Direito Administrativo Para Gerentes No Setor Público - Módulo III

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  • 7/25/2019 Direito Administrativo Para Gerentes No Setor Pblico - Mdulo III

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    Mdulo III - Noes de Administrao Oramentria

    Objetivos

    Conceituar Oramento Pblico e seus principais componentes, bem como

    diferenciar

    Dotao Oramentria de Recursos Financeiros;

    distinguir os diferentes estgios da Despesa Pblica (empenho, liquidao e

    pagamento);

    compreender o que so Crditos Adicionais e em quais ocasies so

    utilizados e

    entender o mecanismo dos Restos a Pagar e das Despesas de Exerccios

    Anteriores.

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    Unidade 1 - O que Oramento Pblico?

    O Oramento Pblico , em resumo, parecido com qualquer outro oramento: a

    previso de um conjunto de despesas que sero pagas com um conjunto de

    receitas. O oramento particular de cada um de vocs, por exemplo, elenca um

    conjunto de despesas (aluguel, gasolina, supermercado, lanches, passagens,

    empregada domstica, luz, gs, etc.) que sero pagas com o respectivo

    salrio.

    No mbito governamental isso ocorre de uma maneira bem mais detalhada e

    com outro enfoque, pois no oramento pblico se pretende mostrar o que o

    governo far com o dinheiro arrecadado da sociedade em termos de plano de

    trabalho, e no propriamente o que ele vai comprar com aquele recurso.

    pg. 2

    ORAMENTO = PROGRAMA DE TRABALHO DO GOVERNO

    Em outros termos, o oramento pblico evidencia o plano de trabalho dogoverno para um determinado ano, apresentando objetivos e metas a serem

    atingidas com o gasto.

    Um exemplo de como um plano de trabalho aparece no oramento pblico

    pode ser obtido do Oramento da Cmara dos Deputados para 2010:

    Programa/Ao/Produto/Localizao: Reforma dos Imveis Funcionais

    destinados moradia dos Deputados Federais em BrasliaDF. Meta: Imvel

    reformado (unidade): 82. Valor R$ 24.157.260,00

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    Depois de apresentar a despesa dessa forma, o oramento pblico a detalha

    ainda mais, agora j em termos de Grupos de Natureza de Despesa (GND), o

    que nos permite saber em qual classe de gasto ser enquadrada a despesa.

    Os Grupos de Natureza da Despesa so:

    - GND 1Pessoal e Encargos Sociais

    - GND 2Juros e Encargos da Dvida

    - GND 3Outras Despesas Correntes

    - GND 4Investimentos

    - GND 5Inverses Financeiras

    - GND 6Amortizao da Dvida

    pg. 3

    Explicando cada um:

    GND 1 - Pessoal e Encargos Sociais

    Despesas com salrios de pessoal ativo, inativo e pensionistas, relativas a

    mandatos eletivos, cargos, funes ou empregos, civis e militares.

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    GND 2 - Juros e Encargos da Dvida

    Despesas com o pagamento de juros, comisses e outros encargos de

    operaes de crdito internas e externas contratadas, bem como da dvida

    pblica mobiliria.

    GND 3 - Outras Despesas Correntes

    Despesas com aquisio de material de consumo, pagamento de dirias,auxlio-alimentao, auxlio-transporte, pagamento de servios prestados por

    pessoa fsica sem vnculo empregatcio, etc.

    GND 4 - Investimentos

    Despesas com softwares e com o planejamento e a execuo de obras,inclusive com a aquisio de imveis e instalaes, equipamentos e material

    permanente.

    GND 5 - Inverses Financeiras

    Despesas com a aquisio de imveis ou bens de capital j em utilizao;

    aquisio de aes de empresas j constitudas, quando a operao no

    importe aumento do capital.

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    GND 6 - Amortizao da Dvida

    Despesas com o pagamento e/ou refinanciamento do principal e da atualizao

    monetria ou cambial da dvida pblica interna e externa, contratual ou

    mobiliria.

    pg. 4

    Observando os grupos de despesa, vemos que ao gestor de contratosadministrativos interessam basicamente os itens Outras Despesas

    Correntese Investimentos, pois ali esto concentradas as despesas cuja

    aquisio iremos gerir (material de consumo, softwares, execuo de obras,

    compra de equipamentos e material permanente).

    Como exemplo da utilizao de GND, tomemos o oramento do Senado

    Federal para 2010, mais especificamente o do PRODASEN. O Programa de

    Trabalho Gesto de Sistema de Informtica,tem previso de gastos para

    este ano no montante de R$ 48.206.517,00, dos quais R$ 31.253.575,00 so

    gastos com GND 3 (Outras Despesas Correntes) e R$ 16.952.942,00 com

    GND 4 (Investimentos).

    No oramento a despesa aparece dessa forma:

    Depois de desmembrado em Grupos de Natureza de Despesa, o gasto sofre

    mais um detalhamento, dessa vez chamado Elemento da Despesa, que tempor finalidade identificar os objetos de gasto, tais como material de consumo,

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    servios de terceiros prestados sob qualquer forma, obras e instalaes,

    equipamentos e material permanente, auxlios, amortizao e outros que a

    administrao pblica utiliza para a consecuo de seus fins.

    pg. 5

    A ttulo de ilustrao, apresentamos a seguir alguns Elementos de Despesa

    utilizados pelo Oramento da Unio:

    ELEMENTOS DE DESPESA

    01 - Aposentadorias

    03 - Penses

    04 - Contratao por Tempo Determinado

    05 - Outros Benefcios Previdencirios

    06 - Benefcio Mensal ao Deficiente e ao Idoso

    07Contribuio a Entidades Fechadas de Previdncia

    ...

    30 - Material de Consumo

    31 - Premiaes Culturais, Artsticas, Cientficas, Desportivas e Outras

    32 - Material, Bem ou Servio para Distribuio Gratuita

    33 - Passagens e Despesas com Locomoo

    34 - Outras Despesas de Pessoal decorrentes de Contratos de Terceirizao

    35 - Servios de Consultoria

    36Outros Servios de Terceiros - Pessoa Fsica

    37 - Locao de Mo-de-Obra

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    38 - Arrendamento Mercantil

    39 - Outros Servios de Terceiros - Pessoa Jurdica

    ...

    51 - Obras e Instalaes

    52 - Equipamentos e Material Permanente

    61 - Aquisio de Imveis

    ...

    91 - Sentenas Judiciais

    92 - Despesas de Exerccios Anteriores

    93 - Indenizaes e Restituies

    94 - Indenizaes e Restituies Trabalhistas

    95 - Indenizao pela Execuo de Trabalhos de Campo

    96 - Ressarcimento de Despesas de Pessoal Requisitado

    97 - Aporte para Cobertura do Dficit Atuarial do RPPS

    H ainda diversas outras modalidades de classificao das Despesas

    Pblicastais como modalidade de aplicao, categoria econmica,

    identificador de uso, etc.mas para o nosso objetivo, que gesto de

    contratos, as aqui apresentadas so as mais relevantes.

    Bem, para um primeiro contato com oramento pblico acreditamos que a

    exposio j est de bom tamanho. Lembrem-se de que no necessrio

    decorar nada disso, mas apenas entender a lgica do oramento pblico e o

    significado dos termos aqui apresentados.

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    pg. 6

    Vimos, na lio que o Oramento Pblico evidencia o plano de trabalho do

    governo para um determinado ano, apresentando objetivos e metas a serem

    atingidas com o gasto pblico.

    Os Grupos de Natureza da Despesa so detalhamentos dos gastos pblicos

    segundo o seu destino, obedecendo seguinte classificao:

    GND 1Pessoal e Encargos Sociais (salrios de pessoal ativo, inativo e

    pensionistas);

    GND 2Juros e Encargos da Dvida (pagamento de juros, comisses e

    outros encargos de dvidas);

    GND 3Outras Despesas Correntes (aquisio de material de consumo,

    pagamento de servios prestados por pessoa jurdica ou fsica sem vnculo

    empregatcio, etc.);

    GND 4Investimentos (planejamento e a execuo de obras, inclusive com a

    aquisio de imveis e instalaes, equipamentos e material permanente,

    softwares);

    GND 5Inverses Financeiras (aquisio de imveis ou bens de capital j

    em utilizao; aquisio de aes de empresas j constitudas, quando a

    operao no importe aumento do capital);

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    GND 6Amortizao da Dvida (pagamento e/ou refinanciamento do

    principal e da atualizao monetria ou cambial da dvida pblica).

    Os Elementos da Despesa so um desdobramento dos Grupos de Natureza de

    Despesa, e tm a finalidade de identificar os objetos de gasto, tais como

    material de consumo, servios de terceiros prestados sob qualquer forma,

    obras e instalaes, equipamentos e material permanente, auxlios,

    amortizao e outros que a administrao pblica utiliza para a consecuo de

    seus fins.

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    Unidade 2 - Dotao Oramentria X Recursos Financeiros

    A partir dos conceitos apresentados na lio anterior, podemos definir despesa

    pblica como o conjunto de gastos do Estado necessrios para o

    funcionamento e aperfeioamento dos servios pblicos postos disposio da

    sociedade.

    Aps termos entendido o que oramento pblico e despesa pblica, vamos

    distinguir agora dois conceitos que geram confuso em muitas pessoas no

    familiarizadas com a rea: dotao oramentria x recurso financeiro.

    DOTAO ORAMENTRIA X RECURSO FINANCEIRO

    Uma grande diferena do oramento pblico em relao ao oramento pessoal

    de vocs ou ao oramento de uma empresa que o oramento pblico uma

    lei, proposta pelo Poder Executivo, votada e aprovada pelo Poder Legislativo

    correspondente. Vejamos o que diz o art. 165 da Constituio Federal:

    Art. 165. Leis de iniciativa do PoderExecutivo estabelecero:

    I - o plano plurianual;

    II - as diretrizes oramentrias;

    III - os oramentos anuais.

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    Se o oramento que vocs esto estudando for o da Unio, ele deve ser

    discutido, votado e aprovado no Congresso Nacional; se for de um Estado, na

    respectiva Assemblia Legislativa; e se for de um Municpio, na Cmara

    Municipal. No caso do Distrito Federal, na Cmara Distrital.

    pg. 2

    Vocs j devem ter percebido que cada Estado e cada Municpio tm o seu

    prprio oramento, independente do da Unio, e que cada oramento

    conter o programa de trabalho daquele ente (Unio, Estado, DF ou Municpio)

    e as respectivas receitas. Isso vale para todo e qualquer municpio,

    no importa o seu tamanho.

    At agora no falamos nada sobre a que perodo o oramento pblico se

    refere. Voc tem alguma idia?

    No Brasil, ele vai de 1 de janeiro a 31 de dezembro de cada ano, ou seja,

    coincide com o ano civil. Portanto, h um oramento (ou melhor, uma Lei

    Oramentria Anual) para cada ano.

    Outra regra fundamental do oramento pblico (e que vale tanto para a Unio,

    quanto para os Estados, DF ou Municpios) a de que, se uma despesa no

    est prevista no oramento, ela no poder ser realizada.

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    IMPORTANTE: NO PODE GASTAR SE NO EST PREVISTO NO

    ORAMENTO

    pg. 3

    Essa regra consta tanto na nossa Carta Magna, a Constituio Federal, como

    na Lei n. 4.320/64, que Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para

    elaborao e controle dos oramentos e balanos da Unio, dos Estados, dos

    Municpios e do Distrito Federal:

    Constituio Federal Lei n. 4.320/64

    Art. 167. So vedados: Art. 4.:

    I - o incio de programas ou projetos

    no includos na lei oramentria

    anual;

    A Lei de Oramento compreender

    todas as despesas prprias dos

    rgos do Governo e da

    administrao centralizada, ou que,

    por intermdio deles se devam

    realizar, observado o disposto no

    artigo 2.

    Ou seja, o Governo (Federal, Estadual, Distrital ou Municipal) s pode executar

    os gastos que esto previstos no seu oramento. Se no est no Oramento,

    no pode gastar. Com essa regra em mente, podemos dizer que o oramento

    pblico fixa as despesas do governo para aquele ano.

    Tanto isso verdade que a Lei do Oramento da Unio para 2011 - Lei n.

    12.381, de 9 de fevereiro de 2011, traz a seguinte ementa:

    Estima a receita e fixa a despesa da Unio para o exerccio financeiro de

    2011.

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    Nesse mesmo rumo, podemos dizer tambm que o oramento pblico, mais do

    que fixar, autoriza o governo a executar os gastos nele previstos, e somente

    aqueles nele previstos.

    Esse o termo que os estudiosos de oramento pblico mais gostam de

    utilizar: autoriza. Para eles, o oramento um instrumento autorizativo, pois

    qualquer despesa que esteja fora dele proibida de ser realizada, dizer-se,

    no autorizada.

    Juntando os conceitos expostos at agora, podemos dizer que o oramento

    pblico contm as autorizaes de despesas que o governo realizar naquele

    ano, ou, de forma mais tcnica, as dotaes oramentrias de um determinado

    exerccio financeiro.

    pg. 4

    Esse o termo correto para se referir a um gasto autorizado pelo oramento

    (ou seja, constante do oramento): DOTAO ORAMENTRIA. Sempre

    lembrando que as Dotaes Oramentrias viro discriminadas no oramento,

    como vimos na Lio 1, em Programas de Trabalho, que por sua vez serodesmembrados em Grupos de Natureza da Despesa, que por fim sero

    subdivididos em Elementos de Despesa.

    DOTAO ORAMENTRIA = FIXAO DE GASTOS = AUTORIZAO

    PARA REALIZAO DE DETERMINADAS DESPESAS

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    OBSERVAO IMPORTANTE:As dotaes oramentrias tambm so

    chamadas de crditos oramentrios.

    Para reafirmar a necessidade de haver dotao oramentria para que uma

    despesa possa ser realizada, o art. 55 da Lei 8.666/93 determina que deve

    constar dos contratos firmados pela Administrao o crdito oramentrio da

    despesa. Vejamos:

    Art. 55. So clusulas necessrias em todo contrato as que estabeleam:

    I - o objeto e seus elementos caractersticos;

    II - o regime de execuo ou a forma de fornecimento;

    III - o preo e as condies de pagamento, os critrios, data-base eperiodicidade do reajustamento de preos, os critrios de atualizao

    monetria entre a data do adimplemento das obrigaes e a do efetivo

    pagamento;

    IV - os prazos de incio de etapas de execuo, de concluso, de entrega, de

    observao e de recebimento definitivo, conforme o caso;

    V - o crdito pelo qual correr a despesa, com a indicao da classificao

    funcional programtica e da categoria econmica;

    ...

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    Vocs podem reparar que at este momento no se falou em dinheiro

    propriamente dito, mas somente em dotao oramentria, que como vimos

    vem a ser a autorizao para a realizao de determinado gasto que consta do

    oramento na forma de um programa de trabalho.

    Os recursos financeiros so os dinheiros arrecadados pelo governo, em caixa,

    que sero utilizados para o pagamento das despesas pblicas (dotaes

    oramentrias).

    Portanto, para que uma despesa pblica seja realizada, necessrio ter arespectiva dotao oramentria (constar do oramento) e ter os recursos

    financeiros para o seu pagamento. Entenderam a diferena?

    pg. 5

    Nesta lio vimos que cada ente federativo (Unio, Estado, Distrito Federal ou

    Municpio) tem o seu prprio oramento, independente do da Unio, que deve

    ser votado e aprovado pelo respectivo Poder Legislativo (Congresso Nacional,

    Assemblia Legislativa, Cmara Distrital e Cmara de Vereadores).

    Os Oramentos Pblicos contm as dotaes oramentrias (ou crditos

    oramentrios) de um ente federativo para um determinado exercciofinanceiro, frente s receitas pblicas.

    Os recursos financeiros so os valores em dinheiro arrecadados pelo governo,

    em caixa, que sero utilizados para o pagamento das despesas pblicas, que

    aparecem nos oramentos sob forma de dotaes oramentrias.

    O Governo (Federal, Estadual, Distrital ou Municipal) s pode executar os

    gastos que esto previstos no seu oramento - se no est no oramento,

    no pode gastar.

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    Unidade 3 - Estgios e execuo das despesas oramentrias

    Conforme estudamos na lio anterior, para que um gasto pblico seja

    realizado, necessrio ter a respectiva dotao oramentria (constar do

    oramento) e deter os recursos financeiros (dinheiro em caixa) para o seu

    pagamento.

    Porm, para que a despesa possa ser efetivamente paga, so necessrios

    alguns procedimentos formais para se ter certeza:

    i) da existncia de necessria dotao oramentria;

    ii) do efetivo recebimento do objeto do gasto; e

    iii) da certeza quanto ao destinatrio do pagamento.

    Nesse sentido, a despesa pblica passa por trs etapas (a doutrina chama de

    estgios):

    Vamos a cada um deles?

    pg. 2

    Empenho

    Empenho:

    o primeiro estgio da despesa e pode ser conceituado de acordo com o

    que estabelece o art. 58 da Lei n. 4.320/64:

    O empenho da despesa o ato emanado de autoridade competente que

    cria para o Estado obrigao de pagamento pendente ou no de implemento

    de condio.

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    O empenho obrigatrio e fundamental, no sendo permitida a realizao de

    despesa sem prvio empenho. O empenho a garantia de que existe uma

    autorizao no oramento para aquele gasto, ou seja, de que existe dotao

    oramentria para a despesa que se quer realizar.

    Em outras palavras, empenhar reservar crditos oramentrios no valor da

    despesa que se quer executar.

    Quando o administrador faz o empenho de uma dotao oramentria, ele est

    dizendo ao oramento que aquela dotao est reservada para umadeterminada empresa que, caso execute o contrato a contento da

    Administrao, receber o devido pagamento.

    Por isso o empenho tambm visto como uma garantia para o fornecedor ou

    prestador de servio contratado pela Administrao Pblica de que receber o

    pagamento se cumprir o contrato. A empresa contratada recebe da

    Administrao um documento chamado Nota de Empenho,que contm o

    nmero do empenho, o nome do contratado, o objeto e o valor do contrato.

    Alis, nos casos de Licitao na modalidade Convite, a Administrao pode

    substituir o respectivo contrato administrativo a ser firmado com o licitante

    vencedor pela prpria nota de empenho, nos termos do art. 62 da Lei

    8.666/93:

    Art. 62. O instrumento de contrato obrigatrio nos casos de concorrncia e de

    tomada de preos, bem como nas dispensas e inexigibilidades cujos preos

    estejam compreendidos nos limites destas duas modalidades de licitao, e

    facultativo nos demais em que a Administrao puder substitu-lo por outros

    instrumentos hbeis, tais como carta-contrato, nota de empenho de despesa,autorizao de compra ou ordem de execuo de servio.

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    pg. 3

    Como j dissemos, o empenho prvio, precede a realizao da despesa e

    tem por objetivo respeitar o limite da dotao oramentria, como, a propsito,

    prev o art. 59 da Lei n. 4.320/64: O empenho da despesa no poder

    exceder o limite de crditos concedidos.

    A emisso de um empenho abate o seu valor da dotao oramentria total do

    respectivo programa de trabalho a que pertence a despesa, tornando a quantia

    empenhada indisponvel para novo empenho. Ou seja, o valor fica l no

    oramento reservado para aquele contratado.

    Os empenhos, de acordo com a sua natureza e finalidade, soclassificados

    em:

    empenhoordinrio: utilizado para despesas com valor previamente

    conhecido e cujo pagamento deve ocorrer de uma s vez. Exemplo: uma

    compra simplesum mvel para a Assemblia Legislativa. a modalidade

    mais comum.

    empenhoglobal: destinado a atender s despesas com valor tambm

    previamente conhecido, tais como as contratuais, mas de pagamento

    parcelado ( 3 do art. 60 da Lei n. 4.320/64). Exemplos: aluguis, prestao

    de servios por terceiros, salrios, proventos e penses, inclusive as

    obrigaes patronais decorrentes, etc.

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    empenhoestimativa: para acolher despesas cujo valor no se possa

    determinar previamente. Exemplo: gua, luz, telefone, gratificaes, dirias,

    reproduo de documentos, etc.

    Ns dissemos h pouco que a emisso de um empenho abate o seu valor da

    dotao oramentria total do respectivo programa de trabalho a que pertence

    a despesa, tornando a quantia empenhada indisponvel para novo empenho.

    Mas e se o contratado no cumprir o contrato? Perde-se essa dotao

    oramentria?

    No, nesse caso podemos anular aquele empenho e o seu valor volta a se

    tornar disponvel para outro novo empenho. A anulao de um empenho pode

    ocorrer:

    . no decorrer do ano:

    Parcialmente, quando seu valor exceder o montante da despesa realizada;

    Totalmente:

    quando o servio contratado no tiver sido prestado;

    quando o material encomendado no tiver sido entregue; ou

    quando o empenho tiver sido emitido incorretamente.

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    . no final do ano, quando o empenho se referir a despesas no realizadas,

    salvo aquelas que se enquadrarem nas condies previstas para inscrio em

    Restos a Pagarns veremos o que so Restos a Pagar mais frente.

    pg. 4

    Liquidao do Empenho:

    Esse o segundo estgio da despesa. De acordo com o art. 63 da Lei n.

    4.320/64:

    Art. 63. A liquidao da despesa consiste na verificao do direito

    adqu irido p elo credor tend o po r base os ttulos e documentos

    comprob atrios d o resp ectiv o crdit o.

    1Essa veri fi cao tem por fim apurar :

    I - a origem e o objeto do que se deve pagar;

    II - a impo rtnc ia exata a pagar;

    III - a quem se d eve pag ar a im po rtnc ia, para ex tin gu ir a ob rig ao.

    2 A l iq uidao da despesa po r fo rn eciment os feit os ou servios

    prestados ter po r b ase:

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    I - o contrato, ajuste ou acord o respect ivo;

    II - a nota de empenho ;

    III - os comprov antes d a entreg a de material ou d a pres tao efetiv a do

    servio.

    Vale dizer que a comprovao de que o contratado cumpriu todas as

    obrigaes constantes do empenho, ou seja, forneceu o bem ou executou o

    servio contratado.

    nessa etapa que o gestor atua, verificando cuidadosamente se o contrato foi

    cumprido integralmente, fazendo constar do processo de compra toda equalquer ocorrncia que julgue importante ou que eventualmente possa

    resultar em glosas.

    O estgio da liquidao da despesa envolve, portanto, todos os atos de

    verificao e conferncia, desde o recebimento (provisrio ou definitivo) do

    material ou o atesto da prestao do servio, observando se tudo est de

    acordo com as especificaes do contrato. tarefa bsica do gestor de

    contratos.

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    pg. 5

    Pagamento:

    Por ltimo, o pagamento a etapa final da despesa. Este estgio consiste no

    pagamento das faturas do contratado. No caso do Governo Federal, todos os

    pagamentos so realizados por meio de ordem bancria, geralmente pelo

    Banco do Brasil.

    Recapitulando a lio vimos que para que a despesa pblica possa ser

    realizada, deve passar por trs estgios: Empenho, Liquidao e Pagamento.

    O Empenho o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado

    obrigao de pagamento pendente ou no de implemento de condio. Oempenho prvio, precede a realizao da despesa e tem por objetivo

    respeitar o limite da dotao oramentria.

    Os empenhos, de acordo com a sua natureza e finalidade, so classificados

    em: empenho ordinrio; empenho estimativa; e empenho global.

    O segundo estgio da despesaLiquidao do Empenhoconsiste na

    verificao do direito adquirido pelo credor tendo por base os ttulos e

    documentos comprobatrios do respectivo crdito. nessa etapa que o gestor

    atua, verificando cuidadosamente se o contrato foi cumprido integralmente,

    fazendo constar do processo de compra toda e qualquer ocorrncia que julgue

    importante ou que eventualmente possa resultar em glosas.

    O Pagamento a etapa final da despesa, e consiste na entrega dos recursos

    financeiros ao contratado por meio de ordem bancria.

  • 7/25/2019 Direito Administrativo Para Gerentes No Setor Pblico - Mdulo III

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    Unidade 4 - Crditos adicionais, restos a pagar e despesas de

    exerccios anteriores

    Bem, sabemos o que oramento pblico, dotao oramentria (ou crdito

    oramentrio), recursos financeiros e conhecemos as fases da despesa.

    Vamos agora ver o que so crditos adicionais.

    Vocs se lembram que dissemos que se uma despesa no est prevista no

    oramento ela no poder ser realizada? Pois , essa uma regra que no

    pode ser desrespeitada. Porm, imaginemos os seguintes acontecimentos:

    1. Houve uma enchente no seu estado e o Governo Estadual tem que realizar,

    com urgncia, obras de conteno de vrias encostas e recuperao da

    estrutura de trs pontes. Porm, estas obras no estavam previstas no

    oramento, pois no se imaginava que fosse acontecer uma enchente dessas.

    Como ento executar as obras?

    2. A sua cidade foi eleita a sede da olimpada estadual da criana e do

    adolescente. Para tanto, o governo estadual pediu que a Prefeitura construsse

    mais dez novas quadras poliesportivas ainda este ano. Porm, quando o

    oramento foi aprovado na Cmara Municipal, no se fazia idia de que a

    cidade seria eleita, portanto a construo dessas quadras no constou do

    oramento. Como ento constru-las?

    3. Houve uma deciso judicial que concedeu aumento de remunerao dos

    funcionrios pblicos de sua cidade. Quando o oramento foi feito, no se

    considerou esse aumento, assim as dotaes oramentrias existentes para

    pagamento de pessoal no sero suficientes para o ano todo. Sabe-se que no

    se pode descumprir uma ordem judicial. Como fazer ento?

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    Para essas trs situaes existem os chamados CRDITOS ADICIONAIS, que

    so uma maneira de alterar o oramento vigente, acrescentando dotaes que

    no existiam ou que se tornaram, ao longo do ano, insuficientes.

    pg 2

    Vejamos o que dizem os artigos 40 e 41 da Lei 4.320/64:

    Art. 40. So crditos adicionais, as autorizaes de despesa no computadas

    ou insuficientemente dotadas na Lei de Oramento.

    Art. 41. Os crditos adicionais classificam-se em:

    I - suplementares, os destinados a reforo de dotao oramentria;

    II - especiais, os destinados a despesas para as quais no haja dotao

    oramentria especfica;

    III - extraordinrios, os destinados a despesas urgentes e imprevistas, em caso

    de guerra, comoo intestina ou calamidade pblica.

    A regra que todos esses crditos devem, da mesma forma que o

    oramento, ser aprovados pelo Poder Legislativo correspondente (Congresso

    Nacional, Assemblia Legislativa ou Cmara Municipal, conforme o caso), na

    forma de um projeto de lei.

  • 7/25/2019 Direito Administrativo Para Gerentes No Setor Pblico - Mdulo III

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    Mas h excees. No exemplo 1, o crdito seria na modalidade extraordinrio,

    pois o fato se enquadra no conceito de calamidade pblica. Nesse caso, o

    Governo Estadual no pode esperar para agir sob risco de perdas de vidas.

    Portanto, ele cria o crdito extraordinrio por meio de uma Medida Provisria,

    que altera o oramento, acrescentando as dotaes oramentrias para as

    obras de conteno de encostas e recuperao de pontes.

    J o exemplo 2 considerado como crdito especialno havia dotao

    especfica para a construo das quadras, mas essa ausncia no decorreu de

    calamidade pblica ou de guerra. Nesse caso, deve-se seguir o rito ordinrio

    do processo legislativo: o Prefeito prope Cmara Municipal da cidade um

    projeto de lei criando o crdito adicional, que ser votado e aprovado pela

    Cmara.

    Por fim, o exemplo 3 enquadra-se na modalidade suplementar, pois j havia a

    dotao no oramento para pagamento de pessoal, porm ela no vai ser

    suficiente. Nesses casos, pode-se fazer o reforo da dotao at umdeterminado percentual (geralmente 10% - depende da legislao de cada

    Estado e Municpio) por decreto do Prefeito, sem precisar da aprovao da

    Cmara Municipal. Acima desse percentual, o procedimento adequado deve

    ser tambm a via do projeto de lei.

    pg. 3

    No caso da gesto de contratos, o gestor deve ficar atento para a necessidade

    de um eventual pedido de crdito suplementar, caso as dotaes

    oramentrias que suportam seu contrato se tornem insuficientes.

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    Agora, passemos a outro assunto que est envolvido diretamente com a gesto

    de contratos: Restos a Pagar. Vejamos o que diz o art. 36 da Lei n. 4.320/64:

    Art . 36. Cons ideram-se Restos a Pagar as despesas empenhadas m as

    no pagas ato dia 31 de dezembro di sti nguin do -se as pro cessadas das

    no processadas.

    De uma maneira mais simples, se uma despesa foi empenhada no final do ano,

    mas no deu tempo para a empresa contatada entregar o material ou prestar o

    servio ainda naquele ano, deve-se inscrever esse empenho em Restos a

    Pagar para o prximo ano, de forma que no se misturem despesas relativas a

    um ano com as do ano seguinte.

    Essa exigncia volta-se a atender obrigao legal de adoo do regime de

    competncia, que exige que as despesas sejam contabilizadas conforme o

    exerccio a que pertenam, ou seja, em que foram gerados.

    Se uma despesa foi empenhada em um exerccio e somente foi paga no

    seguinte, ela deve ser contabilizada como pertencente ao exerccio em que foi

    empenhada.

    Os Restos a Pagar podem ser classificados em:

    a) So Restos a Pagar processados as despesas em que a empresa

    contratada j tenha cumprido sua obrigao (j tenha entregue o material,

    prestado o servio ou executado a obra) at o final do ano, porm no houve

    tempo de pag-la at 31 de dezembro. Ou seja, a despesa j foi liquidada,

    mas ainda no foi paga.

    b) So Restos a Pagar no-processados as despesas empenhadas que

    dependem, ainda, da prestao do servio ou fornecimento do material. Ou

    seja, at o final do ano ainda no foram liquidadas.

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    pg. 4

    A inscrio de empenhos em Restos a Pagar ter validade at 31 de dezembro

    do ano subsequente. Aps essa data, os saldos remanescentes sero

    automaticamente cancelados.

    No se deve confundir Restos a Pagar com Despesas de Exerccios

    Anteriores.

    Despesas de Exerccios Anteriores so as dvidas resultantes de

    compromissos gerados em exerccios financeiros anteriores queles em que

    devem ocorrer os pagamentos, e que no estejam inscritos em Restos a Pagar,

    no caso de se referirem ao exerccio imediatamente anterior.

    Por exemplo, o pagamento de um valor atrasado devido a um servidor pblico,

    referente ao exerccio financeiro de 2007, que somente agora, em 2011, foi

    reconhecido pela Administrao. Este valor no estava inscrito em Restos a

    Pagar nem tampouco se refere a 2011. Nesse caso, vai ser pago sob o ttulo

    de Despesas de Exerccios Anteriores.

    pg. 5

    Crditos Adicionais so entendidos como mecanismos para se alterar o

    oramento vigente de modo a se acrescentar dotaes que no existiam ou

    que se tornaram, ao longo do ano, insuficientes.

    So classificados em:

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    Suplementares, os destinados a reforo de dotao oramentria;

    Especiais, os destinados a despesas para as quais no haja dotao

    oramentria especfica;

    Extraordinrios, os destinados a despesas urgentes e imprevistas, tais como

    em caso de guerra ou calamidade pblica.

    Restos a Pagar so despesas empenhadas, mas no pagas at o dia 31 dedezembro, cuja execuo interessa ao Poder Pblico, mesmo que acontea no

    exerccio seguinte. So classificados em Processados (liquidados, mas no

    pagos) e No Processados (ainda no liquidados e consequentemente no

    pagos).

    J as Despesas de Exerccios Anteriores so as dvidas resultantes de

    compromissos gerados em exerccios financeiros anteriores queles em que

    devem ocorrer os pagamentos, e que no estejam inscritos em Restos a Pagar,

    no caso de se referirem ao exerccio imediatamente anterior.

    Parabns! Voc chegou ao ltimo mdulo de estudo do curso Direito

    Administrativo para Gerentes no Setor Pblico.

    Sugerimos que voc faa uma releitura do mesmo e resolva os Exerccios de

    Fixao. O resultado no influenciar na sua nota final, mas servir como

    oportunidade de avaliar o seu domnio do contedo. Lembramos ainda que a

    plataforma de ensino faz a correo imediata das suas respostas!

  • 7/25/2019 Direito Administrativo Para Gerentes No Setor Pblico - Mdulo III

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    Porm, no esquea de realizar a Avaliao Final do curso, que encontra-se no

    Mdulo de Concluso. Lembramos que por meio dela que voc pode receber

    a sua certificao de concluso do curso.