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DIREITO DO TRABALHO Jornada Noturna Adicional noturno. Redução fictícia da jornada noturna. Intervalos:I ntrajornada e Interjornada Desrespeito aos intervalos. Conseqüências Sonia Soares

DIREITO DO TRABALHO - legale.com.br · Jornada noturna. Introdução Estabelece o § 2º art. 73 da CLT que será considerado como noturno o trabalho realizado entre as 22:00 horas

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DIREITO DO TRABALHO

Jornada Noturna Adicional noturno. Redução fictícia da jornada

noturna.

Intervalos:I ntrajornada e Interjornada

Desrespeito aos intervalos. Conseqüências

Sonia Soares

Jornada noturna. Introdução

Estabelece o § 2º art. 73 da CLT que será consideradocomo noturno o trabalho realizado entre as 22:00horas de um dia e às 5:00 horas do dia seguinte.

O trabalho noturno, por ser mais gravoso aoempregado, é remunerado com um adicional,denominado de adicional noturno, e que é de 20%sobre o valor da hora normal (Art. 73, caput, CLT).

Art. 73. § 2º Considera-se noturno, para os efeitos deste artigo, o

trabalho executado entre as 22 horas de um dia e as 5

horas do dia seguinte.

Art. 73. Salvo nos casos de revezamento semanal ou quinzenal, o

trabalho noturno terá remuneração superior a do diurno e, para

esse efeito, sua remuneração terá um acréscimo de 20 % (vinte

por cento), pelo menos, sobre a hora diurna.

A expressão “salvo nos casos de revezamento semanal ou quinzenal”, que inicia o “caput” do art. 73 consolidado já havia sido declarada inconstitucional pelo E. STF e não foi recepcionada pelo art. 7º, inciso IX da Constituição Federal, de modo que todo o trabalho noturno deve ter remuneração superior ao diurno, ainda que o empregado trabalhe em revezamento semanal ou quinzenal.

Por ficção legal, a hora noturna é reduzida emrelação à diurna, de modo que para cada 52minutos e 30 segundos de trabalho efetivamenterealizado dentro da jornada noturna serácomputada, para fins jurídicos, 01 hora trabalhada.Diante desta redução é que a jornada noturna,composta de fato por 07 horas (das 22:00 às 5:00horas) é, juridicamente, considerada como sendode 08 horas.

Art. 73

§ 1º A hora do trabalho noturno será computada

como de 52 minutos e 30 segundos.

Para tanto, deve ser considerada a seguinte tabela:

Trabalho realizado Tempo TempoReal

Jurídico

Das 22h00’00’’ às 22h52’30’’ 0h52’30’’ 1h00’00’’Das 22h52’30’’ às 23h45’00’’ 1h45’00’’ 2h00’00’’Das 23h45’00’’ às 00h37’30’’ 2h37’30’’ 3h00’00’’Das 00h37’30’’ às 01h30’00’’ 3h30’00’’ 4h00’00’’Das 01h30’00’’ às 02h22’30’’ 4h22’30’’ 5h00’00’’Das 02h22’30’’ às 03h15’00’’ 5h15’00’’ 6h00’00’’Das 03h15’00’’ às 04h07’30’’ 6h07’30’’ 7h00’00’’Das 04h07’30’’ às 05h00’00’’ 7h00’00’’ 8h00’00’’

Terá direito à redução da jornada noturna e também aoadicional noturno o empregado que cumprir jornadamista, ou seja, iniciar o trabalho em horário diurno e oencerrar no noturno, ou iniciar no horário noturno e oencerrar no diurno.

Exemplo, um empregado que trabalha das 20:00 horasde um dia às 3:15 horas do dia seguinte, cumpre, emtempo real, 7:15 horas de trabalho, mas em tempojurídico trabalha 08:00 horas completas. Com efeito,das 20:00 às 22:00 horas, temos duas horas diurnas,edas 22:00 às 3:15, como vimos acima, 06 horas

noturnas, completando, assim, a jornada de 08 horas.Este empregado deverá receber adicional noturno sobre06 horas.

OJ 388 SDI1 TSTJORNADA 12X36. JORNADA MISTA QUE COMPREENDA A TOTALIDADE DO PERÍODO NOTURNO. ADICIONAL NOTURNO. DEVIDO. (DEJT divulgado em 09, 10 e 11.06.2010)O empregado submetido à jornada de 12 horas de trabalho por 36 de descanso, que compreenda a totalidade do período noturno, tem direito ao adicional noturno, relativo às horas trabalhadas após as 5 horas da manhã.

Súmula nº 60 do TSTADICIONAL NOTURNO. INTEGRAÇÃO NO SALÁRIO E PRORROGAÇÃO EM HORÁRIO DIURNO (incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 6 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005I - O adicional noturno, pago com habitualidade, integra o salário do empregado para todos os efeitos. (ex-Súmula nº 60 - RA 105/1974, DJ 24.10.1974)

II - Cumprida integralmente a jornada no período noturno e prorrogada esta, devido é também o adicional quanto às horas prorrogadas. Exegese do art. 73, § 5º, da CLT. (ex-OJ nº 6 da SBDI-1 - inserida em 25.11.1996)

O art. 73, § 5º da CLT estabelece que a prorrogaçãoda jornada noturna será também noturna.

Isto significa que o empregado, ao passar pelo marcodas 5:00 horas em prorrogação, terá direito aoadicional noturno e à redução da jornada noturnapelas horas seguintes.

Ex: Das 19:00 às 7:00 horas. O labor das 5:00 às7:00 horas é noturno, porque quando passoupelo horário das 5:00 horas o empregado estavaem prorrogação.Ex: Das 3:15 às 11:00 horas. O labor das 5:00 às11:00 horas é diurno porque quando passou pelohorário das 5:00 horas o empregado não estavaem prorrogação.

INTERVALOS: Intrajornada e Interjornada

Conceito: “são pequenos lapsos de tempo que visam,precipuamente, à recuperação das energias doempregado, o que favorece a manutenção de sua higidezfísica e mental, evitando assim o acometimento pordoenças ocupacionais e a ocorrência de acidentes detrabalho.” Ricardo Resende

O ordenamento jurídico estabelece períodos de descansopara o empregado de várias formas. Há intervalos que sãointrajornada e interjornada, assim como os repousossemanais e as férias anuais. Passamos a analisar taisperíodos de repouso.

Dois são os tipos de intervalo: Intrajornada e

interjornada.o Intervalo intrajornada são concedidos dentro de cada

jornada laboral para repouso ou alimentação ou pordeterminação legal;

Art. 71 - Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6

(seis) horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para

repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora

e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não

poderá exceder de 2 (duas) horas.

§ 1º - Não excedendo de 6 (seis) horas o trabalho, será, entretanto,

obrigatório um intervalo de 15 (quinze) minutos quando a duração

ultrapassar 4 (quatro) horas.

E se o empregado laborar 6 horas diárias, ehabitualmente prorrogar sua jornada de trabalho?

Súmula 437 - IV - Ultrapassada habitualmente a jornada deseis horas de trabalho, é devido o gozo do intervalointrajornada mínimo de uma hora, obrigando o empregadora remunerar o período para descanso e alimentação nãousufruído como extra, acrescido do respectivo adicional, naforma prevista no art. 71, caput e § 4º da CLT.

Limite superior a duas horas, só por negociação coletiva(acordo coletivo ou convenção coletiva). Se não houvernegociação coletiva, considera-se o intervalo de 02 horas eo restante do período como jornada de trabalho (tempo àdisposição do empregador).

Até 04 horas de trabalho, nenhumintervalo;

De 04 a 06 horas de trabalho – 15minutos de intervalo;

Acima de 06 horas de trabalho – de umahora (no mínimo) a duas horas (nomáximo) de intervalo.

Redução horário intervalo intrajornada:

É possível desde que haja autorização pelo Ministério do Trabalho e Emprego

Portaria 1095/10 MTE : processo administrativo a ser

instaurado pelo empregador interessado quando este empregador mantiver refeitório apropriado e os empregados não estiverem sob o regime de prorrogação de jornada.

Não se admite a redução por meio de norma coletiva.Art. 71§ 3º O limite mínimo de uma hora para repouso ou

refeição poderá ser reduzido por ato do Ministro do Trabalho,

Indústria e Comércio, quando ouvido o Serviço de Alimentação de

Previdência Social, se verificar que o estabelecimento atende

integralmente às exigências concernentes à organização dos refeitórios, e quando os respectivos empregados não estiverem

sob regime de trabalho prorrogado a horas suplementares.

.

Intervalo intrajornada não pode ser reduzido por normacoletiva:

Súmula 437 II TST - É inválida cláusula de acordo ouconvenção coletiva de trabalho contemplando asupressão ou redução do intervalo intrajornada porqueeste constitui medida de higiene, saúde e segurança dotrabalho, garantido por norma de ordem pública (art. 71da CLT e art. 7º, XXII, da CF/1988), infenso à negociaçãocoletiva

Tese Jurídica Prevalecente 16 TRT 2ª. Região - Intervalointrajornada. Impossibilidade de redução por normacoletiva. Res. TP nº 06/2016 - DOEletrônico 31/05/2016)Por se tratar de medida de saúde, higiene e segurança dotrabalho, não se admite a redução do intervalointrajornada por acordo ou convenção coletiva.

Intervalos computados e não computados na jornada de trabalho:

Não computados regra geral e não remunerados

Art. 71 - Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6

(seis) horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso

ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo

acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder

de 2 (duas) horas.

§ 2º - Os intervalos de descanso não serão computados na

duração do trabalho.

Não é deduzido da jornada de trabalho:

o Regra geral dedução do intervalo da jornada;o Por exceção, somente quando a lei assim dispuser

expressamente, os intervalos serão computados na jornada de trabalho, exemplo:

Art. 72 - Nos serviços permanentes de mecanografia (datilografia,

escrituração ou cálculo), a cada período de 90 (noventa) minutos de

trabalho consecutivo corresponderá um repouso de 10 (dez) minutos não deduzidos da duração normal de

trabalho.

Trabalho em Minas de SubsoloArt. 298 - Em cada período de 3 (três) horas consecutivas de trabalho, será obrigatória uma pausa de 15 (quinze) minutos para repouso, a qual será computada na duração normal de trabalho efetivo.

Intervalos intrajornadas especiais:

Mecanografia; minas de subsolo

Digitadores:Súmula nº 346 do TSTDIGITADOR. INTERVALOS INTRAJORNADA. APLICAÇÃO ANALÓGICA DO

ART. 72 DA CLT (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003

Os digitadores, por aplicação analógica do art. 72 da CLT, equiparam-

se aos trabalhadores nos serviços de mecanografia (datilografia,

escrituração ou cálculo), razão pela qual têm direito a intervalos de

descanso de 10 (dez) minutos a cada 90 (noventa) de trabalho

consecutivo.

câmaras frigoríficas:

Súmula nº 438 do TSTINTERVALO PARA RECUPERAÇÃO TÉRMICA DO EMPREGADO.

AMBIENTE ARTIFICIALMENTE FRIO. HORAS EXTRAS. ART. 253 DA

CLT. APLICAÇÃO ANALÓGICA - Res. 185/2012, DEJT divulgado

em 25, 26 e 27.09.2012

O empregado submetido a trabalho contínuo em ambiente

artificialmente frio, nos termos do parágrafo único do art. 253 da

CLT, ainda que não labore em câmara frigorífica, tem direito ao

intervalo intrajornada previsto no caput do art. 253 da CLT.

Intervalos da mulher:

Art. 384 - Em caso de prorrogação do horário

normal, será obrigatório um descanso de 15

(quinze) minutos no mínimo, antes do início do

período extraordinário do trabalho.

Discussão: artigo 384 foi ou não recepcionado pela CF

Pela inconstitucionalidade: Alice Monteiro de Barros; Gustavo Filipe Garcia, Vólia Bomfim;

Pela extensão aos homens: Luciano Martinez

Repercussão Geral:Relator: MIN. DIAS TOFFOLI

Súmula 28 TRT da 2ª. Região:

28 - Intervalo previsto no artigo 384 da CLT.Recepção pela Constituição Federal. Aplicaçãosomente às mulheres. Inobservância. Horasextras. - DOEletrônico 26/05/2015)O artigo 384 da CLT foi recepcionado pelaConstituição Federal consoante decisão do E.Supremo Tribunal Federal e beneficia somentemulheres, sendo que a inobservância do intervalomínimo de 15 (quinze) minutos nele previsto resultano pagamento de horas extras pelo período totaldo intervalo.

Intervalos não previstos em lei:

Intervalos concedidos pelo empregador não previstos em Lei consideram-se como tempo à disposição, somam-se à jornada de trabalho e, se desta soma resultar excesso, paga-se hora extra.

Constituem tempo à disposição do empregador

Súmula nº 118 do TST

JORNADA DE TRABALHO. HORAS EXTRAS

(mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003

Os intervalos concedidos pelo empregador na jornada

de trabalho, não previstos em lei, representam tempo à

disposição da empresa, remunerados como serviço

extraordinário, se acrescidos ao final da jornada.

Fracionamento intervalo intrajornada:

De regra os intervalos não podem ser fracionados. Entretanto, isso é possível se houver convenção ou

acordo coletivo, mas, apenas para motoristas,cobradores e empregados da fiscalização decampo.

Art. 71§ 5o O intervalo expresso no caput poderá ser reduzidoe/ou fracionado, e aquele estabelecido no § 1o poderáser fracionado, quando compreendidos entre o términoda primeira hora trabalhada e o início da última horatrabalhada, desde que previsto em convenção ou acordocoletivo de trabalho, ante a natureza do serviço e emvirtude das condições especiais de trabalho a que sãosubmetidos estritamente os motoristas, cobradores,fiscalização de campo e afins nos serviços deoperação de veículos rodoviários, empregados nosetor de transporte coletivo de passageiros, mantidaa remuneração e concedidos intervalos paradescanso menores ao final de cada viagem.

Desrespeito aos intervalos intrajornadas -Consequências:

Art. 71

§ 4º - Quando o intervalo para repouso e alimentação,

previsto neste artigo, não for concedido pelo empregador, este

ficará obrigado a remunerar o período correspondente com

um acréscimo de no mínimo 50% (cinqüenta por cento) sobre o

valor da remuneração da hora normal de trabalho.

Súmula nº 437 do TSTINTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO DO ART. 71 DA CLT (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 307, 342, 354, 380 e 381 da SBDI-1) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012

I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não-concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o pagamento total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido, com acréscimo de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT), sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração.

III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da CLT, com redação introduzida pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de 1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação, repercutindo, assim, no cálculo de outras parcelas salariais.

Intervalos interjornada: é aquele compreendido entre duas jornadas de trabalho, período mínimo de onze horas consecutivas.Art. 66 - Entre 2 (duas) jornadas de trabalho haverá um

período mínimo de 11 (onze) horas consecutivas para

descanso. A jurisprudência entendia no passado que a violação do

intervalo interjornada era infração meramente administrativa e que não gerava direito a horas extras.

Antigo Enunciado 88 do C. TST antes do

advento do art. 71, § 4º da CLT para o intervalo

intrajornada. Veja-se:

Nº 88 JORNADA DE TRABALHO. INTERVALO ENTRE TURNOS

(cancelamento mantido) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003O

desrespeito ao intervalo mínimo entre dois turnos de trabalho, sem

importar em excesso na jornada efetivamente trabalhada, não dá

direito a qualquer ressarcimento ao obreiro, por tratar-se apenas de

infração sujeita a penalidade administrativa (art. 71 da CLT).

Com o advento do art. 71, § 4º da CLT o verbete teveque ser cancelado para adequar-se à lei.

Na mesma linha ocorreu para o intervalo interjornada OJ355 da SBDI-1, TST:

355. INTERVALO INTERJORNADAS. INOBSERVÂNCIA.

HORAS EXTRAS. PERÍODO PAGO COMO

SOBREJORNADA. ART. 66 DA CLT. APLICAÇÃOANALÓGICA DO § 4º DO ART. 71 DA CLT (DJ 14.03.2008)

O desrespeito ao intervalo mínimo interjornadas previsto no art.

66 da CLT acarreta, por analogia, os mesmos efeitos previstosno § 4º do art. 71 da CLT e na Súmula nº 110 do TST, devendo-

se pagar a integralidade das horas que foram subtraídas do

intervalo, acrescidas do respectivo adicional.

Súmula 26 TRT 2ª. Região:

26 - Intervalo entre jornadas. Artigo 66 daConsolidação das Leis do Trabalho. Inobservância.Horas extras. (Res. TP nº 02/2015 - DOEletrônico26/05/2015)A inobservância do intervalo mínimo de 11 horasprevisto no art. 66 da CLT resulta no pagamento dehoras extras pelo tempo suprimido.

Se a violação se dá nos DSR’s, entende-se que o DSR foiviolado e não o intervalo, ensejando pagamento dehoras em dobro.

Se for no DSR, o intervalo tem que ser de 35 horas (24do DSR + 11 do inter jornada)

Não respeitado o limite de 35 horas, tem-se que adiferença é por violação ao DSR e não ao intervalointerjornada, resultando, daí, o pagamento das horasfaltantes com adicional de 100%.

JORNADAS ESPECIAIS:

Há categorias profissionais que possuem previsão legal de

jornada de trabalho inferior a 8 (oito) horas diárias.

Bancário:

Art 224 - A duração normal do trabalho dos empregados em bancos,

casas bancárias e Caixa Econômica Federal será de 6 (seis) horas

continuas nos dias úteis, com exceção dos sábados, perfazendo um

total de 30 (trinta) horas de trabalho por semana;

Art. 225 - A duração normal de trabalho dos bancários poderá ser

excepcionalmente prorrogada até 8 (oito) horas diárias, não excedendo

de 40 (quarenta) horas semanais, observados os preceitos gerais sobre a

duração do trabalho.

Súmula nº 55 do TSTFINANCEIRAS (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003As empresas de crédito, financiamento ou investimento, também denominadas financeiras, equiparam-se aos estabelecimentos bancários para os efeitos do art. 224 da CLT

Súmula nº 119 do TSTJORNADA DE TRABALHO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003Os empregados de empresas distribuidoras e corretoras de títulos e valores mobiliários não

têm direito à jornada especial dos bancários.

Súmula nº 239 do TSTBANCÁRIO. EMPREGADO DE EMPRESA DE PROCESSAMENTO DE DADOS (incorporadas as Orientações Jurisprudenciais nºs 64 e 126 da SBDI-1) -Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005É bancário o empregado de empresa de processamento de dados que presta serviço a banco integrante do mesmo grupo econômico, exceto quando a empresa de processamento de dados presta serviços a banco e a empresas não bancárias do mesmo grupo econômico ou a terceiros. (primeira parte - ex-Súmula nº 239 - Res. 15/1985, DJ 09.12.1985; segunda parte - ex-OJs nºs 64 e 126 da SBDI-1 - inseridas, respectivamente, em 13.09.1994 e 20.04.1998)

Para os empregados de portaria, deve ser observada a regra do par. Único do art. 226:

A direção de cada banco organizará a escala de serviço do

estabelecimento de maneira a haver empregados do quadro da

portaria em função, meia hora antes e até meia hora após o

encerramento dos trabalhos, respeitado o limite de 6 (seis) horas

diárias. (Incluído pela Lei nº 3.488, de 12.12.1958)

A jornada deve ser realizada entre 7 e 22 horas com intervalo de 15 minutos para refeição, art.224, par. 1º., exceto para ocupantes de cargo de direção, gerência, fiscalização, chefia e equivalentes ou exercentes de cargo de confiança , desde que o valor da gratificação não seja inferior a 1/3 (um terço) do salário do cargo efetivo (par.2º., art.224.

Com relação aos gerentes, a jurisprudência os distinguiu:

Súmula nº 287 do TSTJORNADA DE TRABALHO. GERENTE BANCÁRIO (nova

redação) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003A jornada de trabalho do empregado de banco gerente

de agência é regida pelo art. 224, § 2º, da CLT. Quanto ao gerente-geral de agência bancária, presume-se o exercício de encargo de gestão, aplicando-se-lhe o art. 62 da CLT.

Com relação ao par.2º., art.224 CLT, foi editada a Súmula 102 TST - Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011:

I - A configuração, ou não, do exercício da função de confiança a que se refere o art. 224, § 2º, da CLT, dependente da prova das

reais atribuições do empregado, é insuscetível de exame mediante

recurso de revista ou de embargos. (ex-Súmula nº 204 - alterada

pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003)

II - O bancário que exerce a função a que se refere o § 2º do

art. 224 da CLT e recebe gratificação não inferior a um terço

de seu salário já tem remuneradas as duas horas

extraordinárias excedentes de seis. (ex-Súmula nº 166 - RA

102/1982, DJ 11.10.1982 e DJ 15.10.1982)

III - Ao bancário exercente de cargo de confiança previsto no artigo 224, § 2º, da CLT são devidas as 7ª e 8ª horas, como extras, no

período em que se verificar o pagamento a menor da gratificação de

1/3. (ex-OJ nº 288 da SBDI-1 - DJ 11.08.2003)

IV - O bancário sujeito à regra do art. 224, § 2º, da CLT cumpre jornada de trabalho de 8 (oito) horas, sendo extraordinárias as trabalhadas além da oitava. (ex-Súmula nº 232- RA 14/1985, DJ 19.09.1985)

V - O advogado empregado de banco, pelo simples exercício da advocacia, não exerce cargo de confiança, não se enquadrando, portanto, na hipótese do § 2º do art. 224 da CLT. (ex-OJ nº 222 da SBDI-1 - inserida em 20.06.2001)

VI - O caixa bancário, ainda que caixa executivo, não exerce cargo de confiança. Se perceber gratificação igual ou superior a um terço do salário do posto efetivo, essa remunera apenas a maior responsabilidade do cargo e não as duas horas extraordinárias além da sexta. (ex-Súmula nº 102 - RA 66/1980, DJ 18.06.1980 e republicada DJ 14.07.1980)

VII - O bancário exercente de função de confiança, que percebe a gratificação não inferior ao terço legal, ainda que norma coletiva contemple percentual superior, não tem direito às sétima e oitava horas como extras, mas tão somente às diferenças de gratificação de função, se postuladas. (ex-OJ nº 15 da SBDI-1 - inserida em 14.03.1994)

Mas se o bancário recebe gratificação de função, mas não está amparado pela regra do par.2º, 224 CLT tem direito em receber horas extras se trabalhadas, pois a gratificação tem finalidade diferente da sobrejornada:

Súmula nº 109 do TSTGRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO (mantida) - Res. 121/2003, DJ

19, 20 e 21.11.2003O bancário não enquadrado no § 2º do art. 224 da CLT, que

receba gratificação de função, não pode ter o salário relativo a horas extraordinárias compensado com o valor daquela vantagem.

Trabalho de bancário é específico, afastando seu regime a outros que assemelhados não são assim considerados:

Súmula nº 117 do TSTBANCÁRIO. CATEGORIA DIFERENCIADA (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003Não se beneficiam do regime legal relativo aos bancários os empregados de estabelecimento de crédito pertencentes a categorias profissionais diferenciadas.

OJ-SDI1-379 EMPREGADO DE COOPERATIVA DE CRÉDITO. BANCÁRIO. EQUIPARAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE (DEJT divulgado em 19, 20 e 22.04.2010) Os empregados de cooperativas de crédito não se equiparam a bancário, para efeito de aplicação do art. 224 da CLT, em razão da inexistência de expressa previsão legal, considerando, ainda, as diferenças estruturais e operacionais entre as instituições financeiras e as cooperativas de crédito. Inteligência das Leis n.os 4.594, de 29.12.1964, e 5.764, de 16.12.1971.

Com relação aos vigilantes:

Súmula nº 257 do TSTVIGILANTE (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003O vigilante, contratado diretamente por banco ou por intermédio de empresas especializadas, não é bancário.

BIBLIOGRAFIA:Barros, Alice Monteiro. Curso de Direito do Trabalho. LTr.10ª. Edição

Cairo Jr, José. Curso de Direito do Trabalho. Editora JusPodivm. 11ª

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Delgado, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. LTr. 16ª.

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Garcia, Gustavo Felipe Barbosa. Manual de Direito do Trabalho. Editora

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Jorge Neto, Francisco Ferreira. Cavalcante, Jouberto de Quadros

Pessoa. Direito do Trabalho. Atlas. 8ª. Edição.

Martinez, Luciano. Curso de Direito do Trabalho. Ed.Saraiva. 4ª Edição

Nascimento, Amauri Mascaro. Direito Contemporâneo do Trabalho.

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Resende. Ricardo, Direito do Trabalho Esquematizado. Editora

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Sussekind, Arnaldo e outros Instituições de Direito do Trabalho. LTr. 19ª

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