DIREITO AMBIENTAL - qcon-assets … · DIREITO AMBIENTAL Prof. Rodrigo Mesquita Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA – Lei nº 6.938 de 1981- Decreto nº 99.274 de 1990

DIREITO

AMBIENTAL

Prof. Rodrigo Mesquita

Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA – Lei nº

6.938 de 1981- Decreto nº 99.274 de 1990

Princípios e objetivos da PNMA – Parte 3

Princípios e objetivos da PNMA

Art. 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará:


I - à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico;


Esse primeiro objetivo específico da PNMA traz implicitamente a previsão do princípio do desenvolvimento sustentável, que norteará toda a atuação do Poder Público. Devido ao referido objetivo, o meio ambiente e seus recursos ambientais podem servir de insumo para o desenvolvimento econômico e social do país, porém de forma equilibrada e racional. Com isso, o progresso econômico não é vedado pela Constituição, sendo, inclusive, incentivado. Todavia, deve ser pensado com cautela e responsabilidade, sem por em risco os recursos ambientais necessários para a manutenção de uma existência digna para as gerações presentes e não comprometendo a parcela de recursos ambientais pertencente às futuras gerações, e, com isso, comprometer o pacto intergeracional.


II - à definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;


Esse objetivo específico é de grande importância para a execução da PNMA, tendo em vista a existência de diversas áreas que se encontram em vias de saturação ou mesmo completamente saturadas, a exemplo dos centros urbanos, das regiões metropolitanas dos grandes Estados (SP, RJ, MG, ES), que devem receber atuação prioritária do Poder Público, no sentido de recuperar a qualidade ambiental e o equilíbrio ecológico, e, a partir daí, desenvolver práticas preservacionistas para a consequente manutenção da qualidade ambiental.


III - ao estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais;


Trata-se de objetivo específico e fundamental para a materialização do fim maior da PNMA – preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental –, pois somente com critérios e padrões da qualidade ambiental delimitados adequadamente, bem como normas referentes ao uso e manejo dos recursos ambientais, ambos editados em consonância com a repartição de competências prevista na Constituição Federal de 1988, torna-se possível executar o controle ambiental e fiscalizar de forma efetiva a qualidade ambiental.


IV - ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para o uso racional de recursos ambientais;


Entendo, pautando-me nesse objetivo específico, que o governo e, também, a iniciativa privada precisam desenvolver tecnologias voltadas à construção de cidades sustentáveis para com elas proporcionarem meios para efetivar o uso racional da água, do solo e das florestas, contribuindo, assim, para a manutenção do meio ambiente ecologicamente equilibrado. E isso se vislumbra mais fácil com o incentivo de pesquisas orientadas para o uso racional de recursos ambientais.


V - à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação de dados e informações ambientais e à formação de uma consciência pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico;


Para a realização desse objetivo específico, as práticas voltadas para a educação ambiental se tornam imperiosas.


VI - à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida;


É mais um elemento do objetivo central da política ambiental do que um objetivo específico (preservação , recuperação e melhoria da qualidade ambiental). No entanto, essa preservação e restauração são no sentido da utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida.


VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos.


Nesse objetivo específico, encontra-se o fundamento do princípio do poluidor pagador, também conhecido na doutrina do direito ambiental como princípio do poluidor predador. O referido princípio atua no sentido de “forçar a iniciativa privada a internalizar os custos ambientais gerados pela produção e pelo consumo”. Entendo que esse princípio seja o norte para o desenvolvimento da teoria da responsabilidade civil em matéria ambiental, que em nosso ordenamento jurídico é objetiva e independe de culpa, bastando a comprovação do dano provocado pelo poluidor ao meio ambiente. A imposição quanto à responsabilidade ambiental deve ser procedida pelo Estado, por meio de seus agentes públicos competentes investidos do poder de polícia.


Isso posto, aquele que causar dano ambiental, seja pessoa física ou jurídica, direta ou indiretamente, torna-se o responsável em primeiro plano pela sua reparação in natura e in loco, e, se ela não for possível por completo, pela indenização da parcela não reparável, tendo em vista que o dano ambiental, em muitas das vezes, é de difícil remediação, e a “reparação de um dano ambiental não se exaure em uma só ação”. Por conseguinte, e também de acordo com o art. 14, § 1°, da Lei nº 6.938/1981, a reparação pode ser conjugada com a indenização e uma não exclui a outra, o que vai depender de cada caso concreto especificamente.

Princípios e objetivos da PNMA A parte final desse objetivo específico instituiu implicitamente o princípio do usuário pagador no Direito Ambiental brasileiro. Esse princípio é aplicado aos casos de utilização de certos recursos ambientais que estão cada vez mais escassos na natureza e precisam ter o seu consumo desnecessário desestimulado e também para que as populações presentes e futuras possam gozar deles em condições adequadas de higidez. Exemplo de microbem ambiental que fazemos apenas pelo fato de utilizarmos é a água, que precisa ter o seu consumo desnecessário reduzido urgentemente.

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