8
1 DIÁRIO DO PROFESSOR (3,6 E 7 DE MAIO) Nesta sua semana de orientação, o João iniciou a aula com o Conselho de Planificação . Este começou por explicar o que seria feito nessa semana. Em seguida marcou as inscrições para o Ler, Mostrar e Contar , assim como as parcerias para o dia. Quando foi marcar a inscrição para os Livros e a Leitura foi notório que ainda não domina os registos, pois ainda não se tinha apercebido que existe um registo com as participações dos alunos naquele momento. A atribuição das tarefas foi um pouco barulhenta, penso que o que falhou neste momento foi a pouca interacção com os alunos, pois se esta tivesse existido teria havido menos barulho. Quando distribuiu os PIT’s relembrou-lhes que tinham que marcam o seu trabalho conscientemente e deveriam marcar o seu trabalho de acordo com as suas dificuldades. Disse-lhes ainda que marcassem aquilo que eram capazes de fazer, não marcando só por marcar. Esta orientação pode fazer com que a quantidade do trabalho diminua, assim como a qualidade do mesmo, pois os alunos podem usar aquela orientação como desculpa dizendo “eu não fiz mais porque não era capaz”, ou ainda “só marquei aquilo que sabia que era capaz de fazer”. À medida que iam terminando a sua planificação individual de trabalho, o João ia-os encaminhando para a Escrita Livre.

Diário do Professor 3 a 7 de Maio

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Diário do Professor 3 a 7 de Maio

Citation preview

Page 1: Diário do Professor 3 a 7 de Maio

1

DIÁRIO DO PROFESSOR (3,6 E 7 DE MAIO)

Nesta sua semana de orientação, o João iniciou a aula com

o Conselho de Planificação . Este começou por explicar o que seria feito

nessa semana. Em seguida marcou as inscrições para o Ler, Mostrar

e Contar , assim como as parcerias para o dia. Quando foi marcar

a inscrição para os Livros e a Leitura foi notório que ainda não

domina os registos, pois ainda não se tinha apercebido que existe

um registo com as participações dos alunos naquele momento.

A atribuição das tarefas foi um pouco barulhenta, penso

que o que falhou neste momento foi a pouca interacção com os

alunos, pois se esta tivesse existido teria havido menos barulho.

Quando distribuiu os PIT’s relembrou-lhes que tinham que

marcam o seu trabalho conscientemente e deveriam marcar o seu

trabalho de acordo com as suas dificuldades. Disse-lhes ainda

que marcassem aquilo que eram capazes de fazer, não marcando

só por marcar. Esta orientação pode fazer com que a quantidade

do trabalho diminua, assim como a qualidade do mesmo, pois os

alunos podem usar aquela orientação como desculpa dizendo

“eu não fiz mais porque não era capaz”, ou ainda “só marquei

aquilo que sabia que era capaz de fazer”.

À medida que iam terminando a sua planificação

individual de trabalho, o João ia-os encaminhando para a

Escrita Livre.

Page 2: Diário do Professor 3 a 7 de Maio

2

Após a aula de música foi o tempo de Matemática Colectiva . O

João começou a actividade perguntando se os alunos sabiam o

que era uma lenda, como os alunos

não sabiam ao certo o que era, o

colega explicou-lhes. Em seguida

contou-lhes a lenda do Tangran,

“ Certo dia de um senhor chinês

que certo dia estava a pegar num

lindíssimo quadro de cerâmica, quando o deixou cair,

partindo-se em sete bocados. Desesperado o homem tentou

reconstrui-lo, mas não conseguiu, contudo, descobriu que com

estas sete peças, conseguia formar mais de mil figuras. Assim,

nasceu o Tangram.”. Mostrando-lhes seguidamente um Tangran

em madeira. Continuou a actividade perguntando porque é que

ele tinha o dado o aquele nome (Tangran). Como ninguém sabia

responder-lhe disse: “ já agora vou dizer porque é que se

chamava assim”. Disse-lhes que Tan queria dizer dinastia e que

Gran queria dizer desenhos geométricos.

Em seguida propôs aos alunos

a construção de um Tangran. O

colega distribuiu quadrados em

espuma

pelos

alunos.

Page 3: Diário do Professor 3 a 7 de Maio

3

Durante a construção o João foi sempre questionando os alunos

para que estes descobrissem como é que deveriam fazer as

diferentes peças. Acho que o colega geriu bem este momento,

apesar de este poder ter questionado mais, mas quando o fez teve

sempre o cuidado de não se antecipar às respostas. Outro aspecto

que poderia ser melhorado era o rigor matemático, pois o

professor é um exemplo e não deve cair no facilitismo.

Depois de terem construído o Tangran os alunos voltaram a

formar um quadrado.

Após o almoço, no Tempo de Estudo Autónomo , estive a trabalhar

com o D.. Este tempo foi bastante produtivo, tendo o aluno

produzido bastante. Começámos por fazer uma lista de palavras,

depois uma ficha de tabuadas, a seguir um inventar e resolver

problemas, posteriormente uma leitura e uma ficha do manual

de língua portuguesa. Gostei bastante do trabalho realizado com

o aluno, este mostrou-se bastante empenhado e apesar das suas

dificuldades é bastante visível a evolução que este tem feito.

Acho que este progresso deve-se essencialmente à enorme força de

vontade do aluno.

O João começou a aula de quinta-feira lendo o Plano do Dia .

Quando lhe perguntaram o que era um texto dramático este

respondeu: “depois vamos ver o que é um texto dramático.”. Acho

que o colega poderia ter explicado que era o texto de um teatro,

pois não vejo necessidade de lhes esconder as coisas. Não foi o

Page 4: Diário do Professor 3 a 7 de Maio

4

caso, mas os alunos poderiam ter-se mostrado irrequietos até à

chegada do texto dramático.

No Ler, Mostrar e Contar o D. apresentou um problema, o F., o J.

e o J. apresentaram um teatro, o H. apresentou o primeiro

capítulo de um texto e a B. M. um problema. Nos seus

comentários voltou a referir que no final de um capítulo,

deveriam deixar uma curiosidade, aliás, é sempre esse

comentário que o colega faz aos capítulos, tanto para comentar

positivamente como negativamente. Outro comentário que não

gostei foi ao problema da B. M., visto o colega já ter referido que

os alunos poderiam fazer exercícios com o dobro, e quando a

aluna apresentou o seu trabalho disse-lhe que era muito fácil. A

aluna não merecia ouvir aquilo, visto esta ser muito esforçada e

empenhada naquilo que faz, sem nunca recorrer ao facilitismo.

Na Matemática Colectiva , os alunos fizeram uma ficha de

trabalho onde tinham que utilizar as peças do Tangran, para

construírem algumas figuras. O colega poderia ter dado mais

dinâmica às explicações, visto este

ter-se praticamente limitado a ler.

Quando o João estava a explicar o

que é que os alunos tinham que

fazer, estes estavam a mexer no

Tangran, como o colega achou que aquilo

estava a distrai-los disse-lhes: “Acho que vou tirar o Tangran,

Page 5: Diário do Professor 3 a 7 de Maio

5

vejo toda a gente a mexer e eu ainda não mandei.”. Concordo

que poderia ser um factor de distracção, mas até acho que neste

caso fazia sentido os alunos irem manuseando as peças à medida

que este ia explicando o que eles tinham que fazer. Durante a

resolução da ficha de trabalho, apercebi-me de que o H. estava

ter imensas dificuldades com os exercícios. Estas dificuldades já

eram esperadas, visto este aluno ter algumas dificuldades

espaciais. Também reparei que a T. estava a ter alguma

dificuldade, pois não se apercebeu de imediato que um

triângulo continuava a ser um triângulo independentemente da

sua orientação.

Após o intervalo foi a Língua

Portuguesa . O João começou por

ler-lhes a história do

coelhinho branco, tendo feito

em seguida uma lista com as

personagens.

Em seguida perguntou-lhes: “Antes de um teatro o que é

que devemos fazer?”. Prontamente os alunos responderam que

deveriam elaborar um texto, pois assim poderiam seguir-

se/guiar-se por ele. Depois interrogou-os acerca do que é que esse

texto deveria ter. Os alunos disseram-lhe que deveria ter falas. O

João ainda acrescentou que para além das personagens também

Page 6: Diário do Professor 3 a 7 de Maio

6

deveria ter um narrador, e que antes das falas deveria estar o

nome da personagem e como ela se sentia na altura.

A actividade nem começou muito mal, mas chegou a uma

altura em que esta perdeu toda a dinâmica. Acho que isto

aconteceu devido ao facto de o

João ter escolhido frases muito

longas para as falas, e como

estas eram repetidas várias

vezes, os alunos começaram a

perder a motivação e começaram a

ouvir-se frases como: “Ainda demora muito?” e “Parece que a

Língua Portuguesa está a demorar muito!”. Outro aspecto que

não abonou a favor do colega foi o facto de este ter começado

uma frase com letra minúscula, tendo-o repetido em seguida.

Acho que esta desatenção foi resultado do cansaço, pois o texto

começou a ficar extenso o que o tornou cansativo.

Após a escrita do texto dramático, dois grupos

dramatizaram-no. Acho que deveriam ter seguido o texto que

construíram, mas compreendo o porquê de não ter sido utilizado.

Este estava muito longo e mal construído.

No Tempo de Estudo Autónomo estive a trabalhar com a B. M. e o

H.. Durante o meu trabalho com o aluno disse-lhe o que

tínhamos feito na quinta-feira anterior, visto este ter faltado.

Pedi-lhe que lesse o enunciado da ficha de trabalho e

Page 7: Diário do Professor 3 a 7 de Maio

7

expliquei-lhe o que deveria fazer. Durante a resolução, o aluno

não sentiu dificuldades. Facto que me deixou particularmente

contente, pois demonstra que tinha aqueles conceitos

interiorizados.

Antes da Educação Física a L. S. apresentou a sua história

da Mala Era uma vez…, “A aventura de um gato que fugiu de casa”.

Na sexta-feira fomos apenas ao Conselho de Cooperação . Este

começou com a avaliação dos PIT’s . A L.S. e o D. trabalharam

bastante bem.

A A. R. não soube gerir bem o seu tempo. Achei

interessantes os comentários dos colegas, pois foram os primeiros

a dar-lhe orientações para que o trabalho pudesse correr

melhor, tendo até a C. se oferecido para ajudá-la.

O F. trabalhou bastante mal nesta semana. Depois de os

colegas terem-lhe dito isso, o João disse que era obrigado a

concordar com eles, visto ser bem visível que este não tinha

trabalhado tanto quanto era capaz. O colega teve dificuldades

em falar do mau trabalho do aluno em questão, oferecendo-se

em seguida para ajudá-lo, quando deveriam ser os alunos a

fazê-lo e não o professor.

Na avaliação dos PIT’ , houve uma vigilância aos

comentários, sendo os próprios alunos a repreenderem os colegas

quando ouviam um comentário idêntico. Penso que isto

aconteceu devido ao facto de nós, estagiários, termos referido

Page 8: Diário do Professor 3 a 7 de Maio

8

várias vezes que não era para repetirem os comentários uns dos

outros. Talvez tenhamos passado mal a mensagem, pois o

pretendido era que os alunos compreendessem que os colegas não

aprenderiam mais a ouvir as mesmas coisas e que por isso

deveriam variar os seus comentários. Mas o que acabamos por

fazer foi calar os alunos, em vez de os ajudarmos, acabamos por

desajudá-los.

Na leitura do Diário de Turma , o João arrastou por demasiado

as clarificações dos assuntos discutidos, pedindo por vezes para

voltarem a explicar o que já tinham explicado e desculparem o

que já tinham desculpado. O colega ainda tem dificuldades em

questionar os alunos e a fazê-los pôr-se no lugar dos colegas.

Esta foi uma semana difícil de assistir, tendo por diversas

vezes ter sentido a vontade de intervir. Mas também tenho plena

consciência de que quem está “fora” consegue ter uma noção

diferente de quem está a gerir, apesar de que nesta altura já

deveríamos ser capazes de o fazer.