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DETETIVE LÓ E A JOIA RARA PRECIOSA Escrito por ROBERTO R. FILHO Se sua vida deu um nó, Chame o Detetive Ló! Copyright © 2017 por Roberto R. Filho Todos os Direitos Reservados Registrado sob o nº 22813 – FBN/EDA Roberto R. Filho +55 21.982532373 [email protected]

DETETIVE LÓ E A JOIA RARA PRECIOSA ROBERTO R. … · Detetive Ló e a Joia Rara Preciosa Sinopse: Uma misteriosa joia desaparece da casa de Seu Amnésio. Para descobrir o possível

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DETETIVE LÓ E A JOIA RARA PRECIOSA

Escrito por

ROBERTO R. FILHO

Se sua vida deu um nó,

Chame o Detetive Ló!

Copyright © 2017 por Roberto R. Filho

Todos os Direitos Reservados

Registrado sob o nº 22813 – FBN/EDA

Roberto R. Filho

+55 21.982532373

[email protected]

Detetive Ló e a Joia Rara Preciosa

Sinopse: Uma misteriosa joia desaparece da casa de Seu Amnésio. Para descobrir o possível

ladrão, ele manda chamar o Detetive Ló, que tem em sua missão, descobrir o paradeiro desta

joia preciosa, antes que outras desapareçam.

Personagens:

Detetive Ló: Tem um passado misterioso. Apesar de ser chamado para

descobrir o desaparecimento da joia de seu Amnésio, ele já esteve em missões

antes. Não basta ser apenas um detetive, ele ainda é atrapalhado e só arruma

mais confusões. Apesar de ser atrapalhado, ele sempre carrega consigo uma

bolsa com várias armadilhas e sua arma é velho cassetete.

Amnésio: é um velho viúvo, que mora numa casa de classe média. Ao acordar,

descobre que sua joia desapareceu e com medo de que suas demais joias

desapareçam, ele resolve chamar o detetive, a quem deposita sua confiança de

que irá recuperar seu bem mais precioso. Amnésio parece ser um homem

adorável, mas é meio rabugento e um pouco surdo.

Zezinho: é o mordomo de Seu Amnésio. Muito fiel e esperto, ele sempre acaba

interrompido por alguém. Mesmo sem conseguir falar, Zezinho é um mordomo

confiável e pra lá de chameguento. Acaba sendo convocado por Amnésio para

ajudar o Detetive à solucionar o mistério.

Histórico: A peça foi escrita em julho de 2009 e levada aos palcos pela primeira vez, 24

dias depois de sua escrita, no dia 31 de julho para o projeto Teatro-Escola no

município de Sobradinho-BA. O elenco foi formado por Mielle Ferreira, Almir

Eudes (hoje, conhecido como Eudes Zambai) e Adriano Cardoso que

protagonizaram, respectivamente, os personagens: Detetive Ló, Amnésio e

Zezinho. A peça foi levada para 9, de 11, escolas em Sobradinho, tendo quase

1.500 espectadores, entre crianças, adolescentes e adultos. Em 2010, ela foi

remontada com alterações no elenco: Roberto R. Filho substituiu Mielle

Ferreira e Aleks Ferreira substituiu Adriano Cardoso. Ambos os atores saíram

da companhia por irem embora. Só em 2013, o elenco original se reencontrou

e, novamente, montaram o espetáculo. A peça do Detetive Ló ganhou mais

três aventuras, que foram apresentadas entre 2010 e 2011, formando uma

franquia valiosa para a Cotesf. Em 2016, Detetive Ló serviu de inspiração para

um roteiro de uma série. Com poucos recursos para produzir o piloto da série,

o roteiro foi adaptado e nasceu O ESTRANHO, um curta-metragem de

suspense, voltado para o público juvenil-adulto, que foi produzido em abril de

2017 e terá estreia para o primeiro trimestre de 2018.

Detetive Ló Registro Sob o nº 22813 – FBN/EDA

E a Joia Rara Preciosa

Copyright © 2009/2017 COTESF – Companhia Teatral do São Francisco. Todos os Direitos Reservados por ROBERTO R. FILHO

Introdução

Nesta, os atores precisam estar cientes de que o jogral será feito com “pantomima”, tendo como

grande referência as ações de Charlie Chaplin.

Ao som de uma música suspense e uma luz azul, o ambiente se torna mais sinistro quando entra

Amnésio com passos largos e lentos. Ele dirige-se ao público e senta no colo de alguém, se

despreguiçando. Em seguida, ele dirige-se ao cenário e, de costas ao público, ele guarda algo,

pegando uma maçã. Ele dá duas dentadas, jogando-a no chão e sai.

Som de passarinhos, luz amarela indica nascer do sol. Zezinho entra, tentando se despreguiçar. Ele

escorrega na maçã, caindo ao chão. Ele se levanta e joga a maçã no chão, indo até o sofá,

arrumando-o com as almofadas, e deita-se, pegando no sono e roncando.

Amnésio entra se despreguiçando, mostrando tamanha vitalidade. Passando por trás do sofá, ele

escorrega, caindo no chão e se levantando com a mesma maçã em mãos. Amnésio ouve uns roncos

e procura, até encontrar no sofá. Ele cutuca Zezinho uma vez, que não dá importância e volta a

roncar. Amnésio cutuca pela segunda vez e Zezinho mais uma vez demonstra não se importar. Na

terceira, Amnésio empurra Zezinho, que cai no chão e se levanta pronto para brigar.

Amnésio, que está a sua frente, encara-o. Ele disfarça e sai. Amnésio senta no sofá e Zezinho

retorna com um jornal em mãos e tropeça, caindo sobre Amnésio com o jornal tapando sua cara.

Zezinho se levanta, ajeitando o jornal e entregando a Amnésio que começa a ler. Zezinho caminha

para trás do assento e observa-o a ler. Quando Amnésio muda de página, Zezinho desfaz a ação,

fingindo que ainda está lendo a matéria. Esta ação é repetida duas ou três vezes. Amnésio se cansa

e se levanta do sofá indo à mesa, enquanto Zezinho pega o jornal e senta no lugar de Amnésio.

Amnésio pega a garrafa de café e derrama dentro da xícara. Ao tentar beber, ele acaba tossindo e

“cospe” pó. Embora não haja diálogo, será favorecido com sons de “psi” para um chamar o

outro. Amnésio “chama” e Zezinho procura pelo som. Amnésio chama pela segunda vez e Zezinho

torna a procurar, encontrando a origem do som. Ele responde da mesma forma. Amnésio continua

chamando para ir até à mesa. Zezinho responde da mesma forma para que Amnésio vá até ele.

Amnésio repete mais uma vez e Zezinho responde da mesma forma.

Amnésio cansa de tal atitude e decide ir até Zezinho, tomando-lhe o jornal e jogando no chão.

Zezinho apanha o jornal e amassa, jogando no chão também. Amnésio esfrega os dedos indicador e

o polegar, afirmando que será descontado do bolso. Zezinho, rapidamente, apanha o jornal, dobra

bonitinho, colocando-o sobre o sofá. Amnésio pega-o pela orelha e leva até a mesa.

Amnésio passa o dedo indicador na mesa e mostra para o pó. Zezinho acha que é uma brincadeira

e arma com o seu dedo indicador, fazendo guerra de “indicadores” com Amnésio, dando um

“touche” no final. Amnésio dá uns tapas, se desfazendo daquela brincadeira. Ele chama o Zezinho

para ver de mais perto e assopra, espalhando uma poeira de pó na cara de Zezinho, que entende o

recado e sai. Amnésio volta ao sofá e pega o jornal, continuando a leitura.

Zezinho retorna com uma vassoura e um espanador. Ele pega o espanador e começa pela mesa,

espalhando ainda mais o pó. Ele segue até o sofá e espalha o pó sobre Amnésio. Neste momento, o

jogral será passando de um lado ao outro. Zezinho empurra a cabeça de Amnésio para um canto

limpa, depois empurra a cabeça dele para o outro e limpa o local. Esse jogral se repete duas ou

três vezes, sendo interrompido com um possível tapa de Amnésio em Zezinho.

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Zezinho desiste do espanador e pega a vassoura, varrendo de qualquer jeito. O mesmo jogral feito

com o espanador, desta vez será feito com a vassoura, usando as pernas. Zezinho limpa de um

canto e joga as pernas de Amnésio para um lado. Ele limpa, mas quando Amnésio, põe as pernas

no chão, do outro lado, Zezinho repete em jogar as pernas para o alto. A ação é repetida duas ou

três vezes e, novamente, é interrompido com Amnésio batendo em Zezinho com o jornal. Zezinho

varre ao redor da sala e procura com o que apanhar a poeira. Não encontrando a saída, ele

“chama” a atenção de Amnésio e aponta para o alto, como se tivesse algo. Amnésio e levanta e

fica procurando, enquanto isso, Zezinho varre a poeira para debaixo do tapete. Amnésio, que ainda

procura, olha para Zezinho para questionar e acaba deparando com a ação do personagem.

Zezinho sai correndo em volta do sofá e Amnésio segue o mesmo, até saírem de cena.

Fim da Intro.

Ato Único

Fora de cena, ouvimos o grito de Amnésio, que entra aos desesperos, acompanhado de Zezinho,

que tenta lhe confortar. Amnésio para no meio do palco e Zezinho, que dá tchau pro público,

tropeça sem perceber.

Amnésio – Oxi. (para Zezinho) Olha por onde anda, homi. Ah, meu Deus. O que eu

faço? (Zezinho tenta falar) Agora não, Zezinho. Eu estou todo aperriado e você

querendo falar baboseiras. (raiva) Ah! Se eu pego o cretino que roubou a minha joia

rara preciosa, esbagaço ele que nem vara de cana. (para Zezinho) Você ligou para o

detetive? (Zezinho tenta falar) Cale-se. Você já falou demais. Já falou demais. E

agora? O que vou fazer sem a minha joia rara preciosa? Só espero que o detetive não

demore a chegar. Ter minha casa invadida sem parecer que foi é muito estranho. O

que você acha, Zezinho?

Zezinho tenta falar, mas é interrompido pelo som da campainha.

Amnésio – Olha Zezinho. Tá ouvindo? Ó… Tá ouvindo? (gritando impaciente) a

porta, Zezinho. Vá atender a porta, homi de Deus. Você fala demais, fala demais e

age menos. (Zezinho sai) Ai meu Deus. O que vou fazer sem a minha joia? Ai meu

Deus, (simulando uma dor no coração e um forte drama) o quê é isso? O quê é isso?

Tô vendo a luz no fim do túnel. Ah, não! É só um vagalume.

Ao som de seu tema, surge o Detetive Ló acompanhado de Zezinho . Ele tira a bolsa que leva

consigo e estende para um lado. Zezinho vai pegar, o Detetive estende para o outro. É um jogral de

desencontro, repetido 2 ou 3 vezes. Ló se cansa e entrega na mão de Zezinho, que coloca em volta

do seu pescoço. Detetive Ló desaprova, Zezinho retira sem graça.

Detetive – Muito bom dia, Seu Amnésio.

Amnésio (surdo) – Ã? Cornélio? Não, aqui não mora nenhum Cornélio, não.

Detetive (mais alto) – Eu disse Amnésio.

Amnésio – Ah! Sim, sou eu. Sou eu. E você é?

Detetive – Sou o detetive Ló. O senhor lembra que mandou me chamar, né?

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Amnésio – Ah! Sim, sim, sim, sim. Zezinho diga-o o que realmente aconteceu.

(Zezinho tenta falar) Não, não, não, não. Deixa que eu mesmo falo. Você é muito

faladeiro. (pra o detetive) É que nesta manhã eu acordei e descobri que minha joia

rara preciosa foi roubada.

Todos (prolongado) – Oh!

Detetive – Muito interessante. Mas como o senhor descobriu que ela foi roubada?

Diga-me.

Amnésio – É que essa minha joia rara, é muito rara, ganhei em um concurso desde os

meus velhos tempos de escola, né Zezinho? (Zezinho tenta falar). Demorou a falar.

Então, venho guardando essa minha preciosa joia há anos. Todos os dias eu durmo

com ela do meu lado. Aliás, dormia. Por que hoje cedinho, acordei com a minha

dentadura.

Detetive (observando Zezinho) – Hum… muito estranho. (Zezinho observa o

Detetive também) E quantas pessoas moram com o senhor?

Nesse jogral, enquanto Amnésio diz “Só eu e…”, ele anda de um lado ao outro sendo sempre

seguido por Zezinho.

Amnésio - Só eu e… (Amnésio tenta lembra e Zezinho levanta o braço) Só eu e…

(Zezinho permanece com o braço erguido) Oxi. Não tem mais ninguém, não.

Zezinho se sente “discriminado” e quando tenta falar.

Detetive – E o Zezinho?

Amnésio – Ah! É. Também tem o Zezinho.

Detetive – Sei. Entendo. (sentando no braço de uma cadeira) Eu acho…

O detetive cai no chão. Zezinho e Amnésio ajudam o detetive a se levantar. Zezinho pega o

espanador e limpa o Detetive dos pés ao chão. Ele tira a boina do Detetive e limpa, cuspindo

dentro e depois coloca na cabeça de Amnésio, jogando o chápeu de Amnésio no chão. Durante esse

tempo, Amnésio e o Detetive apenas observam. Zezinho percebe que errou de cabeça, pega a boina

e coloca no Detetive, pegando o chapéu e colocando em Amnésio. Em seguida, continua limpando

o detetive com o espanador. Detetive abre o espanador, já furioso. Zezinho percebe e apenas ri, se

afastando.

Amnésio – O senhor está bem, detetive Jó?

Detetive (percebendo) – Não é Jó, é Ló. E eu estou bem sim. O senhor por um acaso

tem mais joias preciosas?

Amnésio – Sim, sim, sim… me casei com uma mulher graciosa.

Detetive (corrigindo) – Eu não disse graciosa, disse preciosa.

Amnésio (tentando ouvir) – Vaidosa?

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Detetive (alto) – Preciosa.

Amnésio – Charmosa?

Detetive (gritando) – Preciosa.

Amnésio – Ah! Preciosa. Sim, sim, sim eu tenho. Por quê?

Nesse jogral, os três fazem juntos ao mesmo tempo, como uma ação de sombras.

Detetive – Por que se o ladrão veio para pegar uma, ele também voltará…

Amnésio – Para pegar a outra.

Nesse momento, os três batem com as mãos.

Detetive – Exatamente. E é aí…

Zezinho bate na mão por diversas vezes, sendo percebido pelo Detetive. Zezinho para e tenta

disfarçar.

Amnésio – E o que o senhor pretende fazer, Dó?

Detetive – Eu pretendo… meu nome é Ló, seu Amnésio. Ló.

Amnésio – Sim, sim continue.

Detetive – Eu pretendo me esconder.

Detetive e o Zezinho vão para trás da mesa e Amnésio se esconde por trás do sofá. Eles fingem se

esconder por um bom tempo.

Detetive – E esperar o bandido voltar, quando ele voltar (Zezinho que está mais

próximo, é pego pelo Detetive que “encena” tudo que fará com o bandido) ai pego

ele e dou um soco na barriga, que ele vai cair no chão gritando e dizendo (todo

dramático) “Por quê?”. E sabe o que vou responder?

Amnésio – O quê?

Detetive (para Zezinho) – Você sabe por que!

Amnésio (surpreso) – Nossa. O senhor pensou nisso agora?

Detetive – Não, já venho pensando em fazer isso há algum tempo. Mas é preciso que

eu conte com vocês.

Amnésio – Um, doi, três, quatro, cinco…

Detetive – Ma so quê é isso?

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Amnésio – O senhor disse que queria contar, eu comecei a contar.

Detetive – Ah! Amnésio… eu quis dizer que, vocês devem ir para o quarto e não sair

de lá para nada.

Amnésio – Aaaaaahhhhhh! Mas o rio fica aqui atrás.

Detetive – Ah que maravilha… ainda bem que sempre estou com roupa de banho…

(caindo na real) É o que?

Amnésio – O senhor disse que era pra gente ir pro quarto e não sair para nadar. Eu

disse que o rio fica aqui atrás.

Detetive – Zezinho…(Zezinho se aproxima) tire-o daqui.

Zezinho arrasta Amnésio para fora de cena e retorna. Segundos depois, Amnésio retorna.

Detetive – Zezinho!

Zezinho repete a ação, dessa vez, girando Amnésio e dando um chute na bunda dele, que sai de

cena. Zezinho se aproxima do Detetive e mostra o que fez com Amnésio. Detetive achando isso um

máximo, repete em Zezinho, que sai.

Detetive – Pronto. Agora, para descobrir quem roubou a joia rara preciosa do Seu

Amnésio, vou colocar armadilhas pela casa inteira.

O detetive pega sua bolsa, que está sobre o sofá, e pega as ratoeiras que estão dentro e espalha

pelo lugar. Entre esses lugares, ele coloca uma dentro do vaso, tirando uma rosca e sai comendo.

Amnésio entra todo cauteloso.

Amnésio – Vem Zezinho… não faz corpo. Precisamos descobrir quem roubou a jóia

rara. (gritando) Zezinho? Zezinho! Ô, Zezinho!

Amnésio sai de cena e volta com Zezinho, trazendo com muita dificuldade.

Amnésio – Vai, Homi de Deus. Ajude o detetive a encontrar o ladrão. (Zezinho tenta

falar) Deixe de falar asneiras, homi. Eu vou me esconder lá dentro. (Zezinho tenta

falar) Ah! Boa sorte. Afinal de contas, você já foi peso pena…

Zezinho se sente importante e, ao som de “Eye of Tiger”, começa a dar socos no vento, sentido-se

Rock.

Amnésio – De uma grama.

A música para como quem tivesse arranhado o disco. Amnésio sai. Zezinho observa o local e se

aproxima de uma cesta de frutas, pegando uma banana e come-a. Ele joga a casca de banana no

chão e depois se abaixa, detrás do sofá, procurando por alguma pista.

O detetive entra segurando o cassetete e, sem perceber, pisa na casca de banana, escorregando e

caindo. Zezinho se levanta e observa, se abaixa, saindo detrás do sofá. O detetive se levanta e vai

para frente do cenário e fica a observar. Zezinho entra por debaixo das pernas do detetive e vira

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para um lado, enquanto o Detetive vira a cabeça para o oposto. Jogral repetido duas vezes. O

Detetive sai por um lado. Zezinho dá a volta no sofá por um lado e o Detetive dá a volta pelo outro.

Os dois se encontram por trás do sofá. Detetive topa com Zezinho e pega um vaso, quebrando na

cabeça dele. Zezinho se levanta com cacos de vidros na cabeça e cai de novo. Detetive Ló sai.

Amnésio – Ouvi barulhos. O que será que aqueles dois estão aprontando? Aliás, onde

estão esses dois? Será que foi o ladrão que entrou na minha casa e os sequestrou?

Devo ficar atento. Se não, meu conjunto de esmeraldas pode desaparecer como a

minha joia rara desapareceu. Já sei. Vou preparar a minha espingarda.

Amnésio sai. Zezinho se levanta e procura o responsável que lhe bateu. Detetive Ló entra. Neste

jogral, ambos ficarão de costa um para o outro. Detetive e Zezinho dão 180º andando para a frente

e depois retornam, dando mais 180º indo a frente. Quando retornam, ainda de costas, eles se

esbarram e, aos poucos, viram-se. Detetive Ló se assusta e bate com o cassetete em Zezinho. Som

de tiro, Amnésio entra com a espingarda. Zezinho e o Detetive levantam os braços assustados.

Amnésio – Agora eu lhe pego seu cabra. Mas o que está acontecendo? (percebendo o

vaso) Caramba… quem quebrou o meu vaso? (Zezinho tenta falar, mas é

interrompido) E quem derrubou o meu vaso com bolinhas? (Zezinho tenta falar, mas

é interrompido) Será que alguém pode me explicar o que aconteceu?

Detetive – Sim. Eu quero saber se vão me deixar trabalhar?

Amnésio – Mas detetive Nó…

Detetive – Não, não. Pode parar. Não é dó, não é nó, não é jó. Não é nenhuma das

notas musicais dó-ré-mi-fá-sol-lá-si. Quantas vezes eu tenho de falar que meu nome

é… (para o público)? (gritando para Amnésio) Lóóóóóóóóóóóóóó!

Amnésio – Oxí… tem uma cachoeira aí, é? Mas o senhor ainda não me disse se

encontrou alguma pista?

Detetive chama para um lado. Amnésio e Zezinho imitam os passos do Detetive.

Detetive – Sim.

Amnésio chama para o outro lado. Detetive e Zezinho imitam.

Amnésio – Quem?

Detetive chama para um lado. Amnésio e Zezinho tornam a repetir os passos.

Detetive – Alguém!

Amnésio repete mais uma vez. Detetive e Zezinho seguem-o.

Amnésio – Mas Quem?

Detetive repete mais uma vez os passos, sendo seguidos por Amnésio e Zezinho.

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Detetive – Um ladrão. Agora, quero que me deixem sozinho para procurar o culpado.

Podem sair?

Amnésio – O senhor vai me desculpar. Mas não precisa de ajuda, não?

Detetive – É como diz o ditado, melhor um pirulito do que um chiclete. (cai na real)

Não, não, não. É … Se eu chupo bala, o dente estraga. Pera aí. (pensando) Coceira na

cabeça, se não é molho, é piolho…

Amnésio – Eu acho melhor o senhor ficar com o Zezinho pra ajudar na captura.

Detetive – É, pode ser. Mas sendo assim, saia seu Amnésio, saia que o Zezinho e eu

temos muito trabalho.

Amnésio sai.

Detetive – Zezinho eu nunca tive um parceiro. Mas juntos, você e eu, eu e você,

vamos descobrir quem roubou a joia rara preciosa do seu Amnésio, e colocá-lo atrás

da cadeia. Portanto companheiro, vamos ao trabalho, que nós temos muuuuuuuuuito

trabalho. Seja a minha sombra, siga os meus passos e apoie-se em mim.

Zezinho pula nas costas do Detetive.

Detetive – Mas o quê é isso? Sai daí, criatura. Sai. O quê pensa que está fazendo?

(Zezinho tenta falar) Não, não, não. Quando eu disse apoie-se em mim, eu quis dizer

para fazer exatamente o que eu fizer.

Zezinho se faz de entendido. Detetive pega sua lupa e ao tentar dar o primeiro passo, é puxado por

Zezinho, que observa a lupa dele.

Detetive – Quê que foi dessa vez?

Zezinho pede pra ele esperar e sai, voltando com uma lupa maior. Detetive dá alguns passos e

escorrega, caindo no chão. Zezinho imita o Detetive, caindo sobre ele. Detetive faz sinal de

“Shhhh” pra Zezinho, que faz sinal de silêncio para o público. Detetive dá alguns passos e para

procurando pistas. Zezinho imita-o. Detetive ao olhar para trás, se assusta com Zezinho, que faz a

mesma ação e se assusta com o vento.

Detetive corre para um lado e fica observando. Zezinho imita a ação, mas bate com o corpo contra

o Detetive fazendo ele perder ar. Zezinho sai da frente do detetive, que está com o corpo pra dentro

e olhos revirados. Detetive empurra Zezinho. Eles seguem para trás da mesa e faz um jogral de

sobe desce. Detetive se abaixa, Zezinho abaixa. Detetive se levanta. Zezinho se levanta. Esse jogral

é repetido durante algumas vezes. Detetive Ló se cansa e bate com o cassetete em Zezinho, que

coça com a cabeça.

Detetive vai ao centro da sala e fica à procura. Zezinho segue-o e, no caminho, encontra uma

moeda. Ele se abaixa. O detetive vira-se.

Detetive – Olha só, Zezinho… estou começando a achar que… (percebendo que

Zezinho não está ali) Zezinho? Zezinho! (assobiando como se chamasse cachorro)

Vem cá, vem.

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Ao dar o primeiro passo, o Detetive cai no chão. Zezinho se levanta, mostrando uma moeda

gigantesca e, dando língua para o Detetive, sai. Amnésio entra.

Amnésio – Outra vez esses barulhos. E para completar aqueles dois malucos

sumiram de novo também. Será que minhas joias também sumiram?

Amnésio, sem perceber, senta sobre o detetive.

Amnésio (para o público) – Mas quem seria o idiota a roubar a minha joia rara

preciosa? Ela não tinha tanto valor para outra pessoa. Só pra mim. Me faz lembrar

que a única pessoa que tinha inveja era a Silvinha. Mas ela mora lá onde Judas

perdeu a bota e… Agora que estou percebendo, este banco é tão duro.

Detetive – Confortável?

Amnésio – Pouco… ah! Detetive? O que é que o senhor tá fazendo ai embaixo?

Detetive – Nada. Só comendo uma fatia de chocolate.

Amnésio – Aaahhh! O senhor me dá uma pedacinho?

Detetive se levanta rápido, fazendo Amnésio se levantar também.

Detetive – Ora, Seu Amnésio. Que coisa! Para sua informação, estou começando a

desconfiar que não existe ladrão algum.

Amnésio – Mas se não tem ladrão, como a minha joia rara preciosa foi roubada?

Detetive (pensando) – Já sei. Vamos voltar do zero. Mostre-me onde o senhor estava,

exatamente, quando viu a sua joia pela última vez.

Amnésio – Venha, vou mostrar-lhe.

Amnésio e o Detetive saem. Zezinho entra, removendo o papel de um pirulito gigante e começa a

lamber.

Amnésio (em off) – Aí eu fui à sala.

Detetive (em off) – Então vamos até lá.

Zezinho corre aos desesperos, de um lado para o outro, pegando o cassetete e cobrindo o seu rosto

com o pirulito. Amnésio e o Detetive retornam a sala.

Amnésio – Aí, eu vim aqui na sala… (Amnésio observa Zezinho, achando-o

estranho)

Detetive – Aí o senhor veio na sala e?… Amnésio? O quê foi?

Amnésio – Não me lembro de ter visto essa estátua antes.

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Detetive – Engraçado. Eu também não me lembro. (pensando) Sabe… algo não me

cheira bem.

Amnésio – Pois deveria tomar um banho.

Detetive – Quero dizer que existe algo de errado.

Amnésio – Você acha?

Nesse jogral, os atores podem fazer um improviso de uma retrospectiva do sumiço da joia e da

chegada do Detetive. Detetive e Amnésio ficam de costa um para o outro. Zezinho lambe o pirulito

e bate contra o cassetete em Amnésio, que vira. Sempre que Zezinho bate, ele antes lambe o pirulito

e volta à posição estátua.

Amnésio – Quê que foi, quê que foi, quê que há?

Detetive – O quê que foi o quê?

Amnésio – O que foi?! Tô de olho.

Novamente se dão as costas. Nesse jogral, pode ser repetido umas quatro ou cinco vezes. Amnésio

e o Detetive entram em um conflito e um começa a bater no outro. Zezinho passa o cassetete para a

mão de um, que bate e devolve o objeto, que é entregue ao outro. Amnésio, que pega pela última

vez, tenta bater com o pirulito no Detetive, que estende o braço e Zezinho lambe o cassetete.

Detetive – Parou! (Amnésio fica paralisado, centímetros de acertar o cassetete) Olha

só, a estátua ganhou vida. Não é, Zezinho?

Amnésio – Ora, ora, ora… Zezinho, você tem alguma coisa a dizer?

Zezinho fica contente, apontando com o dedo para si mesmo. Detetive e Amnésio concordam com

as cabeças. Ele tenta falar.

Amnésio e Detetive – Cala a boca, Zezinho.

Zezinho – Chega! Chega! Chega! Chega! A minha vida inteira foi ficar calado,

calado, calado. Agora chegou a hora da verdade.

Detetive – Hummmmm… maravilha. O melhor momento. Que verdade?

Zezinho – Não existe ladrão nenhum.

Detetive e Amnésio – Não?!

Zezinho – Não! A sua jóia rara preciosa não foi roubada.

Amnésio e Detetive – Não?

Zezinho – Não! O senhor Amnésio é que tem problema de sonambulismo (imitando)

e guardou a joia. Mas eu sei onde está.

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Detetive – Ora, então nos mostre.

Zezinho (se aproxima do vaso) – Hoje mais cedo quando eu estava limpando, eu vi a

joia aqui (põe a mão dentro do vaso) e…

Um som estranho é feito e Zezinho faz cara feia.

Amnésio – E o que Zezinho? Fale, homi de Deus. Isso não é hora de fazer careta.

Todo mundo sabe que você féi.

Zezinho tira a mão do vaso e tem uma ratoeira presa na mão.

Detetive – Nossa. Tira.

Detetive e Amnésio brigam pra ver quem tira. Amnésio segura Zezinho e o Detetive puxa a

ratoeira. Os três caem no chão e se levantam.

Amnésio – Pronto! Passou, passou! Agora… onde está a minha joia?

Zezinho – Estava dentro do vaso.

Detetive – Espera aí… afinal de contas, que raio de joia é essa?

Amnésio – Foi um importante prêmio da escola, quando participei do concurso e

ganhei a rosca caramelizada e… caramba. (batendo palmas) Me lembrei, me lembrei,

me lembrei. Foi aqui mesmo (procurando no vaso) que guardei, guardei, guardei…

ué? Onde está? Onde está… cadê a rosca que guardei aqui?

Detetive – Uma rosca redonda? Com cobertura de morango? E granulados de

chocolate em volta? Eu comi. Mas, fica tranquilo que sobrou um pedacinho aqui, a

gente racha no jantar.

O detetive tira um pedaço da rosca do bolso. Amnésio finge chorar. Zezinho tenta consolar.

Amnésio pega o cassetete e tenta bater no detetive, que sempre desvia e acerta Zezinho. Todos

saem de cena. Sobe música, apagam-se as luzes e fecham-se as cortinas.

F I M ! ! !

Por ROBERTO R. FILHO Escrita em 07 DE JULHO DE 2009

Reescrita em 30 DE NOVEMBRO DE 2017

Detetive Ló e a Joia Rara Preciosa Realização: Cotesf – Companhia Teatral do São Francisco