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Direito Administrativo – Profa. Patrícia Carla Twitter: @profapatricia Facebook: Profa Patrícia Carla O meu livro 1001 Questões Comentadas de D. Administrativo FCC está à venda pelo site da Ed. Método no seguinte endereço: http://editorametodo.com.br/produtos_descricao.asp?codigo_produto=2605 Assista meu vídeo com dicas importantes sobre Anulação & Revogação dos Atos Administrativos http://www.jurisprudenciaeconcursos.com.br/espaco/anulacao-e-revogacao-do-ato-administrativo-- video-com-dicas-importantes Bons estudos! @profapatricia Princípios da Administração Pública No Direito, princípios são fórmulas nas quais estão contidos os pensamentos diretores do ordenamento, de uma disciplina legal ou de um instituto jurídico. Os princípios constituem as bases nas quais assentam institutos e normas jurídicas. No Direito Administrativo, os princípios revestem-se de grande importância. Por ser um ramo do direito de elaboração recente e não codificado (não temos código de Direito Administrativo!) os princípios auxiliam a compreensão e consolidação de seus institutos. A importância dos princípios para o Direito Administrativo deve-se também ao fato de que eles possibilitam a solução de casos não previstos em lei, para permitir uma melhor compreensão dos textos esparsos e para conferir certa segurança aos cidadãos quanto à extensão dos seus direitos e deveres. Se algum dia você pensar em desistir, desista de pensar!!

Revisao Direito Administrativo Extra Patricia Carla

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O meu livro 1001 Questões Comentadas de D. Administrativo FCC está à venda pelo site da Ed. Método no seguinte endereço:

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Bons estudos!

@profapatricia

 

Princípios da Administração Pública

No Direito, princípios são fórmulas nas quais estão contidos os pensamentos diretores do ordenamento, de uma disciplina legal ou de um instituto jurídico. Os princípios constituem as bases nas quais assentam institutos e normas jurídicas.

No Direito Administrativo, os princípios revestem-se de grande importância. Por ser um ramo do direito de elaboração recente e não codificado (não temos código de Direito Administrativo!) os princípios auxiliam a compreensão e consolidação de seus institutos.

A importância dos princípios para o Direito Administrativo deve-se também ao fato de que eles possibilitam a solução de casos não previstos em lei, para permitir uma melhor compreensão dos textos esparsos e para conferir certa segurança aos cidadãos quanto à extensão dos seus direitos e deveres.

Se algum dia você pensar em desistir, desista de

pensar!!

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Segundo o prof. Celso Antônio Bandeira de Mello, “princípio é, pois, por definição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas, compondo-lhes o espírito e servindo de critério para exata compreensão e inteligência delas, exatamente porque define a lógica e a racionalidade do sistema normativo, conferindo-lhes a tônica que lhe dá sentido harmônico”. Para o referido autor, “violar um princípio é muito mais grave do que violar uma norma”.

Os princípios revestem-se de função positiva ao se considerar a influência que exercem na elaboração de normas e decisões sucessivas, na atividade de interpretação e integração do direito; atuam, assim, na tarefa de criação, desenvolvimento e execução do direito e de medidas para que se realize a justiça e a paz social; sua função negativa significa a rejeição de valores e normas que os contrariam.

Em resumo, pode-se afirmar que os princípios cumprem duas funções essenciais dentro do Direito Administrativo, vejamos:

1. Função hermenêutica: o princípio pode ser utilizado para a interpretação de determinada norma;

2. Função integrativa: o princípio pode ser também utilizado para suprir lacunas em caso de ausência de norma legal acerca de determinada matéria.

Na Constituição de 1988 encontram-se mencionados explicitamente como princípios os seguintes: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência (este último acrescentado pela EC 19/1998). Outros princípios do Direito Administrativo decorrem da lei, da elaboração jurisprudencial e doutrinária.

Vejamos agora cada um dos princípios do Direito Administrativo mais cobrados em provas de concursos. Vamos começar pelos princípios expressos na CF/1988, art. 37, caput: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência = LIMPE A ADMINISTRAÇÃO!

L

I

M

P

E

Princípio da Legalidade: Tal princípio é decorrência do Estado de Direito e traduz a idéia de que a Administração só pode fazer o que a lei permite. Ao contrário, na relação entre particulares, o princípio aplicável é o da autonomia da vontade, segundo o qual o particular pode fazer tudo o que a lei não proíbe.

Na relação administrativa, a vontade da Administração Pública é a que decorre da lei. Aqui não se aplica a autonomia das vontades das relações particulares. A relação que o particular tem com a lei é de liberdade e autonomia da vontade, de modo que os ditames legais operam fixando limites negativos à atuação privada. Dessa forma, o silêncio da lei quanto ao regramento de determinada conduta é recebido na esfera particular como permissão para agir. Ao contrário, a relação do agente com a lei é de subordinação, assim, a ausência de disciplina legal sobre certo comportamento significa no âmbito da Administração Pública uma proibição de agir.

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De acordo com a CF/88, art. 84, IV, compete ao Presidente da República “sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para a sua fiel execução”. Evidencia-se, destarte, que mesmo os decretos, inclusive quando expedem regulamentos, só podem ser produzidos para ensejar execução fiel da lei, ou seja, pressupõem sempre uma dada lei da qual sejam os fiéis executores.

Em decorrência disso, a Administração Pública não pode, por simples ato administrativo, conceder direitos de qualquer espécie, criar obrigações ou impor vedações aos administrados; para tanto, ela depende de lei. A Lei nº 9.784/99, que regula o processo administrativo federal, prevê que nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de atuação conforme a lei e o direito.

Atenção! A existência de atos administrativos discricionários (a ser estudado nas próximas aulas) NÃO constitui exceção ao princípio da legalidade. Pelo princípio da legalidade o administrador só poderá fazer aquilo que a lei autoriza ou permite. No entanto, tal princípio não exclui a atividade discricionária do administrador uma vez que a Administração em certos casos terá que usar a discricionariedade para efetivamente atender à finalidade legal e, como conseqüência, atender ao princípio da legalidade. É interessante observar que discricionariedade não se confunde com arbitrariedade, esta é ilegal, ato praticado fora dos limites da lei. Já aquela é liberdade de ação dentro da lei. Princípio da Impessoalidade: A impessoalidade tanto é aplicado aos particulares como à própria Administração Pública. Quando a impessoalidade é aplicada aos particulares, está relacionada com a finalidade pública que deve nortear a atividade administrativa. Nesse sentido, a Administração não pode prejudicar e nem beneficiar pessoas determinadas, uma vez que é sempre o interesse público que deve conduzir a atividade do administrador. Assim, o princípio da impessoalidade, considerado por muitos administrativistas como princípio da impessoalidade, impõe ao administrador público que só pratique o ato para o seu fim legal de forma impessoal. A finalidade de todo ato administrativo é sempre o interesse público, o ato que se apartar desse objetivo sujeitar-se-á a invalidação por desvio de finalidade, que a Lei de Ação Popular conceituou como o “fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência” do agente (Lei nº 4.717/65, art. 2º, parágrafo único, “e”). Quando a impessoalidade é aplicada ao administrador, aplica-se a idéia da proibição de nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos em publicidade de atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos. A Lei nº 9.784/99, em seu art. 2º, parágrafo único, inciso III, exige “objetividade no atendimento do interesse público, vedando a promoção pessoal de agentes ou autoridades.” (grifou-se)

Só uma coisa determinará a dimensão de suas conquistas:

o tamanho da sua fé!

Esperar em Deus é mais demorado. Mas, é mais

seguro!

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Vale lembrar que o princípio da impessoalidade também é aplicado na Teoria do Agente de Fato, quando se reconhece validade aos atos praticados por funcionário irregularmente investido no cargo ou função, sob fundamento de que os atos são do órgão e não do agente público.

Princípio da Moralidade: Deve-se entender a moralidade administrativa como um conjunto de valores éticos que fixam um padrão de conduta que deve ser necessariamente observado pelos agentes públicos como condição para uma honesta, proba e íntegra gestão da coisa pública, de modo a impor que estes agentes atuem no desempenho de suas funções com retidão de caráter, decência, lealdade, decoro e boa-fé.

Atenção! A moralidade não se confunde com a legalidade administrativa. A norma ou atividade pode estar perfeita do ponto de vista legal, mas moralmente deficiente, caso não represente atitude ética e de boa-fé, não sendo útil a adoção desta norma ou atividade. Assim, legalidade moralidade e são princípios autônomos, ambos tem previsão expressa na CF/1988, art. 37, caput.

Atenção! A moralidade administrativa difere da moral comum. O princípio jurídico da moralidade administrativa não impõe o dever de atendimento à moral comum vigente na sociedade, mas exige respeito a padrões éticos, de boa-fé, decoro, lealdade, honestidade e probidade incorporados pela prática diária ao conceito de boa administração.

A imoralidade administrativa produz efeitos jurídicos, já que acarreta a anulação do ato, que pode ser decretada pela própria Administração (princípio da autotutela) ou pelo Poder Judiciário.

A Lei nº 9784/99 prevê o princípio da moralidade no art. 2º, caput, como um dos princípios a que se obriga a Administração Pública; e, no parágrafo único, inciso IV, exige “atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé”, com referência evidente aos principais aspectos da moralidade administrativa.

Um outro aspecto importante da moralidade está na Súmula Vinculante nº13 que veda a prática do nepotismo no serviço público.

Vejamos:

Súmula Vinculante nº 13 do Supremo Tribunal Federal, de 21/08/2008: “A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal”.

Atenção! O próprio Supremo Tribunal Federal ressalvou que a proibição NÃO é extensiva aos agentes políticos do Poder Executivo como ministros de estado e secretários estaduais, distritais e municipais (Rcl – MC – AgR 6650/PR, STF).

A CF/1988, ao consagrar o princípio da moralidade, determinou a necessidade de sua proteção e a responsabilização do administrador público amoral ou imoral. Para tanto, encontram-se no ordenamento jurídico inúmeros mecanismos para impedir atos de imoralidade tais como:

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a) Regras sobre a improbidade administrativa, no art. 37, § 4º, CF e na Lei nº 8.429/92;

b) Crimes de responsabilidade do Presidente da República e de outros agentes políticos, CF/1988, art. 85, art. 5º, LXXIII;

c) Ação Popular, CF/1988, art. 5º, LXXIII e Lei nº 4.717/65;

Além dos citados acima, há ainda outros instrumentos de proteção da moralidade administrativa previstos no ordenamento jurídico, como, por exemplo, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LC nº101/00).

Princípio da Publicidade: Em conseqüência deste princípio, expressado na CF/1988, art. 37, caput, todos tem o direito de receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular ou de interesse coletivo ou geral (CF/1988, art. 5º, XXXIII).

A publicidade representa condição de eficácia para os atos administrativos (ela NÃO é elemento formativo do ato administrativo), marcando o início de produção de seus efeitos externos, já que ninguém está obrigado a cumprir um ato administrativo se desconhece a sua existência. Assim, o ato administrativo, como de resto todo ato jurídico, tem na sua publicação o início de sua existência no mundo jurídico, irradiando, a partir de então, seus legais efeitos, produzindo, assim, direitos e deveres.

Os objetivos da publicidade dos atos administrativos são os seguintes:

a) Exteriorizar a vontade da Administração Pública divulgando o seu conteúdo para conhecimento público;

b) Tornar exigível o conteúdo do ato; c) Desencadear a produção de efeitos do ato; d) Permitir o controle de legalidade do comportamento do administrador.

A desobediência ao dever de publicar os atos oficiais pode caracterizar ato de improbidade administrativa, Lei nº 8.429/92, art. 11, inciso IV.

Como não existe princípio absoluto, a publicidade comporta exceções, ou seja, a publicidade é a regra que comporta exceções, seja por exigência dos interesses sociais, seja por imperativos da segurança do Estado.

Você nunca sabe que resultados virão das suas

ações. Mas, se você não fizer nada, não existirão resultados.

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A Lei nº 11.111, de maio de 2005, regulamentando o art. 5º, XXXIII, CF/1988, disciplina o acesso aos documentos públicos de interesse particular, interesse coletivo ou interesse geral, ressalvadas as hipóteses em que o sigilo seja ou permaneça imprescindível à segurança da sociedade e do Estado (art. 2º).

Princípio da Eficiência: Este princípio, acrescido à Constituição Federal pela EC nº 19/98, visa exigir que a Administração Pública funcione de forma mais eficiente, preocupada com o seu desempenho e em alcançar resultados cada vez mais positivos, procurando a busca pela maior produtividade, em contraposição aos velhos hábitos e rotinas burocráticas que sempre nortearam a atividade pública. A eficiência está ligada a uma noção de Administração mais moderna, mais gerencial, preocupada com resultados.

São conseqüências desse princípio as criações de institutos como contratos de gestão, agências executivas e reguladoras, organizações sociais e a procura pela ampliação de autonomia de órgãos e entidades.

O princípio da eficiência também pode ser considerado em relação ao modo de atuação do agente público, do qual se espera o melhor desempenho possível de suas atribuições, para lograr os melhores resultados; e em relação ao modo de organizar, estruturar, disciplinar a Administração Pública, também com o mesmo objetivo de alcançar os melhores resultados na prestação do serviço público.

A exigência de eficiência ao agente público acarretou a alteração feita, também pela EC nº 19/98, no art. 41, § 1º, da Constituição Federal, ao criar nova possibilidade de perda do cargo para o servidor público estável “mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma da lei complementar, assegurada ampla defesa”. Dessa forma, o servidor, mesmo estável, que não seja eficiente em seu desempenho funcional, poderá perder o cargo, após a devida regulamentação da matéria por lei complementar.

Para o servidor ainda não estável, também houve mudanças decorrentes da exigência de eficiência, vez que a reforma administrativa alterou o art. 41, caput, ao aumentar o tempo de efetivo exercício exigido para aquisição de estabilidade de dois para três anos, e acrescentou o § 4º, segundo o qual “como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade”, condição essa não exigida anteriormente.

Os princípios vistos acima são chamados de expressos porque expressamente previstos na Carta Magna. Porém, temos outros princípios além destes que podem ser chamados de implícitos ou infraconstitucionais, são eles:

Princípio da Supremacia do interesse público sobre o interesse do particular: Uma vez que o Estado representa toda a coletividade, o interesse da Administração deve ser entendido como interesse de todos, e, portanto, deve prevalecer quando em conflito com determinado interesse particular, desde que sejam respeitados os direitos individuais deste.

Tal princípio exalta a superioridade do interesse da coletividade, estabelecendo a prevalência do interesse público sobre o interesse do particular, como condição indispensável de assegurar e viabilizar os interesses individuais.

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A Administração Pública está sujeita ao chamado regime jurídico administrativo que é formado pelo princípio da supremacia do interesse público e pelo princípio da indisponibilidade do interesse público.

Pelo princípio da supremacia vigora a verticalidade nas relações entre a Administração e o particular, desse princípio resulta a exigibilidade e executoriedade dos atos administrativos, as cláusulas exorbitantes dentro dos contratos administrativos, a intervenção do Estado sobre a propriedade privada etc.

Já o Princípio da Indisponibilidade do interesse público serve para limitar a atuação do agente público, revelando-se um contrapeso à superioridade descrita no princípio da supremacia do interesse público. Sendo o interesse público qualificado como próprio da coletividade, este não se encontra à livre disposição de quem quer que seja, por ser insuscetível de apropriação. Os próprios sujeitos da Administração que o representam não tem disponibilidade sobre ele, haja vista que lhes incumbe tão-somente zelá-lo, no desempenho de um dever.

Assim, os bens e o interesse público são indisponíveis, porque pertencem à coletividade. É, por isso, o administrador, mero gestor da coisa pública, não tendo disponibilidade sobre os interesses confiados à sua guarda e realização. Desse princípio resulta a obrigatoriedade da Administração fazer concurso público para o preenchimento dos seus cargos, bem como se submeter ao procedimento licitatório para aquisição de bens e serviços.

Princípio da Motivação: A Administração Pública deve motivar os seus atos, ou seja, demonstrar os motivos pelos quais está agindo de determinada maneira, para conhecimento e garantia dos administrados, que assim terão a possibilidade de contestar o motivo alegado pela Administração, caso discordem do mesmo.

A Lei nº 9.784/99 trouxe de forma expressa o princípio da motivação em seu art. 2º, segundo o qual nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinam a decisão.

A referida Lei em seu art. 50, § 1º, permitiu a denominada motivação aliunde ou per relationem, segundo a qual a concordância com fundamentos anteriores, informações, decisões ou propostas já é considerada motivação do ato administrativo. Opõe-se a chamada motivação contextual em que os fundamentos de fato e de direito estão indicados no próprio contexto do ato, não havendo remissão à motivação externa.

Dessa forma, não viola o princípio da motivação dos atos administrativos o ato da autoridade que, ao deliberar acerca de recurso administrativo, mantém decisão com base em parecer de consultoria jurídica, sem maiores considerações.

É interessante lembrar que quando o administrador motiva o ato, ele estará vinculado ao motivo, em virtude da aplicação da Teoria dos Motivos Determinantes. De acordo com esta teoria, a Administração tem total vinculação com os motivos que apresenta para a prática do ato, de tal sorte que, se inexistentes os motivos, o ato será anulado.

Princípio da Segurança jurídica: Está relacionado à necessidade de respeito, pela Administração, à boa-fé dos administrados que com ela interagem, no sentido de que, quando esses tem um determinado direito reconhecido pela Administração, não podem vir a ser prejudicados, ulteriormente, por mudanças de entendimento da própria Administração sobre aquela matéria.

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Esse princípio também é chamado de boa-fé ou proteção á confiança, por ele fica vedada a aplicação retroativa de nova interpretação de norma administrativa que encontra-se consagrada no ordenamento jurídico pátrio. Ele tem previsão legal na Lei nº 9.784/99, art. 2º.

Princípio da Proporcionalidade: Tal princípio irradia para a Administração Pública a obediência ao bom senso, moderação, prudência, proibição de excessos, equidade e valores afins. É um princípio constitucional implícito que exige a verificação do ato do poder público quanto aos seguintes caracteres: adequação (utilidade), necessidade (exigibilidade) e proporcionalidade em sentido estrito.

Assim, aplicado tal princípio à Administração Pública, impõe-se que as entidades, órgãos e agentes públicos, no desempenho das funções administrativas, adotem meios que, para a realização de seus fins, revelem-se adequados, necessários e proporcionais.

A lei nº 9.784/99 explicitou, a nível infraconstitucional, o referido princípio, exigindo da Administração Pública a observância do princípio da razoabilidade e da proporcionalidade. Com efeito, prevê o seu art. 2º, caput, que a “Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência”. Ademais, prevê a Lei em tela, no parágrafo único do art. 2º, que nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público.

Princípio da Razoabilidade: Segundo José dos Santos Carvalho Filho, Razoabilidade é a qualidade do que é razoável, ou seja, aquilo que se situa dentro de limites aceitáveis.

O princípio da razoabilidade se fundamenta nos princípios da legalidade e da finalidade.

Os princípios da Razoabilidade e da Proporcionalidade constituem instrumentos de controle dos atos estatais abusivos, seja qual for a sua natureza.

Princípio da Isonomia: A Constituição Federal, no art.5º, caput, estabelece que, sem distinção de qualquer natureza, todos são iguais perante a lei. Todos devem ser tratados por ela igualmente tanto quando concede benefício, confere isenções ou outorga vantagens como quando prescreve sacrifícios, multas, sanções e agravos. Tal princípio tem a finalidade de impedir distinções, discriminações e privilégios arbitrários ou odiosos. Toda diferenciação deve estar fundamentada em uma justificativa objetiva e razoável, sendo que a violação ao princípio da igualdade restará caracterizada toda vez que o elemento discriminador for de encontro a uma finalidade albergada pelo ordenamento jurídico. É comum a distinção entre igualdade formal e material. A primeira, também conhecida como igualdade perante a lei (José Afonso da Silva), consiste no tratamento igual conferido a todos os seres de uma mesma categoria essencial. A igualdade material consiste na busca pela igualização dos desiguais por meio da concessão de direitos sociais substanciais. Para que haja uma igualdade material é necessário que o Estado atue positivamente proporcionando aos menos favorecidos igualdades reais de condições. A Carta Magna consagra a igualdade formal, mas impõe a busca por uma igualdade material, conforme se pode depreender de vários dispositivos, dente eles, o art.3º, III que estabelece como um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil a redução das desigualdades sociais e regionais. As chamadas discriminações positivas ou ações afirmativas – ações que beneficiam grupos menos favorecidos para que tenham igualdade material de condições – não são vedadas pela Constituição, desde que amparadas por critérios justificáveis e albergados pelo ordenamento jurídico.

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Súmula 339, STF: Não cabe ao poder judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia.

Bem, aqui vimos os principais princípios do Direito Administrativo. Alguns ficaram de fora (ex. Autotutela, Presunção de legitimidade, Continuidade dos serviços públicos, Finalidade etc) porque eu achei mais didático abordá-los quando estivermos estudando os respectivos assuntos.

Vamos sintetizar tudo?

1. Princípio da legalidade: é uma exigência que decorre do Estado de Direito, ou seja, da submissão do Estado ao império da ordem jurídica. Assim, a atividade administrativa só pode ser exercida em conformidade com a lei. Para a Administração a legalidade, ou seja, ela só faz aquilo que a lei autoriza ou permite. Para o particular a autonomia da vontade, ou seja, ele pode fazer tudo o que quiser desde que a lei não proíba;

2. Princípio da impessoalidade: exige que a atividade administrativa seja exercida de modo a atender a todos os administrados, ou seja, a coletividade, e não a certos membros em detrimento de outros, devendo apresentar-se, portanto, de forma impessoal. A impessoalidade veda a prática do nepotismo, afastando os parentes da Administração Pública (SV 3). De acordo com tal princípio a atividade administrativa exercida pelo agente público é imputada ao órgão e não ao próprio agente;

3. Princípio da Moralidade: determina o emprego da ética, honestidade, retidão, probidade, boa-fé e lealdade com as instituições administrativas e políticas no exercício da atividade administrativa;

4. Princípio da publicidade: exige uma atividade administrativa transparente, a fim de que o administrado tome conhecimento dos comportamentos administrativos do Estado. A publicidade é condição de eficácia do ato administrativo;

5. Princípio da eficiência: introduzido pela EC nº 19/1998, trouxe para a Administração o dever explícito de realizar as suas atribuições com rapidez, perfeição e rendimento;

6. Princípio da supremacia do interesse público: este princípio exalta a superioridade do interesse da coletividade, estabelecendo a prevalência do interesse público sobre o interesse do particular, como condição indispensável de assegurar e viabilizar os interesses individuais;

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7. Princípio da indisponibilidade do interesse público: os bens e os interesses públicos não estão entregues à livre disposição da vontade do administrador. Ao contrário, cumpre a ele o dever de protegê-los nos termos da finalidade legal a que estão vinculados;

8. Princípio da motivação: por este princípio o ato administrativo deve ser motivado, seja ele discricionário ou vinculado. Quando o administrador motiva o ato, mesmo aquele no qual não é obrigatória a motivação (ex. exoneração de servidor público ocupante de cargo em comissão), ele estará vinculado ao motivo, em face da aplicação da Teoria dos Motivos Determinantes;

9. A Teoria dos Motivos Determinantes implica para a Administração a total vinculação com os motivos que apresenta para a prática do ato, dessa forma, inexistentes os motivos, o ato será anulado;

10. A Lei nº 9.784/99, em seu art. 50, § 1º, permitiu a denominada motivação aliunde ou per relationem, segundo a qual a concordância com fundamentos anteriores, informações, decisões ou propostas já é considerada motivação do ato administrativo;

11. Princípio da Segurança Jurídica: Esse princípio também é chamado de boa-fé ou proteção á confiança, por ele fica vedada a aplicação retroativa de nova interpretação de norma administrativa.

JURISPRUDÊNCIA SOBRE O ASSUNTO DA AULA:

Princípio da Impessoalidade. Constituição Estadual pode proibir atribuição de nome de pessoa viva a bens e logradouros públicos. ADI 307/CE, rel. Min. Eros Grau, INFO 494 – STF. O direito constitucional de petição e o princípio da legalidade não implicam a necessidade de esgotamento da via administrativa para discussão judicial (RE 233.582/RJ, INFO 506 – STF).

Obstáculo é aquilo que você enxerga quando tira os olhos do seu objetivo.

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A exigência de depósito ou arrolamento prévio de bens e direitos como condição de admissibilidade de recurso administrativo constitui obstáculo sério (e intransponível, para consideráveis parcelas da população) ao exercício do direito de petição (CR, art. 5º, XXXIV), além de caracterizar ofensa ao princípio do contraditório (CR, art. 5º, LV) (ADI 1976/DF, INFO 461 – STF). Súmula Vinculante 21: É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo

Vamos treinar??

01. (FCC/MPE-SE/Técnico/2009) A Constituição determina expressamente que são princípios da Administração Pública:

(A) publicidade, moralidade e eficiência. (B) impessoalidade, moralidade e imperatividade. (C) hierarquia, moralidade e legalidade. (D) legalidade, impessoalidade e autoexecutoriedade. (E) impessoalidade, presunção de legitimidade e hierarquia.

Resposta: A

Comentários: Outra questão também muito fácil.

Art. 37, caput, CF: “A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte”: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (grifou-se)

A Carta Magna expressamente faz referência ao LIMPE, já estudado anteriormente.

Vamos rever as alternativas:

(A) publicidade, moralidade e eficiência: resposta correta!! (B) impessoalidade, moralidade e imperatividade: a imperatividade é um atributo do ato administrativo a ser estudado nas próximas aulas. (C) hierarquia, moralidade e legalidade: o princípio da hierarquia não tem previsão expressa na Carta Magna, de acordo com tal princípio, os atos administrativos podem ser revisados, é possível a delegação e a avocação de competência e do ponto de vista do subordinado há o dever de obediência. (D) legalidade, impessoalidade e autoexecutoriedade: a autoexecutoriedade é um atributo do ato administrativo a ser estudado nas próximas aulas. (E) impessoalidade, presunção de legitimidade e hierarquia: a presunção de legitimidade é um atributo do ato administrativo a ser estudado nas próximas aulas.

Portanto, correta a letra A.

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02. (FCC/TRT22/Analista/2010) Sobre os princípios básicos da Administração Pública, é INCORRETO afirmar: (A) O princípio da eficiência alcança apenas os serviços públicos prestados diretamente à coletividade e impõe que a execução de tais serviços seja realizada com presteza, perfeição e rendimento funcional. (B) Em observância ao princípio da impessoalidade, a Administração não pode atuar com vistas a prejudicar ou beneficiar pessoas determinadas, vez que é sempre o interesse público que tem que nortear o seu comportamento. (C) Embora não se identifique com a legalidade, pois a lei pode ser imoral e a moral pode ultrapassar o âmbito da lei, a imoralidade administrativa produz efeitos jurídicos porque acarreta a invalidade do ato que pode ser decretada pela própria Administração ou pelo Judiciário. (D) O princípio da segurança jurídica veda a aplicação retroativa de nova interpretação de lei no âmbito da Administração Pública, preservando assim, situações já reconhecidas e consolidadas na vigência de orientação anterior. (E) Em decorrência do princípio da legalidade, a Administração Pública não pode, por simples ato administrativo, conceder direitos de qualquer espécie, criar obrigações ou impor vedações aos administrados; para tanto, ela depende de lei. Resposta: A

Comentários:

Sobre os princípios básicos da Administração Pública, é INCORRETO afirmar: (A) O princípio da eficiência alcança apenas os serviços públicos prestados diretamente à coletividade e impõe que a execução de tais serviços seja realizada com presteza, perfeição e rendimento funcional. Incorreto e é essa que vamos marcar! O “apenas” deixou a questão errada. Vamos corrigi-la: O princípio da eficiência alcança os serviços públicos prestados direta e indiretamente (ex. concessionários, permissionários de serviços públicos) à coletividade e impõe que a execução de tais serviços seja realizada com presteza, perfeição e rendimento funcional. (B) Em observância ao princípio da impessoalidade, a Administração não pode atuar com vistas a prejudicar ou beneficiar pessoas determinadas, vez que é sempre o interesse público que tem que nortear o seu comportamento. Correto! Ex. remoção de servidor público tem que atender ao interesse público, não posso remover para punir, caso contrário, estaria violado o princípio da impessoalidade. Segundo o STF, é dever da Administração Pública perseguir a satisfação da finalidade legal. O pleno cumprimento da norma jurídica constitui o núcleo do ato administrativo. Dever jurídico da Administração Pública de atingir, da maneira mais eficaz possível, o interesse público identificado na norma.

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(C) Embora não se identifique com a legalidade, pois a lei pode ser imoral e a moral pode ultrapassar o âmbito da lei, a imoralidade administrativa produz efeitos jurídicos porque acarreta a invalidade do ato que pode ser decretada pela própria Administração ou pelo Judiciário. Correto! A moralidade não se confunde com a legalidade administrativa. A norma ou atividade pode estar perfeita do ponto de vista legal, mas moralmente deficiente, caso não represente atitude ética e de boa-fé, não sendo útil a adoção desta norma ou atividade. Assim, legalidade moralidade e são princípios autônomos, ambos tem previsão expressa na CF/1988, art. 37, caput.

(D) O princípio da segurança jurídica veda a aplicação retroativa de nova interpretação de lei no âmbito da Administração Pública, preservando assim, situações já reconhecidas e consolidadas na vigência de orientação anterior. Correto! A segurança jurídica tem muita relação com a idéia de respeito à boa-fé. Se a Administração adotou determinada interpretação como a correta e aplicou a casos concretos, não pode depois vir a anular atos anteriores, sob o pretexto de que os mesmos foram praticados com base em errônea interpretação. Se o administrado teve reconhecido determinado direito com base em interpretação adotada em caráter uniforme para toda a Administração, é evidente que a sua boa-fé deve ser respeitada. (E) Em decorrência do princípio da legalidade, a Administração Pública não pode, por simples ato administrativo, conceder direitos de qualquer espécie, criar obrigações ou impor vedações aos administrados; para tanto, ela depende de lei. Correto! No direito positivo brasileiro, tal princípio, além de referido no art. 37, caput, CF, está contido também no art. 5º da Carta Magna que, repetindo preceito de Constituições anteriores, estabelece que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.”

03. (FCC/TRE-AL/Técnico/2010) Quando se afirma que o particular pode fazer tudo o que a lei não proíbe e que a Administração só pode fazer o que a lei determina ou autoriza, estamos diante do princípio da: (A) legalidade. (B) obrigatoriedade. (C) moralidade. (D) proporcionalidade. (E) contradição. Resposta: A

Comentários: Essa foi um presente da FCC!! Claro que a resposta é a letra A por tudo o que nós já estudamos anteriormente!

04. (FCC/TRE-AL/Técnico/2010) A imposição de que o administrador e os agentes públicos tenham sua atuação pautada pela celeridade, perfeição técnica e economicidade traduz o dever de (A) agir. (B) moralidade.

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(C) prestação de contas. (D) eficiência. (E) obediência.

Resposta: D

Comentários: Também muito fácil!! É dever de eficiência.

Os agentes públicos devem agir com rapidez, presteza, perfeição, rendimento. Importante também é o aspecto econômico, que deve pautar as decisões, levando-se em conta sempre a relação custo-benefício. Privilegia, assim, o binômio qualidade x economicidade. Construir uma linha de distribuição elétrica em rua desabitada pode ser legal, mas não será um

investimento eficiente para a sociedade, que arca com os custos e não obtém o benefício correspondente.

A Administração Pública deve estar atenta às suas estruturas e organizações, evitando a manutenção de órgãos/entidades subutilizados, ou que não atendam às necessidades da população.

A Lei nº 9.784/99, em seu art. 2º, “caput” assim preceitua:

Art. 2o. A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. A eficiência também está presente na Constituição Federal, em seu art. 37, caput:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Acrescente-se que os princípios administrativos previstos constitucionalmente representam uma relação meramente exemplificativa de dogmas que deverão ser obrigatoriamente observados pelo administrador público.

Segundo a doutrina, o princípio da democracia participativa é instrumento para a efetividade dos princípios da eficiência e da probidade administrativa.

05. (FCC/TRE-AM/Analista/2010) A respeito dos princípios básicos da Administração, é correto afirmar:

(E) Em razão do princípio da moralidade o administrador público deve exercer as suas atividades administrativas com presteza, perfeição e rendimento funcional.

(B) Os princípios da segurança jurídica e da supremacia do interesse público não estão expressamente previstos na Constituição Federal. © A publicidade é elemento formativo do ato e serve para convalidar ato praticado com irregularidade quanto à origem. (D) Por força do princípio da publicidade todo e qualquer ato administrativo, sem exceção, deve ser publicado em jornal oficial.

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(E) O princípio da segurança jurídica permite a aplicação retroativa de nova interpretação de norma administrativa. Resposta: B

Comentários:

A respeito dos princípios básicos da Administração, é correto afirmar:

(E) Em razão do princípio da moralidade o administrador público deve exercer as suas atividades administrativas com presteza, perfeição e rendimento funcional.

O correto seria: Em razão do princípio da eficiência o administrador público deve exercer as suas atividades administrativas com presteza, perfeição e rendimento funcional. (B) Os princípios da segurança jurídica e da supremacia do interesse público não estão expressamente previstos na Constituição Federal. Correto! São princípios implícitos! Como o rol de princípios previstos no art. 37, caput da CF é meramente exemplificativo, a Lei nº 9.784/99 trouxe outros a serem aplicados na atividade administrativa, são eles: Art. 2o. A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. © A publicidade é elemento formativo do ato e serve para convalidar ato praticado com irregularidade quanto à origem. A publicidade NÃO é elemento formativo do ato, é requisito de eficácia e moralidade. Segundo a doutrina dominante os elementos formativos do ato são: competência, finalidade, forma, motivo e objeto. A publicidade é necessária para dar eficácia aos atos que devam produzir efeitos fora dos limites da repartição pública para que os mesmos sejam de “conhecimento público”. A publicidade NÃO convalida o ato administrativo. Se o ato é ilegal, ele continuará sendo ilegal mesmo se for publicado. Convalidar é tornar válido, é efetuar correções no ato administrativo, de forma que ele fique perfeito, atendendo a todas as exigências legais. Estudaremos convalidação na aula de atos administrativos. (D) Por força do princípio da publicidade todo e qualquer ato administrativo, sem exceção, deve ser publicado em jornal oficial.

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Errado! A publicidade produz os efeitos previstos somente se feita através de órgão oficial, que é o jornal, público ou não, que se destina à publicação de atos estatais. Dessa forma, não basta a mera notícia veiculada na imprensa (STF, RE 71.652).

No entanto, não são todos os atos administrativos que devem ter publicidade ampla. Assim, atos internos, em geral, exigem apenas publicidade interna, como é o caso de fixação de regras para apresentação de atestados médicos por parte dos servidores do órgão.

De outro lado, por expressa previsão legal, deve haver publicação no meio oficial, por exemplo, nas hipóteses de interessados indeterminados, desconhecidos ou com domicílio indefinido (Lei nº 9.784/99, art. 26, § 4º).

(E) O princípio da segurança jurídica permite a aplicação retroativa de nova interpretação de norma administrativa.

Ao contrário! Não permite!

Também chamado por alguns de princípio da estabilidade das relações jurídicas, revela a importância de se ter certa imutabilidade ou certeza de permanência dessas relações jurídicas, visando impedir ou reduzir as possibilidades de alterações dos atos administrativos, sem a devida fundamentação.

Assim, busca evitar as constantes mudanças de interpretações da lei feitas pela Administração, bem como evitar que sejam invalidados seus atos, sem causa justificativa, trazendo prejuízos a terceiros de boa-fé.

Tal princípio tem previsão na Lei nº 9.784/99, em seu art. 2º, parágrafo único, XIII:

“Art. 2º (...) Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: XIII – interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada a aplicação retroativa de nova interpretação.” (grifou-se)

Atos Administrativos

Conceito de Ato Administrativo

“Ato administrativo é toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria”. (Hely Lopes Meirelles)

O conceito de ato administrativo não deve ser confundido com o de fato administrativo. Embora sejam ambos provenientes da Administração, constituem manifestações distintas do Poder Público.

O fato administrativo não tem por fim a produção de efeitos jurídicos, mas sim a realização material no exercício da função administrativa (por isso são também chamados de atos materiais).

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O fato administrativo é, portanto, uma mera realização material, de ordem prática, de execução, como a construção de uma ponte, a demolição de um prédio, a apreensão de mercadorias irregulares, a instalação de um serviço. Ou seja, é em si uma atividade pública material desprovida de conteúdo de direito.

Em regra, o ato administrativo e o fato administrativo são institutos relacionados, pois o último é conseqüência do primeiro. Antes de realizar o fato administrativo (realização material) a Administração vai manifestar sua vontade por intermédio do ato administrativo (conteúdo jurídico).

Partindo-se da idéia da divisão de funções entre os três Poderes do Estado, pode-se dizer, em sentido amplo, que todo ato praticado no exercício da função administrativa é ato da Administração. A expressão atos da Administração tem sentido mais amplo do que a expressão ato administrativo, abrangendo os atos de direito privado, atos materiais, atos de conhecimento, atos políticos, contratos, atos normativos e os atos administrativos propriamente ditos.

ATOS ADMINISTRATIVOS

ATOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Atos regidos pelo direito público

Atos regidos pelo direito público ou privado

Ato administrativo: declaração do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime jurídico de direito público e sujeito ao controle do Poder Judiciário.

Ato da administração: todo ato praticado no exercício da função administrativa.

Ato da Administração: gênero; Ato administrativo: espécie do gênero atos da Administração Assim, os atos da Administração (gênero) englobam todos os atos praticados pela Administração Pública, seja sob o regime de direito público ou sob o regime de direito privado. Já o ato administrativo (espécie do gênero atos da Administração) é a declaração do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob o regime de direito público e sujeita a controle pelo Poder Judiciário. Dentre os atos da Administração distinguem-se os que produzem e os que não produzem efeitos jurídicos. Aqueles que não produzem efeitos jurídicos não são considerados atos administrativos por não se enquadrar no respectivo conceito.

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OS ATOS DA ADMINISTRAÇÃO ENGLOBAM:

Atos de direito privado (ex. doação, permuta, compra e venda, locação); Atos materiais da Administração (ex. demolição de uma casa, apreensão de mercadoria, realização de um serviço); Atos de conhecimento (ex. atestados, certidões, pareceres, votos); Atos políticos; Contratos; Atos normativos (ex. decretos, portarias, resoluções, regimentos, de efeitos gerais e abstratos); Atos administrativos propriamente ditos

Elementos do Ato Administrativo

Os elementos do ato administrativo estão presentes na Lei nº 4.717/65 (Lei de Ação Popular), art. 2º. São eles: competência, finalidade, forma, motivo e objeto.

a) Competência: é o poder atribuído, por lei, aos órgãos e agentes para o desempenho de suas atribuições. A competência legalmente atribuída a determinado agente não pode por ele ser transferida de forma permanente a outro, mas pode ser delegada e avocada. A profa. Maria Sylvia Zanella Di Pietro chama esse elemento de sujeito. A incompetência fica caracterizada quando o ato não se incluir nas atribuições legais do agente que o praticou (art. 2º, Lei 4717/65).

b) Finalidade: é o resultado que se quer alcanças com a prática daquele ato; em sentido amplo, mediato, a finalidade de todo ato administrativo deve ser sempre atender ao interesse público, enquanto em sentido estrito cada ato tem a sua finalidade imediata, específica, que deverá decorrer, ainda que de forma implícita, da lei. Quando não atendida a finalidade do ato, ocorrerá o desvio de finalidade, a tornar o ato nulo. O desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência (art. 2º, Lei 4717/65).

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c) Forma: é o modo pelo qual o ato administrativo se exterioriza, adotando, em regra, a forma escrita, e, excepcionalmente, outras formas como a verbal e até mesmo sinais, tais como placas de trânsito, visto que todas manifestam unilateralmente a vontade da Administração. Os atos podem vir na forma de decretos, resoluções, vistos, portarias, instruções etc. O vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato (art. 2º, Lei 4717/65).

d) Motivo (# motivação # móvel): (é a situação de direito e de fato que determina ou autoriza a realização de ato administrativo // quando o motivo vier expresso na lei, o ato será vinculado. Quando a lei deixar ao administrador a avaliação quanto à oportunidade e conveniência, o ato será discricionário // Ex. demissão de um servidor – motivo: a infração por ele praticada (já que demissão é uma penalidade); motivação: é a exposição de motivos, a exteriorização, por escrito, do motivo que levou a Administração a aplicar tal penalidade). Atenção: o art.50, Lei 9784/99 enumerou expressamente atos que deverão ser motivados. A inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de direito, em que se fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado obtido (art. 2º, Lei 4717/65).

e)

ELEMENTOS // REQUISITOS DO ATO ADMINISTRATIVO

(Lei nº 4.717/65, art. 2º)

Competência (sujeito)

Conjunto de atribuições das pessoas jurídicas, órgãos e agentes, fixadas pelo direito positivo.

Finalidade

É o resultado que a Administração quer alcançar com a prática do ato.

Forma

É o modo através do qual se exterioriza o ato administrativo, é seu revestimento.

Motivo

É o pressuposto de fato e de direito que serve de fundamento ao ato administrativo.

Objeto (conteúdo)

É o efeito jurídico imediato que o ato produz.

MÉRITO ADMINISTRATIVO = CONVENIÊNCIA + OPORTUNIDADE

TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES: relaciona-se com o motivo do ato administrativo, é aquela que prende o administrador no momento da execução do ato aos motivos que ele alegou no momento de sua edição, sujeitando-se à demonstração de sua ocorrência, de tal modo que, se inexistentes ou falsos, implicam em sua nulidade.

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f) Objeto (= conteúdo): é o que efetivamente o ato está fazendo, é o efeito gerado pelo ato. Em um ato de demissão, o objeto é a demissão de determinado servidor; no ato de desapropriação, o objeto é a desapropriação dos referidos imóveis. O objeto de todo ato administrativo deve ser sempre lícito, moral e possível, ou o ato será inválido. A ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa em violação de lei, regulamento ou outro ato normativo (art. 2º, Lei 4717/65).

Atributos do Ato Administrativo

P

A

T

I

a) Presunção de Legitimidade: presunção iuris tantum, pois admite prova em contrário.

b) Autoexecutoriedade: autoriza a ação imediata e direta da Administração.

ATENÇÃO!!! O PROFESSOR CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO DEFENDE QUE A AUTOEXECUTORIEDADE ABRANGE: EXIGIBILIDADE E EXECUTORIEDADE

c) Tipicidade: citado pela profa. Maria Sylvia Zanella Di Pietro, ela ensina que é o “atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela lei como aptas a produzir determinados resultados. Para cada finalidade que a Administração pretende alcançar existe um ato definido em lei”.

d) Imperatividade: os atos administrativos são obrigatórios, imperativos, devendo ser

obedecidos pelo administrado ainda que de forma contrária aos seus interesses ou sua concordância.

ATENÇÃO!!! O PROFESSOR CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO CHAMA ESSE ATRIBUTO DE PODER EXTROVERSO DO ESTADO.

4 – Discricionariedade x Vinculação: ato vinculado é aquele editado em decorrência do poder vinculado que detém a Administração, ou seja, quando a lei determina a única forma possível de atuação para a Administração, não lhe concedendo nenhum grau de liberdade para manifestação de sua vontade. Ato discricionário, ao contrário, é aquele editado em decorrência do poder

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discricionário que detém a Administração, ou seja, quando a lei permite certo grau de liberdade para que a Administração decida se deve agir desta ou de outra forma, bem como decida o momento mais apropriado para agir.

Vamos sintetizar tudo?

1. Presunção de legitimidade diz respeito à conformidade do ato com a lei, já a presunção de veracidade diz respeito aos fatos;

2. Autoexecutoriedade é o atributo pelo qual o ato administrativo pode ser posto em execução

pela própria Administração Pública, sem necessidade de intervenção do Poder Judiciário;

3. Autoexecutoriedade (exigibilidade e executoriedade): exigibilidade – meios indiretos, executoriedade – meios diretos;

4. Tipicidade é o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela lei como aptas a produzir determinados resultados. Para cada finalidade que a Administração pretende alcançar existe um ato definido em lei;

5. Imperatividade é o atributo pelo qual os atos administrativos se impõem a terceiros, independentemente de sua concordância.

Espécies de ato administrativo:

1. Atos normativos: são aqueles que contem comandos, em regra, gerais e abstratos para viabilizar o cumprimento da lei. Para alguns autores, tais atos seriam leis em sentido material. Ex. decretos, deliberações 2. Atos ordinatórios: são manifestações internas da Administração decorrentes do poder hierárquico disciplinando o funcionamento de órgãos e a conduta de agentes públicos. Assim, não podem disciplinar o comportamento de particulares por constituírem determinações internas. Ex. instruções e portarias. 3. Atos negociais: manifestam a vontade da Administração em concordância com o interesse de particulares. Ex. concessões, licenças. 4. Atos enunciativos: também chamados atos de pronúncia, certificam ou atestam uma situação existente, não contendo manifestação de vontade da Administração Pública. Ex. certidões, pareceres, atestados. 5. Atos punitivos: aplicam sanções a particulares ou servidores que pratiquem condutas irregulares. Ex. multas e interdições de estabelecimento.

...pois saiba que Deus quer te surpreender, Ele pode falar

com você e mudar totalmente o seu destino.

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Vamos resumir e exemplificar?

Atos Normativos: comandos gerais e abstratos para aplicação da lei

Ex. decretos e regulamentos, instruções normativas, regimentos, resoluções, deliberações

Atos Ordinatórios: disciplinam órgãos e agentes públicos

Ex. instruções, circulares, avisos, portarias, ordens de serviço, ofícios, despachos

Atos negociais: vontade da Administração em concordância com particulares

Ex. licença, autorização, permissão, aprovação, admissão, visto, homologação, dispensa, renúncia, protocolo administrativo.

Atos enunciativos: certificam ou atestam uma situação existente

Ex. certidões, atestados, pareceres técnicos, pareceres normativos, apostilas

Atos punitivos: aplicam sanções a agentes e particulares

Ex. multa, interdição de atividade, destruição de coisas

Vamos conceituar cada um deles?

ATOS NORMATIVOS

Decretos e regulamentos:

São atos administrativos, em regra, gerais e abstratos, privativos do Chefe do Poder Executivo e expedidos para dar fiel execução à lei.

Instruções normativas:

São atos normativos de competência dos Ministros praticados para viabilizar a execução de leis e outros atos normativos.

Resoluções:

São atos administrativos inferiores aos decretos e regulamentos, expedidos por Ministros de Estado, presidentes de tribunais, de casas

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legislativas e de órgãos colegiados, versando sobre matérias de interesse interno dos respectivos órgãos.

Deliberações:

São atos normativos ou decisórios de órgãos colegiados.

ATOS ORDINATÓRIOS

Instruções:

Expedidas pelo superior hierárquico e destinadas aos seus subordinados, são ordens escritas e gerais para disciplina e execução de determinado serviço público.

Circulares:

Constituem atos escritos de disciplina de determinado serviço público voltados a servidores que desempenham tarefas em situações especiais. Diferem das instruções porque não são gerais.

Avisos:

Atos exclusivos de Ministros de Estado para regramento de temas da competência interna do Ministério.

Portarias:

Atos internos que iniciam sindicâncias, processos administrativos ou promovem designações de servidores para cargos secundários. São expedidas por chefes de órgãos e repartições públicas. As portarias nunca podem ser baixadas pelos Chefes do Executivo.

Ordens de serviço:

São determinações específicas dirigidas a servidores subordinados ou particulares sobre assuntos administrativos ou de ordem social.

São convites ou comunicações

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Ofícios:

escritas dirigidas a servidores subordinados ou particulares sobre assuntos administrativos ou de ordem social.

Despachos:

São decisões de autoridades públicas manifestadas por escrito em documentos ou processos sob sua responsabilidade.

ATOS NEGOCIAIS

Licença:

Ato administrativo unilateral, declaratório e vinculado que libera, a todos que preencham os requisitos legais, o desempenho de atividades em princípio vedadas pela lei. Trata-se de manifestação do poder de polícia administrativo desbloqueando atividades cujo exercício depende de autorização da Administração, como acontece na licença para construir.

Autorização:

Ato unilateral, discricionário, constitutivo e precário expedido para a realização de serviços ou a utilização de bens públicos no interesse predominante do particular, como o porte de arma.

Permissão:

Ato unilateral, discricionário e precário que faculta o exercício de serviços de interesse coletivo ou a utilização de bem público.

Aprovação:

Ato administrativo unilateral e discricionário que realiza a verificação prévia ou posterior da legalidade e do mérito de outro ato como condição para a sua produção de efeitos.

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Admissão:

Ato administrativo unilateral e vinculado que faculta, a todos que preencherem os requisitos legais, o ingresso em repartições governamentais ou defere certas condições subjetivas, como a admissão de usuário em biblioteca pública.

Visto:

Constitui ato vinculado expedido para controlar a legitimidade formal de outro ato particular ou agente público.

Homologação:

É ato administrativo unilateral e vinculado de exame de legalidade e conveniência de outro ato de agente público ou particular.

Dispensa:

É ato administrativo discricionário que exime o particular do desempenho de certa tarefa.

Renúncia:

É ato unilateral, discricionário, abdicativo e irreversível pelo qual a Administração Pública abre mão de crédito ou direito próprio em favor do particular.

Protocolo administrativo:

É a manifestação administrativa em conjunto com o particular versando sobre a realização de tarefa ou abstenção de certo comportamento em favor dos interesses da Administração e do particular, simultaneamente.

ATOS ENUNCIATIVOS

Certidões:

São cópias autenticadas de atos ou fatos permanentes de interesse do requerente constantes de arquivos públicos.

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Atestados:

São atos que comprovam fatos ou situações transitórias que não constem de arquivos públicos.

Pareceres técnicos:

Manifestações expedidas por órgãos técnicos especializados referentes a assuntos submetidos a sua apreciação.

Pareceres normativos:

São pareceres que se transformam em norma obrigatória quando aprovados pela repartição competente.

Apostilas:

Equiparam-se a uma averbação realizada pela Administração declarando um direito reconhecido pela norma legal.

ATOS PUNITIVOS

Multa:

Constitui punição pecuniária imposta a quem descumpre disposições legais ou determinações administrativas.

Interdição de atividade:

É a proibição administrativa do exercício de determinada atividade.

Destruição de coisas:

É o ato sumário de inutilização de bens particulares impróprios para consumo ou de comercialização proibida.

Classificação dos atos administrativos: 1 – Quanto ao conteúdo:

a) concretos: são atos produzidos visando a um único caso, específico, e nele se encerram, ex. nomeação ou concessão de férias a um servidor;

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b) abstratos: chamados também de normativos, são os que, disciplinando determinada matéria de modo geral e abstrato, atingem um número indefinido de pessoas, e que podem continuar sendo aplicados inúmeras vezes, ex. regulamentos.

2 – Quanto à formação de vontade:

a) ato simples: nasce da manifestação de vontade de apenas um órgão, seja ele unipessoal (formado só por uma pessoa) ou colegiado (composto de várias pessoas). É simples o ato que altera o horário de atendimento da repartição pública, emitido por uma única pessoa, bem assim a decisão administrativa do Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda, órgão colegiado, que expressa uma vontade única. Outro exemplo de ato colegiado encontramos no caso da direção das Agências Reguladoras, nos termos do art. 4º, Lei nº 9.986/2000;

b) ato complexo: para que seja formado, necessita da manifestação de vontade de dois ou mais órgãos diferentes, sem hierarquia entre eles, de tal forma que cada um, de forma independente, não pode produzir validamente tal ato: enquanto todos os órgãos competentes não se manifestarem, o ato não estará perfeito, não podendo criar direitos ou atribuir deveres. Assim, tem-se a união de várias vontades que se juntam para formar apenas uma. Por fim, veja que não é possível impugnar o ato antes de completo seu ciclo de formação, ou seja, antes de todas as partes terem manifestado suas vontades, pois que antes disso ele inexiste. Acrescente-se, ainda, o caso da concessão inicial de aposentadoria ou pensão: nas palavras do ilustre relator no MS 24.742, Ministro Marco Aurélio, o ato de concessão inicial de aposentadoria “mostra-se complexo, com o implemento da aposentadoria pelo órgão de origem, a fim de não haver quebra de continuidade da satisfação do que percebido pelo servidor, seguindo à homologação pelo Tribunal de Contas da União”. Bem por isso – ser o ato complexo –, “não se tem o envolvimento de litigantes, razão pela qual é inadequado falar-se em contraditório para, uma vez observado este, vir o Tribunal de Contas da União a indeferir a homologação”;

Súmula Vinculante 3 - Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.

c) ato composto: é aquele que nasce da vontade de apenas um órgão. Porém, para que produza efeitos, depende da aprovação de outro ato, que o homologa. Repita-se: a vontade é de apenas um órgão, o segundo apenas o confere, dando-lhe exeqüibilidade. Diz-se, então, que um é instrumental em relação ao outro, pois há, aqui, dois atos, um principal e outro acessório. Exemplifique-se com a dispensa de licitação, que depende de homologação pela autoridade competente. Tendo em vista que se torna difícil distinguir esse tipo de ato do procedimento, alguns autores negam sua existência. Aqui, há dois atos, um principal, outro secundário. No procedimento, há um principal e vários secundários. Em qualquer dos casos, estando viciado um dos acessórios, inválido será o principal.

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3 – Quanto aos destinatários

a) individuais: são aqueles que têm destinatários certos, nominados, como no caso da nomeação de servidores, ou delegação de atribuições a um subordinado. Pode ser para apenas uma pessoa (singular), como na desapropriação, ou para várias (plural), como na nomeação de vários servidores no mesmo ato. O importante é que se sabe exatamente a quem se dirige o ato;

b) gerais: os destinatários são muitos, inominados, mas unidos por uma característica em comum, que os faz destinatários do mesmo ato abstrato. Para produzirem seus efeitos, já que externos, devem ser publicados. É geral o ato que fixa novo horário de atendimento ao público pela repartição, que afeta a todos os usuários daquele órgão, bem assim os decretos regulamentares, instruções normativas etc.

4 – Quanto aos efeitos a) constitutivo: gera uma nova situação jurídica aos destinatários. Pode ser outorgando um novo direito, como permissão de uso de bem público, ou impondo uma obrigação, como cumprir um período de suspensão;

b) declaratório: simplesmente afirma ou declara uma situação já existente, seja de fato ou de direito. Não cria, transfere ou extingue a situação existente, apenas a reconhece. Também é dito enunciativo. É o caso da expedição de uma certidão de tempo de serviço, ou de um parecer;

c) modificativo: altera a situação já existente, sem que seja extinta, não retirando direitos ou obrigações. A alteração do horário de atendimento da repartição é exemplo de ato modificativo;

d) extintivo: pode também ser chamado desconstitutivo, que é o ato que põe termo a um direito ou dever existentes. Cite-se a demissão do servidor público;

e) enunciativo: é aquele pelo qual a Administração apenas atesta ou reconhece determinada situação de fato ou de direito. Ex. certidões, atestados, informações, pareceres, vistos, apostilas.

5 – Quanto à abrangência dos efeitos a) internos: destinados a produzir seus efeitos no âmbito interno da Administração Pública, não atingindo terceiros, como os pareceres (atos enunciativos) e circulares. Ademais, os atos administrativos praticados pela Administração Pública com a finalidade de disciplinar seu funcionamento interno e a conduta de seus agentes são denominados atos ordinatórios, como avisos e portarias;

b) externos: tem como destinatárias pessoas além da Administração Pública, e, portanto, necessitam de publicidade para que produzam adequadamente seus efeitos. São exemplos a fixação do horário de atendimento e a ocupação de bem privado pela Administração Pública.

6 – Quanto ao grau de liberdade para produzir

a) vinculado: a lei estabelece todos os contornos do ato, como deve ser feito, quando, por quem etc, não deixando ao agente qualquer grau de liberdade. Cumpridos todos os requisitos legais, a Administração Pública não pode deixar de conceder a aposentadoria a quem de direito, ou a licença para construir;

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b) discricionário: a lei também estabelece uma série de regras para a prática de um ato, mas deixa certo grau de liberdade à autoridade, que poderá optar por um entre vários caminhos igualmente válidos. Há uma avaliação subjetiva prévia à edição do ato, como os que permitem o uso de bem público, permitindo a instalação de uma banca de revistas na calçada. Segundo o STF, “a autoridade administrativa está autorizada a praticar atos discricionários apenas quando norma jurídica válida expressamente a ela atribuir essa livre atuação”.

ATO VINCULADO

ATO DISCRICIONÁRIO

(# ato arbitrário)

Não há liberdade para o administrador

Há liberdade para o administrador

Não há oportunidade e conveniência

Há oportunidade e conveniência

Pode ser anulado, mas não pode ser revogado

Pode ser anulado e revogado

Há controle do Poder Judiciário

Há controle do Poder Judiciário, exceto quanto ao mérito

Ex. aposentadoria compulsória, licença, admissão

Ex. autorização

7 – Quanto à validade

a) válido: é o que atende a todos os requisitos legais: competência, finalidade, forma, motivo e objeto. Pode estar perfeito, pronto para produzir seus efeitos ou estar pendente de evento futuro;

b) nulo: é o que nasce com vício insanável, ou seja, um defeito que não pode ser corrigido. Não produz qualquer efeito entre as partes. No entanto, em face dos atributos dos atos administrativos, ele deve ser observado até que haja decisão, seja administrativa, seja judicial, declarando sua nulidade, que terá efeito retroativo, “ex tunc”, entre as partes. Por outro lado, deverão ser respeitados os direitos de terceiros de boa-fé que tenham sido atingidos pelo ato nulo. Cite-se a nomeação de um candidato que não tenha nível superior para um cargo que o exija. A partir do reconhecimento do erro, o ato é anulado desde sua origem. Porém, as ações legais eventualmente praticadas por ele durante o período em que atuou permanecerão válidas;

c) anulável: é o ato que contém defeitos, porém, que podem ser sanados, convalidados. Ressalte-se que, se mantido o defeito, o ato será nulo; se corrigido, poderá ser “salvo” e passar a

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válido. Atente-se que nem todos os defeitos são sanáveis, mas sim aqueles expressamente previstos em lei e analisados no item seguinte.

d) inexistente: é aquele que apenas aparenta ser um ato administrativo, manifestação de vontade da Administração Pública. São produzidos por alguém que se faz passar por agente público, sem sê-lo, ou que contém um objeto juridicamente impossível. Exemplo do primeiro caso é a multa emitida por falso policial; do segundo, a ordem para matar alguém.

8 – Quanto à exeqüibilidade

a) perfeito: é aquele que completou seu processo de formação, estando apto a produzir seus efeitos. Perfeição não se confunde com validade. Esta é a adequação do ato à lei; a perfeição refere-se às etapas de sua formação.

b) imperfeito: não completou seu processo de formação, portanto, não está apto a produzir seus efeitos, faltando, por exemplo, a homologação, publicação, ou outro requisito apontado pela lei.

c) pendente: para produzir seus efeitos, sujeita-se a condição ou termo, mas já completou seu ciclo de formação, estando apenas aguardando o implemento desse acessório, por isso não se confunde com o imperfeito. Condição é evento futuro e incerto, como o casamento. Termo é evento futuro e certo, como uma data específica.

d) consumado: é o ato que já produziu todos os seus efeitos, nada mais havendo para realizar. Exemplifique-se com a exoneração ou a concessão de licença para doar sangue.

- Perfeição: refere-se ao processo de formação do ato, que foi todo cumprido; - Validade: refere-se à conformidade do ato com a lei; - Eficácia: é a capacidade do ato para produzir seus efeitos; - Exeqüibilidade: é a capacidade do ato para produzir seus efeitos imediatamente.

Então, um ato adequadamente produzido, sem pender de condição ou termo, é perfeito, válido, eficaz e exeqüível. Se produzido num mês, para valer a partir do mês seguinte, não será ainda exeqüível.

9 – Quanto às prerrogativas: a) ato de império: é aquele praticado pela Administração com todas as prerrogativas e privilégios de autoridade e impostos unilateral e coercitivamente ao particular independentemente de autorização judicial;

b) ato de gestão: é aquele praticado pela Administração em situação de igualdade com os particulares, para a conservação e desenvolvimento do patrimônio público e para a gestão de seus serviços.

Convalidação do Ato Administrativo

A publicidade NÃO convalida o ato administrativo. Convalidar é tornar válido, é efetuar correções no ato administrativo, de forma que ele fique perfeito, atendendo a todas as exigências legais.

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Convalidação/saneamento é o ato administrativo pelo qual é suprido o vício existente em um ato ilegal, com efeitos retroativos à data em que este foi praticado.

Como regra geral, os atos eivados de algum defeito devem ser anulados. A exceção é que haja convalidação, como positivado na Lei nº 9.784/99, sobre o processo administrativo federal:

Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração.

Essa é a possibilidade de convalidação expressa, desde que não acarrete lesão ao interesse público ou prejuízo a terceiros. Assim, nos termos do art. 54 da mesma Lei, eventual ato administrativo viciado, de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários, que não seja anulado no prazo decadencial de cinco anos, contados da data em que foram praticados, estará convalidado tacitamente, não podendo mais ser alterado, salvo comprovada má-fé.

Quais são os requisitos pra convalidar?

1 – não acarretar lesão ao interesse público;

2 – não haver prejuízo a terceiros;

3 – ato com defeito sanável

Quem convalida?

Ela é feita, em regra, pela Administração, mas eventualmente poderá ser feita pelo administrado, quando a edição do ato dependia da manifestação de sua vontade e a exigência não foi observada. Este pode emiti-la posteriormente convalidando o ato.

Quais são os efeitos?

Ex tunc, retroage.

Quais elementos do ato podem ser convalidados?

A finalidade, o motivo e o objeto nunca podem ser convalidados.

A forma pode ser convalidada, desde que não seja fundamental à validade do ato. Se a lei estabelecia uma forma determinada, não há como tal elemento ser convalidado.

Com relação à competência, é possível a convalidação dos atos que não sejam exclusivos de uma autoridade, quando não pode haver delegação ou avocação. Assim, desde que não se trate de matéria exclusiva, pode o superior ratificar o ato praticado por subordinado incompetente.

Se o ato não for convalidado, o que acontecerá com ele?

Será anulado!

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Convalidação # Conversão. A conversão é o aproveitamento de ato defeituoso como ato válido de outra categoria. Ex. contrato de concessão outorgado mediante licitação em modalidade diversa da concorrência convertido em permissão de serviço público. O ato de conversão é constitutivo, discricionário e com eficácia ex tunc.

Extinção do Ato Administrativo

a) Anulação: Ocorre nos casos em que existe ilegalidade no ato administrativo e, por isso, pode ser feita pela própria Administração (controle interno) ou pelo Poder Judiciário;

b) Revogação: Retira do mundo jurídico atos válidos, legítimos, perfeitos, mas que se tornaram

inconvenientes, inoportunos, desnecessários;

c) Cassação: É uma sanção para aquele particular que deixou de cumprir as condições para manutenção de um determinado ato;

d) Caducidade: É a retirada do ato em virtude da publicação de uma lei, posterior à edição do ato administrativo, que torna inadmissível a situação antes permitida por aquele ato;

e) Contraposição: É a extinção do ato administrativo em função da edição de outro ato administrativo com efeito contrário ao primeiro;

f) Renúncia: Ocorre quando o seu próprio beneficiário a ele renuncia, abrindo mão do mesmo.

Súmula 346, STF: “A Administração Pública pode declarar a nulidade de seus próprios atos” Súmula 473, STF: “A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos, ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”.

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ESPÉCIES OBJETO TITULAR EFEITOS PRAZO

ANULAÇÃO

Ilegalidade do ato

-Administração

- Judiciário

Ex tunc (já nasceu ilegal)

Obs. Para o prof. Celso Antônio B. Mello podem ocorrer casos, em nome do princípio da boa-fé e da vedação do enriquecimento sem causa, que os efeitos da anulação serão ex nunc.

- art.54, Lei 9784/99

(DECANDENCIAL!!!)

EX TUNC

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REVOGAÇÃO

Razões de conveniência e oportunidade

- Administração (obs. Judiciário revoga ato administrativo? Apenas quando for ato próprio dele, na sua função atípica de administrar).

Ex nunc (os efeitos gerados até o momento são válidos)

- Não há prazo temporal, porém há limitações ao poder de revogar.

ANULAÇÃO

REVOGAÇÃO

Quando anula? Quando o ato for ilegal

Quando revoga? Quando o ato for legal, mas inoportuno e inconveniente

Quem anula? A própria Administração (Poder de Autotutela; Súmula 473, STF; independentemente de provocação) e o Poder Judiciário (desde que provocado)

Quem revoga? A própria Administração (Poder de Autotutela; Súmula 473, STF; independentemente de provocação). Judiciário revoga apenas os seus próprios atos na sua função atípica de administrar, ele não pode revogar atos dos outros Poderes.

Efeitos? Ex tunc (retroage)

Efeitos? Ex nunc (não retroage)

Tem prazo? 05 anos decadencial, a contar da data em que o ato foi

Tem prazo? Não há prazo temporal, porém alguns atos não admitem

EX NUNC

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praticado (art. 54, Lei nº 9784/99):

Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.

§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento.

revogação, são eles:

1. Os atos vinculados porque neles não há oportunidade e conveniência;

2. Os atos que já exauriram os

seus efeitos; como a revogação não retroage (ex nunc), as apenas impede que o ato continue a produzir efeitos, se o ato já exauriu, não há mais que falar em revogação;

3. A revogação não pode ser feita quando já se exauriu a competência relativamente ao objeto do ato, ou seja, quando a autoridade que praticou o ato deixou de ser competente para revogá-lo;

4. A revogação não pode atingir meros atos administrativos (ex. certidões, atestados, votos) porque os efeitos deles decorrentes são estabelecidos pela lei;

5. Não podem ser revogados atos que integram um procedimento, pois a cada novo ocorre a preclusão com relação ao ato anterior;

6. Não podem ser revogados os atos que geram direitos adquiridos, conforme está expresso na Súmula nº 473, STF.

Lembre-se: O Judiciário não pode apreciar de ofício a nulidade do ato administrativo.

Vamos sintetizar tudo?

1. Um ato é nulo quando afronta a lei, quando foi produzido com alguma ilegalidade;

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2. Pode ser declarada pela própria Administração Pública, no exercício de sua autotutela, ou pelo Judiciário;

3. A anulação do ato administrativo gera efeitos ex tunc;

4. Revogação é a forma de desfazer um ato válido, legítimo, mas que não é mais conveniente, útil ou oportuno;

5. A revogação só pode ser feita pela própria Administração, não cabendo ao Judiciário fazê-lo, exceto no exercício de sua atividade secundária administrativa, ou seja, só pode revogar seus próprios atos administrativos;

6. Os efeitos da revogação são ex nunc

Vamos exercitar?

01. (FCC/TJ-SE/Técnico/2009) A anulação do ato administrativo emanado do Poder Executivo pode ser feita (A) unicamente por provocação do interessado. (B) pelo Ministério Público. (C) pelo Poder Legislativo. (D) quando não for mais conveniente ou oportuna a sua manutenção. (E) pela própria Administração ou pelo Poder Judiciário. Resposta: E Comentários: A anulação do ato administrativo emanado do Poder Executivo pode ser feita (A) unicamente por provocação do interessado. Errado! Claro que não! A Administração age (ao contrário do Poder Judiciário) independentemente de provocação do interessado. Assim, ela poderá anular os seus atos de ofício. (B) pelo Ministério Público. Errado! O Ministério Público não tem o poder de anular ato administrativo. (C) pelo Poder Legislativo.

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Errado! O Poder Legislativo não tem o poder de anular ato administrativo, salvo os seus próprios atos na sua função atípica de administrar. Mas repare que a questão fala em atos emanados do Poder Executivo. (D) quando não for mais conveniente ou oportuna a sua manutenção. Errado! Aqui não é anulação, mas revogação. (E) pela própria Administração ou pelo Poder Judiciário. Correto! 02. (FCC/TJ-SE/Analista/2009) A convalidação do ato administrativo (A) é sempre possível quando o vício diz respeito à forma. (B) não é possível se o vício decorre de incompetência do agente que o praticou. (C) pode ocorrer se o vício recair sobre o motivo e à finalidade. (D) é admitida nas hipóteses de incompetência em razão da matéria. (E) é a supressão do vício existente em ato ilegal, com efeitos retroativos à data em que este foi praticado. Resposta: E Comentários: A convalidação do ato administrativo (A) é sempre possível quando o vício diz respeito à forma. Errado! A convalidação do ato viciado quanto à forma é possível, desde que esta não seja essencial à validade do ato. (B) não é possível se o vício decorre de incompetência do agente que o praticou. Errado! É possível! São passíveis de convalidação os atos com defeito na competência ou na forma. (C) pode ocorrer se o vício recair sobre o motivo e à finalidade. Errado! Defeitos no objeto, motivo ou finalidade são insanáveis, obrigando a anulação do ato. (D) é admitida nas hipóteses de incompetência em razão da matéria. Errado! Entendendo que incompetência em razão da matéria é vício do objeto, não se admite a sua convalidação. (E) é a supressão do vício existente em ato ilegal, com efeitos retroativos à data em que este foi praticado.

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Correto! Os efeitos da convalidação retroagem à data da prática do ato convalidado.

03. (FCC/TJ-PA/Técnico/2009) A anulação e a revogação do ato administrativo sujeitam-se às seguintes regras: (A) A anulação do ato administrativo não pode ser decretada se o ato for vinculado. (B) A revogação do ato administrativo produz efeito ex tunc; a anulação efeito ex nunc. (C) Revogação é a supressão de um ato administrativo por ser ilegítimo e ilegal. (D) Todo e qualquer ato administrativo pode ser revogado. (E) Ato administrativo emanado do Poder Executivo pode ser anulado pela própria Administração, de ofício ou a requerimento do interessado, ou pelo Poder Judiciário, nesta última hipótese. Resposta: E Comentários: (A) A anulação do ato administrativo não pode ser decretada se o ato for vinculado. Errado! Tanto o ato vinculado como o ato discricionário, se ilegais, poderão ser anulados pela Administração ou pelo Poder Judiciário. (B) A revogação do ato administrativo produz efeito ex tunc; a anulação efeito ex nunc. Errado! É o contrário! Anulação – retroage – ex tunc; Revogação – não retroage – ex nunc (C) Revogação é a supressão de um ato administrativo por ser ilegítimo e ilegal. Anulação é a supressão de um ato administrativo por ser ilegítimo e ilegal. A revogação é de ato legítimo e legal. (D) Todo e qualquer ato administrativo pode ser revogado. Errado!

Atos que não podem ser revogados:

1. Os atos vinculados porque neles não há oportunidade e conveniência;

2. Os atos que já exauriram os seus efeitos; como a revogação não retroage (ex nunc), as apenas impede que o ato continue a produzir efeitos, se o ato já exauriu, não há mais que falar em revogação;

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3. A revogação não pode ser feita quando já se exauriu a competência relativamente ao objeto do ato, ou seja, quando a autoridade que praticou o ato deixou de ser competente para revogá-lo;

4. A revogação não pode atingir meros atos administrativos (ex. certidões, atestados, votos) porque os efeitos deles decorrentes são estabelecidos pela lei;

5. Não podem ser revogados atos que integram um procedimento, pois a cada novo ocorre a preclusão com relação ao ato anterior;

6. Não podem ser revogados os atos que geram direitos adquiridos, conforme está expresso na Súmula nº 473, STF.

(E) Ato administrativo emanado do Poder Executivo pode ser anulado pela própria Administração, de ofício ou a requerimento do interessado, ou pelo Poder Judiciário, nesta última hipótese. Correto!

04. (FCC/TJ-AP/Analista/2009) Nos termos da legislação federal aplicável à matéria dos atos administrativos, (A) a Administração deve revogar seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode anulá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. (B) apenas ao Judiciário compete anular atos da Administração, quando eivados de vício de legalidade, cabendo à própria Administração revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. (C) a Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, posto que deles não decorrem direitos adquiridos. (D) a Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. (E) a própria Administração ou o Judiciário devem revogar atos da Administração, por motivo de conveniência ou oportunidade, competindo apenas ao Judiciário anulá-los por vício de legalidade, situação em que deles não decorrem direitos adquiridos. Resposta: D Comentários: A questão faz referência à Lei nº 9784/99 (que será objeto de estudo em aula própria): Lei do Processo Administrativo em âmbito federal. Em seu art. 53 a referida Lei diz o seguinte: “A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.”

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Vamos às alternativas: (A) a Administração deve revogar seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode anulá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. Errado! Segundo a Lei, a Administração DEVE anular seus atos quando eivados de vício de legalidade e PODE revogá-los por motivo de conveniência e de oportunidade. (B) apenas ao Judiciário compete anular atos da Administração, quando eivados de vício de legalidade, cabendo à própria Administração revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. Errado! Já vimos anteriormente que tanto a Administração quanto o Poder Judiciário tem competência para anular atos administrativos. (C) a Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, posto que deles não decorrem direitos adquiridos. Errado! Respeitados os direitos adquiridos. (D) a Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. Correto! Art. 53, Lei nº 9784/99 (E) a própria Administração ou o Judiciário devem revogar atos da Administração, por motivo de conveniência ou oportunidade, competindo apenas ao Judiciário anulá-los por vício de legalidade, situação em que deles não decorrem direitos adquiridos. Errado! Conforme já estudado anteriormente o Poder Judiciário não tem competência para revogar atos dos outros Poderes, salvo os seus próprios atos. Já a anulação compete tanto ao Poder Judiciário como à própria Administração Pública. Portanto, correta a letra D.

05. (FCC/PGE-RJ/Técnico/2009) Quando a lei estabelece a única solução possível diante de determinada situação de fato, fixando todos os requisitos, cuja existência a Administração deve limitar-se a constatar, sem qualquer margem de apreciação subjetiva, estamos diante de atos administrativos (A) complexos. (B) de gestão. (C) vinculados. (D) discricionários. (E) de expediente. Resposta: C

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Comentários: Fácil? Única solução possível diante de determinada situação de fato só pode ser o ato vinculado!!! Aqui a Administração não tem liberdade, pois a lei define de antemão todos os aspectos da conduta do agente, ex. licença para construir, aposentadoria compulsória do servidor que completa 70 anos de idade, lançamento tributário.

Lei nº 9784/99

CAPÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1o Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo administrativo no âmbito da Administração Federal direta e indireta, visando, em especial, à proteção dos direitos dos administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Administração.

§ 1o Os preceitos desta Lei também se aplicam aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, quando no desempenho de função administrativa.

Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo administrativo no âmbito da Administração Federal direta e indireta, visando, em especial, à proteção dos direitos dos administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Administração. Atenção!! Os preceitos desta Lei também se aplicam aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, quando no desempenho de função administrativa. Ex. Quando o Judiciário vai abrir uma licitação (função administrativa), deverá obedecer a Lei nº 8666/93, assim como os preceitos estabelecidos nesta Lei. Ex. Quando um servidor do Legislativo requer concessão de férias. Também deverá obedecer as regras do Processo Administrativo Federal aqui tratadas, além das regras da Lei nº 8112/90. Por outro lado, não se aplicam estas regras aos Estados e Municípios.

§ 2o Para os fins desta Lei, consideram-se:

I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta e da estrutura da Administração indireta;

II - entidade - a unidade de atuação dotada de personalidade jurídica;

III - autoridade - o servidor ou agente público dotado de poder de decisão.

Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.

Como nós já estudamos os princípios da Administração Pública na aula 01, farei aqui uma rápida revisão:

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Legalidade: a Administração só pode fazer aquilo que a Lei autoriza.

Finalidade: é uma vertente do princípio da impessoalidade, que impõe que o administrador pratique o ato para seu fim legal, o interesse público. O princípio da impessoalidade pode ser visto sob dois aspectos: a) qualquer ato da Administração Pública deve zelar pelo interesse público nunca pelo interesse pessoal do agente público; b) os atos são imputados à entidade a que se vincula o agente público, não a ele próprio. Motivação: exige que a Administração Pública fundamente todos seus atos adequadamente, sempre vinculando o ato aos motivos apresentados. Ainda que o ato discricionário esteja entre as exceções de obrigatoriedade de motivação, segundo a Teoria dos Motivos Determinantes, o motivo alegado vincula-se ao ato: se aquele for falso ou inexistente, o ato será nulo.

Razoabilidade e Proporcionalidade: a Administração na prática dos seus atos deve buscar sempre a adequação entre os meios e os fins, considerando-se todas as situações e circunstâncias que afetem a solução.

Moralidade: diz respeito à moral interna da instituição, que deve pautar os atos dos agentes públicos, como complemento à lei. Os atos devem ser, além de legais, honestos e conformes aos bons costumes e à boa administração. Ampla defesa: o acusado pode usar todos os meios lícitos admitidos para provar o que alega, inclusive manter-se calado (art. 5º, LXIII, CF/88) e não produzir provas contra si. Princípio do contraditório: com previsão no mesmo inciso LV do art. 5º da CF/88, traduz a garantia que todos têm de poder contradizer tudo que se alega em seu desfavor. Segurança jurídica: garante-se estabilidade nas relações jurídicas, não passíveis de alteração aleatória pela Administração Pública, mas apenas dentro das possibilidades e prazos legais de alterações. Veda novas interpretações por parte do Poder Público.

Supremacia do interesse público: princípio basilar da Administração Pública, que deve ser observado tanto pelo legislador, no momento de produzir a lei, quanto pelo administrador, quando de sua execução. O interesse público é indisponível, tendo o agente público o poder-dever de agir de acordo com esse princípio.

Eficiência: busca a otimização dos procedimentos em qualquer ação da Administração Pública, que deve ser rápida, útil, econômica, voltada para o alcance dos melhores resultados possíveis. Qualidade x economicidade. Oficialidade: o processo administrativo pode ser instaurado de ofício, ou seja, por iniciativa da Administração, independentemente de provocação do administrado. Ademais, cumpre a Administração o impulso do processo (o chamado impulso oficial, previsto no art. 2º, parágrafo único, inciso XII). Informalismo: o processo administrativo não está sujeito a formas rígidas. Isso não significa, porém, ausência absoluta de forma, pois forma sempre há, até porque o processo é escrito. No processo administrativo, o formalismo somente deve existir quando seja necessário para atender ao interesse público e proteger os direitos dos particulares. Gratuidade: em regra, não existem os ônus característicos do processo judicial, tais como custas, ônus de sucumbência, honorários e outros.

Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de:

I - atuação conforme a lei e o Direito;

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II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou competências, salvo autorização em lei;

III - objetividade no atendimento do interesse público, vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades;

IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé;

V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas na Constituição;

VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público;

VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão;

VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados;

IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados;

X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas e à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de litígio;

XI - proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas as previstas em lei;

XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da atuação dos interessados;

XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação.

CAPÍTULO II DOS DIREITOS DOS ADMINISTRADOS

Art. 3o O administrado tem os seguintes direitos perante a Administração, sem prejuízo de outros que lhe sejam assegurados:

I - ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, que deverão facilitar o exercício de seus direitos e o cumprimento de suas obrigações;

II - ter ciência da tramitação dos processos administrativos em que tenha a condição de interessado, ter vista dos autos, obter cópias de documentos neles contidos e conhecer as decisões proferidas;

III - formular alegações e apresentar documentos antes da decisão, os quais serão objeto de consideração pelo órgão competente;

IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo quando obrigatória a representação, por força de lei.

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A possibilidade de atuar no processo sem advogado é decorrência do princípio do informalismo.

Na Súmula Vinculante 5, o STF explicita a possibilidade de o interessado atuar sem advogado nos processos administrativos, mesmo nos processos que possam resultar em sanções. Segundo a orientação firmada no STF, o simples fato de não ser feita a defesa do administrado por um advogado (desde que não haja exigência legal) não ofende, por si só, os princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório.

SV5 – A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição.

CAPÍTULO III DOS DEVERES DO ADMINISTRADO

Art. 4o São deveres do administrado perante a Administração, sem prejuízo de outros previstos em ato normativo:

I - expor os fatos conforme a verdade;

II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé;

III - não agir de modo temerário;

IV - prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o esclarecimento dos fatos.

CAPÍTULO IV DO INÍCIO DO PROCESSO

Art. 5o O processo administrativo pode iniciar-se de ofício ou a pedido de interessado.

O processo pode ser iniciado pela própria administração (de ofício) – decorrência do princípio da oficialidade, ou mediante provocação do interessado (a pedido).

Art. 6o O requerimento inicial do interessado, salvo casos em que for admitida solicitação oral, deve ser formulado por escrito e conter os seguintes dados:

I - órgão ou autoridade administrativa a que se dirige;

II - identificação do interessado ou de quem o represente;

III - domicílio do requerente ou local para recebimento de comunicações;

IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos e de seus fundamentos;

V - data e assinatura do requerente ou de seu representante.

Parágrafo único. É vedada à Administração a recusa imotivada de recebimento de documentos, devendo o servidor orientar o interessado quanto ao suprimento de eventuais falhas.

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Art. 7o Os órgãos e entidades administrativas deverão elaborar modelos ou formulários padronizados para assuntos que importem pretensões equivalentes.

Art. 8o Quando os pedidos de uma pluralidade de interessados tiverem conteúdo e fundamentos idênticos, poderão ser formulados em um único requerimento, salvo preceito legal em contrário.

CAPÍTULO V DOS INTERESSADOS

Art. 9o São legitimados como interessados no processo administrativo:

I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como titulares de direitos ou interesses individuais ou no exercício do direito de representação;

II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm direitos ou interesses que possam ser afetados pela decisão a ser adotada;

III - as organizações e associações representativas, no tocante a direitos e interesses coletivos;

IV - as pessoas ou as associações legalmente constituídas quanto a direitos ou interesses difusos.

Art. 10. São capazes, para fins de processo administrativo, os maiores de dezoito anos, ressalvada previsão especial em ato normativo próprio.

CAPÍTULO VI DA COMPETÊNCIA

Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de delegação e avocação legalmente admitidos.

Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.

Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à delegação de competência dos órgãos colegiados aos respectivos presidentes.

COMPETÊNCIA

No Direito Administrativo não basta capacidade; é necessário também que o sujeito tenha competência; Decorre da lei;

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É inderrogável, seja pela vontade da Administração, seja por acordo com terceiros; Pode ser objeto de delegação ou avocação; Não é possível delegar: (Lei nº 9.784/99, art. 13)

1 – edição de atos de caráter normativo; 2 – decisão de recurso administrativo; 3 – matéria de competência exclusiva de órgão ou autoridade.

O que é delegar?

Corresponde ao repasse de atribuições administrativas de responsabilidade do superior para o subalterno (mantendo-se aquele competente),

É Improrrogável, ou seja, o agente incompetente hoje continuará sendo sempre, exceto por previsão legal expressa em sentido contrário. É Imprescritível, ou seja, ela continua a existir, independente de seu não uso

Esse Art. 13 não cai nas provas, despenca!! Decorar!!

Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:

I - a edição de atos de caráter normativo;

II - a decisão de recursos administrativos;

III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.

Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser publicados no meio oficial.

§ 1o O ato de delegação especificará as matérias e poderes transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e os objetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter ressalva de exercício da atribuição delegada.

§ 2o O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela autoridade delegante.

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§ 3o As decisões adotadas por delegação devem mencionar explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo delegado.

Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a avocação temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior.

Art. 16. Os órgãos e entidades administrativas divulgarão publicamente os locais das respectivas sedes e, quando conveniente, a unidade fundacional competente em matéria de interesse especial.

Art. 17. Inexistindo competência legal específica, o processo administrativo deverá ser iniciado perante a autoridade de menor grau hierárquico para decidir.

CAPÍTULO VII DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO

A autoridade ou servidor que incorrer em impedimento deve comunicar o fato à autoridade competente, abstendo-se desta forma de atuar, sendo a omissão desta comunicação uma falta grave para efeitos disciplinares. A diferença fundamental entre impedimento e suspensão reside no fato de que, no primeiro caso, a autoridade não poderá atuar. Já no caso de suspeição, poderá a mesma não acatar os argumentos do interessado de seguir atuando normalmente.

Art. 18. É impedido de atuar em processo administrativo o servidor ou autoridade que:

I - tenha interesse direto ou indireto na matéria;

II - tenha participado ou venha a participar como perito, testemunha ou representante, ou se tais situações ocorrem quanto ao cônjuge, companheiro ou parente e afins até o terceiro grau;

III - esteja litigando judicial ou administrativamente com o interessado ou respectivo cônjuge ou companheiro.

Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em impedimento deve comunicar o fato à autoridade competente, abstendo-se de atuar.

Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar o impedimento constitui falta grave, para efeitos disciplinares.

Art. 20. Pode ser argüida a suspeição de autoridade ou servidor que tenha amizade íntima ou inimizade notória com algum dos interessados ou com os respectivos cônjuges, companheiros, parentes e afins até o terceiro grau.

Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição poderá ser objeto de recurso, sem efeito suspensivo.

CAPÍTULO VIII DA FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS DO PROCESSO

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Art. 22. Os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir.

§ 1o Os atos do processo devem ser produzidos por escrito, em vernáculo, com a data e o local de sua realização e a assinatura da autoridade responsável.

§ 2o Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma somente será exigido quando houver dúvida de autenticidade.

§ 3o A autenticação de documentos exigidos em cópia poderá ser feita pelo órgão administrativo.

§ 4o O processo deverá ter suas páginas numeradas seqüencialmente e rubricadas.

Art. 23. Os atos do processo devem realizar-se em dias úteis, no horário normal de funcionamento da repartição na qual tramitar o processo.

Parágrafo único. Serão concluídos depois do horário normal os atos já iniciados, cujo adiamento prejudique o curso regular do procedimento ou cause dano ao interessado ou à Administração.

Art. 24. Inexistindo disposição específica, os atos do órgão ou autoridade responsável pelo processo e dos administrados que dele participem devem ser praticados no prazo de cinco dias, salvo motivo de força maior.

Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo pode ser dilatado até o dobro, mediante comprovada justificação.

Art. 25. Os atos do processo devem realizar-se preferencialmente na sede do órgão, cientificando-se o interessado se outro for o local de realização.

CAPÍTULO IX DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS

Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita o processo administrativo determinará a intimação do interessado para ciência de decisão ou a efetivação de diligências.

§ 1o A intimação deverá conter:

I - identificação do intimado e nome do órgão ou entidade administrativa;

II - finalidade da intimação;

III - data, hora e local em que deve comparecer;

IV - se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou fazer-se representar;

V - informação da continuidade do processo independentemente do seu comparecimento;

VI - indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes.

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§ 2o A intimação observará a antecedência mínima de três dias úteis quanto à data de comparecimento.

§ 3o A intimação pode ser efetuada por ciência no processo, por via postal com aviso de recebimento, por telegrama ou outro meio que assegure a certeza da ciência do interessado.

§ 4o No caso de interessados indeterminados, desconhecidos ou com domicílio indefinido, a intimação deve ser efetuada por meio de publicação oficial.

§ 5o As intimações serão nulas quando feitas sem observância das prescrições legais, mas o comparecimento do administrado supre sua falta ou irregularidade.

Art. 27. O desatendimento da intimação não importa o reconhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a direito pelo administrado.

Parágrafo único. No prosseguimento do processo, será garantido direito de ampla defesa ao interessado.

Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do processo que resultem para o interessado em imposição de deveres, ônus, sanções ou restrição ao exercício de direitos e atividades e os atos de outra natureza, de seu interesse.

CAPÍTULO X DA INSTRUÇÃO

No âmbito administrativo, a instrução ocorre de ofício (princípio da oficialidade). No entanto, tal princípio não impede que o administrado proponha a prática de atos necessários ou úteis ao bom andamento da instrução.

Assim, durante a instrução deverão ser enviados todos os esforços, por iniciativa oficial ou por provocação do interessado, necessários à elucidação dos fatos pertinentes ao processo, desde que, evidentemente, não se utilizem provas obtidas por meios ilícitos, inadmissíveis também nos processos administrativos.

Art. 29. As atividades de instrução destinadas a averiguar e comprovar os dados necessários à tomada de decisão realizam-se de ofício ou mediante impulsão do órgão responsável pelo processo, sem prejuízo do direito dos interessados de propor atuações probatórias.

§ 1o O órgão competente para a instrução fará constar dos autos os dados necessários à decisão do processo.

§ 2o Os atos de instrução que exijam a atuação dos interessados devem realizar-se do modo menos oneroso para estes.

Art. 30. São inadmissíveis no processo administrativo as provas obtidas por meios ilícitos.

Art. 31. Quando a matéria do processo envolver assunto de interesse geral, o órgão competente poderá, mediante despacho motivado, abrir período de consulta pública para manifestação de terceiros, antes da decisão do pedido, se não houver prejuízo para a parte interessada.

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§ 1o A abertura da consulta pública será objeto de divulgação pelos meios oficiais, a fim de que pessoas físicas ou jurídicas possam examinar os autos, fixando-se prazo para oferecimento de alegações escritas.

§ 2o O comparecimento à consulta pública não confere, por si, a condição de interessado do processo, mas confere o direito de obter da Administração resposta fundamentada, que poderá ser comum a todas as alegações substancialmente iguais.

Art. 32. Antes da tomada de decisão, a juízo da autoridade, diante da relevância da questão, poderá ser realizada audiência pública para debates sobre a matéria do processo.

Art. 33. Os órgãos e entidades administrativas, em matéria relevante, poderão estabelecer outros meios de participação de administrados, diretamente ou por meio de organizações e associações legalmente reconhecidas.

Art. 34. Os resultados da consulta e audiência pública e de outros meios de participação de administrados deverão ser apresentados com a indicação do procedimento adotado.

Art. 35. Quando necessária à instrução do processo, a audiência de outros órgãos ou entidades administrativas poderá ser realizada em reunião conjunta, com a participação de titulares ou representantes dos órgãos competentes, lavrando-se a respectiva ata, a ser juntada aos autos.

Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei.

Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão registrados em documentos existentes na própria Administração responsável pelo processo ou em outro órgão administrativo, o órgão competente para a instrução proverá, de ofício, à obtenção dos documentos ou das respectivas cópias.

Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e antes da tomada da decisão, juntar documentos e pareceres, requerer diligências e perícias, bem como aduzir alegações referentes à matéria objeto do processo.

§ 1o Os elementos probatórios deverão ser considerados na motivação do relatório e da decisão.

§ 2o Somente poderão ser recusadas, mediante decisão fundamentada, as provas propostas pelos interessados quando sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelatórias.

Art. 39. Quando for necessária a prestação de informações ou a apresentação de provas pelos interessados ou terceiros, serão expedidas intimações para esse fim, mencionando-se data, prazo, forma e condições de atendimento.

Parágrafo único. Não sendo atendida a intimação, poderá o órgão competente, se entender relevante a matéria, suprir de ofício a omissão, não se eximindo de proferir a decisão.

Art. 40. Quando dados, atuações ou documentos solicitados ao interessado forem necessários à apreciação de pedido formulado, o não atendimento no prazo fixado pela Administração para a respectiva apresentação implicará arquivamento do processo.

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Art. 41. Os interessados serão intimados de prova ou diligência ordenada, com antecedência mínima de três dias úteis, mencionando-se data, hora e local de realização.

Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um órgão consultivo, o parecer deverá ser emitido no prazo máximo de quinze dias, salvo norma especial ou comprovada necessidade de maior prazo.

§ 1o Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de ser emitido no prazo fixado, o processo não terá seguimento até a respectiva apresentação, responsabilizando-se quem der causa ao atraso.

§ 2o Se um parecer obrigatório e não vinculante deixar de ser emitido no prazo fixado, o processo poderá ter prosseguimento e ser decidido com sua dispensa, sem prejuízo da responsabilidade de quem se omitiu no atendimento.

Art. 43. Quando por disposição de ato normativo devam ser previamente obtidos laudos técnicos de órgãos administrativos e estes não cumprirem o encargo no prazo assinalado, o órgão responsável pela instrução deverá solicitar laudo técnico de outro órgão dotado de qualificação e capacidade técnica equivalentes.

Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá o direito de manifestar-se no prazo máximo de dez dias, salvo se outro prazo for legalmente fixado.

Art. 45. Em caso de risco iminente, a Administração Pública poderá motivadamente adotar providências acauteladoras sem a prévia manifestação do interessado.

Art. 46. Os interessados têm direito à vista do processo e a obter certidões ou cópias reprográficas dos dados e documentos que o integram, ressalvados os dados e documentos de terceiros protegidos por sigilo ou pelo direito à privacidade, à honra e à imagem.

Art. 47. O órgão de instrução que não for competente para emitir a decisão final elaborará relatório indicando o pedido inicial, o conteúdo das fases do procedimento e formulará proposta de decisão, objetivamente justificada, encaminhando o processo à autoridade competente.

CAPÍTULO XI DO DEVER DE DECIDIR

Concluída a instrução de processo administrativo, a Administração tem o prazo de até trinta dias para decidir. É possível a prorrogação por igual período, desde que expressamente motivada.

Esse é um prazo dito impróprio, ou seja, aquele que não gera conseqüências processuais. Assim o julgamento fora do prazo não implica nulidade do processo.

Não seria razoável anular todo o processo se a decisão fosse proferida após o decurso dos 30 (trinta) dias concedidos à autoridade. Será ele perfeito, porém o responsável pela demora poderá ser punido, se caracterizada alguma infração disciplinar, como a desídia.

Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente emitir decisão nos processos administrativos e sobre solicitações ou reclamações, em matéria de sua competência.

Art. 49. Concluída a instrução de processo administrativo, a Administração tem o prazo de até trinta dias para decidir, salvo prorrogação por igual período expressamente motivada.

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CAPÍTULO XII DA MOTIVAÇÃO

Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:

I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;

II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;

III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;

IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;

V - decidam recursos administrativos;

VI - decorram de reexame de ofício;

VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;

VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.

Princípio da motivação: A Administração Pública deve motivar os seus atos, ou seja, demonstrar os motivos pelos quais está agindo de determinada maneira, para conhecimento e garantia dos administrados, que assim terão a possibilidade de contestar o motivo alegado pela Administração, caso discordem do mesmo.

A Lei nº 9.784/99 trouxe de forma expressa o princípio da motivação em seu art. 2º, segundo o qual nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinam a decisão.

A referida Lei em seu art. 50, § 1º, permitiu a denominada motivação aliunde ou per relationem, segundo a qual a concordância com fundamentos anteriores, informações, decisões ou propostas já é considerada motivação do ato administrativo. Opõe-se a chamada motivação contextual em que os fundamentos de fato e de direito estão indicados no próprio contexto do ato, não havendo remissão à motivação externa.

Dessa forma, não viola o princípio da motivação dos atos administrativos o ato da autoridade que, ao deliberar acerca de recurso administrativo, mantém decisão com base em parecer de consultoria jurídica, sem maiores considerações.

§ 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato.

§ 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio mecânico que reproduza os fundamentos das decisões, desde que não prejudique direito ou garantia dos interessados.

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§ 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou de decisões orais constará da respectiva ata ou de termo escrito.

CAPÍTULO XIII DA DESISTÊNCIA E OUTROS CASOS DE EXTINÇÃO DO PROCESSO

Art. 51. O interessado poderá, mediante manifestação escrita, desistir total ou parcialmente do pedido formulado ou, ainda, renunciar a direitos disponíveis.

§ 1o Havendo vários interessados, a desistência ou renúncia atinge somente quem a tenha formulado.

§ 2o A desistência ou renúncia do interessado, conforme o caso, não prejudica o prosseguimento do processo, se a Administração considerar que o interesse público assim o exige.

Art. 52. O órgão competente poderá declarar extinto o processo quando exaurida sua finalidade ou o objeto da decisão se tornar impossível, inútil ou prejudicado por fato superveniente.

CAPÍTULO XIV DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO

Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.

Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.

§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento.

§ 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa que importe impugnação à validade do ato.

Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração.

Essa é a possibilidade de convalidação expressa, desde que não acarrete lesão ao interesse público ou prejuízo a terceiros. Assim, nos termos do art. 54 da mesma Lei, eventual ato administrativo viciado, de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários, que não seja anulado no prazo decadencial de cinco anos, contados da data em que foram praticados, estará convalidado tacitamente, não podendo mais ser alterado, salvo comprovada má-fé.

Quais são os requisitos pra convalidar?

1 – não acarretar lesão ao interesse público;

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2 – não haver prejuízo a terceiros;

3 – ato com defeito sanável

Quem convalida?

A própria Administração

Quais são os efeitos?

Ex tunc, retroage.

Quais elementos do ato podem ser convalidados?

A finalidade, o motivo e o objeto nunca podem ser convalidados.

A forma pode ser convalidada, desde que não seja fundamental à validade do ato. Se a lei estabelecia uma forma determinada, não há como tal elemento ser convalidado.

Com relação à competência, é possível a convalidação dos atos que não sejam exclusivos de uma autoridade, quando não pode haver delegação ou avocação. Assim, desde que não se trate de matéria exclusiva, pode o superior ratificar o ato praticado por subordinado incompetente.

Se o ato não for convalidado, o que acontecerá com ele?

Será anulado!

CAPÍTULO XV DO RECURSO ADMINISTRATIVO E DA REVISÃO

Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em face de razões de legalidade e de mérito.

§ 1o O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a decisão, a qual, se não a reconsiderar no prazo de cinco dias, o encaminhará à autoridade superior.

§ 2o Salvo exigência legal, a interposição de recurso administrativo independe de caução.

SV 21 - É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo.

§ 3o Se o recorrente alegar que a decisão administrativa contraria enunciado da súmula vinculante, caberá à autoridade prolatora da decisão impugnada, se não a reconsiderar, explicitar, antes de encaminhar o recurso à autoridade superior, as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula, conforme o caso.

Art. 57. O recurso administrativo tramitará no máximo por três instâncias administrativas, salvo disposição legal diversa.

No máximo haverá dois recursos hierárquicos (um contra a primeira decisão, que leva o processo para a segunda instância, e outro contra a decisão proferida nessa segunda instância, que remete o processo para a terceira instância).

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É chamado recurso hierárquico porque a autoridade competente para apreciá-lo é a autoridade hierarquicamente superior à que proferiu a decisão recorrida.

Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso administrativo:

I - os titulares de direitos e interesses que forem parte no processo;

II - aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente afetados pela decisão recorrida;

III - as organizações e associações representativas, no tocante a direitos e interesses coletivos;

IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou interesses difusos.

Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias o prazo para interposição de recurso administrativo, contado a partir da ciência ou divulgação oficial da decisão recorrida.

§ 1o Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso administrativo deverá ser decidido no prazo máximo de trinta dias, a partir do recebimento dos autos pelo órgão competente.

§ 2o O prazo mencionado no parágrafo anterior poderá ser prorrogado por igual período, ante justificativa explícita.

Art. 60. O recurso interpõe-se por meio de requerimento no qual o recorrente deverá expor os fundamentos do pedido de reexame, podendo juntar os documentos que julgar convenientes.

Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o recurso não tem efeito suspensivo.

Somente possui, portanto, o denominado efeito devolutivo. Significa que a administração não fica impedida de praticar o ato que esteja sendo alvo de impugnação administrativa pelo particular, nem os efeitos desse ato são sustados pela instauração ou pelo curso do processo administrativo, vale dizer, as impugnações e recursos administrativos, como regra, não suspendem a executoriedade do ato contra o qual se dirigem.

Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo de difícil ou incerta reparação decorrente da execução, a autoridade recorrida ou a imediatamente superior poderá, de ofício ou a pedido, dar efeito suspensivo ao recurso.

Art. 62. Interposto o recurso, o órgão competente para dele conhecer deverá intimar os demais interessados para que, no prazo de cinco dias úteis, apresentem alegações.

Art. 63. O recurso não será conhecido quando interposto:

I - fora do prazo;

II - perante órgão incompetente;

III - por quem não seja legitimado;

IV - após exaurida a esfera administrativa.

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§ 1o Na hipótese do inciso II, será indicada ao recorrente a autoridade competente, sendo-lhe devolvido o prazo para recurso.

§ 2o O não conhecimento do recurso não impede a Administração de rever de ofício o ato ilegal, desde que não ocorrida preclusão administrativa.

Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso poderá confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua competência.

Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste artigo puder decorrer gravame à situação do recorrente, este deverá ser cientificado para que formule suas alegações antes da decisão.

Art. 64-A. Se o recorrente alegar violação de enunciado da súmula vinculante, o órgão competente para decidir o recurso explicitará as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula, conforme o caso. (Incluído pela Lei nº 11.417, de 2006).

Art. 64-B. Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a reclamação fundada em violação de enunciado da súmula vinculante, dar-se-á ciência à autoridade prolatora e ao órgão competente para o julgamento do recurso, que deverão adequar as futuras decisões administrativas em casos semelhantes, sob pena de responsabilização pessoal nas esferas cível, administrativa e penal. (Incluído pela Lei nº 11.417, de 2006).

Se o administrado entender que houve violação a enunciado de súmula vinculante, poderá ajuizar reclamação perante o STF, desde que, antes, tenha esgotado as vias administrativas.

Art. 65. Os processos administrativos de que resultem sanções poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou circunstâncias relevantes suscetíveis de justificar a inadequação da sanção aplicada.

Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar agravamento da sanção.

ATENÇÃO!!! A Lei 9784/99 adotou regra distinta para a possibilidade de aplicação da chamada reformatio in pejus. Ela é permitida nos recursos administrativos em geral, mas é vedada especificamente na revisão dos processos de que resultem sanções.

CAPÍTULO XVI DOS PRAZOS

Art. 66. Os prazos começam a correr a partir da data da cientificação oficial, excluindo-se da contagem o dia do começo e incluindo-se o do vencimento.

§ 1o Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil seguinte se o vencimento cair em dia em que não houver expediente ou este for encerrado antes da hora normal.

§ 2o Os prazos expressos em dias contam-se de modo contínuo.

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§ 3o Os prazos fixados em meses ou anos contam-se de data a data. Se no mês do vencimento não houver o dia equivalente àquele do início do prazo, tem-se como termo o último dia do mês.

Art. 67. Salvo motivo de força maior devidamente comprovado, os prazos processuais não se suspendem.

CAPÍTULO XVII DAS SANÇÕES

Art. 68. As sanções, a serem aplicadas por autoridade competente, terão natureza pecuniária ou consistirão em obrigação de fazer ou de não fazer, assegurado sempre o direito de defesa.

CAPÍTULO XVIII DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 69. Os processos administrativos específicos continuarão a reger-se por lei própria, aplicando-se-lhes apenas subsidiariamente os preceitos desta Lei.

Art. 69-A. Terão prioridade na tramitação, em qualquer órgão ou instância, os procedimentos administrativos em que figure como parte ou interessado: (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).

I - pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos; (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).

II - pessoa portadora de deficiência, física ou mental; (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).

III – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).

IV - pessoa portadora de tuberculose ativa, esclerose múltipla, neoplasia maligna, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome de imunodeficiência adquirida, ou outra doença grave, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída após o início do processo. (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).

§ 1o A pessoa interessada na obtenção do benefício, juntando prova de sua condição, deverá requerê-lo à autoridade administrativa competente, que determinará as providências a serem cumpridas. (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).

§ 2o Deferida a prioridade, os autos receberão identificação própria que evidencie o regime de tramitação prioritária. (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).

Como se denota do texto retro reproduzido, buscou o legislador aplicar as prerrogativas a que fazem jus os idosos, nos termos da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), que os define como sendo aqueles com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos (art. 1º), e da CF/88, art. 230. Fez incluir também os deficientes (Lei nº 7.853/1989) e as pessoas portadoras de doenças graves.

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§ 3o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).

§ 4o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).

Art. 70. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília 29 de janeiro de 1999; 178o da Independência e 111o da República. FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

Organização da Administração Pública

A expressão Administração Pública tem duplo sentido: subjetivo e objetivo. Vejamos:

O sentido subjetivo, formal ou orgânico, refere-se ao próprio Estado, conjunto de órgãos e entidades incumbidos da realização da atividade administrativa, com vistas a atingir os fins do Estado, excluídos os órgãos governamentais que, como o próprio nome indica, cuidam a atividade de Governo.

Já a administração pública em sentido objetivo, material, representa o exercício da atividade administrativa realizada por aqueles entes, ou seja, é o Estado administrando. Nesse conceito não se inclui a função política do Estado

Bem, o poder público pode repassar seus serviços a outras pessoas jurídicas, sejam elas de direito público (sujeitas às regras do direito público) ou de direito privado (sujeitas às regras do direito privado, em especial, direito civil e comercial).

Quando o poder público descentraliza atividades e serviços para outro ente, seja de direito público ou de direito privado, fala-se em descentralização.

Veja como é simples:

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Essa descentralização poderá acontecer de duas formas:

Descentralização por outorga: diz-se outorgado ao serviço repassado pela lei, que inclui a titularidade e a execução e por prazo indeterminado.

Descentralização por delegação: transfere-se somente a execução do serviço, por meio de contrato administrativo e por prazo determinado.

UNIÃO 

ESTADOS 

MUNICÍPIOS 

DF

AUTARQUIAS 

FUNDAÇÕES 

SOC. ECON. MISTA 

EMP. PÚBLICAS 

LEI

 

 

 

ENTE A + ENTE B 

(descentralização) 

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Descentralização

Por outorga

Por delegação

Lei

Contrato

Transfere a titularidade e a execução do serviço

Transfere apenas a execução do serviço

Prazo indeterminado

Prazo determinado

Ex. autarquia

Ex. concessão de serviço público

É fácil decorar, veja:

dEscentralização = Ente = Entidade = pEssoa

Na descentralização não há hierarquia ou subordinação, mas um controle finalístico, ministerial, tutela (não é pra confundir com autotutela que é o poder que a Administração possui de anular e revogar os seus próprios atos).

Dessa forma, o controle administrativo da Administração Direta sobre entidades da Administração Indireta é dito finalístico, focado que é na verificação quanto ao atingimento das finalidades para as quais foram estas instituídas. Tal controle também é chamado de tutela administrativa ou supervisão ministerial.

Exemplo de descentralização: quando a União transferiu a titularidade dos serviços relativos à seguridade social ao INSS (autarquia federal).

descOncentração = Órgão

Na desconcentração temos os órgãos, centros de competência instituídos para o desempenho de funções estatais, através de seus agentes, cuja atuação é imputada à pessoa jurídica a que pertencem.

Os órgãos são entes despersonalizados, é dizer, não tem personalidade jurídica, não são capazes de exercer, por sua conta, direitos ou assumir obrigações, ao contrário dos entes. Exemplo de desconcentração: ministérios, secretarias, departamentos, delegacia etc.

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AUTARQUIA

 

DPTO. DE PESSOAL 

UNIÃO

 

MINISTÉRIOS 

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A descentralização acontece de várias formas, vejamos:

1. Descentralização política: ocorre sempre que pessoas jurídicas de direito público concorram com competências políticas, com competência para legislar;

2. Descentralização administrativa: ocorre a criação de entes personalizados, com poder de autoadministração, capacidade de gerir os próprios negócios, mas com subordinação a leis e a regras impostas pelo ente central;

3. Descentralização territorial ou geográfica: ocorre com entidade local geograficamente delimitada, dotada de personalidade jurídica própria de direito público, com capacidade administrativa genérica para exercer a totalidade ou a maior parte dos encargos públicos de interesse da coletividade. É o caso dos territórios;

4. Descentralização por serviços, funcional ou técnica: se verifica quando a Administração Direta cria uma pessoa jurídica de direito público ou privado e a ela transfere a titularidade e a execução de determinado serviço público;

5. Descentralização por colaboração: ocorre quando a Administração transfere a execução de determinado serviço público à pessoa jurídica de direito privado, previamente existente. Nesse caso o Poder Público conserva a titularidade do serviço, podendo dispor dele de acordo com o interesse público. O instrumento de formalização, via de regra, é um contrato ou ato administrativo unilateral.

Quem são as pessoas da Administração Indireta?

AUTARQUIAS Autarquias são pessoas jurídicas de direito público, cuja principal diferença perante os entes políticos União, os Estados-membros, Distrito Federal e Municípios é a falta de capacidade de fazer suas próprias leis (capacidade política), limitando-se à capacidade de autoadministrar-se, nos limites impostos pela lei.

De acordo com a CF/1988, art. 37, XIX e XX, sua criação deve ser feita por lei específica, bem como a criação de suas subsidiárias ou a participação em empresas privadas. Tal lei é de iniciativa exclusiva do Chefe do Executivo.

Espécies e autarquias:

Autarquia Territorial/geográfica: É a divisão geográfica, com personalidade jurídica própria, criada para prestar serviços genéricos à sociedade, como saúde, educação, segurança, justiça etc. Exemplos desse tipo de autarquia são os territórios federais, que atualmente não existem no Brasil, mas podem vir a ser criados (art. 33, CF/88). Não faz parte da federação, não possuem autonomia legislativa, e são subordinados ao poder central;

Autarquia de serviços/institucional: é aquela criada por lei possuindo capacidade administrativa específica, restrita ao serviço público determinado que lhe foi imputado. Ex. INSS;

Autarquia Fundacional: é a fundação pública de direito público, a elas se aplicarão todas as prerrogativas das autarquias, ou seja, o regime jurídico de direito público;

Agência Reguladora: Com o fenômeno da desestatização, que promoveu a mudança de paradigma do Estado brasileiro, de prestador para regulador e fiscalizador, ganhou importância a presente figura da agência reguladora.

Trata-se de autarquia criada sob regime especial, com a atribuição de exercer o poder normativo das concessões e permissões de serviços públicos, competência essa que,

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originalmente, é do Poder Público. Sua competência, então, é de natureza exclusivamente administrativa.

Assim, exerce o poder de polícia, fiscalizando e controlando a atuação dos concessionários e permissionários. Exemplos: ANEEL, ANA, ANATEL, ANS.

Agência Executiva: É uma qualidade ou atributo de pessoa jurídica de direito público (autarquia ou fundação pública) que celebre contrato de gestão, também conhecido como acordo-programa (art. 37, § 8º, CF/88 e art. 5º, Lei Federal nº 9.637/98), para otimizar recursos, reduzir custos, aperfeiçoar o serviço público. Exemplo: INMETRO.

EMPRESA PÚBLICA & SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA

A definição de empresa pública foi dada pelo Decreto-Lei nº 200/67, em seu art. 6º, II, que dizia ser “... entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo do Estado, criada por lei (de acordo com a atual CF/88, em seu art. 37, XIX, exige-se apenas lei específica para autorização; uma vez autorizada, a criação dar-se-á por meio de decreto) para a exploração de atividade econômica, podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito.” Da mesma forma que a empresa pública, a definição de sociedade de economia mista também foi dada pelo Decreto-Lei nº 200/67, em seu art. 6º, III, “in verbis”: “... entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima”.

Enquanto as empresas públicas devem ter 100% do capital público, nas sociedades de economia mista a participação deve ser majoritária do Poder Público, admitindo-se a participação de capital privado.

Por outro lado, as empresas públicas podem revestir-se de qualquer forma admitida em direito, enquanto que as sociedades de economia mista devem ser sob a forma de sociedade anônima. A primeira pode ser civil ou comercial; a segunda, sempre comercial.

Finalmente, enquanto a empresa pública tem foros diferentes (Justiça Federal, no caso das empresas públicas federais, e Justiça Estadual, no caso das estaduais e municipais), as sociedades de economia mista têm como foro, em geral, a Justiça Estadual. Vamos resumir as diferenças entre elas em um quadro para facilitar a nossa memorização?

EMPRESA PÚBLICA

SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA

CAPITAL

100% PÚBLICO

MISTO (PÚBLICO E PRIVADO)

FORMA DECONSTITUIÇÃO

ADMITE QQ FORMA

APENAS S/A

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COMPETÊNCIA PARA

JULGAMENTO DE SUAS AÇÕES

A DEPENDER, PODERÁ SER JF OU JE.

APENAS JE

FALÊNCIA

Lei nº 11.101/2005 (Lei de Falência), art. 2º, I: “esta Lei não se aplica a empresa pública e sociedade de economia mista”

FUNDAÇÃO Fundação é um patrimônio personalizado, sem fins lucrativos, destinado a um fim específico. Prevê o art. 37, XIX da CF/88, que a criação de fundações será autorizada por lei específica, sendo que lei complementar definirá suas áreas de atuação. A fundação goza de privilégios tributários, ou seja, a fundação pública tem imunidade para impostos, quando ao patrimônio, rendas e serviços vinculados às suas finalidades essenciais (art. 150, VI, a e § 2º, CF).

OS & OSCIP (TERCEIRO SETOR) São os chamados entes de cooperação e NÃO INTEGRAM A ADMINISTRAÇÃO INDIRETA.

Organização Social: São pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos, voltadas ao desempenho de atividades de interesse público, em especial nas áreas de saúde, cultura, ensino, pesquisa, tecnologia, meio ambiente que, declaradas de interesse social ou de utilidade pública, celebram contratos de gestão com a Administração Pública.

Assim, não são entidades da Administração Indireta, mas apenas pessoas jurídicas de direito privado que prestam atividades públicas através de contrato de gestão, com apoio e controle públicos.

Organizações da sociedade civil de interesse público: Elas têm finalidades semelhantes às Organizações Sociais. Contudo, não são criadas a partir da extinção de órgãos, mas sim devem atuar há pelo menos um ano no ramo de atividade em questão.

São organizações não governamentais (ONGs) que cumpriram os requisitos da lei, em especial os relativos à transparência administrativa. Cumpridos tais requisitos, a outorga da qualificação como OSCIP é ato vinculado (Lei nº 9.790/99, art. 1º, § 2º).

A Administração firma Termo de Parceria com a OSCIP para executar um plano de modernização da Administração, que, em tese, é uma necessidade temporária (Lei nº 9.790/99, art. 9º). Tal termo é uma alternativa vantajosa aos convênios, tendo maior agilidade e razoabilidade em prestar contas. Sujeitam-se ao controle do Tribunal de Contas e às regras de licitação.

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Serviços Sociais Autônomos: São todos aqueles instituídos por lei, com personalidade jurídica de direito privado, para ministrar assistência ou ensino a certas categorias sociais ou grupos profissionais, sem fins lucrativos, sendo mantidos por dotações orçamentárias ou por contribuições parafiscais.” (Hely Lopes Meireiles). Ex. SESI.

Outro quadro para facilitar o nosso estudo:

ORGANIZAÇÃO SOCIAL - OS

ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PÚBLICO - OSCIP

Atividades: ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e

preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde – art. 1º

Atividades: o âmbito de suas atividades é mais amplo.

Art. 3º da Lei nº 9.790/99

Entidades: sociedades, associações ou fundações, sem fins lucrativos

Entidades: a lei estabelece expressamente quais entidades não podem ser credenciadas

como OSCIP, dentre as quais algumas ONG´S, conforme art. 2º.

CONTRATO DE GESTÃO

TERMO DE PARCERIA

QUALIFICAÇÃO É ATO DISCRICIONÁRIO

QUALIFICAÇÃO É ATO VINCULADO

A LEI EXIGE QUE A OS POSSUA UM CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO

A LEI EXIGE QUE A OSCIP POSSUA UM CONSELHO FISCAL

Poderes da Administração Pública

Dentre as prerrogativas da Administração Pública estão os Poderes Administrativos, elementos indispensáveis para a persecução do interesse público. Em razão do princípio da indisponibilidade do interesse público, os poderes da Administração são irrenunciáveis, ou seja, não estão sob a livre disposição do administrador. A vedação para a renúncia total ou parcial de poderes está prevista expressamente no inciso II, do art. 2º, da Lei nº 9.784/99. Os poderes da Administração são os seguintes:

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1. Poder vinculado; 2. Poder discricionário; 3. Poder regulamentar; 4. Poder hierárquico; 5. Poder disciplinar; 6. Poder de polícia

Poder Vinculado & Poder Discricionário

Quanto ao grau de liberdade os poderes podem ser classificados em vinculado e discricionário. Essa forma de classificar, no entanto, não é unânime. Há quem entenda que, o que existem são atos administrativos com competências vinculadas e discricionárias. Para a profa. Maria Sylvia Zanella Di Pietro, por exemplo, “Poderes Vinculado e Discricionário não existem como poderes autônomos; a discricionariedade e a vinculação são, quando muito, atributos de outros poderes ou competências da Administração”. Para quem reconhece a possibilidade dessa dicotomia de poder vinculado e poder discricionário, poder vinculado/regrado é aquele em que o administrador não tem liberdade de escolha; não há espaço para a realização de um juízo de valor, e, por conseguinte, não há análise de conveniência e oportunidade. Preenchidos os requisitos legais, o administrador é obrigado a praticar o ato. Já o poder discricionário é aquele no qual o administrador está subordinado à lei, diferenciando-se do vinculado, porque o agente tem liberdade para atuar de acordo com um juízo de conveniência e oportunidade, assim, havendo duas alternativas, o administrador poderá optar por uma delas, escolhendo a que, em seu entendimento, preserve melhor o interesse público. É interessante lembrar que discricionariedade é diferente de arbitrariedade. Discricionariedade é liberdade dentro da lei, ao contrário, arbitrariedade é ilegalidade. Ato arbitrário é ato ilegal, ilegítimo e inválido, devendo ser retirado do ordenamento jurídico.

Poder Regulamentar É o poder conferido ao chefe do Poder Executivo para a edição de normas complementares à lei, permitindo a sua fiel execução. O poder regulamentar serve para garantir o princípio da segurança jurídica, vez que, sem o regulamento, o administrado não teria segurança quanto à correção dos seus atos. Assim, quando a Administração edita regulamento determinando quais são os contribuintes abrangidos por determinado benefício fiscal concedido pela lei, na verdade a Administração está apenas interpretando o texto legal. Há 02 tipos de regulamento: Regulamento executivo: Permite a fiel execução da lei, contendo normas para a sua fiel execução, conforme previsão do art. 84, IV, CF. Esse regulamento não pode inovar na ordem jurídica, criando direitos, obrigações, proibições, em razão do princípio da legalidade pelo qual ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em virtude de lei (art. 5º, II, CF). Regulamento autônomo: Também chamado introduzido na Carta Magna pela EC nº 32/2001, que deu nova redação ao art. 84, VI. O regulamento autônomo só é possível nas seguintes hipóteses:

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a) Organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;

b) Extinção de funções ou cargos públicos quando vagos. Cuidado! Veja que aqui é extinção

de CARGO! Já vi cair em prova extinção de ÓRGÃO, o que está errado.

Assim, a existência de decretos autônomos ou independentes pressupõe sempre uma repartição constitucional de competências legiferantes entre o Poder Legislativo e a Administração Pública. Havendo reserva de regulamento, o Poder Executivo pode disciplinar os temas a ele cometidos sem necessidade de lei prévia versando sobre tais matérias. Assim, fala-se em decreto independente de lei, autônomo em relação ao Poder Legislativo, extraindo seu fundamento de validade diretamente do texto constitucional.

Poder Hierárquico & Poder Disciplinar O poder hierárquico é conferido ao administrador a fim de distribuir e escalonar as funções dos seus órgãos, ordenar e rever a atuação de seus agentes, estabelecendo uma relação de hierarquia, de subordinação. Já o poder disciplinar, que decorre do poder hierárquico, permite à Administração Pública punir a prática de infrações funcionais e de todos que estiverem sujeitos à disciplina dos órgãos e serviços da Administração, como é o caso daqueles que com ela contratam. Poder hierárquico atinge apenas aqueles que estão dentro da estrutura administrativa, ex. servidores públicos. Já o Poder Disciplinar atinge não apenas os servidores como também aqueles que estão ligados indiretamente ao Poder Público, com um vínculo contratual, por exemplo.

Poder de Polícia É a atividade da Administração Pública que se expressa por meio de atos normativos ou concretos, com fundamento na supremacia geral e, na forma da lei, de condicionar a liberdade e a propriedade dos indivíduos mediante ações fiscalizadoras, preventivas e repressivas, impondo aos administrados comportamentos compatíveis com os interesses sociais sedimentados no sistema normativo. O fundamento do poder de polícia está no princípio da predominância do interesse público. No exercício da polícia administrativa preventiva, encontram-se os atos normativos, como regulamentos, portarias, que são disposições genéricas e abstratas que delimitam a atividade e o interesse de particular, em razão do interesse coletivo, ex. os atos que regulam o uso de fogos de artifício ou proíbem soltar balões, os que disciplinem o horário e condições de vendas de bebidas alcoólicas etc. O poder de polícia também tem uma atividade fiscalizadora, caracterizando atos que visam prevenir eventuais lesões aos administrados, como a fiscalização de pesos e medidas; das condições de higiene dos estabelecimentos; a vistoria de veículos automotores etc. Os atos do poder de polícia não podem ser delegados aos particulares, sob pena de colocar em risco o equilíbrio social, salvo a execução de atos materiais, a exemplo da fiscalização de normas de trânsito por meio de radares eletrônicos.

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Assim, pode-se concluir que o poder de polícia é atividade típica que se funda na supremacia geral decorrente do poder extroverso do Estado e autoriza que o seu titular possa atingir esferas jurídicas individuais. Logicamente, tal tarefa não se coaduna com o regime jurídico de direito privado, motivo por que se entende vedada delegação da própria polícia a particular contratado ou a pessoa privada integrante da Administração Indireta (sociedade de economia mista e empresa pública). O poder de polícia tem os seguintes atributos: coercibilidade, autoexecutoriedade, discricionariedade.

Atributos do poder de polícia:

C

Coercibilidade

A

Autoexecutoriedade

D

Discricionariedade

Coercibilidade: torna o ato obrigatório independentemente da vontade do administrado. Autoexecutoriedade: pode a Administração promover a execução das medidas de polícia por si mesma, independentemente do poder Judiciário. Discricionariedade: de modo geral, pode-se dizer que o poder de polícia é, em regra, discricionário, não sendo essa, porém, regra absoluta, já que em algumas circunstâncias a sua atuação é vinculada. A lei federal nº 9873/99 fixou o prazo prescricional de 05 (cinco) anos para a punição decorrente de polícia exercido pela Administração Pública direta e indireta da União:

“Art. 1º. Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração Pública Federal, direta e indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação em vigor, contados da data da prática do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado”.

Assim, a Administração Pública conta com um prazo prescricional de 05 anos para executar os seus atos de polícia.  

 

 

 

 

 

 

 

 

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69  

Poder Vinculado

(regrado)

Poder Discricionário

Poder Hierárquico

Poder Disciplinar

Poder de Polícia

Poder Regulamentar

(normativo)

É aquele poder que lei confere à Administração Pública para a

prática de ato de sua

competência, determinando desde logo os elementos e

requisitos necessários à

sua formalização.

É a faculdade de que dispõe

a Administração Pública para,

à vista de determinada

situação, escolher uma entre várias

soluções juridicamente possíveis e admitidas.

É aquele que confere à

Administração Pública a

capacidade de ordenar,

coordenar, controlar e corrigir as atividades

administrativas no âmbito interno da

Administração.

É a atribuição de que dispõe

a Administração

Pública de apurar as infrações

administrativas e punir seus

agentes públicos

responsáveis e demais pessoas sujeitas à disciplina

administrativa, que contratam

com a Administração ou se sujeitam

a ela

É uma faculdade

de que dispõe o

Estado de condicionar e restringir os bens, as atividades e os direitos individuais,

visando ajustá-los

aos interesses

da coletividade

É aquele que confere aos chefes do Executivo

atribuição para explicar,

esclarecer, explicitar e conferir fiel

execução às leis.

 

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1. (FCC/TRT22/Analista/2010) No que diz respeito às autarquias, entidades pertencentes à Administração Indireta, a assertiva que corretamente aponta algumas de suas características é: (A) Capacidade de autoadministração e descentralização territorial. (B) Descentralização por serviços ou funcional e capacidade política. (C) Personalidade jurídica pública e descentralização territorial. (D) Sujeição a tutela e capacidade política. (E) Capacidade de autoadministração e sujeição a tutela.

Resposta: E

Comentários: Pelo que nós já estudamos das autarquias, podemos concluir que:

(A) Capacidade de autoadministração e descentralização territorial. (B) Descentralização por serviços ou funcional e capacidade política. Vimos que as pessoas da Administração Direta não têm capacidade política, apenas administrativa. (C) Personalidade jurídica pública e descentralização territorial. (D) Sujeição a tutela e capacidade política. (E) Capacidade de autoadministração e sujeição a tutela.

O que vem a ser a tutela? Não confundir com a autotutela (poder que a Administração Pública possui de anular e revogar os seus próprios atos – Súmula 473, STF), a tutela é o controle que a Administração Pública Direta exerce sobre a Administração Pública Indireta, também chamado de controle finalístico ou ministerial.

Portanto, correta a letra E.

2. (FCC/TRE-AM/Analista/2010) Sobre as entidades políticas, os órgãos e os agentes públicos, considere: I. As empresas públicas e sociedades de economia mista não são criadas por lei, mas, a sua instituição depende de autorização legislativa. II. Entidades estatais são pessoas jurídicas de Direito Público que integram a estrutura constitucional do Estado, mas, não têm poderes políticos nem administrativos. III. Órgãos subalternos são os que exercem atribuições de mera execução, sempre subordinados a vários níveis hierárquicos superiores. IV. Órgãos públicos são centros de competência instituídos para o desempenho de funções estatais, dotados de personalidade jurídica e de vontade própria. V. Agentes públicos são todas as pessoas físicas incumbidas, definitiva ou transitoriamente, do exercício de alguma função estatal. Está correto o que se afirma APENAS em

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(A) I, III e V. (B) I, II e IV. (C) III, IV e V. (D) III e IV. (E) IV e V.

Resposta: A

Comentários:

I. As empresas públicas e sociedades de economia mista não são criadas por lei, mas, a sua instituição depende de autorização legislativa. Correto! As pessoas jurídicas de direito público são criadas (nascem por meio de lei), já as pessoas jurídicas de direito privado são autorizadas (uma lei autoriza a sua criação, mas seus estatutos precisam ser registrados) II. Entidades estatais são pessoas jurídicas de Direito Público que integram a estrutura constitucional do Estado, mas, não têm poderes políticos nem administrativos. Errado! As pessoas da Administração Pública Direta (União, Estado, Município e DF) têm poderes políticos (competência para legislar) e poderes administrativos (autoadministração). III. Órgãos subalternos são os que exercem atribuições de mera execução, sempre subordinados a vários níveis hierárquicos superiores. Correto! São as escolas, hospitais, sempre subordinados a outros níveis de hierarquia. Os órgãos podem ser classificados em:

a) Independentes: sãos os órgãos que têm sua existência fundamentada na própria Constituição, sendo originados diretamente a partir dela. Ex. Poder Legislativo, Poder Judiciário, MP;

b) Autônomos: são aqueles localizados no topo da pirâmide hierárquica, subordinados apenas ao chefe do órgão independente, auxiliando-o diretamente, possuindo autonomia administrativa e financeira, mas não independência. Ex. Ministérios, Secretarias;

c) Superiores: são órgãos que possuem atribuições de direção, mas sempre de forma subordinada hierarquicamente aos órgãos autônomos, não possuindo nenhuma autonomia, seja financeira, seja administrativa. Ex. inspetorias, coordenadorias;

d) Subalternos: são os que se encontram na base da pirâmide hierárquica, subordinados aos órgãos superiores, exercendo atividades operacionais, sem nenhum grau de decisão. Ex. portaria, seções de pessoal;

e) Simples/unitário: é aquele que não possui outro órgão menor em sua estrutura, não havendo desconcentração;

f) Composto: é o órgão que possui outros órgãos menores em sua estrutura, subordinados hierarquicamente a ele, para desempenhar atividades diversas, havendo desconcentração;

g) Singular/unipessoal: aquele que atua e decide através de apenas um agente, sendo a vontade do chefe suficiente para a edição do ato ou a tomada de decisão do órgão. Ex. Presidência da República;

h) Colegiado/pluripessoal: decide pela maioria dos seus membros, não importando a vontade do seu chefe, mas sim a vontade majoritária. Ex. STF

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IV. Órgãos públicos são centros de competência instituídos para o desempenho de funções estatais, dotados de personalidade jurídica e de vontade própria. Errado! Órgão não tem personalidade jurídica, são entes despersonalizados. V. Agentes públicos são todas as pessoas físicas incumbidas, definitiva ou transitoriamente, do exercício de alguma função estatal. Correto! Iremos estudar melhor o assunto na aula de servidores públicos. Está correto o que se afirma APENAS em:

(A) I, III e V.

3. (FCC/DPE-SP/Defensor/2010) Acerca da estruturação da Administração Pública, das alternativas abaixo qual contém impropriedades conceituais?

(A) Sob a ótica da personalidade jurídica, além do Poder Executivo, a Defensoria Pública, os Poderes Judiciário e Legislativo, o Ministério Público e os Tribunais de Contas podem ser considerados integrantes da Administração Pública Direta. (B) Os serviços públicos são descentralizados por meio da administração indireta, também podendo ocorrer mediante atuação dos chamados concessionários, permissionários e autorizatários de serviços públicos. (C) Autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas carecem de lei específica para sua existência, passando a deter personalidade jurídica própria, bem assim autonomia administrativa e gerencial, submetidas a mecanismos de controle exercidos pela Administração Publica Direta. (D) É possível a existência de sócios ou acionistas privados nas sociedades de economia mista, sendo inadmissível o ingresso de capital privado na composição patrimonial das empresas públicas. Por outro lado, a imunidade recíproca prevista no Texto Constitucional Federal é extensiva apenas às empresas públicas, em igualdade de tratamento concedido às autarquias e fundações públicas. (E) As sociedades de economia mista e as empresas públicas são pessoas jurídicas de direito privado, seus bens são submetidos ao regime jurídico dos bens particulares, seus quadros funcionais são preenchidos por agentes públicos celetistas e não podem submeter-se à chamada recuperação judicial, recuperação extrajudicial e à falência. Resposta: D

Comentários:

A) Sob a ótica da personalidade jurídica, além do Poder Executivo, a Defensoria Pública, os Poderes Judiciário e Legislativo, o Ministério Público e os Tribunais de Contas podem ser considerados integrantes da Administração Pública Direta. Correto! A Administração Pública Direta abrange a União, Estados, Municípios, DF e todos os órgãos que os integram, como o Poder Judiciário, por exemplo.

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(B) Os serviços públicos são descentralizados por meio da administração indireta, também podendo ocorrer mediante atuação dos chamados concessionários, permissionários e autorizatários de serviços públicos. Correto! Quando há a descentralização para a Administração Indireta nós temos a outorga, quando a descentralização para o particular nós temos a delegação. (C) Autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas carecem de lei específica para sua existência, passando a deter personalidade jurídica própria, bem assim autonomia administrativa e gerencial, submetidas a mecanismos de controle exercidos pela Administração Publica Direta. Correto! As pessoas jurídicas da Administração Indireta são criadas/autorizadas mediante lei específica (CF/88, art. 37, XIX), elas têm personalidade jurídica própria, possuem autonomia e sofrem a chamada tutela que é o controle realizado pela Administração Pública Direta. (D) É possível a existência de sócios ou acionistas privados nas sociedades de economia mista, sendo inadmissível o ingresso de capital privado na composição patrimonial das empresas públicas. Por outro lado, a imunidade recíproca prevista no Texto Constitucional Federal é extensiva apenas às empresas públicas, em igualdade de tratamento concedido às autarquias e fundações públicas. Errado! A imunidade recíproca (CF/88, art. 150) não se estende às empresas públicas e às sociedades de economia mista, mas apenas às autarquias e fundações públicas. (E) As sociedades de economia mista e as empresas públicas são pessoas jurídicas de direito privado, seus bens são submetidos ao regime jurídico dos bens particulares, seus quadros funcionais são preenchidos por agentes públicos celetistas e não podem submeter-se à chamada recuperação judicial, recuperação extrajudicial e à falência. Correto! São as empresas estatais com ingresso mediante concurso público para os seus quadros, regime de pessoal sujeito às regras trabalhistas (CLT) e não estão sujeitas à falência. 4. (FCC/DPE-SP/Defensor/2009) Em relação aos poderes administrativos, assinale a alternativa que apresenta ordem de idéias verdadeira. (A) O regulamento autônomo, sobre temática não prevista em lei, de autoria dos chefes do Executivo é válido e está dentro do âmbito do chamado Poder Regulamentar. (B) Caracterizam-se como atributos do poder de polícia discricionário o juízo de conveniência e oportunidade, a autoexecutoriedade e a coercibilidade, obedecidos os requisitos da competência, objeto, forma, finalidade e motivo, bem assim os princípios da administração pública, consistentes na legalidade, moralidade, proporcionalidade e vinculação. (C) Normas gerais e abstratas editadas pela Administração Pública de forma independente ou autônoma em relação a regras gerais não são admitidas no Direito Administrativo brasileiro, ressalvadas situações excepcionais previstas necessariamente na Constituição Federal de 1988. (D) Normas gerais e abstratas editadas pela Administração Pública para a explicitação de conceitos legalmente previstos não são admitidas no Direito Administrativo brasileiro, haja vista a existência de matérias absolutamente reservadas à lei pela Constituição Federal de 1988.

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(E) São atribuições da Administração Pública, decorrentes exclusivamente do poder hierárquico, delegar atribuições, impor prestação de contas, controlar e avocar atividades dos órgãos subordinados, aplicar sanções disciplinares e editar atos regulamentares. Resposta: C Comentários: (A) O regulamento autônomo, sobre temática não prevista em lei, de autoria dos chefes do Executivo é válido e está dentro do âmbito do chamado Poder Regulamentar. Errado! Conforme vimos anteriormente, o poder regulamentar é o poder conferido ao chefe do Poder Executivo para a edição de normas complementares à lei, permitindo a sua fiel execução. O poder regulamentar serve para garantir o princípio da segurança jurídica, vez que, sem o regulamento, o administrado não teria segurança quanto à correção dos seus atos. Assim, quando a Administração edita regulamento determinando quais são os contribuintes abrangidos por determinado benefício fiscal concedido pela lei, na verdade a Administração está apenas interpretando o texto legal. O Chefe do Poder Executivo ao regulamentar a lei, fará isso por meio do regulamento autônomo e não é amplo. Da forma como a FCC colocou a questão, dá a entender que o regulamento autônomo é amplo, quando na verdade não é. Ele pode ser utilizado apenas em 02 situações, conforme preceitua o art. 84, IV:

a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;

b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos

(B) Caracterizam-se como atributos do poder de polícia discricionário o juízo de conveniência e oportunidade, a autoexecutoriedade e a coercibilidade, obedecidos os requisitos da competência, objeto, forma, finalidade e motivo, bem assim os princípios da administração pública, consistentes na legalidade, moralidade, proporcionalidade e vinculação. Errado! Nós vimos que os atributos do poder de polícia são:

C

Coercibilidade

A

Autoexecutoriedade

D

Discricionariedade

Conveniência e oportunidade não são considerados atributos, eles apenas integram a discricionariedade, esta sim, atributo do poder de polícia. A Administração Pública pode avaliar dentro da sua discricionariedade, se deve ou não conceder autorização ao particular para exercer determinadas atividades como conceder autorização para porte de armas, por exemplo.

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Porém, nem sempre o poder de polícia será discricionário, ex. licença para obras – uma vez que o particular cumpriu todos os requisitos dispostos na lei para obter uma licença para construir, não caberá a Administração julgar se deve ou não concedê-la, restando-se obrigada a isso. (C) Normas gerais e abstratas editadas pela Administração Pública de forma independente ou autônoma em relação a regras gerais não são admitidas no Direito Administrativo brasileiro, ressalvadas situações excepcionais previstas necessariamente na Constituição Federal de 1988. Correto! Esse tipo excepcional de decreto, por tratar diretamente de assunto não regido por lei, é chamado decreto autônomo, que pode ser objeto de delegação, pelo Presidente da República, a outras autoridades administrativas, nos termos do parágrafo único do art. 84, CF/88. É importante observar que não foi instaurada em nosso ordenamento uma autorização ampla e genérica para a edição de decretos autônomos. Ao contrário, eles só poderão ser editados para dispor sobre organização da Administração Pública, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos, e para extinguir funções ou cargos públicos, quando vagos. Portanto, correta a letra C. (D) Normas gerais e abstratas editadas pela Administração Pública para a explicitação de conceitos legalmente previstos não são admitidas no Direito Administrativo brasileiro, haja vista a existência de matérias absolutamente reservadas à lei pela Constituição Federal de 1988. Errado! Já vimos anteriormente que é admitido o chamado decreto autônomo em situações excepcionais.

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:

...

IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução (DECRETO REGULAMENTAR // DE EXECUÇÃO – NÃO PODE SER DELEGADO)

...

VI - dispor, mediante decreto, sobre: (DECRETO AUTÔNOMO – PODE SER DELEGADO)

a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;

b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;

...

Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações.

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(E) São atribuições da Administração Pública, decorrentes exclusivamente do poder hierárquico, delegar atribuições, impor prestação de contas, controlar e avocar atividades dos órgãos subordinados, aplicar sanções disciplinares e editar atos regulamentares. Errado! O poder hierárquico é conferido ao administrador a fim de distribuir e escalonar as funções dos seus órgãos, ordenar e rever a atuação de seus agentes, estabelecendo uma relação de hierarquia, de subordinação. No entanto, dentro deste poder não está o de editar atos regulamentares que pertence, na verdade, ao poder regulamentar. 5. (FCC/TRE-PI/Analista/2009) Sobre o abuso de poder, é correto afirmar que (A) o desvio de finalidade, sendo uma espécie de abuso, ocorre quando a autoridade, atuando fora dos limites da sua competência, pratica o ato com fins diversos dos objetivados pela lei ou exigidos pelo interesse público. (B) tem o mesmo significado de desvio de poder, sendo expressões sinônimas. (C) pode se caracterizar tanto por conduta comissiva quanto por conduta omissiva. (D) a invalidação da conduta abusiva só pode ocorrer pela via judicial. (E) se caracteriza, na forma de excesso de poder, quando o agente, agindo dentro dos limites da sua competência, pratica o ato de forma diversa da que estava autorizado. Resposta: C Comentários: (A) o desvio de finalidade, sendo uma espécie de abuso, ocorre quando a autoridade, atuando fora dos limites da sua competência, pratica o ato com fins diversos dos objetivados pela lei ou exigidos pelo interesse público. Errado! Já vimos que no desvio de finalidade o vício é no elemento finalidade, portanto, a autoridade atua dentro dos limites da sua competência, porém, fora do interesse público. (B) tem o mesmo significado de desvio de poder, sendo expressões sinônimas. Errado! Abuso de poder é o gênero com 02 espécies: excesso de poder (vício no elemento competência) e desvio de poder (vício no elemento finalidade). (C) pode se caracterizar tanto por conduta comissiva quanto por conduta omissiva. Correto! Já vimos isso, inclusive já resolvemos uma questão similar a essa anteriormente: O abuso de poder pode ocorrer tanto na forma comissiva (quando o agente age praticando um determinado ato) quanto na forma omissiva (quando o agente se omite, deixa de agir quando tinha o dever de atuar), isso porque ambas são capazes de afrontar a lei e causar lesão a direito individual do administrado. A inércia da autoridade administrativa, deixando de executar determinada prestação de serviço a que por lei está obrigada, lesa o patrimônio jurídico individual. É forma omissiva de abuso de poder, quer o ato seja doloso ou culposo.

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Dessa forma, o abuso de poder tanto pode resultar de uma ação ilegítima positiva do administrador, quanto de uma omissão ilegal. Assim, correta a letra C. (D) a invalidação da conduta abusiva só pode ocorrer pela via judicial. Errado! A Administração Pública goza do chamado poder/princípio da autotutela que confere a ela o poder de anula e revogar os seus próprios atos, conforme as súmulas 346 e 473, STF: Súmula 346, STF: “A Administração Pública pode declarar a nulidade de seus próprios atos” Súmula 473, STF: “A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos, ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”. Portanto, errada a questão ao dizer que apenas judicialmente a conduta abusiva poderia ser anulada. A anulação também pode ser feita pelo Poder Judiciário, mediante provocação dos interessados. (E) se caracteriza, na forma de excesso de poder, quando o agente, agindo dentro dos limites da sua competência, pratica o ato de forma diversa da que estava autorizado. Errado! Se o agente age dentro dos limites da sua competência, não há excesso! Lembre-se: se ele age dentro da sua competência, mas fora do interesse público, há desvio de finalidade.

Essas foram as minhas dicas para o concurso do INSS ! Espero que tenham gostado!

Tem uma passagem no livro de Bernardinho, “transformando suor em ouro” que eu gosto muito e diz o seguinte: “Nada pior do que nos arrependermos do que não fizemos ou do que fizemos mal: ‘ah, se eu tivesse me cuidado mais...’, ‘ah, se eu tivesse agido de outra forma...”.O arrependimento corrói, arruína e faz sofrer. Por isso é preciso pensar antes no que se deve fazer e como fazê-lo para não nos arrependermos depois. Já o merecimento é um sentimento bom, alentador, construtivo. É o que permite que se diga: “Eu mereci o que conquistei porque fiz por onde, preparei-me, trabalhei honestamente, fui disciplinado, consciente, sério e cultivei hábitos compatíveis com o que faço.”

É isso, queridos alunos, foco, determinação e disciplina! Essas são as palavras de ordem para conquistar a tão sonhada aprovação.

Beijo carinhoso,

Profa Patrícia Carla.

(@profapatricia)