Direito Eleitoral - Celso Spitzcovsky

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MP e Magistratura - 2012.2

Direito EleitoralProfessor: Celso Spitzcovsky.

Fontes do Direito Eleitoral1) Constituio:

a) Princpios do Direito Eleitoral.

b) Direitos polticos: Instrumentos que viabilizam a democracia direta (plebiscito, referendo e iniciativa popular). Condies de elegibilidade.

Hipteses de inelegibilidade.

Perda e suspenso dos direitos polticos.

c) Partidos Polticosd) Organizao da Justia Eleitoral (STF, TSE, TRE, juzes eleitorais, juntas eleitorais).e) Ministrio Pblico Eleitoral.2) Leis:a) Lei 9.504/97: Lei das Eleies.

Convenes partidrias (junho).

Registro de candidatura (julho).

Campanha eleitoral (julho a outubro).

Prestao de contas Justia Eleitoral.

Direito de resposta.

Pesquisas eleitorais.

Propaganda eleitoral.

Condutas vedadas.

Dia das eleies.

Diplomao.

Posse.

AIJE (Ao de Investigao Judicial Eleitoral).

AIME (Ao de Impugnao de Mandato Eletivo).

Representaes eleitorais.

Recursos.

Crimes em matria eleitoral.

b) Lei 4.737/65: Cdigo Eleitoral.

c) Lei 9.096/95: Lei Orgnica dos Partidos Polticos.d) LC 64/90: Lei das Inelegibilidades, com redao dada pela LC 135/10 (Lei da Ficha Limpa).3) Resolues: so atos normativos com fora de lei editados pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para regulamentar as eleies. O art. 105, Lei 9.504/97 estabelece que o TSE tem prazo at o dia 05 de maro do ano das eleies para editar resolues visando regulamentar as eleies.4) Smulas: os integrantes da Justia Eleitoral tem mandato por prazo determinado. Prazo: 2 (dois) anos, prorrogvel uma vez por igual perodo. Previso: art. 121, 2, CF/88. Por essa razo, para que o entendimento da jurisprudncia no se altere radicalmente a cada 2 (dois) anos, as smulas adquirem grande importncia no Direito Eleitoral. O TSE composto por 7 (sete) integrantes: 3 (trs) ministros do STF, 2 (dois) ministros do STJ e 2 (dois) advogados. Assim, quando a matria eleitoral chega ao STF, 3 (trs) dos seus ministros j manifestaram seu entendimento, embora possam alter-lo.Princpios do Direito Eleitoral

1) Princpio democrtico:

Previso: art. 1, CF/88.

Art. 1, CF/88. A Repblica Federativa do Brasil, formada pela unio indissolvel dos Estados e Municpios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrtico de Direito e tem como fundamentos:

I - a soberania;

II - a cidadania;

III - a dignidade da pessoa humana;

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V - o pluralismo poltico.

Pargrafo nico. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituio.

Sendo o Brasil uma democracia (Estado Democrtico de Direito), a titularidade do poder foi entregue ao povo. O art. 1, nico, CF/88 estabelece como o povo exerce esse poder. Todo poder emana do povo, que o exerce atravs dos seus representantes eleitos ou diretamente, nos termos previstos na Constituio (art. 14, CF/88).

H no Brasil, simultaneamente, uma democracia direta e uma democracia representativa.a) Democracia direta: quando o povo exerce o poder sem intermedirios. Art. 14, CF/88: a democracia direta exercida por meio de sufrgio, voto, plebiscito, referendo e iniciativa popular. Nas demais situaes, o povo representado por terceiros.

b) Democracia representativa: quando o povo exerce o poder representado por terceiros. Os representantes do povo, para serem eleitos, devem respeitar as seguintes regras: Condies de elegibilidade.

Inelegibilidades.

2) Sistemas eleitorais:

H 2 (dois) sistema eleitorais no Brasil:

1. Sistema majoritrio: considera-se eleito o candidato que obtiver a maior quantidade de votos. Esse sistema privilegia a quantidade de votos obtida pelo candidato. Aplica-se a mandatos no:

a) Poder Executivo (Presidente da Repblica, Governador e Prefeito). Art. 77, 2, CF/88: participam do 1 (primeiro) turno todos os candidatos registrados. Considera-se eleito o candidato que obtiver o quorum de maioria absoluta dos votos vlidos, excludos os brancos e nulos. Se no for obtida maioria absoluta no 1 (primeiro) turno, os 2 (dois) candidatos mais votados passam para o 2 (segundo) turno. Em 2 turno, considera-se eleito o candidato que obtiver maioria simples dos votos.

b) Senado Federal: art. 46, CF/88. Cada Estado e o Distrito Federal tem direito a 3 (trs) representantes no Senado Federal, independentemente da populao estadual. considerado eleito o candidato que obtiver a maioria simples de votos. No h 2 (segundo) turno.

2. Sistema proporcional: privilegia a quantidade de votos obtida pela legenda (partido ou coligao), e no a quantidade de votos obtida pelo candidato. Esse sistema se aplica a mandatos no:

a) Poder Legislativo: art. 45, CF/88 (Cmara de Vereadores, Assembleia Legislativa e Cmara dos Deputados). Conforme j estudado, o sistema proporcional no se aplica ao Senado Federal.

Quociente eleitoral (art. 106, Lei 4.737/65): obtido dividindo-se a quantidade de votos vlidos pela quantidade de vagas oferecida pela Casa Legislativa. Quociente eleitoral = votos vlidos vagas. Cada vez que o nmero de votos obtido pelo partido ultrapassar o quociente eleitoral, far jus a uma vaga na Casa Legislativa, a ser ocupada por seu candidato mais votado. Esse sistema gera algumas distores, uma vez que as legendas acabam buscando puxadores de votos para se candidatarem e aumentarem o quociente eleitoral do partido, o que acaba elegendo candidatos com votao inexpressiva.

3) Princpio da segurana jurdica em matria eleitoral:

Art. 5, XXXVI, CF/88: a lei no prejudicar o direito adquirido, o ato jurdico perfeito e a coisa julgada. Esse dispositivo consagra o princpio da segurana das relaes jurdicas em geral. Tal princpio visa garantir a estabilidade das relaes jurdicas. Alm disso, a lei s pode retroagir para beneficiar o ru.Art. 16, CF/88: a lei que alterar o processo eleitoral entrar em vigor na data de sua publicao, no se aplicando eleio que ocorra at 1 (um) ano da data de sua vigncia.

A lei eleitoral que vai regular as eleies deve estar aprovada 1 (um) ano antes. Como as eleies so realizadas no 1 (primeiro) domingo de outubro, a legislao eleitoral deve estar aprovada at o 1 (primeiro) domingo de outubro do ano anterior. Vale lembrar que uma das condies de elegibilidade o domiclio na circunscrio eleitoral por pelo menos 1 (um) ano antes das eleies.Qualquer alterao na legislao eleitoral veiculada aps o prazo de 1 (um) ano que antecede as eleies no valer para as eleies seguintes.

A LC 135/10 (Lei da Ficha Limpa) foi aprovada em junho do ano das eleies. Por tal razo, o STF entendeu que essa lei no seria aplicvel s eleies de 2010, sob pena de violao ao art. 16, CF/88. O STF s tomou essa deciso em maro de 2011, aps a realizao das eleies, eis que, em 2010, contava com apenas 10 (dez) integrantes, tendo a votao empatado em 5x5 votos. Em maro de 2011, o STF, j recomposto com 11 (onze) membros, decidiu, por 6x5 votos, que a LC 135/10 no seria aplicvel s eleies de 2010.

4) Moralidade:Art. 37, caput, CF/88: a moralidade administrativa princpio que se aplica Administrao em geral.Improbidade: espcie qualificada de imoralidade. Improbidade significa desonestidade administrativa.

A prtica de atos de imoralidade configura inconstitucionalidade, passvel de apreciao pelo Judicirio, por meio de ao popular ou ACP (Ao Civil Pblica).No campo eleitoral, a prtica de atos de imoralidade/improbidade gera hiptese de inelegibilidade.

Art. 14, 9, CF/88: alm das hipteses de inelegibilidade relacionadas na Constituio, outras podero ser criadas, por lei complementar, para a preservao dos seguintes valores:

Probidade administrativa e moralidade administrativa, tendo em vista a vida pregressa do candidato: tal previso objetiva a proteo/preservao do mandato eletivo. Para proteger a normalidade e a legitimidade das eleies contra o abuso do poder econmico e poltico.Nesse contexto, foi editada a LC 135/10 (Lei da Ficha Limpa), que probe o registro de candidatura daqueles candidatos que j tenham sido condenados por rgo colegiado, ainda que a deciso no tenha transitado em julgado. Essa proibio ensejou discusso sobre a possvel violao ao princpio constitucional da presuno de inocncia. Conflito: presuno de inocncia x preservao do mandato. O STF entendeu que deve prevalecer a preservao do mandato, consignando que impedir a candidatura de pessoas que tiverem problemas com a justia em sua vida pregressa no implica em sano ou penalidade, mas apenas em restrio a direitos polticos, o que necessrio para a garantia de soberania do pas.5) Princpio federativo:

Previso: art. 1, CF/88.Art. 1, CF/88. A Repblica Federativa do Brasil, formada pela unio indissolvel dos Estados e Municpios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrtico de Direito e tem como fundamentos: (...).O Brasil uma federao. A essncia de uma federao a inexistncia de hierarquia entre as pessoas que a integram. No h hierarquia, mas campos distintos de atuao.

O art. 22, CF/88 estabelece s matrias de competncia privativa da Unio. O art. 22, nico, CF/88 permite que a Unio, caso queira, delegue algumas de suas competncias aos Estados ou ao Distrito Eleitoral.

Art. 22, I, CF/88: estabelece que compete privativamente Unio legislar sobre Direito Eleitoral. Toda a legislao eleitoral editada pela Unio. Estados e Municpios esto proibidos de legislar em matria eleitoral. Assim, pelo princpio federativo, apenas a Unio pode legislar em matria eleitoral.Direitos Polticos

1) Definio:

Direitos polticos: o conjunto de regras que disciplina a forma de atuao da soberania popular (princpio democrtico).

A soberania popular pode ser exercida das seguintes formas:

1. Democracia direta: o povo exerce a democracia diretamente, sem intermedirios. Art. 14, CF/88: prev os instrumentos que viabilizam o exerccio da soberania popular. So eles:

a) Sufrgio: o direito pblico subjetivo atribudo ao cidado de participar da vida poltica do pas. O sufrgio se traduz no direito de votar e de ser votado. O sufrgio, no Brasil, universal. Assim, em regra, o voto um direito atribudo a toda a populao, com exceo das restries feitas pela prpria Constituio. No Brasil, o voto j foi censitrio no passado, exigindo a comprovao de renda. A mulher s passou a ter direito a voto a partir de 1934. O alistamento eleitoral e o voto so obrigatrios para aqueles que tenham entre 18 (dezoito) e 70 (setenta) anos. O voto facultativo para os menores entre 16 (dezesseis) e 18 (dezoito) anos e para os maiores de 70 (setenta) anos, bem como para os analfabetos. Se o cidado deixar de votar em 3 (trs) eleies consecutivas, poder, entre outras consequncias, ter o seu alistamento eleitoral cancelado e ser impedido de participar de concursos pblicos, nos termos do art. 71, Lei 4.737/65 (Cdigo Eleitoral). Para a legislao eleitoral, cada turno considerado uma eleio.b) Voto: um dos instrumentos atravs dos quais se manifesta o sufrgio. Em regra, o voto direto e secreto. Exceo: as eleies sero indiretas na hiptese prevista no art. 81, 1, CF/88. Se, no 2 (segundo) perodo do mandato presidencial, ou seja, nos ltimos 2 (dois) anos do mandato, vagarem os cargos de Presidente e Vice-Presidente da Repblica, a eleio ser feita de forma indireta, para o restante do mandato (mandato tampo), pelo Congresso Nacional, na forma da lei. Essa lei ainda no foi editada. Caso: em 1992, no segundo perodo do mandato presidencial, o Presidente Collor foi condenado pelo Congresso Nacional pela prtica de crime de responsabilidade; deveria assumir o Vice-Presidente, Itamar Franco, que se recusou a faz-lo para no ficar impedido de se candidatar s eleies de 1994; ao final, foi convencido a assumir, no tendo sido realizadas eleies indiretas em mbito federal.

c) Plebiscito: forma de consulta direta populao em carter originrio, isto , a populao consultada diretamente para que decida sobre matria em relao a qual inexiste deliberao anterior. Ex.: plebiscito para optar entre monarquia x repblica e parlamentarismo x presidencialismo (art. 2, ADCT), plebiscito populao do Par para deliberar sobre a diviso do Estado, etc.d) Referendo: forma de consulta direta populao em que esta chamada a confirmar/ratificar matria em relao a qual j existe deliberao anterior. Ex.: referendo sobre o desarmamento.e) Iniciativa popular: o povo pode, diretamente, sem qualquer intermedirio, elaborar projeto de lei. Trata-se de avano trazido pela Constituio, eis que permite populao suprir a omisso legislativa na regulamentao das normas constitucionais de eficcia limitada. Art. 61, 2, CF/88: estabelece as exigncias para a iniciativa popular. So elas: Subscrio do projeto de lei por, no mnimo, 1% (um por cento) do eleitorado nacional.

Eleitorado distribudo pelo menos por 5 (cinco) Estados.

No menos de 3/10% (trs dcimos por cento) dos eleitores de cada um deles.

Essas exigncias so para que o projeto de lei possa ser apresentado Cmara dos Deputados, que pode ou no aprov-lo. Em razo da dificuldade de preenchimentos das exigncias, apenas 2 (duas) leis foram oriundas de iniciativa popular: LC 135/10 (Lei da Ficha Limpa) e lei que criou o art. 41-A, Lei 9.504/97 (Lei das Eleies), que tornou crime a tentativa de obteno de voto mediante o oferecimento de vantagem para o eleitor. Outros projetos de iniciativa popular no obtiveram quorum, como foi o caso do projeto encabeado por Glria Perez. Atualmente, o projeto de lei de iniciativa popular no foi acidente, que visa aumentar as penas dos crimes de trnsito, est tentando obter as assinaturas necessrias para a apresentao Cmara dos Deputados.2. Democracia representativa: exercida por meio de representantes eleitos.2) Condies de elegibilidade:Art. 14, 3, CF/88: estabelece as condies de elegibilidade, na forma da lei. Trata-se de norma de eficcia contida, que admite ampliao por meio de disposio legal. Assim, alm das condies de elegibilidade previstas no art. 14, 3, CF/88, a Constituio admitiu que outras fossem criadas pelo legislador infraconstitucional.Lei 9.504/97: Lei das Eleies. Nos arts. 9 e 11, Lei 9.504/97, disciplinou a matria relativa s condies de elegibilidade.Pela Lei 9.504/97, foram criadas algumas exigncias no previstas pela Constituio, bem como foram especificadas outras exigncias j previstas.

So condies de elegibilidade constitucionais:1. Ser brasileiro. Os estrangeiros no podem se candidatar a mandato eletivo. No entanto, vale lembrar que os estrangeiros podem prestar concurso pblico para cargos e empregos pblicos, nos termos do art. 37, I, CF/88. O estrangeiro que se naturaliza deixa de ser estrangeiro e ganha um vnculo jurdico com o Brasil (brasileiro naturalizado). Nesse caso, poder se candidatar a mandato eletivo, mas no a todos. H certos cargos, previstos no art. 12, 3, CF/88, que no privativos de brasileiros natos. So privativos de brasileiro nato os cargos de:

a) Presidente e Vice-Presidente da Repblica.b) Presidente da Cmara dos Deputados.c) Presidente do Senado Federal.d) Ministro do Supremo Tribunal Federal.e) Carreira diplomtica.f) Oficial das Foras Armadas.

g) Ministro de Estado da Defesa.Art. 12, 3, incisos I, II, III e IV, CF/88: trata-se da linha sucessria da Presidncia da Repblica.2. Encontrar-se no pleno exerccio dos direitos polticos, isto , possuir capacidade para votar e para ser votado. Os requisitos de elegibilidade devem ser comprovados no momento do registro da candidatura, e no no momento da posse.

3. Alistamento eleitoral: no momento do registro de candidatura, o interessado deve comprovar que est em dia com a Justia Eleitoral. Alistamento eleitoral: o ato atravs do qual o indivduo se qualifica perante a Justia Eleitoral, devendo comprovar domicilio, dados pessoais, etc. O alistamento eleitoral (assim como o voto) obrigatrio, nos termos do art. 14, 1, CF/88. Se houver irregularidades no alistamento eleitoral (ex.: fornecimento de dados falsos), a pessoa se torna inelegvel. Art. 42 e 71, CE Lei 4.737/65: traz regras envolvendo alistamento eleitoral e cancelamento do alistamento eleitoral. Se o indivduo deixar de votar em 3 (trs) eleies consecutivas, sem justificar sua ausncia nem pagar a multa prevista pela legislao eleitoral, ter cancelado o seu alistamento eleitoral, ficando impedido de se eleger, bem como ficando proibido de participar de concursos pblicos. Para a legislao eleitoral, cada turno de eleio considerado como uma eleio a parte.4. Domiclio eleitoral: mais amplo que o domiclio civil. Para que haja domiclio eleitoral, necessria a comprovao de residncia com carter permanente no local ou a mera comprovao de residncia no local. O domiclio eleitoral deve ser na circunscrio do pleito/eleio (ex.: municipal, estadual ou federal). Prazo: o candidato interessado deve ter domiclio eleitoral na circunscrio do pleito 1 (um) ano antes das eleies, isto , desde o incio de outubro do ano anterior ao pleito. A Constituio no previu prazo, que foi ficado pela Lei 9.504/97. Essa regra busca evitar candidatos paraquedistas. A data das eleies no se confunde com a data do registro de candidatura, que pode se dar at 05 de julho do ano das eleies.5. Filiao partidria: condio de elegibilidade estar filiado a partido poltico. A Constituio probe candidaturas avulsas. Trata-se de instrumento que viabiliza a democracia representativa. Lei 9.096/95: Lei Orgnica dos Partidos Polticos. Prazo: a filiao partidria deve se dar 1 (um) ano antes das eleies. Essa regra busca evitar candidaturas oportunistas. Em 2007, o TSE e o STF decidiram que o mandato eletivo pertence ao partido poltico, e no ao parlamentar que se elegeu. Isso porque o parlamentar s conseguiu se eleger por estar filiado a partido poltico. Regra geral, se o parlamentar eleito resolver mudar de partido, perder o mandato. possvel a mudana de partido sem a perda do mandato em algumas hipteses excepcionais, quando houver justa causa. A pessoa que mudar de partido ou ficar sem partido a menos de 1 (um) ano das eleies se tonar inelegvel.6. Idade mnima: o candidato deve apresentar a idade mnima prevista no art. 14, 3, VI, CF/88.

Cargo:Idade mnima:

Presidente, Vice-Presidente da Repblica e Senador:35 (trinta e cinco) anos.

Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal:30 (trinta) anos.

Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz:21 (vinte e um) anos.

Vereador:18 (dezoito) anos.

Art. 11, 1, Lei 9.504/97: a idade mnima pode ser comprovada at o momento da posse. Trata-se da nica condio de elegibilidade que no precisa ser comprovada no momento do registro da candidatura. A posse, para cargos no Executivo, ocorre em 1 de janeiro do ano seguinte s eleies, ao passo que, para os cargos no Legislativo, ocorre no incio de fevereiro no ano seguinte s eleies.

Todas as demais condies de elegibilidade devem estar preenchidas no momento do registro da candidatura.

So condies de elegibilidade infraconstitucionais (art. 11, 7 e 8, Lei 9.504/97):1. Apresentao da ata da conveno do partido em que o nome do candidato foi escolhido. Deve ser apresentada a ata lavrada na conveno partidria. A conveno partidria ocorre no perodo de 10 a 30 de junho do ano das eleies. Na conveno partidria, o partido poltico decide quem sero seus representantes nas eleies, bem como se haver ou no coligao. As decises tomadas na conveno partidria devem ser reduzidas a termo em ata.

2. Apresentao de declarao de bens: essa exigncia se d para que a Justia Eleitoral saiba o patrimnio do candidato antes da candidatura ao cargo eletivo e depois da conquista do mandato. Se a evoluo patrimonial do candidato for incompatvel com a remunerao do cargo eletivo, isso poder implicar em ato de improbidade administrativa na modalidade enriquecimento ilcito.3. Apresentao de certido de quitao eleitoral. Objetivo: demonstrar que o candidato no tem qualquer pendncia financeira com a Justia Eleitoral (em geral, dbitos oriundos de propaganda vedada, em se tratando de candidato que j se candidatou anteriormente).4. Apresentao de certides criminais. Objetivo: aplicao da Lei da Ficha Limpa, que prev que, havendo deciso condenatria (acrdo) proferida por rgo colegiado, ainda que antes do trnsito julgado, o indivduo se torna inelegvel.

5. Apresentao de fotografia atualizada: essa fotografia aparecer na urna eletrnica (art. 59, 1, Lei 9.504/97).6. Propostas de governo: o candidato deve apresentar suas propostas de governo.

O pedido de registro de candidatura pode ser apresentado at o dia 05 de julho do ano das eleies. Apresentado o pedido, h 2 (duas) opes:

A Justia Eleitoral acolhe o pedido de registro.

A Justia Eleitoral nega o pedido de registro.

Em qualquer hiptese (acolhimento ou no do pedido de registro), possvel o ajuizamento de ao de impugnao de registro de candidatura. Legitimados ativos: partidos polticos, coligaes, Ministrio Pblico, candidatos.

Art. 16-A, Lei 9.504/97: prev a possibilidade de aquele que teve o seu registro de candidatura indeferido pela Justia Eleitoral levar a questo para a apreciao do Judicirio. Assim, possvel colocar a candidatura sub judice. Se o pedido for inicialmente deferido, o candidato poder, at a deciso final, participar da campanha eleitoral, ter seu nome na urna e ser votado.

3) Hipteses de inelegibilidade:

Previso: art. 14, 4 a 8, CF/88.

Art. 14, 9, CF/88: a Constituio admite que outras hipteses de inelegibilidade sejam criadas por lei complementar. Assim o rol constitucional de inelegibilidades meramente exemplificativo. Ex.: a Lei da Ficha Limpa criou novas hipteses de inelegibilidade

Hipteses de inelegibilidade constitucionais:

1. Art. 14, 4, CF/88: so inelegveis os inalistveis e os analfabetos.a) Inalistveis: os inalistveis no podem se qualificar perante a Justia Eleitoral. So inalistveis os estrangeiros e os conscritos (art. 14, 2, CF/88). Conscritos: so aqueles que prestam servio militar obrigatrio.

b) Analfabetos: a alfabetizao exigncia para a candidatura a mandato eletivo. Para fins de comprovao da condio de alfabetizado, o candidato deve preencher declarao com a afirmao de ser alfabetizado, para os fins legais.

2. Art. 14, 5, CF/88: reeleio. Os Prefeitos, os Governadores, o Presidente (cargos no Executivo) e todos aqueles que os tenham substitudo ou sucedido no curso do mandato tero direito a uma nica reeleio. A redao desse dispositivo foi dada pela EC 16/97, que introduziu a possibilidade de reeleio no Brasil. No h limite para as reeleies a mandatos eletivos no Legislativo. No h aposentadoria compulsria aos 70 (setenta) anos para os titulares de mandatos eletivos, que no agentes polticos, e no servidores pblicos. No caso de reeleio, no h necessidade de desincompatibilizao do mandato para concorrer s eleies. Para o professor, isso gera perigoso precedente, constitucionalmente admitido, eis que se admite que o candidato reeleio se utilize da influncia do poder poltico e econmico do mandato.3. Art. 14, 6, CF/88: inelegibilidade para outros cargos. Os Prefeitos, os Governadores e o Presidente, se quiserem se candidatar a outros mandatos (e no reeleio), devero se desincompatibilizar do mandato titularizado at 6 (seis) meses antes das eleies, sob pena de ficarem inelegveis. Como as eleies ocorrem no primeiro domingo do ms de outubro, a desincompatibilizao deve ocorrer at o primeiro domingo do ms de abril. So contraditrias as regras adotadas pela Constituio para a reeleio (desnecessidade de desincompatibilizao) e para a candidatura a outros cargos (necessidade de desincompatibilizao).4. Art. 14, 7, CF/88: inelegibilidade reflexa. Nesse caso, o indivduo no se torna inelegvel por condio pessoal. A inelegibilidade decorre do fato de ser cnjuge ou possuir laos de parentesco com Prefeito, Governador ou Presidente. A inelegibilidade se d na circunscrio em que o cnjuge ou parente titular de mandato eletivo. O objetivo dessa regra evitar que o titular do mandato eletivo use a mquina administrativa em favor de cnjuge ou de parentes. Smula Vinculante 18, STF: a dissoluo da sociedade ou do vnculo conjugal, no curso do mandato, no afasta a inelegibilidade prevista no 7 do artigo 14 da Constituio Federal. Assim, separaes judiciais, ainda que ocorridas antes da campanha eleitoral, no afastam a hiptese de inelegibilidade prevista no art. 14, 7, CF/i88 (inelegibilidade reflexa). Exceo: afasta-se a hiptese de inelegibilidade reflexa se o interessado j for titular de mandato eletivo e candidato reeleio.5. Art. 14, 8, CF/88: militares. O militar alistvel ser elegvel, preenchido o requisito/critrio do tempo de servio. Nem todo militar elegvel, mas apenas aquele que for alistvel. Requisito/critrio do tempo de servio:

a) Se tiver menos de 10 (dez) anos de servio: o militar dever passar para a inatividade.

b) Se tiver mais de 10 (dez) anos de servio: o militar dever ser agregado pela autoridade superior e, se eleito for, passar para a inatividade. A agregao deve ser autorizada pelo superior hierrquico do militar. Nesse caso, o militar continua na ativa, mas fica encostado (ex.: no exerce as funes inerentes ao cargo, no pode constar de lista de promoo, etc.).Arts. 142 e 143, CF/88: o militar no pode estar filiado a partido poltico. Por essa razo, o candidato militar, para fazer constar seu nome na conveno partidria, no precisa comprovar filiao partidria. Trata-se de exceo regra que exige a prvia filiao partidria de 1 (um) ano para fins de candidatura a mandato eletivo.

6. Art. 52, nico, CF/88: prev as sanes que recaem sobre os condenados por crime de responsabilidade, que so 2 (duas), quais sejam, perda do mandato + inabilitao para cargos pblicos pelo prazo de 8 (oito) anos. Assim, a condenao por crime de responsabilidade gera a inelegibilidade pelo prazo de 8 (oito) anos.

Art. 14, 9, CF/88: outras condies de inelegibilidade podero ser criadas, desde que satisfeitas as exigncias relacionadas nesse dispositivo. Assim, o elenco de hipteses de inelegibilidade previsto pela Constituio meramente exemplificativo. Exigncias para a criao de outras hipteses de inelegibilidade:a) Exigncia formal: a criao de outras hipteses de inexigibilidade depende de lei complementar (que demanda quorum de maioria absoluta para aprovao, nos termos do art. 69, CF/88).b) Exigncias materiais: s podero ser criadas novas hipteses de inexigibilidade para preservar as seguintes diretrizes:

Probidade administrativa.

Moralidade administrativa para o exerccio do mandato, tendo em conta a vida pregressa do candidato. Essa previso foi base para a edio da Lei da Ficha Limpa.

Preservao da normalidade e da legitimidade das eleies contra abusos de poder econmico ou poltico. Art. 73 a 78, Lei 9.504/97: estabelece condutas vedadas aos agentes pblicos.

Foram criadas novas hipteses de inelegibilidade pelas seguintes leis complementares:

LC 64/90: Lei das Inelegibilidades.

LC 135/10: Lei da Ficha Limpa. Alterou a LC 64/90 e criou novas hipteses de inelegibilidade.

A possibilidade de criao de novas hipteses de inexigibilidade pautadas na proteo da normalidade e legitimidade das eleies contra a influncia do poder econmico ou o abuso do exerccio de funo, cargo ou emprego na administrao direta ou indireta foi acrescida pela EC 4/94, quando j havia sido editada a LC 64/90. Assim, as hipteses de inexigibilidade com base nessa diretriz s foram criadas pela LC 135/10.A LC 135/10 (Lei da Ficha Limpa) tornou inelegveis aqueles que tenham contra si condenao proferida por rgo colegiado (Tribunal), ainda que sem o trnsito em julgado da sentena.Questionou-se a constitucionalidade da LC 135/10, ao fundamento de que violaria o art. 5, LVII, CF/88, que fixa a presuno de inocncia entre os direitos fundamentais.

Art. 5, LVII, CF/88: ningum ser considerado culpado at o trnsito em julgado de sentena penal condenatria.

Conflito: presuno de inocncia (art. 5, LVII, CF/88) x inelegibilidade para preservar a moralidade no exerccio do mandato (art. 14, 9, CF/88). O STF julgou procedente a LC 135/10, sob os seguintes fundamentos:

A presuno de inocncia no absoluta. A Constituio determina que no pode haver a presuno de culpabilidade. A LC 135/10 no presume culpabilidade, mas apenas torna inelegveis aqueles que tenham contra si condenao proferida por rgo colegiado, ainda que sem o trnsito em julgado.

Questionou-se ainda a possibilidade de aplicao da LC 135/10 s eleies presidenciais de outubro de 2010. No foi possvel a aplicao da LC 135/10 s eleies de outubro/2010, uma vez que entrou em vigor em junho/2010, sob pena de violao ao princpio da segurana das relaes jurdicas em matria eleitoral. Art. 16, CF/88: a legislao que rege as eleies tem que estar aprovada 1 (um) ano antes da sua realizao.

A LC 135/10 tambm ampliou os prazos de inelegibilidade. A LC 64/90 previa prazos de inelegibilidade com durao mdia de 3 (trs) anos.Art. 2, LC 135/10: alterou a redao do art. 1, LC 64/90. Principais prazos de inelegibilidade:

a) Art. 1, I, d, LC 64/90: aquele que tenha sofrido condenao por rgo colegiado, ainda que sem o trnsito em julgado, proferida pela Justia Eleitoral em representao para apurar abuso de poder econmico ou poltico nas eleies, torna-se inelegvel pelo prazo de 8 (oito) anos.b) Art. 1, I, e, LC 64/90: aquele que tenha sofrido condenao penal por rgo colegiado, ainda que sem o trnsito em julgado, torna-se inelegvel pelo prazo de 8 (oito) anos aps o cumprimento da pena.c) Art. 1, I, k, LC 64/90: o parlamentar que tenha contra si representao e renuncia ao mandato torna-se inelegvel pelo prazo de 8 (oito) anos subsequentes ao trmino do mandato. O prazo da inelegibilidade no comea a contar da renncia, mas do trmino do mandato que o parlamentar deveria ter cumprido.d) Art. 1, I, l, LC 64/90: aquele que tenha sido condenado por deciso proferida por rgo colegiado, ainda que sem o trnsito em julgado, por ato doloso de improbidade administrativa, que tenha gerado enriquecimento ilcito ou danos ao errio, fica inelegvel por 8 (oito) anos aps o cumprimento da pena. Art. 12, Lei 8.429/92: fixa as penalidades para os atos de improbidade administrativa. No caso de atos de improbidade que impliquem enriquecimento ilcito, possvel a suspenso dos direitos polticos de 8 (oito) a 10 (dez) anos. J no caso de atos de improbidade que impliquem danos ao errio, possvel a suspenso dos direitos polticos de 5 (cinco) a 8 (oito) anos. Somente aps esse lapso de suspenso dos direitos polticos, isto , depois de cumprida a pena pelo ato de improbidade, que incidir a inelegibilidade prevista na LC 64/90.e) Art. 1, I, q, LC 64/90: tornam-se inelegveis os magistrados e os membros do Ministrio Pblico que forem aposentados compulsoriamente por deciso sancionatria, que tenham perdido o cargo por sentena ou que tenham pedido exonerao ou aposentadoria voluntria na pendncia de processo administrativo disciplinar. A inelegibilidade, nesse caso, tem a durao de 8 (oito) anos.4) Perda ou suspenso dos direitos polticos:Como regra, vedada a cassao de direitos polticos, cuja perda ou suspenso s pode ocorrer nas hipteses relacionadas no art. 15, CF/88.Art. 15, CF/88: vedada a cassao de direitos polticos, cuja perda ou suspenso s se dar nos casos de:

I - cancelamento da naturalizao por sentena transitada em julgado;

II - incapacidade civil absoluta;

III - condenao criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;

IV - recusa de cumprir obrigao a todos imposta ou prestao alternativa, nos termos do artigo 5, VIII;

V - improbidade administrativa, nos termos do artigo 37, 4.

Hipteses de perda ou suspenso dos direitos polticos:

1. Cancelamento de naturalizao. Nesse caso, o indivduo perde o vnculo poltico-jurdico com o pas. Logo, perde tambm os direitos polticos. Art. 12, 4, CF/88: determina o cancelamento da naturalizao por atividade nociva segurana nacional. Art. 12, 4, I, CF/88: ser declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que tiver cancelada sua naturalizao, por sentena judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional.2. Incapacidade civil absoluta. O incapaz no tem capacidade de compreenso em relao ao processo eleitoral, razo pela qual tem seus direitos polticos restritos enquanto perdurar o estado de incapacidade civil absoluta. Trata-se de hiptese de perda ou de suspenso dos direitos polticos? Tal questo polmica, mas tem prevalecido o entendimento de que se trata de hiptese de perda dos direitos polticos.3. Condenao penal, enquanto durarem os seus efeitos. Trata-se de hiptese de suspenso dos direitos polticos. irrelevante que o indivduo tenha ou no se reabilitado ou reparado o dano. Smula 9, TSE: a suspenso de direitos polticos decorrente de condenao criminal transitada em julgado cessa com o cumprimento ou a extino da pena, independendo de reabilitao ou de prova de reparao dos danos.4. Recusa ao cumprimento de obrigao legal a todos imposta ou obrigao alternativa, nos termos previstos em lei. Art. 5, VIII, CF/88: como regra, ningum ser privado de seus direitos em razo de opo religiosa, filosfica ou poltica, salvo (excepcionalmente) se invocar tal opo para se eximir do cumprimento de obrigao legal a todos imposta ou obrigao alternativa, nos termos fixados em lei. Ex.: aquele que se recusa a cumprir o servio militar obrigatrio por razes religiosas deve cumprir prestao alternativa (ex.: prestao de servios filantrpicos), sob pena de suspenso dos direitos polticos. Art. 5, VIII, CF/88: ningum ser privado de direitos por motivo de crena religiosa ou de convico filosfica ou poltica, salvo se as invocar para eximir-se de obrigao legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestao alternativa, fixada em lei.5. Improbidade administrativa: aquele que for condenado por ato de improbidade administrativa fica com os direitos polticos restitos, na forma do art. 37, 4, CF/88. Trata-se de hiptese de suspenso dos direitos polticos. O art. 37, 4, CF/88 prev as seguintes penalidades para os aos de improbidade administrativa: perda da funo, suspenso dos direitos polticos, declarao de indisponibilidade dos bens e ressarcimento dos danos causados ao errio. Art. 37, 4, CF/88: os atos de improbidade administrativa importaro a suspenso dos direitos polticos, a perda da funo pblica, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao errio, na forma e gradao previstas em lei, sem prejuzo da ao penal cabvel.Partidos Polticos

Previso: art. 17, CF/88.1) Importncia:

Os partidos polticos so instrumentos que viabilizam a chamada democracia representativa.

Art. 14, 3, V, CF/88: exige como condio de elegibilidade a filiao partidria, que deve ocorrer pelo menos 1 (um) anos antes das eleies. So vedadas candidaturas avulsas.Em 2007, o TSE e, em seguida, o STF entenderam que o mandato eletivo pertence ao partido poltico, e no ao parlamentar que o titulairza. Assim, como regra, o parlamentar que muda de partido poltico perde o mandato eletivo.

2) Natureza jurdica:

Art. 1, Lei 9.096/95 (Lei Orgnica dos Partidos Polticos): estabelece que os partidos polticos so pessoas jurdicas de Direito Privado (e no de Direito Pblico).

3) Autonomia:

Art. 17, caput, CF/88: os partidos polticos tm autonomia, isto , liberdade para editar os seus atos. Os partidos polticos tm autonomia para:

Criao.

Fuso.

Incorporao.

Coligao.

Extino.

1. Criao: devem ser respeitadas as exigncias de carter formal e material previstas em lei (art. 17, 2, CF/88):

a) Requisitos formais: os partidos polticos, sendo pessoas jurdicas de Direito Privado, so criados na forma da lei civil, exigindo-se a aprovao e o registro dos estatutos sociais. Alm disso, necessrio o registro no TSE. Sem registro no TSE, o partido existe, mas no pode participar das eleies. O registro no TSE deve ocorrer no mnimo 1 (um) ano antes das eleies, eis que condio de elegibilidade a filiao prvia a partido poltico, com pelo menos 1 (um) ano de antecedncia.b) Requisitos materiais: o estatuto do partido poltico deve respeitar o disposto no art. 17, caput, CF/88, que determina o respeito a:

Soberania nacional: o partido poltico no pode ser financiado por recursos estrangeiros, oriundos de governos ou de entidades no governamentais, sob pena de comprometimento da soberania nacional.

Regime democrtico.

Direitos fundamentais. Pluripartidarismo. Carter nacional.

2. Fuso: processo atravs do qual um partido poltico decide se juntar com outro em carter permanente, surgindo dessa juno uma terceira agremiao. O Poder Pblico no pode intervir nesse processo. Ex.: A + B = C.3. Incorporao: processo atravs do qual um partido poltico decide se unir a outro, em carter permanente, sendo incorporado por ele. Ex.: A + B = B4. Coligao: processo atravs do qual um partido poltico decide se unir a outro, em carter temporrio (e no permanente), com o objetivo de participao conjunta em campanhas eleitorais. Os partidos polticos deliberam sobre as coligaes no momento de realizao das convenes partidrias. As convenes partidrias ocorrem no perodo de 10 a 30 de junho do ano das eleies. As coligaes podem ocorrer para cargos no Executivo, no Legislativo ou em ambos. A principal consequncia da coligao diz respeito ao tempo de exposio no horrio eleitoral gratuito.Se os rgos nacionais do partido poltico decidem por dada coligao, a instncia estadual obrigada a reproduzir referida coligao? Verticalizao das coligaes: consiste no cumprimento obrigatrio das coligaes nacionais pelas coligaes estaduais e municipais. Essa obrigatoriedade engessa a poltica local. Art. 17, 1, CF/88: redao dada pela EC 52/06. Dispe que assegurado aos partidos polticos autonomia para definir sua estrutura interna, organizao e funcionamento e para adotar os critrios de escolha e o regime de suas coligaes eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculao entre as candidaturas em mbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo os seus estatutos estabelecer normas sobre disciplina e fidelidade partidria. A partir da EC 52/06, foi extinta a obrigatoriedade de idntica coligao nas esferas federal, estadual, distrital e municipal. Foi extinta a regra da verticalizao das coligaes, existente at ento, sendo possvel que as coligaes sejam fixadas em respeito s peculiaridades locais. A EC 52/06 foi aprovada em maro/2006, sendo que ocorreriam eleies presidenciais em outubro/2006. STF: decidiu que a EC 52/06 era vlida, mas no poderia ser aplicada s eleies de outubro/2006, sob pena de leso ao princpio da segurana jurdica em matria eleitoral, consagrado pelo art. 16, CF/88, que exige que a legislao eleitoral esteja aprovada ao menos 1 (um) ano antes das eleies.Art. 17, 1, CF/88: assegurada aos partidos polticos autonomia para definir sua estrutura interna, organizao e funcionamento e para adotar os critrios de escolha e o regime de suas coligaes eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculao entre as candidaturas em mbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidria.5. Extino: paras serem extintos, os partidos polticos precisam dar baixa em seus registros no TSE, bem no registro de seus estatutos sociais, na forma da lei civil.4) Fidelidade partidria:

Os estatutos dos partidos polticos devem estabelecer normas sobre disciplina e fidelidade partidria. Tal previso est contida na Constituio desde sua redao originria.

Em 2007, o TSE (abril/2007) e o STF (outubro/2007) decidiram que o mandato eletivo pertence ao partido poltico, e no ao parlamentar. Assim, como regra geral, o parlamentar que muda de partido perde o seu mandato. Alguns sustentaram que o TSE e o STF estariam decidindo contra a Constituio, uma vez que as hipteses de perda do mandato parlamentar seriam somente aquelas previstas no art. 55, CF/88. O TSE e o STF, contudo, no alteraram seu posicionamento.

Para disciplinar o tema, o TSE editou, em outubro/2007, a Resoluo 22.610, que esclarece que, excepcionalmente, o parlamentar que mudar de partido no perder o mandato, desde que haja justa causa para a mudana. So hipteses de justa causa:

1. Incorporao ou fuso do partido poltico. Se houver a incorporao ou a fuso do partido poltico, o parlamentar pode mudar de partido, sem que isso implique na perda do mandato eletivo.2. Criao de um novo partido poltico. O parlamentar pode sair do partido em que se encontra para criar outro partido, sem que isso implique na perda do mandato eletivo.3. Mudana no programa do partido. Se forem alterados os princpios do partido, o parlamentar pode mudar de partido, sem que isso implique na perda do mandato eletivo.4. Configurao de grave discriminao pessoal. Ex.: Clodovil se desfiliou do partido poltico pelo qual se elegeu alegando sofrer discriminao em virtude de sua opo sexual, o que foi acolhido pelo STF.A Resoluo TSE 22.610/07 no previu como justa causa a coligao, eis que esta uma unio temporria, para determinada eleio, e no permanente (tal como ocorre com a fuso e a incorporao).

Justia EleitoralComposio:Competncias:Durao do mandato:Decises:

STF:11 ministros (art. 101, CF/88).Art. 102, CF/88: competncias originrias e recursais.No tem prazo determinado (vitaliciedade), respeitados os limites mnimo (35 anos) e mximo de idade (70 anos). Mandato mximo: 35 anos. Mandato mnimo: 5 anos.No. As decises do STF no comportam recurso para outra instncia.

TSE (art. 119, CF/88):No mnimo 7 ministros, sendo: 3 oriundos do STF (Presidncia e Vice-Presidncia) + 2 oriundos do STJ (Corregedoria Geral) + 2 advogados (indicados pelo STF e nomeados pelo Presidente da Repblica).Arts. 22 e 23, Lei 4.737/65 (Cdigo Eleitoral): competncias jurisdicionais originrias e recursais.Competncias administrativas: registro de partidos polticos (art. 17, 2, CF/88), edio de resolues e edio de smulas.Art. 121, 2, CF/88: o mandato tem prazo de 2 (dois) anos, prorrogvel uma vez por igual perodo.Art. 121, 3, CF/88: como regra, as decises do TSE so irrecorrveis. Excepcionalmente, cabvel recurso para o STF quando as decises proferidas pelo TSE contrariarem a Constituio ou forem denegatrias de mandado de segurana ou habeas corpus.

TRE (art. 120, CF/88):7 (sete) ministros, sendo: 2 desembargadores indicados pelo TJ + 2 juzes indicados pelo TJ + 1 desembargador do TRF + 2 advogados (indicados pelo Tribunal de Justia e nomeados pelo Presidente da Repblica).Arts. 29 e 30, Lei 4.737/65 (Cdigo Eleitoral): competncias jurisdicionais originrias e recursais.

Competncias administrativas: registro de diretrios partidrios e resposta de consultas em matria eleitoral.Art. 121, 2, CF/88: o mandato tem prazo de 2 (dois) anos, prorrogvel uma vez por igual perodo.Art. 121, 4, CF/88: como regra, as decises do TRE so irrecorrveis. Excepcionalmente, cabvel recurso para o TSE nas seguintes hipteses: quando a deciso for proferida contra a Constituio ou a lei; quando houver divergncia entre 2 ou mais Tribunais; quando a deciso versar sobre inelegibilidade, expedio ou anulao do diploma ou perda do mandato; e quando a deciso for denegatria de mandado de segurana, habeas corpus, habeas data ou mandado de injuno.

Juiz eleitoral:Juiz singular.Art. 35, Lei 4.737/65 (Cdigo Eleitoral): o juiz eleitoral competncias jurisdicionais e administrativas.Art. 121, 2, CF/88: o mandato tem prazo de 2 (dois) anos, prorrogvel uma vez por igual perodo.Em regra, as decises proferidas pelo juiz eleitoral so recorrveis, sendo o recurso dirigido ao TRE.

Juntas eleitorais:1 juiz eleitoral + 2 ou 4 cidados, indicados pelo prprio juiz e nomeados pelo TRE 60 dias antes das eleies.Art. 40, Lei 4.737/65 (Cdigo Eleitoral): em regra, as juntas eleitorais atuam na apurao das eleies.1 (uma) eleio.As decises proferidas pelas Juntas eleitorais so recorrveis, sendo o recurso dirigido ao TRE, nos termos do art. 265, Lei 4.737/65 (Cdigo Eleitoral).

1. STF: no rgo especfico da Justia Eleitoral. o rgo de cpula do Judicirio. Art. 101, CF/88: o STF composto por 11 (onze) ministros, nomeados pelo Presidente da Repblica, devendo a indicao passar pelo crivo do Senado Federal. Requisitos: ter entre 35 (trinta e cinco) e 65 (sessenta e cinco) anos + notvel saber jurdico + reputao ilibada. No requisito que o indicado integre a estrutura do Poder Judicirio. Compete ao STF, precipuamente, a guarda da Constituio (art. 102, CF/88). Por essa razo, o STF s aprecia questes que envolvam matria constitucional, exigindo-se, para a anlise dos recursos, prequestionamento + repercusso geral. O STF no avalia questes de cunho eminentemente individual. A aposentadoria dos ministros do STF se d compulsoriamente aos 70 (setenta) anos. As decises do STF no comportam recurso para outra instncia. Mas, dentro do STF, possvel a propositura de recursos.O mandato dos ministros do STF no tem prazo determinado (vitaliciedade), respeitados os limites mnimo (35 anos) e mximo de idade (70 anos). Assim, o mandato mximo de 35 (trinta e cinco) anos, ao passo que o mandato mnimo de 5 (cinco) anos.

2. TSE: art. 119, CF/88. O TSE composto por, no mnimo, 7 (sete) ministros, sendo:

3 (trs) oriundos do STF. Os ministros do STF ocupam os cargos de Presidncia e a Vice-Presidncia do TSE

2 (dois) oriundos do STJ. Um dos ministros do STJ ocupa o cargo de Corregedoria Geral do TSE.

2 (dois) advogados indicados pelo STF e nomeados pelo Presidente da Repblica. A OAB no participa do processo de escolha desses advogados.

As competncias do TSE esto previstas nos arts. 22 e 23, Lei 4.737/65 (Cdigo Eleitoral). O TSE possui competncias jurisdicionais originrias e competncias recursais. O TSE tambm dotado de competncias administrativas. Ex.: registro de partidos polticos (art. 17, 2, CF/88), edio de resolues e edio de smulas.

Os mandatos dos integrantes do TSE tm prazo de 2 (dois) anos, prorrogvel uma vez por igual perodo (art. 121, 2, CF/88).

Art. 121, 3, CF/88: como regra, as decises do TSE so irrecorrveis. Excepcionalmente, cabvel recurso para o STF quando as decises proferidas pelo TSE contrariarem a Constituio ou forem denegatrias de mandado de segurana ou habeas corpus. Observao: no cabe recurso contra as decises do TSE concessivas de mandado de segurana.

3. TRE: art. 120, CF/88. O TRE composto por 7 (sete) ministros. A alterao desse nmero pressupe emenda constitucional. Integrantes do TRE:

2 (dois) desembargadores indicados pelo Tribunal de Justia, atravs de deciso proferida pelo rgo especial. 2 (dois) juzes indicados pelo Tribunal de Justia.

1 (um) desembargador do TRF, eleito pelos seus pares.

2 (dois) advogados indicados pelo Tribunal de Justia e nomeados pelo Presidente da Repblica. A OAB no participa da escolha desses advogados.As competncias do TRE esto previstas nos arts. 29 e 30, Lei 4.737/65 (Cdigo Eleitoral). O TRE possui competncias jurisdicionais originrias e competncias recursais. O TRE tambm dotado de competncias administrativas. Ex.: registro de diretrios partidrios e resposta de consultas em matria eleitoral.

Os mandatos dos integrantes do TRE tm prazo de 2 (dois) anos, prorrogvel uma vez por igual perodo (art. 121, 2, CF/88). Mandato mximo: 4 (quatro) anos.Art. 121, 4, CF/88: como regra, as decises do TRE so irrecorrveis. Excepcionalmente, cabvel recurso para o TSE (instncia superior) nas seguintes hipteses:

Quando a deciso for proferida contra a Constituio ou a lei.

Quando houver divergncia entre 2 (dois) ou mais Tribunais. No cabe recurso para o TSE quando houver divergncia apenas no prprio Tribunal (TRE).

Quando a deciso versar sobre inelegibilidade, expedio ou anulao do diploma ou perda do mandato. Diploma: o ato atravs do qual a Justia Eleitoral confirma o resultado das eleies. Em regra, a diplomao ocorre na 2 (segunda) quinzena do ms de dezembro. A diplomao s ocorre se as contas do candidato tiverem sido aprovadas. Quando a deciso for denegatria de mandado de segurana, habeas corpus, habeas data ou mandado de injuno. Observao: no cabe recurso contra as decises do TRE concessivas, mas apenas denegatrias.4. Juiz eleitoral: o juiz singular. Art. 35, Lei 4.737/65 (Cdigo Eleitoral): o juiz eleitoral competncias jurisdicionais e administrativas. ele que dirige/comanda todo o processo eleitoral. Ex.: cabe ao juiz eleitoral deferir ou no registros de candidatura, tomar decises sobre a campanha eleitoral, etc. O juiz eleitoral tem mandato de 2 (dois) anos, prorrogvel uma vez por igual perodo (art. 121, 2, CF/88). Em regra, as decises proferidas pelo juiz eleitoral so recorrveis, sendo o recurso dirigido ao TRE.

5. Juntas eleitorais: so compostas por 1 (um) juiz eleitoral + 2 (dois) ou 4 (quatro) cidados, indicados pelo prprio juiz e nomeados pelo TRE 60 (sessenta) dias antes das eleies. Competncias: art. 40, Lei 4.737/65 (Cdigo Eleitoral). Em regra, as juntas eleitorais atuam na apurao das eleies. Ex.: emisso de boletins eleitorais, fiscalizao da apurao das urnas, etc. Durao do mandato: os integrantes das juntas eleitorais tm mandato com durao de 1 (uma) eleio. As decises proferidas pelas Juntas eleitorais so recorrveis, sendo o recurso dirigido ao TRE, nos termos do art. 265, Lei 4.737/65 (Cdigo Eleitoral).

Ministrio Pblico Eleitoral (MPE)A atuao do MP na rea eleitoral visa preservar os interesses da coletividade.

1) Competncias:

LC 75/93: o objetivo maior do MP no mbito eleitoral garantir a normalidade e a legitimidade das eleies.

2) Extenso:

O MP tem competncias na rea civil e na rea penal.

a) Competncias civis: o MP tem legitimidade para propor todas as aes eleitorais. Exemplos: Ao de impugnao de registro de candidatura (AIRC): busca combater registros de candidatura indevidamente deferidos a candidatos que no preencham os requisitos para tanto.

Ao de investigao judicial eleitoral (AIJE): busca combater irregularidades praticadas durante a campanha por fora de abuso de poder econmico ou poltico. Ao de impugnao de mandato eletivo (AIME): busca impugnar o mandato eletivo conquistado mediante alguma irregularidade

Representaes eleitorais: o MP tem competncia para propor representaes perante a Justia Eleitoral pela prtica de irregularidades durante a campanha. A representao eleitoral utilizada de forma residual, quando no houver nenhuma ao especfica para combater a irregularidade praticada.

b) Competncias penais: os crimes eleitorais comportam ao penal pblica incondicionada.

3) Princpios:

Aplicam-se ao MPE os mesmos princpios informadores da carreira do MP, quais sejam:

1. Unidade: todos os integrantes do MP formam um corpo nico, dotado das mesmas prerrogativas.

2. Indivisibilidade: possvel a substituio de membros do MP no curso de um processo.3. Independncia funcional: autonomia atribuda aos integrantes do MP para que possam tomar suas decises.

4) Mandato:

O membro do MPE tem mandato de 2 (dois) anos, prorrogveis uma vez por igual perodo. Aplica-se, por analogia (os membros do MP no so integrantes do Judicirio), o art. 121, 2, CF/88.

5) Garantias:

Os integrantes do MPE gozam das mesmas garantias conferidas aos membros do MP, previstas no art. 128, 5, CF/88, a saber:

1. Vitaliciedade.

2. Inamovibilidade: como regra, os membros do MP no podem ser deslocados do local onde exercem suas atribuies, salvo razes de interesse pblico, devidamente comprovadas.3. Irredutibilidade de subsdios: os membros do MP so remunerados por subsdio.6) Impedimentos:

Os impedimentos aplicveis aos membros do MPE esto previstos no art. 128, 5, CF/88. Os membros do MP no podem:

1. Receber vantagens nos processos em que atuam.

2. Exercer a advocacia.3. Participar de sociedade comercial.4. Acumular o cargo que exercem com outro, exceto 1 (um) de magistrio.5. Participar de atividade poltico-partidria. Trata-se de vedao especfica, aplicada apenas aos membros do MPE. A vedao se estende a qualquer atividade relacionada campanha eleitoral.Lei das Eleies (Lei 9.504/97)

1) Convenes partidrias:a) Definio: convenes partidrias so rgos de deliberao dos partidos.

b) Perodo: as convenes partidrias devem ser realizadas no perodo que vai de 10 (dez) a 30 (trinta) de junho do ano de realizao das eleies.c) Contedo: nas convenes partidrias, os partidos:

Escolhem os seus representantes. Deliberam/decidem acerca da formao ou no de coligaes, com quais partidos e para quais cargos. possvel que a coligao se d apenas para cargos do Executivo, apenas para cargos do Legislativo ou para ambos. As coligaes no precisam respeitar a regra da verticalizao, nos termos da redao atual do art. 17, 1, CF/88.d) Propaganda: como regra, a propaganda eleitoral s possvel a partir do trmino do registro das candidaturas, que vai at o dia 5 (cinco) de junho do ano das eleies. Assim, a campanha eleitoral se inicia a partir do dia 6 (seis) do ano das eleies, nos termos do art. 36, caput, Lei 9.504/97. Exceo: admite-se a propaganda realizada pelo postulante candidatura a cargo eletivo nos 15 (quinze) dias anteriores conveno partidria, nos termos do art. 36, 1, Lei 9.504/97. S admitida, nesse caso, a propaganda eleitoral intrapartidria, sendo vedada a propaganda atravs de outdoors, rdio, televiso e outros meios externos. Deve ser feita propaganda direta, voltada apenas queles que tm poder de deciso na conveno partidria (sob pena de configurao de propaganda eleitoral antecipada e irregular).

e) Decises: as decises tomadas pelas convenes partidrias devem ser reduzidas a termo atravs de uma ata. O candidato escolhido na conveno partidria para representar o partido deve apresentar a ata da conveno no momento do registro da candidatura.

f) Local: as convenes partidrias podem ocorrer em local pblico. a nica hiptese em que possvel a cesso de bens pblicos, desde que tal cesso seja estendida a todos os partidos.

O postulante que teve seu nome aprovado na conveno partidria ainda no candidato, eis que ainda precisa obter o registro de sua candidatura.Encerrada a conveno partidria, com a escolha dos representantes do partido e das eventuais coligaes, necessrio obter o registro das candidaturas.2) Registro das candidaturas:

Somente podem registrar sua candidatura aqueles que tiveram seus nomes aprovados na conveno partidria.

Para que o registro de candidatura seja deferido, necessrio o preenchimento das exigncias constitucionais e legais:

a) Exigncias constitucionais: art. 14, 3, CF/88. So condies de elegibilidade: ser brasileiro + pleno exerccio dos direitos polticos + alistamento eleitoral (qualificao pela Justia Eleitoral) + domiclio eleitoral na circunscrio + filiao partidria + idade mnima de:

35 (trinta e cinco) anos para Presidente e Vice-Presidente da Repblica e Senador. 30 (trinta) anos para Governador. 21 (vinte e um) anos para Deputado Federal, Deputado Estadual e Prefeito. 18 (dezoito) anos para Vereador.

As condies de elegibilidade devem ser comprovadas no momento do registro da candidatura, exceto a idade, que pode ser comprovada at a data da posse.

b) Exigncias legais: esto previstas no art. 11, Lei 9.504/97. So elas: Apresentao de certido de quitao eleitoral. Apresentao de certides criminais (para fins de aplicao da Lei da Ficha Limpa).

Apresentao da ata da conveno partidria em que o nome do candidato foi escolhido.

Apresentao de declarao de bens.

Outras exigncias previstas no art. 11, Lei 9.504/97.

c) Momento: o registro de candidatura pode ser requerido at as 19:00 horas do dia 5 (cinco) de julho do ano das eleies (data limite), nos termos do art. 11, Lei 9.504/97.

d) Competncia:

Eleies para Prefeito e Vereador: as exigncias devero ser apresentadas perante o juiz eleitoral de 1 (primeira) instncia.

Eleies para Senador, Deputado e Governador: as exigncias devero ser apresentadas perante o TRE.

Eleies para Presidente e Vice-Presidente da Repblica: as exigncias devero ser apresentadas perante o TSE.

e) Impugnao: se a Justia Eleitoral deferir o pedido de registro de candidatura, h a possibilidade de impugnao, na forma do art. 3, LC 64/90. Legitimidade ativa: partidos, coligaes, candidatos e Ministrio Pblico. A impugnao deve se dar por meio do ajuizamento de AIRC (Ao de Impugnao de Registro de Candidatura), que segue o rito previsto na LC 64/90.

f) Sub judice: se o pedido de candidatura no for acolhido pela Justia Eleitoral, por ser colocado sub judice, permitindo que o aspirante a candidato participe de toda a campanha eleitoral, que seu nome aparea na urna eletrnica e que ele possa ser votado. o que dispe o art. 16-A, Lei 9.504/97.

3) Campanha eleitoral:

Perodo: a campanha eleitoral se desenvolve do dia 06 de julho data das eleies, que ocorrem no 1 (primeiro) domingo do ms de outubro, nos termos no art. 77, CF/88.

1. Questo financeira: relaciona-se com a origem e a destinao dos recursos.a) Requisitos: so requisitos para o incio da campanha no campo financeiro (Lei 9.504/97):

Constituio e registro de comit financeiro pelo candidato. O comit financeiro o rgo responsvel, juntamente com o candidato, pela prestao de informaes Justia Eleitoral acerca da movimentao financeira da campanha.

Abertura de uma conta bancria eleitoral (especfica). O candidato no pode utilizar a conta bancria pessoal para fins de movimentao financeira da campanha. A instituio bancria no pode se recusar a abrir a conta bancria eleitoral. Todas as movimentaes financeiras da campanha sero feitas por cheques. Objetivo: facilitar a fiscalizao por parte da Justia Eleitoral. Emisso de talonrio eleitoral. Cada movimentao financeira da campanha gera um registro no talonrio eleitoral. Objetivo: facilitar a fiscalizao por parte da Justia Eleitoral.b) Origem dos recursos: no podem financiar campanhas eleitorais: Administrao Pblica: no pode financiar campanhas eleitorais, seja atravs de rgos (Administrao direta: ministrios, secretarias subprefeituras), seja atravs de pessoas (Administrao indireta: autarquias, fundaes, empresas pblicas, sociedades de economia mista). So vedados recursos pblicos. Concessionrios e permissionrios de servios pblicos.

PPPs (parcerias pblico-privadas): os parceiros recebem recursos do Poder Pblico, razo pela qual o financiamento de campanhas eleitorais implicaria em financiamento indireto pelo Poder Pblico.

Governos ou entidades estrangeiras. Entidades religiosas. vedada a propaganda eleitoral em templos religiosos.

Entidades esportivas. O clube esportivo no pode financiar campanhas eleitorais.

Entidades de sindicais e entidades classe: tambm no podem financiar campanhas eleitorais.

c) Destinao: arts. 24 e 26, Lei 9.504/97. Os recursos adquiridos durante a campanha podem ser utilizados para:

Locao de bens (ex.: instalao de comit eleitoral).

Pagamento de profissionais que atuem na campanha (ex.: prestadores de servios, publicitrios, advogados, etc.).

Aquisio de carros de som.

Aquisio de materiais de campanha. Elaborao de programas eleitorais nos meios de comunicao (horrio eleitoral gratuito).

2. Direito de resposta: art. 58, Lei 9.504/97.

a) Incio: o direito de resposta tem incio a partir da escolha dos candidatos na conveno. A lei cometeu um equvoco, eis que, quando da conveno, ainda no h candidato, mas mero candidato a candidato.b) Legitimidade: aqueles que participam efetivamente da campanha eleitoral, a saber, candidatos, partidos e coligaes. possvel que aqueles que foram atingidos, mas no participam da campanha, busquem o direito de resposta, mas com fundamento no art. 5, V, CF/88, e no no art. 58, Lei 9.504/97.c) Competncia: Justia Eleitoral. No caso de pessoas que no participam da campanha, a competncia ser da Justia Comum.

d) Fato gerador: ser atingido por pensamento, conceito ou imagem caluniosa, difamatria ou injuriosa.

e) Prazos: so contados em horas e, durante a campanha eleitoral, tambm so computados aos finais de semana. Prazo para:

i. Pedido:

Se a ofensa for praticada no horrio eleitoral gratuito, o prazo ser de 24 (vinte e quatro) horas. Termo inicial: o prazo computado da prtica da ofensa, e no da cincia dela.

Se a ofensa for praticada durante a programao normal das emissoras de rdio e televiso, o prazo ser de 48 (quarenta e oito) horas. Se a ofensa for praticada na imprensa escrita, o prazo ser de 72 (setenta e duas) horas. Termo inicial: veiculao do escrito.ii. Aceito o pedido pela Justia Eleitoral, haver contraditrio. Aquele acusado da ofensa ter o prazo de 24 (vinte e quatro) horas para a apresentao da sua defesa.

iii. Apresentada a defesa, a Justia Eleitoral ter o prazo de 72 (setenta e duas) horas para proferir a sua deciso.

3. Propaganda eleitoral:a) Incio: art. 36, Lei 9.504/97. Regra geral, a propaganda eleitoral se d a partir do dia 06 de julho do ano das eleies. Qualquer propaganda realizada antes do incio desse prazo ser considerada intempestiva e, portanto, ilegal. Excepcionalmente, possvel a realizao de propaganda antes desse prazo na seguinte hiptese: admite-se propaganda nos 15 (quinze) dias anteriores data marcada para a realizao das convenes partidrias, que ocorrem entre os dias 10 e 30 de junho do ano das eleies, desde que se trate de propaganda exclusivamente intrapartidria, voltada apenas para aqueles que tero direito a voto nas convenes partidrias.b) Comcio: art. 39, Lei 9.504/97. admitida a realizao de comcio, no havendo necessidade de autorizao do Poder Pblico, embora seja exigido aviso prvio para fins de prevenir responsabilidades (no que diz respeito a segurana e trnsito). Limite de horrio: os comcios podem ser realizados de 08:00h a 24:00h.c) Bens pblicos: art. 37, Lei 9.504/97. proibida a realizao de propaganda em bens pblicos (arts. 98 e ss., CC/02: so bens pbicos os bens de uso comum, os bens de uso especial e os bens dominicais). Ex.: viadutos, passarelas, semforos, etc.d) Bens de uso comum: art. 37, 4, Lei 9.504/97. A legislao eleitoral considera bens de uso comum determinados bens que, em tese, seriam particulares, vedando a realizao de propaganda eleitoral. Ex.: centros comerciais, estdios (ainda que particulares), cinemas, teatros, casas de espetculo, templos religiosos, etc.

e) Carros de som: art. 39, 3, Lei 9.504/97. A propaganda por carros de som permitida, desde que respeitados os limites traados em lei.

Limite de horrio: de 08:00h a 22:00h.

Limite geogrfico: a propaganda com carro de som no pode ser feita a menos de 200 (duzentos) metros dos locais indicados em lei. Ex.: hospitais, casas de repouso, quartis, bibliotecas, sedes de governo, etc.

f) Outdoor: art. 39, 8, Lei 9.504/97. A lei probe a propaganda atravs de outdoor. Justificativa: a propaganda por meio de outdoor cara e poderia implicar em vantagem para alguns candidatos por razes econmicas.g) Bens particulares: art. 37, Lei 9.504/97. permitida a propaganda em bens particulares, desde que no ultrapasse 4 m (quatro metros quadrados).

h) Imprensa escrita: art. 43, Lei 9.504/97. permita a propaganda por meio da empresa escrita (ex.: jornais, revistas, etc.), desde que observados os limites traados em lei. Limite: no mximo 10 (dez) anncios por veculo de comunicao. Alm disso, o candidato deve demonstrar o valor gasto com as propagandas feitas. Tamanho: a depender do rgo de comunicao, se jornal ou revista, a propaganda dever ter, no mximo, 1/8 (um oitavo) ou 1/4 (um quarto) de pgina.i) Rdio e televiso: art. 45, Lei 9.504/97. permitida a propaganda em rdio e televiso, desde que observados os limites traados em lei. Limites: a partir do dia 01/07, os meios de comunicao passam a enfrentar restries na sua programao normal. No pode haver entrevista com os candidatos ao Poder Legislativo. Por outro lado, pode haver entrevista com os candidatos ao Poder Executivo, desde que seja concedida aos demais candidatos a mesma oportunidade. Os programas humorsticos no podem ridicularizar os candidatos.

j) Debates: art. 43, Lei 9.504/97. 46. permitido o debate, desde que conte com a participao de todos os candidatos.

4. Condutas vedadas aos agentes pblicos: arts. 73 e ss., Lei 9.504/97.

a) Objeto: assegurar a igualdade de oportunidades entre os candidatos. Crtica: o art. 14, 5, CF/88 admite 1 (uma) nica reeleio, mas estabelece que o candidato reeleio no precisa se desincompatibilizar do mandato.b) Hipteses: arts. 75 e 77, Lei 9.504/97. Proibio de cesso de servidores para participao de campanhas eleitorais.

Proibio da distribuio gratuita de bens ou servios custeados pelo governo.

Nos 3 (trs) meses anteriores realizao das eleies, probe-se, como regra geral, a nomeao, a demisso e a exonerao sem justa causa de servidores na circunscrio do pleito. Essa proibio subsiste at a data da posse, que, no caso do Poder Executivo, ocorre no dia 01/01 do ano subsequente ao das eleies. Proibio da participao de candidatos reeleio em inauguraes, independentemente da participao que tenha. Proibio de realizao de shows custeados por verbas pblicas.5. Eleies:

a) Lei 9.504/97: no dia das eleies, probe-se:

Manifestao coletiva com vesturio padronizado, ainda que a manifestao seja silenciosa. Observao: a manifestao coletiva vedada aquela com conotao eleitoral. Objetivo: no pressionar o eleitor no momento do voto.

Boca de urna.

Propaganda eleitoral.

Pesquisa eleitoral.

Carreatas e passeatas.

b) Lei 6.091/74: no dia das eleies, probe-se o transporte de eleitores, salvo se houver requisio pela Justia Eleitoral. Objetivo: evitar a troca de vantagens por voto.

c) Lei 4.737/65 (Cdigo Eleitoral): arts. 236 e ss., Lei 4.737/65. O Cdigo Eleitoral prev as chamadas garantias eleitorais. So elas:

Proibio de priso do eleitor no perodo que vai de 5 (cinco) dias antes at 48 (quarenta e oito) horas depois da realizao das eleies, salvo no caso de flagrante, de desrespeito a salvo conduto ou de sentena condenatria.

A polcia deve ficar a uma distncia mnima de 100 (cem) metros do prdio onde se realizam as eleies (art. 141, Lei 4.737/65), salvo se houver requisio pelo presidente da mesa apuradora. Objetivo: no intimidar o eleitor.

6. Prestao de contas:

a) A prestao de contas ocorre no ms de novembro do ano das eleies.b) Todos os candidatos, vitoriosos ou no, devem prestar contas perante a Justia Eleitoral acerca e toda a movimentao financeira da campanha.c) Prazo: as contas devem ser prestadas no prazo 30 (trinta) dias aps a realizao das eleies.d) Apreciadas as contas pela Justia Eleitoral, so resultados possveis:

As contas so rejeitadas.

As contas so aprovadas com ressalvas.

As contas so aprovadas.

e) Aquele que tiver suas contas rejeitadas pela Justia Eleitoral no poder ser diplomado.

7. Diplomao:a) A diplomao ocorre no ms de dezembro.

b) Conceito: a diplomao o ato atravs do qual a Justia Eleitoral confirma/atesta o resultado das eleies.

8. Posse:

a) Conceito: o ato atravs do qual o candidato passa a titularizar o mandato eletivo.

b) A posse ocorre:

Para cargos no Poder Executivo: ocorre no dia 01/01 do ano seguinte ao das eleies. Para cargos no Poder Legislativo: ocorre no incio de fevereiro para mandatos federais ou na data prevista na Constituio Estadual ou na Lei Orgnica do Municpio para mandatos estaduais ou municipais.