26
1 DIAGNÓSTICO REGIONALIZADO SOBRE AS NECESSIDADES RELACIONADAS À ÁREA DO CONHECIMENTO DAS EQUIPES QUE ATUAM NA IMPLEMENTAÇÃO DA POLÍTICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL DISTRITO ESTADUAL DE FERNANDO DE NORONHA RECIFE - 2008.

DIAGNÓSTICO REGIONALIZADO SOBRE AS NECESSIDADES ......“fernando de noronha: a problemÁtica e os desafios na implantaÇÃo da polÍtica de assistÊncia social - pnas e do sistema

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: DIAGNÓSTICO REGIONALIZADO SOBRE AS NECESSIDADES ......“fernando de noronha: a problemÁtica e os desafios na implantaÇÃo da polÍtica de assistÊncia social - pnas e do sistema

1

DIAGNÓSTICO REGIONALIZADO

SOBRE AS NECESSIDADES RELACIONADAS À

ÁREA DO CONHECIMENTO DAS EQUIPES QUE

ATUAM NA IMPLEMENTAÇÃO DA

POLÍTICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL

DISTRITO ESTADUAL DE FERNANDO DE

NORONHA

RECIFE - 2008.

Page 2: DIAGNÓSTICO REGIONALIZADO SOBRE AS NECESSIDADES ......“fernando de noronha: a problemÁtica e os desafios na implantaÇÃo da polÍtica de assistÊncia social - pnas e do sistema

2

IDENTIFICAÇÃO

EDUARDO HENRIQUE ACCIOLY CAMPOS

GOVERNADOR DO ESTADO DE PERNAMBUCO

ROLDÃO JOAQUIM DOS SANTOS SECRETÁRIO DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL

E DIREITOS HUMANOS

EDGARD TÁVORA DE SOUSA SECRETÁRIO EXECUTIVO DE COORDENAÇÃO E GESTÃO

ACÁCIO FERREIRA DE CARVALHO FILHO

SECRETÁRIO EXECUTIVO DE DESENVOLVIMENTO E ASSISTÊNCIA SOCIAL

MARIANA DE ANDRADE LIMA SUASSUNA

SUPERINTENDENTE DAS AÇÕES DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL

JOÃO MAURÍCIO ROCHA

SUPERINTENDENTE DE APOIO À PESSOA COM DEFICIÊNCIA

PAULA VANUSA DE SANTANA TAVARES OLIVEIRA GERENTE DE PLANEJAMENTO, PROJETOS E CAPACITAÇÃO

REGINA ALCOFORADO

GERENTE DE MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO

JOSÉ RICARDO SAMICO ALVES BATISTA GERENTE DO FUNDO ESTADUAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL - FEAS

MARGARIDA MARIA SOARES SILVA

GERENTE DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL - SUAS

RIZETE SERAFIM COSTA GESTORA DAS AÇÕES DA PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA

JOELSON RODRIGUES REIS SILVA

GESTOR DAS AÇÕES DA PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL

KILMA LUNA DE CASTRO BARROS GESTORA DAS AÇÕES SOCIOASSISTENCIAIS

MARIA CRISTINA NEUENSCHWANDER

PRESIDENTE DO CONSELHO ESTADUAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

Page 3: DIAGNÓSTICO REGIONALIZADO SOBRE AS NECESSIDADES ......“fernando de noronha: a problemÁtica e os desafios na implantaÇÃo da polÍtica de assistÊncia social - pnas e do sistema

3

FICHA TÉCNICA

DIRETORIA DA PERSPECTIVAS

MARIA TERESA DOS SANTOS LOBO GOMES COORDENADORA GERAL

JOSÉ EVERALDO DE MELO PINHEIRO

COORDENADOR ADMINISTRATIVO-FINANCEIRO

CRISTIANE LIBERATO DE NÓBREGA COORDENADORA TÉCNICA

EQUIPE DE EXECUÇÃO DO PROJETO

LIDIA DE OLIVEIRA LIRA

COORDENADORA GERAL

LAURISABEL GUIMARÃES PINHEIRO COORDENADORA TÉCNICA

AÉCIO LOPES

SEVERINO CATÃO RODRIGUES ESTATÍSTICOS

ELAYNE BARBOSA, ELAINE CRISTINA DE MORAES, ELAINE CRISTINA MELO,

EDILMA MEDEIROS, GEORGIANA MARQUES, GLÓRIA Mª DE MIRANDA, LUCIANA LISBOA, LUCIA LYRA, LUCIENE FREITAS, MARCELO KERME

MENEZES, SILEIDE DE OLIVEIRA. PESQUISADORES

NILVA LOPES

APOIO ADMINISTRATIVO

ADRIANA GOMES, RONALDO EPIFÁNIO DE SANTANA JOSÉ ROBERTO DE SOUZA, MARIA VIRGÍNIA SANTOS

DIGITADORES

CLEVERSON RAMOS PROGRAMADOR

CLEONILDA CORREIA DE QUEIROZ

SISTEMATIZADORA DE TÉCNICAS QUALIFICADAS

LIDIA DE OLIVEIRA LIRA, CLEONILDA CORREIA DE QUEIROZ, LAURISABEL GUIMARÃES PINHEIRO

ELABORADORES DE RELATÓRIOS

DANIELLE DE OLIVEIRA SANTIAGO REVISORA DO TEXTO

Page 4: DIAGNÓSTICO REGIONALIZADO SOBRE AS NECESSIDADES ......“fernando de noronha: a problemÁtica e os desafios na implantaÇÃo da polÍtica de assistÊncia social - pnas e do sistema

4

DISTRITO ESTADUAL DE FERNANDO DE NORONHA:

Cinco séculos de acertos e erros, de marcas, de rastros deixados, de destruição e de construção, dessa saga que se fez em meio ao Atlântico. Cinco séculos quase ignorados na grande História do Brasil; de abordagens e de presença estrangeira; de uma pirataria constante, nos primeiros tempos e de cooperação técnica, nos tempo que se seguiram.

Cinco séculos de adaptação do homem à natureza esplendorosa que se descortinava; de experimentos agrícolas; de construção de núcleos urbanos; de cautelas na defesa dos seus espaços passíveis de serem conquistados.

Cinco séculos de uso do espaço como confinamento de homens sem liberdade; de historias buscadas nos registros deixados, que falam dos castigos muitas vezes perversos, da solidão insular, das razões políticas gerando a segregação de tantos.

Cinco séculos de arte, de poesia, da construção de um saber imaterial que se deixou ficam em lendas, na medicina popular, nos apelidos de lugares e de pessoas. Cinco séculos de beleza, de uma natureza excepcional, que resistiu, permaneceu, consolidou-se, apesar dos descaminhos que muitos teimaram em traçar. Marieta Borges e Silva. Fernando de Noronha cinco séculos de História. Recife – 2007.

Page 5: DIAGNÓSTICO REGIONALIZADO SOBRE AS NECESSIDADES ......“fernando de noronha: a problemÁtica e os desafios na implantaÇÃo da polÍtica de assistÊncia social - pnas e do sistema

5

AGRADECIMENTOS

Este Documento foi construído a partir da sistematização sobre as informações

coletadas, no período de 29 de julho a 01 de agosto de 2008, junto aos gestores,

profissionais das diversas políticas sociais, adolescentes/jovens e os conselheiros

tutelares, distritais e de Assistência Social do Distrito Estadual de Fernando de

Noronha, que participaram na condição de pesquisados, totalizando 41 pessoas, as

quais se agradece pela colaboração neste Estudo.

Dentre os pesquisados, faz-se um reconhecimento especial, ao grupo de

adolescente e jovens que, com leveza, expressaram opiniões sobre a Ilha, declarando

sonhos, medos, esperanças e um descontentamento sobre a realidade estabelecida

distante dos sujeitos de direitos: as crianças e os adolescentes.

Neste sentido, dedica-se os esforços para esta produção aos que estão certos

de que é possível restabelecer a qualidade de vida no Paraíso ameaçado pelo

“desenvolvimento local”.

Page 6: DIAGNÓSTICO REGIONALIZADO SOBRE AS NECESSIDADES ......“fernando de noronha: a problemÁtica e os desafios na implantaÇÃo da polÍtica de assistÊncia social - pnas e do sistema

6

APRESENTAÇÃO

Nesse Estudo, apesar das técnicas a serem aplicados terem sido, previamente,

definidas, a PERSPECTIVAS, com a concordância da gestão Estadual, optou por realizar no Distrito Estadual de Fernando de Noronha, unicamente, a análise qualitativa prevista para o processo em todo Estado, ou seja, grupos focais e entrevistas semi-estruturadas. Assim, foram realizados, in loco, três grupos focais e sete entrevistas semi-estruturadas; ressalta-se que em decorrência dos impedimentos de agenda, a entrevista com o Gestor Insular aconteceu em Recife no Escritório do Distrito.

A mobilização foi feita previamente, mas as pesquisadoras enfrentaram dificuldades em garantir a participação, pois no período em que a coleta de informações aconteceu, alguns atores sociais se encontravam de férias no Continente1. É importante destacar e esclarecer que diante das especificidades do Distrito em relação aos municípios de Pernambuco, o cronograma para execução do Estudo em Fernando de Noronha2, pactuado com a representante responsável pelo projeto da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos – SEDSDH sofreu alteração que construiu, também, uma proposta diferenciada (ver em anexo) para atender a realidade da população do Distrito, no que se refere à implantação da Política Nacional de Assistência Social - PNAS/Sistema Único de Assistência Social - SUAS. Diante das mudanças os objetivos, também, foram modificados em relação aos objetivos propostos para o Estudo junto aos municípios.

Este Documento, portanto, apresentam as situações que caracterizam o atendimento da Assistência Social, análise sobre as demandas intersetoriais e indicativos para a implantação dos serviços, programas e projetos sociais voltados para o fortalecimento das famílias em situação de vulnerabilidade social. Assim, pretende-se transformar a linguagem de relatório em algo mais didático e objetivo, e socializar as apreciações em forma de considerações e ao mesmo tempo, apresentar sugestões práticas sendo essas direcionadas, sobretudo, à gestão Estadual.

1 Leia-se Continente, territórios além mar com infra-estrutura de Estado (PE, RN etc.). 2 No texto, ao se referir ao Distrito, recorrerem-se à simplificação utilizando assim apenas a identidade do território, ou seja, “Fernando de Noronha”.

Page 7: DIAGNÓSTICO REGIONALIZADO SOBRE AS NECESSIDADES ......“fernando de noronha: a problemÁtica e os desafios na implantaÇÃo da polÍtica de assistÊncia social - pnas e do sistema

7

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BF – Bolsa Família

BPC – Benefício de Prestação Continuada

CEAS – Conselho Estadual de Assistência Social

CEDCA – Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e do

Adolescente

CIB – Comissão Intergestora Bipartite da Assistência Social

CLT – Consolidação das Leis do Trabalho

CMAS – Conselho Municipal de Assistência Social

CRAS – Centro de Referência de Assistência Social

CREAS – Centro de Referência Especializado de Assistência Social

ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente

FEAS – Fundo Estadual de Assistência Social

FMAS – Fundo Municipal de Assistência Social

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

IGDBF – Índice de Gestão Descentralizada do Programa Bolsa Família

LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias

LOA – Lei Orçamentária Anual

LOAS – Lei Orgânica da Assistência Social

MDS – Ministério de Desenvolvimento Social

MP – Ministério Público

NOB – Norma Operacional Básica da Assistência Social

NOB/RH - Norma Operacional Básica sobre os Recursos Humanos da

Assistência Social

OG – Organização Governamental

ONG – Organização Não-Governamental

PAIF – Programa de Atenção Integral às Famílias

PAS – Política de Assistência Social

PBF – Programa Bolsa Família

PETI – Programa de Erradicação do Trabalho Infantil

PMAS – Plano Municipal de Assistência Social

PNAS – Política Nacional de Assistência Social

PPA – Plano Plurianual

RD – Região de Desenvolvimento

RH – Recursos Humanos

SAS – Secretaria de Assistência Social

Page 8: DIAGNÓSTICO REGIONALIZADO SOBRE AS NECESSIDADES ......“fernando de noronha: a problemÁtica e os desafios na implantaÇÃo da polÍtica de assistÊncia social - pnas e do sistema

8

SEDAS – Secretaria Executiva de Desenvolvimento e Assistência Social

SEDSDH – Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos

SIGAS – Sistema de Informação e Gestão da Assistência Social

SMAS – Secretaria Municipal de Assistência Social

SUAS – Sistema Único de Assistência Social

SUAS/WEB – Sistema de Informática para o acompanhamento físico-financeiro

das ações do SUAS no âmbito municipal, estadual e federal

SUS – Sistema Único de Saúde

Page 9: DIAGNÓSTICO REGIONALIZADO SOBRE AS NECESSIDADES ......“fernando de noronha: a problemÁtica e os desafios na implantaÇÃo da polÍtica de assistÊncia social - pnas e do sistema

9

SUMÁRIO

1. “FERNANDO DE NORONHA: A PROBLEMÁTICA E OS DESAFIOS NA IMPLANTAÇÃO DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL - PNAS E DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – SUAS”

10

2. FAMÍLIAS E ESTRATÉGIAS DE SOBREVIVÊNCIA: A DISTORÇÃO DA LÓGICA SOBRE AS FUNÇÕES E PAPÉIS SOCIAIS DA FAMÍLIA

12

3. TERRITORIALIZAÇÃO, UNIVERSALIZAÇÃO DE DIREITOS E REDE SOCIOASSISTENCIAL: A DIMENSÃO DO DESAFIO NA IMPLANTAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DO SUAS

15

4. MODELO DE GESTÃO: ONDE SE FIRMA A DEMOCRACIA E A PARTICIPAÇÃO POPULAR?

16

5. CONTROLE SOCIAL: CONSELHOS PARITÁRIOS E A FORÇA DO ESPAÇO DELIBERATIVO

17

6. CONSTATAÇÕES E SUGESTÕES A PARTIR DAS ANÁLISES

CONSTRUÍDAS COM BASE NOS DEPOIMENTOS DOS PESQUISADOS

18

ANEXOS

21

Page 10: DIAGNÓSTICO REGIONALIZADO SOBRE AS NECESSIDADES ......“fernando de noronha: a problemÁtica e os desafios na implantaÇÃo da polÍtica de assistÊncia social - pnas e do sistema

10

1. “FERNANDO DE NORONHA: A PROBLEMÁTICA E OS DESAFIOS NA IMPLANTAÇÃO DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL - PNAS E DO

SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – SUAS”

“(...) Falta Assistência Social e Fernando de Noronha, não existe atividades de cultura, esporte e lazer. Não existe Política pública para as crianças e adolescentes em relação ao lazer”. 3

Pensar ações de Assistência Social para um território considerado Paraíso, deixa muitos sobressaltos, no entanto o Distrito Estadual de Fernando de Noronha, com o passar dos tempos, vem apresentando características urbanas de grandes cidades fenômenos tais como: ocupação desordenada, violência doméstica, abuso e exploração sexual, uso e tráfico de drogas, entre outros, que tem transformado a cada dia o Paraíso, revelando também as fragilidades no modelo de gestão, que segundo os pesquisados, não corresponde ao desejo dos “noronhenses” 4. “(...) Seria necessário o poder de voto e co-responsabilidades, e não apenas, comunicação das ações. Não existe uma legislação específica para o Distrito, vive de decretos/portarias”.

A partir dos depoimentos identifica-se nos cidadãos “noronhenses” um sentimento de desrespeito e tutela; pelo fato de não se ter oportunidade de escolher seu administrador/gestor.

“(...) O único local no país, onde não se tem garantido o direito ao voto para a escolha da administração local é aqui em Fernando de Noronha. Vivemos ainda no modelo colonial”.

A historia do Arquipélago é desconhecida por grande parte dos pernambucanos e brasileiros de uma forma geral. O povoamento do atual Distrito, que aconteceu a partir da população penitenciária foi marcado pelo abandono e muito preconceito. Por outro lado, a garantia de direitos expressada como inexistente no depoimento registrado durante grupo focal junto aos conselheiros tutelares, caracteriza a continuidade de situações inadequadas no campo social, político e econômico.

Essas inadequações podem ser observadas através dos hábitos, costumes, crenças, manifestações, alimentação, vestimentas, língua, ou seja, a ausência de traços próprios que distinga a população de Fernando de Noronha é identificada também, como no conjunto de fragilidades que ameaçam a relação de pertencimento dos ilhéus. “Não existe uma cultura local. Somos aculturados, um aglomerado de outras culturas. Vestimo-nos como surfistas Australianos; “chiamos” como cariocas etc.”.5

Poucos são os que nasceram no Distrito, visto que no período do nascimento dos filhos, as mulheres costumam ir ao Continente onde encontram atendimento

3 Neste documento os trechos iniciados (...) são depoimentos registrados nas entrevistas semi-estruturadas. 4 Modo como os cidadãos do Distrito, se refere a sua naturalidade. 5 Neste documento os trechos que se encontram em negrito, e ente aspas são depoimentos registrados no grupo focal.

A IDENTIDADE RESULTA DE MARCAS CULTURAIS. ENTÃO, O QUE MARCA A CULTURA DO DISTRITO ESTADUAL?

Page 11: DIAGNÓSTICO REGIONALIZADO SOBRE AS NECESSIDADES ......“fernando de noronha: a problemÁtica e os desafios na implantaÇÃo da polÍtica de assistÊncia social - pnas e do sistema

11

médico mais adequado. Esta situação reforça a reflexão no campo da identidade e de como esta influencia as relações sociais.

Em se tratando do espaço de moradia, as famílias que vivem no Distrito Estadual se deparam com limites construídos em busca da proteção ambiental sobre o território, assim, muitas são as estratégias estabelecidas para a regularização de turistas que resolvem ficar no Arquipélago, entretanto a condição financeira, sem dúvida, é o que diferencia os encaminhamentos. “(...) Existe uma crise de identidade já que 70% do território é da União/IBAMA e 30% do Estado - pessoas e seus problemas”. “(...) O capital quando chegou 90% das pessoas, venderam suas casas. As famílias foram separadas, quando são colocadas para o Continente. Não existe identidade de pertencer a um lar, ficam abandonados nas praças, não existe afeto e proteção”. “(...) Crianças e adolescentes envolvidos com drogas, violência sexual - abuso e exploração, nossos traços estão se perdendo. Existe uma crise de identidade, um sentido de impotência em relação às leis, o sentimento de pertencimento não está presente nas pessoas, os Ilhéus estão fugindo da ilha, alguns enlouquecem. Os nativos são escravizados pelo trabalho. Existe um movimento para que as pessoas saiam da ilha se qualifiquem e voltem para construir a cultura de Noronha”.

A interpretação sobre processos que podem na opinião dos pesquisados, gerar um avanço em relação à cultura local, não contempla os elementos essenciais para a construção da identidade de um povo. A cumplicidade pautada na relação de confiança e na visão coletiva e comunitária não se encontra no conhecimento e na formação acadêmica, mas no sentimento de pertencimento e na consciência sobre o que alimenta e fortalece as relações humanas e comunitárias. O olhar das partes sobre o todo, sem negar possibilidades de construção coletiva, sobretudo, de valores sociais e regras na perspectiva de vida em sociedade. “(...) Quem mais quebra as regras são os noronhenses, pois as regras são criadas pelas pessoas de fora. Os profissionais mais qualificados estão dominando a Ilha e ninguém faz nada, os Ilhéus estão muito preguiçosos. O desenvolvimento econômico trouxe avanço, mas também, a acomodação dos noronhenses ou ocuparam seu espaço”.

O conhecimento neste caso, não vem conferindo autonomia, pois não está estimulando a relação de força onde se firma os argumentos e as lutas sociais. Pois esta só se concretiza a partir da relação de pertencimento, de identidade. A busca pela sobrevivência traz competitividade que distancia cada vez mais o visão dos moradores do Distrito sobre a sua condição de ilhéus.

Page 12: DIAGNÓSTICO REGIONALIZADO SOBRE AS NECESSIDADES ......“fernando de noronha: a problemÁtica e os desafios na implantaÇÃo da polÍtica de assistÊncia social - pnas e do sistema

12

2. FAMÍLIAS E ESTRATÉGIAS DE SOBREVIVÊNCIA: A DISTORÇÃO DA LÓGICA SOBRE AS FUNÇÕES E PAPÉIS SOCIAIS DA FAMÍLIA

“(...) A família está com menos tempo para cuidar dos filhos. A Desagregação Familiar acarretada pelo desenvolvimento econômico, turísticos, tem causado o uso de álcool, drogas, afetando a qualidade de vida. As casas foram divididas para dar lugar aos turistas - pousadas adaptadas. Atualmente as famílias vivem em lugares pequenos. Se o casal se separa continuam no mesmo espaço físico dividido por paredes ou lençóis. A sala é do turista, a televisão é do turista, a mesa, etc. As crianças não podem mais sentar no sofá e assistir a televisão. Os conflitos internos familiares interferem na relação com os serviços. Noronha foi ocupada sem planejamento. A desagregação familiar é um galhinho do arbusto”.

Com base no depoimento acima, é possível reconhecer a situação, em que foram e são formadas, e estruturadas as famílias do Distrito Estadual. As funções e papéis sociais cobrados à família pela sociedade em Fernando de Noronha, têm uma escala de valores que distancia a possibilidade de distinguir a família como núcleo social. A sobrevivência dos membros pesa de forma significativa e interfere nas atitudes dos responsáveis. No entanto, segundo os pesquisados, essas atitudes não estão relacionadas aos sentimentos de afeto e solidariedade, que caracterizam o conjunto de responsabilidades da família em relação aos seus membros.

“(...) Enfrentamos dificuldades em relação à participação das famílias. O planejamento das reuniões é feito de acordo com o horário solicitado pelos pais, mas esses não comparecem. Só procuram a creche para reclamar, não se preocupam em acompanhar o desenvolvimento dos filhos. A creche é a referência familiar para a criança. Quando não estão na creche estão sobre o cuidado de outras pessoas que não são os pais, nem mesmo os irmãos. Os pais trabalham muito, de domingo a domingo e não conseguem nem mesmo enxergar direito os filhos”.

A culpabilização sobre as famílias não altera as dificuldades enfrentadas por essas, nem tampouco distorce o sentimento de responsabilidade e/ou de desejo sobre as relações coletivas; pelo contrário, amplia o distanciamento entre equipes e famílias ameaçando assim, as possibilidades de reflexão e tomada de consciência sobre a importância da mesma na construção da sociedade. Diante disto, é preciso rever alguns processos de trabalho e de convivência e redefinir em relação à família, a metodologia de trabalho, que, conseqüentemente, está relacionada diretamente as concepções, conceitos e modelos adotados no contexto familiar.

O Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA indica: É dever da família, da sociedade e do Estado zelar pela formação integral das crianças e adolescentes. Entretanto esse compromisso não deve acontecer por etapa, pois todos, simultaneamente, precisam assumir considerando as especificidades, a responsabilidade sobre a criança e o adolescente, ou seja, se a família está frágil, cabe à sociedade apoiá-la, se a sociedade não está preparada cabe ao Estado

“A família, independente do formato ou modelo que assume, é mediadora das relações entre os sujeitos e a coletividade, delimitando, continuamente os deslocamentos entre o público e o privado, bem como geradora de modalidades comunitárias de vida”. PNAS-2004.

FAMÍLIAS SEM RESPONSABILIDADES, SOB QUE LÓGICA? FAMÍLIAS DESESTRUTURADAS/ SOB QUE CONDIÇÃO DE ESTRUTURAÇÃO?

Page 13: DIAGNÓSTICO REGIONALIZADO SOBRE AS NECESSIDADES ......“fernando de noronha: a problemÁtica e os desafios na implantaÇÃo da polÍtica de assistÊncia social - pnas e do sistema

13

garantir condições para que a sociedade e a família se organizem e cumpram com as suas funções e papéis. Essa é uma importante interpretação sobre a Lei, que provoca a revisão sobre as práticas e decisões Políticas. Destacam-se, no conjunto de fragilidades, algumas sob responsabilidade direta da família, mas todas, direta ou indiretamente, são de responsabilidades do pode público. “(...) Os ilhéus vêm de uma história de sofrimento. A ilha era presídio, as pessoas que nasciam aqui era como se nascesse condenado ao isolamento”.

As famílias, na sua maioria, têm o seu nascedouro a partir da exclusão social - organização do presídio;

Algumas famílias foram formadas a partir de “estratégia” para permanência no território6;

Índice significativo de gravidez precoce; Alto índice de separação conjugal; Violência doméstica; Negligência; Ausência de condições básicas para a estruturação das famílias no que se

refere ao cumprimento de suas funções e papéis sociais - garantia de sobrevivência, educação para cidadania e fortalecimento das relações de afeto;

Políticas Públicas fragmentadas sem plano de ação intersetorial direcionado ao fortalecimento da família;

Ausência de regras institucionais que promovam o exercício comunitário. Em consonância com os pontos de fragilidades elencados acima, apresenta- se

a seguir algumas sugestões.

Realizar ações direcionadas aos membros da família com o propósito de fortalecer o núcleo familiar;

Trabalhar com abordagens de temas relacionados ao ciclo da vida e a formação integral dos membros da família na perspectiva do fortalecimento comunitário;

Desenvolver o acompanhamento e apoio contínuo sobre as famílias para o cumprimento de suas funções e papéis sociais;

Garantir espaço de lazer e outras atividades lúdicas que promovam a convivência comunitária e fortaleça relações de afeto;

Estimular a organização social e comunitária no intuito do protagonismo, entre outros.

O processo de implantação da PNAS/SUAS no Distrito exige um

posicionamento frente às fragilidades que caracterizam as famílias, possibilitando uma atuação matricial mais direcionada; gerando uma conexão entre pensamento e prática, pois a matricialidade sociofamiliar apresentada como eixo para a consolidação do SUAS provoca algumas reflexões e discussões em relação às diferentes concepções de famílias. Estas, sem dúvida, interferem nas práticas dos profissionais, gestores e conselheiros; no acolhimento, na identificação sobre as vulnerabilidades suas causas e conseqüências.

Assim, o trabalho com a família não deve ser interpretado como mais uma

demanda para as equipes, pois o olhar sobre ela como núcleo precisa alcançar suas

6 Não existe uma constatação sobre essa informação, no entanto, a hipótese está relacionada ao índice de separação que cercam esses casais.

VALE À PENA REFLETIR

Page 14: DIAGNÓSTICO REGIONALIZADO SOBRE AS NECESSIDADES ......“fernando de noronha: a problemÁtica e os desafios na implantaÇÃo da polÍtica de assistÊncia social - pnas e do sistema

14

estratégias de organização, as relações de gênero e outros elementos que a transformam num espaço de proteção ou de ameaça.

Page 15: DIAGNÓSTICO REGIONALIZADO SOBRE AS NECESSIDADES ......“fernando de noronha: a problemÁtica e os desafios na implantaÇÃo da polÍtica de assistÊncia social - pnas e do sistema

15

3. TERRITORIALIZAÇÃO, UNIVERSALIZAÇÃO DE DIREITOS E REDE SOCIOASSISTENCIAL: A DIMENSÃO DO DESAFIO NA IMPLANTAÇÃO E

IMPLEMENTAÇÃO DO SUAS

“(...) Cada ilhéu é uma ilha. É muito difícil trabalhar”.

A territorialização e a universalização de direitos devem está contempladas na Rede socioassistencial, e esta por sua vez, na ação intersetorial. No Distrito as demandas reprimidas estão em todas as áreas, mesmo com 100% de cobertura, o Programa de Saúde da Família – PSF, por exemplo, não tem uma articulação com a Educação, embora na atualidade disponha de equipamentos sociais tais como: Escola Arquipélago; Creche; Hospital; Posto de Saúde; Delegacia; além do Conselho Tutelar e do Conselho Distrital.

Os projetos sociais organizados no território de Fernando de Noronha estão voltados para o ecossistema, mas ainda não conseguiram alcançar a população no nível de conscientização sobre o grau de pertencimento: homem/meio-ambiente. Neste sentido, os projetos desenvolvidos na Ilha conseguem manter uma vigilância sobre a atuação do homem em relação às belezas naturais, no entanto, são criticados por não alcançar, a partir dessas intervenções, um trabalho de impacto social sobre as famílias e as problemáticas enfrentadas por essas. “(...) Aqui, os golfinhos e as tartarugas são mais importantes do que as pessoas”.

Essa disputa sobre o que de fato deve mobilizar recursos em relação às demandas do Distrito provoca a reflexão sobre desenvolvimento local, sustentável e humano. As ações de Políticas públicas precisam atingir o campo da intersetorialidade e da integralidade atuando de forma mais eficaz e efetiva sobre a população e os contextos em que essa está inserida, ou seja, são as pessoas que fazem o território, portanto os resultados, positivos ou negativos, dependem da ação do homem, se esta é consciente ou não. Ressalta-se que esse é um processo que deve levar a compreensão sobre o todo e as partes que o compõem e nessa tomada de consciência o homem precisa se descobrir parte da natureza e não dominador, ou seja, nem menos nem mais importante que os animais irracionais e as vegetações.

Neste sentido, implantar o modelo de proteção em Fernando de Noronha, requer um olhar estratégico sobre a realidade do território e como as famílias se comportam nos diferentes cenários. Os níveis de proteção precisam ser bem focalizados, correspondendo às necessidades estrategicamente hierarquizadas. Há dificuldade em disponibilizar espaço físico, assim, é fundamental repensar o formato do Centro de Referência, conseguindo garantir os serviços diante das especificidades e exigências, de forma articulada e integrada com as ações já existentes e apontando para novas ações que venham suprir as lacunas sobre a atuação das equipes. Para isto, o estudo diagnóstico deve ser revelador capaz de apontar fragilidades e potencialidades, ameaças e oportunidades. Este é o primeiro exercício para a elaboração do Plano Distrital de Assistência Social e em conseqüência, outras ferramentas de gestão pública.

Page 16: DIAGNÓSTICO REGIONALIZADO SOBRE AS NECESSIDADES ......“fernando de noronha: a problemÁtica e os desafios na implantaÇÃo da polÍtica de assistÊncia social - pnas e do sistema

16

4. MODELO DE GESTÃO: ONDE SE FIRMA A DEMOCRACIA E A PARTICIPAÇÃO POPULAR?

A PNAS/SUAS reforça a necessidade de se estabelecer uma linha de gestão

pública pautada na democracia, que por sua vez, se constitui a partir da participação ativa e se consolida com base na consciência cidadã e na co-responsabilidade sobre as questões públicas. Como já foi citada nesse documento, a gestão pública em Fernando de Noronha, ainda se configura pela centralização de poder nas mãos do Administrador, indicado pelo Governador. A reivindicação da população sobre o direito de votar em seu administrador/gestor precisa ser considerada, pois tem coerência sobre os processos deflagrados no país na década de oitenta: redemocratização e justiça social.

Vale ressaltar que estratégias para minimizar a situação polêmica sobre a gestão pública do Distrito foram construídas, mas ainda não correspondem ao modelo de democracia defendido na Constituição Brasileira: o poder emana do povo e por ele deve ser exercido! A implantação do Conselho Distrital e a instalação da Assembléia Popular são exemplos dessas tentativas, sendo a primeira imposta pelo gestor Estadual da época como um projeto para ampliar a participação popular sobre a Gestão pública. No que se refere à segunda estratégia - Assembléia Popular – essa nasceu das bases, de um movimento popular e social que gerou muitos fatos e acontecimentos7 marcantes. Mas essas estratégias não correspondem às exigências de um processo democrático - participativo e representativo. “(...) O Conselho é eleito pelo voto direto, mas não tem poder deliberativo. Ou seja, identificamos os problemas, aprofundamos o estudo sobre a problemática, repassamos para o Administrador que, pode ou não, considerar o nosso relatório. O Administrador não sabe dos problemas de Noronha, pois não mora aqui”.

“(...) O Conselho Distrital é composto por 7 membros e se renova a cada 4 anos junto com a eleição para Governador sendo cargos de confiança do mesmo. No Conselho Distrital existem 4 comissões que atuam de forma direcionada as questões problemas (moradia, violência, etc.). O Conselho realiza reuniões ordinárias e itinerantes e entra em recesso semestralmente”.

A assembléia é um fórum de discussão onde se acompanha, avalia e questiona

as problemáticas que atinge a Ilha e as ações públicas de interesse do povo noronhenses; porém, ressalta-se que a Assembléia Popular, já não é tão popular assim. A maioria dos pesquisados desconhecem a Assembléia e seus objetivos, por outro lado, nenhum adolescente, participante do Estudo diz conhecer a Assembléia. No entanto a história traz grandes vitórias da Assembléia, que numa amostra do que é a força popular, mobilizou representes e condições para ir até Brasília onde conseguiu espaço no Encontro sobre meio ambiente para expressar as problemáticas de Fernando de Noronha, no que diz respeito à preservação ambiental. Sem manter a mobilização permanente, a Assembléia passou por um momento de refluxo, todavia, atualmente, está se reerguendo, resta ampliar a mobilização, sobretudo junto à juventude.

7 Entende-se por fato o que ocorre no cotidiano sem causar transformação ou impacto social; e por acontecimento, o que consegue alterar a história impactando sobre a realidade das pessoas e dos contextos sociais, políticos e econômicos.

IMPORTANTE:

Page 17: DIAGNÓSTICO REGIONALIZADO SOBRE AS NECESSIDADES ......“fernando de noronha: a problemÁtica e os desafios na implantaÇÃo da polÍtica de assistÊncia social - pnas e do sistema

17

5. CONTROLE SOCIAL: CONSELHOS PARITÁRIOS E A FORÇA DO ESPAÇO DELIBERATIVO

Existem em Fernando de Noronha Conselhos implantados8 entre esses,

recentemente, foi organizado o Conselho de Assistência Social, com definições claras para as três esferas de governo, cabe ao Conselho participar da Formulação da Política de Assistência Social local, através do Plano de Assistência Social; deliberar sobre esta Política; acompanhar e fiscalizar a sua execução no que se refere à eficiência, eficácia e efetividade das ações desenvolvidas; decidir sobre o Fundo de Assistência Social e aprovar as prestações de contas sobre as ações desenvolvidas e recursos utilizados. “(...) O administrador é o ‘rei’ pode tudo”! “(...) Não temos acesso ao orçamento financeiro para a administração da Ilha”.

O Conselho de Assistência Social é uma expectativa dos profissionais e atores sociais envolvidos na luta por garantia de direitos. Os pesquisados chegam a expressar ansiedade ao citarem a implantação do Conselho de Assistência Social, porém considerando as concepções de Assistência Social registradas entre os participantes do Estudo, se faz necessário investimento em capacitação e aprofundamento de conceitos relacionando-os aos marcos legais que regem a Assistência Social, enquanto política pública.

As especificidades do Distrito Estadual de Fernando de Noronha ordenam um redirecionamento sobre a gestão das ações pública e respectivos recursos, do contrário, o Conselho de Assistência Social perderá suas características previstas no marco legal. “(...) A administração tem onde construir seus espaços, mas sempre pega os espaços da escola.” “(...) Não existe atividades com os idosos”. “(...) Existe alto uso de drogas e casos de abuso e exploração sexual. Como são abusadas em casa vão se vender na rua à noite”. “(...) É preciso trazer atividades de lazer”. “(...) O curso de Biologia começou com 25 alunos hoje só tem 9. Não tem laboratório”.

No momento em que o Conselho assume o papel de deliberar sobre a Política de Assistência Social, cabe a este também a responsabilidade de hierarquizar demandas e eleger prioridades sobre as necessidades. Esses compromissos, atualmente, sob a responsabilidade de uma única pessoa, passarão a ser responsabilidade do coletivo, dos segmentos que representam a população, seja governamental, seja não-governamental. É importante destacar que no Conselho, os acentos e o direito a voto não são de pessoas, mas de grupos organizados que estas representam.

Em 2008 foi realizada a I Conferência Distrital de Assistência Social de Fernando de Noronha, assim, os conselheiros já têm indicativos sobre a Política a nível local. Ressalta-se a necessidade de aprofundar as funções e papéis dos mesmos e viabilizar condições para que estes executem suas atribuições, bem como o grau de autonomia desses diante do Conselho Estadual de Assistência Social. 8 Conselho de Saúde, Conselho de Educação, Conselho de Assistência Social.

Page 18: DIAGNÓSTICO REGIONALIZADO SOBRE AS NECESSIDADES ......“fernando de noronha: a problemÁtica e os desafios na implantaÇÃo da polÍtica de assistÊncia social - pnas e do sistema

18

6. CONSTATAÇÕES E SUGESTÕES A PARTIR DAS ANÁLISES CONSTRUÍDAS COM BASE NOS DEPOIMENTOS DOS PESQUISADOS

SOBRE A FUNDAMENTAÇÃO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL ENQUANTO POLÍTICA PÚBLICA:

Desconhecimento sobre a Política de Assistência Social como direito de cidadania;

Conhecimento superficial sobre Controle Social - conceito, organização, atores sociais envolvidos diretamente;

Desconhecimento sobre o processo de descentralização político-administrativa e falta de compreensão sobre as exigências para a “habilitação” do Distrito - Planos elaborados, Conselhos e Fundos implantados;

Conceito de família desconectado dos modelos identificados – funções e papéis sociais da família contemporânea;

Ausência de conceito de Rede socioassistencial - total desconhecimento sobre a organização e desenvolvimento de ação em Rede.

RECOMENDAÇÕES:

Viabilização de capacitação continuada sobre os marcos legais e em serviço abordando e aprofundando os temas relacionados a PNAS/SUAS;

Divulgação das informações junto aos usuários e população em geral. SOBRE O PLANEJAMENTO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL ENQUANTO POLÍTICA PÚBLICA:

Forte referência sobre a segmentação da família; Existência de propostas da Conferência de Assistência Social; Ações executadas sem planejamento, mais voltadas para respostas a

requerimentos administrativos e concessões; Compreensão superficial sobre territorialidade: desconectada da lógica da

intersetorialidade; Planejamento financeiro voltado para demandas emergenciais - sem

planejamento sobre uma Política local; Ausência de diagnóstico, acarretando em incipiente conhecimento sobre as

reais necessidades sociais do território, e conseqüentemente, no conjunto de ações a serem desenvolvidas para o seu enfrentamento.

RECOMENDAÇÕES:

Realização do estudo diagnóstico e definição de indicadores sociais; Elaboração do Plano Distrital de Assistência Social contemplando

capacitação, monitoramento e avaliação; Definição de metodologia de trabalho com famílias; Construção de rotina da equipe técnica junto às famílias e Rede

socioassistencial; Construção de planejamento intersetorial com orçamento nesta

perspectiva.

Page 19: DIAGNÓSTICO REGIONALIZADO SOBRE AS NECESSIDADES ......“fernando de noronha: a problemÁtica e os desafios na implantaÇÃo da polÍtica de assistÊncia social - pnas e do sistema

19

SOBRE A IMPLEMENTAÇÃO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL ENQUANTO POLÍTICA PÚBLICA:

Ausência de ações voltadas para a família, enquanto núcleo, numa composição de segmentos atendidos nas suas necessidades próprias, tais como: crianças, adolescentes, idosos, etc.;

Falta da prática Intersetorial entre as ações existentes; Incipiente articulação e intersetorialidade entre as Políticas setoriais e a Política

para a criança e adolescente; Planejamento, quando construído, pouco elaborado na perspectiva da

intersetorialidade; Ausência de equipe técnica condizente com a NOB-RH/SUAS 2006; Inexistência de acompanhamento, registros e sistematização; Avaliação meramente documental; Projetos elaborados, implementados e desconhecidos no que se refere aos

objetivos, metas, propostas pedagógicas, resultados esperados, etc.; Ausência do Estado no co-financiamento das ações e na assessoria técnica; Dificuldade em desenvolver metodologia de trabalho com famílias; Desconhecimento sobre sistemas informatizados; Fragilidade na composição e caracterização da Rede de atendimento na

perspectiva da organização da Rede socioassistencial; Ausência de retaguarda para as ações de média e alta complexidade.

RECOMENDAÇÕES:

Organização de equipamentos sociais; Realização de estudo diagnóstico e mapeamento das ofertas; Implementação de ações que respondam as necessidades das famílias no

campo da PNAS/SUAS; Articulação junto às áreas sociais e encaminhamentos sobre as demandas

específicas de cada área; Elaboração de planejamento, monitoramento e avaliação intersetorial; Elaboração de instrumentais para organização dos serviços, ações e atividades

nas várias fases do atendimento - planejamento, execução, monitoramento, sistematização, avaliação;

Realização de campanhas para esclarecimentos e educação da população em relação ao exercício de cidadania e a participação ativa junto à Política de Assistência Social;

Disseminação dos marcos legais que regem a PNAS/SUAS e as políticas específicas para os segmentos da família - idoso, criança e adolescente, pessoas com deficiências;

Realização de campanhas de combate ao abuso e exploração sexual e exploração do trabalho infanto-juvenil;

Campanha contra a violência doméstica nas suas várias faces; Organização da Rede socioassistencial - cadastro de entidades, instituições e

projetos existentes; Construção de protocolos para referência e contra referência nos

encaminhamentos locais e/ou fora do território; Articulação contínua com os órgãos de Controle Social e com o Conselho

Tutelar. SOBRE AS QUESTÕES GERAIS QUE TRANSVERSALIZAM AS AÇÕES:

Desconhecimento sobre o Fundo de Assistência Social, em relação ao gerenciamento, a deliberação e ao acompanhamento;

Page 20: DIAGNÓSTICO REGIONALIZADO SOBRE AS NECESSIDADES ......“fernando de noronha: a problemÁtica e os desafios na implantaÇÃo da polÍtica de assistÊncia social - pnas e do sistema

20

Desconhecimento sobre sistemas informatizados; Ausência de capacitação para técnicos, gestores e conselheiros.

RECOMENDAÇÕES:

Elaboração do Plano Distrital de capacitação; Capacitação sobre orçamento público e gestão financeira; Capacitação sobre sistemas informatizados na perspectiva de implantação do

sistema de informação intersetorial.

Page 21: DIAGNÓSTICO REGIONALIZADO SOBRE AS NECESSIDADES ......“fernando de noronha: a problemÁtica e os desafios na implantaÇÃo da polÍtica de assistÊncia social - pnas e do sistema

21

ANEXOS

Page 22: DIAGNÓSTICO REGIONALIZADO SOBRE AS NECESSIDADES ......“fernando de noronha: a problemÁtica e os desafios na implantaÇÃo da polÍtica de assistÊncia social - pnas e do sistema

22

BIBLIOGRAFIA

• PEDRINE, Maria Dalila, ADAMS Telmo,SILVA Vini Rabassa – CONTROLE SOCIAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS – São Paulo. Paulus. 2007.

• ORÇAMENTO PÚBLICO – Fundação João Pinheiro – UNICEF. • CATÁLOGO DA REDE SÓCIOASSISTENCIAL DE PERNAMBUCO- IPSA -

2006 – GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO. • BORGES Marieta Lins e Silva – FERNANDO DE NORONHA: Cinco séculos

de História, Recife – Gráfica Santa Marta – 2007. • CAMPOS, Gastão Wagner de Sousa – UM MÉTODO PARA ANÁLISE E CO-

GESTÃO DE COLETIVOS: a constituição do sujeito, a produção de valor de uso e a democracia em instituições: o método da roda/ Gastão Wagner de Sousa Campos. – São Paulo: Hucitec, 2000.

• PLANO REGIONAL DE INCLUSÃO SOCIAL – GOVERNO NOS MUNICÍPIOS 2004 a 2007 – Governo do Estado de Pernambuco, Recife 2004.

• EDUCAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO SOCIAL: Interroguemos nossas práticas. Cruzamento de saberes e de práticas no contexto do pensamento de Paulo Freire, Recife, 2002.

• ALMANAQUE DE METODOLOGIA DA EDUCAÇÃO POPULAR – CENAP. • FREIRE, Paulo. PAULO FREIRE: ÉTICA, POLÍTICA E EDUCAÇÃO.

Programação do IV colóquio internacional. De 16 a 19 de setembro de 2003. • FREIRE, Paulo. EDUCAÇÃO E MUDANÇA. Paz e Terra, Rio de janeiro, 1983. • MONTESSORI, Maria. FORMAÇÃO DO HOMEM. ed. Portugália, Rio de

Janeiro. • PREVENÇÃO DO TRABALHO INFANTIL: Abordagens Metodologias-

Professores e Alfabetizadores.MOC. • FREIRE, Paulo/Guimarães Sérgio. APRENDENDO COM A PRÓPRIA

HISTÓRIA. ed. Paz e Terra: São Paulo, 1987. • SAIR DO PAPEL: Cidadania em Construção, RAIO/ UNICEF, VILA VELHA,

POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL - PNAS 2004. • CADERNO SUAS – Sumário Executivo do Financiamento da Assistência

Social no Brasil entre 2002 e 2004. nº. 01 Ano 01 – Dezembro de 2005 • THURLER, Ana (org.) – TEXTOS DO BRASIL nº. 08 – O BRASIL E OS

DESAFIOS DA INCLUSÃO SOCIAL – Ministério das Relações Exteriores, Brasília, 2001.

• CONSTRUINDO O PROTAGONISMO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES. Cáritas Brasileira, Brasília, setembro de 2001.

• ESTATUTO DO IDOSO. Ministério da Saúde. Brasília – DF, 2004. (2 exemplares).

• NORMA OPERACIONAL BÁSICA NOB/SUAS: Construindo as bases para a implantação do Sistema único de Assistência Social. Brasília Julho de 2005.

• NORMA OPERACIONAL BÁSICA DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE. NOB-SUS 01/96. Legislação Básica.

• NOB – RH/SUAS – MDSDH – Brasília DF - 2006 • LEI 8069/90 – ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – ECA,

CEDECA PE – 2004. • PLANO REGIONAL DE INCLUSÃO SOCIAL. Governo nos Municípios - 2004-

2007. CEPE. 2003. SILVA, Marieta Borges Lins e – Fernando de Noronha – CINCO SÉCULOS DE

HISTÓRIA. Cadernos Noronhenses – Recife/PE – 2007.

Page 23: DIAGNÓSTICO REGIONALIZADO SOBRE AS NECESSIDADES ......“fernando de noronha: a problemÁtica e os desafios na implantaÇÃo da polÍtica de assistÊncia social - pnas e do sistema

23

Glossário: Conhecendo as concepções, conceitos e significados das palavras.

Alienação de Bens – processo administrativo de venda de bens móveis e imóveis. Significa a transferência de domínio de bens públicos a terceiros. Está sujeita à prévia autorização legislativa quando se tratar da alienação de bens imóveis. Nas demais situações, os bens devem ser alienados obrigatoriamente através da modalidade de licitação leilão.

Análise de Conjuntura – Estudo sobre a realidade sócio econômica onde as famílias estão inseridas.

Arrecadação de Tributos – é a atividade pela qual a União, Estados e Municípios cobra impostos, taxas e contribuições.

Articular – unir, juntar, promover movimento, integrar partes, compor um conjunto.

Assistência social – Política pública que a partir de interfaces com outras Políticas Sociais fortalece indivíduos e as famílias em situação de vulnerabilidade promovendo assim condições para a inclusão social.

Atividade – conjunto de operações de natureza contínua, necessárias à manutenção da ação.

Autonomia – Competência de se governar e contribuir na construção de um processo.

Avaliação Diagnóstica – Informações sistematizadas com base na análise de conjuntura.

Campo Comum – no sentido de questões que transversalizam as áreas de intervenção/políticas sociais provocando atuação interdisciplinar.

Capacidade técnica instalada frente às demandas de Assistência Social – competência técnica dos profissionais para responder as necessidades da população de forma estruturadora condizente com os marcos legais.

Captação de Recursos – Estratégias relacionadas à conquista de recursos financeiros para a realização das ações.

Co-financiamento – divisão de competências entre as esferas de governo para operar, em co-responsabilidade, a PAS.

Co-gestão de coletivos – Metodologia de trabalho coletivo onde a horizontalidade das relações e a hierarquização de responsabilidades estão em evidencia; modelo de gestão que pressupõe a igualdade no acesso às informações, o respeito as divergências, a reflexão contínua e a harmonia nas relações de poder, espaço de vivência sobre a democracia, autonomia, protagonismo e respeito com o coletivo; espaço para formação crítica e exercício do poder; espaço de governo democrático.

Competências das esferas de governo (estadual e federal) ver NOB pág. 108 a 111.

Contra-partida – percentual ou parcela de recursos próprios que o convenente aplica na execução do objeto do convênio.

Controle social – instrumentos de efetivação da participação popular no processo de gestão, com caráter democrático e descentralizado.

Convênios – acordo firmado por entidades públicas de qualquer espécie ou entre elas e entidades privadas para a realização de objetivos de interesse comum dos conveniados, podendo ter por objeto qualquer coisa, tal como obra, serviço, atividade, uso de um bem, etc. Sua celebração depende de prévia aprovação de plano de trabalho pelo interessado, contendo identificação do objeto, metas, etapas de execução, plano de aplicação de recursos, cronograma de desembolso, previsão de início e fim e comprovação de recursos próprios no caso da complementação de execução de obras (art.116, lei 8666/963).

Criatividade – capacidade criar; possibilidade de construir estratégias frente as dificuldades encontradas.

Page 24: DIAGNÓSTICO REGIONALIZADO SOBRE AS NECESSIDADES ......“fernando de noronha: a problemÁtica e os desafios na implantaÇÃo da polÍtica de assistÊncia social - pnas e do sistema

24

Descentralização – Partilha de responsabilidades dos gestores sociais em seu âmbito de atuação respeitando os princípios e diretrizes estabelecidos na PNAS (coordenar, formular, co-financiamento, monitorar, avaliar,capacitar e sistematizar as informações).

Eficácia das ações de Assistência Social frente às situações de vulnerabilidade – respostas concretas das ações de Assistência Social frente aos objetivos propostos.

Empoderamento - ação coletiva desenvolvida pelos indivíduos quando participam de espaços privilegiados de decisões, de consciência social dos direitos sociais. Possibilita tanto a aquisição da emancipação individual, quanto à consciência coletiva necessária para a superação da dependência social e dominação política.

Expectativas sobre processo de capacitação técnica – desejos explícitos e necessidades implícitas dos gestores, respectivas equipes e conselheiros em relação à possibilidade de apoio técnico para a sua formação e desenvolvimento de suas funções.

Família – conjunto de pessoas que se acham unidas por laços consangüíneos, afetivos e/ou, de solidariedade (PNAS, 2004, pg. 35); conjunto de pessoas que se unem nas estratégias para garantir sobrevivência; espaço de poder sobre as relações humanas.

Financiamento da PAS – aporte de recursos financeiros da União, Estado, Distrito Federal e Municípios para executar os serviços, programas, projetos e benefícios da PAS alocados nos respectivos Fundos Públicos.

Formar – no sentido de Educar; aquisição de novos conhecimentos e ou aprofundar conhecimentos já existentes; disponibilizar espaço de produção de saberes.

Fundo – fundo previsto pela Lei Orgânica da Assistência Social, a ser instituído, através de lei específica, nos municípios, estados e Distrito Federal, como condição para recebimento de recursos de que trata essa lei 9art. 30). Está sujeito à orientação e controle dos respectivos Conselhos de Assistência Social. Deve possuir um plano de aplicação, em conformidade com o Plano de Assistência Social.

Informar – no sentido de comunicar, dar informações, notícias; etapa que promove a aquisição de conhecimentos e a produção de avaliação e análises.

Implementar – no sentido de executar, colocar para funcionar. Implantar – no sentido de introduzir, inserir. Integralidade – Inter-relação de diferentes campos de atuação com objetivos

comuns. Integração de diferentes abordagens buscando atender as necessidades apresentadas.

Intersetorialidade – Ação que articula os vários setores das políticas sociais em torno do objetivo comum.

Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) – lei prevista pelo artigo 165, II, § 2º da CF, chamada abreviadamente de LDO, que deve ser elaborada e enviada ao Legislativo pelos respectivos governos executivos de cada esfera governamental, até 15 de abril de cada ano (art. 35,§2º, II, ADCT) ou conforme determinar cada Constituição Estadual ou Lei Orgânica Municipal, estabelecendo, para o período de 01 (um) ano, as metas e prioridades da administração pública, as orientações para elaboração da lei orçamentária anual, as alterações na legislação tributária, a concessão de vantagem ou aumento de remuneração, a criação de cargos, a admissão de pessoal, a alteração de carreiras e a política de aplicação das agencias financeiras oficiais de fomento.

Lei Orçamentária Anual (LOA) – lei prevista pelo artigo 165 da CF, III, que deve ser elaborada e enviada ao Legislativo pelos respectivos governos executivos de cada esfera governamental até 31 de agosto de cada ano (art.

Page 25: DIAGNÓSTICO REGIONALIZADO SOBRE AS NECESSIDADES ......“fernando de noronha: a problemÁtica e os desafios na implantaÇÃo da polÍtica de assistÊncia social - pnas e do sistema

25

35,§ 2º, III, ADCT) ou conforme determinar cada Constituição Estadual ou Lei Orgânica Municipal, estabelecendo, para o período de 01 (um) ano, a discriminação da receita e despesas, de forma a evidenciar a política econômico-financeira e o programa de trabalho do governo.

Matricialidade Sociofamiliar – Centralidade na família garantindo a medida que na Assistência Social com base em indicadores das necessidades familiares se desenvolva uma política universalista em rede Socioassistenciais que atinjam o cotidiano e valore a convivência social e comunitária.

Modelo – no sentido de parâmetro que não deve se traduzir em condicionamento, mas em referência para avaliação e atualização na formulação diante da conjuntura.

Monitoramento – avaliação sistemática e contínua sobre os processos desenvolvidos dentro da Assistência Social.

Núcleo Específico – no sentido de questões que direcionam a abordagem exigindo conhecimento técnico especializado.

Operação de Créditos – recursos decorrentes de compromissos assumidos com credores situados no país (operações internas) ou no exterior ( operações externas), envolvendo toda e qualquer obrigação decorrente de financiamentos ou empréstimos, inclusive arrendamento mercantil, a concessão de qualquer garantia, a emissão de debêntures ou assunção de obrigações, com as características definidas nos incisos I e II, por entidades controladas pelos estados, pelos Distrito Federal e pelos municípios que não exerçam atividade produtiva ou não possuam fonte própria de receitas, com o objetivo de financiar seus empreendimentos (art. 1º, Res. 78/98).

Participação – no sentido de Ter ou Tomar Parte em; contribuir com consciência e capacidade critica.

Planejar – fazer um plano; projetar o futuro. Plano Plurianual – lei prevista pelo artigo 165 da CF, I, § 1º, que deve ser

elaborada e enviada pelos respectivos governos executivos de cada esfera de governamental até 31 de agosto do primeiro ano do mandato (art.35,§ 2º, I, ADCT) ou conforme estabelecer cada Constituição Estadual ou Lei Orgânica Municipal, prevendo obrigatoriamente investimentos que ultrapassem um ano (art. 167,§ 1º, CF) e estabelecendo, pra o período de 04 (quatro) anos, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública para as despesas de capital e outras delas decorrentes, bem como para as relativas aos programas de duração continuada.

Protagonismo – Ator principal na transformação social; autor de sua própria história; co autor da história do coletivo onde este está inserido.

Proteção Social – conjunto de ações, cuidados, atenções, benefícios e auxílios ofertados pelo SUAS para redução e prevenção do impacto das vicissitudes sociais e naturais ao ciclo da vida, à dignidade humana e à família (NOBSUAS-2005).

Psique – no sentido referente à alma, o espírito, a mente. Rede socioassistencial - conjunto de entidades, conveniadas ou não, que

atuam no território implementando as ações de Assistência Social em complementariedade;

Retaguarda – no sentido de ações que ampliam as possibilidades de sucesso nas intervenções nos diferentes níveis de proteção: controle social, capacitação, monitoramento, financeiro, segurança alimentar além dos profissionais que atuam nas gerencias de proteção básica e especial.

Sistematizar – processo de síntese e análise sobre conteúdo e resultados de um dado universo/objeto; organização de idéias que resulta em análise.

Sistema de Informação – conjunto de procedimentos que visam coletar, organizar, integrar e disseminar informações.

Page 26: DIAGNÓSTICO REGIONALIZADO SOBRE AS NECESSIDADES ......“fernando de noronha: a problemÁtica e os desafios na implantaÇÃo da polÍtica de assistÊncia social - pnas e do sistema

26

Sistema Informatizado – suporte tecnológico de hardware e software para o armazenamento e processamento de informações.

SUAS – Sistema Único de Assistência Social, implementado através do modelo de proteção social (básica e especial) e as diretrizes da política de Assistência Social.

Territorialização – Organização das ações da Assistência Social em rede considerando o contexto social em que as famílias estão inseridas. Ação que extravasa os recortes setoriais em que tradicionalmente se fragmentaram as políticas sociais.

Vulnerabilidade social - situação que ameaça a condição humana põe em risco a dignidade individual e a convivência coletiva.