centro de Ciências Agrárias of

the Universidade Federal of Espírito Santo, located in the city of Alegre-ES. The

experimental design was completely randomized, with five levels of moisture in the

substrate 90, 80, 70, 60 and 50% relative to the maximum water holding capacity of

the substrate (RCMW) and three replications. The experimental unit was initially

composed of 36 plants. The treatments were applied according to the monitoring of

the quantity of water contained in the substrate by means of weighing the

experimental units and the replenishment of the fraction of water lost by

evapotranspiration. To follow the development and growth of seedlings were

assessed following morphological parameters: height, collar diameter, leaf area, leaf

dry matter, aerial part, root and total. The experimental data obtained were subjected

to analysis of variance and when significant, means were compared by Tukey test at

a significance level of 5%. The results of this study indicate that water is easily

available for seedlings of a hybrid clone of Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla

until the level of 70% of RCMW, the value of Kc is 1.25 and the Irrigation control by

weighing method shows be applicable in greenhouses.

Words – key: Water easily available. Eucalyptus. Crop coefficient. Nursery.

Page 12: Determinação da água facilmente disponível para mudas de eucalipto em condições de viveiro

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 11

2. REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................ 14

2.1 Eucalipto .................................................................................................................... 14

2.2 Sistema Solo - Planta - Atmosfera .............................................................................. 15

2.3 Evapotranspiração ..................................................................................................... 18

2.4 Irrigação em viveiros florestais ................................................................................... 21

3. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................. 23

3.1. Material vegetal e características do local de estudo ................................................. 23

3.2. Substrato ................................................................................................................... 25

3.3. Delineamento experimental ....................................................................................... 26

3.4. Procedimento experimental ....................................................................................... 26

3.5. Descrição das características avaliadas .................................................................... 27

3.5.1. Caracterização microclimática da casa de vegetação ......................................... 27

3.5.2. Características de crescimento ........................................................................... 29

3.5.3. Consumo hídrico ................................................................................................. 29

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 30

4.1. Caracterização microclimática da casa de vegetação ............................................... 30

4.2. Características de desenvolvimento das mudas ........................................................ 34

5. CONCLUSÃO .................................................................................................................. 45

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 46

Page 13: Determinação da água facilmente disponível para mudas de eucalipto em condições de viveiro

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1 INTRODUÇÃO

O setor florestal capixaba, em 2009, gerou recursos na ordem de cinco bilhões de

reais, representando 25% do PIB do agronegócio estadual, criou cerca de 80 mil

empregos diretos e indiretos (CEDAGRO, 2011). Dados de 2010 revelam que as

florestas plantadas de eucalipto e pinus ocupam 207.431 ha do Estado do Espírito

Santo, sendo 203.885 ha cultivados com eucalipto (ABRAF, 2011).

Os produtos e subprodutos do eucalipto são empregados principalmente na

produção de papel, tecidos sintéticos, cápsulas de remédios e madeira utilizada na

produção de móveis, postes, pisos e acabamentos refinados da construção civil

(GALZERANO; MORGADO, 2008). Além disso, as florestas plantadas de eucalipto

podem ser utilizadas como uma alternativa para o sequestro de CO2 da atmosfera

(PULROLNIK et al., 2009).

A produção de mudas, em quantidade e qualidade, é uma das etapas mais

importantes da cadeia produtiva da eucaliptocultura. A qualidade da muda pode

interferir no sucesso do plantio, assim como no menor índice de mortalidade e

posterior replantio (SILVA, 2003).

Estudos relatam que os custos associados às mudas de má qualidade representam

7,8% dos recursos financeiro investidos para produção de mudas de eucalipto em

viveiros de empresas tradicionais de grande porte do setor de celulose e papel

(LEITE et al., 2005). Esses custos podem ser relativamente altos em viveiros de

médio e pequeno porte, em virtude da falta de controle dos pontos críticos de

produção de mudas, de investimento em pesquisa e de qualificação técnica dos

funcionários.

A crescente demanda de mudas de eucalipto leva as empresas florestais à

necessidade de administrar os coeficientes técnicos de cada etapa de produção, no

sentido de estabelecer o valor ótimo da eficiência e do rendimento operacional,

fatores esses determinantes para o gerenciamento da produção e competitividade

no mercado de trabalho (SIMÕES; SILVA, 2010).

Page 14: Determinação da água facilmente disponível para mudas de eucalipto em condições de viveiro

12

Entre os manejos realizados num viveiro de mudas de eucalipto, a irrigação é

considerada um dos pontos críticos para o sucesso do empreendimento. O manejo

inadequado da água prejudica a formação de mudas de boa qualidade.

O manejo da irrigação nos viveiros florestais é realizado pelo viveirista, através de

observações subjetivas do estado de turgidez das folhas das plantas. De maneira

geral, os viveiristas realizam irrigações com alta frequência a fim de evitar estresse

hídrico; porém, na maioria das vezes, a irrigação é realizada de forma excessiva,

trazendo à tona problemas de ordem fitossanitária e econômica.

Desse modo, o excesso de água acarreta lixiviação de nutrientes e deficiência de

arejamento no substrato, o que pode limitar o desenvolvimento do sistema radicular

prejudicando o crescimento das plantas ou até mesmo causar a morte das mesmas

(LOPES et al., 2005). Além disso, a falta de planejamento do uso de recursos

hídricos, em viveiros florestais causa desperdício de energia elétrica e fertilizantes,

onerando o custo de produção de mudas de eucalipto.

Água em abundância e condições favoráveis de temperatura e umidade do ar são os

principais fatores ambientais que geram um microclima propício à incidência de

doenças fúngicas nos viveiros florestais (GRIGOLETTI JÚNIOR et al., 2001).

Segundo Santos et al. (2001), as principais doenças fúngicas do eucalipto

favorecidas por excesso de umidade no substrato são: tombamento de mudas, mofo

cinzento e podridão de raízes.

Por outro lado, a falta de água limita o crescimento e desenvolvimento dos vegetais,

uma vez que ocorrem alterações das trocas gasosas das plantas em função da

redução da condutância estomática. O déficit hídrico na etapa de produção de

mudas compromete a qualidade das mudas e prejudica a capacidade das plantas de

resistirem a condições adversas no campo.

Para atender a demanda hídrica das plantas, a umidade do solo não precisa

necessariamente corresponder à capacidade de campo, visto que teores de água

retidos a baixas tensões pela matriz do solo podem suprir plenamente a demanda

atmosférica, sendo denominada de água facilmente disponível às plantas. O

conhecimento e a aplicação dessa informação em viveiros de produção de mudas

de eucalipto permitem melhorar o manejo da irrigação nos viveiros florestais.

Page 15: Determinação da água facilmente disponível para mudas de eucalipto em condições de viveiro

13

Assim, a escassez de informações referentes à necessidade hídrica de mudas de

espécies florestais e ao momento ideal para realizar as irrigações, dificulta o uso

sustentável da água em viveiros florestais. Nesse caso, o controle da umidade do

substrato pode ser uma alternativa adotada como critério para a adequação do

manejo da irrigação, visando proporcionar o uso racional de água, bem como

minimizar prejuízos ao crescimento e desenvolvimento das mudas de eucalipto,

causados pela falta ou excesso de água.

Neste contexto, o presente estudo teve como objetivo principal determinar a água

facilmente disponível, ou seja, a umidade mínima do substrato a que mudas de

eucalipto podem ser submetidas sem afetar significativamente o crescimento e o seu

desenvolvimento. O trabalho teve ainda como objetivos determinar o coeficiente de

cultura (Kc) do eucalipto para condições de viveiro e propor um método de manejo

de irrigação baseado no monitoramento da massa das bandejas, por amostragem,

para identificação do momento mais adequado de irrigação.

Page 16: Determinação da água facilmente disponível para mudas de eucalipto em condições de viveiro

14

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Eucalipto

O eucalipto é uma planta de porte arbóreo pertencente ao gênero Eucalyptus,

família Myrtacea, nativa da Austrália e Indonésia, sendo considerada exótica no

restante do mundo. Foi introduzido no Brasil, em 1825, como planta ornamental e

somente em 1903 passou a ser utilizada para fins econômicos, sendo empregado na

produção de leito de trilhos ferroviários e lenha para servir como combustível para as

locomotivas da época (GALZERANO; MORGADO, 2008).

O plantio nacional de eucalipto em larga escala comercial foi impulsionado a partir

da década de 1970, com o início de programas governamentais de incentivos fiscais

e investimentos de empresas privadas no setor florestal (FONSECA, 2009).

O grande número de espécies de eucalipto, cerca de 600 espécies, possibilita ampla

distribuição geográfica, uma vez que são adaptados a diversas condições

edafoclimáticas (PINTO et al., 2011). Entretanto, poucas são destinadas ao plantio

em larga escala, por não apresentarem características comerciais desejáveis

(ARAÚJO et al., 2010). Nesse contexto, as florestas brasileiras plantadas de

eucalipto são constituídas principalmente pelas espécies Eucalyptus grandis,

Eucalyptus saligna, Eucalyptus urophylla, Eucalyptus camaldulensis e híbridos

oriundos de cruzamento entre essas espécies (GRATTAPAGLIA et al., 2008).

As florestas plantadas de eucalipto podem desempenhar um papel importante na

questão ambiental, uma vez que constituem uma alternativa viável para reduzir o

desmatamento de florestas nativas. São amplamente cultivadas no Brasil em virtude

do crescimento rápido da espécie, madeira de qualidade que permite múltiplo uso e

rendimento próximo a 50 m3 ha-1 ano-1 quando bem manejadas (BÔAS et al., 2009).

Em geral, o ciclo de corte do eucalipto está ligado ao uso da madeira. As indústrias

de celulose e papel e siderúrgicas utilizam o ciclo entre cinco a sete anos, enquanto

as indústrias madeireiras adotam ciclo de 12 a 20 anos (SILVEIRA et al, 2001).

Page 17: Determinação da água facilmente disponível para mudas de eucalipto em condições de viveiro

15

O desenvolvimento de tecnologias que visam melhorar a produtividade do setor

florestal associado às condições climáticas favoráveis ao estabelecimento de

florestas plantadas de eucalipto, tornam o Brasil uma das referências mundiais na

eucaliptocultura (GRATTAPAGLIA et al., 2008). Empresas do setor florestal e

instituições de pesquisas desenvolveram, através de técnicas inovadoras de

propagação vegetativa, clones de eucalipto para atender a necessidade do mercado

de celulose e papel, chapas de fibras e de carvão vegetal (WILCKEN et al., 2008).

O plantio de clones de eucalipto permite a preservação de genótipos de interesse

comercial e pode resultar em melhor qualidade e homogeneidade da madeira

produzida (CUNHA et al., 2009). A primeira plantação de eucalipto clonal no Brasil

foi estabelecida no Estado do Espírito Santo, em 1979, com o híbrido Eucalyptus

grandis vs Eucalyptus urophylla (Ruy, 1998, citado por LOPES, 2008). Esse híbrido,

conhecido popularmente como eucalipto urograndis, é um dos clones mais utilizados

pela eucaliptocultura brasileira, por apresentar características desejáveis às

indústrias madeireiras e de papel e celulose, tais como: madeira de maior

densidade, comparada com as espécies que o originou, e grande capacidade de

produção de celulose (COSTA, 2011).

2.2 Sistema Solo - Planta - Atmosfera

A água é o constituinte mais abundante dos vegetais representando cerca de 80 a

95% da massa das plantas em desenvolvimento, sendo o seu teor variável em

função do tipo de órgão ou tecido e com o balanço hídrico da planta (TAIZ; ZEIGER,

2004). O movimento da água na planta envolve fenômenos físicos de absorção de

água do solo através das raízes e transferência desta água, em forma de vapor,

para a atmosfera através dos estômatos (RAVEN et al., 1996).

Do total de água absorvida pelas plantas, apenas cerca de 5% é utilizado no

processo de crescimento e reações bioquímicas, sendo o restante perdido para a

atmosfera em forma de vapor (VIEIRA, 2010). Para produção de 1 g de matéria

orgânica é necessário que cerca de 500 g de água seja absorvida pelas raízes,

Page 18: Determinação da água facilmente disponível para mudas de eucalipto em condições de viveiro

16

transportada pelo corpo da planta e transferido para a atmosfera (TAIZ; ZEIGER,

2004).

O fluxo contínuo da água do solo para a planta e a transferência desta para a

atmosfera em forma de vapor depende da disponibilidade hídrica de água do solo e

da condução da água ao longo dos órgãos da planta (CARLESSO; SANTOS, 1999).

Esse fluxo é determinado pela diferença de potencial hídrico entre a solução do solo

na superfície da raiz, os fluidos do xilema e a atmosfera (RAVEN et al., 1996)

A demanda evaporativa da atmosfera e a radiação solar determinam a magnitude da

perda de água da planta por transpiração (SOUZA; WILHELM, 2009). A

transferência de água das plantas para a atmosfera aumenta à medida que o

gradiente de pressão de vapor entre a folha e o ar se eleva, e tende a diminuir

conforme esse gradiente decresce, mesmo com o solo úmido (SILVA et al., 2003)

O solo constitui um reservatório dinâmico de água às plantas. Suas características

físicas como: textura, porosidade, estrutura e teor de matéria orgânica determinam a

capacidade de retenção de água ao longo do seu perfil (MARTORANO et al., 2009;

KLEIN et al., 2010). A compreensão e a avaliação da capacidade de

armazenamento de água do solo assumem grande importância nos estudos

referentes ao comportamento das plantas quanto à disponibilidade hídrica e no

manejo de irrigação de culturas de interesse econômico (PINHEIRO et al., 2009).

A maior parte dos estudos sobre manejo de água no solo considera que a água

retida entre a capacidade de campo (CC) e o ponto de murcha permanente (PMP)

esteja disponível às plantas (SOUZA et al., 2002). Em termos de potencial matricial

do solo, a água disponível se encontra retida a tensões entre 10 - 30 (CC) e 1500

kPa (PMP). Tensões superiores a 1500 kPa acarretam a murcha permanente das

folhas na maioria das espécies de interesse agrícola, desencadeando a morte das

plantas (ANGELOCCI, 2002).

A CC representa o teor máximo de água que o solo retém contra a ação da

gravidade, sendo retida a tensões de 5, 10 e 30 kPa para solos arenosos, solos de

textura média e solos argilosos, respectivamente (BERNARDO et al, 2006). Já o

PMP representa o conteúdo de água no solo correspondente ao equilíbrio entre a

Page 19: Determinação da água facilmente disponível para mudas de eucalipto em condições de viveiro

17

tensão que a água está retida na matriz do solo e a tensão de sucção exercida pelas

raízes das plantas (MELLO; SILVA, 2011).

No entanto, nem todo teor de água contido entre a CC e o PMP está facilmente

disponível às plantas; existe um nível de umidade crítico que cada cultura pode ser

submetida sem afetar significativamente a sua produtividade (BERNARDO et al.,

2006). A água facilmente disponível (AFD) é determinada experimentalmente em

função do tipo de cultura e do consumo máximo de água nos diferentes estádios de

desenvolvimento da cultura, o que proporciona valores distintos de AFD durante o

ciclo da cultura (PEREIRA et al., 2002).

O déficit hídrico é função da disponibilidade de água às plantas e das condições

climáticas, principalmente a precipitação e a evapotranspiração (SIQUEIRA; ROCIO,

2011). A escassez de água afeta o crescimento e o desenvolvimento das culturas

em todo o mundo (SANTOS; CARLESSO, 1998). Porém, os efeitos do déficit hídrico

dependem da intensidade, da duração do estresse e das características fenotípicas

e genotípicas das plantas, podendo provocar distúrbios morfofisiológicos nas

plantas, tais como: redução da turgescência e da área foliar, e desenvolvimento de

um sistema radicular mais profundo (SILVA et al., 2008).

A absorção de água pelas raízes pode ser afetada por fatores ambientais como:

déficit hídrico, baixa disponibilidade de oxigênio e elevadas concentrações de sais

solúveis (PIMENTEL, 2004). Em condições de baixa disponibilidade de água no

solo, as plantas tendem a fechar parcialmente os estômatos, o que proporciona

redução da concentração de CO2 intracelular e, consequentemente, ocorre declínio

da taxa fotossintética em função do decréscimo da assimilação de CO2 e do

rendimento quântico do fotossistema II (MACHADO et al., 2009; MARIANO et al.,

2009).

Já o excesso de água no solo limita a disponibilidade de oxigênio às raízes e leva as

plantas a manifestarem uma série de distúrbios fisiológicos, os quais incluem

sistema radicular superficial, menor teor de clorofila e redução da taxa fotossintética

(SILVEIRA, 2011). A baixa disponibilidade de oxigênio na zona radicular dificulta a

respiração e, consequentemente, reduz a produção de energia necessária à síntese

Page 20: Determinação da água facilmente disponível para mudas de eucalipto em condições de viveiro

18

e à alocação de compostos orgânicos nos diferentes órgãos da planta, o que

compromete o seu crescimento (VIANA et al., 2008).

O conhecimento das relações entre estresse hídrico e desenvolvimento de espécies

de Eucalyptus sp. é de suma importância na fase de produção de mudas, uma vez

que, com o aumento da demanda por produtos do setor florestal, há necessidade de

produzir mudas em quantidade e qualidade satisfatória (MARTINS et al., 2008).

2.3 Evapotranspiração

A evapotranspiração é um termo utilizado para descrever o processo físico-biológico

que combina simultaneamente a transferência de água para a atmosfera, em forma

de vapor, através dos fenômenos de evaporação da água do solo e da transpiração

das plantas (PEREIRA et al, 2002). A quantidade de água evapotranspirada varia

em função de fatores relacionados à planta, ao solo e ao clima, sendo que o último

fator exerce maior influência (BERNARDO et al., 2006).

De acordo com Lemos Filho et al. (2010), os principais parâmetros climáticos que

afetam a taxa de evapotranspiração são: radiação solar, temperatura do ar, umidade

relativa do ar, vento e chuva. O processo de evapotranspiração é regido pela

quantidade de energia disponível para vaporizar a água, sendo a principal fonte

dessa energia a radiação solar (COUTO; SANS, 2002).

As propriedades físicas do solo afetam a evapotranspiração, uma vez que estão

relacionadas com a disponibilidade de água útil às plantas e à capacidade de

atender as necessidades hídricas das culturas por mais tempo (PEREIRA et al,

2009). Além disso, a prática de técnicas conservacionista do solo, como o plantio

direto, exerce influência sobre a taxa de evapotranspiração nas camadas superficiais

do solo (OLIVEIRA, et al., 2010).

Conforme Doorenbos e Kassam (1994), a necessidade hídrica das culturas é

normalmente expressa mediante a taxa de evapotranspiração, em milímetros (mm)

por unidade de tempo, que pode ser diária, semanal, mensal ou anual. Para os

Page 21: Determinação da água facilmente disponível para mudas de eucalipto em condições de viveiro

19

mesmos autores, a evapotranspiração das culturas está relacionada com a demanda

evaporativa do ar, que pode ser expressa como evapotranspiração de referência

(ET0).

A ET0 representa a evapotranspiração de uma cultura hipotética com altura de 0,12

m, albedo de 0,23 e resistência da superfície de 70 s m-1, semelhante à

evapotranspiração de uma extensa superfície coberta por grama com altura

uniforme, em crescimento ativo e sem restrição hídrica (KASSAM; SMITH, 2001).

A literatura é vasta e rica em metodologias utilizadas para estimar a ET0, podendo

ser elencados os principais métodos: tanque evaporímetro classe A, método de

Blaney-Criddle, método de Hargreaves & Samani, método de Thornthwaite,

Penman, Penman-Monteith FAO 56, entre outros. A grande quantidade de métodos

existentes para estimar a ET0 ocorre em função da adequação dos métodos às

condições climáticas da região, simplicidade de uso e disponibilidade de dados

meteorológicos necessários a esses métodos (CARVALHO et al., 2011).

Diante da necessidade de um método adequado para ser aplicado em diferentes

climas e localidades, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e

Alimentação (FAO) aperfeiçoou o método de Penman e deu origem ao método de

Penman-Monteith FAO 56 (SILVA et al., 2010). Esse método é reconhecido pela

FAO como método padrão para estimar a ET0, uma vez que leva em consideração

fatores físicos e fisiológicos que regem a evapotranspiração (ALLEN et al., 1998).

A ETc representa a evapotranspiração da cultura cultivada em área extensa, isenta

da ocorrência de pragas, doenças e deficiência nutricional, com disponibilidade de

água suficiente para garantir que o seu potencial produtivo seja alcançado, para a

condição climática a que foi submetida (TEIXEIRA et al., 2003). A ETc pode ser

determinada de forma direta através do balanço hídrico da água do solo, ou indireta,

através do produto da evapotranspiração de referência pelo coeficiente de cultura

(Kc), sendo que este varia em função do tipo de cultura e da sua fase fenológica

(ALLEN et al., 1998; OLIVEIRA et al., 2007).

Segundo Oliveira et al. (2003), o Kc representa a interação dos efeitos das

características que diferenciam a ETc da ET0, tais como: a altura da cultura, a

resistência de superfície e o albedo da superfície cultura-solo. Esse coeficiente é

Page 22: Determinação da água facilmente disponível para mudas de eucalipto em condições de viveiro

20

obtido através da razão entre ETc e ET0 e varia em função da espécie, da fase

fenológica, do índice de área foliar, da densidade radicular, das condições do solo e

da frequência de chuva ou irrigação (SANDANIELO; LUNARDI, 2002; BERNARDO

et al., 2006).

Vários estudos relatam que a demanda hídrica das culturas deve ser estabelecida

através de valores de Kc específicos para cada estádio de desenvolvimento da

cultura (LEAL; SEDIYAMA, 2004). Para facilitar a determinação do Kc, Allen et al.

(1998) dividiram o período de desenvolvimento das culturas em quatro estádios.

I - Estádio inicial: corresponde ao período compreendido desde o plantio até o

momento em que cerca de 10% da superfície do solo é coberta por vegetação.

II - Estádio de crescimento: corresponde ao período compreendido entre o final do

primeiro estágio até o momento que a vegetação cobre plenamente o solo.

III - Estádio intermediário: corresponde ao período compreendido entre a cobertura

plena do solo até o início da maturação.

IV - Estádio final: corresponde ao período compreendido entre o início da maturação

até a colheita ou senescência completa.

Durante o estádio inicial de desenvolvimento as culturas apresentam pequena área

foliar tornando a evapotranspiração dependente do fenômeno de evaporação da

água do solo (SOARES et al., 2001). À medida que a cultura se desenvolve, a

evaporação passa a ser restrita e a transpiração se torna gradualmente

predominante no processo de evapotranspiração, devido ao aumento da área foliar

(ALLEN et al., 1998).

O Kc apresenta comportamento distinto em função da duração do ciclo das culturas.

De maneira geral, o valor de Kc de culturas anuais aumenta gradualmente à medida

que a cultura se desenvolve atingindo um valor máximo quando a cultura alcança

seu pleno desenvolvimento, e diminui com a maturação da planta (DOORENBOS;

KASSAN, 1994). Culturas perenes, como o eucalipto, apresentam valores baixos de

Kc no período de formação e estabelecimento da cultura no campo; quando atingem

seu desenvolvimento pleno, o valor de Kc tende a se estabilizar próximo a 1,

Page 23: Determinação da água facilmente disponível para mudas de eucalipto em condições de viveiro

21

podendo ocorrer oscilações sazonais em função de processos fisiológicos

(OLIVEIRA et al., 2007).

A determinação do Kc para locais específicos proporciona um melhor ajuste na

determinação da evapotranspiração da cultura e permite aplicar o teor de água que

a cultura necessita com mais precisão (GONÇALVES, 2010). O conhecimento da

ETc e do Kc ao longo do ciclo da cultura possibilita um melhor manejo de projetos de

irrigação e planejamento, bem como racionalização dos recursos hídricos

(MIRANDA; BLEICHER, 2001).

2.4 Irrigação em viveiros florestais

A irrigação é uma técnica agrícola que combina uma série de informações referentes

à cultura de interesse econômico e condições edafoclimáticas de um dado local,

com o intuito de aplicar no solo a quantidade exata de água requerida pela cultura e

no momento adequado. Essa técnica assume grande importância na otimização da

produção de alimentos e fibras, e outros fins, como é o caso de viveiros florestais,

proporcionando maior produção por unidade de área plantada e rentabilidade ao

produtor rural (RODRIGUES, 2007).

O sucesso da irrigação depende tanto do enfoque dado à engenharia, onde é

necessário o correto dimensionamento do sistema de irrigação, quanto do manejo

adequado conforme a exigência hídrica durante o ciclo da cultura. O uso racional da

irrigação depende de um programa muito bem elaborado de pesquisa e

desenvolvimento (BERNARDO et al., 2006).

Estudos relatam que 8% dos viveiros florestais do Estado do Espírito Santo e da

Bahia realizam a irrigação através de regadores, 20% utilizam mangueiras para

realizar a irrigação das mudas, 58% são irrigados via sistema de aspersão com

controle mecânico e 14% possuem sistema de irrigação por aspersão de controle

eletrônico (ALMEIDA et al., 2007).

O sistema de irrigação por microaspersão é o mais utilizado em viveiros florestais.

Tal sistema gera grande desperdício de água devido à má distribuição dos

Page 24: Determinação da água facilmente disponível para mudas de eucalipto em condições de viveiro

22

aspersores em relação às mudas e às irrigações serem realizadas em horários com

alta incidência de vento (AUGUSTO et al., 2007). Por esse motivo, há necessidade

de estabelecer estratégias que visem adequar o uso de sistemas de irrigação em

viveiros de produção de mudas florestais.

Em virtude do uso de recipientes pequenos na produção de mudas de eucalipto,

como os tubetes, a irrigação deve ser realizada com maior frequência, uma vez que

a disponibilidade de água às plantas é limitada pela pequena quantidade de

substrato armazenado nos mesmos (LOPES et al., 2005). Essa particularidade do

sistema de produção de mudas em viveiros florestais implica no risco de estresse

hídrico, o qual deve ser prevenido mediante a um controle da irrigação mais rigoroso

(SINDEAUX et al., 2009).

De acordo com Gruder (2006), devido à falta de critérios adotados na maioria dos

viveiros florestais, pressupõe-se que a lâmina de água utilizada na irrigação de

mudas na fase de crescimento seja excessiva a lâmina de água requerida para

atender às necessidades hídricas de mudas de eucalipto. A inadequada utilização

da irrigação em viveiros florestais acarreta problemas de ordem fitossanitária e alta

mortalidade das mudas, elevando os custos de produção e plantio no campo

(FREITAG, 2007).

A escassez de informação referente à necessidade hídrica de espécies florestais

aliadas à falta de investimentos em tecnologia leva ao manejo inadequado da água

em viveiros florestais. A maioria dos agricultores acredita que a adoção de

tecnologia é onerosa, complicada, trabalhosa e não traz retorno financeiro

(MAROUELLI et al., 2000).

Devido à aplicação excessiva de água, a irrigação implementada nos viveiros deve

ser avaliada e manejada adequadamente. Macedo (1993) afirma que um viveiro de

porte médio, que produz em média 100 mil mudas por ano, requer aproximadamente

10 m³ de água por dia.

Em busca de solucionar os impasses do manejo hídrico em viveiros de produção de

mudas de eucalipto, Lopes et al 2005 avaliaram o efeito de cinco lâminas de

irrigação diária (6, 8, 10, 12 e 14 mm) sobre o crescimento, o desenvolvimento e a

qualidade de mudas de Eucalyptus grandis, conduzidas em tubetes de 50 cm3 com

Page 25: Determinação da água facilmente disponível para mudas de eucalipto em condições de viveiro

23

substrato de fibra de coco pasteurizada, no município de Ibaté – SP. Os resultados

obtidos indicam que é possível obter mudas com ótima qualidade sob lâmina de

irrigação de 12 mm d-1.

Rodrigues et al., (2011) realizaram um estudo visando determinar a necessidade

hídrica de dois clones de eucalipto, o clone CAF 907 (Eucalyptus urophylla) e o

clone 1117 (E. grandis x E. urophylla), na região centro-oeste de Minas Gerais.

Foram adotadas como tratamento cinco lâminas de irrigação, correspondendo a 150,

200, 250, 300 e 350% da ET0, respectivamente. Os resultados obtidos apontam que

o tratamento com aplicação de 257% da ET0 pode ser recomendado para o manejo

da irrigação em viveiros florestais, por apresentar melhor desenvolvimento das

mudas, em relação aos tratamentos de 150 e 200% da ET0, e maior economia de

água que os tratamentos de 300 e 350% da ET0. Embora os resultados obtidos

pelos autores supracitados tenham proporcionado crescimento e desenvolvimento

satisfatório às mudas de eucalipto, a generalização dessas informações pode

prejudicar o manejo da irrigação em viveiros florestais, uma vez que a demanda

evapotranspirativa das culturas varia em função das condições climáticas locais.

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Material vegetal e características do local de estudo

O experimento foi conduzido em uma casa de vegetação localizada na área

experimental do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito

Santo, município de Alegre-ES, distrito de Rive, latitude 20º45’ Sul, longitude 41º30’

Oeste e altitude de 119 m, entre junho a agosto de 2011. O clima predominante da

região, segundo a classificação de Köppen é “Cwa”, isto é, tropical quente úmido,

com inverno frio e seco. Segundo Lima et al. 2008, a temperatura anual média é de

23 °C e a precipitação total anual média é de 1341 mm.

Page 26: Determinação da água facilmente disponível para mudas de eucalipto em condições de viveiro

24

A casa de vegetação utilizada para a condução do experimento possui cobertura de

filme de polietileno transparente, sendo fechada nas laterais com tela tipo sombrite

(Figura 1).

Figura 1 - Vista externa da casa de vegetação localizada no distrito de Rive, município de Alegre – ES.

Foram utilizadas mudas do clone comercial 6021 do híbrido Eucalyptus urophylla x

Eucalyptus grandis produzidas em um viveiro comercial, localizado no município de

Bom Jesus de Itabapoana – RJ. As mudas foram produzidas através de miniestacas

apicais em tubetes plásticos de 54 cm3 com formato arredondado e cônico, sem

fendas laterais. As mudas foram selecionadas na fase de crescimento, aos 35 dias

de idade, mantendo-se a uniformidade de altura, diâmetro e condição fitossanitária.

Durante a condução do experimento, as mudas foram conduzidas em tubetes de 54

cm3 visando simular as condições de viveiro.

O período de aclimatação das mudas teve duração de sete dias. Durante esse

período foram realizadas seis irrigações diárias através de um sistema de irrigação

por microaspersão com controle eletrônico, programado por meio de um

temporizador (Figura 2).

Page 27: Determinação da água facilmente disponível para mudas de eucalipto em condições de viveiro

25

Figura 2 - Vista geral do experimento e o sistema de irrigação utilizado no período de aclimatação das mudas.

Quanto à nutrição mineral das mudas, foram realizadas quatro adubações por

cobertura de nitrogênio e potássio, conforme Silva; Stein (2011). Para cada

adubação, foram diluídos em 6 L de água, 18 g de cloreto de potássio e 60 g de

sulfato de amônio, sendo aplicados 10 mL dessa solução por muda com auxílio de

uma seringa.

3.2 Substrato

O substrato utilizado na produção das mudas no viveiro foi uma mistura composta

por 40% de fibra de coco, 40% de vermiculita, 20% de casca de pinus e um adubo

de liberação lenta (osmocote 19-06-10). Para melhor assentamento das partículas

do substrato dentro dos tubetes, o preenchimento dos mesmos foi realizado com

auxilio de uma mesa vibratória.

Com o objetivo de determinar a máxima capacidade de retenção de água (MCRA)

do substrato, primeiramente foi realizada aleatoriamente a amostragem de 36

tubetes. Cada tubete foi saturado lentamente com auxilio de uma seringa, deixado

em repouso e, imediatamente após constatar a interrupção da drenagem da água

livre, procedeu-se a pesagem do substrato saturado e o valor obtido foi registrado.

Page 28: Determinação da água facilmente disponível para mudas de eucalipto em condições de viveiro

26

Em seguida, as amostras foram levadas a uma estufa com temperatura de 105 °C

durante 24 horas, após esse período procedeu-se a pesagem do substrato seco e o

valor obtido foi registrado. A MCRA do substrato foi determinada através da

diferença do peso do tubete com substrato saturado e substrato seco.

3.3 Delineamento experimental

O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com cinco

níveis de umidade do substrato, sendo 90, 80, 70, 60 e 50% em relação à máxima

capacidade de retenção de água e três repetições. A unidade experimental foi

composta por 36 plantas.

3.4 Procedimento experimental

A aplicação dos tratamentos foi realizada, durante 60 dias, baseada no controle da

irrigação por meio do monitoramento da quantidade de água contida no substrato.

Esse monitoramento foi realizado por meio de pesagens das unidades

experimentais, e da reposição da fração perdida por evapotranspiração. Após a

irrigação por microaspersão, a quantidade de água contida no substrato encontrava-

se próxima à quantidade máxima de água que este consegue reter contra a ação da

gravidade. A partir desse momento com auxílio de uma balança com precisão de

0,01 g, foi contabilizada a quantidade de água perdida.

Quando a variação do conteúdo de água do substrato atingia os níveis estabelecidos

nos tratamentos, era realizada uma nova irrigação para elevar à umidade do

substrato até a capacidade de campo.

Com o objetivo de uniformizar a distribuição de água entre as mudas, as irrigações

foram realizadas em uma câmara com sistema de microaspersão, localizada no

exterior da casa de vegetação, com capacidade de irrigar até três unidades

experimentais simultaneamente

Page 29: Determinação da água facilmente disponível para mudas de eucalipto em condições de viveiro

27

3.5 Descrição das características avaliadas

3.5.1 Caracterização microclimática da casa de vegetação

Uma estação meteorológica foi montada dentro da casa de vegetação, com a

finalidade de obter dados necessários para a caracterização microclimática,

possuindo os seguintes equipamentos: sensores de temperatura e umidade relativa

do ar (modelo CS500, marca Vaisala), de radiação fotossinteticamente ativa (sensor

quantum, modelo LI-190, marca LI-COR) e de velocidade do vento (modelo 03101,

marca Young), acoplados a um sistema de aquisição e armazenamento de dados

(datalloger, modelo CR10-X, Campbell Scientific) programado para realizar leitura

dos dados a cada dez segundos e armazenar os valores médios a cada 15 minutos.

As estimativas da evapotranspiração de referência (ET0) foram realizadas pelo

método Pennam-Monteith (FAO 56), conforme Allen et al., (1998), apresentada na

equação seguinte.

DPV.U.

15,273T

900.

ra

rc1.

GRn

ra

rc1.

ETo 2

(1)

em que:

ET0 = evapotranspiração de referência (mm.dia-1);

= declividade da curva de pressão de vapor de saturação (kPaºC-1);

= calor latente de evaporação (kJ.kg-1);

rc = resistência do dossel da planta (s.m-1);

ra = resistência aerodinâmica (s.m-1);

Rn = saldo de radiação à superfície (kJ.m-2.s-1);

G = fluxo de calor no solo (kJ.m-2.s-1);

= constante psicrométrica (kPa ºC-1);

Page 30: Determinação da água facilmente disponível para mudas de eucalipto em condições de viveiro

28

T = temperatura média do ar (ºC);

U2 = velocidade do vento a 2 m de altura (m.s-1);

DPV = déficit de pressão de vapor (kPa); e

900 = fator de transformação de unidades (kJ-1.kg.K).

O uso de sensores de radiação global do tipo placa de silício dentro de ambiente

protegido não é indicado (CAMPBELL, 1994), dessa forma, os dados de radiação

global necessários para o cálculo da evapotranspiração foram obtidos da estação

agrometeorológica do INMET instalada próxima ao local do experimento e os valores

corrigidos segundo a equação proposta por Escobedo et al., 2007:

HGIN = 0,739 HG

EX (2)

em que:

HGIN = Radiação global do interior da casa de vegetação;

HGEX = Radiação global do exterior da casa de vegetação.

O saldo de radiação foi estimado em função da radiação global, conforme proposto

por Bernardo et al., (2006), apresentado na equação abaixo:

Rn = 0,77 HGIN (3)

O déficit de pressão de vapor do ar (DPV) foi calculado a partir da estimativa da

pressão de saturação de vapor (es) e pressão parcial de vapor (ea) conforme

Pereira et al. (2002), apresentado nas equações abaixo:

es = 0,6108 10 (7,5 T / 237,3 + T) (4)

ea = es (UR/100) (5)

DPV = es – ea (6)

Page 31: Determinação da água facilmente disponível para mudas de eucalipto em condições de viveiro

29

em que:

es e ea são expressas em kPa.

3.5.2 Características de crescimento

A fase inicial do experimento (aclimatação das mudas) e, aos 15, 30 e 45 dias de

experimento, foi realizada a análise de crescimento, sendo retiradas duas plantas

por repetição de cada tratamento, com objetivo de acompanhar o acúmulo de

matéria fresca e seca em função de cada tratamento. Dessa forma, a cada 15 dias

foi recalculado o peso referente a cada nível de tratamento, levando em conta o

acúmulo de matéria fresca e as plantas retiradas.

A avaliação final ocorreu aos 60 dias de experimento, período que as mudas

atingiram a faixa de idade ideal para plantio no campo (90 - 100 dias), sendo

avaliados os seguintes parâmetros morfológicos para 25 plantas: altura, diâmetro,

área foliar, matéria seca da folha, da parte aérea, da raiz e total.

A altura total das plantas foi medida com uma régua graduada em milímetros, o

diâmetro ao nível do coleto com auxílio de um paquímetro digital e a área foliar

determinada utilizando um medidor integrador de área foliar (modelo LI – 3100,

marca Li- Cor). Para obtenção da matéria seca, as plantas foram acondicionadas em

sacos de papel kraft, colocadas em estufa com circulação forçada de ar na

temperatura de 65 °C, por no mínimo 72 horas e, posteriormente, foi realizada a

pesagem do material vegetal.

Os resultados foram submetidos à análise de variância pelo teste F e, quando

significativas, às médias foram comparadas pelo teste de Tukey ao nível de

probabilidade de 5%.

3.5.3 Consumo hídrico

As mudas acondicionadas em bandejas de polietileno com capacidade de 36

unidades foram pesadas com auxilio de uma balança com precisão de 0,01 g e o

consumo hídrico determinado em função da diferença de peso das bandejas, antes

Page 32: Determinação da água facilmente disponível para mudas de eucalipto em condições de viveiro

30

e após a irrigação. Posteriormente, o consumo hídrico (mL) foi convertido em taxa

de evapotranspiração (mm.d-1) levando-se em consideração a área vegetada de 529

cm2 formada pela unidade experimental.

A partir dos dados de evapotranspiração da cultura (ETc) do tratamento de 90% da

MCRA e da evapotranspiração de referência (ET0) do interior da casa de vegetação

foi possível calcular o coeficiente de cultura (Kc), conforme Allen et al., 1998,

apresentado na equação abaixo:

Kc = ETc/ET0 (7)

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Caracterização microclimática da casa de vegetação

A Figura 3 apresenta a variação da temperatura do ar, umidade relativa e déficit de

pressão de vapor, durante o período de condução do experimento. Conforme pode

ser observado, as médias das temperaturas máximas e mínimas são

respectivamente 28,7 °C e 15,6 °C, tendo alcançado valor máximo absoluto de 35,5

°C e mínimo absoluto de 11,2 °C. Conforme Ribeiro et al (2009), esses valores estão

dentro da faixa favorável ao desenvolvimento de espécies de eucalipto.

A umidade relativa do ar dentro da casa de vegetação teve valor médio de 64%,

tendo atingido valor máximo de 87% e mínimo de 21%. Ambiente com umidade

relativa do ar média acima de 80% associada a temperaturas máximas inferiores a

27 °C favorece a incidência das principais doenças fúngicas do eucalipto na fase de

viveiro (MAFIA et al., 2006; BIZI, 2006), o que explica a baixa incidência de doenças

ocorrida neste estudo.

Durante a condução do experimento o valor médio do déficit de pressão de vapor

(DPV) foi de 0,84 kPa, atingindo valor máximo de 1,39 kPa e mínimo de 0,37 kPa.

As oscilações dos valores de DPV variam em função da temperatura do ar e da

Page 33: Determinação da água facilmente disponível para mudas de eucalipto em condições de viveiro

31

umidade relativa do ambiente. Esta variável climática exerce grande influência no

controle da condutância estomática. Em condições de elevado DPV, a transpiração

de plantas sob déficit hídrico pode ser menor quando comparada a plantas sob

condições hídricas ideais, uma vez que o conteúdo de água retido no solo a tensões

mais elevadas pode não atender plenamente a demanda evaporativa do ar

(MARINHO, 2011).

Page 34: Determinação da água facilmente disponível para mudas de eucalipto em condições de viveiro

32

Figura 3 - Caracterização da temperatura do ar (T), da umidade relativa do ar (UR) e do déficit de pressão de vapor (DPV) no interior da casa de vegetação em Alegre-ES, no período de 11 de junho a 10 de agosto de 2011.

Page 35: Determinação da água facilmente disponível para mudas de eucalipto em condições de viveiro

33

Na Figura 4, verifica-se a variação da radiação fotossinteticamente ativa (RFA), da

radiação global (Rg) e da evapotranspiração de referência (ETo), ao longo do

período de condução do experimento.

Figura 4 - Caracterização da radiação fotossinteticamente ativa (RFA), da radiação global (Rg) e da

evapotranspiração de referência (ET0) no interior da casa de vegetação em Alegre-ES, no período de

11 de junho a 10 de agosto de 2011.

Page 36: Determinação da água facilmente disponível para mudas de eucalipto em condições de viveiro

34

No decorrer do experimento, a RFA variou entre 9,86 e 1,47 mol. m-2.d-1,

apresentando um valor médio de 7,44 mol m-2 d-1. Os maiores valores foram

observados em dias com ausência de nebulosidade, enquanto os menores valores

foram observados em dias nublados.

O comportamento da variação da Rg ao longo do período de condução do

experimento foi similar a RFA, apresentando valor máximo, mínimo e médio de

15,68 , 3,40 e 11,48 MJ m-2 d-1, respectivamente. A incidência de radiação solar no

interior da casa de vegetação é menor quando comparada ao ambiente externo em

virtude da reflexão e absorção da cobertura plástica (GUISELINI et al., 2010).

Durante a condução do experimento a ET0 apresentou valor médio de 2,56 mm.d-1,

atingindo valor máximo de 3,73 e mínimo de 0,28 mm.d-1. A baixa demanda

atmosférica no interior da casa de vegetação está associada às características

intrínsecas do inverno, tais como: temperatura do ar amena, umidade relativa alta e

menor incidência da radiação solar, e as modificações no microclima causadas pela

cobertura de polietileno. Em geral, a ET0 estimada dentro da casa de vegetação

representa cerca de 45 a 77% daquela verificada no ambiente externo (FARIAS et

al., 1994).

4.2 Características de desenvolvimento das mudas

Na Figura 5 é apresentado o desenvolvimento das mudas de eucalipto, com relação

à matéria seca total, de hastes e ramos, da folha e da raiz, submetidas a diferentes

níveis de umidade do substrato em um período de 60 dias. Pode-se verificar que a

matéria seca total referente aos níveis de 90, 80, 70% da máxima capacidade de

retenção de água (MCRA) não difere estatisticamente entre si e é superior aos

níveis de 60% e 50%, sendo o nível de 60% superior ao nível de 50%. A aplicação

dos tratamentos 60 e 50% da MCRA proporcionam redução de 23,1 e 40,2 % na

matéria seca total, respectivamente.

Page 37: Determinação da água facilmente disponível para mudas de eucalipto em condições de viveiro

35

Figura 5 - Influência da umidade do substrato na matéria seca total (MST), da parte aérea (MSPA), da folha (MSF) e da raiz (MSR) em clone de Eucalyptus urophylla x Eucalyptus grandis conduzido em

tubete aos 102 dias de idade, em Alegre ES.

Page 38: Determinação da água facilmente disponível para mudas de eucalipto em condições de viveiro

36

A matéria seca das folhas (Figura 5) apresenta o mesmo comportamento observado

para a variável matéria seca total. Houve redução de 23,8 e 46,7% na MSF com a

aplicação dos tratamentos 60 e 50% da MCRA, respectivamente. Para a produção

de matéria seca de hastes e ramos, os níveis de 90, 80 e 70% não diferem

estatisticamente entre si e são superiores ao nível de 50% da MCRA, o nível de 70%

não difere estatisticamente do nível de 60%, sendo este último superior ao nível de

50%

Já para a variável matéria seca da raiz (Figura 5), os níveis de 90, 80, 70 e 60% da

MCRA não diferem estatisticamente entre si, sendo que este último não difere

estatisticamente do nível de 50% da MCRA.

Os valores de matéria seca das mudas de eucalipto e de suas partes constituinte

submetidas à umidade do substrato até 70% MCRA são superiores aos encontrados

por Gruder 2006. O autor supracitado recomendou irrigações de 7,6 mm d-1 durante

o inverno para produção de mudas de eucalipto urograndis e obteve valores de 0,35;

0,20; 0,60; 1,15 g para matéria seca da raiz, do caule, da folha e total,

respectivamente.

Em geral, os resultados de matéria seca das mudas e de suas partes constituintes

indicam que o decréscimo da umidade do substrato até 70% não afeta

significativamente o desenvolvimento das mesmas. Abaixo deste nível, a água

contida no substrato provavelmente está retida a tensões mais elevadas,

impossibilitando a planta de manter plenamente o contínuo fluxo transpiratório em

dias ou horários com alta demanda atmosférica. Esse déficit hídrico pode induzir ao

fechamento estomático e prejudicar a assimilação de CO2 e a síntese de compostos

orgânicos.

A redução da matéria seca observada nos tratamentos de 60 e 50% também pode

ser atribuída aos danos causados em nível celular pelo déficit hídrico. Esses danos

proporcionados pela falta de água desencadeiam a inativação das reações

associadas à membrana celular, o que limita o transporte de elétrons e a

fotofosforilação do processo fotossintético, reduzindo assim, a síntese de compostos

orgânicos (PIMENTEL, 2004).

Page 39: Determinação da água facilmente disponível para mudas de eucalipto em condições de viveiro

37

O crescimento dos vegetais pode ser avaliado ao longo do tempo em função de

variações de algumas características ou estruturas morfológicas das plantas

(CLEMENT; BOVI, 2000). O conhecimento do acúmulo de matéria seca das plantas

na etapa de viveiro é de suma importância para se estabelecer manejos adequados

para produção de mudas de boa qualidade.

Na Figura 6 é apresentado o acúmulo de matéria seca das mudas de eucalipto e das

suas partes constituintes durante a condução do experimento. Verifica-se que a

matéria seca total das plantas é particionada de maneira diferente entre os

tratamentos aplicados após 30 dias de experimento.

A análise do acúmulo de matéria seca da parte aérea (Figura 6) revela que o

comportamento dos tratamentos é muito semelhante até 45 dias de experimento,

diferenciando-se nos últimos 15 dias de experimento. Nota-se que a parte aérea é o

componente da planta que apresenta resposta mais tardia ao déficit hídrico.

À medida que a umidade do substrato decresce, há redução no acúmulo de matéria

seca das folhas e raízes. Esse comportamento pode ser observado de forma mais

notória após 30 dias à imposição dos tratamentos.

O monitoramento do desenvolvimento das culturas através da análise de

crescimento constitui uma ferramenta de grande importância no estudo do

comportamento vegetal, em diversas condições ambientais, podendo quantificar o

consumo de água ou até mesmo os níveis de nutrientes que maximiza a

produtividade vegetal (MELO et al., 2010).

Page 40: Determinação da água facilmente disponível para mudas de eucalipto em condições de viveiro

38

Figura 6 - Acúmulo quinzenal da matéria seca total (MST), da parte aérea (MSPA), da folha (MSF) e

da raiz (MSR) em um clone de Eucalyptus urophylla x Eucalyptus grandis conduzido em tubete, em

Alegre-ES no período de 11/06 a 10/09/2011.

Page 41: Determinação da água facilmente disponível para mudas de eucalipto em condições de viveiro

39

Na Figura 7 é apresentado o desenvolvimento das mudas de eucalipto, com relação

à área foliar, diâmetro e altura. Pode-se observar que para a área foliar, os níveis de

90, 80, 70% da MCRA não diferem estatisticamente entre si e são superiores aos

níveis de 60% e 50%, e o nível de 60% não difere estatisticamente do nível de 50%.

A aplicação dos tratamentos de 60 e 50% proporciona redução média de 28,71% da

área foliar.

Figura 7- Influência da umidade do substrato na área foliar (AF), diâmetro (D) e altura (H) de

clones de Eucalyptus urophylla x Eucalyptus grandis conduzido em tubete aos 102 dias de idade,

em Alegre - ES.

Page 42: Determinação da água facilmente disponível para mudas de eucalipto em condições de viveiro

40

Para a variável diâmetro (Figura 7), os níveis de 90, 80, 70% da MCRA não diferem

estatisticamente entre si, porém os níveis de 80 e 70% não diferem estatisticamente

do nível de 60% e este não difere estatisticamente do nível de 50% da MCRA. Já

para a variável altura, os níveis de 90, 80 e 70% da MCRA são iguais

estatisticamente e superiores aos níveis de 60 e 50%; o nível de 60% não difere

estatisticamente do nível de 50%. Os tratamentos de 60 e 50% proporcionam uma

redução média de 9,63% da altura das mudas de eucalipto.

Dentre os vários efeitos do déficit hídrico sobre o desenvolvimento das plantas, a

limitação da expansão foliar pode ser considerada uma das primeiras respostas

contra esse estresse hídrico (TAIZ; ZEIGER, 2004). A área foliar é um parâmetro

que pode indicar a produtividade das culturas, uma vez que, o processo

fotossintético é proporcional a área de interceptação da energia luminosa (FAVARIN

et al., 2002). Esse fato pode explicar os resultados obtidos neste trabalho, no qual os

tratamentos com maior área foliar (90, 80 e 70% da MCRA) foram responsáveis pela

maior produção de matéria seca, enquanto os tratamentos que provocaram maior

déficit hídrico (60 e 50% da MCRA) apresentaram área foliar reduzida e

consequentemente menor produção de matéria seca.

As variáveis altura e área foliar sofrem redução acentuada abaixo do nível de 70%

da MCRA, já a variável diâmetro não apresenta uma resposta evidente ao

decréscimo de umidade do substrato. Os processos de divisão, alongamento e

diferenciação celular podem ser afetados pela redução da turgescência celular

provocada pela falta de suprimento hídrico, o que leva a redução do crescimento ou

até mesmo à sua paralisação, dependendo da severidade do estresse (FANTI;

PEREZ, 2004).

Na Figura 8 é apresentada a lâmina total de água consumida em função dos níveis

de umidade do substrato. Pode-se observar que os tratamentos de 90, 80 e 70% da

MCRA têm consumo hídrico semelhante, indicando que até 70% da MCRA não há

restrição da taxa de evapotranspiração das plantas; sendo assim, o conteúdo de

água se encontra facilmente disponível às plantas até este nível de umidade do

substrato. À medida que a umidade do substrato decresce, o conteúdo de água é

retido a tensões mais elevadas nas partículas do mesmo, diminuindo gradualmente

a água disponível às plantas a ponto de restringir a evapotranspiração. Esse fato

Page 43: Determinação da água facilmente disponível para mudas de eucalipto em condições de viveiro

41

explica a redução de 11 e 26,4% do consumo hídrico com a aplicação dos

tratamentos 60 e 50% da MCRA, respectivamente.

Figura 8 - Influência da umidade do substrato na lâmina total consumida (LTC) em um clone de Eucalyptus urophylla x Eucalyptus grandis conduzido em tubete aos 102 dias de idade, em Alegre

ES.

A Figura 9 apresenta a radiação fotossinteticamente ativa, temperatura do ar, déficit

de pressão de vapor e a frequência de irrigação para um dia com nebulosidade e

outro sem nebulosidade, durante o período de estudo. Observa-se que o dia de céu

claro apresenta temperatura média de 24,7°C, com valores oscilando entre 33,6 e

17,4°C, RFA atingindo valor máximo de 1,65 mol.m-2.h-1 e DPV tendo valor médio de

1,54 kPa, enquanto que o dia nublado é caracterizado por temperatura média de

17,4°C com valores oscilando entre 19,1 e 16,2°C, RFA atingindo valor máximo de

0,42 mol.m-2.h-1 e DPV com valor médio de 0,68 kPa.

Page 44: Determinação da água facilmente disponível para mudas de eucalipto em condições de viveiro

42

A B

Figura 9 - Caracterização da radiação fotossinteticamente ativa (RFA), temperatura do ar (T), déficit de pressão de vapor (DPV) e frequência de irrigação de um clone do híbrido de Eucalyptus urophylla x Eucalyptus grandis conduzido em tubete, (A) dia de céu claro, 01/08/2011, e (B) dia nublado, 05/08/2011.

Page 45: Determinação da água facilmente disponível para mudas de eucalipto em condições de viveiro

43

A divergência das condições climáticas do dia com céu claro e nublado influencia na

necessidade de irrigação das mudas de eucalipto. Pode-se verificar, na Figura 9,

que há redução de cerca de 50% da frequência de irrigação em função da demanda

evaporativa do ar. Baseando-se em tais resultados, propõe-se que a irrigação em

viveiros florestais destinados a produção de mudas de eucalipto pode ser realizada

quando o conteúdo de água do substrato atingir 70% da MCRA.

A Figura 10 apresenta a variação da evapotranspiração da cultura (ETc) do eucalipto

na fase de produção de mudas no interior da casa de vegetação. Durante o período

experimental, a ETc apresentou valor médio de 3,21 mm.d-1, tendo valor máximo e

mínimo de 4,81 e 1,28 mm.d-1, respectivamente.

Figura 10 - Evapotranspiração da cultura (ETc) do eucalipto na fase produção de mudas de um clone do híbrido Eucalyptus urophylla x Eucalyptus grandis, conduzido em tubete dentro de casa de vegetação, em Alegre ES.

No Boletim sobre irrigação e drenagem número 56 da Organização das Nações

Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), pode-se encontrar o valor de Kc para

a maioria das culturas agrícolas em seus diferentes estágios de desenvolvimento.

Entretanto, não há dados disponíveis para a cultura do eucalipto.

De posse dos dados médios de ETc medida e ET0 estimada para as condições da

casa de vegetação é possível determinar um valor médio para o Kc de 1,25 para

produção de mudas de eucalipto em ambiente protegido. Essa informação é de

Page 46: Determinação da água facilmente disponível para mudas de eucalipto em condições de viveiro

44

grande valia para estimativa do consumo hídrico de mudas de eucalipto na fase de

viveiro.

O conhecimento do Kc de eucalipto para a fase de produção de mudas permite aos

viveiristas, que dispõem de infra-estrutura, adequar o manejo da irrigação em função

da necessidade hídrica da cultura, estimada através do coeficiente de cultivo obtido

neste estudo e da ET0 obtida através de estação agrometeorológica automática ou

por meio de métodos de estimativa da ET0 de menor custo, como é o caso do

tanque classe “A”. Os viveiristas que não possuem recursos para adquirir um desses

equipamentos podem realizar o manejo hídrico baseado no controle do peso das

bandejas e no critério de que as irrigações deverão ser realizadas quando a

umidade do substrato atingir o valor de 70% da MCRA.

O manejo de irrigação via monitoramento do peso das bandejas também possibilita

a automatização de sistemas de irrigação utilizados em viveiros florestais. O uso de

sistemas automatizados permite maior controle da lâmina de irrigação e gerenciar

com maior segurança a aplicação de fertilizantes, herbicidas e fungicidas via

irrigação.

A adequação do manejo de irrigação utilizando as informações obtidas neste

estudo, para viveiros de produção de mudas de eucalipto, proporciona uma série de

benefícios, entre eles pode-se destacar: menor desperdício de água, redução dos

custos com energia elétrica, menores custos com fertilizantes e defensivos agrícolas,

menor incidência de doenças fúngicas devido à redução da umidade do ambiente e

consequente produção de mudas de melhor qualidade.

Page 47: Determinação da água facilmente disponível para mudas de eucalipto em condições de viveiro

45

5 CONCLUSÃO

Com base nas condições do experimento conclui-se que:

A umidade mínima do substrato para a produção de mudas de eucalipto do híbrido

Eucalyptus urophylla x Eucalyptus grandis pode ser de 70% da MCRA, sem afetar

significativamente o desenvolvimento e a boa qualidade das mudas.

O valor de Kc encontrado é de 1,25.

O método de controle de irrigação baseado no monitoramento da massa das

bandejas apresenta-se como uma técnica viável que pode ser empregada no

manejo da irrigação em viveiro de produção de mudas de eucalipto.

Page 48: Determinação da água facilmente disponível para mudas de eucalipto em condições de viveiro

46

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