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Estudo sobre
o Golfe no Algarve
Estudo Específico sobre a
Procura de Golfe no Algarve
FACULDADE DE ECONOMIA
Março de 2004
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
5
COORDENADOR GERAL DO ESTUDO Victor Manuel Martins
Coordenação do Anexo
Antónia Correia
Colaboração Pedro Pintassilgo
Paulo M. M. Rodrigues José Alberto Mendes
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
7
GLOSSÁRIO
ACP Análise de Componentes Principais
AKAIKE INFO CRITERION Teste estatístico
ANOVA Análise de variância
APA Apenas Pequeno-Almoço
ADJUSTED Ajustado
CAPACITY Capacidade
CLUSTER Método de classificação de objectos e pessoas
CONSOLIDATION Consolidação
CRITICAL Crítico
DEVELOPMENT Desenvolvimento
DRAOT Direcção Regional do Ambiente e Ordenamento do Território
DUMMIES Variáveis artificiais
DURBIN-WATSON STAT Teste estatístico
ELEMENTS Elementos
EGA European Golf Association
ERROR Erro
EViews 4.1 Software Informático para estimação Econométrica
EXPLORATION Exploração
FITTED Ajustado
FPG Federação Portuguesa de Golfe
F-STATISTIC Teste estatístico
GOLFISTA Jogador de golfe que viajou em férias ou em negócios e que jogou pelo menos uma vez durante essa deslocação
INE Instituto Nacional de Estatística
INVOLVEMENT Envolvimento
K-MEANS K-Médias
LEVEL Nível
LM TEST Teste estatístico
LOG LIKELIHOOD Logaritmo da Verosimilhança
LOWER BOUND Limite Inferior
Universidade do Algarve
8
MEAN DIFFERENCE Diferença Média
MEAN DEPENDENT VAR Média da Variável dependente
MP Meia Pensão
NGF National Golf Foundation
NUMBER OF CASE Número de casos
NUMBER OF TOURISTS Número de turistas
PC Pensão Completa
PROBABILITY Probabilidade
REJUVENATION Rejuvenescimento
RESORTS Locais de férias
R-SQUARED Coeficiente de Determinação
SCHWARZ CRITERION Teste estatístico
S.D. DEPENDENT VAR Desvio Padrão da Variável dependente
S.E. OF REGRESSION Erro padrão da regressão
SERIAL CORRELATION Autocorrelação
SERIOUS COMPETITORS Estagnação
SIGNIFICANT Significativo
STAGNATION Estagnação
SUM SQUARED RESID Soma do Quadrado dos Resíduos
TURESPAÑA “Agência de Viagens”
UPPER BOUND Limite Superior
VARIMAX Metodologia de decomposição das variáveis em componentes principais
WHITE HETEROKEDASTICITY TEST Teste de Heteroescedasticidade de White
WORLD GOLFER MAGAZINE Revista World Golfer
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
9
ÍNDICE GERAL
Índice de Quadros, Gráficos e Figuras 10
Introdução 11
A. Principais Características da Procura de Golfe no Algarve 12
A.1 Enquadramento 12
A.2 - Evolução da Procura 13 A.2.1 - Os Preços Médios 16
A.3 - Perfil do Golfista 17 A.3.1 - Factores de Escolha 17 A.3.2 - Identificação dos Segmentos de Mercado 19 A.3.4 – Características Sócio-Económicas do Turista de Golfe 26 A.3.5 - Hábitos de Jogo 28 A.3.6 - Organização da Viagem 28 A.3.7 - Avaliação da Satisfação da Procura 32
A.4 - A Sazonalidade 32
A.5 - Incidência Regional 35
B - A Evolução da Procura para o Período 2003-2020 37
B.1 - O Ciclo de Vida do Golfe 37
B.2 – Evolução Recente da Procura 39
B.3 - Previsão da Procura 40 B.3.1 - Modelação da Procura 41
Referências Bibliográficas 49
Universidade do Algarve
10
ÍNDICE DE QUADROS, GRÁFICOS E FIGURAS
Quadro A.1 Jogadores de Golfe no Mundo 12 Quadro A.2 Evolução dos Preços do Golfe e das Dormidas na Hotelaria 16 Quadro A.3 Resultados da Análise de Componentes Principais 18 Quadro A.4 Factores de Escolha dos Golfistas 19 Quadro A.5 Percentagem de individuos correctamente classificados 21 Quadro A.6 ANOVA 21 Quadro A.7 Teste de Scheffé Comparação Múltipla 23 Quadro A.8 Coeficientes Canónicos Discriminantes 24 Quadro A.9 Médias dos Segmentos nas funções discriminantes 24 Quadro A.10 Propósito da Visita 25 Quadro A.11 Perfil Geral do Turista de Golfe 27 Quadro A.12 Tipos de Alojamento Utilizados 29 Quadro A.13 Regime de Alojamento 29 Quadro A.14 Obtenção de Informações sobre os Campos de Golfe do Algarve 31 Quadro A.15 Reserva de Alojamento 31 Quadro A.16 Outras Actividades para além do Golfe 32 Quadro B.1 Resultados dos Testes de Especificação 44 Quadro B.2 Previsões Referentes ao Período Julho de 2003 a Junho de 2005 46 Gráfico A.1 Evolução da Procura 14 Gráfico A.2 Procura de Golfe por Nacionalidades 14 Gráfico A.3 Taxas de Ocupação 15 Gráfico A.4 Preço Médio por Volta no Algarve e nos Destinos Concorrentes 17 Gráfico A.5 Índice de Sazonalidade 33 Gráfico A.6 Evolução Mensal da Procura em 2002 34 Gráfico A.7 Quantidade de Voltas por Zonas 36 Gráfico B.1 O Ciclo de Vida do Golfe 38 Gráfico B.2 Evolução da Oferta e da Procura de Golfe no Algarve 40 Gráfico B.3 Número de Voltas de Golfe Vendidas 42 Gráfico B.4 Variação Anual do Número de Voltas de Golfe Vendidas 43 Gráfico B.5 Qualidade do Ajustamento do Modelo Estimado 45 Figura A.1 Dendograma 20 Figura A.2 Localização do Alojamento e dos Campos de Golfe 30 Figura A.3 Distribuição dos Campos por Zonas 35 Figura B.1 O Ciclo de Vida do Golfe 37
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
11
INTRODUÇÃO
O golfe como qualquer actividade turística desenvolve-se em torno de uma procura, sendo
esta relativamente estável e determinada por factores como o preço, as características do cam-
po e os recursos existentes na região. Entender e prever a procura, constitui o objectivo da
análise que se apresenta neste anexo.
A especificidade do estudo justifica a sua remissão para anexo, no entanto, no corpo do texto
surgem os principais resultados.
O texto estrutura-se em dois pontos, um primeiro em que se caracteriza a procura de golfe e
um segundo, em que se estima através de modelos econométricos a evolução da procura para
o período 2003-2020.
Universidade do Algarve
12
A. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA PROCURA DE GOLFE
NO ALGARVE
A.1 ENQUADRAMENTO
O golfe assume-se como um grande negócio ao nível mundial. Durante os últimos quinze
anos, o golfe experimentou um crescimento muito importante. Entre 1985 e 2000, o número
de jogadores de golfe em todo o mundo passou de cerca de 35 para 56 milhões. O maior cres-
cimento do golfe em termos absolutos, surgiu nos países com maior população e tradição gol-
fista, como os Estados Unidos, Japão, Reino Unido, Canadá e Austrália.
Em termos absolutos a procura distribui-se da seguinte forma:
Quadro A.1 Jogadores de Golfe no Mundo
EUA 27 milhões
Europa 5,5 milhões
Canadá 5 milhões
Japão 14 milhões
Outros países 4,5 milhões
Fonte: EGA,2002
O turista de golfe apresenta um poder de compra elevado, é um viajante compulsivo e experi-
ente e, de um modo geral, gasta duas a quatro vezes mais do que o turista normal.
No mercado europeu, o Reino Unido conta com cerca de 3,6 milhões de jogadores dos 5,5
milhões existentes. O golfista britânico típico pertence a uma classe social elevada, na sua
maioria é do sexo masculino (78%) e tem mais do que 35 anos. Este mercado tem crescido a
uma taxa de 8% ao ano. Este turista gosta de experimentar novos destinos de golfe.1
O Reino Unido, Alemanha, Suécia, França e Irlanda representam 80% da oferta de campos
existentes no mercado europeu.
No turismo de golfe destacam-se as seguintes tendências ao nível mundial:
1 World Golfer Magazine e Turespaña
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
13
O Canadá apresenta uma importância relativa muito semelhante à registada pela Europa, com
a vantagem de que a actividade de golfe no Canadá está concentrada apenas numa região -
Ontário.
Os EUA são um mercado de difícil penetração devido à situação da Florida.
É o turista europeu que mais gasta e mais vezes sai para jogar golfe.
O Norte da Europa é um mercado emergente, onde o número de golfistas tem aumentado de
forma significativa nos últimos anos.
A qualidade dos campos e o clima surgem como os principais factores de decisão do turista.
Portugal pela localização e pelas suas condições climatéricas, insurge-se como um destino de
golfe, privilegiado, na Europa. No final de 2002 existiam em Portugal 59 campos, com uma
média de 18 buracos cada, dos quais 27,5 localizados no Algarve. Os 27,5 campos existentes
são responsáveis por mais de 200 000 jogadores e mais de 900 000 voltas. O golfe assume-se
como um grande negócio no Algarve – gerando receitas directas e indirectas da ordem dos
350 milhões de euros.
A.2 - EVOLUÇÃO DA PROCURA
A procura turística revelou para os últimos 8 anos a evolução que se apresenta no Gráfico
A.1:
Universidade do Algarve
14
Gráfico A.1 Evolução da Procura
400
500
600
700
800
900
1000
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
(x1000)
Fonte: Algarve Golfe, 2003
O crescimento médio do número de voltas/ano, ao longo deste período é de cerca de 4,1% ao
ano, podendo ser distinguidos três períodos com ritmos de crescimento distintos. Entre 1996 e
1998, a procura cresce a uma taxa média de 6,3%. Entre 1998 e 2000, o mercado cresce a uma
taxa de 1,9% e estabiliza num crescimento médio de 1,4% até 2002.
A estrutura da procura por nacionalidades é apresentada no gráfico seguinte.
Gráfico A.2 Procura de Golfe por Nacionalidades
100
200
300
400
500
600
Reino Unido Alemanha Holanda Escandinávia Outros
(x1000)
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
15
Conforme se pode verificar, o Reino Unido e a Alemanha, principais mercados golfistas na
Europa, representam também os principais “clientes” do golfe no Algarve. Assinale-se ainda a
fraca expressividade do mercado nacional, que não ultrapassa uma quota de 7%. Como nota
final, refira-se que o mercado Escandinavo, apesar do potencial enquanto mercado emergente,
ocupa ainda uma quota pouco significativa na procura de golfe no Algarve.
No que se refere às taxas de ocupação, os valores médios obtidos são os que constam do
Gráfico A.3.
Gráfico A.3 Taxas de Ocupação
63,9
60,2
65,4
54,2
0
20
40
60
80
100
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
Taxa de ocupação nos campos de golfe
Taxa de ocupação na hotelaria
%
Fonte: INE, Estatísticas do Turismo, 2003
Um exercício de cruzamento das taxas de ocupação da hotelaria com as dos campos de golfe,
permite presumir que o abrandamento da utilização da hotelaria tradicional, resulta da utiliza-
ção crescente de meios de alojamento complementares. A estabilização dos índices de ocupa-
ção dos campos existentes, em redor dos 64%, associada ao crescimento do número de cam-
pos (recorde-se que o número de campos quase triplicou no período referido), reforça a situa-
ção de excesso de oferta no mercado.
Universidade do Algarve
16
A.2.1 - OS PREÇOS MÉDIOS
Os preços médios por volta praticados nos últimos anos são apresentados no Error! Refer-
ence source not found.. Para efeitos de comparação são apresentados, também, os preços
médios por dormida na hotelaria.
Quadro A.2 Evolução dos Preços do Golfe e das Dormidas na Hotelaria
1999 2000 2001 2002
Preço médio de uma volta (€) 37,50 41,18 44,12 47,94
Preço médio por dormida na hotelaria1 (€) 24,77 26,95 28,63 33,58 1 Calculado com base no rácio entre os proveitos totais e o total de dormidas na região.
Fonte: INE - Estatísticas do turismo, Universidade do Algarve, 2003
O crescimento médio do preço por volta, entre 1999 e 2002, foi de 6,3% ao ano, a preços cor-
rentes. Admitindo uma taxa de inflação média de 3% ao ano, estima-se que este crescimento
se situe em termos reais nos 3,2%, abaixo do crescimento real dos preços na hotelaria que
situou em igual período nos 4,8%. O quadro permite, ainda, concluir que fica mais caro jogar
uma partida de golfe do que dormir uma noite no Algarve. De facto, o custo médio de uma
volta situa-se 43% acima do preço médio por dormida.
O Gráfico A.4 apresenta o preço médio de uma volta de golfe no Algarve e em destinos con-
correntes, no ano 2002.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
17
Gráfico A.4 Preço Médio por Volta no Algarve e nos Destinos Concorrentes
55,29€
45,86€ 46,12€ 47,94€
Baleares Canárias Andaluzia Algarve
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
Nas regiões referidas o preço médio de uma volta é muito semelhante, pelo que se pode con-
siderar que todos estes destinos são substitutos próximos.
A.3 - PERFIL DO GOLFISTA
A análise do perfil do golfista iniciou-se com a identificação dos factores de escolha do desti-
no e a segmentação do mercado, a que se seguiu uma caracterização geográfica, demográfica
e económica.
A.3.1 - FACTORES DE ESCOLHA
Por forma a obter-se uma versão simplificada e de fácil interpretação dos principais factores
de motivação, que estão por detrás da procura de golfe no Algarve, uma Análise de Compo-
nentes Principais (ACP), com rotação Varimax, foi aplicada à questão: “Quais os atributos
que o levaram a seleccionar os campos de golfe do Algarve?”. Nesta análise foram considera-
das 18 variáveis.
A ACP sumariza a informação contida num vasto conjunto de variáveis observadas ao identi-
ficar um conjunto mais pequeno de variáveis latentes e não observáveis, que explicam uma
parte significativa da variação do conjunto original.
Universidade do Algarve
18
Através da aplicação da ACP foi possível encontrar quatro factores que explicam 61,2% da
variação total associada às variáveis originais.
Quadro A.3 Resultados da Análise de Componentes Principais
Valores próprios iniciais Extracção dos quadrados das somas dos componentes
Componentes
Total % da Variância
% Cumulativa Total % da
Variância %
Cumulativa
1 4,990 27,725 27,725 4,990 27,725 27,725
2 3,715 20,638 48,362 3,715 20,638 48,362
3 1,203 6,683 55,046 1,203 6,683 55,046
4 1,109 6,159 61,205 1,109 6,159 61,205
5 0,974 5,412 66,616
6 0,829 4,605 71,222
7 0,787 4,374 75,596
8 0,689 3,828 79,424
9 0,627 3,482 82,906
10 0,552 3,065 85,971
11 0,541 3,008 88,979
12 0,501 2,782 91,761
13 0,490 2,722 94,482
14 0,465 2,582 97,065
15 0,424 2,355 99,420
16 0,041 0,227 99,647
17 0,034 0,187 99,834
18 0,030 0,166 100,000
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
A partir das dezoito opções disponíveis no inquérito, ficaram claramente identificados quatro
factores de escolha: o ambiente social associado à prática do golfe; as condições de lazer ofe-
recidas pela região; os campos de golfe e as condições jogo; o preço e a proximida-
de/acessibilidade. No Quadro A.3, identificam-se as principais variáveis associadas a cada um
dos factores de escolha.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
19
Quadro A.4 Factores de Escolha dos Golfistas
Factores Designação Variáveis % variância explicada
Factor 1 Ambiente social Eventos
Animação
Praias
27,725
Factor 2 Lazer Bar e restaurante
Paisagem
Imobiliária e alojamento
Clima
20,638
Factor 3 Golfe Manutenção
Condição da relva
Teetimes
Dificuldade do percurso
6,683
Factor 4 Logística Preço
Acessibilidades
6,159
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
A.3.2 - IDENTIFICAÇÃO DOS SEGMENTOS DE MERCADO
Dos ensaios de segmentação constantes da literatura, destaca-se a análise da NGF (1995)
efectuada sobre uma amostra dos praticantes dos Estados Unidos. Os jogadores de golfe sur-
gem agrupados em 5 clusters: o primeiro designado por “Serious Competitors”, gastam mui-
to tempo e dinheiro no golfe; o segundo “Leisure Lovers”, jogam sobretudo nas férias, con-
sumindo TV e revistas da especialidade; o terceiro “Active Singles”, para estes o golfe é uma
das muitas actividades que praticam; jogam em viagens de negócios; o quarto “Homebodies”,
são pais de família com reduzidos rendimentos e bastante sensíveis aos preços; o quinto e
último “Dabblers”, praticam golfe para estar perto da família, são sensíveis aos preços mas
auferem elevados rendimentos.
Para todos, o golfe não é uma actividade relaxante comparativamente a outras actividades, o
que contraria a ideia do golfe ser um jogo calmo.
A identificação dos segmentos de mercado, para o presente estudo, foi realizada através da
Análise de Clusters, a qual consiste num conjunto de procedimentos estatísticos que agrupa
uma amostra em grupos relativamente homogéneos.
Universidade do Algarve
20
O dendograma resultante da aplicação do método hierárquico de Ward sugeriu a existência de
2 a 3 clusters.
Figura A.1 Dendograma
Dendrogram using Ward Method
Rescaled Distance Cluster Combine
C A S E 0 5 10 15 20 25
Label Num
P22A 1
P22Q 17
P22H 8
P22J 10
P22K 11
P22E 5
P22F 6
P22D 4
P22C 3
P22I 9
P22P 16
P22G 7
P22B 2
P22L 12
P22M 13
P22N 14
P22O 15
P22R 18
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
As duas soluções (2 e 3 clusters) foram analisadas pelo método k-means. Optou-se pela esco-
lha de 3 clusters, pois esta opção permite uma análise mais minuciosa das observações. Os
clusters seleccionados são constituídos por 524, 38 e 11 casos, respectivamente.
A análise discriminante tendo como objectivo descobrir as características que distinguem os
membros de um grupo dos de outro, de modo a permitir a sua correcta classificação permite
verificar a probabilidade dos individuos estarem bem classificados.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
21
Quadro A.5 Percentagem de individuos correctamente classificados
Grupo actual Nº de casos Grupo previsto %
1 2 3
1 524 94 1 4
2 38 25 75 0
3 11 7 4 89
89,7% of original grouped cases correctly classified.
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
A opção por três segmentos resultou num agrupamento dos individuos com uma probabilida-
de de incorrecta classificação de 10,3%.
A análise de variância simples permite concluir que, com excepção do factor golfe, todos os
restantes apresentam diferenças significativas entre os clusters.
Quadro A.6 ANOVA
Soma dos quadrados Df Quadrado
da média F Sig.
Ambiente Social
Entre grupos 53,878 2 26,939 28,535 0,000
Dentro dos grupos 538,122 570 0,944
Total 592,000 572
Lazer
Entre grupos 11,548 2 5,774 5,670 0,004
Dentro dos grupos 580,452 570 1,018
Total 592,000 572
Golfe
Entre grupos 0,401 2 0,201 0,193 0,824
Dentro dos grupos 591,599 570 1,038
Total 592,000 572
Logística
Entre grupos 8,967 2 4,484 4,383 0,013
Dentro dos grupos 583,033 570 1,023
Total 592,000 572
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
Universidade do Algarve
22
O teste de Scheffé, por seu lado, mostra que o valor médio da componente ambiente social é
significativamente superior no cluster 3, em relação aos restantes clusters. Pode-se, igualmen-
te, concluir que o cluster 1 apresenta valores médios para o lazer e logística/localização infe-
riores ao cluster 2.
Tomando como base de comparação o cluster 1, que inclui a grande maioria das observações,
podemos concluir que o cluster 3 apresenta uma valorização superior para os atributos relaci-
onados com o ambiente social. O cluster 2, por seu lado, valoriza, essencialmente, os atribu-
tos relacionados com o lazer e com a logística/localização.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
23
Quadro A.7 Teste de Scheffé Comparação Múltipla
Cluster Number of Case
Mean Difference
(I) (J) (I-J) Std. Error Sig.
Lower Bound
Upper Bound
Ambiente Social
1 2 -0,0404114 0,16323516 0,970 -0,4410220 0,3601992
3 * -2,2362260 0,29601785 0,000 -2,9627110 -1,5097410
2 1 0,0404114 0,16323516 0,970 -0,3601992 0,4410220
3 * -2,1958145 0,33266943 0,000 -3,0122496 -1,3793795
3 1 * 2,2362260 0,29601785 0,000 1,5097410 2,9627110
2 * 2,1958145 0,33266943 0,000 1,3793795 3,0122496
Lazer
1 2 * -0,5454256 0,16953387 0,006 -0,9614944 -0,1293567
3 0,2687375 0,30744021 0,683 -0,4857802 1,0232551
2 1 * 0,5454256 0,16953387 0,006 0,1293567 0,9614944
3 0,8141630 0,34550605 0,063 -0,0337756 1,6621016
3 1 -0,2687375 0,30744021 0,683 -1,0232551 0,4857802
2 -0,8141630 0,34550605 0,063 -1,6621016 0,0337756
Golfe
1 2 -0,0726029 0,17115397 0,914 -0,4926478 0,3474420
3 -0,1458535 0,31037817 0,895 -0,9075815 0,6158745
2 1 0,0726029 0,17115397 0,914 -0,3474420 0,4926478
3 -0,0732506 0,34880777 0,978 -0,9292923 0,7827910
3 1 0,1458535 0,31037817 0,895 -0,6158745 0,9075815
2 0,0732506 0,34880777 0,978 -0,7827910 0,9292923
Localização
1 2 * -0,4630682 0,16991032 0,025 -0,8800609 -0,0460754
3 0,3250114 0,30812288 0,574 -0,4311817 1,0812044
2 1 * 0,4630682 0,16991032 0,025 0,0460754 0,8800609
3 0,7880795 0,34627325 0,076 -0,0617419 1,6379010
3 1 -0,3250114 0,30812288 0,574 -1,0812044 0,4311817
2 -0,7880795 0,34627325 0,076 -1,6379010 0,0617419
*The mean difference is significant at the 0,05 level.
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
Os três clusters identificados e a sua relação com os factores de escolha do destino sugerem a
existência de três segmentos de mercado: o turista de golfe (cluster 1), cujas preocupações se
centram, em termos comparativos, nas condições do campo e do jogo; o turista familiar (clus-
ter 2) que valoriza o alojamento, a gastronomia, a paisagem, o clima, o preço e as acessibili-
Universidade do Algarve
24
dades; e, finalmente, o turista sol e praia (cluster 3) que, naturalmente, se preocupa com a
animação turística (eventos, animação e praias).
No sentido de confirmar estas evidências utilizou-se a análise discriminante. O objectivo des-
ta análise é descobrir quais os factores que melhor diferenciam os vários grupos de indivídu-
os. A análise discriminante pelo método stepwise permitiu estimar duas funções discriminan-
tes, estatisticamente significativas na discriminação dos grupos.
Quadro A.8 Coeficientes Canónicos Discriminantes
Função 1 2
Ambiente social 0,961 -0,074
Lazer -0,127 0,985
Golfe 0,548 0,344
Logistica -0,820 -0,110
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
Os coeficientes discriminantes representam a contribuição relativa da variável para o poder
discriminante da função. A primeira função apresenta um coeficiente canónico de 0,783 e a
segunda 0,681. As variáveis que mais contribuem para o poder discriminativo da primeira
função são as dimensões social no sentido positivo e logística no sentido negativo. A segunda
função é discriminada pelo lazer e pelo golfe ambas no sentido positivo.
A análise das médias dos segmentos nas funções discriminantes permite-nos concluir entre
que grupos as funções discriminam.
Quadro A.9 Médias dos Segmentos nas funções discriminantes
Função
Segmentos 1 2
1 1,009 0,177
2 -0,919 -1,904
3 -1,830 0,924
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
25
A função 1 discrimina entre o segmento 3 e os restantes, a função 2 discrimina entre o 1 e os
restantes.
Uma análise cruzada dos dois quadros anteriores e dos resultados do teste de Scheffé pode
concluir-se que:
O segmento I distingue-se por uma maior importância atribuída ao golfe e ao lazer
O segmento II distingue-se por uma maior importância relativa da logística e da animação.
O segmento 3 distingue-se por uma maior importância atribuída à dimensão Ambiente social
e uma menor importância atribuída à logística.
O que confirma as evidências resultantes dos testes estatísticos realizados.
Quadro A.10 Propósito da Visita
Qual o Motivo da Sua Viagem Cluster 1 Cluster 2 Cluster 3 Total
Férias 377 41% 29 40% 11 58% 417 41%
Negócios 5 1% 0% 0% 5 0%
Visitas a Familiares e Amigos 12 1% 4 5% 0% 16 2%
Congresso 1 0% 0% 0% 1 0%
Golfe 267 29% 25 34% 6 32% 298 30%
Outros 17 2% 0% 0% 17 2%
Torneio Golfe 4 0% 0% 0% 4 0%
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
Atendendo à totalidade dos entrevistados que responderam a esta questão, podemos concluir
que o principal motivo são as férias, seguido pelo golfe. Tal como seria de esperar, o segmen-
to turista sol e praia é o que apresenta o maior peso relativo para o motivo férias. Realce,
ainda, para os resultados dos países escandinavos onde o principal motivo para a deslocação
ao Algarve é o golfe.
Lembramos que o inquérito foi efectuado a uma amostra dos utilizadores/clientes dos campos
de golfe do Algarve, o que reforça o interesse do exposto no parágrafo anterior.
Universidade do Algarve
26
A.3.4 – CARACTERÍSTICAS SÓCIO-ECONÓMICAS DO TURISTA DE GOLFE
De um modo geral, o turista do golfe tem um perfil característico. Trata-se de um turista de
nível sócio-económico superior à média. A proporção do montante do rendimento familiar
gasto em actividades desportivas ronda 7,13%/ano, contra 6,45% para o turista em geral. Ou-
tra das suas características relevantes é que se hospeda maioritariamente em hotéis, apartho-
téis e aldeamentos turísticos de 4 e 5 estrelas.
Em termos de nacionalidade os dados amostrais, quando confrontados com as estatísticas
agregadas do turismo no Algarve, permitem-nos concluir que não existem diferenças signifi-
cativas entre os turistas de golfe e os restantes turistas. Ambos são, maioritariamente, euro-
peus e verifica-se um peso muito significativo de residentes no Reino Unido. De facto, os
residentes no Reino Unido e na Irlanda originam mais de 74% da procura, seguidos da Ale-
manha que, apesar do forte decréscimo de turistas desta nacionalidade registado na região,
ainda é responsável por 7,3% dos jogadores.
No que se refere aos segmentos de mercado, há a destacar o facto do segmento turista sol e
praia ser composto, sobretudo, por residentes no Reino Unido e Escandinávia. Realce, tam-
bém, para o facto dos jogadores portugueses pertencerem ao segmento turista de golfe.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
27
Quadro A.11 Perfil Geral do Turista de Golfe
Clus ter 1 Cluster 2 Cluster 3 Total
País de residência
Reino Unido 65,5 57,9 81,8 65,3 Irlanda 9,0 10,5 8,9 Alemanha 7,4 7,9 7,3 Holanda 4,8 10,5 5,1 Escandinávia 6,1 5,3 9,1 6,1 Portugal 1,1 1,0 Outras 6,1 7,9 9,1 6,3
Idade
Média 46,96 56,72 58,4 52,42 Desvio padrão 13,06 10,22 9,85 10,93
Grupos etários
14-29 11,1 10,2 30-45 28,4 8,3 10,0 26,8 46-61 49,7 58,3 60,0 50,4 >=62 10,7 33,3 30,0 12,5
Sexo
Feminino 22,5 31,6 18,2 23,0 Masculino 77,5 68,4 81,8 77,0
Habilitações Literárias
Básico 2,5 2,6 2,4 Secundário 5,0 9,1 4,7 Médio 17,7 18,4 17,5 Superior 44,5 39,5 36,4 44,0
Classe social
Classe A 32,6 34,2 36,4 32,8 Classe B 35,3 26,3 18,2 34,3 Classe C 32,0 39,5 45,5 32,8
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
Em relação aos dados demográficos, os resultados amostrais permitem-nos concluir que o
golfe no Algarve é, predominantemente, uma actividade masculina (77% dos jogadores) e que
a idade média dos jogadores é elevada (a proporção de inquiridos com mais de 45 anos de
idade é de cerca de 63%). Importa, ainda, destacar que a idade média dos jogadores do seg-
mento turista de golfe é inferior à dos outros segmentos.
Relativamente às habilitações literárias, regista-se um peso significativo do Nível Superior em
todos os países, com excepção dos residentes na Holanda. De realçar que é, também, neste
grupo de inquiridos que se regista uma maior percentagem de não respostas a esta questão.
Universidade do Algarve
28
No que concerne à análise da componente socio-económica utilizou-se a estrutura de Dubois
– que estabelece uma correspondência entre a profissão e a classe social. Tendo por base esta
estrutura conclui-se que o golfista pertence maioritariamente (68%) às classes média (B) e alta
(A). De salientar que o segmento Turista de golfe apresenta, em termos relativos, uma menor
proporção de indivíduos da classe operária (C).
A.3.5 - HÁBITOS DE JOGO
O golfe constitui uma prática corrente para os golfistas que utilizam os campos de golfe al-
garvios – praticam-no em média há cerca de 16 anos e jogam pelo menos, cinco vezes por
mês.
Em média o jogador de golfe permanece no Algarve 9,5 dias, joga 4,5 voltas e faz-se acom-
panhar no jogo por 3 pessoas.
Relativamente aos segmentos de mercado, é de salientar que, tal como seria de esperar, o tu-
rista de golfe joga um número superior de voltas. Quanto aos dias de permanência no Algar-
ve, o valor máximo corresponde ao turista sol e praia. No que se refere ao número de anos de
prática de golfe, o valor mínimo é assumido pelo segmento turista de golfe - o que, certamen-
te, está associado ao facto deste segmento apresentar uma idade média inferior aos restantes.
A.3.6 - ORGANIZAÇÃO DA VIAGEM
No que se refere ao alojamento os turistas que visitam o Algarve para jogar golfe instalam-se,
sobretudo, em hotéis (41%), vilas (23%), apartamentos (21%) e em casas próprias (10%). É
de destacar que cerca de 21% dos jogadores de golfe com residência na Alemanha utilizam
casa própria, proporção apenas superada pelos jogadores de nacionalidade portuguesa (50%).
Os clientes com residência na Escandinávia apresentam uma forte propensão à utilização da
hotelaria – sendo, de entre a amostra recolhida, os que apresentam a maior proporção de utili-
zação deste tipo de serviços.
Em termos de segmentos de mercado, é de realçar que o turista de golfe utiliza menos os ho-
téis e mais apartamentos e vilas que os outros dois segmentos. Em termos comparativos real-
ce, ainda, para o facto do turista familiar apresentar a maior proporção de utilização de casa
própria e o turista sol e praia apresentar a maior proporção de alojamento em casas de famili-
ares e amigos.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
29
Quadro A.12 Tipos de Alojamento Utilizados
Cluster 1 Cluster 2 Cluster 3 Total
Nº % Nº % Nº % Nº %
Hotel 203 39,1% 21 55,3% 6 60,0% 230 40,6%
Aparthotel 15 2,9% 1 2,6% 16 2,8%
Casa Própria 49 9,4% 6 15,8% 55 9,7%
Familiares e Amigos 5 1,0% 1 10,0% 6 1,1%
Aldeamento 7 1,3% 2 5,3% 9 1,6%
Apartamentos 115 22,2% 2 5,3% 1 10,0% 118 20,8%
Vila 123 23,7% 6 15,8% 2 20,0% 131 23,1%
Campismo 2 0,4% 2 0,4%
Total 519 100,0% 38 100,0% 10 100,0% 567 100,0%
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
No caso dos clientes que utilizaram a hotelaria tradicional e os hotéis apartamentos, verificou-
se a sua distribuição pelos diversos regimes de alojamento, como listada no Quadro A.13.
Quadro A.13 Regime de Alojamento
Cluster 1 Cluster 2 Cluster 3 Total
N.º % N.º % N.º % N.º %
Alojamento e Pequeno Almoço (APA)
160 30,6% 15 39,5% 5 45,5% 180 31,5%
Meia Pensão (MP) 41 7,8% 5 13,2% 1 9,1% 47 8,2%
Pensão Completa (PC)
11 2,1% 2 5,3% 13 2,3%
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
Tendo por base os resultados da Quadro A.13, podemos concluir que o regime de alojamento
que inclui apenas o pequeno almoço é o mais frequente para os praticantes de golfe no Algar-
ve. Segue-se, a grande distância, o regime de meia-pensão, pequeno-almoço e uma refeição
(habitualmente o jantar), utilizado, sobretudo, por jogadores provenientes do Reino Unido. O
regime de pensão completa é muito pouco utilizado.
Os golfistas instalam-se, maioritariamente, no Concelho de Loulé, nas suas zonas de excelên-
cia para esta actividade: Vale do Lobo, Vilamoura e Quinta do Lago.
Universidade do Algarve
30
Apesar da existência de 4 campos em funcionamento na zona Ocidental da região, é de regis-
tar que apenas 6 jogadores declararam estar alojados nesta zona - Olhão e Manta Rota.
Dum modo geral os golfistas utilizam mais do que um campo durante a sua estada - a uma
distância média de 12,3 km do alojamento.
Figura A.2 Localização do Alojamento e dos Campos de Golfe
ConcelhosLocalização dos campos de golfe em funcionamentoLocalização do Alojamento
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
O conhecimento pessoal, as brochuras e as referências de familiares e amigos constituem as
fontes privilegiadas na recolha de informação. No que se refere aos segmentos de mercado,
não existem diferenças significativas entre os mesmos. No entanto, há a realçar que o turista
familiar é aquele para o qual a obtenção de informação através de familiares e amigos assume
maior relevo.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
31
Quadro A.14 Obtenção de Informações sobre os Campos de Golfe do Algarve
Cluster 1 Cluster 2 Cluster 3 Total
Nº % Nº % Nº % Nº %
Em brochuras 156 29% 10 26% 4 31% 170 29%
Familiares e Amigos 136 25% 12 31% 2 15% 150 25%
Conhecimento Pessoal 167 31% 9 23% 4 31% 180 30%
Internet 52 10% 4 10% 1 8% 57 10%
Publicidade 6 1% 1 3% 1 8% 8 1%
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
As reservas de alojamento e do campo são, maioritariamente, realizadas em agências de via-
gens ou directamente. Esta característica verifica-se nos três segmentos de mercado.
Quadro A.15 Reserva de Alojamento
Cluster 1 Cluster 2 Cluster 3 Total
N.º % N.º % N.º % N.º %
Através de Agência 239 46% 24 63% 6 55% 269 47%
Pela Internet 73 14% 2 5% 1 9% 76 13%
Directamente 141 27% 8 21% 3 27% 152 27%
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
Os turistas para além do golfe preferem a gastronomia e actividades ao ar livre e desportos. A
animação nocturna não surge no quadro de prioridades deste tipo de mercado.
Universidade do Algarve
32
Quadro A.16 Outras Actividades para além do Golfe
Cluster 1 Cluster 2 Cluster 3 Total
N.º % N.º % N.º % N.º %
Ténis 34 3,3 0,0 1 4,6 35 3,1
Praia 73 7,0 3 4,0 0,0 76 6,6
Natação 76 7,3 7 9,2 1 4,6 84 7,3
Descanso/Lazer 54 5,2 7 9,2 0,0 61 5,3
Alimentação e Bebidas (F&B)
116 11,1 6 7,9 2 9,1 124 10,8
Outros 46 4,4 3 4,0 1 4,6 50 4,4
Passeio Pé/Shopping 86 8,2 11 14,5 2 9,1 99 8,7
Casino/Lazer 5 0,5 1 1,3 0,0 6 0,5
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
A.3.7 - AVALIAÇÃO DA SATISFAÇÃO DA PROCURA
Neste ponto pretende medir-se o grau de satisfação do turista e a probabilidade do mesmo
repetir o consumo e ou recomendar os campos de golfe algarvios a familiares e amigos. Os
dados amostrais revelaram o seguinte:
Aproximadamente 79% dos golfistas pretendem voltar. É de destacar que para o turista sol e
praia esta proporção ascende aos 91%;
A esmagadora maioria dos golfistas recomenda os campos de golfe algarvios aos seus amigos
e família (85%). Logo, pode-se concluir que o nível de satisfação dos golfistas em todos os
segmentos de mercado, é bastante elevado.
A.4 - A SAZONALIDADE
A sazonalidade é uma das características do golfe e assume especial relevância no Algarve,
onde o factor climático introduz variações significativas que inviabilizam o jogo nos meses de
Verão, a partir de uma determinada hora.
No Algarve, a prática de golfe estrutura-se em duas temporadas: a alta, que vai de Setembro a
Novembro e de Fevereiro a Maio e a baixa que vai de Dezembro a Janeiro e de Junho a Agos-
to. O padrão sazonal do golfe é, pois, oposto ao do turismo de Verão tradicional. Desta forma,
o golfe compensa a sazonalidade do turismo "sol-praia", contribuindo para maiores níveis
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
33
médios de ocupação do alojamento turístico, dado que origina um aumento da procura nas
estações em que a percentagem de ocupação é, habitualmente, mais baixa.
Com base nos dados estatísticos das voltas vendidas por meses, no período de 1996 a 2002 ,
calculou-se o índice de sazonalidade da procura de golfe. Para o efeito utilizou-se o método
das médias móveis com um desfasamento bi-mensal, apresentado no Gráfico A.1.
Gráfico A.5 Índice de Sazonalidade
0
20
40
60
80
100
120
140
160
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
58,62
103,28
150,56
119,29
118,87
86,12
77,2684,48
104,07
145,72
104,43
47,32
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
O gráfico revela que o maior padrão sazonal ocorre nos meses de Fevereiro a Maio e Setem-
bro a Novembro. Este padrão de consumo pode ser explicado pela forte competição dos paí-
ses europeus do norte durante os meses de Verão, altura em que os seus campos de golfe de-
têm taxas de utilização elevadas. Os preços mais elevados dos pacotes turísticos durante o
Verão, aliados às condições atmosféricas, resultam numa perda de atractividade do produto
golfe no Algarve.
A sazonalidade é importante para definir o potencial de voltas/ano do campo de golfe, que
não poderá corresponder à utilização a 100%, durante todo o seu período de funcionamento,
pois nem todas as horas são desejáveis. Por outro lado, um campo saturado determina condi-
ções de jogo menos desejáveis para o turista e, necessariamente, um produto pior. De um
modo geral, o golfista prefere começar a jogar o mais cedo possível.
Universidade do Algarve
34
A sazonalidade constitui um problema na medida em que a capacidade instalada não poderá
ser efectivamente utilizada durante todo o ano, o que se traduz em dificuldades para a rentabi-
lização da mesma.
O Gráfico A.6 demonstra, claramente, o excesso de capacidade fora dos designados meses de
grande procura, no Algarve, no ano 2002.
Gráfico A.6 Evolução Mensal da Procura em 2002
0
20
40
60
80
100
120
140
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
(x1000)
Fonte: Associação de Golfe, Universidade do Algarve, 2003
O "sobredimensionamento" dos campos, em particular nos meses de Verão (Junho a Agosto)
constitui um problema incontornável nas actuais condições do mercado. A mitigação dos efei-
tos menos positivos desta sub-utilização não é fácil e só pode ser conseguida com esforço
conjugado das empresas e das autoridades públicas, no sentido de aumentar a procura nas
épocas baixas.
No entanto, como alguns autores referem, a diminuição progressiva do período morto associ-
ado à excessiva capacidade de carga da época alta, constitui um grave custo ecológico, pois
desta forma, o período morto torna-se suficiente para a recuperação dos efeitos da sobrecarga
dos campos.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
35
A.5 - INCIDÊNCIA REGIONAL
Uma região pode ser considerada um destino de golfe se reunir na sua superfície um número
mínimo entre 5 e 10 campos, designado como massa crítica. A capacidade de atracção de um
volume significativo de golfistas resulta da existência desse quantitativo de campos num raio
de distância relativamente curto, pois os jogadores preferem utilizar campos diferentes duran-
te a sua estada.
Face ao exposto, foram identificadas 3 zonas como potenciais sub-destinos de golfe no Algar-
ve, ainda que com níveis de desenvolvimento diferentes. As zonas identificadas são: a zona
Ocidental que compreende toda a linha litoral a ocidente do Concelho de Loulé; a zona Cen-
tral que compreende o Concelho de Loulé e a zona Oriental que vai de Faro a Vila Real de
Santo António.
Figura A.3 Distribuição dos Campos por Zonas
10km
A BC
D
EF
G HI
JL M
NO
P
8
10,59,5
11,5
4
n.º de campos* em 1996n.º de campos* em 2002*Campos equivalentes a 18 buracos
Zona Ocidental: A – Parque da Floresta; B - Boavista; C – Penina (Resort, Academy e Championship); D - Morgado do Reguengo I; E – Quinta do Gramacho; F - Vale da Pinta; G – Salgados; H – Pine Cliffs;
Zona Central: I – Lusotur Golfes (Old Course, Millenium; Laguna e Pinhal); J – Vila Sol; L – Vale de Lobo (Royal e Ocean); M – Quinta do Lago (Quinta do Lago, Ria Formosa, Pinheiros Altos e San Lorenzo);
Zona Oriental: N – Benamor; O – Quinta da Ria e Quinta de Cima; P – Castro Marim
Fonte: DRAOT, Universidade do Algarve, 2003
A concentração de campos por zonas determina a formação de clusters de mercado fechados,
que se desenvolvem em torno de um conceito de concentração do negócio/diversificação dos
campos. A afirmação de cada zona como sub-destino de golfe constitui, nesta lógica de clus-
Universidade do Algarve
36
ters, uma barreira à entrada no mercado e tendencialmente a uma situação de monopólio pre-
sumido.
O número de voltas vendidas distribui-se da seguinte forma no espaço.
Gráfico A.7 Quantidade de Voltas por Zonas
0
100
200
300
400
500
600
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
(x1000)
Zona Ocidental Zona Central Zona Oriental
Fonte: Algarve Golfe, 2003
A zona Ocidental registou um crescimento médio anual de 7,3% no período considerado, en-
quanto que a zona Central ficou-se pelos 1,0%. A afirmação da zona Oriental enquanto desti-
no turístico é notória entre 2000 e 2002; a procura cresceu a uma taxa média anual de 48,7%
enquanto que em período homólogo a zona Ocidental estabilizou num crescimento médio de
1,5% e a zona Central registou um decréscimo da procura de 1%.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
37
B - A EVOLUÇÃO DA PROCURA PARA O PERÍODO 2003-2020
B.1 - O CICLO DE VIDA DO GOLFE
O Golfe é um fenómeno dinâmico, o seu elemento de mudança é um factor crucial para defi-
nir os diferentes estágios. Se considerarmos o golfe como em estado de mudança latente pode
admitir-se que os recursos que atraíram os golfistas pela primeira vez podem já não constituir
elementos de atracção.
À medida que a utilização do recurso atinge a sua capacidade de carga máxima, a procura
tende a diminuir. De acordo com Butler (1980) a evolução do produto pode ser caracterizada
em 5 fases: exploratória, envolvimento, estagnação, seguida do declínio ou rejuvenescimento.
Figura B.1 O Ciclo de Vida do Golfe
Numberof Tourists
Rejuvenation
Stagnation
ConsolidationCritical Stage ofElements of Capacity
Development Decline
Exploration
Involvement
Time
Fonte: Butler, 1980
A fase de desenvolvimento representa o estágio inicial de descoberta, exploração e desenvol-
vimento. As infraestruturas turísticas encontram-se ainda numa fase incipiente, as acessibili-
dades e equipamentos estão pensados apenas para o turismo local. Nesta fase, viajar para a
zona é relativamente dispendioso e restringe os fluxos de procura aos indivíduos que procu-
ram novidade e recolhimento, mas que podem suportar o custo e o tempo necessário para via-
jar para uma zona onde os acessos ainda são difíceis.
Universidade do Algarve
38
A fase de consolidação corresponde ao período em que o destino passa a fazer parte do mer-
cado. Nesta fase, o ritmo de crescimento do mercado abranda até deixar de crescer.
O resort turístico entra numa fase de estagnação/declínio quando o turista passa a procurar
novos destinos. Nestes casos, a procura resume-se apenas aos mercados fidelizados, a incerte-
za relativamente à procura determina a estagnação do investimento com repercussões claras
na qualidade dos recursos oferecidos. Nesta fase é necessário desenvolver atracções que pos-
sam mudar os padrões de lazer, num esforço de fazer rejuvenescer o resort.
A aplicação deste conceito ao turismo de golfe realizou-se pela utilização da série da quanti-
dade de voltas vendidas por mês, no período de 1996 a 2002, à qual foi ajustada uma linha de
tendência polinomial de ordem 4, com um coeficiente de determinação de 93,8% (Gráfico
B.1).
Gráfico B.1 O Ciclo de Vida do Golfe
y = 1953,1x4 - 32917x3 + 183452x2 - 333657x + 864988
R2 = 0,9376 600
650
700
750
800
850
900
950
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
n.º de voltas x1000
Nº de Voltas Poly. (Nº de Voltas)
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
A fase de envolvimento/consolidação surge no período anterior a 1999, onde o número de
voltas vendidas cresce a uma taxa crescente. Entre 1999 e 2002 verifica-se uma certa estabili-
zação do mercado que indicia a fase de consolidação.
Uma oferta sustentável, num mercado global, conduziu a um modelo de desenvolvimento que
não considerava as motivações básicas do consumidor. Neste contexto, a inversão da situação
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
39
terá que passar pela identificação de segmentos de mercado e estratégias de vendas, dirigidas
por forma a que o consumidor fique desperto para os atributos dos campos de golfe algarvios.
Para que a oferta seja sustentável, num mercado global, há que utilizar um modelo de desen-
volvimento que considere as motivações básicas do consumidor. Neste contexto, haverá que
identificar os segmentos de mercado e estabelecer estratégias de vendas dirigidas – por forma
a que o consumidor fique desperto para os atributos dos campos de golfe algarvios.
As estratégias possíveis para aumentar o tempo de vida do golfe são:
Incentivar a utilização dos campos pelo mercado nacional;
Aumentar a estada média dos golfistas;
Incentivar a repetição de visitas (por exemplo: cartões de fidelidade);
Relevar diferentes atributos, propiciar novos usos;
Desenvolver novos mercados;
Propiciar serviços de qualidade;
Inovar o produto.
B.2 – EVOLUÇÃO RECENTE DA PROCURA
A taxa de crescimento da procura de golfe a nível mundial situa-se próximo dos 10% ao ano.
Atendendo a que no momento o número de praticantes é de cerca de 55 milhões, a manter-se
o ritmo de crescimento, este número duplicará, no prazo máximo de 8 anos. ( FPG, 2000).
A tendência da procura de golfe no Algarve, com a excepção da década de setenta, encontra-
se em linha com a evolução registada nos Estados Unidos (NGF, 1999).
Universidade do Algarve
40
Gráfico B.2 Evolução da Oferta e da Procura de Golfe no Algarve
400
500
600
700
800
900
1.000
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
voltas x1000
Procura (voltas vendidas) Capacidade Potencial
Fonte: Algarve Golfe, 2003
Situando a análise no período de 1996 a 2002, conforme Gráfico B.2, verifica-se que a procu-
ra tem crescido a uma taxa média de 4,1% ao ano, enquanto que a oferta cresceu a uma taxa
de 6,1%. Apesar do maior ritmo de crescimento da oferta, verifica-se um excesso de procura
em todo o período considerado. O défice de jogadores na região, que em 1996 era de 30 102
jogadores, situava-se no final de 2002 nos 16 242 jogadores.
B.3 - PREVISÃO DA PROCURA
A projecção da procura para um período tão longo não pode abstrair da consideração de facto-
res relevantes tais como:
o efeito de tendência que incorpora elementos de inércia e de fidelização dos jogadores;
o efeito oferta de novos campos que permite a diversificação do mercado, induzindo novos
consumidores;
o efeito preço que resulta do aumento da oferta, induzindo a atracção de novos jogadores e
também o desvio de jogadores que utilizam habitualmente campos próximos.
Para além destes factores, foram assumidos pressupostos de natureza qualitativa e que se tra-
duzem no seguinte:
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
41
a qualidade da oferta (campos actuais e futuros) continuará a exibir um padrão médio de qua-
lidade equivalente à actual;
o perfil de novos jogadores continuará a ser aquele que foi definido a partir do Inquérito, isto
é, com as mesmas exigências de qualidade e, também, o mesmo poder de compra.
Tendo em conta estes factores foi estimada uma evolução da procura (número de voltas/ano)
através do modelo econométrico que conduziu aos seguintes resultados:
Projecção sem efeito significativo da oferta
Crescimento da procura a uma taxa média de 1,55% ao ano entre 2003 e 2020;
Projecção com aumento de oferta
Crescimento da procura a uma taxa média de 1,77% ao ano entre 2003 e 2020.
O perfil de sazonalidade estimado para o período não sofrerá alteração significativa.
A evolução do preço médio por volta resulta da interacção da procura e da oferta, esperando-
se, como é óbvio, que o aumento da oferta não seja favorável a um crescimento real. De qual-
quer forma, a manutenção da qualidade permitirá um preço elevado em alguns dos segmentos
do mercado, sempre sensível à diferenciação e à permanência de características únicas em
alguns dos campos da região.
B.3.1 - MODELAÇÃO DA PROCURA
A modelação ficou limitada ao contexto univariado pela reduzida informação pertinente exis-
tente para uma abordagem mais profunda (estrutural) do problema. Contudo, a variável utili-
zada, como caracterizadora do sector, permitiu-nos chegar a resultados decerto interessantes.
Com o objectivo de analisar e prever a procura de golfe no Algarve, recorreu-se ao número de
voltas de golfe vendidas (variável que passamos a designar simplesmente por voltas) cuja
representação gráfica é apresentada no Gráfico B.3.
Universidade do Algarve
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Gráfico B.3 Número de Voltas de Golfe Vendidas
120
100
80
60
40
20
094 95 96 97 98 99 00 01 0292 93
140Voltas x1000
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
A visualização gráfica desta série permite-nos identificar, de modo claro, o padrão sazonal
anteriormente descrito (veja a Secção A.4 deste Anexo) e que representa uma das característi-
cas importantes do golfe.
Apesar do período de observações ser relativamente curto (Janeiro de 1992 a Junho de 2003),
é notório que o padrão sazonal apresenta alterações lentas. Este comportamento é frequente-
mente justificado como sendo resultado da não estacionaridade da série, dada a existência de
raízes unitárias sazonais e não sazonais. Esta característica foi estatisticamente confirmada
por recurso à versão mensal do teste de Hylleberg, Engle, Granger e Yoo (1990), proposta por
Beaulieu e Miron (1993).
A consequência da existência destas raízes manifesta-se na necessidade de filtrar os dados de
modo a estacionarizar a série (transformação necessária para que assuma um comportamento
estável). O filtro que resulta da informação extraída do teste é o filtro sazonal, ou seja, a série
estacionária é representada como sendo:
D12Voltast = Voltast - Voltast-12
Onde Voltast-i representa a observação referente ao período t - i, i = 0, 12.
A nova variável encontra-se representada no Gráfico B.4:
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
43
Gráfico B.4 Variação Anual do Número de Voltas de Golfe Vendidas
30 000
20 000
10 000
0
-10 000
-20 000
-30 00094 95 96 97 98 99 00 01 02
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
No Gráfico B.4 é possível observar que a variável D12Voltast é uma variável mais estável
quando comparada com a variável não filtrada (a variável Voltast). É manifesto que uma das
consequências da aplicação do filtro indicado, consiste na eliminação do efeito sazonal.
Dadas as propriedades da série D12Voltast se adequarem melhor à modelação, optou-se pela
sua utilização no exercício de modelação e previsão que abaixo se segue.
B.3.1.1 - ESTIMAÇÃO DO MODELO
A estratégia adoptada na modelação desta série é baseada no recurso à modelação do geral
para o particular, tendo em devida consideração os testes habituais de especificação (testes à
presença de autocorrelação e de hetereoescedasticidade. A estimação dos modelos e os res-
pectivos testes de especificação foram efectuados com o suporte informático do programa
EViews 4.1.
O modelo resultante de um processo de simplificações sucessivas teve o seguinte efeito:
D12Voltast = 1 421,5 D1 + 2 721,0 D2 + 2 469,9 D3 - 1 405,3 D4 + 3 038,1 D5 - 475,3 D6 (+0,77) (+1,55) (+1,4) (-0,79) (+1,73) (-0,27)
+ 652,6 D7 - 41,1 D8 + 1 768,1 D9 + 3 039,7 D10 - 1 962,6 D11 - 2 646,2 D12 (+0,35) (+0,02) (+0,95) (+1,61) (-1,03) (-1,41)
+ 0,813 D12Voltast-1 - 0,42 D12Voltast-12 + 0,354 D12Voltast-13 (+14,01) (-4,47) (+3,63)
Universidade do Algarve
44
onde:
LVoltast representa o logaritmo natural da variável voltas no momento t, Di, i = 1,...,12, representam “dummies” sazonais, D12 = 1-L12 L12xt = xt-12. Os resultados apresentados resultam da aplicação do modelo sobre 113 observações.
R-squared 0,725163 Meandependent var 2576,878Adjusted R-Squared 0,6589 S.D. dependent var 9838,299S. E. of regression 5513,836 Akaike info criterion 20,19098Sum squares resid 2,98E+09 Schwarz criterion 20,55302Log likelihood -1125,79 Durbin-Watson Stat 1,953533
Os resultados dos testes de especificação associados a este modelo estão representados no
Quadro B.1:
Quadro B.1 Resultados dos Testes de Especificação
Autocorrelação ordem 1:
F-statistic 0,047832 Probability 0,827338 Breusch-Godfrey Serial Correlation LM Test:
Obs x R2 0,055695 Probability 0,813435
Autocorrelação ordem 12:
F-statistic 1,433002 Probability 0,166820 Breusch-Godfrey Serial Correlation LM Test:
Obs x R2 18,82971 Probability 0,092722
Heteroscedasticidade
F-statistic 1,166207 Probability 0,306991 White Heteroskedasticity Test:
Obs x R2 19,51032 Probability 0,300038 Fonte: Universidade do Algarve, 2003
Recorreu-se ao teste proposto por Breusch e Godfrey (1978) como meio de testar a eventual
presença de autocorrelação no modelo. Os resultados do teste apresentados no Quadro B.1
evidenciam a inexistência de autocorrelação de ordem 1 e de ordem 12 a um nível de signifi-
cância de 10%.
Quanto ao teste à heteroscedasticidade de White utilizado, verifica-se que os resultados não
permitem rejeitar a hipótese de homoscedasticidade, também a um nível de significância de
10%.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
45
De um modo geral, o modelo seleccionado supera todos os testes, existindo por conseguinte
evidência clara de que a forma funcional utilizada é a adequada para a explicação e previsão
do fenómeno.
O modelo explica 72,5% da variação da variável dependente, donde se pode concluir que o
poder explicativo do modelo é bom.
A qualidade do ajustamento dos valores estimados comparados com os valores reais pode ser
observado no Gráfico B.5
Gráfico B.5 Qualidade do Ajustamento do Modelo Estimado
30 000
20 000
10 000
0
-10 000
-20 000
30 000
20 000
10 000
0
-10 000
-20 000
-30 000
94 95 96 97 98 99 00 01 02
Residual FittedActual
Fonte: Universidade do Algarve, 2003
B.3.1.2 - PREVISÃO
Recorrendo ao modelo estimado na secção anterior como modelo de partida, estimaram-se as
previsões, apresentadas na quadro seguinte, para o período de Julho de 2003 a Junho de 2005.
Todas as previsões são estimadas de forma recursiva, ou seja, sempre que uma previsão é fei-
ta é utilizada essa nova informação para reestimar o modelo, passando sempre pelo processo
de especificação apresentado na secção anterior.
Universidade do Algarve
46
Quadro B.2 Previsões Referentes ao Período Julho de 2003 a Junho de 2005
2003 2004 2005
Janeiro 592,6 1216,8
Fevereiro 2606,6 1592
Março 2337,3 1254,1
Abril 381,8 154,6
Maio 1078,3 1469,7
Junho 1645,9 2609,4
Julho 4545,6 549
Agosto 4041,1 -1243,4
Setembro 5282,1 346,2
Outubro 5066,1 1711,7
Novembro 3027,6 1927,5
Dezembro -713,3 709,3 Fonte: Universidade do Algarve, 2003
Os resultados do Quadro B.2 devem ser interpretados com algum cuidado. É necessário notar
que o modelo de base é um modelo autoregressivo e, como tal, potenciais impactos exógenos
só se farão sentir no modelo com algum desfasamento temporal.
Assim, apesar da boa aderência do modelo aos dados, alterações conjunturais ou de variáveis
influentes no sector, podem originar enviesamentos sérios das previsões.
Este anexo desenvolveu-se em torno de dois objectivos: um primeiro de caracterização da
procura existente, um segundo de projecção da procura.
De um modo geral, o turista do golfe tem um perfil característico. Trata-se de um turista de
nível sócio-económico superior à média. A proporção do montante do rendimento familiar
gasto em actividades desportivas ronda 7,13%/ano, contra 6,45% para o turista em geral. Ou-
tra das suas características relevantes é que se hospeda maioritariamente em hotéis, apartho-
téis e aldeamentos turísticos de 4 e 5 estrelas.
Em termos de nacionalidade os dados amostrais, quando confrontados com as estatísticas
agregadas do turismo no Algarve, permitem-nos concluir que não existem diferenças signifi-
cativas entre os turistas de golfe e os restantes turistas. Ambos são, maioritariamente, euro-
peus e verifica-se um peso muito significativo de residentes no Reino Unido. De facto, os
residentes no Reino Unido e na Irlanda originam mais de 74% da procura, seguidos da Ale-
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
47
manha que, apesar do forte decréscimo de turistas desta nacionalidade registado na região,
ainda é responsável por 7,3% dos jogadores.
No que se refere aos segmentos de mercado, há a destacar o facto do segmento turista sol e
praia ser composto, sobretudo, por residentes no Reino Unido e Escandinávia. Realce, tam-
bém, para o facto dos jogadores portugueses pertencerem ao segmento turista de golfe.
Em relação aos dados demográficos, os resultados amostrais permitem-nos concluir que o
golfe no Algarve é, predominantemente, uma actividade masculina (77% dos jogadores) e que
a idade média dos jogadores é elevada (a proporção de inquiridos com mais de 45 anos de
idade é de cerca de 63%). Importa, ainda, destacar que a idade média dos jogadores do seg-
mento turista de golfe é inferior à dos outros segmentos.
Relativamente às habilitações literárias, regista-se um peso significativo do Nível Superior em
todos os países, com excepção dos residentes na Holanda. De realçar que é, também, neste
grupo de inquiridos que se regista uma maior percentagem de não respostas a esta questão.
No que concerne à análise da componente socio-económica utilizou-se a estrutura de Dubois
– que estabelece uma correspondência entre a profissão e a classe social. Tendo por base esta
estrutura conclui-se que o golfista pertence maioritariamente (68%) às classes média (B) e alta
(A). De salientar que o segmento Turista de golfe apresenta, em termos relativos, uma menor
proporção de indivíduos da classe operária (C).
O golfe constitui uma prática corrente para os golfistas que utilizam os campos de golfe al-
garvios – praticam-no em média há cerca de 16 anos e jogam pelo menos, cinco vezes por
mês.
Em média o jogador de golfe permanece no Algarve 9,5 dias, joga 4,5 voltas e faz-se acom-
panhar no jogo por 3 pessoas.
Relativamente aos segmentos de mercado, é de salientar que, tal como seria de esperar, o tu-
rista de golfe joga um número superior de voltas. Quanto aos dias de permanência no Algar-
ve, o valor máximo corresponde ao turista sol e praia. No que se refere ao número de anos de
prática de golfe, o valor mínimo é assumido pelo segmento turista de golfe - o que, certamen-
te, está associado ao facto deste segmento apresentar uma idade média inferior aos restantes.
Universidade do Algarve
48
No que se refere ao alojamento os turistas que visitam o Algarve para jogar golfe instalam-se,
sobretudo, em hotéis (41%), vilas (23%), apartamentos (21%) e em casas próprias (10%). É
de destacar que cerca de 21% dos jogadores de golfe com residência na Alemanha utilizam
casa própria, proporção apenas superada pelos jogadores de nacionalidade portuguesa (50%).
Os clientes com residência na Escandinávia apresentam uma forte propensão à utilização da
hotelaria – sendo, de entre a amostra recolhida, os que apresentam a maior proporção de utili-
zação deste tipo de serviços.
Em termos de segmentos de mercado, é de realçar que o turista de golfe utiliza menos os ho-
téis e mais apartamentos e vilas que os outros dois segmentos. Em termos comparativos real-
ce, ainda, para o facto do turista familiar apresentar a maior proporção de utilização de casa
própria e o turista sol e praia apresentar a maior proporção de alojamento em casas de famili-
ares e amigos.
Um elemento importante que ressalta do exercício de cenarização é a existência de uma pro-
cura de qualidade sustentada. No entanto, a sua concentração geográfica pode constituir um
elemento com variações conjunturais significativas, cujos efeitos se farão sentir nos campos
onde o nível de fidelização é mais baixo.
Caracterizada e projectada a procura, conclui-se que na óptica do consumidor existem três
áreas críticas: a saturação dos campos, o binómio preço/qualidade e a diversificação e promo-
ção. No sentido da dinamização da actividade do golfe, propõem-se então os dados que
permitam mitigar os efeitos da procura activa: programação de promoção conjunta do Algarve
em mercados diversificados, diversificação de mercados.
Estudo Sobre o Golfe no Algarve
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Algarve Golfe, Estatísticas Avulsas.
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golf.ch/statisticseurope.php [Último acesso 21/11/2003].
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Turística do Algarve, [On-line] Revista de Imprensa da Federação Portuguesa de
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Average Error Models When the Regressors Include Lagged Dependent Variables,"
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INE (2002) Estatísticas do Turismo 2001, Lisboa, Instituto Nacional de Estatística
NGF (1999) disponível on line: http://www.ngf.org/cgi/publications.asp; [Último acesso
20/11/2003]