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1 Diagnóstico cultural de Cariacica - ES Belo Horizonte Novembro de 2016

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Diagnóstico cultural de Cariacica - ES

Belo Horizonte

Novembro de 2016

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“Percebe-se que a cidade ainda se porta como se tudo o que é bom

viesse de fora. O que não é verdade, pois, se houver condições,

nossos próprios artistas têm capacidade para tocar a arte e o

fomento de nossa cultura com muito esmero e competência”

(entrevistado, Cariacica, 2016).

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Sumário

INTRODUÇÃO E METODOLOGIA .............................................................................. 5

1. ANÁLISE DO CONTEXTO E CONJUNTURA MUNICIPAL ............................ 12

1.1. Aspectos históricos e inserção regional ............................................................... 12

1.2. Economia municipal ........................................................................................... 16

1.3. Aspectos demográficos e indicadores sociais ...................................................... 19

2. A CULTURA EM CARIACICA ............................................................................ 32

2.1. Sobre o Sistema Nacional de Cultura .................................................................. 33

2.2. O Sistema Municipal de Cultura de Cariacica..................................................... 39

2.3. Espaços e equipamentos culturais ....................................................................... 48

2.4. A diversidade cultural local e suas manifestações............................................... 54

2.4.1. Patrimônio material e imaterial ........................................................................ 61

2.4.2. Sobre a situação dos artistas e grupos culturais no município ......................... 63

3. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ESTRATÉGICAS ................................ 72

3.1. Pressupostos e concepções fundamentais ............................................................ 73

3.2. Potencialidades e dificuldades do campo cultural no município ......................... 77

3.3. Propostas e sugestões de ações possíveis ............................................................ 86

REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 90

EQUIPE .......................................................................................................................... 94

ANEXOS ........................................................................................................................ 95

Anexo 1 – Tabulação dos questionários online .............................................................. 95

Anexo 2 - Relatos Grupos de Discussão ...................................................................... 109

Anexo 3 – Prioridades apontadas na I Conferência Municipal de Cultura .................. 120

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Índice de quadros

Quadro 1 - Regiões administrativas de Cariacica -2000 .............................................................. 23

Quadro 2 - Índice de desenvolvimento humano municipal - IDHM – dimensões e indicadores 25

Quadro 3 - Índice de vulnerabilidade social - IVS – dimensões e indicadores componentes ..... 27

Quadro 4 – Estratégias e projetos culturais para Cariacica – 2013/2016 ................................... 43

Quadro 5 – Projetos aprovados na Lei João Bananeira - 2016 ................................................... 46

Quadro 6 – Calendário de eventos de Cariacica – 2016 ............................................................. 55

Quadro 7 – Potencialidades e dificuldades da cultura em Cariacica .......................................... 83

Quadro 8 – Principais eixos e linhas estratégicas de ação .......................................................... 87

Índice de gráficos

Gráfico 1 – PIB a preços correntes, segundo setor de atividade - 2013 ..................................... 17

Gráfico 2 - Evolução da população residente, segundo localização urbana e rural – 1991/2010

..................................................................................................................................................... 20

Gráfico 3 - População segundo local de residência – 2010 ......................................................... 21

Gráfico 4 - População segundo faixa etária................................................................................. 23

Gráfico 5 – População residente, segundo cor ou raça declarada .............................................. 24

Gráfico 6 – Evolução do IDH-M, segundo dimensões –1991/2010 ............................................ 26

Gráfico 7 – Comparativo territorial do IDH-M, segundo dimensões –2010 ............................... 26

Gráfico 8 – Evolução do IVS, segundo dimensões – Cariacica, 2000/2010 ................................. 28

Gráfico 9 – Comparativo territorial do IVS, segundo dimensões –2010 ..................................... 28

Gráfico 10 – Indicadores de vulnerabilidade selecionados – Cariacica, 2010 ............................ 30

Gráfico 11 – Tipo de cadastro / respondente ............................................................................. 64

Gráfico 12 – Área cultural de atuação principal .......................................................................... 65

Gráfico 13 – Tempo de atividade ................................................................................................ 66

Gráfico 14 – Número de membros.............................................................................................. 66

Gráfico 15 – Sustentabilidade do artista ou grupo cultural ........................................................ 67

Gráfico 16 – Necessidades na área da formação e qualificação ................................................. 69

Índice de figuras

Figura 1 – Temas / Matriz de Análise do Diagnóstico ................................................................... 7

Figura 2 – A vida cotidiana e suas múltiplas relações ................................................................... 8

Figura 3 – Inserção regional de Cariacica .................................................................................... 13

Figura 4 – Evolução da população de Cariacica – 1920/2010 ..................................................... 20

Figura 5 – Uso do solo de Cariacica ............................................................................................. 22

Figura 6 – Regionalização do município de Cariacica, 2006 ........................................................ 22

Figura 7 – Elementos constitutivos dos Sistemas de Cultura...................................................... 39

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INTRODUÇÃO E METODOLOGIA

“Espero que as opiniões sejam lidas e consideradas, pois nós que

estamos aqui no chão da cultura cariaciquense, sabemos o quanto

penamos e o quanto dependemos de trabalhar nos outros

municípios da Grande Vitória para garantir nosso sustento”

(entrevistado, Cariacica, 2016).

O presente documento consiste no relatório do Diagnóstico Cultural de Cariacica

– Espírito Santo, conforme contrato de patrocínio firmado com a empresa ArcelorMittal.

Foi elaborado pelo Galpão Cine Horto e pela Habitus Consultoria e Pesquisa Ltda., cujas

equipes estão apresentadas no final deste volume.

A demanda de um diagnóstico que pudesse subsidiar ações artístico-culturais dos

segmentos público, privado e da sociedade civil partiu do Comitê de Cultura da

ArcelorMittal Brasil. Repercute seriedade, profissionalismo e um formato adequado e

mais justo de relacionamento com as comunidades de interesse das empresas do grupo.

Ressalta-se, também, o indispensável apoio da Fundação ArcelorMittal Brasil, por meio

de sua Gerência de Cultura, e da unidade de negócios de Cariacica, sem o qual não teria

sido possível atingir resultados tão expressivos.

Conforme a metodologia amplamente testada e utilizada pela empresa consultora,

o Diagnóstico buscou identificar o perfil da cultura local, seus agentes e manifestações,

bem como as principais potencialidades e vulnerabilidades da cultura no município.

Os trabalhos foram realizados entre março e setembro de 2016 e tiveram como

objetivos principais:

• Conhecer a realidade do município, em termos de demanda e oferta na área

cultural;

• Identificar principais necessidades, potencialidades e carências para a área

cultural no município;

• Subsidiar a atuação da ArcelorMittal no município;

• Contribuir com o Poder público e com o movimento cultural local na proposição

de ações na área cultural.

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É importante destacar ainda que já foi entregue um primeiro volume formado pela

compilação de dados secundários levantados em fontes disponíveis na internet, públicas

e privadas. Tal volume teve o objetivo de traçar um primeiro panorama da situação do

município e embasar as atividades da equipe nas etapas subsequentes do trabalho. Assim,

é importante destacar que não serão repetidos neste trabalho estes dados, evitando a

redundância de informações. Ao contrário, buscar-se-á apresentar a essência da análise

das informações levantadas, especialmente durante as pesquisas de campo.

A primeira etapa do trabalho consistiu na pactuação, entre a equipe técnica e a

equipe da Fundação ArcelorMittal, da metodologia a ser utilizada para o diagnóstico, dos

principais instrumentos de pesquisa e dos indicadores a serem levantados e avaliados no

trabalho. A Figura 1 traz a Matriz de Análise do Diagnóstico, estruturada em torno dos

principais temas para conhecimento da situação atual do município de Cariacica na área

da cultura.

Os principais temas de interesse do estudo são Política Cultural local; Espaços e

equipamentos – públicos e privados – para as práticas culturais; Formação e capacitação

de artistas, gestores, produtores e grupos culturais; e Situação de artistas e grupos locais.

Tais temas estão dentro de um contexto que pode ser compreendido a partir de indicadores

demográficos, socioeconômicos ou históricos, entre outros e que foram apresentados nos

casos pertinentes.

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Figura 1 – Temas / Matriz de Análise do Diagnóstico

FONTE: metodologia de trabalho Habitus Consultoria e Pesquisa, 2015.

É fundamental compreender que não se podem separar os elementos históricos,

sociais, econômicos e mesmo políticos do desenvolvimento cultural local, considerando

que todos estes setores estão correlacionados na vida cotidiana dos moradores de qualquer

cidade e se influenciam mutuamente. A Figura 2 propõe um olhar abrangente para as

diversas relações presentes na vida cotidiana e que se tangenciam (ou pelo menos

deveriam) nas políticas públicas e na ação coletiva nas cidades.

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Figura 2 – A vida cotidiana e suas múltiplas relações

FONTE: LIBÂNIO, 2016.

O conceito de Desenvolvimento Humano adotado pela Organização das Nações

Unidas – ONU e seus diversos órgãos aponta para esta multiplicidade. Tal concepção

segue as esteiras das discussões mundiais sobre o desenvolvimento sustentável e seus

pilares, para além do desenvolvimento econômico, tal como colocado por Kliksberg

(2003):

Junto ao crescimento econômico, surge a necessidade de alcançar o

desenvolvimento social, melhorar a equidade, fortalecer a democracia e

preservar os equilíbrios do meio ambiente. O Consenso dos Presidentes da

América, em Santiago (1998), refletiu esta ordem de preocupações, incluindo,

em seu plano de ação, pontos que excedem as abordagens convencionais como,

entre outros: a ênfase na promoção da educação, a preservação e

aprofundamento da democracia, a justiça e os direitos humanos, a luta contra a

pobreza e a discriminação, o fortalecimento dos mercados financeiros e a

cooperação regional em assuntos ambientais. (p. 110)

Merece destaque, nessa trajetória histórica, a criação em 1990 do Índice de

Desenvolvimento Humano (IDH), uma medida que buscava pensar o desenvolvimento

para além de sua dimensão econômica, ademais de permitir a comparação entre os países.

De acordo com texto publicado no site do PNUD,

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Apesar de ampliar a perspectiva sobre o desenvolvimento humano, o IDH não

abrange todos os aspectos de desenvolvimento e não é uma representação da

"felicidade" das pessoas, nem indica "o melhor lugar no mundo para se viver".

Democracia, participação, equidade, sustentabilidade são outros dos muitos

aspectos do desenvolvimento humano que não são contemplados no IDH. O

IDH tem o grande mérito de sintetizar a compreensão do tema e ampliar e

fomentar o debate

(http://www.pnud.org.br/IDH/IDH.aspx?indiceAccordion=0&li=li_IDH).

A Agenda 21 da Cultura, aprovada em 8/05/2004, em Barcelona, no marco do

primeiro Fórum Universal das Culturas, traz 67 artigos, entre Princípios, Compromissos

e Recomendações. De acordo com tal documento (CGLU, 2006):

a afirmação das culturas, assim como o conjunto das políticas que foram postas

em prática para o seu reconhecimento e viabilidade, constitui um fator essencial

no desenvolvimento sustentável das cidades e territórios no plano humano,

econômico, político e social (...). A qualidade do desenvolvimento local requer

o imbricamento entre as políticas culturais e as outras políticas públicas -

sociais, econômicas, educativas, ambientais e urbanísticas. (p. 5)

Atualmente encontra-se em fase de elaboração a nova Agenda 21 da Cultura, que

contará com oito eixos de trabalho, cada qual com seus princípios, objetivos, metas e

indicadores. Tais eixos, a princípio, são: direitos culturais; cidades inteligentes e cultura;

governança da cultura; planejamento, espaço urbano e cultura; cultura e ecologia;

educação e cultura; cultura, inclusão social e combate à pobreza; sustentabilidade da

cultura e economia social.

Como se vê, tais eixos ampliam o raio de abrangência da ação cultural, entendida

como conteúdo que cruza transversalmente todas as outras políticas públicas nas cidades.

A hipótese que vem sendo adotada é que a cultura contribui para o desenvolvimento local,

em seus aspectos territoriais, sociais, econômicos, entre outros elementos.

Considerando tais elementos como fundamentais, serão apresentadas neste

volume algumas informações sobre o município e suas características, para além do tema

estrito da cultura.

Para atingir os objetivos propostos para o trabalho foram realizadas atividades de

levantamento de dados em fontes secundárias e primárias, bem como seu processamento

e análise, através das seguintes etapas:

• Levantamento de dados secundários disponíveis sobre o município na internet e

bancos de dados online;

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• Elaboração de um documento síntese com todos os dados obtidos para o

município;

• Elaboração dos questionários e instrumentos de pesquisa de campo;

• Realização de entrevistas qualitativas presenciais com lideranças locais, com

apoio de um roteiro semiestruturado;

• Envio de questionário para preenchimento online para artistas, gestores e

coletivos culturais atuantes no município;

• Realização de quatro grupos de discussão com artistas, gestores e técnicos

atuantes na área cultural do município, sendo o primeiro deles focado nas

comunidades do entorno da Unidade da ArcelorMittal Cariacica;

• Tabulação, processamento e análise de todos os dados obtidos;

• Redação da primeira versão do Diagnóstico;

• Apresentação dos resultados do Diagnóstico para a ArcelorMittal;

• Revisão dos conteúdos, ajustes e formatação do volume final do Diagnóstico;

• Apresentação dos resultados no município e realização de trabalhos em grupos

com os agentes culturais locais para coleta de sugestões e encaminhamento de

propostas de ação.

É fundamental deixar claro que a escolha das pessoas a serem ouvidas na pesquisa

foi feita a partir da identificação dos principais agentes atuantes na cultura em Cariacica,

a partir dos documentos e dados secundários levantados preliminarmente na internet, bem

como a partir de sugestões e indicações da Secretaria Municipal de Cultura. Ademais, foi

contratado um produtor local, de grande inserção na cultura do município, que auxiliou

na identificação de pessoas e instituições que poderiam contribuir nessa fase inicial.

Num primeiro momento, apontou-se um pequeno número de pessoas que

deveriam ser entrevistadas presencialmente, em especial aquelas ligadas ao poder

público, além de representantes do Conselho Municipal de Cultura. Em seguida, fez-se

uma ampla lista de pessoas que deveriam ser ouvidas através do envio de questionários

online para preenchimento e convidadas para participação nos Grupos de Discussão,

complementando assim a pesquisa e ampliando significativamente sua abrangência

amostral. Para esta segunda etapa foram enviados convites a 88 pessoas atuantes no

município, principalmente na área cultural, mas também nas políticas associadas, como

educação, esporte e lazer, assistência social e turismo, por exemplo.

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Ao final, as atividades de levantamento de dados primários em Cariacica

envolveram um total de 55 participantes, sendo 10 pessoas ouvidas na etapa de entrevistas

qualitativas, 20 pessoas presentes nos grupos de discussão e 25 respondentes dos

questionários online.

Ainda que não tenha sido o propósito metodológico deste trabalho buscar uma

representatividade amostral – estatística, quantitativa - nas pesquisas de campo, é possível

afirmar que foi possível obter uma boa visão da situação local, considerando-se que houve

uma representatividade qualitativa das fontes de dados.

O relatório que se segue está estruturado em três capítulos, além desta Introdução

e seus aspectos metodológicos. O Capítulo 1 traz um breve olhar para o contexto

municipal, apresentando indicadores demográficos, socioeconômicos e de qualidade de

vida da população em Cariacica. O Capítulo 2 busca detalhar a situação da cultura no

município, identificando suas principais manifestações, institucionalidade da política

cultural, problemas e potenciais apontados. Por fim, o Capítulo 3 traz as considerações

finais, apontando os pontos fortes e fracos identificados no processo de diagnóstico, bem

como recomendações estratégicas para a área cultural no município.

Como anexos, apresentam-se:

• Tabulação dos dados do questionário online;

• Relato das principais falas dos participantes dos Grupos de Discussão;

• Prioridades apontadas na Conferência Municipal de Cultura.

A equipe responsável pela elaboração do Diagnóstico dirige um especial

agradecimento a todos aqueles que contribuíram para a construção deste trabalho, que

nada mais é que a compilação dos olhares e esforços de um grande número de pessoas

que atuam diretamente com a questão da cultura no município. Para essas pessoas é que

esse trabalho se dirige, pretendendo ser não apenas uma fonte de informação consolidada

em um só volume, mas antes e, principalmente, uma ferramenta que possa auxiliar a

tomada de decisões dos gestores da política e a prática cotidiana dos artistas, grupos,

instituições locais, empresas e todos os interessados no desenvolvimento local através da

cultura.

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1. ANÁLISE DO CONTEXTO E CONJUNTURA MUNICIPAL

“Nós sempre caminhamos a reboque de Vitória. Quando você quer

ver alguma coisa, tem que ir para Vitória. Cariacica é considerada

um bairro dormitório. Até hoje os artistas daqui vão para Vitória”

(entrevistado, Cariacica, 2016).

Como mencionado no item relativo à metodologia, é necessário entender o

contexto municipal para se compreender melhor os aspectos relacionados à cultura e às

políticas culturais em Cariacica. Nesse sentido, a seguir são apresentadas, de maneira

resumida, as principais características sociais, econômicas e demográficas do município,

bem como os aspectos relacionados à sua inserção regional e desenvolvimento ao longo

do tempo.

É importante destacar que o município elaborou, dentro do projeto Agenda

Cariacica 2010-2030, um total de 15 diagnósticos temáticos, incluindo propostas de ação

em médio prazo. Tal material será tomado como referência neste Diagnóstico, ainda que

não se pretenda repetir aqui as informações já disponibilizadas, que podem ser

consultadas por aqueles que desejem se aprofundar no contexto municipal1.

1.1. Aspectos históricos e inserção regional

O município de Cariacica está situado na microrregião de Vitória e participa da

Região Metropolitana da Grande Vitória – RMGV, conforme apresentado na Figura 3.

Dista da capital apenas 14 quilômetros.

Possui área de 279,85 Km2 e faz limite com Santa Leopoldina, Domingos Martins,

Viana e, a leste, com Vila Velha, Serra e Vitória. Dada sua localização e o fato de ser

cortado pelas rodovias BR-262 e BR-101, o município faz o elo entre o litoral e a região

serrana do Espírito Santo.

1 Para conhecer cada um dos diagnósticos setoriais em profundidade, acessar o link http://www.cariacica.es.gov.br/prefeitura/secretarias/semgeplan/agenda-cariacica-2010-2030/diagnosticos-agenda-cariacica/?doing_wp_cron=1474025876.6436679363250732421875

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Figura 3 – Inserção regional de Cariacica

FONTE: IBGE, Cidades, agosto de 2016.

Do ponto de vista de sua formação histórica, a região foi originalmente habitada

por populações indígenas Goytacazes, que atribuíram não apenas o nome à cidade como

também ao Monte Moxuara2, sua principal referência geográfica e identitária. O histórico

oficial de Cariacica aponta que é “conhecida por ser a imagem da miscigenação brasileira

devido às fortes origens indígenas e às influências das culturas negra e europeia. Seu

nome surgiu da expressão ‘Cari-jaci-caá’, que os índios utilizavam para identificar o porto

onde desembarcavam os imigrantes e que significa ‘chegada do homem branco’”.

A colonização da região tem como marco o final do século XVI e início do XVII,

a partir das incursões dos portugueses pelo rio Jucu, partindo de Vila Velha, até o

2 O nome Moxuara aparece em alguns documentos também grafado como Mochuara. Nestes casos foi mantido conforme o original consultado.

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território cariaciquense. No local foram estabelecias fazendas e engenhos voltados para a

produção de cana-de-açúcar. Em meados do século XVIII registra-se a chegada dos

Jesuítas à região, que também estabeleceram fazendas e construíram um colégio e um

convento. Além disso, passaram a produzir algodão para tecelagem e consumo próprio.

No século XIX Cariacica recebe novos fluxos populacionais, com a chegada de

um grupo de 400 imigrantes de origem pomerana, em 1830, para trabalhar na estrada que

faria a ligação entre Vitória e Minas Gerais (posteriormente leito da Estrada de Ferro

Vitória a Minas). Após o ano de 1865 chegam novos imigrantes europeus, que criam

colônias alemãs no território, dedicadas à atividade agrícola.

Em meados do século XIX chega à localidade o padre italiano frei Ubaldo

Civitella Di Trento, para trabalhar na catequese dos índios no Espírito Santo. Após passar

pela Freguesia de Viana e pela Ilha de Vitória, estabelece-se na Vila de Cariacica, dando

início à construção, com auxílio da população, da Igreja Matriz de São João Batista,

padroeiro do município.

Junto com o também italiano frei Gregório José Maria de Bene, responsável pela

construção da Igreja de Queimado, na Serra, frei Ubaldo pregava contra a escravidão em

todas as suas formas. Como constante no documento Agenda 2010-2030 área Cultura:

Enquanto isso, em Cariacica, os habitantes não mediam esforços para ajudar frei

Ubaldo na construção da igreja que mais tarde se tornaria marco de formação do

futuro município. Os fiéis faziam procissões nas quais carregavam pedras para a

edificação. O número de escravos nela utilizados era inferior ao empregado no

templo de Queimado, mas eles acreditavam igualmente na liberdade prometida.

Quando se aproximava o dia da liberdade para os escravos de Queimado, frei

Gregório fez uma declaração que causou revolta. Disse que a liberdade

prometida era a de Deus, não a alforria, porque só aos senhores cabia a

emancipação dos cativos. Da frustração para as armas foi um pulo e o prelúdio

de insurreição motivou as autoridades provinciais a enviar tropas para

Queimado, Cariacica e Itaoca. Revolta controlada, escravos presos ou mortos,

ambos os freis foram considerados nocivos à tranquilidade pública e enviados à

Corte. Estes acontecimentos determinaram que a Igreja de Cariacica fosse

concluída apenas em 1851 (p.30).

De acordo com o IBGE, a freguesia foi criada com a denominação São João

Batista de Cariacica, pelo decreto provincial nº 5, de 16-12-1837, subordinada ao

município de Vitória. Através do Decreto Lei Estadual nº 57, de 25 de novembro de 1890,

é elevada à categoria de vila, com o nome de Vila de Cariacica, formada pela sede e pelo

distrito de Itaquari. Logo em seguida, “em 25 de dezembro de 1890, foi conduzida à

categoria de município pelo governador do estado Constante Sodré. Apesar de essa

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autonomia ter ocorrido nesta data, as comemorações são realizadas em 24 de junho, por

ser o dia de São João Batista, padroeiro da cidade” (p.31). O município foi instalado a 30

de dezembro de 1890.

Apesar deste momento de crescimento demográfico e administrativo, o município

mantinha suas características rurais. O processo de urbanização de seu território só se deu

no início do século XX, a partir das atividades de apoio à comercialização e transporte de

mercadorias ligadas à construção da Estrada de Ferro Vitória-Minas, iniciada em 1903.

De acordo com o documento antes citado,

A viabilidade do negócio exigiu a construção de algumas obras de apoio, como

as estações de Porto Velho (entre Itaquari e Jardim América) e de Cariacica

(sede), bem como a implantação de infraestrutura composta por almoxarifados,

oficinas e armazéns de estocagem.

Na década de 40, o processo de expansão urbana em Itaquari e Jardim América

foram fortalecidos por importantes investimentos: a inauguração da Companhia

Vale do Rio Doce (CVRD) que, a partir de 1942, trabalhou na construção de

oficinas de carros e vagões em Itacibá (1943) e de estações em Flexal (1945) e

Vasco Coutinho (1947); a implantação da Companhia Ferro e Aço de Vitória

(COFAVI), em 1946, inicialmente dedicada à produção de ferro-gusa para o

mercado externo; e a abertura da estrada de Vitória ao Rio de Janeiro, em 1948.

Neste contexto, a população urbana do município mais que dobra — apesar de

ter se mantido predominantemente rural até os primeiros anos da década de

1950 —, o que deu ensejo ao surgimento de novos loteamentos, a exemplo de

Bairro Itacibá (1941) e Imobiliária Itacibá (1949) (p.32-33).

Desde então, o crescimento do município tem sido constante, como poderá ser

observado na seção dedicada aos dados demográficos e socioeconômicos, não mais pela

atração de imigrantes europeus, mas pela própria migração interna do estado e da região.

Ao que tudo indica, no final dos anos de 1950 este processo foi intensificado, observando-

se

um crescimento bastante considerável do número de habitantes do município,

que salta de 21.741 (Censo de 1950) para 40.002 habitantes (Censo de 1960).

Para este fenômeno, foi decisiva a intensa migração de pessoas oriundas tanto

do interior do Espírito Santo — principalmente em decorrência da política de

erradicação dos cafezais —, como dos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro

e Bahia, contingente atraído pelas oportunidades de trabalho proporcionadas

pela industrialização crescente e pela possibilidade de maior acesso a serviços

de saúde e educação, supostamente garantidos pela proximidade de Vitória

(p.33).

As décadas seguintes são marcadas por sucessivas políticas de atração de

investimentos por parte do poder público – estadual, federal e mesmo municipal – que,

somadas à facilidade de acesso e localização do município e ao baixo preço das terras na

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região acabaram por configurar um panorama de intenso - e desordenado - crescimento

urbano no território cariaciquense.

1.2. Economia municipal 3

“Em Cariacica existe pouca conscientização sobre cultura. Você

vai numa empresa e é tratado de maneira vaga. As pessoas não têm

conhecimento sobre isto, ainda mais os donos de empresas. Eles

são conservadores” (entrevistado, Cariacica, 2016).

Ao que tudo indica, as últimas décadas registraram processos de incremento da

atividade produtiva local. Conforme constante no volume Agenda 2010-2013 /Contexto

Econômico:

Ao longo dos últimos decênios o Município de Cariacica passou por pelo menos

três momentos decisivos em termos de localização de investimentos. A partir do

início dos anos 1970 era notável a perda de posição em relação aos Municípios

de Vitória e Serra no que tange à produção industrial e dos serviços, após ter

sido durante as décadas anteriores uma referência produtiva em nível regional.

Contudo, a forte urbanização da Região Metropolitana, experimentada a partir

daquele primeiro instante, reservou a Cariacica uma série de potencialidades na

formação de uma complexa rede comercial e de pequenas unidades produtivas,

com a formação de um novo centro local em torno do bairro Campo Grande.

Essa nova situação, especialmente motivada pela forte migração advinda do

interior do estado, a despeito de todas as adversidades da política local, fundou

as bases econômicas para que, na atualidade, o município se apresente

novamente como espaço privilegiado para a localização de vários investimentos

públicos e privados. (p.21)

Segundo apurado nas entrevistas e dados secundários, é possível afirmar que hoje

Cariacica é um município com importante dinamismo e diversificação econômica. Os

dados do IBGE relativos a 2013 indicam um PIB – Produto Interno Bruto Total de R$ 6,9

bilhões de reais, cuja composição está apresentada no Gráfico 1.

3Para mais detalhes ver o volume Contexto Econômico e as potencialidades de emprego e renda, dentro do Programa Agenda 2010-2030, no link http://www.cariacica.es.gov.br/wp-content/uploads/2014/05/Agenda_ContextoEconomico.pdf

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17

Gráfico 1 – PIB a preços correntes, segundo setor de atividade - 2013

FONTE: IBGE, site cidades, 2013.

Como se vê, a maior contribuição vem do setor terciário, com as atividades de

comércio e prestação de serviços, responsável por 47% do PIB municipal. Tal situação

também se reflete na geração de empregos. Em 2010, a população economicamente ativa

acima de 18 anos de idade estava assim dividida: 1,3% trabalhavam no setor

agropecuário, 1% na indústria extrativa, 9,5% na indústria de transformação, 10,7% no

setor de construção civil, 1% nos setores de utilidade pública, 19,8% no comércio e 50,1%

no setor de serviços.

No que é relativo ao número de empresas instaladas no município, os dados do

IBGE indicam que, em 2014, havia 7.220 unidades econômicas em Cariacica, das quais

6.848 em atividade. Juntas geravam 67.269 postos de trabalho, com uma remuneração

média de 2,2 salários mínimos por empregado.

As informações recolhidas no portal da prefeitura e na internet indicam que o

município sedia empresas dos segmentos moveleiro, de confecções, metalmecânico,

siderúrgico e de bebidas; serviços de transporte e armazenamento de mercadorias, além

de um expressivo subcentro metropolitano de comércio varejista.

Na área de serviços, merece destaque, além da sede do Grupo Águia Branca, a

presença no município de 10 instituições privadas de ensino superior, além do IFES

Cariacica, instituição pública federal que oferece gratuitamente graduação em física

0,1 13,6

47,2

17,5

21,5 Agropecuária

Indústria

Comércio e serviços

Administração, saúde e educaçãopúblicas e seguridade social

Impostos

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18

(bacharelado e licenciatura) e engenharia de produção, além da pós-graduação, com o

mestrado profissional em ensino de física.

Na área industrial, destaque para os ramos de siderurgia e metalmecânico:

Na área industrial, o município guarda desde o período anterior aos anos 1970

importantes investimentos. Destacam-se entre estes a siderurgia (antiga

COFAVI, hoje ArcelorMittal) e a produção de bebidas (Coca Cola), cujas

empresas estão organizadas em nível mundial e possuem seus laboratórios

próprios de pesquisa e de inovação concentrados nos países centrais (Europa e

Estados Unidos). Especialmente no caso da siderurgia, cabe destacar o seu

papel na demanda por produtos locais com algum conteúdo tecnológico, com

destaque para os bens e serviços da metalmecânica. Várias empresas familiares,

voltadas para a produção de peças, de equipamentos de automação e de serviços

industriais, atuam no fornecimento à ArcelorMittal no município e aguardam

com grande expectativa a concretização dos anúncios de novos investimentos de

ampliação na unidade de Jardim América e arredores. Esta empresa realiza

seminários para o aperfeiçoamento de fornecedores com atualização sobre os

processos de inovação no mercado.

Ainda no campo da produção tradicional, Cariacica possui vários frigoríficos e

pequenas agroindústrias (cachaça, doces etc.) (CARIACICA, 2007). (p.24).

Atualmente Cariacica possui um importante porto seco e abriga diversas empresas

de logística. Está instalado no município o Centro Logístico de Cariacica

(http://centrologisticocariacica.com.br), com área de mais 100 mil m², próximo à rodovia do

Contorno (BR-101), com 35 módulos de armazenagem.

Entretanto, é no comércio varejista que o município mais se destaca, conforme

explicitado no documento da Agenda 2010-2030, além do Shopping Moxuara,

Campo Grande constitui a maior concentração do comércio varejista no

Município de Cariacica. Denomina-se de shopping a céu aberto a região central

ao redor da Avenida Expedito Garcia, pela abrangência territorial que alcança e

pelo volume de populares que atrai para toda modalidade de compras pessoais,

bem como para a revenda. O bairro, que ganhou singularidade nos anos 1970

pelas construções de pequenas lojas de rua combinadas com a residência de seus

proprietários nos andares superiores, agora abriga também grandes lojas e

vários escritórios, agências bancárias, consultórios médicos e odontológicos,

escolas, grandes restaurantes e supermercados.

Uma singularidade adicional a fazer de Campo Grande um importante centro

comercial tem sido sua proximidade às instalações da CEASA. A atração de

produtores rurais e de intermediários, que comercializam seus produtos no

atacado, é facilitada por sua diversificada demanda por móveis e

eletrodomésticos em geral. Trata-se do aproveitamento dos lojistas locais de um

momento particular, em que camponeses e transportadores convertem os

produtos agropecuários em meio monetário e se dispõem a gastar, pelo menos

em parte, imediatamente na aquisição bens de consumo familiar. Além disso,

também estão nas redondezas do Bairro Campo Grande as principais lojas de

máquinas, equipamentos e ferramentas utilizadas na agropecuária, o que torna

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19

ainda mais diversificada a relação dos usuários da CEASA, grande parte

oriundos da região serrana do estado, com o comércio local (p.30-31).

Se por um lado o município apresenta dinâmica economia e potencial de

crescimento, por outro conta com problemas urbanos e sociais que devem ser

considerados em busca de um desenvolvimento sustentável. Conforme constante no

documento mencionado,

Apesar de ter perdido peso relativo no processo de diversificação produtiva

regional em épocas anteriores, Cariacica ainda mantém um variado conjunto de

atividades produtivas nos três setores da economia: agropecuária, indústria e

serviços. O caráter rural de boa parte de seu território e, ao mesmo tempo, a

localização do município nas proximidades dos demais centros urbanos na

Grande Vitória, garantem a Cariacica grandes oportunidades de investimento

nas próximas décadas.

Contudo às vantagens naturais de sua localização, diversidade de relevo e clima,

abrangência territorial etc., precisam se agregar condições infraestruturais

indispensáveis. O município possui um problema crônico de regularização

fundiária, apontado por muitos gestores locais como o principal gargalo para a

realização da maior parte das políticas públicas de urbanização. Também é

visível que Cariacica ainda carece de uma melhor distribuição energética, uma

maior eficiência em sua malha de transportes e em sua rede de

telecomunicações.

Por outro lado, no campo social, o processo de formação intelectual da

juventude no próprio município e as condições de convívio social (transporte

coletivo, iluminação pública, áreas de esporte e lazer, centros de convivência

etc.) precisam de urgente requalificação (p.22 -23).

1.3. Aspectos demográficos e indicadores sociais

“Historicamente nunca houve interesse da elite por potencializar a

cultura. Se ela fizer isso, vai potencializar o negro” (entrevistado,

Cariacica, 2016).

Como antes relatado, o município de Cariacica teve, ao longo de sua história, uma

série de movimentos migratórios, inicialmente de portugueses e europeus e

posteriormente de brasileiros e capixabas de outras localidades, que vieram contribuir,

juntamente com a população de origem africana, para compor sua diversidade racial,

conforme será apresentado mais adiante. Nos dias atuais, é possível afirmar que continua

havendo aumento de sua população em virtude da atração de pessoas de outras cidades

do estado e, principalmente, da Região Metropolitana de Vitória.

A Figura 4, retirada do volume Dinâmica Populacional da Agenda 2010-2030,

baseada dos dados do IBGE, confirma que o grande crescimento demográfico local se dá

a partir dos anos de 1960.

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20

Figura 4 – Evolução da população de Cariacica – 1920/2010

FONTE: Agenda 2010-2030, Volume Dinâmica Populacional, atualizado em 2011.

O Gráfico 2 desmembra os dados de evolução da população do município para o

período 1991 / 2010, indicando que houve crescimento constante na população urbana,

acompanhada de decréscimo na população rural.

Gráfico 2 - Evolução da população residente, segundo localização urbana e rural –

1991/2010

Fonte: IBGE, Censos Demográficos.

274.357

324.285348.738

261.084

312.980337.643

13.273 11.305 11.095

0

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

300.000

350.000

400.000

1991 2000 2010

Total Urbana Rural

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21

Em relação às taxas de crescimento, entre 1991 e 2000 Cariacica manteve sua

tendência histórica de crescimento acima da média nacional (1,88% e 1,63% ao ano,

respectivamente). Na década seguinte, entretanto, tal crescimento se arrefeceu, ficando o

município em taxas abaixo da média brasileira (0,73% a.a. e 1,17% a.a.). A partir dos

anos 2000, inclusive, o município é suplantado por Serra e Vila Velha nas taxas de

crescimento, apontando novas direções do crescimento interno da Região Metropolitana.

Em todo o período registra-se a ampliação da taxa de urbanização, que já era

elevada no município, e a redução progressiva da população residente em áreas rurais.

Em 2010, como pode ser visto no Gráfico 3, cerca de 97% da população cariaciquense

residia em áreas urbanas.

Gráfico 3 - População segundo local de residência – 2010

Fonte: IBGE, Censos Demográficos.

É importante destacar, contudo, que, ainda nos dias atuais, mais de metade do

território municipal é formado por áreas rurais ou de preservação, o que pode ser visto na

Figura 5.

96,78

3,12

Urbana

Rural

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22

Figura 5 – Uso do solo de Cariacica

FONTE: Agenda Cariacica 2010-2030, volume Uso e ocupação do solo.

Para fins de administração e planejamento, o município foi dividido em regiões,

apresentadas na Figura 6. Em relação a tal divisão territorial, é importante destacar que

não é a sede a região com maior população ou dinamismo, mas sim a Região 4 – Campo

Grande, conforme pode ser visto no Quadro 1, com dados do Censo 2000.

Figura 6 – Regionalização do município de Cariacica, 2006

FONTE: Agenda Cariacica 2010-2030, volume Dinâmica Populacional.

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23

Quadro 1 - Regiões administrativas de Cariacica -20004

Regiões Homens Mulheres Total Hab./dom 2000 (%)

1- Porto Santana 21.323 21.571 42.894 3,86 13,2

2 - Santana 11.114 11.496 22.610 3,63 7,0

3 - Itacibá 15.488 16.360 31.848 3,60 9,8

4 - Campo Grande 23.998 25.778 49.776 3,40 15,3

5 - Itaquari 8.281 9.117 17.398 3,53 5,4

6 - Jardim América 15.999 17.049 33.048 3,53 10,2

7 - Caçaroca 13.541 13.781 27.322 3,76 8,4

8 - Nova Rosa da Penha 9.394 9.444 18.838 3,91 5,8

9 - Cariacica Sede 11.034 10.981 22.015 3,63 6,8

10 - Operário 11.546 11.589 23.135 3,72 7,1

11 - Padre Gabriel 9.907 10.092 19.999 3,74 6,2

12 - Santa Bárbara 6.154 6.183 12.337 3,68 3,8

13 - Rural 1.652 1.409 3.061 3,77 0,9

Total 159.431 164.850 324.281 3,64 100,0 FONTE: Agenda Cariacica 2010-2030, volume Dinâmica Populacional.

No que se refere à distribuição da população por gênero, em 2010 cerca de 51,2%

era composto por mulheres. Quanto à faixa etária da população residente, está

demonstrada no Gráfico 4, com destaque para o significativo percentual de crianças e

adolescentes, correspondente a mais de 33% dos habitantes.

Gráfico 4 - População segundo faixa etária

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010.

4 Nota constante no original: Os nomes das regiões não são oficiais, são denominações da equipe Agenda Cariacica: Dinâmica populacional. Fontes: PDM (2006); IBGE (2000).

15,4

17,8

20,2

23,9

16,8

4,7 1,2

Menos de 9 anos

10 a 19

20 a 29

30 a 44

45 a 64

65 a 79

80 anos ou mais

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24

Entretanto, vale destacar que tal percentual já foi bem maior, sendo registrado no

município a mesma tendência verificada no Brasil como um todo, de queda das taxas de

fecundidade, envelhecimento da população, aumento na proporção de adultos e idosos e

aumento da população em idade ativa.

Nos dias atuais, o município conta com população de 384.621 habitantes, de

acordo com a estimativa populacional do IBGE para 2016.

Ainda que não haja dados atualizados a respeito do perfil racial da população

cariaciquense, os dados do Censo 2010, apresentados no Gráfico 5, indicam que

predominam no município aqueles que se autodeclaram pardos, inclusive em percentual

maior do que a registrada na média estadual. Também o percentual de negros é maior do

que a média do Espírito Santo, ao passo que os brancos são em menor proporção

comparativa. Segundo informantes-chave, em toda a zona rural de Cariacica há

importante presença de descendentes de escravos, destacando-se a região de Roda

D'Água.

Gráfico 5 – População residente, segundo cor ou raça declarada

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010.

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

Branca Preta Amarela Parda Indígena

42,2

8,3

0,6

48,6

0,3

32,6

9,6

0,7

57,0

0,2

Espírito Santo Cariacica

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25

Além do perfil demográfico do município é também fundamental avaliar as

condições de vida de sua população e seus indicadores sociais. Nesse âmbito, é importante

considerar dois índices sintéticos – o IDH-M – Índice de Desenvolvimento Humano

Municipal, e o IVS – Índice de Vulnerabilidade Social.

O IDH-M é um dos índices mais completos utilizados para analisar a situação dos

territórios e que foi adaptado para os municípios a partir da metodologia do Índice de

Desenvolvimento Humano – IDH, inicialmente calculado pelo Programa das Nações

Unidas para o Desenvolvimento - ONU / PNUD para todos os países do mundo. Este

índice mede o grau de desenvolvimento humano de países, estados e municípios, a partir

de três dimensões principais, que são apresentadas a seguir no Quadro 2.

Quadro 2 - Índice de desenvolvimento humano municipal - IDHM – dimensões e

indicadores

Dimensões / eixos Principais componentes / indicadores

Renda Renda per capita da população

Educação Escolaridade da população adulta

Fluxo escolar da população jovem

Longevidade Esperança de vida ao nascer FONTE: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, 2010.

No caso de Cariacica, houve evolução em todos os indicadores nos últimos anos,

como pode ser visto no Gráfico 6, ainda que de maneira desigual. No ano 2010 o

município se posicionava abaixo das médias do estado do Espírito Santo e do Brasil em

praticamente todos os indicadores avaliados. O Gráfico 7 mostra que o melhor

desempenho do município é no quesito longevidade, onde apresenta alto

desenvolvimento humano. Entretanto, ainda apresenta carência e situação de médio

desenvolvimento humano no que é relativo aos indicadores de educação e de renda.

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26

Gráfico 6 – Evolução do IDH-M, segundo dimensões –1991/2010

FONTE: Atlas do desenvolvimento humano no Brasil, 2010.

Gráfico 7 – Comparativo territorial do IDH-M, segundo dimensões –2010

FONTE: Atlas do desenvolvimento humano no Brasil, 2010.

0,498

0,613

0,718

0,5860,641 0,699

0,6870,762

0,844

0,395

0,471

0,628

0,000

0,100

0,200

0,300

0,400

0,500

0,600

0,700

0,800

0,900

Censo 1991 Censo 2000 Censo 2010

IDHM IDHM Renda IDHM Longevidade IDHM Educação

0,000

0,100

0,200

0,300

0,400

0,500

0,600

0,700

0,800

0,900

IDHM IDHM Renda IDHMLongevidade

IDHM Educação

0,727 0,7390,816

0,637

0,740 0,743

0,835

0,6530,718 0,699

0,844

0,628

Brasil Espírito Santo Cariacica

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27

No que é relativo ao Índice de Vulnerabilidade Social – IVS, o Quadro 3 traz suas

principais dimensões de análise e indicadores componentes. Este também é um índice

sintético que reúne indicadores do bloco de vulnerabilidade social do Atlas do

Desenvolvimento Humano (ADH) no Brasil. Permite medir, para além da insuficiência

de renda, indicadores de exclusão social, pobreza multidimensional e vulnerabilidade

social. Foi elaborado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas – IPEA, sobre

dados do Censo 2010 e é considerado um parâmetro importante e válido para todos os

municípios brasileiros.

Quadro 3 - Índice de vulnerabilidade social - IVS – dimensões e indicadores

componentes

Dimensões / eixos Principais componentes / indicadores

Infraestrutura Urbana Abastecimento de água

Esgotamento sanitário

Coleta de lixo

Tempo gasto no deslocamento entre a moradia e o local de trabalho

pela população ocupada de baixa renda

Capital Humano Mortalidade infantil

Crianças e jovens fora da escola

Mães precoces

Mães chefes de família com baixa escolaridade

Baixa escolaridade entre os adultos

Presença de jovens que não trabalham e não estudam

Renda e Trabalho Renda domiciliar per capita igual ou inferior a meio salário mínimo

Insegurança de renda: desocupação de adultos; ocupação informal de

adultos pouco escolarizados; dependência com relação à renda de

pessoas idosas; presença de trabalho infantil FONTE: IPEA - Atlas da Vulnerabilidade social, 2010.

No caso de Cariacica, houve melhoria em todas as dimensões na última década,

com a queda dos índices de vulnerabilidade, como pode ser visto no Gráfico 8.

Entretanto, no ano de 2010 o município ainda se posiciona em pior situação que a

média estadual em todos os indicadores, ao passo que, em relação à média brasileira

apresenta melhor situação quanto ao Capital Humano e à Infraestrutura, mas continua

pior quanto indicadores de Renda e Trabalho (ver Gráfico 9).

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Gráfico 8 – Evolução do IVS, segundo dimensões – Cariacica, 2000/2010

FONTE: IPEA - Atlas da Vulnerabilidade social, 2010.

Gráfico 9 – Comparativo territorial do IVS, segundo dimensões –2010

FONTE: IPEA - Atlas da Vulnerabilidade social, 2010.

A partir da análise desagregada dos indicadores começa a emergir a hipótese de

que o dinamismo econômico e o desenvolvimento social local ainda não têm caminhado

na direção da geração de um desenvolvimento sustentável ou com equidade. Tal hipótese

0,505

0,362

0,559

0,4410,482

0,3710,475

0,2740,200

0,250

0,300

0,350

0,400

0,450

0,500

0,550

0,600

Censo 2000 Censo 2010

IVS IVS Infraestrutura urbana

IVS Capital Humano IVS Renda e trabalho

0,000

0,050

0,100

0,150

0,200

0,250

0,300

0,350

0,400

IVS IVS InfraestruturaUrbana

IVS CapitalHumano

IVS Renda eTrabalho

0,3260,295

0,362

0,320

0,272

0,217

0,3190,285

0,336

0,281

0,3480,379

Brasil Espírito Santo Cariacica

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29

se baseia em uma série de índices levantados pelo próprio Atlas da Vulnerabilidade Social

do IPEA, especialmente relacionados à educação e à renda, que podem ser vistos no

Gráfico 10.

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30

Gráfico 10 – Indicadores de vulnerabilidade selecionados – Cariacica, 2010

Fonte: IPEA, Atlas da vulnerabilidade social, 2010.

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

Taxa deanalfabetismo - 25

anos ou mais

% de crianças de 0 a5 anos fora da

escola

% de pessoas de 15a 24 anos que não

estudam, nãotrabalham e são

vulneráveis

% de pessoas de 18anos ou mais sem

fundamentalcompleto e em

ocupação informal

Mortalidade infantil % de ocupados comrenda inferior a 2

S.M.

% de pobres ouvulneráveis à

pobreza

Taxa dedesocupação - 18

anos ou mais

7,5

65,0

10,4

31,1

13,20

71,7

34,8

8,10

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31

A taxa de desocupação entre maiores de 18 anos em Cariacica era de 8,10% em

2010. O rendimento médio das pessoas ocupadas no município era de R$ 1.044,62 em

2010, ao passo que a média nacional era de R$ 1.296,19 na mesma época. Já a renda per

capita da população cariaciquense (considerando ocupados e não ocupados) era de R$

620,85, enquanto a média brasileira era de R$ 793,87. Ao se avaliar apenas as famílias

consideradas vulneráveis, a renda per capita era de R$ 172,34 mensais.

Por fim, no que é relativo à renda, os números apontam que quase 72% dos

ocupados no município têm rendimentos mensais abaixo de 2 salários mínimos.

Vale destacar, entretanto, que em comparação à média estadual e nacional o

município apresenta menor desigualdade social, uma vez que tem Índice de Gini5 0,45

(contra 0,6 da média brasileira e 0,56 da média capixaba), o que indica menor

concentração de renda no território.

Ao se avaliar os indicadores de educação a situação também apresenta

precariedades, como, por exemplo, uma taxa de analfabetismo de 7,5% entre os maiores

de 25 anos; e um percentual de 65% das crianças entre 0 e 5 anos fora da escola – situação

esta que também é um agravante para as possibilidades das mães conseguirem um

emprego e aumentarem a renda, por não terem onde deixar seus filhos menores.

Algumas vulnerabilidades também podem ser lidas de maneira associada,

agravando a situação da população. Assim, por exemplo, tem-se no município 31,1% de

pessoas acima de 18 anos sem ensino fundamental completo e ligadas a ocupações

informais; além de 10,4% dos chamados “nem-nem”: jovens entre 15 e 24 anos que não

estudam e nem trabalham e são parte da população considerada vulnerável. Do total de

habitantes de Cariacica, 34,8% estão inseridos nas categorias “extremamente pobres”,

“pobres” ou “vulneráveis à pobreza”.

É importante destacar, entretanto, que são positivos os indicadores de

infraestrutura, sendo elevados os percentuais de domicílios servidos com abastecimento

de água, energia elétrica, saneamento básico e coleta de lixo, situação esta que é

favorecida, em comparação com o estado e o país, pela alta concentração da população

nas áreas urbanas, onde tais serviços estão presentes.

5 Este é um indicador da desigualdade de renda e quanto maior seu valor (entre 0 e 1) pior pode ser considerada a situação do território.

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2. A CULTURA EM CARIACICA

“Há muita riqueza em Cariacica. O que falta é oportunidade e

incentivo” (entrevistado, Cariacica, 2016).

É nesse cenário de grande dinamismo econômico e fragilidade em alguns

indicadores sociais que se insere a temática da cultura em Cariacica. As entrevistas

qualitativas, grupos de discussão, dados secundários e questionários preenchidos pelos

agentes culturais locais permitiram ter uma primeira visão sobre as potencialidades e

também as fragilidades da área cultural no município.

Antes de apresentar os resultados obtidos, entretanto, é importante destacar que o

município já conta com um estudo elaborado sobre o tema, que deve ser tomado como

referência e parâmetro, para além do presente diagnóstico: o volume Cultura da Agenda

2010-2030, antes mencionado. Além disso, encontra-se em fase de elaboração o Plano

Municipal de Cultura, que certamente trará análises mais completas e propostas de

atuação que devem ser consideradas.

O presente capítulo foi pensado em cinco temas diferentes e complementares. Em

primeiro lugar, apresentam-se informações a respeito do histórico da política cultural no

Brasil e das atuais diretrizes do Sistema Nacional de Cultura, onde a política cultural

municipal se insere. Em segundo, volta seu olhar para a institucionalidade e a atual

situação do Sistema Municipal de Cultura de Cariacica, com seus instrumentos e

elementos componentes. Em seguida, será apresentada a estrutura física disponível no

município para a realização das atividades culturais. A quarta subseção busca trazer uma

visão panorâmica a respeito da diversidade cultural local, suas principais manifestações,

grupos e artistas, atividades, festas e celebrações, bem como o patrimônio material e

imaterial local. Por fim, a última parte do capítulo volta seu olhar para a situação de

artistas e grupos culturais em Cariacica, indicando as formas de envolvimento nas

manifestações culturais, seus potenciais e fragilidades.

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2.1. Sobre o Sistema Nacional de Cultura6

“Nós precisamos nos encontrar, nos conhecer e somar, para que

essa rede cresça” (entrevistado, Cariacica, 2016).

A política cultural no Brasil vem se institucionalizando cada vez mais nas últimas

décadas, trazendo a gestores, públicos e privados, novos desafios e posturas no exercício

de suas atribuições. De acordo com Botelho (2006), são três os marcos históricos da

política cultural no Brasil, sendo o primeiro a vinda de D. João VI para o Rio de Janeiro,

em 1808, quando foram criadas as primeiras instituições culturais, tais como a Biblioteca

Nacional, o Museu Nacional de Belas Artes e o Museu histórico Nacional. O segundo

marco foi durante o Estado Novo (década de 1930), quando foi implantado um sistema

articulado em nível federal, com instauração de instâncias como o Conselho Nacional de

cultura, o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Serviço Nacional do

Teatro, o Instituto Nacional do Livro e a Casa Rui Barbosa.

Por fim, a autora cita os anos de 1970, período da ditadura militar, como outro

marco da política cultural brasileira. Em 1975, foi lançada a Política nacional de Cultura,

primeira vez em que a cultura aparece como uma das metas de governo. Também são

criações do período a FUNARTE, a Embrafilme, o Conselho Nacional do Direito Autoral

e o CONCINE, entre outros.

Ademais destes três marcos históricos citados pela autora, pode-se identificar

nova configuração da política cultural, que se delineia a partir da década de 1980 e

continua em transformação até os dias atuais. É fundamental apontar que após as

primeiras eleições diretas para os governos estaduais (anos 80), a política cultural foi

fortalecida, com a criação de secretarias de cultura nos estados e municípios, separando-

as da educação, bem como com a instauração do Ministério da Cultura (1985) e da Lei de

Incentivo à Cultura (Lei Sarney – 1986).

Como não só de avanços vive a política pública, o Brasil acompanhou seu

retrocesso durante o Governo Collor, com o rebaixamento das instancias ligadas à cultura;

a extinção do Ministério, rebaixado a Secretaria; o fim da Lei Sarney e a aglutinação das

6 Capítulo baseado na introdução do Plano Municipal de Cultura de Uberlândia, elaborado por LIBANIO, 2012.

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instâncias federais em dois institutos: Instituto Brasileiro de Arte e Cultura – IBAC e

Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural – IBPC, ambos sem força política e orçamento

relevante.

Com a entrada de Paulo Sérgio Rouanet na Secretaria de Cultura inicia-se a

retomada das ações culturais na esfera federal, especialmente com a criação da lei federal

de incentivo à cultura - Lei Rouanet (1991), que buscou garantir investimento privado na

cultura através da renúncia fiscal. Em seguida, já no governo Itamar Franco, assiste-se à

reinstalação do Ministério da Cultura tendo Antônio Houaiss como Ministro, quando é

editada a Lei do Audiovisual (1993).

Durante o Governo Fernando Henrique Cardoso marca-se o fortalecimento da lei

de incentivo como principal meio de ação cultural. Apesar dos avanços registrados,

Botelho (2006) aponta nesse período uma pequena presença do estado na política pública

de cultura, que ficou entregue às mãos do mercado e das empresas incentivadoras.

O novo milênio trouxe consigo a reestruturação da política cultural no país, nas

bases e com os pressupostos hoje considerados como norte para implantação dos Sistemas

Municipais de Cultura. A partir de 2003, com o Governo Lula e a posse do Ministro

Gilberto Gil, inicia-se um novo marco na política pública para a cultura no país. Esse

momento tem como nortes principais:

• a reorganização do papel direto do estado na área cultural, assumindo novamente

e conduzindo ações culturais próprias e também em parceria com a iniciativa

privada e terceiro setor;

• a adoção de uma visão abrangente da cultura, articulada com a cidadania e a

democracia, posicionando a cultura em três dimensões: simbólica, cidadã ou

social e econômica;

• a busca da descentralização territorial, desconcentrando recursos, incentivos e

projetos, antes extremamente concentrados no eixo Rio-São Paulo;

• a recuperação do orçamento para a cultura e a introdução de novos mecanismos

de obtenção de recursos para a área;

• a realização e implantação de instâncias de participação da sociedade na política

cultural, através de fóruns, conferências, conselhos e câmaras setoriais;

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• a implantação do Sistema Nacional de cultura e o incentivo à implantação dos

sistemas estaduais e municipais.

Nesse contexto, colocou-se o desafio de se repensar e reestruturar as políticas

públicas de cultura, de maneira a garantir o efetivo apoio institucional às esferas de

produção, circulação e consumo de bens simbólicos, democratizando o acesso aos meios

de expressão da diversidade cultural de todos os grupos sociais, povos e territórios do

país. Essa nova visão traz a concepção de que a democracia cultural não consiste em

fornecer ao cidadão o mero “acesso” ao que é produzido por outros, mas também, e

principalmente, oferecer suporte, meios para que o cidadão, de diversos segmentos

sociais, possa desenvolver suas expressões culturais.

Resumindo, então, pode-se dizer que a política cultural no Brasil, com seu atual

formato de institucionalização, teve suas bases lançadas em meados da década de 1980,

com a criação do Ministério da Cultura e da Lei Sarney, em primeiro momento, e

posteriormente da Lei Rouanet, já nos anos de 1990. Após quase 20 anos desse processo,

iniciou-se, a partir de 2003, a reestruturação do papel do Estado e da política cultural no

país, capitaneado pelo Ministério da Cultura, que culminou na implantação do Sistema

Nacional de Cultura.

De acordo com Botelho (2006):

o Ministério da Cultura incentivou intensa mobilização nacional em torno de

conferências municipais, estaduais, culminando com a nacional em novembro

de 2005, para dar substância ao Sistema Nacional de Cultura, que, se

estabelecido e não sofrer solução de continuidade em próximas gestões,

organizará a articulação entre os entes da federação e a sociedade civil. Neste

Sistema, o diálogo e a negociação permanente entre as instâncias municipal,

estadual e federal deverão constituir não só a novidade desse mecanismo, bem

como permitirão a otimização de recursos humanos e materiais no

desenvolvimento da vida cultural brasileira. Ou seja, dentre outras ações e

programas importantes que foram iniciados (e que não cabe aqui arrolar), o

Ministério da Cultura vem investindo em ações estruturantes que nos permitem

esperar uma melhoria significativa de espaços de gestão intergovernamental e

de cogestão com os movimentos culturais. (p. 45)

O Sistema Nacional de Cultura constitui-se, portanto, como um processo em que

se articulam vários agentes – em diversas instâncias da federação -, bem como diversas

políticas e programas, tendo como objetivo final a formulação e implantação de políticas

públicas de cultura de longo prazo, discutidas e pactuadas com a sociedade civil, artistas,

grupos culturais, movimentos e a comunidade como um todo.

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O principal objetivo do SNC é fortalecer institucionalmente as políticas culturais

da União, Estados e Municípios, com a participação da sociedade, considerando que,

ainda hoje, as políticas para a cultura continuam ocupando posição periférica na agenda

da maioria dos governos, além de serem conduzidas de forma pouco profissional. Parte

desse problema está na indefinição a respeito do papel do poder público (Estado) na vida

cultural.

Dessa forma, o SNC propõe articular governos – federal, estaduais e municipais

– e sociedade civil organizada – através de conselhos, conferências e fóruns – para a

promoção de políticas e ações culturais integradas. Em linhas gerais, os principais

objetivos específicos do Sistema Nacional de Cultura são:

• Estabelecer parcerias entre os setores público e privado na gestão e promoção da

cultura e promover o intercâmbio entre os entes federados para a formação,

capacitação e circulação de bens e serviços culturais;

• Estabelecer um processo democrático de participação na gestão das políticas e dos

investimentos públicos na área cultural;

• Implementar políticas públicas que viabilizem a cooperação técnica entre os entes

federados na área cultural, bem como articular e implementar políticas públicas

que promovam a interação da cultura com as demais áreas sociais, destacando seu

papel estratégico no processo de desenvolvimento social;

• Promover agendas e oportunidades de interlocução e a interação entre as áreas de

criação, preservação, difusão e os segmentos da chamada indústria cultural.

Para tanto, tem entre seus princípios fundamentais:

• Diversidade das expressões culturais;

• Universalização do acesso aos bens e serviços culturais;

• Fomento à produção, difusão e circulação de conhecimento e bens culturais;

• Cooperação entre os entes federados, os agentes públicos e privados atuantes na

área cultural, bem como integração e interação na execução das políticas,

programas, projetos e ações desenvolvidas;

• Complementaridade nos papéis dos agentes culturais;

• Transversalidade das políticas culturais;

• Autonomia dos entes federados e das instituições da sociedade civil;

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• Transparência e compartilhamento das informações, além de democratização dos

processos decisórios com participação e controle social;

• Descentralização articulada e pactuada da gestão, dos recursos e das ações;

• Ampliação progressiva dos recursos contidos nos orçamentos públicos para a

cultura.

Para se efetivar, a nova proposta pressupõe e depende de uma articulação entre as

diversas esferas de governo na implantação da política pública. Cada um dos participantes

do Sistema tem suas atribuições e papel, cabendo ao Governo Federal, através do

Ministério da Cultura: criar as condições de natureza legal, administrativa, participativa

e orçamentária para implantação do Sistema Nacional de Cultura – SNC; coordenar e

desenvolver o SNC; implantar o Conselho Nacional de Política Cultural; realizar a

primeira Conferência Nacional de Cultura; apoiar a realização das primeiras conferências

estaduais, municipais e distrital de Cultura; manter em atividade o PRONAC; implantar

e coordenar o Sistema Nacional de Informações Culturais; aprimorar e fortalecer os

mecanismos de financiamento da cultura, no âmbito da União; compartilhar recursos para

a execução de programas, projetos e ações culturais, no âmbito do SNC; acompanhar a

execução de programas e projetos culturais, no âmbito do SNC; fomentar a

integração/consorciamento de Estados e Municípios para a promoção de metas culturais.

Quanto aos municípios, compete: criar condições de natureza legal,

administrativa, participativa e orçamentária para sua integração ao SNC; integrar-se ao

SNC; consolidar o Plano Municipal de Cultura; criar e implantar, ou manter e assegurar

o funcionamento do conselho municipal de política cultural; criar e implantar, ou manter

e assegurar o Fundo Municipal de Cultura; realizar a conferência municipal de cultura,

previamente à primeira conferência nacional; apoiar a realização das conferências

nacional e estaduais de Cultura; compartilhar recursos para a execução de ações,

programas e projetos culturais no âmbito do SNC; compartilhar informações junto ao

Sistema Nacional de Informações Culturais disponibilizado pela União; implantar e

regulamentar as normas específicas locais dos sistemas setoriais de cultura; cumprir as

metas e prazos definidos no planejamento estratégico do SNC.

Enfrentando um processo lento e de longo prazo, além de dificuldades de ordem

legal (aprovação de leis e emendas no congresso) e política para sua instauração, até o

momento o SNC ainda não atingiu a maioria dos municípios brasileiros, mas tem

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mostrado ampliação de sua capilaridade em todo o país. Apesar do esforço no sentido da

institucionalização da cultura no país, vê-se que o processo é ainda incipiente. Nas

palavras de Avelar (2012),

Nosso grau de indigência cultural se revela nos números preocupantes

apontados pelo Perfil dos Municípios Brasileiros, estudo realizado anualmente

pelo IBGE. Em 2009, na maior parte (70,9%) dos municípios havia secretarias

municipais de cultura conjuntas com outras políticas (principalmente educação,

turismo e esportes). Apenas 9,4% dos municípios tinham secretaria exclusiva de

cultura, e 1,9% tinha órgão da administração indireta com esse fim. Segundo a

mesma pesquisa, em 2009, 76,7% das cidades brasileiras não possuíam museus,

91,9% não tinham salas de cinema, 78,9% não possuíam teatros, 70,4% não

tinham centros culturais e 72% não contavam com uma única livraria. (p. 201)

Nos últimos anos, tem havido significativo aumento da adesão dos municípios ao

SNC, o que, ao se realizar gradativamente, vem contribuindo para mudar o panorama

inicialmente apresentado. Segundo Calabre (2012),

O desenho original do Sistema foi sendo aprimorado e a discussão nacional,

ampliada. Em 2010, o projeto de lei que instituiu o SNC começou a transitar no

Congresso Nacional, prevendo a criação de sistemas estaduais de cultura e

sistemas municipais de cultura. No caso dos municípios, o projeto dispõe que os

sistemas municipais de cultura (SMC) possuam, no mínimo, cinco dos

componentes previstos para os SMC, que são: secretaria de cultura (ou órgão

equivalente), conselho municipal de política cultural, conferência municipal de

cultura, plano municipal de cultura e sistema municipal de financiamento da

cultura (com fundo municipal de cultura). (p. 174)

Além desses, há outros componentes fundamentais no Sistema, que entretanto não

figuram como obrigatórios. Nas palavras de Calabre (2012),

Dois outros instrumentos de gestão estão previstos no SNC: o Sistema de

Informações e Indicadores de Cultura e o Programa de Formação na Área da

Cultura. Apesar de não estarem previstos como um dos cinco componentes

mínimos de um sistema municipal de cultura, são fundamentais para a

implementação e o bom funcionamento do restante do conjunto. A produção de

informações sobre a cultura local é fundamental para garantir uma maior

eficácia na gestão. (p. 176)

A Figura 7 traz o desenho do Sistema, com seus elementos componentes.

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Figura 7 – Elementos constitutivos dos Sistemas de Cultura

Fonte: MINC / SNC - Caderno de orientação aos municípios.

Como resultados, espera-se uma efetiva articulação nacional, intersetorial, para o

desenvolvimento da cultura no país, com o Sistema Nacional de Cultura implantado e em

funcionamento em todos os estados da federação e municípios brasileiros.

É neste novo cenário nacional que se insere o Sistema Municipal de Cultura de

Cariacica, que se detalha nas próximas páginas.

2.2. O Sistema Municipal de Cultura de Cariacica

“Tivemos uma mudança importante depois da nossa primeira e

única Conferência Municipal de Cultura. Algumas coisas

aconteceram depois disso. Não devemos culpar somente a

Secretaria de Cultura. Também somos culpados. Quem é cidadão

tem que participar. É através deste trabalho que podemos dar o

grito. Quem faz a hora somos nós” (entrevistado, Cariacica, 2016).

Do ponto de vista da institucionalidade da área cultural, é possível afirmar que o

município encontra-se em situação favorável. Cariacica já assinou o Acordo de

Cooperação Federativa com o Ministério da Cultura / SNC, e já realizou a criação do

Sistema Municipal de Cultura, através da Lei 5.409/2015.

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O órgão gestor no município é a SEMCULT - Secretaria Municipal de Cultura,

que foi desmembrada da antiga Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer. Suas atribuições

são: formular e executar a política cultural municipal; elaborar, coordenar e executar o

Plano Municipal de Cultura; e viabilizar mecanismos de financiamento de atividades

culturais, dentre outras competências.

O Sistema Municipal de Cultura conta ainda com seu Conselho Municipal de

Política Cultural implantado, principal instância de articulação, pactuação e deliberação

da sociedade civil, junto com a Conferência Municipal de Cultura.

É fundamental destacar que o CMPC de Cariacica tem caráter consultivo e

deliberativo, além de uma favorável composição, paritária entre a sociedade civil e o

poder público municipal. Além da instância máxima de discussão e deliberações, que é

sua plenária, o Conselho conta com a Secretaria Executiva - que fornece o suporte para

seu funcionamento – e as Comissões Temáticas, responsáveis por fornecer subsídios para

a tomada de decisão sobre temas específicos, transversais ou emergenciais relacionados

à área cultural.

O Conselho é composto por 20 membros e é presidido pelo Secretário de Cultura

do município ou alguém por ele indicado. De acordo com entrevistados, o Conselho é

considerado ativo, participativo e atuante. Para o biênio 2016-2017, são os seguintes os

membros do Conselho:

• Presidente, Vice-presidente e Secretário-executivo do Conselho Municipal de

Política Cultural de Cariacica: Fernando Santos Macarineli; Hudson Alves Braga

e Elton John Alves;

• Representantes do Poder Público:

o Secretaria Municipal de Cultura: Titular: Carlos Délio da Silva Ferreira;

Suplente: Letícia Oliveira Rodrigues; Titular: Fernando Santos

Macarineli; Suplente: Elton John Alves; Titular: Carlos Alberto Assunção;

Suplente: Alfredo Evangelista dos Santos Filho;

o Secretaria Municipal de Desenvolvimento da Cidade e Meio Ambiente:

Titular: Raquel Praxedes Gomes de Mello; Suplente: Ronisson Augusto

Alves, Maria das Graças Souza;

o Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social: Titular: Cristiano Porto

Lopes; Suplente: Deivid Heringer Millard

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o Secretaria Municipal de Educação: Titular: João Batista Vita; Suplente:

Wanderson Campos Souza;

o Secretaria Municipal de Esportes e Lazer: Titular: João Vitor de

Figueiredo Cellin; Suplente: Rogéria Santos;

o Secretaria Municipal de Finanças: Titular: Eluciany Ferreira Melo;

Suplente: João Batista Caetano de Jesus;

o Gabinete do Prefeito: Titular: Emerson Renato da Silva; Suplente: Maria

Marta Morra Tomé;

o Câmara Municipal: Titular: Erildo Denadai; Suplente: Celso Andreon;

• Representantes da Sociedade Civil:

o Câmara de Artesanato: Titular: Jocilene Barbosa Muniz; Suplente: Sirléia

Barbosa de Almeida do Nascimento;

o Câmara de Artes Cênicas: Titular: Hudson Alves Braga; Suplente: Nelson

Ricardo Amaro;

o Câmara de Artes Visuais: Titular: Luiz Rafael Alves Nunes; Suplente:

Hiago Silva Nascimento;

o Câmara de Áudio Visual: Titular: Dener Serrano Rodrigues; Suplente:

Juliana da Gama Souza;

o Câmara de Cultura Popular: Titular: Ana Lúcia da Rocha Conceição;

Suplente: Eleandro da Silva;

o Câmara de Hip Hop: Titular: Miqueias Henrique Matos Cruz;

o Câmara de Humanidades: Titular: Eliane Dutra da Silva Rodrigues;

Suplente: Jocinei Alcântara Chaves;

o Câmara de Literatura: Titular: Bruno Luiz de Mattos Oliveira; Suplente:

Marcos José Bubach;

o Câmara de Música: Titular: Marcelo Carvalho de Oliveira; Suplente:

Uerdson Guisolfi Lopes;

o Câmara de Patrimônio Cultural: Titular: Marcos Prado Rabelo; Suplente:

Cerli Codeco.

É muito importante destacar, a partir da análise da composição do Conselho acima

descrita, que o município parece apresentar uma preocupação com a intersetorialidade e

a transversalidade da cultura. Isso porque incorpora representantes de outras secretarias,

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como Educação; Desenvolvimento da Cidade e Meio Ambiente; Desenvolvimento

Social; Esportes e Lazer; Finanças e o próprio Gabinete do Prefeito, além de

representantes da Câmara de Vereadores.

Tal iniciativa é não apenas desejável, mas também louvável e deve ser

reconhecida e, de fato, fortalecida, através de propostas e ações concretas, para que possa

redundar em políticas transversais no âmbito da gestão pública municipal.

O município também já realizou sua I Conferência Municipal de Cultura, cujas

propostas e encaminhamentos estão detalhados no Anexo 4 do presente volume. Destaca-

se que várias das propostas surgidas na Conferência já foram seguidas ou se encontram

em processo de implementação, como, por exemplo: adesão ao SNC; a já mencionada

separação da Secretaria de Cultura das pastas do esporte e do lazer; e reformulação da Lei

de Incentivo João Bananeira, da qual se falará adiante.

Vale destacar ainda que o Plano Municipal de Cultura está em fase de elaboração

e tem como previsão de conclusão o prazo constante no Acordo de Cooperação assinado

com o MINC, que é até março de 2017.

É importante destacar ainda que o município conta com um Plano Estratégico de

Governo, elaborado pela Gestão 2013-20167, onde estão listados os principais desafios a

serem enfrentados e estratégias para cada uma das secretarias municipais. No caso da

Cultura, os principais desafios colocados foram:

• Ampliação da oferta de espaços públicos municipais devidamente equipados

destinados à difusão cultural na cidade por meio da construção/recuperação de

espaços;

• Fortalecimento das políticas públicas culturais;

• Desmembramento da SEMCEL e estruturação da Secretaria de Cultura e da

Secretaria de Esporte e Lazer;

• Desenvolvimento de ações de parcerias com secretarias afins, comunidades e

organização da sociedade civil visando implementar a criação de núcleos de

formação artística em escolas e outros espaços alternativos.

7 O presente diagnóstico foi concluído justamente no mês que antecedeu as eleições municipais 2016 e devem ser, portanto, consideradas possíveis mudanças na política cultural nos próximos anos, dependendo das novas propostas para a próxima gestão à frente da administração municipal.

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As principais ações e estratégias propostas estão apresentadas no Quadro 4,

realçando a questão dos espaços para as práticas culturais, a realização de convênios e

parcerias, a proposição de novos projetos culturais e a própria estruturação do Sistema

Municipal de Cultura.

Quadro 4 – Estratégias e projetos culturais para Cariacica – 2013/2016

Estratégia Projetos e ações

Reformar, revitalizar,

restaurar, construir e

adequar espaços

Culturais de Cariacica.

Reformar centro cultural Frei Civitella de Trento; Compra de

Mobiliário e Equipamentos Técnicos para o Centro cultural Frei

Civitella de Trento; Reformar Centro Histórico “Eduartiano Silva”;

Compra de Mobiliário e Equipamentos Técnicos para o centro

histórico “Eduartiano Silva”; Revitalizar a biblioteca pública

municipal “Madeira de Freitas”; Construir Teatro Municipal de

Cariacica ; Restaurar a estação ferroviária de Areinha e

transformação /adequação do espaço em escola de artes; Compra de

Mobiliário e Equipamentos Técnicos para Estação de Areinha;

Desapropriação de Imóveis no Entorno da Estação de Areinha;

Inserção de novos

projetos Culturais para o

Município.

Realizar Festival de bossa, Blues e Jazz (Fest Bossa, Blues e Jazz

Cariacica); Realizar Festival de chorinho/samba – Cariacica em

samba e chorinho; Apoiar a participação de Cariacica nos festivais

nacionais de: teatro e dança; Realizar Projeto Festival de Música

Estudantil e Realizar Projeto Encontro de bandas e fanfarras; Realizar

Projeto Expoarte de Cariacica; Realizar Projeto Curta - Vídeo de

Cariacica; Realizar atividades artísticas nos núcleos de 3º idade;

Promover evento de Resgate do dia 30 de dezembro, dia oficial do

Município; Realizar concurso para a criação do Hino oficial de

Cariacica;

Realização de parceiras

e convênios Culturais

Promover cursos de capacitação para elaboração de projetos

culturais; Firmar parcerias com instituições de ensino técnico e

superior localizados em Cariacica; Convênio com a ABCC – (Bandas

de Congo); Executar convênio com / MINC para capacitação artística

para utilização de recurso; Firmar parceria com secretarias afins,

comunidades, organizações da sociedade civil e instituições públicas

e privadas para a realização de programas e ações que objetivem a

valorização da cultura local; Apoiar a realização dos eventos do

calendário oficial;

Estruturação da

Secretaria.

Realizar o desmembramento da Secretaria de Cultura, Esporte e

Lazer; Reestruturar o COMCULT; Elaborar Plano Municipal de

Cultura; Criar editais do Fundo Municipal de Cultura;

Projeto Lei João

Bananeira

Adequar a Lei João Bananeira; Ampliar número de empresas

parceiras para troca de bônus da Lei João Bananeira. FONTE: Prefeitura de Cariacica. Planejamento Estratégico de Governo, gestão 2013-2016.

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Várias das ações propostas também já foram implementadas, ou encontram-se em

processo de realização. Entre elas, além da já mencionada reestruturação da Secretaria e

das políticas públicas, vale destacar a alteração da Lei João Bananeira e a reforma do

Centro Cultural Frei Civitella de Trento.

A SEMCULT também vem trabalhando no sentido de realizar um mapeamento

cultural dos artistas e grupos locais. Além disso, segundo seus representantes, tem

desenvolvido projetos de educação patrimonial e, em parceria com a Secretaria de

Educação, o projeto Viver Cariacica, com exposição cultural nas escolas e proposta de

criação de uma banda de congo mirim com os alunos. Também estava prevista a

realização do primeiro simpósio municipal de história cultural, através de trabalho com

professores e alunos da rede pública.

Para finalizar a descrição do Sistema Municipal de Cultura de Cariacica, é

importante mencionar que o município conta com mecanismos de fomento instalados,

através da já citada Lei João Bananeira8.

De acordo com documentos oficiais, a lei de incentivo à cultura do município foi

a terceira implantada no Estado. Através da Lei nº 4.368/2005 foi criado o Projeto

Cultural João Bananeira, com as seguintes características:

• Possibilidade de apoio a projetos em duas áreas:

o Projetos especiais – projetos de interesse direto do Município, abrangendo

seu patrimônio histórico, natural e artístico e seus espaços e equipamentos

culturais;

o Projeto de Incentivo às Artes (música, dança, teatro, circo, ópera, cinema,

fotografia, vídeo, literatura, artes plásticas, artes gráficas, filatelia,

folclore, capoeira e artesanato);

• Renúncia fiscal anual com valores entre 1% e 5% da receita anual do ISSQN;

• Concessão de certificados aos projetos culturais aprovados, que permitiam a

captação de recursos junto a potenciais incentivadores - pessoa física ou jurídica.

Estes, de posse dos certificados, poderiam com eles “pagar” o ISSQN devido, até

8 A lei recebeu o nome de João Bananeira em homenagem ao tradicional personagem do Congo cariaciquense, da região de Roda D´Água.

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o limite máximo de 20% por incentivador, o que foi tradicionalmente chamado no

município por “troca de bônus”.

De acordo com entrevistas realizadas no município, tal sistema tinha uma série de

problemas e falhas, entre eles o fato de que havia apenas três meses para a troca de bônus,

além de problemas burocráticos que dificultavam muito a captação de recursos pelos

produtores culturais junto às empresas.

Assim, foi proposta a reformulação do mecanismo, que se deu através da Lei nº.

5.477, de 13 de outubro de 2015. Seus dois primeiros artigos já apontam a principal

mudança:

Art. 1 - O Projeto Cultural “João Bananeira”, criado pela Lei Municipal N°

4.368/2005, deixa de ter caráter de incentivo fiscal e passa a compreender

incentivo financeiro.

Art. 2 - A Lei Municipal de Incentivo Financeiro à Cultura - Lei João

Bananeira, consiste em incentivo financeiro a ser concedido a pessoa física ou

jurídica contribuintes do Município de Cariacica para realização de Projetos

Artísticos e Culturais.

Já o Artigo 5 amplia as áreas culturais contempladas, apesar de manter os projetos

especiais:

Art. 5 - São abrangidas por esta lei as seguintes áreas:

§ 1º - Projetos Especiais, que correspondem aos projetos de interesse direto do

Município, abrangendo seu patrimônio histórico, cultural, artístico e seus

espaços e equipamentos culturais.

§ 2º - Projeto de Incentivo às Artes, que correspondem aos projetos elaborados e

apresentados por produtores culturais relacionados às áreas e as atividades de

artes musicais, artes cênicas (dança, teatro, circo, ópera e afins), audiovisuais

(cinema, vídeo e afins), artes visuais (colagens, gravuras, fotografia, moda,

paisagismo, decoração, charges, quadrinhos e afins) artes literárias, artes

plásticas, cultura popular (carnaval, folclore, capoeira e artesanato e afins), arte

contemporânea (novas mídias, performance, instalação, manipulação digital e

afins).

A SEMCULT acredita que a nova modalidade - de financiamento direto ao

realizador do projeto cultural, através de recursos orçamentários ordinários - vai favorecer

os projetos de menor porte ou com menores chances de captação no mercado. O valor

disponibilizado anualmente continua dentro dos limites de 1% a 5% da arrecadação anual

do ISSQN.

Nas palavras de um dos participantes dos grupos de discussão:

a mudança na Lei João Bananeira foi muito positiva. Tínhamos muita

dificuldade de trocar os bônus. Tínhamos que mendigar às empresas. Havia uma

discriminação por parte das empresas. Aquilo que não iria dar visibilidade à

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empresa tinha muitas dificuldades. Essa mudança que tirou a passagem pela

iniciativa privada foi um grande avanço. A mudança aconteceu de forma

colaborativa e participativa. Isso uniu mais os artistas (entrevistado, Cariacica,

2016).

O Edital I – 2015 da Lei João Bananeira, para realização em 2016, estipulou o teto

máximo de R$ 710 mil, sendo que os Projetos Especiais poderiam absorver até 50% do

valor do edital (R$ 350 mil) e os projetos da categoria Incentivo às artes teriam teto de

até R$ 29.500 cada. O Quadro 5 apresenta os projetos aprovados, segundo Câmara

setorial e valor total.

Quadro 5 – Projetos aprovados na Lei João Bananeira - 2016

CÂMARA

CULTURAL

TÍTULO DO PROJETO VALOR

APROVADO

Cultura Popular Projeto Laços de Cultura R$ 28.569,20

Cultura Popular Curso "Universidade de congo de Cariacica para gerações

afro-culturais"

R$ 25.000,00

Cultura Popular O artesanato apresenta Cariacica R$ 29.350,00

Cultura Popular Afro comunidade R$ 10.000,00

Cultura Popular A arte da Capoeira - da palma da mão a ponta do pé R$ 18.594,70

Cultura Popular Mini máscara de congo - mantendo a tradição R$ 28.029,50

Artes Cênicas Intervenções Urbanas "Cultura na faixa" R$ 27.915,43

Artes Cênicas Oficina de teatro e inclusão social R$ 23.016,60

Artes Cênicas I mostra regional de teatro de Cariacica - Troféu pássaro de

fogo

R$ 55.725,00

Artes Cênicas Montagem do espetáculo teatral "A revolução do baixo

ventre"

R$ 29.510,18

Artes Cênicas Ser tão R$ 10.000,00

Literatura Concurso Literário Escola Tancredo Neves 2015-2016 R$ 11.000,00

Literatura Investindo em relacionamentos R$ 12.050,00

Literatura Livro biográfico - pé no chão R$ 9.700,00

Literatura Cariacica em versos R$ 11.275,00

Literatura O som das estrelas caídas R$ 10.700,00

Literatura Na ânsia do abrigo R$ 7.389,14

Literatura Que país é este? R$ 13.000,00

Música Arca da aliança na Batida Perfeita R$ 6.600,00

Música Cantos Meus R$ 18.720,00

Música Gravação de CD "Melhor Companhia" R$ 17.700,00

Música CD Vem criança, vem brincar de capoeira R$ 14.410,00

Música CD Dança na Fala R$ 22.250,00

Música Projeto Alpha R$ 20.300,00

Artes Plásticas Mural cultural João Bananeira R$ 18.818,63

Artes Plásticas Construindo valores através da arte R$ 9.871,54

Audiovisual Curta metragem: Filhos do congo R$ 10.000,00

Audiovisual Oficina de animação: Aprenda praticando R$ 25.594,75

Artes Visuais Cariacica retratada por fotos, desenhos e caricaturas R$ 22.500,00

Artes Visuais Exposição memórias fotográficas de Cariacica R$ 26.360,13

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CÂMARA

CULTURAL

TÍTULO DO PROJETO VALOR

APROVADO

Artes Visuais Memorial fotográfico da Obra Social Cristo Rei R$ 29.340,00

Artes Visuais Registro dos mestres congueiros de Cariacica R$ 25.000,00

Patrimônio Placas sinalizadoras do patrimônio histórico de Cariacica

Sede

R$ 29.475,00

Patrimônio Oficinas de conservação do Patrimônio Histórico

Documental de Cariacica - ES

R$ 29.484,20

Patrimônio Memórias da cidade: lembranças cariaciquenses R$ 22.751,00 FONTE: Prefeitura de Cariacica. SEMCULT. Edital I – 2015, Resultado Final, 05/06/2016.

O município conta também com um Fundo de Projetos Culturais, o qual, segundo

se apurou, ainda não teve abertura de editais para sua utilização. Conforme constante do

volume Cultura da Agenda 2010-2030,

O Fundo Municipal de Cultura, criado em 2010, é mais um mecanismo para dar

visibilidade à produção cultural do município. O Fundo tem por finalidade

proporcionar recursos financeiros a projetos e programas de desenvolvimento

artístico-cultural e proporcionar o intercâmbio artístico e cultural; o

aprimoramento das condições do poder público municipal, no que se refere à

criação e manutenção de equipamentos culturais; a documentação, estudo e

preservação do patrimônio histórico, cultural e artístico do município; além do

aprimoramento técnico dos artistas e produtores culturais de Cariacica; e do

incremento do conhecimento acerca da atividade cultural.

Os eventos tais como, projetos de difusão cultural, abrangem turnês de artistas

capixabas, realização de festivais, mostras, circuitos culturais, ou apresentação

de artistas nacionais e internacionais em Cariacica.

Pesquisas acerca da produção, difusão, comercialização ou recepção das

atividades culturais poderão ser apoiadas pelo Fundo. Programas de formação

cultural, que tem por objetivo realizar cursos e oficinas, também poderão ser

apoiados financeiramente ou por meio de concessão de bolsas de estudo.

A receita do fundo será formada por repasses do Poder Público Municipal;

provenientes de ações da prefeitura ou por ela apoiadas; ou ainda de doações de

pessoas físicas e jurídicas; receitas de eventos, atividades ou promoções

realizadas com a finalidade de angariar recursos para o fundo (p.10).

Vale destacar que a implementação de tal mecanismo pode ser primordial para a

realização de projetos de maior vulto, tais como aqueles ligados à implantação de espaços

culturais – uma das principais reivindicações de artistas e grupos, como se verá a seguir

– e aqueles ligados à preservação e conservação do patrimônio cultural material e

imaterial de Cariacica.

Concluindo a temática da política pública de cultura, é preciso registrar que os

artistas e produtores locais se queixam da ausência – ou pequena atuação – da SEMCULT

e mesmo de oportunidades advindas da Secretaria Estadual de Cultura do Espírito Santo.

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Entretanto, também reconhecem que falta aos artistas uma ação mais proativa, mais

independente.

Nas palavras de um dos participantes dos grupos de discussão:

as ações são muito tímidas, mas não acho que a municipalidade deveria fazer as

coisas, acho que nós mesmos devemos fazer e para isso temos que ter recursos.

O Estado não tem que ser produtor (entrevistado, Cariacica, 2016).

Corroborando esta ideia, outro ainda aponta:

todos reconhecem os problemas que a Secretaria enfrenta, mas reconhecemos

que temos que nos articular. A Prefeitura não vai ser catalisadora de todas as

ações, mas, se existe um poder constituído, temos que cobrar. O Estado não

pode ser tutor. Cabe a nós realizar (entrevistado, Cariacica, 2016).

2.3. Espaços e equipamentos culturais

“A vontade dos artistas de terem um espaço físico de referência

para a cultura era tão grande que nós abrimos mão do Fundo

Municipal no ano passado para que a verba fosse aplicada na obra

do Centro Cultural. Mas faltam os equipamentos. Há uma previsão

de abrir esse espaço de referência em junho” (entrevistado,

Cariacica, 2016).

De acordo com o que foi apurado nas pesquisas primárias e secundárias, a falta de

espaços para as práticas culturais é um dos principais problemas enfrentados por artistas,

gestores e poder público em Cariacica. Tanto é assim que a reforma e criação de novos

espaços culturais aparece como prioridade da administração, como antes relatado.

Atualmente, são três os espaços públicos destinados à cultura no município de

Cariacica, número este realmente muito pequeno considerando o tamanho de sua

população e de seu território. Estes espaços serão descritos a seguir.

A Biblioteca Pública Municipal Madeira de Freitas está localizada na região de

Campo Grande e foi recentemente reformulada e reinaugurada. Conta com 200m²,

divididos entre recepção, telecentro, sala multiuso, salão de leitura, espaço infanto-juvenil

e espaços da administração. De acordo com dados oficiais disponíveis, seu acervo é de

aproximadamente 8.000 exemplares. Recentemente a Biblioteca foi uma das 50

bibliotecas públicas municipais contempladas a participar do Projeto CDI Bibliotecas,

com a montagem de um espaço com 10 notebooks, integrado a 50 bibliotecas públicas

municipais e estaduais localizadas nas 27 unidades da federação.

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Também localizado em Campo Grande, o Centro Cultural Frei Civitella di Trento

foi recentemente reformado e teve seu espaço ampliado, com recursos do Fundo de

Cultura, direcionados com aprovação do Conselho Municipal de Cultura. À época da

pesquisa do Diagnóstico, a reforma estava concluída, faltando, entretanto, recursos para

equipar o espaço. Tem teatro com capacidade para 163 lugares, adaptado para cineclube;

no andar de cima há salas para capacitação e oficinas artísticas. Em sua reforma foram

investidos mais de R$ 2 milhões em recursos próprios da Prefeitura.

Por fim, o Centro Histórico Eduartino Silva, localizado na sede municipal, em

frente à Praça Marechal Deodoro, atualmente sedia uma biblioteca comunitária e um

pequeno auditório. De acordo com a SEMCULT, a proposta é implantar no espaço um

centro de memória para contar a história da cidade.

A classe artística critica a falta de espaços públicos para a cultura e aponta algumas

sugestões. Entre estas, realça a importância de se equipar e disponibilizar com urgência o

“tão sonhado Centro Cultural”, além de garantir que “sua gestão seja compartilhada com

a classe cultural”. Além disso, foi mencionada a necessidade de se implantar um “ponto

de apoio ao turista, com espaço para oferta de artesanato e produtos da agricultura e

pequena indústria familiar, galerias e venda de produtos dos artistas locais”.

No que é relativo aos espaços privados destinados às atividades culturais, foi

realçado que o município não possui um equipamento cultural para abrigar eventos de

grande porte. Nesse sentido, um dos entrevistados mencionou que falta “um espaço

multiuso, com capacidade acima de 300 pessoas, equipado com toda a infraestrutura e

especificidades para cinema, circo, dança, teatro, multimídia, etc.”

Também foi mencionada a falta de outros espaços, como casa de shows, galerias

de arte e cinemas. De acordo com um dos participantes do diagnóstico:

o movimento do audiovisual em Cariacica é muito forte, mas onde exibir os

resultados dos trabalhos? Não há sequer uma sala específica para isso. Portanto

estamos sempre nos adequando aos espaços para que as obras produzidas

possam ser vistas pelo maior número de pessoas possível (entrevistado,

Cariacica, 2016).

Em relação ao cinema, vale destacar que o município contava com o Cine

Colorado, onde hoje está instalada uma igreja evangélica. Atualmente há o projeto

Cineclube Colorado, que acontece uma vez por mês no Bar do Pantera. Além disso, há

quatro salas de cinema no Shopping Moxuara, com perfil comercial.

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O Shopping Moxuara realiza algumas atividades culturais, tendo sido citadas

apresentações musicais e a disponibilização de uma loja para o artesanato – que não se

viabilizou por falta de recursos para montá-la. Também acontece no espaço a Mostra de

Dança Talentos de Cariacica, evento anual. Em relação às ações culturais no Shopping,

os artistas têm várias críticas, como expressam algumas falas: “na música a gente teve

dificuldades com eles. Tínhamos um projeto por lá que se chamava Quarta Sonora. A

gente levava tudo para o Shopping: atração, sonorização, mídia. Eles não entravam com

nada e ainda assim criavam dificuldades”; e ainda “tínhamos um projeto criado em

parceria do poder público com a iniciativa privada, no Shopping, mas os artistas locais

não recebiam remuneração. Apenas recebiam o espaço para divulgar seu nome”.

A falta de espaços é reforçada por vários entrevistados:

esse é um dos principais entraves para que a nossa cultura possa deslanchar de

vez, pois, sem espaços físicos adequados torna-se quase impossível dar

continuidade ou longevidade a qualquer trabalho que necessite do mínimo de

infraestrutura para o seu desenvolvimento (entrevistado, Cariacica, 2016).

Além disso, os produtores e artistas apontam que não há divulgação eficiente da

programação local, não há estrutura adequada e tampouco mobilidade para usufruir a

cidade. Há graves dificuldades de acessibilidade e também de transporte até os locais e

atividades culturais.

Também foi apontado que os poucos espaços que havia estão sendo fechados ou

deixando de realizar atividades artísticas. Um caso citado foi o de uma galeria de artes

“que foi abandonada e acabou virando a Câmara Municipal”. Também parece ser este o

caso do Bar do Pantera, que, segundo entrevistados, “era o nosso centro cultural”, ponto

de encontro dos artistas e onde havia apresentações de música ao vivo, lançamento de

livros e saraus.

O espaço foi multado pela Prefeitura e agora não pode mais fazer eventos

culturais. Nas palavras de um entrevistado:

hoje ele não é mais o mesmo espaço cultural, não é possível fazer um show

nesse que era o único ponto de encontro da cidade. O Bar era o lugar do

encontro. Era lá que a gente conversava sobre política cultural. O Disque

Silêncio ameaça fechar tudo da forma mais truculenta possível. Continuamos a

nos encontrar por lá, na ‘clandestinidade’ (entrevistado, Cariacica, 2016).

Segundo se apurou, em face de tais dificuldades o proprietário pensa inclusive em

fechar o lugar.

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Hoje os artistas têm se encontrado no Cantinho da Roça, um espaço mais afastado

da cidade. Também foi mencionada a existência de uma casa de show particular, Matrix,

onde há alguns eventos, mas cujo aluguel é muito caro e inviável para os grupos locais.

É importante dar um destaque especial para os pontos de cultura instalados em

Cariacica. Uma interseção entre as categorias espaço, manifestação, artista e projeto, os

Pontos de Cultura são uma política pública federal implantada na gestão do Ministro

Gilberto Gil, que tiveram como objetivos descentralizar a política pública de cultura,

favorecer a democracia cultural, apoiar as manifestações culturais populares nos

territórios e, ao final, ampliar o acesso e a cidadania em todo o país.

Em todo o Espírito Santo há cerca de 30 pontos de cultura, aprovados nos diversos

editais já lançados. Em Cariacica, segundo as informações obtidas, são os seguintes:

• Ponto de Cultura REMA – Religiões de Matriz Africana - Instituição Privada

Filantrópica voltada para formação artística e cultural;

• Instituição de Tradições e Cultura Afro Brasileira São Judas Tadeu - espaço de

produção cultural principalmente para jovens afrodescendentes, com oficinas de

profissionalização em atividades audiovisuais, fotografia, site, produção

multimídia, etc.;

Foi mencionado também por entrevistados que há espaços comunitários nos

bairros, mas que não são utilizados com regularidade para ações culturais. Citou-se

também que, das seis bandas de congo de Cariacica, cinco têm sede, mas que são espaços

fechados e subutilizados. Às vezes as escolas tentam levar os alunos para visitar tais

espaços e conhecer a cultura tradicional da cidade, mas não há pessoas disponíveis para

recebê-los, não há organização, “os espaços existem, mas não há uma política que

organize esses espaços”.

Quanto ao uso de áreas ao ar livre para as práticas culturais, foram apontadas

diversas carências pelas pessoas ouvidas no Diagnóstico. Por um lado, há aqueles que

consideram que faltam os próprios espaços, propriamente ditos, isto é, que não há praças

ou parques, áreas ao ar livre ou outros locais onde possam ser desenvolvidas atividades

culturais, enfim, para estas pessoas “não há nada”.

Há os que afirmam que até existem espaços, mas que são totalmente inadequados:

“nossas praças não têm o mínimo de condição estrutural e física para ações e intervenções

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artísticas. Então, os grupos e/ou artistas que, porventura, pensem nessa possibilidade nem

se preocupam em levar adiante as suas ideias”.

Foi mencionado que antes havia uma feira, realizada pela Secretaria de Cultura

em Campo Grande toda semana, mas que esta não existe mais. Citou-se que há “várias

feiras de comida típica em partes da cidade, mas nem nesses locais há lugares para nos

encontrarmos e fazer alguma atividade”.

Outro exemplo citado, de falta de aproveitamento das oportunidades existentes,

foi um evento promovido pela Secretaria de Turismo, o encontro de FoodTrucks, já em

sua quarta edição. Um entrevistado questiona a falta e integração entre as políticas

públicas e pergunta: “por que a Prefeitura não cria um espaço para os artistas se

apresentarem?”.

Foi citada também a existência de um espaço, na região de Itacibá, destinado à

implantação de um parque: “o parque O cravo e a rosa, sonhado há mais de 20 anos, mas

não acontece. Hoje é mato, abandonado, mesmo estando em região de fácil acesso.” Outro

entrevistado mencionou a Praça dos 3 poderes, ao lado da prefeitura, com potencial para

atividades culturais, por ser uma grande área vaga, mas “ultimamente só fica lá parque,

circo e feira de carro”.

A opinião corrente é que os espaços precisam ser organizados, divulgados e

utilizados da maneira adequada. Nas palavras de um entrevistado: “há praças excelentes

para práticas culturais ao ar livre”. Outro diz “espaço tem de sobra, falta é iniciativa para

promover e apoiar essas práticas”. Outro ainda diz que, apesar de poucos, há atividade

nos espaços ao ar livre: “temos pouquíssimas praças, mas têm acontecido eventos

culturais nelas. Em Cariacica Sede, por exemplo, sempre acontecem eventos perto da

praça da Matriz. As associações de moradores realizam eventos nas praças dos bairros”.

Um dos participantes dos grupos de discussão aponta que a falta de áreas livres

no município, especialmente na região de Campo Grande, está relacionada ao alto preço

do metro quadrado nesta área. Em paralelo, a sede do município é pouco frequentada ou

valorizada pela população e seus bairros e zona rural ficam praticamente esquecidos.

Houve ainda sugestões para a implantação de novos espaços, como parques

municipais, por exemplo. Na palavra de um dos entrevistados: “um lugar onde os artistas

pudessem se encontrar, como por exemplo uma feira cultural”. E ainda na fala de outro:

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“moro num bairro próximo à ArcelorMittal e passo por lá invejando aquele verde todo...

Fico pensando num grande parque ali, com lagos, parquinhos, espaços para caminhar, um

museu, um espaço de experiências para ciências, uma grande horta. Fico só sonhando...”

Também foi realçada a necessidade de descentralização de tais espaços ou

práticas, além de valorizar os centros comunitários nos bairros. Um entrevistado aponta

que o “importante para Cariacica é a construção de área de eventos na região da área de

manguezal em Porto de Santana; a construção de arena para eventos ao ar livre,

possivelmente em Roda D'Água, Cariacica Sede ou em Porto de Santana/ Flexal”. Faltaria

ainda a “valorização da área rural, como a região do Moxuara”.

Um entrevistado aponta:

na minha opinião, certamente poderiam ser reformados ou construídos mais

espaços como parques e praças, porém com o que tem já é possível gerar muitas

demandas, só precisa planejamento, investimento e divulgação que o sucesso é

garantido. Inclusive tem dois estádios de futebol, que podem ser palcos para

grandes eventos artístico/culturais (entrevistado, Cariacica, 2016).

Também foram mencionados entraves legais e burocráticos, muitas restrições para

o uso dos espaços públicos e mesmo proibições por parte da Prefeitura, o que acaba por

inviabilizar propostas de grupos e produtores do município ou mesmo que vem de fora.

Ainda foram citados conflitos de interesses e atuações contrárias ao uso dos

espaços públicos ao ar livre para práticas culturais. Um exemplo citado foi a proibição da

realização de shows em Campo Grande, na av. Expedito Garcia, onde ocorriam atividades

da cena underground cariaciquense, tais como festivais de rock e de skatistas. Segundo

informantes, essa proibição veio da postura da Associação Comercial. Neste mesmo local

a Secretaria de Esportes vem enfrentando críticas dos comerciantes e tem tentado manter

a rua de lazer que acontece aos domingos.

Finalizando o tema dos espaços, segundo um dos respondentes dos questionários:

“falta tudo, não há um teatro, não há praças ou parques com equipamento para

apresentações culturais, não há um ginásio para shows ou outras atividades de grupos de

cultura popular”.

Outro aponta que

a cidade possui estes equipamentos convencionais, o que falta é potencializar e

otimizar o uso dos equipamentos públicos (centro cultural, sedes de matrizes

culturais, praças de equipamentos esportivos, entre outros), incentivar e

fomentar espaços privados e coletivos (bares, associações de moradores,

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ambientes de usos coletivo de igrejas, clubes, galpões) (entrevistado, Cariacica,

2016).

Uma fala é emblemática, por apontar uma proposta, para além de uma

constatação:

a cidade possui espaços, inclusive setorizados, diversificados e regionalizados

(mesmo que alternativos). O que falta é gestão e integração dos setores para

ocupação e uso destes equipamentos. Feito o plano de ocupação, desenvolver

um projeto de adaptação e reestruturação destes locais e disponibilizando para a

cidade, com uso compartilhado (entrevistado, Cariacica, 2016).

Outras opiniões e falas relativas a este tema – e a outros do diagnóstico – podem

ser lidas na íntegra nos anexos a este volume.

2.4. A diversidade cultural local e suas manifestações

“Eu sou cariaciquense, mas não conheço a cultura da cidade. As

pessoas não conhecem. Os artistas não têm espaço para divulgar

seu trabalho” (entrevistado, Cariacica, 2016).

Conforme foi possível apurar ao longo do trabalho do Diagnóstico, Cariacica é

um município formado pelo encontro de uma série de matrizes culturais – indígena,

europeia, africana – que contribuem para a diversidade e a riqueza das manifestações

locais. Sejam aquelas de origem popular e tradicional, sejam as ligadas às novas culturas

urbanas, o que se vê é que há muitos grupos e movimentos em atividade, ainda que

relatem falta de apoio e valorização pela sociedade local.

A presente seção trata de fazer um pequeno extrato dessa diversidade, entendendo

que não é possível abarcar todas as manifestações ocorrentes no território, em especial

considerando a falta de um cadastro e mapeamento de artistas, grupos e manifestações

culturais de Cariacica.

Serão apresentadas a seguir algumas informações sobre a cultura local, seu

patrimônio material e imaterial; festas eventos e festivais; artistas, grupos e manifestações

culturais, a partir das falas apuradas nas entrevistas e grupos de discussão, mas também

dos dados obtidos na internet e site da Prefeitura.

Em primeiro lugar, no que é relativo às festas, eventos e festivais tradicionais, o

Quadro 6 traz o Calendário de Eventos do município, atualizado para 2016.

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Quadro 6 – Calendário de eventos de Cariacica – 2016

NOME DO EVENTO DATA ORGANIZAÇÃO

Desfile de blocos carnavalescos de rua Durante todo o mês de

fevereiro Blocos Carnavalescos com apoio

da Prefeitura Carnaval de Máscaras de Congo de

Roda D'Água 2ª Segunda-Feira após o

Domingo de Páscoa Associação das Bandas de Congo

com apoio da Prefeitura

Campeonato Estadual de Futebol de

Areia Março a Abril

Federação de Beach Soccer do

Estado do Espírito Santo com

apoio da Prefeitura

Parada do Orgulho Gay Móvel Prefeitura

Festa de Aniversário de Cariacica Junho Prefeitura

Festival de Arraiás e Quadrilhas Junho Associação Capixaba dos Arraiás

com apoio da Prefeitura

Desfile Cívico Escolar Setembro Prefeitura

Festa da Banana em Roda D'Água Setembro Associação dos Produtores de

Cachoeirinha com apoio da

Prefeitura

Feira de Negócios de Cariacica Outubro CDL Cariacica com apoio da

Prefeitura Caminhada Noturna dos Zumbis

Contemporâneos Último Sábado de

Novembro Prefeitura

Circuito de Natal Durante todo o mês de

dezembro Prefeitura

Pré-réveillon e Festa de São Benedito -

Cariacica Sede 30 de dezembro Prefeitura

Fonte: Secretaria Municipal da Cultura, 2016.

Segundo se apurou durante as pesquisas do Diagnóstico, o Carnaval Congo de

Máscaras de Roda D'água é uma das mais importantes manifestações do município,

reconhecida no estado e no país. Uma festa inicialmente organizada em homenagem a

Nossa Senhora da Penha, padroeira do Espírito Santo, mesclou-se às raízes negras e

indígenas e deu origem à atual manifestação. De acordo com informações da Prefeitura,

Há relatos populares que as máscaras eram usadas pelos antigos escravos (Roda

d’Água era uma área de quilombo), que queriam participar da festa, mas não

podiam ser reconhecidos. Com o passar do tempo, o uso das máscaras passou a

ser uma brincadeira. Os moradores da região que hoje participam da festa,

somente retiram a máscara ao final da celebração revelando sua identidade. João

Bananeira é o personagem mascarado mais popular e característico do Carnaval

de Máscaras de Roda D’Água, sendo um elemento folclórico fundamental para

caracterizar a diferença e a originalidade das bandas de congo locais. Ele

representa a alegria e a resistência cultural do povo de Cariacica.

As bandas de congo são grupos musicais típicos do Espírito Santo e diretamente

ligados à cultura religiosa local. Eles costumam se apresentar devidamente

uniformizados em festas religiosas que homenageiam, além de Nossa senhora

da Penha, São Pedro, São Benedito, São Sebastião e outras ocasiões festivas. Os

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grupos são formados por homens, mulheres que cantam, dançam, tocam

tambores, caixa, cuíca, chocalhos, ferrinho, pandeiros, apitos e casacas.

Normalmente um dos membros do grupo carrega um estandarte que caracteriza

o grupo e o santo do qual são devotos. Vale ressaltar que apesar do congo

pertencer ao folclore capixaba e ser encontrado em todo Estado o Carnaval de

Congo de Máscara é uma manifestação singular, realizado apenas na região de

Roda D’Água em Cariacica. (ver

http://www.cariacica.es.gov.br/turismo/conheca-cariacica/cultura-e-

tradicao/?doing_wp_cron=1474203513.2747020721435546875000)

Atualmente são seis as Bandas de Congo em atividade, cada uma com uma média

de 25 a 30 componentes, quais sejam: São Sebastião do Taquaruçu; Santa Isabel; Mestre

Tagibe; Unidos de Boa Vista: São Benedito de Boa Vista e São Benedito de Piranema.

Além disso há uma Banda mirim (Mestre Tagibe) na ativa. Antes quase todas as bandas

adultas tinham grupos mirins, mas estes foram enfraquecendo.

De acordo com entrevistados, o enfraquecimento das bandas de congo tem uma

série de causas, entre elas: a falta de apoio dos poderes públicos; a dificuldade de

sustentação (não há no município, como em outros locais, convênios para manutenção

dos grupos); a ausência de interesse dos mais novos e a inexistência de projetos para a

transmissão dos saberes; e, por fim, a perseguição das religiões evangélicas, em expansão

na região, que os consideram manifestações demoníacas.

Os grupos são apoiados por duas associações, que também realizam ações em

conjunto: a Associação de Bandas de Congo de Cariacica, fundada em 2003; e a

Associação Artística e Folclórica Afrobrasileira. As máscaras são produzidas pelos

próprios grupos e artesãos locais, como Mestre Itagibe, de Roda D’Água; seu filho

Alcemi Ferreira Cardoso, presidente da Associação das Bandas de Congo de Cariacica; e

Mestre José Farmal, da comunidade rural de Boa Vista.

Alguns entrevistados consideram que a manifestação do Carnaval de Congo

perdeu suas características primordiais nos últimos anos, quando deixou de ser uma

manifestação popular organizada pelas associações e passou ao calendário oficial da

Prefeitura. A fala de um deles aponta que há também outros problemas a enfrentar:

porque as bandas de congo morrem à míngua dia a dia? Somente por conta da

ausência do poder público? Claro que não. Há também a desestruturação das

próprias bandas, tem os mais jovens que não querem saber de compromisso

com o legado de seus pais. Os gestores públicos também não estão conseguindo

sensibilizar seus chefes imediatos para essa questão (entrevistado, Cariacica,

2016).

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57

Além das festas constantes no calendário 2016, antes apresentado, foram

mencionadas várias outras pelos entrevistados, algumas das quais, entretanto, parecem

estar paralisadas. Entre estas foram citadas: Cavalgada de São Sebastião; Cavalgada Pela

Paz; Corrida da Igualdade Racial; Encontro de Corais Cariacica; Festa da Paróquia Santa

Maria Goretti; Festa de São João Batista; Festa de São Sebastião; Festa do Laço; Festa do

Sagrado Coração; Festival de Danças Folclóricas de Cariacica; Festival do Caranguejo;

Grito Pela Paz; Festa da Cultura Alemã Pilgerfest, e Festa dos Imigrantes Italianos. Foi

mencionado ainda que a Folia de Reis, importante tradição local e considerada patrimônio

cultural do Espírito Santo, também está paralisada.

Durante as entrevistas foram apontadas algumas questões para a desmobilização

ou fim de muitas manifestações locais. Uma fala, por exemplo, indica a falta de apoio

público: “se não tem o apoio da Prefeitura, fica difícil fazer. As pessoas que fazem vão

se cansando e não têm substitutos naturais. No meu bairro as coisas pararam quando eu

parei de fazer. Eu era o marcador. Parei de marcar a quadrilha, acabou”. Outros também

dizem da própria desmobilização da comunidade para manter as tradições culturais, como

é o caso da festa da cultura italiana na cidade.

De acordo com representantes da Associação de cultura italiana de Cariacica –

ACIC, fundada em 1999, estima-se que atualmente cerca de 70% dos moradores de

Campo Grande sejam descendentes de italianos. Estes vieram para a região, saídos dos

municípios do interior, para ficar mais próximos da capital e trabalhar com

estabelecimentos comerciais, de venda de secos e molhados, e não na lavoura.

Ligados a tais grupos aconteciam na cidade alguns importantes eventos, tais como

o Encontro dos descendentes de italianos de Cariacica (que teve 17 edições entre 1994 e

2012 e chegou a receber 20 mil pessoas por edição); o Jantar beneficente Polentino &

Minestrina da ACIC (realizado intercalado com o Encontro estadual de grupos de danças

folclóricas e de corais) e a Mostra cultural italiana. Também havia os grupos de coral e

dança italiana – atualmente sem atividade: Coral Joaquim Lovatti; Coral Gingin D’amore

e Grupo de danças italianas Di Ballo Satarello.

Com o passar dos anos verificou-se a gradativa perda da qualidade de vida na

região - pelo adensamento populacional e crescimento desordenado. Além disso, viu-se

o aumento da especulação imobiliária, que fez com que valesse mais a pena alugar os

imóveis do que manter o comércio aberto. Como consequência, muitos dos patriarcas

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italianos e suas famílias se mudaram de Campo Grande para outras localidades – Praia da

Costa em Vila Velha, por exemplo –, enfraquecendo a cultura tradicional.

Há intenção de se retomar o Encontro de Descendentes Italianos no próximo ano.

“É uma festa de médio ou grande porte que movimentou muito Cariacica, que

praticamente está na UTI. Quem sabe a gente consegue voltar no ano que vem?” relata

um de seus organizadores.

Do ponto de vista dos artistas e grupos locais, as entrevistas e grupos de discussão

realçaram principalmente que as áreas culturais de maior destaque têm sido: a música, o

teatro e as manifestações da cultura popular, como é o caso das Bandas de Congo, sobre

as quais já se falou anteriormente. Isso não significa que as demais artes não tenham

relevância no município, ao contrário.

Nas artes cênicas foram citados grupos como:

• Grupo Teatral Revelação, com 35 anos de existência e cerca de 70 pessoas no

elenco, é o responsável pela montagem da Paixão de Cristo;

• Grupo Unidos Pela Arte, fundado em 1993;

• Ifes Cariacica - Grupo de teatro formado por alunos do IFES - Campus Cariacica,

coordenado pela professora Verônica Cavatti;

• Grupo HB de Teatro, montado em 2000 e com várias peças montadas, a maior

parte na área da arte-educação. Fundado pelo ator Hudson Braga, que já foi diretor

do SATED - Sindicato dos Artistas e Técnicos de Espetáculos de Diversões e

Presidente da Federação Capixaba de Teatro – FECATE e diretor de cultura do

município de Cariacica;

• Nisinho Rasta, com o projeto Ecocirco espetacular, dentro de um ônibus;

• Zé do Riso – humorista e mágico;

• Vitor Passarim – ator e agitador cultural;

• Grupos de dança Mais Swing (axé, funk e dança de salão), de Porto de Santana; e

Swing do Raga (axé e funk), de Flexal.

Quanto à música, foram citados vários nomes, tais como Emerson Renato (viola

e luthier); Zanderson (projeto Kazoo Azul, para crianças); Banda AP; Banda Union;

Roberto Rigo (solo); Erick e Marcela (sertanejo); e Armani.

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O principal representante do setor mencionado foi o grupo Moxuara, que navega

pela cultura regional, MPB e ritmos afrobrasileiros. Fundado em 1991, já lançou cinco

CDs e um DVD e é considerado um exemplo de grupo que conseguiu por muito tempo

viver da própria arte, circular por várias cidades do país e captar recursos junto a editais

públicos e a iniciativa privada. Nos últimos anos, também realizou muitos trabalhos em

escolas, com projeto de educação ambiental apoiado pela ArcelorMittal Tubarão:

oficinas, gravação de CD com os alunos e caderno pedagógico do Projeto Musiculturarte.

Na área das artes plásticas e visuais foram citados vários nomes, entre eles Zuílton

Ferreira, Irineu Ribeiro, Sancler Rosseti, César Viola, Hipólito Alves, Yago Silva e Hid

Saib.

No audiovisual destaque para Suzi Nunes, Sebastião Queiroz, Marcos Athayde,

Marcos Tito, entre outros, além do projeto do Cineclube Colorado, que tem acontecido

no Bar do Pantera.

Na literatura foi mencionado o trabalho dos escritores Sérgio Blank e Gilson

Soares, além de Marcos Bubach, Bruno Luis, Jonanthan Moreira e o Vereador Erildo.

Segundo se apurou, à época da pesquisa de campo encontrava-se em fase de formação a

Academia de Letras de Cariacica.

Na área das culturas urbanas, os entrevistados apontaram que tem havido

crescimento da cultura hip hop nas periferias. Além disso, há no município uma unidade

da CUFA – Central Única das Favelas. Em Cariacica, os principais projetos e movimentos

associados são o Projeto Boca a Boca, o Assédio Coletivo, o Coletivo Negrada e o

movimento da Literatura Marginal.

Por fim, em relação ao artesanato, de acordo com informação constante no site da

Prefeitura Municipal,

Cariacica é o segundo município da Região Metropolitana com maior número

de artesãos. São 678 artistas, segundo informações da Aderes. Destacam-se na

cidade os trabalhos realizados com conchas, palha, papel reciclado, tecelagem,

escamas de peixes, madeira, barro, cerâmicas, pneus, metais, fios e tecidos e

fibras naturais.

A principal matéria prima do artesanato local é a fibra de bananeira, com a qual

são confeccionados produtos diversos como caixas de presente, papel, cadernos,

dentre outros. O barro também merece destaque, pois além de ser utilizado na

confecção de objetos decorativos também é muito empregado nas máscaras

utilizadas no Carnaval de Congo em Roda D’Água. As máscaras são produzidas

em vários tamanhos, com diversas propostas de uso, de enfeites de parede a

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colares retratando a manifestação cultural local (ver

http://www.cariacica.es.gov.br/turismo/conheca-cariacica/artesanato-e-

culinaria/?doing_wp_cron=1474201228.0768539905548095703125).

As principais associações de artesãos no município são a Associação de

Produtores de Artesanato de Cariacica – APROAC; e a Associação Costumes Artes / Casa

Sol.

Segundo entrevistados, a APROAC foi formalizada em 2001 e atualmente conta

com13 associados, cada qual produzindo um tipo diferente de artesanato: reciclados,

produtos em metal, papel da fibra de bananeira, bordados e fios, MDF, cerâmica e barro,

entre outros. Já na Associação Costumes Artes a maior parte dos associados produz

objetos com fibra e papel de bananeira, especialmente por haver muitos da região de Roda

D’água, onde a banana é o principal produto.

Atualmente as duas associações realizam trabalhos em parceria, especialmente

ligados às atividades do Fórum e do Programa de Economia Solidária, capitaneado pela

Secretaria de Turismo. Em parceria com Governo Federal, a Prefeitura disponibilizou

para os artesãos uma loja em Itacibá, o Arte & Café - Centro Público de Comercialização

da Economia Solidária.

Entretanto, entrevistados consideram que não está bem localizada, pois é uma

avenida de grande movimento e muito estreita, sem trânsito de pedestres, só veículos, o

que torna a venda muito pequena e “o movimento fraquíssimo”. Para eles, o ideal seria

uma loja em Campo Grande. A APROAC já tentou isso anteriormente, mas teve

problemas burocráticos e até hoje enfrenta problemas e dívidas com a Prefeitura.

Além deste ponto de venda os artesãos só comercializam seus produtos em feiras,

geralmente em Vitória, ou através de encomendas de clientes individuais. Não há espaço

para o artesanato na Feira de Campo Grande, que acontece aos domingos, e não foi

possível viabilizar uma loja no Shopping Moxuara, como antes mencionado, por falta de

recursos e apoio público para sua montagem e manutenção.

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61

2.4.1. Patrimônio material e imaterial

“A gente perdeu muita coisa em Cariacica. Muitas festas deixaram

de existir e ficaram no esquecimento” (entrevistado, Cariacica,

2016).

Ainda que já se tenha dado algum destaque à questão do patrimônio cultural

imaterial no item anterior, ao se falar do Carnaval de Máscaras do Congo, é importante

dedicar uma sessão especialmente a este tema, dada sua relevância não só no município

como também no contexto da política cultural em âmbito nacional e mundial.

Como antes relatado, o município tem em sua origem matrizes culturais oriundas

de sucessivos processos migratórios, que acabaram por gerar significativa diversidade

cultural local, bem como a existência de sítios históricos e patrimônio edificado9. Tais

bens, simbólicos, materiais e imateriais, representam a identidade local e devem, portanto,

ser objeto de políticas específicas de preservação, recuperação e valorização da história.

Segundo se apurou ao longo do Diagnóstico, um avanço na política cultural do

município se deu com a criação da Lei nº 5.061/2013, que “Autoriza o Poder Executivo

Municipal a instituir o Programa Permanente de registro, proteção e conservação do

Patrimônio Imaterial do município de Cariacica e dá outras providências”; e da Lei n.º

5.290/2014, que “dispõe sobre o Programa Permanente de Tombamento, Proteção e

Conservação do Patrimônio Cultural Material do município de Cariacica e dá outras

providencias”.

Antes disso já haviam sido tombados, ainda que “de maneira inadequada e sem os

devidos estudos”:

• Parque Natural Municipal Monte Mochuara, tombado como patrimônio histórico-

paisagístico municipal em 1992. Também tem proteção através da lei estadual n°

7.490/03, que criou a Estância Turística, Cultural e Rural Monte Moxuara;

• Centro Cultural Frei Civitella de Trento, através da lei n° 3.856, de 25 de outubro

de 2000;

• Estação Ferroviária de Areinha (lei municipal 4863, de 18 de maio de 2011);

9 Ver lista de bens considerados de interesse para preservação – Volume Cultura da Agenda 2010-2030, pgs. 61 a 64 e detalhamentos subsequentes.

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62

• Igreja Matriz de São João Batista - situada na praça central da sede do município.

Sua construção foi iniciada em 1839 e concluída em 1851. Tombada em esfera

municipal.

É importante destacar que não há nenhum bem no município tombado em esfera

federal. Já em esfera estadual há o Congo do Espírito Santo, oficializado como o primeiro

patrimônio imaterial do Estado, registrado no dia 20 de novembro de 2014.

Apesar de tal reconhecimento, os entrevistados locais chamam atenção para os

riscos de se perder essa cultura ancestral no município. De acordo com um deles, “os

congueiros têm grandes dificuldades. Os mais velhos estão com 80, 90 anos e não têm

formação, são semianalfabetos. Acabam sendo usados e não conseguem ter livros, CDs,

registros da história deles”. Outro afirma categoricamente

carecemos de registros. O Congo não tem registros e por isso a juventude e as

escolas não valorizam. Os mestres saem da Roda D’Água e vêm para Cariacica

trabalhar como porteiros, por exemplo. É preciso que eles fiquem na região, que

atendam as escolas (entrevistado, Cariacica, 2016).

Apesar de haver várias pesquisas sobre a cultura local, foi informado que não há

livros publicados, o que prejudica o conhecimento e a transmissão desse patrimônio: “não

temos livros que falam sobre a cultura de Cariacica. Temos estudos, mas temos que

transformá-los em publicações, para que eles cheguem às escolas”. E ainda: “temos que

reunir informações sobre a Igreja de São João Batista, que é um espaço maravilhoso, e

sobre o casario do entorno. Não temos um registro publicado sobre isto. Precisamos de

um espaço de memória”.

É fundamental destacar ainda que alguns entrevistados acreditam que houve um

retrocesso no município com a extinção da Gerência de Patrimônio da SEMCULT, no

final de 2014, por falta de verbas. Outros apontam que alguns trabalhos de mapeamento

foram descontinuados. Por fim, ainda há aqueles que consideram que a atual gestão da

Secretaria de Cultura não tem projetos efetivos para o patrimônio imaterial, a cultura

popular, a cultura negra e quilombola, por exemplo.

Em relação à população quilombola, o município conta com regiões que foram

quilombos, como é o caso de Murumba e Quitumbo Velho. O IPHAN já realizou

levantamentos que, infelizmente, não avançaram, seja por falta de ação da esfera

municipal, seja pela necessidade de autorreconhecimento dos moradores (que muitas

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vezes têm vergonha da origem) e mesmo por pressão dos fazendeiros do entorno, que são

contrários ao reconhecimento.

Outros testemunhos históricos que merecem atenção, mas não têm sido objeto de

ações específicas são as reduções jesuíticas para catequização dos índios (Itapoca, Roças

Velhas, Caçaroca, Maricará e Ibiapaba); e os sambaquis indígenas na região de Porto das

Pedras, em terreno particular.

Por fim, vale destacar que a zona rural de Cariacica, que corresponde a mais da

metade de seu território, tem uma série de locais listados nos documentos como atrativos

turísticos, mas que se configuram como elementos importantes a serem inventariados e

registrados para posterior avaliação de seu potencial de tombamento em esfera municipal,

entre os quais foi citada a Represa Velha - primeira represa construída para captação de

água para Vitória, em 1918. Na zona urbana foi mencionado ainda o casario de Cariacica-

sede; a Igreja Santa Maria Goreti e o Casarão de Ibiapaba10.

2.4.2. Sobre a situação dos artistas e grupos culturais no município

“Também é notório que, muitos artistas, pelo fato de não subsistir

de sua arte, se veem na necessidade de ter ‘outras atividades

profissionais’ e, assim, não poderem se desenvolver cada vez mais,

o que, automaticamente, impede o aprimoramento do seu fazer

artístico” (entrevistado, Cariacica, 2016).

Como relatado anteriormente, a cultura em Cariacica apresenta diversidade e

riqueza cultural, tanto na área da cultura popular quanto em várias linguagens artísticas.

Entretanto, ainda não se tem uma análise mais detalhada a respeito do perfil destes grupos,

sua configuração, atuação, sustentabilidade, potenciais, dificuldades, etc., uma vez que o

município não conta com um mapeamento cultural ou banco de dados extenso sobre os

diversos agentes e movimentos culturais locais.

Ao se consultar o banco de dados do Ministério da Cultura11 também se vê que é

pequeno o número de artistas e grupos que aderiram e já se cadastraram na plataforma,

10 O volume Cultura, da Agenda 2010-2030 traz uma análise de cada um dos setores do município e suas características relevantes para fins de avaliação do patrimônio cultural. Para detalhes, ver pgs. 55 a 58 do referido documento. 11 Disponível na plataforma http://mapas.cultura.gov.br/.

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num percentual muito reduzido e que não pode ser considerado representativo da cultura

local.

Nesse sentido, buscou-se levantar tais informações no processo de elaboração do

Diagnóstico através do envio de um questionário para ser preenchido online por gestores,

produtores, artistas e grupos culturais de Cariacica. Infelizmente este método não teve

grande adesão, uma vez que apenas 25 pessoas se dispuseram a responder aos

questionários, o que pode ser um indicativo das fragilidades de comunicação entre a

classe artística ou mesmo uma descrença no processo participativo de diagnóstico e

construção de propostas para a cultura local.

Independente da baixa adesão, optou-se aqui por apresentar os resultados obtidos,

ainda que com a ressalva de que não podem ser tomados como estatisticamente

representativos do universo do movimento cultural de Cariacica, mas sim como um

recorte, que nos dá indicativos da situação da cultura local e de possíveis caminhos de

atuação.

No que diz respeito ao tipo de ente respondente do questionário, o Gráfico 11

aponta que a maior parte deles é formada por indivíduos, artista-solo (11), pesquisadores

(dois) ou produtores culturais individuais (dois). Em seguida vêm os que se organizam

em grupos, coletivos ou movimentos culturais (quatro) e os representantes de entidades

ou instituições, sejam do terceiro setor (três) ou do poder público (três).

Gráfico 11 – Tipo de cadastro / respondente

FONTE: Pesquisa de campo, Galpão Cine Horto e Habitus Consultoria e Pesquisa, 2016.

11

4

3

3

2

2Artista individual

Grupos, coletivos oumovimentosEntidades ou instituições doterceiro setorPoder público

Produtor / gestor cultural

Pesquisadores

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65

Ao se avaliar a área de atuação dos respondentes (Gráfico 12), é possível perceber

que se dividem em várias áreas culturais, de maneira quase equitativa. A única área que

mostrou maior quantitativo foi a música, que, como já mencionado, parece ser um setor

de destaque no município.

Gráfico 12 – Área cultural de atuação principal

FONTE: Pesquisa de campo, Galpão Cine Horto e Habitus Consultoria e Pesquisa, 2016.

Foi pedido aos respondentes que descrevessem suas atividades artísticas, de

maneira sucinta. As respostas obtidas estão transcritas no Anexo 2 do presente

documento.

Além de distribuírem-se entre várias áreas culturais, os respondentes também

estão sediados em várias regiões da cidade. Como pode ser visto no Anexo 5, relativo ao

mailing dos artistas e grupos cadastrados, foram citados 16 bairros e localidades

diferentes de Cariacica, além de duas pessoas que trabalham no município, mas

atualmente vivem fora (em Salvador e Viana).

Buscou-se conhecer há quanto tempo os artistas se encontravam em atividade, ou

há quanto tempo os grupos existiam. Como pode ser visto no Gráfico 13, parte deles tem

muitos anos “de estrada” e muita experiência, visto que 12 estão em atividade há mais de

11 anos. Por outro lado, há quase metade dos grupos com menos de 10 anos de existência,

com destaque para oito deles que atuam na área cultural há menos de 5 anos.

7

3

33

5

2

2

Música

Literatura

Artes cênicas

Folclore, religiosidade ecultura popular

Produção e gestão

Artes Plásticas e visuais

Outros

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66

Gráfico 13 – Tempo de atividade

FONTE: Pesquisa de campo, Galpão Cine Horto e Habitus Consultoria e Pesquisa, 2016.

Ao se avaliar o número de pessoas envolvidas na atividade (Gráfico 14), como

artistas ou produtoras, vê-se que apenas nove citaram uma única pessoa, ou seja, o próprio

respondente. Isto porque mesmo os artistas ou produtores que se apresentam como solo

contam com equipes contratadas, que foram computados por eles ao responder tal

questão. A maior parte dos cadastrados atua em grupos que têm entre 2 e 10 membros,

registrando-se ainda cinco casos que mencionaram mais de 11 membros.

Gráfico 14 – Número de membros

FONTE: Pesquisa de campo, Galpão Cine Horto e Habitus Consultoria e Pesquisa, 2016.

8

4

8

5

Menos de 5 anos

De 6 a 10 anos

De 11 a 20 anos

Acima de 21 anos

9

8

3

5

Um

Entre 2 e 5

Entre 6 e 10

11 ou mais

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67

Buscou-se avaliar ainda se o artista (ou membros do grupo) vive de sua atividade

artística / cultural ou se lança mão de outras fontes de renda para se sustentar. O Gráfico

15 mostra que menos de 1/3 deles (nove) informaram não ter nenhum tipo de renda com

a atividade artístico-cultural. Os demais se dividem entre os que têm alguma renda com

a atividade (10) e os que vivem exclusivamente da atividade artística (apenas quatro

casos).

Gráfico 15 – Sustentabilidade do artista ou grupo cultural

FONTE: Pesquisa de campo, Galpão Cine Horto e Habitus Consultoria e Pesquisa, 2016.

Pediu-se então a eles que detalhassem como o artista, grupo ou manifestação se

sustenta, descrevendo as principais formas de captação de recursos. O que se viu é que a

maioria dos artistas de Cariacica não vive do trabalho artístico, comprometendo a

profissionalização do setor: “eles têm uma profissão e, paralelamente, quase como um

hobby, realizam o trabalho artístico”.

Há aqueles que buscam obter recursos de maneira independente, realizando

apresentações, espetáculos e maneiras diversas de apresentar seu trabalho – em escolas e

eventos de empresas, por exemplo. Foram mencionadas como fontes de renda: vendas de

discos, apresentações musicais, oficinas culturais, atividades de arte-educação, recursos

próprios, ajuda de “padrinhos” e “trabalhos paralelos sintonizados com as artes”.

Além de não ter renda com a atividade cultural, os artistas precisam investir

recursos próprios em suas atividades. De acordo com um entrevistado: “a gente se vira,

4

10

9

2O artista / membros do grupovivem exclusivamente daatividade artística cultural

O artista / membros do grupotêm alguma renda com aatividade cultural, mas nãosobrevivem só dela.

O artista / membros do gruponão tem nenhuma renda com aatividade artística e cultural

Outra

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às vezes tirando do próprio bolso. A gente mantém a atividade cultural fazendo outros

trabalhos. A cultura não é sustento”. E ainda, nas palavras de outro: “já fizemos bons

eventos, mas acabamos tirando do bolso para fechar as contas. Isso é cruel”.

Alguns deles conseguem recursos através de editais públicos e leis de incentivo à

cultura, especialmente a Lei Cultural João Bananeira e, esporadicamente, o Fundo de

Cultura do Estado do ES. Nas palavras de um dos respondentes do questionário online,

“os benefícios culturais do setor público são importantíssimos para a manutenção da

atividade artística”.

As principais empresas que patrocinam projetos no município (ou que têm

potencial para isso), de acordo com os entrevistados, são: ArcelorMittal, Coca-cola, grupo

Águia Branca, Hospital Meridional, Hospital São Francisco, Vitória Diesel, Marca

Ambiental, Hotéis Bristol, Vale do Rio Doce, Terca Aduaneira, Tegma, Silotec Logística

e Real Café.

Entretanto, foi apontado que muitas delas têm as decisões centralizadas em outras

praças e não têm interesse em projetos locais. Também que não há apoio com recursos

próprios, somente por meio de abatimentos fiscais.

Foi informado ainda que a captação via Lei Rouanet no município é muito difícil.

Somente projetos vindos de fora, de cidades como Belo Horizonte e São Paulo, por

exemplo, conseguem captar recursos. Além disso, ainda não há tradição em Cariacica de

se realizar modalidades de financiamento coletivo ou colaborativo.

Quanto ao BANESTES, entrevistados consideram que só patrocina “o que é

colocado pelo poder público, eventos da prefeitura”, ou “só querem quem é mais notório,

dizem que não colocam a marca deles ‘em qualquer produto’”.

Perguntou-se aos respondentes quais eram as três principais dificuldades

enfrentadas para o desenvolvimento de sua atividade artística/cultural. As respostas

literais estão em anexo, mas algumas delas serão aqui realçadas.

A questão da dificuldade em obter patrocínio aparece novamente, da mesma forma

que a falta de “espaços físicos adequados para o desenvolvimento, a divulgação e a

conscientização da importância das artes na cidade”; inexistência de “local apropriado

para produção, comercialização e exposição dos produtos”.

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69

Foram citadas ainda como dificuldades: ausência de ações integradas; pequena

parceria com os poderes públicos, municipal e estadual; preconceito religioso contra as

manifestações populares; burocracia; falta de infraestrutura e equipamentos em geral;

desvalorização da música autoral; falta de qualificação profissional dos agentes culturais;

precariedade da divulgação; inexistência de agendas culturais comuns e difundidas e falta

de união entre os artistas. Um entrevistado também realçou como dificuldade a

“morosidade na condução das políticas públicas já alcançadas no município”.

Por outro lado, apontou-se que há um público cativo, ou sedento de cultura na

cidade. Nas palavras de um entrevistado: “as pessoas de Cariacica são simpáticas e

reconhecem a arte alheia”. Para outro, “o povo de Cariacica, a despeito das grandes

mídias, em geral mantém a opção de definir suas escolhas. Assim, encontra-se público

para os mais variados estilos: rock, samba, MPB, congo, sertanejo entre outros”.

Por fim, perguntou-se aos artistas quais eram, em sua opinião, as principais

necessidades do município no campo da formação na arte e na cultura. As respostas

obtidas estão no Gráfico 16.

Gráfico 16 – Necessidades na área da formação e qualificação

FONTE: Pesquisa de campo, Galpão Cine Horto e Habitus Consultoria e Pesquisa, 2016.

BASE: Total de respondentes.

Como se vê, realça a demanda da grande maioria de respondentes por formação

na área da gestão e da produção cultural, seguidas das demandas por cursos de iniciação

0 5 10 15 20

Cursos de capacitação / aperfeiçoamentoartístico

Cursos de gestão e produção cultural

Cursos de iniciação artística

Cursos e oficinas de formação em áreas técnicas

Outras

12

20

13

10

5

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70

ou aperfeiçoamento artístico. Nesse sentido, foi apontado que “há um problema de

formação, as pessoas não sabem fazer projetos”; “é preciso que haja pessoas capazes de

lidar com a burocracia, esta parte é muito complicada para mim”.

Também foram citados casos de artistas, grupos ou coletivos que têm excelentes

trabalhos ou produtos culturais, mas que não estão preparados para acessar os recursos

existentes. Isso porque muitos não têm “conhecimentos sobre como abordar as empresas,

não têm nem um projeto”; o que também impacta sua dificuldade de obter recursos via

Lei João Bananeira, agora com aporte direto da Prefeitura.

Essa questão apareceu explicitamente na fala de um dos participantes do

Diagnóstico:

a lei daqui foi reestruturada e a gente sabe que está anos luz à frente de muitas

outras cidades, por se tratar de recursos diretos. Mas você só consegue ter bons

projetos se tiver bons analistas. É preciso formar bons analistas, mas antes disso

você tem que ter bons elaboradores de projetos (entrevistado, Cariacica, 2016).

Outro aponta que os grupos locais não conseguem utilizar outros editais e

oportunidades disponíveis, o que seria fundamental: “tem que capacitar para Lei João

Bananeira, mas também para a Lei Rouanet e editais estaduais via fundo, que são editais

setoriais pouco utilizados pelos artistas de Cariacica”.

Outro entrevistado aponta a dificuldade de ter a documentação necessária para

acessar os recursos e a informação a respeito dos processos burocráticos e de

administração de um projeto:

fico ainda meio perdido com os documentos. Nós executamos, mas não temos a

habilidade do administrador. A maioria funciona desse jeito. Eu nunca pensava

na questão financeira. Isso era uma grande falha. Hoje em dia eu estou

começando a enxergar de uma maneira mais técnica e espero aprender mais

(entrevistado, Cariacica, 2016).

A gestão financeira também foi citada como necessidade: “é preciso saber fazer a

administração financeira. A capacitação também passa por aí”.

A falta de oferta de cursos e capacitações foi mencionada por várias pessoas,

apontando que quando há oportunidades estas são pontuais e mal divulgadas, além de não

haver continuidade nos processos. Também se apontou que os interessados precisam

buscar cursos “ou em Vitória ou online”.

Um dos entrevistados apontou a falta de formação para produtores. Em suas

palavras:

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um problema nosso é o da formação de novos produtores. Já fiz alguns cursos

no SEBRAE e participei de um congresso em Belo Horizonte, mas não é todo

mundo que pode sair para investir em sua formação fora do Estado. Precisamos

trazer esse tipo de formação para cá (entrevistado, Cariacica, 2016).

A formação artística em processo foi apontada como uma possibilidade

interessante, através da realização de intercâmbios com artistas e grupos de outras cidades

e estados. Os entrevistados consideram que falta no município “oferta de aperfeiçoamento

para quem já está em atuação, não apenas cursos e oficinas de iniciação. Cursos como

didática, teoria, prática artística, etc.” são fundamentais.

Por outro lado, falta formação artística em artes cênicas, dança e teatro nas

comunidades e para iniciantes, não de maneira pontual, mas com continuidade. Tal

situação também foi apontada para a renovação dos quadros nas manifestações da cultura

popular, como o congo, por exemplo: “é fundamental para capacitar e dar continuidade à

cultura popular de Cariacica”.

É importante destacar que foram citados alguns projetos de formação artística em

parceria com a área da educação, notadamente:

• Programa Mais Cultura nas Escolas, do Governo Federal;

• SEMEARTE, programa da Secretaria Municipal de Educação que leva arte para

as escolas, com bandas marciais, aulas de música, etc.;

• CRIAR - Centro de Referência Integrado em Arte-Educação, com espaço físico

para atendimento os alunos.

Enfim, o que se viu (e que já estava explícito nas demandas da Conferência

Municipal de Cultura) é que, em Cariacica, o “gargalo maior é a formação. Falta

qualificação, não só da sociedade civil, mas também do poder público”. Esse é um

elemento muito importante e que pode contribuir para alterar a situação encontrada em

muitos outros pontos aqui mencionados. Por fim, vale lembrar que “a formação não é

custeio, mas investimento. Entretanto, algumas áreas da Prefeitura pensam como

custeio”.

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3. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ESTRATÉGICAS

“Para mim o posto forte desta nossa conversa é que nós precisamos

nos encontrar. Tenho me sentido um peixe sozinho no oceano. É

importante ‘trocar figurinhas’ com as pessoas da sua área”

(entrevistado, Cariacica, 2016).

A partir de todas as informações recolhidas ao longo dos trabalhos de elaboração

do Diagnóstico – dados secundários, entrevistas qualitativas, grupos de discussão e

questionários preenchidos online – e de sua posterior análise, é possível tirar algumas

conclusões e pensar propostas de ação para a constante melhoria da cena cultural e

artística em Cariacica.

O presente capítulo busca fazer uma síntese do que foi discutido nas últimas

páginas, sem a pretensão, entretanto, de ser exaustivo ou definitivo em suas colocações.

Ao contrário, entende-se que há várias visões sobre um mesmo tema, situação, lugar ou

dificuldade, da mesma forma que há inúmeras maneiras e propostas para alteração da

situação observada.

Antes de passar a tal síntese, entretanto, é importante deixar claro quais são os

pressupostos que orientam a análise que aqui se fará. Isso porque concepções diferentes

obviamente levarão a conclusões e a propostas completamente diferentes e é preciso

explicitar as posições que norteiam a equipe de elaboração deste trabalho.

Após apresentar os pressupostos e concepções que fundamentaram este capítulo,

passa-se a apresentar as principais potencialidades e dificuldades encontradas em

Cariacica do ponto de vista de suas manifestações artísticas e culturais.

Por fim, o capítulo traz recomendações estratégicas, sugestões de ações e

propostas que podem ser implementadas pelos diversos agentes, públicos e privados

ligados à cultura em atuação na cidade, no sentido da melhoria e constante avanço da

situação encontrada em Cariacica.

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3.1. Pressupostos e concepções fundamentais

O presente diagnóstico, bem como as propostas que serão apresentadas, está

construído a partir das concepções do Sistema Nacional de Cultura, como apresentado

anteriormente, bem como na visão da cultura como fator de desenvolvimento humano,

seguindo as orientações da ONU/UNESCO.

Seus princípios e pressupostos fundamentais são:

• A cultura, enquanto direito cultural ou fundamental, é direito básico do cidadão,

tão importante quanto o direito à saúde, à alimentação, à educação e à moradia;

• A cultura como dimensão humana serve aos propósitos de promover não só a arte,

mas as singularidades da sociedade, que é complexa e requer outros padrões ou

categorias para sua interpretação ou explicitação;

• A arte é uma das expressões do cultural, através da qual são explicitadas as

referências de um povo, seu imaginário e capacidades de interpelar e ultrapassar

os limites do cotidiano, daí sua potencialidade e capacidade para inovar, criar,

recriar e dizer muito mais que outros referenciais de conhecimento ou outros

sistemas de cultura;

• A riqueza cultural de uma sociedade se identifica pela qualidade, quantidade,

variedade e adaptabilidade de conexões entre as liberdades dos sujeitos culturais;

• Os processos criativos são importantes para geração de trabalho, renda e riqueza

econômica;

• Arte e cultura são plataformas para fazer a cidade mais atrativa e servem para

melhorar a qualidade de vida cotidiana;

• Os movimentos culturais, quer sejam os da tradição, quer sejam os atuais, devem

ser reconhecidos e fortalecidos como necessários para a configuração e

estabelecimento da cultura contemporânea que revela a realidade presente e

promove profundas mudanças na cena urbana;

• O desenvolvimento cultural de uma comunidade se configura como compromisso

ético e humano de todos os membros desta comunidade, aí incluídos os artistas e

produtores de cultura; o Estado e seus agentes; as empresas através da concessão

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de patrocínios e financiamento à cultura; e a população como um todo, principal

agente e beneficiária das práticas culturais em uma localidade;

• O Estado não é produtor de cultura. Seu princípio constitucional é garantir direitos

culturais, preparar e constituir espaços, reconhecer e valorizar processos que

sustentem a diversidade e promover condições favoráveis para que os sujeitos

inventem seus fins ou para que as ações artísticas e manifestações aconteçam;

• Não é papel do Estado sustentar com verbas públicas as expressões, eventos ou

manifestações que tenham condições financeiras e valor venal no mercado, visto

que tais agentes podem, às próprias expensas, realizar projetos, ações e atividades

voltadas para o público consumidor deste tipo de expressão artística;

• A política cultural deve ser capaz, ao mesmo tempo, de valorizar, promover e

proteger as expressões e as matrizes culturais da comunidade e, por outro lado, de

reconhecer os novos significados da cultura urbana, que conferem inovação e

novas possibilidades de interpretar a realidade;

• Os programas e ações institucionais devem ser implantados na perspectiva de

articulação entre criação, fruição, difusão, participação, veiculação, formação e

descentralização da produção cultural;

• A política cultural deve amparar o artista ou ser-lhe parceira, no sentido de

valorizar sua expressão, garantir meios de realização de seu trabalho e promover

a cooperação necessária para os processos criativos em ambientes propícios à

recepção/reflexão/crítica e diálogo;

• A institucionalidade da cultura precisa dialogar com os agentes culturais,

importantes para a consolidação de sua política. Estes estão na administração

pública, nas instituições não governamentais, nas instituições privadas, na

sociedade e devem ser universos em interseção;

• Os equipamentos e espaços culturais devem ser entendidos e gestados como

centros de irradiação cultural, nos quais esteja garantida a participação efetiva dos

sujeitos culturais, quer como criador, quer como receptor/observador das obras e

manifestações, garantindo-se as estruturas necessárias e o funcionamento em

horários apropriados que facilitem suas participações;

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• O gestor cultural deve ser capaz de distinguir as diversas dimensões do cultural e

do artístico e colocar-se como potencializador e mediador no trato das

necessidades dos sujeitos culturais, produtores das obras e processos artísticos;

• A institucionalidade da cultura necessita caminhar para que ela mesma se supere

na busca de soluções para minimizar o peso hierárquico, rígido e imperioso da

burocracia que impele para um sistema de trabalho muitas vezes contrário e

bloqueador da própria cultura e das ações, visando à democratização dos

investimentos nos processos culturais e criativos, que requerem liberdade de

expressão como dimensão necessária à sua realização;

• A qualificação profissional dos gestores públicos e dos agentes culturais é

condição primordial para a garantia da democratização da cultura, da participação

de todos nas oportunidades existentes, da preservação da memória e da tradição

cultural, da melhoria dos serviços prestados à comunidade e do aumento de sua

capacidade de organização, mobilização e participação;

• A parceria entre poder público e organizações sociais é uma forma possível e

extremamente profícua de viabilizar ações descentralizadas nas comunidades e de

incentivo a propostas demandadas por esses territórios;

• O diálogo permanente para definição de prioridades e corresponsabilidades

coletivas em prol das artes e da cultura é condição essencial para a mobilização

da sociedade em torno de objetivos comuns e de reconhecimento do protagonismo

social de segmentos específicos, conferindo-lhes legitimidade nas demandas e

reivindicações. E ainda como garantia democrática na formulação, e avaliação das

políticas culturais;

• A política de preservação do patrimônio cultural (material e imaterial) deve

procurar implementar os usos e funções dos bens de modo que a sociedade deles

se aproprie para garantir o respeito e interesse pela sua conservação;

• O acesso à informação, aos meios de expressão diversificados, tecnológicos,

digitais e de comunicação é necessário para a transformação do conhecimento e

para o fortalecimento da cultura local;

• É necessária a discussão da pauta da cultura entre os órgãos do governo municipal

e a interdisciplinaridade/transversalidade do tema como estratégia para a mudança

de mentalidade nas questões que envolvem as necessidades dos artistas e sujeitos

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culturais e para a execução de políticas mais compatíveis à complexidade do

mundo contemporâneo. Ademais, o município deve manter acordos entre os

órgãos públicos que realizam programas e ações com temática ou impacto

culturais para evitar duplicidade de investimentos e dispersão de esforços para

atividades com objetivos semelhantes;

• A concessão de apoio financeiro público aos artistas, criadores e portadores das

manifestações culturais é fundamental para a emancipação desses sujeitos e da

garantia da diversidade de linguagens e concepções;

• É papel do poder público promover o acesso aos acervos, obras e bens disponíveis

e principalmente aos que estão indisponíveis à maioria da população;

• A descentralização da ação cultural no território - incluindo zonas urbanas e rurais,

distritos, bairros periféricos e áreas centrais - é condição sine qua non para a

democratização do acesso à cultura e para a superação das desigualdades no

município;

• A divulgação dos serviços públicos da cultura deve contemplar e atingir o maior

número de pessoas, visando à democratização da informação e de dados relativos

à área;

• A realização de ações afirmativas, a criação de editais próprios e a viabilização de

apoio financeiro e institucional em prol das manifestações tradicionais, de origem

popular ou ligadas às matrizes culturais são postulados inarredáveis, primordiais

não apenas para o reconhecimento e valorização da memória, da tradição e da

formação cultural e histórica da sociedade brasileira, mas também como garantia

de sua permanência no tempo e fortalecimento dos segmentos que estejam à

margem dos investimentos de mercado ou da agenda convencional da política

cultural.

Por fim, vale lembrar que grande parte das ações culturais, públicas ou privadas

no Brasil é hoje viabilizada através de impostos e recursos advindos da contribuição

compulsória dos cidadãos, das empresas e da sociedade como um todo, recursos públicos,

portanto. Assim, é imperativo que as ações culturais sejam destinadas à população em

geral, considerada em toda sua diversidade, buscando uma distribuição equilibrada e

democrática de recursos, ofertas e oportunidades em determinado território.

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3.2. Potencialidades e dificuldades do campo cultural no município

“A cultura de Cariacica está engatinhando” (entrevistado,

Cariacica, 2016).

Para concluir este trabalho, selecionaram-se os principais elementos que surgiram

ao longo do Diagnóstico e que podem dar um panorama geral da situação encontrada em

Cariacica.

Em primeiro lugar, vale destacar que a sensação que se tem, a partir da fala dos

artistas e grupos cariaciquenses, é que eles se sentem extremamente desvalorizados.

Apesar de considerarem que “há público” com interesse, disposição e desejo de participar

das ações culturais, sentem que seu trabalho não é visto com seriedade e que não têm

apoio do poder público e das empresas locais, que poderiam ser patrocinadoras.

A conclusão a que chegam é que, afinal, “Cariacica vive à sombra de Vitória”,

não passando de “uma cidade dormitório” até mesmo nas artes. Lamentam que vários

projetos e manifestações importantes foram desativados ou perderam força. Segundo eles,

a sensação é de “desaceleração na cultura”, ou de “já teve”.

Um deles aponta a “ausência de tudo” no que é relativo à cultura local. Tal fala

merece ser aqui transcrita, por ser emblemática de uma completa descrença que parece

tomar conta de parte dos artistas e produtores cariaciquenses:

ausência de divulgação/ publicidade/ valorização das manifestações e

equipamentos culturais locais; ausência de equipamentos públicos de lazer,

cultura e entretenimento; ausência de incentivo e fomento da participação

cidadã da sociedade nas políticas públicas culturais; ausência de um plano

efetivo, integrado e de longo prazo para o desenvolvimento cultural do

município; ausência de formação técnica para gerar novos produtores e atores

para a cena local; ausência de recursos materiais, financeiros e humanos para

conduzir e fazer fruir e dar continuidade a grandes projetos que articulem

educação, cultura, cidadania, lazer e entretenimento; ausência de política que

fortaleça seus atores, artistas, produtores e o próprio mercado / indústria cultural

local; ausência de investimento em mobilidade e acesso (com transporte

gratuito, por exemplo); ausência de visão dos dirigentes públicos sobre a

importância estratégica da cultura para o desenvolvimento sustentável e mais

humano (entrevistado, Cariacica, 2016).

Por outro lado, há os que destacam que os artistas vêm tentando se unir, propor

novas políticas, participar do Conselho, e que há mesmo uma “cena independente”, de

resistência e criativa, “realizada em espaços privados, com cinema, música, poesia, artes

plástica, organizados pelos artistas, de forma independente”. Entretanto, estas iniciativas

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não têm visibilidade e mesmo apoio dos poderes públicos. A consequência tem sido a

evasão de artistas para outras cidades e estados.

Ainda que possa haver problemas, é fundamental objetar que não há apenas pontos

negativos a realçar no município. Ao contrário, há que reconhecer os avanços e identificar

as potencialidades e oportunidades a serem aproveitadas.

O primeiro tema que merece destaque diz respeito à política cultural local. Como

se viu, o município já aderiu ao Sistema Nacional de Cultura e já tem seu Sistema

Municipal implantado e em funcionamento. Praticamente todos os elementos do sistema

estão presentes, incluindo a existência de órgão gestor, de Conselho de Cultura

deliberativo, implantado e atuante, de mecanismo de financiamento à cultura e legislação

cultural e de proteção ao patrimônio atualizadas.

Viu-se ainda que os espaços públicos para a cultura vêm sendo reformados e

reestruturados para melhor atender à demanda local. Além disso, há a tentativa de se

realizar ações intersetoriais, especialmente com a área da educação, notadamente através

do Programa SEMEARTE.

Entretanto, também há problemas e dificuldades que devem ser superadas e

repensadas. Nesse sentido, realça-se primeiramente a falta de um plano de cultura – em

fase de elaboração – que garanta uma visão de médio e longo prazo para a política cultural

local. Vale destacar ainda que não existe no município nenhum tipo de mapeamento,

cadastro ou banco de dados que sistematize as informações culturais e possa ser usado

como subsídio para a tomada de decisões e priorização das políticas públicas municipais,

ou mesmo do investimento e ação dos agentes privados e do terceiro setor.

O número de espaços públicos para a cultura é ínfimo, considerando o tamanho

da população, da mesma forma que é incipiente a integração com outros setores da

administração municipal, tais como turismo, assistência social, esporte e lazer, meio

ambiente, etc.

Há críticas que consideram tímida a atuação da SEMCULT, com pequeno número

de projetos próprios e ações culturais continuadas. Um dos entrevistados resume estas

críticas duras à atuação do Poder público:

é a completa ausência de secretaria de cultura. Tem uma sigla, mas não tem uma

política cultural efetiva. Nem procura os movimentos para ver como serem

parceiros e fortalecer. Vê o congo acabando e não atua: vê os artesãos com

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todas as dificuldades, mas não cria alternativas. E não é só ausência de recursos,

é falta de projeto, de política cultural. Fecha um bar que era um único que tinha

cultura. Não resolve o problema de uma associação que tem uma certidão

emperrada dentro da própria prefeitura. Tem um problema sério de gestão, de

entendimento de seu papel de articulação. Não só não ajuda, mas dificulta o

caminho dos artistas (entrevistado, Cariacica, 2016).

O fato de 2016 ser um ano eleitoral também deixa apreensivos artistas e grupos

culturais, que não têm certeza do cenário que virá: “será que se avançará nas políticas

públicas de cultura? Será que terão continuidade na próxima gestão? Serão valorizadas e

melhoradas? É uma insegurança para os artistas a situação do futuro”.

Outro tema importante surgido no diagnóstico diz respeito à memória e ao

patrimônio cultural do município. Como se viu, há diversidade e riqueza das

manifestações tradicionais e populares em Cariacica, em diversas áreas. Também foi

apurado que o município ainda apresenta exemplares importantes do patrimônio edificado

em condições de recuperação ou preservação, bem como festas e manifestações

tradicionais que se mantêm. Ademais, recentemente foram criadas leis de tombamento do

patrimônio material e imaterial em esfera municipal.

Por outro lado, viu-se que são incipientes ou pouco efetivas as ações do poder

público dedicadas à proteção do patrimônio cariaciquense. Tal fator – somado à própria

dinâmica do mercado imobiliário e do crescimento econômico – leva à perda acelerada,

à destruição e à descaracterização de imóveis por falta de tombamento. Quanto ao

patrimônio imaterial, também vem sendo descaracterizado ou perdido, o que foi citado

em relação à folia de reis, por exemplo, e mesmo ao registro e difusão da cultura do Congo

de Máscaras. Também foram identificados como pontos negativos: a extinção da gerência

de patrimônio no final de 2014, a ausência de ações de educação patrimonial, registro e

publicação da memória local.

Do ponto de vista do financiamento à cultura, vale destacar que o município conta

com um mecanismo próprio de lei de incentivo, que é a Lei João Bananeira, recentemente

revista e ajustada para corrigir problemas antes identificados. Esta iniciativa é louvável e

deve ser reconhecida, uma vez que é pequeno ainda, em âmbito nacional, o número de

municípios que possuem tais ferramentas. Entretanto, é preciso apontar que ainda falta

ser operacionalizado o Fundo Municipal de Cultura, outra importante fonte de recursos

para a cultura local.

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Em relação às outras fontes de financiamento, vê-se que há grande potencial para

os artistas locais acessarem editais e fundos em esfera estadual e federal. Este potencial é

ampliado pelo próprio perfil da economia cariaciquense, que é diversificada e dinâmica,

apresentando, portanto, boas perspectivas para a captação junto ao setor privado.

Entretanto, este potencial fica reduzido em virtude da própria desinformação e

desinteresse do setor privado, que se mostra pouco envolvido e participante no

financiamento à cultura local. Ademais, a própria incapacidade de artistas e grupos para

a elaboração de projetos e a captação de recursos acaba por ser um fator dificultador para

sua sustentabilidade, como se falará mais adiante.

No que é relativo à temática dos espaços destinados às práticas culturais, viu-se

que está é uma grande carência do município, seja no que é relativo ao setor público ou

ao setor privado.

Como pontos positivos pode-se realçar a existência de três espaços públicos para

as práticas culturais, que têm passado por processos de remodelação ou mesmo reforma,

como foi o caso do Centro Cultural Frei Civitella di Trento. Este tem potencial para ser

um espaço para que os artistas locais possam se apresentar e mesmo um ponto de encontro

para artistas e comunidade, a depender do modelo de gestão a ser adotado.

Além disso, há espaços com potencial para utilização, como os pontos de cultura,

as associações e centros comunitários e as sedes das bandas de congo, por exemplo. Há

ainda o potencial para realização de eventos em praças e espaços abertos nas comunidades

e para aproveitamento de eventos já existentes - como o Festival de Foodtrucks, da

Secretaria de turismo e as feiras de rua em Campo Grande – para inclusão de programação

cultural em suas agendas.

Por outro lado, viu-se que o número de espaços públicos é ínfimo em comparação

ao tamanho da população. Em praticamente todos os espaços, públicos ou privados, falta

acessibilidade e transporte para os locais, além de ser pequena ou ineficiente a divulgação

da programação.

Também faltam cinemas, casas de show e espaços para eventos de grande porte.

A Prefeitura tem multado estabelecimentos com música ao vivo, reduzindo ainda mais as

oportunidades disponíveis para artistas locais. Falta uma feira ou outro local adequado

para a comercialização do artesanato.

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A pequena utilização dos espaços públicos ao ar livre também foi mencionada,

fator este que é um grave impeditivo para ações de descentralização e democratização da

cultura, uma vez que nos bairros periféricos e comunidades dificilmente há outros espaços

para as práticas culturais que não sejam ruas e praças.

Apontada como uma das prioridades da Conferência Municipal de Cultura, a

questão da formação e capacitação surgiu muitas vezes ao longo do diagnóstico, de

maneira transversal, em todas as temáticas tratadas. Foi possível perceber que há algumas

iniciativas, ainda que esparsas, de investimento na formação cultural e artística no

município, em especial nos programas em parceria com a Secretaria de Educação, para

formação artística nas escolas.

Entretanto, para além de iniciativas pontuais ou transitórias, não foi registrada a

existência de oferta de formação consistente e continuada nas áreas da gestão e da

produção cultural, considerada uma grande demanda por artistas e grupos, bem como por

gestores públicos. Também se observou que não há oferta de formação e aperfeiçoamento

artístico para os grupos já em atividade, intercâmbios ou outras formas de dinamizar e

qualificar seus trabalhos.

A falta de formação também impacta em outro item verificado, relativo à

profissionalização, organização e formalização dos artistas e grupos. Viu-se que existem

alguns grupos formalizados e registrados (como, por exemplo, a Associação de Bandas

de Congo, a de Cultura Italiana, as de artesanato, escolas e blocos de carnaval); e que há

artistas com experiência, currículo e tempo no mercado (por exemplo o Grupo Moxuara

e HB de Teatro). Também já há grupos com experiência em captação de recursos em

editais e leis de incentivo, aproveitando-se, ademais, da proximidade com Vitória, que

lhes propicia acesso às oportunidades e ao mercado cultural regional.

Por outro lado, o Diagnóstico apontou que poucos artistas e grupos estão

organizados e/ou formalizados. Além disso, falta pessoal capacitado para as funções de

gestão, produção, captação, etc. A elaboração de projetos foi citada como uma grande

dificuldade, bem como as áreas de administração, prestação de contas e gestão em geral.

Enfim, viu-se que há pequena profissionalização dos grupos, que não conseguem

sobreviver de seu trabalho artístico e muitas vezes são “voluntários”, trabalhando por

“amor à arte”.

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O último tema, mas também de grande importância na cidade, é relativo à

mobilização, participação e ação coletiva em Cariacica. Neste item, pode-se afirmar que

um ponto positivo é a existência de um Conselho de Cultura deliberativo, implantado e

atuante, como antes mencionado.

Por outro lado, verificou-se que inexiste ou é pouco comum a prática de ação

conjunta entre os diversos agentes culturais no município. Em algumas discussões e

entrevistas apareceu a avaliação que há uma dificuldade de articulação dos próprios

artistas e grupos. Citou-se, por exemplo, a desmobilização das pessoas, o desânimo dos

grupos e artistas, a desunião e mesmo o desconhecimento, por parte de artistas e grupos,

dos demais projetos em realização na cidade.

Dentro deste tema, vale destacar as temáticas da comunicação e da informação,

fundamentais para a mobilização e a ação conjunta. A inexistência de um calendário de

eventos ou agenda permanente, a inexistência de canais para divulgação de atividades

culturais e o despreparo de artistas e grupos para a comunicação foram realçados e devem

ser considerados pontos importantes a serem transformados.

Em relação ao Conselho de Cultura, também houve quem avaliasse que precisa

ter suas discussões mais aprofundadas e ampliadas, visto que muitas vezes está centrado

em pautas muito pontuais e operacionais, não avançando nas questões estruturais da

política cultural. Talvez a elaboração do Plano Municipal de Cultura, com a participação

do Conselho, seja um momento importante nessa mobilização, tanto interna quanto

externa, agregando a comunidade cariaciquense como um todo.

Nas palavras de um dos entrevistados: “estou me policiando para não reclamar

mais. Tenho visto o Conselho como única ferramenta de mudança. Se a gente quer mudar,

tem que participar”. Outros ainda apontam para a necessidade de se criar e fortalecer

espaços e momentos de encontro da classe artística, como fóruns, por exemplo.

O Quadro 7 traz um resumo deste cenário, segundo tema, apontando seus pontos

fortes e pontos fracos, que serão convertidos em propostas na próxima seção.

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Quadro 7 – Potencialidades e dificuldades da cultura em Cariacica

Tema Potencialidades / pontos positivos Dificuldades / pontos negativos

Política cultural

SMC implantado, incluindo Conselho de

Cultura deliberativo; Existência de órgão

gestor; e mecanismo de fomento; Existência de

espaços públicos em funcionamento, em

processo de reforma e remodelação; Existência

de ações ligadas à educação – projeto

SEMEARTE.

Plano ainda em fase de elaboração; pequeno orçamento para a cultura;

inexistência de mapeamento/ banco de dados culturais; poucos espaços

públicos; pequeno número de projetos e ações próprias; intersetorialidade

pequena ou inexistente: pequena integração com ações de turismo,

assistência social, esporte e lazer, meio ambiente e demais setores da

administração municipal e da vida cotidiana do cidadão.

Memória e

patrimônio

Diversidade e riqueza das manifestações

tradicionais e populares; existência de

patrimônio material e imaterial ainda em

condições de recuperação ou preservação;

recente criação das leis municipais de

tombamento de bens culturais.

Inexistência de ações efetivas de proteção do patrimônio em esfera

municipal; extinção da gerência de patrimônio; ausência de ações de

educação patrimonial e de registro e publicação da memória local; perda de

manifestações tradicionais; ausência de ação federal – IPHAN no município;

perda acelerada, destruição e descaracterização de imóveis por falta de

tombamento.

Financiamento à

cultura

Existência da Lei Municipal João Bananeira,

recentemente reformulada; possibilidade de

acesso a editais e fundos em esfera estadual e

Fundo municipal de cultura ainda sem editais; dificuldades de captação junto

às empresas locais, para todas as instâncias de impostos; setor privado pouco

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Tema Potencialidades / pontos positivos Dificuldades / pontos negativos

federal; economia diversificada e dinâmica,

com potencial de captação junto ao setor

privado.

informado, envolvido e participante no financiamento à cultura; dificuldade

na elaboração de projetos e captação pelos produtores locais.

Espaços e

equipamentos

culturais

Existência de espaços públicos para as práticas

culturais recentemente reformados ou

remodelados; pontos de cultura instalados;

potencial para realização de eventos em praças

e espaços abertos nas comunidades; potencial

para aproveitamento de eventos da Secretaria

de turismo e das feiras de rua em Campo

Grande.

Pequeno número de espaços públicos e privados; pouca utilização dos

espaços ao ar livre; falta de acessibilidade e falta de transporte para os locais

existentes; pequena divulgação da programação; inexistência de

programação cultural nas feiras de rua / alimentação e outros eventos; falta

de feira ou outro local adequado para a comercialização do artesanato; multa

e fechamento de espaços para música ao vivo.

Formação e

capacitação

Existência de programas de formação artística

– musical - junto às escolas.

Inexiste oferta de formação em gestão e produção cultural; falta oferta de

formação e iniciação artística continuada; falta aperfeiçoamento artístico em

todas as áreas.

Profissionalizaçã

o, organização e

Existência de entidades registradas e alguns

grupos com experiência, currículo e tempo no

mercado; existência de grupos com

Poucos grupos formalizados; dificuldades na elaboração de projetos;

dificuldades na captação de recursos; grupos da cultura popular sem

documentação necessária para aceder a editais e outras oportunidades;

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85

Tema Potencialidades / pontos positivos Dificuldades / pontos negativos

formalização dos

artistas e grupos

experiência em captação de recursos em editais

e leis de incentivo; proximidade com Vitória e

acesso às oportunidades e ao mercado cultural

regional.

pequeno número de artistas e grupos sobrevivendo da atividade cultural; falta

de sustentabilidade; atividade cultural não profissional.

Mobilização,

participação e

ação coletiva

Conselho de Cultura implantado; primeira

Conferência realizada.

Pequena prática de ação coletiva / conjunta entre artistas locais; participação

restrita aos membros do Conselho; dificuldades de articulação dos artistas e

grupos; desconhecimento, por parte dos artistas e grupos, dos demais projetos

em realização na cidade; pequena experiência com produção colaborativa;

postura passiva e dependente do poder público por parte de muitos artistas e

grupos; necessidade de se realizar a segunda Conferência;

FONTE: Elaboração própria. Galpão Cine Horto e Habitus Consultoria e Pesquisa, 2016.

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86

3.3. Propostas e sugestões de ações possíveis

“Seria uma boa ideia realizarmos uma tarde de conversa entre nós.

Seria uma ideia interessante para a Prefeitura. Há muita gente que

está batalhando em seu bairro sozinha. Podemos juntar forças”

(entrevistado, Cariacica, 2016).

Como mencionado na Introdução do presente relatório, a metodologia de trabalho

prevê como próxima etapa a apresentação dos resultados do Diagnóstico para os agentes

culturais do município de Cariacica – notadamente todos aqueles que foram entrevistados

e contribuíram com sua elaboração –, bem como a realização de trabalhos em grupos para

a coleta de sugestões e encaminhamento de propostas de ação.

Nesse sentido, não se pretende, por ora, apresentar um capítulo conclusivo com

propostas e sugestões de ação, o que será feito após esse encontro com os agentes locais.

Entretanto, serão delineadas a seguir os principais eixos e linhas estratégicas que, na

opinião da equipe, devem nortear não apenas a atuação da ArcelorMittal, mas que podem

ser indicativos úteis para a ação de artistas e grupos culturais locais, bem como os

gestores, públicos e privados, do município.

Conforme aponta Alfons Martinell Sempere (2012 p.10), a gestão pública da

cultura requer consenso entre as partes. Exige a descoberta dos vários códigos sociais, já

que as sociedades complexas se caracterizam pela multiplicidade de dispositivos e de

agentes. A gestão da complexidade, por sua vez, depende de implementação de

estratégias, tais como a negociação da igualdade (conhecer o outro; estar com o outro); a

delegação e autonomia, a tomada de decisões mais próximas; a coordenação de diferentes

sistemas a partir de fórmulas simples e de relações transversais; e, por fim, um novo papel

do saber e do conhecimento no propósito de prestigiar a tomada de decisões.

Nessa perspectiva, as sugestões que se seguem foram embasadas nas opiniões

daqueles que estão na prática, no cotidiano da produção artística e cultural de Cariacica,

e que são, neste momento, os experts sobre o tema. Também têm como fundamento as

propostas de ação da I Conferência Municipal de Cultura e do próprio Planejamento

Estratégico da Secretaria, documentos de referência para a política cultural local.

O Quadro 8 traz os principais eixos sugeridos e suas linhas estratégicas que

posteriormente podem nortear a proposição de ações locais.

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87

Quadro 8 – Principais eixos e linhas estratégicas de ação

Eixo Linha estratégica

Política pública de

cultura

- Elaboração e implantação do Plano Municipal de Cultura;

- Ativação do Fundo Municipal de Cultura;

- Mapeamento e cadastro de artistas, grupos e manifestações

locais;

- Ação intersetorial / integrada com as demais políticas públicas;

- Criação de mecanismo / conveniamento para manutenção

continuada de grupos da cultura popular;

- Ampliação da programação cultural descentralizada – em

bairros, ruas, praças, associações comunitárias e zona rural;

- Estabelecimento de parcerias para inclusão de programação

cultural nas feiras de rua e de alimentação e outros eventos locais;

- Criação de agenda cultural conjunta, mensal, com difusão de toda

a programação dos espaços da cidade, públicos ou privados;

- Implantação de novos espaços culturais, próprios ou

conveniados, de maneira descentralizada no território;

- Integração com políticas públicas e oportunidades disponíveis na

Região Metropolitana como um todo, numa visão de

desenvolvimento regional integrado;

- Criação de ferramentas e mecanismos para sensibilização do

empresariado local, certificação e reconhecimento público de sua

contribuição para a cultura local.

Memória e patrimônio

- Incremento das ações de registro e documentação sobre o

patrimônio cultural local;

- Apoio às manifestações populares e tradicionais;

- Resgate das características identitárias dos eventos e celebrações

tradicionais;

- Ampliação do registro e tombamento de bens imóveis;

- Estabelecimento de convênios e/ou ação conjunta com as

instâncias estadual e federal de proteção ao patrimônio;

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88

Eixo Linha estratégica

- Realização de campanhas de educação patrimonial nas escolas e

na mídia;

- Publicação de estudos, pesquisas e registros sobre o patrimônio

cultural do município.

Fortalecimento e

valorização de artistas e

grupos culturais

- Oferta de formação em produção e gestão cultural, elaboração de

projetos e captação de recursos, comunicação e divulgação,

prestação de contas e administração de projetos culturais;

- Oferta de formação e aperfeiçoamento artístico, nas diversas

áreas;

- Incremento das oportunidades e instrumentos de financiamento

e sustentabilidade, através da capacitação para acesso às leis de

incentivo e editais estaduais e federais;

- Valorização das culturas populares e apoio através de convênio

direto e premiações;

- Proposição de ações conjuntas / coletivas e colaborativas,

atividade compartilhada e trocas constantes entre diferentes

agentes culturais;

- Criação e manutenção de ações continuadas para formação de

público – incluindo ações em escolas, comunidades e eventos de

rua;

- Criação de circuito, feiras culturais, festivais e outras

oportunidades de circulação da produção local pelo território,

incluindo bairros periféricos e zonas rurais;

- Realização de ações de intercâmbio com grupos e agentes

culturais de fora do município;

- Mapeamento e divulgação de editais, oportunidades e ofertas

externas que possam ser aproveitadas pelos artistas locais;

- Criação de um Fórum de artistas e grupos, com encontros

regulares, para discussão das pautas e temáticas de interesse

coletivo.

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89

FONTE: Elaboração própria. Galpão Cine Horto e Habitus Consultoria e Pesquisa, 2016.

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90

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MUNICÍPIO DE CARIACICA. Lei nº 4.368/2005 – Projeto Cultural João Bananeira.

MUNICÍPIO DE CARIACICA. Lei nº 5061/2013 – Patrimônio Imaterial.

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Planejamento Sustentável 2010 – 2030. Volume Mobilidade, Sistema Viário, Trânsito e

Transporte.

MUNICÍPIO DE CARIACICA. Objetivos do Milênio. Agenda Cariacica –

Planejamento Sustentável 2010 – 2030. Volume Ocupação do Solo e Habitação nos

Meios Urbano e Rural.

MUNICÍPIO DE CARIACICA. Objetivos do Milênio. Agenda Cariacica –

Planejamento Sustentável 2010 – 2030. Volume Contexto Econômico e as

Potencialidades de Emprego e Renda.

MUNICÍPIO DE CARIACICA. Objetivos do Milênio. Agenda Cariacica –

Planejamento Sustentável 2010 – 2030. Volume Tecnologia da Informação e

Comunicação e Energia.

MUNICÍPIO DE CARIACICA. Objetivos do Milênio. Agenda Cariacica –

Planejamento Sustentável 2010 – 2030. Volume Meio Ambiente, Humanização da

Cidade e Saneamento.

MUNICÍPIO DE CARIACICA. Objetivos do Milênio. Agenda Cariacica –

Planejamento Sustentável 2010 – 2030. Volume Direitos Humanos e Juventude.

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92

MUNICÍPIO DE CARIACICA. Objetivos do Milênio. Agenda Cariacica –

Planejamento Sustentável 2010 – 2030. Volume Segurança Pública e Cidadania.

MUNICÍPIO DE CARIACICA. Objetivos do Milênio. Agenda Cariacica –

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http://www.cariacica.es.gov.br/wp-content/uploads/2015/11/DIARIO-OFICIAL-MUNICIPAL-

13-11-2015assinado.pdf

http://www.encontracariacica.com.br/o/oficinas-de-teatro-em-cariacica.shtml

http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/indic_culturais/2003/

http://www.ibge.gov.br/munic_cultura_2014/ver_tema.php?tema=t4_4&munic=3201308&uf=3

2&nome=cariacica

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http://www.secult.es.gov.br/busca/?q=cariacica&m=patrimonios

Teses, artigos e monografias relacionadas

Processos organizativos, memória e identidade. Etnografia e História da Transmissão

Cultural do Congo em uma Comunidade Afrobrasileira - Cariacica (ES), Disponível

em: http://periodicos.ufes.br/SNPGCS/article/download/1475/1071

Agente bailarino : análise dos processos de trabalho dos agentes comunitários de saúde

em Cariacica - ES. Disponível em: repositorio.ufes.br/handle/10/1551

Estudo de espaço livre urbano no município de Cariacica/ES - Caso: praça "Vista do

Mochuara”. Disponível em

http://www.cbg2014.agb.org.br/resources/anais/1/1403893269_ARQUIVO_ESTUDOD

EESPACOLIVREURBANONOMUNICIPIODECARIACICA.pdf

formação continuada de professores para diversidade étnico-racial da rede municipal de

Cariacica. Disponível em:

http://www.periodicos.ufes.br/cnafricab/article/download/5859/4307.

Imagens da escola como mediadoras do processo formativo dos jovens no ensino da

arte: diálogos com a história, memória e ambientes intraescolares. Disponível em:

http://repositorio.ufes.br/handle/10/1088

Os impactos sócio-culturais da extinção do campo de várzea da comunidade do bairro

Oriente em Cariacica. Disponível em: http://www.catolica-es.edu.br/fotos/files/TCC-

2015_1-Jackson.pdf

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EQUIPE

• Clarice Libânio - Antropóloga, mestre em Sociologia, doutoranda em Arquitetura

e Urbanismo, diretora da Habitus Consultoria e Pesquisa e coordenadora

executiva da ONG Favela é Isso Aí.

• Marcelo Santos - Mestre em gestão social, educador e gestor cultural.

• Romulo Avelar - Administrador, gestor cultural, consultor de instituições e grupos

culturais, entre eles o Grupo Galpão e a Casa do Beco. Autor do livro O Avesso

da Cena -Notas sobre Produção e Gestão Cultural.

• Produção Local: Luis Guilherme Silva.

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ANEXOS

Anexo 1 – Tabulação dos questionários online

(Apresenta-se a seguir a transcrição literal das questões abertas recebidas via

questionários online.).

16. Dificuldades

• Como pesquisador, não há canais de publicação das pesquisas realizadas. Da

mesma forma, não há, em Cariacica, espaços para debates e para pesquisas. Não

há uma biblioteca pública que atenda à demanda de pesquisadores e não há um

arquivo público.

• Financeira, estrutural e suporte de mídia

• Ainda uma pouca valorização da literatura, ações integradas.

• PATROCINIO CULTURAL

• PARCERIA COM O PODER PÚBLICO MUNICIPAL E ESTADUAL

• PARCERIA COM A INICIATIVA PRIVADA

• falta de apoio do poder publico, preconceito religioso, burocracia

• sustentabilidade, espaços para apresentações e aceitação popular

• Recurso Financeiro - Equipamento de Edição - Câmera Fotográfica

• infra-estrutura em geral, equipamentos de som, transporte de equipamentos,

alimentação etc...

• Falta de valorização, da música autoral.

• Mão de obra especializada, patrocínios e parcerias

• informação, tempo, capacitação

• valorização por parte das casas de shows em relação ao cachê/couvert; público

nem sempre comparece; falta de estabilidade financeira.

• Financiamento, qualificação profissional dos agentes envolvidos e falta de

espaços culturais

• Trabalho Voluntário e Escassez de Recursos

• falta de apoio - falta de divulgação - falta de união entre os artistas

• Falta de Incentivo da Iniciativa Privada.

• Morosidade na Condução das políticas públicas já alcançadas no Município.

• Falta de Espaços Físicos adequados para o Desenvolvimento, a Divulgação e

Conscientização da importância das Artes Cênicas no processo de crescimento

cultural/educacional/social da Cidade.

• Ponto de vendas

• Apoio da prefeitura (Politicas que ajudem na divulgação)

• Falta de iniciativas literárias na cidade

• Conseguir Viver exclusivamente da fotografia de Cultura, Expor meu trabalho

no meu município,

• Espaços culturais para realização de apresentações musicais/ artísticas na cidade

de Cariacica; Espaço teatral para a cidade de Cariacica; Agendas culturais

organizadas pelo município.

• Lugares que recebem artistas que reproduzem canções autorais; remuneração da

atividade; oportunidade na área.

• Local apropriado para produção, comercialização e exposição dos produtos.

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• O gênero musical defendido por mim passa por um momento de desprestigio

pelas grandes mídias, e isso desencadeia uma série de dificuldades, tais como:

redução da aceitação pelo público, menos espaços para tocar ao vivo, redução

de programas de rádio para veicular tais músicas, entre outras...

• Patrocício, sustentabilidade e continuidade nas propostas culturais realizadas

• Falta de espaço próprio , recursos finaceiros e material didático.

• Falta de verba; falta de mão de obra especializada; falta de conscientização das

Instituições sobre a importância do Patrimônio Histórico Documental do

Município.

17. Sustentabilidade e manutenção

• Como pesquisador não há recursos. Enquanto Grupo de Pesquisa, contamos com

estrutura física da Universidade e submetemos projetos em Editais.

• De maneira independente, realizando apresentações de espetáculos de

classificação livres em escolas e empresas.

• Lei de incentivo cultural

• NA REALIAZAÇÃO DA FEIRA CULTURAL,COBRAMOS UM VALOR

SIMBOLICO DOS BARRAQUEIROS E COM ESSE DINHEIRO

PRESTAMOS CONTA.

• projetos, e patrocinios

• sim, de maneira independente através de vendas de discos, apresentações

musicais e oficinas culturais.

• Recursos Próprios a princípio.

• sim, de forma livre e independente

• Público, parceiros, edital Cultural, contratação.

• Recursos orçamentários publicos

• recursos próprios

• Sou professor em dois projetos, o que me possibilita ter mais tranquilidade para

exercer a atividade musical sem contar só com o dinheiro que dela provém

• Financiamento pelo poder público

• Projetos de Captação

• apenas a lei de incentivo municipal, que pode ser de 1 a 5% da verba do

município, mas, é sempre 1%.

• O Grupo se mantem ativo de maneira sistemática com atividades artísticas

constantes, montando trabalhos voltados para a Arte/Educação. Deste modo,

busca parcerias com as Escolas e as Empresas, a fim de estar sempre em

evidência, se apresentando e subsistindo com as arrecadações, mesmo que

mínimas, mas constantes.Também, com menos frequências, conseguimos

recursos através de Leis de Incentivo às Artes.

• Atividade remunerada que não tem haver com a atividade cultural desenvolvida

• Me sustento trabalhando como fotojornalista em assessorias de comunicação.

• Atualmente o sustento vem dos trabalhos artísticos, mas principalmente dos

trabalhos paralelos sintonizados com as artes, como a Educação Musical.

• Trabalhador autônomo.

• Feiras, eventos, projetos de Lei de incentivo e recursos próprios

• Tais dificuldades elencadas acima fazem com que eu busque o nicho de público

que curte o meu estilo de música, por meio de divulgação direcionada na

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97

internet, busca de casas de shows para tocar ao vivo em várias localidades que

abram espaço para o pop rock. Os benefícios culturais do setor público são

importantíssimos para a manutenção da atividade artística, pois não devem

considerar os modismos das grandes mídias e avaliar todos os projetos pela sua

relevância, e pelos seus méritos, independentemente do gênero musical.

• Recursos para manutenção de atividades, ações, projetos que assegure

continuidade

• Recurso próprio, apoio de padrinhos e comerciantes locais

• Lei Cultural João Bananeira; Fundo de Cultura do Estado do ES;

19. Pontos positivos

• Algumas entidades estão consolidadas (como a Associação de Bandas de Congo,

a de Cultura Italiana, a de Artesanato, Escolas e blocos de Carnaval e o conselho

Municipal de Cultura), com uma agenda de atividades. Existe uma cena cultural

realizada em espaços privados, com cinema, música, poesia, artes plástica,

organizados pelos artistas, de forma independente. As Bandas de Congo, como

expressão muito representativa no Estado, tem em Cariacica um território

privilegiado, com inúmeras bandas e uma das mais importantes festas de congo,

que o Carnaval de Congo, de Roda d'Água. A Lei de incentivo, João Bananeira

tem facilitado a produção cultural.

• Resistência, ineditismo e criatividade

• Diversidade cultural , lei de incentivo João Bananeira, Conselho de cultura

ativo.

• ESCOLA DE SAMBA BOA VISTA,ASSOCIAÇÃO DAS BANDAS DE

CONGO DE CARIACICA,ASSOCIAÇÃO DA CULTURA

ITÁLIANA,GRUPO MOXUARA,GRUPO PELE MORENA.

• a força de sua cultura

• a preocupação em projetar a cultura local.

• Está crescendo a preocupação do Município em relação à cultura, algumas ações

já estão sendo criadas para otimizar a cultura e torná-la acessível a um grupo

maior de artistas.

• preocupação e pro incentivo a cultura

• A quantidade e diversidade de artistas.

• Ampla produção cultural e riquíssimo patrimônio material e imaterial

• diversidade, matrizes culturais, patrimônio de natureza material e imaterial e

natural de grande relevância regional.

• Lei João Bananeira, festas populares/comunitárias

• Pluralidade de agentes e manifestações culturais.

• Bastante Diversificada e Plural

• A força individual. Não há grupos ou sindicatos e nem apoio de órgão públicos,

mas mesmo assim o artista (seja qual for a área) desenvolve seus trabalhos e

corre atrás para propagá-lo.

• Principalmente, a Diversidade Cultural. Em Cariacica, há muitas vertentes da

Arte e os talentos se sucedem. No Teatro, na Música, no Artesanato, Artes

Plásticas, Cultura Popular, enfim, são vários Segmentos Artísticos onde

despontam pessoas de altíssimo comprometimento com a Cultura e a Arte em

geral.

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• Secretaria de Cultura em alguns aspectos trabalha muito bem; Cariacica possui

artistas muito talentosos, ou seja, diversidade cultural é um ponto positivo.

• A riqueza cultural, folclórica e histórica de nosso município e um grupo de

artistas super engajados em melhorar ainda mais isto.

• Natureza linda! Espaço rural extremamente convidativo! Espaço de mar/

manguezal extremamente convidativo, porém sem estrutura para visitação;

existência de produtores culturais e manifestações culturais importantes e

relevantes.

• O público. As pessoas de Cariacica são simpáticas e reconhecem a arte alheia.

• Existência de grupos e artistas individuais engajados, existência da Lei de

Incentivo João Bananeira e Fundo de Cultura, Conselho Municipal de Cultura

• O público. O povo de Cariacica, a despeito das grandes mídias, em geral

mantém a opção de definir suas escolhas. Assim, encontra-se público para os

mais variados estilos: rock, samba, MPB, congo, sertanejo entre outros. Outro

ponto positivo que destaco é a preocupação dessa atual gestão da cultura de

Cariacica em fomentar a atividade cultural, o que certamente fará com que a

população se orgulhe de quem produz a cultura no município. Um belo exemplo,

é a realização desse diagnóstico, parabéns!!!

• Sua singularidade e expressividade, a proximidade de cultura de zonas rurais, a

potencialidade de seus artistas e produtos que alimentam a cena mesmo sem

recursos e a diversidade.

• Criatividade, diversidade e pessoas com força de vontade de levar arte a onde

não se tem contato ( bairros carentes).

• Conselho de Cultura atuante; Secretaria de Cultura exclusiva (isto é,

antigamente era compartilhada com a Secretaria de Esportes); Existe uma Lei de

Incentivo a Cultura no município (João Bananeira); Existência Fundo Municipal

de Cultura; Criação de uma Comissão para desenvolvimento do Plano Municipal

de Cultura; Festa do Congo, realizada anualmente no município, sendo

considerada uma das maiores manifestações culturais do estado do ES; etc...

20. Pontos negativos

• Não existe uma política pública cultural e as atividades cultural não contam com

a participação do poder público, salvo alguns eventos maiores. A formação

artística e de público é inexistente, por parte do poder público. Não foi elaborado

o Plano Municipal de Cultura. Não existe pesquisa sobre a História do município

ou de suas atividades culturais. As pesquisas realizadas pela Academia não

encontram condições para publicações. Ou seja, não há nada sobre o Município

nas Escolas.

• baixa arrecadação, logo, baixo potencial de investimento no setor, limitação de

espaços "referencias" com visibilidade junto a população.

• Desconhecimento de alguns trabalhos, pouca divulgação, baixa estima da

população em relação ao município.

• FESTIVAL DE BANDAS E FANFARRAS EM CARIACICA,E MAIOR

INCENTIVO PARA A APRESENTAÇÃO DOS GRUPOS CULTURAIS.

• Falta de compromisso do município com a Cultura popular

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• a falta de oportunidade e a desvalorização do artista faz com que ele se desloque

para outro município para apresentar seu trabalho aonde ainda existe mais

aceitação.

• Penso que seria um local grande e apropriado para a realização das mais diversas

manifestações culturais.

• falta de oportunidades aos artistas locais

• Falta de um bom espaço para os artistas se apresentarem.

• Pouco DIAGNÓSTICO, ANÁLISE E FORMULAÇÃO de políticas públicas

para o setor

• incapacidade de micro e macro articulação por segmento, falta capacitação

específica e contextual, ausência de gestão pública estruturante e potencialização

de "FESTFIRULA" (acabamos de identificar este conceito rsrsrsr)

• investimento nos artistas locais, fomento do mercado cultural interno,

valorização dos profissionais em termos de cachê.

• Corporativismo

• Espaço Cultural adequado e falta de trabalho voluntário

• falta de apoio, falta de uma politica cultura constante, falta verba, falta

divulgação dos produtos aqui produzidos e os que estão sendo lançados...

• Falta de Espaços Físicos adequados para apresentações e falta de investimento

em Divulgação de nossas potencialidades Artísticas. Além disso, não há uma

sequência de atividades culturais e, às vezes, nenhuma iniciativa em promover

intercâmbios e Oficinas ou Cursos de Formação Cultural. Percebe-se que a

Cidade ainda se porta como se, "tudo o que é bom, vem de fora". O que não é

verdade, pois, se houver condições, nossos próprios artistas têm capacidade para

"tocar" a arte e o fomento de nossa cultura com muito esmero e competência.

Também é notório que, muitos artistas, pelo fato de não subsistir de sua arte, se

vêem na necessidade de ter "outras atividades profissionais" e, assim, não

poderem se desenvolver cada vez mais, o que, automaticamente, impede o

aprimoramento do seu fazer artístico.

• Apoio privado, as empresas estão nem ai para cultura da cidade; Politicas

publicas estão bem devagar; Cidade muito pobre, o que dificulta criar um

mercado consumidor da cultura local.

• Falta de um espaço para mostrar nossos trabalhos e até mesmo para intercambio

da classe cultural. Falta também um dialogo direto entre empresas e artistas, para

que dessa forma não fiquemos dependendo somente do poder publico.

• Falta de espaços culturais oficiais para realização de agendas culturais; Cariacica

precisa valorizar sua área de manguezal e incluí-la para visitação/ passeios, etc.

• Nenhum incentivo cultural.

• Inexistência de pontos culturais ativos e permanentes

• Poucos espaços para os artistas se apresentarem ao público. A iniciativa privada

tem importante papel em promover parcerias com a prefeitura na geração de

demandas para o setor artístico-cultural. Todo mundo sai ganhando!!!

• ausência de divulgação/publicidade/ valorização das manifestações e

equipamentos culturais locais; ausência de equipamentos públicos de lazer,

cultura e entretenimento; ausência de incentivo e fomento da participação cidadã

da sociedade nas políticas públicas culturais, ausência de um plano efetivo,

integrado e de longo prazo para o desenvolvimento cultural do município,

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ausência de formação técnica para gerar novos produtores e atores para a cena

local, ausência de recursos materiais, financeiros e humanos para conduzir e

fazer fruir e dar continuidade a grandes projetos que articule educação, cultura,

cidadania, lazer e entretenimento, ausência de política que fortaleça seus atores,

artistas, produtores e o próprio mercado / industria cultural local, investimento

em mobilidade e acesso (com transporte gratuito por exemplo); ausência de

visão dos dirigentes públicos sobre a importância estratégica da cultura para o

desenvolvimento limpo/sustentável/ + humano.

• Desinteresse público, a falta de instrução aos artistas para participar de editais.

• - A Cultura ainda é muito centralizada, isto é, não atende a região periférica do

município;

- Apesar da existência do Fundo Municipal de Cultura desde o ano de 2010, o

mesmo nunca fora utilizado em Editais de Cultura;

- Outro ponto negativo está relacionado ao comprometimento do Governo

Municipal com o seu Patrimônio Cultural, pois apesar da criação no inicio do

ano de 2014 da Gerência de Patrimônio Cultural Material e Imaterial do

município de Cariacica a qual atendeu as diretrizes do Sistema Nacional de

Cultura, a mesma foi extinta no final deste mesmo ano, paralisando diversos

trabalhos de registros e tombamentos municipais que estavam em fase de

pesquisa.

21. Formação e capacitação

• Cursos de capacitação / aperfeiçoamento artístico - 12

• Cursos de gestão cultural (ex: produção, elaboração de projetos, captação de

recursos, etc.) - 20

• Cursos de iniciação artística (dança, música, teatro ou outras artes) - 13

• Cursos e oficinas de formação em áreas técnicas (ex: cenografia, iluminação,

etc.).- 10

Outras sugestões

• A necessidade do município hoje, na minha opinião, é ter à frente da área

cultural alguém que seja artista de fato.

• apoio direto convenio para manutençao dos grupos de cultura popular

• Curso de captação de recursos para diversas áreas culturais;

• Oficinas de Educação Patrimonial;

• Todos os anteriores e a inclusão de formação em patrimônio cultural, artístico,

natural e arquitetônico

22. Equipamentos culturais

• Tudo. Não há um Teatro, não há praças ou parques com equipamento para

apresentações culturais. Não há um ginásio para shows ou outras atividades de

grupos de cultura popular.

• Potencializar a criação espaços alternativos para ampliar e dar vasão aos

"produtos" culturais.

• Inauguração do espaço Frei Civitella, Espaço público para festas e eventos.

• TEATRO,CINEMA E PRAÇA PÚBLICA.

• area para a realização do maior evento da cultura popular do municipio

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• casas de shows, e ocupação de espaços públicos que encontram-se ociosos.

• Temos uma defasagem sim em espaços culturais. Temos 1 cinema, 1 teatro que

ainda não está funcionando, nenhum museu, não se sabe de arquivo público,

biblioteca pública. Por isso escrevi anteriormente da possibilidade de existir um

local único para essas atividades todas.

• casas de shows

• Teatro

• uma rede física que sirva para a circulação de produtos culturais

• A cidade possui estes equipamentos convencionais o que falta é potencializar e

otimizar o uso dos equipamentos públicos (centro cultural, sedes de matrizes

culturais, praças de equipamentos esportivos, entre outros) incentivar e fomentar

espaços privados e coletivos (bares, associações de moradores, ambientes de

usos coletivo de igrejas, clubes, galpões)

• Teatro, museu, casas de show para eventos de médio/grande porte,

• Galeria de arte, mais bibliotecas e centro culturais (espaço conjunto de teatro e

formação)

• Falta um Centro de Convenções

• não temos teatro, museu, casa de shows, espaços culturais

• Como já explicitei em respostas anteriores, esse é um dos principais entraves

para que a nossa Cultura possa deslanchar de vez, pois, sem espaços físicos

adequados torna-se quase impossível dar continuidade ou longevidade a

qualquer trabalho que necessite do mínimo de infraestrutura para o seu

desenvolvimento. Temos um Centro Cultural (finalizando as reformas), que

também não comporta Espetáculos de médio e grande portes. O movimento do

áudio visual em Cariacica é muito forte, mas, "onde" exibir os resultados dos

trabalhos desenvolvidos? Não há, sequer, Uma sala específica para isso.

Portanto estamos sempre nos "adequando" aos espaços para que as obras não

fiquem apenas na elaboração e, sim, possam ser executadas para serem vistas

pelo maior número de pessoas possível.

• Tatros e Museus

• Falta a entrega do tão sonhado Centro Cultural e que sua gestão seja

compartilhada com a classe cultural

• Teatro; valorização da área de manguezal em Porto de Santana, por exemplo;

mais valorização da área rural, como a região do Mochuara.

• Teatro, museu, biblioteca.

• Ponto de apoio ao turista com espaço para oferta de artesanato e produtos da

agricultura e micro indústria familiar, galerias

• Faltam teatros, casas de shows.

• Um teatro/espaço multiuso com capacidade acima de 300; espaços equipados

com toda a infraestrutura e especificidades para cinema, circo, dança, teatro,

multimídia; ausência de museus/gabinetes de curiosidade/memória e bibliotecas;

• Teatro

• Teatros, Museus, Galerias de Arte e principalmente espaços artísticos para

apresentações diversas de artistas locais;

23. Práticas culturais ao ar livre

• Não há nada.

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• Acredito que a pergunta já pressupõe própria resposta. Nossos poucos

equipamentos públicos nas comunidades ainda não atendem aos anseios das

comunidades.

• Divulgação e conhecimento de espaços públicos bem como a criação de parques

municipais.

• PRAÇAS HUMANIZADAS

• qualquer espaço de livre acesso onde possa ser levado a cultura.

• Principalmente praças. Exemplo: moro num bairro próximo a Arcelor Mittal e

passo por lá invejando aquele verde todo. Fico pensando num grande parque ali,

com lagos, parquinhos, espaços para caminhar, um museu, um espaço de

experiências para ciências, uma grande horta. Fico só sonhando...

• praça e parques publicos

• Um lugar onde os artistas pudessem se encontrar, ex. Uma feira cultural.

• Há praças excelentes para práticas culturais ao ar livre

• A cidade possui espaços, inclusive setorizados, diversificados e regionalizados

(mesmo que alternativos), o que falta é gestão e integração dos setores para

ocupação e uso destes equipamentos. Feito o plano de ocupação, desenvolver

um projeto de adaptação e restruturação destes locais e disponibilizando para a

cidade, com uso compartilhado.

• Parque de exposições ou área para realização de grandes eventos

• Vontade dos atores locais

• Até temos algumas praças, porém podemos ampliar

• falta organização, faltam pessoas para tomar a frente e desenvolver tal evento. E,

para que isso aconteça, precisamos de dinheiro para viabilizar.

• O Que Falta? OS ESPAÇOS, PROPRIAMENTE DITOS. Nossas Praças não

têm o mínimo de condição estrutural e física para determinadas ações e

intervenções artísticas. Então, os Grupos e/ou Artistas que, porventura, pensem

nessa possibilidade nem se preocupam em levar adiante as suas ideias. Acredito

que o Poder Público poderia sim, pensar na possibilidade de melhoria desses

espaços para que o interesse dos artistas possam aflorar e essas atividades se

tornarem frequentes.

• Espaço tem de sobra, falta é iniciativas para promover e apoiar essas práticas.

• Não temos nenhum praça ou área para eventos ao ar livre.

• Importante para Cariacica: construção de área de eventos na região de Porto de

Santana/ área de manguezal; construção de arena para eventos ao ar livre,

possivelmente em Roda D'Água, Cariacica Sede ou em Porto de Santana/ Flexal.

• Incentivo da prefeitura e dos centros comunitários.

• Praça, pavilhão de exposição

• Na minha opinião, certamente poderiam ser reformados ou construídos mais

espaços como parques e praças, porém com o que tem já é possível gerar muitas

demandas, só precisa planejamento, investimento e divulgação que o sucesso é

garantido. Inclusive tem dois estádios de futebol, que podem ser palcos para

grandes eventos artístico/culturais.

• ausência de divulgação/publicidade/valorização do patrimônio existente; falta de

estrutura/mobilidade para usufruir a cidade; pouca ou pouquíssima oferta de

todos os tipos de espaços públicos disponíveis qualificados, com boa mobilidade

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e facilidade de chegar/sair para os diversos públicos (em especial crianças e

idosos)

• Locais de encontro para os proprios artistas. Eventos de trica de conhecimentos.

• Principalmente espaços artísticos para apresentações diversas de artistas.

24. Quais são as organizações do terceiro setor, fundações, ongs, oscips ou

associações que atuam ou poderiam atuar no campo cultural em Cariacica?

• Existem associações, como apontado acima. Alguns grupos de capoeira

promovem oficinas e festas de batizados.

• prefiro não opinar

• ACIC, IPEDOC

• AGÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO CULTURAL DE

CARIACICA,ASSOCIAÇÃO DA CULTURA ITÁLIANA,ASSOCIAÇÃO

DAS BANDAS DE CONGO DE CARIACICA

• Associação de Bandas de Congo do municipio

• rojeto Boca a Boca/Cufa/Assedio coletivo/coletivo negrada/Literatura Marginal.

• Não conheço.

• Assedio coletivo, coletivo margina les, Projeto Boca a Boca

• APAE, ACIC, Costumes Artes, Aproac.

• Desconheço as existentes que poderiam atuar

• Associação de Moradores de cada bairro, associação das matrizes culturais

(congo, italianos, religiões de matrizes africanas, capoeira, religiões

confessionais, ...) associação de empresários, escolas de músicas e dança. ...

• Brasil de Tuhu

• Em Cariacica, "Isso" é praticamente INEXISTENTE. Não tenho conhecimento

de nenhum tipo de "organização" voltada para o "fazer cultural". Cariacica tem

Grandes Empresas e, com certeza, essas empresas devem ter as suas

"responsabilidades sociais".Talvez, haja sim, uma ou outra que desenvolve

alguma atividade voltada para o entretenimento ou a cultura em si. Mas, como

não percebemos amplitude nestas ações, praticamente não tomamos

conhecimentos destas ações que, acredito, devem acontecer, preferencialmente,

de maneira interna. Vez por outra, ficamos sabendo de alguma atividade

desenvolvida por empresas como: ArcelorMittal, Águia Branca. Mas, mesmo

assim, ainda é muito pouco pelo que sabemos que pode ser feito.

• Casa Sol, Associação das Bandas de Congo

• Fundação Vale Música; Itaú Cultural; Espaço Cultural Banco do Brasil; Espaço

Cultural Caixa Econômica.

• Projeto Sol, 7m, APROAC, Costumes Artes,

• Não me lembro

• A rede nacional de primeira infância; Associação Brasileira de Captadores de

Recusos; Associação das bandas de congo de Cariacica, o Conselho municipal

de cultura, o instituto histórico e geográfico; associações e agremiações

carnavalescas; associações e grupos folclóricos tradicionais, associações e

conselhos de representação de classe de contabilidade e administração,

Observatório da diversidade cultural; Intituto Itaú cultural, Instituto Tomie

Ohtake, Fundação Casa de Rui Barbosa, APEX Brasil, Associação vídeo brasil;

Instituto Pierre Verge; IHAC/UFBA; Observatórios de Economia Criativa,

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Escola de Artes e de Pedagogia da UFES; IFES, Museu Vale; SESC / SENAC;

MINC; ANCINE; ABPITV;

• Projeto arte na comunidade- PANC no qual estou tentando registrar

• Não tenho muito contato com essas Instituições;

25. Cultura e desenvolvimento local

• Primeira coisa é um Plano Municipal de Cultura, amplamente democrático. A

elaboração de um Calendário, unificado e amplo, com destaques para as datas

quando serão realizadas as atividades culturais, festivais e outras. A inauguração

do Centro Cultural e as construções de um Teatro, uma Biblioteca, uma Escola

de Artes e um ginásio multifuncional. Política de assessoria às associações de

artistas e de cultura popular, para que adquiram condições de submissão de

projetos em Editais e de elaboração de projetos para levantamento de recursos

junto à iniciativa privada.l

• Ações que estabeleçam o contato e logo a divulgação junto as comunidades.

• Capacitação de grupos para elaboração de projetos e associativismos de forma

que os mesmos consigam viver de recursos próprios e da sua arte.

• FEIRA CULTURAL E CARAVANA CULTURAL NAS PRAÇAS

• convenio apoio direto para manutenção das bandas de congo

• ações voltadas as Culturas Hip Hop e Reggae Sound System

• Citei algumas acima.

• ações e eventos voltados a cultura de rua

• Cursos, palestras, seminários.

• Criar um projeto integrado entre o setor público e privado, objetivando uma

grande ação cultura cultural em todo o município.

• Circuito cultural (multicultural e artístico) regionalizado e incluso no calendário

oficial de eventos da cidade,

Descentralizar a realização do calendário oficial de eventos,

Desenvolver politica de incentivo a empresas parceiras de atividades culturais

(prioridades de atendimento nos setores, selo de parceria, garantir midia

institucional (site PMC, folheteria especifica, evento temático como feira de

negócios),

Associar-se a produtores de médios e grandes eventos para criar projetos de

promoção e divulgação da cultura e arte local

Pensar a promoção cultural como estratégia de integração da região

metropolitana.

• Realização de mostras ou festivais que valorizem a cultura local em suas

diversas linguagens; ampliação do projeto SEMEARTE para que mais crianças

possam ter acesso às linguagens artísticas fomentando, não só futuros artistas,

mas também qualificando o público consumidor; criação de espaços públicos

que valorizem a cultura local.

• Formação e capacitação

• Um espaço de apresentação de todos os tipos de cultura, tipo uma virada cultural

• oficinas promovidas pela sec de cultura, capacitação dos produtores culturais,

remuneração para os que se dispõem a propagar a cultura, ter um evento que

viesse acontecer cada dia em um bairro para envolvermos a comunidade...

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• *Seminários permanentes como foco no desenvolvimento cultural; *Cursos e

Oficinas constantes de Capacitação para elaboração de projetos e captação de

recursos); *Cursos e Oficinas para inicialização ao Teatro, à Dança, ao

Artesanato, Artes Plásticas, Literatura e outros; *Maior dinamização do Poder

Público na condução das Políticas Públicas já conquistadas no Município (Lei de

Incentivo João bananeira e Fundo de Cultura); *Investimento em Divulgação e

Propagação, por parte do Poder Público, da nossa Arte; *Parcerias entre

Secretarias Afins para que haja maior volume de obras e atividades culturais

(Educação, Turismo e Desenvolvimento, Assistência Social, etc.)

• Integrar mais as escolas; Criar um calendário cultural e mais envolvimento da

secretaria de cultura para criar eventos onde os artistas possam divulgar seus

trabalhos.

• Cursos de capacitação, Promoção de encontros e eventos para um maior

intercambio entre a classe.

• Espaço cultural do Congo; Museu do Congo; Museu do Canranguejo;

Valorização das origens indígenas de Cariacica (quais grupos indígenas viviam

em Cariacica? Goitacazes? Temiminós? Quem eram, onde e como viviam?;

Maquete da Cidade/ Moxuara para visualização ampla da região.

• Oficinas itinerantes pelos bairros do município.

• Feiras, Festivais, apresentações culturais em áreas abertas

• Como citei, eventos nos estádios, parques e praças, com entradas a preços

populares, com ampla divulgação, fomentando a cultura local e fazendo as

escolhas dos projetos por meio de editais, conforme os méritos.

• Valorizar a população seus saberes e fazer promovendo a dignidade e a

participação cidadã com divisão de riquezas e investimentos na qualificação do

que já existe; aumento do volume de recursos empregados no orçamento público

municipal e estadual; aumento de programas privados de patrocínio cultural;

investimento em um programa ampliado de formação com foco em transformar

Cariacica em uma cidade criativa com o objetivo de promover o

desenvolvimento econômico social e educacional através da economia da

cultura, valorizando os talentos e arranjos produtivos locais genuínos.

• Feiras culturais e o desenvolvimento de uma escola de arte

• Ações de formação e capacitação conforme pergunta 21;

26. Sugestões

• Plano Municipal, Calendário, Fundo de cultura e Teatro.

• Nossas comunidades possuem realidades e demandas distintas. Esse diagnóstico

deve ser feito in loco.

• Ação que integre vários setores culturais.

• CARAVANA CULTURAL E CIDADANIA

• convenio apoio direto para manutenção das bandas de congo

• Projetos voltados a adolescentes e Jovens de nossa cidade.

• O "Morro da Companhia" em Itaquari é um espaço grande e abandonado. Seria

um excelente local para uma área cultural.

• projetos e ações voltadas a cultura Hip Hop

• Curso de gestão e produção.

• Projetos inovadores de circulação cultural

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• Ações espontâneas dos produtores e agentes culturais para integrar os detentores

e os consumidores de cultura, de forma a garantir força de pressão tanto sobre a

gestão dos recursos públicos, como de interlocução juto aos setores privados.

• incentivo à criação de uma cadeia cultural sustentável que valorize os artistas

locais e incentive a participação popular.

• Formação e capacitação

• organização, mais verba, pessoal capacitado a frente, envolvimento da

comunidade (e escolas)

• Além do que já foi discriminado na resposta anterior: Investir na Capacitação e

dar condições para que o Artista Local possa subsistir do seu trabalho, buscando

sempre se aprimorar cada vez mais.

• Eventos integradores, como por exemplo, feiras, festivais e demais ocasiões

multiculturais.

• Construção de teatro e valorização da área de manguezal.

• Oficinas de dança, música, artes cênicas, pintura.

• Divulgação das potencialidades artísticas através de atividades apropriadas a

cada seguimento

• Acredito que deva ser priorizado o que é típico (cultural, raiz) do município,

como o congo. Apesar de não ser o meu estilo de trabalho, eu admiro e penso

que por ser originário capixaba deve ser prioridade, inclusive tendo edital

próprio para escolha dos projetos, não concorrendo com projetos de outros

gêneros culturais.

• Criação de um grande centro de referencia em cultura com bibliotecas e

cinemas; criação de escola permanente em formação profissional em linguagens

artísticas (dança, música, teatro, cinema, circo); formação de tecnólogos para

técnicas/maquinaria/engenharia de espetáculos; criação de um laboratório

associado a incubadoras para produção de multimídias / conteúdos em

audiovisual e games, programação e aplicativos

• Escola de artes em geral

• Captação de recursos para todas as áreas culturais;

27a. Caso conheça – Atuação da Arcelor

• Promoção de espetáculos em cidades onde há usinas.

• Projeto Raízes, Trilhas da cultura.

• Arcelor nas escolas. Educação Ambiental.

• FEIRA DE CIDADANIA

• projetos, nunca ligados a cultura popular

• Trilhas da Cultura

• Apoio a Lei de Incentivo Cultural João Bananeira

• Já fui beneficiada com cursos de formação e capacitação em gestão cultural, Já

foram realizadas parcerias para utilização dos ambientes da empresa para

eventos culturais e de articulação com entidades, setores e órgãos de abrangência

local, regional e nacional.

• Orquestra de Câmara de Cariacica

• Projetos na área educacional e cultural

• Aqui na Educação o Projeto Mobilização

• É uma grande apoiadora da cultura, na troca de bônus na Serra e em Vitória

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• *Cursos de elaboração de projetos culturais; *Projeto Raízes; *Projeto social de

entrega de óculos e aparelhos auditivos para as comunidades carentes;

*Campanhas de prevenção de acidentes do trabalhos; *Entre outros.

• Na minha cidade, nenhuma

• Mobilização (atividade da área de educação)

• O projeto de distribuição de óculos a alunos carentes

• Não me lembro

• Participei do curso Provocação e Resposta - Seminário de política públicas onde

conheci o mestre Márcio Barros, em 2008. Acompanhei a versão antiga do

Diversão em cena. Este projeto traz a sensibilização que uma criança

experimenta numa vivência cultural - algo que ela leva consigo para o resto da

vida. Vi muitos olhinhos brindo nos espetáculos que pude acompanhar, em

bairros tão desprovidos de tudo. Essa é uma das melhores formas de uma

empresa se relacionar com a comunidade de seu entorno - respeito, escuta atenta,

valorização, oportunidades/experiências de viver o extraordinário, o lúdico; o

conhecer das coisas para se inspirar e saber que existe beleza no mundo.

• Em Cariacica somente Projetos Culturais da Lei João Bananeira;

• Infelizmente a Arcelor Mittal de Cariacica não é atuante junto a Lei Cultural do

Municipio. Talvez seja atuante em projeto culturais independentes, mas eu

particularmente desconheço. Esta empresa sempre foi muito atuante nas Leis

Culturais dos municipios da Serra e de Vitória mas em Cariacica não esteve

presente.

28. Considerações finais

• O questionário foi restritivo, por há pessoas com mais áreas de atuação. Eu, por

exemplo, sou músico. Neste questionário optei pela atuação como pesquisador.

Penso, também, que as empesas privadas deveriam ampliar o diálogo com a

comunidade, no geral, e com a classe artística, no particular.

• A NOSSA INSTITUIÇÃO ADECCA,ESTÁ A DISPOSIÇÃO PARA SER

PARCEIRA NESSE PROJETO.

• Sugiro que possamos ver a melhor forma para que nossos adolescentes e jovens

possam desenvolver suas habilidades e possamos valorizar o que temos de

melhor.

• Gostaria muito que a Arcelor Mittal conhecesse o projeto do meu livro. Vou

deixar abaixo a sinopse (quem sabe agora consigo patrocínio...):

O projeto é um livro sobre a história do Espírito Santo para colorir. São 15

desenhos, juntamente com a histórica contada por um personagem, dos mais

conhecidos e mais importantes ícones do Espírito Santo, a saber: Convento da

Penha, Igreja do Rosário, Terceira Ponte, Igreja dos Reis Magos , Relógio da

Praça Oito, Palácio Anchieta , Basílica de Santo Antônio, Panelas de Barro,

Pedra da Cebola, Monte Mestre Álvaro, Monte Mochuara, As Máscaras de

Congo, A Pedra do Frade e a Freira e Guarapari. O livro tem 29,5 x 21cm

(tamanho de uma folha A4) de dimensão, onde a pessoa, de qualquer idade,

poderá colorir, com o material que quiser e tiver acesso. A parte histórica de

cada ícone faz parte do desenho. Ideal para todas as idades e interessados em

conhecer a história do Espírito Santo, de forma divertida. É para todos os

capixabas e para os turistas, pois serve de guia para a visitação nestes locais, já

que há indicação do município e a distância dele da capital. Também fala das

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lendas que envolvem nossas pedras e assim faz do momento de pintura, um

ganho de conhecimento. O livro é bilíngue, tendo um parágrafo da história em

português e um inglês, o que facilita para o turista estrangeiro e também para os

professores de inglês, caso queiram inserir em suas aulas. Obrigada pela

oportunidade.

• seria de total importância espaços publicos para a divulgação e apresentação de

nossa cultura local, pois é frequente o deslocamento de adolecentes, jovens

artistas locais para outros municipios, grato.

• A partir deste diagnóstico que se concretize uma parceria com o poder público

local na área cultural

• Espero que as opiniões sejam lidas e consideradas, pois nós que estamos aqui no

chão da cultura cariaciquense, sabemos o quanto penamos e o quanto

dependemos de trabalhar nos outros municípios da grande vitória para garantir

nosso sustento.

• Parabenizo a iniciativa dos elaboradores deste "questionário" e nos colocamos à

disposição para quaisquer outros esclarecimentos e/ou informações.Acredito que

a iniciativa privada deveria promover mais ações para o desenvolvimento

social/artístico/educacional de nossa Cidade. Porém, temos que ressaltar que

cabe ao Poder Público a obrigação de Promover, Desenvolver e Executar

atividades que façam, tanto os artistas quanto a população, sentirem orgulho de

morar em uma cidade que respeita as suas tradições e a sua cultura.

• Cidade tem muito potencial, mas é necessário trabalhar de forma conjunta para

favorecer todos os elos da cadeia cultural.

• Parabéns pela iniciativa que nos leva a refletir mais sobre a importância da

cidade de Cariacica e suas possibilidades culturais.

• Como artista nesse país, onde a cultura anda tão em baixa, desde a alta cúpula

até a classe trabalhadora, onde com a crise a primeira parte sacrificada é a arte

(ida a teatros, shows musicais, suspensão de aulas de música, entre outras) ou

seja a classe artística é uma das primeiras impactadas pela crise político-

econômica, eu fico gratamente feliz que a Secretaria da Cultura da Prefeitura de

Cariacica tenha tal preocupação em fomentar a atividade local por meio de

parceria com a iniciativa privada. Torço muito para que seja um sucesso e me

coloco a disposição para contribuir no que for necessário.

• Esta pesquisa poderia ser feita com a população especialmente ouvir as crianças

e os jovens sobre o que eles querem, precisam e gostam na cidade.

• Sem mais considerações!

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Anexo 2 - Relatos Grupos de Discussão

(transcrição literal das falas mais representativas dos grupos de discussão, segundo

temas)

Referências às potencialidades da cultura de Cariacica

• Há nesta região muitos artistas.

• Aqui em Cariacica se fala muito do Congo. A cultura da cidade que brilha é o

Congo.

• Quando eu vou na festa do congo, vejo que as pessoas estão lá porque é uma

coisa de Cariacica. Isso é uma demanda da cidade.

• Há dezesseis anos criamos a Associação das Bandas de Congo de Cariacica e

isso fez diferença. Os congueiros conseguiram avançar bastante.

• O Moxuara é uma exceção, com seus 25 anos. Eles conseguiram sobreviver por

tanto tempo, mas isso é raridade. Eles foram navegando, fazendo parcerias,

independentemente do poder público.

• O Grupo Teatral Revelação tem 35 anos de existência. Trabalhamos com a

Paixão de Cristo ao vivo, sem gravação.

• Temos bons escritores, bons poetas em Cariacica. Levamos seus trabalhos às

escolas e eles não acreditam que eles são de Cariacica.

• O Conselho de Cultura de Cariacica hoje funciona. Embora nem todas as áreas

estejam representadas, ele é funcional. Nas nossas reuniões é raro não dar

quórum. A vitória na modificação da Lei João Bananeira foi uma felicidade para

nós.

• Temos um Fundo de Cultura que ainda não utilizamos para abertura de editais.

• Hoje temos quatro patrimônios que foram tombados, mesmo que de forma

inadequada e sem estudos, nos anos 1990. O Moxuara, a Estação de Areinha, O

Centro Cultural Frei Civitella, que foi tombado e descaracterizado, e a Matriz de

São João Batista.

• Este é o segundo ano em que vamos realizar, no Shopping Moxuara, a Mostra de

Dança Talentos de Cariacica.

Referências às fragilidades da cultura de Cariacica

• Na minha opinião, o município é muito carente. A autoestima é muito baixa. Há

grande desvalorização cultural dos grupos locais.

• Nós sempre caminhamos a reboque de Vitória. Quando você quer ver alguma

coisa, tem que ir para Vitória. Cariacica é considerada um bairro dormitório. Até

hoje os artistas daqui vão para Vitória. Toda a minha formação técnica

aconteceu lá.

• Sempre que a gente vai falar de cultura, a gente de Cariacica acaba indo a

Vitória. Nós, do artesanato, nos encontramos nas feiras da Praça do Papa, ou

então na Associação da qual fazemos parte.

• Conheço muita gente qualificada em Cariacica, mas que não trabalha na cidade.

É mais fácil ir para Vitória ou Vila Velha.

• Eu sinto uma falta muito grande de espaço de debate em Cariacica. A gente

ainda tem dificuldades com isso. A gente tem produtores e tem uma cultura

muito rica, mas não consegue criar esses espaços.

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• Há muita riqueza em Cariacica. O que falta é oportunidade e incentivo.

• A cultura de Cariacica está engatinhando.

• Falta tanta coisa... Tem isso? Não. Tem aquilo? Não. Não. Não. Tudo é não.

• Temos escolas de música, mas apenas escolas privadas.

• Já demos oficinas de artesanato, mas não temos feito mais isso. Não temos

espaços físicos.

• Os editais do Fundo Municipal de Cultura não foram criados e ainda falta o

Plano Municipal de Cultura.

• Nossas necessidades são tantas... Historicamente nós temos artistas muito fortes

sem campo de trabalho na cidade, em todas as áreas.

• No domingo passado reunimos mais de trinta atrações num evento da música.

Todos por lá estavam reclamando que a música ao vivo de Cariacica está sendo

limitada.

• Faltam espaços para esses artistas se apresentarem. Faltam políticas voltadas

para o incentivo à cultura.

• Uma questão grave de Cariacica, que a gente vem enfrentando há pelo menos

dez ou doze anos, é o fato de nosso Centro Cultural estar abandonado. Não está

efetivamente fechado, mas está abandonado.

• Até hoje não conseguimos terminar nosso Centro Cultural.

• A vontade dos artistas de terem um espaço físico de referência para a cultura era

tão grande que nós abrimos mão do Fundo Municipal no ano passado para que a

verba fosse aplicada na obra do Centro Cultural. Mas faltam os equipamentos.

Há uma previsão de abrir esse espaço de referência em junho.

• Havia uma galeria de artes na cidade, que foi abandonada e acabou virando

Câmara Municipal.

• Vamos tentar voltar com o Encontro de Descendentes Italianos no ano que vem.

É uma festa de médio ou grande porte que movimentou muito Cariacica, que

praticamente está na UTI. Quem sabe a gente consegue voltar no ano que vem?

• A gente perdeu muita coisa em Cariacica. Muitas festas deixaram de existir e

ficaram no esquecimento.

• A gente se vira, às vezes tirando do próprio bolso. A gente mantém a atividade

cultural fazendo outros trabalhos. A cultura não é sustento.

• Já fizemos bons eventos, mas acabamos tirando do bolso para fechar as contas.

Isso é cruel.

• A maioria dos artistas de Cariacica não vive do trabalho deles. Eles têm uma

profissão e, paralelamente àquilo ali e quase como um hobby, realiza o trabalho

artístico.

• Os artistas locais não têm tido espaço para mostrar seu trabalho. Quando se faz

uma grande festa em Cariacica, a programação vem de fora. Você não vê banda

de congo tocando. O artista local não é programado.

• Os congueiros têm grandes dificuldades. Os mais velhos estão com 80, 90 anos e

não têm formação. São semianalfabetos. Acabam sendo usados e não

conseguem ter livros, CDs, registros da história deles.

• Carecemos de registros. O Congo não tem registros e por isso a juventude e as

escolas não valorizam. Os mestre saem da Roda D’Água e vêm para Cariacica

trabalhar como porteiros, por exemplo. É preciso que eles fiquem na região, que

atendam as escolas.

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• A Associação das Bandas de Congo inexiste como entidade. Ela não tem força

pra isso. O tempo urge para essas famílias congueiras. Não podemos exigir deles

a responsabilidade por isso tudo.

• Historicamente nunca houve interesse da elite por potencializar a cultura. Se ela

fizer isso, vai potencializar o negro.

• Na Bahia, o poder público participa, mas a sociedade civil também. As coisas

por lá acontecem independentemente do poder público. Eu chego no Pelourinho

e vejo crianças tocando percussão na rua. Aí eu sento no meio-fio e choro,

porque nós não temos isto em Cariacica.

• Às vezes você tem uma sobrecarga em uma única pessoa. Ela vai se cansando de

remar contra a maré. As coisas vão se perdendo. Na Associação da Cultura

Italiana as pessoas são todas voluntárias e isso sobrecarrega uma ou duas delas.

Elas vão desistindo, as coisas vão deixando de existir. Os novos não se

apropriam.

• A nossa cultura é deficiente em vários aspectos, mas por culpa da própria classe

cultural.

Referências à questão do uso de espaços públicos para a cultura na cidade

• Não temos espaços públicos para usar.

• Temos pouquíssimas praças, mas têm acontecido eventos culturais nelas. Em

Cariacica Sede, por exemplo, sempre acontecem eventos perto da praça.

• As associações de moradores realizam eventos nas praças dos bairros.

• Eu gosto de trabalhar em praças, porque você está deslocando para aquele

espaço algo que ele não tem. Isso para o comércio local é muito bom, o que

pode favorecer os patrocínios.

• A Associação Comercial proibiu a realização de shows em Campo Grande, na

Expedito Garcia. Tínhamos uma vocação underground: festivais de rock e de

skatistas. Tínhamos as galeras divididas por esquinas. Isso se perdeu por causa

da Associação Comercial.

• Há uma briga da Secretaria de Esportes para manter a Rua de Lazer na Expedito

Garcia aos domingos. Se os comerciantes tivessem uma mentalidade mais

evoluída, eles tirariam partido disso, vendendo seus produtos.

• Fiz num beco o Domingo Alternativo. Coloquei uma aparelhagem de som e

cheguei a fazer algumas vezes. Era um evento gratuito aos domingos e começou

a juntar gente. O dono de um posto próximo começou a achar ruim e a reclamar,

embora fosse um espaço público. Preferi não continuar. Eu era sozinho e estava

ficando desgastado.

• Havia uma ideia de transformar a Avenida Campo Grande em uma avenida 24

horas.

Referências às relações entre cultura e educação na cidade

• A educação deveria caminhar lado a lado com a cultura. Infelizmente elas se

separaram.

• Sempre faltou esse link entre educação e cultura. As duas Secretarias sempre

caminharam em lados opostos. Estamos hoje ainda distantes de um

entendimento, de uma ligação capaz de suprir de informações o professor que

tenha o desejo de fomentar a cultura entre os alunos.

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• Cultura e educação: circulei pelas escolas e percebi desinteresse na criação de

uma lei que aproxime as duas áreas. Mas quando os artistas chegam às escolas,

são muito bem recebidos. Pouca gente nas escolas tem noção do que existe na

cultura de Cariacica. A Secretaria (de Educação) é uma ilha. Não há disposição

para dialogar, chamar todos os diretores para conversar sobre isso.

• Havia um projeto que dava aulas de arte nas escolas. Não havia a intenção de

formar artistas, mas alguns foram em frente e hoje temos artistas que saíram

dali. Acho que temos que levar arte para as escolas. A escola é o espaço mais

democrático do mundo. Ali é um espaço privilegiado para trabalhar a música, a

dança, o teatro, a capoeira, a educação patrimonial, as bandas de congo.

• CRIAR: Centro de Referência Integrado em Arte-Educação. Existe um espaço

físico. Um espaço da educação, para atender os alunos. Mas é um projeto caro.

• É sempre um problema onde levar os alunos. Existiu um projeto interessante

aqui: o Turismo Pedagógico os alunos iam à Igreja Matriz, ao Moxuara... Este

foi o projeto mais importante. Hoje as escolas hoje saem muito para Vitória,

levam ao cinema. Em Vitória há espaços mais organizados e prontos para

atender as crianças.

• No congo falta organização. Não há pessoas disponíveis para receber as escolas.

É uma manifestação forte no município, mas eles nem sempre estão disponíveis

e prontos para receber. Os espaços existem, mas não há uma política que

organize esses espaços. E isso não é só uma questão da Prefeitura. Por exemplo,

das seis bandas de congo de Cariacica, cinco têm sede, mas são espaços

fechados e subutilizados.

• O cineclube Cine Colorado acontece no Bar do Pantera. Ainda não conseguimos

trabalhar com as escolas.

• A base do público do Moxuara está na educação. Trabalhamos doze anos com

educação. Percorremos muitas escolas, gravamos um CD com crianças. Já vendi

970 CDs em um único congresso de professores do qual participamos.

• Há também o Mais Cultura nas Escolas, que é um projeto que está aí, abrindo

possibilidades para os artistas entrarem no cotidiano escolar. O acordo para eles

entrarem é de que os projetos sejam construídos em conjunto com a equipe

pedagógica da escola.

• Na Secretaria de Educação há uma ação chamada Semearte: cultura dentro das

escolas. Eu não vejo a educação sem este projeto. Ele não pode parar.

• Temos muitas ações no âmbito das escolas.

Referências à questão da desarticulação dos profissionais da cultura na cidade

• Eu sou cariaciquense, mas não conheço a cultura da cidade. As pessoas não

conhecem. Os artistas não têm espaço para divulgar seu trabalho.

• Estou sempre conhecendo pessoas em Cariacica que estão envolvidas com

cultura. Mas isso não aparece. As feiras de artesanato geralmente acontecem em

Vitória. A gente ouve coisas muito estranhas por lá: Mas isto é de Cariacica?

• Professor Erildo tem um diploma de honra ao mérito para as pessoas da cultura.

Ele reuniu 150 pessoas num auditório. Ficamos surpresos. Quantos artistas

existem em Cariacica e a gente nem sabia!

• Na cerimônia do Prof. Erildo muitos não se reconheciam como artistas. “Nossa!

Eu sou artista!” “Somente agora é que Cariacica foi dizer que eu sou artista”.

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• Fiz um projeto para a Lei João Bananeira que se chamava Conexão Cariacica.

Busquei juntar artistas com trabalho inicial e produzir um CD. Fui descobrindo

artistas: “Caramba, cara, você mora aqui?”

• Há muita gente que trabalha como artista e a gente não conhece.

• Não sei quantos grupos existem por aqui para participar disso.

• Eu não sabia que era o Grupo de Teatro Revelação que fazia a Paixão de Cristo.

• Na área de dança, ninguém nunca me convidou para nenhum encontro.

• O problema da cultura de Cariacica é histórico. Entra gestão, sai gestão, a coisa

fica sempre nisso. Mas isso também é culpa nossa. Mas acho que, atualmente, os

artistas estão mais unidos. Nós temos tido uma participação mais numerosa no

Conselho Municipal de Cultura.

• Estou me policiando há muito tempo para não reclamar mais. Tenho visto o

Conselho como única ferramenta de mudança. Se a gente quer mudar, tem que

participar.

• Tivemos uma mudança importante depois da nossa primeira e única Conferência

Municipal de Cultura. Algumas coisas aconteceram depois disso. Não devemos

culpar somente a Secretaria de Cultura. Também somos culpados. Quem é

cidadão tem que participar. É através deste trabalho que podemos dar o grito.

Quem faz a hora somos nós.

Referências aos problemas de formação na área da cultura

• Há um problema de formação. A capacitação é um problema. As pessoas não

sabem fazer projetos. Na gestão passada houve uma iniciativa de formação

“meia sola”. Houve também um anúncio de uma capacitação da Petrobras, mas

que acabou não acontecendo.

• É preciso que haja pessoas capazes de lidar com a burocracia. Esta parte é muito

complicada para mim.

• Em Cariacica não temos cursos de formação de especialistas na área da

economia criativa. Temos que ir para Vitória ou fazer cursos online.

• Precisamos de formação na área de gestão.

• Somos muito deficientes quando falamos em produtores na cidade. Eles não

chegam a dez.

• Um problema nosso é o da formação de novos produtores. Já fiz alguns cursos

no Sebrae e participei de um congresso em Belo Horizonte, mas não é todo

mundo que pode sair para investir em sua formação fora do Estado. Precisamos

trazer esse tipo de formação para cá.

• Esta falta de qualificação acaba reverberando na Secretaria. As pessoas chegam

procurando financiamento e eu percebo que elas não têm conhecimentos sobre

como abordar as empresas. Elas não têm nem um projeto.

• A Lei daqui foi reestruturada e a gente sabe que está anos luz à frente de muitas

outras cidades, por se tratar de recursos diretos. Mas você só consegue ter bons

projetos se tiver bons analistas. É preciso formar bons analistas, mas antes disso

você tem que ter bons elaboradores de projetos.

• Nunca me preocupei com a questão do financiamento. Fazia parcerias com

amigos e trocava serviços. Tínhamos certa irmandade. Depois da mudança na

Lei, fiz meu primeiro projeto. Fico ainda meio perdido com os documentos. Nós

executamos, mas não temos a habilidade do administrador. A maioria funciona

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desse jeito. Eu nunca pensava na questão financeira. Isso era uma grande falha.

Hoje em dia eu estou começando a enxergar de uma maneira mais técnica e

espero aprender mais.

• É preciso saber fazer a administração financeira. A capacitação também passa

por aí.

• O gargalo maior é a formação. Falta qualificação, não só da sociedade civil, mas

também do poder público.

• Muitas vezes temos ações engessadas e não podemos correr delas (fala de

representante do poder público). A formação não é custeio, mas investimento.

Mas algumas áreas da Prefeitura pensam como custeio.

Referências ao processo de financiamento à cultura de Cariacica

• O financiamento é algo difícil. Enfrentamos muita burocracia. É muita papelada

e não temos alguém para poder ajudar. O concreto é muitas vezes difícil para

quem trabalha com arte. Chegar na empresa também é complicado.

• Em Cariacica existe pouca conscientização sobre cultura. Você vai numa

empresa e é tratado de maneira vaga. As pessoas não têm conhecimento sobre

isto, ainda mais os donos de empresas. Eles são conservadores.

• Mas na música a gente teve dificuldades com eles (o Shopping Moxuara).

Tínhamos um projeto por lá que se chamava Quarta Sonora. A gente levava tudo

para o Shopping: atração, sonorização, mídia. Eles não entravam com nada e

ainda assim criavam dificuldades.

• Tínhamos um projeto criado em parceria do poder público com a iniciativa

privada, no Shopping, mas os artistas locais não recebiam remuneração. Apenas

recebiam o espaço para divulgar seu nome.

• A maioria das empresas não cumpre seu papel social. Quando uma empresa se

instala numa localidade, explora os recursos naturais e humanos, gera poluição.

Nós temos que cobrar delas uma contrapartida social. É muito simples a empresa

patrocinar sem colocar nenhum centavo. Não sou contra a renúncia fiscal, mas

as empresas estão com dificuldade de compreender isso. Elas apenas compram

bônus de grandes artistas. A classe empresarial tem que ser educada.

• O incentivo não é só financeiro. Por exemplo, uma empresa pode disponibilizar

o som. Se você for mensurar isso vai ver que é importante. Você não recebeu o

dinheiro, mas o produto ou serviço.

• Agora a Prefeitura mudou a Lei João Bananeira. A verba é repassada ao projeto

sem a participação da empresa. Isso facilitou as coisas.

• A Lei João Bananeira era horrível. Você ganhava, mas não conseguia receber.

Muita gente ajudou nessa mudança. Eu e muitos outros participamos dela.

Temos sempre que participar.

• A mudança na Lei João Bananeira foi muito positiva. Tínhamos muita

dificuldade de trocar os bônus. Tínhamos que mendigar às empresas. Havia uma

discriminação por parte das empresas. Aquilo que não iria dar visibilidade à

empresa tinha muitas dificuldades. Essa mudança que tirou a passagem pela

iniciativa privada foi um grande avanço. A mudança aconteceu de forma

colaborativa e participativa. Isso uniu mais os artistas.

• O financiamento coletivo tem que ser mais utilizado. Uma vaquinha pode ajudar

a realizar um festival que é do interesse da cidade. Você junta um recurso de

financiamento com o dinheiro da Lei e realiza.

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• Por que a gente não pensa nas comunidades de matriz cultural do município da

mesma forma que a APAE? É possível fazer um apelo à sensibilidade de uma

massa de pessoas para a construção da história de uma cidade.

• O Moxuara lançou cinco CDs, fazendo do próprio bolso e contando com o

público. O público financiou. Mercado existe, mas não conseguimos tocar aqui.

• Eles tocavam em Vitória com casa cheia, e parte do público era daqui. As

pessoas iam daqui pra lá!

• Por que a escola de samba conseguiu se estabelecer e criar pertencimento? Eles

souberam criar. O poder público investe, mas eles também têm seus mecanismos

para ir criando caixa ao longo do ano. Conquistaram o bairro deles. Hoje eles

têm uma Liga e o poder público teve papel fundamental.

Referências explícitas à Prefeitura Municipal de Cariacica e à Secretaria

Municipal de Cultura

• A Secretaria não tem braços e não tem pernas. Por fora conseguimos fazer muita

coisa. Com ou sem ajuda da Secretaria temos conseguido fazer alguma coisa.

• A administração municipal devia inverter as prioridades. Eles perdem muito

tempo com coisa pequena. É grande a falta de conhecimento de nossa história.

Nossos atores, cantores e músicos precisam ser valorizados.

• O Conselho muitas vezes não sabe o que existe na área cultural de Cariacica. A

Prefeitura também não sabe.

• A cultura, o entretenimento e o lazer ficaram para trás, por conta de outras

prioridades na educação, na saúde e na segurança pública.

• Havia também as festas juninas, mas não temos mais isso. Se não tem o apoio da

Prefeitura, fica difícil fazer. As pessoas que fazem vão se cansando e não têm

substitutos naturais. No meu bairro as coisas pararam quando eu parei de fazer.

Eu era o marcador. Parei de marcar a quadrilha, acabou.

• Já pedi apoio da Secretaria para fazer uma atividade com o congo, mas a

Secretaria se limitou a me passar o contato do mestre. Tem adultos, jovens,

idosos e crianças daqui de Cariacica que não conhecem a cultura do congo, que

é nossa maior riqueza cultural. O congo é explorado politicamente, mas as

pessoas não conhecem.

• Sempre que o poder público ou as empresas nos procuram, eles querem uma

doação de nosso tempo.

• A cultura é sempre moeda de troca na composição política. “Vamos dar a cultura

para fulano!”. Aí você nem sempre tem as pessoas certas no lugar certo.

• A cultura sempre foi moeda de troca com partidos. Tivemos pessoas sem

nenhum vínculo com a cultura que se tornaram Secretários. Determinada época

fui por seis meses até a Secretaria e não conheci o Secretário. A cultura não é

prioridade.

• O poder público não via a importância da pasta da cultura e as pessoas que

ocupavam os cargos não tinham qualificação para estarem ali. A partir do

momento em que o poder público passou a trabalhar assim e a sociedade civil

não questionou, ela passou a ser cúmplice dessa situação (fala de representante

do poder público).

• A gente promove vários eventos e o pessoal da Secretaria de Cultura não vai

participar. É ruim isso.

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• A gente como gestor público se comunica muito mal com a cidade. Precisamos

constantemente fazer a mea-culpa.

• Falta vontade aos nossos gestores. Eu não estou aqui para criticá-los, mas tudo

que é promovido em Cariacica é iniciativa dos artistas, das pessoas, e não da

Municipalidade.

• As ações são muito tímidas, mas não acho que a municipalidade deveria fazer as

coisas. Acho que nós mesmos devemos fazer e para isso temos que ter recursos.

O Estado não tem que ser produtor.

• Todos reconhecem os problemas que a Secretaria enfrenta, mas reconhecemos

que temos que nos articular. A Prefeitura não vai ser catalizadora de todas as

ações, mas, se existe um poder constituído, temos que cobrar. O Estado não

pode ser tutor. Cabe a nós realizar.

• O Carnaval de Congo é antigo, mas a partir de 2005, a Associação passou a

realizar a festa com apoio da Prefeitura. Eu acho isso ruim. A Associação tem

que tomar conta do Carnaval, tem que ter autonomia. A Prefeitura tem que

apoiar com recursos, infraestrutura, logística, segurança, mas quem deve fazer é

a Associação. O mesmo vale para as feiras de artesanato, de artes.

• As pessoas precisam começar a fazer projetos, aprender... A Secretaria deveria

ter pessoal para assessorar os Mestres, para dar autonomia a eles. Se os

produtores fizerem para eles, eles nunca terão essa autonomia.

• Quando eu penso em políticas públicas estruturantes, eu não consigo pensar de

outra forma que não nas matrizes culturais. Falamos de cem ou cento e

cinquenta anos que fazem a história de uma cidade. Por que as bandas de congo

morrem à mingua dia a dia? Somente por conta da ausência do poder público?

Claro que não. Há também a desestruturação das próprias bandas, tem os mais

jovens que não querem saber de compromisso com o legado de seus pais. Os

gestores públicos não estão conseguindo sensibilizar seus chefes imediatos para

essa questão.

• A área de patrimônio cultural é muito carente, mas cresceu de 2013 pra cá,

porque foram criadas leis de patrimônio material e imaterial em nível municipal.

Essas leis possibilitaram os primeiros tombamentos e registros, mas, em 2014, a

Secretaria extinguiu a Gerência de Patrimônio, por falta de verba. Alguns

trabalhos de mapeamento foram descontinuados.

• Vamos para o quarto evento de foodtrucks, e a Secretaria está trabalhando nisso.

É uma promoção da Secretaria de Turismo. Por que a Prefeitura não cria um

espaço para os artistas se apresentarem?

• Quando o shopping foi construído, houve uma negociação para destinar uma

loja para o artesanato. Mas o shopping cedeu uma loja pelada. Precisávamos de

cinco projetos e a Prefeitura não tinha dinheiro para bancar nenhum deles, muito

menos a gente. A proposta deles é que várias associações se juntassem para

montar a loja. Não aceitei, pois já tínhamos uma dívida. Foi um presente de

grego da Prefeitura.

• A Prefeitura não auxilia nas questões burocráticas. A Secretaria de Cultura não

apoia na intermediação desses assuntos.

• A APROAC (Associação de Artesanato) abriu uma loja e acumulamos uma

dívida com a Prefeitura, por conta da burocracia. Sabemos fazer artesanato, mas

lidar com a burocracia não.

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• Para nos apresentarmos na Pracinha, há uma série de encaminhamentos. É muita

burocracia. Há muitas restrições para o uso do espaço público.

• Tentei usar um espaço público, mas fui bloqueado.

• O Bar do Pantera era o nosso centro cultural e o poder público inviabilizou. O

Pantera foi multado pela Prefeitura por causa da música. Ele é muito cuidadoso,

odeia música alta e não gosta de bagunça. Ele tinha inclusive autorização no dia

da multa. Era o espaço que usávamos para fazer shows. A partir daí acabou tudo.

Um absurdo. O poder público inviabilizou isto.

• Estamos sentindo muito o fato de o Pantera estar abandonando a ideia dos

eventos culturais no bar. A multa da Prefeitura causou um desconforto muito

grande e ele está pensando em fechar o espaço, pois se ele tiver que pagar esta

multa o bar vai ser inviabilizado.

• Estamos perdendo espaços de raiz que havíamos conquistado, como o Bar do

Pantera. Hoje ele não é mais o mesmo espaço cultural. Não é possível fazer um

show nesse que era o único espaço de encontro da cidade. O Bar era o lugar do

encontro. Era lá que a gente conversava sobre política cultural. O Disque

Silêncio ameaça fechar da forma mais truculenta possível. Continuamos a nos

encontrar por lá, na “clandestinidade”, e temos que criar movimentos que

ocupem os espaços como o Centro Cultural.

Referências explícitas à Câmara Municipal de Cariacica

• Quem tem que colocar a cultura como prioridade são os artistas. Eles precisam

envolver a sociedade civil. Na Câmara Municipal, ninguém está nem aí para a

cultura. Eles não têm o menor interesse.

• Somos muito culpados. Entre dezenove vereadores, somente um tem interesse

pela cultura.

• Há muito preconceito contra o Congo. Há muito conservadorismo. Muitos

vereadores pensam apenas no seu eleitorado, e não na melhoria da sociedade.

• Nós aprovamos aqui em Cariacica uma mudança na Lei de Incentivo à Cultura,

para que ela deixasse de ser de incentivo fiscal e passasse a ser de financiamento

público. No dia da votação, nós mobilizamos os artistas e, se eles não estivessem

ali na plateia da Câmara, certamente ia dar problema. A mudança não passaria.

A gente mostrou força.

Referências explícitas à Secretaria de Estado da Cultura

• No plano estadual, a linha da Secretaria de Cultura não nos contempla.

Referências explícitas à ArcelorMittal

• As pessoas do entorno desta empresa (refere-se à ArcelorMittal) confundem o

papel dela com a comunidade local. A empresa não é o poder público. Ela não

substitui o poder público. Ela pode ser parceira. É outro papel. É a

responsabilidade social dela.

• Feiras culturais, circulação em bairros. Esta seria uma boa alternativa para a

Arcelor.

• As empresas são interessadas em ajudar? São, mas às vezes elas não sabem

como ajudar o artista local. (Cita algumas empresas, entre elas a ArcelorMittal e

a Coca-Cola).

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Sugestões dos participantes do Diagnóstico

• Por que a Secretaria de Cultura não elabora um calendário físico e digital com

belas imagens? Temos grandes artistas e fotógrafos para isso. Fiz esta pergunta

ao Secretário em 2005. Mas falta vontade política e falta organização da

Associação de Congo.

• Estou pensando em realizar o I Seminário sobre Bandas de Congo de Cariacica.

• Não temos livros que falam sobre a cultura de Cariacica. Temos estudos, mas

temos que transformá-los em publicações, para que eles cheguem às escolas.

• Temos que reunir informações sobre a Igreja de São João Batista, que é um

espaço maravilhoso, e sobre o casario do entorno. Não temos um registro

publicado sobre isto. Precisamos de um espaço de memória.

• A musicalização nas escolas é um sonho nosso. Venho de outra cidade e sempre

participei de fanfarras e festivais. Aqui nós não temos isso.

• Precisamos de um teatro de Cariacica. Um centro cultural em Bela Aurora, que

oferecesse formação técnica em várias áreas. Atores, atrizes, bastidores, cursos

para ritmistas e sambistas nas comunidades. Bela Aurora tem grande

efervescência cultural.

• Acho que teríamos que ter um teatro menor, ocupado pelos artistas locais. Se for

algo muito grande, vai abrigar apenas grandes artistas. Os artistas locais não

teriam chance. Acho importante, em primeiro lugar, arrumar a nossa casa. Não

adianta termos um espaço grandioso se não tivermos grupos de teatro a bandas

atuando.

• Precisamos de um centro de referência cultural. Com oficinas.

• Eu acho que cultura tem que ser levada à escola. A formação de público é por aí.

• É preciso criar o hábito. As pessoas vão valorizar o teatro ou a música autoral

quando vivenciarem isso. Por isso as empresas e o poder público devem oferecer

oportunidades para que isso aconteça.

• Devíamos fechar a avenida num sábado ou domingo e colocar as pessoas para se

apresentarem.

• Precisamos investir nos artistas locais.

• Não poderíamos pensar num Fórum Municipal de Cultura? Começa ficar clara

para todos a necessidade do encontro. Precisamos nos reconhecer. Hoje a gente

não se reconhece.

• Eu acho que a gente poderia usar as informações do Diagnóstico Cultural para

realizar um Seminário Cultural em Cariacica. Essas informações poderiam nos

ajudar a pensar juntos a cultura da cidade. Temos que nos reunir.

• Estamos articulando dentro do Conselho para que o cidadão participe. O

Conselho deve funcionar a partir de fóruns. Fóruns específicos de cada área,

com reuniões mensais e regimentos internos. É preciso que desses fóruns saiam

as representações para participação no Conselho.

• Seria uma boa ideia realizarmos uma tarde de conversa entre nós. Seria uma

ideia interessante para a Prefeitura. Há muita gente que está batalhando em seu

bairro sozinha. Podemos juntar forças.

• Também acho que poderia ser interessante criarmos um fórum cultural em

Cariacica. Temos o Conselho, mas nem todo mundo participa.

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• Seria talvez uma tarefa do Conselho convidar mais pessoas para alguns

encontros, ampliar as discussões. Uma possível pauta seria promover o encontro

entre os artistas.

• Para mim o posto forte desta nossa conversa é que nós precisamos nos

encontrar. Tenho me sentido um peixe sozinho no oceano. É importante “trocar

figurinhas” com as pessoas da sua área.

• Nós precisamos nos encontrar, nos conhecer e somar, para que essa rede cresça.

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Anexo 3 – Prioridades apontadas na I Conferência Municipal de

Cultura

Eixo I – Implementação do Sistema Nacional de Cultura

Foco: Impactos da Emenda Constitucional do SNC na organização da gestão cultural e

na participação social nos três níveis de governo (União/Estados/Distrito Federal e

Municípios).

Sub-eixo I: Marcos Legais, Participação e Controle Social e Funcionamento dos

Sistemas Municipais, Estaduais/Distrito Federal e setoriais de cultura, de acordo com os

princípios constitucionais do SNC.

Propostas:

I - Elaborar democraticamente e implantar o plano municipal de cultura;

II - Desmembrar a secretaria de cultura, esporte e lazer, criando assim a secretaria de

cultura com autonomia administrativa e orçamentária.

III - Aderir ao sistema nacional de cultura;

IV - Reformular, atualizar, revisar e propor ajustes à lei que cria e regulamenta o

conselho.

Sub-eixo II: Qualificação da Gestão Cultural: Desenvolvimento e Implementação de

Planos Territoriais e Setoriais de Cultura e Formação de Gestores, Governamentais e

Não Governamentais e Conselheiros de Cultura.

Propostas:

I - Criação do plano de gestão municipal de cultura;

II - Promover intercâmbio e formação de gestores culturais do poder público, sociedade

civil e entidades não governamentais;

III - Criar fórum permanente de gestores culturais da região metropolitana;

IV - Elaboração do plano territorial da cultura popular de Cariacica.

Sub-eixo III: Sistemas de Informação Cultural e Governança Colaborativa.

Propostas:

I - Publicar o comitê gestor do fundo municipal de cultura;

II - Criar editais específicos para utilização da verba do Fundo Municipal de Cultura –

FUTURA;

III - Reformular, atualizar, revisar e propor ajustes à Lei João Bananeira;

IV - Garantir o percentual mínimo de 1% do orçamento municipal para a Secretaria

Municipal de Cultura a ser criada após o desmembramento.

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Sub-eixo IV: Fortalecimento e Operacionalização dos Sistemas de Financiamento

Público da Cultura: Orçamentos Públicos, Fundos de Cultura e Incentivos Fiscais.

Propostas:

I - Identificar, mapear, catalogar e divulgar as manifestações, artistas, produtores e

entidades culturais do município, com o intuito de promover salvaguarda e

fortalecimento;

II - Criação de um sistema público de bancos de dados para divulgar a cultura e o

patrimônio do município;

III - Criar edital para fomentar a política de inventário cultural.

Eixo II – Produção Simbólica e Diversidade Cultural

Foco: O fortalecimento da produção artística e de bens simbólicos e da proteção e

promoção da diversidade das expressões

Sub-eixo I: Criação, Produção, preservação, intercâmbio e circulação de Bens Artísticos

e Culturais.

Propostas:

I - Identificar e criar espaços alternativos para a prática cultural;

II - Criar editais de circulação de produtos artísticos nos espaços alternativos;

III - Elaborar e implementar uma política de conservação para o patrimônio material e

imaterial;

IV - Criar edital de locomoção e intercâmbio de grupos e artistas.

Sub-eixo II: Educação e Formação Artística e Cultural

Propostas: I - Realização de seminários, debates e formações que fomentem um

pensamento cultural;

II - Garantir uma parceria e diálogo constante e permanente entre as secretarias de

cultura (a criar), e a secretaria municipal de educação, inserindo os artistas e entidades

culturais na programação da semana cultural realizada nas escolas;

III - Criar uma escola de artes no município;

IV - Promover a formação de artistas e produtores culturais, através de cursos, oficinas e

workshops.

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Sub-eixo III: Democratização da Comunicação e Cultura Digital.

Propostas:

I - Criar um portal da secretaria municipal de cultura e contratar um assessor de

comunicação para a divulgação da produção cultural e artística do município;

II - Fomentar iniciativas de produção para suporte virtual;

Sub-eixo IV: Valorização do Patrimônio Cultural e Proteção aos Conhecimentos dos

Povos e Comunidades Tradicionais.

Propostas:

I - Elaborar e implementar política de salvaguarda para o patrimônio cultural;

II - Realizar encontros municipais de povos e comunidades tradicionais promovendo

debates, seminários, formações, registros e apresentações;

III - Organizar um calendário anual de expressões culturais fomentando atividades e

manifestações culturais;

Eixo III – Cidadania e Direitos Culturais

Foco: Garantia do pleno exercício dos direitos culturais e consolidação da cidadania,

com atenção para a diversidade étnica e racial.

Sub-eixo I: Democratização e Ampliação do Acesso à Cultura e Descentralização da

Rede de Equipamentos, Serviços e Espaços Culturais, em conformidade com as

convenções e acordos internacionais.

Propostas:

I - Criar eventos culturais periódicos nos Bairros mais afastados dos grandes Centros e

divulgá-los no Município;

II - Mapear locais alternativos para serem utilizados para a difusão da cultura;

III - Criar Espaços Culturais Multiuso estruturados, incluindo museus e com autonomia

para oferecer condições de fortalecimento da cultura local;

IV - Garantir a aplicação dos PCNs na parte referente às artes visuais, teatro e música,

no currículo escolar.

Sub-eixo II: Diversidade Cultural, Acessibilidade e Tecnologias Sociais.

Propostas:

I - Criação de Bibliotecas Itinerantes;

II - Garantir acessibilidade nos equipamentos culturais.

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Sub-eixo III: Valorização e Fomento das Iniciativas Culturais Locais e Articulação em

Rede.

Propostas:

I - Ampliar a participação de artistas locais dos diversos segmentos nos eventos

municipais;

II - Criação de mecanismos/projetos culturais nos bairros que possam pulverizar as

ações culturais dentro do município com grupos distintos se apresentando nestes;

III - Garantir as manifestações culturais nas Unidades de Saúde e demais equipamentos

públicos.

Sub-eixo IV: Formação para a Diversidade, Proteção e Salvaguarda do Direito à

Memória e Identidades.

Propostas:

I - Instituir o Dia Municipal do Congo;

II - Identificar, divulgar e fomentar os mestres de saber popular e artistas locais.

Eixo IV – Cultura como Desenvolvimento Sustentável

Foco: Economia criativa como uma estratégia de desenvolvimento sustentável.

Sub-eixo I: Institucionalização de Territórios Criativos e Valorização do Patrimônio

Cultural em Destinos Turísticos Brasileiros para o Desenvolvimento Local e Regional.

Propostas:

I - Institucionalizar o arquivo público municipal.

Sub-eixo II: Qualificação em Gestão, Fomento Financeiro e Promoção de Bens e

Serviços Criativos no Brasil e no Exterior.

Propostas:

I - Firmar parcerias com os setores públicos e privados para qualificação dos agentes

culturais e fomento ao empreendedorismo.

II - Realizar Congresso anual para discutir estratégias de fomento à cultura.

Sub-eixo III: Fomento à Criação/Produção. Difusão/Distribuição/Comercialização e

Consumo/Fruição de Bens e Serviços Criativos, tendo como base as Dimensões

(Econômica, Social, Ambiental e Cultural) da Sustentabilidade.

Propostas:

I - Criação de uma Casa da Cultura para informações turísticas, divulgação e

comercialização de produtos culturais locais;

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II - Apoio técnico em formação, produção e comercialização de produtos culturais.

Sub-eixo IV: Direitos Autorais e Conexos, Aperfeiçoamento dos Marcos Legais

Existentes e Criação de Arcabouço Legal para a Dinamização da Economia Criativa

Brasileira.

Propostas:

I - Criação de TV comunitária com transmissão aberta para difusão da cultura, contando

com estrutura para entrevistas e apresentações de grupos culturais.