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ANA LÚCIA DE MATTIA Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação (Mestrado) da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo Orientadora: Drª MARIA ALICE FORTES GATTO SÃO PAULO 1998 DIMENSIONAMENTO DE PESSOAL DE ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO

Dimensionamento de Pessoal em Centro Cirurgico

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Gestão de Pessoas

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  • ANA LCIA DE MATTIA

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao (Mestrado) da Escola de Enfermagem da Universidade de So Paulo

    Orientadora: Dr MARIA ALICE FORTES GATTO

    SO PAULO 1998

    DIMENSIONAMENTO DE PESSOAL DE ENFERMAGEM EM CENTRO CIRRGICO

  • ANA LCIA DE MATTIA

    Ao Autor da Vida, cuja riqueza de sabedoria e

    conhecimento so inescrutveis.

    minha me Joanna Antunes De Mattia,

    pela constante dedicao e amor.

    Ao meu pai Walter De Mattia,

    que onde estiver, sei que torce por mim.

  • Dr Maria Alice Fortes Gatto, pela dedicao, valiosa orientao e

    ensinamentos de vida.

  • AGRADECIMENTOS

    Dra Maria Alice Fortes Gatto, pela sua orientao e amizade, sem a qual este estudo no seria realizado.

    Dra Raquel Rapone Gaidzinski, por sua inestimvel ajuda, orientaes e incentivo.

    Dra Vanda Maria Galvo Jouclas, pela sua contribuio no exame de qualificao e na formao profissional.

    Dra Kazuko Uchikawa Graziano, pela sua colaborao e dedicao.

    Dra Estela Regina Ferraz Bianchi, pela formao profissional e ajuda em lngua inglesa.

    Dra Tamara Iwanow Cianciarullo, pela oportunidade de crescimento.

    enfermeira Maria Lcia Habib Paschoal e demais enfermeiras e funcionrios do Hospital estudado, pela ateno, colaborao, profissionalismo e fornecimento de preciosas informaes.

    Ao Raul Gaidzinski, pela ajuda nas frmulas matemticas.

    Aparecida Rosa Souza Tarabola, Helena Tieko Fugii e Silvia Regina de Andrade, da secretaria de Ps-Graduao, pela ateno e dedicao.

  • Ao Walter, pelo seu companheirismo e amor, nesta jornada.

    minha irm Adelaide, meu cunhado Geraldo e minhas sobrinhas Mariana e Alessandra, por serem minha fiel torcida.

    minha amiga Maria Helena, pelo apoio e amizade nos momentos de apreenso.

    enfermeira e amiga Jeane, pela colaborao no incio do curso de Mestrado.

    Rosirene Gonalves, do Hospital estudado, pela dedicao e colaborao.

    s docentes do Departamento ENC da EEUSP, pelo apoio.

    A todos os pacientes que na trajetria de minha vida profissional, estiveram sob os meus cuidados.

    Agradeo a todos que direta ou indiretamente colaboraram para que a realizao deste trabalho fosse possvel.

  • SUMRIO

    Pgina

    Lista de Tabelas

    Lista de Grficos Lista de Quadros Resumo

    Abstract

    Apresentao

    1 - INTRODUO....................................................................................... 1 1.1 O Centro Cirrgico e a Enfermagem Perioperatria............................ 1

    1.2 A Qualidade e a Enfermagem no Perioperatrio................................. 12 1.3 Recursos Humanos e a Enfermagem Perioperatria............................ 18

    1.4 O Clculo de Pessoal.......................................................................... 22

    1.4.1. Baseado na Estrutura de Servios............................................ 22

    1.4.2. Baseado na Carga Horria e Movimento Cirrgico.................. 24

    1.4.3. Baseado na Identificao das Horas de Enfermagem por Categoria Profissional.............................................................

    29

    2 - OBJETIVOS........................................................................................... 34 3 - MATERIAL E MTODO...................................................................... 35

    3.1 Campo de Estudo................................................................................ 35

    3.2 Fonte de Dados................................................................................... 36

    3.3 Coleta de Dados................................................................................. 38

    Instrumentos...................................................................................... 38

  • 3.4 Procedimento...................................................................................... 39

    3.4.1. Identificao da Capacidade Cirrgica segundo o Movimento Cirrgico.................................................................................

    41

    Capacidade Estrutural............................................................ 41

    Capacidade Operacional........................................................ 41

    Capacidade de Utilizao....................................................... 42

    3.4.2. Identificao da Capacidade Anual de Horas de Enfermagem no Centro Cirrgico................................................................

    43

    Carga Horria Anual (CHA)................................................... 43 Horas de Dedicao Exclusiva S.O...................................... 43

    Percentual de Ausncias......................................................... 44

    3.4.3. Identificao das Horas de Enfermagem por Categoria Profissional.............................................................................

    45

    3.4.4. Associao da Capacidade Cirrgica com a Capacidade e Horas de Enfermagem e por Categoria Profissional.................

    48

    3.5 Anlise dos Dados.............................................................................. 49

    4 - APRESENTAO DOS RESULTADOS E DISCUSSO................... 50 4.1 Identificao da Capacidade Cirrgica segundo o Movimento Anual

    de Cirurgias........................................................................................

    50

    4.2 Identificao da Capacidade Anual de Horas de Enfermagem (CHE). 63 4.3 Identificao das Horas de Enfermagem por Categoria Profissional

    (qc).....................................................................................................

    69

    4.4 Associao da Capacidade Cirrgica com a Capacidade de Horas de Enfermagem (CHE) e por Categoria Profissional................................

    77

    5 - CONCLUSES....................................................................................... 81 6 - CONSIDERAES FINAIS.................................................................. 84 7 - REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS................................................... 85

    ANEXOS................................................................................................. 90

  • Lista de Tabelas

    Pgina

    Tabela 1 - Distribuio das cirurgias realizadas, segundo o tipo de agendamento, no Centro Cirrgico, So Paulo, 1997..................

    52

    Tabela 2 - Distribuio das cirurgias realizadas, segundo o perodo do dia de entrada do paciente no Centro Cirrgico, So Paulo, 1997.....

    54

    Tabela 3 - Distribuio das horas de utilizao de S.O., limpeza e utilizao de R.A, no Centro Cirrgico, So Paulo, 1997...........

    58

    Tabela 4 - Distribuio dos motivos que os pacientes no utilizaram a R.A, no Centro Cirrgico, So Paulo, 1997................................

    61

  • Lista de Grficos

    Pgina

    Grfico 1 - Distribuio dos motivos de suspenses de cirurgias, no Centro Cirrgico, So Paulo, 1997...........................................

    56

    Grfico 2 - Distribuio do tipo de anestesia realizada, segundo os meses do ano, no Centro Cirrgico, So Paulo, 1997..........................

    60

  • Lista de Quadros

    Pgina

    Quadro 1 - Demonstrativo do quadro de pessoal de enfermagem por categoria profissional e turno de trabalho, do Centro Cirrgico, So Paulo, 1997.......................................................

    63

    Quadro 2 - Demonstrativo dos dias e percentuais das ausncias previstas e no previstas da equipe de enfermagem, do Centro Cirrgico, So Paulo, 1997.......................................................................

    67

    Quadro 3 - Comparao entre as horas do movimento cirrgico e carga horria de enfermagem, do Centro Cirrgico, So Paulo, 1997.

    78

  • RESUMO

    O estudo do dimensionamento de pessoal de enfermagem em Centro Cirrgico

    (CC), foi realizado segundo o movimento anual de cirurgias, com os objetivos de: calcular a capacidade anual de horas de enfermagem no C.C.; identificar as horas

    de assistncia de enfermagem em C.C. por categoria profissional e associar a

    capacidade de horas de enfermagem anual e por categoria profissional com o

    tempo de utilizao de C.C. Foi desenvolvido em um Hospital Universitrio,

    geral, voltado para assistncia secundria, no municpio de So Paulo. O C.C.

    desenvolve a Sistemtica da Assistncia de Enfermagem Perioperatria (SAEP), para o cuidado sistematizado e individualizado ao paciente cirrgico, com visita

    pr-operatria e ps-operatria, realizada pelo enfermeiro do CC; assistncia

    intra-operatria prestada ao paciente pelo enfermeiro e auxiliar de enfermagem;

    assistncia no ps-operatrio imediato na RA e transporte do paciente at a sua

    unidade de destino. A assistncia indireta ao paciente tambm realizada, como

    os cuidados com o ambiente, administrao de recursos materiais e humanos. Os

    dados foram obtidos por meio de entrevista com a enfermeira-chefe do C.C.,

    levantamento nos registros do movimento cirrgico, escalas de pessoal e fichas

    com dados das ausncias previstas e no previstas do pessoal de enfermagem. A

    anlise foi desenvolvida em quatro etapas: identificao da capacidade cirrgica

    segundo o movimento anual das cirurgias; identificao da capacidade anual de

    horas de enfermagem no C.C.; associao das horas de assistncia de enfermagem

    por categoria profissional e capacidade cirrgica. Os resultados possibilitaram as

    seguintes identificaes: a capacidade cirrgica, caracterizada pela capacidade estrutural de 87.600 horas, capacidade operacional de 33.627,22 horas e

    capacidade de utilizao de 12.246,95 horas; a capacidade anual das horas de

    enfermagem 35.749,03 horas; as horas de assistncia de enfermagem na

  • categoria enfermeiro 1,69 horas por paciente e na categoria de auxiliar de

    enfermagem com 6,95 horas por paciente. O percentual de ausncias foi 39,72%, para um movimento cirrgico em dias teis de 2.711 cirurgias, obteve-se um

    mdia de 10.839,53 horas de utilizao de CC, com 4.581,59 horas de assistncia de enfermagem para a categoria enfermeiro e 18.841,45 horas de assistncia de enfermagem para categoria auxiliar de enfermagem. Este estudo tem por

    finalidade contribuir para a composio do quadro de pessoal de enfermagem,

    mais prximo realidade, evitando sobrecargas dos trabalhadores ou perodos de

    ociosidade.

    PALAVRAS- CHAVES

    Administrao em Enfermagem Dimensionamento de Pessoal Centro Cirrgico

  • ABSTRACT

    The proposal of this study is to verify the need of nursing staff in Operating Room

    Department, to identify the utilization time of Operating Rooms (OR) through annual surgeries number; to calculate annual number of nursing staff in OR; to

    identify number of hours of nursing care in OR done by each professional

    categories and to associate number of hours of nursing by each professional

    category with OR utilization time. This research was done in University Hospital

    which is general and provide secondary assistence in So Paulo city. The Or used

    Perioperative Nursing System to systematize and individualized nursing care to

    surgical patient. The system components are: pre and post operative visits realized

    by OR registered nurse; intraoperative nursing care by Registered nurse and

    ancillary nurse; immediate post-operative nursing care and transport of patient to

    specific unit. Other activities that are realized by nursing staff are: preparatio and

    cleaness of OR, management of material andhuman recources in onder to improve

    the nursing care in operating room department. The data was ostained using

    interview with OR head-nurse and analysing records of surgeries, nursing staff

    schedute and absenteism. The data was analysed in four fases: identification of

    surgical capacity in relation of annual number of surgeries; identification of

    annual number of OR nursing hours; identification of number of nursing care hour

    per each professional category and association of surgical capacity with number

    of surgeries that would be done. The results showed these conclusions: number of

    surgeries was 87.600 hours in structural capacity; 33.627,22 hours in operational

    capacity and 12.246,22 in utilization capacity. The annual nursing capacity is

    35.749,03 hours; the number of hours by Registered nurse is 1,69 hours each patient; to the ancillary nurse is 6,95 hours each patient. The absenteism rate was 39,72%. Analysing the number of surgeries realized in week days is 2.711

  • surgeries with 10.893,53 hours in average of OR utilization; 4.581,59 hours of Registered nurse care and 18.841,45 hours of ancillary nurse care. The goal of this study is to analyse the number of nursing staff in OR through comparation of

    surgical capacity and nursing care hours.

    KEY WORDS: Nursing Management - Nursing staff - Operating Room

  • APRESENTAO

    O desenvolvimento desse estudo foi incentivado pela necessidade de

    melhor compreender o dimensionamento de pessoal em centro cirrgico (C.C.), uma vez que as tarefas executadas no perodo perioperatrio so inmeras e

    complexas, exigindo recursos tanto quantitativamente, como qualitativamente

    adequados.

    No decorrer de 17 anos de profisso como enfermeira, sendo que 9

    deles dedicados a assistncia perioperatria, pude constatar que o

    dimensionamento de pessoal na enfermagem uma tarefa difcil em qualquer rea

    do hospital. Mas quando falamos de C.C. o nvel de dificuldade aumenta, devido a

    sua complexidade e oscilaes do movimento cirrgico, e pela falta de

    indicadores especficos que orientem os enfermeiros a dimensionar o pessoal,

    visando a qualidade na assistncia perioperatria.

    A mesma inquietude foi percebida no convvio com outros

    profissionais durante o Curso de Especializao em C.C. e em reunies

    cientficas, quando eram apontadas as dificuldades em dimensionar de forma

    efetiva o pessoal de enfermagem em C.C., principalmente aps a realizao das

    tcnicas cirrgicas mais recentes.

  • O avano cientfico e tecnolgico, tm favorecido o sucesso dos

    procedimentos cirrgicos modernos, como os transplantes de rgos e as

    videocirurgias e exigem uma adequao quanto ao dimensionamento de pessoal e

    qualificao dos profissionais que atuam nessa rea.

    A partir dessas experincias, surge o interesse em estudar o dimensionamento de

    pessoal em C.C., para que o cuidado de enfermagem ao paciente no perodo

    perioperatrio seja oferecido com qualidade e segurana.

  • 1 - INTRODUO

    1.1 - O Centro Cirrgico e a Enfermagem Perioperatria

    A enfermagem perioperatria tem uma imagem e uma prtica que vm

    de longa data. As atividades so desenvolvidas nos perodos pr-operatrio

    imediato, transoperatrio e ps-operatrio imediato e so fundamentadas no

    processo de enfermagem. Neste processo a enfermeira engaja-se na elaborao do histrico de enfermagem do paciente: identifica, organiza e prioriza os dados do

    paciente; estabelece demanda de cuidados de enfermagem e o diagnstico de

    enfermagem; identifica os resultados desejados pelo paciente e enfermeiro; desenvolve e implementa um plano de cuidados de enfermagem e avalia aqueles

    cuidados segundo os resultados alcanados (LADDEN, 1997).

    Nos relatos da experincia norte - americana sobre a abrangncia da

    assistncia perioperatria de enfermagem, observa-se que em seu escopo mais

    amplo, o cuidado de enfermagem pode iniciar - se no lar do paciente, ou no

    consultrio mdico. Aps a interveno cirrgica, o cuidado de enfermagem

    continua com a assistncia ps-anestsica e a avaliao ps-operatria do

    paciente, na enfermaria. Quando a enfermagem perioperatria praticada num sentido mais restrito, as atividades de cuidado ao paciente so confinadas s reas

    do C.C. O histrico e a coleta de dados podem ocorrer na recepo do C.C., a

    avaliao pode ser feita no momento da transferncia para a recuperao

    anestsica. Independente do modo como a enfermagem perioperatria

    operacionalizada no servio de assistncia sade, ela apoia-se no processo de

    enfermagem e todas as atividades inerentes a este processo (LADDEN, 1997).

  • Uma breve reviso histrica feita por OETKER-BLACK (1993), sobre os cuidados de enfermagem ao paciente cirrgico, identifica 4 perodos

    importantes:

    de 1900 a 1919, a preparao do paciente para cirurgia se dava principalmente

    em sua casa, o paciente tomava banho de sol, fazia uma hiperalimentao e

    repousava determinados perodos para o preparo do corpo. A enfermeira

    chegava casa do paciente poucas horas antes da cirurgia, escolhia o quarto

    mais adequado e o preparava, esvaziando-o da moblia, fervia as lminas e

    instrumentais, e acalmava o paciente. A enfermeira tambm providenciava a

    histria pessoal e familiar do paciente, embora pouco se ensinava ao paciente.

    entre 1920 e 1939, os mdicos afiliaram-se aos hospitais, e inicia-se um

    modelo mnimo de preparo pr-operatrio do paciente aplica-se o conceito de

    consentimento do paciente para cirurgia e organiza-se as salas de operaes

    (S.0.) e instrumentos utilizados. Os manuais de enfermagem sobre os cuidados ao paciente cirrgico incluam a anatomia, fisiologia, fisiopatologia,

    tratamento clnico e cirrgico e as intervenes de enfermagem.

    entre 1940 e 1959 ocorrem muitas descobertas cientficas na clnica; os cuidados de enfermagem ao paciente cirrgico tornaram-se mais complexos; a

    educao do paciente foi incorporada no preparo pr-operatrio; as

    necessidades individuais foram enfatizadas, e a preparao psicolgica foi

    amplamente reconhecida como importante.

    de 1960 a 1979, a pesquisa em enfermagem foi enfatizada. As primeiras

    pesquisas abordavam a necessidade do preparo pr-operatrio e a recuperao

    ps-operatria. As necessidades emocionais do paciente e as orientaes pr-

    operatria individuializada foram validadas pela pesquisa em enfermagem.

  • O perodo atual marcado por imensos desafios para a enfermagem do

    C.C. Dentre esses, SHEWCHUK (1997) relata a dificuldade da incorporao de novas tecnologias e a velocidade das mudanas que interferem diretamente na

    prtica da assistncia perioperatria. As modificaes atingem desde os

    procedimentos bsicos como a paramentao e degermao at a organizao dos

    servios para um atendimento mais eficiente, seguro e adequado ao paciente

    cirrgico.

    SHEWCHUK (1997), faz referncias ao perfil da enfermeira perioperatria do prximo milnio salienta a importncia da diminuio do stress

    do trabalho adotando vrios suportes para o desempenho de seu papel. Dentre

    eles: coerncia, comunicao, adaptao, experincia profissional, destreza,

    responsabilidade profissional, planos de melhorias para o futuro, aprimoramento

    do conhecimento de enfermeiros e equipe multidisciplinar e utilizao da

    informtica. Esses suportes auxiliaro a enfermeira a desenvolver-se nos campos

    poltico e tcnico.

    O modelo biomdico, rgido e severo tende a desaparecer, dando lugar

    ao enfermeiro do futuro, voltado para a humanizao da assistncia

    perioperatria, fazendo uso melhor da comunicao verbal e no verbal

    (SHEWCHUK, 1997).

  • JOUCLAS (1987), afirma que a prtica, caminhando junto teoria, tem mostrado o espao do enfermeiro como determinante para a otimizao de

    qualidade da assistncia ao paciente em tratamento cirrgico, desde que esse

    espao lhe permita assumir seu papel assistencial, com a autonomia que lhe

    garantida por sua condio profissional.

    O desenvolvimento da assistncia perioperatria de enfermagem requer

    uma base de conhecimento ampla e a necessidade de incorporar as experincias, a

    diversidade de pensamento e de ao, a agilidade e a flexibilidade necessrias ao

    desempenho (LADDEN, 1997). A enfermeira depende do conhecimento acumulado nas reas de anatomia cirrgica, repercusses do trauma anestsico-

    cirrgico, fatores de risco e as implicaes psicossociais da cirurgia, bem como da

    compreenso dos desafios trazidos pelas necessidades do paciente ou da equipe.

    Os conhecimentos adquiridos capacitam a enfermeira para iniciar as aes de

    enfermagem perioperatria, (LADDEN, 1997).

    O termo enfermagem perioperatria, tm sido amplamente aceito.

    Oriundo do trabalho da Associao Norte-Americana de Enfermeiros de Centro

    Cirrgico (Association of Operating Room Nurses - AORN), tem ajudado a definir e elucidar as atividades de enfermagem durante as trs fases da assistncia

    ao paciente: pr-operatria, intra-operatria e ps-operatria (LADDEN,1997).

    Em 1949 foi fundada a AORN na cidade de New York, EUA, cujos propsitos iniciais foram:

    1. estimular os enfermeiros de S.O. de outras partes do continente a formarem

    grupos similares;

    2. relacionar conhecimento e tecnologia em enfermagem;

  • 3. promover ao paciente cirrgico uma tima assistncia atravs de um programa

    educacional;

    4. formar um corpo de conhecimento para os enfermeiros de S.O.;

    5. motivar a troca de experincias entre os enfermeiros de S.O.;

    6. contribuir para o crescimento de todos os profissionais de S.O. (GROAH apud GALVO, 1989).

    Na dcada de 60, a AORN concentrou seus esforos na formao de

    enfermeiros e treinamento de pessoal auxiliar de S.O.; na dcada de 70 a

    associao expandiu suas atividades passando a se preocupar com a padronizao

    dos procedimentos de enfermagem em S.O. Em resposta necessidade de padres

    que garantam a qualidade do cuidado ao paciente, a AORN e ANA (American Nurses Association) publicaram, em 1975, os Padres da Prtica de Enfermagem em Sala de Operao, baseados no processo de enfermagem, com objetivo de promover qualidade no perodo perioperatrio. Concomitantemente, a AORN

    formula e publica os Padres de Tcnicas Asspticas da Prtica em S.O., os

    quais servem como guia para desenvolver normas e procedimentos relacionados a

    tcnica assptica para todos os setores do hospital. Houve ainda a necessidade de

    definir padres para a administrao da assistncia de enfermagem na S.O. Assim,

    em 1976, a AORN publicou os Padres de Administrao da Assistncia de

    Enfermagem na S.O.

    Os padres sofrem revises e so atualizados conforme a necessidade,

    a cada 2 anos, respeitando as seguintes diretrizes:

    1. Qualidade da assistncia que deve ser planejada, implementada e avaliada, adotando critrios baseados em custo-benefcio.

  • 2. Dimensionamento e qualificao do pessoal de enfermagem em nmero

    suficiente, com habilidade e conhecimentos adequados s necessidades dos

    pacientes.

    3. Organizao de um ambiente teraputico e seguro para os pacientes e

    profissionais.

    4. Dimensionamento e qualificao dos equipamentos e suprimentos adequados

    para todos os procedimentos cirrgicos.

    5. Desenvolvimento de protocolos de enfermagem, avaliados e revisados.

    6. Criao de oportunidades educativas que encorajam a motivao individual e o crescimento profissional (AORN, 1995).

    No Brasil, a produo de conhecimentos na enfermagem em C.C.,

    embora tenha iniciado na dcada de 30, evoluiu com certa lentido at os anos 80,

    quando o impulso das Jornadas de Enfermagem em Centro Cirrgico, realizadas

    em 1987, 1988, 1989, 1990 e 1991, intensificou esforos individuais e grupais na

    identificao e estudo de problemas inerentes rea de trabalho, desencadeando o

    processo investigao, resultando no crescimento da sua produo cientfica

    (AVELAR; JOUCLAS, 1994).

    As Jornadas de Enfermagem em Centro Cirrgico eram organizadas

    pelo Grupo de Interesse de Enfermeiros de Centro Cirrgico (GIECC), transformando-se em Sociedade Brasileira de Enfermeiros em Centro Cirrgico

    (SOBECC ), em 4 de setembro de 1991; passando a partir dessa data, realizar a cada dois anos o Congresso Brasileiro de Enfermagem em Centro Cirrgico,

    realizados em 1993, 1995 e 1997. Nos Congressos de Enfermagem em Centro Cirrgico, alm da divulgao das pesquisas na rea de C.C., so realizadas as

  • provas de especialistas, conferindo o ttulo para os enfermeiros aprovados com

    mais de cinco anos de experincia na rea de C.C. Os cursos de especializao em

    Enfermagem em Centro Cirrgico, tambm tm contribudo para o avano do

    conhecimento e da pesquisa; outro meio de divulgao a Revista SOBECC,

    um veculo dirigido aos scios da entidade, instituies universitrias e

    hospitalares; alm dos artigos cientficos, h tambm entrevistas, caderno AORN

    e sees diversas.

    Trabalhos tm sido desenvolvidos com o propsito de melhoria da

    assistncia de enfermagem perioperatria. A Sistemtica de Assistncia

    Perioperatria (SAEP) representa a metodologia utilizada para atingir as metas profissionais dos enfermeiros do C.C. Est baseada em uma filosofia que

    representa a operacionalizao dos conceitos de assistncia de enfermagem

    integral, continuada, participativa, individualizada, documentada e avaliada,

    compreendendo:

    1. Avaliao pr-operatria - realizada atravs dos dados obtidos durante a

    entrevista com o paciente a ser operado;

    2. Identificao dos problemas - efetuada por meio da listagem dos problemas

    que devero ser assistidos no perodo transoperatrio;

    3. Planejamento da assistncia de enfermagem - determinao das aes que devero ser desenvolvidas;

    4. Implementao da assistncia de enfermagem - desenvolvida atravs de aes

    de enfermagem: fazer, ajudar, orientar, supervisionar e encaminhar, durante o perodo transoperatrio;

  • 5. Avaliao ps-operatria - realizada atravs dos dados obtidos durante o desenvolvimento da visita ps-operatria, efetuada geralmente durante o 2 dia

    de ps-operatrio (CASTELLANOS; JOUCLAS; GATTO, 1986).

    CASTELLANOS; JOUCLAS, (1990) definiram os termos para a enfermagem em C.C., sendo:

    Perodo perioperatrio, compreende os perodos pr-operatrio imediato,

    transoperatrio, intra-operatrio, recuperao anestsica e ps-operatrio

    imediato.

    Perodo pr-operatrio imediato, compreende desde a vspera da cirurgia at o

    momento em que o paciente recebido no C.C.

    Perodo transoperatrio, compreende desde o momento em que o paciente

    recebido no C.C, at o momento em que encaminhado para sala de

    recuperao anestsica.

    Perodo intra-operatrio, compreende desde o momento do incio at o final da

    anestesia.

    Perodo de recuperao anestsica, compreende desde o momento da alta do

    paciente da sala de operaes at a sua alta da sala de recuperao anestsica.

    Perodo de ps-operatrio imediato, compreende desde a alta do paciente da

    sala de recuperao anestsica at as primeiras 48 horas ps-operatrias.

  • Padres de Enfermagem Perioperatria

    Os padres assistenciais englobam trs elementos: estrutura, processo e

    resultado. Na estrutura so descritas as caractersticas organizacionais,

    contabilidade administrativa e fiscal, qualificao de pessoal e exigncias

    ambientais (Padres da Prtica Administrativa Perioperatria).

    Nos processos esto relacionadas as atividades de enfermagem,

    intervenes e interaes que so usadas para explicitao clnica, profissional e

    qualificao de objetivos da enfermagem perioperatria (Padres da Prtica Clnica Perioperatria; do Desempenho Profissional Perioperatrio e da Melhoria

    da Qualidade).

    Nos resultados so identificadas as respostas fisiolgicas e psicolgicas

    do paciente s intervenes de enfermagem. Os resultados do paciente so

    indispensveis indicadores de qualidade da assistncia de enfermagem, (Padres de Resultados Esperados: Modelos de Assistncia Perioperatria).

    Dentro da estrutura (Prtica Administrativa Perioperatria) o padro VIII refere-se diretamente aos recursos humanos:

    Padro VIII

    A administrao da S.O. responsvel pelo conhecimento de

    necessidades e seleo de pessoal e pelo planejamento adequado de recursos humanos.

  • Interpretao:

    O dimensionamento da equipe uma funo administrativa. Padres de

    dimensionamento, de seleo e de utilizao de pessoal visam o bem estar do

    consumidor, efetividade e eficincia da instituio e o custo do cuidado sade.

    A estimativa de pessoal depende do tamanho da instituio e da amplitude do

    servio.

    Critrios:

    1 - As necessidades e normas da equipe so determinadas por:

    a) filosofia, finalidade e objetivos, do servio;

    b) complexidade das necessidades do consumidor;

    c) extenso dos servios;

    d) recursos disponveis.

    2 - Seleo do pessoal determinada por:

    a) filosofia e objetivos que guiam a qualidade do cuidado a ser prestado;

    b) poltica salarial da instituio e departamento;

    c) necessidade de trabalho;

    d) frias;

    e) qualificao;

    f) disponibilidade.

  • 3. A utilizao de recursos humanos coerente com as necessidades do

    consumidor, com a natureza das funes de apoio e com as necessidades da

    instituio.

    No Brasil, na rea de enfermagem perioperatria no existe o

    estabelecimento de padres relacionados a recursos humanos, claramente

    definidos, o dimensionamento de pessoal tem se baseado no Sistema de

    Classificao de Pacientes (SCP) que pode ser entendido como uma forma de determinar o grau de dependncia de um paciente em relao equipe de

    enfermagem, objetivando estabelecer o tempo necessrio para o cuidado direto e indireto, bem como o qualitativo do pessoal, para atender s necessidades bio-

    psico-scio-espirituais do paciente. A noo de classificao de pacientes foi

    considerada a partir de um trabalho realizado pela Escola de Enfermagem de

    Pittsburgh, para pacientes com diagnsticos de clnica mdica e cirrgica. No

    Brasil o SCP foi introduzido por Ribeiro, 1972, como critrio para

    dimensionamento de pessoal em enfermagem (GAIDZINSKI, 1994).

    Nos trabalhos relacionados avaliao da qualidade dos servios

    prestados na rea hospitalar, a necessidade de pessoal qualificado e

    adequadamente dimensionado apontada como um aspecto importante para a

    satisfao dos pacientes e dos trabalhadores; para o aumento da segurana dos

    procedimentos, melhoria da produtividade e reduo de custos.

  • 1.2 - A Qualidade e a Enfermagem no Perioperatrio

    Qualidade reconhecidamente um termo ao qual se atribui valor subjetivo, sendo hoje apresentado como algo que varia praticamente de interlocutor para interlocutor. No entanto, situando essa discusso no Brasil do

    final do sculo, isso no invalida critrios mais objetivos, como aqueles da Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT) e ou do incio da aceitabilidade das normas da International Standards Organization (I S O). Por outro lado, o senso comum ainda assume o termo como um atributo,

    frequentemente com conotao positiva, de qualquer pessoa ou coisa. Em

    dicionrios da lngua portuguesa (Ferreira, 1986), francesa (Maubourguet, 1990) e inglesa (Woolf, 1979) as definies comeam por apresentar a palavra como uma prioridade, atributo ou condio que distingue uma pessoa ou uma coisa de outras

    e lhe determinam a natureza (MALIK, 1996).

    Segundo MALIK, (1996) na rea tcnica, aparentemente consensual atribuir os primeiros esforos a respeito de qualidade em sade como devidos

    Florence Nightingale, na guerra da Crimia. Do ponto de vista da cultura

    organizacional do setor, esto a o primeiro grande mito e herona. Mais

    recentemente, entre os trabalhos mais acessveis, encontra-se a discusso na

    indstria, aparentemente onde se inicia o trabalho dos grandes autores da rea

    (Deming, 1990; Jurn, 1989; Ishikava, 1985), na sade, mais voltada avaliao da assistncia mdico-hospitalar (Donabedian, 1993) e at na aplicao mais direta dos princpios da qualidade industrial rea da sade (Berwick, 1991), e uma leitura mais crtica nacional (Nogueira, 1994).

  • Em 1950, aps a segunda guerra mundial, a indstria japonesa contratou dois norte-americanos, Deming e Jurn, para que fizessem um projeto para a melhoria da qualidade de seus produtos no mercado. Na dcada de 60, o

    controle da qualidade se estende a todas empresas japonesas e atinge o mundo, chegando dcada de 80, com a implementao do chamado Gerenciamento da

    Qualidade Total, em diversas empresas e este passa ento, a ser aplicado no somente para produtos, mas tambm para servios. Frente ao sucesso obtido, em

    1987, em Boston, realizou-se uma reunio com 21 organizaes de sade, com o

    intuito de seguir o exemplo japons, aplicando-o no setor sade. Como decorrncia dessa reunio, Berdwick lanou em 1991 o primeiro livro sobre a

    gesto de qualidade nos servios de sade. O ponto principal da gesto de

    qualidade que ela no deve acarretar elevao de custos, mas sim aumentar a

    produtividade (NOGUEIRA, 1994).

    Pensar esta questo, segundo DONABEDIAN, (1993); visualizar os sete pilares da qualidade em sade, que so: eficcia, efetividade, eficincia,

    otimizao, aceitabilidade, legitimidade e equidade.

    A gesto da qualidade por sua vez, pode causar vrios impactos na

    administrao dos hospitais, conforme cita AZEVEDO (1992), sendo: achatamento das estruturas organizacionais, valorizao do pessoal operativo,

    particularmente a enfermagem, padronizao de procedimentos diagnsticos e

    teraputicos e informatizao da assistncia sade.

    Segundo MALIK (1996), o tema qualidade em sade se presta a uma quantidade enorme de interpretaes. Sua abrangncia passa pela temtica da

    Constituio Brasileira de 1988, que associa claramente (embora de maneira implcita) a definio de sade qualidade de vida.

  • Na rea de sade a avaliao j um conceito claramente trabalhado, sendo conhecido em boa parte dos cursos da rea, o clssico modelo de

    Donabedian baseado em estrutura, processo e resultado. Para esse autor, o modelo

    se justifica pois as trs reas so claramente inter-relacionadas. Naturalmente cabe a ressalva de que, melhorando a estrutura aumenta a probabilidade de o processo e

    o resultado serem mais adequados, porm uma boa estrutura est longe de garantir

    um bom resultado. Da mesma forma, estrutura inadequada apenas atrapalha o

    processo, mas no impede sua realizao (MALIK, 1996).

    Uma forma de agregar mais claramente o modelo de Donabedian ao da

    qualidade incorporar s suas variveis bsicas (estrutura, processo e resultado) outras caractersticas, desta vez adjetivas: tcnicas e interpessoais. Do ponto de vista tcnico, estrutura significa disponibilidade de equipamento, qualidade e

    quantidade de recursos humanos, tamanho, gesto, se pblico ou privado.

    Processo por sua vez envolve acurcia de diagnstico, adequao do tratamento e

    condutas. Quanto ao resultado tecnicamente se avaliam mortalidade e morbidade, aumento ou reduo no estado de sade ou funo, distribuio de ocorrncias

    adversas e obteno de recursos (MALIK, 1996).

    Da tica interpessoal, estrutura envolve o impacto das novas

    tecnologias sobre os papis profissionais e o aparecimento de novas funes. O

    processo nesse caso, envolve relaes de comunicao e formas de

    relacionamento dos profissionais e da organizao com pacientes e suas famlias.

    Resultados so aferveis por meio da observao da satisfao dos pacientes e das

    famlias, dos encaminhamentos recebidos, do cumprimento das prescries e dos

    retornos em novos episdios de doena e da obteno de recursos. Do prisma da

    disponibilidade de fatores menos relevantes na estrutura esto limpeza, facilidade

    de acesso e de estacionamento. Em processo busca-se eficincia em fluxo de

  • pacientes e curtos perodos de espera, enquanto que os resultados so, mais uma

    vez, satisfao de pacientes e seus familiares, encaminhamentos recebidos e

    obteno de recursos (MALIK, 1996).

    A atividade de analisar ou compreender os processos de produo de

    servios nos diferentes setores da sade e particularmente no C.C. tem sido

    apontada como uma tarefa rdua, principalmente porque esses processos ocorrem

    dentro de uma organizao caracterizada como complexa (AZEVEDO, 1989; GATTO, 1996).

    AZEVEDO (1989), define a complexidade das Instituies de Sade e em particular dos hospitais como uma expresso do grau de dificuldade

    envolvido na compreenso e administrao de um estabelecimento. O autor

    aborda os fatores de complexidade em dois aspectos: o primeiro, os fatores esto

    vinculados diretamente a natureza da assistncia sade que a instituio oferece

    populao (fatores gerais). Neste nvel so apontadas as dificuldades de definir objetivos institucionais; obter objetivos profissionais comuns; apresentar alta concentrao de recursos humanos qualificados; avaliar os resultados e os

    processos de trabalho segundo padres de produo distintos dentro de um mesmo

    estabelecimento. O segundo aspecto da complexidade est relacionado mais

    diretamente s caractersticas da instituio e seus recursos disponveis (fatores especficos), como nmero de leitos, grau de especializao das atividades e a intensidade tecnolgica envolvida na operacionalizao do estabelecimento.

    O estabelecimento e consecuo de objetivos explcitos nas instituies hospitalares apontada pelos administradores como uma tarefa difcil devido ao

    nmero de variveis que podem interferir no desenvolvimento das atividades

    assistenciais, educacionais, as de pesquisa ou ento, as que trazem lucro para o

    hospital .

  • GATTO (1996), em sua tese de doutorado Anlise da Utilizao de Salas de Operaes, coloca que na rea de C.C. podemos observar o mesmo

    fenmeno, isto , a realizao do trabalho com uma multiplicidade de objetivos e a dificuldade de determinao de prioridades comuns aos diferentes profissionais.

    A complexidade dos hospitais foi por muito tempo caracterizada

    atravs do nmero de leitos disponveis ao atendimento. A Portaria 400/77 do

    Ministrio da Sade (BRASIL, 1987) classificou os hospitais em pequeno porte (at 50 leitos), mdio porte (51 a 150 leitos), grande porte (mais de 150 leitos) e porte especial (mais de 500 leitos).

    Em 1994, o Ministrio da Sade publica a Portaria n 1.884, com a

    finalidade de nortear as novas construes de estabelecimentos assistenciais de

    sade dentro dos princpios de regionalizao, hierarquizao, acessibilidade e

    qualidade de assistncia prestada populao (BRASIL, 1994).

    Inicialmente a capacidade do C.C. foi estabelecida segundo a

    proporo leito cirrgico e salas de operaes. Como exemplo, temos a Portaria

    400 do Ministrio da Sade (BRASIL, 1987) que recomendou uma S.O. para cada 50 leitos gerais, considerando a capacidade total do hospital ou uma S.O. para cada 25 leitos cirrgicos. Nos dias atuais, esta proporo sofreu uma reduo devido ao advento da cirurgia ambulatorial e os avanos tecnolgicos aplicados

    tcnica cirrgica, que diminuram o perodo de internao hospitalar.

  • A Portaria n 1884 (BRASIL, 1994) recomenda para as unidades de atendimento a pacientes externos (ambulatrio) no mnimo uma sala de pequena e uma sala mdia cirurgia. E para as unidade de pacientes internos recomenda uma

    S.O. para cada 15 leitos cirrgicos. Salienta que os estabelecimentos que desenvolvem uma assistncia cirrgica especializada devem elaborar clculos

    especficos dependendo da demanda.

    O C.C. foi conceituado pelo MINISTRIO DA SADE, como conjunto de elementos destinado s atividades cirrgicas, bem como recuperao ps-anestsica e ps-operatria imediata. O C.C. recebe o paciente

    com uma demanda de necessidades e o submete a um processo que compreende

    todas as aes mdica e de enfermagem da fase transoperatria (BRASIL, 1987).

    A Portaria n 1884/94, de 11 de novembro de 1994, apresenta tambm

    em seu captulo de Programao Fsico-Funcional do Estabelecimentos

    Assistenciais de Sade (BRASIL, 1994) as atribuies dos ambientes destinados realizao de procedimentos cirrgicos e endoscpicos:

    recepcionar e transferir pacientes;

    assegurar a execuo de procedimentos pr-anestsicos e executar

    procedimentos anestsico no paciente;

    realizar escovao das mos;

    executar cirurgias e endoscopias em regime de rotina ou em situaes de

    urgncia;

    realizar relatrios mdico e de enfermagem e registro das cirurgias e

    endoscopias realizadas;

  • proporcionar cuidados ps-anestsicos;

    garantir o apoio diagnstico necessrio, e;

    retirar orgos para transplante.

    As portarias orientam as instalaes dos Estabelecimentos

    Assistenciais de Sade, abordam a estrutura fsica dos ambientes e dos recursos

    materiais necessrios, no abordando a necessidade de pessoal e o modo de

    calcular esta necessidade.

    1.3 - Recursos Humanos e a Enfermagem Perioperatria

    Freqentemente, so encontrados na literatura outros sinnimos de

    dimensionamento de pessoal de enfermagem, tais como clculo de pessoal,

    estimativa de pessoal, previso de pessoal e lotao de pessoal de enfermagem.

    No Brasil, aspectos quantitativos e qualitativos dos recursos humanos tm

    requerido ateno das pessoas que administram, diretamente, os servios de

    enfermagem, em virtude das implicaes que o dimensionamento inadequado

    desses recursos causa no resultado da assistncia de enfermagem prestada

    clientela (GAIDZINSKI, 1994).

    GATTO (1996), coloca que no C.C., ns podemos encontrar basicamente duas categorias de profissionais de nvel superior: mdicos e

    enfermeiros. A equipe mdica formada por: cirurgies que assumem funes

  • distintas durante a cirurgia (responsvel, assistente e auxiliar); anestesistas que se subdividem nas reas de salas de operaes e recuperao anestsica; especialistas

    de apoio diagnstico e teraputico, tais como: radiologistas, patologistas,

    cardiologistas dentre outros. A equipe de enfermagem sofre uma diviso

    completamente diferente da rea mdica pois incorpora o pessoal de nvel mdio e

    elementar. O quadro de pessoal de enfermagem de C.C., em sua grande maioria,

    formado por enfermeiros com atividades gerenciais e, ou assistenciais dos

    pacientes, no transoperatrio e na recuperao anestsica. Respondem pelos

    cuidados ministrados ao paciente no C.C. e pelo gerenciamento dos recursos

    ambientais, materiais e humanos para a realizao do ato anestsico-cirrgico e a

    assistncia ao paciente anestesiado.

    O pessoal de nvel mdio e elementar, est voltado prioritariamente s

    atividades operacionais nas diversas reas do C.C.: salas de abastecimento e

    preparo de material cirrgico; sala de operaes como circulantes de salas ou

    instrumentadores cirrgicos; recuperao anestsica; transporte de pacientes ou de

    exames; e em alguns hospitais, como auxiliares de anestesia, respondem pelo

    preparo e controle de material utilizado durante o procedimento anestsico e

    auxiliam o anestesista (JOUCLAS; GATTO, 1996)

    At o final dos anos 80, o atendente de enfermagem era o elemento da

    equipe que estava mais prximo do paciente cirrgico e desenvolvia atividades

    em qualquer nvel de complexidade, no obstante a sua falta de qualificao. Este

    cenrio tem se modificado, e face as exigncias legais de qualificao do

    atendente de enfermagem e intenso movimento de formao do auxiliar de

    enfermagem, a partir de 1986 (JOUCLAS; GATTO, 1996).

  • Na rea especfica de C.C. o trabalho de JOUCLAS, em 1987,

    apresenta uma anlise sobre a funo do circulante de sala de operaes e em

    decorrncia da complexidade das aes e do alto grau de responsabilidade devido

    s conseqncias de erros, considera que o enfermeiro o elemento da equipe que

    deveria assumir essa funo. O tcnico de enfermagem, como segunda opo e em

    seguida o auxiliar de enfermagem podem exercer a funo porm com a

    conscincia de maior riscos para a qualidade da assistncia.

    GAIDZINSKI (1994), diz que no Brasil os aspectos quantitativos e qualitativos dos recursos humanos tm requerido a ateno das pessoas que

    administram, diretamente, os servios de enfermagem, em virtude das implicaes

    que o dimensionamento inadequado desses recursos causa no resultado da

    assistncia de enfermagem prestada clientela.

    ALCAL et al. (1982) apresentaram contribuio significativa na proposio de parmetros para lotao de pessoal. Utilizaram o mtodo de

    assistncia progressiva para o clculo de pessoal.

    O Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), preocupado com o dimensionamento de pessoal de enfermagem em Instituies hospitalares,

    estabeleceu atravs da Resoluo n 189, de 16 de maro de 1996, parmetros

    mnimos para o dimensionamento de pessoal. Esta Resoluo define as horas de

    assistncia de enfermagem, de acordo com a complexidade assistencial, porm,

    no refere o mtodo adotado na determinao dessas horas. O COFEN estabelece

    tambm o ndice de Segurana Tcnica de 30% para cobertura das ausncias previstas (folgas e frias) e no previstas (faltas e licenas).

  • O absentesmo, expresso utilizada para designar as ausncias dos

    empregados ao trabalho, devido a licenas e faltas, tambm um valor

    extremamente complexo para ser atribudo, merecendo ateno especial na rea

    da enfermagem, uma vez que a diminuio na equipe afeta diretamente a

    qualidade e quantidade da assistncia prestada ao cliente (FUGULIN, 1997).

    Das horas disponveis de enfermagem por ano exclui-se as horas

    destinadas s ausncias previstas como (frias e folgas) e ausncias no previstas como (licenas, faltas e suspenses).

    Na literatura existe grande varincia no percentual que deve ser

    acrescido ao nmero total de pessoal para suprir o quadro, principalmente quando

    tratamos de recursos humanos em centro cirrgico, sendo:

    Associao Americana de Hospitais e Liga Nacional de Educao em

    Enfermagem (1950) o acrscimo de 20%;

    ALCAL et al. (1982) de 30%;

    INAMPS (1988) preconiza 40% ;

    IDE, KIRBY, STARCK (1992), propem um acrscimo de 12%;

    GUIMARES (1993), prope um acrscimo de 30%, podendo chegar a 40% em hospitais - escola;

    GAIDZINSKI (1998), prope um acrscimo para folgas de aproximadamente 20% (16,6% para folgas por descanso semanal remunerado e 3,4% para os feriados).

  • 1.4 - O Clculo de Pessoal

    1.4.1 - O Clculo de Pessoal Baseado na Estrutura dos Servios

    O INAMPS (1988), apresenta um modelo para o clculo de pessoal de enfermagem na rea de centro cirrgico baseado no nmero de S.O. e R.A.

    Para Salas de Operaes:

    Enfermeiro - 1 para 3 salas cirrgicas, por turno de trabalho,

    Auxiliar de enfermagem - 1 para 1 sala cirrgica, por turno de trabalho,

    Tcnico de enfermagem - 1 para 1 sala cirrgica, por turno de trabalho.

    Considera o horrio de funcionamento do C.C., demanda e porte das

    cirurgias a serem realizadas (pequena, mdia e grande).

    Para recuperao anestsica:

    Enfermeiros - 1 para cada 5 leitos, por turno de trabalho,

    Tcnicos de enfermagem - 1 para cada 3 leitos, por turno de trabalho,

    Auxiliares de enfermagem - 1 para cada 5 leitos por turno de trabalho (BRASIL, 1988).

  • Sendo:

    20% de enfermeiros, do total do quadro de pessoal;

    40% de tcnicos de enfermagem, do total do quadro de pessoal;

    40% de auxiliares de enfermagem, do total do quadro de pessoal.

    Considera ainda que um percentual de ausncias de 40% aceitvel,

    entretanto prope um frmula, para que cada servio possa calcular esse

    percentual, de acordo com sua realidade.

    onde:

    A% = percentual de ausncias;

    N = nmero de ausncias ocorridas em um perodo;

    D = total de funcionrios.

    A% = N

    D

  • 1.4.2 - O Clculo de Pessoal Baseado na Carga Horria e no Movimento Cirrgico

    No trabalho realizado por IDE; KIRBY; STARCK (1992), no Hospital Universitrio de Boston, as autoras propem uma forma de avaliao de

    produtividade das salas de operao, relacionando horas do movimento cirrgico

    e horas disponveis do pessoal de enfermagem. Este hospital conta com 379 leitos,

    de pacientes adultos, incluindo cirurgias torcicas, neurocirurgia e ortopedia. O

    centro cirrgico tem 10 salas de operao, com disponibilidade de 24 horas de

    cirurgias por dia, 7 dias por semana. O servio responsvel tambm pela

    recuperao anestsica, com 16 leitos de cuidados intensivos e servios de

    cirurgia ambulatorial e pequenas cirurgias.

    O trabalho desenvolvido em etapas a partir do:

    Horas Totais de Cirurgia (HTC) - Clculo em horas do movimento cirrgico. Neste caso, as autoras multiplicam o nmero de cirurgias ocorridas no

    ano por 3 horas, que mdia de tempo das cirurgias.

    Exemplo: 6.000 cirurgias no ano x 3 horas = 18.000 horas de cirurgia / ano

    ndice de Horas Necessrias de Enfermagem (IHNE). As autoras pressupe que a cada 1 hora de cirurgia so necessrias 2,25 horas de pessoal de

    enfermagem. Este ndice (IHNE) corresponde 1 hora de circulao, 1 hora de instrumentao e 0,25 horas de descanso, uma vez que para cada 8 horas de

    HTC = 18.000 horas de cirurgia / ano

  • trabalho, 1 hora destinada ao descanso, sendo 0,125 horas de descanso para cada hora trabalhada, para 2 pessoas (circulante e instrumentadora), temos 0,25 horas.

    Assim o total de horas necessrias de enfermagem em S.O., no ano

    18.000 horas de cirurgia x 2,25 = 40.500 horas necessrias de enfermagem / ano.

    Total de Horas de Enfermagem = 40.500 horas/ano.

    Dedicao Exclusiva (DE) - Considerando que no total de horas trabalhadas, uma pessoa no consegue dedicar-se integralmente ou 100% s

    atividades, as autoras acreditam que ocorre uma perda de 25% devido ociosidade da S.O., ou atividades particulares. Neste caso, se a carga horria anual

    de 1 pessoa corresponde a 2.080 horas (clculo obtido pela multiplicao de 40 horas semanais pelas 52 semanas do ano), 75% desta carga (1560 horas) so destinadas s atividades de S. O., enquanto 25% (520 horas) so perdidas. Denomina Dedicao Exclusiva as horas que correspondem a 75% da carga de trabalho anual de 1 pessoa. Assim, no exemplo:

    IHNE = 2,25 horas

    DE = 1560 horas / ano

  • Quadro Baseado em Horas (QBH) - Para a composio do Quadro Anual do Pessoal de Enfermagem do C.C., as autoras prope um quadro baseado

    em horas (Full Time Equivalents) utilizando-se dos parmetros apresentados anteriormente:

    HTC = HORAS TOTAIS DE CIRURGIA

    IHNE = NDICE DE HORAS NECESSRIAS DE ENFERMAGEM

    DE = DEDICAO EXCLUSIVA (75% DA CARGA HORRIA ANUAL)

    Assim em nmeros trazidos pelo exemplo tem-se que:

    QBH = HTC IHNE

    DE

    18.000 2,25

    1.560 (75% de 2.080) = 25,96

  • O resultado 25,96 corresponde ao nmero de pessoas que compem um quadro de enfermagem necessrio para a realizao do movimento cirrgico

    previsto para o ano(18.000 horas de cirurgia)

    Percentual de Ausncias (P%) - Entretanto para a determinao final do Quadro as autoras acrescentam ao resultado 12%, correspondente ao tempo destinado as vantagens ou benefcios de frias, licenas e afastamentos, que

    denomina-se (P %), assim o clculo final representado pela seguinte equao:

    Deste modo:

    QBH = 29,07

    HTC IHNE

    DE + P % (12%) QBH =

    18.000 2,25

    1560 + 3,11 QBH =

  • Assim para o movimento cirrgico planejado para aquele ano, as autoras compuseram um Quadro de Pessoal de Enfermagem Baseado em Horas (QBH) com 29,07 pessoas. Elas se subdividem em 65% de enfermeiros e 35% de tcnicos, com atribuies de circulao de S.O. e instrumentao cirrgica.

    Atribuem 10% da carga horria semanal ou seja 4 horas semanais para atividades administrativas como passagem de planto e reunies.

    IDE, KIRBY, STARCK (1992), fazem uma proposta de aumento da dedicao exclusiva S.O. de 75% para 85%, reduzindo os custos com o pessoal.

    Desde os primeiros estudos cientficos sobre o trabalho, considera-se

    que os trabalhadores no so igualmente produtivos, o tempo todo do turno de

    trabalho. Executam uma srie de atividades no diretamente relacionadas s suas

    tarefas profissionais como o atendimento de suas necessidades fisiolgicas;

    perodos de descanso; trocas de informaes no ligadas ao trabalho;

    deslocamentos necessrios; aprendizado; comemoraes e outras mais

    GAIDZINSKI (1998).

    BISENG (1996), apresenta para a distribuio de produtividade os critrios de avaliao apresentados a seguir. Estes critrios foram apresentados e

    referidos por GAIDZINSKI (1998).

  • Avaliaes para a distribuio de produtividade:

    PRODUTIVIDADE % AVALIAO < 60 % INSATISFATRIA

    > 60% E < 75% SATISFATRIA > 75% E < 85% EXCELENTE

    > 85% SUSPEITA

    FONTE: BISENG 1996

    1.4.3 - O Clculo de Pessoal Baseado na Identificao das Horas de Enfermagem por Categoria.

    No trabalho realizado por FUGULIN (1997), a identificao das horas de assistncia de enfermagem, por categoria profissional, segundo a complexidade

    assistencial, foi baseado na frmula proposta por Gaidzinski em 1997, utilizando-

    se os seguintes parmetros:

    BISENG, W. Administrao financeira em engenharia clnica. So Paulo, 1996. / Workshop.

  • hc = tempo mdio despendido por categoria profissional, nas 24 horas, para

    atender s necessidades de cada paciente, segundo o tipo de cuidado;

    qc = fora mdia de trabalho, por categoria profissional, necessria para um dado

    tipo de cuidado;

    t = jornada de trabalho.

    l = nmero de leitos destinados a cada tipo de cuidado;

    TO = taxa de ocupao;

    P% = percentual mdio de ausncias previstas (folgas e frias) e no previstas (faltas, licenas e suspenses), segundo categoria profissional.

    Para determinao das horas de assistncia de enfermagem por

    categoria profissional, houve um aperfeioamento da frmula proposta por

    GAIDZINSKI (1998). A autora na nova frmula representa distintamente as ausncias previstas e no previstas, no denominador da equao e faz uma

    alterao, isto , utiliza apenas a mdia diria de pacientes, sem a taxa de

    ocupao; e o percentual de ausncias obtido atravs do produto de

    multiplicao dos vrios tipos de ausncias, considerando que todas as pessoas,

    mesmo aquelas que so para a cobertura das ausncias, tambm passveis de todos

    os tipos de ausncias.

    qc t

    1 TO / 100 (1 + P % / 100) hc =

  • Portanto:

    onde:

    h = horas mdias de assistncia de enfermagem;

    k

    =

    categoria profissional;

    h k = horas de assistncia de enfermagem por categoria profissional;

    q k = nmero de pessoal por categoria profissional;

    t = horas de cada turno dirio de trabalho;

    n = mdia diria de doentes.

    t qk

    n (1 + e / d - e) (1 + Vk / D - Vk) (1 + f / D - f) (1 + ak / D - ak) hk =

    E = e

    d - e para o clculo do acrscimo devido s folgas semanais.

    Vk = vk

    D - vk

    para o acrscimo devido s frias.

    para o clculo do acrscimo devido aos feriados. F= f

    D - f

  • e = dias de folga na semana (1 para o regime semanal de 36 horas e 2 para o regime de 40 horas semanais); d = dias da semana (7 dias ); f = mdia de dias de feriados na Instituio;

    D = dias do ano (365 dias); vk = mdia anual dos dias de frias anuais de cada profissional, da categoria k;

    ak = mdia anual dos dias de ausncias no previstas de cada profissional da categoria k.

    Dessa forma, a autora possibilita obter o tempo mdio despendido na

    assistncia de enfermagem de uma unidade de internao hospitalar e por

    categoria profissional.

    GAIDZINSKI (1998), considera 52 semanas no ano para determinao da carga horria geral de cada categoria.

    AZEVEDO (1989); em sua tese de livre docente, para caracterizao dos recursos humanos atravs das horas contratadas, ainda que indagasse o

    nmero de horas efetivamente trabalhadas, refere que o que foi apurado, no foi

    propriamente o corpo funcional em efetiva operao, j que este pode ter uma variao considervel at mesmo com o estilo gerencial. Elaborou uma tabela com

    o nmero de servidores por categoria, distinguindo-os de formao superior,

    mdia e elementar. Com o fito de obter uma uniformizao das diferentes cargas

    horria, equiparou as cargas horrias dos servidores em correspondentes de 40

    A = a

    D - a

    para o clculo devido ao abscentesmo ausncias no previstas (faltas, licenas e suspenses)

  • horas semanais, ou seja, um mdico com 24 horas contratadas figurava no quadro como 0,6 mdico.

    Quando tratamos do dimensionamento de pessoal de enfermagem em C.C. so inmeras as variveis serem consideradas, o que dificulta esse clculo.

    Os estudos demonstram preocupaes com o nmero de cirurgias ou nmero de

    salas de operaes baseados na estrutura dos servios. Neste estudo nos propomos

    a analisar o dimensionamento de pessoal de enfermagem de CC, considerando o

    movimento cirrgico anual e as horas de enfermagem anual e por categoria

    profissional.

    Este estudo tem por finalidade contribuir para composio do quadro

    de pessoal de enfermagem, mais prximo realidade evitando sobrecargas dos

    trabalhadores ou perodos de ociosidade.

    Esta contribuio pode permitir a melhoria dos indicadores de

    produtividade do C.C., reduo de custos e oferecer melhores condies de

    quantificao dos Recursos Humanos para o atendimento da demanda de

    pacientes cirrgicos.

    Apresenta tambm como finalidade a contribuio ao trabalho

    administrativo do enfermeiro de C.C. ao planejar, prever, prover os Recursos Humanos e coordenar as atividades no C.C.

  • OBJETIVOS

    50

    2 - OBJETIVOS

    Para o desenvolvimento do estudo de recursos humanos em centro

    cirrgico, estabelecemos os seguintes objetivos:

    Identificar o tempo de utilizao da S.O., segundo o movimento anual de

    cirurgias;

    Calcular a capacidade anual de horas de enfermagem no C.C.;

    Identificar as horas de assistncia de enfermagem em C.C. por categoria

    profissional;

    Associar a capacidade de horas de enfermagem anual e por categoria

    profissional com o tempo de utilizao do CC.

  • MATERIAL E MTODO

    51

    3 - MATERIAL E MTODO

    3.1 - Campo de Estudo

    O estudo foi realizado em um C.C. de Hospital Universitrio do

    Municpio de So Paulo, caracterizado como um estabelecimento hospitalar de

    assistncia secundria, geral e pblico.

    Localizado na regio oeste da cidade, presta atendimento populao

    circunvizinha e ao quadro de funcionrios e alunos pertencentes Universidade. referncia secundria, dentro da regionalizao e hierarquizao do Sistema

    nico de Sade, atendendo os pacientes encaminhados pelos postos e centros de sade da regio e mantm uma ligao com hospital de assistncia terciria para

    os encaminhamentos dos pacientes que fogem ao seu limite complexidade.

    O hospital tem como competncias: a promoo e o estmulo ao ensino

    e a pesquisa, servindo de campo de atividade e desenvolvimento; a

    implementao de atividades assistenciais de preveno e tratamento da doena,

    bem como a proteo e recuperao da sade; e a colaborao com as instituies

    de ensino, no desenvolvimento de tecnologias assistenciais, educativas e

    operacionais.

  • MATERIAL E MTODO

    52

    A capacidade do Hospital de 400 leitos (100%), porm em outubro de 1994 estavam ativados 275 leitos (69%), sendo 77 leitos (19%) destinados Clinica Cirrgica GATTO (1996). O C.C. dispe de 10 S.O., sendo 1 desativada por problemas hidrulicos.

    Cabe ressaltar que a instituio oferece estmulo e as condies

    necessrias realizao do presente estudo e tambm por aproximar-se das

    caractersticas do Hospital Universitrio de Boston, no estudo de IDE, KIRBY,

    STARCK (1992), sobre a produtividade, o qual usaremos como uma das referncias para a discusso dos resultados. O C.C. desenvolveu a Sistematica da

    Assistncia de Enfermagem Perioperatria (SAEP), para o paciente nesse perodo, como base para o cuidado de enfermagem.

    A frmula proposta por Gaidzinski em 1997, foi aplicada no mesmo

    hospital, na unidade de Clnica Mdica, por FUGULIN (1997), para o dimensionamento de pessoal, por categoria profissional segundo o sistema de

    Classificao de Pacientes.

    3.2 - Fonte dos Dados

    O Chefe de enfermagem da rea de C.C., atravs de entrevista, com

    roteiro estruturado, possibilitou a obteno de dados relacionados com o

    funcionamento do C.C. e dos recursos humanos.

  • MATERIAL E MTODO

    53

    Os registros do movimento cirrgico, escala mensal de pessoal e as

    fichas de intercorrncias da escala de pessoal foram as fontes documentais para

    obteno dos dados.

    A escala de pessoal foi utilizada para a contagem do nmero de folgas

    de cada funcionrio. A escala mensal e consta o nome do funcionrio, funo,

    horrio de trabalho e as folgas.

    Para os registros das ausncias de pessoal (previstas e no previstas), foi utilizado as fichas individuais de cada funcionrio, onde esto registradas as

    ausncias como frias, licenas, faltas, suspenses e outros.

    Os dados referentes ao movimento cirrgico, foram obtidos atravs do

    livro de registro de cirurgias. Este um livro de capa dura que contm os

    seguintes dados:

    - nmero da cirurgia no ms;

    - origem do paciente;

    - horrio de entrada e sada de S.O.;

    - horrio de entrada e sada de R.A.;

    - tipo de anestesia;

    - cirurgia proposta e cirurgia realizada;

    - nmero da S.O.;

    - tipo de agendamento;

    - potencial de contaminao da cirurgia;

    - cirurgias suspensas e motivos.

  • MATERIAL E MTODO

    54

    3.3 - Coleta dos Dados

    Os dados foram coletados entre junho e julho de 1998, atravs de entrevista e coleta retrospectiva do movimento cirrgico realizado entre janeiro a dezembro de 1997 e escalas de pessoal correspondentes ao mesmo perodo.

    # Instrumentos (para a coleta dos dados)

    Instrumento nmero 1 (Anexo I) - foi utilizado para a realizao da entrevista. constitudo de um roteiro, com questes abertas, destinado obteno dos dados referentes aos aspectos estruturais e funcionais do C.C. e foi

    realizada no incio do perodo de coleta de dados. Contm dados referentes :

    Capacidade e dinmica do C.C., os dados constam de:

    - nmero total de S.O .;

    - nmero de salas desativadas;

    - horrios de funcionamento das S.O. e da R.A.;

    - tipo de agendamento cirrgico (eletiva, urgncia, emergncia e extra-programa);

    - capacidade de agendamento por perodo.

  • MATERIAL E MTODO

    55

    Recursos humanos, os dados constam de:

    - nmero total de pessoal;

    - nmero de pessoal por categoria (enfermeiros, tcnicos de enfermagem, auxiliares de enfermagem e oficial administrativo);

    - nmero de vagas a serem preenchidas;

    - escala diria de servio (quantidade e local de trabalho);

    - jornada diria e semanal.

    Instrumento nmero 2 (Anexo II) - Foram verificadas as ausncias previstas (folgas e frias) e no previstas (faltas, licenas e suspenses) dos trabalhadores de enfermagem , por categoria, no perodo em estudo. Foi feito

    atravs da anlise das fichas de cada funcionrio, que contm todas as ocorrncias

    referidas escala mensal, durante um ano. Para obteno dos dados referentes

    escala mensal e as fichas dos funcionrios, foi elaborado um impresso, constando

    o nmero de cada tipo de ausncia, para cada categoria profissional.

    Instrumento nmero 3 (Anexo III) - Coleta dos dados referentes ao movimento cirrgico, por meio da consulta ao livro de registros das cirurgias

    realizadas, durante o ano de 1997. Os campos do instrumento so constitudos

    pelos seguintes tens: S.O. (especificao do nmero da sala de operaes de A - J); origem (origem do paciente); agenda (horrio de agendamento); horrio de entrada (S.O e R.A.); utilizao em minutos (S.O. e da R.A.); tipo de anestesia e suspenses.

  • MATERIAL E MTODO

    56

    3.4 - Procedimento

    Aps a autorizao formal da Instituio, foi realizado um teste piloto

    para testar os instrumentos 2 e 3. Foi necessrio o agendamento de uma visita

    inicial para reconhecimento do C.C. e a entrevista com Diretor de enfermagem do

    C.C.

    Aps a entrevista os dados foram transcritos no Instrumento 1 (Anexo I). Em seguida iniciou-se a coleta dos dados registrados; foram transcritos os dados das escalas mensais e das fichas dos funcionrios no Instrumento 2 (Anexo II) e a transcrio dos dados cirrgicos de cada ms, para o Instrumento 3 (Anexo III).

    Aps esta etapa de coleta direta dos dados, iniciou-se a formulao dos

    indicadores que possibilitassem a associao entre o movimento cirrgico e o

    quadro de pessoal. Foram efetuadas:

    Identificao da capacidade cirrgica segundo o movimento cirrgico;

    Identificao da capacidade anual de horas de enfermagem no C.C. (CHE);

    Identificao das horas de assistncia de enfermagem em C.C. por categoria

    profissional;

    Associao da capacidade cirrgica com a capacidade das horas de

    enfermagem (CHE) e por categoria profissional;

  • MATERIAL E MTODO

    57

    3.4.1 - Identificao da Capacidade Cirrgica segundo Movimento Anual de Cirurgias

    Na tese de doutorado de GATTO (1996), sobre a caracterizao do movimento cirrgico foram considerados os Indicadores de Utilizao, elaborados

    a partir dos dados observados e da descrio das atividades desenvolvidas durante

    o perodo transoperatrio, incluindo as fases de recepo, intra-operatrio e

    limpeza. Foi analisado o tempo em minutos e as mdias em minutos das

    atividades realizadas segundo as especialidades cirrgicas e as unidades de

    origem dos pacientes.

    Neste trabalho considerou-se:

    Capacidade Estrutural: a corresponde a capacidade potencial mxima para a produo de servios. Representada pelo nmero de S.O.,

    multiplicado pelo tempo mximo disponvel, em determinado perodo.

    Exemplo: 10 S.O. x 24 horas x 365 dias = 87.600 horas.

    Capacidade Operacional: Subtrai-se as perdas da capacidade estrutural. As perdas esto relacionadas s imposies de normas organizacionais

    que impe limites quanto aos horrios de funcionamento, ativao de S.O. e ao

    agendamento dos diferentes tipos de cirurgias, como exemplos as S.O. reservadas

    para as emergncias ou para cirurgia ambulatorial.

  • MATERIAL E MTODO

    58

    Exemplo: Capacidade Estrutural = 87.600 horas

    Perdas operacionais por normas = 6.000 horas

    Capacidade Operacional = 81.600 horas.

    Taxa de Utilizao: comparao do tempo efetivamente utilizado para

    a realizao da cirurgia com a capacidade estrutural da capacidade de utilizao

    do centro cirrgico comparado com a capacidade estrutural.

    O tempo de utilizao: foram considerados os horrios de entrada do paciente no C.C. at o da sua sada da S.O., acrescido de 30 minutos destinados

    limpeza. Assim a taxa de utilizao representada:

    Capacidade estrutural

    Tempo utilizao 100

  • MATERIAL E MTODO

    59

    3.4.2 - Identificao da Capacidade Anual de Horas de Enfermagem no C.C. (CHE);

    A CHE a disponibilidade de horas de enfermagem no ano. Para

    alcanar este resultado foi necessrio determinar:

    - carga horria anual (CHA)

    - dedicao exclusiva (DE) ou produtividade (p)

    - percentual de ausncias(P%)

    Carga Horria Anual (CHA): a jornada de trabalho do pessoal de enfermagem, estabelecido por contrato, multiplicado pelo nmero de semanas no

    ano .

    Exemplo: 36 horas semanais x 52 semanas no ano = 1.872 horas/ano

    Horas Dedicao Exclusiva (DE) no ano ou produtividade: considerou-se 75% da carga horria anual, conforme proposto por IDE, KIRBY, STARCK (1992).

    Assim: 75% de CHA = 75% de 1.872 horas/ ano = 1.404 horas/ ano

  • MATERIAL E MTODO

    60

    Percentual de Ausncias P% - percentual mdio de ausncias previstas

    (folgas e frias) e no previstas (faltas, licenas e suspenses) segundo categoria profissional, realizou-se um levantamento mensal, por categoria profissional, do

    nmero de dias de folgas, frias e ausncias no previstas (faltas, licenas e suspenses). Aps esse procedimento procedeu-se a somatria do nmero de ocorrncias de todos os meses do ano, por tipo de ausncia e por categoria

    profissional, obtendo-se os nmeros totais de ausncias previstas e no previstas

    da equipe de enfermagem. O total de cada tipo de ausncia por categoria

    profissional foi dividido pelo nmero mdio de pessoal de cada categoria. Para

    identificao do nmero mdio de funcionrios em cada categoria, realizou-se um

    levantamento mensal dos funcionrios escalados por categoria, obtendo-se a

    mdia anual de cada categoria profissional. Utilizou-se a frmula de

    GAIDZINSKI (1998), conforme descrio na pgina 45.

    Assim, a Capacidade Horas de Enfermagem (CHE) por ano definida pela Horas de Dedicao Exclusiva (DE )ou produtividade, multiplicado pelo nmero mdio anual de funcionrios (F) do quadro de pessoal. Pode ser expressa do seguinte modo:

    Exemplo: 75% (36 h/ semanais x 52 semanas/ano). F - P%

    F = nmero mdio de funcionrios, em um ano.

    P% = percentual geral de ausncias.

  • MATERIAL E MTODO

    61

    3.4.3 - Identificao das Horas de Enfermagem por Categoria Profissional (qc)

    Para identificao das horas de assistncia de enfermagem, por

    categoria profissional, partiu-se da equao proposta por GAIDZINSKI; (1998).

    hk u = horas de assistncia de enfermagem por categoria profissional, por paciente

    em dias teis;

    u = dias teis, considerou-se de segunda sexta - feira, das 7:00 s 19:00 horas;

    k = categoria profissional;

    Hk u = horas de assistncia de enfermagem por paciente em dias teis, sem

    considerar as ausncias; calculada do seguinte modo:

    qk = nmero de pessoal da categoria profissional;

    hk u = Hk u

    (1 + Ek) (1 + Vk) ( 1 + Ak)

    Hk u = qk t p

    n

  • MATERIAL E MTODO

    62

    t = horas de cada turno dirio de trabalho = 6 horas dirias;

    p = produtividade, conforme proposto por IDE; KIRBY; STARCK (1992) = 0,75;

    n = mdia diria de cirurgias

    Para obteno da mdia diria de cirurgias, foi considerado 250 dias teis, onde:

    365 dias do ano - (104 dias referentes aos fins de semana + 11 dias de feriados, ocorridos no ano de 1997) = 250 dias.

    Ek = acrscimo devido s folgas;

    D = 365 dias no ano;

    e = nmero mdio de folgas no ano por categoria profissional.

    V k = acrscimo devido s folgas;

    D = 365 dias no ano;

    v = nmero mdio de frias no ano por categoria profissional.

    Ek = e

    D - e

    Vk = v

    D - v

  • MATERIAL E MTODO

    63

    Ak = acrscimo devido ao absentesmo, ausncias no previstas (faltas, licenas e suspenses)

    a = nmero mdio de ausncias no previstas por categoria profissional;

    D = 365 dias no ano.

    Para identificao do (e - v - a), realizou-se um levantamento mensal, por categoria profissional, do nmero de dias de folgas, frias e ausncias no

    previstas (faltas, licenas e suspenses). Aps esse procedimento procedeu-se a somatria do nmero de ocorrncias de todos os meses do ano, por tipo de

    ausncia e por categoria profissional, obtendo-se os nmeros totais de ausncias

    previstas e no previstas da equipe de enfermagem. O total de cada tipo de

    ausncia por categoria profissional foi dividido pelo nmero mdio de pessoal de

    cada categoria. Para identificao do nmero mdio de funcionrios em cada

    categoria, realizou-se um levantamento mensal dos funcionrios escalados por

    categoria, obtendo-se a mdia anual de cada categoria profissional.

    Ak = a

    D - a

  • MATERIAL E MTODO

    64

    3.4.4 - Associao da Capacidade Cirrgica com a Capacidade de Horas de Enfermagem (CHE) e por Categoria Profissional

    Capacidade das Horas de Enfermagem (CHE) x Capacidade Estrutural do Centro cirrgico

    Foi analisado a capacidade das horas de enfermagem no ano, com a

    capacidade estrutural, ou seja a capacidade potencial mxima do centro cirrgico.

    Capacidade das Horas de Enfermagem (CHE) x Capacidade Operacional do Centro cirrgico

    Foi analisado a capacidade das horas de enfermagem no ano, com a

    capacidade operacional do centro cirrgico.

    Capacidade das Horas de Enfermagem (CHE) x Tempo de Utilizao do Centro Cirrgico

    Programadas - capacidade das horas de enfermagem x horas de

    cirurgias programadas.

    Realizadas - capacidade das horas de enfermagem x horas de cirurgias

    realizadas .

    Capacidade de horas de enfermagem por categoria profissional x Capacidade de Utilizao do Centro Cirrgico

    Foi analisado a capacidade de horas de enfermagem por categoria

    profissional no ano, com a capacidade de utilizao do C.C, em dias teis.

  • MATERIAL E MTODO

    65

    3.5 - Anlise dos Dados

    Os dados foram analisados segundo freqncia absoluta e relativa;

    atravs da aplicao da frmula de GAIDZINSKI (1998). Os resultados foram apresentados na forma de quadros, tabelas e grficos.

  • APRESENTAO DOS RESULTADOS E DISCUSSO

    66

    4 - APRESENTAO DOS RESULTADOS E DISCUSSO

    4.1 - Identificao da Capacidade Cirrgica segundo o Movimento Anual de Cirurgias

    Capacidade Estrutural

    O centro cirrgico em estudo tem 10 salas de operaes projetadas, e o perodo em estudo foi de 1 ano. Portanto temos:

    10 S.O x 24 horas x 365 dias = 87.600 horas

    Significa que cada S.O. tem uma capacidade anual de 8.760 horas para

    atendimento cirrgico e o C.C. tem uma capacidade estrutural de 87.600 horas no

    ano.

    Capacidade Operacional

    Para obteno dessa varivel, utiliza-se a capacidade estrutural

    subtraindo-se as perdas por normas , suspenses e perdas por S.O. desativadas.

    Das 10 salas de operaes existentes, temos:

  • APRESENTAO DOS RESULTADOS E DISCUSSO

    67

    # 1 sala de operaes desativada;

    # 1 sala de operaes destinada cirurgias de urgncia, para pacientes sem

    risco de vida iminente, funcionando 24 horas por dia, inclusive sbados,

    domingos e feriados,

    # 1 sala de operaes para cirurgias de emergncia, para paciente com risco

    de vida iminente, funcionando 24 horas por dia, inclusive aos sbados

    domingos e feriados,

    # 6 salas de operaes para cirurgias eletivas, sendo 4 para pacientes da

    Clnica Cirrgica e 2 para pacientes do Ambulatrio, funcionando em

    dias teis das 7:00 s 19:00 horas,

    # 1 sala de operaes destinada cirurgia infantil, funcionando das 7:00 s

    19:00 horas, em dias teis.

    As cirurgias eletivas, ou seja as programadas, so agendadas em nmero de 6 cirurgias, por perodo, pois o quadro de anestesiologistas permite o

    funcionamento concomitante de 8 salas de operaes, sendo as 6 eletivas e 1 de

    urgncia e 1 de emergncia; no sendo possvel o funcionamento da 9 sala de

    operaes.

    Nesse estudo consideramos 250 dias teis no ano, conforme parmetro proposto por GAIDZINSKI ( 1998). Portanto temos:

    365 dias do ano - (104 dias de fins de semana + 11 feriados) = 250 dias teis

  • APRESENTAO DOS RESULTADOS E DISCUSSO

    68

    Capacidade para Cirurgias Eletivas:

    6 S.O. 250 dias 12 horas = 18.000 horas

    Capacidade para Cirurgias de Urgncia e Emergncia:

    2 S.O. x 365 dias x 24 horas = 17.520 horas

    Assim a Capacidade Operacional do C.C. de 35.520 horas

    A tabela 1, apresenta a distribuio das cirurgias segundo o tipo de

    agendamento, programada, urgncia/emergncia e extra-programa.

    Tabela 1 - Distribuio das cirurgias realizadas, segundo o tipo de

    agendamento, no Centro Cirrgico, So Paulo, 1997.

    AGENDA PROGRAMADA URGNCIA EXTRA PROG. TOTAL MESES N % N % N % N %

    1 177

    49 18 244 7,96 2 141 49 23 213 6,95 3 173 75 19 267 8,71 4 183 62 22 267 8,71 5 139 52 12 203 6,62 6 159 51 18 228 7,44 7 212 46 19 277 9,04 8 226 42 21 289 9,45 9 206 62 19 287 9,36

    10 215 63 22 300 9,79 11 179 54 15 248 8,09 12 156 62 22 240 7,83

    TOTAL 2166 70,71 667 21,77 230 7,50 3063 100 %

  • APRESENTAO DOS RESULTADOS E DISCUSSO

    69

    Das 3.063 cirurgias realizadas, no ano de 1997, 2166 (70,71%), foram cirurgias programadas; 667 (21,77%) foram cirurgias de urgncia/emergncia e 230 (7,58%) foram cirurgias extra-programa.

    No estudo de GATTO, (1996) a taxa de cirurgias extra foi de 10,67%. Neste estudo, a taxa encontrada foi de 7,58%

    As cirurgias extra-programa, so procedimentos sem carter de

    urgncia, que so agendados posteriormente, no constando no programa

    elaborado no dia anterior.

    Poucas Instituies hospitalares admitem este tipo de agendamento

    cirrgico (cirurgia extra-programa),pelas dificuldades de disponibilidade de S.O. e organizao dos recursos materiais e humanos para a realizao da cirurgia

    (GATTO, 1996). Entretanto a autora concorda com a literatura, que esta possibilidade um aspecto positivo para a otimizao do funcionamento do C.C.,

    pois atende a necessidade de uma parcela de pacientes e cirurgies que por algum

    motivo, no tiveram a cirurgia previamente agendada.

  • APRESENTAO DOS RESULTADOS E DISCUSSO

    70

    Tabela 2 - Distribuio das cirurgias realizadas segundo o perodo do dia, de entrada do paciente no Centro Cirrgico, So Paulo, 1997.

    AGENDA DIURNO DIURNO/ NOTURNO

    NOTURNO DIURNO/ NOTURNO

    TOTAL

    MESES DIAS TEIS

    SBADO DOMINGO

    FERIADO

    1 216 14 14 - 244 2 180 12 18 3 213 3 218 26 19 4 267 4 235 15 15 2 267 5 170 25 8 - 203 6 205 15 8 - 228 7 256 8 13 - 277 8 267 13 9 - 289 9 252 17 18 - 287

    10 271 13 16 - 300 11 223 13 12 - 248 12 218 6 14 2 240

    TOTAL 2.711 88,50%

    177 5,77%

    164 5,35%

    11 0,35%

    3.063 100%

    A maioria das cirurgias foram realizadas em dias teis, de segunda

    sexta-feira, das 7:00 s 19:00 horas (2.711 cirurgias ou 88,50%). Deste total, ocorreram 2.166 cirurgias programadas (tabela 1) e 545 no programadas, sendo de urgncia ou extra-programa. Ao somar as cirurgias extra-programa e

    emergncias (dias teis) e as emergncias (todos os perodos) temos um total de 897 pacientes, o que corresponde a 29,28% das cirurgias realizadas. As emergncias (noturno, fim de semana e feriado) correspondem 11,50% do total das cirurgias realizadas.

  • APRESENTAO DOS RESULTADOS E DISCUSSO

    71

    A partir destes dados foi possvel determinar um coeficiente de

    cirurgias por perodo:

    UN = 164 cirurgias / 250 dias = 0,65 cirurgias / UN

    W = 177 cirurgias / 104 dias = 1,70 cirurgias / W

    F = 11 cirurgias / 11 dias = 1,0 cirurgia / F

    U = dias teis

    N = noturno

    W = sbado e domingo

    F = feriado

    Ao analisar a proporo entre a mdia de cirurgias realizadas por

    perodo, observou-se que h uma concentrao de cirurgias, nos perodos diurno

    (manh e tarde) dos dias teis (10,84 cirurgias / dia), seguida de 1,70 cirurgia / fim de semana; 1 cirurgia / feriado e 0,65cirurgia / noite.

    Para o clculo de horas de enfermagem por categoria profissional

    (pgina 45) adotou-se como indicador a maior mdia de cirurgia, isto 10,84 cirurgias / dia.

    A taxa de suspenso de cirurgia de 17,41%.

  • APRESENTAO DOS RESULTADOS E DISCUSSO

    72

    O grfico 1 apresenta os motivos de suspenses de cirurgias, durante o

    ano de 1997.

    Grfico 1 - Distribuio dos motivos de suspenses de cirurgias, no Centro Cirrgico, So Paulo, 1997.

    A B C D E F G

    TOTAL0

    50100150200250300350

    ABCDEFG

    A = PACIENTE NO INTERNOU

    B = FALTA DE CONDIES CLNICAS DO PACIENTE C = REALIZADA EM OUTRO LOCAL / OUTRO DIA

    D = FALTA DE EQUIPE MDICA E = PROBLEMAS COM MATERIAL / EQUIPAMENTO

    F = PROBLEMAS COM PREPARO PR-OPERATRIO G = MUDANA DE CONDUTA

  • APRESENTAO DOS RESULTADOS E DISCUSSO

    73

    Vrios motivos levaram suspenses de cirurgias, sendo que das 646

    cirurgias suspensas, 304 (47,05%) se deve ao fato do paciente no ter internado, 180 (27,86%) suspenses por falta de condies clnicas do paciente, 52 (8,04%) j haviam sido realizadas ou foram realizadas em outro local. Essas suspenses representam desperdcio de tempo de pessoal de enfermagem e de material, na

    montagem e desmontagem da S.O.

    A partir dos dados apresentados na tabela 3, possvel identificar uma

    mdia de 2,93 horas por cirurgia realizada. Ao aplicarmos este achado s cirurgias

    suspensas (646 suspenses x 2,93 horas) identifica-se que ocorre uma perda de 1.892,78 horas da capacidade operacional do C.C. estudado.

    Capacidade de Utilizao

    A tabela 3, apresenta a distribuio das horas utilizadas para as

    cirurgias, acrescidas de 30 minutos para limpeza, conforme proposto por GATTO

    (1996), e o tempo de utilizao de Recuperao Anestsica (R.A.).

  • APRESENTAO DOS RESULTADOS E DISCUSSO

    74

    Tabela 3 - Distribuio das horas de utilizao de S.O , de limpeza e utilizao de R.A., no Centro Cirrgico, So Paulo, 1997.

    HORAS N DE CIRURGIA

    UTILIZAO DE SO UTILIZAO RA

    TOTAL

    MESES N % T. DE CIRURGIA + LIMPEZA

    1 244 7,96 591,58 + 122,00 247,41 960,99

    2 213 6,95 511,20 + 106,50 198,53 816,23

    3 267 8,71 667,05 + 133,50 301,01 1.101,56

    4 267 8,71 658,00 + 133,50 310,11 1.101,61

    5 203 6,62 438,91 + 101,50 205,88 746,29

    6 228 7,44 563,26 + 114,00 204,41 881,67

    7 277 9,04 663,23 + 138,50 306,06 1.107,76

    8 289 9,43 703,33 + 144,50 311,10 1.158,93

    9 287 9,36 682,33 + 143,50 301,90 1.127,73

    10 300 9,79 762,08 + 150,00 332,08 1.244,16

    11 248 8,09 611,25 + 124,00 289,58 1.024,83

    12 240 7,83 603,08 + 120,00 252,08 975,16

    TOTAL 3.063 100 7.455,30 + 1.531,50 3.260,15 12.246,95

    OS MINUTOS TRANSFORMADOS EM NMEROS ABSOLUTOS.

    No ano de 1997, foram realizadas 3.063 cirurgias, sendo que no ms de

    outubro, foram realizadas o maior nmero 300 (9,79%) e no ms de maio o menor nmero 203 (6,62%). O tempo de utilizao de S.O., foi de 7.455,30 horas, que acrescidos 30 minutos para limpeza, para cada cirurgia, somou-se 1.531,50 horas,

  • APRESENTAO DOS RESULTADOS E DISCUSSO

    75

    perfazendo um total de 8.986,80 horas/ano de utilizao de S.O. A mdia de horas

    de cirurgia encontrada foi de 2,93 horas.

    COLOGNA et al. (1993) ao implantarem um sistema informatizado de controle dos tempos de intraoperatrio apresentaram como resultados uma mdia

    geral de 204,25 minutos, acima portando da mdia encontrada no estudo feito por GATTO, (1996) de 121,25 minutos e acima tambm desse estudo. Porm no Hospital estudado por COLOGNA et al., so realizadas cirurgias complexas como

    neurocirurgia (mdia de 372 min.), cirurgia torcica e cardiovascular (mdia de 331,8 min.)

    A utilizao de R.A. foi de 3.260,15 horas, o que significa 36,27% do tempo de utilizao de S.O. Salienta-se que muitos pacientes no utilizam a R.A.

    no perodo de ps-operatrio imediato. O tipo de anestesia um critrio para a

    no utilizao de R.A., pois os pacientes com anestesia local ou bloqueios

    regionais tipo Bier, no so encaminhados para a recuperao anestsica, sendo

    transportados diretamente ao seu destino.

    O grfico 2, demonstra os tipos de anestesias realizadas.

  • APRESENTAO DOS RESULTADOS E DISCUSSO

    76

    Grfico 2 - Distribuio dos tipos de anestesia realizadas, no Centro Cirrgico, So Paulo, 1997.

    1703

    525

    504

    435 25GERALPERIDURALRAQUIDIANALOCALBIER

    O grfico 2 demonstra que ocorreram 3.192 anestesias, em 3.063

    cirurgias, isto se deve ao fato que alguns pacientes receberam anestesias

    combinadas, com geral mais peridural, ou local mais geral.

    Dos 3.192 procedimentos anestsicos, 435 (13,62%) foram de anestesias locais e 25 (0,78%) de anestesia de Bier.

    A tabela 4, apresenta os motivos pelos quais os pacientes no

    utilizaram a R.A.

  • APRESENTAO DOS RESULTADOS E DISCUSSO

    77

    Tabela 4 - Distribuio dos motivos que os pacientes no utilizaram a R.A .,

    no Centro Cirrgico, So Paulo, 1997.

    NO UTILIZAO DA RA A B C D E F TOTAL MESES N N N N N N N

    1 31 17 30 13 - 1 92

    2 28 25 30 9 - - 93

    3 36 25 42 17 3 - 123

    4 41 30 28 15 - 1 115

    5 24 24 27 7 - - 82

    6 22 30 24 3 - - 79

    7 39 24 21 4 - 1 89

    8 40 25 20 7 - - 92

    9 43 30 27 4 - 3 107

    10 29 27 29 4 - - 89

    11 31 32 21 1 - - 85

    12 30 28 26 3 - - 87

    TOTAL 394 317 325 87 4 6 1.133

    LEGENDA: A = ANESTESIA LOCAL E BLOQUEIO DE BIER

    B = ENCAMINHAMENTO DIRETO PARA A UTI

    C = HORRIO DE FUNCIONAMENTO DA R.A.

    D = REGISTROS INADEQUADOS

    E = RECUPERAO EM S.O.

    F = BITO EM S.O.

  • APRESENTAO DOS RESULTADOS E DISCUSSO

    78

    Das 3.063 cirurgias realizadas, 1.133 (36,98%) dos pacientes no utilizaram a R.A., sendo que 394 (34,77%), foi pelo tipo de anestesia (local ou Bier), embora tenha ocorrido 435 anestesias local e 25 de Bier (grfico 3), 66 desses pacientes passaram pela R.A., devido a utilizao de anestesias

    combinadas, necessitando de recuperao anestsica; 317 (27,97%) dos pacientes foram encaminhados da S.O . para UTI (mdica, cirrgica e peditrica) ou para a unidade de Semi-intensiva. Quanto ao horrio de funcionamento da R.A., das 9:00 s 21:00 horas, em dias teis, 325 (28,68%) no foram encaminhados, pois a cirurgia terminou fora do horrio de funcionamento.

    Foram identificados 87 registros inadequados (7,6%), tendo s vezes marcado horrio de entrada sem registro de sada, ou horrio de sada sem registro

    de entrada.

    A mdia de permanncia em R.A., foi de 1,68 horas. Esse nmero foi

    obtido atravs do nmero de cirurgias ocorridas (3.063), subtraindo-se o nmero de pacientes que no utilizaram a R.A. (1133), dividindo-se pelo total de horas de utilizao de R.A. (3.260,15).

    Capacidade de Utilizao do C.C = Utilizao de S.O + Limpeza

    +Utilizao de R.A.

    Capacidade de Utilizao do C.C. = 7.455,30 + 1.531,50 + 3.260,15.

    Capacidade de Utilizao do C.C. = 12.246,95 horas/ano.

  • APRESENTAO DOS RESULTADOS E DISCUSSO

    79

    4.2 - Identificao da Capacidade Anual de Horas de Enfermagem (CHE)

    O clculo da CHE requer o conhecimento prvio da Carga Horria

    Anual (CHA), Dedicao Exclusiva (DE), Percentual de Ausncias (P%) e nmero mdio de funcionrios no ano (F).

    O quadro 1, demonstra o nmero de pessoal por categoria profissional

    e turno de trabalho.

    Quadro 1 - Demonstrativo do quadro de pessoal de enfermagem, por categoria profissional e turno de