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OsValores:AnálisedaExperiênciaValorativa DIFERENÇAENTREFACTOEVALOR «As coisas são boas e más, melhores e pi ores, atractivas e re pele nt es , e nós, ao prefe rirmos umasàs outras ,percebemo sessabondadeoumaldadee atrásdelaslança mo- nos.Achamosprazer?Bemestá.Achamosdor?Sofremo-ladamelhoroupiorvontade(…) Esta faculdade de preferir, isto é, de perceber em todas as coisas uma auréola que as qual if ica de boas, s, melh ores, piores, atractivas, repele ntes é, talvez, uma função universaldetodooservivo.(…) O homem (…) per cebe em tor no de si um sem- número de coisas boas e más , um sem número de obj ectos bel os e fei os, grandi osos e mesqui nhos, nob res e vul gares. O nos so mundo não consta apenas (…) de coisas, mas dess as atrac ções e repul sas, que à nossa volta não param de afectar o nosso espírito. O mundo real e concreto, o mundo em que efectivamentevivemos.Nãoéoqueafísica,aquímica,amatemáticanosdescrevem,mas umimensoarsenaldebensedemales,comosquaisedificamosavida.(…)» MORENTE,M.G.,(1936) EnsaiosSobreoProgresso .Trad.JoaquimdeCarvalho.Lisboa:SearaNova. ÉNARELAÇÃOCOMOHOMEMQUEOSOBJECTOSADQUIREMVALOR «Nosentidodeesclarecerasuaessênciavejamoscomoovalorexistenascoisas(…)» atravésdoseguinteexemplo: «( …) A prata adqu ir e (…) um va lo r para nós na medida em que o seu modo de existênciasehumaniza,assumindopropriedadesquenãoexistemnoobjectoemsi,istoé, àmargemdarelaçãocomohomem.Temos,assim,certaspropriedadesnaturaisdoobjecto comoabrancura,obrilho,aductilidadeouamaleabilidadeaoladodasoutras,valiosas, quenelaexiste menquanto objectobelo, útiloueconómico. Asprimeiras i.e. anaturais exis tem nelas independentement e das segu ndas. Ou seja, existe na prata, por exemplo, ain da que o homem não a contempl e, trabalhe ou ut ilize; isto é indep endente de uma relação propriamente humana com ela. As propriedades que consideramos valiosas, ao cont rio, existem soment e bas eadas nas naturais que consti tuem com o seu br ilho, brancura, mal eabi lida de e duc til idade suport e nec ess ário del as, ou seja, da bel eza, da utilidadeoudovaloreconómico. Masestaspropriedadestambémpodemserchamadasdehumanas,porqueoobjecto queaspossuiexistecomotalemrelaçãoaohomem(i.e.seécontemplado,utilizadoou tr oca do por el e). Vale não como objec to em si, mas para o homem. Em suma: o objecto valioso não pode existir sem certa relação com o sujei to, nem indep endentement e das propriedadesnaturais,sensíveisefísicasquesustentamoseuvalor. VAZQUEZ,A.S.(1969), Ética. México:Grijalbo.  Prof.ª Joana Inês Pontes

Diferença entre Juízo de Facto e Juízo de Valor: os objectos valem por si?

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8/8/2019 Diferença entre Juízo de Facto e Juízo de Valor: os objectos valem por si?

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OsValores:AnálisedaExperiênciaValorativa

DIFERENÇAENTREFACTOEVALOR

«As coisas são boas e más, melhores e piores, atractivas e repelentes, e nós, ao

preferirmosumasàsoutras,percebemosessabondadeoumaldadeeatrásdelaslançamo-

nos.Achamosprazer?Bemestá.Achamosdor?Sofremo-ladamelhoroupiorvontade(…)Estafaculdadedepreferir,istoé,deperceberemtodasascoisasumaauréolaqueas

qualifica de boas, más, melhores, piores, atractivas, repelentes é, talvez, uma função

universaldetodooservivo.(…)

Ohomem(…)percebeemtornodesiumsem-númerodecoisasboasemás,umsem

número deobjectos belose feios, grandiosos emesquinhos,nobres e vulgares. O nosso

mundonãoconsta apenas(…) de coisas,mas dessasatracçõese repulsas,queànossa

voltanãoparamdeafectaronossoespírito.Omundorealeconcreto,omundoemque

efectivamentevivemos.Nãoéoqueafísica,aquímica,amatemáticanosdescrevem,mas

umimensoarsenaldebensedemales,comosquaisedificamosavida.(…)»

MORENTE,M.G.,(1936)EnsaiosSobreoProgresso .Trad.JoaquimdeCarvalho.Lisboa:SearaNova.

ÉNARELAÇÃOCOMOHOMEMQUEOSOBJECTOSADQUIREMVALOR

«Nosentidodeesclarecerasuaessênciavejamoscomoovalorexistenascoisas(…)»

atravésdoseguinteexemplo:

«(…) A prata adquire (…) um valor para nós na medida em que o seu modo de

existênciasehumaniza,assumindopropriedadesquenãoexistemnoobjectoemsi,istoé,

àmargemdarelaçãocomohomem.Temos,assim,certaspropriedadesnaturaisdoobjecto

–comoabrancura,obrilho,aductilidadeouamaleabilidade–aoladodasoutras,valiosas,

quenelaexistemenquantoobjectobelo,útiloueconómico.Asprimeiras–i.e.anaturais–

existem nelas independentemente das segundas. Ou seja, existe na prata, por exemplo,

ainda que o homem não a contemple, trabalhe ou utilize; isto é independente de uma

relação propriamente humana com ela. As propriedades que consideramos valiosas, ao

contrário, existem somente baseadas nas naturais que constituem – com o seu brilho,

brancura, maleabilidade e ductilidade – suporte necessário delas, ou seja, da beleza, da

utilidadeoudovaloreconómico.

Masestaspropriedadestambémpodemserchamadasdehumanas,porqueoobjecto

queaspossuisóexistecomotalemrelaçãoaohomem(i.e.seécontemplado,utilizadoou

trocadoporele).Vale não comoobjecto em si,maspara ohomem.Em suma:oobjecto

valioso não pode existir sem certa relação com o sujeito, nem independentemente das

propriedadesnaturais,sensíveisefísicasquesustentamoseuvalor.

VAZQUEZ,A.S.(1969),Ética.México:Grijalbo.

 

Prof.ª Joana Inês Pontes