71
Daniela Passeira Direito da Integração Económica – 1º semestre - 2006/2007 Integração económica – movimento que surgiu após a II guerra mundial e que tem ganho vulto no último século por força dos avanços económicos. Quase todas as economias mundiais estão envolvidas em processos de integração económica (NAFTA, EU, MERCOSUL). Integração económica – várias definições: Balassa: Como processo – conjunto de medidas que visam abolir uma discriminação; Como situação –significa que entre duas ou mais nações não existe discriminação. Haberler relações entre economias nacionais para determinadas áreas, visando conseguir uma concorrência mais perfeita. Myrdal – processo sócio-económico que visa destruir barreiras económicas e sociais entre os participantes da vida económica. Robson – eficiência do uso dos conceitos económicos num determinado espaço com vista à livre circulação de bens e factores de produção, sem discriminações. Com a integração visa-se a abolição dos entraves à actividade económica. Três estádios de integração: Integração nacional – ocorre dentro das fronteiras de um Estado. Integração internacional – integração em blocos regionais. Integração mundial –integração à escala mundial. Trata-se de medidas de carácter económico que visam a união de dois ou mais países. A intervenção regional é uma iniciativa estatal, que vai organizar a sua actividade económica de acordo com outros Estados. Há diversas fases da integração económica: FASES DA INTEGRAÇÃO ECONÓMICA Zonas de preferências aduaneiras 1

DIE_resumo.doc

Embed Size (px)

Citation preview

12

Daniela PasseiraDireito da Integrao Econmica 1 semestre - 2006/2007

Integrao econmica movimento que surgiu aps a II guerra mundial e que tem ganho vulto no ltimo sculo por fora dos avanos econmicos. Quase todas as economias mundiais esto envolvidas em processos de integrao econmica (NAFTA, EU, MERCOSUL).

Integrao econmica vrias definies:

Balassa:

Como processo conjunto de medidas que visam abolir uma discriminao;

Como situao significa que entre duas ou mais naes no existe discriminao.

Haberler relaes entre economias nacionais para determinadas reas, visando conseguir uma concorrncia mais perfeita.

Myrdal processo scio-econmico que visa destruir barreiras econmicas e sociais entre os participantes da vida econmica.

Robson eficincia do uso dos conceitos econmicos num determinado espao com vista livre circulao de bens e factores de produo, sem discriminaes.

Com a integrao visa-se a abolio dos entraves actividade econmica.

Trs estdios de integrao:

Integrao nacional ocorre dentro das fronteiras de um Estado.

Integrao internacional integrao em blocos regionais.

Integrao mundial integrao escala mundial.

Trata-se de medidas de carcter econmico que visam a unio de dois ou mais pases.

A interveno regional uma iniciativa estatal, que vai organizar a sua actividade econmica de acordo com outros Estados. H diversas fases da integrao econmica:

FASES DA INTEGRAO ECONMICA

Zonas de preferncias aduaneiras

Dois ou mais pases promovem uma reduo das tarifas aduaneiras, parcial, de maneira recproca ou no. Esto em desuso pela participao de quase todos os Estados fazem parte da organizao mundial do comrcio, que contm a clusula da nao mais favorecida: qualquer benefcio aduaneiro que um Estado conceda ao outro tem que ser estendido aos demais.

Zonas de comrcio livre

Os Estados-membros acordam entre si a livre circulao de mercadorias, abolindo os direitos aduaneiros e as restries quantitativas entre eles. Contudo, nas relaes com terceiros Estados so livres de estabelecer a proteco aduaneira que entendam (Ex.: NAFTA North American Free Trade Assossiation - Canad, Mxico, EUA)

Problema: quanto s regras de origem dos produtos, pois nem tudo produzido nestes pases, havendo entraves ao comrcio indirectamente.

Unio aduaneira

Pauta aduaneira comum face aos terceiros Estados, pelo que os produtos provenientes de Estados terceiros pagam os mesmos direitos independentemente da fronteira pela qual entrem, recaindo os direitos para a unio e no para um pas em particular (MERCOSUL Mercado Comum do Sul Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai, Venezuela).

Mercado comum

Surge com a criao da CEE e CECA e CEEA. Atravs destes mercados comuns previu-se, alm da livre circulao de mercadorias e de pauta aduaneira comum, a livre circulao de factores de produo (pessoas, servios, capitais).

Previu ainda polticas comuns e a harmonizao das legislaes dos Estados a outros nveis, pretendendo funcionar como unio econmica.

Unio econmica

Implica que haja polticas econmicas, financeiras e monetrias comuns, coordenadas por autoridades comuns, substituindo as polticas de cada um. Polticas econmicas tambm no mbito social.

Unio econmica e monetria

Os Estados esto sujeitos a polticas monetrias comuns e no podem utilizar a respectiva moeda nacional para alterar unilateralmente as trocas comerciais. H cmbios fixos e uma convertibilidade obrigatria, controlada por uma entidade comum (no implica uma moeda nica) (EU).

Origem

EUEstrutura e fontes

Objectivos e resultados prticos

Vantagens de um espao economicamente integrado:

Permite o alargamento do mercado;

Promovem a baixa de preos;

Reduo dos custos de produo.

Desvantagens de um espao economicamente integrado:

Aumento do desemprego nos pases mais frgeis quando h disparidades entre os Estados;

Perda das receitas dos Estados (passam a cobrar menos impostos, por haver menos laborao);

Perda da produo nacional (por se exigirem regras idnticas);

Perda de capital (quando livre circulao de capitais, procurando os Estados os pases que ofeream maiores lucros).

Da que se utilize o sistema de aproximaes sucessivas, tentando acabar com a disparidade econmica e social dos pases e tentando amenizar as diferenas.

HISTRIA DA INTEGRAO EUROPEIA

Comeou por ser o que se chama de uma ideia mtica. Ao longo dos tempos alguns homens (Napoleo, Hitler) tentaram a unidade europeia atravs da fora das armas. O desfecho destas guerras mostrou uma realidade a partir da qual se partiu para a integrao: que a Europa jamais se uniria pela fora das armas, mas sim pela vontade livre dos Estados.

Perodo entre as duas grandes guerras

Foi no perodo entre as duas grandes guerras que se criou um clima favorvel ideia de unidade poltica. Logo aps a I guerra mundial Luigi Einaudi (que viria a ser PR italiano) exps publicamente uma mensagem em que apelava aos estados da Europa uma necessidade de congregao, ideia que no teve muitos adeptos, em consequncia dos nacionalismos acentuados no Tratado de Versalhes, que ps fim guerra.

Logo aps a II guerra, o Conde Coudenhove Kalergi, jovem aristocrata austro-hngaro, pega na ideia de Einaudi e defende o que chamou de unio pan-europeia. Em 1923 desenvolve a ideia no livro Pan-Europa, em que defende uma unio europeia semelhana dos EUA e da sua constituio, apelando aos Estados europeus para que consintam em limitaes sua soberania, que possibilitem a criao de uma entidade acima dos Estados.

Herriot (1925), MNE francs, apoiou esta ideia, pedindo ao parlamento francs uma unio para a Europa.

Em 1926 diversos economistas e homens de negcios defendem a criao de uma Unio econmica e Aduaneira Europeia.

Em 1927, Loucheur, Ministro Francs, prope a criao de cartis do carvo, do ao e dos cereais, organizados pelo Governo, no interesse geral.

No mesmo ano realiza-se em Viena de ustria o congresso Pan-Europeu, de que resulta o Manifesto de Viena (Manifesto Pan-Europeu), que apela unidade europeia.

Em 1929 Aristides Briand, MNE da Frana submete assembleia da Sociedade das Naes um projecto de unio europeia.

Por um lado previa o lao federal, por outro o total respeito pela soberania dos Estados membros, ideias incompatveis, num projecto algo tmido. Assim, acolhidas inicialmente com entusiasmo, acabam num momento posterior por ser olhadas com grandes reservas (principalmente pela Gr-Bretanha).

Em 1930 Briand preside Comisso para o Estado da Unio Europeia, e torna pblico o seu Memorando sobre a questo. Mas suas ideias fracassam e Briand morre em 1932.

Em 1933 Hitler conquista o poder na Alemanha, acentuando a sua actuao num nacionalismo exacerbado e agressivo que se opunha a qualquer projecto de unidade europeia. De 1939-45 d-se a II guerra mundial e o assunto adormece.

Ressurgimento da ideia europeia no ps-guerra

Quando a guerra chega ao fim, a situao era devastadora e muito grave em termos econmicos, polticos, sociais e de defesa. Sentiu-se a necessidade imediata de um esforo para a recuperao da sua capacidade de produo, que permitisse alojar, vestir e alimentar as populaes carecidas de meios elementares e havia falta de equipamentos, capital e matrias primas. Percebeu-se tambm que a Europa devia unir-se para que fosse capaz de se defender de futuras ameaas (principalmente da URSS, que constitua uma ameaa permanente).

Em 1946 Churchill profere o discurso de Zurique, no qual apela unio dos povos europeus face Europa de leste, o que implicava a reconciliao da Frana e da Alemanha, utilizando a expresso uma cortina de ferro acaba de tombar sobre a Europa. Defendeu uma espcie de Estados Unidos da Europa, no concebendo todavia que a Gr-Bretanha fizesse parte do projecto, mas to-somente os pases em runas.

A cooperao econmica

A OECE

A Europa estava carenciada na rea da defesa e no s, reclamando a ajuda externa. Em 1947 d-se a Guerra fria. Os americanos apercebem-se dos riscos de runa econmica e social europeia e lanam o plano Marchall, prestando auxlio econmico e financeiro aos Estados europeus. instituda a OECE (Organizao Europeia de Cooperao Econmica), para gerir os fundos do plano Marchall e a Europa consegue, em 10 anos, atingir e ultrapassar os nveis de desenvolvimento que tivera anteriormente.

Mantinha-se no entanto a resistncia britnica em criar uma Assembleia Parlamentar Europeia, pelo receio de pr em causa a sua supranacionalidade.

Em 1948 criada a Unio da Europa Ocidental, sistema de assistncia mtua em caso de agresso na Europa.

Em 1949 criada a NATO (North Atlantic Treaty Organization). Deparam-se com ideias de integrao, impulsionadas por Jean Monet, que prope organizaes de integrao.

Nasce a RFA.

Em 1950 o MNE francs torna pblico o plano Shuman, em que prope a criao de mercados sectoriais para o carvo e o ao (Frana e Itlia e outros interessados), sob uma autoridade comum que dita as regras de produo. Este plano foi trabalhado por si e Jean Monet, tendo como objectivo poltico a pacificao da Frana e Alemanha e a recuperao desses sectores.

Em 1951/4/18 o Tratado de Paris institui a CECA (Comunidade Europeia do Carvo e do Ao), subscrito por 6 Estados (Frana RFA, Itlia, Blgica, Holanda e Luxemburgo); o primeiro passo para a criao da UE. Esta unificao sectorial pretendia para mais tarde uma unificao poltica.

Em 1952 o Tratado de Paris institui e CED (Comunidade Europeia de Defesa), pretendendo criar um exrcito de defesa europeu, sob as ordens de um Ministro Europeu da Defesa.

Em 1953 assinado o Tratado que institui a CPE (Comunidade Poltica Europeia)

Em 1954 d-se um revs: a assembleia nacional francesa no ratifica o tratado que institua a CED, pelo que, necessitando da ratificao de todos os Estados, no se realizou a comunidade poltica europeia. Em consequncia, Jean Monet demite-se como alta autoridade da CECA.

Houve uma minimizao dos obstculos pelos idealistas. Foi prematuro pretender a unio poltica nesta altura, em que os pases esto sados da guerra e por isso falhou.

Em 1955 d-se a Conferncia de Messina, que relana o movimento da integrao econmica, no prevendo a integrao poltica. Holanda, Itlia e Alemanha defendem a construo de um mercado comum europeu. Ao contrrio, a Frana defende mais mercados sectoriais comuns.

Em 1956 a Comisso Spack apresentou relatrio (Spack) aos 6 membros da CECA em que concilia as ideias defendidas em Messina: criao de um mercado comum global (CEE) e uma organizao sectorial (CEEA). Iniciam-se negociaes.

Em 1957 so assinados em Roma os tratados constitutivos da CEE e da CEEA.

1958 Entram em vigor os tratados. H 3 organizaes: CECA, CEE e CEEA.

Os Estados que no integraram as comunidades, liderados pelo Reino Unido criam outra organizao, que pretende ser concorrente. Em 1960 criam a Associao Europeia de Comrcio Livre (EFTA).

1960 Nasce a Organizao para a Cooperao e o Desenvolvimento Econmico.

1965/66 surgem problemas nas comunidades. DeGaule entra em conflito com as instituies comunitrias, discordando das polticas comuns, elevando os interesses franceses. A Frana deixa de comparecer nas reunies, o que paralizou a actuao dos rgos.

Finais de 66 ultrapassa-se a crise, mas h um recuo no processo de integrao. Volta a estabelecer-se a regra da unanimidade, nos acordos do Luxemburgo, quando estejam em causa interesses essenciais de um Estado.

O Reino Unido apercebe-se na vantagem das comunidades.

1967 o Reino Unido pede a adeso s comunidades - DeGaule ope-se.

H um referendo em Frana, DeGaule demite-se. Sucede-lhe George Pompidou.

O Reino Unido renova o pedido de adeso.

1969 reunio em Haia onde se discute e aprova a adeso do Reino Unido, Irlanda, Dinamarca e Noruega.

1972 assinado o tratado de adeso para o alargamento. Alguns Estados prevem o referendo. Os noruegueses recusam. O Tratado apenas ratificado pelos restantes.

1973/01/01 entra em vigor o tratado.

1974 termina o regima autoritrio de Portugal e da Grcia. Como pas democrtico,

1975 Grcia solicita a adeso.

1977 Portugal e Espanha solicitam a adeso.

1978/05/28 tratado de adeso, dando 2 anos Grcia para que corrija deficincias. Entrou em 1981.

1985/06/12 adeso de Portugal e Espanha.

1986 aprovada a primeira reviso dos tratados constitutivos (Acto nico Europeu). Avana na integrao. Defende a realizao de um mercado interno. Refora o papel das instituies (Parlamento Europeu e processo de deciso no conselho).

1990 com a reunificao da Alemanha integra-se a RDA nas comunidades.

1991 duas conferencias: uma para elaborar as medidas necessrias criao de uma unio e monetria, outra a unio poltica. Resultados: Tratado de Maastricht Tratado da Unio Europeia (cria a UE). Demorou muito a ser ratificado por todos os Estados, entrando em vigor do 1993/11/01.

Estrutura da UE:

1 pilar constitudo pelas 3 comunidades (CEE, CECA, CEEA)

2 pilar PESC (poltica externa de segurana comum)

3 pilar JAI cooperao na rea da justia e assuntos internos.

1994 acordada a entrada de ustria, Finlndia, Sucia e Noruega, mas os Noruegueses mais uma vez dizem no.

1996 negociaes para a reviso do tratado de Maastricht

1997/10/02 Tratado de Amsterdo. Entra em vigor em 1999. Modifica e desenvolve o tratado anterior nos mbitos da liberdade, segurana, justia, soberania, PESC, , cooperao reforada.

2001/02/26 - Tratado de Nice. Entrou em vigor em 2003.

2004 adeso de 10 novos pases: Chipre, Eslovnia, Estnia, Hungria, Letnia, Litunia, Malta, Polnia, Repblica Checa e Repblica Eslovaca.

Em negociaes para novo alargamento, com a entrada da Estnia e da Romnia.

Mais 2 pases candidatos: Turquia e Crocia.

Os membros da UE chegaram concluso que o Tratado de Nice no era suficiente para resolver todas as questes da Unio.

Partiu-se para o projecto de uma Constituio comum, liderado por Giscard Bestand.

2003 Salnica / Grcia surge o Projecto de Constituio, que traz grandes mudanas, nomeadamente:

- Confere personalidade jurdica unio;

- Refora os poderes do parlamento europeu no mbito do processo de co-deciso;

- Pretende a criao de um MNE europeu;

- Pretende um presidente mais estvel para a EU;

- Incorpora a carta dos DF com fim vinculativo;

- Inclui alteraes nada pacficas art 10 - refere que a constituio e o direito adoptado primam sob o direito dos Estados membros;

- Prev a alterao de voto para a regra da maioria (vigora a regra da unanimidade), o que alguns pases recusam.

As negociaes esto num impasse, o que levam que alguns Estados tenham que o sujeitar a referendo. Apesar da assinatura dos Ministros, a constituio carece de ratificao. Frana e Holanda rejeitaram, por referendo.

Data de entrada em vigor: era 1/Nov./2006; no pde ser mantida, devido polmica. Neste momento e at meados de 2007 no se discute esta questo.

At nova ratificao a EU continua a reger-se pelo Tratado de Nice.

ESTRUTURA DA UNIAO EUROPEIA

As Comunidades Europeias so associaes de Estados que correspondem ao conceito clssico de Organizaes Internacionais Intergovernamentais associaes permanentes de Estados soberanos constitudas por tratados internacionais de tipo clssico com vista prossecuo de objectivos comuns aos seus membros, atravs de rgos prprios, habilitados a exprimir uma vontade prpria, diferente dos Estados que as compem.

O quadro Institucional da UE nico (Art 3 TUE):

Comunidades

PESC

Cooperao jurisdicional.

Cada rgo exerce competncias de acordo com as disposies dos tratados que instituem as comunidades europeias, i.e., os mesmos rgos tm competncias diferentes (art 5 TUE). Ex.: Comisso a sua competncia varia consoante o tratado no mbito do qual actua, Comunidades, PESC ou Cooperao jurisdicional).

A UE funciona neste quadro segundo dois modelos diferentes (o que desafia a unidade institucional, por haver dualidade no funcionamento da unio, o que contradiz o objectivo da unidade institucional), nomeadamente quando o TJ no exerce competncia nas matrias da PESC. S quando tiverem as mesmas competncias independentemente do mbito em que actua que se pode ter verdadeiramente um quadro institucional nico.

rgos que ocupam lugar proeminente na UE (art 7 TCE):

Parlamento Europeu;

Conselho da Unio Europeia;

Comisso;

Tribunal de Justia;

Tribunal de Contas

So os mais importantes (tal resulta da redaco originria dos tratados, que d maior relevncia a estes rgos na estrutura institucional das comunidades).

A COMISSO (211 ss.)

A COMISSO o rgo executivo da UE. composta por 25 membros, designados por Comissrios (213), escolhidos nos termos do 213, em funo da sua competncia e oferecendo todas as garantias de independncia. Tem um Presidente, designado pelo Conselho, por maioria qualificada (reunido a nvel de chefes de Estado). O Presidente e membros da Comisso so nomeados pelo Conselho e submetidos aprovao do Parlamento Europeu (dupla legitimidade). O seu mandato de 5 anos. Tm responsabilidades individuais (213/2) e institucionais.

Os membros da Comisso cessam funes por substituio (por expirao do mandato ou morte), ou por demisso voluntria ou compulsiva). A demisso compulsiva uma sano a aplicar pelo Tribunal de Justia, a pedido do Conselho ou da Comisso, por no preenchimento dos requisitos, ou falta grave.

Cessao colectiva de funes: a Comisso pode ser objecto de moo de censura por parte dos deputados do Parlamento Europeu; caso seja aprovada, a Comisso poder ter que ser demitida em bloco.

Organizao e funcionamento:

Cabe ao Presidente distribuir as respectivas competncias a cada Comissrio. Este fica responsvel por uma rea, ficando responsvel pelos servios administrativos respectivos. A Comisso pode nomear um Vice-Presidente ou dois. Cabe ao Presidente distribuir os trabalhos.

As decises so tomadas por maioria dos membros (219), mas a prpria Comisso pode por essa mesma maioria decidir se em casos excepcionais deve ou no haver o acordo de todos os E.

Poderes da Comisso:

A Comisso o centro executivo da aco comunitria. Poderes da Comisso:

- Poder de iniciativa detm regra geral, a iniciativa das decises comunitrias; compete-lhe elaborar propostas a discutir no Conselho e Parlamento. Pode ser:

Iniciativa plena os outros rgos no podem deliberar sem proposta da Comisso (poder exclusivo) (iniciativa legislativa, iniciativa oramental, iniciativa de conduzir as negociaes entre a Comunidade e os pases terceiros) (249 132, 133 300).

Iniciativa limitada (poder de recomendao ou parecer) a Comisso no tem a exclusividade a fazer a recomendao ou parecer para o poder decisrio (99, 100, 104, 111, 119, poltica externa comum, cooperao policial e judicial).

- Poderes de controlo na aplicao do direito comunitrio (211) controla a aplicao das normas do tratado e das normas criadas pelas outras instituies (meios: 226).

- Poder de recolher informaes e proceder a todas as verificaes necessrias junto dos Estados membros (284), aplicar multas, sanes (83/a), adoptar decises contra os Estados membros (76/2, 88/2), adoptar directivas sobre empresas pblicas contra Estados (86/3).

- Poderes executivos o rgo primordialmente responsvel pela execuo das normas e directivas comunitrias, mas no tem uma competncia genrica de execuo (211 + 202 - o Conselho o titular da competncia genrica de execuo, que delega na Comisso. Esta s poder exercer a competncia que o Conselho lhe atribua). H poderes que resultam directamente do Tratado, outros que resultam directamente do Tratado no mbito da execuo do oramento (274), gesto de clusulas de salvaguarda aos Estado em perodos transitrios (95/10, 134, 174/2) e em matria de concorrncia (76/3, 88/2).

- Poder legislativo no tem poder legislativo prprio, salvo raras excepes (no mbito da concorrncia no que respeita s EP e s empresas de servio pblico).

- Poder consultivo (211) pode formular recomendaes e pareceres sobre as matrias objectos do presente tratado.

Em alguns casos prev-se a consulta da Comisso (49) e relativamente aos Estatutos dos deputados europeus e do Provedor de Justia.

Crticas ao modelo da Comisso:

- A Comisso no tem uma verdadeira liderana;

- Falta-lhe coeso poltica (devido s diferenas polticas dos representantes dos Estados que a compem);

- Dfice democrtico (quem nomeia os Comissrios so os Governos, deviam ser eleitos pela populao);

O CONSELHO

rgo comunitrio de composio intergovernamental (203). Assume vrias designaes e composies:

Conselho da Unio Europeia - quando formado por Ministros;

Conselho Europeu (4 TUE) quando esto os chefes de Estado e Ministros dos Estados-membros;

COREPER (Comit dos Representantes Permanentes (207) composto pelos representantes permanentes.

Fonte intergovernamental: representa os interesses dos Estados-membros. O Conselho forma com a Comisso e o Parlamento o tringulo institucional.

Os Tratados prevem ainda formaes atpicas do Conselho 7/2 reunido a nvel de Chefes de Estado ou de Governo - falta o Presidente do Conselho.

Conselho Conferencias de representantes dos governos dos Estados membros (no a nvel do rgo).

H que ter em conta as normas dos tratados (202-210) e o regulamento interno do Conselho.

O Conselho representado por um Ministro e funciona com representaes ministeriais distintas:

Conselho de Assuntos Gerais rene todos os meses os MNEs competncia genrica ou residual;

Formaes tcnicas:

ECOFIN rene os ministros dos assuntos econmicos e financeiros, rene todos os meses competncia questes econmicas e financeiras;

Conselho da agricultura rene os ministros dos assuntos econmicos e financeiros, rene todos os meses competncia questes da poltica agrcola comum.

Conselho de Justia, Assuntos Internos e Proteco Civil tem como objectivo criar um espao de liberdade, segurana e justia;

Formao Jumbo associa os Ministros de vrias pastas permitindo uma abordagem tcnica e genrica.

Questes especficas trabalho, ambiente, etc. so chamados os respectivos ministros das pastas no Governo do Estado.

Competncia

202 TCE - estabelece o seu mbito de competncia de forma genrica.

O Conselho tem de actuar de acordo com as competncias previstas no tratado.

Poderes:

Funo legislativa partilhada com o PE. Controla a funo executiva;

Funo legislativa;

Funo poltica.

Tem poderes de deciso poltica, poder legislativo partilhado (249)

Consulta

PESC

Poder de deciso de estratgias, (12, 23)

3 pilar

Decises comuns, decises quadro e decises.

Poderes de execuo (202, 211)

Poderes de Consulta (funciona como rgo de consulta da Comisso. Por vezes adopta a forma de parecer favorvel, o que concede o parecer de impedir a adopo um acto pela comisso.

Poder de Cooperao (202, 115, 26)

Poderes no domnio das relaes externas (300);

Regras de deliberao

Os tratados prevem:

Maioria simples a proposta considera-se adoptada se recolher a maioria dos votos a favor (pelo menos 13 votos). Cada Estado tem um voto.

Maioria qualificada (205) regra geral de deliberao do Conselho. Avaliada por uma ponderao de repartio de votos de acordo com a importncia, espao geogrfico e populao do Estado.

Unanimidade utilizada em casos excepcionais, em domnios particularmente sensveis da Unio, por constituir geralmente um bloqueio aprovao.

CONSELHO DA UNIO EUROPEIA

Tem uma presidncia que ocupada por um representante de um dos Pases membros e com um mandato de 6 meses. Esta presidncia tem uma importncia na organizao das reunies.

COREPER- prepara os trabalhos do conselho composto pelo funcionrios dos Estados membro e rene semanalmente.

Secretrio Geral um factor de continuidade dos trabalhos no conselho , gere e aconselha o Presidente do Conselho.

Funcionamento (regra da deliberao):

Maioria Simples (art 205) - dizem respeito a matrias meramente processuais

Maioria Qualificada (art 205 + as novas ponderaes)

Se houver proposta da comisso so necessrios 232 votos

Se no houver necessrio 232 votos e pelo menos 2/3 dos respectivos membros.

Ao nvel do Conselho necessrio uma maioria de Estados ou 2/3 dos Estados que representem 62% da populao.

Unanimidade serve apenas para um nmero reduzido de questes.

Competncia do Conselho

Os princpios legislativos so e grande parte partilhados com o Parlamento Europeu( art.252 )

Coordenao das polticas econmicas dos Estados membros(ECOFIM), celebra e assina oficialmente acordos internacionais com pases terceiros e com organizaes internacionais nas reas do comercio txteis, pescas etc..

Celebra acordos com os prprios membros da Unio.

A aprovao do oramento da Unio Europeia

Despesas obrigatrias (despesas agrcolas) so da competncia do Conselho

Despesas no obrigatrias e a aprovao final do oramento so da competncia do Parlamente Europeu.

PESC (Poltica de Cooperao para desenvolvimento Comum)

Os Estados membros tm ainda um grande controlo, mas a sua competncia limitada.

Criao de fora de reaco rpida Comit militar da Unio Europeia e o Estado maior da Unio.

Controle e direco estratgica .

JAI ( Justia e Assuntos Internos)

Conselho de Ministro da justia e assuntos internos.

Ex.: Processos de custdia, trficos de drogas e trficos de seres humanos.

A assinatura do Ministro de qualquer um dos pases membro compromete o respectivo governo.

Conselho Europeu

Composto pr Chefes de Estados ou do governos, e o Presidente da Comisso Europeia.

Renem nas cimeiras dos Estados membros anteriormente no estava prevista nos tratados.

S foi consagrada nos tratados em 1986 em Amerstedo .

Funes

O conselho tem um papel sobretudo poltico

Em matrias constitucionais ( Impulso)

Reviso dos Tratados

Matrias respectiva aos alargamentos.

Questes relativas a Unio econmica e monetria.

o Conselho Europeu que define as prioridades da Unio Europeia.

Tem ainda um papel de arbitro dada a sua composio e autoridade.

Funes Especficas

Poltica externa e de segurana (PESC)

Tem ainda um papel na JAI.

O conselho europeu no votam no toma decises no sentido que toma a comisso europeia , mas sim alcana acordos polticos pr via do consenso.

Nas concluses da Presidncia consta o que o conselho deliberou, as decises so tomadas pela comisso , tm um caracter meramente poltico e no jurdico.

Pr este motivo o conselho tem sofrido imensas crticas.

O Parlamento Europeu

Os deputados tinham um duplo mandato, representavam os cidados dos respectivos Estados e ......, mas contudo ao longo do tempo tem sido objecto de sucessivos alargamento hoje composto pr 732 deputados.

O parlamento funciona como seu prprio regimento ( art. 199, 198)

Processo de Co-deciso procedimento tipo

Tem poderes oramentais , participa em todo o processo oramental e aprova o oramento ( art.269 e ss)

Poderes de controlo executivo

Direito a fazer perguntas( art. 197)

Comisso de inqurito temporria

Poder de controlo no que diz respeito a PESC e JAI

Analisa peties

Ver art. 230 e 232

TRIBUNAL DE JUSTIA (220-245 TCE.)

Garante o respeito pelo direito na interpretao e aplicao e

Composto por 25 juizes (221) e 8 advogados gerais (222) designados de comum acordo pelos governos dos estados membros para mandatos de 6 anos (223/#1). So escolhidos entre personalidades que ofeream garantias de independncia e renam os requisitos (223) e renam as condies para o exerccio das funos no seu Estado ou sejam jurisconsultos de destacada competncia.

Os juzes elegem entre si o presidente do tribunal (223/#), que vai dirigir os servios e presidir ao tribunal).

Advogados gerais (222/#2) funo de apresentar publicamente com imparcialidade e independncia questes que nos termos do Estatuto exijam a sua interveno (Estatuto)

Funes:

Resoluo de litgios entre os Estados membros;

Resoluo de litgios entre a UE e os Estados membros;

Resoluo de litgios entre as instituioes;

Pareceres ;

Poder ter ainda outras competncias que lhe sejam atribudas em domnios especficos por acordo entre os Estados membros.

O Tribunal pode apreciar diversos tipos de aces ou recursos:

Aco por incumprimento permite ao TJ analisar se os Estados cumprem ou no as obrigaes que resultam dos tratados (226-228);

Aco de anulao - controlo da legalidade dos actos comunitrios (230) (os actos internos podem padecer de vcios). Pode ser interposta por Estados, instituies ou pelos prprios particulares em alguns casos. Se a aco for procedente o acto anulado.

Aco de omisso visa apreciar da inactividade por parte das instituies comunitrias quando estas devem actuar face s normas e no actuam (232)

Aco por indemnizao aco que se funda na responsabilidade extracontratual, que visa a apreciao pelo da responsabilidade da comunidade pelos danos causados pelas suas instituies ou agentes no exerccio das suas funes (235, 288)

Aco de reenvio prejudicial / processo de reenvio prejudicial nem s o TJ aplica o direito comunitrio; este directamente aplicvel, criando obrigaes para os cidados dos Estados, podendo estes dirigir-se aos tribunais internos. Tendo estes dvidas sobre a interpretao e a legalidade das normas, o Tribunal pode reenviar o seu processo para o TJ para que este interprete o acto ou se pronunciar sobre a validade ou invalidade do acto sobre o qual existem dvidas (234).

Pode apreciar recursos de acrdos proferidos no TPI nos processos de competncia do TPI o TPI no vinha previsto nos tratados, mas como o TJ no tinha meios para resolver todos os processos que lhe chegavam e estando prevista nos Tratados a possibilidade de criar um TPI, a pedido do TJ. Este solicitou-o ao Conselho em 1987 e obtidos os pareceres da Comisso e do Parlamento, em 24/10/88 foi criado o TPI, que entrou em funcionamento em 01/11/89.

TPI composio de 25 juzes, nmero que pode ser aumentado, desde que fixado no ETSJ. Os juzes elegem entre si um Presidente. O TPI funciona em seces ou com juiz singular. O procedimento no consta do tratado, mas do regulamento do TPI. (224, 225).

Competncias:

competente para conhecer em primeira instncia:

Aco de anulao (230);

Aces de omisso (232);

Aco de indemnizao (235, 288);

Aces entre a comunidade e os seus agentes (236);

Para apreciar contratos que contenham clusula compromissria nos termos do 238

J foi autonomizado o Tribunal da Funo Pblica, criado ao abrigo do art 235-A do TCE, sendo assim retiradas ao Tribunal as competncias do art 236.

TRIBUNAL DE CONTAS (246 ss.)

Instituio de controlo financeiro, relativamente recente, criado em 1977 e convertido em instituio no TUE. Com o Tratado de Amsterdo que viu alargados os seus poderes.

composto por um nacional de cada Estado membro (247), escolhidos entre personalidades que pertenam ou tenham pertencido a instituies

Os membros designam entre si um Presidente

Competncias (246):

- Fiscalizao das contas nos termos do 248:

- Verificao da execuo do oramento (despesas e receitas);

-Assegura a gesto financeira;

Para tal realiza auditorias, efectua relatrios, formula pareceres. Dispe de um grande nmero de pessoal, entre eles agentes qualificados. Os seus relatrios, gerais ou especficos, so publicados.

Existem ainda vrios outros rgos, auxiliares, consultivos, financeiros. Os mais importantes so:

PROVEDOR DE JUSTIA (195 ss.)

Foi criado pelo TUE. nomeado aps cada eleio do PE para mandato de 5 anos, renovvel. assistido nas suas funes por um secretariado. Funciona com total independncia e imparcialidade. No pode exercer em simultneo qualquer outra funo. Pode ser demitido pelo TJ a pedido do Parlamento, caso deixe de cumprir os requisitos (195) ou cometa falta grave.

Funes:

- Recebe queixas apresentadas por qualquer cidado da Unio ou pessoa colectiva que tenha residncia ou sede estatutria num Estado membro (21);

- Controle da m administrao dos rgos comunitrios, com excepo do TJ e do TPI (em caso de m administrao: Formula recomendaes e submete questes ao Parlamento europeu);

- Pode actuar por iniciativa prpria, estabelecendo inquritos, se tiver indcios de m administrao;

- Apresentao anual de todos os resultados dos inquritos efectuados, ao PE

rgos consultivos:

COMIT ECONMICO E SOCIAL (257 - 262)

rgo consultivo que representa os interesses da sociedade civil organizada perante as outras instituies. Esta sociedade no pode exceder os 350 membros. So nomeados por Conselho, sujeitas a parecer da Comisso e devem assegurar a representao dos diferentes sectores da vida econmica e social (257). Na prtica: empregadores/trabalhadores assalariados/agricultores, comerciantes, consumidores.

Mandatos de 4 anos renovveis. As funes so exercidas com independncia e no interesse geral da sociedade.

No se trata de uma instituio comunitria, mas goza de grande autonomia quanto ao funcionamento.

Tem poderes de natureza consultiva: informar as instituies dos representantes da vida econmica e social, elaborando pareceres que resultam de consulta obrigatria (porque o Tratado assim o prev, ex. 37), facultativa (qualquer instituio que tenha que adoptar um acto pode consultar o CES) ou por iniciativa prpria (sempre que considere oportuno).

Sempre que uma instituio consulte o CES pode fixar um prazo (sempre superior a 1 ms) aps o qual podem prescindir o parecer.

COMIT DAS REGIES (263 - 265)

Foi includo no TUE. Representa as colectividades regionais e locais dos Estados da Unio. No pode ter mais de 350 elementos.

Atribuies:

Prev consultas obrigatrias (cultura 151, sade pblica 152, redes trans-europeias 156), facultativas e por iniciativa prpria.

Tem tido grande papel em pareceres por iniciativa prprias, no mbito das PMEs, ambiente).

rgos financeiros:

BANCO CENTRAL EUROPEU (263 - 265)

Foi previsto no art 8 do TUE. Actua no mbito das competncias atribudas nos Tratados e nos Estatutos. Foi criado em 1988, para gerir a nova moeda. responsvel pela poltica e monetria da UE e para tal trabalha com a SBEC. totalmente independente dos bancos centrais dos Estados membros.

A sua base jurdica variada (106-117).

SISTEMA EUROPEU DE BANCOS CENTRAIS (263 - 265)

Constitudo pelo BCE e pelos Bancos Centrais dos Estados.

BANCO EUROPEU DE INVESTIMENTO (266 - 267)

Foi includo no TUE. Representa as colectividades regionais e locais dos Estados da Unio. No pode ter mais de 350 elementos.

Organismo financeiro de direito pblico. Tem personalidade jurdica prpria e estruturas distintas das restantes instituies comunitrias.

Foi criado para conceder emprstimos, dar garantias para o desenvolvimento da Unio. No tem fins lucrativos. Apoia ainda pases terceiros.

Existem ainda vrios fundos Europeus muito importantes que visam melhorar as condies dos pases da UE:

FUNDO SOCIAL EUROPEU (146-148)

Visa melhorar as condies sociais dos Estados (desemprego, )

FUNDO EUROPEU PARA O DESENVOLVIMENTO REGIONAL (160)

Visa o desenvolvimento das regies menos desenvolvidas dos Estados.

FUNDO DE COESO (61)

Visa permitir a realizao de projectos nos domnios do ambiente, redes trans-europeias em matrias de infraestruturas de transportes.

Proporcionam meios financeiros aos Estados onde se registem atrasos de desenvolvimento

Instituio de controlo financeiro, relativamente recente, criado em 1977 e convertido em instituio no TUE. Com o Tratado de Amsterdo que viu alargados os seus poderes.

PROCESSO DE DECISO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS

Diariamente so tomadas decises nas comunidades europeias. Se em alguns casos tal se faz dentro das instituies, outras exigem a participao de duas ou mais instituies.

O processo de deliberao resulta do princpio da competncia de atribuio (5 TCE): todo e qualquer acto, para ser adoptado, tem de encontrar fundamento jurdico numa norma de Tratado da UE. Cada norma prev as condies de exerccio dessa competncia (procedimento a adoptar para o acto poder ser aprovado) (ex.: 12/#2, 13).

Processos de deliberao mais importantes:

PROCESSOS DE CONSULTA PRVIA

mbito de aplicao: adoptado no TCE em 41 matrias, delas 23 exigem maioria qualificada do conselho (ex.: 11/3, 37/3, 83), outras 18 exigem unanimidade (13, 19/2, 93, 137, 269/2).

No existe nenhuma norma especfica relativa ao procedimento de consulta prvia. As normas da competncia que dizem a forma do processo esto contidas nas prprias normas de competncia de atribuio.

O processo inicia-se necessariamente por proposta da Comisso. elaborado um projecto por um Comissrio, discutido com outros Comissrios, vai ao presidente, para ser discutido na ordem do dia. Caso tenha interesse, a Comisso rene e aprova, para apresentar ao Conselho e aos diversos rgos que tenham que dar parecer (CES, CR). Ao receber a proposta da Comisso, o Conselho submete-a a parecer do PE. Recebido este, o Conselho pode deliberar.

Geralmente, se chega ao Conselho, aprovada. Isto porque exigida a iniciativa da Comisso. Caso esta no proponha, o Conselho pode solicitar Comisso que proceda aos estudos necessrios e lhe submeta a todas as propostas adequadas a poder deliberar (208). A Comisso pode recusar propor caso a matria no seja competncia da Comunidade (5), mas no pode recusar a solicitao do Conselho com fundamento em inconvenincia ou inoportunidade, porque este juzo do Conselho e no da Comisso.

Se tal acontecer - o Conselho pode propor aco de anulao (230) junto do TJ.

Se a Comisso, face exigncia do Conselho, nada disser, trata-se de uma absteno ilegal, uma vez que o juzo de Convenincia pertence ao Conselho, este pode dirigir-se ao TJ propor aco por omisso (232).

Caso o TJ d razo ao Conselho, a Comisso fica obrigada a fazer a Proposta.

Efectuada a Proposta pela comisso, h regras para o processo de consulta prvia (250): enquanto o Conselho no tiver deliberado, a Comisso pode alterar a proposta as vezes que quiser (isto para que consiga a unanimidade ou a maioria, tendo em conta as rejeies dos representantes do COREPER e as sugestes do Conselho ou de outros rgos de que tenha recebido parecer).

Quando a Comisso considera a proposta pronta, o Conselho j s pode alter-la por unanimidade (250). Nesta fase, a proposta s poder assim ser alterada por dilogo entre o Conselho e a Comisso.

O parecer do PE obrigatrio: o Conselho no pode adoptar validamente o acto sem o parecer do PE, que no vinculativo. Caso delibere sem parecer do PE o acto nulo por violao de formalidade essencial. Pode ser anulado ao abrigo do 230.

Nos casos em que o PE no emita parecer, apesar de ter sido para tal interpelado pelo Conselho, nestes casos o Conselho pode deliberar (Acrdo 65/93, 30/03/95 PE v. Conselho).

PROCESSO DE CO-DECISO:

Exige o acordo expresso do Parlamento europeu e do Conselho em p de igualdade, para que um acto seja aprovado.

Cobre 41 domnios de competncia, dos quais em 38 o Conselho delibera por maioria qualificada (ex.: 12, 18/2, 40, 44, 55). Os 3 domnios sujeitos ao processo de co-deciso por unanimidade so 42, 47/2, 151).

O processo de co-deciso est regulado no 251. semelhante ao procedimento legislativo federal (foi inspirado no alemo).

1. Sempre que no Tratado se remeter para o 251, o acto segue aquele procedimento.

2. O Processo inicia-se com proposta da Comisso ao Conselho e ao PE.

H que aguardar pelo Parecer do PE, s depois o Conselho delibera por maioria qualificada, podendo:

a) Aprovar (aceitando as emendas, ou no tendo o Conselho feito emenda alguma) - h acto, termina o procedimento;

b) Adopta uma posio comum, por maioria qualificada. Informa a posio comum ao PE e Comisso.

3 meses aps a comunicao:

c) Aprovao tcita e expressa;

d) Rejeio;

e) Prope emendas; estas seguem para o Conselho e a Comisso.

Tem que aguardar pelo parecer sobre as emendas propostas. Aps a recepo das emendas:

f) Aprova as emendas, por maioria qualificada, o texto adoptado;

g) Se o parecer da Comisso no for de acordo com as propostas do PE, o Conselho pode ainda aprovar o texto, mas por unanimidade;

h) Se o Conselho no aprovar todas as emendas da Comisso, convocado o comit de conciliao.

Comit de Conciliao:

Vai discutir as questes quando Conselho e PE no esto em acordo. Se chega a acordo sobre o projecto comum, quando exigida a unanimidade (42, 47, 51), pode:

1) No prazo de 6 semanas aps consulta, aprova um projecto comum que dever ser aprovado por maioria qualificada no Comit de Conciliao. Caso os dois rgos aprovem (PE, por maioria absoluta e Conselho, por maioria qualificada), o acto passa;

2) Quando o Comit de Conciliao no aprova um projecto comum, o acto fracassa.

Tem sido evitado o recurso ao Comit de co-deciso. 25% dos diplomas so aprovados em 1 leitura, 50% na segunda, com ou sem emendas e apenas 10% aps debate do Comit de Conciliao. At agora s foram rejeitados 6 diplomas por este processo.

PROCESSO DE COOPERAO (252):

No muito utilizado.

O PE intervm, mas no pode impedir a adopo do acto.

PROCESSOS DE DECISO DE TIPO INTER-GOVERNAMENTAL

Processo de reviso do tratado (48 TUE) processo utilizado quando se pretende uma reviso dos tratados. Trata-se de um processo de reviso entre Estados.

A iniciativa para rever os Tratados pode ser dos E membros ou da Comisso.

Recebido o projecto de reviso, o Conselho antes de deliberar pede parecer ao PE e Comisso (quando o projecto no seja de sua autoria) e ainda do BCE caso diga respeito ao domnio monetrio.

Recebidos os Pareceres, o Conselho:

a) Rejeita pe fim ao processo;

b) Aprova um parecer favorvel realizao de uma conferncia internacional com os Governos dos Estados membros, por maioria qualificada (205/1).

Na conferncia os Estados decidem ento por unanimidade (de comum acordo) se o tratado deve ou no ser revisto e em que termos.

O tratado de reviso ser assinado pelos representantes dos Estados presentes na conferncia e dever ainda ser ratificado por todos os Estados (tratado solene).

PROCESSO DE ADESO (49 TUE)

Requisitos do processo de adeso:

Pressupostos de adeso (requisitos que os Estados tm que reunir para poderem tornar-se membros da UE):

- Ser um Estado Europeu (Estado que tem a totalidade ou parte do territrio se situe no territrio europeu). Por isso tem levantado problemas acerca da Turquia, que s tem 6-8% no continente europeu e o restante no territrio asitico);

- Conformao do Estado aos princpios do 6/1: liberdade, democracia, respeito pelos direitos fundamentais do Homem;

- Formulao de um pedido (pedido de adeso, que dever ser feito perante a UE; perante a UE e no perante a CE ou a CEEA, isto , perante os 3 pilares CE, CEEA, PESC e JAI).

Critrios de adeso:

Critrio poltico segundo o qual se apura se o pas candidato tem ou no instituies estveis que garantam os princpios da UE;

Critrio econmico a candidatura tem de ser apreciada de acordo com a existncia ou no por parte do Estado candidato de uma economia de mercado que possa fazer face concorrncia e ao mercado dentro da UE;

Critrio jurdico (ou de adopo do acervo comunitrio) determina que o pas candidato possa assumir as obrigaes decorrentes da UE (nomeadamente as decorrentes da Unio Econmica e Monetria)

Processo de adeso (requisitos formais):

Inicia-se com o pedido ao Conselho. Este envia-o ao PE e Comisso. O PE emite um parecer (por maioria absoluta). A Comisso tem tambm que ser consultada.

Recebido o parecer do PE pelo Conselho, este decide, por unanimidade, dando-se incio ao processo de adeso.

O processo trata-se de um processo de concluso de um tratado entre o Estado candidato e os Estados-membros (tratado de adeso).

A fase de negociao do tratado (fixao do contedo do tratado) compete Comisso, sob orientao do Conselho. Quando concludas as negociaes celebrado o tratado, entre o Estado candidato e os Estados-membros. Este tratado determina como se vai processar a adeso UE. O tratado de adeso um tratado solene (est sujeito ratificao de todos os Estados membros, de acordo com as regras internas de cada Estado). Entra em vigor na data fixada no tratado.

PROCESSO DE SANO POR VIOLAO DOS PRINCPIOS DA UNIO POR UM ESTADO-MEMBRO

Sanciona os Estados que violem de forma grave e persistente os princpios do art 6. Pode levar suspenso dos direitos dos Estados-membros.

Em caso de risco de violao N 1 o processo inicia-se com uma proposta dos Estados-membros (1/3 dos Estados membros), do PE ou da Comisso. Para ser dos Estados membros, que vo enviar a proposta ao Conselho. O Conselho delibera por maioria qualificada de 4/5 dos membros, emitindo uma Recomendao.

N 2 o Conselho reunido a nvel de chefes de Estado ou de Governo e deliberando por unanimidade pode verificar a violao grave e persistente dos princpios por um dos Estados membros (trata-se do Conselho da Unio Europeia reunido ao mais alto nvel e no do Conselho Europeu). Proposta de 1/3 dos membros ou da Comisso, h que obter parecer favorvel do PE.

N 3 em caso de violao, o conselho delibera por maioria qualificada (regra do 205), suspendendo o Estado.

PROCESSO DE CONTRATAO INTERNACIONAL

A UE um dos maiores blocos comerciais do mundo, celebrando para tal acordos internacionais da mais variada natureza, com Estados ou grupos de Estados. Estes podem ser de diversas espcies: acordos pautais e comerciais, acordos de cooperao com 3os, Estados ou Organizaes Internacionais celebrados ao abrigo de vrios art (300, processo geral, entre a UE e um ou mais Estados e organizaes internacionais; 302, acordos com as agncias especializadas da ONU; 303, acordos de cooperao com o Conselho da Europa e 304, acordos de cooperao com a OCDE.)

Podem ser celebrados acordos de cooperao em vrios domnios: ambiente (174/4), cooperao para o desenvolvimento (181), acordos de associao com pases e territrios ultramarinos (os que estiveram ligados aos Estado europeus por laos de dependncia colonial (182-188), acordos de associao com pases europeus com vista futura adeso do Estado e acordos de associao com pases no europeus, acordos monetrios (111).

Processo de concluso geral (300) aplica-se a todos os acordos celebrados que no prevejam regras especficas.

Aplica-se em todos os casos em que se preveja a celebrao de acordos entre Estados e organizaes internacionais.

A Comisso tem que solicitar ao Conselho uma autorizao para iniciar as negociaes. Isto , o plenipotencirio destes acordos a Comisso ( quem celebra).

O Conselho autoriza ou no a iniciar as negociaes. Se autorizar, a Comisso inicia e conduz a negociao. As negociaes tm que ter em conta consultas de comits designados pelo conselho e o mandato do conselho (h indicaes, directrizes de como devero ser conduzidas). Concludas as negociaes, a Comisso no pode assinar, mas rubrica, significando que terminaram as negociaes e que o texto exprime a vontade das partes. A celebrao depende do Conselho.

O Conselho tem primeiramente que consultar o PE, que pode ser:

- Parecer favorvel carecem deste os 300/3/2 pargrafo;

Nos outros casos s necessrio consultar o PE, cujo parecer pode ser favorvel ou desfavorvel (300/3/1 pargrafo), podendo o Conselho celebr-lo. Pode ainda o Conselho deliberar em caso de falta de parecer do PE (300/3/1 pargrafo)).

O Conselho, Comisso ou qualquer Estado membro podem obter previamente e antes da concluso do texto o parecer do TJE, ao abrigo no 300/6, sobre a compatibilidade do projecto de tratado com o ordenamento jurdico Europeu. Este pode ser:

Negativo o acordo contm normas incompatveis com o Tratado neste caso no se impede a celebrao do acordo, mas este s poder entrar em vigor depois de se proceder reviso das disposies que o tribunal entende serem violadas pelo acordo;

Positivo

Os acordos so celebrados por maioria qualificada. utilizada a regra da unanimidade no caso dos acordos de associao (310) ou quando exigida esta regra para adoptar uma norma interna (depende da matria do acordo).

O acordo ento celebrado. A sua execuo cabe Comisso.

Efeitos jurdicos: o acordo vincula as instituies da comunidade e os Estados-membros.

ACORDOS PAUTAIS E COMERCIAIS (133 TCE)

FONTES DO DIREITO COMUNITRIO

Direito Comunitrio originrio ou primrio

Direito constitucional da europa

Fonte formal: constitudo pelos tratados que constituram as comunidades (Paris, Roma) e a UE e todos os tratados de reviso e ainda os tratados de adeso. Nele se encontram as atribuies e organizao dessas comunidades.

Direito comunitrio derivado

Deriva dos tratados. constitudo por actos unilaterais das instituies, dentro das competncias que so atribudas pelos tratados.

Art 249: Regulamentos

Directivas, decises

Recomendaes

Pareceres.

Fontes tpicas:

- As que se encontram previstas nos tratados.

Atpicas:

- Ou esto dispersas em normas dos tratados, ou nem se encontram previstas.

Hard law:

Soft law:

- Actos de direito privado que no sendo vinculativos consagram princpios ou regras que se tornaram num futuro prximo vinculativos e a que os Estados facilmente obedecem.

FONTES OBRIGATRIAS:

Regulamento: visa garantir uma aplicao uniforme a todos os Estados membros. Trata-se da lei da comunidade.

Caractersticas: acto geral (generalidade de destinatrios), obrigatrio em todos os seus elementos (os seus destinatrios no podem adaptar o contedo regulamento na respectiva ordem jurdica interna), directamente aplicvel (no carece de acto jurdico nacional de transposio para que se aplique aos Estados membros).

H ainda doi9s tipos de regulamento.

- de base contm apenas normas que consagram a estrutura de determinado regime jurdico, que carecem de acto posterior de execuo para concretizar o regulamento.

- de execuo -

Directivas

Tm destinatrios directos, que s podem ser os Estados. Consagram obrigaes de resultado (de atingir determinado objectivo concreto) (de fazer ou de no fazer).

Deixa liberdade ao Estado no que respeita aos meios e forma, isto , no so directamente aplicvel, carecendo de actos jurdicos nacionais que visem atingir o resultado previsto. Do art 249 resulta que no so directamente aplicveis, mas o TJ de opinio de que podem ser directamente aplicveis, podendo os indivduos invoc-las perante o Tribunal para fazer valer um direito.

Deciso:

Acto juridicamente obrigatrio e individual. Os seus destinatrios podem ser os Estados membros ou as pessoas singulares ou colectivas.

O seu efeito directo no resulta do art 49, mas o Tribunal de Justia afirmou que decises com determinadas caractersticas so directamente aplicveis.

Estes actos esto sujeitos a outros requisitos: tm que ser fundamentados (253). Carecem de conhecimento dos actos (publicao ou notificao) (254).

FONTES NO OBRIGATRIAS:

Recomendaes:

No so vinculativos. Resultam da iniciativa do prprio rgo.

Pareceres:

No so vinculativos. Resultam de um processo de consulta.

Actos atpicos:

Tradicionalmente dizia-se que os actos atpicos no eram obrigatrios; hoje em dia tal no totalmente verdade. Ex.: regulamentos internos da Comisso e do Conselho (218/2, 207/3). Ainda: resolues, concluses, comunicaes, cdigos de conduta, relatrios, etc., desprovidos em regra de efeitos jurdicos, mas em alguns casos auto-vinculam a posio da instituio que a emana na sua actuao futura (ex.: Acrdao Frana vs. Comisso 20 Mar 97). Regulamentos financeiros: no vinculam terceiros. Declaraes comuns (soft law). Actos adoptados dentro da UE (no mbito da PESC, desde decises, estratgias comuns e recomendaes (13) (no tipificados TUE). Aces comuns: 14, Posies comuns: 15:

Quadro da cooperao judicial: 34 (norma de tipificao de fontes do direito): posies comuns (no so vinculativos), decises quadro (prximas das directivas, mas sem efeito directo), decises (actos vinculativos desprovidos de efeito directo), decises de execuo (actos vinculativos de execuo das outras decises, ao nvel da unio).

Direito convencional:

Convenes celebradas pelos Estados membros para concretizar as disposies do tratado (293): enuncia as matrias sobre as quais os Estados podem convencionar. O art 234 no prev a competncia do TJ quanto a estes tratados, pelo que tal est previsto noutro diploma.

Os Estados celebram ainda convenes com outros Estados, pelo que h que prever consequncias para o caso de essas convenes contrariarem as disposies dos Tratados.

Convenes celebradas entre os Estados membros entre si:

Anteriores s comunidades s podem subsistir se compatveis com os tratados.

Posteriores s comunidades tal poria em perigo os objectivos dos tratados, pelo que os Estados ficam sujeitos a aco por incumprimento ao abrigo do art 226, com fundamento no art 10.

Convenes celebradas entre os Estados membros e outros Estados:

Anteriores s comunidades 307: regra geral, as convenes celebradas continuam a aplicar-se, mas caso no sejam compatveis com o Tratado, h que recorrer aos meios adequados do DIP ao dispor dos Estados (ex.: renncia dos direitos, denncia em caso de obrigaes, negociaes, tentando levando os Estado contrapartes a libertarem-no das obrigaes que assumiu anteriormente, presses diplomticas legtimas, pedir assistncia a outros Estados para que haja presses conjuntas).

Posteriores s comunidades no so de prever, mas quando acontea, so inoponveis Unio.

Formas de preveno destas situaes: qualquer tratado internacional que um Estado pretenda celebrar com terceiro deve ser dado conhecimento Unio. H acordos que passaram a ser competncia da Unio.

Decises dos representantes dos Governos dos Estados membros reunidos no seio do Conselho no so actos unilaterais; so actos adoptados em reunies do Conselho que vo vincular os Estados membros nas relaes com a comunidade e que resultam da dupla natureza do Conselho (rgo comunitrio e rgo estadual). Surgem com o intuito de fugir regra da maioria prevista para os tratados e para os actos tpicos do 249. Estas decises so adoptadas por unanimidade. Caracterstica prpria: so assinados pelo presidente em exerccio do Conselho. So considerados actos atpicos (no esto previstos) de dupla natureza:

- So actos convencionais;

- So actos comunitrios (visam objectivos comunitrios, so tomados no mbito do conselho e prevem a execuo pela comisso).

OUTRAS FONTES:

Princpios gerais de direito comunitrio: encontram-se consagrados no tratado e na jurisprudncia do TJ: princpio democrtico (6 UE), princpio do equilbrio institucional, princpio da legalidade comunitria, princpio da igualdade dos Estados, princpio da solidariedade, princpios estruturantes da ordem jurdica comunitria (princpio da autonomia, da unidade, do primado e da aplicabilidade directa do direito comunitrio).

Princpios gerais de direito comuns aos Estados membros (38 TUE).

Princpios gerais de direito internacional

Reconhecidos como vinculativos para a Comunidade, desde que no contrariem o ordenamento jurdico comunitrio (consagrado ela jurisprudncia do TJ).

Jurisprudncia: no fonte mediata do direito comunitrio porque no cria regras jurdicas novas, mas tem um papel importante para o conhecimento e interpretao das normas de direito comunitrias.

Costume:

H quem entenda que as comunidades so muito recentes e que o costume exige uma prata reiterada por um perodo mais longo, pelo que no h ainda normas consuetudinrias, no entanto h o caso dos Acordos de Luxemburgo, que criaram verdadeiras normas costumeiras, afastando a regra da unanimidade e adoptando a regra da maioria.

PREENCHIMENTO DE LACUNAS DO DIREITO COMUNITRIO:

Tambm no direito comunitrio podem surgir lacunas. O processo normal atravs de um processo de reviso, mas este um processo longo, moroso e ao qual nem sempre possvel recorrer, da que se tenham criado outras formas de colmatar as lacunas:

- Recurso s disposies de um tratado para preencher as lacunas de outro tratado. Processo limitado, porque o 47 TUE e o 305 consagram o princpio da autonomia dos tratados, mas no resolvia totalmente o proble, porque admitem-se excepes, no art 308.

porquanto o tratado que instituiu a CE no contm muitas regras e que a CECA j deixou de existir.

Se uma aco necessria para prosseguir os objectivos da comunidade, recorre-se ao 308, mas h que conjug-lo sempre com o art 2 do TCE.

Requisitos:

1. A aco que se pretende criar tem que visar um objectivo da comunidade (genrico ou especfico atente o art 2);

2. Tem que se tratar de aco necessria realizao desse objectivo (h que recorrer a critrios polticos);

3. No tenha sido previsto nenhum outro meio para esse efeito;

4. As disposies que venham a ser adoptadas tm que ser adequadas ao fim em vista;

5. O recurso ao art 308 no pode implicar a violao dos princpios fundamentais da organizao comunitria.

Requisitos de processo/forma:

1. Processo prprio: iniciativa da Comisso, consulta do PE, deciso do Conselho por unanimidade;

2. A deliberao final do Conselho pode revestir a forma prevista no art 249 ou outra.

Recurso teoria do DIP para colmatar as lacunas do direito comunitrio:

Qualquer organizao internacional tem todos os poderes expressamente previstos no tratado constitutivo, como tem as competncias previstas implicitamente no tratado constitutivo.

H quem defenda que esta teoria no admissvel face ao direito comunitrio, porque os tratados facultam meios prprios para colmatar lacunas.

O TC tem sustentado a admissibilidade desta teoria para atingir os objectivos do tratado. H que saber ento quando se recorre a esta teoria, quando se recorre ao art 308 para preencher as lacunas, j que o tribunal, sobre esta questo, no se pronunciou. A maioria da doutrina defende que o art 308 a concretizao prtica no direito europeu da teoria das competncias implcitas.

Outros defendem que no, defendendo que regem questes diferentes: 308 visa a criao de uma aco para a prossecuo de um objecto comunitrio, desde que no haja repartio de competncias entre instituies comunitrias e os Estados (no se podendo atribuir comunidades novas competncias, retirando-os ao Estado) crtica: impossvel, segundo o 308, atribuir competncias s instituies sem retir-las ao Estado. A doutrina no , assim, vivel.

Prof. Mota de Campos: defende ser necessrio distinguir competncias (308, atribuies) e poderes (instrumentos de actuao). Quando um tratado comunitrio enuncia as atribuies, diz tambm qual o rgo competente e os seus poderes para realizar determinado objectivo. Mas h casos em que o tratado refere apenas as competncias no expressamente previstas, mas implcitas no art 2; nesse caso, o tratado no podia prever os poderes do rgo. Se o art 308 no existisse, a teoria das competncias implcitas permitiria todas as competncias s comunidades, desde que houvesse os tais poderes ou meios conferidos no tratado a uma das instituies. Da que o 308 permite suprir as insuficincia da teoria das competncias implcitas, que no se pode importar isoladamente, tendo que se conjugar com o 308.

Concluso da prof.: o art 308 constitui a concretizao da teoria das competncias implcitas,

PROBLEMAS QUE SE COLOCAM ENTRE O DIREITO COMUNITRIO E O DIREITO INTERNO DOS ESTADOS

1. Em que medida a ordem jurdica comunitria se distingue dos direitos nacionais e do direito internacional problema da autonomia do direito comunitrio

Princpio da autonomia a ordem jurdica comunitria prpria, autnoma em relao ao direito interno e ao Direito Internacional.

O direito europeu tem os seus modos de produo jurdica, distinta do direito dos estados e do DI. Por isso o TJ e o TPI no tm competncia para anular os actos de qualquer Estado membro que contrariem do direito comunitrio. tambm por isso que ao apreciar uma aco ao abrigo do 34 no se pronuncia sobre as questes de direito interno.

Ordenamento jurdico comunitrio igualmente autnomo face ao direito internacional. Por isso os princpios de DIP s se aplicam na medi em que sejam compatveis com a estrutura, ordenamento e fins do direito comunitrio.

O dc autnomo relativamente ao direito dos Estados membros e face ao direito internacional. Fontes, modos de formao e objectivos so distintos.

2. Problema de saber qual a posio hierrquica do direito comunitrio relativamente ao direito dos estados membros

Problema decidido pelo TJ em dois Acrdos (Acrdo Costa/Enel 1964 e Acrdo Cimmenthal 1979).

O TJ Afirma o princpio do primado, declarando a prevalncia da aplicao do direito comunitrio sobre o direito dos Estados membros. No se encontrava expresso nos tratados.

O direito comunitrio originrio ou derivado hierarquicamente ao direito nacional dos Estados membros, anterior ou posterior, de natureza constitucional ou ordinria. Os juzes nacionais no podem aplicar as normas internas que sejam contrrias s normas de direito comunitrio originrio ou derivado, sob pena de aco por incumprimento.

Mas estas posies do TJ nem sempre so reconhecidas pelos Estados. Quase todos os Estados aceitam a prevalncia do direito comunitrio sobre o direito infra-constitucional, mas quanto ao constitucional:

- H pases que consideram o direito comunitrio prevalente;

- Outros nada dizem, duvidando da prevalncia;

- Outros que admitem a fiscalizao da constitucionalidade.

3. Problema de saber em que termos o direito comunitrio eficaz na ordem jurdica comunitria. Problema da aplicabilidade directa do direito comunitrio.

Existe uma ordem jurdica autnoma pela qual os diversos Estados limitaram os seus direitos soberanos, criando um ordenamento jurdico novo, aplicvel aos seus cidados.

Posio do TJ: a noo de aplicabilidade directa comporta 3 componentes:

1. No recepo - A aplicabilidade directa implica a vigncia do direito europeu na ordem jurdica interna sem qualquer processo de recepo. No h necessidade desse processo de recepo: as normas comunitrias fazem parte do ordenamento jurdico dos Estados parte e podem ser impostas aos seus cidados;

2. Efeito directo - Produo de efeitos directos na esfera jurdica dos sujeitos de direito comunitrio reconhecimento de um direito ou imposio de uma obrigao. As normas comunitrias tanto podem conceder direitos como impor obrigaes;

3. Tutela jurisdicional Salvaguarda pelos tribunais nacionais dos direitos conferidos pelas normas comunitrias.

Posio da doutrina:

Aplicabilidade directa significa o mesmo que efeito directo ou noo diferente?

Aplicabilidade directa engloba efeito directo, mas este pode no existir em algumas normas comunitrias (no so susceptveis de criar direitos e obrigaes, pelo que se devem distinguir as duas noes).

Aplicabilidade directa efeito directo (a aplicabilidade directa engloba o efeito directo mas no se esgota nele).

Concluso:

Qualquer norma com aplicabilidade directa no necessariamente directamente aplicvel (porque nem todas as normas atribuem direitos e obrigaes), no obstante poderem ser invocadas perante o TJ.

O facto de as normas terem aplicabilidade directa no significa que tenham aplicabilidade imediata (pode estar condicionada explicita ou implicitamente verificao de determinadas circunstncias por ex., tomada de medidas).

Se o princpio da aplicabilidade directa diz que as normas vigoram directamente no direito dos Estados, estas tm que ter primazia sobre o direito dos Estados.

As normas podem ter:

Efeito directo vertical a norma cria direitos para os particulares que podem ser invocadas contra os Estados (autoridades pblicas).

Efeito directo horizontal a norma cria direitos e obrigaes entre os particulares, que podem ser invocados nas relaes com outros particulares.

O TJ tem entendido que para uma norma possa ter efeito directo vertical ou horizontal, tem que reunir vrios requisitos:

- ser positiva;

- ser clara e precisa;

- ser incondicional (no pode depender de facto ou circunstncia q2ue ainda no se verificou);

- ser completa e juridicamente perfeita (suficiente).

Direito originrio: regra geral criam direitos e obrigaes para os particulares, s no tendo efeito directo se resultar claramente do texto e contexto do tratado que no possvel atribuir tais direitos:

Efeito directo horizontal:

- normas que impem aos Estados uma obrigao incondicional de absteno, 25 - neste caso trata-se de uma norma que parece apenas vincular os Estados, mas certo que os particulares podem invoc-la perante os Tribunais - 28;

- normas que impem aos Estados obrigao incondicional de renncia a determinados comportamentos, 90;

- normas que impem aos Estados uma obrigao de comportamento activo, 31)

Efeito directo horizontal:

- Normas relativas livre circulao de trabalhadores, livre circulao de servios, 49; 81, 82

Os particulares podem invocar as normas perante os tribunais nacionais, contra o Estado no caso das de efeito vertical ou contra particulares no caso das de efeito horizontal.

Regulamentos so directamente aplicveis (249). Mas pode no ter aplicabilidade imediata, podendo submeter parte das suas imposies adopo de medidas pelos Estados, pelo que s aps a adopo dessas medidas que s as normas podero atribuir direitos e s assim ser invocadas em tribunal.

Directivas em princpio no seriam directamente aplicveis, segundo o art 249, uma vez que vinculam os Estados, s constituindo obrigaes de resultado, deixando-lhes liberdade quanto forma e meios de o prosseguir. No o meio adequado de conceder direitos e obrigaes aos particulares. Mas tal no o entendimento do TJ. O TJ defende que as directivas podem ser directamente aplicveis e conceder direitos aos particulares, podendo produzir efeitos anlogos ao regulamento, no obstante no referir a sua aplicabilidade directa no 249. Defende ainda que seria incompatvel com o carcter imperativo do 249 face directiva excluir que a obrigao de resultado no possa ser imposta pelas pessoas com interesse na execuo da directiva. Deve analisar-se em cada caso a natureza e termos da directiva para saber se ou no susceptvel de produzir efeitos directos nas relaes entre o Estado ou Estados destinatrios. Se reunir os requisitos necessrios para estarmos perante norma de aplicabilidade directa, a directiva deve ser susceptvel de produzir efeitos directos entre os Estados e os particulares (efeito directo vertical), podendo os particulares invoc-la. Diz ainda que os particulares podem invocar uma directiva ainda que no rena todas as caractersticas do efeito directo, quando pretendam afastar norma interna contrria (porque estas, por fora do princpio do primado, no podem ser aplicadas. No est a fazer valer um direito da directiva, mas somente a afastar a norma contrria de direito interno).

Decises (249):

Dirigidas aos particulares tm efeito directo horizontal; atribuem direitos e obrigaes aos particulares.

Dirigidas aos Estados o TJ pronunciou-se com os mesmos argumentos utilizados para as directivas, considerando que as decises que cumpram os requisitos da aplicabilidade directa podem impor direitos e obrigaes entre o Estado e os particulares (efeito directo vertical).

Convenes internacionais concludas pela comunidade (300) se o Estado membro deixa de cumprir as decises de uma conveno, prejudicando os particulares, este poder invocar as normas das convenes perante os tribunais? A comunidade considerada monista: a partir do momento em que se adopte uma conveno, estas passam a vigorar no direito interno e constituir direito comunitrio. As convenes internacionais podero ser invocadas na ordenamento jurdico dos Estados pelos particulares quando delas resulte um direito claro preciso, suficiente, etc.

Concluso:

Embora o efeito directo no esteja expressamente previsto para os diversos actos de d c hoje claro que a regra a aplicabilidade directa (s em normas excepcionais que as normas no produzem efeitos directos).

COMPETNCIAS DAS INSTITUIES COMUNITRIAS

Distribuio de competncias entre as instituies comunitrias e os Estados membros para adoptarem actos comunitrios princpio da subsidiariedade (5). Visa regulamentar e garantir as competncias dos diversos rgos (comunitrios e nacionais). Desdobra-se no princpio da atribuio de competncias e no princpio da subsidiariedade propriamente dito.

Princpio da atribuio de competncias a comunidade actua com as suas instituies dentro das competncias que lhes so atribudas pelos tratados, conferidas pelos Estados membros. As competncias nacionais so a regra e as da comunidade so a excepo (s actua dentro das competncias que tem). A comunidade no tem competncia das competncias (competncia para criar as suas prprias competncias.

Princpio da subsidiariedade (s vale nos domnios da concorrncia concorrente entre a comunidade e os Estados, submetendo a competncia da comunidade dos Estados) para a comunidade intervir tm que se verificar algumas condies:

- Ser domnio que no seja da atribuio exclusiva dos Estados;

- Os objectivos da aco no podem ser suficientemente realizados pelos Estados membro;

Princpio da proporcionalidade a aco da comunidade deve ser a necessria ao objectivo; no deve exceder o necessrio para atingir os objectivos do tratado.

Este princpio deu origem ao Protocolo (p.168 Cdigo UE).

Princpio da uniformidade

A interpretao e aplicao do direito comunitrio ter que ser feita da mesma forma em todos os Estados membros. Esta uma competncia reservada ao TJ, s este pode garantir a uniformidade.

No h recurso para o TJ das decises dos tribunais nacionais.

Perante as vrias normas dos vrios Estados, os juzes muitas vezes tem dvidas, no conhecem bem o direito comunitrio. Todavia so obrigados diariamente a aplicar o direito comunitrio, pelo que se colocam dvidas sobre interpretao, aplicao e validade do direito europeu. Deixar ao juiz a soluo destas questes, ou entregar a questo a um rgo interno com competncia especializada iria resultar em divergncias de interpretao. Da que os tratados consagrem outra soluo, o Mecanismo de reenvio prejudicial (234).

Este mecanismo permite aos tribunais nacionais, quando estejam perante um litgio cuja soluo est contida em norma comunitria, questionar o TJ sobre a aplicao e validade/invalidade da respectiva norma.

a) interpretao do presente tratado deve fazer-se uma interpretao extensiva: este tratado, todos os tratados constitutivos, de reviso, de adeso, de fuso, os anexos, etc.

b) actos adoptados pelas instituies no s os actos tpicos do art 49, mas sim quais quer actos emanados de instituio comunitria ou BCE, directamente aplicveis ou no.

Interpretao determinar o sentido e alcance da norma;

Validade legalidade formal do acto e legalidade material do acto.

Estabelece dois processos:

# 2 Reenvio facultativo

Os rgos judiciais dos Estados membros podem solicitar ao TJ que se pronuncie sobre a validade ou interpretao dos actos comunitrios.

# 3 Reenvio obrigatrio

Os rgos judiciais dos Estados membros cuja deciso no admita recurso na ordem interna so obrigados a solicitar ao TJ que se pronuncie sobre a validade ou interpretao dos actos comunitrios.

rgo jurisdicional do Estado membro

Para determinar o que so rgos jurisdicionais poderia consultar-se o direito interno de cada Estado para averiguar quais so.

Mas a soluo foi a elaborao de uma noo comunitria pelo TJ, por existirem alguns rgos que no so jurisdicionais de direito interno mas que deveriam poder recorrer ao TJ (Tribunais arbitrais, conselhos das ordens profissionais e afins e outros).

Critrios para considerar um rgo como jurisdicional Acrdo do Proc. 79/96 Processo Garfalo:

1. O rgo tem que ter origem legal criado por lei do direito do Estado em questo;

2. O rgo tem que ser permanncia

3. O rgo tem que ter jurisdio obrigatria (as partes no se submetem ao tribunal porque querem, mas porque tm que o fazer);

4. O rgo tem que obedecer ao princpio do contraditrio.

5. O julgamento da causa tem que ser feito segundo as regras de direito aplicveis;

6. A deciso tem que ter natureza jurisdicional.

Independentemente de ser ou no considerado como rgo jurisdicional no direito interno.

O rgo jurisdicional nestes termos pode ou est obrigado a recorrer ao 234.

Reenvio facultativo:

reconhecido s jurisdies inferiores, ainda que as suas decises no sejam passveis de recurso.

Mas o TJ tem entendido que no deve dar seguimento aos processos de decises inteis (desde que daquele caso no seja interposto recurso no direito interno).

Reenvio obrigatrio:

No se interpreta literalmente. Como jurisdies nacionais cuja deciso no seja objecto de recurso prende-se com a natureza do rgo e no com a natureza do processo. Isto porque h que ter em conta que se trata de casos menores, aces de pequeno valor, justificando-se para no sobrecarregar o TJ e porque os erros dos tribunais inferiores, nestes casos, no comprometem a unidade do direito comunitrio. Excluem-se tambm as decises das quais cabe o recurso a instncias internacionais (TEDH), recursos extraordinrios.

Esto ento obrigados ao reenvio os tribunais superiores de cada Estado membro: supremos tribunais e os tribunais constitucionais (estes julgam sem recurso).

O TJ tem ainda entendido que quando estejam em causa questes de validade dos actos comunitrios, os tribunais inferiores, embora no sujeitos a obrigao de reenvio, se considerarem o acto invlido esto obrigados a reenviar (s o TJ se pode pronunciar sobre a invalidade das normas) Proc. 283/81 - Silfit.

Excepes obrigatoriedade de reenvio:

1. Falta de pertinncia da questo;

2. Doutrina do acte eclar quando a disposio em causa foi objecto de interpretao anterior pelo TJ;

3. Doutrina do acte claire quando a interpretao da norma ser to clara que no haja margem para dvidas.

No se verificando nenhuma destas excepes, a recusa da obrigao de reenvio imputada ao Estado, constituindo um incumprimento por parte do Estado.

Deciso do TJ no que respeita s aces de reenvio: contedo do acrdo:

Acrdos interpretativos:

A deciso do tribunal sobre a interpretao da norma considerada no pode ser considerada como um controlo de validade do acto ou norma de direito interno em confronto com a norma comunitria interpretada. O acrdo limita-se a dar uma interpretao abstracta, no se pronunciando sobre o caso concreto. O Tribunal nacional, ao aplicar a norma tem que a aplicar com o sentido abstracto dado. Caso o juiz de direito interno, pela interpretao dada pelo TJ, entender que so incompatveis, tem que afastar a norma interna.

Acrdos de validade

O TJ pode optar pela validade ou invalidade. Caso declare a validade, tal no significa que este seja vlido, mas to-somente que o TJ no apurou o vcio invocado. Se reconhecer a invalidade do acto, significa que a jurisdio nacional no pode aplicar ao caso concreto (efeitos erga omnes, uma vez que forma um acte eclar, dispensando os tribunais superiores da obrigatoriedade de reenvio).

O reenvio no uma via de recurso aberta s parte em litgio, mas sim uma cooperao entre o juiz do tribunal nacional e o do TJ, tripartido: tribunal nacional reenvia, TJ interpreta, tribunal nacional aplica.

Consequncia para os particulares: aps o reenvio, as partes podem fazer-se representar e apresentar observaes no TJ na qualidade de intervenientes.

Com o tratado de Nice (225), o TPI passou tambm a ter competncias em matria de reenvio prejudicial. Este admite o recurso para o TJ. Para tal necessrio que o Conselho decida pela competncia do TPI.

ACES

O direito comunitrio pode ser violado, pelos Estados, instituies ou pelos particulares, pelo que h mecanismos de controle.

ACAO POR INCUMPRIMENTO (226-228)

Incumprimento = violao do direito comunitrio, originrio ou derivado, resultante de aco ou omisso.

Legitimidade activa a Comisso (226), os Estados membros (227).

Legitimidade passiva dos Estados membros.

Aco interposta pela Comisso:

Fase administrativa ou pr contenciosa:

1. Perante situao de incumprimento a Comisso comunica ao Estado a eventual situao de incumprimento (nota de culpa). O Estado recebe a nota e apresenta a sua defesa (observaes). Se por anlise das observaes a Comisso fica convicta de que o Estado no incumpriu o direito comunitrio, o processo termina.

2. Se a comisso conclui pelo incumprimento, elabora parecer fundamentado sobre o assunto (competncia, 211).

Fase contenciosa propriamente dita -

Pode verificar-se ou no, consoante a Comisso actua ou no aps o parecer, uma vez que se trata de um poder discricionrio da Comisso (esta pode ou no recorrer ao TJ, 226/#2).

Aco interposta por um Estado membro:

1. Perante situao de incumprimento, o Estado queixoso apresenta a questo Comisso. A Comisso comunica ao Estado faltoso a eventual situao de incumprimento (nota de culpa). O Estado recebe a nota e apresenta a sua defesa (observaes). Se por anlise das observaes a Comisso fica convicta de que o Estado no incumpriu o direito comunitrio, o processo termina.

2. Se a Comisso conclui pelo incumprimento, elabora parecer fundamentado sobre o assunto, dando ao Estado faltoso um prazo para que conforme com o parecer (competncia, 211).

Fase contenciosa propriamente dita:

Se a Comisso concluir pelo incumprimento do Estado, interpe aco por incumprimento junto do TJ (226/#2).

S se a Comisso nada disser ou no prazo de 3 meses no tiver formulado parecer, o Estado queixoso pode recorrer ao TJ.

Excepes s regras do 226:

Em matria relativa ao funcionamento do mercado interno (95), no h fase pr-contenciosa, podendo o Estado recorrer directamente ao TJ.

Tambm em matria de concorrncia do mercado comum (298/#2);

Se na sua funo de fiscalizao a Comisso entender que um Estado est a prestar auxlios de forma abusiva, ou incompatvel com o mercado comum, ordena o Estado a suprimir ou modificar esse auxlio, em prazo por ela fixado. Se o Estado no der cumprimento a esta deciso, a Comisso ou qualquer outro Estado podem recorrer directamente ao TJ (88/2/#2)

Acrdo (228):

A deciso ou acrdo do tribunal limitam-se a declarar o incumprimento do Estado membro. O Estado deve tomar as medidas tendo em vista estabelecer a regularidade comunitria.

Caso no o faa, volta-se fase pr-contenciosa. A Comisso elabora nota de culpa ao Estado membro, d-lhe possibilidade de se defender e formula um parecer especificando os pontos do seu incumprimento do Acrdo e dando ao Estado um prazo para o cumprimento.

Se o Estado se mantiver em incumprimento (duplo incumprimento), a Comisso poder submeter ao TJ, que aplicar uma sano pecuniria ao Estado incumpridor.

ACO DE ANULAO

Meio essencial para assegurar a legalidade da ordem jurdica comunitria. Destina-se a provocar pelo Tribunal a legalidade comunitria, sancionando as violaes do direito comunitrio, cometidas pelas instituies (interesse pblico).

Meio de fiscalizao dos actos das instituies comunitrias.

Condies de admissibilidade da aco:

Relativas ao acto:

Actos adoptados pelo PE e Conselho em Conjunto;

Actos do Conselho;

Actos da Comisso

Actos do BCE;

Actos do PE destinados a produzir efeitos jurdicos relativamente a terceiros.

Todos os actos que produzam efeitos jurdicos obrigatrios e sejam susceptveis de afectar os interesses do decorrente, sendo indiferente a sua forma (no s os do 254), mas excluindo as recomendaes e pareceres (no produzem efeitos jurdicos obrigatrios).

Relativas pessoa que recorre:

Recorrentes institucionais ou privilegiados: Estados membros, PE, Conselho e Comisso (pq. beneficiam de um direito incondicional de aco, no tendo que fazer prova no seu interesse em impugnar o acto em questo);

Recorrentes semi-privilegiados: BCE, Tribunal de contas (podem impugnar qualquer tipo de acto, desde que tenha havido violao uma das suas prerrogativas);

Recorrentes ordinrios ou no privilegiados qualquer pessoa singular ou colectiva; s podem impugnar determinado tipo de actos:

- decises de que seja destinatria;

- decises contidas em regulamento (acto de alcance geral);

- decises dirigidas a outra pessoa que lhes digam directa e individualmente respeito. Esta expresso, segundo o TJ, tem em conta dois indcios:

A deciso diz directa e individualmente respeito a um particular quando:

1. De natureza objectiva ou no possvel determinar o nmero de destinatrios;

2. Outro de natureza subjectiva ou no possvel identificar os destinatrios;

3. Se as condies foram ou no determinantes na adopo do acto.

Consoante a resposta positiva ou negativa, o tribunal aceita ou no o recurso.

Digam directamente respeito aos particulares o acto em causa, embora no o tendo como destinatrio, tem por efeito prprio e imediato privar o recorrente de um direito ou impor uma obrigao, colocando-o em situao idntica que estaria caso fosse o destinatrio do acto o tribunal aceita o recurso.

Sobre esta questo no Site TJ:

Unio dos pequenos agricultores (UPA) Vs. Council 2002 Caso C-50/00

Jgo Qur Vs. Comisso Caso T 177/01

v. art 270/#4 da CUE (aco de anulao)

Relativas ao fundamento do recurso:

Incompetncia:

s.s. cada instituio actua nos limites das atribuies que lhes so conferidas (7: violao das regras de repartio de poderes entre os rgos comunitrios (a instituio tem que ter poder para produzir o acto recorrido e este ter sido adoptado por um rgo diferente do qual a tratado atribui competncia).

Violao de formalidades essenciais vcio de forma que atinge a formao e a externalizao do acto. Podem ser: irregularidades respeitantes aos requisitos do processo de formao do acto (253: acto do Conselho sem parecer do PE, acto do PE sem proposta da comisso, acto que no indique a fundamentao);

Violao do Tratado ou de norma jurdica relativa a sua aplicao comportamento activo ou omissivo. Pode ser erro quanto aos factos, erro de direito

Desvio de poder adopo de actos comunitrios por instituio comunitria com objectivo de atingir fim diverso daquele para o qual o acto devia ser adoptado.

Prazo: conta-se consoante o tipo de acto (254):

Acto publicado 2 meses a partir da publicao.

Acto notificado 2 meses da data do conhecimento do acto.

Se a aco for procedente o TJ anular o acto impugnado (231).

No h lugar reforma do acto, nem poder o TJ decidir em lugar da instituio.

A anulao pode ser total ou parcial (visando a totalidade do acto ou apenas algumas disposies).

A anulao total tem efeitos retroactivos, salvaguardando-se os efeitos j produzidos.

A deciso do TJ tem efeitos erga omnes, assegurando a conformidade da actuao das instituies com o ordenamento jurdico comunitrio.

A instituio de onde emana o acto anulado deve tomar as medidas adequadas execuo do acrdo do TJ.

ACO POR OMISSO

Controlar a legalidade da absteno de agir por parte das instituies comunitrias: controlar uma recusa tcita das instituies comunitrias em exercer uma competncia, adoptar uma conduta activa que prescrita pelo tratado (os actos a que esto obrigadas, no os actos que podem adoptar), seja qual for a natureza ou designao do acto.

Legitimidade passiva o PE, o Conselho, a Comisso;

Legitimidade activa:

- Recorrentes privilegiados (os Estados membros e outras instituies da comunidade) podem actuar contra qualquer absteno que no tenha sido adoptada e o tratado obrigue a adoptar;

- Recorrentes ordinrios (qualquer pessoa singular ou colectiva) s podem interpor a aco caso a instituio no lhe tiver dirigido uma deciso (ainda que assuma outra denominao).

Ex.: os processos de deciso so antecedidos de proposta. Esta no obrigatria, a Comisso pode no efectu-la. Neste caso, o Conselho pode solicitar Comisso que elabora uma proposta (208). Neste caso e se a Comisso no efectuar a proposta, o Conselho pode interpor uma aco por omisso.

Se a Comisso se abstiver de interpor uma aco por incumprimento, no pode ser interposta aco por omisso, porque a aco por incumprimento poder discricionrio da Comisso.

Regime processual (232):

Fase pr-contenciosa antes de recorrer ao tribunal o recorrente dever solicitar um pedido instituio em causa para que adopte a actuao a que est obrigada. Objectivos: levar a instituio a cumprir, fixar a atitude da instituio, fixar um prazo.

No h prazo de caducidade para esta aco, mas dever ser interposta durante a omisso da instituio.

Se a instituio s assim cumprir, actuando em conformidade com o que foi solicitado, o caso fica encerrado.

A instituio pode ainda:

- No tomar posio, deixando passar o prazo (silncio) o recorrente tem 2 meses para instaurar aco por omisso;

- Recusa actuar, justificando ou no interpe-se aco de anulao contra esta recusa;

- Adopta outro acto, que no o solicitado interpe-se aco de anulao contra esta recusa;

- No tomando posio, atravs de resposta em termos dilatrios, no se pronunciando quanto ao convite que lhe dirigido (vou estudar o caso) o recorrente tem 2 meses para instaurar aco por omisso;

Fase contenciosa propriamente dita:

Caso o recurso seja procedente, a instituio deve adoptar o acto que deu origem ao recurso.

MEIO DE DEFESA CONTRA REGULAMENTOS, ENQUANTO DECORRE UMA ACO (241)

S poder ser exercida contra actos gerais e abstractos;

Porqu? O art 230 fixa um prazo peremptrio de 2 meses para a impugnao dos actos comunitrios, da que o art 241 seja excepcional. Se as partes no impugnaram um acto no prazo de 2 meses, se no se previsse o regime do art 240, j no podero impugn-lo. Prev-se este meio, uma vez que os regulamentos no so directamente aplicveis, carecendo de um acto individual. Da que os particulares ponham em causa a deciso, impugnando o regulamento ilegal.

Tem que haver uma relao directa entre o acto geral e a medida directamente aplicvel.

O art 241 especialmente dedicado aos Estados.

H quem defenda a ilegitimidade dos recorrentes privilegiados no uso do 241. Argumentos:

- O art 241 tem apenas funo de proteger os particulares de decises adoptadas com base em regulamentos ilegais;

- Os recorrentes privilegiados podem atacar directamente os regulamentos em aco de anulao;

- Se se permitisse a qualquer recorrente o ataque aos regulamentos atravs do 241, ento no faria sentido o prazo do 230;

TJ: Acrdo cimental

- Os recorrentes privilegiados tm o direito de propor uma aco contra um regulamento e no o fizeram, no poderiam posteriormente faz-lo atravs do 241.

H quem defenda a legitimidade dos recorrentes privilegiados no uso do 241. Argumentos:

- O fundamento de que o art 241 tem apenas funo de proteger os particulares de decises adoptadas com base em regulamentos ilegais no encontra fundamento no 241;

- O prprio art refere que qualquer parte pode pr em causa. Se o art pretendesse limitar a legitimidade aos particulares, teria uma redaco semelhante aos anteriores (qualquer pessoa singular ao colectiva e no qualquer parte);

- O prazo de 2 meses muito curto, porque os vcios dos actos s so muitas vezes apercebveis aquando da aplicao do regulamento.

- O prazo previsto no 230/#3 no se aplica aos particulares no caso das dos regulamentos, uma vez que s os recorrentes privilegiados podem impugnar regulamentos ao abrigo daquele art. Assim, o art 241 no est redigido apenas para os particulares poderem impugnar regulamentos.

- Tambm a jurisprudncia do tribunal tem vindo a mudar, permitindo que particulares ataquem a legalidade de regulamentos ao abrigo do 241.

O art 241 no autnomo, s pode ser utilizado no mbito de um processo em que a parte que o invoca parte:

- Em caso de litgio aco de anulao, aco por incumprimento, aco por omisso, aco de indemnizao.

Aco de anulao os recorrentes podero deduzir a excepo de ilegalidade do regulamento em aco de anulao que instaurem contra medida individual de que sejam destinatrios. O pedido vai ser fundamentado na base jurdica da deciso (o regulamento cujo prazo de impugnao j passou). Se o regulamento for declarado inaplicvel, a deciso ser anulvel;

Recorrentes privilegiados podem instaurar aco de anulao contra medida de que