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Diego Zanella FAPAS

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ILUMINISMO E EDUCAÇÃO MORAL EM IMMANUEL KANT

Diego Carlos Zanella* [email protected]

Durante anos, lemos, discutimos e pensamos sobre as dificul-

dades de teorias ético-educacionais para serem aplicadas num con-

texto como o nosso, de grande desigualdade social e econômica.

Nosso contrato social institui-se diferentemente daqueles de países

que possuem uma grande classe média e um grau de exclusão social

muito mais reduzido.

A maior parte dessas teorias não trata daquilo que poderia ser

ilustrativo para tornar nosso contexto apto a suas aplicações uma vez

que elas já pressupõem sociedades com organização diferente da

nossa. Isso nos leva a buscar fontes de estudo que respondam pela

preparação de um “terreno” tão desigual para que se instaure uma

vida ética baseada na educação moral, e que desenvolva a liberdade

e a consciência moral.

Nesse texto, pretende-se consignar, por mais surpreendente

que possa parecer à primeira vista, que Immanuel Kant (1724-1804)

possui uma obra de valor inestimável sobre a formação e a educação

dos homens para que se tornem capazes de desejar e buscar digni-

dade e respeito igual para todos.

Embora Kant não tenha tratado sistematicamente da pedagogia

em seus escritos morais e embora persistam dúvidas quanto a auten-

ticidade de parte de suas preleções, mesmo assim, sustentar-se-á a

hipótese de que Kant atribui papel fundamental à educação no senti-

do de que ela é indispensável à sociabilidade humana e à construção

de uma cidadania universal com base num Estado mais justo Isto é,

* Licenciado em Filosofia pela Faculdade Palotina de Santa Maria – FAPAS. Mestran-do em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Maria – UFSM.

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Kant vê na educação uma das formas de realização de sua filosofia

prático-moral.

Para essa proposta, o texto baseia-se no pensamento pedagó-

gico-moral kantiano, e a partir disso procurar-se-á demonstrar tal

concepção recorrendo aos conceitos de esclarecimento e autonomia,

para depois demonstrar as dimensões fundamentais da educação e as

suas formas de ensino, bem como sua finalidade, pois, dessa forma,

demonstra-se como se fundamenta a educação da razão que almeja

ser moral, isto é, o desenvolvimento da liberdade e a consciência mo-

ral racional na fundamentação do agir humano.

Autonomia e esclarecimento

No texto Que significa orientar-se no pensamento? (1786) Kant

instiga-se sobre “a máxima da necessidade de se orientar, no uso es-

peculativo da razão” (Kant, 2003b, p.39-40), pois, dessa maneira,

pode-se descobrir vários métodos heurísticos1 de pensar. A razão

humana – única e autenticamente – é a exclusiva via adequada a

servir de orientação.

Segundo Kant, orientar-se significa: a) observar um ponto

qualquer no horizonte e a partir dele o sujeito deve saber situar-se à

direita e à esquerda, ao leste e ao oeste, ao norte e ao sul, isto é,

saber orientar-se geograficamente, já que isso ocorre por causa de

um sentimento de diferenciação subjetivo; b) o sujeito estar situado

na escuridão de seu quarto e dentro deste espaço saber onde se en-

contram os objetos, pois conhece esse ambiente, sendo orientado

geograficamente dentro desse espaço pelo sentimento de diferencia-

ção subjetiva, pois ele não vê os objetos, os quais deve encontrar.

Mas, se por aventura alguém modificar a ordem destes objetos o su-

jeito não saberá mais distinguir nenhum objeto, pois logo em seguida

se orientará pelo puro sentimento da diferença dos lados (direito e 1 Pesquisa ou a arte de pesquisar (cf. Abbagnano, 2003, p.499).

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esquerdo), isto é, saber orientar-se dentro de um espaço, ou seja,

matematicamente; c) ampliando ainda mais esse conceito, isso resul-

tará não somente em orientar-se num espaço, mas de modo geral,

no pensamento, isto é, logicamente. Poder-se-ia adivinhar, por ana-

logia, que a ocupação da razão pura, partindo dos objetos conheci-

dos, supera todos os limites da experiência e não localiza nenhum

objeto de apreensão, todavia apenas o espaço para ela.

Pois, a razão na determinação de sua própria faculdade de julgar já não está então em condições de submeter os seus juízos a uma máxima determinada em confor-midade com princípios objetivos do conhecimento, mas apenas de acordo com um princípio subjetivo de dife-renciação [...] [Já que] orientar-se no pensamento em geral significa, pois: em virtude da insuficiência dos princípios objetivos da razão, determinar-se no assen-timento segundo um princípio subjetivo da razão (Kant, 2004b, p.42).

Mas, como orientar-se logicamente no pensamento, isto é, pen-

sar por si mesmo? Para respondermos a essa pergunta buscaremos a

resposta em outro texto kantiano, a saber, Resposta à pergunta: que

é o iluminismo? (1784). Neste texto a instigação kantiana é justa-

mente o significado de esclarecimento2. “O Iluminismo é a saída do

homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menori-

dade é a incapacidade de se servir do entendimento sem a orientação

de outrem” (Kant, 2004c, p.11).

A única maneira do homem não ser culpado pela sua menorida-

de é a falta de entendimento. A falta de decisão e a coragem, isto é,

a preguiça e a covardia, são os verdadeiros motivos para os homens

ainda permanecerem na menoridade. No entanto, a passagem da

menoridade à maioridade é difícil, uma vez que “não tenho necessi-

dade de pensar, quando posso simplesmente pagar; outros se encar-

2 Em alemão “Aufklärung”. Este termo filosófico de difícil tradução pode significar: “iluminismo”, “ilustração”, “filosofia das luzes”, “época das luzes”, sendo talvez a melhor tradução “esclarecimento” por significar o aspecto essencial da “Aufklärung”.

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regarão em meu lugar dos negócios desagradáveis” (Kant, 2004c,

p.12).

Permanecer na menoridade é muito cômodo, pois os outros

pensam as coisas por mim. Dessa maneira é muito mais difícil a saí-

da, porque já se está acostumado a isso, pois basta tornar o indiví-

duo tímido e amedrontado para que ele não faça futuras tentativas de

pensar por si mesmo.

O ideal do esclarecimento é tornar o pensamento humano –

guiado pela razão – autônomo e livre. Para que haja saída da meno-

ridade e seja alcançada a maioridade deve-se transformar ou cultivar

o próprio espírito, isto é, o modo de pensar. Mas, para que isso acon-

teça deve haver dentro do indivíduo uma vontade de libertar-se e as-

sumir-se a si próprio. Porém, usar da própria razão para libertar-se

não é algo tão fácil, porque esse uso autônomo da razão pode ser

substituído por várias situações do quotidiano que dispensam o esfor-

ço pessoal, pois,

é tão cômodo ser menor. Se eu tiver um livro que tem entendimento por mim, um diretor espiritual que tem em minha vez consciência moral, um médico que por mim decide a dieta, etc., então não preciso de eu pró-prio me esforçar (Kant, 2004c, p.11-2).

Para o esclarecimento exige-se, fundamentalmente, a liberdade

em seu pleno uso público da razão. Essa liberdade é condicionada,

pois o indivíduo é responsável pelos seus atos. Então, qual a restrição

que não impede o esclarecimento, mas o beneficia? “Respondo” diz

Kant:

o uso público de própria razão deve ser sempre livre e só ele pode levar a cabo a ilustração entre os homens; o uso privado da razão pode, porém, muitas vezes co-arctar-se fortemente [ser estreitamente limitado] sem que, no entanto, se impeça por isso notavelmente o progresso da ilustração (Kant, 2004c, p.13).

Pode-se entender também o uso público da razão compreen-

dendo o ato de discutir as leis, de maneira fundamentada, que ex-

pressam as convenções sociais ou a manifestação de suas posições

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perante o público. E o uso privado da razão se dá quando o homem

cumpre as leis que fazem parte da convenção social mesmo que não

concorde com as mesmas, pois a simples desobediência pouco contri-

buiria para a modificação das mesmas, e isso é uma obediência cons-

ciente, não cega.

A tarefa de preparar o indivíduo para o esclarecimento, isto é,

ser autônomo, está apenas no início. Para Kant, se for considerado

apenas o indivíduo é fácil avançar no processo do esclarecimento,

enquanto que se for considerada toda a sociedade, isso pode não ser

possível. O meio para que isso ocorra é a educação, pois o homem só

pode esclarecer-se mediante esta e para ser educado é preciso escla-

recer-se, ou seja, exercitar a capacidade de pensar por si próprio.

Essa é, pois, a única maneira de superar a menoridade e alcançar a

maioridade, isto é, a autonomia.

Pensar por si mesmo significa procurar em si próprio (isto é, na sua própria razão) a suprema pedra de to-que da verdade; e a máxima de pensar sempre por si mesmo é a Ilustração (Aufklärung). Não lhe incumbem tantas coisas como imaginam os que situam a ilustra-ção nos conhecimentos; pois ela é antes um princípio negativo no uso da capacidade de conhecer e, muitas vezes, quem é excessivamente rico de conhecimentos é muito menos esclarecido no uso dos mesmos. Servir-se da sua própria razão, quer apenas dizer que, em tudo o que se deve aceitar, se faz a si mesmo esta pergunta: será possível transformar em princípio universal do uso da razão aquele pelo qual se admite algo, ou também a regra que se segue daquilo que se admite? Qualquer um pode realizar consigo mesmo semelhante exame e bem depressa verá, neste escrutínio, desaparecerem a superstição e o devaneio, mesmo se está muito longe de possuir os conhecimentos para a ambos refutar com razões objetivas. Com efeito, serve-se apenas da má-xima da auto-conservação da razão. É, pois, fácil insti-tuir a ilustração em sujeitos individuais por meio da e-ducação; importa apenas começar cedo e habituar os jovens espíritos a esta reflexão. Mas, esclarecer uma época é muito enfadonho, pois depara-se com muitos obstáculos exteriores que, em parte, dificultam aquele tipo de educação (Kant, 2004b, p.54-5n).

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É nesta nota de pé de pagina do último parágrafo do texto Que

significa orientar-se no pensamento? que Kant dá uma resposta aos

ideais aos quais almejava o esclarecimento. Mas, para que o esclare-

cimento seja alcançado são necessários alguns elementos, sendo a

vontade um sentimento interno do indivíduo e o mais importante.

Porque é pela vontade que o sujeito vai deixar a menoridade e alcan-

çar a maioridade, isto é, vai pensar por si mesmo sem a orientação

de outro, vai ser autônomo. Porém, todo esse processo progressivo

só é possível através da educação.

A transformação do indivíduo pela educação

Kant possuía um genuíno interesse pela educação dos homens

do seu tempo. Sabemos que ele tinha como público pessoas educa-

das e estudiosas da ciência newtoniana e obviamente, outros filóso-

fos. Entretanto, o mais importante grupo a quem Kant se dirigia era

formado por pessoas comuns relativamente não-educadas. Ele teve

grande respeito pelas convicções morais pré-filosóficas das pessoas,

e ele de fato baseou sua análise inteira da moralidade naquilo a que

se refere como a “consciência moral comum”. Kant acreditou que as

pessoas realmente possuem um apanhado do que seja a moralidade

fundamentalmente confiável, quando não a possuem de modo claro.

Para Kant, o principal problema que as pessoas comuns enfrentavam

consistia na dificuldade em persistirem nos seus ideais morais. Com o

propósito de ajudá-los, ele buscou formular a norma moral definitiva

de modo tão claro e preciso quanto lhe fosse possível (ética pura).

Além disso, ele visou oferecer alguns “conselhos” sobre o que é políti-

co e moralmente certo ou errado e oferecer um esclarecimento a toda

uma geração (ética impura).

A moralidade para os seres humanos é, na visão de Kant, o

resultado pretendido de um processo educacional extensivo e “talvez

a educação se torne sempre melhor e cada uma das gerações futuras

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dê um passo a mais em direção ao aperfeiçoamento da humanidade,

uma vez que o grande segredo da perfeição da natureza humana se

esconde no próprio problema da educação” (Kant, 2004d, p.16). A

própria moralidade, ao menos no que concerne aos seres humanos,

desse modo, pressupõe a educação. A moralidade não pode simples-

mente ser um produto causal da educação, mas ela pressupõe a edu-

cação como uma pré-condição necessária, uma vez que o homem

“não é bom nem mau por natureza, por que não é um ser moral por

natureza. Torna-se moral apenas quando eleva a sua razão aos con-

ceitos do dever e da lei” (Kant, 2004d, p.95).

Mas como o homem “torna-se moral”? Kant, em seu texto So-

bre a Pedagogia (1803) desenvolve quatro estágios para o desenvol-

vimento moral do homem. O primeiro estágio é o cuidado, o qual

forma aquela parte da educação “que o homem tem em comum com

os animais, ou seja, os cuidados com a vida corporal” (Kant, 2004d,

p.34). O segundo estágio é a disciplina ou o treinamento. Como o

cuidado, a disciplina também é entendida como um estágio preliminar

da própria educação. Segundo Kant, “a disciplina transforma a ani-

malidade em humanidade” (Kant, 2004, p.12). Portanto, disciplinar

significa “procurar impedir que a animalidade prejudique o caráter

humano, tanto no indivíduo como na sociedade” (Kant, 2004d, p.25).

O terceiro estágio é geralmente chamado de “cultura”. Kant

freqüentemente faz uma distinção adicional entre a cultura geral e

“um certo tipo de cultura, que é chamada de civilização” (Kant,

2004d, p.26). A “civilização” tem como objetivo não apenas a habili-

tação, mas também a prudência e assim, representa um estágio mais

alto. A civilização conduz ao último estágio da educação que é a mo-

ralização. A moralização, tal como posta em Sobre a Pedagogia, não

pode ser uma simples adição da cultura e da civilização. Ela envolve

também uma passagem para o reino da liberdade que, logicamente,

pressupõe os passos preparatórios da cultura e da civilização. Para

Kant, a humanidade está ainda muito distante do estágio final da mo-

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ralização, pois “vivemos em uma época de disciplina, de cultura e de

civilização, mas ela ainda não é a da verdadeira moralidade” (Kant,

2004d, p.28).

Mas qual é o grande fim da moralização? Para Kant, em últi-

ma instância, o fim da moralização e, portanto, de toda a educação

moral, é a formação do caráter do homem. O primeiro esforço da cul-

tura moral deve ser lançar os fundamentos do caráter. Para Kant, o

caráter consiste no hábito de agir segundo certas máximas. Essas

são, em princípio, as da escola e, mais tarde, as da humanidade. Em

Sobre a Pedagogia, Kant mostra que quando se quer formar o caráter

das crianças, urge mostrar-lhes em todas as coisas certo plano e cer-

tas leis, que elas devem seguir fielmente. Isso porque Kant acredita

na educação moral como fomentadora da confiabilidade entre os ho-

mens. Para ele, “os homens que não se propuseram certas regras

não podem inspirar confiança; não sabemos como nos comportar com

eles, e não se pode saber ao certo se se tem vez com eles” (Kant,

2004d, p.77). Entretanto, Kant está certo de que o entendimento

pleno do estudante sobre o agir por dever somente será possível com

o passar dos anos e, assim, sua obediência, a cada dia, será aperfei-

çoada.

Para formar um bom caráter, é preciso domar as paixões, mas

não as erradicar. Para aprender a se privar de alguma coisa são ne-

cessárias coragem e certa inclinação. É preciso acostumar-se às recu-

sas e à resistência. Mas não é só com abstinências que se forma um

caráter. Kant assegura que esse é formado também na sociabilidade.

Ele diz que o educando deve manter boas relações de amizade uma

vez que apenas um coração contente é capaz de encontrar prazer no

bem. Segundo Kant, “a etapa suprema é a consolidação do caráter.

Consiste na resolução firme de querer fazer algo e colocá-lo realmen-

te em prática” (Kant, 2004d, p.87).

Essa mesma ênfase dupla em transformar o “modo de pensar”

e fundar solidamente o caráter de alguém está presente tanto em

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passagens de A religião nos limites da simples razão (1794) quanto

em Sobre a pedagogia. Assim, esse emprego do conceito de “forma-

ção moral” não é “metafórico”, mas é direto e claro: Kant acredita

que há um tipo de educação que pode ultrapassar as causas naturais

e as circunstâncias temporais e chegar ao modo do agente pensar e

fundar seu caráter moral. A educação moral é bem sucedida à medida

em que alcança esse objetivo.

O objetivo final é que o estudante compreenda que a norma e

a instrução repousam somente na sua razão. Com o processo educa-

tivo, sua própria razão vai ensinar-lhe aquilo que tem que fazer e di-

retamente lhe comanda fazer. Por isso, para os jovens a quem isso

ainda não é possível, a educação é imprescindível para sua liberdade.

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