Direito Administrativo - Extra Patricia Carla

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O meu livro 1001 Questes Comentadas de D. Administrativo FCC est venda pelo site da Ed. Mtodo no seguinte endereo: http://editorametodo.com.br/produtos_descricao.asp?codigo_produto=2605 Assista meu vdeo com dicas importantes sobre Anulao & Revogao dos Atos Administrativos http://www.jurisprudenciaeconcursos.com.br/espaco/anulacao-e-revogacao-do-ato-administrativo-video-com-dicas-importantes Bons estudos! @profapatricia

Princpios da Administrao Pblica

No Direito, princpios so frmulas nas quais esto contidos os pensamentos diretores do ordenamento, de uma disciplina legal ou de um instituto jurdico. Os princpios constituem as bases nas quais assentam institutos e normas jurdicas. No Direito Administrativo, os princpios revestem-se de grande importncia. Por ser um ramo do direito de elaborao recente e no codificado (no temos cdigo de Direito Administrativo!) os princpios auxiliam a compreenso e consolidao de seus institutos. A importncia dos princpios para o Direito Administrativo deve-se tambm ao fato de que eles possibilitam a soluo de casos no previstos em lei, para permitir uma melhor compreenso dos textos esparsos e para conferir certa segurana aos cidados quanto extenso dos seus direitos e deveres. Se algum dia voc pensar em desistir, desista de pensar!!

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Segundo o prof. Celso Antnio Bandeira de Mello, princpio , pois, por definio, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposio fundamental que se irradia sobre diferentes normas, compondo-lhes o esprito e servindo de critrio para exata compreenso e inteligncia delas, exatamente porque define a lgica e a racionalidade do sistema normativo, conferindo-lhes a tnica que lhe d sentido harmnico. Para o referido autor, violar um princpio muito mais grave do que violar uma norma. Os princpios revestem-se de funo positiva ao se considerar a influncia que exercem na elaborao de normas e decises sucessivas, na atividade de interpretao e integrao do direito; atuam, assim, na tarefa de criao, desenvolvimento e execuo do direito e de medidas para que se realize a justia e a paz social; sua funo negativa significa a rejeio de valores e normas que os contrariam. Em resumo, pode-se afirmar que os princpios cumprem duas funes essenciais dentro do Direito Administrativo, vejamos: 1. Funo hermenutica: o princpio pode ser utilizado para a interpretao de determinada norma; 2. Funo integrativa: o princpio pode ser tambm utilizado para suprir lacunas em caso de ausncia de norma legal acerca de determinada matria. Na Constituio de 1988 encontram-se mencionados explicitamente como princpios os seguintes: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficincia (este ltimo acrescentado pela EC 19/1998). Outros princpios do Direito Administrativo decorrem da lei, da elaborao jurisprudencial e doutrinria. Vejamos agora cada um dos princpios do Direito Administrativo mais cobrados em provas de concursos. Vamos comear pelos princpios expressos na CF/1988, art. 37, caput: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficincia = LIMPE A ADMINISTRAO!

L

I

M

P

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Princpio da Legalidade: Tal princpio decorrncia do Estado de Direito e traduz a idia de que a Administrao s pode fazer o que a lei permite. Ao contrrio, na relao entre particulares, o princpio aplicvel o da autonomia da vontade, segundo o qual o particular pode fazer tudo o que a lei no probe. Na relao administrativa, a vontade da Administrao Pblica a que decorre da lei. Aqui no se aplica a autonomia das vontades das relaes particulares. A relao que o particular tem com a lei de liberdade e autonomia da vontade, de modo que os ditames legais operam fixando limites negativos atuao privada. Dessa forma, o silncio da lei quanto ao regramento de determinada conduta recebido na esfera particular como permisso para agir. Ao contrrio, a relao do agente com a lei de subordinao, assim, a ausncia de disciplina legal sobre certo comportamento significa no mbito da Administrao Pblica uma proibio de agir.2

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De acordo com a CF/88, art. 84, IV, compete ao Presidente da Repblica sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para a sua fiel execuo. Evidencia-se, destarte, que mesmo os decretos, inclusive quando expedem regulamentos, s podem ser produzidos para ensejar execuo fiel da lei, ou seja, pressupem sempre uma dada lei da qual sejam os fiis executores. S uma coisa determinar a dimenso de suas conquistas: o tamanho da sua f!

Em decorrncia disso, a Administrao Pblica no pode, por simples ato administrativo, conceder direitos de qualquer espcie, criar obrigaes ou impor vedaes aos administrados; para tanto, ela depende de lei. A Lei n 9.784/99, que regula o processo administrativo federal, prev que nos processos administrativos sero observados, entre outros, os critrios de atuao conforme a lei e o direito. Ateno! A existncia de atos administrativos discricionrios (a ser estudado nas prximas aulas) NO constitui exceo ao princpio da legalidade. Pelo princpio da legalidade o administrador s poder fazer aquilo que a lei autoriza ou permite. No entanto, tal princpio no exclui a atividade discricionria do administrador uma vez que a Administrao em certos casos ter que usar a discricionariedade para efetivamente atender finalidade legal e, como conseqncia, atender ao princpio da legalidade. interessante observar que discricionariedade no se confunde com arbitrariedade, esta ilegal, ato praticado fora dos limites da lei. J aquela liberdade de ao dentro da lei. Princpio da Impessoalidade: A impessoalidade tanto aplicado aos particulares como prpria Administrao Pblica. Quando a impessoalidade aplicada aos particulares, est relacionada com a finalidade pblica que deve nortear a atividade administrativa. Nesse sentido, a Administrao no pode prejudicar e nem beneficiar pessoas determinadas, uma vez que sempre o interesse pblico que deve conduzir a atividade do administrador. Assim, o princpio da impessoalidade, considerado por muitos administrativistas como princpio da impessoalidade, impe ao administrador pblico que s pratique o ato para o seu fim legal de forma impessoal. A finalidade de todo ato administrativo sempre o interesse pblico, o ato que se apartar desse objetivo sujeitar-se- a invalidao por desvio de finalidade, que a Lei de Ao Popular conceituou como o fim diverso daquele previsto, explcita ou implicitamente, na regra de competncia do agente (Lei n 4.717/65, art. 2, pargrafo nico, e). Quando a impessoalidade aplicada ao administrador, aplica-se a idia da proibio de nomes, smbolos ou imagens que caracterizem promoo pessoal de autoridades ou servidores pblicos em publicidade de atos, programas, obras, servios e campanhas dos rgos pblicos. A Lei n 9.784/99, em seu art. 2, pargrafo nico, inciso III, exige objetividade no atendimento do interesse pblico, vedando a promoo pessoal de agentes ou autoridades. (grifou-se)

Esperar em Deus mais demorado. Mas, mais seguro!3

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Vale lembrar que o princpio da impessoalidade tambm aplicado na Teoria do Agente de Fato, quando se reconhece validade aos atos praticados por funcionrio irregularmente investido no cargo ou funo, sob fundamento de que os atos so do rgo e no do agente pblico. Princpio da Moralidade: Deve-se entender a moralidade administrativa como um conjunto de valores ticos que fixam um padro de conduta que deve ser necessariamente observado pelos agentes pblicos como condio para uma honesta, proba e ntegra gesto da coisa pblica, de modo a impor que estes agentes atuem no desempenho de suas funes com retido de carter, decncia, lealdade, decoro e boa-f. Ateno! A moralidade no se confunde com a legalidade administrativa. A norma ou atividade pode estar perfeita do ponto de vista legal, mas moralmente deficiente, caso no represente atitude tica e de boa-f, no sendo til a adoo desta norma ou atividade. Assim, legalidade moralidade e so princpios autnomos, ambos tem previso expressa na CF/1988, art. 37, caput. Ateno! A moralidade administrativa difere da moral comum. O princpio jurdico da moralidade administrativa no impe o dever de atendimento moral comum vigente na sociedade, mas exige respeito a padres ticos, de boa-f, decoro, lealdade, honestidade e probidade incorporados pela prtica diria ao conceito de boa administrao. A imoralidade administrativa produz efeitos jurdicos, j que acarreta a anulao do ato, que pode ser decretada pela prpria Administrao (princpio da autotutela) ou pelo Poder Judicirio. A Lei n 9784/99 prev o princpio da moralidade no art. 2, caput, como um dos princpios a que se obriga a Administrao Pblica; e, no pargrafo nico, inciso IV, exige atuao segundo padres ticos de probidade, decoro e boa-f, com referncia evidente aos principais aspectos da moralidade administrativa. Um outro aspecto importante da moralidade est na Smula Vinculante n13 que veda a prtica do nepotismo no servio pblico. Vejamos: Smula Vinculante n 13 do Supremo Tribunal Federal, de 21/08/2008: A nomeao de cnjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, at o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurdica investido em cargo de direo, chefia ou assessoramento, para o exerccio de cargo em comisso ou de confiana ou, ainda, de funo gratificada na administrao pblica direta e indireta em qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, compreendido o ajuste mediante designaes recprocas, viola a Constituio Federal. Ateno! O prprio Supremo Tribunal Federal ressalvou que a proibio NO extensiva aos agentes polticos do Poder Executivo como ministros de estado e secretrios estaduais, distritais e municipais (Rcl MC AgR 6650/PR, STF). A CF/1988, ao consagrar o princpio da moralidade, determinou a necessidade de sua proteo e a responsabilizao do administrador pblico amoral ou imoral. Para tanto, encontram-se no ordenamento jurdico inmeros mecanismos para impedir atos de imoralidade tais como:4

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a) Regras sobre a improbidade administrativa, no art. 37, 4, CF e na Lei n 8.429/92; b) Crimes de responsabilidade do Presidente da Repblica e de outros agentes polticos, CF/1988, art. 85, art. 5, LXXIII; c) Ao Popular, CF/1988, art. 5, LXXIII e Lei n 4.717/65; Alm dos citados acima, h ainda outros instrumentos de proteo da moralidade administrativa previstos no ordenamento jurdico, como, por exemplo, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n101/00). Princpio da Publicidade: Em conseqncia deste princpio, expressado na CF/1988, art. 37, caput, todos tem o direito de receber dos rgos pblicos informaes de seu interesse particular ou de interesse coletivo ou geral (CF/1988, art. 5, XXXIII). A publicidade representa condio de eficcia para os atos administrativos (ela NO elemento formativo do ato administrativo), marcando o incio de produo de seus efeitos externos, j que ningum est obrigado a cumprir um ato administrativo se desconhece a sua existncia. Assim, o ato administrativo, como de resto todo ato jurdico, tem na sua publicao o incio de sua existncia no mundo jurdico, irradiando, a partir de ento, seus legais efeitos, produzindo, assim, direitos e deveres.

Voc nunca sabe que resultados viro das suas aes. Mas, se voc no fizer nada, no existiro resultados.

Os objetivos da publicidade dos atos administrativos so os seguintes: a) Exteriorizar a vontade da Administrao Pblica divulgando o seu contedo para conhecimento pblico; b) Tornar exigvel o contedo do ato; c) Desencadear a produo de efeitos do ato; d) Permitir o controle de legalidade do comportamento do administrador. A desobedincia ao dever de publicar os atos oficiais pode caracterizar ato de improbidade administrativa, Lei n 8.429/92, art. 11, inciso IV. Como no existe princpio absoluto, a publicidade comporta excees, ou seja, a publicidade a regra que comporta excees, seja por exigncia dos interesses sociais, seja por imperativos da segurana do Estado.5

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A Lei n 11.111, de maio de 2005, regulamentando o art. 5, XXXIII, CF/1988, disciplina o acesso aos documentos pblicos de interesse particular, interesse coletivo ou interesse geral, ressalvadas as hipteses em que o sigilo seja ou permanea imprescindvel segurana da sociedade e do Estado (art. 2). Princpio da Eficincia: Este princpio, acrescido Constituio Federal pela EC n 19/98, visa exigir que a Administrao Pblica funcione de forma mais eficiente, preocupada com o seu desempenho e em alcanar resultados cada vez mais positivos, procurando a busca pela maior produtividade, em contraposio aos velhos hbitos e rotinas burocrticas que sempre nortearam a atividade pblica. A eficincia est ligada a uma noo de Administrao mais moderna, mais gerencial, preocupada com resultados. So conseqncias desse princpio as criaes de institutos como contratos de gesto, agncias executivas e reguladoras, organizaes sociais e a procura pela ampliao de autonomia de rgos e entidades. O princpio da eficincia tambm pode ser considerado em relao ao modo de atuao do agente pblico, do qual se espera o melhor desempenho possvel de suas atribuies, para lograr os melhores resultados; e em relao ao modo de organizar, estruturar, disciplinar a Administrao Pblica, tambm com o mesmo objetivo de alcanar os melhores resultados na prestao do servio pblico. A exigncia de eficincia ao agente pblico acarretou a alterao feita, tambm pela EC n 19/98, no art. 41, 1, da Constituio Federal, ao criar nova possibilidade de perda do cargo para o servidor pblico estvel mediante procedimento de avaliao peridica de desempenho, na forma da lei complementar, assegurada ampla defesa. Dessa forma, o servidor, mesmo estvel, que no seja eficiente em seu desempenho funcional, poder perder o cargo, aps a devida regulamentao da matria por lei complementar. Para o servidor ainda no estvel, tambm houve mudanas decorrentes da exigncia de eficincia, vez que a reforma administrativa alterou o art. 41, caput, ao aumentar o tempo de efetivo exerccio exigido para aquisio de estabilidade de dois para trs anos, e acrescentou o 4, segundo o qual como condio para a aquisio da estabilidade, obrigatria a avaliao especial de desempenho por comisso instituda para essa finalidade, condio essa no exigida anteriormente. Os princpios vistos acima so chamados de expressos porque expressamente previstos na Carta Magna. Porm, temos outros princpios alm destes que podem ser chamados de implcitos ou infraconstitucionais, so eles: Princpio da Supremacia do interesse pblico sobre o interesse do particular: Uma vez que o Estado representa toda a coletividade, o interesse da Administrao deve ser entendido como interesse de todos, e, portanto, deve prevalecer quando em conflito com determinado interesse particular, desde que sejam respeitados os direitos individuais deste. Tal princpio exalta a superioridade do interesse da coletividade, estabelecendo a prevalncia do interesse pblico sobre o interesse do particular, como condio indispensvel de assegurar e viabilizar os interesses individuais.

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A Administrao Pblica est sujeita ao chamado regime jurdico administrativo que formado pelo princpio da supremacia do interesse pblico e pelo princpio da indisponibilidade do interesse pblico. Pelo princpio da supremacia vigora a verticalidade nas relaes entre a Administrao e o particular, desse princpio resulta a exigibilidade e executoriedade dos atos administrativos, as clusulas exorbitantes dentro dos contratos administrativos, a interveno do Estado sobre a propriedade privada etc. J o Princpio da Indisponibilidade do interesse pblico serve para limitar a atuao do agente pblico, revelando-se um contrapeso superioridade descrita no princpio da supremacia do interesse pblico. Sendo o interesse pblico qualificado como prprio da coletividade, este no se encontra livre disposio de quem quer que seja, por ser insuscetvel de apropriao. Os prprios sujeitos da Administrao que o representam no tem disponibilidade sobre ele, haja vista que lhes incumbe to-somente zel-lo, no desempenho de um dever. Assim, os bens e o interesse pblico so indisponveis, porque pertencem coletividade. , por isso, o administrador, mero gestor da coisa pblica, no tendo disponibilidade sobre os interesses confiados sua guarda e realizao. Desse princpio resulta a obrigatoriedade da Administrao fazer concurso pblico para o preenchimento dos seus cargos, bem como se submeter ao procedimento licitatrio para aquisio de bens e servios. Princpio da Motivao: A Administrao Pblica deve motivar os seus atos, ou seja, demonstrar os motivos pelos quais est agindo de determinada maneira, para conhecimento e garantia dos administrados, que assim tero a possibilidade de contestar o motivo alegado pela Administrao, caso discordem do mesmo. A Lei n 9.784/99 trouxe de forma expressa o princpio da motivao em seu art. 2, segundo o qual nos processos administrativos sero observados, entre outros, os critrios de indicao dos pressupostos de fato e de direito que determinam a deciso. A referida Lei em seu art. 50, 1, permitiu a denominada motivao aliunde ou per relationem, segundo a qual a concordncia com fundamentos anteriores, informaes, decises ou propostas j considerada motivao do ato administrativo. Ope-se a chamada motivao contextual em que os fundamentos de fato e de direito esto indicados no prprio contexto do ato, no havendo remisso motivao externa. Dessa forma, no viola o princpio da motivao dos atos administrativos o ato da autoridade que, ao deliberar acerca de recurso administrativo, mantm deciso com base em parecer de consultoria jurdica, sem maiores consideraes. interessante lembrar que quando o administrador motiva o ato, ele estar vinculado ao motivo, em virtude da aplicao da Teoria dos Motivos Determinantes. De acordo com esta teoria, a Administrao tem total vinculao com os motivos que apresenta para a prtica do ato, de tal sorte que, se inexistentes os motivos, o ato ser anulado. Princpio da Segurana jurdica: Est relacionado necessidade de respeito, pela Administrao, boa-f dos administrados que com ela interagem, no sentido de que, quando esses tem um determinado direito reconhecido pela Administrao, no podem vir a ser prejudicados, ulteriormente, por mudanas de entendimento da prpria Administrao sobre aquela matria.

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Esse princpio tambm chamado de boa-f ou proteo confiana, por ele fica vedada a aplicao retroativa de nova interpretao de norma administrativa que encontra-se consagrada no ordenamento jurdico ptrio. Ele tem previso legal na Lei n 9.784/99, art. 2. Princpio da Proporcionalidade: Tal princpio irradia para a Administrao Pblica a obedincia ao bom senso, moderao, prudncia, proibio de excessos, equidade e valores afins. um princpio constitucional implcito que exige a verificao do ato do poder pblico quanto aos seguintes caracteres: adequao (utilidade), necessidade (exigibilidade) e proporcionalidade em sentido estrito. Assim, aplicado tal princpio Administrao Pblica, impe-se que as entidades, rgos e agentes pblicos, no desempenho das funes administrativas, adotem meios que, para a realizao de seus fins, revelem-se adequados, necessrios e proporcionais. A lei n 9.784/99 explicitou, a nvel infraconstitucional, o referido princpio, exigindo da Administrao Pblica a observncia do princpio da razoabilidade e da proporcionalidade. Com efeito, prev o seu art. 2, caput, que a Administrao Pblica obedecer, dentre outros, aos princpios da legalidade, finalidade, motivao, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditrio, segurana jurdica, interesse pblico e eficincia. Ademais, prev a Lei em tela, no pargrafo nico do art. 2, que nos processos administrativos sero observados, entre outros, os critrios de adequao entre meios e fins, vedada a imposio de obrigaes, restries e sanes em medida superior quelas estritamente necessrias ao atendimento do interesse pblico. Princpio da Razoabilidade: Segundo Jos dos Santos Carvalho Filho, Razoabilidade a qualidade do que razovel, ou seja, aquilo que se situa dentro de limites aceitveis. O princpio da razoabilidade se fundamenta nos princpios da legalidade e da finalidade. Os princpios da Razoabilidade e da Proporcionalidade constituem instrumentos de controle dos atos estatais abusivos, seja qual for a sua natureza. Princpio da Isonomia: A Constituio Federal, no art.5, caput, estabelece que, sem distino de qualquer natureza, todos so iguais perante a lei. Todos devem ser tratados por ela igualmente tanto quando concede benefcio, confere isenes ou outorga vantagens como quando prescreve sacrifcios, multas, sanes e agravos. Tal princpio tem a finalidade de impedir distines, discriminaes e privilgios arbitrrios ou odiosos. Toda diferenciao deve estar fundamentada em uma justificativa objetiva e razovel, sendo que a violao ao princpio da igualdade restar caracterizada toda vez que o elemento discriminador for de encontro a uma finalidade albergada pelo ordenamento jurdico. comum a distino entre igualdade formal e material. A primeira, tambm conhecida como igualdade perante a lei (Jos Afonso da Silva), consiste no tratamento igual conferido a todos os seres de uma mesma categoria essencial. A igualdade material consiste na busca pela igualizao dos desiguais por meio da concesso de direitos sociais substanciais. Para que haja uma igualdade material necessrio que o Estado atue positivamente proporcionando aos menos favorecidos igualdades reais de condies. A Carta Magna consagra a igualdade formal, mas impe a busca por uma igualdade material, conforme se pode depreender de vrios dispositivos, dente eles, o art.3, III que estabelece como um dos objetivos fundamentais da Repblica Federativa do Brasil a reduo das desigualdades sociais e regionais. As chamadas discriminaes positivas ou aes afirmativas aes que beneficiam grupos menos favorecidos para que tenham igualdade material de condies no so vedadas pela Constituio, desde que amparadas por critrios justificveis e albergados pelo ordenamento jurdico.8

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Smula 339, STF: No cabe ao poder judicirio, que no tem funo legislativa, aumentar vencimentos de servidores pblicos sob fundamento de isonomia. Bem, aqui vimos os principais princpios do Direito Administrativo. Alguns ficaram de fora (ex. Autotutela, Presuno de legitimidade, Continuidade dos servios pblicos, Finalidade etc) porque eu achei mais didtico abord-los quando estivermos estudando os respectivos assuntos. Vamos sintetizar tudo? 1. Princpio da legalidade: uma exigncia que decorre do Estado de Direito, ou seja, da submisso do Estado ao imprio da ordem jurdica. Assim, a atividade administrativa s pode ser exercida em conformidade com a lei. Para a Administrao a legalidade, ou seja, ela s faz aquilo que a lei autoriza ou permite. Para o particular a autonomia da vontade, ou seja, ele pode fazer tudo o que quiser desde que a lei no proba;

2. Princpio da impessoalidade: exige que a atividade administrativa seja exercida de modo a atender a todos os administrados, ou seja, a coletividade, e no a certos membros em detrimento de outros, devendo apresentar-se, portanto, de forma impessoal. A impessoalidade veda a prtica do nepotismo, afastando os parentes da Administrao Pblica (SV 3). De acordo com tal princpio a atividade administrativa exercida pelo agente pblico imputada ao rgo e no ao prprio agente;

3. Princpio da Moralidade: determina o emprego da tica, honestidade, retido, probidade, boa-f e lealdade com as instituies administrativas e polticas no exerccio da atividade administrativa;

4. Princpio da publicidade: exige uma atividade administrativa transparente, a fim de que o administrado tome conhecimento dos comportamentos administrativos do Estado. A publicidade condio de eficcia do ato administrativo;

5. Princpio da eficincia: introduzido pela EC n 19/1998, trouxe para a Administrao o dever explcito de realizar as suas atribuies com rapidez, perfeio e rendimento;

6. Princpio da supremacia do interesse pblico: este princpio exalta a superioridade do interesse da coletividade, estabelecendo a prevalncia do interesse pblico sobre o interesse do particular, como condio indispensvel de assegurar e viabilizar os interesses individuais;

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7. Princpio da indisponibilidade do interesse pblico: os bens e os interesses pblicos no esto entregues livre disposio da vontade do administrador. Ao contrrio, cumpre a ele o dever de proteg-los nos termos da finalidade legal a que esto vinculados;

8. Princpio da motivao: por este princpio o ato administrativo deve ser motivado, seja ele discricionrio ou vinculado. Quando o administrador motiva o ato, mesmo aquele no qual no obrigatria a motivao (ex. exonerao de servidor pblico ocupante de cargo em comisso), ele estar vinculado ao motivo, em face da aplicao da Teoria dos Motivos Determinantes;

9. A Teoria dos Motivos Determinantes implica para a Administrao a total vinculao com os motivos que apresenta para a prtica do ato, dessa forma, inexistentes os motivos, o ato ser anulado;

10. A Lei n 9.784/99, em seu art. 50, 1, permitiu a denominada motivao aliunde ou per relationem, segundo a qual a concordncia com fundamentos anteriores, informaes, decises ou propostas j considerada motivao do ato administrativo;

11. Princpio da Segurana Jurdica: Esse princpio tambm chamado de boa-f ou proteo confiana, por ele fica vedada a aplicao retroativa de nova interpretao de norma administrativa.

Obstculo aquilo que voc enxerga quando tira os olhos do seu objetivo.

JURISPRUDNCIA SOBRE O ASSUNTO DA AULA:

Princpio da Impessoalidade. Constituio Estadual pode proibir atribuio de nome de pessoa viva a bens e logradouros pblicos. ADI 307/CE, rel. Min. Eros Grau, INFO 494 STF. O direito constitucional de petio e o princpio da legalidade no implicam a necessidade de esgotamento da via administrativa para discusso judicial (RE 233.582/RJ, INFO 506 STF).10

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A exigncia de depsito ou arrolamento prvio de bens e direitos como condio de admissibilidade de recurso administrativo constitui obstculo srio (e intransponvel, para considerveis parcelas da populao) ao exerccio do direito de petio (CR, art. 5, XXXIV), alm de caracterizar ofensa ao princpio do contraditrio (CR, art. 5, LV) (ADI 1976/DF, INFO 461 STF). Smula Vinculante 21: inconstitucional a exigncia de depsito ou arrolamento prvios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo

Vamos treinar?? 01. (FCC/MPE-SE/Tcnico/2009) A Constituio determina expressamente que so princpios da Administrao Pblica: (A) publicidade, moralidade e eficincia. (B) impessoalidade, moralidade e imperatividade. (C) hierarquia, moralidade e legalidade. (D) legalidade, impessoalidade e autoexecutoriedade. (E) impessoalidade, presuno de legitimidade e hierarquia. Resposta: A Comentrios: Outra questo tambm muito fcil. Art. 37, caput, CF: A administrao pblica direta e indireta de qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios obedecer aos princpios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficincia e, tambm, ao seguinte: (Redao dada pela Emenda Constitucional n 19, de 1998) (grifou-se) A Carta Magna expressamente faz referncia ao LIMPE, j estudado anteriormente. Vamos rever as alternativas: (A) publicidade, moralidade e eficincia: resposta correta!! (B) impessoalidade, moralidade e imperatividade: a imperatividade um atributo do ato administrativo a ser estudado nas prximas aulas. (C) hierarquia, moralidade e legalidade: o princpio da hierarquia no tem previso expressa na Carta Magna, de acordo com tal princpio, os atos administrativos podem ser revisados, possvel a delegao e a avocao de competncia e do ponto de vista do subordinado h o dever de obedincia. (D) legalidade, impessoalidade e autoexecutoriedade: a autoexecutoriedade um atributo do ato administrativo a ser estudado nas prximas aulas. (E) impessoalidade, presuno de legitimidade e hierarquia: a presuno de legitimidade um atributo do ato administrativo a ser estudado nas prximas aulas. Portanto, correta a letra A.11

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02. (FCC/TRT22/Analista/2010) Sobre os princpios bsicos da Administrao Pblica, INCORRETO afirmar: (A) O princpio da eficincia alcana apenas os servios pblicos prestados diretamente coletividade e impe que a execuo de tais servios seja realizada com presteza, perfeio e rendimento funcional. (B) Em observncia ao princpio da impessoalidade, a Administrao no pode atuar com vistas a prejudicar ou beneficiar pessoas determinadas, vez que sempre o interesse pblico que tem que nortear o seu comportamento. (C) Embora no se identifique com a legalidade, pois a lei pode ser imoral e a moral pode ultrapassar o mbito da lei, a imoralidade administrativa produz efeitos jurdicos porque acarreta a invalidade do ato que pode ser decretada pela prpria Administrao ou pelo Judicirio. (D) O princpio da segurana jurdica veda a aplicao retroativa de nova interpretao de lei no mbito da Administrao Pblica, preservando assim, situaes j reconhecidas e consolidadas na vigncia de orientao anterior. (E) Em decorrncia do princpio da legalidade, a Administrao Pblica no pode, por simples ato administrativo, conceder direitos de qualquer espcie, criar obrigaes ou impor vedaes aos administrados; para tanto, ela depende de lei. Resposta: A Comentrios: Sobre os princpios bsicos da Administrao Pblica, INCORRETO afirmar: (A) O princpio da eficincia alcana apenas os servios pblicos prestados diretamente coletividade e impe que a execuo de tais servios seja realizada com presteza, perfeio e rendimento funcional. Incorreto e essa que vamos marcar! O apenas deixou a questo errada. Vamos corrigi-la: O princpio da eficincia alcana os servios pblicos prestados direta e indiretamente (ex. concessionrios, permissionrios de servios pblicos) coletividade e impe que a execuo de tais servios seja realizada com presteza, perfeio e rendimento funcional. (B) Em observncia ao princpio da impessoalidade, a Administrao no pode atuar com vistas a prejudicar ou beneficiar pessoas determinadas, vez que sempre o interesse pblico que tem que nortear o seu comportamento. Correto! Ex. remoo de servidor pblico tem que atender ao interesse pblico, no posso remover para punir, caso contrrio, estaria violado o princpio da impessoalidade. Segundo o STF, dever da Administrao Pblica perseguir a satisfao da finalidade legal. O pleno cumprimento da norma jurdica constitui o ncleo do ato administrativo. Dever jurdico da Administrao Pblica de atingir, da maneira mais eficaz possvel, o interesse pblico identificado na norma.12

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(C) Embora no se identifique com a legalidade, pois a lei pode ser imoral e a moral pode ultrapassar o mbito da lei, a imoralidade administrativa produz efeitos jurdicos porque acarreta a invalidade do ato que pode ser decretada pela prpria Administrao ou pelo Judicirio. Correto! A moralidade no se confunde com a legalidade administrativa. A norma ou atividade pode estar perfeita do ponto de vista legal, mas moralmente deficiente, caso no represente atitude tica e de boa-f, no sendo til a adoo desta norma ou atividade. Assim, legalidade moralidade e so princpios autnomos, ambos tem previso expressa na CF/1988, art. 37, caput. (D) O princpio da segurana jurdica veda a aplicao retroativa de nova interpretao de lei no mbito da Administrao Pblica, preservando assim, situaes j reconhecidas e consolidadas na vigncia de orientao anterior. Correto! A segurana jurdica tem muita relao com a idia de respeito boa-f. Se a Administrao adotou determinada interpretao como a correta e aplicou a casos concretos, no pode depois vir a anular atos anteriores, sob o pretexto de que os mesmos foram praticados com base em errnea interpretao. Se o administrado teve reconhecido determinado direito com base em interpretao adotada em carter uniforme para toda a Administrao, evidente que a sua boa-f deve ser respeitada. (E) Em decorrncia do princpio da legalidade, a Administrao Pblica no pode, por simples ato administrativo, conceder direitos de qualquer espcie, criar obrigaes ou impor vedaes aos administrados; para tanto, ela depende de lei. Correto! No direito positivo brasileiro, tal princpio, alm de referido no art. 37, caput, CF, est contido tambm no art. 5 da Carta Magna que, repetindo preceito de Constituies anteriores, estabelece que ningum ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa seno em virtude de lei. 03. (FCC/TRE-AL/Tcnico/2010) Quando se afirma que o particular pode fazer tudo o que a lei no probe e que a Administrao s pode fazer o que a lei determina ou autoriza, estamos diante do princpio da: (A) legalidade. (B) obrigatoriedade. (C) moralidade. (D) proporcionalidade. (E) contradio. Resposta: A Comentrios: Essa foi um presente da FCC!! Claro que a resposta a letra A por tudo o que ns j estudamos anteriormente! 04. (FCC/TRE-AL/Tcnico/2010) A imposio de que o administrador e os agentes pblicos tenham sua atuao pautada pela celeridade, perfeio tcnica e economicidade traduz o dever de (A) agir. (B) moralidade.13

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(C) prestao de contas. (D) eficincia. (E) obedincia. Resposta: D Comentrios: Tambm muito fcil!! dever de eficincia. Os agentes pblicos devem agir com rapidez, presteza, perfeio, rendimento. Importante tambm o aspecto econmico, que deve pautar as decises, levando-se em conta sempre a relao custo-benefcio. Privilegia, assim, o binmio qualidade x economicidade. Construir uma linha de distribuio eltrica em rua desabitada pode ser legal, mas no ser um

investimento eficiente para a sociedade, que arca com os custos e no obtm o benefcio correspondente. A Administrao Pblica deve estar atenta s suas estruturas e organizaes, evitando a manuteno de rgos/entidades subutilizados, ou que no atendam s necessidades da populao. A Lei n 9.784/99, em seu art. 2, caput assim preceitua: Art. 2o. A Administrao Pblica obedecer, dentre outros, aos princpios da legalidade, finalidade, motivao, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditrio, segurana jurdica, interesse pblico e eficincia. A eficincia tambm est presente na Constituio Federal, em seu art. 37, caput: Art. 37. A administrao pblica direta e indireta de qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios obedecer aos princpios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficincia. Acrescente-se que os princpios administrativos previstos constitucionalmente representam uma relao meramente exemplificativa de dogmas que devero ser obrigatoriamente observados pelo administrador pblico. Segundo a doutrina, o princpio da democracia participativa instrumento para a efetividade dos princpios da eficincia e da probidade administrativa. 05. (FCC/TRE-AM/Analista/2010) A respeito dos princpios bsicos da Administrao, correto afirmar: (E) Em razo do princpio da moralidade o administrador pblico deve exercer as suas atividades administrativas com presteza, perfeio e rendimento funcional. (B) Os princpios da segurana jurdica e da supremacia do interesse pblico no esto expressamente previstos na Constituio Federal. A publicidade elemento formativo do ato e serve para convalidar ato praticado com irregularidade quanto origem. (D) Por fora do princpio da publicidade todo e qualquer ato administrativo, sem exceo, deve ser publicado em jornal oficial.14

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(E) O princpio da segurana jurdica permite a aplicao retroativa de nova interpretao de norma administrativa.

Resposta: B Comentrios: A respeito dos princpios bsicos da Administrao, correto afirmar: (E) Em razo do princpio da moralidade o administrador pblico deve exercer as suas atividades administrativas com presteza, perfeio e rendimento funcional. O correto seria: Em razo do princpio da eficincia o administrador pblico deve exercer as suas atividades administrativas com presteza, perfeio e rendimento funcional. (B) Os princpios da segurana jurdica e da supremacia do interesse pblico no esto expressamente previstos na Constituio Federal. Correto! So princpios implcitos! Como o rol de princpios previstos no art. 37, caput da CF meramente exemplificativo, a Lei n 9.784/99 trouxe outros a serem aplicados na atividade administrativa, so eles: Art. 2o. A Administrao Pblica obedecer, dentre outros, aos princpios da legalidade, finalidade, motivao, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditrio, segurana jurdica, interesse pblico e eficincia.

A publicidade elemento formativo do ato e serve para convalidar ato praticado com irregularidade quanto origem. A publicidade NO elemento formativo do ato, requisito de eficcia e moralidade. Segundo a doutrina dominante os elementos formativos do ato so: competncia, finalidade, forma, motivo e objeto. A publicidade necessria para dar eficcia aos atos que devam produzir efeitos fora dos limites da repartio pblica para que os mesmos sejam de conhecimento pblico. A publicidade NO convalida o ato administrativo. Se o ato ilegal, ele continuar sendo ilegal mesmo se for publicado. Convalidar tornar vlido, efetuar correes no ato administrativo, de forma que ele fique perfeito, atendendo a todas as exigncias legais. Estudaremos convalidao na aula de atos administrativos. (D) Por fora do princpio da publicidade todo e qualquer ato administrativo, sem exceo, deve ser publicado em jornal oficial.

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Errado! A publicidade produz os efeitos previstos somente se feita atravs de rgo oficial, que o jornal, pblico ou no, que se destina publicao de atos estatais. Dessa forma, no basta a mera notcia veiculada na imprensa (STF, RE 71.652). No entanto, no so todos os atos administrativos que devem ter publicidade ampla. Assim, atos internos, em geral, exigem apenas publicidade interna, como o caso de fixao de regras para apresentao de atestados mdicos por parte dos servidores do rgo. De outro lado, por expressa previso legal, deve haver publicao no meio oficial, por exemplo, nas hipteses de interessados indeterminados, desconhecidos ou com domiclio indefinido (Lei n 9.784/99, art. 26, 4). (E) O princpio da segurana jurdica permite a aplicao retroativa de nova interpretao de norma administrativa. Ao contrrio! No permite! Tambm chamado por alguns de princpio da estabilidade das relaes jurdicas, revela a importncia de se ter certa imutabilidade ou certeza de permanncia dessas relaes jurdicas, visando impedir ou reduzir as possibilidades de alteraes dos atos administrativos, sem a devida fundamentao. Assim, busca evitar as constantes mudanas de interpretaes da lei feitas pela Administrao, bem como evitar que sejam invalidados seus atos, sem causa justificativa, trazendo prejuzos a terceiros de boa-f. Tal princpio tem previso na Lei n 9.784/99, em seu art. 2, pargrafo nico, XIII: Art. 2 (...) Pargrafo nico. Nos processos administrativos sero observados, entre outros, os critrios de: XIII interpretao da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim pblico a que se dirige, vedada a aplicao retroativa de nova interpretao. (grifou-se) Atos Administrativos

Conceito de Ato Administrativo Ato administrativo toda manifestao unilateral de vontade da Administrao Pblica que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigaes aos administrados ou a si prpria. (Hely Lopes Meirelles) O conceito de ato administrativo no deve ser confundido com o de fato administrativo. Embora sejam ambos provenientes da Administrao, constituem manifestaes distintas do Poder Pblico. O fato administrativo no tem por fim a produo de efeitos jurdicos, mas sim a realizao material no exerccio da funo administrativa (por isso so tambm chamados de atos materiais).

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O fato administrativo , portanto, uma mera realizao material, de ordem prtica, de execuo, como a construo de uma ponte, a demolio de um prdio, a apreenso de mercadorias irregulares, a instalao de um servio. Ou seja, em si uma atividade pblica material desprovida de contedo de direito. Em regra, o ato administrativo e o fato administrativo so institutos relacionados, pois o ltimo conseqncia do primeiro. Antes de realizar o fato administrativo (realizao material) a Administrao vai manifestar sua vontade por intermdio do ato administrativo (contedo jurdico). Partindo-se da idia da diviso de funes entre os trs Poderes do Estado, pode-se dizer, em sentido amplo, que todo ato praticado no exerccio da funo administrativa ato da Administrao. A expresso atos da Administrao tem sentido mais amplo do que a expresso ato administrativo, abrangendo os atos de direito privado, atos materiais, atos de conhecimento, atos polticos, contratos, atos normativos e os atos administrativos propriamente ditos.

ATOS ADMINISTRATIVOS

ATOS DA ADMINISTRAO PBLICA

Atos regidos pelo direito pblico

Atos regidos pelo direito pblico ou privado

Ato administrativo: declarao do Ato da administrao: todo ato Estado ou de quem o represente, que praticado no exerccio da funo produz efeitos jurdicos imediatos, com administrativa. observncia da lei, sob regime jurdico de direito pblico e sujeito ao controle do Poder Judicirio.

Ato da Administrao: gnero; Ato administrativo: espcie do gnero atos da Administrao Assim, os atos da Administrao (gnero) englobam todos os atos praticados pela Administrao Pblica, seja sob o regime de direito pblico ou sob o regime de direito privado. J o ato administrativo (espcie do gnero atos da Administrao) a declarao do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos jurdicos imediatos, com observncia da lei, sob o regime de direito pblico e sujeita a controle pelo Poder Judicirio. Dentre os atos da Administrao distinguem-se os que produzem e os que no produzem efeitos jurdicos. Aqueles que no produzem efeitos jurdicos no so considerados atos administrativos por no se enquadrar no respectivo conceito.17

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OS ATOS DA ADMINISTRAO ENGLOBAM:

Atos de direito privado (ex. doao, permuta, compra e venda, locao);

Atos materiais da Administrao (ex. demolio de uma casa, apreenso de mercadoria, realizao de um servio);

Atos de conhecimento (ex. atestados, certides, pareceres, votos);

Atos polticos;

Contratos;

Atos normativos (ex. decretos, portarias, resolues, regimentos, de efeitos gerais e abstratos);

Atos administrativos propriamente ditos

Elementos do Ato Administrativo Os elementos do ato administrativo esto presentes na Lei n 4.717/65 (Lei de Ao Popular), art. 2. So eles: competncia, finalidade, forma, motivo e objeto. a) Competncia: o poder atribudo, por lei, aos rgos e agentes para o desempenho de suas atribuies. A competncia legalmente atribuda a determinado agente no pode por ele ser transferida de forma permanente a outro, mas pode ser delegada e avocada. A profa. Maria Sylvia Zanella Di Pietro chama esse elemento de sujeito. A incompetncia fica caracterizada quando o ato no se incluir nas atribuies legais do agente que o praticou (art. 2, Lei 4717/65). b) Finalidade: o resultado que se quer alcanas com a prtica daquele ato; em sentido amplo, mediato, a finalidade de todo ato administrativo deve ser sempre atender ao interesse pblico, enquanto em sentido estrito cada ato tem a sua finalidade imediata, especfica, que dever decorrer, ainda que de forma implcita, da lei. Quando no atendida a finalidade do ato, ocorrer o desvio de finalidade, a tornar o ato nulo. O desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explcita ou implicitamente, na regra de competncia (art. 2, Lei 4717/65).18

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c) Forma: o modo pelo qual o ato administrativo se exterioriza, adotando, em regra, a forma escrita, e, excepcionalmente, outras formas como a verbal e at mesmo sinais, tais como placas de trnsito, visto que todas manifestam unilateralmente a vontade da Administrao. Os atos podem vir na forma de decretos, resolues, vistos, portarias, instrues etc. O vcio de forma consiste na omisso ou na observncia incompleta ou irregular de formalidades indispensveis existncia ou seriedade do ato (art. 2, Lei 4717/65). d) Motivo (# motivao # mvel): ( a situao de direito e de fato que determina ou autoriza a realizao de ato administrativo // quando o motivo vier expresso na lei, o ato ser vinculado. Quando a lei deixar ao administrador a avaliao quanto oportunidade e convenincia, o ato ser discricionrio // Ex. demisso de um servidor motivo: a infrao por ele praticada (j que demisso uma penalidade); motivao: a exposio de motivos, a exteriorizao, por escrito, do motivo que levou a Administrao a aplicar tal penalidade). Ateno: o art.50, Lei 9784/99 enumerou expressamente atos que devero ser motivados. A inexistncia dos motivos se verifica quando a matria de fato ou de direito, em que se fundamenta o ato, materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado obtido (art. 2, Lei 4717/65). e) ELEMENTOS // REQUISITOS DO ATO ADMINISTRATIVO (Lei n 4.717/65, art. 2)

Competncia (sujeito)

Finalidade

Conjunto de atribuies das pessoas jurdicas, rgos e agentes, fixadas pelo direito positivo. o resultado que a Administrao quer alcanar com a prtica do ato. o modo atravs do qual se exterioriza o ato administrativo, seu revestimento. o pressuposto de fato e de direito que serve de fundamento ao ato administrativo. o efeito jurdico imediato que o ato produz.

Forma

Motivo

Objeto (contedo)

MRITO ADMINISTRATIVO = CONVENINCIA + OPORTUNIDADE

TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES: relaciona-se com o motivo do ato administrativo, aquela que prende o administrador no momento da execuo do ato aos motivos que ele alegou no momento de sua edio, sujeitando-se demonstrao de sua ocorrncia, de tal modo que, se inexistentes ou falsos, implicam em sua nulidade.

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f) Objeto (= contedo): o que efetivamente o ato est fazendo, o efeito gerado pelo ato. Em um ato de demisso, o objeto a demisso de determinado servidor; no ato de desapropriao, o objeto a desapropriao dos referidos imveis. O objeto de todo ato administrativo deve ser sempre lcito, moral e possvel, ou o ato ser invlido. A ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa em violao de lei, regulamento ou outro ato normativo (art. 2, Lei 4717/65). Atributos do Ato Administrativo

P

A

T

I

a) Presuno de Legitimidade: presuno iuris tantum, pois admite prova em contrrio. b) Autoexecutoriedade: autoriza a ao imediata e direta da Administrao.

ATENO!!! O PROFESSOR CELSO ANTNIO BANDEIRA DE MELLO DEFENDE QUE A AUTOEXECUTORIEDADE ABRANGE: EXIGIBILIDADE E EXECUTORIEDADE

c) Tipicidade: citado pela profa. Maria Sylvia Zanella Di Pietro, ela ensina que o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela lei como aptas a produzir determinados resultados. Para cada finalidade que a Administrao pretende alcanar existe um ato definido em lei. d) Imperatividade: os atos administrativos so obrigatrios, imperativos, devendo ser obedecidos pelo administrado ainda que de forma contrria aos seus interesses ou sua concordncia.

ATENO!!! O PROFESSOR CELSO ANTNIO BANDEIRA DE MELLO CHAMA ESSE ATRIBUTO DE PODER EXTROVERSO DO ESTADO.

4 Discricionariedade x Vinculao: ato vinculado aquele editado em decorrncia do poder vinculado que detm a Administrao, ou seja, quando a lei determina a nica forma possvel de atuao para a Administrao, no lhe concedendo nenhum grau de liberdade para manifestao de sua vontade. Ato discricionrio, ao contrrio, aquele editado em decorrncia do poder20

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discricionrio que detm a Administrao, ou seja, quando a lei permite certo grau de liberdade para que a Administrao decida se deve agir desta ou de outra forma, bem como decida o momento mais apropriado para agir. Vamos sintetizar tudo? 1. Presuno de legitimidade diz respeito conformidade do ato com a lei, j a presuno de veracidade diz respeito aos fatos; 2. Autoexecutoriedade o atributo pelo qual o ato administrativo pode ser posto em execuo pela prpria Administrao Pblica, sem necessidade de interveno do Poder Judicirio; 3. Autoexecutoriedade (exigibilidade e executoriedade): exigibilidade meios indiretos, executoriedade meios diretos; 4. Tipicidade o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela lei como aptas a produzir determinados resultados. Para cada finalidade que a Administrao pretende alcanar existe um ato definido em lei; 5. Imperatividade o atributo pelo qual os atos administrativos se impem a terceiros, independentemente de sua concordncia.

Espcies de ato administrativo: 1. Atos normativos: so aqueles que contem comandos, em regra, gerais e abstratos para viabilizar o cumprimento da lei. Para alguns autores, tais atos seriam leis em sentido material. Ex. decretos, deliberaes 2. Atos ordinatrios: so manifestaes internas da Administrao decorrentes do poder hierrquico disciplinando o funcionamento de rgos e a conduta de agentes pblicos. Assim, no podem disciplinar o comportamento de particulares por constiturem determinaes internas. Ex. instrues e portarias. 3. Atos negociais: manifestam a vontade da Administrao em concordncia com o interesse de particulares. Ex. concesses, licenas. 4. Atos enunciativos: tambm chamados atos de pronncia, certificam ou atestam uma situao existente, no contendo manifestao de vontade da Administrao Pblica. Ex. certides, pareceres, atestados. 5. Atos punitivos: aplicam sanes a particulares ou servidores que pratiquem condutas irregulares. Ex. multas e interdies de estabelecimento. ...pois saiba que Deus quer te surpreender, Ele pode falar com voc e mudar totalmente o seu destino.

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Vamos resumir e exemplificar?

Atos Normativos: comandos gerais e Ex. decretos e regulamentos, abstratos para aplicao da lei instrues normativas, regimentos, resolues, deliberaes

Atos Ordinatrios: disciplinam Ex. instrues, circulares, avisos, rgos e agentes pblicos portarias, ordens de servio, ofcios, despachos

Atos negociais: vontade da Ex. licena, autorizao, permisso, Administrao em concordncia com aprovao, admisso, visto, particulares homologao, dispensa, renncia, protocolo administrativo.

Atos enunciativos: certificam atestam uma situao existente

ou Ex. certides, atestados, pareceres tcnicos, pareceres normativos, apostilas

Atos punitivos: aplicam sanes a Ex. multa, interdio de atividade, agentes e particulares destruio de coisas

Vamos conceituar cada um deles?

ATOS NORMATIVOS

Decretos e regulamentos:

So atos administrativos, em regra, gerais e abstratos, privativos do Chefe do Poder Executivo e expedidos para dar fiel execuo lei.

Instrues normativas:

So atos normativos de competncia dos Ministros praticados para viabilizar a execuo de leis e outros atos normativos.

Resolues:

So atos administrativos inferiores aos decretos e regulamentos, expedidos por Ministros de Estado, presidentes de tribunais, de casas22

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legislativas e de rgos colegiados, versando sobre matrias de interesse interno dos respectivos rgos.

Deliberaes:

So atos normativos ou decisrios de rgos colegiados.

ATOS ORDINATRIOS

Instrues:

Expedidas pelo superior hierrquico e destinadas aos seus subordinados, so ordens escritas e gerais para disciplina e execuo de determinado servio pblico.

Circulares:

Constituem atos escritos de disciplina de determinado servio pblico voltados a servidores que desempenham tarefas em situaes especiais. Diferem das instrues porque no so gerais.

Avisos:

Atos exclusivos de Ministros de Estado para regramento de temas da competncia interna do Ministrio.

Portarias:

Atos internos que iniciam sindicncias, processos administrativos ou promovem designaes de servidores para cargos secundrios. So expedidas por chefes de rgos e reparties pblicas. As portarias nunca podem ser baixadas pelos Chefes do Executivo.

Ordens de servio:

So determinaes especficas dirigidas a servidores subordinados ou particulares sobre assuntos administrativos ou de ordem social.

So

convites

ou

comunicaes23

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Ofcios:

escritas dirigidas a servidores subordinados ou particulares sobre assuntos administrativos ou de ordem social.

Despachos:

So decises de autoridades pblicas manifestadas por escrito em documentos ou processos sob sua responsabilidade.

ATOS NEGOCIAIS

Licena:

Ato administrativo unilateral, declaratrio e vinculado que libera, a todos que preencham os requisitos legais, o desempenho de atividades em princpio vedadas pela lei. Tratase de manifestao do poder de polcia administrativo desbloqueando atividades cujo exerccio depende de autorizao da Administrao, como acontece na licena para construir.

Autorizao:

Ato unilateral, discricionrio, constitutivo e precrio expedido para a realizao de servios ou a utilizao de bens pblicos no interesse predominante do particular, como o porte de arma.

Permisso:

Ato unilateral, discricionrio e precrio que faculta o exerccio de servios de interesse coletivo ou a utilizao de bem pblico.

Aprovao:

Ato administrativo unilateral e discricionrio que realiza a verificao prvia ou posterior da legalidade e do mrito de outro ato como condio para a sua produo de efeitos.

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Admisso:

Ato administrativo unilateral e vinculado que faculta, a todos que preencherem os requisitos legais, o ingresso em reparties governamentais ou defere certas condies subjetivas, como a admisso de usurio em biblioteca pblica.

Visto:

Constitui ato vinculado expedido para controlar a legitimidade formal de outro ato particular ou agente pblico.

Homologao:

ato administrativo unilateral e vinculado de exame de legalidade e convenincia de outro ato de agente pblico ou particular.

Dispensa:

ato administrativo discricionrio que exime o particular do desempenho de certa tarefa.

Renncia:

ato unilateral, discricionrio, abdicativo e irreversvel pelo qual a Administrao Pblica abre mo de crdito ou direito prprio em favor do particular.

Protocolo administrativo:

a manifestao administrativa em conjunto com o particular versando sobre a realizao de tarefa ou absteno de certo comportamento em favor dos interesses da Administrao e do particular, simultaneamente.

ATOS ENUNCIATIVOS

Certides:

So cpias autenticadas de atos ou fatos permanentes de interesse do requerente constantes de arquivos pblicos.25

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Atestados:

So atos que comprovam fatos ou situaes transitrias que no constem de arquivos pblicos.

Pareceres tcnicos:

Manifestaes expedidas por rgos tcnicos especializados referentes a assuntos submetidos a sua apreciao.

Pareceres normativos:

So pareceres que se transformam em norma obrigatria quando aprovados pela repartio competente.

Apostilas:

Equiparam-se a uma averbao realizada pela Administrao declarando um direito reconhecido pela norma legal.

ATOS PUNITIVOS

Multa:

Constitui punio pecuniria imposta a quem descumpre disposies legais ou determinaes administrativas.

Interdio de atividade:

a proibio administrativa do exerccio de determinada atividade.

Destruio de coisas:

o ato sumrio de inutilizao de bens particulares imprprios para consumo ou de comercializao proibida.

Classificao dos atos administrativos: 1 Quanto ao contedo: a) concretos: so atos produzidos visando a um nico caso, especfico, e nele se encerram, ex. nomeao ou concesso de frias a um servidor;26

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b) abstratos: chamados tambm de normativos, so os que, disciplinando determinada matria de modo geral e abstrato, atingem um nmero indefinido de pessoas, e que podem continuar sendo aplicados inmeras vezes, ex. regulamentos.

2 Quanto formao de vontade:

a) ato simples: nasce da manifestao de vontade de apenas um rgo, seja ele unipessoal (formado s por uma pessoa) ou colegiado (composto de vrias pessoas). simples o ato que altera o horrio de atendimento da repartio pblica, emitido por uma nica pessoa, bem assim a deciso administrativa do Conselho de Contribuintes do Ministrio da Fazenda, rgo colegiado, que expressa uma vontade nica. Outro exemplo de ato colegiado encontramos no caso da direo das Agncias Reguladoras, nos termos do art. 4, Lei n 9.986/2000; b) ato complexo: para que seja formado, necessita da manifestao de vontade de dois ou mais rgos diferentes, sem hierarquia entre eles, de tal forma que cada um, de forma independente, no pode produzir validamente tal ato: enquanto todos os rgos competentes no se manifestarem, o ato no estar perfeito, no podendo criar direitos ou atribuir deveres. Assim, tem-se a unio de vrias vontades que se juntam para formar apenas uma. Por fim, veja que no possvel impugnar o ato antes de completo seu ciclo de formao, ou seja, antes de todas as partes terem manifestado suas vontades, pois que antes disso ele inexiste. Acrescente-se, ainda, o caso da concesso inicial de aposentadoria ou penso: nas palavras do ilustre relator no MS 24.742, Ministro Marco Aurlio, o ato de concesso inicial de aposentadoria mostra-se complexo, com o implemento da aposentadoria pelo rgo de origem, a fim de no haver quebra de continuidade da satisfao do que percebido pelo servidor, seguindo homologao pelo Tribunal de Contas da Unio. Bem por isso ser o ato complexo , no se tem o envolvimento de litigantes, razo pela qual inadequado falar-se em contraditrio para, uma vez observado este, vir o Tribunal de Contas da Unio a indeferir a homologao;

Smula Vinculante 3 - Nos processos perante o Tribunal de Contas da Unio asseguram-se o contraditrio e a ampla defesa quando da deciso puder resultar anulao ou revogao de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciao da legalidade do ato de concesso inicial de aposentadoria, reforma e penso.

c) ato composto: aquele que nasce da vontade de apenas um rgo. Porm, para que produza efeitos, depende da aprovao de outro ato, que o homologa. Repita-se: a vontade de apenas um rgo, o segundo apenas o confere, dando-lhe exeqibilidade. Diz-se, ento, que um instrumental em relao ao outro, pois h, aqui, dois atos, um principal e outro acessrio. Exemplifique-se com a dispensa de licitao, que depende de homologao pela autoridade competente. Tendo em vista que se torna difcil distinguir esse tipo de ato do procedimento, alguns autores negam sua existncia. Aqui, h dois atos, um principal, outro secundrio. No procedimento, h um principal e vrios secundrios. Em qualquer dos casos, estando viciado um dos acessrios, invlido ser o principal.27

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3 Quanto aos destinatrios a) individuais: so aqueles que tm destinatrios certos, nominados, como no caso da nomeao de servidores, ou delegao de atribuies a um subordinado. Pode ser para apenas uma pessoa (singular), como na desapropriao, ou para vrias (plural), como na nomeao de vrios servidores no mesmo ato. O importante que se sabe exatamente a quem se dirige o ato; b) gerais: os destinatrios so muitos, inominados, mas unidos por uma caracterstica em comum, que os faz destinatrios do mesmo ato abstrato. Para produzirem seus efeitos, j que externos, devem ser publicados. geral o ato que fixa novo horrio de atendimento ao pblico pela repartio, que afeta a todos os usurios daquele rgo, bem assim os decretos regulamentares, instrues normativas etc.

4 Quanto aos efeitos a) constitutivo: gera uma nova situao jurdica aos destinatrios. Pode ser outorgando um novo direito, como permisso de uso de bem pblico, ou impondo uma obrigao, como cumprir um perodo de suspenso; b) declaratrio: simplesmente afirma ou declara uma situao j existente, seja de fato ou de direito. No cria, transfere ou extingue a situao existente, apenas a reconhece. Tambm dito enunciativo. o caso da expedio de uma certido de tempo de servio, ou de um parecer; c) modificativo: altera a situao j existente, sem que seja extinta, no retirando direitos ou obrigaes. A alterao do horrio de atendimento da repartio exemplo de ato modificativo; d) extintivo: pode tambm ser chamado desconstitutivo, que o ato que pe termo a um direito ou dever existentes. Cite-se a demisso do servidor pblico; e) enunciativo: aquele pelo qual a Administrao apenas atesta ou reconhece determinada situao de fato ou de direito. Ex. certides, atestados, informaes, pareceres, vistos, apostilas.

5 Quanto abrangncia dos efeitos a) internos: destinados a produzir seus efeitos no mbito interno da Administrao Pblica, no atingindo terceiros, como os pareceres (atos enunciativos) e circulares. Ademais, os atos administrativos praticados pela Administrao Pblica com a finalidade de disciplinar seu funcionamento interno e a conduta de seus agentes so denominados atos ordinatrios, como avisos e portarias; b) externos: tem como destinatrias pessoas alm da Administrao Pblica, e, portanto, necessitam de publicidade para que produzam adequadamente seus efeitos. So exemplos a fixao do horrio de atendimento e a ocupao de bem privado pela Administrao Pblica.

6 Quanto ao grau de liberdade para produzir a) vinculado: a lei estabelece todos os contornos do ato, como deve ser feito, quando, por quem etc, no deixando ao agente qualquer grau de liberdade. Cumpridos todos os requisitos legais, a Administrao Pblica no pode deixar de conceder a aposentadoria a quem de direito, ou a licena para construir;28

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b) discricionrio: a lei tambm estabelece uma srie de regras para a prtica de um ato, mas deixa certo grau de liberdade autoridade, que poder optar por um entre vrios caminhos igualmente vlidos. H uma avaliao subjetiva prvia edio do ato, como os que permitem o uso de bem pblico, permitindo a instalao de uma banca de revistas na calada. Segundo o STF, a autoridade administrativa est autorizada a praticar atos discricionrios apenas quando norma jurdica vlida expressamente a ela atribuir essa livre atuao.

ATO VINCULADO

ATO DISCRICIONRIO (# ato arbitrrio)

No h liberdade para o administrador H liberdade para o administrador

No h oportunidade e convenincia

H oportunidade e convenincia

Pode ser anulado, mas no pode ser Pode ser anulado e revogado revogado

H controle do Poder Judicirio

H controle do Poder Judicirio, exceto quanto ao mrito

Ex. aposentadoria licena, admisso

compulsria, Ex. autorizao

7 Quanto validade

a) vlido: o que atende a todos os requisitos legais: competncia, finalidade, forma, motivo e objeto. Pode estar perfeito, pronto para produzir seus efeitos ou estar pendente de evento futuro; b) nulo: o que nasce com vcio insanvel, ou seja, um defeito que no pode ser corrigido. No produz qualquer efeito entre as partes. No entanto, em face dos atributos dos atos administrativos, ele deve ser observado at que haja deciso, seja administrativa, seja judicial, declarando sua nulidade, que ter efeito retroativo, ex tunc, entre as partes. Por outro lado, devero ser respeitados os direitos de terceiros de boa-f que tenham sido atingidos pelo ato nulo. Cite-se a nomeao de um candidato que no tenha nvel superior para um cargo que o exija. A partir do reconhecimento do erro, o ato anulado desde sua origem. Porm, as aes legais eventualmente praticadas por ele durante o perodo em que atuou permanecero vlidas; c) anulvel: o ato que contm defeitos, porm, que podem ser sanados, convalidados. Ressalte-se que, se mantido o defeito, o ato ser nulo; se corrigido, poder ser salvo e passar a

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vlido. Atente-se que nem todos os defeitos so sanveis, mas sim aqueles expressamente previstos em lei e analisados no item seguinte. d) inexistente: aquele que apenas aparenta ser um ato administrativo, manifestao de vontade da Administrao Pblica. So produzidos por algum que se faz passar por agente pblico, sem s-lo, ou que contm um objeto juridicamente impossvel. Exemplo do primeiro caso a multa emitida por falso policial; do segundo, a ordem para matar algum.

8 Quanto exeqibilidade

a) perfeito: aquele que completou seu processo de formao, estando apto a produzir seus efeitos. Perfeio no se confunde com validade. Esta a adequao do ato lei; a perfeio refere-se s etapas de sua formao. b) imperfeito: no completou seu processo de formao, portanto, no est apto a produzir seus efeitos, faltando, por exemplo, a homologao, publicao, ou outro requisito apontado pela lei. c) pendente: para produzir seus efeitos, sujeita-se a condio ou termo, mas j completou seu ciclo de formao, estando apenas aguardando o implemento desse acessrio, por isso no se confunde com o imperfeito. Condio evento futuro e incerto, como o casamento. Termo evento futuro e certo, como uma data especfica. d) consumado: o ato que j produziu todos os seus efeitos, nada mais havendo para realizar. Exemplifique-se com a exonerao ou a concesso de licena para doar sangue. - Perfeio: refere-se ao processo de formao do ato, que foi todo cumprido; - Validade: refere-se conformidade do ato com a lei; - Eficcia: a capacidade do ato para produzir seus efeitos; - Exeqibilidade: a capacidade do ato para produzir seus efeitos imediatamente. Ento, um ato adequadamente produzido, sem pender de condio ou termo, perfeito, vlido, eficaz e exeqvel. Se produzido num ms, para valer a partir do ms seguinte, no ser ainda exeqvel. 9 Quanto s prerrogativas: a) ato de imprio: aquele praticado pela Administrao com todas as prerrogativas e privilgios de autoridade e impostos unilateral e coercitivamente ao particular independentemente de autorizao judicial; b) ato de gesto: aquele praticado pela Administrao em situao de igualdade com os particulares, para a conservao e desenvolvimento do patrimnio pblico e para a gesto de seus servios.

Convalidao do Ato Administrativo A publicidade NO convalida o ato administrativo. Convalidar tornar vlido, efetuar correes no ato administrativo, de forma que ele fique perfeito, atendendo a todas as exigncias legais.30

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Convalidao/saneamento o ato administrativo pelo qual suprido o vcio existente em um ato ilegal, com efeitos retroativos data em que este foi praticado. Como regra geral, os atos eivados de algum defeito devem ser anulados. A exceo que haja convalidao, como positivado na Lei n 9.784/99, sobre o processo administrativo federal: Art. 55. Em deciso na qual se evidencie no acarretarem leso ao interesse pblico nem prejuzo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanveis podero ser convalidados pela prpria Administrao. Essa a possibilidade de convalidao expressa, desde que no acarrete leso ao interesse pblico ou prejuzo a terceiros. Assim, nos termos do art. 54 da mesma Lei, eventual ato administrativo viciado, de que decorram efeitos favorveis para os destinatrios, que no seja anulado no prazo decadencial de cinco anos, contados da data em que foram praticados, estar convalidado tacitamente, no podendo mais ser alterado, salvo comprovada m-f. Quais so os requisitos pra convalidar? 1 no acarretar leso ao interesse pblico; 2 no haver prejuzo a terceiros; 3 ato com defeito sanvel

Quem convalida? Ela feita, em regra, pela Administrao, mas eventualmente poder ser feita pelo administrado, quando a edio do ato dependia da manifestao de sua vontade e a exigncia no foi observada. Este pode emiti-la posteriormente convalidando o ato. Quais so os efeitos? Ex tunc, retroage. Quais elementos do ato podem ser convalidados? A finalidade, o motivo e o objeto nunca podem ser convalidados. A forma pode ser convalidada, desde que no seja fundamental validade do ato. Se a lei estabelecia uma forma determinada, no h como tal elemento ser convalidado. Com relao competncia, possvel a convalidao dos atos que no sejam exclusivos de uma autoridade, quando no pode haver delegao ou avocao. Assim, desde que no se trate de matria exclusiva, pode o superior ratificar o ato praticado por subordinado incompetente. Se o ato no for convalidado, o que acontecer com ele? Ser anulado!31

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Convalidao # Converso. A converso o aproveitamento de ato defeituoso como ato vlido de outra categoria. Ex. contrato de concesso outorgado mediante licitao em modalidade diversa da concorrncia convertido em permisso de servio pblico. O ato de converso constitutivo, discricionrio e com eficcia ex tunc. Extino do Ato Administrativo

a) Anulao: Ocorre nos casos em que existe ilegalidade no ato administrativo e, por isso, pode ser feita pela prpria Administrao (controle interno) ou pelo Poder Judicirio; b) Revogao: Retira do mundo jurdico atos vlidos, legtimos, perfeitos, mas que se tornaram inconvenientes, inoportunos, desnecessrios; c) Cassao: uma sano para aquele particular que deixou de cumprir as condies para manuteno de um determinado ato; d) Caducidade: a retirada do ato em virtude da publicao de uma lei, posterior edio do ato administrativo, que torna inadmissvel a situao antes permitida por aquele ato; e) Contraposio: a extino do ato administrativo em funo da edio de outro ato administrativo com efeito contrrio ao primeiro; f) Renncia: Ocorre quando o seu prprio beneficirio a ele renuncia, abrindo mo do mesmo.

Smula 346, STF: A Administrao Pblica pode declarar a nulidade de seus prprios atos Smula 473, STF: A Administrao pode anular seus prprios atos, quando eivados de vcios que os tornem ilegais, porque deles no se originam direitos, ou revog-los, por motivo de convenincia ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos e ressalvada, em todos os casos, a apreciao judicial.

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ESPCIES

OBJETO

TITULAR

EFEITOS

PRAZO

EX TUNC

Ex tunc (j nasceu ilegal)

Administrao ANULAO Ilegalidade do ato - Judicirio

- art.54, Lei 9784/99 (DECANDENCIAL!!!)

Obs. Para o prof. Celso Antnio B. Mello podem ocorrer casos, em nome do princpio da boa-f e da vedao do enriquecimento sem causa, que os efeitos da anulao sero ex nunc.

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EX NUNC

REVOGAO

Razes convenincia oportunidade

de e

Administrao (obs. Judicirio revoga ato administrativo? Apenas quando for ato prprio dele, na sua funo atpica de administrar).

- No h prazo temporal, porm h limitaes ao poder de revogar. Ex nunc (os efeitos gerados at o momento so vlidos)

ANULAO

REVOGAO

Quando anula? Quando o ato for Quando revoga? Quando o ato for ilegal legal, mas inoportuno e inconveniente

Quem anula? A prpria Administrao (Poder de Autotutela; Smula 473, STF; independentemente de provocao) e o Poder Judicirio (desde que provocado)

Quem revoga? A prpria Administrao (Poder de Autotutela; Smula 473, STF; independentemente de provocao). Judicirio revoga apenas os seus prprios atos na sua funo atpica de administrar, ele no pode revogar atos dos outros Poderes.

Efeitos? Ex tunc (retroage)

Efeitos? Ex nunc (no retroage)

Tem prazo? 05 anos decadencial, a Tem prazo? No h prazo temporal, contar da data em que o ato foi porm alguns atos no admitem34

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praticado (art. 54, Lei n 9784/99):

revogao, so eles: 1. Os atos vinculados porque neles no h oportunidade e convenincia; 2. Os atos que j exauriram os seus efeitos; como a revogao no retroage (ex nunc), as apenas impede que o ato continue a produzir efeitos, se o ato j exauriu, no h mais que falar em revogao; 3. A revogao no pode ser feita quando j se exauriu a competncia relativamente ao objeto do ato, ou seja, quando a autoridade que praticou o ato deixou de ser competente para revog-lo; 4. A revogao no pode atingir meros atos administrativos (ex. certides, atestados, votos) porque os efeitos deles decorrentes so estabelecidos pela lei; 5. No podem ser revogados atos que integram um procedimento, pois a cada novo ocorre a precluso com relao ao ato anterior; 6. No podem ser revogados os atos que geram direitos adquiridos, conforme est expresso na Smula n 473, STF.

Art. 54. O direito da Administrao de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favorveis para os destinatrios decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada mf. 1o No caso de efeitos patrimoniais contnuos, o prazo de decadncia contar-se- da percepo do primeiro pagamento.

Lembre-se: O Judicirio no pode apreciar de ofcio a nulidade do ato administrativo.

Vamos sintetizar tudo? 1. Um ato nulo quando afronta a lei, quando foi produzido com alguma ilegalidade;35

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2. Pode ser declarada pela prpria Administrao Pblica, no exerccio de sua autotutela, ou pelo Judicirio; 3. A anulao do ato administrativo gera efeitos ex tunc;

4. Revogao a forma de desfazer um ato vlido, legtimo, mas que no mais conveniente, til ou oportuno;

5. A revogao s pode ser feita pela prpria Administrao, no cabendo ao Judicirio fazlo, exceto no exerccio de sua atividade secundria administrativa, ou seja, s pode revogar seus prprios atos administrativos; 6. Os efeitos da revogao so ex nunc Vamos exercitar?01. (FCC/TJ-SE/Tcnico/2009) A anulao do ato administrativo emanado do Poder Executivo pode ser feita (A) unicamente por provocao do interessado. (B) pelo Ministrio Pblico. (C) pelo Poder Legislativo. (D) quando no for mais conveniente ou oportuna a sua manuteno. (E) pela prpria Administrao ou pelo Poder Judicirio. Resposta: E Comentrios: A anulao do ato administrativo emanado do Poder Executivo pode ser feita (A) unicamente por provocao do interessado. Errado! Claro que no! A Administrao age (ao contrrio do Poder Judicirio) independentemente de provocao do interessado. Assim, ela poder anular os seus atos de ofcio. (B) pelo Ministrio Pblico. Errado! O Ministrio Pblico no tem o poder de anular ato administrativo. (C) pelo Poder Legislativo. 36

DireitoAdministrativoProfa.PatrciaCarla Twitter:@profapatricia Facebook:ProfaPatrciaCarla Errado! O Poder Legislativo no tem o poder de anular ato administrativo, salvo os seus prprios atos na sua funo atpica de administrar. Mas repare que a questo fala em atos emanados do Poder Executivo. (D) quando no for mais conveniente ou oportuna a sua manuteno. Errado! Aqui no anulao, mas revogao. (E) pela prpria Administrao ou pelo Poder Judicirio. Correto! 02. (FCC/TJ-SE/Analista/2009) A convalidao do ato administrativo (A) sempre possvel quando o vcio diz respeito forma. (B) no possvel se o vcio decorre de incompetncia do agente que o praticou. (C) pode ocorrer se o vcio recair sobre o motivo e finalidade. (D) admitida nas hipteses de incompetncia em razo da matria. (E) a supresso do vcio existente em ato ilegal, com efeitos retroativos data em que este foi praticado. Resposta: E Comentrios: A convalidao do ato administrativo (A) sempre possvel quando o vcio diz respeito forma. Errado! A convalidao do ato viciado quanto forma possvel, desde que esta no seja essencial validade do ato. (B) no possvel se o vcio decorre de incompetncia do agente que o praticou. Errado! possvel! So passveis de convalidao os atos com defeito na competncia ou na forma. (C) pode ocorrer se o vcio recair sobre o motivo e finalidade. Errado! Defeitos no objeto, motivo ou finalidade so insanveis, obrigando a anulao do ato. (D) admitida nas hipteses de incompetncia em razo da matria. Errado! Entendendo que incompetncia em razo da matria vcio do objeto, no se admite a sua convalidao. (E) a supresso do vcio existente em ato ilegal, com efeitos retroativos data em que este foi praticado. 37

DireitoAdministrativoProfa.PatrciaCarla Twitter:@profapatricia Facebook:ProfaPatrciaCarla Correto! Os efeitos da convalidao retroagem data da prtica do ato convalidado. 03. (FCC/TJ-PA/Tcnico/2009) A anulao e a revogao do ato administrativo sujeitam-se s seguintes regras: (A) A anulao do ato administrativo no pode ser decretada se o ato for vinculado. (B) A revogao do ato administrativo produz efeito ex tunc; a anulao efeito ex nunc. (C) Revogao a supresso de um ato administrativo por ser ilegtimo e ilegal. (D) Todo e qualquer ato administrativo pode ser revogado. (E) Ato administrativo emanado do Poder Executivo pode ser anulado pela prpria Administrao, de ofcio ou a requerimento do interessado, ou pelo Poder Judicirio, nesta ltima hiptese. Resposta: E Comentrios: (A) A anulao do ato administrativo no pode ser decretada se o ato for vinculado. Errado! Tanto o ato vinculado como o ato discricionrio, se ilegais, podero ser anulados pela Administrao ou pelo Poder Judicirio. (B) A revogao do ato administrativo produz efeito ex tunc; a anulao efeito ex nunc. Errado! o contrrio! Anulao retroage ex tunc; Revogao no retroage ex nunc (C) Revogao a supresso de um ato administrativo por ser ilegtimo e ilegal. Anulao a supresso de um ato administrativo por ser ilegtimo e ilegal. A revogao de ato legtimo e legal. (D) Todo e qualquer ato administrativo pode ser revogado. Errado! Atos que no podem ser revogados: 1. Os atos vinculados porque neles no h oportunidade e convenincia; 2. Os atos que j exauriram os seus efeitos; como a revogao no retroage (ex nunc), as apenas impede que o ato continue a produzir efeitos, se o ato j exauriu, no h mais que falar em revogao; 38

DireitoAdministrativoProfa.PatrciaCarla Twitter:@profapatricia Facebook:ProfaPatrciaCarla 3. A revogao no pode ser feita quando j se exauriu a competncia relativamente ao objeto do ato, ou seja, quando a autoridade que praticou o ato deixou de ser competente para revog-lo; 4. A revogao no pode atingir meros atos administrativos (ex. certides, atestados, votos) porque os efeitos deles decorrentes so estabelecidos pela lei; 5. No podem ser revogados atos que integram um procedimento, pois a cada novo ocorre a precluso com relao ao ato anterior; 6. No podem ser revogados os atos que geram direitos adquiridos, conforme est expresso na Smula n 473, STF. (E) Ato administrativo emanado do Poder Executivo pode ser anulado pela prpria Administrao, de ofcio ou a requerimento do interessado, ou pelo Poder Judicirio, nesta ltima hiptese. Correto! 04. (FCC/TJ-AP/Analista/2009) Nos termos da legislao federal aplicvel matria dos atos administrativos, (A) a Administrao deve revogar seus prprios atos, quando eivados de vcio de legalidade, e pode anul-los por motivo de convenincia ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. (B) apenas ao Judicirio compete anular atos da Administrao, quando eivados de vcio de legalidade, cabendo prpria Administrao revog-los por motivo de convenincia ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. (C) a Administrao deve anular seus prprios atos, quando eivados de vcio de legalidade, e pode revog-los por motivo de convenincia ou oportunidade, posto que deles no decorrem direitos adquiridos. (D) a Administrao deve anular seus prprios atos, quando eivados de vcio de legalidade, e pode revog-los por motivo de convenincia ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. (E) a prpria Administrao ou o Judicirio devem revogar atos da Administrao, por motivo de convenincia ou oportunidade, competindo apenas ao Judicirio anul-los por vcio de legalidade, situao em que deles no decorrem direitos adquiridos. Resposta: D Comentrios: A questo faz referncia Lei n 9784/99 (que ser objeto de estudo em aula prpria): Lei do Processo Administrativo em mbito federal. Em seu art. 53 a referida Lei diz o seguinte: A Administrao deve anular seus prprios atos, quando eivados de vcio de legalidade, e pode revog-los por motivo de convenincia ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. 39

DireitoAdministrativoProfa.PatrciaCarla Twitter:@profapatricia Facebook:ProfaPatrciaCarla Vamos s alternativas: (A) a Administrao deve revogar seus prprios atos, quando eivados de vcio de legalidade, e pode anul-los por motivo de convenincia ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. Errado! Segundo a Lei, a Administrao DEVE anular seus atos quando eivados de vcio de legalidade e PODE revog-los por motivo de convenincia e de oportunidade. (B) apenas ao Judicirio compete anular atos da Administrao, quando eivados de vcio de legalidade, cabendo prpria Administrao revog-los por motivo de convenincia ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. Errado! J vimos anteriormente que tanto a Administrao quanto o Poder Judicirio tem competncia para anular atos administrativos. (C) a Administrao deve anular seus prprios atos, quando eivados de vcio de legalidade, e pode revog-los por motivo de convenincia ou oportunidade, posto que deles no decorrem direitos adquiridos. Errado! Respeitados os direitos adquiridos. (D) a Administrao deve anular seus prprios atos, quando eivados de vcio de legalidade, e pode revog-los por motivo de convenincia ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. Correto! Art. 53, Lei n 9784/99 (E) a prpria Administrao ou o Judicirio devem revogar atos da Administrao, por motivo de convenincia ou oportunidade, competindo apenas ao Judicirio anul-los por vcio de legalidade, situao em que deles no decorrem direitos adquiridos. Errado! Conforme j estudado anteriormente o Poder Judicirio no tem competncia para revogar atos dos outros Poderes, salvo os seus prprios atos. J a anulao compete tanto ao Poder Judicirio como prpria Administrao Pblica. Portanto, correta a letra D. 05. (FCC/PGE-RJ/Tcnico/2009) Quando a lei estabelece a nica soluo possvel diante de determinada situao de fato, fixando todos os requisitos, cuja existncia a Administrao deve limitar-se a constatar, sem qualquer margem de apreciao subjetiva, estamos diante de atos administrativos (A) complexos. (B) de gesto. (C) vinculados. (D) discricionrios. (E) de expediente. Resposta: C 40

DireitoAdministrativoProfa.PatrciaCarla Twitter:@profapatricia Facebook:ProfaPatrciaCarla Comentrios: Fcil? nica soluo possvel diante de determinada situao de fato s pode ser o ato vinculado!!! Aqui a Administrao no tem liberdade, pois a lei define de antemo todos os aspectos da conduta do agente, ex. licena para construir, aposentadoria compulsria do servidor que completa 70 anos de idade, lanamento tributrio.

Lei n 9784/99 CAPTULO I DAS DISPOSIES GERAIS Art. 1o Esta Lei estabelece normas bsicas sobre o processo administrativo no mbito da Administrao Federal direta e indireta, visando, em especial, proteo dos direitos dos administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Administrao. 1o Os preceitos desta Lei tambm se aplicam aos rgos dos Poderes Legislativo e Judicirio da Unio, quando no desempenho de funo administrativa.

Esta Lei estabelece normas bsicas sobre o processo administrativo no mbito da Administrao Federal direta e indireta, visando, em especial, proteo dos direitos dos administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Administrao. Ateno!! Os preceitos desta Lei tambm se aplicam aos rgos dos Poderes Legislativo e Judicirio da Unio, quando no desempenho de funo administrativa. Ex. Quando o Judicirio vai abrir uma licitao (funo administrativa), dever obedecer a Lei n 8666/93, assim como os preceitos estabelecidos nesta Lei. Ex. Quando um servidor do Legislativo requer concesso de frias. Tambm dever obedecer as regras do Processo Administrativo Federal aqui tratadas, alm das regras da Lei n 8112/90. Por outro lado, no se aplicam estas regras aos Estados e Municpios. 2o Para os fins desta Lei, consideram-se: I - rgo - a unidade de atuao integrante da estrutura da Administrao direta e da estrutura da Administrao indireta; II - entidade - a unidade de atuao dotada de personalidade jurdica; III - autoridade - o servidor ou agente pblico dotado de poder de deciso. Art. 2o A Administrao Pblica obedecer, dentre outros, aos princpios da legalidade, finalidade, motivao, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditrio, segurana jurdica, interesse pblico e eficincia. Como ns j estudamos os princpios da Administrao Pblica na aula 01, farei aqui uma rpida reviso:41

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Legalidade: a Administrao s pode fazer aquilo que a Lei autoriza. Finalidade: uma vertente do princpio da impessoalidade, que impe que o administrador pratique o ato para seu fim legal, o interesse pblico. O princpio da impessoalidade pode ser visto sob dois aspectos: a) qualquer ato da Administrao Pblica deve zelar pelo interesse pblico nunca pelo interesse pessoal do agente pblico; b) os atos so imputados entidade a que se vincula o agente pblico, no a ele prprio. Motivao: exige que a Administrao Pblica fundamente todos seus atos adequadamente, sempre vinculando o ato aos motivos apresentados. Ainda que o ato discricionrio esteja entre as excees de obrigatoriedade de motivao, segundo a Teoria dos Motivos Determinantes, o motivo alegado vincula-se ao ato: se aquele for falso ou inexistente, o ato ser nulo. Razoabilidade e Proporcionalidade: a Administrao na prtica dos seus atos deve buscar sempre a adequao entre os meios e os fins, considerando-se todas as situaes e circunstncias que afetem a soluo. Moralidade: diz respeito moral interna da instituio, que deve pautar os atos dos agentes pblicos, como complemento lei. Os atos devem ser, alm de legais, honestos e conformes aos bons costumes e boa administrao. Ampla defesa: o acusado pode usar todos os meios lcitos admitidos para provar o que alega, inclusive manter-se calado (art. 5, LXIII, CF/88) e no produzir provas contra si. Princpio do contraditrio: com previso no mesmo inciso LV do art. 5 da CF/88, traduz a garantia que todos tm de poder contradizer tudo que se alega em seu desfavor. Segurana jurdica: garante-se estabilidade nas relaes jurdicas, no passveis de alterao aleatria pela Administrao Pblica, mas apenas dentro das possibilidades e prazos legais de alteraes. Veda novas interpretaes por parte do Poder Pblico. Supremacia do interesse pblico: princpio basilar da Administrao Pblica, que deve ser observado tanto pelo legislador, no momento de produzir a lei, quanto pelo administrador, quando de sua execuo. O interesse pblico indisponvel, tendo o agente pblico o poder-dever de agir de acordo com esse princpio. Eficincia: busca a otimizao dos procedimentos em qualquer ao da Administrao Pblica, que deve ser